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Sinopse

Um dos homens mais poderosos da Inglaterra, Mason Campbell:


frio, duro e sem remorsos.
O vento carrega os sussurros de seu nome e faz qualquer um tremer
de medo. Ele era conhecido por ser cruel, impiedoso, implacável.
Lauren Hart tinha acabado de trabalhar para ele como sua assistente
e se viu no limite de sua ira, sua raiva, seu ódio e sua arrogância. A
vida teria sido melhor se ela não trabalhasse para Mason Campbell,
invejado pelos homens e desejado pelas mulheres. Mas Mason não
tinha olhos para ninguém além dela, especialmente depois de fazer
um acordo que ela não podia recusar.
Classificação etária: 18+ (abuso, abuso sexual)
Capítulo 1

— Acalme-se, — minha colega de quarto, Beth, disse enquanto


me observava andar para frente e para trás em nossa sala de estar.
Eu estava andando de um lado para o outro por trinta minutos
agora, nervosa e ansiosa.
— Você vai arrasar nessa entrevista, — acrescentou ela com um
sorriso encorajador.
Eu lancei um olhar para ela. — Não é uma entrevista qualquer!
Corri minha mão pelo meu cabelo em frustração.
— Você vai ser entrevistada por Deus?
Sua pergunta me fez olhar para ela como se ela fosse louca.
Bem, claramente ela estava louca se estava dizendo uma coisa
dessas.
Ela não poderia saber como eu estava me sentindo sobre esta
entrevista.
Tudo dependia daquilo.
— Não, mas vou ser entrevistada por um homem muito
poderoso, — eu a lembrei.
Mason Campbell era um dos homens mais poderosos do mundo.
Ele era o homem mais poderoso da Inglaterra.
Ninguém gostava de admitir, mas ele era ainda mais poderoso do
que a Rainha.
Com uma idade tão jovem, ele adquiriu mais dinheiro do que
qualquer um.
Ele havia construído várias empresas em todo o mundo que
tinham cerca de mil trabalhadores.
Ele era temido em todo o país porque era frio e assustador.
Mason Campbell era um homem que ria da morte.
Ele vivia por suas próprias regras.
Eu tinha ouvido homens se encolherem diante de seu olhar
intenso e, com isso, quis dizer homens com grande poder.
Eu também tinha ouvido falar que ele poderia fazer qualquer um
desaparecer e nunca mais ser encontrado.
Esse pensamento me apavorou o suficiente.
— Por que você não escolheu outro lugar para trabalhar? — Beth
perguntou. — Dizem que o que acontece lá dentro é assustador. Eu
também ouvi dizer que seu olhar frio pode quebrar uma pedra, e a
terra tremia com sua raiva.
— Eu não me importaria de ver isso, — respondi, tentando
amenizar a situação em que me coloquei.
— Essa visão iria arruiná-lo com certeza. — Ela parecia tão certa.
Eu levantei meu queixo.
— Seria intrigante, no entanto.
— Sim. — ela concordou com um aceno de cabeça, então
presumiu sorrir divertidamente.
— Mas você vai sentir o contrário se os olhos dele te ferirem.
Eu queria rir daquilo, mas estava muito nervosa por conta do dia
seguinte.
Eu não tinha ideia de onde Beth tirou esses rumores, embora eu
tivesse que concordar que seus olhos eram assustadores, eu não acho
que ele poderia assar ninguém com eles.
As pessoas são muito dramáticas às vezes.
— Pff, — eu descartei a possibilidade.
— Isso é apenas um boato, Beth.
Ela sustentou meu olhar. — Rumores às vezes são verdadeiros.
Eu lutei contra a vontade de me contorcer sob seu olhar.
— Ouvi dizer que ele trata a todos como seus inimigos... até
mesmo seus funcionários.
Isso fez meus nervos dispararem.
Tratando seus funcionários como seus inimigos? Como assim?
Eu não sabia se ela estava sendo sincera ou não.
Eu lancei um olhar estreito para ela.
— Ele é maluco, eu sei.
— Mais uma razão para você considerar trabalhar em outro
lugar. — Ela agarrou minhas mãos nas dela, então me soltou para
cruzar os braços sobre o peito.
— Você tem certeza de que vou conseguir o emprego?
Muitas pessoas queriam trabalhar na Indústria Campbell e
muitas outras seriam entrevistadas. Apenas um de nós seria capaz
de conseguir o emprego, e duvido seriamente que fosse eu.
Algumas das garotas estavam atrás dele, não do trabalho.
— 0 por cento de certeza. — Beth riu, ganhando um olhar furioso
de mim.
— Não consigo ver nada de bom trabalhando lá. Esse lugar não é
nada além de aterrorizante. Está cheio de autoridade e escuridão.
— Mason Campbell torna aquele lugar frio e proibido.
— Nenhum lugar é proibido, — eu disse, puxando o travesseiro
para mais perto do meu peito.
— Mas dizem que o lugar ecoa choros.
— Sabe, — Beth olhou para mim com seu olhar esmeralda
penetrante.
— Eu adoraria estar lá amanhã apenas para ver você se encolher
de medo na presença dele. — ela terminou com uma risada.
— Cale-se. — Eu sorri, jogando o travesseiro nela. — Eu não vou
me encolher. Eu não estou com medo.
Ela ergueu uma sobrancelha desafiadora. — Ah, sério? Você
nunca esteve na presença dele antes. Você não sabe como seria.
Nervosa e com muito desconforto, pensei, mordendo o lábio.
— Se eu chegar em casa chorando, você nem deveria se
surpreender.
— Vou preparar o lenço.
— Vai sonhando, vadia. — Eu olhei de brincadeira para ela.
Seu sorriso desapareceu e ela olhou séria para mim.
— Você vai se sair bem na entrevista, Lauren. Seu currículo é
ótimo. Tenho certeza que você será escolhida entre centenas de
pessoas.
Eu sorri fracamente. — Espero que sim.
Sim, porque era o único trabalho que pagava bem. Eu seria capaz
de pagar as contas médicas de meu pai e seu tratamento.
Eu poderia fazer muito mais com o dinheiro.
Mas o tratamento médico do meu pai era a única coisa que me
preocupava.
Ele tinha câncer em estágio quatro, o que foi um golpe quando
me contou pela primeira vez.
Ele foi a única pessoa que sobrou depois que minha mãe nos
deixou quando eu tinha dez anos.
Ainda dói quando penso nisso.
Papai teve que enfrentar muitas coisas para me criar e era a
minha vez de cuidar dele.
A manhã chegou mais cedo do que eu esperava. Eu estava
acordada desde as seis da manhã, me preparando.
A entrevista era às sete e meia e eu queria estar lá às sete.
Eu gemi enquanto rastejei para fora da cama e cambaleei
sonolenta para o banheiro.
Lavei o rosto, e os benefícios foram tão fugazes, e não menos
grogue, escovei os dentes antes de tomar um banho.
Levei dez minutos para ficar pronta.
Endireitei minha coluna e alisei minha saia cinza surrada que
chegava aos joelhos.
Minha blusa azul clara estava enfiada dentro da minha saia.
Minhas bochechas estavam rosadas, desencadeando um brilho nos
meus olhos castanhos.
As orbes inclinavam-se ligeiramente para cima e eram repletas de
cílios.
Amarrei meu cabelo castanho em um rabo de cavalo, nem uma
única mecha se soltou.
Eu esperava parecer sofisticada o suficiente para a entrevista.
Não gostava de usar maquiagem, então fui em frente com meu
look natural.
Eu só tinha aplicado batom nude. Usei os velhos saltos pretos que
havia comprado há dois anos.
Sabendo que Beth ainda estaria dormindo, deixei um bilhete para
ela antes de pegar minha bolsa, saindo de nosso apartamento.
Londres estava muito fria e, como todos os meus casacos estavam
muito gastos, não pude usar nenhum.
Eu queria ter uma boa aparência, não queria ser desprezada.
Peguei um táxi e quando disse a ele onde ele me levaria, ele
pareceu chocado.
Ele me perguntou novamente para onde me levaria e eu disse a
ele o endereço.
— Tem certeza de que é para onde quer ir, senhora? — ele
perguntou, inseguro de si mesmo.
— Sim, — eu disse, ficando irritada.
Ele não disse nada depois, mas eu ocasionalmente o pegava
olhando para mim pelo espelho retrovisor como se ele não pudesse
acreditar que eu estava indo para um lugar daqueles.
Ele parou o carro em frente à Indústria Campbell e, quando eu
estava prestes a perguntar por que ele não me deixava perto do
prédio, ele disse: — Desculpe, senhora, mas nenhum táxi é
permitido perto do prédio. Eu tenho que te deixar aqui.
Minha boca se transformou em um — O, — balançando a cabeça
em descrença.
Saí e reajustei minha blusa.
Se alguém pudesse parar e me observar, veria o nervosismo
escorrendo de mim.
A Indústria Campbell olhou para mim Era um prédio enorme
com cerca de sessenta andares.
Era grande, largo e intimidante.
Eu cuidadosamente passei por um guarda na entrada do prédio.
Encontrei muitas pessoas andando por aí com suas roupas caras e
elegantes e me senti constrangida com o que estava vestindo.
Eles pareciam estar no limite, como se estivessem segurando o
mundo inteiro em seus ombros.
Eu fui diretamente até a recepcionista nervosamente. Ela era uma
mulher ruiva, vestida elegantemente com um vestido azul.
Até seu cabelo parecia estar perfeitamente penteado.
Seu rosto estava coberto com o mínimo de maquiagem.
Seus olhos castanhos me mediram, sua expressão era de puro
desgosto.
— A cafeteria fica no final da rua, senhora, — disse ela, e
insinuou um leve sotaque italiano.
— O que? — Eu perguntei, confusa.
Ela me encarou como se eu fosse um idiota.
— Não é para lá que você quer ir?
— Não. Estou aqui para uma entrevista
Ela ergueu a sobrancelha perfeita, a boca curvando-se para cima.
— Oh?
Me medindo novamente, ela estalou a língua antes de encontrar
meu olhar novamente.
Eu queria dar um soco no rosto dela. Ela não achava que eu
pertencia aqui.
Como ela ousa!
A recepcionista inspirou dramaticamente antes de esboçar um
sorriso falso.
— Vigésimo andar. Vire à esquerda e você se encontrará entre os
que estão aqui para a entrevista.
Meus lábios se contraíram.
Ela estava insinuando que havia muitas pessoas para a entrevista
e eu não tinha chance de conseguir?
Vaca.
— Obrigada, — disse fechando a cara.
— Boa.. — Ela olhou para mim de cima a baixo, seu rosto virando
de cabeça para baixo… — sorte.
Eu estava me sentindo um pouco irritada, mas tentei me acalmar
caminhei até o elevador.
Esperei alguns segundos antes que ele se abrisse e rapidamente
corri para dentro.
Antes de fechar, ouvi uma comoção.
Uma mulher estava sendo arrastada por um segurança e chorava.
Claramente, ela estava tendo um colapso mental.
— Não! — ela gritou. — Você não pode fazer isso comigo!
Trabalho aqui há três anos!
Observei enquanto ela tentava lutar contra o segurança.
— Eu sou leal! Você não pode fazer isso comigo.
O elevador fechou, bloqueando os gritos e berros da mulher.
Meu batimento cardíaco acelerou.
Tive pena da mulher.
O que quer que ela tenha feito, ela não merecia ser tratada assim.
Ela havia trabalhado por três anos!
Ela merecia um pouco de respeito, pelo menos.
Minhas costas bateram na parede e fechei os olhos. Afinal, era
uma ideia tão boa? Mas aquele era o único lugar com um bom
salário.
Eu estava fazendo isso pelo papai, não deveria pensar duas vezes
antes de trabalhar aqui.
Trabalhar aqui?! Eu ainda nem tinha o emprego e nem sabia se
seria a sortuda.
Fechando meus olhos, eu esperava que aquela entrevista fosse
um sucesso.
Eu não podia me dar ao luxo de bagunçar tudo.
A vida de papai estava em jogo.
Você não pode, Lauren.
Você se sairá muito bem se apenas se acalmar e acreditar em si
mesma.
Sim, eu sei que arrasaria nessa entrevista.
— Você não vai descer? — Fiquei assustada com a voz de um
homem ao meu lado.
Percebi que havia chegado ao vigésimo andar, murmurei um
rápido pedido de desculpas para o homem mais velho de terno cinza
e saí.
Toda a esquerda era uma janela enorme e eu encarei a vista
incrível de Londres.
Meu telefone na minha bolsa estava coçando para sair e tirar uma
foto.
Antes que isso pudesse acontecer, eu me lembrei por que estava
ali em primeiro lugar. Eu segui as instruções que a recepcionista me
disse e ela tinha razão, havia um monte de gente.
Eram tantos que nem conseguia contar.
E todos eles usavam roupas bonitas.
Um grupo de meninas olhou para mim e eu as ouvi rir um pouco.
O que tinha na minha cara?! Eu queria perguntar.
Olhando para cima, percebi que não paravam de olhar na minha
direção e não eram sutis.
Eu desviei o olhar com raiva.
Só porque pareciam mais sexy do que eu e estavam vestidas com
roupas melhores, não significava que eu deveria ser tratada dessa
forma.
Abri caminho através de toneladas de corpos, tentando encontrar
um lugar para sentar.
Eu localizei um no final da sala e caminhei até ele. Mas antes que
eu pudesse sentar, um homem chegou antes de mim.
Ele encolheu os ombros para mim e eu o encarei.
Virei-me para voltar para onde estava e, antes que percebesse,
estava sendo empurrada por corpos em diferentes direções.
Eu me vi sendo empurrado em direção a uma porta prateada e
dentro dela.
A porta se fechou automaticamente.
Eu entrei em pânico quando ele não se mexeu.
Tentei de novo, mas aconteceu a mesma coisa.
Ele simplesmente não se mexia.
Puta merda!
Virei-me para ver onde estava e me vi em um corredor muito
escuro, com um elevador no final dele.
Soltei um suspiro de alívio.
Uma saída.
Ela se abriu quando eu apertei o botão e rapidamente corri para
dentro.
Fui apertar o vigésimo primeiro botão, mas só encontrei um
botão com o logotipo da Campbell.
Meu rosto se contorceu.
Decidindo que seria melhor ir para lá do que ficar ali sem saída,
apertei o botão com o logotipo.
Meu coração começou a disparar por algum motivo, e minhas
mãos tremiam levemente.
Parecia abafado ali e eu senti como se houvesse a presença de
algo poderoso e assustador.
O que diabos havia de errado comigo?
Por que estou com tanto medo?
Que diabos?
O elevador parou e se abriu. Eu saí tão rápido quanto entrei.
Talvez eu pudesse respirar aqui e onde era esse lugar?
Eu examinei meus arredores e meu queixo caiu.
Literalmente.
O escritório era gigantesco e de tirar o fôlego.
Era polido e sofisticado.
Tudo ali cheirava a dinheiro.
Os assentos de couro branco estavam brilhando e eu não queria
tocá-los no caso de estragá-los.
A vista era muito mais incrível aqui.
Eu engasguei quando meus olhos encontraram algumas pinturas
na parede, e eu percebi que eram as pinturas muito famosas.
Custavam um bilhão de libras.
Puta merda.
Havia uma lareira e uma grande TV de tela plana na parede.
Literalmente, tudo no escritório era branco, até as canetas eram
brancas.
Não consegui descrever tudo porque de repente meus olhos
ficaram cegos por aquele escritório chique.
Eu ouvi a porta sendo aberta e vários passos.
Antes que eu percebesse o que estava acontecendo, eu estava
sendo empurrada para o chão com força e senti uma arma na minha
cabeça.
Puta merda.
Isso acontece totalmente nos filmes.
Não havia como aquilo ser real.
De jeito nenhum eu estaria no chão com uma arma na cabeça
como um maldito criminoso.
Tentei levantar minha cabeça, mas ela foi empurrada de volta
para baixo.
Eu estremeci e cerrei meus dentes.
— Declare sua razão de estar em um escritório particular antes
que eu estoure seus miolos, — ele gritou, pressionando a arma na
minha cabeça.
Escritório particular?
Como diabos eu deveria saber que estava fora dos limites?
— Fale! Agora!
Eu tremi de medo.
— Eu... eu me perdi. Eu não sabia que não deveria estar aqui.
Sinto muito, por favor, não atire em mim, — implorei, fechando os
olhos e orando a Deus para não acabar morta sem nenhum dos meus
entes queridos perto de mim, e certamente não aqui.
— Sente-se, Gideon, — disse alguém, fazendo-me suspirar de
alívio.
Eu o senti puxar de volta a arma que ele tinha na parte de trás da
minha cabeça.
Fiquei no chão, sem saber se estava dando permissão para me
levantar.
Veja, eu valorizo muito minha vida.
— Levante-se.
Eu não precisei ouvir duas vezes.
Levantando-me do chão, eu lentamente me virei para os homens
parados diante de mim em ternos pretos, segurando armas.
Estremeci quando meus olhos encontraram aquele que estava
com sua arma apontada para mim.
— Qual o seu nome?
— Lauren Hart. — eu levantei meu queixo, esperando que minha
voz soasse mais firme do que para mim.
— Eu não queria entrar aqui. Estou aqui para a entrevista e fui
empurrada por uma porta. Não pude voltar e a única saída era
através de um elevador. Isso me trouxe até aqui. Se você pensou que
eu estava aqui para roubar, você se enganou.
Obrigando-me a ser corajosa, continuei: — Por favor, deixe-me ir.
Eles se entreolharam e não demorei um minuto para perceber
que estavam se comunicando através dos olhos.
Aquele que pensei ser o líder fez um gesto antes que um deles
saísse do escritório.
— Então... que tal eu simplesmente sair? — Eu sorri e fiz um
movimento para frente antes que minha visão fosse bloqueada.
— Ou não. — Eu dei alguns passos para trás. — Olha, não há
razão para eu estar mais aqui. Já te disse que não roubei nada.
Apenas me deixe seguir meu caminho. Eu tenho uma entrevista para
ir.
Eles simplesmente me ignoraram.
Então...
Eu estremeci.
Imediatamente, o ar mudou.
O frio do escritório me atingiu, fazendo meu coração bater mais
rápido no meu peito.
Quase pude sentir uma onda de emoção, uma força poderosa
tentando provar sua fúria.
Agarrei minha bolsa com força, a sensação quase me derrubando.
Eu ouvi os passos raivosos antes de localizá-lo.
Eu juro...
Eu parei de respirar.
De pé, sua pose poderosa fez minha respiração ficar presa na
garganta.
Ele respirou com dificuldade, seu peito largo e musculoso
subindo e descendo como se ele tivesse acabado de correr uma
maratona.
Ele estava vestido de preto da cabeça aos pés; Terno preto
Armani, camisa e gravata que faziam seus braços poderosos e seu
peito parecerem quase vivos, quase desafiando qualquer um a
duvidar de sua ferocidade e gostosura.
Ele era lindo, quase como se tivesse sido ele quem se esculpiu;
maçãs do rosto que deixariam qualquer homem e mulher com
ciúmes, nariz reto e lábios vermelhos.
E seus olhos, meu deus, seus olhos eram de prata pura.
Foram os olhos mais intensos e frios que eu já vi na minha vida.
Ele passou os dedos pelo cabelo escuro, seus olhos prateados
quase prontos para encarar qualquer pobre alma estúpida o
suficiente para olhar em sua direção.
Seu brilho era quente o suficiente para apagar a existência da
humanidade.
Aquele era Mason Campbell.
O homem mais cruel do país.
Eu engoli em seco.
O homem saiu de seu caminho quando ele entrou. Seus
movimentos eram poderosos e confiantes.
Ele não olhou para mim enquanto se sentava atrás de sua mesa e
começou a examinar alguns arquivos.
Ninguém disse nada por cinco minutos, e eu estava começando a
ficar cansada e minhas pernas começaram a ficar dormentes.
Ninguém estava me reconhecendo e ninguém estava pronto para
me deixar ir ainda.
Mais cinco minutos antes que ele levantasse sua mão grande e
forte e me mandasse embora.
Soltei a respiração que estava prendendo e me virei para sair
quando recebi um olhar furioso de Gideon quando seus homens
começaram a deixar o escritório. Meu estômago caiu então.
Ele não me dispensou.
Todos eles foram embora e eu estava sozinha em sua presença
poderosa.
Tentei agir com naturalidade, mas, droga, estava falhando.
Eu fiquei congelada no meu lugar, mas continuei movendo meus
braços e pernas, apenas para poder parar de ficar tão nervosa.
Eu queria olhar para Mason Campbell, mas tinha medo de ser
transformada em cinzas ou em uma pedra.
Nenhum dos dois soou bem.
— Pare de perturbar minha paz, — sua voz suave, mas fria e
mortal.
Eu nem sabia que ele sabia que eu estava aqui.
Sem fazer nenhuma tentativa de esconder sua perturbação,
Mason Campbell fixou seu olhar mais sombrio em mim, a garota que
ousou perturbar sua paz.
— Ou eu farei algo a respeito.
Meu peito ficou tão apertado que mal conseguia respirar.
O medo bateu em mim, a imagem de mim mesma deitada fria e
morta em um lugar abandonado passou pela minha mente,
despertando emoções profundas em mim.
Quase fiz xixi na minha calcinha.
— Sente-se.
Com as pernas trêmulas, rapidamente me sentei em uma das
cadeiras à sua frente, decidindo que estaria mais segura se pudesse
ficar fora de sua vista. Mas eu não tive escolha.
— Por quê você está aqui? — ele perguntou sem tirar os olhos
dos papéis em que estava escrevendo.
Eu queria dar uma olhada, para ver como era sua caligrafia.
Era feia? Era linda?
Descobri que era linda, no entanto.
Eu me mexi na cadeira, desejando falar antes que ele ficasse com
raiva.
Lembro-me muito bem do que diziam sobre Mason Campbell.
As únicas emoções intensas que ele experimentou em sua vida
foram a raiva e a escuridão fria de seu próprio coração.
Eles disseram que ele tinha uma raiva tão forte que gelava os
ossos das pessoas.
Eu tinha pensado que era uma loucura, que ele não pudesse ser o
que todos dizem sobre ele, mas eu estava começando a pensar o
contrário. — Eu... eu... eu... eu..., — gaguejei de medo, a frase que
pretendia dizer estava encolhida atrás do meu coração.
Mason parou de escrever e de repente olhou para mim.
Os poderosos olhos prateados que colidiram com os meus me
fizeram engolir em seco.
Ele continuou a fazer buracos em mim com um olhar
decididamente aguçado.
— Cuidado com o que você diz, — disse ele antes de inclinar a
cabeça. — Eu... assusto você?
Lambi meus lábios antes de falar, — Isso é uma pegadinha? — Eu
calmamente perguntei.
Não obtendo resposta alguma, acrescentei: — S... sim.
Ele ergueu uma sobrancelha perfeita.
— Oh?
— Eu não quero dizer nada de errado que pode resultar na minha
morte.
— As pessoas dizem que você é um assassino cruel que tem
prazer em matar suas vítimas ou fazê-las desaparecer.
Eu nem percebi o que tinha dito até que me dei conta.
Meus olhos se arregalaram e coloquei a mão sobre a boca.
Com a mandíbula apertada, ele passou a mão pelo rosto.
— Você faria bem em lembrar com quem está falando, senhorita,
— ele avisou com seu olhar prateado duro como gelo e sua voz
profunda igualmente fria.
— Hart, — eu respondi, minha voz tremendo.
— Lauren Hart. É, claro, Sr. Campbell.
— Senhorita Hart, eu não gosto de me repetir. Por quê você está
aqui? — ele empurrou, sua voz mais alta desta vez.
Mais alto, e misturado com raiva e impaciência crepitantes.
— Estou aqui para uma entrevista. Eu não queria estar aqui. Fui
empurrada contra uma porta e a única saída foi por um elevador que
me trouxe até aqui. Eu sinto muito. Se você fizer a gentileza de me
deixar ir, irei embora.
— Eu não sou gentil, — ele falou como se estivesse enojado com
uma palavra que ele não estava familiarizado.
— Claro. Se você tivesse sido gentil o suficiente?
Esticando-se em toda a sua altura, o Sr. Campbell ergueu uma
sobrancelha.
Um desafio.
— Sem diferença.
Eu estava muito irritada quando encontrei seu olhar aquecido
com o meu olhar frio.
— Poderia me deixar ir, por gentileza? Eu não quero incomodá-lo
mais.
— Você tem um dicionário, Srta. Hart? — Ele perguntou sem
nem piscar. — Essas são as únicas palavras que você conhece? —
Quando tentei responder, ele me cortou.
— Era uma pergunta retórica.
— Oh.
— De fato, — ele respondeu em um tom que me fez pensar se ele
pensava que eu era uma idiota.
— Passe-me seu currículo.
Eu o estudei por um longo e desconfortável momento.
— Quer ver meu currículo?
— Estou falando sua língua, não estou? Passe-me seu currículo.
Eu rapidamente passei meu currículo para ele enquanto ele o
estudava.
— Hmm. Você estudou na Knight - obviamente, eu não esperava
que você tirasse boas notas.
— Teve apenas dois empregos. Experiência zero, — falou consigo
mesmo, enunciando cuidadosamente cada palavra.
Seu rosto se contorceu em uma estranha mistura de pena e
reprovação.
— Quando você veio para cá, espero que não tivesse esperança de
conseguir o emprego. Pelo que estou vendo aqui, você não está
qualificada o suficiente para trabalhar na Indústria Campbell, Sra.
Hart, — ele rebateu, cada fibra de seu ser me desafiando a afirmar o
contrário.
Eu encontrei seu olhar com um brilho de aço, minha raiva pronta
para explodir em mim.
Pressionei meus lábios e esperei que ele não notasse os músculos
estremecendo em meu rosto.
— O que? Não vou conseguir o emprego? — Eu perguntei, suas
palavras mergulhando como uma faca habilmente empunhada
direto no meu coração.
Eu sabia quando vim aqui que não tinha chance, mas isso não
significava que não estava sofrendo.
Essa era minha única chance de conseguir um emprego perfeito
com um bom salário.
Queria dizer que não deveria ser entrevistada por ele, que foi
uma Mary Warner que me ligou para uma entrevista.
Mas fui uma covarde.
— Você vai chorar? — ele perguntou, inclinando a cabeça para o
lado.
— Não... eu só...
— Bom. Porque eu odeio mulheres fracas que não são fortes o
suficiente para lidar com a verdade. Enxugue suas lágrimas antes de
deixar seu DNA aqui.
Eu enrijeci, uma veia na minha testa começando a latejar.
— Obrigado pelo seu tempo, Sr. Campbell.
Meu coração batia forte de raiva enquanto tentava me levantar e
deixar seu escritório sangrento e sua personalidade horrorosa. —
Mas... você está qualificada para uma coisa. Há uma vaga de
emprego que combina com você. Você gostaria de ser minha
assistente? Não deixe a palavra chegar à sua cabeça, no entanto.
— Você vai simplesmente fazer minhas tarefas, atender minhas
ligações e buscar chá para mim. Seu salário, é claro, não vai ser
muito.
Eu dei uma série de respirações longas e profundas até que a
tensão em mim começou a diminuir.
— Sr. Campbell se você apenas...
— É pegar ou largar. Há uma fila de pessoas que se lançariam
neste trabalho.
Fechando meus olhos, apertei a ponta do meu nariz e reprimi a
vontade de jogar minha cabeça para trás e gritar. — Sim, mas...
Ele desviou o olhar de mim e olhou para os papéis à sua frente.
— Tenha um bom dia, Sra. Hart.
Parte de mim gritava que era um bom trabalho e outra gritava
que não merecia ser pisada, mas a outra parte que gritou mais alto
venceu.
— Está bem! Eu aceito o trabalho. — Apertando os lábios, engoli
a amargura subindo em minha garganta e, em vez disso, olhei para
ele com desdém.
— Sr. Campbell, você está ouvindo? Eu disse que aceito o
trabalho. — Meu corpo inteiro vibrando de agitação, eu apertei
minhas mãos em punhos brancos sob a mesa enquanto ele me
ignorava.
— Vejo você na segunda-feira às oito horas, — ele dispensou, sem
se preocupar em olhar para mim.
— Muito obrigada! Eu não vou...
Ele interrompeu: — Retire-se.
Que idiota. Eu silenciosamente sai do escritório, minha mente
repassando os 20 minutos de conversa que tive com ele, e durante
esses minutos, ele nunca disse nada de bom para mim.
Como alguém pode trabalhar para uma pessoa assim?
Lembre-se, Lauren. Você trabalha para ele agora. Oh sim, que
pena para mim.
Se eu não estivesse tão desesperada para encontrar um emprego,
não teria concordado em trabalhar para ele.
Mesmo que o salário não fosse o que eu queria, eu aceitaria sua
oferta.
Eu não ia negar, tinha pensado em não aceitar, mas me lembrei
do meu pai e de como isso era importante para ajudá-lo.
Só espero sobreviver trabalhando para Mason Campbell.
Capítulo 2

