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Meu primeiro dia na Indústria Campbell foi ótimo, tão bom que
eu gostaria de poder reviver o dia indefinidamente.
Pense na melhor coisa que já aconteceu com você, agora
multiplique por cem. Era assim que eu estava me sentindo.
Conseguem notar o sarcasmo?
Aquele dia foi assim.
Não me lembrava da última vez que acordei para me preparar
para o trabalho ou para ficar animada e nervosa ao mesmo tempo.
Eu mal havia dormido na noite passada.
Minha mente continuava me dizendo que eu iria trabalhar para
Mason Campbell. Em algum momento, continuei me beliscando,
pensando que não era nada além de um sonho.
Quando contei para Beth, minha melhor amiga e colega de
quarto, ela teve a audácia de rir na minha cara e me chamou de
mentirosa.
Ela não acreditava que eu poderia falar com Mason, que eu não
era importante o suficiente para trocar palavras com ele e estar em
sua presença.
Ela achava que eu tinha encontrado trabalho em algum lugar
nojento e eu não queria contar a ela sobre isso, então comecei a dizer
que estava trabalhando na Indústria Campbell.
Se eu disser que não fui profundamente insultada, estaria
mentindo.
Ela estava falando como se Mason fosse um Deus que não podia
ser abordado.
Mas deixe-me dizer uma coisa, Mason não era um Deus ou um
anjo.
Ele não era alguém que distribuiria doces para crianças e diria
palavras bonitas que fariam qualquer um sentir calor no estômago.
Ele era o demônio.
Mason era alguém que arrancava doces das crianças e comia na
frente delas.
Ele era alguém que empurrava você na frente de um carro em
movimento.
Ele era alguém que diria poucas palavras o suficiente para fazer
qualquer pessoa ter um ataque cardíaco ou deixar uma cicatriz no
coração.
No entanto, havia uma coisa boa sobre ele.
Ele era bonito, isso eu não podia negar.
Por que os homens bonitos eram rudes, frios e sem coração? Eu
falo por experiência própria.
O último namorado bonito que tive alguns anos atrás me traiu.
Ele disse que eu era chata e exigente. Que idiota.
Ok, talvez isso não fosse motivo suficiente.
Mas e aqueles caras lindos para quem sorri e levei um fora, hein?
Enfim, Mason era o maior idiota de todos eles.
O idiota disse que eu não era inteligente. Ele ousou zombar da
minha escola.
Foi tudo adorável comparado ao que ele disse sobre eu não ter
nenhuma experiência.
Eu só podia imaginar como seria horrível trabalhar para ele.
Talvez ele estivesse de mau humor na outra vez? Talvez ele
realmente não fosse tão ruim e eu o tenha julgado mal.
Seja como for, eu seria a melhor assistente com quem ele já
trabalhou.
Eu não daria a ele um motivo para me atacar e zombar de mim.
Acordei cedo, me vesti e fiz minha cara de corajosa e feliz.
Sem me preocupar em acordar Beth e dizer a ela que estava indo
embora porque a vadia poderia dizer algo que eu não gostaria,
peguei tudo e deixei nosso apartamento.
Na minha opinião, o que eu estava vestindo era a melhor coisa
que pude encontrar no meu armário.
Eu poderia usar um vestido bonito para um casamento ou uma
ocasião especial, mas não conseguia acreditar que estava usando
para trabalhar.
Nem pude acreditar na hostilidade que vi quando pus os pés na
empresa.
Aparentemente, espalharam a notícia de que eu era a nova
assistente do chefe.
Isso não acontecia há um tempo.
Ignorando os poucos olhares que recebi, pressionei meu dedo
suado no botão que me levaria ao andar do Sr. Campbell.
No minuto em que a porta se abriu, eu saí.
Meus pés estavam tão nervosos que se tivessem vontade própria,
teriam saído correndo de lá e me deixado sem pernas.
Quando pisei no prédio, não fazia ideia para onde iria.
Eu não poderia simplesmente invadir o escritório do Sr.
Campbell e exigir saber onde ficava minha mesa.
Além disso, não achei que ele tivesse chegado ainda.
— Lauren Hart?
Virei-me ao som do meu nome e fiquei cara a cara com uma linda
mulher.
Ela era tão linda e se vestia tão bem. Eu estava com inveja dela.
Tudo que eu queria fazer era puxar seu cabelo e estragar sua saia
e blusa.
Eu queria bagunçar aquela mulher e não sabia por quê.
Ah, eu sabia por quê. Ela estava muito melhor do que eu.
Deus sabe o que ela vê quando olha para mim.
Eu sei o que vejo quando olho para mim mesma.
Ela parecia ter vinte e quatro ou vinte e cinco anos.
— Sim? — Eu respondi educadamente. Eu até sorri.
Ela sorriu de volta? Não.
— Meu nome é Jade. Estou um pouco surpresa em vê-la aqui tão
cedo, embora seja uma coisa boa. O Sr. Campbell não gosta quando
seus funcionários chegam atrasados ao trabalho.
Eu queria dizer — Você não veio um pouco mais cedo do que eu,
vadia? — mas em vez disso, sorri novamente.
— Tenho certeza de que ninguém quer. Estou acostumada em
acordar cedo. Sr. Campbell não precisa se preocupar comigo
chegando tarde.
— Hmm. — Ela acenou com a cabeça, enquanto mastigava a
caneta e decidiu me dar uma olhada, claramente não gostando do
que viu.
— Ninguém me disse como é a nova assistente do Sr. Campbell,
mas devo dizer que estou um pouco desapontada. Eu esperava
muito mais do que havia imaginado. Mas acho que ele teve pena de
você. Se eu fosse ele, também teria pena de você.
Não queria mais bagunçá-la, eu queria matá-la e enterrá-la bem
fundo, e o que restaria de seu cadáver podre seria apenas ossos e
crânio.
O chefe e os funcionários eram todos iguais?
Todos eles agem como se fossem melhores do que todos.
Eu sorri amplamente.
— Acho que ele viu o que não viu em ninguém. Eu devo ter sorte
então.
O olhar assassino em seu rosto me deu um pouco de satisfação.
— Que seja. Siga-me e mostrarei sua mesa.
Eu a segui de perto, meus olhos lançando punhais em suas
costas.
No minuto em que ela se virou, coloquei um sorriso doce no
rosto.
Ela apontou para uma mesa que tinha um laptop branco.
A escrivaninha estava bem encostada na parede, ao lado de uma
grande porta dupla.
— Você vai ficar sentada aqui, — disse ela. — Você pode colocar
só uma coisa pessoal em sua mesa porque o Sr. Campbell não gosta
de muita bagunça. Seu trabalho é atender o telefone e completar suas
tarefas.
— Entendeu?
— Sim.
— Muito bem. Bem-vinda à Indústria Campbell. Veremos quanto
tempo você vai durar.
Mordi minha língua e forcei a respiração pelo nariz.
— Eu garanto que durarei mais do que você. — Observei sua
sobrancelha se contrair, mas ela não disse nada. Ela se afastou,
deixando que eu me acomodasse.
Não demorou trinta minutos antes que o Sr. Campbell entrasse
como uma tempestade pronta para sugar todos para seu vórtice.
Seu rosto não continha emoções e aqueles olhos frios de pedra
poderiam acabar com a existência de qualquer um.
Eu Fiquei paralisada, incapaz de desviar meus olhos da
musculatura de seus braços, peito e pernas.
A maneira como seu terno Armani azul se agarrava a seu corpo
como uma segunda pele.
Havia uma letalidade perfeita e predatória em seus movimentos
enquanto caminhava.
Meu coração batia forte de fascinação.
Ele era um homem poderoso, incrível em todos os sentidos, e a
simples visão dele agora, em sua glória, quase me fez cair de joelhos.
Foi como se o visse pela primeira vez.
Todos acenaram com a cabeça dando bom dia para ele, mas ele os
ignorou e passou com mais graça do que eu já tinha visto em
qualquer pessoa, enquanto ele entrava em seu escritório.
Ele era tão rude.
Fiquei em minha mesa por alguns minutos antes de reunir
coragem e me aproximar de seu escritório.
Eu bati na porta dele. Uma, duas vezes e não tive resposta.
Eu bati novamente.
Bem alto desta vez.
— O quê?! — Sua voz era profunda e estrondosa.
Parecia que roncava fortemente dentro do prédio.
Engolindo a bile que havia subido na minha garganta, girei a
maçaneta e empurrei a porta.
Entrei em seu escritório frio e fechei a porta atrás de mim.
— Bom dia, senhor, — eu o cumprimentei enquanto meu coração
batia forte no meu peito.
O Sr. Campbell levantou lentamente a cabeça para olhar para
mim.
Ele parecia mais assustador do que eu poderia ter imaginado, e
eu não pude controlar o estremecimento que sacudiu meu corpo
quando aqueles olhos prateados estavam fixos em mim.
Não havia nada familiar em seu olhar.
Prendi a respiração.
Seu olhar vagou sobre mim, uma ação quase preguiçosa.
Eu senti tédio. Eu senti aborrecimento.
Uma distância que era quase gelada o separava.
Nossos olhos ficaram presos por um longo e estressante
momento.
Cem sentimentos passaram por mim naquele instante. Era como
se tudo no mundo tivesse parado.
Aquele homem... ele era assustador. E posso ter acidentalmente
vendido minha alma para ele.
— Sim? Posso ajudar? — Ele latiu.
Eu o encarei, incapaz de entender o que ele quis dizer com isso.
Eu não tinha permissão para cumprimentá-lo até que ele precisasse
de mim?
Antes que eu pudesse dizer algo, ele disparou mais perguntas
para mim.
— Como você chegou aqui? Quem te deixou entrar? — Ele
apertou um interfone e falou nele.
— Quem deixou esta mulher entrar?
— Eu te pago para deixar algum estranho entrar em meu
escritório?! Como assim que mulher? Você está demitido!
Ele estava levantando a voz para o pobre recepcionista.
Foi uma voz que representou morte súbita para mim.
— Por favor, Sr. Campbell, você me contratou para ser sua
assistente. Lauren Hart, lembra?
Eu perguntei em uma voz sufocada e suplicante.
Meu coração estava batendo forte e eu não conseguia me mover.
Meu instinto mais profundo me alertou para não irritar mais este
homem.
Ele era como uma tempestade implacável, uma força com a qual
não se pode contar.
Mason ergueu as sobrancelhas enquanto me observava,
apontando a caneta para mim ao se lembrar.
— Você certamente parece diferente. Bem, não tão ruim quanto
você estava no outro dia, é um progresso.
— Sim, senhor, — respondi, lutando para manter meu tom leve e
simples. — Vou tentar corresponder às expectativas desta empresa.
Mason ergueu as sobrancelhas enquanto me observava,
apontando a caneta para mim ao se lembrar.
Finalmente afastando os olhos de mim, ele respondeu: — Não
vejo como isso será possível, Sra. Hart.
Eu o observei rabiscar algo em um pedaço de papel.
— Pegue isso. — Eu rapidamente me movi para pegar o papel
dele, nossos dedos quase se tocaram no processo se ele não o tivesse
soltado imediatamente antes de acontecer.
— Esse é o meu e-mail e a senha. — Responda todos os meus e-
mails. Ignore aqueles que não são relevantes. Não agende uma
reunião sem antes me consultar. Sob nenhuma circunstância, Sra.
Hart, torne algum dos meus e-mails públicos. Mantenha meus e-
mails privados. Se eu descobrir que você mencionou isso com
alguém, família ou amigo, garanto que você se arrependerá
profundamente.
Meu coração começou a bater mais rápido e odiei o fato de que
ele pudesse evocar essa ansiedade em mim. E ele estava fazendo isso
intencionalmente.
Claro, ele estava.
— Todas as manhãs exatamente às 9h, você vai me buscar o meu
chá, não o café. Eu gosto de preto. Não deve ser muito frio ou muito
quente.
— Todos os arquivos que preciso assinar devem estar na minha
mesa antes de eu chegar aqui.
— Não entre em meu escritório e visitantes não são permitidos
das doze às uma. Você pega meu almoço no restaurante Roseire. É
uma hora de carro e não me importa como você chega lá. Basta pedir
o meu de costume. Lembre-se de que preciso dele quente e na minha
mesa às 2. Se esfriar, deduzirei o preço do seu salário.
Ele estava falando sério?
Deus, ele é tão mandão.
Sentado ali, declarando suas ordens como se ele governasse a
terra ou algo assim.
Deus, se este homem governasse o mundo, estaríamos todos
condenados.
Não passei muito tempo em sua presença, mas podia dizer que o
mundo iria sofrer em suas mãos.
— Você está me ouvindo? — Ele parecia indignado.
Raiva emanava de seu rosto, seu olhar viajando criticamente
sobre mim.
Algo sombrio cintilou em sua expressão que fez meu estômago
revirar.
Engolindo em seco, eu balancei minha cabeça.
Seus olhos se estreitaram. — Não acene. Responda quando
estiver falando com você, entendeu?
— Sim senhor. — Eu olhei para baixo antes de olhar para ele.
A expressão feroz em seu rosto me encheu de terror.
Ele continuou com seu tom frio e implacável.
— Eu assumi a responsabilidade de dar isso a você. — Ele jogou
o que parecia ser um manual para mim. — Leia-o. Siga isso. Se você
quiser estar aqui em uma semana.
— Eu prometo que não vou decepcionar você, — eu disse,
calmamente.
— Eu não me importo se você me decepcionar, Sra. Hart. Eu
ficaria feliz. Isso só provaria o que penso sobre você. Não pense que
você entrou oficialmente na Indústria Campbell. Você está sendo
julgada. Qualquer erro vai tirar você daqui mais rápido do que você
pode piscar. Como eu disse, você não é a única que adoraria ter esse
emprego. Pessoas com mais talento do que você. — Ele entrelaçou os
dedos na frente dele. — E não coloque na sua cabeça que você é
especial.
Filho da puta.
Uma resposta saltou aos meus lábios, mas ele me silenciou com a
mão levantada.
— Isso é tudo.
Eu me virei e silenciosamente deixei o escritório.
Eu senti como se tivesse acabado de ouvir que alguém que eu
conhecia morreu e eu estava de luto por essa pessoa.
Eu nem sabia o que pensar.
Eu sabia que Mason Campbell era muitas coisas, e ser um homem
rude era uma delas, mas nunca soube que ele era tão rude.