Meu primeiro dia na Indústria Campbell foi ótimo, tão bom que
eu gostaria de poder reviver o dia indefinidamente.
Pense na melhor coisa que já aconteceu com você, agora
multiplique por cem. Era assim que eu estava me sentindo.
Conseguem notar o sarcasmo?
Aquele dia foi assim.
Não me lembrava da última vez que acordei para me preparar
para o trabalho ou para ficar animada e nervosa ao mesmo tempo.
Eu mal havia dormido na noite passada.
Minha mente continuava me dizendo que eu iria trabalhar para
Mason Campbell. Em algum momento, continuei me beliscando,
pensando que não era nada além de um sonho.
Quando contei para Beth, minha melhor amiga e colega de
quarto, ela teve a audácia de rir na minha cara e me chamou de
mentirosa.
Ela não acreditava que eu poderia falar com Mason, que eu não
era importante o suficiente para trocar palavras com ele e estar em
sua presença.
Ela achava que eu tinha encontrado trabalho em algum lugar
nojento e eu não queria contar a ela sobre isso, então comecei a dizer
que estava trabalhando na Indústria Campbell.
Se eu disser que não fui profundamente insultada, estaria
mentindo.
Ela estava falando como se Mason fosse um Deus que não podia
ser abordado.
Mas deixe-me dizer uma coisa, Mason não era um Deus ou um
anjo.
Ele não era alguém que distribuiria doces para crianças e diria
palavras bonitas que fariam qualquer um sentir calor no estômago.
Ele era o demônio.
Mason era alguém que arrancava doces das crianças e comia na
frente delas.
Ele era alguém que empurrava você na frente de um carro em
movimento.
Ele era alguém que diria poucas palavras o suficiente para fazer
qualquer pessoa ter um ataque cardíaco ou deixar uma cicatriz no
coração.
No entanto, havia uma coisa boa sobre ele.
Ele era bonito, isso eu não podia negar.
Por que os homens bonitos eram rudes, frios e sem coração? Eu
falo por experiência própria.
O último namorado bonito que tive alguns anos atrás me traiu.
Ele disse que eu era chata e exigente. Que idiota.
Ok, talvez isso não fosse motivo suficiente.
Mas e aqueles caras lindos para quem sorri e levei um fora, hein?
Enfim, Mason era o maior idiota de todos eles.
O idiota disse que eu não era inteligente. Ele ousou zombar da
minha escola.
Foi tudo adorável comparado ao que ele disse sobre eu não ter
nenhuma experiência.
Eu só podia imaginar como seria horrível trabalhar para ele.
Talvez ele estivesse de mau humor na outra vez? Talvez ele
realmente não fosse tão ruim e eu o tenha julgado mal.
Seja como for, eu seria a melhor assistente com quem ele já
trabalhou.
Eu não daria a ele um motivo para me atacar e zombar de mim.
Acordei cedo, me vesti e fiz minha cara de corajosa e feliz.
Sem me preocupar em acordar Beth e dizer a ela que estava indo
embora porque a vadia poderia dizer algo que eu não gostaria,
peguei tudo e deixei nosso apartamento.
Na minha opinião, o que eu estava vestindo era a melhor coisa
que pude encontrar no meu armário.
Eu poderia usar um vestido bonito para um casamento ou uma
ocasião especial, mas não conseguia acreditar que estava usando
para trabalhar.
Nem pude acreditar na hostilidade que vi quando pus os pés na
empresa.
Aparentemente, espalharam a notícia de que eu era a nova
assistente do chefe.
Isso não acontecia há um tempo.
Ignorando os poucos olhares que recebi, pressionei meu dedo
suado no botão que me levaria ao andar do Sr. Campbell.
No minuto em que a porta se abriu, eu saí.
Meus pés estavam tão nervosos que se tivessem vontade própria,
teriam saído correndo de lá e me deixado sem pernas.
Quando pisei no prédio, não fazia ideia para onde iria.
Eu não poderia simplesmente invadir o escritório do Sr.
Campbell e exigir saber onde ficava minha mesa.
Além disso, não achei que ele tivesse chegado ainda.
— Lauren Hart?
Virei-me ao som do meu nome e fiquei cara a cara com uma linda
mulher.
Ela era tão linda e se vestia tão bem. Eu estava com inveja dela.
Tudo que eu queria fazer era puxar seu cabelo e estragar sua saia
e blusa.
Eu queria bagunçar aquela mulher e não sabia por quê.
Ah, eu sabia por quê. Ela estava muito melhor do que eu.
Deus sabe o que ela vê quando olha para mim.
Eu sei o que vejo quando olho para mim mesma.
Ela parecia ter vinte e quatro ou vinte e cinco anos.
— Sim? — Eu respondi educadamente. Eu até sorri.
Ela sorriu de volta? Não.
— Meu nome é Jade. Estou um pouco surpresa em vê-la aqui tão
cedo, embora seja uma coisa boa. O Sr. Campbell não gosta quando
seus funcionários chegam atrasados ao trabalho.
Eu queria dizer — Você não veio um pouco mais cedo do que eu,
vadia? — mas em vez disso, sorri novamente.
— Tenho certeza de que ninguém quer. Estou acostumada em
acordar cedo. Sr. Campbell não precisa se preocupar comigo
chegando tarde.
— Hmm. — Ela acenou com a cabeça, enquanto mastigava a
caneta e decidiu me dar uma olhada, claramente não gostando do
que viu.
— Ninguém me disse como é a nova assistente do Sr. Campbell,
mas devo dizer que estou um pouco desapontada. Eu esperava
muito mais do que havia imaginado. Mas acho que ele teve pena de
você. Se eu fosse ele, também teria pena de você.
Não queria mais bagunçá-la, eu queria matá-la e enterrá-la bem
fundo, e o que restaria de seu cadáver podre seria apenas ossos e
crânio.
O chefe e os funcionários eram todos iguais?
Todos eles agem como se fossem melhores do que todos.
Eu sorri amplamente.
— Acho que ele viu o que não viu em ninguém. Eu devo ter sorte
então.
O olhar assassino em seu rosto me deu um pouco de satisfação.
— Que seja. Siga-me e mostrarei sua mesa.
Eu a segui de perto, meus olhos lançando punhais em suas
costas.
No minuto em que ela se virou, coloquei um sorriso doce no
rosto.
Ela apontou para uma mesa que tinha um laptop branco.
A escrivaninha estava bem encostada na parede, ao lado de uma
grande porta dupla.
— Você vai ficar sentada aqui, — disse ela. — Você pode colocar
só uma coisa pessoal em sua mesa porque o Sr. Campbell não gosta
de muita bagunça. Seu trabalho é atender o telefone e completar suas
tarefas.
— Entendeu?
— Sim.
— Muito bem. Bem-vinda à Indústria Campbell. Veremos quanto
tempo você vai durar.
Mordi minha língua e forcei a respiração pelo nariz.
— Eu garanto que durarei mais do que você. — Observei sua
sobrancelha se contrair, mas ela não disse nada. Ela se afastou,
deixando que eu me acomodasse.
Não demorou trinta minutos antes que o Sr. Campbell entrasse
como uma tempestade pronta para sugar todos para seu vórtice.
Seu rosto não continha emoções e aqueles olhos frios de pedra
poderiam acabar com a existência de qualquer um.
Eu Fiquei paralisada, incapaz de desviar meus olhos da
musculatura de seus braços, peito e pernas.
A maneira como seu terno Armani azul se agarrava a seu corpo
como uma segunda pele.
Havia uma letalidade perfeita e predatória em seus movimentos
enquanto caminhava.
Meu coração batia forte de fascinação.
Ele era um homem poderoso, incrível em todos os sentidos, e a
simples visão dele agora, em sua glória, quase me fez cair de joelhos.
Foi como se o visse pela primeira vez.
Todos acenaram com a cabeça dando bom dia para ele, mas ele os
ignorou e passou com mais graça do que eu já tinha visto em
qualquer pessoa, enquanto ele entrava em seu escritório.
Ele era tão rude.
Fiquei em minha mesa por alguns minutos antes de reunir
coragem e me aproximar de seu escritório.
Eu bati na porta dele. Uma, duas vezes e não tive resposta.
Eu bati novamente.
Bem alto desta vez.
— O quê?! — Sua voz era profunda e estrondosa.
Parecia que roncava fortemente dentro do prédio.
Engolindo a bile que havia subido na minha garganta, girei a
maçaneta e empurrei a porta.
Entrei em seu escritório frio e fechei a porta atrás de mim.
— Bom dia, senhor, — eu o cumprimentei enquanto meu coração
batia forte no meu peito.
O Sr. Campbell levantou lentamente a cabeça para olhar para
mim.
Ele parecia mais assustador do que eu poderia ter imaginado, e
eu não pude controlar o estremecimento que sacudiu meu corpo
quando aqueles olhos prateados estavam fixos em mim.
Não havia nada familiar em seu olhar.
Prendi a respiração.
Seu olhar vagou sobre mim, uma ação quase preguiçosa.
Eu senti tédio. Eu senti aborrecimento.
Uma distância que era quase gelada o separava.
Nossos olhos ficaram presos por um longo e estressante
momento.
Cem sentimentos passaram por mim naquele instante. Era como
se tudo no mundo tivesse parado.
Aquele homem... ele era assustador. E posso ter acidentalmente
vendido minha alma para ele.
— Sim? Posso ajudar? — Ele latiu.
Eu o encarei, incapaz de entender o que ele quis dizer com isso.
Eu não tinha permissão para cumprimentá-lo até que ele precisasse
de mim?
Antes que eu pudesse dizer algo, ele disparou mais perguntas
para mim.
— Como você chegou aqui? Quem te deixou entrar? — Ele
apertou um interfone e falou nele.
— Quem deixou esta mulher entrar?
— Eu te pago para deixar algum estranho entrar em meu
escritório?! Como assim que mulher? Você está demitido!
Ele estava levantando a voz para o pobre recepcionista.
Foi uma voz que representou morte súbita para mim.
— Por favor, Sr. Campbell, você me contratou para ser sua
assistente. Lauren Hart, lembra?
Eu perguntei em uma voz sufocada e suplicante.
Meu coração estava batendo forte e eu não conseguia me mover.
Meu instinto mais profundo me alertou para não irritar mais este
homem.
Ele era como uma tempestade implacável, uma força com a qual
não se pode contar.
Mason ergueu as sobrancelhas enquanto me observava,
apontando a caneta para mim ao se lembrar.
— Você certamente parece diferente. Bem, não tão ruim quanto
você estava no outro dia, é um progresso.
— Sim, senhor, — respondi, lutando para manter meu tom leve e
simples. — Vou tentar corresponder às expectativas desta empresa.
Mason ergueu as sobrancelhas enquanto me observava,
apontando a caneta para mim ao se lembrar.
Finalmente afastando os olhos de mim, ele respondeu: — Não
vejo como isso será possível, Sra. Hart.
Eu o observei rabiscar algo em um pedaço de papel.
— Pegue isso. — Eu rapidamente me movi para pegar o papel
dele, nossos dedos quase se tocaram no processo se ele não o tivesse
soltado imediatamente antes de acontecer.
— Esse é o meu e-mail e a senha. — Responda todos os meus e-
mails. Ignore aqueles que não são relevantes. Não agende uma
reunião sem antes me consultar. Sob nenhuma circunstância, Sra.
Hart, torne algum dos meus e-mails públicos. Mantenha meus e-
mails privados. Se eu descobrir que você mencionou isso com
alguém, família ou amigo, garanto que você se arrependerá
profundamente.
Meu coração começou a bater mais rápido e odiei o fato de que
ele pudesse evocar essa ansiedade em mim. E ele estava fazendo isso
intencionalmente.
Claro, ele estava.
— Todas as manhãs exatamente às 9h, você vai me buscar o meu
chá, não o café. Eu gosto de preto. Não deve ser muito frio ou muito
quente.
— Todos os arquivos que preciso assinar devem estar na minha
mesa antes de eu chegar aqui.
— Não entre em meu escritório e visitantes não são permitidos
das doze às uma. Você pega meu almoço no restaurante Roseire. É
uma hora de carro e não me importa como você chega lá. Basta pedir
o meu de costume. Lembre-se de que preciso dele quente e na minha
mesa às 2. Se esfriar, deduzirei o preço do seu salário.
Ele estava falando sério?
Deus, ele é tão mandão.
Sentado ali, declarando suas ordens como se ele governasse a
terra ou algo assim.
Deus, se este homem governasse o mundo, estaríamos todos
condenados.
Não passei muito tempo em sua presença, mas podia dizer que o
mundo iria sofrer em suas mãos.
— Você está me ouvindo? — Ele parecia indignado.
Raiva emanava de seu rosto, seu olhar viajando criticamente
sobre mim.
Algo sombrio cintilou em sua expressão que fez meu estômago
revirar.
Engolindo em seco, eu balancei minha cabeça.
Seus olhos se estreitaram. — Não acene. Responda quando
estiver falando com você, entendeu?
— Sim senhor. — Eu olhei para baixo antes de olhar para ele.
A expressão feroz em seu rosto me encheu de terror.
Ele continuou com seu tom frio e implacável.
— Eu assumi a responsabilidade de dar isso a você. — Ele jogou
o que parecia ser um manual para mim. — Leia-o. Siga isso. Se você
quiser estar aqui em uma semana.
— Eu prometo que não vou decepcionar você, — eu disse,
calmamente.
— Eu não me importo se você me decepcionar, Sra. Hart. Eu
ficaria feliz. Isso só provaria o que penso sobre você. Não pense que
você entrou oficialmente na Indústria Campbell. Você está sendo
julgada. Qualquer erro vai tirar você daqui mais rápido do que você
pode piscar. Como eu disse, você não é a única que adoraria ter esse
emprego. Pessoas com mais talento do que você. — Ele entrelaçou os
dedos na frente dele. — E não coloque na sua cabeça que você é
especial.
Filho da puta.
Uma resposta saltou aos meus lábios, mas ele me silenciou com a
mão levantada.
— Isso é tudo.
Eu me virei e silenciosamente deixei o escritório.
Eu senti como se tivesse acabado de ouvir que alguém que eu
conhecia morreu e eu estava de luto por essa pessoa.
Eu nem sabia o que pensar.
Eu sabia que Mason Campbell era muitas coisas, e ser um homem
rude era uma delas, mas nunca soube que ele era tão rude.
Sem fazer contato visual com ninguém, fui até minha mesa.
Sentei-me, contando de um a dez antes de voltar minha atenção
para o manual do funcionário que recebi.
Eu estava prestes a começar a folheá-lo quando ouvi uma tosse.
Eu levantei minha cabeça e encarei Jade, que estava me dando
uma cara de — Eu te odeio, mas não há nada que eu possa fazer sobre isso.
— Sim?
Ela revirou os olhos.
— Eu devo te dar um maldito tour, como se eu não tivesse nada
melhor para fazer com meu tempo, — ela zombou, Virando-se sem
esperar que eu dissesse nada.
Eu encarei sua forma recuada, me perguntando se ela estava de
TPM ou se sua maldade era natural. Todos ali eram horríveis?
Não me lembrava da última vez que me vi cercado por pessoas
tão vis.
Mesmo o ensino médio não era tão ruim e isso dizia muito.
A senhorita cara de vaca provavelmente pensava que era uma das
melhores pessoas nesta empresa, alguém que pisaria em seu pé não
importando o que achasse e alguém que pensava que todos
precisavam seguir.
Bem, eu não seria a cadela de ninguém.
Eu olhei para o manual novamente, abrindo a primeira página.
— Você não vem? — Eu ouvi Jade gritar para mim.
Olhando para seu rosto zangado, levantei uma sobrancelha.
— Oh, eu não sabia que você queria que eu a seguisse. Você
deveria ter dito isso.
Fechei o manual e me levantei para segui-la.
Os próximos trinta minutos foram tão chatos.
Jade me mostrou todos os cômodos do prédio e eu sabia que não
iria me lembrar de todos os lugares porque não estava dando toda a
minha atenção.
Quase dancei de alegria quando voltei a me sentar na cadeira.
Finalmente acabou.
Estar na presença de Jade sugou toda a pouca felicidade que
ainda tinha em mim.
Exatamente às oito e cinquenta e cinco, corri para pegar o chá do
Sr. Campbell.
Fiz uma pausa, tentando me lembrar se ele me disse quanto
açúcar queria ou se queria mesmo.
Eu me arrisquei muito e não coloquei açúcar no chá dele.
Isso poderia me salvar ou me expulsar da empresa.
Quando ele me deu permissão para entrar em seu escritório, eu o
fiz com muita calma, pela primeira vez sem medo.
Eu mantive o chá na frente dele e esperei ser convidada a sair.
O Sr. Campbell demorou a terminar em seu laptop antes de pegar
o chá.
Suspirei de alívio quando ele não começou a gritar sobre a falta
de açúcar.
— Pode ir, — ele disse, friamente.
Ele ainda não havia olhado para mim.
— De nada, senhor, — eu disse, virando-me para sair do
escritório.
Sua voz me impediu de me mover.
— O que você acabou de dizer? — Havia descrença em seu tom,
raiva. Uma onda de raiva terrível que fez minhas pernas tremerem.
— Você está sendo sarcástica comigo, Sra. Hart?
Eu balancei minha cabeça, tentando apontar o momento exato em
que meus sentidos deixaram meu corpo.
Eu não estava sendo sarcástica. Como eu poderia saber que tinha
um chefe como ele?
Foi simplesmente um instinto que me fez dizer aquilo.
— Me desculpe senhor. Eu não quis ofender. — Eu não pude
contar quantas vezes eu tinha me desculpado desde o momento em
que o conheci.
E algo me disse que havia mais por vir.
Ele estreitou os olhos, tentando me quebrar e provar a ele que eu
era fraca e incapaz de lidar com a pressão.
Pelo menos, era isso que eu pensei que ele estava fazendo.
— Pode ir.
Eu corri para fora de lá, respirando corretamente quando estava
fora de seu olhar penetrante.
Uma risada baixa começou e girei ao redor do culpado.
Um cara alto e magro estava olhando para mim, seus lábios se
curvaram em um sorriso malicioso.
Ele tinha cabelo curto e escuro nas laterais, e a ponta no meio era
um pouco longa e bagunçada.
Quando ele me viu olhando, ele cruzou para o meu espaço.
— Parabéns, — disse sua voz profunda com uma sugestão de
piada. — Você sobreviveu a duas visitas ao escritório dele. Merece
uma comemoração.
Eu não pude deixar de sorrir.
Um, porque eu sabia que ele provavelmente estava dizendo a
verdade, e dois, porque eu sabia que gostaria dele. Ele era diferente
de como eu o via.
Fazendo uma pequena reverência que rendeu outra risada dele,
eu disse: — Você gostaria de gravar isso em um copo e entregá-lo à
minha mesa?
— Oh, inteligente. Você vai gerar sua própria satisfação.
Combinado.
Eu estendi minha mão, meu sorriso ficando mais amplo.
— Eu sou Lauren. Lauren Hart.
O cara de cabelos ruivos soltou uma mão de sua xícara e
balançou a cabeça.
— Prazer em conhecê-la, Lauren. Sou Aaron Hardy. É muito bom
ver alguém saindo do escritório do chefe sem uma lágrima.
— Pode me chamar de corajosa.
Ele acenou com a cabeça, inclinando a cabeça para o outro lado
para me estudar.
— Ou idiota. Por que você aceitou o trabalho? — Ele perguntou, e
antes que eu pudesse responder, ele me interrompeu com um
exclamação: — Ah! Eu acho que entendi. É o pagamento, não é?
Sempre é pelo salário.
Eu revirei meus olhos. — Tipo isso. Eu preciso do dinheiro.
— Ah.
— Você foi legal comigo. Como isso é possível? Todo mundo me
odeia ou ainda não me odeia. São todos tão tensos. Tipo, galera,
pega leve.
Ele riu com seus ombros tremendo. — Confie em mim quando
digo que eles estão com inveja de você. O Sr. Campbell não contrata
- desculpe minha escolha de palavras - alguém como você.
— Ele gosta de funcionários da classe alta, pessoas que não
envergonhariam sua empresa. Mas eles acham que você pode ser
especial para ele.
Eu bufei.
— Isso é tão estúpido. Ele me odeia.
— Ele odeia você tanto quanto odeia a todos. Não é pessoal.
— Eu quero saber porque.
— É isso, minha querida Lauren, que sempre ficamos nos
perguntando, — ele disse, piscando para mim.
— Vamos voltar ao trabalho antes de termos que fazer hora extra.
Eu pisei ao lado dele, parecendo surpresa.
— Você está falando sério?
— Não, — ele respondeu rapidamente. — Ele não é tão cuzão.
Eu parei de andar, dando a ele meu melhor olhar de Você está
brincando comigo. Ele se virou e encolheu os ombros.
— Ok, talvez ele seja um cuzão.
— Um cuzão classudo, se você me perguntar.
Alguém pigarreou e eu congelei em choque, Meu coração
disparou.
Foram as risadas de Aaron que pareceram me deixar aliviada.
— Meu deus, — ele se dobrou de tanto rir. — Você deveria ter
visto seu rosto. Você pensou que era ele.
— Não era?
— Não, mas você deve ter cuidado com suas palavras.
Uma garota de cabelo verde sorriu para mim, passando o braço
em volta do pescoço de Aaron.
— Esta é a nova garota?
Eu me endireitei, empurrando meus ombros para cima e olhei
direto em seus olhos.
Ela deu uma risadinha.
— Calma, menina, eu não mordo, — disse ela, divertindo-se
comigo tentando me manter firme.
Eu imediatamente relaxei, percebendo que ela não queria fazer
mal. Nenhum sinal de desdém. — Eu sou Athena.
Eu levantei uma sobrancelha.
— Lauren. Você tem cabelo verde e ainda não foi demitida.
Eu sabia com certeza que Mason nunca, jamais contrataria
alguém com cabelo verde.
— Isso é porque ele não pode me despedir. Eu sou a tia dele.
— O que?! Mas você não parece ter mais do que...
— 23? — Perguntou Athena.
— Sim, já ouvi isso várias vezes. Ele é mais velho do que eu, mas
eu sou tia dele, blá, blá, blá. A mãe dele é minha meia-irmã.
— Uau. — Ela deve ser a única pessoa com quem ele seria bom.
Athena olhou para meu rosto confuso.
— Ah, querida, só porque eu sou a tia dele, não significa que eu
não tenha que aguentar as merdas dele também.
— Sim, mas você é a única pessoa que ele respeita, — disse
Aaron.
Ela encolheu os ombros como se não fosse grande coisa. Nunca
pensei que o Sr. Campbell fosse capaz de respeitar alguém.
Seu ego do tamanho da Terra não seria capaz de lidar com tal
coisa.
Para um homem que exigia respeito em todos os lugares que ia,
era estranho imaginar aquilo.
— Vamos voltar ao trabalho.
Eu dei um tapinha no ombro de Aaron antes de ir para a minha
mesa.
Eu tinha um dia longo e doloroso pela frente.
Capítulo 3

— Cheguei! — Tirei os sapatos perto da porta e andei descalça


pelo apartamento.
Eu podia ouvir sons barulhentos vindos da cozinha e decidi
investigar.
Uma pequena risada me escapou quando vi Beth pairando sobre
a ilha, coberta de farinha.
Era isso que Beth fazia, ela cozinhava quando estava estressada -
e ela realmente faz o bolo mais delicioso de todos os tempos.
É estranho que. quando ela não está estressada, ela não conseguia
fazer um bom bolo.
Ficava muito doce ou meio queimado.
Eu nunca consegui entender como isso funcionava.
Ela olhou para cima e limpou a farinha na bochecha, errando
completamente o lugar.
— O que temos aqui? — Aproximei-me da tigela de glacê,
mergulhei meu dedo dentro antes de colocá-lo na boca.
Eu balancei a cabeça em aprovação. — Mm. gostoso.
— Como foi o trabalho?
Como se ela tivesse arrancado a bandagem de mim, gemi e fui
atingida pela raiva e pela humilhação.
— Estou pronta para desistir.
Ela ergueu as sobrancelhas. — Você não gosta da loja?
— Loja? Que loja? Você ainda acha que eu não trabalho na
Indústria Campbell? Você acha que eu simplesmente mentiria
assim? Por que é que eu mentiria sobre isso? Porque eu não mereço?
Você acha que outra pessoa deveria ter o emprego?
— Caralho, um simples não teria bastado. Ok, eu acredito em
você. Deus, apenas cale a boca e me diga o que está te incomodando
tanto.
Eu me virei e saí da cozinha, ouvindo seus passos atrás de mim.
— Aquele desgraçado do Mason Campbell. Ele é um pesadelo,
Beth. Ele me odeia e me ridiculariza a cada chance que tem, —
reclamei, meus punhos se fechando quando me lembrei de como ele
tinha sido rude desde que o conheci. Ele é o infeliz mais ingrato de
todos. Quem diabos ele pensa que é? AFF!
Eu sentei no sofá e cruzei as pernas.
— Então saia.
Eu olhei para ela.
— Você está louca? — Eu perguntei. — Eu preciso do dinheiro e
você sabe por quê. Eu tenho que cuidar do meu pai. Eu sou tudo o
que ele tem.
Parei quando minha voz começou a falhar.
Não queria abrir velhas feridas, não queria pensar na mulher que
nos deixou.
— O que você vai fazer então?
— Seguir em frente. Não é o fim do mundo.
Ela sorriu e bateu no meu braço. — Isso mesmo, garota. Basta
levantar a cabeça bem alto. Sorria quando ele for um idiota, sorria
quando ele for um cuzão. Não o deixe te ver frustrada.
— Tenho certeza que ele vai ficar tão chateado que você não vai
reagir às suas palavras ou ações.
De repente, pulei do sofá e a abracei.
— Você tem razão! — Exclamei, a frustração anterior de repente
foi substituída pelo velho eu feliz e alegre.
— Quando alguém for rude, mate-o com um sorriso. Você é
incrível, Beth Wallace.
— Eu sei. — Ela sorriu.
— Agora que deixamos isso de lado, quando você vai me
apresentar a ele? Eu quero vê-lo, Laurie! Eu quero olhar dentro
daqueles olhos e ver seu corpo forte que coloca as mulheres em
coma. Eu quero vê-lo! Quero saber como é ser seduzida com apenas
um olhar. — Ela jorrou, seus olhos brilhavam cada vez mais.
Peguei um travesseiro e bati nela.
— Ele não é meu namorado, nem um amigo a quem posso apenas
apresentar. Ele é meu chefe e nós dois estaremos mortas antes que
isso aconteça. Mantenha suas fantasias na internet. — Fui para o
meu quarto para tomar um banho.
***

Era meio-dia e meia e eu ainda estava respondendo os e-mails do


Sr. Campbell.
Eram tantos que eu havia perdido a conta de quantos respondi.
Alguns foram enviados de outras empresas que queriam marcar
uma reunião com ele, alguns eram de clientes e outros eram e-mails
pessoais de sua família.
Eu tinha marcado reuniões importantes e, quando chegou uma
hora da tarde, estava feliz com meu progresso.
Uma luz azul apareceu na minha caixa de entrada e eu cliquei
nela, chocada ao ver o destinatário, mas mais chocado ao ver o
assunto do e-mail.
Abra agora.
Uma demanda.
Uma ordem.
Deus, Mason Campbell era um homem rude.
Cliquei no e-mail.
Sra. Hart,
Você deve ir a este endereço antes de vir trabalhar e perguntar por Peter
Walsh. Certifique-se de que você não está nem um minuto atrasada para o
trabalho.
Mason Campbell.
Bem, pelo menos seu e-mail parecia melhor do que o que ele teria
realmente dito pessoalmente.
Eu rapidamente digitei uma resposta.
Sr. Campbell,
Recebi sua mensagem e será feito. Devo receber algo do Sr.
Walsh? Tenha uma boa noite.
Gentilmente,
Lauren Hart.
No minuto em que enviei, tive vontade de cancelar o envio.
Eu sei com certeza que um e-mail rude logo chegaria por eu ter
feito uma pergunta estúpida.
Se ele quisesse que eu pegasse algo, ele teria mencionado.
Deus, eu sou tão estúpida.
Mordi meus dedos e olhei para a tela, esperando por uma
resposta que com certeza temeria.
Eu poderia imaginar várias respostas dele. Eu teria incluído se
houvesse mais a dizer.
Ou algo como: — Não te dei permissão para enviar uma resposta.
Revirei os olhos porque não era impossível para ele dizer isso.
Cinco minutos se passaram e não havia nada.
Ele pode estar ocupado ou não achou necessário me responder.
Meus olhos se abriram e levei cinco segundos antes que eu
pudesse notar que o céu estava claro e não escuro.
Eu engasguei e verifiquei a hora, vendo claro como o dia.
7:10.
Eu gritei e pulei da cadeira, quase tropeçando e caindo no chão.
Pulei no chuveiro e me vesti em cinco minutos.
Aquele foi o banho mais curto que eu já tomei.
Carregando meus sapatos na mão, saí e chamei um táxi.
Eu rapidamente dei a ele o endereço que o Sr. Campbell me
enviou e recostei-me no assento.
Oh deus.
Eu ia me atrasar no meu segundo dia.
Eu não conseguia nem imaginar como o Sr. Campbell reagiria ao
meu atraso.
Especialmente Jade, que adoraria nada mais do que me ver ser
despedida.
— Você pode, por favor, se apressar? Não quero chegar atrasada,
— eu disse ao motorista impacientemente, verificando a hora
novamente.
7:17.
No minuto em que o carro parou em um prédio, pedi ao
motorista para esperar por mim.
Corri para dentro e caminhei até o recepcionista.
— Peter Walsh, — eu perguntei sem fôlego. — Sou da Indústria
Campbell e estou aqui para ver o Sr. Walsh.
— Ele acabou de sair, — respondeu ele, selando meu atestado de
óbito.
— O que? — Tentei não explodir e gritar ao mesmo tempo.
— Quando ele vai voltar? Eu realmente preciso vê-lo.
— Sinto muito, senhora, mas você tem que esperar uma hora para
vê-lo. Ele acabou de sair para sua atividade matinal.
— Uma hora? Não tenho nem vinte minutos! Obrigado pelo seu
tempo.
Corri para fora e entrei no táxi, dando-lhe o endereço do trabalho.
O suor começou a se formar na minha testa e minhas mãos
começaram a tremer de medo.
Demorou muito antes de conseguir sair do táxi e entrar na
Indústria Campbell.
Eu senti como se todos os olhos estivessem em mim, mas na
realidade, todos estavam fazendo seu trabalho.
Meus saltos clicaram quando eu levantei o chão e o rosto
presunçoso de Jade me cumprimentou.
Eu sorri, tentando não mostrar o quão preocupada e assustada
estava.
— Bom dia, Jade.
— Que manhã agradável, Lauren. Você não acha? — Ela zombou
levantando uma sobrancelha.
— É, acho.
Passei por ela para ir para o escritório do Sr. Campbell.
Eu só queria colocar alguns arquivos em sua mesa e voltar para a
minha antes que ele me encurralasse em seu escritório.
Abrindo a porta, quase dei um passo para trás quando o vi
sentado em sua cadeira, falando ao telefone.
Eu não esperava vê-lo. Como assim?
E o escritório dele, então é claro que ele estaria aqui.
— Sim. Jerry, avise-o sobre os detalhes das remessas. Não, não
deve ser mais tarde do que hoje.
Fui até sua mesa e coloquei os arquivos na frente dele.
Virando-me para sair, quase fiz uma dança da vitória por escapar
da ira de Mason Campbell.
— Não se mova, Sra. Hart.
Lá se foi minha esperança de viver um novo dia.
Fiquei onde estava e esperei até ele terminar a ligação.
Até rezei para que ele recebesse ligações ininterruptas e, por fim,
ele me pedisse para sair sem ser confrontada por ele.
— Muito bem. Certifique-se de que recebo os relatórios. — Ele
desligou o telefone.
— Senhorita Hart, — sua mudança repentina de tom fez meu
coração acelerar. — Odeio quatro coisas e uma delas são pessoas
incompetentes.
Eu engoli em seco.
— Você falhou em fazer um trabalho simples hoje.
— Me desculpe senhor. EU...
Aqueles olhos prateados capturaram os meus e pareciam
perfurar minha pele.
— Não me interrompa. — Seus olhos ficaram frios.
— Estou lhe dando uma última chance, Senhorita Hart. Deixar de
fazer o que é pedido só fará com que você seja despedida. E talvez
você não saiba as consequências de ser demitido da Indústria
Campbell.
— Ninguém estará disposto a contratá-la depois de saber que
você trabalhou para mim.
Ele se levantou da cadeira e desabotoou o terno, passando para o
meu lado.
— Ser despedido da minha empresa é como uma sentença de
morte. Você não quer trabalhar pelo resto de sua vida, Senhorita
Hart?
Meu peito subia e descia.
Ele pairou sobre mim, sombrio e perigoso. Sua expressão era fria
e pedregosa.
— Não estou surpreso que você falhou em completar uma tarefa
simples.
— Achei que sim, e foi por isso que enviei dois e-mails para você
e Jade Willows. E dê uma olhada nisso, o trabalho é importante para
ela.
Minha respiração saiu com pressa, depois ficou rápida e
superficial.
Se ele tinha tanta certeza de que eu iria falhar em sua tarefa, por
que ele me deu isso em primeiro lugar?
Para que ele não pudesse perder a chance de me humilhar e
insultar?
E Jade... não admira que ela tenha perguntado como foi minha
manhã. Ela provavelmente estava rindo em sua cabeça.
Minhas mãos se fecharam em punho.
Aos poucos, minha raiva cessou.
O clamor acelerado do meu coração diminuiu.
Eu controlei minhas emoções.
Nunca em toda a minha vida eu esperei cair em uma situação da
qual não pudesse escapar.
Eu não poderia me deixar ser despedida nem desistir depois de
saber o que iria acontecer depois.
Quanto poder Mason Campbell tem sobre todos?
Eu sabia que ele sentia um imenso prazer em me insultar e por
que motivo, eu não sabia. Mas eu não poderia ser egoísta.
Eu estava fazendo isso pelo papai.
Eu iria engolir e levar tudo como uma garota corajosa que meu
pai me ensinou a ser.
— Eu tenho uma reunião em quinze minutos e você certifique-se
de estar lá, — ele falou suavemente.
Foi um pouco mais que um sussurro.
No entanto, encoberto por essas palavras, havia uma advertência
de ferro.
— Ei, — Aaron me cumprimentou.
— Oi.
— Como está o seu segundo dia de trabalho?
— Como você acha que seria se você adicionasse picles, Nutella e
manteiga de amendoim em seu sanduíche?
Aaron fez uma careta. — Nojento... Ah. — Ele sorriu. — Em breve
você vai se acostumar com tudo por aqui e vai melhorar.
Eu sorri.
— Então, como vai? Precisa de alguma coisa?
— Fui designado para garantir que você chegue cedo à reunião.
Minhas sobrancelhas se ergueram.
— Não brinca, sério? Então ele decidiu que eu não sou capaz de
ser pontual e ele arranjou uma babá? E você recebeu a tarefa mais
idiota de me acompanhar até a reunião?
Ele se ergueu em toda sua altura, um sorriso provocador no
rosto.
— Estou brincando com você, Lauren. Ele não tem tempo ou
energia para fazer isso. Gosto de você. Eu não quero que você seja
despedida.
— Você não sabe o que aconteceria quando isso acontecesse.
— Ah, eu acho que tenho uma boa ideia. Ele mesmo me disse.
Mas isso é simplesmente estúpido. Por que diabos ele teria tanta
influência sobre as pessoas?
— Você subestima o poder de Mason Campbell, Lauren.
— Isto me lembra. Quando vim aqui para uma entrevista, vi uma
mulher sendo escoltada para fora do local. Eu me senti tão mal. Ela
não merecia ser tratada dessa forma. O que ela fez?
— Você quer dizer Gretchen? Ela é acusada de roubar alguns
arquivos importantes. Eles nunca os encontraram.
— Você acha que ela fez isso?
Uma nuvem negra se formou sobre sua cabeça antes que ele
balançasse a cabeça.
— Não, mas não importa se ela fez isso ou não. Ela já é uma
suspeita.
— Lugar difícil.
Ele acenou com a cabeça em concordância.
Eu verifiquei meu relógio.
— Temos sete minutos antes do início da reunião. Eu quero
chegar cedo. Não quero ser repreendida de novo.
Aaron riu. — Bem, Não gostaria que você ficasse sozinha.
Andei ao lado de Aaron até a sala de conferências e, para minha
surpresa, alguém já estava adiantado.
Ela estava sentada na cadeira perto do assento do chefe.
Eu segurei uma risada, mas acho que não tentei muito.
Ela olhou para cima e olhou para nós.
— Acho que alguém está mais ansiosa do que você para agradar
o chefe, — Aaron comentou. — Não tente muito, Jade. Será apenas
um desperdício completo.
— Cale a boca, — ela atirou nele.
Eu não disse nada, encontrei um assento na ponta da mesa e me
sentei. Aaron sentou-se ao meu lado.
Exatamente às oito horas, as pessoas começaram a entrar e
ocupar todas as cadeiras vazias até que não houvesse mais nenhuma.
E exatamente às oito e três minutos, o Sr. Campbell entrou.
Nós nos levantamos de nossos assentos e quando ele se sentou,
nós o seguimos.
Eu tentei muito ficar longe de sua vista. Mas não o suficiente, já
que eu ainda podia ver seu rosto claramente.
Ele não estava sorrindo e também não estava carrancudo.
Ele parecia sério, determinado e todos colocaram todas as suas
mentes e atenção nele.
Poder, liderança e autoridade eram dele.
Eu desviei o olhar de seus olhos penetrantes e foquei minha
própria atenção na vista externa.
— Srta. Hart.
Era tão lindo. Eu poderia ficar olhando para ele o dia todo.
— Srta. Hart.
— Lauren, — Aaron sibilou, me dando uma cotovelada nas
costelas.
— Aí, o quê? — Eu olhei para ele, esfregando o lugar que ele
tinha me acotovelado. Doeu. Espero que ele não tenha me
machucado. Então eu percebi que todos os olhos estavam em mim.
Eu queria me esconder embaixo da mesa.
— Deixar de completar uma tarefa, não prestar atenção durante
uma reunião, o que mais você pretende nos mostrar em um dia, Srta.
Hart? — Ele zombou.
Os olhos do Sr. Campbell estavam em mim, suas mãos cruzadas
na frente dele enquanto ele me olhava.
Seu terno Armani azul escuro de alguma forma o fazia parecer
mais largo e alto do que nunca - ele já era enorme, mas sentado ali,
ele parecia maior do que era.
O próprio ar parecia zumbir e chiar com o poder de sua presença
- forte e vital, muito ousada e exigente.
Meu pulso de repente bateu rápido por ser sua atenção principal,
mas eu acreditava que ele não sabia o efeito que tinha sobre mim -
ou sabia?
Eu levantei meu queixo e encarei de volta, esperando que fosse
um olhar de alguém que fosse frio e confiante.
— Desculpe, não vai acontecer de novo.
Fiquei feliz por não gaguejar e mostrar um sinal de fraqueza.
— Então você continua mencionando.
Um momento de silêncio.
— Srta. Willow.
Jade foi rápida em responder.
— Pois não, senhor? — Ela parecia irritantemente doce.
Ela parecia um cachorro que tinha visto uma guloseima.
Deus, ela não poderia pelo menos fingir que estava menos
animada?
— Troque de assento com a Sra. Hart.
Seu rosto caiu em choque. Fiquei tão surpresa quanto ela.
Jade escorregou da cadeira e Aaron teve que me dar uma
cotovelada novamente antes que eu saísse da cadeira.
A cada passo que eu dava, o nó em meu estômago se apertava.
Eu teria preferido ficar onde estava.
O fato de que todos os olhos estavam em mim, especialmente os
do Sr. Campbell, não me deixava à vontade.
Meus passos diminuíram, mas não parei de me mover.
Peguei a cadeira de Jade.
Eu estava a céu aberto para que todos pudessem ver.
Eu queria afundar no chão e desaparecer.
Athena também estava lá. Suas sobrancelhas se ergueram de
surpresa, então ela piscou.
Olhei para Aaron, que tinha um sorriso fácil.
Se alguém mais ficou surpreso com a decisão do Sr. Campbell,
não falou em voz alta. Embora ninguém demonstrasse qualquer
hostilidade externa, também não havia um sinal de amizade.
Exceto por Jade, a quem eu me tornei o único objeto de ódio mal
disfarçado.
Eu pisquei.
Se todos eles soubessem que o motivo do Sr. Campbell para isso
era me causar desconforto, eles me deixariam respirar.
Ofereci a ela um sorriso hesitante, mas o meu sorriso vacilou. Eu
desviei o olhar.
— Podemos começar? Marcus?
Marcus era o homem sentado ao lado de Athena. Ele era de
estatura mediana, usava óculos redondos e um terno azul. Ele tinha
cabelo escuro, mas havia mechas de cabelo grisalho.
Eu nunca havia falado com ele.
— Como você sabe, fizemos algumas pesquisas há alguns meses e
conversamos sobre isso com todos os outros aqui. — Todos eles
concordaram com a cabeça.
— Achamos que a ideia de Bethany sobre o drone também
funciona.
Marcus apontou para a configuração na lateral da sala.
— Noventa e três por cento das pessoas na pesquisa que fizemos
reclamaram de alguns problemas que estão tendo.
— Pessoas perdendo seus pertences na rua, turistas se perdendo
pela cidade. Desenvolver um drone que possa resolver esses
problemas será uma ótima ideia, Sr. Campbell.
— Por exemplo, se alguém perder um brinco, mostre a imagem
ao drone e ele o localiza.
— Sim, o mercado será realmente enorme e este pode ser nosso
maior projeto até agora, — disse uma mulher de cabelos ruivos.
— Já iniciamos a coleta de todos os dados e o projeto do sistema
está planejado. A equipe de Mike realmente fez um bom trabalho.
— Envie-os para mim mais tarde, Riley, — disse Campbell.
Então ele se inclinou para mim e sussurrou. — Certifique-se de
que eu os receba. Sra. Hart. Esta é a sua segunda tarefa.
Eu balancei a cabeça, tentando não reagir pela nossa proximidade
e a forma como sua voz soava quando ele sussurrava.
O Sr. Campbell sugeriu que todos reservassem cinco minutos
para apresentar novas ideias sobre o projeto.
Não ousei pensar que faria parte disso, já que não era nada para
ele mais do que uma garota de recados.
Depois que todos terminaram, as ideias começaram a ser
distribuídas e a maioria delas estava sendo riscada.
Fiquei quieta e só me levantei para pegar uma garrafa de água
quente para ele.
Quando voltei, a reunião havia acabado.
— Almoce conosco hoje, — disse Athena quando saímos da sala
de reuniões.
— Ok. — Eu estampei um sorriso no rosto por todo o caminho de
volta para minha mesa, feliz por não almoçar sozinha.
Eu sentei na minha cadeira e respondi alguns e-mails.
Capítulo 4

Não sabia que havia tantos funcionários.