Sem fazer contato visual com ninguém, fui até minha mesa.
Sentei-me, contando de um a dez antes de voltar minha atenção
para o manual do funcionário que recebi.
Eu estava prestes a começar a folheá-lo quando ouvi uma tosse.
Eu levantei minha cabeça e encarei Jade, que estava me dando
uma cara de — Eu te odeio, mas não há nada que eu possa fazer sobre isso.
— Sim?
Ela revirou os olhos.
— Eu devo te dar um maldito tour, como se eu não tivesse nada
melhor para fazer com meu tempo, — ela zombou, Virando-se sem
esperar que eu dissesse nada.
Eu encarei sua forma recuada, me perguntando se ela estava de
TPM ou se sua maldade era natural. Todos ali eram horríveis?
Não me lembrava da última vez que me vi cercado por pessoas
tão vis.
Mesmo o ensino médio não era tão ruim e isso dizia muito.
A senhorita cara de vaca provavelmente pensava que era uma das
melhores pessoas nesta empresa, alguém que pisaria em seu pé não
importando o que achasse e alguém que pensava que todos
precisavam seguir.
Bem, eu não seria a cadela de ninguém.
Eu olhei para o manual novamente, abrindo a primeira página.
— Você não vem? — Eu ouvi Jade gritar para mim.
Olhando para seu rosto zangado, levantei uma sobrancelha.
— Oh, eu não sabia que você queria que eu a seguisse. Você
deveria ter dito isso.
Fechei o manual e me levantei para segui-la.
Os próximos trinta minutos foram tão chatos.
Jade me mostrou todos os cômodos do prédio e eu sabia que não
iria me lembrar de todos os lugares porque não estava dando toda a
minha atenção.
Quase dancei de alegria quando voltei a me sentar na cadeira.
Finalmente acabou.
Estar na presença de Jade sugou toda a pouca felicidade que
ainda tinha em mim.
Exatamente às oito e cinquenta e cinco, corri para pegar o chá do
Sr. Campbell.
Fiz uma pausa, tentando me lembrar se ele me disse quanto
açúcar queria ou se queria mesmo.
Eu me arrisquei muito e não coloquei açúcar no chá dele.
Isso poderia me salvar ou me expulsar da empresa.
Quando ele me deu permissão para entrar em seu escritório, eu o
fiz com muita calma, pela primeira vez sem medo.
Eu mantive o chá na frente dele e esperei ser convidada a sair.
O Sr. Campbell demorou a terminar em seu laptop antes de pegar
o chá.
Suspirei de alívio quando ele não começou a gritar sobre a falta
de açúcar.
— Pode ir, — ele disse, friamente.
Ele ainda não havia olhado para mim.
— De nada, senhor, — eu disse, virando-me para sair do
escritório.
Sua voz me impediu de me mover.
— O que você acabou de dizer? — Havia descrença em seu tom,
raiva. Uma onda de raiva terrível que fez minhas pernas tremerem.
— Você está sendo sarcástica comigo, Sra. Hart?
Eu balancei minha cabeça, tentando apontar o momento exato em
que meus sentidos deixaram meu corpo.
Eu não estava sendo sarcástica. Como eu poderia saber que tinha
um chefe como ele?
Foi simplesmente um instinto que me fez dizer aquilo.
— Me desculpe senhor. Eu não quis ofender. — Eu não pude
contar quantas vezes eu tinha me desculpado desde o momento em
que o conheci.
E algo me disse que havia mais por vir.
Ele estreitou os olhos, tentando me quebrar e provar a ele que eu
era fraca e incapaz de lidar com a pressão.
Pelo menos, era isso que eu pensei que ele estava fazendo.
— Pode ir.
Eu corri para fora de lá, respirando corretamente quando estava
fora de seu olhar penetrante.
Uma risada baixa começou e girei ao redor do culpado.
Um cara alto e magro estava olhando para mim, seus lábios se
curvaram em um sorriso malicioso.
Ele tinha cabelo curto e escuro nas laterais, e a ponta no meio era
um pouco longa e bagunçada.
Quando ele me viu olhando, ele cruzou para o meu espaço.
— Parabéns, — disse sua voz profunda com uma sugestão de
piada. — Você sobreviveu a duas visitas ao escritório dele. Merece
uma comemoração.
Eu não pude deixar de sorrir.
Um, porque eu sabia que ele provavelmente estava dizendo a
verdade, e dois, porque eu sabia que gostaria dele. Ele era diferente
de como eu o via.
Fazendo uma pequena reverência que rendeu outra risada dele,
eu disse: — Você gostaria de gravar isso em um copo e entregá-lo à
minha mesa?
— Oh, inteligente. Você vai gerar sua própria satisfação.
Combinado.
Eu estendi minha mão, meu sorriso ficando mais amplo.
— Eu sou Lauren. Lauren Hart.
O cara de cabelos ruivos soltou uma mão de sua xícara e
balançou a cabeça.
— Prazer em conhecê-la, Lauren. Sou Aaron Hardy. É muito bom
ver alguém saindo do escritório do chefe sem uma lágrima.
— Pode me chamar de corajosa.
Ele acenou com a cabeça, inclinando a cabeça para o outro lado
para me estudar.
— Ou idiota. Por que você aceitou o trabalho? — Ele perguntou, e
antes que eu pudesse responder, ele me interrompeu com um
exclamação: — Ah! Eu acho que entendi. É o pagamento, não é?
Sempre é pelo salário.
Eu revirei meus olhos. — Tipo isso. Eu preciso do dinheiro.
— Ah.
— Você foi legal comigo. Como isso é possível? Todo mundo me
odeia ou ainda não me odeia. São todos tão tensos. Tipo, galera,
pega leve.
Ele riu com seus ombros tremendo. — Confie em mim quando
digo que eles estão com inveja de você. O Sr. Campbell não contrata
- desculpe minha escolha de palavras - alguém como você.
— Ele gosta de funcionários da classe alta, pessoas que não
envergonhariam sua empresa. Mas eles acham que você pode ser
especial para ele.
Eu bufei.
— Isso é tão estúpido. Ele me odeia.
— Ele odeia você tanto quanto odeia a todos. Não é pessoal.
— Eu quero saber porque.
— É isso, minha querida Lauren, que sempre ficamos nos
perguntando, — ele disse, piscando para mim.
— Vamos voltar ao trabalho antes de termos que fazer hora extra.
Eu pisei ao lado dele, parecendo surpresa.
— Você está falando sério?
— Não, — ele respondeu rapidamente. — Ele não é tão cuzão.
Eu parei de andar, dando a ele meu melhor olhar de Você está
brincando comigo. Ele se virou e encolheu os ombros.
— Ok, talvez ele seja um cuzão.
— Um cuzão classudo, se você me perguntar.
Alguém pigarreou e eu congelei em choque, Meu coração
disparou.
Foram as risadas de Aaron que pareceram me deixar aliviada.
— Meu deus, — ele se dobrou de tanto rir. — Você deveria ter
visto seu rosto. Você pensou que era ele.
— Não era?
— Não, mas você deve ter cuidado com suas palavras.
Uma garota de cabelo verde sorriu para mim, passando o braço
em volta do pescoço de Aaron.
— Esta é a nova garota?
Eu me endireitei, empurrando meus ombros para cima e olhei
direto em seus olhos.
Ela deu uma risadinha.
— Calma, menina, eu não mordo, — disse ela, divertindo-se
comigo tentando me manter firme.
Eu imediatamente relaxei, percebendo que ela não queria fazer
mal. Nenhum sinal de desdém. — Eu sou Athena.
Eu levantei uma sobrancelha.
— Lauren. Você tem cabelo verde e ainda não foi demitida.
Eu sabia com certeza que Mason nunca, jamais contrataria
alguém com cabelo verde.
— Isso é porque ele não pode me despedir. Eu sou a tia dele.
— O que?! Mas você não parece ter mais do que...
— 23? — Perguntou Athena.
— Sim, já ouvi isso várias vezes. Ele é mais velho do que eu, mas
eu sou tia dele, blá, blá, blá. A mãe dele é minha meia-irmã.
— Uau. — Ela deve ser a única pessoa com quem ele seria bom.
Athena olhou para meu rosto confuso.
— Ah, querida, só porque eu sou a tia dele, não significa que eu
não tenha que aguentar as merdas dele também.
— Sim, mas você é a única pessoa que ele respeita, — disse
Aaron.
Ela encolheu os ombros como se não fosse grande coisa. Nunca
pensei que o Sr. Campbell fosse capaz de respeitar alguém.
Seu ego do tamanho da Terra não seria capaz de lidar com tal
coisa.
Para um homem que exigia respeito em todos os lugares que ia,
era estranho imaginar aquilo.
— Vamos voltar ao trabalho.
Eu dei um tapinha no ombro de Aaron antes de ir para a minha
mesa.
Eu tinha um dia longo e doloroso pela frente.
Capítulo 3
Pow.
Pow.
— Srta. Hart. — Ele assentiu. — Você está atrasada. — E assim, o
idiota se virou e voltou para dentro, deixando-me ficar perto da
porta, meu coração ameaçando explodir.
Eu o segui para dentro da sala de estar, que era luxuosamente
mobiliada e tinha uma vista magnífica das janelas da varanda.
Estava frio por dentro, mas cada parte de mim estava quente e
suada.
— Sente-se.
Sentei-me com relutância, empoleirando-me na beirada do sofá
enquanto o Sr. Campbell se espreguiçava com uma facilidade
insolente em outro.
Cruzando suas pernas, seu olhar me intimidou e seus dedos
tamborilando lentamente em sua coxa fizeram meu estômago
apertar.
— Eu acredito que você está bastante curiosa para saber por que
eu chamei você aqui.
— Sim, senhor.
— Eu não gosto de rodeios, então deixe-me dizer isso
imediatamente. — Ele descruzou as pernas e olhou fixamente para
mim, não me deixando quebrar o contato.
— Case-se comigo, — disse ele casualmente.
Case-se comigo.
Minha mente disparou. Eu pensei ter ouvido errado.
Ele não podia ter dito que eu deveria me casar com ele.
Eu não conseguia tirar meu olhar dele. Sua postura era de
extrema tranquilidade.
Mas foram seus olhos que me acorrentaram, porque eu não
imaginei o brilho frio e calculista daqueles olhos prateados.
Tentei localizar as câmeras escondidas porque tinha certeza de
que estava sendo enganada em um reality show.
Case-se comigo. Mas o Sr. Campbell não perderia tempo fazendo
isso.
Case-se comigo. E ele com certeza nunca diria algo que não
quisesse.
Case-se comigo.
Case-se comigo.
Essas palavras soaram alto em meus ouvidos. Lentamente,
comecei a recostar-me na cadeira, sentindo-me atordoada.
Ele ficou olhando. Sem piscar. Totalmente relaxado.
Algo que não pude compreender totalmente.
Eu falei, em tom muito baixo.
— Casar com você? Eu ouvi corretamente?
— Sim, eu quero que você se case comigo.
Eu ri, uma risada bem alta. — Sr. Campbell, não pensei que você
fosse se envolver em uma pegadinha boba. Quer dizer, está falando
sério? Onde estão as câmeras? — Tentei vasculhar o sofá em que
estava sentada, puxando as almofadas e jogando-as no chão.
— Sério, senhor? Você quer brincar comigo às três da manhã?
Onde você escondeu as câmeras?
Levantei-me e verifiquei o vaso de flores, por algum motivo
acabei checando embaixo do sofá também. Eu estava prestes a
começar uma busca profunda quando ele latiu para mim.
— Sente-se.
O tom que ele usou me fez voltar rapidamente ao meu lugar
antes que eu pudesse perceber, e meu coração bateu rapidamente
contra o meu peito.
— Isto não é uma brincadeira, Sra. Hart. Estou profundamente
insultado por você pensar que eu faria tanto esforço para me
divertir, — ele disse aborrecido.
— E que seja a última vez que repito: você é a última pessoa com
quem eu faria uma piada ou faria algo bobo. Agora, eu perguntei a
você uma coisa e você aceitaria. Case-se comigo.
Eu forcei uma risada. — Por que você está dizendo isso tão
facilmente como se estivesse me perguntando como foi meu dia.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Por que você quer se casar comigo? Isso não faz sentido. — As
palavras saíram mais nítidas do que eu pretendia.
— Faz sentido. Simplesmente não precisa fazer sentido para você,
— disse ele. Havia uma luz forte em seus olhos, uma luz que era
quase assustadora.
— Quando penso nisso, você é a única melhor opção.
— Opção? Opção para quê?
— Para ser a Sra. Mason Campbell.
— Você está tentando fazer parecer que é um negócio e não um
casamento.
Ele descruzou as pernas, mais uma vez.
— É um negócio, Srta. Hart. Um que irá beneficiá-la, confie em
mim. Você só precisa se casar comigo por um ano, e depois disso,
você está livre para ir e fazer o que quiser.
Eu apertei minhas mãos na minha frente, tentando entender o
que ele estava dizendo.
— Por que você quer se casar por um ano? — Na verdade, eu não
estava pensando nisso, mas estava curiosa sobre sua condição.
— A razão será conhecida por você assim que você aceitar minha
oferta, — ele declarou secamente.
Para alguém que parecia desesperado, ele com certeza estava
saindo como se eu não tivesse escolha.
Como se ele já tivesse decidido que eu me casaria com ele, e ele só
estava sendo gentil o suficiente para me avisar. Que cara mais idiota.
— Por que eu? Por que não escolhe alguém de quem você gosta?
Como você sempre me diz, Sr. Campbell, há muitas pessoas por aí e
tenho certeza que adorariam ser sua esposa. — Fariam de tudo para
ser sua esposa, era o que eu queria dizer.
Acho que se ele anunciasse ao mundo que estava procurando
uma esposa, eles precisariam de todos os policiais do país para
segurar as mulheres.
Mas ele estava perguntando por mim...
O aborrecimento me obrigou a ficar de pé e eu calculei a distância
até a porta.
— Não tenho ideia de qual é o seu novo jogo, mas não serei
incluída nele. — Corri para frente, tentando escapar.
Eu me senti como se estivesse em um filme de terror.
Ele me pegou no meio do caminho.
Seus dedos se enrolaram em volta do meu braço e me giraram
para encará-lo.
Eu olhei para ele com um suspiro quando minhas costas se
conectaram à porta.
Seus olhos ficaram gelados.