Eu subestimei o quão grande era a Indústria Campbell e sua
decoração de interiores porque o refeitório era lindo.
Tudo estava limpo e brilhante.
Eu estava almoçando com Athena e Aaron.
Felizmente, neste refeitório enorme, Jade não iria localizar onde
eu estava.
Eu não estava a fim de entrar em uma competição de quem
encarava a outra por mais tempo.
Eu já tinha feito isso com nosso chefe.
Eu gostei de Athena. Ela era uma brisa de ar fresco, extrovertida e
a amiga mais legal que eu sempre quis.
Sem ofensa a Beth. Mas Athena era um pouco diferente.
Ela poderia literalmente acalmar um rinoceronte furioso se
quisesse. Além disso, também estava procurando saber como
funcionava seu relacionamento com Mason.
Como ele era em casa? Ele era tão tenso quanto no trabalho?
O dinheiro e a fama o afetaram tanto que ele se esqueceu de como
tratar as pessoas?
— Você gosta daqui?
Eu brinquei com a minha salada, sem muita vontade de comer
nada. Não é como se eu não estivesse com fome.
Eu realmente estava, mas também estava com medo de fazer algo
que pudesse me demitir, e então eu não saberia o que fazer.
Se eu comer, posso vomitar e já li o manual o suficiente para
saber que o escritório deve estar sempre limpo e brilhante.
Mas não foi tão surpreendente quanto a regra que afirmava que
todos os funcionários deveriam estar limpos.
Nenhuma mancha ou sujeira deve ser vista em suas roupas o
tempo todo.
Eu olhei para minha blusa branca, feliz por não ter derramado
suco na minha blusa sem saber.
— É uma merda, mas fazer o quê? Preciso do salário. Eu não
sabia que alguém poderia esgotar outra pessoa tão rápido quanto o
Sr. Campbell faz comigo.
Athena riu.
— Ele é um desgraçado, não é? Mas as vantagens de trabalhar
aqui é que você pode ver aquele babaca lindo, musculoso e rico de
um metro e oitenta e admirar como ele é gostoso.
Eu a encarei, completamente chocada com suas palavras e sua
habilidade de dizer isso com uma cara séria.
— Ele é seu sobrinho, — eu a lembrei, caso ela tivesse batido a
cabeça pela manhã e se esquecido daquele pequeno detalhe.
Eu nunca poderia dizer isso sobre minha família, e não que eu
tivesse visto algum deles.
Minha família era complicada.
A família do meu pai cortou os laços com ele depois que ele se
casou com minha mãe. A família dele era rica e eles achavam que
minha mãe era uma interesseira. Ela não o merecia, disseram a ele.
Ela não era uma boa mulher. Mas meu pai era tão apaixonado
por ela que ignorou os conselhos da família e a engravidou.
Eles cortaram os laços com ele e ele estava sem falar com eles em
23 anos.
Eles nem sabiam que ele tinha câncer.
Ele estava com medo de que eles o rejeitassem e também com
vergonha de que eles estivessem certos sobre sua mãe o tempo todo.
— Ele é muito gostoso. Você deveria vê-lo em roupas casuais...
aquela bunda marcada.
Eu lancei um olhar para Aaron. — Você também?
Ele encolheu os ombros. — Eu gosto da fruta, querida. — Ele era
gay.
— Não consigo ver nada além daquela personalidade ruim.
Mulheres gostam disso?
Os dois me deram um olhar do tipo: Você está brincando?
— 99,9 por cento das mulheres não se importam com sua
personalidade ruim, — disse Aaron.
— Elas só se importam que ele seja gostoso, insanamente rico e
solteiro. Qualquer coisa além disso não importa tanto.
— O cara foi nomeado o homem mais sexy do mundo por 5 anos
consecutivos. Ele é o solteiro mais desejado do Reino Unido.
Eu fiquei maravilhada.
Alguém com essa personalidade ruim ainda pode ser amado?
— Aposto que ele amou isso, — eu disse, colocando a salada na
boca.
Na hora, Aaron e Athena começaram a rir como se tivessem
ouvido uma piada de mau gosto.
— O que?
— Amou? — ela repetiu.
— Mason odiou. Ele disse que é bom demais para essa categoria.
Disse muitas coisas, na verdade.
— Uma delas era que era um insulto seu nome ser anexado ao
nome de outras pessoas. Também disse que iria processá-los por
discriminá-lo.
Eu engasguei. — Como isso é discriminatório?
Athena encolheu os ombros.
— Ele não quer ser associado a nada nem a ninguém. Seu único
foco na vida é ficar mais rico a cada dia e ser o homem mais
poderoso.
— Ele já não é?
Aaron baixou a voz. — Ele quer dominar o mundo.
Eu ri.
Eles não riram.
— Vocês estão brincando. — Eu encarei Aaron com os olhos
arregalados, depois Athena.
— Nunca brincamos com a história de Mason Campbell.
Minha voz baixou para um sussurro.
— Então também é verdade que ele faz as pessoas desaparecerem
e as mata em uma área isolada e se desfazem do corpo? — Eu
perguntei, com medo da resposta.
— Ele também tem uma câmara de tortura, — Athena
acrescentou em um tom abafado.
— Onde ele tortura pessoas para obter informações ou aqueles
que o injustiçaram.
— Meu deus, sério?! — Exclamei, recebendo alguns olhares em
retorno.
Eu olhei para baixo, com o rosto vermelho pela atenção que eu
não queria chamar.
O rosto de Athena de repente se contorceu em uma expressão
engraçada antes que ela explodisse em gargalhadas enquanto
segurava o estômago. Não quero dizer uma risadinha.
Foi uma risada estrondosa que me fez olhar mais fixamente.
Provavelmente me perguntando se ela era louca.
— Você deveria ter visto sua cara, — ela gritou entre risos.
— Deus, você acredita nas coisas tão facilmente. Mason não mata
ninguém.
Aaron riu. — Mas ele faz as pessoas desaparecerem, então você
deve se comportar da melhor maneira.
Eu olhei para ela.
— Mas não conte a ninguém que eu disse isso, — ela continuou.
— Mason quer que as pessoas acreditem que ele mata para
assustá-las. Se você contar a alguém o que eu disse sobre não ser
verdade, você não ouviu de mim.
Eu revirei meus olhos.
— Não se preocupe com isso. Não é como se eu quisesse falar
sobre ele de qualquer maneira. Quero deixar tudo sobre ele no
escritório.
— É tão fofo como você não gosta dele. — Ela sorriu.
— Ou parece ser afetada por ele. Acho que é por isso que ele quer
você perto. Deus, estou tão feliz que ele fez aquilo com a Jade.
— O que eu daria para ver algo assim novamente.
— Você não gosta dela?
— Ela não gosta. — Aaron sorriu.
— Jade era uma cadela com Athena quando ela chegou aqui. Mas
quando ela descobriu que era sua tia, ela começou a ser amigável e...
— E eu a coloquei no lugar dela porque eu não gosto de pessoas
falsas. Mas ela ainda está tentando, sabe? Ainda espera que eu fale
bem dela para o Mason.
Eu balancei minha cabeça. Parece que Jade faria algo assim.
— Puta merda! — Eu gritei, olhando para o meu relógio. — Já
passou do meio-dia!
— E daí? O que isso significa?
Peguei meu telefone e engoli meu suco, acenando para eles.
— Tenho que buscar o almoço dele e ouvi dizer que é longe! Vejo
vocês!
Corri para o elevador, apertando o botão.
Não me lembrei que estava infringido a regra número vinte e
oito.
Sem correr no prédio.
No minuto em que saí do prédio para a rua, alguém gritou meu
nome.
— Lauren, espere!
Athena correu até mim e me jogou uma chave que peguei com
um bom reflexo. Joguei basquete na faculdade.
— Vai com meu carro, — disse ela.
— Acredite em mim, é melhor do que pegar um táxi. Vai te custar
muito.
— Obrigada! — Dei-lhe um abraço rápido antes que ela me
direcionasse para onde seu carro estava estacionado.
Era um bom carro. Cheirava como um novo.
Coloquei o nome do restaurante no GPS antes de sair do
estacionamento.
Eu dirigi rápido e cheguei lá em trinta minutos.
Sem perder mais tempo, pedi o de costume de Mason Campbell.
A garçonete tremia tanto quando me deu a comida que parecia
que Mason estava atrás de mim.
Será que ele estava?
Eu me virei para verificar, mas não havia ninguém, e eu queria
me bater por ser tão estúpida. Mas não custou nada verificar.
Quando saí do restaurante, pensei que finalmente iria
impressionar o Sr. Campbell.
Eu definitivamente recebería um agradecimento, ou até mesmo
um sorriso.
Uh.
Eu não deveria estar muito esperançosa.
Ele nunca sorriria para mim.
Ele poderia estar grato, entretanto. Com um sorriso, entrei no
carro e comecei a dirigir de volta para a cidade.
Ligando o rádio, ouvi com a mente limpa e o coração sólido.
Pensei em sair cedo hoje, mas algo me diz que não receberia um
favor.
Eu queria ir ver o papai e conversar com ele, ver como ele estava.
Desde que comecei a trabalhar na Indústria Campbell, mal tive
tempo de ver meu pai.
Tínhamos mandado mensagens um para o outro na noite
anterior, mas foi breve. Eu estava ficando meio com saudades de
casa, embora fosse ridículo.
Eu estava sentindo muita falta do papai.
O carro começou a fazer um barulho estranho. Estava vindo do
motor e eu queria parar e dar uma olhada.
Decidi não fazer isso porque perderia tempo e tempo era algo
que eu não tinha.
Dez minutos depois de dirigir, o carro começou a diminuir a
velocidade.
— Não, não, não, — cantei frenética. — Por favor, não quebra.
Eu olhei para o céu, orando a deus para que o carro não
quebrasse.
Isso seria um grande desastre.
Eu mantive minhas mãos no volante e pisei no acelerador,
determinada a voltar para a empresa antes que o carro parasse de
funcionar no meio da estrada.
Como diabos eu voltaria?
Deus estava do meu lado desta vez e cheguei ao escritório sem
que o carro quebrasse.
Eu queria beijar o chão e pular de alegria, mas então me lembrei
da regra número cinquenta e oito.
Nenhum funcionário deve agir de forma inadequada ou exibir
qualquer ato de infantilidade em público enquanto estiver perto da
empresa.
Regras idiotas.
Mason Campbell idiota.
— De onde você está vindo? — Jade disparou quando saí do
elevador.
Passei por ela e respondi.
— Por que você não vem e me pergunta novamente no escritório
do Sr. Campbell.
— Tenho certeza de que ele ficaria feliz com você perguntando
para onde foi a assistente dele.
Não esperei que ela respondesse, sabendo que tudo o que
receberia seria um olhar furioso.
Bati na porta devagar.
— Entre.
Eu entrei, minhas pernas e mãos tremendo.
— Seu almoço na hora certa, senhor. — Eu abri um sorriso.
Ele não disse nada e eu não me mexi. Achei que se o fizesse, seria
repreendida.
Quando os minutos pareceram se passar sem resposta, o Sr.
Campbell ergueu os olhos de seus papéis.
— O que você está esperando? Aplausos por finalmente fazer o
seu trabalho certo?
Eu abri e fechei minha boca, procurando algo para dizer.
Quando penso sobre isso, o que eu deveria dizer sobre isso?
— Mantenha-o sobre a mesa e vá embora.
Eu fiz exatamente isso e saí silenciosamente depois de terminar.
Estive ocupada o dia todo, embora isso não me impedisse de
pensar no meu chefe. Fui inteligente o suficiente para não cruzar o
caminho dele novamente ou cometer erros.
Eu estava fazendo o melhor que podia para ficar longe de
problemas e estava ficando mais fácil quando eu colocava minha
mente nisso.
Depois que saí do escritório naquela noite, parei em um
restaurante próximo e comprei comida tailandesa, sabendo que não
seria capaz de cozinhar, e Beth estava fora esta noite. Eu não era uma
grande cozinheira.
Ela sempre foi uma grande chef, não eu.
Quando voltei para casa, desabei na cama.
Não percebi o quão exausta estava até chegar à cama.
Por três dias, consegui agradar ao Sr. Campbell.
E foi muito bom quando a grosseria parou.
Digo, ele apenas parou de me insultar.
Já era um progresso.
Ele estava se acostumando a me ver, embora nunca perdesse a
chance de me lembrar que era apenas um trabalho temporário. Se eu
saísse da linha, tudo estaria acabado para mim.
Eu tive acesso à sua programação e foi útil se eu precisasse sair
do seu caminho.
Eu também estava me acostumando a ver Aaron e Athena e ser
amiga deles era ótimo.
Também comecei a conversar com Jonathan do departamento de
marketing.
Ele era legal, mas achava que era engraçado, sendo que não era.
Jade não tinha parado de me incomodar com suas palavras, mas
tudo que ela recebeu em troca foram várias reviradas de olhos, o que
realmente foi como um tapa, já que ela esperava que eu me
envolvesse em um insulto verbal com ela.
Eu era adulta. Claramente, ela tinha se esquecido disso.
O trabalho era frustrante, especialmente o trabalho de arquivo
que o Sr. Campbell me designou para fazer.
Já haviam se passado dois dias e eu ainda estava lutando para
organizar os arquivos em ordem alfabética, enquanto eu era
interrompida constantemente pelo telefone que não parava de tocar.
O telefone tocou ao meu lado e eu sabia que não era nenhum
cliente ou alguém perguntando pelo chefe.
Era o próprio patrão.
— Sim, senhor? — Eu perguntei educadamente.
— Mandei por e-mail alguns documentos que precisam ser
impressos. Faça isso agora, — ele ordenou antes de desligar.
Eu olhei para o telefone, murmurando baixinho.
Que idiota.
Então eu gemi, olhando para a pilha de arquivos na minha frente.
Depois de imprimir os documentos, estava voltando quando
esbarrei em alguém e os papéis caíram de minhas mãos.
Abaixei-me para pegá-los e a pessoa que esbarrou em mim tentou
me ajudar.
— Eu sinto muito, — ela se desculpou, entregando o último papel
para mim.
Eu sorri. — Está bem. Eu também não estava olhando.
Ela ajustou os óculos e eu olhei para aquela pessoa linda que
estava na minha frente.
Todo mundo era tão bonito ali.
Era como se o Sr. Campbell só contratasse pessoas que tinham
um rosto bonito, mas eu duvido.
A garota na minha frente usava roupas simples. Não havia nada
de extraordinário nela, e eu poderia jurar que usava uma blusa de
um ano atrás.
Algo me diz que ela era exatamente como eu.
Uma garota de origem pobre.
Eu podia relaxar agora, sabendo que não era a única pobre e sem
roupas caras.
— Nós não nos conhecemos. Eu sou Ode e e você é Lauren.
— Você sabe meu nome?
Ela sorriu.
— Todo mundo sabe o seu nome, Lauren.
— Como o Sr. Campbell contratou alguém que não atende aos
padrões da empresa, todos devem saber o nome dessa pessoa, certo?
— Eu rebati defensivamente.
O rosto de Ode e caiu.
— Não, claro que não. — Ela parecia honesta.
— Eu sei o seu nome porque Jade tem falado sobre você sem
parar.
Eu revirei meus olhos. — Por que não estou surpresa. E não são
coisas boas, certo? — Recebi uma resposta de seu encolher de
ombros.
— Eu não vi você por aí.
— Sim, eu não venho muito aqui a menos que seja necessário.
Estou no segundo andar. Departamento de Informática. Você
deveria vir me visitar algum dia.
— Isso seria legal. Desculpe, mas eu tenho que ir. Foi bom
conversar com você, Ode e.
— Você também. Vejo você por aí, Lauren. Vê se não some.
Voltei para a minha mesa, verifiquei se não havia perdido nada
antes de bater na cova dos leões.
— Entre, Srta. Hart.
Eu abri a porta e fechei.
O Sr. Campbell não estava sentado em sua cadeira como pensei
que estaria.
Em vez disso, ele estava deitado em seu sofá, as mãos e as pernas
cruzadas na frente dele.
Ele não estava usando o paletó. Sua camisa branca agarrou-se a
ele, e seus enormes bíceps pareciam que poderiam rasgar a pobre
camisa a qualquer segundo agora.
Eu engoli em seco e desviei o olhar de seus bíceps.
Não pense em seus bíceps.
Ele é seu chefe.
Ele é um idiota.
Um idiota com um corpo lindo.
Cale-se!
— Como você sabia que era eu? — Eu me peguei perguntando,
depois de manter os papéis sobre a mesa que seu dedo apontou.
O Sr. Campbell não abriu os olhos quando respondeu: —
Ninguém bate mais irritantemente do que você.
E foi isso. Culpa minha por ter perguntado em primeiro lugar.
Aprendi que nada de bom saía de sua boca por fazer perguntas.
— Ah, e Srta. Hart? Faça uma reserva no melhor restaurante hoje
à noite. 19h. Eu tenho uma reunião de negócios.
Seus olhos se abriram, mas não caíram sobre mim. — Repito,
melhor restaurante. Estou totalmente convencido de que você não
sabe ou nunca ouviu falar de nada por causa de seu status, portanto,
você está livre para pedir ajuda.
Revirei os olhos, sabendo que ele não poderia me ver.
— Sim, senhor. Algo mais?
— Vejo você lá.
Eu abri minha boca. — Mas...
Aqueles olhos prateados olharam bruscamente em minha direção
e direto para o meu próprio par de olhos.
Eu poderia ter parado de respirar ali mesmo.
— Tem algo a dizer, Srta. Hart? Tem algo melhor para fazer?
Por acaso, sim.
Eu iria para o hospital para visitar meu pai, que não vejo há
algum tempo.
Mas pelo fato de ser covarde e prisioneira daqueles olhos que não
queriam brigar, balancei a cabeça.
— Não tenho planos. Combinado. — Eu queria chorar, queria
dizer que meu pai importava mais do que sua estúpida reunião de
negócios.
Ele desviou o olhar e fechou os olhos novamente.
— Feche a porta suavemente quando você sair. Não há razão
para descontar nela porque você foi covarde demais para admitir
que tinha planos. Estarei esperando por você, — ele dispensou.
Eu queria despedaçá-lo.
Cerrei meus punhos e voltei para a minha mesa, sentindo-me tão
inconsolável.
Eu me esforcei para não deixar nenhuma lágrima cair dos meus
olhos.
Um, porque eu queria me ensinar a ser forte, e dois, Jade não
parava de olhar para mim. Eu podia sentir seus olhos em mim o
tempo todo.
Eu não daria a ela algo para me insultar e fofocar que ela ficaria
feliz em compartilhar com todos.
Não me ocorreu o que vestiria aquela noite até que me lembrei
que não tinha nada para vestir.
Eu não tinha roupas bonitas e certamente não tinha um vestido
que fosse elegante o suficiente para o Restaurante Seasons, ou para o
gosto do meu chefe.
— Beth, estou ferrada! — Eu gritei, puxando vestido após vestido
e jogando na minha cama.
— O que eu vou vestir?!
— Calma! Tenho certeza que você encontrará algo.
Eu me virei e olhei para ela.
— Você está dizendo isso há cinco minutos e nós examinamos
meus vestidos pela terceira vez.
— E eles não são muito bons. — Eu chutei um vestido com minha
perna em frustração.
— Não é minha culpa, Laurie, que a última vez que você foi às
compras foi há um ano.
— Mas você sabe por que não gasto meu dinheiro. Tudo vai para
as contas médicas do meu pai. Ugh, não sei o que fazer! — Eu gemi,
caindo de volta na cama.
— Ah. tenho uma ótima ideia! — ela exclamou de repente, me
fazendo levantar da cama.
— Vamos pegar alguma coisa no Melt.
— Você está brincando comigo? Não podemos pagar nada do
Melt. Não podemos nem comprar um brinquinho lá e você está
falando em comprar um vestido? Você enlouqueceu.
Ela me deu um tapa na cabeça.
— Não quero dizer comprar. Quero dizer que devemos alugar
um vestido e você pode devolver depois.
— Você só precisa garantir que o Sr. Campbell não veja a
etiqueta, se não vai ter mais motivos para insultá-la.
Eu imaginei as expressões que ele teria em seu rosto ao vê-la.
— Você acha que funcionaria? — Ela acenou com a cabeça.
— Eu adorei a ideia. Muito obrigada, Beth. Vamos agora, antes
que eu mude de ideia.
Depois que voltamos do Melt, Beth se ofereceu para fazer minha
maquiagem.
Ela não queria exagerar, então escolheu me dar uma aparência
mais natural. Quando ela terminou, eu parecia diferente.
Diferente no bom sentido e eu adorei.
Decidi deixar meu cabelo solto, mas o enrolei um pouco.
Exatamente às seis e cinquenta e cinco, cheguei ao restaurante
Seasons. Mas eu não entrei.
Esperei pelo Sr. Campbell fora do restaurante.
Agora, não me pergunte por que eu precisava fazer isso quando
poderia simplesmente entrar e esperar por ele lá. Mas meu cérebro
estava funcionando bem aquela noite.
Não havia chance de eu entrar sem meu chefe.
7:05, um Escalade preto parou ao meu lado.
O motorista saiu e cruzou, abrindo a porta do banco traseiro.
Um sapato polido apareceu, seguido de outro e fui atingida com
o perfume mais delicioso de todos os tempos.
Eu não poderia nem começar a descrever como me senti quando
Mason Campbell saiu daquele carro, um macho alfa completo que
chamava atenção.
Minha boca ficou seca, apesar de ter bebido água cinco minutos
atrás, mas não pude evitar.
Mason Campbell era mais que lindo.
Ele era o tipo de homem que você admiraria de longe, porque era
impossível tocá-lo.
Do tipo que faz seu coração disparar e suas pernas ficarem
bambas.
Eu estava experimentando esse tipo de coisa?
Claro que sim.
Como não faria isso? Sendo que Mason parecia um deus grego
em seu terno Armani preto, o rosto perfeitamente barbeado e o
cabelo penteado para trás.
Os modelos masculinos não tinham nada de Mason Campbell.
Ele não tinha apenas a aparência, o dinheiro, o poder e o amor de
todos, mas ainda havia algo misterioso sobre ele.
Algo que você não consegue evitar, mas quer cutucar o dedo.
Inspire.
Expire.
— O que você está vestindo?
E eu fui puxada de volta da fantasia depois das cinco meras
palavras que escaparam de seus lábios vermelhos carnudos
perfeitos. Eu acabei de dizer perfeitos?
Eu olhei para o meu vestido, certificando-me de que ainda o
estava usando, porque não tinha ideia de por que ele parecia
surpreso e irritado ao mesmo tempo.
Minha mão foi para as costas do meu vestido, certificando-me de
que a etiqueta estava bem escondida.
— Não importa agora.
Ele olhou para o carro. — Prince.
Prince?
Quatro pequenas pernas pularam do carro e antes que eu
pudesse perceber o que estava acontecendo, ele se lançou sobre mim
e eu gritei.
— Prince, sente-se, garoto. Ela é inofensiva. Não pode fazer
absolutamente nada.
O dono do cachorro puxou o cachorro de volta antes que ele
atacasse meu rosto novamente.
Eu segurei a mão no meu peito, ouvindo o som de meus próprios
batimentos cardíacos frenéticos.
A boca do Sr. Campbell se contraiu um pouco, mas eu também
poderia estar imaginando isso.
Eu finalmente encontrei minha voz.
— Isso é... isso é um cachorro?
Ele revirou os olhos.
— Cinco pontos para você.
— Mas não existe uma política que diz que nenhum cão ou
animal é permitido?! Por que você trouxe um cachorro?
Ele levantou uma sobrancelha com o meu tom. — ... senhor.
— É por isso que você está aqui, Sra. Hart. Para passear com meu
cachorro. Embora eu tivesse recomendado algo um pouco mais...
casual? — Ele me olhou da cabeça aos pés.
Eu estava usando um vestido preto sem alças com uma fenda e
sapatos de salto de Beth.
— Eu vou levar seu cachorro para passear? — Eu perguntei em
descrença.
— Por que, você achou que iria fazer outra coisa? — Ele
perguntou, seu tom soando como se ele estivesse zombando de mim.
— Não, claro que não, senhor. Eu só queria me vestir para
passear com o cachorro.
Nós dois sabíamos que eu estava sendo sarcástica. Ele escolheu
ignorar isso.
— Muito bem. — Ele entregou a coleira do Prince para mim.
— Volto aqui em uma hora e não mais do que isso, entendeu?
Eu concordei. — Sim, senhor.
Ele deu um tapinha na cabeça de Prince e entrou no restaurante,
deixando-me sozinha com um vestido de setecentas libras, salto de
sete centímetros e um cachorro em uma noite fria.
Não sabia quando passei de assistente a babá de cachorro.
Eu dei um pequeno grito.
Capítulo 5

Não adiantava descontar a raiva sobre um pobre cachorro,


especialmente se fosse o dono que me irritava.
Caminhei com Prince por vinte minutos.
Os cinco minutos que se passaram foi um telefonema que recebi
de Beth, que havia rido tanto que havia caído da cadeira.
Não tivemos uma boa conversa ou eu extravasei minha raiva e
frustração para ela quando tudo que ela fez foi rir entre o jargão que
estava dizendo.
Encerrei a ligação antes de ficar com mais raiva.
Prince era um cachorro fofo. Se eu não fosse uma pessoa tão
ocupada, teria adotado um cachorro. Mas ter um cachorro
significaria uma nova responsabilidade, além do dinheiro que eu
gastaria em comida de cachorro e outras coisas.
Seria pesado. Eu mal conseguia me sustentar como estava.
Eu nunca tinha visto um cachorro que fosse inteligente e
arrogante.
Eu juro, ele era igual ao seu dono, com um temperamento ruim
também.
Quando o levei para um parque próximo e notei uma bola suja no
chão, eu a peguei.
Eu queria brincar de pegar a bola com o Prince, mas o maldito
cachorro torceu o nariz em desdém.
Eu não estava brincando, ele olhava para a bola com nojo...
diferente de um cachorro normal.
Saímos do parque para a felicidade de Prince. Parei para comprar
cachorro-quente quando uma mulher com seu cachorro parou na
frente de uma loja.
— Olha, Prince, aquele cachorro não é fofo? Você quer ir brincar
com ele?
Ele me deu um olhar do tipo,Você tá falando sério? Decidi então
que o cachorro era realmente mais esperto do que eu pensava se ele
pudesse entender o que eu estava dizendo. Talvez fosse tudo minha
imaginação.
— Qual é, Prince, quantas vezes você viu um cachorro mais fofo
do que aquele? Não fique tão tenso.
Ele bufou e desviou o olhar.
Posso estar enlouquecendo falando com um cachorro e pensando
que o cachorro estava respondendo com suas expressões. Ele
começou a se afastar de mim na direção oposta.
— Prince — Eu agarrei sua coleira e ele me agarrou com os
dentes.
— Nossa, você é igualzinho ao seu dono. Você pegou a
personalidade dele, pobre cachorro. — Eu cocei a parte de trás de
sua orelha.
— Deve ser difícil viver com um cara frio como a pedra.
Ele não respondeu.
— Posso te contar um segredo? Acho que se ele diminuir seu
temperamento ruim e começar a ser legal com as pessoas, eu posso
começar a gostar dele. Ele é muito gostoso.
Prince sorriu.
Eu juro que ele sorriu!
— Tudo bem vamos. — Eu puxei sua coleira, mas ele não se
mexeu.
— Prince, vamos, vamos.
Ele ficou exatamente onde estava, sem se mover.
— Prince! — Eu bati, puxando a coleira com força.
Ele se lançou para mim e em alguns segundos, ouvi um som de
rasgo.
Eu encarei o lugar que ele rasgou. Não era pequeno. Havia um
grande rasgo perceptível no vestido, logo abaixo dos joelhos.
— Porra! — Eu xinguei.
— Meu Deus, isso não está acontecendo.
Tentei respirar e me concentrar, mas tudo que pude ver foi a
etiqueta de preço que dizia setecentas libras.
— Não, não, não.
Eu ia hiperventilar bem na rua. O que eu deveria fazer? Estava
acabado para mim.
De jeito nenhum eu conseguiria arranjar duzentas libras e o
vestido custava mais do que eu tinha.
E eu sangraria até a morte antes de pegar o dinheiro que estava
economizando para papai.
— Por que foi que você fez isso, Prince?
Ele pareceu nem ligar e eu queria gritar.
O que diabos eu vou fazer? Vender minha TV?
Mas eu nem tinha uma. Era tudo da Beth.
Que coisa cara eu possuía que iria vender?
Nada.
Minha consciência me disse para contar ao Sr. Campbell.
Afinal, era o cachorro dele e eu merecia ser paga pelo dano no
vestido que não era meu.
Mas, por outro lado, era meu orgulho e meu ego que não me
deixava contar a ele.
Que se dane seu orgulho e seu ego.
Diga à ele.
Deixe ele pagar pelo vestido.
Como diabos você vai resolver o problema?
Depois de me decidir, agarrei Prince e o puxei comigo de volta
para o restaurante.
Esperamos que a reunião do Sr. Campbell terminasse e quando o
tempo acabou, eu o vi saindo com um chinês de cabelos grisalhos.
Eles apertaram as mãos antes que o homem saísse do carro.
Então ele se virou para mim.
Eu olhei para o chão um pouco antes de levantar minha cabeça,
devolvendo a guia para ele.
— Meu vestido rasgou, — eu disse com uma voz abatida.
Minha voz interior estava gritando e pronta para morrer da
humilhação que acabei de trazer a mim mesmo.
— Percebi. O que tenho a ver com isso?
Mordi meu lábio inferior, segurando um grito.
— Prince rasgou meu vestido. — Tentei evitar aqueles olhos cinza
intensos e selvagens dele.
— Você está pedindo uma compensação, Srta. Hart?
Seu tom estava vazio de emoção.
Ainda desviando o olhar de seus olhos, brinquei com as mãos.
— Bem, é que...
— Olhe para mim, — ele me cortou.
Olhei em sua direção e vi sua mão se inclinando em direção ao
meu rosto. Meus olhos se arregalaram. Achei que ele fosse me dar
um tapa ou tocar meu rosto.
Em vez disso, sua mão foi para a minha nuca e então ele puxou a
etiqueta de preço.
Eu estava com o rosto vermelho. Eu estava humilhada. Eu queria
que o chão se abrisse e me engolisse.
Era aquilo que eu tentei evitar a noite toda.
— Muito infeliz, — ele comentou em uma fala arrastada
preguiçosa.
— O vestido é até barato.
O que? Ele estava chamando um vestido de setecentas libras de
barato? Eu adoraria saber o que ele chamava de caro.
Mas eu não conseguia olhar para ele.
De jeito nenhum eu iria superar isso. Fui pega de surpresa
quando suas mãos quentes agarraram as minhas e ele colocou
algumas notas na minha palma.
Eu não poderia dizer quanto era, mas havia muito.
Nunca tive tanto dinheiro.
Ele não disse nada e antes que eu pudesse reagir, ele já estava
dentro de seu carro, se afastando.
Eu fiquei lá enraizada no local, olhando para as notas na palma
da minha mão.
Por que diabos me chateou quando ele me deu seu dinheiro? Não
deveria ficar feliz por agora poder pagar pelo vestido?
Por algum motivo, não gostei. Eu não queria seu dinheiro.
Coloquei na bolsa com a esperança de devolvê-lo a ele no
escritório. Amanhã. Se eu soubesse onde ele morava, teria ido para lá
imediatamente.
— Você vai o quê? — Beth perguntou quando eu contei a ela toda
a história.
— Vou devolver o dinheiro, — respondi, deslizando o vestido
pelas pernas.
— Por que? É seu. Ele deu a você.
— Bem, eu não quero isso.
— Você é louca? Como você pagaria pelo vestido? O cachorro
dele o rasgou, então é dever dele pagar por isso. Pare de pensar
negativo e veja o lado bom disso. Você também pode ficar com o
vestido.
Eu joguei o vestido na cama e plantei minhas mãos em meus
quadris, olhando para Beth.
— Ele me deu duas mil libras. O que devo fazer com o troco,
hein? Não vou aceitar caridade, Beth.
— Eu tenho orgulho. Não posso simplesmente aceitar dinheiro
dele. É um insulto!
Ela revirou os olhos. — Insulto é o meu cu. Você simplesmente
não quer.
Meu tom ficou aborrecido quando perguntei imediatamente: —
Você já conheceu aquele homem? Ele é um idiota! Eu vou ouvir
sobre isso para sempre. Você acha que ele não vai me insultar?
— Você não tem ideia. — Eu ainda estava tentando lamber meu
orgulho ferido, ainda tentando compreender o que tinha acontecido.
Ela não estava lá, não podia ver o que vi nos olhos de Mason
Campbell.
— Ok, por que você não pega os setecentos e devolve o resto para
ele? E diga a ele que você pagará os setecentos quando receber seu
salário. Pronto, resolvi seu problema.
— Foi você quem o criou em primeiro lugar!
Ela balançou o dedo para mim.
— Não, Laurie, foi você quem pensou que foi convidada para
jantar com eles. — Ela riu levemente.
— Gostaria de ver seu rosto quando ele disse que você iria
passear com o cachorro dele.
— Tenho certeza de que ele também achou graça na minha
humilhação. Diga-me, é tão difícil me dizer o que eu iria fazer lá? —
Eu reclamei. — Ele poderia apenas ter dito: — Srta. Hart, você vai
passear com meu cachorro esta noite, então eu não teria feito papel
de idiota.
Mesmo se estivéssemos em um tribunal e na frente do juiz, o
culpado era meu chefe por não esclarecer.
Eu era inocente, fui eu que fui humilhada e fui eu que perdi
muito dinheiro naquela noite, o suficiente para me fazer perder o
sono, mas eu sabia que ele estaria roncando com todos aqueles
bilhões em sua conta no banco.
Eu gemi, esfregando minha testa.
De repente, senti uma dor de cabeça terrível.
— Eu odeio muito ele.
Beth fingiu engasgar.
— Como você pode odiar o homem mais gostoso da Inglaterra?
Olha, estou com tanta inveja de você. Você pode observá-lo o dia
todo e admirar cada parte daquele corpo maravilhoso.
Eu bati nela.
— Cale-se. Eu não fico olhando para ele. Eu nem presto atenção
nele.
Mentirosa.
— Eu só presto atenção no meu trabalho.
Eu era graduada em mentiras.
Ela parecia não acreditar em mim.
— Então você é imune à gostosura dele? Você não está atraída
por ele? Nem um pouco?
— Desculpe pelo balde de água fria, querida. — Que mentirosa
profissional você é, Lauren.
— Vou te denunciar por suas mentiras. — Seus lábios se
curvaram em um sorriso.
— Você só não quer admitir que também tem tesão pelo seu
chefe.
— Eu não tenho tesão pelo meu chefe! Ele é meu chefe! É
estritamente proibido.
— Onde está escrito que você não pode ficar a fim de seu chefe
em seu manual, hein?
Eu sorri.
— Regra número setenta e oito: Nenhum funcionário deve se
envolver em qualquer relação física ou formar um relacionamento
com um colega de trabalho. — Eu me cumprimentei por lembrar
alguma das regras.
Embora eu ainda não tivesse lido todo o manual, fiquei feliz por
ter conseguido ler algumas páginas e evitar violar as regras.
— Não diz chefe, — foi sua resposta espertinha.
— Sério? Esse é o seu argumento? — Eu perguntei, levantando
ambas as minhas sobrancelhas e ela encolheu os ombros em troca. —
Tanto faz, eu vou dormir.
Ela se levantou da minha cama.
— A gente vai sair no fim de semana, né?
— Noite das meninas? Claro. Posso convidar minha amiga
Athena?
— Sim. Você também pode convidar seu chefe. Quanto mais
melhor. — Ela piscou.
— Vai se foder, Bethany.
Papai tinha uma consulta médica marcada para aquele dia.
Sua enfermeira, Becky, prometeu me manter atualizada. Eu me
dei um breve momento para dizer a mim mesma que tudo ficaria
bem.
Ele faria a quimioterapia como a pessoa corajosa que era.
Ele ficaria bem e viveria o suficiente para ver seu neto.
Eu estava mais preocupada que ele tivesse que passar por aquilo
sozinho, sem ninguém ao seu lado, mas Becky me garantiu que
estaria com ele em cada passo do caminho.
Eu estava preocupada que papai ficasse chateado porque meu
trabalho estava me impedindo de ficar com ele lá, mas uma
mensagem dele me fez relaxar.
Foi um dia desses que realmente odiei a mulher que me deu à
luz.
Ela deveria estar com ele, não sua enfermeira.
Mas Deus sabe onde ela estava naquele momento, ou se ela ainda
estava pensando nele.
Mesmo que papai dissesse que não se importava que eu não
estivesse lá, ainda me sentia muito mal.
Eu era a única família que ele tinha e estava ocupada demais
cuidando de coisas para Mason Campbell.
Eu naveguei pelo tráfego intenso de pedestres até a cafeteria mais
próxima, a duas quadras do escritório. Peguei um café com leite com
espuma extra antes de correr para o nosso prédio.
O tempo frio estava batendo em meu rosto e eu me aconcheguei
ainda mais no meu cardigã.
O elevador estava vazio quando entrei e apertei o número do
meu andar. Eu estava nervosa, mas principalmente ainda
envergonhada quando me lembrei do que aconteceu na noite
anterior.
Minha humilhação ainda estava queimando dentro do meu
cérebro e eu temia ver o Sr. Campbell.
Desejei que fosse fim de semana para não ter que enfrentá-lo tão
cedo novamente. Deus sabia o que ele deve ter pensado de mim.
Por que a única pessoa para quem você não quer se envergonhar
sempre é a única pessoa para quem você acaba se envergonhando?
Assim que a porta do elevador estava prestes a se fechar, uma
mão bateu entre os dois metais e as portas se abriram.
Meu coração bateu forte quando vi o homem em quem estava
pensando apenas cinco segundos atrás.
O Sr. Campbell entrou no elevador e parou ao meu lado.
Seu cabelo tinha um corte estiloso que o deixava muito bonito.
E ele cheirava muito bem também.
Eu não deveria estar pensando nele.
Ele era alguém com quem eu nunca poderia ficar, embora nunca
tenha pensado nisso dessa forma.
Ele não falou nada e não olhou para mim. As portas do elevador
se fecharam e as portas da tensão se abriram amplamente.
Eu mantive minha cabeça baixa, focada no meu café com leite,
quando na realidade eu estava tentando não olhar para ele.
Eu deveria dizer algo.
Eu deveria cumprimentá-lo. Ele era meu chefe.
Essa pequena revelação foi como um tapa na cara. Eu estava tão
ocupada enlouquecendo por estarmos juntos em um espaço fechado
que não me ocorreu cumprimentá-lo.
— Bom dia, senhor. — Não recebi nada em troca.
Bem, não é como se eu esperasse que ele me dissesse algo depois
de demorar tanto para perceber meus defeitos.
— Então, você se lembra de quem é seu chefe. Achei que você, de
alguma forma, tivesse esquecido o que uma assistente deve fazer
quando vê seu chefe.
Dei uma olhada rápida em sua direção e o encontrei olhando
para seu relógio caro.
— Um minuto, trinta segundos. — Ele ergueu os olhos do relógio
para mim, seus olhos não revelando nada.
— Esse foi o tempo que seu cérebro demorou antes de começar a
funcionar bem.
Fiquei imóvel, apertando minha mandíbula até que pudesse
localizar a compostura e o autocontrole necessários para falar com
calma.
— Por que você sempre insulta minha inteligência? Saiba que sou
inteligente.
Ele se mexeu e tirou as mãos dos bolsos enquanto eu continuava
a olhar para ele enquanto ele continuava olhando para frente.
Ele cruzou as mãos à sua frente.
— Pessoas inteligentes não se dizem inteligentes. Quando você é
inteligente e sabe disso, deixa as pessoas pensarem que você não é.
Então você mostra isso quando eles menos esperam.
Eu levantei uma sobrancelha.
— Foi assim que você se tornou um dos homens mais poderosos?
Fingindo que você não é inteligente? — Portanto, falhei em seguir
meu próprio conselho sobre não fazer perguntas que não fossem da
minha conta e definitivamente fora da minha folha de pagamento.
Papai disse que eu tinha o hábito de ser uma pessoa intrometida e
não saber quando calar a boca.
— Um? Srta. Hart, sou o homem mais poderoso da Inglaterra.
Algo que você claramente falhou em perceber.
— Eu não falhei em perceber nada. Estou apenas sendo racional
aqui, senhor. Eu concordo com você sendo um dos homens mais
poderosos, mas de toda a Inglaterra? Você esqueceu que temos uma
rainha e um primeiro-ministro?
As palavras saíram da minha boca, mesmo enquanto eu pensava
— nãããão, lembra com quem você está falando, — tentando fechar a
minha boca.
— Meu dever como chefe envolve ignorar comentários como esse
de meus funcionários. — Seu tom arrogante me fez lamentar
profundamente ter dito aquilo.
Fiquei quieta, olhando para os números vermelhos subindo, cada
um levando seu tempo até chegarmos ao nosso andar.
Talvez eu devesse ter apenas mantido minha boca fechada.
O Sr. Campbell esteve ocupado por horas, então não tive tempo
de falar com ele e devolver o dinheiro. Eu definitivamente estava
tentando evitá-lo também, mas não pude evitar vê-lo na reunião.
Quando entrei na sala de reuniões, decidi sentar-me onde ele
havia me falado da última vez para evitar complicações, e por
complicações, queria dizer receber olhares desnecessários e
questionáveis.
Sentando-me confortável em meu assento, esperei o início da
reunião.
Os outros funcionários, que não tive o prazer de conhecer,
porque ignoraram minha existência ou se esforçaram para me evitar,
acenaram com a cabeça para mim.
A reunião começou no horário exato e o Sr. Campbell focou sua
atenção em todos na sala.
Percebi que, quando ele falava, todos estavam ansiosos para
concordar com o que ele dizia e todos pareciam ouvir rapidamente.
Mas quando outro funcionário começou a falar, eles não se
esforçaram muito para se concentrar.
Quando o Sr. Campbell estava falando, você não podia deixar de
ouvir.
Não eram as palavras que ele estava dizendo, era o tom
autoritário que estava usando e como sua voz era sexy.
Todos os olhos estavam voltados para ele, pendurados em cada
palavra que ele dizia.
Cynthia, da área de marketing, começou sua apresentação e eu fiz
anotações como o Sr. Campbell queria.
Na hora seguinte, fiz o possível para fazer parte disso, mesmo
que tudo o que fizesse fosse acenar com a cabeça em concordância
com o que achei ótimo e escrever, nunca usando a boca.
Depois que eles passaram por todos os assuntos do dia, o Sr.
Campbell se levantou. — Ótimo trabalho hoje. Continuem assim.
Todos se afastaram de seus assentos e saíram da sala de
conferências.
Percebi que o Sr. Campbell ainda não tinha feito nenhuma
tentativa de sair. Quando eu estava prestes a sair, ele pigarreou.
— Srta. Hart, um minuto.
Eu me virei para ele.
Ele ainda estava de pé, e eu teria apreciado se ele apenas se
sentasse.
Ele era enorme e intimidador quando estava de pé.
Sempre achava que ele iria me esmagar sob seus sapatos de couro
caros.
— Há algo que você gostaria de me dizer?
Eu engoli em seco inquieta.
— Uhm, eu acho que não, senhor. Há?
Vai, idiota. Fala, idiota. Fala!
— Se você tem algo a dizer, deveria dizer agora, — ele repetiu,
ignorando minha pergunta. Aquele homem sabia ler mentes? Como
diabos ele saberia que eu queria falar com ele?
Talvez seja porque você o tem evitado e ficava inquieta em sua
presença.
— Esta é a sua chance, — acrescentou.
Vá em frente, Lauren.
Dei um passo à frente, repentinamente nervosa. Mas eu não ia
deixar meu nervosismo me impedir de fazer o que era certo.
E aquilo salvaria meu orgulho.
— Eu... eu quero te dar uma coisa.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Eu dei a você a impressão de que queria algo de você? — Ele
perguntou em um tom entediado.
Tudo o que pude fazer foi grunhir.
— Está na minha bolsa. Deixe-me pegar. — Eu rapidamente me
virei e saí da sala de reuniões antes que ele me impedisse
novamente.
Quando voltei, ele estava parado perto das grandes janelas,
olhando para a cidade.
Eu sabia que ele estava ciente de que eu estava de volta, mas ele
não se virou e eu não sabia o que dizer, segurando suas notas na
minha mão que de repente pareciam pesadas.
— Pegue.
— Bem, você precisa que eu diga duas vezes para chegar mais
perto?
— Não, senhor.
Avancei até poder ver seu rosto claramente.
Ele se virou lentamente.
Seus olhos cinza de cílios escuros me mantiveram cativa em
algum tipo de sonho.
Ele era incrivelmente bonito.
Como ele poderia ter sido abençoado com tanta perfeição?
Mas não foi abençoado com uma personalidade agradável?
Porque ninguém pode ter tudo, Lauren.
Seus olhos pousaram na minha mão.
Eu limpei minha garganta.
— Obrigado por ontem à noite, mas eu nã...
— Noite passada? — Ele inclinou a cabeça, parecendo perdido.
— Aconteceu alguma coisa ontem à noite de que não estou
ciente?
Minhas sobrancelhas se juntaram em uma carranca incrédula.
— Hum, sim.
— Diga.
Ele estava fazendo aquilo de propósito?
Tentando me fazer falar sobre a noite passada, quando ele sabia
que eu já estava me sentindo humilhada?
— Não sei por que você me deu duas mil libras quando o vestido
custava setecentas libras. De qualquer forma, estou devolvendo o
troco para você.
— Eu prometo que quando eu receber meu pagamento, eu vou
devolver os setecentos, ou você pode apenas descontar, — eu
terminei, respirando pesadamente.
— Eu pareço me preocupar com duas mil libras?
— Não mas...
— Você precisava disso, não é? — Ele fez uma pausa.
— Prince estragou seu vestido e eu paguei por ele. Eu me senti
generoso o suficiente para dobrar o valor. Por que você está criando
problemas sobre isso?
— Eu não estou... — Parei de falar quando percebi que levantaria
minha voz e respirei fundo antes de exalar.
— Não estou criando problemas, senhor. Obrigada, mas eu não
quero.
— Porque você é boa demais para isso?
— Não é isso, — eu disse em frustração. — Eu não quero o seu
dinheiro por pena.
— Então é isso? Te dei dinheiro por pena?
— Não sou uma pessoa que gosta de ficar com o dinheiro das
pessoas sem merecê-lo. Eu me sinto desconfortável sabendo que
devo a você agora, então, por favor, senhor, apenas aceite. Eu
realmente não quero isso.
— Jogue fora, — ele brincou.
— O quê?
— Você me ouviu. Jogue fora. Dê para alguém. Depende de você,
Srta. Hart.
Ele começou a se afastar e eu estendi minha mão para detê-lo.
No minuto em que meus dedos tocaram seu braço, senti uma
onda de choque percorrer meu corpo e rapidamente retirei meus
dedos.
O Sr. Campbell olhou para mim.
— Nunca tente me tocar de novo, — ele disse friamente, seu tom
mais frio do que nunca.
— Se dê ao respeito. Sou seu chefe e estamos no escritório. É
altamente antiprofissional tocar em seu chefe. Você me entende
claramente, Srta. Hart?
Sentindo-me abalada, eu balancei a cabeça engolindo em seco.
— Sim, senhor, sinto muito.
Seus olhos se estreitaram antes de falar com um tom firme de
comando.
— Volte para o trabalho.
Capítulo 6

Becky me enviou uma mensagem.


Nós precisamos conversar.
Essas três palavras eram simples e curtas.
Eles podem significar qualquer coisa, mas nada de bom jamais foi
associado a essas três palavras.
Quando algo ruim acontece ou quando você está prestes a contar
a alguém algo que você tem certeza que não o deixaria feliz, eles
usam essas palavras primeiro.
Em um relacionamento, quando alguém lhe diz essas palavras, é
porque vai pedir o divórcio ou o término.
Quando os pais usam com os filhos, eles vão dizer que vão se
mudar ou que seus animais de estimação morreram.
Eu não conseguia parar de repetir a mensagem de Becky
indefinidamente.
Eu sabia que algo devia ter acontecido na consulta médica e ela
queria revelar isso.
Só podia ser algo ruim.
Eu não conseguia ignorar a sensação que estava tendo na boca do
estômago.
Eu queria ligar para ela naquele momento.
Eu queria porque não havia como prestar atenção em outra coisa
senão na saúde do meu pai.
Mas então me lembrei da regra número doze: não são permitidas
ligações pessoais durante o expediente.
Eu tentei tanto me interessar pelo e-mail que o Sr. Campbell tinha
recebido sobre algo acontecendo no armazém e ele precisava descer
e dar uma olhada.
Foi importante para mim dizer isso a ele. O e-mail exigia
estritamente sua presença, mas meus olhos estavam ficando
embaçados e meu batimento cardíaco acelerado porque nada
importava mais do que meu pai no momento.
O telefone tocou próximo a mim e eu tirei do gancho, atendendo
a ligação.
— Escritório do Sr. Campbell. Lauren, em que posso ajudá-lo?
Bati meu dedo ao longo da borda da minha mesa.
— Onde está Mason? — Uma voz rude cuspiu do telefone e eu
congelei, completamente chocada com a explosão de quem ligou.
— Eu liguei para o telefone dele muitas vezes e ele não atendeu.
— Se o Sr. Campbell não recebeu sua ligação, ele deve estar
ocupado. Se você precisar deixar uma mensagem, eu o farei.
— Cala a boca, garota!
Eu queria encolher na minha cadeira.
Quem quer que fosse essa pessoa, ela não estava de bom humor.
Ah, sério? Não me diga. — Eu não vou deixar mensagem nenhuma.
Quero que você vá ao escritório dele e diga a ele para pegar o
maldito telefone se ele quiser viver o suficiente para comemorar seu
60° aniversário!
Eu cerrei meus dentes enquanto lutava para manter a
compostura.
Ele ousou ameaçar Mason Campbell? Ele sabia o que estava
fazendo? Ele estava consciente?
— Senhor, — eu cerrei meus dentes. — Sr. Campbell me pediu
estritamente para não incomodá-lo com nada. Mas ficaria mais do
que feliz em dizer a ele que ligou quando ele estiver disponível.
— Apenas me diga seu nome. — Obriguei-me a sorrir e ser alegre
quando disse aquilo.
Eu tive que segurar o telefone longe dos meus ouvidos quando
ele latiu para mim.
— Eu não vou te dizer meu nome. Estou dizendo para você ir ao
escritório dele e dizer-lhe para pegar o telefone! Honestamente,
garota, isso é muito difícil de entender?! Se ele não quiser perder
tudo, ele irá me atender.
Perder tudo?
Do que diabos ele estava falando?
— Ainda não descobri o seu nome, senhor.
A linha ficou muda antes que eu pudesse obter uma resposta
dele.
Desliguei e descansei minha cabeça em minhas mãos. Fiquei
assim por alguns segundos antes de levantar minha cabeça.
Como eu começaria a transmitir a mensagem de quem ligou para
o Sr. Campbell? E como ele reagiria a isso? Como eu seria a
mensageira, ele também não me pouparia.
Depois de pressionar dois dedos na minha testa, Aaron e Athena
atravessaram o elevador, rindo. Eu acenei para eles.
— Ei, Lauren.
— Você parece chateada, — disse Aaron. — O que foi?
— Acabei de receber uma ligação grosseira. Ele me pediu para
dizer ao Sr. Campbell para atender o telefone ou ele perderá tudo. —
Eu fiz uma careta. — Essa parte eu não entendi. Mas ele realmente
parecia zangado.
— Ele ao menos sabia quem é o Sr. Campbell para ameaçá-lo
assim?
Athena deu uma risadinha. — Tenho certeza de que é apenas um
rival tentando criar um drama com ele. Eu não me importaria com
isso. Na verdade, deixe-me aconselhá-la a não contar a ele.
Aaron acenou com a cabeça. — Eu concordo. Ele só vai ficar
furioso e vai gritar com você, e você vai vir aqui emburrada.
— Você tem razão. Vou simplesmente ignorar - ah, Athena,
minha amiga Beth e eu planejamos uma noite das garotas amanhã,
se você quiser ir junto...
— Uma noite das garotas? Parece divertido. Faz um tempo que
não faço isso.
— Você nem tem amigos.
Ela deu um tapa no braço dele. — Tenho sim! Você e Lauren são
meus amigos... e tenho muitos outros. — Sua voz ficou um pouco
aguda com as últimas palavras. Claramente, ela estava mentindo.
— Pessoas como eu, Aaron, eu simplesmente não gosto delas. É
normal.
Ele bufou.
— Ok, tá bom. A única razão pela qual sou seu amigo em
primeiro lugar é porque você não parava de me seguir.
Ele deu um tapa na mão dela quando ela tentou acertá-lo
novamente.
Aaron olhou em sua direção.
— Então, essa noite de garotas... posso ir?
Eu levantei uma sobrancelha. — É uma noite de garotas, Aaron.
Significa que não são permitidos meninos. Você não pode ir.
— Então, se eu usar uma saia, posso ir? — Eu balancei minha
cabeça.
Ele choramingou, — Ah, qual é, Lauren. É o final de semana. Eu
não tenho planos. Vou ficar preso no meu apartamento. Pelo menos,
deixe-me ir.
— E eu é que não tenho amigos, — Athena disse sarcasticamente
enquanto lutava para manter um sorriso que ameaçava tomar conta
de seu rosto.
— Eu não sei, eu tenho que perguntar a Beth se ela não liga de
um cara se juntar a nós.
— Maravilha! — ele gorjeou, juntando as mãos.
— Então estamos falando sobre dançar e ficar bêbados?! Tenho
que manter meu espírito de festa lá em cima!
— Ela não disse sim, seu imbecil!
— Quem você está chamando de imbecil? — Aaron perguntou
com um olhar feroz.
Athena colocou a mão sobre o peito. — Ah. perdão, — disse ela se
desculpando, depois acrescentou: — Eu queria dizer inútil.
— Acho que ouvi o Sr. Campbell, — menti rapidamente,
tentando fazer com que eles se calassem antes que o chefe saísse de
seu escritório e me culpasse por isso.
Eles estavam falando, mas seria minha cabeça que rolaria, não as
deles.
— Tchau! — Aaron saiu correndo antes que eu pudesse começar
a rir e dizer a ele que estava apenas brincando. Mas pelo menos eles
não começariam a discutir novamente.
— Medroso, — comentou Athena.
— Acho que o ouvi chamar seu nome.
Seus olhos se arregalaram antes que ela seguisse seus passos,
quase derrubando a pobre mulher em seu caminho.
Eu balancei minha cabeça com um sorriso e voltei ao trabalho.
O Sr. Campbell queria chá. Quando ele me mandou pegá-lo, ele
disse gentilmente. Não foi nada do tipo: — Você pode, por favor,
pegar uma xícara de chá para mim?, — como eu queria
desesperadamente que fosse, mas ele não foi rude.
Liguei para Becky ao sair e a ligação caiu direto na caixa postal.
Tentei várias vezes, mas deu sempre a mesma coisa.
Voltando ao meu andar, fiquei momentaneamente distraída e não
estava prestando atenção para onde estava indo e esbarrei direto em
alguém.
Meu telefone caiu no chão e o chá quente do Sr. Campbell
derramou na frente de um terno preto limpo antes de cair no chão.
Sabe aquele momento na vida em que pensa que cometeu um
erro gigantesco, mas estava totalmente confiante de que ia superar
aquilo? Aquele não era o meu caso.
Eu tinha despejado um chá quente no patrão.
O chefe enorme e assustador que agora estava olhando com seus
olhos de aço para a mancha úmida em seu terno caro.
Irracionalmente assustada e com raiva, eu engasguei. E o mesmo
aconteceu com todos na sala.
Um pânico cego tomou conta de mim.
Eu não estava brincando, mas poderia jurar que ouvi o estrondo
de um trovão que pareceu sacudir todo o prédio de sua fúria.
Instintivamente, dei um passo para trás, colocando minhas mãos
protetoramente na minha frente.
— Eu sinto muito, — eu sussurrei roucamente, e então mais
suavemente. — Não foi minha intenção. Eu sinto muito.
Sua tensão parecia fria, e a maneira como seus olhos se
estreitaram e a forma como sua boca se curvou em um sorriso de
escárnio, eu quase podia sentir agora: era o fim da minha vida.
Meus olhos e lábios arregalados e assustados se separaram
enquanto eu ofegava de medo e pânico inexplicável e irracional.
— Que desgraça você está fazendo... — disse ele por entre os
dentes. — Que você não poderia olhar por onde estava indo?! — Sua
voz explodiu no final.
A fúria fria em sua voz e o olhar perigoso em seus olhos me
fizeram recuar.
— Me desculpe... eu estava... isso é completamente - por favor,
eu... — Meu medo era tão grande que as palavras me faltaram e
fiquei ofegante, lutando para não chorar.
Eu vi seus olhos congelarem em lascas de gelo por um instante, e
então ele ergueu uma sobrancelha escura inclinada.
— Nunca conheci uma mulher como você, — ele disse
pensativamente, e então, seu tom de repente se tomou áspero, — Tão
completamente estúpida. Dê-me um bom motivo pelo qual eu não
deveria despedi-la agora.
— Vamos, Mason, a pobre garota não fez de propósito. Deixe-a
em paz. — Um homem idoso saiu de trás do Sr. Campbell, que não
tinha visto até então.
— Vamos embora ou podemos nos atrasar.
Expressões de raiva e ressentimento perseguiram-se em seu rosto
enquanto seus olhos iam de mim para o homem idoso novamente.
Finalmente, me surpreendendo, ele apontou seu dedo longo para
mim e disse: — É melhor você entrar na linha, Srta. Hart. Não vou te
dar outra chance de novo.
Eu balancei a cabeça, incapaz de falar.
O homem idoso sorriu para mim antes de seguir atrás do Sr.
Campbell até o elevador. No minuto em que os dois desapareceram,
o escritório explodiu em sussurros abafados.
Evitei os olhares de todos que possivelmente estavam sorrindo de
satisfação e de outros que ficaram muito desapontados por eu não
ter sido despedida naquele momento.
Por horas que se seguiram, continuei encontrando sentimentos
novos e mais fortes pela antipatia que sentia por Mason.
Já havíamos estabelecido o fato de que ele era o homem mais
rude de todos os tempos, embora um homem gostoso.
Era sua personalidade que eu não suportava, e a fantasia que ele
tinha em sua cabeça de que poderia pisar em alguém quando
quisesse.
Você fez isso. Isso foi sua culpa.
Uma falha pela qual me desculpei. É uma falha que eu estava
tentando compensar pesquisando diferentes tipos de ternos no
Google para comprar para ele.
Mesmo que eu não tivesse dinheiro para comprar os seus caros,
eu poderia pelo menos comprar ternos adequados.
Passou de uma busca inocente para os pensamentos dele sem
nada quando eu balancei minha cabeça antes de entrar na minha
cabeça.
Mesmo enquanto dizia essas palavras, eu sabia que era tarde
demais.
Mason Campbell tinha entrado na minha cabeça desde o
momento em que o conheci.
Era difícil não pensar nele, especialmente se eu o visse todos os
dias.
Eu estava muito envolvida em minha busca que não percebi
quando Jade se aproximou de mim.
— O que você está fazendo? — Ela perguntou, olhando para o
meu laptop.
— Por que você está procurando ternos baratos? Está pensando
em comprar um presente para o seu namorado?
Eu me virei e afastei sua cabeça do meu laptop.
— Desde quando você se tornou uma pessoa intrometida?
— Que seja. O que você está fazendo, afinal?
Percebendo que ela não sairia dali se eu não contasse a ela o que
estava fazendo, falei: — Não é como se você não tivesse visto o que
aconteceu antes.
Ela deu uma risadinha.
— Você quer dizer quando ele te humilhou na frente de todos e
quase te despediu na hora? — Seu tom sugeria prazer.
Só ela sentiria felicidade com a minha miséria.
— E o que isso tem a ver com o que eu perguntei a você?
— Estou tentando comprar para o Sr. Campbell outro terno para
aquele que o arruinei. Tenho certeza que você vai me dizer que é
uma má ideia ou me convencer a não fazê-lo.
Ela bufou. — Oh, querida, você só estará perdendo seu tempo. O
Sr. Campbell só usa roupas personalizadas de seu alfaiate que vem
todo mês da Itália. Você acha que ele vai usar isso? — Ela apontou o
dedo bem cuidado para a minha tela.
Eu estreitei meus olhos.
— Sério? Você não está brincando comigo?
— Por que eu deveria? Só porque eu não gosto de você, Lauren
não significa que estou mentindo. Agora tenho certeza de que o
terno caro que você arruinou provavelmente está em algum lugar no
lixo. Não acredito que você derramou chá nele. Isso realmente
deveria ter feito você ser demitida.
— Aposto que você adoraria.
Jade balançou a cabeça enquanto dizia suas últimas palavras, —
Não, eu quero você aqui, Lauren. As coisas estão ficando cada vez
melhores. E assistir você na miséria é muito divertido. Onde estaria a
diversão se você fosse demitida?
Mais tarde, fiquei muito grata pela longa e confortável noite de
sono que tive.
Fiquei sabendo por Beth durante o café da manhã que ela já havia
começado os preparativos para a noite das meninas e isso incluía
Athenas e Aaron, que teve sorte de poder vir.
Eu mal consegui segurar o estresse e a felicidade de ver meu pai
quando cheguei ao hospital.
Eu senti muito a falta dele.
Eu levei orquídeas, sua flor favorita, e entrei trêmula em seu
quarto.
Papai estava na cama, assistindo TV. Todo o seu cabelo tinha
caído e ele parecia fraco, pálido.
Ele não parecia o homem que eu conhecia.
Aquela pessoa deitada ali parecia a casca do que costumava ser.
Eu queria chorar. As lágrimas estavam prestes a cair pelo meu
queixo quando as enxuguei.
Ele não ficaria feliz em vê-las.
Se havia algo que ele odiava, era me ver chorar por ele.
Eu daria o sorriso falso que ele queria.
Eu seria forte por ele.
Por nós dois.
— Oi, papai!
— Laurie! — ele disse com um grande sorriso tomando conta de
seu rosto.
Ele esticou os braços e dei a volta para abraçá-lo. Eu coloquei
minha cabeça em seu peito e inalei. Eu senti falta de abraçá-lo. Era
como se eu estivesse em casa.
Meu pai era minha âncora. Sem ele, eu me afogaria no mar de
solidão e tristeza.
— Como você está hoje?
— Estou maravilhoso, agora que você está aqui.
O sorriso no meu rosto diminuiu e ele segurou minhas mãos. —
Não fique assim. Você deve sempre colocar um belo sorriso no rosto.
— Mas, pai...
Ele sorriu compreensivamente.
— Eu sei, querida. O trabalho significa muito para você e você o
está fazendo por nós dois. Estou muito orgulhoso da pessoa que
você se tornou, Lauren.
Eu o abracei novamente.
— Pronto, pronto... — ele deu um tapinha no meu braço, me
levantando.
— Não vá chorar. Você sabe que não gosto de ver você chorar.
Eu balancei a cabeça com um sorriso. — Eu sei. Como foi a
consulta médica? O novo tratamento quimioterápico está
funcionando?
— Eu te disse, estou ficando forte e saudável. Não se preocupe
comigo.
Ele não respondeu minha pergunta.
— Como está Beth?
Tentei parecer feliz e alegre. — Ela está bem. Ela disse para dizer
que ela sente sua falta. Sairemos mais tarde com alguns amigos.
— Estou feliz que você pelo menos esteja curtindo sua vida. Eu
não gostaria que você ficasse triste o tempo todo.
— Ei, você veio. — Becky entrou, segurando uma bandeja de
comida.
— Sim, eu vim. Como você está?
Ela sorriu e me puxou para um abraço. Becky era uma pessoa
afetuosa. Eu gostaria de pensar nela como uma irmã mais velha e
uma segunda mãe.
— Eu estou bem. Ei, Vincent, trouxe comida para você.
O rosto de papai imediatamente ficou amargo.
— Eu disse que não gosto de comida de hospital, Becky. Eles têm
um gosto ruim. Quero pizza com muito queijo. Eu quero uma
cerveja. Não quero algo que me faça querer vomitar.
— Ha, Ha.
Eu ri. — Pai, vamos. Tenho certeza que não tem gosto ruim.
Ele ergueu as sobrancelhas para mim.
— Ah, é? Você quer experimentar?
— Não.
Depois de comer, papai adormeceu. Becky disse que o câncer o
estava afetando.
Ele estava ficando fraco e dormia mais do que ficava acordado.
Isso não era algo que eu queria ouvir.
Ela disse que precisava falar comigo sobre algo e eu a segui para
fora de seu quarto.
Eu sabia pela expressão em seu rosto que não seria uma boa
conversa.
Tentei parecer corajosa, mas quando ela começou a falar, não
pude mais segurar aquela máscara.
— O tratamento com quimio não funcionou, — disse ela com
uma voz triste.
— O médico disse que se tentarmos outro tratamento, o corpo
dele pode falhar por causa de quão fraco está ficando.
— Então, o que isso significa? — Sussurrei, mas soou tão alto em
meus ouvidos. — Becky, o que isso significa? — Insisti quando ela
não quis responder.
— Isso significa que ele não tem muito tempo de vida. Sinto
muito, Lauren.
Choque e horror me atingiram, caindo sobre mim em ondas
quentes e frias enquanto o silêncio assustador aumentava, seu peso
apagando todos os sons, exceto um zumbido agudo em meus
ouvidos.
Eu respirei fundo.
Meu coração começou a queimar e meus olhos ficaram
embaçados antes que eu não pudesse ver nada na minha frente.
Ele não tem muito tempo de vida.
Meu deus.
Um soluço percorreu meu corpo.
Senti braços envolvendo meu pescoço e me puxando para um
abraço.
Eu senti.
Essa dor eu não poderia descrever.
Apunhalou meu coração, diferente de tudo que eu já senti.
Eu senti como se já o tivesse perdido.
Ele era a única família que eu tinha e agora eu o perdi.
Quando minha mãe nos deixou, fiquei triste. Eu tinha chorado
nos braços do meu pai todos os dias durante semanas.
Ele me abraçou e disse que a perda fazia parte da vida.
Não importa o quanto amemos uma pessoa, ela nunca fica
conosco para sempre.
Uma noite eu perguntei a ele por que ela foi embora sem dizer
nada e se ela não nos amava. Ele me disse que às vezes é difícil dizer
adeus a alguém que você ama.
E minha mãe nos amou muito, mas não foi o suficiente para fazê-
la ficar. Devemos amá-la pelos tempos em que ela esteve conosco.
Dois meses depois, eu disse a ele que a odiava, que nenhuma mãe
que realmente amasse sua família os deixaria. Ele sorriu e disse: um
dia também vou deixar você, Laurie. Não será minha escolha, mas
eu vou.
Você também vai me odiar? Eu chorei e o abracei, dizendo que
ninguém jamais nos separaria.
O câncer nos separou.
Como iria viver sem a maior parte da minha vida?
Como eu veria o mundo da mesma forma novamente quando ele
levasse embora a única pessoa que importava para mim mais do que
qualquer outra pessoa?
Como eu iria passar os últimos minutos da vida de papai sem
que meu coração parecesse que estava se despedaçando?
Seria difícil vê-lo morrer.
Para vê-lo dar seu último suspiro diante dos meus olhos.
— Becky, — eu me afastei e olhei para ela com meus olhos
vermelhos profundos.
— Não é possível... — Eu parei, incapaz de continuar.
Ela balançou a cabeça.
Eu enxuguei minhas lágrimas. — Ele sabe?
— Ele sabe. Ele está tão preocupado com você. Entrei em contato
com sua mãe.
— Minha mãe? — Eu disse surpresa.
— Vincent me deu o número dela e eu liguei para ela. Ela merece
saber que ele está morrendo.
Eu ri asperamente.
— Ela merece saber? Ela nos abandonou há anos, Becky. Então,
não, acho que ela não merece saber. O que ela disse?
Desta vez, Becky parecia irritada.
— Ela disse que quando tivesse tempo, ela iria aparecer.
Eu ri de novo. Parecia oco e vazio.
Não fiquei nem um pouco surpresa.
— Quando ela tiver tempo, né? É bom saber.
Eu invadi o quarto do meu pai com raiva. Felizmente para mim,
ele estava acordado. Fiquei com os braços cruzados e olhei para ele.
Um sorriso esperto tornou forma em seu rosto.
— Você falou com a Ginny?
— Ela é sua mãe, Lauren.
Eu revirei meus olhos. — Ela não é nada para mim e você sabe
disso, — eu disse com raiva, sem conter a raiva e o ódio que sentia
por ela.
— Já se passaram anos, — ele disse suavemente.
— Eu a perdoei. Não fique mais zangada com ela. A vida é muito
curta. Vocês duas precisam uma da outra.
— Eu não preciso dela, — eu rebati.
— Quem você vai ter quando eu não estiver aqui? A única razão
pela qual eu a perdoei foi por sua causa. Porque eu não quero que
você fique sozinha.
— Eu não vou ficar sozinha, pai. Tenho Beth e até Becky. Não
acredito que você fez Becky ligar para ela. E você sabe o que ela
disse? — Eu chorei, levantando minhas mãos antes de trazê-las para
os meus lados.
Seu sorriso se aprofundou. — Eu sei o que ela disse.
Eu cruzei meus braços novamente. — Então você sabe que ela
não vai vir, certo? Ginny não se importa conosco. Por que devemos
nos importar?
— Ela não teve a decência de demonstrar simpatia pelo homem
que amava? Eu honestamente não me importaria se fosse sobre mim,
mas era sobre você. Essa mulher é egoísta e de coração frio.
— Eu nunca a perdoaria. Eu nunca iria querer ela em qualquer
lugar perto de nós.
— Se eu soubesse que você ficaria tão chateada, teria dito a Becky
para não dizer nada para você.
Eu olhei para a parede.
— Venha aqui, querida. — Aproximei-me dele e sentei-me ao
lado dele, com a cabeça em seu peito e o braço em volta dele.
— Eu te amo, Laurie.
— Eu também te amo, papai.
Ele beijou minha testa e apertou seu abraço em mim.
— Tudo ficará bem.
Vai mesmo?
Capítulo 7

A noite estava incrível.