— Eu não sou homem para falar levianamente sobre esses
assuntos, Sra. Hart. Mulheres não estão nos meus planos, e digo o
mesmo sobre casamento. Mas estou em uma situação em que tenho
que fazer uma coisa que não gosto.
Ele pressionou seus dedos na minha pele.
— Você entende, não é?
Não, eu não entendo nada.
— Isso... isso não vai acontecer. Não vou me casar com você, Sr.
Campbell. Nem nesta vida, nem em qualquer outra. — Mesmo que
me oferecessem tudo na vida, mesmo que eu nascesse de novo, eu
me recusaria a me casar com Mason Campbell. Que coisa mais
absurda!
Ele me odiava oito horas atrás e de repente queria se casar
comigo? Isso não parecia suspeito?
Ele me puxou com ele para dentro da sala. Ele estava perto - tão
perto que eu podia sentir o calor de sua respiração em minhas
bochechas.
— Eu consigo o que eu quero, — ele respirou, enquanto a riqueza
suave de sua voz passava por mim como aconteceu na primeira vez
que o conheci.
— Se eu tiver que forçar um anel no seu dedo, então que seja.
Mas no final, você será minha esposa.
Eu estremeci, olhando nos olhos ousados dele. O silêncio
zumbido se estendeu tão tenso que sua tensão estalou na sala de
estar.
— Isso é um desafio? — Eu perguntei, o nivelamento do meu tom
revelando muito mais do que as poucas palavras faladas.
— Um desafio? — ele repetiu em um tom pesado. Então ele
ergueu uma sobrancelha cética.
— Mesmo? Como quiser.
Eu desviei o olhar de seu aceno de desprezo, caminhando os
poucos passos que me separavam da porta, minha mente girando.
Casar com Mason Campbell?
Aquela é uma nova piada de mau gosto?
***
Coop correu para abrir a porta para mim, dando um passo para o
lado para me deixar descer.
Eu sorri educadamente para ele, apesar de me sentir tão
desconfortável e nova nisso.
Quem poderia imaginar que eu faria alguém abrir a porta para
mim, muito menos, estar em um carro tão bonito como aquele?
Sempre pensei que iria recorrer a observá-los passando por mim, me
provocando.
Eu já tinha dito a Coop que não precisava dele para abrir a porta
para mim, mas ele disse que era seu dever fazer isso pela noiva de
Mason.
Eu ainda não estava confortável com essa palavra.
Era tão estranho ouvir as pessoas me chamarem de noiva de
Mason e eu não achei que fosse algo com o qual me acostumaria
facilmente. Eventualmente, eu teria que aceitar e viver com isso.
— Aqui, senhora. E do chefe. Tenha uma boa noite, senhora. —
Coop me entregou uma pequena sacola preta antes de balançar a
cabeça e voltar para o carro, indo embora.
Segurei a sacola que não pesava muito quando entrei no saguão e
apertei um botão que me levaria para o meu andar.
Usei minha chave e a inseri no buraco da fechadura,
empurrando-a para abri-la antes de entrar.
— Aí está minha amiga celebridade! — Beth exclamou, seu rosto
se dividindo em um grande sorriso. Ela pulou até mim e segurou
minha mão, me arrastando para me sentar no sofá enquanto ligava a
TV.
Imediatamente, a notícia apareceu, cobrindo o noivado de Mason
Campbell.
Ela mudou para outro canal, e eles estavam mostrando a mesma
coisa.
Meu rosto estava em todos os canais.
Eu me senti tão sobrecarregada. Tudo que eu queria fazer era
cavar um buraco e me enterrar nele.
Eu teria preferido isso do que a vida em que fui lançada.
Correção: A vida em que me joguei.
— Todo mundo conhece você agora, — ela comentou
alegremente. Obviamente, Beth encontraria emoção nisso, porque
não era ela quem estava lidando com isso.
Não entendi por que tantas pessoas ficam animadas com algo que
acontece com você quando você mal está animada com isso.
Eles podem pensar que era uma coisa boa, mas nem tudo sai
exatamente do jeito que queremos.
— Como eles conseguiram essa foto minha? — Eu perguntei,
surpresa que eles estavam mostrando a foto da minha carteira de
motorista que foi tirada três anos atrás. Eu não estava feia nela.
Eu parecia da mesma maneira que agora.
Eu não olhei para Beth para ver o tom profundo de vermelho que
agora estava cobrindo suas bochechas pálidas.
— Mandei para a mídia. Não me olhe assim!
— Eles teriam desenterrado uma foto feia de você e a teriam
mostrado para o mundo. Imagine se eles tivessem a foto do seu
anuário. Você tinha aparelho e duas espinhas na testa. Eu te fiz um
grande favor.
— Puxa, obrigada, — eu respondi sarcasticamente.
— Você sabia que meu telefone está explodindo desde que foi
anunciado no noticiário? — Até os nossos velhos amigos do colégio
ligaram. Todos eles queriam ver a gente.
Eu bufei.
— Pois é, — ela continuou com escárnio. — Quando você fica
famoso, de repente todos querem sair com você. Eles ligaram para o
seu telefone, mas você não atendeu.
Eu olhei para o meu telefone e percebi que estava mudo. — Deve
ter ficado sem bateria.
— E nem te conto sobre o Zack, o proprietário do apartamento.
Ele veio e me disse para não me preocupar com o aluguel do
próximo mês se ele fosse convidado para o casamento. Dá pra
acreditar na audácia desse homem?
— Eu teria batido a porta na cara dele se não tivesse medo de
sermos expulsas.
Eu bufei alto desta vez, balançando minha cabeça em descrença.
— As pessoas são realmente assim? Deus, eles são tão horríveis.
— Todo mundo quer algo de você, e essas são as pessoas que não
piscariam e fingiriam não ver você.
Ela deu um tapinha nas minhas costas.
— Acredite nisto, querida. Como você está se sentindo?
Eu me inclinei no sofá, com a TV esquecida ao fundo.
— Sobrecarregada. Ainda não consigo acreditar que isso está
acontecendo. Tudo está acontecendo tão rápido.
— Pois é! Eu realmente pensei que quando nós decidíssemos nos
casar, seria daqui quatro ou cinco anos. Mas seu casamento vai ser
daqui duas semanas, Laurie. É surreal.
Eu soltei um suspiro. — Nem me fale. Só de pensar nisso me dá
vontade de vomitar.
Seus olhos avistaram a pequena sacola que eu havia esquecido.
— O que é isso? — Ela perguntou, pegando-a.
— É do Mason.
Beth puxou uma caixa de veludo preto que suspeitamente parecia
um pouco com o que eu pensava que era.
Ela lentamente abriu a caixa e um grande anel de diamante olhou
para nós. Nossas bocas caíram.
— Uau, — ela finalmente disse, espantada. Beth puxou o anel e o
girou entre os dedos.
— Isso é real, Lauren. Puta merda. É enorme!
Eu retirei meus olhos do anel caro, não me deixando ser atraída
por ele.
Eu não iria usar porque não era meu tipo. Eu gostava de algo que
não fosse muito chamativo e atraente.
— Não estou nem chateada porque seu futuro marido teve a
audácia de enviar o motorista para lhe dar seu anel de noivado. Isso
apagou completamente a culpa dele em meus olhos.
— Meu deus, Lauren.
Revirei meus olhos para ela. Bem, eu não esperava que Mason se
ajoelhasse e pedisse em casamento, ou me desse ele mesmo.
Peguei um lindo cartão que tinha sua bela caligrafia.
Lauren,
Seu anel de noivado. Se o diamante for pequeno, Coop irá levá-lo
para trocá-lo ao seu gosto.
Mason Campbell.
— Eu não posso acreditar nele, — eu murmurei, espremendo o
papel em uma bola e jogando-o através da parede. — Quem diabos
ele pensa que é?
Beth me olhou se divertindo. — Eu preciso dizer isso de novo?
Eu olhei para ela. — Não, obrigada.
— Quando posso conhecê-lo oficialmente?
— No casamento.
— Ah, qual é, Lauren, — ela choramingou, fazendo um pequeno
beicinho. — Eu sou sua melhor amiga. Eu deveria ter uma conversa
cara a cara com Mason.
Um sorriso afetou meu rosto e eu arqueei uma sobrancelha. —
Você quer ter um cara a cara com ele? Apenas vocês dois?
Ela revirou os olhos e cruzou os braços, estufando o peito. — Não
tenho medo dele e, sim, preciso aprovar seu relacionamento antes de
você se casar com ele.
— Perfeito! — Exclamei, levantando-me para pegar o carregador
do meu quarto.
— Deixe-me ligar para ele e marcar uma reunião para vocês dois.
Ele não vai dizer não a isso.
— Sua vaca! — Beth pairou sobre mim, tentando tirar meu
telefone. — Eu só estava brincando, mas aparentemente ele sugou
seu senso de humor.
Eu ri. — Eu estava apenas fazendo o que minha melhor amiga
queria.
Ela olhou para mim. — Para, Laurie. — Batendo em mim com um
travesseiro, ela marchou de volta para a sala para assistir a TV
novamente.
— Adivinha quem não vai ser sua dama de honra?
— Este não é meu casamento de verdade!
— Claro que é! Só não me procure quando se apaixonar por ele,
cheia de arrependimentos por não ter planejado seu casamento
perfeito! — Ela atirou de volta.
— Bem, se isso acontecer, sempre podemos planejar outro! —
Beth se virou bruscamente e sorriu para mim, levantando as
sobrancelhas ainda mais. Percebendo o que eu disse, eu me bati.
— Isso não significa nada! Foi apenas - UGH!
— Eu não disse nada.
— Vaca!
Capítulo 16
Athena só me ligou quatro horas depois, quando já havia
esquecido que íamos nos encontrar para conversar.
Ela saiu mais cedo do trabalho e me convidou para ir a um bar.
Encontrei-me com ela, sentindo-me muito nervosa, o que era
ridículo porque ela era minha amiga e não havia razão para ficar
nervosa.
Eu simplesmente não tinha ideia se devia contar a ela a verdade
ou as mentiras que estávamos alimentando para todo mundo.
Se fosse outra pessoa, eu teria certeza de que eles não saberiam
nada sobre nosso contrato, mas Athena era parente de Mason.
Se eu mentisse para ela quando ela já sabia a verdade, ela não
confiaria em mim novamente.
Ela estava sentada na mesa ao fundo quando me aproximei dela.
— Eu estou atrasada?
— Não, eu que cheguei cedo, — Athena rebateu
preguiçosamente, enquanto ela esticava as pernas na frente dela e
arqueava uma sobrancelha para uma cadeira vazia na frente dela.
— O que você está bebendo? — Eu perguntei, apontando para a
bebida roxa que ela estava tomando. — É tão bom quanto parece?
— Muito. — Ela chamou um garçom e pediu exatamente a
mesma bebida.
Athena largou a bebida e olhou para mim. Ela estava procurando
por algo no meu rosto? Por que mais ela estaria me olhando assim?
— Então... você e Mason... — ela parou, com uma expressão
pensativa no rosto.
— Pois é. Aconteceu tão rapidamente.
Então, eu estava tentando mentir e esperava não parecer um
cervo prestes a ser atropelado.
— Ah, sério? — Ela perguntou com um sorriso fraco e tomou um
gole de sua bebida.
— Então, como começou?
E eu disse a ela a mesma coisa que disse à mãe de Beth, e o único
problema desta vez foi que não soei convincente, nem mesmo aos
meus próprios ouvidos.
As sobrancelhas de Athena ficaram tensas a cada palavra.
— Ah, sério? Isso parece romântico. Falando em romântico,
aonde ele a levou no seu primeiro encontro?
— Espero que seja aquele restaurante na rua Elx, porque Mason
sempre quis ter um primeiro encontro lá.
— Sim, foi esse mesmo. — Eu sorri, concordando com algo que
eu nem sabia que existia até agora.
Ela tinha certeza de que havia um restaurante na rua Elx?
Porque eu poderia jurar que já passei por aquela rua muitas vezes
e não encontrei um restaurante.
— O que vocês comeram?
— Camarão, — eu deixei escapar sem pensar duas vezes.
Ela franziu o cenho. — Mas eu pensei que ele odiava frutos do
mar.
Eu olhei para seu rosto perplexo e ri nervosamente, mentalmente
me batendo por ser tão estúpida.
— Eu comi camarão sozinha e ele comeu uma salada.
Era mais fácil mentir para a mãe de Beth, mas Athena estava
tornando isso muito difícil com suas perguntas intermináveis.
Senti que aquele era um interrogatório para o qual nunca me
preparei.
Ela olhou para mim antes de explodir em gargalhadas. Quando
parou, ela enxugou uma lágrima sob os cílios.
— Você é a pior mentirosa de todas e, a propósito, não existe
restaurante na rua Elx. Eu estava te enganando e você caiu
direitinho.
Eu só podia imaginar o quão vermelho meu rosto estava agora, se
eu pudesse dar uma olhada pela janela de vidro.
— Droga, eu sabia que você estava me enganando.
— Me conta o que está acontecendo. Mason está chantageando
você? É por isso que você concordou em se casar com ele?
Não era exatamente chantagem, éramos apenas duas pessoas se
ajudando.
— Claro que não, — eu respondi, minha voz tentando soar como
um humor. — Eu pareço o tipo de mulher que é chantageada
facilmente?
Sim.
— Então por que vocês dois vão se casar? — Ela perguntou. Sua
voz sugeria confusão e aborrecimento - provavelmente irritada por
não conseguir descobrir o motivo.
Uma carranca apareceu em seu rosto, e Athena franziu a
sobrancelha e me observou.
— Você tem que entender minha curiosidade e confusão, Lauren.
— Mason odeia mulheres e nunca pensaria em se casar com
ninguém.
Na verdade, eu sabia que ele odiava as mulheres porque tinha
sido franco sobre isso, por que motivo, eu não sabia. Ele parecia
alguém que tinha sido ferido e teve seu coração partido por uma
mulher.
Mas quando me lembro que é de Mason de quem estava falando,
ri e desprezei aquela teoria ridícula.
— Eu sinto que deveria te contar, mas então nós dois teremos que
enfrentá-lo. Você deveria falar com ele. Sinto muito, mas eu
realmente não posso, mesmo se eu quisesse.
Ela acenou com a cabeça em compreensão. Pelo menos, ela foi
sincera.