As luzes, os ruídos e os sons do trânsito intenso. Mas nada
poderia bater o som da risada despreocupada dos meus amigos.
Eu estava apenas sorrindo, e estava me esforçando muito.
Meus amigos estavam se divertindo muito.
Por que eu não estava?
Ah, sim, porque meu pai estava morrendo.
A qualquer dia ou a qualquer hora agora, ele iria embora e seria
apenas uma memória.
Como um sopro, ele desapareceria como se nunca estivesse aqui
antes.
Eu queria parar de pensar naquilo.
Eu precisava.
Para o bem da minha sanidade. Aquela noite era para ser
divertida.
E talvez fosse a última, já que eu havia decidido que ia começar a
passar o tempo com o meu pai e não perder nenhum minuto.
Eu não sabia como dizer a Beth. Ela e o meu pai eram próximos
antes de ele ficar doente e gosto de acreditar que continuavam
próximos. Ele gostava dela porque disse que ela o lembrava de sua
irmã.
Outra família que eu não conhecia e nunca tinha visto.
Beth, meu pai está morrendo. Acho que ainda estava
processando. Como você diz a alguém que a pessoa de quem você
gosta iria morrer?
Como você lida com isso? Como você organiza um funeral?
Eu não sabia nada sobre isso e não tinha ninguém para me
ajudar.
Deus, por que estou pensando nisso agora? Ele não está morto.
— Eu estou com fome. Talvez devêssemos colocar um pouco de
comida em nosso estômago, — Beth disse.
— Acho que conheço o lugar perfeito, — Athena respondeu.
Athena não estava brincando quando disse que conhecia um
lugar perfeito. Este restaurante, era perfeito e estava fora do nosso
padrão... ou classe social.
Não seríamos capazes de pagar por nada.
— Uh, você sabe quando eu disse que estava com fome, estava
pensando em hambúrgueres, — disse Beth, olhando para o
restaurante com um olhar nervoso.
Eu Belisquei a ponte do meu nariz. — Athena, não podemos
comer aqui. Você realmente quer ter um ataque cardíaco ao olhar
para os zeros na conta?
— Vocês precisam relaxar. Além disso, não vamos pagar
absolutamente nada.
Aaron ergueu a sobrancelha. — Eu diria que é um milagre de
Natal, mas não é nem Natal. Como isso vai ser possível?
— Apenas confie em mim.
Ela avançou antes que pudéssemos impedi-la. Beth encolheu os
ombros e todos nós logo a seguimos para o restaurante sete estrelas,
Mist.
— Como vamos conseguir uma mesa aqui? — Beth expressou
minha curiosidade.
— Ah, olá? Tia de Mason Campbell. Eu sempre tenho uma mesa
aqui.
— O quê? — Beth perguntou em choque com seus olhos
procurando os meus.
— Você é tia do Mason?
Aaron deu um tapinha no braço dela. — Você vai se recuperar do
choque e então vai perceber que não é grande coisa.
— Mas você é parente do solteiro mais cobiçado, o homem dos
meus sonhos! Isso me faz querer ser sua melhor amiga e ouvir todas
as fofocas sobre ele!
Eu gemi.
— Oh, aqui vamos nós.
Athena riu. — Boa sorte tentando arrancar alguma coisa de mim.
Fiel às suas palavras, conseguimos uma boa mesa quando
perceberam quem ela era. Aparentemente, ela já esteve ali muitas
vezes, pelo que entendi.
Se eu achava que Mist era lindo, você deveria ver a comida que vi
nas mesas. Era como olhar para uma boa arte. Eu poderia ficar
olhando para ele o dia todo e ficar contente.
O restaurante tinha um perfume romântico no ar misturado ao
aroma. Separadamente, eles eram ótimos, mas combinados faziam
você querer morrer de felicidade.
Pegamos uma mesa particular, olhamos o cardápio e
engasgamos.
— Esse preço só pode ser brincadeira, né? — Beth sussurrou em
choque.
Peguei um copo d'água e bebi.
— Não se preocupe, Beth. Vai para a conta do Mason.
Eu cuspi a água, engasgando.
— O quê?! — Tentei não gritar, limpando minha boca com a mão.
— Eu disse que vai para a conta do Mason.
— Eu ouvi você da primeira vez. Você vai fazer isso sem dizer a
ele?
Ela acenou para mim com um sorriso.
— Ele não vai saber, então se acalme. — Seus olhos percorreram o
menu enquanto pareciam calmos e relaxados.
— Acalmar? Se ele descobrir, todos estaremos mortos. E não vou
começar dizendo o quanto ele vai me insultar por isso.
Ela revirou os olhos. — Não seja ridícula. Não é como se
tivéssemos usado o dinheiro para outra coisa que não comida.
— Sr. Campbell não parece um homem generoso e alguém que
apreciaria que seus funcionários usassem seu dinheiro sem seu
conhecimento.
Ela olhou para Aaron.
— Isso é praticamente um roubo, — acrescentou Beth, mas não
parecia se importar.
— Vamos embora antes que percamos nossos empregos. Você é
da família. Você não perderá seu emprego, mas a mesma coisa não
será dita sobre nós.
Athena bufou e abriu uma garrafa de vinho. Ela encheu a taça e
tomou um gole.
— Um, eu não vou sair daqui sem comer nada. Dois, ele não vai
descobrir.
— E três, ele não vai me tratar de forma diferente. Ele vai me dar
o mesmo castigo que você. Você não conhece Mason como eu. Ele é
um homem justo. Ele separa trabalho e relacionamentos.
— Então, se todos vocês forem demitidos, eu serei demitida com
vocês.
— De alguma forma, isso me acalma um pouco.
— É disso que estou falando, Aaron. Aqui, você quer vinho?
Eu não sabia o que fazer, mas não fiz nenhuma tentativa de me
levantar e ir embora. Eu não estava confortável em estar ali.
Eu estava me sentindo um pouco ansiosa, como se o Sr. Campbell
pudesse invadir ali a qualquer momento com um brilho mortal e
olhos de aço frios.
As orbes prateadas que a escuridão espreita atrás dela, clama por
você e exige que você seja consumido por ela.
Fiquei tentada, realmente tentada por isso.
Havia algo tão pecaminoso em Mason Campbell. Eu não
conseguia distinguir.
Num minuto você quer ser bom, no próximo você quer ser ruim
com ele.
Todos fizeram pedidos, menos eu.
Todos pareciam tão relaxados e despreocupados.
Beth chamou minha atenção de repente, e algo sabido,
ligeiramente divertido, me fez xingar silenciosamente.
Eu poderia apenas sentar ali olhando - ou poderia apenas comer
aquela comida de dar água na boca e esperar que valesse a pena.
— Então, como é o Mason?
— Sério, Beth? — Eu gemi, não gostando de como ele foi o início
de uma conversa.
Tudo que eu queria era deixar tudo sobre ele no trabalho -
incluindo qualquer discussão sobre ele e aproveitar meu tempo sem
que ele invadisse meus pensamentos.
— Ele é meu chefe. Isso é tão inapropriado.
— Assim como os pensamentos que você tem quando olha pra
ele, mas isso a impede de algo?
Minhas bochechas queimaram.
— Eu não tenho pensamentos inapropriados sobre ele! — Além
de eu querer estrangular seu pescoço comprido, não havia mais
nada.
Claro, Mason poderia ser o que homens e mulheres pensavam
antes de ir para a cama, mas eu sabia que ele era a razão de eu ter
pesadelos às vezes.
— Claro, querida. Ele está saindo com alguém? — Ela disparou a
pergunta que sempre estivera em sua mente.
— Eu acho que ele nunca foi visto com alguém.
Em algum lugar na boca do meu estômago, isso me atingiu por
uma razão desconhecida. Mas eu não fiquei pensando muito nisso.
— Ele não está namorando ninguém. Quando ele tem tempo para
isso?
— A questão é sobre o que um homem assim teria que falar com
uma mulher? — Eu disse com desdém, e Aaron, sentado ao meu
lado sorriu em concordância.
— Eu nem consigo imaginá-lo sendo romântico.
— Não ficarei surpreso se ele não souber o que a palavra
significa.
— E você, Lauren, você é uma pessoa romântica? — Athena
desafiou.
— Filmes e livros arruinaram você, né? Seu último namorado não
correspondeu às suas expectativas?
Beth colocou a mão sobre ela e riu. Lancei-lhe um olhar de
advertência, sabendo que ela estava morrendo de vontade de deixar
escapar tudo sobre mim.
— Cale a boca, Bethany.
— Ela nunca namorou ninguém em toda a sua vida, — Beth
revelou com mais risos.
O queixo de Athena caiu e Aaron exclamou: — Sério?
— Gente, não é grande coisa, — Eu disse com um encolher de
ombros, afastando-o como se realmente não fosse nada. Eu
simplesmente nunca pensei em namorar ninguém.
Eu estava muito ocupada cuidando do meu pai e tinha esses
problemas de abandono.
Eu temia que, se começasse a namorar, eles me deixassem como
minha mãe fez.
Sempre pensei que, se uma mãe podia abandonar seu filho, por
que um homem não abandonaria a namorada?
— Você é tipo... virgem? — Athena murmurou em voz baixa.
— Só porque eu não namoro, não significa que sou virgem.
— Então você transa casualmente? Nossa, Lauren, você continua
me surpreendendo.
Eu revirei meus olhos.
— Eu não transo casualmente.
— Jake foi o cara que tirou minha virgindade na minha formatura
do ensino médio. — E a única razão pela qual o deixei foi porque
não queria entrar na universidade virgem.
Não que fosse um grande problema, mas naquela época era para
mim.
Aaron engasgou.
— E você não esteve com ninguém desde então?
— Eu não preciso de um homem para ser feliz. Vibradores fazem
um bom trabalho.
Eles começaram a rir.
— Nós precisamos mudar isso. Esta noite você vai pegar um cara
e se divertir muito.
— Não, sem chance. — Eu esmaguei a ideia de Athena porque eu
não tinha tempo para ficar com ninguém.
— Como assim? — Beth comentou amargamente, acrescentando:
— Caramba, Lauren, viva um pouco. Você nunca ouviu aquele
ditado...
— Você só vive uma vez, — Aaron continuou. Ela acenou com a
cabeça.
— Que tipo de homem você quer? Ah, eu sei o que quero. Alto,
moreno e bonito. Muitos músculos. Deve ser capaz de me
acompanhar, — Athena disse sonhadora.
— Eu sei do que Lauren gosta. Sombrio e misterioso.
Eu olhei para Beth pela quinta vez naquela noite.
Eu senti que ela queria me provocar.
— Que nem o Mason, então! — Athena exclamou de repente.
— Você gosta do meu querido sobrinho?
— Olha, se eu gostasse de garotas, este definitivamente teria sido
o pior rolê porque vocês só falam de macho, — disse Aaron,
sorrindo um pouco.
— Até o Aaron quer o Mason.
— Podemos falar sobre qualquer outra coisa além do meu chefe?
— Eu perguntei.
— Tudo bem, eu conheci alguém. — Todos se viraram para olhar
para ele. — Por que estão olhando assim para mim?
— Há quanto tempo? — Athena exigiu.
— Faz um mês.
— Um mês?! — Ela gritou. — E você não pensou por um segundo
em me contar? Eu sou sua melhor amiga.
— A única razão pela qual não te contei é que não era pra valer
na época, — ele admitiu a contragosto.
Beth se inclinou para ele.
— Como ele é? Ele é gostoso? — Ela procurou por respostas.
Aaron sorriu. — Ele é tão gostoso. Conheci-o durante minha
corrida matinal. — Ele hesitou, então continuou.
— Ele era casado na época.
— O quê?! — Athena gritou novamente.
— Eu sei, eu sei o que você vai dizer. Mas o casamento já estava
arruinado e ele estava prestes a pedir o divórcio.
— Ah, droga, Aaron. Por favor, não me diga que você arruinou o
casamento de alguém, — eu perguntei a ele, dando a ele um olhar
quase suplicante.
— Prometo que não foi minha culpa. Vamos comprar um novo
apartamento e morar juntos.
Ele parecia feliz.
Ele parecia muito feliz.
Como amiga, devo apoiá-lo.
Estendi a mão e coloquei minha mão na dele, sorrindo. — Estou
muito feliz por você.
— Mesmo que eu esteja muito zangada com você por
desrespeitar nossa amizade, — Athena fez uma pausa com uma
sobrancelha franzida antes de seu rosto se abrir em um sorriso.
— Estou feliz que você esteja feliz. Então, quando posso conhecê-
lo?
— Nunca!
— Como assim?
— Sei lá, e se você assustá-lo?
Athena recostou-se na cadeira e lançou um olhar sarcástico.
— Sim, porque eu pareço uma bruxa malvada, — ela respondeu
sarcasticamente.
— Todos nós queremos conhecer o homem que conseguiu roubar
toda a paixão que você tinha por Mason para ele.
— Não é como se eu tivesse uma chance com ele, Athena. Glenn
tem mais chance de voltar dos mortos.
Ela ergueu o copo para ele.
Depois que terminamos de comer, Aaron saiu para fazer uma
ligação.
Eu sabia que ele ia ligar para o namorado porque ele havia ficado
vermelho quando eu perguntei a ele.
Beth e Athena foram ao banheiro para retocar a maquiagem, me
deixando para trás.
Eu estava brincando com a faca quando ouvi os passos de
alguém.
Eu virei minha cabeça.
— Vocês demoraram mui...
As palavras morreram na minha garganta e eu soltei um pequeno
suspiro silencioso quando vi a figura na minha frente.
Eu me levantei rapidamente.
A voz do Sr. Campbell, geralmente tão fria e furiosa, disse com
indiferença: — Que noite adorável, Srta. Hart.
— Sim, senhor, — eu disse encorajadoramente, embora meu
coração tivesse começado a bater de forma alarmante.
— É uma noite muito boa.
Seus olhos se afastaram de mim e pousaram em nossa mesa, nos
pratos vazios e nas garrafas de vinho.
— Dá para perceber.
A garçonete voltou e se dirigiu a mim: — Tudo bem, seu jantar foi
cobrado na conta do Sr. Campbell, e nós da Mist esperamos que você
tenha gostado da comida e volte na próxima vez.
Ah, meu deus.
Os próximos três segundos foram os mais lentos de toda minha
vida.
Não pude começar a explicar porque não havia nada para
explicar.
Eu me senti tão envergonhada, mais uma vez.
Mas principalmente com medo.
Fiquei sem palavras enquanto olhava para seu rosto escuro e
zangado.
— Uma boa noite, de fato, é quando você come e bebe de graça.
Eu balancei minha cabeça. — Não é o que parece.
Ele se aproximou de mim como uma pantera e segurou meus
ombros, me sacudindo até que pensei que minha respiração nunca
mais voltaria.
Com raiva, ele me soltou tão abruptamente quanto tinha
estendido as mãos sobre mim, olhando para mim como se nunca
tivesse me visto antes.
— Esse é o tipo de pessoa que você é? Quem você pensa que é? —
Ele ergueu a voz.
— Você não é nada além de minha assistente temporária. Isso não
lhe dá o direito de me usar para seu próprio benefício!
— Você não é rica, então coma comida que seu dinheiro possa
comprar. Olhe para isso..., — ele apontou para a nossa mesa.
— Você convidou seus amigos. Você não tem vergonha, Srta.
Hart?
— Você esqueceu seu orgulho e dignidade quando pediu a eles
que cobrassem minha conta?
As lágrimas começaram a cair em minhas bochechas.
— São mulheres como você que eu desprezo, — acrescentou ele
com um sorriso de escárnio.
Seus olhos viajaram lentamente sobre mim, e a maneira como o
fizeram me fez realmente me odiar.
Não havia razão para eu me odiar, mas ele realmente me fez
sentir que deveria.
— Mason. — Athena entrou aos tropeções.
Ele deu a ela um olhar mortal. — O que você está fazendo aqui?
Ela olhou entre ele e eu.
— Por que estou aqui não é da sua conta.
— Embora, estou feliz por ter feito isso, — ele disse asperamente,
então olhou na minha direção.
— Senhoras, aproveitem a noite. — Ele nos deu as costas e saiu.
— O que diabos aconteceu? — ela perguntou.
Eu estava tão brava que estava tremendo.
Levei não menos de dez segundos antes de pegar minha bolsa e ir
embora sem dizer uma palavra.
Capítulo 8

Não melhorou meu humor descobrir, na manhã seguinte, que


estava trinta minutos atrasada para o trabalho.
Acho que não me importava o suficiente para ir trabalhar, afinal
não queria encarar meu chefe, que nas últimas seis horas se tornou
meu inimigo número 1.
Eu não conseguia tirar suas palavras da minha mente.
Elas foram dolorosas.
Elas não eram quem eu era, mas o fato de que ele não podia
esperar e me deixar explicar tudo para que ele decidisse por conta
própria, não só me irritou, mas me fez acordar e decidir que não
queria mais trabalhar para alguém assim.
O Sr. Campbell não valorizava ninguém e os tratava como se não
fossem nada.
Eu queria trabalhar em um escritório onde pudesse respirar sem
temer que tivesse feito algo errado, ou onde o chefe fosse realmente
legal e tratasse a todos com respeito.
Peguei minha xícara de café e olhei para a tela do meu laptop.
Esta foi a decisão que tomei no minuto em que deitei na cama na
noite passada.
Estava farta.
Não era como se eu me odiasse e não valorizasse meu respeito
próprio.
Eu tinha sentimentos. Eu sinto emoções.
Eu não era um maldito robô que não me machucaria com suas
palavras.
Eu digitei rapidamente.
Caro Sr. Campbell,
Carta de demissão.
Aceite esta carta como notificação de que estou renunciando ao
meu cargo de assistente de Mason Campbell na Indústria Campbell
em 10 de agosto.
Peço desculpas por não poder avisar com duas semanas de
antecedência.
Devido a circunstâncias além do meu controle...
Fiz uma pausa e bufei.
Eu queria escrever: — Porque você é um idiota e eu não posso
trabalhar para um idiota.
Eu continuei, … Preciso demitir-me. Fico feliz em receber meu
pagamento ou você pode pedir que enviem para meu endereço.
Muito obrigado.
Sinceramente,
Lauren Hart.
— Carta de demissão? Que diabos está fazendo? — Beth
perguntou, olhando por cima do meu ombro.
Seu cabelo estava bagunçado e ela ainda tinha baba no canto da
boca, indicando que ela tinha acabado de acordar e não tinha nem se
olhado no espelho ainda.
— O que tem? Não é nada chocante, — eu respondi, lendo a carta
novamente para ter certeza de que estava tudo certo.
— Eu venho de uma linha de desistentes.
— Minha mãe largou a família dela, meu pai está abandonando a
vida, então não tem nada demais se eu parar de trabalhar também.
Não importa.
Antes que eu pudesse clicar em enviar, ela puxou o laptop de
mim e me encarou com as bochechas vermelhas.
— Não importa? Você está falando sério?
Eu me levantei e tentei pegar de volta dela.
— Dê-me meu laptop, Beth. Estou falando sério.
— Não, a menos que você me diga o que é que há de errado com
você, Lauren. Eu sei que seu trabalho é importante para você, então
você não iria simplesmente desistir, a menos que haja algo que você
não está me contando.
— E você tem que lembrar que está desistindo da única coisa que
ajudará seu pai.
Eu engoli, pressionando meus dedos frios contra minha testa. —
Não mais.
Ela avançou e agarrou meu braço.
— Lauren, ou você quer me conta que merda tá acontecendo, ou
eu não vou te devolver o seu laptop e te deixar fazer algo que você
pode se arrepender mais tarde.
Eu me afastei de seu aperto.
— Eu não vou me arrepender, — eu assegurei. — Trabalhar para
Mason Campbell não me dá nada além de raiva e sofrimento.
— Eu sei, seu chefe é um idiota, e daí? — ela perguntou com
escárnio.
— É comum ter um chefe que você tem vontade de matar de vez
em quando, mas isso não significa que você deva desistir.
— Eu realmente não me importo. Me dá meu laptop, — eu
implorei, enquanto meu rosto se tomava sombrio.
— Eu tenho que enviar minha carta de demissão. Ela não tinha
ideia do que eu tinha passado noite passada.
Ela não tinha ideia de como era ser menosprezado por alguém,
fazê-la pensar que você é mesquinho e ferir seu amor-próprio.
Ninguém nunca a fez se sentir tão baixa.
Ela não entenderia.
Nenhuma de nós disse mais nada, mas a tensão de nossas
expressões sombrias disse tudo.
— Não.
— Beth, eu não estou brincando.
Ela se manteve firme, desafiando-me abertamente com um olhar
fixo.
Beth não era de recuar e nem eu, e era por isso que sempre que
brigávamos ou tínhamos nossas diferenças, éramos obrigados a ter
um dia terrível.
— Nem eu. Isso diz respeito ao bem-estar de seu pai. Como você
vai encontrar outro emprego a tempo de pagar as contas médicas?
Suas palavras só me encheram de mais pavor.
Por um único momento, o rosto de meu pai morrendo passou
pelos meus olhos e achei que fosse desmaiar.
— Ele está morrendo, ok?! Ele está morrendo, Beth, e não há nada
que eu possa fazer sobre isso, — eu confessei, minha voz soava como
se eu estivesse fora de órbita.
— O quê? — ela perguntou, chocada. — O que você quer dizer
com isso?
Minha garganta queimou e meus olhos lacrimejaram.
Eu havia aceitado a possibilidade de perder meu pai em breve,
mas se, por algum milagre, ele sobrevivesse, eu passaria todos os
dias agradecendo a deus por não tê-lo tirado de mim.
Ele era minha força e minha fraqueza. Eu faria qualquer coisa
para que ele vivesse mais.
Minha voz estava tremendo quando respondi. — O tratamento
de quimioterapia não funcionou e o médico disse que se ele tentar
outro, o corpo dele não aguentará, — implorei com meus dedos
apertando minhas mãos.
Minhas palavras soaram tão surreais aos meus ouvidos. Eu mal
podia acreditar que esse era o destino do meu pai.
Eu acrescentei em um tom amargo: — Então, basicamente
significa que ele morre se tentar outra quimio, e ele também morre se
não tentar outro tratamento novamente. A vida é uma merda.
— Meu deus. — Beth deu uma longa série de respirações e lançou
outro olhar para mim.
— Quanto tempo ele tem?
— Isso importa? Ele não vai viver muito.
Um gemido baixo e sobrenatural que só reconheci como minha
própria dor fechou minha garganta.
Eu cambaleei para trás e caí contra a parede, a dor me atingiu
com força.
Meus joelhos começaram a tremer e minha visão turvou, meu
mundo inteiro se contraiu em um vazio negro rodopiante.
Tudo que eu podia ver era o mundo me provocando com
vislumbres de meu pai, frio e cinzento morrendo e se afastando de
nós. Fechei meus olhos e engoli.
Eu os abri para olhar para a forma imóvel de Beth.
— Eu não quero que ele se vá, — minha voz tremeu e minha
visão começou a embaçar com as lágrimas. — Beth, eu não quero
que ele morra. Ele é o único que tenho. Por favor, diga a ele para não
me deixar.
Beth cruzou e me puxou para um abraço de esmagar os ossos.
Senti suas lágrimas caindo nas minhas costas enquanto as minhas
caíam em cascata pelo meu rosto. — Por que o mundo me odeia?
Primeiro, foi minha mãe e agora, meu pai.
— O mundo não te odeia se você ainda me tiver. — Eu funguei,
incapaz de falar.
— Eu estarei aqui para te ajudar nestes tempos difíceis, Laurie.
— E vamos deixar os últimos dias do seu pai felizes, vamos
garantir isso. — As palavras abriram um buraco no meu coração.
Beth e eu visitamos meu pai. Ele ficou tão feliz em vê-la, embora
tenha passado a maior parte do tempo dormindo. Ele ainda não
tinha recuperado muita energia e Becky disse que era esperado que
ele estivesse dormindo.
Quando ele acordou de novo, ele e Beth jogaram xadrez e ele a
deixou vencer como sempre.
Fiquei muito feliz ao ver o enorme sorriso em seu rosto.
Isso era o que eu queria, que ele passasse seus últimos dias
sorrindo. Não falamos sobre minha mãe de novo e fiquei feliz por
isso.
Falar sobre aquela mulher só me deixava de mau humor e nunca
esperei que ela aparecesse. E ela nunca o fez.
Cinco e meia, dei um beijo de despedida nele e prometi estar de
volta no dia seguinte. Beth tinha outros planos, então fui deixada
para voltar para casa sozinha.
Eu estava a duas quadras do nosso prédio quando desci do táxi,
preferindo caminhar para ajudar a limpar minha mente.
Caminhei em silêncio, desejando que a noite pacífica me
acalmasse.
Soltei um suspiro longo e instável quando meu prédio apareceu.
Um Range Rover preto estava estacionado em frente ao nosso
prédio.
Não dei muita atenção, pensando que algum dos moradores
tinha visita ou comprou um carro novo. Sem prestar a menor
atenção a isso, fiz um movimento para entrar no prédio.
— Srta. Hart.
Eu me virei e para meu choque, o Sr. Campbell estava parado na
frente do meu prédio, me chamando casualmente.
Eu devia estar sonhando porque não havia como o ver de jeito
nenhum.
Depois de passar um dia inteiro sem pensar nele, esse tinha que
ser o castigo que recebi por isso.
E ele sabia onde eu morava? Ele examinou as informações dos
funcionários e obteve meu endereço? Sendo dono ou não, aquilo era
uma violação de privacidade.
— O que você está fazendo aqui? — Olhei para a rua antes de
mover meus olhos de volta para ele, sem saber como reagir a esta
visita inesperada e indesejada.
— Essa é a sua primeira pergunta? Não vai perguntar como eu sei
onde você mora?
— Estou feliz por você não ter invadido meu apartamento, — eu
disse, cruzando os braços. — Isso não está além de suas capacidades.
— Não está, não é? — ele perguntou, me olhando com olhos
semicerrados.
— Como eu poderia não vir ao receber isto? — Ele acenou com
um papel no ar.
— Sua carta de demissão.
— É, claro, fazer isso. — Ele agarrou as pontas do papel e rasgou-
o, o som dele se rasgando em dois chegou aos meus ouvidos.
Eu levantei meu queixo, fixando-o com um olhar penetrante. —
Isso ainda não muda nada.
— Estou rejeitando sua renúncia, Sra. Hart.
Eu olhei para ele, esperando ter entendido mal. — O quê?
Um olhar entediado cruzou seu rosto.
— Acredito que as palavras que eu disse não são difíceis de
interpretar. Você ainda trabalha para mim.
— Acho que não. — Franzindo a testa, coloquei-me em toda a
minha altura e coloquei os ombros para trás - apenas para enfatizar
minha negação.
Ele respirou fundo, algo que eu nunca o tinha visto fazer na
minha presença.
Algo em seu olhar ousado, quase rude, me deixou
desconfortável.
— Eu sou muitas coisas, mentiroso não é uma delas. Não tenho
tempo nem paciência para fazer piadas com você. Isso não é de meu
feitio. Você não pode pedir demissão ou parar de trabalhar para
mim, Srta. Hart. Minha empresa não é uma brincadeira de criança,
algo que você pode simplesmente largar quando quiser.
Um olhar de aborrecimento mal controlado passou por seus
olhos.
— Você ainda é minha assistente, ainda trabalha para mim.
Quando eu não quiser mais você, vou demiti-la.
Dei uma risada curta e inesperada, obrigando-me a responder
com calma e fingindo uma compostura que mal sentia. — Você não é
menos do que eu esperava que fosse, — eu revelei.
— Na verdade, você é muito diferente de como eu esperava que o
grande Mason Campbell fosse.
— Ah, é mesmo? — ele rebateu sarcasticamente. — Posso
perguntar o que você esperava que eu fosse? — Ele estava me
desafiando a dizer o que estava em minha mente, quase soou como
uma ameaça também, e se eu já não estivesse chateada com o fato de
que ele pensava que era meu dono e pudesse opinar em tudo o que
eu faço, eu teria atendido a seu aviso sutil e recuado.
— Quem você pensa que é? Você não pode me forçar a trabalhar
para você. Eu não vou mais trabalhar para você.
— Você parece tão certa disso. Suponha que você ache que pode
fazer isso, afaste-se de mim tão facilmente. — Ele se aproximou de
mim, seus passos pareciam um predador e a ameaça oculta em seu
rosto, alto e claro. — Posso presumir, é claro, que você continuará
com sua vida em paz e felicidade. Você honestamente acha que eu
deixaria? — Sua voz estava friamente controlada, mas ele mal
conseguia controlar o calor em seus olhos.
Ele deu vários passos para perto de mim, até que estava na minha
frente, tão perto que eu pude contar as linhas de expressão em seu
rosto.
— Eu sou Mason Campbell, — disse ele, com arrogância e
orgulho. — Eu não digo coisas duas vezes. Eu me afasto das pessoas.
Eles não se afastam de mim.
Por um momento, fiquei muito zangada e perplexa para falar.
Meus olhos se estreitaram perigosamente e minhas mãos se
fecharam em punhos.
Aquele homem não era apenas rude e sem maneiras, mas suas
insinuações desdenhosas eram demais para lidar.
Ele pareceu satisfeito com meu silêncio inesperado. Claramente,
ele pensou que tinha me colocado em um estado de silêncio.
Inclinei-me para frente, com minha voz condescendente.
— Vai se foder, Mason, — eu disse descuidadamente, liberando a
raiva que senti por ele desde o momento em que o vi.
— Você pode pensar que possui todos, o que é ridículo porque
não somos objetos, mas você não me possui. Eu tenho o direito de
não trabalhar para você. Ninguém vai me forçar, nem mesmo você.
— Você está tentando ir contra a minha palavra? — A voz do Sr.
Campbell mal foi controlada.
Percebi que todo o seu rosto ficou rígido de raiva, ele mal
conseguia pronunciar as palavras.
— Você quer entrar na lista de pessoas que me desafiaram?
Tentei não mostrar o quanto estava assustada.
— Ah, você vai me matar? — Minha voz soou incrédula; olhando
para cima, vi seus olhos brilhantes e os meus se tornaram
rancorosos.
— Ou me fazer desaparecer? Eu quero ver você tentar, — eu
continuei, não me importando que seus olhos tivessem se estreitado,
quase como os de um gato.
— Faça o seu pior, Sr. Campbell.
Ele me encarou com seus olhos cuspindo fúria. Eu balancei a
cabeça antes de me virar para sair.
— Se você não voltar a trabalhar, vou comprar seu prédio e
expulsá-la. Onde quer que você tente ir, estarei atrás de você. Você
não conseguirá um emprego ou um lugar para morar.
— E o mesmo se aplica às pessoas de quem você gosta.
Eu me virei para encará-lo novamente. Minhas bochechas
queimaram de raiva e eu não tinha nem um pouco de medo dele.
Minha voz tremia de raiva incontrolável.
— Você não pode fazer isso.
— Achei que você disse que não sou capaz de fazer nada. Por que
você parece tão assustada agora?
— Mason.
— Sr. Campbell, — ele corrigiu, com autoridade. — Nós não
compartilhamos nenhum relacionamento para que você não seja
formal comigo, Srta. Hart.
— Por que você está fazendo isso? Não quero mais trabalhar para
você!
— Que pena.
Mordi meu lábio inferior com força, tentando lutar contra a
vontade de gritar.
— Eu não quero que você machuque meus amigos e família. —
Eu não precisava dizer a ele claramente que tinha acabado de
conseguir meu emprego de volta.
Minha expressão derrotada causou um pequeno sorriso
sarcástico nos cantos de sua boca.
Minha respiração foi interrompida. Aquele sorriso, que inferno,
era um sorriso que o deixava tão bonito, era devastador.
Eu já o achava tão lindo, mas quando ele sorriu, ele poderia
muito bem ser o homem mais lindo do mundo.
Ele era de tirar o fôlego.
Seu sorriso me cegou.
Puta merda! Ele poderia fazer qualquer um de marionete. Mas
aquele sorriso pertencia a um homem simplesmente horrível e eu
não conseguia mais ver a beleza dele.
Um homem rude e controlador não era atraente.
— Vejo você na segunda-feira, Srta. Hart.
Mas eu já tinha me virado e estava correndo de volta para o meu
prédio, mal conseguindo respirar de tanta raiva que fervia dentro de
mim.
Mesmo quando cheguei ao conforto do meu quarto e me joguei
na cama, achei impossível controlar meus sentimentos.
Raiva, humilhação e, acima de tudo, uma aversão abrasadora por
Mason Campbell, que me colocou em uma situação impossível sem
pensar em meus sentimentos.
Eu bati meus punhos contra os travesseiros, desejando gritar alto.
— Eu realmente não posso escapar dele, posso?
Capítulo 9

A segunda-feira passou tão rápido.


Beth não me questionou quando eu disse a ela que voltaria ao
trabalho.
Percebi que ela queria me perguntar, mas ela respeitou minha
privacidade.
Athena se desculpou comigo sobre o comportamento do Sr.
Campbell no sábado à noite.
Ela prometeu que havia esclarecido tudo com ele e que não era
inteiramente minha culpa.
Isso explicava porque ele me queria de volta.
Mas ter passado tanto tempo com ele e ouvi-lo me dizer
repetidamente como eu seria tão fácil de ser substituída não
extinguiu exatamente minha curiosidade e apenas me deixou com
uma pulga atrás da orelha.
Se era fácil me substituir como ele havia dito, por que ele me
chantageou para trabalhar para ele novamente?
Mas percebendo que nunca teria minhas respostas, parei de
pensar sobre tudo isso, ainda mais quando aparecia uma pilha de
documentos na minha mesa.
Parecia mais uma punição do que um trabalho real.
O Sr. Campbell não foi trabalhar naquele dia e sua ausência fez
daquele o dia mais agradável da minha vida. E eu fui verdadeira
comigo mesma.
Eu tinha sentimentos ruins em relação a ele, mas, ao mesmo
tempo, sentia mais do que isso.
Eu não conseguia entender meus sentimentos; Sentia antipatia,
sim, misturada com tremenda admiração, mas havia algo mais?
Não, definitivamente era apenas admiração.
Alguém que poderia arrebatar o mundo em uma idade tão jovem
e construir uma imagem poderosa era alguém a ser admirado.
Principalmente o Sr. Campbell, que tinha apenas 32 anos e tudo o
que queria e muito mais.
No final da tarde, ele entrou, anunciando que queria me ver.
Quando entrei em seu escritório, ele estava sentado em sua mesa.
Ele olhou para mim.
— Você não me deixou esperando.
— Você queria me ver? — Minha voz soou cautelosa.
— Recebi alguma mensagem do escritório de John Holt?
— Sim. O assistente dele ligou mais cedo sobre o acordo que você
fez com ele. O Sr. Holt não deseja mais continuar com o negócio se
seus termos ainda se aplicarem.
— Bem, suponho que devemos esperar que ele tenha dinheiro
suficiente para cuidar de seus cinco filhos.
Ele continuou falando no mesmo tom de voz inconsequente: —
Quando eu comprar a empresa dele e revelar todas as suas
atividades ilegais, você acha que ele perceberia seu erro?
Não consegui controlar o choque e o rubor de raiva que surgiram
em meu rosto. Eu estava desconfortavelmente ciente do escrutínio
penetrante daqueles olhos cinzentos que captavam cada detalhe
disso.
Eu sabia que era uma pergunta retórica e minha contribuição não
era necessária, mas eu tinha que dizer algo.
— É... Sr. Campbell, isso é... isso... é realmente necessário?
Fiquei irritada por gaguejar e tropeçar nas minhas palavras. —
Você realmente tem que fazer isso?
— E desde quando eu te ouço?
Havia um toque de ironia em sua voz, finalmente, seus olhos
semicerrados se estreitaram ligeiramente, — Isto é negócio. Você não
sabe nada sobre isso.
Eu sabia que quando o Sr. Campbell decidia adotar um
determinado curso de ação, nada poderia detê-lo, eu já deveria saber
disso, mas ainda assim protestei. Ele era um empresário implacável.
— Mas, senhor, ele tem uma família.
— Ligue para o escritório dele e transmita a mensagem, Sra. Hart,
— sua voz era sutil e seca, mas eu captei sua ameaça velada e
estremeci.
— Se ele não concordar com minhas condições, temo que seu
destino seja inevitável.
Mal conseguindo suprimir minha frustração, fiz um leve aceno de
cabeça antes de deixar o escritório.
O resto do dia foi tranquilo. Ele estava em seu escritório há horas
e não fez uma pausa.
Ele era um workaholic, e algo me diz que ele não tinha vida fora
do trabalho.
Como alguém pode viver assim? De alguma forma, eu poderia
imaginá-lo obcecado em ganhar mais pela manhã e estar no topo, e
uma pequena pausa poderia fazê-lo pensar que perderia tudo.
Foi exatamente assim que me senti quando assisti a um episódio
de The Walking Dead.
Eu estava trabalhando quando senti no ar um perfume
desconhecido. Eu olhei para cima e vi um homem vindo em direção
ao escritório do Sr. Campbell.
Ele estava vestido com uma camisa polo escura casual e jeans
rasgados com tênis preto.
Ele parou na minha frente com o sorriso mais bonito e bochechas
com covinhas. Seus olhos eram cor de avelã, quase pareciam brilhar
a cada poucos segundos.
Em conclusão, ele era realmente lindo.
— Olá, querida. — Ele parecia encantador, até mesmo amigável.
— Eu sou Gale, e você deve ser?
— Lauren. Nova assistente do Sr. Campbell. — Eu sorri de volta
nervosamente.
Se Beth estivesse ali, não havia dúvida de que ela pularia em cima
daquele homem. Ele era o tipo de homem que ela queria - lindo,
bonito e rico.
Ela não iria descansar até que o tivesse na cama.
— Bem, você certamente não merece ficar confinada neste
escritório chato. Alguém tão bonita de tirar o fôlego merece ser
mostrada nos braços de alguém. Eu, por exemplo, mostraria você
para o mundo.
Ele pegou minha mão antes que eu pudesse impedi-lo, beijando
as costas dela.
Com os olhos fechados, seus longos cílios tocaram minha palma.
Ele se retirou.
— Que cavalheiro. — Eu sorri, já gostando dele. Não porque ele
me elogiasse, mas porque parecia ser o único homem rico que não
era um idiota.
— O que posso fazer por você?
— Estou aqui para ver Mason. Esta é uma reunião surpresa não
planejada.
— Ah, me desculpe. O Sr. Campbell está ocupado agora, mas
gostaria de esperá-lo?
Em vez de responder, Gale andou ao meu redor e se sentou em
uma das duas cadeiras que estavam na frente da minha mesa. Ele
cruzou as pernas e colocou o braço direito sobre a cadeira.
— Normalmente eu não esperaria por ele, — ele começou com
um sorriso provocador. — Mas hoje parece ser uma exceção. Já faz
muito tempo que não fico na companhia de uma mulher bonita
como você.
Recostei-me na cadeira. — Tenho certeza de que você diz isso
para todas as mulheres que conhece, — respondi bufando e com um
aceno de cabeça.
Ele inclinou a cabeça para o lado e me estudou.
— Você é diferente, Lauren.
Eu não pude deixar de rir. — Essa fala é superestimada. Acho
que não funciona mais.
Gale inalou um suspiro dramático e cruzou os braços na frente
dele.
— Quer beber alguma coisa? — De repente, lembrei-me de como
ser uma boa assistente.
Suas covinhas apareceram. — Não, estou bem, Lauren. — Um
minuto se passou antes que ele perguntasse: — Há quanto tempo
você trabalha aqui?
— Não muito tempo.
— E você gosta daqui?
— Bem, eu não vou para casa cheirando a frango empanado. —
Uma sobrancelha levantou e eu expliquei: — Trabalhei em um lugar
onde eles o prato principal era frango empanado.
— Tenho certeza de que eles ficaram arrasados quando você saiu.
— Por que eles ficariam?
— Porque sua saída deve ter afugentado alguns de seus clientes.
Tenho certeza que você sabe que é linda.
Minha boca se abriu antes de eu sorrir.
— Qual é a sua relação com o Sr. Campbell?
De repente, uma sombra caiu sobre meu ombro e eu olhei para
cima, surpresa ao ver o Sr. Campbell parado ali com um olhar
irritante no rosto.
— Eu não te pago para sentar e perguntar sobre meus
relacionamentos, Srta. Hart.
Quase engasguei quando respondi de cabeça baixa,
completamente envergonhada.
— Claro, senhor. Eu sinto muito. — Agora, ele vai pensar que sou
uma vadia intrometida. Ele já tinha muito o que pensar sobre mim.
Ele olhou para Gale. — Você não resistiu à chance de fofocar
sobre mim? — Ele perguntou amargamente.
— Você se acha tão importante assim, Mason? Venha, vamos para
o seu escritório. Você tem problemas maiores do que o seu ego.
Como se ele se controlasse com esforço, o Sr. Campbell olhou
para mim e se virou, caminhando para seu escritório. Gale seguiu
atrás ansiosamente, todos os traços de felicidade sumiram de seu
rosto.
O que foi aquilo? E que problemas o Sr. Campbell estava
enfrentando agora?
Isso não é da sua conta, Lauren.
Não é seu trabalho saber tudo sobre ele.
Além disso, alguém como Mason Campbell sempre enfrentaria
problemas.
Nos próximos quinze minutos, ouvi um barulho vindo de seu
escritório. Eu pulei de medo e meus olhos permaneceram fixos na
porta.
O que é que estava acontecendo lá dentro? Eles estavam
brigando? Não, o Sr. Campbell não iria se envolver em uma briga no
escritório.
O que devo fazer?
Chamar o segurança ou invadir a sala?
Eu estava de pé quando a porta se abriu dez minutos depois, e a
cabeça de Gale saltou para fora. Ele parecia exatamente da mesma
maneira que chegou. Sem hematomas ou sangue nele. Aquilo foi um
bom sinal.
Devo dizer algo, perguntar o que aconteceu, mas como?
— Lauren, — Gale disse, quase feliz. Ele sorriu para mim. — Foi
bom conhecê-la. Espero vê-la novamente em breve... em um local
diferente, espero. Seu chefe quer ver você agora.
Sem perder um segundo, corri para dentro do escritório.
Tudo na mesa do Sr. Campbell estava espalhado no chão com
algumas coisas quebradas. Deliberadamente, deixei meus olhos
vagarem por ele.
De seu lugar perto da janela, o Sr. Campbell observou minha
reação com uma expressão impassível.
— Senhor, está tudo bem? — Eu disse, finalmente, as palavras
soando suaves e hesitantes.
— Sim, — disse ele abruptamente, e o olhar em seus olhos passou
por mim como um choque, fazendo meu coração bater
vertiginosamente.
— É melhor você limpar isso, — ele disse secamente, caminhando
até a porta. — É melhor você não falar com ninguém sobre isso.
Que você deu um chilique? Quase escorreguei e, a julgar pela
maneira como ele estava olhando para mim, como se quisesse me
esfaquear com sua caneta, sabia que ele devia ter adivinhado meus
pensamentos.
Um sorriso lento enfeitou o canto dos meus lábios.
Ele bateu a porta.
Pelos próximos dias, o comportamento do Sr. Campbell mudou
com todos, não como se ele não fosse um idiota antes, mas ele
piorou.
Ele estava mal-humorado, zangado e gritava com todos.
Estávamos todos tensos e sofremos muita pressão. Todo mundo
estava com medo de sair da linha e correr o risco de ser demitido.
Eu sabia que algo o estava incomodando, mas não conseguia
descobrir o que era.
Sexta à noite, eu estava dormindo quando meu telefone tocou às
três da manhã. O som daquilo me acordou.
Olhando para o número desconhecido, eu queria ignorá-lo, mas
então, pensei que poderia ser relacionado ao meu pai.
Nervosa e com medo de ouvir más notícias, atendi à chamada.
— Olá?
— Srta. Hart. — Foi uma fala arrastada e preguiçosa,
pronunciada com uma voz aveludada, e senti uma emoção dentro de
mim.
— Sr. Campbell? — Eu perguntei em choque, esfregando meus
olhos.
— Está tudo bem? São três da manhã.
— É mesmo? — Sua voz áspera gotejava sarcasmo.
— Eu quero te ver. Agora, Srta. Hart. Queens Hotel. Número do
quarto 205.
— Um... hotel? — Eu engasguei, meus olhos saltando das órbitas.
— Vejo você em dez minutos.
Eu não pude entender o que ele disse até que ouvi a ligação
terminar.
— O que tá acontecendo? — Eu murmurei para mim mesma.
Não mudei o que estava vestindo, que era um shorts e um colete.
Decidi usar um moletom por cima.
Beth ainda estava dormindo quando escapei de nosso
apartamento.
Aproximando-me do luxuoso hotel, de dentro do táxi, notei a
presença de um funcionário que anotou meu nome e usou o telefone
antes de me mandar de elevador para a suíte do Sr. Campbell no
último andar.
Eu não entendi por que ele queria que eu o encontrasse no hotel
quando ele poderia simplesmente me mandar para sua casa ou me
encontrar em algum lugar que não fosse um maldito hotel.
As portas do elevador se abriram e eu saí, procurando pelo
número do seu quarto.
Quando parei em frente à porta, precisei de muita coragem antes
de bater lentamente.
Três minutos depois, o Sr. Campbell abriu a porta.
Ele estava lá em uma camisa polo que revelava seus músculos
enormes e calças pretas que abraçavam sua coxa.
Seu cabelo estava despenteado e seus lábios ligeiramente
curvados. Ele estava tão gostoso.
Eu sabia que Mason Campbell era autoconfiante, até arrogante,
um homem que não teria problemas para atrair qualquer mulher
que quisesse.
Pisquei, pega de surpresa.
Eu sentia que ele não era meu chefe, era alguém que eu pegaria
em um bar e falaria sobre ele a semana toda.
Ele estava tão bonito que doía.
Queria verificar se estava babando, mas decidi não fazer isso.
Eu sorri um pouco. Mas não houve sorriso de resposta nos olhos
cinzentos que encontraram os meus.
Meu sorriso vacilou em face de sua recepção fria.
Capítulo 10

Pow.
Pow.
— Srta. Hart. — Ele assentiu. — Você está atrasada. — E assim, o
idiota se virou e voltou para dentro, deixando-me ficar perto da
porta, meu coração ameaçando explodir.
Eu o segui para dentro da sala de estar, que era luxuosamente
mobiliada e tinha uma vista magnífica das janelas da varanda.
Estava frio por dentro, mas cada parte de mim estava quente e
suada.
— Sente-se.
Sentei-me com relutância, empoleirando-me na beirada do sofá
enquanto o Sr. Campbell se espreguiçava com uma facilidade
insolente em outro.
Cruzando suas pernas, seu olhar me intimidou e seus dedos
tamborilando lentamente em sua coxa fizeram meu estômago
apertar.
— Eu acredito que você está bastante curiosa para saber por que
eu chamei você aqui.
— Sim, senhor.
— Eu não gosto de rodeios, então deixe-me dizer isso
imediatamente. — Ele descruzou as pernas e olhou fixamente para
mim, não me deixando quebrar o contato.
— Case-se comigo, — disse ele casualmente.
Case-se comigo.
Minha mente disparou. Eu pensei ter ouvido errado.
Ele não podia ter dito que eu deveria me casar com ele.
Eu não conseguia tirar meu olhar dele. Sua postura era de
extrema tranquilidade.
Mas foram seus olhos que me acorrentaram, porque eu não
imaginei o brilho frio e calculista daqueles olhos prateados.
Tentei localizar as câmeras escondidas porque tinha certeza de
que estava sendo enganada em um reality show.
Case-se comigo. Mas o Sr. Campbell não perderia tempo fazendo
isso.
Case-se comigo. E ele com certeza nunca diria algo que não
quisesse.
Case-se comigo.
Case-se comigo.
Essas palavras soaram alto em meus ouvidos. Lentamente,
comecei a recostar-me na cadeira, sentindo-me atordoada.
Ele ficou olhando. Sem piscar. Totalmente relaxado.
Algo que não pude compreender totalmente.
Eu falei, em tom muito baixo.
— Casar com você? Eu ouvi corretamente?
— Sim, eu quero que você se case comigo.
Eu ri, uma risada bem alta. — Sr. Campbell, não pensei que você
fosse se envolver em uma pegadinha boba. Quer dizer, está falando
sério? Onde estão as câmeras? — Tentei vasculhar o sofá em que
estava sentada, puxando as almofadas e jogando-as no chão.
— Sério, senhor? Você quer brincar comigo às três da manhã?
Onde você escondeu as câmeras?
Levantei-me e verifiquei o vaso de flores, por algum motivo
acabei checando embaixo do sofá também. Eu estava prestes a
começar uma busca profunda quando ele latiu para mim.
— Sente-se.
O tom que ele usou me fez voltar rapidamente ao meu lugar
antes que eu pudesse perceber, e meu coração bateu rapidamente
contra o meu peito.
— Isto não é uma brincadeira, Sra. Hart. Estou profundamente
insultado por você pensar que eu faria tanto esforço para me
divertir, — ele disse aborrecido.
— E que seja a última vez que repito: você é a última pessoa com
quem eu faria uma piada ou faria algo bobo. Agora, eu perguntei a
você uma coisa e você aceitaria. Case-se comigo.
Eu forcei uma risada. — Por que você está dizendo isso tão
facilmente como se estivesse me perguntando como foi meu dia.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Por que você quer se casar comigo? Isso não faz sentido. — As
palavras saíram mais nítidas do que eu pretendia.
— Faz sentido. Simplesmente não precisa fazer sentido para você,
— disse ele. Havia uma luz forte em seus olhos, uma luz que era
quase assustadora.
— Quando penso nisso, você é a única melhor opção.
— Opção? Opção para quê?
— Para ser a Sra. Mason Campbell.
— Você está tentando fazer parecer que é um negócio e não um
casamento.
Ele descruzou as pernas, mais uma vez.
— É um negócio, Srta. Hart. Um que irá beneficiá-la, confie em
mim. Você só precisa se casar comigo por um ano, e depois disso,
você está livre para ir e fazer o que quiser.
Eu apertei minhas mãos na minha frente, tentando entender o
que ele estava dizendo.
— Por que você quer se casar por um ano? — Na verdade, eu não
estava pensando nisso, mas estava curiosa sobre sua condição.
— A razão será conhecida por você assim que você aceitar minha
oferta, — ele declarou secamente.
Para alguém que parecia desesperado, ele com certeza estava
saindo como se eu não tivesse escolha.
Como se ele já tivesse decidido que eu me casaria com ele, e ele só
estava sendo gentil o suficiente para me avisar. Que cara mais idiota.
— Por que eu? Por que não escolhe alguém de quem você gosta?
Como você sempre me diz, Sr. Campbell, há muitas pessoas por aí e
tenho certeza que adorariam ser sua esposa. — Fariam de tudo para
ser sua esposa, era o que eu queria dizer.
Acho que se ele anunciasse ao mundo que estava procurando
uma esposa, eles precisariam de todos os policiais do país para
segurar as mulheres.
Mas ele estava perguntando por mim...
O aborrecimento me obrigou a ficar de pé e eu calculei a distância
até a porta.
— Não tenho ideia de qual é o seu novo jogo, mas não serei
incluída nele. — Corri para frente, tentando escapar.
Eu me senti como se estivesse em um filme de terror.
Ele me pegou no meio do caminho.
Seus dedos se enrolaram em volta do meu braço e me giraram
para encará-lo.
Eu olhei para ele com um suspiro quando minhas costas se
conectaram à porta.
Seus olhos ficaram gelados.
— Eu não sou homem para falar levianamente sobre esses
assuntos, Sra. Hart. Mulheres não estão nos meus planos, e digo o
mesmo sobre casamento. Mas estou em uma situação em que tenho
que fazer uma coisa que não gosto.
Ele pressionou seus dedos na minha pele.
— Você entende, não é?
Não, eu não entendo nada.
— Isso... isso não vai acontecer. Não vou me casar com você, Sr.
Campbell. Nem nesta vida, nem em qualquer outra. — Mesmo que
me oferecessem tudo na vida, mesmo que eu nascesse de novo, eu
me recusaria a me casar com Mason Campbell. Que coisa mais
absurda!
Ele me odiava oito horas atrás e de repente queria se casar
comigo? Isso não parecia suspeito?
Ele me puxou com ele para dentro da sala. Ele estava perto - tão
perto que eu podia sentir o calor de sua respiração em minhas
bochechas.
— Eu consigo o que eu quero, — ele respirou, enquanto a riqueza
suave de sua voz passava por mim como aconteceu na primeira vez
que o conheci.
— Se eu tiver que forçar um anel no seu dedo, então que seja.
Mas no final, você será minha esposa.
Eu estremeci, olhando nos olhos ousados dele. O silêncio
zumbido se estendeu tão tenso que sua tensão estalou na sala de
estar.
— Isso é um desafio? — Eu perguntei, o nivelamento do meu tom
revelando muito mais do que as poucas palavras faladas.
— Um desafio? — ele repetiu em um tom pesado. Então ele
ergueu uma sobrancelha cética.
— Mesmo? Como quiser.
Eu desviei o olhar de seu aceno de desprezo, caminhando os
poucos passos que me separavam da porta, minha mente girando.
Casar com Mason Campbell?
Aquela é uma nova piada de mau gosto?
***

— Seu chefe pediu que você se casasse com ele? Mason


Campbell?
O espanto de Beth pairou no ar. Ela coçou a cabeça, de alguma
forma conseguindo parecer confusa, feliz e brava ao mesmo tempo.
Com meu próprio rosto irritado e confuso, tentei reunir um
pouco da minha sanidade.
Fechei os olhos e o imaginei parado ali, com seus olhos cativantes
que me perseguiam, calculando cada movimento meu.
Aqueles olhos prateados que eram tão misteriosos, mortais, como
uma bomba prestes a explodir em você.
Fechei meus olhos e pude sentir como se ele ainda estivesse
parado na minha frente, seu pulso rugindo em meus ouvidos.
Eu o imaginei lá, puxando-me para perto dele, inalando seu
hálito perfumado.
Senti a presença de Mason Campbell ao meu redor e através de
mim.
Ele disparou meus sentidos e representou um desafio vibrante
não apenas para a minha sanidade, mas para a batida do meu
coração.
Cada respiração que eu dei.
Respirando fundo, abri meus olhos e voltei minha atenção para
ela. Eu apertei a ponta do meu nariz e fechei meus olhos com força
novamente, buscando o consolo familiar da paz... mesmo que apenas
por um momento.
Mas aquilo também foi um desafio, pois tudo que eu podia ver
era ele me pedindo em casamento.
— Se estou sonhando me belisque, Laurie, mas Mason Campbell
pediu que você se casasse com ele. Você não está mentindo, está?
Eu revirei meus olhos.
— Você disse sim, né? Espero que você não tenha parecido muito
animada quando fez isso. — Seu nariz se contraiu.
— Isso não pareceria bom, Sra. Campbell. — Seu sorriso se
alargou.
— Sra. Lauren Mason Campbell, — ela declarou, suas palavras
quebrando dentro da minha cabeça. — Isso soa bem para isso, certo?
Eu olhei para ela. — Você tá usando alguma droga, Bethany? —
Eu atirei de volta, meu peito apertando. — Eu não aceitei. Por que
você não está pirando como eu?
Ela encolheu os ombros sem nenhuma preocupação no mundo.
— Por que eu deveria pirar? É uma proposta de casamento.
— Isso não te assusta?! Não parece suspeito? Por que um homem
como Mason Campbell me pediria em casamento quando poderia
ter qualquer mulher no mundo? Uma atriz, uma maldita modelo,
mas ele me escolheu.
— E você ainda acha que não é nada para ficar assustada? —
Procurei explicar em pura descrença.
As sobrancelhas de Beth se ergueram, mas se juntaram com a
mesma rapidez. Coçando a cabeça, ela me olhou como se quisesse
dizer algo, mas, pensando melhor, optou por segurar a língua.
— Acho que parece um pouco suspeito.
Meus olhos se estreitaram. — Um pouco?
Eu queria chutá-la de volta aos seus sentidos.
Ela encontrou meu olhar com os olhos estreitos e a testa franzida.
— É o maldito Mason Campbell, o solteiro mais desejado de toda
a Inglaterra, o homem mais rico e poderoso. O que há para não
gostar?
Eu arqueei minhas sobrancelhas. A realização de repente caiu
sobre ela. — Oh.
— Exatamente! — Finalmente, estávamos pensando da mesma
forma.
— O que mais ele disse?
— Algo sobre ser por um ano.
Que tipo de pessoa burra concordaria em se casar com alguém
por um ano? E que tipo de oferta era essa? Casar por apenas um
ano?
Ele achava que o casamento era como um negócio?
Beth balançou a cabeça, refletindo minha descrença e confusão.
— Ele quer casar com você por um ano? Mas por que?
— Ele não diria a menos que eu concordasse com isso. Ele é
realmente inflexível em me fazer casar com ele.
— Mas ser esposa dele... — ela parou, alguns pensamentos
entravam em sua mente. Seu espanto me irritou mais do que
deveria.
Até recentemente, descobri que Beth era a pessoa mais ilógica. Ela
não entendeu o quadro geral, os problemas que surgiam com a
proposta de Mason.
Tudo o que importava era o quão rico, gostoso e famoso ele era.
Verdade seja dita, essa proposta me pegou desprevenida. Quando
eu imaginava alguém me pedindo em casamento, seria ótimo, e eu
realmente gostaria do cara... ele gostaria de mim também.
Mas fazia muito tempo que eu não olhava para alguém ou
pensava em namorar, para começar. Mason e eu não éramos nem
amigos. Nunca sorrimos um para o outro e ele queria se casar
comigo.
— ... é absolutamente ridículo e algo pelo qual não vou perder o
sono, — terminei sua frase, lançando um longo olhar penetrante
para ela. Um brilho que se acumulou com todas as minhas
frustrações.
— Isso tudo é tão chocante. Primeiro, você começou a trabalhar
na Indústria Campbell, e agora recebeu uma proposta de casamento
do próprio grandalhão, você é muito rabuda.
— Um mês atrás, eu não teria acreditado se alguém me dissesse
que estaríamos sentados aqui conversando sobre o pedido de Mason
em casamento.
— Touché.
— Não deixe que isso te incomode. — Senti suas mãos na minha
mão.
— Eu te conheço, Lauren, você vai continuar pensando sobre isso.
Não deixe isso entrar em sua cabeça como tudo, e concentre-se em
sua vida.
Eu não conseguia me concentrar em nada quando suas palavras
ainda ecoavam em meus ouvidos.
— Deixe-me apenas dizer que estou sendo corajosa agora por
dizer tudo isso e absolutamente destruída. — Beth acrescentou com
uma exclamação: — É o maldito Mason Campbell!
— Ah, dá um tempo, tá? — Eu me levantei da mesa.
Beth e eu estávamos tomando café da manhã - foi o único dia que
conseguimos comer juntas. Nós estávamos ocupadas com o trabalho.
Eu com meu trabalho e Beth com o dela no escritório de
advocacia.
Fui para o meu quarto e ela me alcançou.
— Eu não terminei, Sra. Campbell!
— Meu deus! Dá pra parar de me chamar assim?
Ela agarrou meu braço. — Não pretendo deixar você esquecer
essa proposta. Vou contar pro seu pai — Aí! Sai de cima de mim, sua
louca!
Eu a mantive presa e murmurei em seu ouvido. — Você não vai
dizer nada para o papai. — Beth tentou se levantar, mas eu a
empurrei para baixo.
— Certo?
— Isso é realmente inapropriado, — ela comentou com um
sorriso malicioso. Lambi sua bochecha, rindo. — Ai credo! Você me
passou seus germes.
Ela me empurrou para trás e eu caí de bunda no chão com uma
risada, observando-a correr para o banheiro, gritando: — Eu te odeio
— e algo sobre o Sr. Campbell.
Capítulo 11

O estresse e a tempestade emocional que passei na semana


passada me drenaram de todos os sentimentos.
Mas eu não conseguia tirar Mason da minha mente.
Mason, o homem que era a resposta para o meu problema, mas
também era um grande problema.
O homem que conseguia o que queria.
E ele queria se casar comigo.
Eu, Lauren Hart, a garota mais comum do mundo casada com o
bilionário Mason Campbell. Não apenas um bilionário, mas o
homem mais desejado.
Não, pensei.
O pensamento queimou minha mente e corpo... não era possível.
Ele insistiu, uma voz bem no fundo da minha mente.
Algo sobre isso acendeu dentro de sua cabeça. Você sabe que sim.
O pensamento se enraizou e ficou mais forte a cada batida do
meu coração.
Deus não.
Eu tentei ao máximo me livrar disso, continuar com o que era
importante e deixar o passado para trás.
Eu tentei e empurrei com mais força para a parte de trás da
minha cabeça quando fui ver meu pai.
Fiquei feliz em vê-lo depois de alguns dias.
Entrando com suas flores favoritas nas mãos, parei na porta.
Alto, moreno e taciturno como uma tempestade negra, ele estava
de costas largas para mim e minha boca ficou seca ao vê-lo.
Eu o reconheceria em qualquer lugar. Mason Campbell era o tipo
de homem difícil de não notar.
Não apenas porque ele era grande, mas porque carregava uma
aura poderosa que atrai você para ele.
De forma simples, ele se destaca.
Papai foi o primeiro a me localizar.
— Lauren.
Ele se virou e eu esqueci de respirar.
Seu cabelo estava liso e quase brilhando na luz.
Seus ombros se curvaram e ondularam com o movimento, e seu
perfil forte revelando o quão forte ele tinha cerrado a mandíbula, o
quão sombrio eram suas belas feições.
Ele sabia que uma cara séria o faz parecer ainda mais gostoso?
Mais atraente?
Eu estremeci, calafrios começaram a subir e descer pela minha
espinha quando seu conjunto de orbes prateadas me cativou em sua
prisão.
Aquele era o homem que dobrava os outros à sua vontade. Ele
diminuiu a distância entre nós, me alcançando antes que eu pudesse
recuperar o fôlego ou me recuperar de vê-lo.
Tentei manter a calma... mas, droga, quando ele se ergueu sobre
mim como se fosse me engolir inteira... foi difícil.
Inclinei meu queixo para olhar para ele, meu coração batendo
forte, as emoções selvagens girando dentro de mim.
Eu olhei em seus olhos, mas não pude ler o que estava escondido
atrás deles.
Ele havia erguido escudos impenetráveis, não deixando espaço
para eu adivinhar por que ele estava ali.
Eu olhei furtivamente para papai, que estava observando Mason
com admiração, sorrindo brilhantemente como se tivesse sido
anunciado que ele sobreviveria, o que levantou mais perguntas.
Minha sobrancelha se franziu.
Mason sorriu... se o movimento ascendente no canto esquerdo de
seus lábios pudesse ser qualificado como um sorriso.
— Olá, Lauren, — ele cumprimentou. A riqueza de sua voz me
deixaria de joelhos.
Ele me chamou de Lauren de uma maneira diferente.
Era mais como se ele estivesse tentando me seduzir, para ser
honesta.
Eu nunca, em um milhão de anos, imaginei que Mason teria esse
tipo de voz... a voz profunda e sedutora que era reservada apenas no
quarto.
E ele estava usando em mim agora.
Limpei a garganta, meio com medo de que minha própria voz
falhasse, mas as palavras estavam presas na minha garganta. Por
onde devo começar?
— Eu estava apenas tendo uma boa conversa com seu pai sobre
seus dias de infância, — ele arriscou, lançando um rápido olhar para
meu pai.
— Você deu trabalho.
Pisquei, então o estudei, tentando ver a verdade por trás de seus
olhos. Ele fez parecer como se estivesse tudo bem para ele saber
sobre a minha infância.
Mas antes que eu pudesse exigir respostas, uma ligeira mudança
em sua expressão, algo na maneira como ele estava olhando para
mim tirou as palavras.
Meu coração respondeu, batendo descontroladamente contra
minhas costelas.
— Estou muito feliz em saber que você ainda é a mesma garota.
— Sua voz fluiu para dentro e ao meu redor, sua profundidade
suave me balançou novamente.
Feliz em saber que eu era a mesma garota? Ele não sabia nada
sobre mim. Eu tinha que reconhecer que ele era um bom mentiroso,
mas por que ele estava mentindo era um mistério para mim.
— O que você está fazendo aqui? — Consegui sussurrar.
Houve uma onda de gritos de silêncio.
E foi nesse vazio cada vez mais profundo que suas palavras
caíram.
— Eu não esclareci isso? Se você não vai apresentar o homem
com quem vai se casar para seu pai, pensei, por que eu não poderia
fazer isso?
As únicas palavras ressoando em meus ouvidos eram o homem
com quem vai se casar.
Fechei os olhos e contei de um a dez.
O rosto de Mason refletia uma calma absoluta, uma calma que eu
estava longe de sentir enquanto ele esperava minha reação.
Meus lábios se moveram, mas nenhum som veio. Demorou várias
tentativas antes que eu pudesse encontrar minha voz.
— O quê? — Isso foi o melhor que eu pude pensar.
Fiquei chocada. Eu não esperava isso dele de forma alguma.
Ir pelas minhas costas para encontrar meu pai e mentir sobre
estar noivo de mim, isso foi um movimento idiota. Mas fui eu quem
o desafiou para começar.
Bem, eu nunca esperei que isso acontecesse!
Minha escolha de palavra provocou um leve sorriso.
— Não se preocupe, amor. Eu não contei todas as surpresas
ainda, — ele disse levemente, então se inclinou para frente em minha
orelha esquerda. — Eu não disse a ele que seria em duas semanas.
Duas semanas? Eu me casaria em duas semanas?
O que diabos eu estava dizendo? Não iria me casar em duas
semanas!
— Esse é o seu plano? — Perguntei o mais baixinho que pude
para que meu pai não pudesse ouvir o que eu estava dizendo.
— Vir ver o meu pai? — Foi uma declaração, não uma pergunta.
Revirei os olhos, passando por ele para caminhar até meu pai na
cama. Eu ia dizer a ele que Mason não era o homem com quem eu
iria me casar e que não havia nenhum homem, para começar.
Mas papai começou a chorar antes que eu pudesse dizer algumas
palavras.
— Oh, querida, você não tem ideia de como estou feliz, — disse
ele, enxugando as lágrimas. — Eu pensei que morreria antes de ver
minha linda garotinha em seu vestido de noiva. Oh, Lauren, estou
tão feliz.
Algo feriu meu coração e eu sabia exatamente o que era.
Papai continuou, sorrindo para meu chefe. — Mason, você tem
sorte de tê-la. Você vai tratá-la bem, certo, filho?
Filho?
Mason acenou com a cabeça. — Claro, senhor. Eu a trataria
exatamente do jeito que ela merece.
Do jeito que eu mereço? Era uma piada? Claro, papai não
entendeu, mas as palavras de Mason o fizeram parecer mais feliz do
que eu jamais o tinha visto.
— Venha aqui, querida. — Ele abriu os braços e eu me recebi em
seus braços seguros e quentes. — Como estou feliz, Lauren.
Meus olhos formaram uma poça de lágrimas e não consegui tirar
sua felicidade.
Eu queria dizer a ele que aquilo não iria acontecer e que o
casamento não era do jeito que ele imaginava.
Não era um casamento por amor e não duraria para sempre. Eu
gostaria de poder contar a ele todas essas coisas.
Quem é que concordaria em casar com um contrato?
— Ok, pai. — Eu me afastei, sorrindo para ele.
— Vou falar com o Sr. Campbell sozinha lá fora por alguns
minutos. Você vai ficar bem?
Papai levantou uma sobrancelha.
— Ela me chama assim quando está chateada comigo, —
comentou o Sr. Campbell atrás de mim. — Você sabe como são as
mulheres e seus acessos de raiva.
Minha mão se fechou em um punho ao meu lado. Eu realmente
queria dar um soco nele.
Papai deu uma risadinha. — Exatamente como a mãe dela. —
Então ele sorriu para mim. — Querida, não seja muito dura com ele.
Forcei um sorriso falso antes de assentir.
— Não se preocupe, pai, não vou encostar um dedo nele, — eu
disse, olhando para o Sr. Campbell. Ele estava me observando de
perto, uma sobrancelha escura casualmente levantada, algo ousado e
estranhamente cintilante em seus olhos.
Sem hesitar, ele me seguiu para fora da sala.
Eu não queria que ninguém nos visse, então abri a porta de uma
sala vazia.
O Sr. Campbell deu vários passos para ficar perto da janela. Mãos
fortes unidas atrás das costas, pernas fortes ligeiramente afastadas,
ele olhou para fora.
O silêncio engrossou - junto com minha inquietação.
— O que você está fazendo?
Por fim, ele se virou, sua expressão ilegível.
— Eu descobri mais sobre sua vida. Seu pai está morrendo de
câncer. Pelo relatório que recebi, ele está aqui há algum tempo,
sofrendo.
— Isso não tem nada a ver com o que eu perguntei!
— Receio que sim.
Aproximei-me dele, apontando meu dedo. — Eu não vou casar
com você.
— Receio novamente, Srta. Hart, que está fora de questão. Falei
com alguns dos meus médicos, e seu pai pode sobreviver.
Um som de esperança soou alto em meus ouvidos. — O quê? —
Sussurrei em choque.
— Você me ouviu corretamente. Com os melhores médicos
cuidando de seu pai, ele sobreviverá.
— Meu deus. — Eu coloquei a mão sobre minha boca.
— Não fique tão animada ainda. — Suas palavras me deixaram
sem fôlego. — Ele vai precisar de vinte milhões de libras, e é aí que
eu entro.
— Se você concordar em se casar comigo, pagarei pelo
tratamento do seu pai e você receberá um bônus.
O quê?
— Não.
Ele ergueu uma sobrancelha. — Você prefere deixar seu pai
morrer? É isso, Srta. Hart? Você quer o arrependimento que virá
quando ele der seu último suspiro?
Eu engoli, fechando meus olhos antes de abri-los novamente. —
Existem outras maneiras...
Minha resposta pareceu diverti-lo. — Em outras palavras, você
não tem dinheiro.
— Vou encontrar outro jeito, — eu sussurrei, as lágrimas
ameaçaram escapar dos meus olhos.
O Sr. Campbell cruzou os braços e me estudou, seus olhos cheios
de zombaria.
— E por favor, diga como você vai fazer isso? Você vai implorar
por um empréstimo? — Ele perguntou se divertindo. — Quem vai
ter pena de você?
— Vou trabalhar, — acrescentei, corajosamente.
Suas sobrancelhas se ergueram. — Ah, é? E por quanto tempo?
Cinco anos? Dez? Para sempre antes de você conseguir essa quantia,
ou nunca? O câncer do seu pai vai esperar por você?
— Pare com isso.
— Não, estou tentando te entender, Srta. Hart. O que você vai
fazer para conseguir esse tipo de dinheiro?
— Eu não vou casar com você. — Ele deu um suspiro. — É
chantagem.
— Chantagem ou não, tanto faz, — ele encolheu os ombros. —
Vamos acabar casando.
Eu não sabia de onde vinha sua confiança. Minha mente me disse
que não havia outra maneira de conseguir esse tipo de dinheiro.
Eu deixaria meu pai morrer?
Porque meu ego levou o melhor de mim?
— Tem que haver outra maneira. Vou trabalhar vinte e quatro
horas para você, se for preciso. Apenas, algo que não seja casamento.
— Não haverá negociação, Srta. Hart, — disse ele por fim. —
Você tem uma escolha e é melhor se decidir antes que seja tarde
demais. É verdade que posso ter qualquer mulher que eu quiser,
mas eu não quero nenhuma mulher. Eu quero você, Lauren.
Quero você.
Mesmo que suas palavras fossem inocentes, isso despertou algo
perigoso em mim.
Eu respirei fundo, estremecendo, mas imediatamente me
arrependi porque seu perfume requintado e descontroladamente
perturbador encheu meus pulmões.
Uma miríade de emoções cintilou em meu rosto antes de eu virar
as costas para ele, colocando a mão na minha testa antes de puxá-la
de volta para correr meus dedos pelo meu cabelo.
Reuni minhas emoções dispersas e silenciosamente deixei a sala
para ir ver meu pai. Eu precisava vê-lo antes de tomar qualquer
decisão.
Ele não me impediu.
Capítulo 12

Empurrei a porta e entrei.