Quem mais entenderia minha situação melhor do que a tia de
Mason? Ela sabia quem ele era e do que era capaz.
Desafie-o e você encontrará sua ira.
— Ele está controlando você de alguma forma, — ela observou.
— Sim, mas cá entre nós, este casamento não vai durar dois anos.
Ela deu uma risadinha. — Eu não ficaria chocada. Mas eu tenho
que avisá-la sobre o que você está se metendo.
— Eu já conheço o tipo de homem que Mason é. Você acha que
não estou preparada?
Athena balançou a cabeça. — Não estou falando sobre Mason, —
respondeu ela, em seguida, parou, parecendo tomar seu tempo
tomando um gole de sua bebida.
— Estou falando sobre a família dele. Se você acha que Mason é
ruim, espere até conhecê-los.
Meus olhos se arregalaram.
Nunca parei para pensar na família dele e no tipo de pessoa que
eles poderiam ser, mas se eles fossem tão maus quanto Mason, ou
ainda piores, como Athena estava insinuando, optaria por me trancar
e me esconder deles.
Porém, isso nunca seria uma opção.
— Como são eles? — Eu perguntei, esperando que minha voz não
saísse tão fraca como eu pensei.
— Seu pai é um idiota controlador, seus primos mais idiotas.
Suas irmãs são vadias completas e provavelmente irão esfolar você
viva e usar sua pele. Minha irmã é a pior.
— Ela é uma vadia fria que definitivamente vai enterrar você viva
com seus olhos de aço e palavras frias.
Eu entendi que ela estava falando sobre a mãe dele, e nada do
que ela disse me deixou calma de forma alguma.
Na verdade, minha ansiedade cresceu a ponto de eu querer
vomitar.
— Mas isso sou apenas eu dizendo de uma maneira agradável, —
ela acrescentou, esvaziando o copo antes de pedir uma garrafa de
Jack Daniels.
— Porra, acho que preciso de algo mais forte.
Ela riu às minhas custas e pediu um licor forte, ao qual não perdi
mais tempo engolindo e sentindo queimar minha garganta.
— Relaxe, Lauren, parece que você vai ter um ataque de pânico.
Eu atirei a ela um olhar profundo. — Bem, desculpe-me se estou
tentando compreender esta informação inesperada.
— O que você esperava? Arco-íris e unicórnios? Novidade:
famílias ricas não são como famílias normais. São cheias de pessoas
horríveis e manipuladores.
— É por isso que Mason é assim? Porque ele cresceu em um
ambiente vil? — Eu estava realmente começando a simpatizar com
ele.
Todo esse tempo, eu pensei que ele estava fazendo de propósito,
e porque ele podia, mas pensar que ele tinha vivido toda a sua vida
com pessoas assim, era muito triste.
Athena riu novamente. Parecia ser a única coisa que ela estava
fazendo.
— Não se deixe enganar. Ninguém pode mudar você, além de
você mesma, Lauren.
— ... Olha, a única vez que você pode acabar encontrando os
Campbells seria no casamento, e você pode não ter que lidar com as
merdas deles quando estiver muito ocupada sendo uma recém-
casada. Então, acalme-se.
— Quando você diz isso e inclui o recém-casada nisso, só me
deixa mais nervosa. — Eu soltei um suspiro.
— Então, me conta. Quem é que vai me odiar mais?
Eu realmente esperava que ela não dissesse nada, mas a chance
de isso acontecer era pequena. Eu tinha que saber quem iria me
odiar mais para evitá-los.
— Todos eles.
— O quê?
— Todos eles. — Quando ela percebeu meu rosto em branco, ela
repetiu.
— Eu disse todos eles. Estou tentando transformar isso em uma
palavra para não ter que escolher, porque todos podem odiar você.
— Você está namorando Mason, afinal. Ele é a estrela da família.
Eu podia sentir meus olhos esbugalhados. — Eu realmente odeio
quando você me conta fatos concretos e frios.
— Você só pode conseguir isso de mim. Não vou suavizar nada,
— declarou ela, parecendo imensamente satisfeita.
— Você é próxima da sua família? — Decidi bisbilhotar, tentando
conhecê-la melhor, mas, na realidade, queria afastar minha mente do
fato de que a família de Mason poderia me odiar.
Eu gostaria de expressar minha preocupação a ele na esperança
de que ele cancelasse o casamento, mas eu sabia que Mason não
daria a mínima.
Eu podia ouvir sua voz irritante na minha cabeça dizendo, — ser
adulto significa ser capaz de lidar com as críticas. Mas se você quiser
seguir em frente e seguir o caminho do medo, isso depende de você.
— Você quer dizer a família de Mason?
Eu balancei a cabeça, notando como ela os chamava, como se não
fossem a família dela.
Athena encolheu os ombros. — Quer dizer, eles não são flor que
se cheire, mas dá pra tolerar. São principalmente as mulheres que
você precisa evitar.
— Eu sei. São sempre as mulheres que são impossíveis.
— Sim, quando sentimos o cheiro de uma ameaça, tentamos
morder primeiro. Falando em mordida, podemos almoçar amanhã?
Quero saber mais sobre minha futura sobrinha.
Eu me encolhi e franzi o rosto.
— Por favor, nunca diga essa palavra novamente.
Athena ergueu uma sobrancelha e parecia estar se divertindo. —
Você não quer isso, quer?
— Eu quero.
Ela tentou examinar meus olhos, mas fiquei levemente
interessada na garrafa na frente dela.
— Ele ofereceu algo a você, — ela finalmente disse, descobrindo.
— Algo que você não poderia recusar. — Ele é muito bom em fazer
negócios.
Eu grunhi em concordância. Muito do que Athena disse era
verdade.
Houve inúmeras vezes em que observei Mason dar a seus sócios
ou rivais escolhas, uma escolha difícil que eles não podiam recusar,
embora as probabilidades não fossem favoráveis para alguns deles.
Como uma vez, ele deu a Connor Julian a escolha de deixá-lo
comprar sua empresa e ainda ser o CEO ou vê-la queimar até o chão.
Naquela época, fiquei muito desapontada com Connor Julian por
vender a empresa que ele construiu com suas próprias mãos.
E então, descobri quando aceitei o próprio acordo de Mason
comigo que tinha sido um bom negócio para Julian. Eu estava
fazendo a mesma coisa que ele. Por algo que ambos amamos.
— Mas às vezes é bom fugir disso. Mesmo que seja um bom
negócio.
O aviso era evidente em sua voz. Eu sorri para ela, determinada a
agir o mais natural possível.
— Há um ditado em meu livro, Lauren, que você nem sempre
pode confiar nas palavras de um homem com poder, com tatuagens
e, ah. sim, pessoas arrogantes.
— Então, basicamente Mason.
— Especialmente meu sobrinho. Não confie nele.
— Espera... tatuagens? Mason não tem.
— Mmh. — Ela tomou um gole de sua bebida com um sorriso
malicioso.
Meus olhos se arregalaram. — Merda, onde?! O senhor
perfeitinho e melhor do que todo mundo tem tatuagem? — Eu ri. —
Eu não posso acreditar nisso. Você tem que me dizer onde ele tem a
tatuagem, Athena.
— Você vai ver quando se casar.
— Sinceramente, você não presta.
— Eu sou a melhor.
Eu não conseguia parar de pensar na tatuagem de Mason e que
tipo ele tinha, e onde ele a tinha. Essa súbita obsessão por saber me
fez pensar em maneiras de ver isso.
Se eu fosse direta e perguntasse, minha cabeça não estaria mais
presa ao meu corpo. E eu sabia que não havia nenhuma maneira de
Mason querer estar na minha presença depois do casamento.
Sua tatuagem poderia ter algum significado?
Era grande?
Era pequena?
Isso estava realmente me matando.
Maldita Athena por trazer isso à tona.
Nunca fui tão obcecada por nada... mas quando algo diz respeito
a Mason, sinto a necessidade de saber.
E se isso me matasse, eu iria descobrir.
Capítulo 17
Por que toda vez que você dorme em paz, uma coisa ou outra
tem que te acordar?
Quanto a mim, era o meu telefone irritante. Devo aprender a
desligá-lo.
Eu iria ignorá-lo ou jogá-lo fora, mas ele continuou tocando e
tocando, várias vezes.
Eu o peguei debaixo do meu travesseiro e abri um olho,
encarando o identificador de chamadas.
Gemi e coloquei o telefone no modo silencioso, rolando na cama
para voltar a dormir.
Foda-se o Mason.
Ele nunca ligou na hora certa.
Ele sempre tinha que arruinar meu sono por causa de algo
completamente estúpido.
Eu apostaria em qualquer coisa que ele estava me ligando para
falar algo que pudesse ser dito no dia seguinte. Ele estava agindo
como um idiota impaciente, ou como se não tivesse amanhã para
viver.
O que quer que ele tivesse a me dizer, poderia ser dito no dia
seguinte. Daquela vez, eu iria dormir.
Ele poderia se transformar no Hulk que eu não iria me importar.
Sua raiva não era páreo para o meu amor pela minha cama
quentinha.
Acordei com Beth batendo na porta sem piedade e gemi,
enterrando minha cabeça no travesseiro. Quando eu não respondi,
ela se encarregou de pegar a chave extra e abriu a porta, entrando.
— Lauren, levante-se.
Eu a ignorei. Eu sabia que ignorar as pessoas as fariam ir embora.
Infelizmente, minha colega de quarto não era uma dessas
pessoas. Ela foi persistente. Essa era uma característica irritante que
ela tinha.
— Lauren, eu não estou brincando, — ela disse, soando séria. —
Levante-se e venha ver por si mesma.
A menos que o apartamento estivesse pegando fogo, eu não tinha
interesse em nada.
Mas se meu noivo aparecesse em nossa porta usando um vestido
rosa e sapatos de salto combinando, isso sim era algo que eu
adoraria ver e definitivamente nunca veria.
— Que horas são? — Eu finalmente perguntei, sem levantar
minha cabeça.
Eu sabia que era muito cedo, mas o que eu não sabia era que era
tão cedo.
— Isso importa? O motorista do seu noivo está sentado do lado
de fora do nosso prédio.
— O quê?! — Isso me fez levantar em um pulo, qualquer vestígio
de sono completamente apagado por esta pequena informação. Eu
olhei pela janela e encontrei o carro de Mason fora do prédio.
O que diabos Coop estava fazendo aqui?
— Há quanto tempo ele está lá embaixo?
Ela encolheu os ombros. — Um tempo, provavelmente. Você sabe
por que ele está aqui?
Por quê?
Uma lâmpada passou pela minha cabeça e me afastei da janela.
— Onde está meu telefone? — Beth acenou em sua mão e eu o
agarrei, mordendo meu lábio inferior enquanto desbloqueava o
telefone.
Havia dez chamadas perdidas e seis mensagens de Mason Eu
tropecei para trás e minha bunda bateu na cama, meus olhos
examinando as mensagens.
Atenda neste instante.
O único propósito dos telefones é atender ligações, Lauren. Algo
que você não está percebendo.
Eu atenderia minhas ligações se fosse você.
Eu pulei o resto de suas mensagens que envolviam ele insultando
minha inteligência e outras coisas. A última mensagem fez com que
meus olhos saltassem das órbitas e meu queixo quase caísse no chão.
Coop está lá embaixo esperando por você.
Você e eu vamos embora por alguns dias.
O voo parte às oito da manhã.
É melhor você não se atrasar. Leve pouca bagagem.
De qualquer forma, caberá a mim se suas malas virão ou não.
— Ah, que emocionante! — Beth respondeu. Ela leu o texto por
cima do meu ombro. Só ela acharia isso emocionante.
Eu me perguntei onde diabos ele queria me levar, mas eu não
queria participar daquilo. Só porque ele era meu noivo não
significava que eu confiava nele para não me machucar.
Eu não seria tola o suficiente para ir a qualquer lugar que eu não
conhecesse com ele.
— Você quer que eu te ajude a fazer as malas?
Ah, Beth. Sempre o tipo de amiga que fica animada com tudo e
qualquer coisa.
— Não, eu não vou. — Fui para a cama para voltar a dormir, mas
foi Beth quem puxou meu braço de volta para ela.
Ela me encarou. — Vai, sim. Você vai fazer as malas e entrar no
carro de Mason.
Eu puxei meu braço para longe dela. — E mandar ele me matar
onde meu corpo não seja recuperado? Não, obrigado.
— Para alguém que diz ser adulto, às vezes você age como uma
criança. Mason não vai matar você, Laurie.
— Tenho certeza de que ele vai levar você a um lugar incrível, e
você não saberia disso porque está sendo tão boba agora!
— E você está sendo tão irritante, — reclamei.
— Me escute, — ela disse em um tom sério. Não conseguia me
lembrar da última vez que ouvi Beth falar naquele tom antes. —
Você vai se casar com ele e vai morar com ele por um ano. Quanto
mais você o desafia, mais ele tornará sua vida um inferno quando
você for morar com ele. A melhor coisa que você deve fazer é
agradar a ele.
— Não faça nada que o irrite e você realmente vivera por um ano
em paz.
Havia um motivo pelo qual Beth era a mais inteligente, embora
ela raramente demonstrasse isso. Eu não conseguia desviar o olhar
para o quão certa ela estava.
Se eu fosse sobreviver na cova do leão, precisava saber como
controlá-lo.
Se eu não pudesse domesticá-lo, pelo menos acalmaria a
tempestade.
Ela sorriu de satisfação quando peguei minha mochila e comecei
a embalar algumas roupas. Ele disse para levar pouca coisa, ou então
eu perderia tudo. Eu bufei.
Aquele homem era a pessoa mais dramática que eu já conheci. E
pensar que suas demandas seriam o que eu ouviria por um ano.
Seria um ano péssimo, mas de uma coisa eu estava certa: eu iria
lembrá-lo de que era alguém que não gostava de ser controlada.
Exigir respeito. Dominá-lo.
Ele não me trataria como sua empregada.
Eu seria sua esposa, e nenhuma esposa merecia ser pisada pelo
marido.
Respeite e seja respeitado.
Pedi desculpas a Coop pela centésima vez. Eu me senti tão mal
por deixá-lo esperando e por ser arrastado para longe de sua casa no
meio da noite.
Eu queria perguntar a ele se ele tinha família, mas realmente não
era da minha conta.
Embora, a curiosidade estivesse realmente me matando.