— Oi, pai.
Ele manteve a revista que estava lendo e olhou para mim em
dúvida. — Ele está inteiro?
Eu sorri e segurei suas mãos, sentando na cadeira perto de sua
cama.
— Por que você está tão preocupado com ele? Você acabou de
conhecê-lo.
Qualquer pessoa que conhecesse Mason Campbell não ficaria
preocupado com ele.
Eles aplaudiriam se ele fosse atropelado por um carro, e isso
apenas se o encontrassem por cinco minutos. Não ficaria surpresa se
alguém que o conhecesse por mais tempo estivesse planejando seu
assassinato.
Só deus sabe quantas vezes eu quis matar aquele homem.
— Eu sei que acabei de conhecê-lo, querida, mas eu sinto que
conheço esse rapaz há anos.
— Você não me disse que estava namorando e que ele a pediu em
casamento. — Ele olhou para mim e perguntou gentilmente: — Você
está feliz, querida, não está?
Dizem que os pais sabem exatamente como seus filhos se sentem
sem eles dizerem nada. Por que meu pai não estava vendo como eu
estava infeliz?
O quão assustada a presença de Mason me fazia sentir e quão
estressada eu estava.
— Estou feliz, papai. Mas ficarei mais feliz se te vir melhor de
novo.
Ele deu um sorriso triste e derrotado. — Eu vivi anos incríveis. —
Sua mão tocou minha bochecha esquerda e eu coloquei a minha
diretamente em cima da dele.
— Fui um bom filho, um bom marido... — Ele inclinou a cabeça
com um sorriso radiante.
— Um ótimo pai para uma ótima filha. Estou feliz com a vida que
vivi por cinquenta anos, Lauren.
— Se eu morrer agora, vou morrer um homem feliz.
— Pai...
— Ouça, me acalma saber que Mason cuidará de você depois que
eu partir.
Se ao menos você soubesse que o seu desejo não se tornaria
realidade. Aquele homem me odiava.
— Eu não quero que você morra, — eu disse, engasgando.
— Todos aqueles que vivem devem morrer, querida. Aquele
homem lá fora, — ele apontou o dedo para a porta. — Ele vai te
tratar bem. Sou um bom juiz de caráter.
Eu encarei meu pai, realmente encarei ele e decidi que não queria
que ele morresse.
Eu queria que ele vivesse e aproveitasse mais trinta anos de sua
vida. Eu não queria imaginar a vida sem ele.
— E se houver outra maneira?
Ele olhou para mim confuso. — Outra maneira? O que você quer
dizer? — Ele cutucou.
— E se eu disser que há uma chance de você viver, pai?
Seu rosto exibia várias emoções - choque, descrença, felicidade e
esperança. Vi esperança em seus olhos.
Ele começou a sorrir e soluçar ao mesmo tempo, e eu o segurei.
Ambos chorávamos de felicidade, mas, ao mesmo tempo, chorava
pela vida que começaria com Mason Campbell, pela verdade que
escondi de meu pai.
Eu sabia que quando um ano se passasse, não seria mais capaz de
mentir. Ele pode me perdoar, talvez não, mas tudo que fiz até agora
foi para garantir que ele sobrevivesse.
A qualquer custo.
Quando encontrei o Sr. Campbell, uma hora depois, parei na
frente dele e soltei um suspiro.
— Se vamos fazer isso, acho que devo saber por que você de
repente quer se casar.
Ele respondeu à minha pergunta com um sorriso bem-
intencionado e satisfatório.
— Bem, — ele começou arrogantemente, movendo-se para dar
alguns passos para longe de mim, encostando seu corpo contra uma
mesa. — Eu devo uma explicação a você, não devo?
O Sr. Campbell se moveu para se sentar na cadeira, cruzando as
pernas.
— Meu avô tem uma fortuna. Você ficaria chocada se eu dissesse
quanto. Ele tem dois filhos — meu pai e meu tio.
— Ele deu a cada um deles vinte por cento, e os sessenta por
cento restantes vão para seu neto mais velho.
— Deveria ter sido Tom, mas ele sofreu um acidente há seis anos,
perdeu a sanidade e foi considerado irrecuperável. — Suas feições,
assim como sua voz, não refletiam nenhum indício de emoção.
Sem saber o que dizer, fiquei em silêncio.
Achei que prestar condolências pudesse ser a coisa errada a se
fazer, ou ele poderia me dar uma bronca por interrompê-lo. Além
disso, não achei que ele esperava que eu dissesse nada.
— Depois disso, foi passada para o próximo neto. Ou seja, para
mim, — ele continuou. — Bem, não exatamente para mim, mas para
a mulher com quem eu me casar, minha esposa. — O endurecimento
de seu tom não passou despercebido por mim.
Meus olhos quase saltaram das órbitas.
— Eu vou receber todo esse dinheiro? — Ele me olhou
atentamente. Percebendo o que eu disse, sorri timidamente, minhas
bochechas queimando de calor. — Não foi o que eu quis dizer.
— Então, o que foi, Srta. Hart?
Eu revirei meus olhos. — Por que para sua esposa? Porque não
para você? — Eu perguntei devagar.
— Devemos ir ao túmulo e perguntar isso a ele? Talvez ele
responda à sua pergunta, — ele respondeu sarcasticamente.
— Então você quer se casar comigo e...
— Adquirir a propriedade, sim.
— Mas isso não é trapaça...
Ele me cortou. — Não estamos aqui para debater sobre isso, Srta.
Hart. — Então, ele riu asperamente.
— E, francamente, você é a única mulher em quem confio que
não vai fugir com o dinheiro assim que ele cair em sua conta
bancária.
Eu fiz uma careta. — Nossa, sorte minha então.
— O advogado do meu bisavô espera que eu me case com uma
mulher neste mês, ou eu perco o dinheiro para o idiota de um primo.
— E se eu não escolher uma noiva logo, está declarado no
testamento que eu me casarei com a mulher que meu pai aprovar. —
Um breve espasmo de fúria cruzou seu rosto.
— Casar-se com alguém da escolha de meu pai não é uma opção,
Srta. Hart.
Minha boca se formou em um sorriso malicioso. — Então, o
grande Mason Campbell se curva à vontade de alguém?
Ele olhou para mim. — Meu pai é um homem obstinado que
consegue o que quer.
Tal pai tal filho.
— Mas não vou deixá-lo escolher uma esposa para mim. Se eu
deixar que ele me controle nisso, ele ficará convencido de que pode
me controlar em tudo, e ninguém me controla.
Sua voz endureceu e eu engoli.
— Esta não é a combinação mais adequada...
Uma combinação improvável, eu queria dizer. Eu consegui me
parar a tempo. Ele consideraria isso um insulto.
O problema com o Mason era que ele pode te insultar, mas
quando você faz isso com ele, ele leva isso a sério.
Quando eu não respondi, ele arqueou uma sobrancelha escura.
— Você não tem nada a dizer? Não vai pedir mais dinheiro? Você
realmente é diferente. — Ele pareceu surpreso.
— É o que você diz.
— Então, o que me diz, Srta. Hart, está pronta para ser minha?
Meus olhos se arregalaram em um grau alarmante.
Sua.
Então era isso, eu estava realmente concordando com isso. Eu ia
me tornar a esposa desse ousado estranho.
Ele pode muito bem ser um estranho, já que eu não sabia nada
sobre ele.
Para mim, sempre sonhei com um casamento luxuoso e me casar
com alguém que eu amava, ter uma casa juntos e viver nossas vidas
felizes.
Como eu poderia morar em uma casa por um ano com alguém
que nem se importa comigo?
Como eu poderia morar em uma casa onde tudo pode ser restrito
e eu não poderia estar confortável com isso?
Por um instante atemporal, balancei impotente entre o sim e o
não.
Se eu concordasse, seria um casamento solitário e provavelmente
com um marido ausente, porque algo me diz que o Sr. Campbell não
concordaria em morar comigo.
Eu ficaria louca em dizer sim a este casamento, e igualmente
estúpida em dizer não.
— Você sabe que ainda não perguntou, — eu disse, olhando para
ele. — Tudo que você fez foi tirar meu direito e assumir que eu diria
sim para você. Você é um homem arrogante.
Ele inclinou a cabeça para o lado. — Você deseja que eu me
ajoelhe?
— De alguma forma, não vejo isso acontecendo.
— Bom, você é inteligente. Você sabe o que posso e o que não
posso fazer, — respondeu ele, olhando para a porta como se tivesse
ficado entediado com a conversa e tivesse assuntos muito mais
importantes a tratar.
Eu estava fazendo um bom favor a ele! Na verdade, nós dois
ganharíamos algo com isso.
— Deixando isso de lado, — eu comecei, encarando seus olhos
novamente. — Gostaria de negociar os termos deste contrato. Tem
que estar do jeito que quero.
Por um longo momento, ele me olhou como se mal pudesse
compreender o que acabara de ouvir. Uma carranca escura passou
por seu rosto.
— Do jeito que quer? — ele repetiu. — Espero que você saiba que
estamos nisso juntos, certo? Nós dois. Você não vai se casar sozinha,
vai?
— Você não pode esperar que eu celebre um contrato de
casamento sem estabelecer minhas próprias regras. Isso seria uma
loucura da minha parte.
Um músculo se contraiu em sua mandíbula e qualquer indício de
diversão desapareceu.
Era óbvio pela raiva em seus olhos que ele não estava
acostumado a ouvir isso de ninguém, e certamente não de uma
mulher.
Ele estava acostumado a ser temido e obedecido.
Mason se aproximou de mim, o cheiro de sua colônia atingindo
meu nariz. Ele olhou para mim.
— Vou mandar meu advogado se encontrar com você e escrever
o contrato de acordo com a nossa vontade, até que ambos estejamos
satisfeitos.
— Quando você for para casa, anote quantas regras quiser, Srta.
Hart, e verei quantas regras valem a pena manter.
Eu concordei.
Idiota.
Ele deu um passo à frente.
— E outra coisa, você não deve voltar ao escritório. — Ele
encontrou meu olhar friamente.
— Você vai ser minha esposa e eu separo o trabalho da minha
vida pessoal.
— Mas...
— O dinheiro fez você trabalhar para mim, certo? Você receberá
isso quando nosso casamento expirar.
Ele foi até a porta e a abriu. Inclinando a cabeça, ele
silenciosamente indicou que eu examinasse.
Eu me movi atordoada. Minha mente estava girando e eu mal
conseguia entender tudo o que tinha acontecido.
Parecia tão... surreal!
Há apenas algumas semanas, conheci aquele homem... agora
parecia que estava prestes a me casar com ele.
Sra. Lauren Mason Campbell.
Aquilo me assustava muito. Como eu seria uma esposa de
alguém assim?
Alguém cujo mundo era diferente do meu? O que é preciso para
ser a Sra. Mason Campbell?
Como devo começar a lidar com isso?
Só o tempo iria dizer.
Capítulo 13

Estávamos na confeitaria com Beth, vendo-a comprar um bolo


grande para a irmã, que acabara de se formar no ensino médio.
Beth tinha dois irmãos. Ela era a mais velha, e Stephanie tinha
apenas dezoito anos, e o mais novo deles tinha onze, Daniel.
Eu amava sua família. Eles eram boas pessoas, especialmente
seus pais.
Eles me tratavam como sua própria filha.
Quando meu pai mal estava em casa, eu estava sempre na casa
deles, e sua mãe nunca me deixava sentir falta de minha própria
mãe.
Ela se endireitou e se virou para mim.
— Nós temos mantimentos suficientes? Esqueci de verificar antes
de sairmos.
— Sim, mas não muito. No entanto, estamos sem leite. Usei a
última caixa esta manhã, — eu disse, distraidamente.
— Podemos ir às compras amanhã.
Ela acenou com a cabeça, me observando. — E aí? Você queria me
dizer algo?
Olhei em volta para me certificar de que ninguém estava
ouvindo, então me inclinei e sussurrei: — Vou me casar com Mason
Campbell.
Demorou três segundos antes de reagir à notícia.
Seus olhos se arregalaram e ela abriu a boca para gritar antes que
eu colocasse a mão em sua boca, bloqueando seus gritos.
— Fique quieta, — eu assobiei em um aviso.
— Ninguém sabe, exceto você e meu pai. — Com a menção do
meu pai, seus olhos se arregalaram ainda mais.
Ela recuou um pouco e minhas mãos caíram para os lados.
— Você vai se casar com Mason? — Ela perguntou em um
sussurro, seu tom soando surpreso e animado. — Puta merda, você
vai ser a Sra. Mason Campbell. Você sabe o que isso significa?
— Que estou condenada? — Eu meditei em voz alta.
— Não! Você conseguiu o que toda mulher quer! Ter Mason é
como ter toda a riqueza deste mundo. Você tem ideia de como você é
sortuda?
— Deixe-me lembrar que é um casamento por contrato que dura
um ano. Não é real.
Beth me observou com interesse.
— E daí? Mesmo que seja por um dia, é um grande negócio.
Lauren, você vai ser uma daquelas esnobes que odiamos. — Ela riu.
Eu olhei para ela. — Claro que não. Eu nunca vou ser uma
daquelas idiotas.
— Quando é o casamento?
— Não sei. — Dei de ombros. — Provavelmente em duas
semanas, quando tudo estiver resolvido.
Ela ficou um pouco surpresa. — Você não sabe a data do seu
casamento?
— Se você pensar sobre isso, não é realmente meu casamento.
Um casamento de verdade, quero dizer. Este é apenas um acordo
entre duas pessoas, e não estou animada com isso.
— Você deve ser a noiva menos empolgada. E eu estou com
vontade de bater em você agora porque você vai se casar com Mason
Campbell, e você deveria estar gritando e pulando de empolgação.
Revirei os olhos e ignorei a observação boba.
— Por que você simplesmente não se casa com ele, Beth?
— Ele escolheu você, querida.
Uma sombra escura tomou conta de seu rosto antes que ela
engasgasse, batendo no meu ombro direito repetidamente.
— Inferno, precisamos excluir todas as suas contas de redes
sociais.
Eu tirei a mão dela do meu ombro e levantei minhas sobrancelhas
em confusão. — Por que?
— Porque você será o alvo. A mídia vai te devorar quando
descobrir algo sobre você, e vão aparecer tantos haters que você se
arrependerá de estar viva.
— Você sabe o que é ser alvo deles, Lauren? Eles são como um
veneno lento. Você se casará com Mason Campbell e todos os olhos
estarão voltados para você agora.
— Eles serão alertados a cada movimento seu. apontarão todos os
seus erros e farão de tudo para derrubá-la.
Fique surpresa com a calma com que Beth conseguia explicar
tudo quando minhas entranhas estavam cambaleando de pavor.
Isso vai acontecer comigo?
— Mas eu não pedi por isso.
Beth olhou fixamente para mim por um momento, então riu alto.
— Olhe para você, nada começou e você já está levando muito a
sério. Ninguém vai se importar, querida.
— É apenas uma questão de tempo antes que a notícia se espalhe
e você tenha que se preparar.
— Como? — Eu pausei. — Como faço isso?
— É fácil. Apenas bloqueie seus olhos e ouvidos e você ficará
bem.
— Muito bom. — Eu belisquei minhas bochechas para colorir e
corri meus dedos pelos meus cachos de cabelo encaracolado.
— Mas você não deveria me aconselhar sobre como sobreviver
com Mason?
Seus olhos dançaram com humor. — Verdade, mas não faço ideia.
Ela deu um tapinha no meu braço. — Você está por sua conta.
Eu joguei minhas mãos para cima. — Beth! É sério? Conte-me as
histórias sobre ele novamente. Como ele é?
— Mason Campbell, — ela recitou seu nome, levando alguns
segundos antes de começar novamente, — As histórias sobre ele são
verdadeiras, sem mentiras. Você já sabe que ele é grande, violento e
temível.
— Ele é implacável e não mostra misericórdia com aqueles que o
prejudicam e aterroriza qualquer um que respire.
— Você está tentando me assustar? — Mas eu sabia que ele era
tudo isso. Ele também era feroz.
Ele era como um leão, e logo eu iria morar na cova dos leões, ficar
à sua mercê.
— Você já está com medo. — Ela voltou seus olhos brilhantes
para mim. — Prometa-me que você vai pelo menos seduzi-lo. Você
sabe o que dizem - você pode domar a besta.
— Alguém pulou suas pílulas matinais, — eu disse em descrença,
bufei de desgosto com a ideia de seduzi-lo.
— Eu não vou seduzi-lo. Este não é um casamento de verdade, é
um acordo, e sedução ou qualquer outra coisa não vai acontecer.
Então, é melhor você não tocar mais nesse assunto.
— Vou simplesmente ignorá-lo até o fim do ano e seguir com
minha vida.
— Mm, — Beth continuou, não acreditando na minha palavra. —
Acho que essa é a coisa responsável a fazer.
O vendedor entregou a Beth duas sacolas.
— Obrigada, — ela murmurou antes de irmos para a porta,
deixando a confeitaria.
— Às vezes, me pergunto por que ouço você, — reclamei,
entrando no carro.
Ela sorriu para mim. — Porque eu sou sua melhor amiga e você
me adora.
— Não é isso.
— Quando você vai vê-lo? — ela questionou enquanto ligava o
motor, então seguiu para a estrada.
— Vou me encontrar com o advogado dele amanhã às quatro
para revisar o contrato, — expliquei, sentindo que tudo ainda era um
sonho. — Sr. Campbell quer que eu escreva minhas regras, se eu
tiver.
Ela deu uma olhada rápida para mim antes de seus olhos
voltarem para a estrada novamente.
— Você tem?
— Eu preciso, e tenho certeza que ele tem suas próprias regras
também. Não sei. — Dei de ombros, olhando para o meu telefone
para sua última mensagem.
Meu advogado encontrará você às quatro horas na Campbell
Corporation.
Beth parou na casa de sua família. Não era grande e também não
era pequena. Era uma bela casa que tinha muito amor um pelo
outro.
A porta da frente foi aberta antes de sairmos do carro e os cachos
escuros correram rápido e se lançaram sobre Beth. que foi pega de
surpresa, mas sorriu mesmo assim.
— Você está aqui! — A adolescente cantou, afastando-se do
abraço.
— Onde está meu bolo?
Beth bufou. — Eu sabia que essa recepção era boa demais para
ser verdade.
Stephanie sorriu e olhou em minha direção. — Laurie me disse
para sempre recebê-la como se sentisse sua falta e eu arrancaria algo
de você.
Ela se concentrou em mim e amaldiçoou: — Sua vadia.
Eu lancei para a irmã mais nova de Beth um olhar de
desaprovação. — Sério, Stephanie? Não podemos manter as coisas
entre nós? — Eu perguntei, balançando minha cabeça.
— Achei que pudesse contar com você, menina.
— Eu não sou uma menina! — ela atirou em mim, irritada. Eu a
ignorei e me dirigi para a porta da frente. — Você é apenas alguns
anos mais velha do que eu.
Eu me virei e caminhei para trás, encolhendo os ombros com um
sorriso torto. — Não muda o fato de que você ainda é uma menina.
Stephanie bateu os pés com um gemido e marchou bem atrás de
mim.
— Lauren! Estou tão brava com você, querida. Você não nos
visita há muito tempo. — A mãe de Beth cumprimentou,
envolvendo os braços em volta de mim.
Fechei meus olhos e abracei o calor de uma mãe de que fui
privada.
Sua voz soou sincera e isso me fez sentir desagradavelmente
culpada.
— Você não tem ideia do quanto eu senti sua falta e sua
repreensão, Leigh. É que as coisas estão difíceis e não tive tempo de
passar por aqui.
Respirei fundo, tentando ignorar a sensação de que meu mundo
estava fora de controle e estava tudo acontecendo tão rápido como se
ninguém tivesse misericórdia de mim.
— Mãe, ela acabou de chegar. Deixe-a em paz, — Beth castigou
quando ela deu a volta e abraçou sua mãe.
As duas se separaram antes que Leigh olhasse para sua filha.
— Eu sou sua mãe, Beth, você não pode me dizer o que fazer.
Horas depois, nós três estávamos preparando o jantar, Stephanie
estava na casa de uma amiga e Daniel em seu quarto, jogando
videogame.
Eu estava preparando a salada em silêncio, entrando na conversa
de Leigh e Beth apenas quando elas me faziam alguma pergunta.
— Mãe, você nunca vai acreditar com quem Lauren vai se casar.
Leigh largou a faca e olhou para nós em estado de choque.
— Lauren vai se casar?
Beth sorriu. — Mãe, eu garanto a você, essa não é a parte
chocante. Ela vai se casar com Mason Campbell.
Suas palavras ficaram no ar e eu me perguntei por que ela estava
jogando essa bomba agora, quando não tínhamos discutido se ela
tinha permissão para contar a sua mãe ou não.
— O quê?! — Leigh gritou, fazendo-me pular por ser pega
desprevenida.
Eu ignorei o olhar surpreendente que ela ainda usava em seu
rosto pálido enquanto ela se inclinava para frente, mantendo sua
atenção em mim.
— Você vai se casar com aquele homem famoso? Eu ouvi
corretamente? Ele é um homem mau, Lauren.
Ela fez uma pausa, deixando suas últimas palavras pairarem no
ar. — Como isso é possível?
— Onde você o conheceu e quando vocês dois se apaixonaram?
Tem certeza de que não está se precipitando?
— Mãe, respire.
Mesmo enquanto ouvia a mãe preocupada sob seu tom, eu ainda
sorria e mentia descaradamente, embora o pavor estivesse subindo e
descendo pela minha espinha.
— Leigh, está tudo bem. Eu sei quem ele é, e ele nunca escondeu
isso de mim.
Uma mentira das grandes.
Eu não sabia quem Mason realmente era.
Só conhecia as histórias que ouvi sobre ele e os dias que passei
em sua presença.
Mesmo depois disso, eu ainda não conseguia definir bem quem
ele era.
Não dava para realmente conhecer Mason Campbell apenas por
estar em sua presença, ou pelas histórias sendo contadas.
Não dava para conhecê-lo apenas olhando em seus olhos.
Não havia ninguém que pudesse dizer quem ele era.
Para conhecê-lo, você precisaria entrar em sua mente, sua alma e
ver o que há por dentro.
Teria que tirar a máscara que ele usa o tempo todo e se preparar
para o pior.
Claramente, isso era algo que nunca iria acontecer.
— As pessoas exageram sobre ele, mas ele é tão atencioso, gentil e
amoroso - essas qualidades são difíceis de encontrar em um homem
hoje em dia. Eu amo ele. Nós nos amamos.
As sobrancelhas de Beth estavam tão altas que você pensaria que
elas estavam prestes a escapar de seu rosto. Eu dei a ela um olhar
penetrante, um que claramente significava que seus lábios
precisavam ser fechados.
— Uau, — disse Leigh. maravilhada. — Essas são as palavras que
eu nunca pensei que seriam associadas a ele. Onde vocês se
conheceram?
O pânico começou a crescer em meu peito.
Tentei me esquivar dessa pergunta pela primeira vez porque não
sabia o que dizer. Que mentira precisava dizer para convencê-la?
Nunca me passou pela cabeça que essa era uma questão
importante.
Todos gostariam de saber como nos conhecemos. Que tal dizer
que fui ao escritório dele e quase fui morta pelos seus homens, então
nos apaixonamos?
Eu podia ver os olhares esquisitos que receberia de todos.
Mas eu deixei meu medo de lado e decidi dizer algo ou Leigh
faria tudo para me salvar de ser casada com ele se ela sentisse o
medo ou ouvisse o desgosto em minha voz.
Eu não poderia colocá-la nessa situação quando sabia que não iria
acabar bem para nós.
— No café. Foi tão clichê, na verdade. — Eu ri.
— Nós nos esbarramos e eu derramei café nele. Ele odeia café.
— Eu me ofereci para lavar seu terno a seco, mas em vez disso ele
pediu meu número e foi isso.
Leigh parecia estar se esforçando tanto para acreditar em minhas
palavras, a julgar pela sua testa franzida.
— Não consigo imaginar isso acontecendo, — disse ela, fazendo
meu coração disparar no peito de medo de ser descoberta.
— Mãe, se ela disse que foi isso que aconteceu, então foi isso, —
Beth acrescentou, e eu dei a ela um sorriso de aprovação.
— Claro que não Eu acredito em você. — Ela tocou meu braço.
Pisquei de volta com brilho em meus olhos. — Seja o que for que
você precise, nunca hesite em me perguntar.
— Nós somos família.
Eu sorri e passei meus braços em volta dela em agradecimento.
Depois do jantar, Beth e eu subimos para o antigo quarto dela, o
quarto em que eu tinha dormido tantas vezes que eu não conseguia
contar, onde conversávamos sobre meninos, chorávamos e ríamos de
nossos relacionamentos.
Aquele já foi nosso santuário.
Eu encarei as paredes rosa, a velha cama de solteiro, os pôsteres
de Harry Po er e as fotos penduradas na parede. E nosso lugar
favorito; a janela de sacada.
— Droga, passamos anos fofocando aqui, — disse Beth ao meu
lado, com um sorriso no rosto. — Era legal, não era?
— Bons tempos, amiga, — respondi, movendo-me para a janela
saliente.
— Não posso acreditar que foi aqui que decidimos que
queríamos mudar o mundo. Como nós éramos bobas.
— Nós não éramos bobas, Lauren. Éramos apenas adolescentes
com grandes sonhos.
Eu sorri. — Se ao menos elas pudessem nos ver agora. Elas
saberiam que não é uma boa ideia sonhar grande, desejar algo que
nunca aconteceria.
— Lauren...
Eu a encarei. — Estou falando sério, Beth. Ter grandes sonhos é
um veneno.
Eu mantive minhas costas para ela enquanto abria a janela. Em
seguida, estiquei primeiro o pé esquerdo e o outro antes de sair para
o telhado.
Deitei lá com a mandíbula cerrada e olhei para a noite enevoada,
o brilho de estrelas distantes cintilando no céu negro. Beth saiu e se
juntou a mim no telhado.
— Você sabe o que eu mais sinto falta da nossa infância? Isso...
ficar aqui no telhado, olhando para o céu. Sinto muita falta, — eu
disse, finalmente, dando boas-vindas ao frio da noite em meu rosto.
— E você se esgueirando aqui quando seus pais brigavam e nós
ficávamos aqui a noite toda tentando encontrar uma solução para
consertar o relacionamento deles.
Eu me lembrava daqueles dias em que meus pais brigavam tanto
e eu corria para pedir ajuda a Beth.
Algo não estava bem entre eles, eu sabia disso, mas não sabia a
história completa.
Tudo que eu sabia era que tinha sido culpa da minha mãe, o
tempo todo.
Papai tinha prometido que iria passar.
Isso nunca aconteceu, e aquela mulher saiu de nossas vidas.
Num piscar de olhos, tudo se foi.
Eu soltei uma respiração irregular, uma onda de tristeza apertou
meu peito.
— Algumas coisas não podem ser consertadas.
Beth não disse nada. Minha expressão de pedra deve ter
expressado o que ela já sabia.
— Lembra-se de Dave Smith?
Eu fiz uma cara feia. — Aquele idiota do colégio? Aquele que me
perseguiu?
Ela deu uma risadinha. — Sim, o próprio. Ouvi dizer que ele está
morando nos Estados Unidos agora e está na Broadway.
— Uau, que bom para ele. E quanto a Elizabeth Snow? É verdade
que ela tem uma padaria em Manchester? — Beth acenou com a
cabeça.
— Aquela garota se sentia uma rainha naquela época e jurava que
seria modelo ou atriz.
— Todos nós sabíamos que isso não iria acontecer. — Nós rimos.
— Nossa amiga, Rebecca, aquela que costumava nos cobrir na
educação física, acabou de dar à luz seus gêmeos. — Tentei ficar feliz
por ela. — A vida continua para as pessoas.
— Acabamos bem, Laurie.
— Mesmo? — Eu perguntei, meu olhar quase queimando o ar.
— Eu não. Todo mundo tem uma ótima vida. Não estou chateada
nem nada. Estou feliz por todos que as coisas estão indo bem para
eles, mas eu devo ser a mais azarada.
— Minha própria mãe nos abandonou, meu pai está morrendo e
eu vou me casar com o homem de quem não gosto.
— Ei, pelo menos ele é bonito e rico!
Eu rolei meus olhos. — Quem se importa, — eu murmurei
baixinho.
Continuamos a olhar para o céu. — Você vem comigo?
— Você é louca? — ela perguntou com um aceno de cabeça. — De
jeito nenhum eu vou ficar presa entre vocês dois com tanta tensão.
Eu não consigo lidar com toda a pressão. Eu vou derreter.
— Ok, — eu disse, o brilho inconfundível de lágrimas não estava
muito longe. — Eu vou sozinha.
Beth olhou bruscamente para mim. — Você está chorando? — ela
perguntou com espanto. — Por que você está chorando pelo amor de
deus? Porque eu me recusei a ir? Não é nem tão grave.
— Não, sua idiota, não é isso, — eu disse consternada, as
lágrimas que eu estava lutando para manter sob controle caíram,
escorrendo pelo meu rosto.
— Acabei de perceber que não preciso comer a comida que você
cozinha.
Isso me rendeu um tapa no braço enquanto nós duas ríamos e os
próprios olhos de Beth se enchiam de lágrimas, e com um murmúrio
inarticulado, ela me deu um abraço lateral.
— Vou sentir falta de uma colega de quarto. O apartamento vai
ficar muito quieto sem você.
Lutando para me controlar, eventualmente fiz minhas lágrimas
pararem, minha respiração saindo em pequenos soluços rápidos.
— E só por um ano, Bethany. Não é para sempre.
— Sim, ou eu sempre posso morar com vocês dois.
— Eu já consigo ver o rosto de Mason se eu sugerir isso. — Eu ri
quando um pequeno jorro de alegria voltou.
Ela mordeu o lábio. — Devo fazer as malas?
— Beth.
— Estou brincando.
Eu sorri, e nós duas continuamos a olhar para o céu, imaginando
quão rápido o tempo passa em um piscar de olhos.
E eu sabia, meu casamento com Mason não era permanente, e eu
olharia para trás em um ano e perceberia que não havia nada com
que me preocupar.
Capítulo 14