Ser deixada no aeroporto sem explicação não parecia uma boa
ideia. Achei que Coop iria me deixar lá, mas ele voltou cinco
minutos depois e me acompanhou para dentro, onde Mason nos
esperava.
Já sentiu aquela sensação estranha quando você fez algo errado e
está com muito medo de enfrentar as consequências? Foi assim que
me senti no momento em que estava prestes a encontrar meu noivo.
Eu queria me virar e fugir, mas Lauren Hart não era covarde. Ok,
talvez eu fosse um pouco covarde, mas não iria me esconder de
Mason.
O logotipo Campbell estava no avião particular que Coop me
conduziu para dentro. Eu soube que estava prestes a decolar em
quatro minutos, então tive a sorte de chegar na hora certa.
Eu nunca tinha estado dentro de um avião particular antes e
deixe-me dizer, eu queria poderia morar ali dentro para sempre.
Era tão lindo, limpo e brilhante. Cheirava a coisa cara.
Mas estava faltando alguma coisa:
Mason.
A doce aeromoça me deu um sorriso educado e perguntou se eu
queria alguma coisa.
Eu queria dizer a ela para chamar seu chefe, mas não queria que
ela distorcesse minhas palavras e a fizesse pensar que eu realmente
gostava de Mason ou queria vê-lo.
Eu só queria ter certeza de que ele estava no avião, que ele não
me trouxe aqui apenas para ver o avião cair e dizer que foi um
acidente enquanto o piloto e os comissários escapavam.
Eu relaxei no meu assento, inclinando minha cabeça para trás e
curtindo o voo. Eu não dormi muito durante o dia, mas eu realmente
poderia tirar uma soneca para me livrar do tédio.
E onde é que estava Mason?
Tendo bebido muita água, minha bexiga gritou e me levantei para
ir ao banheiro, apenas para ficar cara a cara com a parede de aço do
meu noivo.
Ele elevou-se sobre mim como um escudo protegendo seu país,
seu doce cheiro de menta atingiu meu nariz e fez minha cabeça ficar
mais leve.
Ele sempre tinha um cheiro incrível.
Mason Campbell sempre fazia o ar ao meu redor sumir e meus
pulmões se comprimir. Ele tinha um impacto tão grande na minha
vida e eu só queria que ele não tivesse.
Eu não queria olhar para ele, porque olhar para ele me levava a
pensamentos inadequados.
Eu queria desviar o olhar para evitar o dano que causaria a mim
mesma se continuasse a olhar.
Porque Mason estava me cegando.
Cativando.
Ele era uma raça rara de humano.
Ele era como uma droga que não tinha como não viciar. Era
gostoso, mas fazia mal.
Minha respiração ficou presa na minha garganta quando meus
olhos me traíram, e quando seus próprios olhos desceram sobre
mim.
Aborrecimento.
Irritação.
Ferocidade.
Tudo isso estava claro em seu rosto e meu estômago deu um nó.
Nunca uma vez alguém me impactou com apenas um olhar, e meus
pulmões lutaram por ar.
Ele finalmente me evitou e foi embora sem dizer uma palavra e
eu soltei um suspiro quente que não percebi que estava segurando.
A vontade de ir ao banheiro passou e eu silenciosamente voltei para
o meu lugar.
Era estranho para ele não dizer nada, ou pelo menos reclamar por
ter ignorado suas ligações e chegado tarde. De qualquer forma, eu
não estava bem.
Especialmente se ele estava me ignorando enquanto estava
sentado na minha frente.
Ele estava lendo um livro e não consegui entender o título. Mason
não estava usando terno e optou pelo casual.
A camisa preta que ele usava caía sobre os ombros largos como
uma segunda pele, sem uma ruga visível e a calça azul escura e os
sapatos pretos ficavam bem nele.
Eu franzi meus lábios, estudando-o.
Ele parecia estar com raiva com base na maneira como ele cerrava
os dentes e virava as páginas com tanta brutalidade. Tive vontade de
rir.
Ele era como uma criança temperamental.
Eu me levantei da minha cadeira e fui sentar na cadeira vazia na
frente dele.
— Sinto muito, — falei, tentando cortar a tensão entre nós. —
Estou pedindo uma trégua. — Nenhuma palavra ou dica de que ele
me ouviu.
Eu não deveria estar surpresa. — Eu sei que cometi um erro...
Sua voz suave aveludada me atingiu como uma droga quando ele
respondeu: — É a primeira vez.
Ironia. Entendi.
— Talvez se você parasse de me ligar no meio da noite, eu não
estaria irritando você. Se fosse qualquer namorado meu, eu não teria
atendido também, então não foi nada demais.
— Falando sobre namorado sendo que você só teve um.
Eu franzi a testa sem que ele visse. — Ah, como se você tivesse
pegado várias, ‘Sr. Odeio Mulheres, elas me deixaram infeliz e
irritado, — eu disse sarcasticamente.
— Eu não sou nenhuma dessas coisas que você mencionou, — ele
falou lentamente em um tom preguiçoso, virando outra página de
seu livro.
— Por favor, diga isso para alguém que não conhece você. — Mas
ele não respondeu novamente, apenas focou sua atenção ainda mais
em seu livro. Ele não deu nenhum sinal de que me ouviu.
Fiquei curiosa.
O que ele estava lendo de tão importante e ao qual dedicava toda
a sua atenção? — O que você está lendo?
— Um livro.
— Ah, vá. Quis dizer, qual livro está lendo?
Sem levantar a cabeça para olhar para mim, ele falou enquanto
suas palavras me cortavam profundamente. Pode não parecer que
ele disse muito, mas ele disse muito.
— Não se preocupe com o título. O livro não é algo que sua
pequena mente possa entender, Lauren. É melhor não torturá-la.
— Uau, adoro quando você insulta minha inteligência, —
retruquei sarcasticamente, tentando esconder o quão magoada suas
palavras me fizeram sentir. O sarcasmo sempre foi útil quando eu
queria mascarar o que estava sentindo.
— Como o seu ego cabe dentro da sua cabeça?
Ele fechou o livro com cuidado, sem pressa antes que sua cabeça
se erguesse para mim.
Seus olhos brilhavam com uma emoção oculta que ele era capaz
de manter escondida atrás de seu exterior frio.
Uma mecha de cabelo caía sobre seu rosto e lhe dava uma espécie
de aparência selvagem e infantil. Meus dedos coçaram para tirá-la de
seu rosto.
— Se você está entediada, pode pedir um tabuleiro de xadrez à
comissária de bordo ou pode usar a porta de emergência, — ele
cerrou os dentes e estreitou os olhos para mim. — O que for mais
adequado para você.
Sua voz vibrou no meu corpo e eu fiz uma cara feia.
— Apenas diga que você me quer morta e vá embora. Não é
como se você não tivesse me trazido neste avião para me matar. É
melhor continuar com isso aqui e agora.
— Não gosto de sujar as mãos. — Sua voz era baixa e rouca.
— Não, você prefere sujar as mãos de alguém. Dessa forma, você
não tem nada a ver com isso e pode escapar da prisão.
Ele bufou, e era aquilo era tão esquisito para ele que eu tive que
me virar e me certificar de que ele tinha mesmo feito aquele barulho.
Era verdade. Ele realmente bufou.
— Não estou planejando matar você, Lauren. Se eu quisesse, você
não acha que teria feito no primeiro momento em que nos
conhecemos?
— E me dá grande satisfação saber que te incomoda não saber
para onde estamos indo.
A intensidade em seus olhos causou inquietação no meu coração.
Ele realmente gostava de me provocar.
— Doente do caralho.
— O que disse? — ele perguntou com um tom furioso em sua
voz.
— Eu disse 'Vou jogar um baralho'. — Eu não cometeria o mesmo
erro duas vezes.
Lembrei-me do conselho de Beth sobre não sair da linha com ele e
parecia que meu trabalho ia ficar mais difícil a cada minuto.
Quanto mais eu passava o tempo em sua presença, mais ele me
fazia querer jogar a sensata Lauren pela janela, aquela que não era
tola o suficiente para latir na cova dos leões.
— Está com fome?
Uma risada borbulhou de meus lábios. — Uau, estou chocada.
Mason Campbell realmente se preocupa com um ser humano, — eu
disse surpresa.
— Você realmente tem alguma humanidade em você, afinal.
— Se eu soubesse que perguntar se você estava com fome iria
trazer à tona o seu lado dramático, eu não teria perguntado.
— Não sou dramática.
— Suas ações dizem o contrário.
Minha mandíbula cerrou. — Você é irritante, Sr. Campbell. —
Essa foi fraca.
— Eu te aviso quando começar a me importar com o que você
diz.
— Ah. vamos, você não deveria estar dizendo isso para sua
futura esposa. O que a mídia diria sobre isso? — Eu perguntei com
um sorriso de lobo.
Eu sabia quais botões apertar.
Se havia algo que ele não queria que estragasse, era este noivado.
— Tsc, eu poderia estar gravando esta conversa agora para todos
ouvirem. Eles iriam adorar.
Seus olhos se estreitaram e se tornaram mais severos, como se ele
estivesse tentando ver os pensamentos passando pela minha cabeça.
— Atreva-se.
— Não me tente.
— Por favor. — Seus olhos ferozes me fixaram no lugar e meu
coração palpitou no meu peito.
Um bufo nada atraente escapou de mim. — Você continua
jogando bombas em mim hoje. Não sabia que a palavra 'por favor'
estava no dicionário Campbell.
— Você está cheio de surpresas hoje, Sr. Campbell, mas, por
favor, tenha calma comigo. É tudo o que uma garota pode aguentar,
— eu disse dramaticamente, colocando minha palma sobre o meu
coração.
Ele arqueou uma sobrancelha perfeita. — Isso só prova que estou
certo, mais uma vez. Você é dramática. — Então ele olhou para
baixo, abriu seu livro e decidiu que ele havia terminado de me
entreter.
Eu considerei sua visão com um sorriso inocente.
Escócia.
Era para lá que ele estava me levando, mas o que havia na
Escócia?
Eu realmente pensei que ele estava me levando para longe, mas
eu deveria estar feliz por estar perto de casa.
Alguém estava esperando por nós quando saímos do aeroporto
em um Range Rover preto. Era um jovem, vestido com um terno
preto que acenou para nós antes de abrir a porta.
— Para onde estamos realmente indo? — Eu perguntei a ele,
olhando pela janela.
A única vez que estive na Escócia foi quando era criança, e tinha
ido com meus pais.
Tudo era vago, mas me lembrei de algo acontecendo entre meus
pais. Tivemos de sair mais cedo do que pretendíamos.
— Minha casa, — ele respondeu humildemente. — Você vai
conhecer minha família.
Surpresa com suas palavras, eu virei minha cabeça para a
esquerda e fiquei boquiaberta com ele.
— O quê? Você está me levando para conhecer sua família?
— Sim.
Meu deus! Eu não estava pronta. Não podia conhecer a família de
Mason. Achei que iria demorar mais. Inferno, eu não imaginei que
iria conhecê-los tão rapidamente. Ele deveria ter me contado para eu
me preparar.
Eu estava pronta para desaparecer.
Eu o nivelei com um olhar duro.
— Você não pensou em me avisar? — Eu berrei.
O brilho em seus olhos, como se ele tivesse ganhado de alguma
forma, me mantendo no escuro e me chocando com essa notícia, me
fez querer jogá-lo para fora do carro.
— Eu avisei. Agora mesmo.
Minha mandíbula cerrou e eu mal fui capaz de evitar que as
palavras descontroladas saíssem dos meus lábios. Respire, Lauren,
respire. Se eu podia lidar com Mason, eu poderia lidar com aqueles
abutres. Simples assim.
Mas meu coração batia forte no meu peito.
— Por que temos que conhecê-los agora? Por que não depois do
casamento? — Eu perguntei levantando meu queixo.
— Meus pais têm algo marcado e não poderão ir ao casamento.
— Que tipo de pais não vão ao casamento do filho? Essa é a coisa
mais importante que está acontecendo em sua vida.
Seus olhos brilharam com fogo.
— Talvez devêssemos perguntar isso a eles? Lembre-os de como
seu filho é importante e como é egoísta da parte deles perder isso.
Eu o considerei com um olhar irritado. — Eu não disse que estava
curiosa.
Capítulo 18
Eu não queria jantar com sua família, mas ele disse que eu não
deveria dar a eles a satisfação de me ver me esconder deles, e ele
estava certo.
Às vezes, eu me perguntava como ele conseguia agir bem comigo
em um minuto e me odiar no minuto seguinte.
Eu segui Mason até a mesa enquanto ele me sentava ao lado dele
antes de se sentar na mesa principal. Sua mãe e seu pai estavam
ausentes por algum motivo.
Ainda não tinha conhecido o pai dele, mas não estava animada
para isso.
Eu poderia dizer pelos rostos carrancudos que ninguém estava
feliz que eu estivesse ali, especialmente Chloe, que estava
apunhalando seu bife e provavelmente imaginando que fosse minha
cabeça.
Naquele exato momento, ela me lembrou de Jade.
— Você está gostando da sua estadia, Lauren? — Sebastian
lançou a pergunta para mim, surpresa por estar sendo legal. Ele me
deu um sorriso encorajador para apoiar suas palavras.
Mas antes que eu pudesse dizer algo, a irmã de Mason, Rebecca
falou.
— Como ela poderia não gostar? Ela está vivendo com luxo pela
primeira vez, Seb. — Ela zombou, erguendo sua taça de vinho de
uma forma que envergonharia até Cersei Lannister.
— A julgar por tudo sobre ela, posso dizer que ela vivia em um
lixão e isso é o paraíso para ela.
Eu encontrei seu olhar com um sorriso.
— Morando no lixão ou não, sou feliz e isso é o que importa. Sim,
você tem dinheiro, mas acho que vivo mais feliz do que você e tenho
amigos de verdade que me amariam se eu fosse um sem-teto ou não.
Você pode dizer o mesmo de si mesma?
Sebastian bufou uma risada e disfarçou com uma tosse enquanto
ela atirava adagas em mim.
Mason colocou sua mão em cima da minha. Ele estava recostado
na cadeira, me olhando com uma expressão preguiçosa que me
irritou de repente.
— Coma.
Eu olhei para o meu prato — tanta comida que eu mal conseguia
segurar no meu estômago enquanto desviava meu olhar e
encontrava o dele.
— Tudo, — acrescentou ele.
— Como você é mandão, — retruquei lentamente. — E se eu não
quiser?
Sua mandíbula se apertou por um instante antes de se inclinar
para frente e sorrir.
— A menos que você queira uma repetição do que aconteceu
antes bem aqui. — Sua voz era quase um ronronar e meus olhos se
arregalaram.
Sebastian estava ouvindo descaradamente e sorriu quando
chamou minha atenção. — O que aconteceu antes? — ele perguntou.
Os olhos de Mason ainda não tinham deixado os meus e eu olhei
para ele em um aviso. Ele ergueu as sobrancelhas em troca. Suspirei
e peguei meu garfo, mordendo meu bife enquanto ele sorria de
satisfação.
— Vocês dois vão manter o mistério, não vão?
— Dá pra calar a boca? — Chloe gritou com Sebastian, olhando
para ele. Claramente, ela não viu nenhuma diversão naquilo.
— E Mason, como você pode fazer isso comigo? Como você pode
escolher alguém como ela?!
Revirei os olhos, olhando para a minha comida.
— Eu escolhi alguém como você, — ele respondeu friamente
enquanto a observava, medindo sua reação.
— Por que não posso escolher alguém como ela? — Ele apenas
falou algumas palavras, e ela o encarou incrédula, com o rosto
vermelho e zangado.
— Eu sou diferente! Eu cresci com sua família e devo me casar
com alguém dela! Todo mundo sabe disso.
— Bem, é uma boa coisa que os Campbells não têm falta de
homens. — A voz de Mason estava entediada.
— Você pode escolher quem quiser. A esposa de meu tio distante
morreu há cinco anos. Talvez você possa preencher seu coração
vazio.
Sebastian riu alto e eu não pude evitar o sorriso que apareceu no
meu rosto. Chloe parecia que poderia explodir em chamas a
qualquer segundo.
Mas, ele não tinha terminado ainda.
— Ou talvez, Sebastian aqui possa aceitar sua oferta, certo? — Ele
perguntou a seu primo que parecia enjoado com o pensamento.
— Não, obrigado. Nem pintada de ouro, eu não a levaria.
Desculpe, Chloe.
Seu rosto e tom soaram sem remorso para mim. Suas mãos se
fecharam em punhos sobre a mesa.
— O que temos aqui? — Uma nova voz de boas-vindas
perguntou suavemente. Ele era muito alto e esguio, e usava jeans e
blazer.
O que vi quando olhei para ele foi um rosto ferozmente belo, seu
perfil marcante e a boca bem torneada sob a barba aparada.
Seu cabelo escuro agrupado em cachos grossos com olhos
cinzentos fixados no rosto de um anjo sombrio.
A sala ficou quieta e tensa, e eu só fiquei com mais perguntas.
Ele me viu imediatamente e suas pálpebras caíram, e um sorriso
fraco e inquietante nos lábios.
Ele se moveu deliberadamente ao redor da mesa em minha
direção, parando seus passos na minha frente.
Puxando minha cadeira um pouco para trás, ele agarrou minha
mão da mesa e levou-a aos lábios, dando um beijo suave nas costas
da minha mão, me observando com olhos de falcão. O que estava
acontecendo?
— O que você pensa que está fazendo, Dom? — Rebecca exigiu
indignada.
Ele a ignorou.
— Olá, sou Dominic, — ele disse com seus lábios se curvando em
um sorriso. — Você deve ser a noiva.
Eu olhei para ele e puxei minhas mãos para trás.
— Se você sabia disso, deve saber que é impróprio beijar a noiva
de alguém.
Ele riu levemente, recuando um pouco, mas seus olhos não
deixaram os meus.
— Me desculpe. Eu nunca resisto quando vejo uma mulher
bonita. — Então, ele olhou para Mason.
Eu não sabia o que ele viu lá que o fez rir, mas ele voltou para se
sentar ao lado de Sebastian, dirigindo-se à sala, — É bom ver todos
aqui.
— O que você está fazendo aqui? Achei que você estivesse na
Itália.
— Ainda está de olho nele? — Mason sorriu para Chloe, mas não
foi agradável.
— Por que, prima? Eu acredito que você quase parece com ciúme,
— Dominic respondeu, ainda ignorando Chloe.
Mason estreitou os olhos para ele. — Eu estava apenas dizendo a
Chloe aqui que não temos falta de homens na família. Vendo que
vocês dois têm história, é apenas adequado que você reacenda esse
relacionamento.
Ele estreitou os olhos de volta, mas não era tão assustador quanto
os de Mason. Ele soltou uma risada alta e sem humor que de alguma
forma aumentou a temperatura na sala.
Percebi como sua mandíbula estava rígida e como ele tentava
parecer calmo e relaxado. Dominic estava falhando miseravelmente.
— Eu amo as piadas que você faz, Mason. Piadas como essas me
fazem sentir sua falta todos os dias.
O que é que estava acontecendo entre os três? Eu precisava saber.
Eu estava curiosa.
A tensão entre eles era intensa e eu temia que a qualquer minuto
pudéssemos explodir com isso.
Olhei para Mason, cuja mandíbula estava cerrada e os ombros
tensos. Havia uma fúria oculta em seus olhos, pronta para ser
liberada, então fiz o que achei certo. Inclinei-me em direção a ele e
beijei sua bochecha.
Ele jogou a cabeça para trás para mim, e foi o momento em que
me afastei de seu olhar, chocada por ter feito exatamente aquilo sem
pensar. E eu não era a única que estava me olhando.
— Mason... — Chloe começou a dizer após os dez segundos de
silêncio, um silêncio abençoado. — Podemos ir falar sobre isso em
particular. Resolver as coisas entre nós.
Ele parecia estar surdo às palavras suplicantes dela, apenas as
linhas cada vez mais profundas de petulância entediada em sua boca
mostrando que ele a ouvia.
Então ele disse com indiferença:
— Já chega. Alguém pode tirá-la da minha vista se ela não parar
de falar? — Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa, ele se
levantou e envolveu meu pulso com a mão, ele me puxou para cima
e o agarrou com força.
Ele esperou um instante pelo silêncio e então falou com uma
virada arrogante de sua cabeça para seus rostos.
— Eu esqueci o quanto eu não gosto de vocês.
— Estar na sua presença não faz nada além de me irritar,
especialmente você, Chloe, que não deixa transparecer na sua cabeça
que você e eu nunca vamos ficar juntos.
— Eu tenho uma noiva que não gosta que você fale em voltar
comigo.
— Ela não está fazendo nada por cortesia, mas da próxima vez
que você fizer isso de novo, eu a mandarei de volta para o lugar de
onde você veio, retirando seus privilégios e tudo o que você ama até
que você esteja nas ruas implorando por um pedaço de pão.
— Agora, espero, para o bem de todos, que você pense
profundamente nas palavras que sairão de sua boca na próxima vez.
Ele olhou para eles com aborrecimento absoluto antes de me
levar de volta para as portas duplas que tínhamos passado antes.
Ele ainda segurava meu pulso, mas tudo que eu podia fazer era
segui-lo de perto.
Parecíamos estar indo para fora, ou pelo menos parecia que
estávamos.
A varanda estava muito fria à noite, mas linda com as estrelas
brilhando no céu e o cenário à minha frente.
Estremeci quando o frio me atingiu com força.
Eu estava vestindo apenas um top sem alças e shorts.
Não era exatamente a melhor roupa para jantar com os sogros,
mas uma coisa sobre mim era que eu não faria nada por ninguém.
Eu não me importava com minha aparência e não me importava
como alguém me visse.
A mão de Mason apertou a minha; involuntariamente, olhei para
ele e vi seus olhos brilhando por trás do leve sorriso que mascarava
seu rosto duro.
Pensei em ficar sozinha com ele novamente, pensei sobre o que
havia acontecido entre nós na sala e empurrei minha mão, tentando
me afastar.
Mas eu não conseguia me livrar; ele apenas segurou com mais
força, me observando lutar contra sua prisão sem uma mudança em
sua expressão.
Então, sua mão caiu enquanto ele caminhava até a borda,
colocando as mãos no corrimão.
— O que está acontecendo entre você e Chloe?
— Nada que valha a pena mencionar. — Sua resposta veio como
um martelo.
Reconhecendo a nota de impaciência em sua voz, zombei e
comecei novamente: — Por favor, eu sei que algo aconteceu entre
você, ela e Dominic. Você pode me dizer, você sabe.
— Sou uma boa ouvinte e duvido que você tenha alguém
próximo com quem compartilhar algo. Não é bom ficar guardando
as coisas.
Eu fui até o lado dele, colocando meu olhar sobre ele.
— Ela é a razão pela qual você odeia as mulheres?
Sua mão se contraiu, mas ele não disse nada por um longo
tempo, então eu simplesmente esperei por ele.
Eu queria que ele se abrisse para mim.
Se íamos nos casar, ele precisava saber que poderia falar comigo a
qualquer hora que quisesse.
Eu não estava nisso apenas pelo dinheiro.
Poderíamos sair desse casamento como amigos.
Eu gostaria de pensar que ainda seríamos amigos depois disso.
— Você não sabe do que está falando, — disse ele, por fim.
esmagando minha esperança de que ele se confidenciasse em mim.
Tive que continuar lembrando que ele era um homem duro e nada
era fácil com ele.
— Bela tentativa, Hart. Mas infelizmente isso aqui não é um
filme.
— Mesmo assim, — acrescentei, não prestes a ceder. — Eu sei que
aconteceu alguma coisa.
— E daí? E daí se ela me machucou e eu fiquei mal e isso me
mudou a tal ponto que comecei a odiar mulheres? — ele perguntou,
olhando para mim antes de soltar uma risada, mais arrepiante do
que a noite fria. — Engraçado, Lauren.
Eu examinei seus olhos. — Não é engraçado se for verdade. Por
que mais você a odeia?
— Pela mesma razão que odeio mulheres.
— E qual seria? Ah, claro. Você acha que toda mulher é uma
aproveitadora.
— Se eu pensasse assim, você estaria aqui comigo?
Eu sorri. — Eu sou especial.
E sua resposta veio em um bufo desagradável.
Imaginando se era mesmo possível ter uma conversa sem ele me
cortando o tempo todo, decidi escolher outro assunto, um pelo qual
estava mais animada.
— Onde fica a sua tatuagem?
Ele pareceu surpreso. Não era todo dia que eu o surpreendia, e eu
gostava disso.
— Quem te contou sobre isso? — ele exigiu, notando a maneira
como sua voz havia se elevado um pouco.
Um meio sorriso arrogante apareceu em meus lábios. — Isso é
assunto meu.
Ele me olhou sem sorrir. — Foi a Athena. Aquela desgraçada fala
demais. — Observei a maneira como ele batia os dedos no corrimão.
Eu estava um pouco feliz e surpresa por ele parecer
desconfortável por eu saber que ele tinha uma tatuagem.
— Qual é, não precisa ficar com vergonha. Apenas mostre para
mim. Queria ver desde o momento em que soube. Por que você fez?
Eu pensei que o Mason Campbell não se tatuaria mesmo se a morte
estivesse olhando para seu rosto.
Levantando uma sobrancelha diabolicamente arqueada, ele
respondeu,
— Pois é.
— Me conta! — Eu pressionei seu braço duro.
— Você estava bêbado quando fez? — Eu sorri. — O que estou
dizendo? Você não ficaria bêbado por medo de perder o controle.
Um canto daquela boca dura curvou-se para cima.
— Como você me conhece em pouco tempo Lauren? Não sou tão
fácil de ler. — Eu balancei minha cabeça com uma risadinha. Ele
revirou os olhos.
— Eu fiz durante o ensino médio. Eu me arrependo agora.
— Então o que é? Eu pensei sobre isso a semana toda. Estou
morrendo de vontade de saber, — eu perguntei em antecipação.
— Isso não é problema meu. — Ele se afastou da grade e se virou
para sair.
— É difícil gostar de você, sabe, — gritei para ele, lutando para
manter minhas emoções sob controle.
Sua abordagem foi rápida e impenitente; a intenção inflexível em
seus olhos nada prometia para mim.
— Eu não preciso que gostem. Prefiro que alguém me odeie do
que goste de mim. Incluindo você.
Estranhamente, suas palavras não me chatearam tanto quanto
deveria. Não, realmente não era o que estava em minha mente agora.
O cheiro dele de hortelã agarrou-se a suas roupas, e eu podia
sentir o calor de seu corpo, pois ele estava parado tão perto de mim.
— Boa noite, Lauren, — ele acrescentou.
Capítulo 21
— Lar doce lar, amor. Você quer que eu entre te carregando nos
braços?
Apesar do sarcasmo em sua voz, sorri e olhei para ele.
— Claro, por que não? — Eu disse com um sorriso cínico.
— Que tipo de nova esposa eu seria se não permitisse que meu
marido me carregasse além da porta? — Eu sabia que ele não seria
capaz de fazer isso.
Se ele pensasse que poderia sarcasticamente se oferecer para
fazer algo por mim, com certeza faria tudo bem. Eu ia aproveitar a
vantagem de estar casada com ele para me divertir de todos os
modos com ele.
— Você não bateu com a cabeça, não é? — Seu tom era duro
como ferro.
— Porque eu disse sim à sua oferta?
— Eu estava sendo sarcástico. — Seus lábios mal se moviam
enquanto ele falava.
Eu cruzei meus braços e mantive minha guarda.
— Bem, eu não vou entrar a menos que você me carregue. Como
uma nova esposa, eu mereço isso, — eu disse teimosamente. — Ou
posso fazer um lar permanente em seus arbustos.
— Mesmo? — Ele olhou para mim com um brilho fino de gelo
sobre os olhos, sua mandíbula apertando a cada segundo.
— Não estou surpresa que você faça isso. Afinal, veja com quem
estou falando.
— Ei! O que quer dizer com... Ei! O que você está fazendo?! — Eu
gritei quando ele me tirou do chão e me pegou em seus braços, me
carregando para dentro enquanto ele chutava a porta atrás dele.
Quando fechou, ele me colocou de pé e não com tanta delicadeza.
Eu olhei para ele.
— Eu estava brincando! Você não precisava fazer isso, idiota.
— Você sabe que o som da sua voz é irritante, certo?
Revirei os olhos e levantei meu vestido de noiva, olhando ao
redor da casa. O interior era ainda melhor do que o exterior.
Sua mansão parecia muito intimidante.
O chão era de mármore e havia duas escadas em espiral que
subiam ao segundo andar.
As paredes eram totalmente brancas, mas pareciam estar
brilhando, e nas paredes havia muitas pinturas, exatamente como as
que estavam em seu escritório, mas mais caras.
Uma porta ficava de cada lado da sala, o que eu acho que levava à
cozinha e à sala de estar. Logo abaixo da escada, havia três cadeiras
brancas e, no meio, uma mesa.
Então, era ali que eu moraria por um ano.
Mas o que mais me confundiu foi a falta de gente dentro de casa.
As únicas pessoas que vi foram dois seguranças do lado de fora
dos portões, mas nenhum dentro da casa.
Eu olhei para ele em questão.
— Por que a casa está tão vazia?
Ele me olhou com um olhar estranho, então contornou minha
bagagem para colocar o código de segurança.
— Isto não é um museu ou um zoológico, — ele me lembrou.
— Se você está se perguntando por que minha casa não está cheia
de criados, então, sinto desapontá-lo. Gosto da minha privacidade.
Olhei para ele diretamente nos olhos, percebendo que ele estava
novamente trabalhando para me deixar de mau humor, para me
dizer que se eu fosse à sua casa para que seus servos estivessem à
minha disposição, eu teria outra surpresa.
— Escute, eu não me importo com isso, então é melhor tirar esse
pensamento da sua cabeça. Só estou surpresa que um homem rico
como você não tenha nenhum. Quase parece impossível.
Um músculo se contraiu em sua mandíbula e ele falou com uma
voz sombria e baixa.
— Eu não disse que não os tenho. Tenho uma governanta que
vem toda semana e um homem que cuida das flores.
Eu o considerei com uma curiosidade persistente.
— Nem mesmo um cozinheiro? — Esperei, prendendo a
respiração, que ele me gritasse por incomodá-lo com perguntas.
— Não confio em ninguém que não seja a minha mãe ou o Chef
Luigi para cozinhar para mim, mas ele teve de pedir demissão no
ano passado. Então, eu cozinho na minha casa.
Quase tive vontade de rir. O cara alegava que não tinha medo de
seus inimigos, mas gritava como se tivesse medo de ser envenenado
por um cozinheiro.
Quase como se ele pudesse ler minha mente, ele estreitou seus
olhos prateados para mim. Mas então, me lembrei de algo.
— É aquele restaurante que eu costumava comprar sua comida?
Achei que só comesse de duas pessoas.
Um músculo se contraiu em seus olhos.
— Aquele é o restaurante do Luigi, Lauren. Pode parar de ser
intrometida e tratar de outros assuntos? — Ele perguntou, mas ele
realmente estava apenas me dando uma ordem.
Eu sabia que se pressionasse mais, acabaria me arrependendo.
— Isso significa que vou impressioná-lo com minhas habilidades
culinárias? — Eu provoquei, balançando minhas sobrancelhas em
sugestão.
Que tipo de esposa temporária eu seria se o deixasse cozinhar
comida sozinho, quando eu poderia fazer isso?
Ele me deu um lugar para ficar por um ano e, em troca, eu
cozinharia todas as suas refeições.
— A menos que você esteja com medo de que eu acabe
envenenando você e fuja com o dinheiro seu e do seu avô.
Seus olhos ainda estavam fixos em mim e por um momento, eu
poderia jurar que ele contraiu os lábios achando graça.
— Não preciso que você me impressione porque não tenho
interesse em você. É a última coisa que quero de você. — Ele
realmente era o homem mais difícil de gostar.
— Agora, traga sua bagagem. Eu vou mostrar seu quarto e você
pode fazer um tour.
— Você não vai se oferecer para ajudar? — Eu questionei com um
aceno de cabeça.
— Cara, você está precisando melhorar seriamente. Suas
maneiras terríveis e o cavalheiro dentro de você precisa sair. Ainda
bem que estou aqui para dar um jeito em você.
— Como é? — Mas eu o ignorei e corri em direção à escada,
esperando que ele me alcançasse.
Duas horas depois, eu estava acomodada no quarto que seria
meu por um ano.
Era tão bonito.
A única coisa que adorava no quarto era a cama queen-size e os
travesseiros macios.
Depois de desfazer as malas, liguei para meu pai e conversei com
ele por cinco minutos antes de ele encerrar a ligação, exigindo que eu
fosse passar um tempo com meu marido, em vez de desperdiçá-lo
com ele.
Liguei para Beth em seguida, sabendo que ela estava segurando o
telefone e esperando que eu ligasse para ela. Ela teria me ligado
primeiro, mas eu sabia que ela deve ter pensado que poderia ter sido
um momento inapropriado.
Sério, às vezes ela se esquece que Mason e eu não estávamos
apaixonados, nem nos sentíamos atraídos um pelo outro.
— Lauren! — ela gritou no minuto em que pegou o telefone.
— Nossa, eu estava prestes a ligar para minha melhor amiga! Oi!
Como você está se acomodando em sua nova casa? O apartamento
está tão vazio sem você aqui.
— Quando irei visitá-la? Talvez amanhã seja perfeito, mas não
quero que Mason pense que estou visitando você tão rapidamente. O
que devo fazer? Dar espaço por um tempo?
Eu interrompi seus discursos sem fim.
— Garota, você pode calar a boca e me deixar dar uma
palavrinha?
Ela riu levemente. — Eu sinto sua falta, Beth. É tão solitário sem
você.
— Vadia, você tem um marido que pode acabar com a solidão.
Apenas pare de ser uma cabeça dura e vá buscá-lo.
— Ok, foi bom conversar com você. Bom...
— Foi mal, foi mal, foi mal! — Ela disse correndo com um tom
sem remorso. — Você sabe como eu falo bobagem às vezes. É por
isso que sou chamada de Beth, A Burra. Você está se sentindo bem?
Suspirei e apertei um travesseiro contra o peito.
— Eu me sinto bem. Só sinto muito a sua falta, mas você sabe que
isso teria sido diferente se este fosse um casamento por amor.
— E, além disso, Mason e eu nem mesmo somos amigos, ele me
odeia.
— Você é tão boba. Laurie, — ela disse com uma risada.
— Se vocês não são amigos, então vá falar com ele. Você sabe que
não pode ser amigo de alguém sem falar com ele, certo?
— Mas é impossível falar com ele, — disse eu, lembrando-me de
todas as conversas que tive com ele na cabeça e que sempre
pareciam desagradáveis.
— O homem é incapaz de ser legal por cinco minutos, Beth. Se ele
não está ameaçando você, ele está acusando você de algo ultrajante.
Ela riu. — Lembra do Johnny Wills da sexta série? — Ela
perguntou de repente. Fiquei quieta por um segundo, tentando
quebrar meu cérebro e me lembrar da pessoa de quem ela estava
falando.
Seu suspiro suave alcançou meus ouvidos antes de acrescentar:
— Sabe, aquele que me chamava de quatro olhos quando eu usava
óculos? Enfim. Johnny me odiava e costumava implicar comigo,
lembra? Mas o que aconteceu depois? Acabamos sendo amigos. Isso
não aconteceu comigo ficando longe dele. Eu forcei minha amizade
nele.
— Eu não sei, Beth, — eu parei fracamente. — Você e Johnny
eram crianças na época, mas isso é diferente. Não acho que poderia
forçar minha amizade a Mason, mas poderia tentar falar com ele.
— Fazer um esforço e quem sabe, talvez ele se solte comigo?
— Essa é minha garota!
Eu sorri. — A propósito, sabe de alguma vaga de emprego? Acho
que se ficar nesta casa, vou enlouquecer de tédio.
— Eu tentaria pesquisar para você, mas você falou com Mason
sobre isso?
— Está no contrato que ele tem permissão para me deixar
trabalhar desde que não seja em uma de suas empresas. Eu
concordei com isso. — Eu quase podia imaginá-la começando a abrir
a boca antes que eu a interrompesse.
— Não, não vou pedir a ele que procure um emprego para mim.
Sou capaz de fazer isso sozinha.
— Ué, mas você me pediu para procurar pra você...
Eu ri. — Cala a boca.
Beth e eu passamos três horas conversando ao telefone.
O tempo voa tão rápido quando você está falando com uma
pessoa amada e a próxima coisa que eu percebi é que adormeci
profundamente.
Quando acordei na manhã seguinte e olhei para o relógio, tive
vontade de gritar.
A hora marcava seis e meia, e tudo que eu queria era voltar a
dormir e acordar em duas horas, mas não estava mais com sono.
Saindo da cama, fui ao banheiro e tomei banho antes de voltar
para me vestir.
Vesti minha blusa amarela e shorts jeans de cintura alta antes de
prender meu cabelo em um rabo de cavalo.
Saindo do meu quarto, olhei ao redor do corredor silencioso e me
perguntei se Mason havia acordado.
Era um sábado e não havia trabalho hoje.
Eu sabia que seu quarto estava localizado em algum lugar no
terceiro andar e não estava curiosa para vê-lo. Em vez disso, desci as
escadas e fui até a luxuosa cozinha para fazer o café da manhã.
Não sabia do que ele gostava e não achei que ele fosse me dizer
quais eram suas preferências, então optei por fazer omelete, bacon e
um sanduíche.
Uma hora depois, coloquei tudo na mesa junto com as frutas que
havia cortado para nós e o chá favorito de Mason.
Dei um passeio pela casa enquanto esperava que ele acordasse e
tomasse o café da manhã comigo.
Havia três quartos e duas salas de estar no térreo, um saguão que
tinha uma piscina e uma biblioteca do outro lado. As duas últimas
portas do térreo abrigavam um grande estúdio e um home theater.
Quando terminei de explorar o interior e o exterior, já passava
das oito.
Cansada de esperar, subi as escadas para chegar ao seu quarto.
Eu iria ver o que o mantinha tão ocupado, considerando que
Mason não parecia o tipo de homem que dormia até tarde.
Minhas mãos na grade começaram a tremer nervosamente
enquanto eu caminhava até o terceiro andar.
Havia uma porta de cada lado, então escolhi a porta certa e
caminhei até lá.
Quando coloquei minha mão na maçaneta e girei, coloquei minha
cabeça para dentro e percebi que era o quarto errado.
Esta era sua sala de estar, então seu quarto tinha que estar no
lado esquerdo.
Meu coração batia forte e minhas pernas ficavam pesadas toda
vez que dava um passo à frente, mas não iria recuar, não quando
tinha acabado de começar.
Parei na porta branca e dourada para respirar fundo antes de
fazer silenciosamente uma prece e abrir a porta.
O quarto estava escuro, mas também não estava muito escuro.
Cheirava a colônia de Mason, e não perdi tempo olhando ao
redor do quarto antes de avistar uma sombra no meio da maior
cama que eu já tinha visto.
Aproximei-me lentamente da cama, tentando não fazer nenhum
som.
Quase parei de respirar com medo de alertá-lo da minha
presença.
Um grito quase escapou dos meus lábios se eu não tivesse
rapidamente mantido minha boca fechada quando olhei para o
homem sem camisa que estava dormindo pacificamente na cama.
Meus olhos percorreram todo o comprimento dele de seus pés e
coxas grossas até seu torso e peito musculoso, mas as cobertas
escondiam outras partes dele.
A posição de seu braço foi dobrada para embalar sua cabeça no
travesseiro e com cada inspiração, seus bíceps e músculos saltavam.
Mesmo dormindo, ele ainda parecia poderoso e imbatível.
Cada nervo do meu corpo tremia de medo.
Eu não deveria estar ali.
Em primeiro lugar, foi uma má ideia entrar em seu quarto, mas
meus pés não podiam se mover enquanto eu continuava olhando
para a pele de leite perfeita e imaculada que parecia estar brilhando
no escuro.
E o fato de Mason estar deitado ali em silêncio, não me
prendendo com seus olhos frios e calculistas ou me insultando a
contento de seu coração parecia estranho.
Decidi dar uma olhada mais de perto porque nunca teria essa
chance novamente. Além disso, lembrei-me que estava procurando
uma tatuagem da qual queria tirar sarro depois.
Aproximei-me e olhei para ele dormindo pacificamente. Não
havia nada intimidante e assustador sobre ele agora.
Seus pecaminosos olhos cinza estavam fechados, sua expressão
era serena e sua boca não estava carrancuda. Seus cílios estavam
roçando suas bochechas.
Mason ainda não havia se movido, nem sua respiração mudou
nos últimos cinco minutos.
Se eu fosse um assassino, teria sido tão fácil matá-lo.
Achei que ele ficaria paranoico e mais alerta, mas não foi o caso.
E ele tinha...
De repente, seus olhos se abriram.
Em um movimento relâmpago, ele quase me puxou em sua
direção e me virou de frente.
Seu peso estava me esmagando, e ele tinha seu braço contra meu
pescoço enquanto me prendia embaixo dele.
Meus olhos estavam fechados com força de medo, meu coração
batendo tão rápido a uma milha por minuto.
— Parece que planeja me matar um dia depois do nosso
casamento, — disse ele em um sussurro perigoso. — Talvez eu não
devesse ter interpretado suas palavras levianamente. Você realmente
está atrás da minha riqueza.
Eu abri meus olhos e olhei para ele com um olhar furioso.
— Saia de cima de mim antes que você acabe sendo assassinado e
eu tenha que fingir que choro no seu funeral.
Seus olhos percorreram meu rosto antes de se estabelecerem em
meus olhos novamente.
— Você deveria estar falando assim comigo depois de invadir
meu quarto? — Seu corpo estava pesado, pressionando-me contra a
cama.
Tentei me sentar, mas ele me prendeu, no entanto, ele tirou o
braço do meu pescoço e prendeu meus braços sobre a minha cabeça.
— E o que devo fazer com você? — ele perguntou baixinho. —
Entregar você para a polícia?
Eu bufei, olhando para ele. — E dizer o quê? Sua esposa invadiu
seu quarto? Tenho certeza de que eles ririam muito disso. — Eu
tentei tanto ignorar a maneira como ele pressionava seus quadris
com força contra os meus e a sensação fez meu corpo arquear e
queimar.
Seus olhos estavam fuzilando os meus e eles se diluíram no tom
mais brilhante de cinza.
Mason franziu a testa para mim com raiva aguda antes de sair de
cima de mim e se sentar longe.
Constrangida por ter sido pega, deslizei da cama e me virei para
ele. Mas ele não estava olhando para mim.
Ele pegou seu celular na mesa de cabeceira e estava olhando
através dele.
— Eu fiz café da manhã, — eu disse nervosamente, brincando
com minhas mãos e mordendo o interior da minha bochecha.
— Ótimo, — ele respondeu desinteressadamente, sem olhar para
mim. — Infelizmente, não posso aceitar.
— Mas aproveite seu café da manhã.
Ele não ofereceu nenhuma explicação quando saiu da cama e
caminhou até a porta do lado esquerdo do quarto.
Ele entrou, colocou a cabeça para fora e acrescentou: — Saia e não
entre no meu quarto de novo. Espero que você se lembre das regras
em nosso contrato, visto que era você quem as queria. Então, Lauren,
valorize-as.
Passaram-se apenas horas depois do nosso casamento e eu queria
que já tivesse passado um ano.
Depois de negar o café da manhã que fiz para ele, saí de seu
quarto com raiva e voltei para o meu próprio quarto, sem vontade de
comer nada.
Perdi o apetite depois de falar com ele.
ECA!
Como Mason Campbell conseguia ser tão idiota?
Achei que poderia aceitar sua grosseria e absorver tudo, mas era
mais difícil gostar dele com aquela atitude.
Se eu fosse tentar ser amiga dele, tinha que parar de ficar brava
com cada pequena coisa que ele fazia.
Eu tinha que lembrar que ele era assim, e mudar sua atitude em
relação a mim poderia demorar um pouco.
Passos de tartaruga, eu me lembrei.
Capítulo 24
Três dias.
Nada.
Nem sinal.
Ele tinha saído há três dias e não eu havia recebido nenhuma
notícia dele.
Era angustiante a preocupação constante se ele estava bem, o que
estava fazendo no momento e se estava pensando em mim como eu
estava pensando obsessivamente nele.
Seu celular estava desligado.
Como se ele estivesse rindo cruelmente quando desligou, suas
veias pulsando com adrenalina quando ele pensou no que eu iria
passar quando eu ligasse para seu número e o ouvisse caindo na
caixa postal.
Eu estava quase enlouquecendo.
Gritar ajudou no início, mas então cheguei ao ponto que eu
queria explodir em lágrimas e gritar ao mesmo tempo, mas a pessoa
para quem eu precisava desabafar não estava ali para ver, e se ele
estivesse, eu não tinha certeza se teria feito isso.
O edredom foi arrancado de mim e meus olhos de repente se
encontraram com a luz do sol brilhante que quase me cegou se eu
não tivesse fechado os olhos rapidamente.
Um gemido frustrado deixou meus lábios quando a paz que eu
queria de repente foi tirada de mim pela única pessoa que eu
conhecia.
— Levanta.
Eu gemi pela segunda vez, rolando para ficar de frente para o
outro lado enquanto empurrava um travesseiro no meu rosto,
tentando bloquear sua voz.
— Não, — eu respondi, certificando-me de arrastar a palavra
enquanto afundava meus pés nos lençóis.
Beth não desistia fácil.
— Estou falando sério. Levanta, — ela insistiu, desta vez tirando
a única coisa que estava me ajudando a manter a luz do sol longe do
meu rosto: meu travesseiro.
Rolando de costas, meus olhos já estavam sobre ela, abertos e
vazios com bolsas sob eles, meu rosto inteiro pintado de miséria e
dor.
A dor em meu peito era quase insuportável e minha cabeça
estava inundada com pensamentos que lamentavam, as memórias
girando tão rápido que eu não pude evitar.
— Eu não posso.
Beth plantou os punhos nos quadris com uma expressão confusa
no rosto.
— O que você tem de errado? — ela perguntou.
— Um homem, — respondi severamente. Um homem com quem
eu não falava há três dias. Não deveria me incomodar muito, mas
incomodou.
Aquele idiota arrogante provavelmente estava curtindo a
América e me deixando chorar por ele, e foi tão estúpido porque
havia passado apenas três dias.
Como poderia sentir falta dele logo depois de três dias?
— Ah, sério? Eu não sabia que era um homem, — ela disse
sarcasticamente, revirando os olhos sobre a cabeça.
— Sarcasmo não combina com você tão cedo, Bethany.
— Ficar pra baixo não combina com você também.
Tentei despertar do meu humor reflexivo, mas falhei
miseravelmente, respondendo rapidamente: — Deixe-me em paz.
Estou de luto. — Virando-me e segurando um travesseiro com força
contra o peito, senti outra pontada de dor no peito.
— Por que é que você está sofrendo? — Beth questionou à beira
de uma risada.
Forçando uma nota jovial em minha voz, repeti: — Por um
homem. — Eu sabia que isso irritaria Beth. O que ela merecia por ser
chata às nove da manhã.
E talvez eu estivesse chateada com ela por não me pressionar a
não me casar com Mason. pensei, enquanto olhava para a parede do
meu antigo quarto.
Ou talvez, letras em negrito que me alertaram para não ficar
confortável ou captar quaisquer sentimentos indesejados.
Mas agora, eu tinha chegado a um ponto, admiti.
Eu não poderia passar um dia inteiro sem pensar nele ou querer
falar com ele... mesmo que fosse apenas para ouvi-lo ser rude, e esse
desejo estava queimando tão ferozmente dentro de mim que era
insuportável.
— Se você disser isso mais uma vez, vou ensopá-la com água
gelada.
Eu enfrentei Beth novamente para vê-la levantar uma sobrancelha
quando comecei a agraciá-la com um sorriso largo e doce. — Faça
isso, — eu permiti, tentando soar animada, mas eu não conseguia
encontrar em mim mesmo para fingir uma emoção. — Eu posso
aguentar qualquer coisa agora. Não há nada que possa me
machucar.
Eu conhecia todos os tipos de dor quando conheci Mason, e
ninguém tinha infligido dor aguda em mim mais do que ele, seja
internacionalmente ou não, seja por um motivo ridículo ou por nada.
— Ugh, levante-se de uma vez e enfrente o mundo. — Ela me
bateu com o travesseiro que tirou da cama.
— Volte para o seu trabalho antes que eu ligue para sua chefe e
diga a ela que você está mentindo sobre estar doente.
Tirar alguns dias de folga para me recompor provou ser a pior
decisão que já tomei, já que tudo que fiz nos últimos dois dias foi
tomar banho, comer e pensar no marido de quem tanto sentia falta.
Eu deveria estar por aí, me distraindo de qualquer coisa, mas não
queria me confinar em um escritório onde estou constantemente me
lembrando dos desentendimentos que tive com Mason na Indústria
Campbell.
O local de trabalho foi o nascimento de nosso relacionamento.
Qualquer escritório, qualquer empresa continuava me lembrando
de Mason Campbell.
E realmente, eu estava lutando com uma emoção que podia
sentir, mas não entender.
— Eu não posso fazer nada.
Sem entusiasmo, meu olhar vagou ao redor da sala, parando
abruptamente quando avistei meu cardigã preto no braço da cadeira,
e quase gemi quando a cor me lembrou de Mason e o quanto ele
adorava usar camisas pretas em casa.
Eu costumava provocá-lo dizendo que as pessoas vestem suas
roupas como vestem sua alma. Ele me lançou um olhar que me fez
rir.
Agora, por que tive que pensar nessa memória específica?
Beth olhou para mim e um olhar de espanto e descrença cruzou
seu rosto expressivo.
— Ele não partiu seu coração, cacete. Pare de agir como se fosse o
fim do mundo porque seu marido está fora por alguns dias.
— Você diz que são alguns dias, mas parece uma vida inteira
para mim. Tudo me lembra dele... até sua voz me lembra dele.
— Você está dizendo que tenho uma voz masculina?
Seu grito baixo arrancou uma risada relutante de mim e,
balançando a cabeça, expliquei: — Não, mas suas vozes são irritantes
às vezes. — Um brilho apareceu em meus olhos e acrescentei: —
Veja, você finalmente tem algo em comum com ele.
Um sorriso malicioso enfeitou seus lábios. — Além de querer
bater em você de vez em quando?
Eu finalmente sentei e plantei minhas pernas no chão. — É difícil,
amiga, muito difícil.
Quando Beth se sentou ao meu lado e me lançou um olhar
estranho, perguntei: — O que é esse olhar?
— Eu sei qual é o seu problema. Amor, amor.
Com um rosto sorridente e olhos brilhantes, ela considerou a
situação em que me senti no caso de amor. Bem desse jeito.
E meus olhos estavam enormes enquanto eu olhava para ela,
perplexa, e quase me inclinei e ri até não poder mais, mas ficou preso
na minha garganta.
— O quê? — Eu perguntei a ela sem fôlego.
Amor?
Ela realmente achava que eu amava Mason?
— Não seja idiota. Eu não o amo se é isso que você pensa que isso
é.
— Ele é meu amigo. — Levantei-me abruptamente com a
necessidade de me afastar dela, a necessidade de entrar ar em meus
pulmões e senti-lo em meu rosto para evitar o suor que estava
prestes a se formar em meu rosto.
Beth não pareceu gostar da resposta ou realmente não acreditou
nela.
— Você se sente assim com relação a todos os seus amigos? — A
menor sugestão de um sorriso malicioso permaneceu em seus lábios
enquanto ela esperava por uma resposta... ou o que ela consideraria
uma mentira, porque o que eu sempre fazia quando se tratava de
Mason era mentir... de acordo com ela.
— Claro! — Eu atirei de volta, enervada por sua pergunta e pelas
que estavam na ponta de seus lábios, prontos para serem
desencadeados e trazerem o caos para minha cabeça.
— Então, você ligaria dizendo que estava doente no trabalho, se
trancaria no quarto e pensaria em mim se eu fosse embora por
alguns dias?
Minhas bochechas coraram, meu coração martelou no meu peito,
mas eu não era ninguém para aceitar a derrota. Mesmo quando
minha voz ficou um pouco aguda, eu ainda parecia estar confiante.
— Ah. claro... Eu te amo e você é minha melhor amiga. Eu
sentiria sua falta loucamente.
Fiz aquela coisa de enrolar uma mecha de cabelo e evitar
qualquer contato visual, mas achei que tinha superado isso há cinco
anos.
— O suficiente para agir assim?
— S... sim. — Eu balancei a cabeça, então lancei um olhar
profundo para ela enquanto balançava meus braços ao redor. —
Beth, pare de me interrogar pelo amor de deus. Eu preciso ir tomar
banho!
— Me deixe em paz! — Eu gritei, marchando direto para o
banheiro e batendo a porta. Encostei-me na porta e fechei os olhos.
Que droga!
Uma hora depois, após o banho, decidi comer algo antes de
voltar para o meu quarto.
Quando saí da sala, não pude ver Beth, mas pude ver o prato de
panquecas que ela havia deixado para mim.
Com o estômago roncando, me aproximei da mesa e parei.
Olhando para o prato, escrito com calda foi uma palavra que
quase fez a veia na minha testa estourar e a descrença gravada no
meu rosto, combinada com frustração e medo.
Amor.
Inclinando minha cabeça, peguei um garfo e passei a esfaquear as
panquecas, tentando apagar a palavra até que a mesa e o chão
fossem assaltados por pedaços de panquecas, mas a palavra ainda
estava gravada em minha mente.
Minha fome havia passado.
Enquanto eu estava deitada no sofá, assistindo TV e mal
prestando atenção, Beth passou por mim, sussurrando: — Amor, —
antes de ir para seu quarto, e eu olhei para ela recuando.
Saindo do banheiro após fazer xixi, parei de repente quando vi
minhas roupas arrumadas de uma forma estranha no chão, e
demorei menos de alguns minutos para perceber o que realmente
estava na minha frente que me fazia querer soltar um grito.
Beth tinha feito de novo.
Amor.
Eu estava prestes a eliminar Beth da existência.
Escrito na geladeira com um marcador estava a palavra
novamente, e mais uma vez, ela não estava em lugar nenhum.
Era como se ela tivesse a missão de me deixar louca e eu
realmente pudesse perder a cabeça. Então, decidi dar um passeio.
Coop estava decidido a me seguir, dizendo que era designado
para ficar ao meu lado o tempo todo e, se me deixasse sozinha,
mesmo que por um segundo, perderia o emprego.
E quando eu, brincando, disse que chamaria a polícia se ele
ousasse me seguir, ele riu e não disse mais nada. Ficou muito claro
que a polícia nada faria a respeito.
No início, andando por aí, absorvendo cada detalhe ao meu redor
e respirando o ar fresco, me senti um pouco melhor. As memórias
não me atacaram e meu coração estava batendo suavemente.
Isso foi até que eu vi um casal passar por mim, de mãos dadas e
rindo um com o outro, só então o nó que mantinha minha mente
coesa começou a se desfazer.
Quando eu virei minha cabeça, encontrei outro casal aninhado, e
quando eu desviei o olhar, meus olhos pousaram em outro casal que
estava se beijando.
Aquilo era demais para eu aguentar.
Eu escapei para um café e encontrei a mesa mais próxima, me
jogando sobre ela antes de apoiar meus cotovelos na mesa, correndo
meus dedos pelo meu cabelo enquanto tentava acalmar meu coração
acelerado.
Mason.
Fechei meus olhos, desejando que minha mente se acalmasse.
Coop estava sentado na mesa ao meu lado, me observando
cuidadosamente como se quisesse descobrir o que havia de errado
comigo.
Pedi um café com leite, mas não consegui nem o tocar, apenas
olhando para ele sem pensar, como se fosse um quebra-cabeça que
eu estivesse tentando resolver.
Mas quando minha cabeça levantou imediatamente depois que
uma canção romântica começou a tocar no café, parecia que o
destino estava pregando uma peça em mim e eu saí correndo.
O que diabos estava acontecendo comigo?
Um pânico terrível explodiu dentro de mim, e eu tive que lutar
contra o desejo irresistível de bater minha cabeça contra a parede e
dar à mídia algo sobre o que escrever.
Quase pude ver a manchete: Esposa de bilionário enlouquece.
Isso ficaria bem na capa, e eu também tinha certeza de que faria
Mason voltar correndo aqui para me estrangular.
Uma explosão de risada saiu do meu peito com o pensamento do
leão espreitando perto de mim, seus dentes arreganhados e seus
olhos frios e implacáveis, e de repente sendo convidada para seus
braços enquanto eu esperava por minha punição.
Suspirei.
E então fechei meus olhos.
Capítulo 37