Eu não entendi porque Mason queria se casar comigo se ele


apenas iria me esconder de todos se sua indicação para me colocar
secretamente dentro da Indústria Campbell sem que ninguém
soubesse disse o contrário.
Havia duas razões para isso.
Ou ele não queria que soubessem que ele ia se casar comigo, uma
fulana qualquer, ou não queria que a mídia caísse sobre nós quando
as coisas ainda não eram oficiais.
E eu, por exemplo, não queria estar lá quando isso acontecesse.
Seu segurança particular, que mais tarde descobri se chamava
Coop, foi quem me acompanhou por uma entrada secreta escondida
na Indústria Campbell.
Ninguém teria adivinhado onde era.
Foi realmente muito inteligente da parte de Mason.
Enquanto íamos para a sala de reuniões onde encontraria seu
advogado, continuei entoando um mantra que me dava coragem
suficiente para mover as pernas.
Sou valente.
Sou valente.
Sou valente.
Eu realmente ia fazer aquilo, dar um beijo de adeus na minha
vida por um ano.
Foi realmente assustador pensar nisso. Não apenas me casaria
com um homem poderoso, mas a mídia estaria de olho em mim.
O pensamento era realmente assustador, não conseguir ter
privacidade e ter sua vida aberta o tempo todo. Eu não sabia como
iria lidar com isso.
Um suor se formou na minha testa quando parei do lado de fora
da sala de reuniões.
Contei até dez antes de Coop abrir a porta e recuar, me deixando
entrar sozinha.
Eu o localizei imediatamente.
Ele parou diante da janela, suas costas largas me
cumprimentaram. Quando ele ouviu o som da porta fechando, ele se
virou e sorriu para mim.
— Olá, Sra. Hart, — ele cumprimentou, estendendo a mão.
— É bom finalmente conhecê-lo. Max Wynward.
Eu apertei sua mão dura antes de deixar a minha cair ao meu
lado novamente.
— Olá, por favor, me chame de Lauren. Você deve ser o
advogado do Sr. Campbell.
— Acho que seria sensato chamá-lo pelo primeiro nome, já que
vocês dois vão se casar e não querem escorregar na frente de
ninguém.
Ou seja, qualquer pessoa que não soubesse sobre seu casamento
falso.
Isso significava todos, exceto seu advogado, mas ele estava certo.
Eu deveria me acostumar a chamar Mason pelo primeiro nome.
Corei e sentei no assento.
— Podemos revisar o contrato? — Eu balancei a cabeça quando
ele me passou uma pasta preta.
— Olhe para ele e veja se há algo que precisa ser mudado.
Eu li o contrato cinco vezes, e o Sr. Wynward foi paciente o
suficiente para me deixar reler várias vezes.
Tudo parecia estar em perfeita ordem e bem escrito.
Estava estipulado no contrato que o casamento duraria apenas
um ano e uma grande quantia de dinheiro que eu receberia depois,
para a qual meus olhos quase saltaram nos zeros.
— Tudo certo?
Eu olhei para cima tão rápido, quase quebrando meu pescoço no
processo.
Mason estava sentado à minha frente, ao lado do Sr. Wynward
em seu terno perfeitamente desenhado.
De onde veio esse homem?
Estive tão absorta em ler cada frase com atenção para não perder
nenhum problema que não percebi quando ele entrou ou se sentou.
Grata por não perder a calma na frente dos dois, limpei minha
garganta repentinamente seca.
— Sim, tudo parece estar bem até agora, — eu respondi, meus
olhos se conectando com os dele.
Meu coração já estava batendo forte e o desejo de sair dali provou
ser quase opressor.
— E suas condições, você as declarou? — O Sr. Wynward
questionou.
— Quase. — Molhei meus lábios secos antes de começar.
— Quero poder ir aonde eu quiser e não quero que você me force
a ir a qualquer lugar que eu não queira.
— Não queremos nos forçar a fazer nada.
— Concordo, — respondeu Mason.
— Meu pai, — eu disse, tentando não mostrar nenhuma emoção.
— Vai cuidar dele, certo?
— Sem dúvida.
Fiquei muito chocada com a rapidez e facilidade com que ele
aceitou minha segunda condição e quase mostrou em meu rosto,
mas, mesmo assim, procedi com cautela.
— E os arranjos para dormir, — eu pausei, mudando meu assento
quando seu olhar se estreitou para mim. — Dormimos em quartos
diferentes.
— Concordo, — disse ele.
— Algo mais?
— Eu quero trabalhar. Não posso ficar enfiada em casa o ano
todo sem fazer nada. Sou uma mulher independente e gostaria de
continuar sendo.
Ele pensou sobre isso por um segundo antes de responder de
maneira seca: — Vou ver o que posso fazer sobre isso. Embora
trabalhar aqui esteja definitivamente fora de questão.
Bem, eu não esperava manter meu emprego aqui.
Eu engoli em seco e tive que engolir em seco para manter minha
voz firme.
— Não vamos compartilhar nenhum relacionamento físico.
Esse, não surpreendentemente, foi o que o fez parar.
Percebi como ele estava reprimindo o desejo de contrair o olho
esquerdo. — Você nunca terá que se preocupar com isso, Srta. Hart.
— Claro, — respondi.
Uma imagem repentina de sua mão grande e dura traçando um
dedo lento ao longo da linha de minha mandíbula, no centro da
minha garganta, então ao longo do meu decote de ombro a ombro
rastejou dentro da minha mente.
De onde é que veio aquilo?
Definitivamente por estar na presença de Beth, suas palavras
idiotas acabaram subindo à minha cabeça. Eu afastei o pensamento,
ou qualquer outro pensamento inapropriado de Mason da minha
cabeça.
— E uh... — Eu parei, mantendo meus lábios fechados.
— Fale agora, Srta. Hart, ou cale-se para sempre.
Eu estava realmente tendo dificuldade em manter o ar dentro e
fora dos meus pulmões.
— Eu sei que é um contrato de casamento, mas se você me
respeitar e não me trair até o ano acabar, isso seria ótimo.
Seus olhos se estreitaram com uma determinação sombria.
— É claro que você perdeu a parte em que eu disse que as
mulheres não estão nos meus planos, — ele respondeu. — Além
disso, não sou o tipo de homem que trai.
— Quando amo uma mulher, meu coração estará para sempre
ligado a ela.
Uau.
Estremeci, pois as palavras de nenhum homem jamais soaram tão
sinceras quanto as dele.
Minha cabeça girou em círculos.
A mulher que acaba sendo amada por Mason Campbell era uma
verdadeira vencedora.
Ele a amaria de verdade, incondicionalmente.
Certo, senhor apaixonado, como você poderia saber disso?
Porque mesmo os homens mais duros poderiam acabar caindo em
tentação por alguma mulher.
O Sr. Wynward pigarreou, parecendo bastante desconfortável
com as palavras de Mason.
Ele não é o único, eu queria gritar.
— É isso? Você não tem mais nada a acrescentar?
Eu balancei minha cabeça. — Não, isso é tudo.
O olhar penetrante de Mason permaneceu no meu rosto, e meu
estômago se torceu e derreteu em uma grande poça quente de
sensações.
Eu coloquei minha mão sobre meu rosto, tentando bloqueá-lo.
Se eu estava me sentindo um pouco atraída por ele, era um
grande sinal vermelho que dizia que eu precisava transar e rápido
para parar de ter esses pensamentos.
Nada de bom viria de querer um homem que nunca iria querer
você de volta.
— Você está ouvindo, Lauren? — O Sr. Wynward me perguntou,
levantando as sobrancelhas questionando.
— Ela tem esse hábito de não ouvir e perder o foco em uma
reunião.
— Sim, claro. Estou ouvindo. — Lutei para limpar a cor do meu
rosto, ignorando o pequeno comentário de Mason.
— Sinto muito, continue.
— E também o hábito dela de se desculpar quando não é
necessário.
— Mason, — advertiu o Sr. Wynward.
— Você faria bem em lembrar que Lauren está ajudando você e
não o contrário. Você deve se esforçar para ser gentil.
Fiquei realmente surpresa com a coragem do Sr. Wynward.
Admirei sua coragem em dizer isso na cara de Mason. Eu tinha total
respeito por aquele cara. Mason revirou os olhos, mas não parecia
zangado com ele.
— Você tem uma condição, Mason?
— Eu sei que vocês mulheres falam muito.
Eu zombei de suas palavras, querendo perguntar a ele o que ele
tinha contra as mulheres. — Você não deve deixar escapar sobre
nosso casamento ser um contrato.
— Nem agora, nem depois do fim do ano.
— Minha melhor amiga sabe, — eu admiti.
— Você contou à sua amiga? — Um brilho de raiva queimou em
seus olhos de aço.
— O negócio está cancelado.
Ele fez um movimento para se levantar, mas o Sr. Wynward o
segurou.
— Não faça algo de que você se arrependerá.
— Sinto muito, mas ela é minha melhor amiga. Não guardo
segredos dela. Ela não vai contar a ninguém, eu juro!
Suas feições estavam gravadas em uma reprovação sarcástica.
— E devemos acreditar na sua palavra por quê?
— Porque eu não estou mentindo! — Eu estalei com um olhar.
Meus olhos se agarraram aos dele com um desafio.
— E você também não, — disse o Sr. Wynward com um pequeno
sorriso, olhando para seu cliente.
— Você tem mais alguma coisa a acrescentar? — Um aceno de
cabeça foi a resposta de Mason.
— Lauren?
— Não, — eu disse, me consolando com o fato de que pelo menos
pude definir minhas condições e isso aliviou um pouco minha
preocupação.
Eu olhei para cima e me encontrei novamente olhando para as
profundezas cinza inflexíveis de seus olhos.
— Terminamos agora? — ele perguntou com um quase rosnado.
Era muito claro que ele queria estar em qualquer lugar, menos ali
comigo.
— Você conseguiu o que queria? — Seus olhos escureceram.
— Nós dois conseguimos o que queríamos, — eu corrigi
categoricamente, não perdendo a chance de lembrá-lo que eu não era
a única a ditar as regras.
— Então, nós selamos o acordo.
Depois que o Sr. Wynward estabeleceu as condições, ele passou
uma caneta para mim e apontou para onde eu iria assinar. Com
minhas mãos tremendo, assinei em dois lugares.
Um sacrifício foi feito.
Alguém irrompeu pela porta sem ser convidado e todos nós
viramos nossas cabeças para a porta. Era Aaron.
Ele ficou chocado ao me ver, mas rapidamente tirou os olhos de
mim e os focou em seu empregador.
— Senhor, — ele disse sem fôlego.
— Não sabemos quem os chamou aqui, mas eles estão aí...
— Eles? — O Sr. Campbell perguntou com uma sobrancelha
levantada.
— Está um caos lá fora. Chamamos os seguranças, mas eles não
vão embora, senhor.
— Não vão embora? De quem você está falando?
— A mídia, senhor — Aaron respondeu, engolindo em seco de
medo. — Eles ficaram sabendo que você vai se casar?
Não só eu, até Mason reagiu. Suas narinas dilataram-se e ele se
levantou abruptamente da cadeira, fervendo de raiva. E eu, por
outro lado, comecei a pirar.
Seu olhar furioso pousou em mim, um olhar escuro em seus
olhos frios.
Ele parecia absolutamente enorme quando estava bravo. Seu
peito inchou para cima e para baixo, sua raiva era evidentemente
clara.
Seu corpo estava enrolado e pronto para saltar.
— Ainda acha que devemos confiar nela, Max? — Ele lançou um
olhar acusador em minha direção.
— O quê? — Eu perguntei, pasma. — Você acha que eu tive algo
a ver com isso?
Ele se enfureceu: — Eu não ficaria surpreso.
Eu cerrei meus dentes e a fúria tomou conta de mim.
— Eu estive aqui com você. Quando você me viu ligando para a
maldita mídia? Você só quer alguém para culpar.
— Você pode ter ligado para eles no caminho para cá.
Eu encarei sua descrença.
— Ok, já chega. Todos nós sabíamos que isso iria acontecer mais
cedo ou mais tarde, — o Sr. Wynward falou, então olhou para
Aaron.
— Você lida com a mídia antes de chegarmos lá.
Aaron acenou com a cabeça antes de me lançar um último olhar
curioso e sair.
— Temos que lidar com a mídia agora, Mason. Você vai ter que
apresentar sua noiva ao mundo.
Meu coração bateu forte no meu peito.
Eu ainda não estava pronta.
Eu deveria agira como se o amasse na frente de todo o país?
A tensão percorreu meu corpo, enfraquecendo-me de joelhos.
Mason murmurou algumas maldições e passou os dedos pelos
cabelos. Olhando para mim, ele disse friamente: — Vamos?
Minhas mãos tremiam e meu coração batia forte, mas você não
teria percebido. Procurei desesperadamente lembrar exatamente o
que Beth me disse se algum dia eu enfrentasse o mundo.
— Você vai ser a esposa de Mason Campbell, então você precisa
mostrar ao mundo que você é uma mulher forte. Sempre mantenha
sua cabeça erguida e disfarce suas emoções. Não mostre a eles que
você está nervosa ou com medo.
Ok, não mostre emoções.
Cabeça erguida.
Entendi.
Quando chegamos à recepção, todos os olhos estavam sobre nós.
Eu vi Athena e Aaron tendo uma conversa abafada, e no momento
que eles olharam na minha direção, eu desviei o olhar, incapaz de
olhar nos olhos deles.
As portas duplas se abriram e nós saímos, flashes imediatamente
cegaram meus olhos.
Os repórteres tiravam fotos sem parar e tudo era demais para
mim.
Eu odiava estar no centro das atenções. Eu me vi obcecada pelo
desejo de pular loucamente para a rua e correr com todas as minhas
forças.
Mas um braço lentamente se enroscou no meu e o aperto em meu
cotovelo aumentou, como se fosse um aviso. Decidi quase com
amargura que ele não teve dificuldade em adivinhar minha intenção.
— Sr. Campbell, é verdade que você vai se casar de repente?
— Sr. Campbell, o que você pode nos dizer sobre seu casamento?
— Sr. Campbell.
— Sr. Campbell, o que você tem a dizer?
— Quando é o casamento?
— Quem é a noiva? E Chloe West? A mulher que dizem que você
namorou?
Perguntas continuavam sendo lançadas em nós de todos os
ângulos. Mas eu parecia ser a única petrificada.
— Cavalheiros, por favor.
De repente tudo ficou quieto pela voz autoritária de Mason, mas
os flashes da câmera não pararam. Achei que, no final daquilo,
poderia acabar cega.
— Obrigado. E com grande prazer que anuncio meu casamento
com minha noiva, — ele se virou para me olhar com um sorriso que
cegava mais do que os flashes da câmera.
— Lauren Hart.
As câmeras se voltaram para mim enquanto todos tiravam minha
foto com o sorriso mais falso que eu esperava que parecesse real o
suficiente para eles.
— Srta. Hart, aqui! Vocês definiram a data do casamento? — Um
repórter me perguntou.
Meu peito bateu forte.
— Sim, amor, você quer fazer as honras de compartilhar as
novidades?
Eu encarei o bando de repórteres que aguardavam minha
resposta e me perguntei se Beth estava rindo loucamente agora.
— Será daqui duas semanas, — eu gritei, piscando um sorriso
para as câmeras.
Eu não tinha certeza se aquela era realmente a data. Mason dizia
que o casamento seria em duas semanas, então presumi que ele
cumpriria sua palavra. A menos que ele tivesse mudado a data.
— Srta. Hart, ser casada com um dos solteiros mais cobiçados
deve ser fantástico e bastante assustador considerando sua posição e
poder, como você se sente sendo a Sra. Mason Campbell?
— É algo que você pode lidar?
Sua pergunta era irritantemente semelhante à que Beth me fez
uma vez.
Eu ri nervosamente do repórter, lançando um rápido olhar para
Mason, cujos olhos estavam brilhando com desonestidade.
— Acho que é um sonho que se tornou realidade, — respondi,
com meu sorriso se aprofundando. — O sonho de poder me casar
com o amor da minha vida, e Mason é essa pessoa. Então, eu não
acho que vou me preocupar em ser esposa dele.
Eu era boa de conversa, mas provavelmente a pior atriz.
Mason escolheu esse momento para inclinar o rosto perto das
minhas orelhas e roçar os lábios na minha bochecha corada.
Uma cascata de arrepios percorreu meu cérebro primeiro e
formigamentos sedutoramente deliciosos formigaram cada
centímetro do meu corpo. Ele se retirou e sorriu para mim.
Meu queixo quase caiu em choque e meus dedos quase
alcançaram o lugar que ele beijou para parar o formigamento
restante. Quase me denunciei.
Verdade seja dita, eu iria ignorar o fascínio de seu corpo definido,
a aura de seu poder fervendo sob seus traços marcantes, a
intensidade de sua voz e aqueles olhos prateados dele.
Não me faria nenhum bem se continuasse obcecada por ele.
— Muito obrigado por terem vindo, mas temos que ir agora.
Temos os preparativos do casamento para começar. Vamos, amor?
Afastamo-nos das câmeras para voltar para dentro da empresa.
Fechando meus olhos, eu respirei fundo o ar fresco e úmido algumas
vezes até que estivéssemos seguros lá dentro.
Eu arranjei uma desculpa para encontrar Athena e Aaron.
Olhares estavam sendo lançados a mim em todos os lugares que eu
ia e eles não eram bons.
Acho que apreciei mais os olhares que recebi no meu primeiro
dia.
Eu sabia o que todos eles estavam pensando e dizendo.
Eu era uma interesseira que estava atrás do dinheiro de Mason.
Eu chantageei ele para se casar comigo.
Eu estava grávida de seu filho.
Todos esses tipos de pensamentos e muito mais cruzariam suas
mentes.
Eu sabia como a fofoca funcionava e como funcionava a mente
das pessoas se não conseguissem descobrir nada. Eles fariam
qualquer coisa para manchar o seu nome, mesmo que a verdade
estivesse bem na sua cara.
Eles só queriam alguém para culpar.
Alguém bloqueou meu caminho e descobri que era Jade. Ela
parecia absolutamente furiosa porque eu podia ver as veias
pipocando em sua testa.
— Você vai se casar com o Sr. Campbell?!
Suspirei. — Sim, eu vou.
Seus olhos se arregalaram. Seus lábios trabalharam, mas nenhum
som saiu.
— Sinto muito, — eu me desculpei. — Eu sei o quanto você gosta
dele.
Ela se endireitou com um grito estrangulado.
— Como uma ninguém como você vai conseguir se casar com
ele?
Eu realmente entendo o que ela estava sentindo. Ela estava ferida
e me atacando. Era totalmente compreensível e me senti muito mal.
Mesmo que eu nunca tenha gostado de Jade por razões óbvias, eu
nunca poderia desejar que ela se machucasse — física ou
emocionalmente.
— Jade, abaixe sua voz. Todo mundo está ouvindo.
Eu disse suavemente, tentando fazer com que ela não gritasse
mais e fosse demitida, e então culpasse a mim. Era como se ela
tivesse esquecido onde estava.
Seu rosto estava vermelho.
— Eu não vou ficar quieta! Você acha que é melhor do que eu, —
ela explodiu, lágrimas de raiva borrando seus olhos.
— Jade! — Athena retrucou, forçando-a a se afastar de mim. Seu
próprio rosto estava um tom de vermelho.
— Essa é a noiva do Sr. Campbell, você está louca?
— Sim, estou louca! — ela gritou descabelada. — Como ela pode
se casar com ele? Ela não é nada e veio do nada! Ela é uma mulher
simples que não está no nível dele! Ela...
TAPA!
Minhas mãos voaram para minha boca com um suspiro. —
Athena!
— Srta. Walker! — Alguém estrondou por trás.
Viramos para ver Mason e a raiva que estava refletindo em seus
olhos.
Ai, meu deus.
Por que ele tinha que aparecer agora?
Meu deus.
— Srta. Walker, — ele repetiu, olhando para Athena, que olhou
para o chão.
Sua voz enviou calafrios na minha espinha.
— Você quebrou uma das regras da Indústria Campbell que
afirmava que nenhuma luta física deveria acontecer no prédio. Você
está ciente do que fez?
Eu fiquei tensa.
O rosto de Athena estava destituído de emoções quando ela
respondeu: — Sim, Sr. Campbell, estou bem ciente das regras.
— E Sra. Willow, você tem algo a dizer sobre você? — Seu tom
indicava que ele tinha ouvido cada palavra que ela disse sobre mim.
Os músculos de Jade ficaram tensos.
— N... não, senhor.
— Eu vou deixar vocês duas com uma advertência. A primeira.
Meu corpo relaxou e pude finalmente respirar bem. Os músculos
de Jade pareceram murchar com suas palavras.
Mason dirigiu-lhe um olhar de tal escuridão que estremeci.
— Com quem eu me casei não é da sua conta e não é seu trabalho
dar sua opinião, Sra. Willow. Lauren vai ser minha esposa, e se você
não pode respeitá-la como você me respeita, você ficará afastada de
seu trabalho. Espero que você entenda isso. Agora, volte ao trabalho.
Jade assentiu e correu para obedecer.
Mason fixou um olhar feroz em Athena por mais tempo,
enquanto ela se mexia desconfortavelmente sob seu olhar.
— Você e eu vamos ter uma longa conversa sobre o seu
comportamento, Athena, — disse ele, parecendo desapontado.
Ela sorriu. — O quê? Sem tia?
Eu sufoquei uma risada, observando-o encará-la novamente.
O Sr. Wynward se aproximou de Mason, deu um tapinha em seu
ombro e sacudiu a cabeça em direção a um escritório logo adiante.
— Uma palavra com você em particular, por favor.
— Senhoras, — disse ele antes de se virar. Observei os dois
homens partirem com os olhos cheios de preocupação antes de
mover meu olhar para Athena.
— Eu tenho que falar com você.
Eu esperava que ela me rejeitasse com raiva, mas ela me
surpreendeu me puxando para um abraço.
— Eu tenho muito trabalho agora. Mas eu te ligo mais tarde e a
gente se encontra em algum lugar.
— Claro, sem problemas. — Ela me abraçou novamente e então
se afastou, caminhando em outra direção.
Suspirei e caminhei em direção ao elevador, apertando o botão do
primeiro andar.
Eu estava pronta para encerrar o dia.
Capítulo 15

Coop correu para abrir a porta para mim, dando um passo para o
lado para me deixar descer.
Eu sorri educadamente para ele, apesar de me sentir tão
desconfortável e nova nisso.
Quem poderia imaginar que eu faria alguém abrir a porta para
mim, muito menos, estar em um carro tão bonito como aquele?
Sempre pensei que iria recorrer a observá-los passando por mim, me
provocando.
Eu já tinha dito a Coop que não precisava dele para abrir a porta
para mim, mas ele disse que era seu dever fazer isso pela noiva de
Mason.
Eu ainda não estava confortável com essa palavra.
Era tão estranho ouvir as pessoas me chamarem de noiva de
Mason e eu não achei que fosse algo com o qual me acostumaria
facilmente. Eventualmente, eu teria que aceitar e viver com isso.
— Aqui, senhora. E do chefe. Tenha uma boa noite, senhora. —
Coop me entregou uma pequena sacola preta antes de balançar a
cabeça e voltar para o carro, indo embora.
Segurei a sacola que não pesava muito quando entrei no saguão e
apertei um botão que me levaria para o meu andar.
Usei minha chave e a inseri no buraco da fechadura,
empurrando-a para abri-la antes de entrar.
— Aí está minha amiga celebridade! — Beth exclamou, seu rosto
se dividindo em um grande sorriso. Ela pulou até mim e segurou
minha mão, me arrastando para me sentar no sofá enquanto ligava a
TV.
Imediatamente, a notícia apareceu, cobrindo o noivado de Mason
Campbell.
Ela mudou para outro canal, e eles estavam mostrando a mesma
coisa.
Meu rosto estava em todos os canais.
Eu me senti tão sobrecarregada. Tudo que eu queria fazer era
cavar um buraco e me enterrar nele.
Eu teria preferido isso do que a vida em que fui lançada.
Correção: A vida em que me joguei.
— Todo mundo conhece você agora, — ela comentou
alegremente. Obviamente, Beth encontraria emoção nisso, porque
não era ela quem estava lidando com isso.
Não entendi por que tantas pessoas ficam animadas com algo que
acontece com você quando você mal está animada com isso.
Eles podem pensar que era uma coisa boa, mas nem tudo sai
exatamente do jeito que queremos.
— Como eles conseguiram essa foto minha? — Eu perguntei,
surpresa que eles estavam mostrando a foto da minha carteira de
motorista que foi tirada três anos atrás. Eu não estava feia nela.
Eu parecia da mesma maneira que agora.
Eu não olhei para Beth para ver o tom profundo de vermelho que
agora estava cobrindo suas bochechas pálidas.
— Mandei para a mídia. Não me olhe assim!
— Eles teriam desenterrado uma foto feia de você e a teriam
mostrado para o mundo. Imagine se eles tivessem a foto do seu
anuário. Você tinha aparelho e duas espinhas na testa. Eu te fiz um
grande favor.
— Puxa, obrigada, — eu respondi sarcasticamente.
— Você sabia que meu telefone está explodindo desde que foi
anunciado no noticiário? — Até os nossos velhos amigos do colégio
ligaram. Todos eles queriam ver a gente.
Eu bufei.
— Pois é, — ela continuou com escárnio. — Quando você fica
famoso, de repente todos querem sair com você. Eles ligaram para o
seu telefone, mas você não atendeu.
Eu olhei para o meu telefone e percebi que estava mudo. — Deve
ter ficado sem bateria.
— E nem te conto sobre o Zack, o proprietário do apartamento.
Ele veio e me disse para não me preocupar com o aluguel do
próximo mês se ele fosse convidado para o casamento. Dá pra
acreditar na audácia desse homem?
— Eu teria batido a porta na cara dele se não tivesse medo de
sermos expulsas.
Eu bufei alto desta vez, balançando minha cabeça em descrença.
— As pessoas são realmente assim? Deus, eles são tão horríveis.
— Todo mundo quer algo de você, e essas são as pessoas que não
piscariam e fingiriam não ver você.
Ela deu um tapinha nas minhas costas.
— Acredite nisto, querida. Como você está se sentindo?
Eu me inclinei no sofá, com a TV esquecida ao fundo.
— Sobrecarregada. Ainda não consigo acreditar que isso está
acontecendo. Tudo está acontecendo tão rápido.
— Pois é! Eu realmente pensei que quando nós decidíssemos nos
casar, seria daqui quatro ou cinco anos. Mas seu casamento vai ser
daqui duas semanas, Laurie. É surreal.
Eu soltei um suspiro. — Nem me fale. Só de pensar nisso me dá
vontade de vomitar.
Seus olhos avistaram a pequena sacola que eu havia esquecido.
— O que é isso? — Ela perguntou, pegando-a.
— É do Mason.
Beth puxou uma caixa de veludo preto que suspeitamente parecia
um pouco com o que eu pensava que era.
Ela lentamente abriu a caixa e um grande anel de diamante olhou
para nós. Nossas bocas caíram.
— Uau, — ela finalmente disse, espantada. Beth puxou o anel e o
girou entre os dedos.
— Isso é real, Lauren. Puta merda. É enorme!
Eu retirei meus olhos do anel caro, não me deixando ser atraída
por ele.
Eu não iria usar porque não era meu tipo. Eu gostava de algo que
não fosse muito chamativo e atraente.
— Não estou nem chateada porque seu futuro marido teve a
audácia de enviar o motorista para lhe dar seu anel de noivado. Isso
apagou completamente a culpa dele em meus olhos.
— Meu deus, Lauren.
Revirei meus olhos para ela. Bem, eu não esperava que Mason se
ajoelhasse e pedisse em casamento, ou me desse ele mesmo.
Peguei um lindo cartão que tinha sua bela caligrafia.
Lauren,
Seu anel de noivado. Se o diamante for pequeno, Coop irá levá-lo
para trocá-lo ao seu gosto.
Mason Campbell.
— Eu não posso acreditar nele, — eu murmurei, espremendo o
papel em uma bola e jogando-o através da parede. — Quem diabos
ele pensa que é?
Beth me olhou se divertindo. — Eu preciso dizer isso de novo?
Eu olhei para ela. — Não, obrigada.
— Quando posso conhecê-lo oficialmente?
— No casamento.
— Ah, qual é, Lauren, — ela choramingou, fazendo um pequeno
beicinho. — Eu sou sua melhor amiga. Eu deveria ter uma conversa
cara a cara com Mason.
Um sorriso afetou meu rosto e eu arqueei uma sobrancelha. —
Você quer ter um cara a cara com ele? Apenas vocês dois?
Ela revirou os olhos e cruzou os braços, estufando o peito. — Não
tenho medo dele e, sim, preciso aprovar seu relacionamento antes de
você se casar com ele.
— Perfeito! — Exclamei, levantando-me para pegar o carregador
do meu quarto.
— Deixe-me ligar para ele e marcar uma reunião para vocês dois.
Ele não vai dizer não a isso.
— Sua vaca! — Beth pairou sobre mim, tentando tirar meu
telefone. — Eu só estava brincando, mas aparentemente ele sugou
seu senso de humor.
Eu ri. — Eu estava apenas fazendo o que minha melhor amiga
queria.
Ela olhou para mim. — Para, Laurie. — Batendo em mim com um
travesseiro, ela marchou de volta para a sala para assistir a TV
novamente.
— Adivinha quem não vai ser sua dama de honra?
— Este não é meu casamento de verdade!
— Claro que é! Só não me procure quando se apaixonar por ele,
cheia de arrependimentos por não ter planejado seu casamento
perfeito! — Ela atirou de volta.
— Bem, se isso acontecer, sempre podemos planejar outro! —
Beth se virou bruscamente e sorriu para mim, levantando as
sobrancelhas ainda mais. Percebendo o que eu disse, eu me bati.
— Isso não significa nada! Foi apenas - UGH!
— Eu não disse nada.
— Vaca!
Capítulo 16
Athena só me ligou quatro horas depois, quando já havia
esquecido que íamos nos encontrar para conversar.
Ela saiu mais cedo do trabalho e me convidou para ir a um bar.
Encontrei-me com ela, sentindo-me muito nervosa, o que era
ridículo porque ela era minha amiga e não havia razão para ficar
nervosa.
Eu simplesmente não tinha ideia se devia contar a ela a verdade
ou as mentiras que estávamos alimentando para todo mundo.
Se fosse outra pessoa, eu teria certeza de que eles não saberiam
nada sobre nosso contrato, mas Athena era parente de Mason.
Se eu mentisse para ela quando ela já sabia a verdade, ela não
confiaria em mim novamente.
Ela estava sentada na mesa ao fundo quando me aproximei dela.
— Eu estou atrasada?
— Não, eu que cheguei cedo, — Athena rebateu
preguiçosamente, enquanto ela esticava as pernas na frente dela e
arqueava uma sobrancelha para uma cadeira vazia na frente dela.
— O que você está bebendo? — Eu perguntei, apontando para a
bebida roxa que ela estava tomando. — É tão bom quanto parece?
— Muito. — Ela chamou um garçom e pediu exatamente a
mesma bebida.
Athena largou a bebida e olhou para mim. Ela estava procurando
por algo no meu rosto? Por que mais ela estaria me olhando assim?
— Então... você e Mason... — ela parou, com uma expressão
pensativa no rosto.
— Pois é. Aconteceu tão rapidamente.
Então, eu estava tentando mentir e esperava não parecer um
cervo prestes a ser atropelado.
— Ah, sério? — Ela perguntou com um sorriso fraco e tomou um
gole de sua bebida.
— Então, como começou?
E eu disse a ela a mesma coisa que disse à mãe de Beth, e o único
problema desta vez foi que não soei convincente, nem mesmo aos
meus próprios ouvidos.
As sobrancelhas de Athena ficaram tensas a cada palavra.
— Ah, sério? Isso parece romântico. Falando em romântico,
aonde ele a levou no seu primeiro encontro?
— Espero que seja aquele restaurante na rua Elx, porque Mason
sempre quis ter um primeiro encontro lá.
— Sim, foi esse mesmo. — Eu sorri, concordando com algo que
eu nem sabia que existia até agora.
Ela tinha certeza de que havia um restaurante na rua Elx?
Porque eu poderia jurar que já passei por aquela rua muitas vezes
e não encontrei um restaurante.
— O que vocês comeram?
— Camarão, — eu deixei escapar sem pensar duas vezes.
Ela franziu o cenho. — Mas eu pensei que ele odiava frutos do
mar.
Eu olhei para seu rosto perplexo e ri nervosamente, mentalmente
me batendo por ser tão estúpida.
— Eu comi camarão sozinha e ele comeu uma salada.
Era mais fácil mentir para a mãe de Beth, mas Athena estava
tornando isso muito difícil com suas perguntas intermináveis.
Senti que aquele era um interrogatório para o qual nunca me
preparei.
Ela olhou para mim antes de explodir em gargalhadas. Quando
parou, ela enxugou uma lágrima sob os cílios.
— Você é a pior mentirosa de todas e, a propósito, não existe
restaurante na rua Elx. Eu estava te enganando e você caiu
direitinho.
Eu só podia imaginar o quão vermelho meu rosto estava agora, se
eu pudesse dar uma olhada pela janela de vidro.
— Droga, eu sabia que você estava me enganando.
— Me conta o que está acontecendo. Mason está chantageando
você? É por isso que você concordou em se casar com ele?
Não era exatamente chantagem, éramos apenas duas pessoas se
ajudando.
— Claro que não, — eu respondi, minha voz tentando soar como
um humor. — Eu pareço o tipo de mulher que é chantageada
facilmente?
Sim.
— Então por que vocês dois vão se casar? — Ela perguntou. Sua
voz sugeria confusão e aborrecimento - provavelmente irritada por
não conseguir descobrir o motivo.
Uma carranca apareceu em seu rosto, e Athena franziu a
sobrancelha e me observou.
— Você tem que entender minha curiosidade e confusão, Lauren.
— Mason odeia mulheres e nunca pensaria em se casar com
ninguém.
Na verdade, eu sabia que ele odiava as mulheres porque tinha
sido franco sobre isso, por que motivo, eu não sabia. Ele parecia
alguém que tinha sido ferido e teve seu coração partido por uma
mulher.
Mas quando me lembro que é de Mason de quem estava falando,
ri e desprezei aquela teoria ridícula.
— Eu sinto que deveria te contar, mas então nós dois teremos que
enfrentá-lo. Você deveria falar com ele. Sinto muito, mas eu
realmente não posso, mesmo se eu quisesse.
Ela acenou com a cabeça em compreensão. Pelo menos, ela foi
sincera.
Quem mais entenderia minha situação melhor do que a tia de
Mason? Ela sabia quem ele era e do que era capaz.
Desafie-o e você encontrará sua ira.
— Ele está controlando você de alguma forma, — ela observou.
— Sim, mas cá entre nós, este casamento não vai durar dois anos.
Ela deu uma risadinha. — Eu não ficaria chocada. Mas eu tenho
que avisá-la sobre o que você está se metendo.
— Eu já conheço o tipo de homem que Mason é. Você acha que
não estou preparada?
Athena balançou a cabeça. — Não estou falando sobre Mason, —
respondeu ela, em seguida, parou, parecendo tomar seu tempo
tomando um gole de sua bebida.
— Estou falando sobre a família dele. Se você acha que Mason é
ruim, espere até conhecê-los.
Meus olhos se arregalaram.
Nunca parei para pensar na família dele e no tipo de pessoa que
eles poderiam ser, mas se eles fossem tão maus quanto Mason, ou
ainda piores, como Athena estava insinuando, optaria por me trancar
e me esconder deles.
Porém, isso nunca seria uma opção.
— Como são eles? — Eu perguntei, esperando que minha voz não
saísse tão fraca como eu pensei.
— Seu pai é um idiota controlador, seus primos mais idiotas.
Suas irmãs são vadias completas e provavelmente irão esfolar você
viva e usar sua pele. Minha irmã é a pior.
— Ela é uma vadia fria que definitivamente vai enterrar você viva
com seus olhos de aço e palavras frias.
Eu entendi que ela estava falando sobre a mãe dele, e nada do
que ela disse me deixou calma de forma alguma.
Na verdade, minha ansiedade cresceu a ponto de eu querer
vomitar.
— Mas isso sou apenas eu dizendo de uma maneira agradável, —
ela acrescentou, esvaziando o copo antes de pedir uma garrafa de
Jack Daniels.
— Porra, acho que preciso de algo mais forte.
Ela riu às minhas custas e pediu um licor forte, ao qual não perdi
mais tempo engolindo e sentindo queimar minha garganta.
— Relaxe, Lauren, parece que você vai ter um ataque de pânico.
Eu atirei a ela um olhar profundo. — Bem, desculpe-me se estou
tentando compreender esta informação inesperada.
— O que você esperava? Arco-íris e unicórnios? Novidade:
famílias ricas não são como famílias normais. São cheias de pessoas
horríveis e manipuladores.
— É por isso que Mason é assim? Porque ele cresceu em um
ambiente vil? — Eu estava realmente começando a simpatizar com
ele.
Todo esse tempo, eu pensei que ele estava fazendo de propósito,
e porque ele podia, mas pensar que ele tinha vivido toda a sua vida
com pessoas assim, era muito triste.
Athena riu novamente. Parecia ser a única coisa que ela estava
fazendo.
— Não se deixe enganar. Ninguém pode mudar você, além de
você mesma, Lauren.
— ... Olha, a única vez que você pode acabar encontrando os
Campbells seria no casamento, e você pode não ter que lidar com as
merdas deles quando estiver muito ocupada sendo uma recém-
casada. Então, acalme-se.
— Quando você diz isso e inclui o recém-casada nisso, só me
deixa mais nervosa. — Eu soltei um suspiro.
— Então, me conta. Quem é que vai me odiar mais?
Eu realmente esperava que ela não dissesse nada, mas a chance
de isso acontecer era pequena. Eu tinha que saber quem iria me
odiar mais para evitá-los.
— Todos eles.
— O quê?
— Todos eles. — Quando ela percebeu meu rosto em branco, ela
repetiu.
— Eu disse todos eles. Estou tentando transformar isso em uma
palavra para não ter que escolher, porque todos podem odiar você.
— Você está namorando Mason, afinal. Ele é a estrela da família.
Eu podia sentir meus olhos esbugalhados. — Eu realmente odeio
quando você me conta fatos concretos e frios.
— Você só pode conseguir isso de mim. Não vou suavizar nada,
— declarou ela, parecendo imensamente satisfeita.
— Você é próxima da sua família? — Decidi bisbilhotar, tentando
conhecê-la melhor, mas, na realidade, queria afastar minha mente do
fato de que a família de Mason poderia me odiar.
Eu gostaria de expressar minha preocupação a ele na esperança
de que ele cancelasse o casamento, mas eu sabia que Mason não
daria a mínima.
Eu podia ouvir sua voz irritante na minha cabeça dizendo, — ser
adulto significa ser capaz de lidar com as críticas. Mas se você quiser
seguir em frente e seguir o caminho do medo, isso depende de você.
— Você quer dizer a família de Mason?
Eu balancei a cabeça, notando como ela os chamava, como se não
fossem a família dela.
Athena encolheu os ombros. — Quer dizer, eles não são flor que
se cheire, mas dá pra tolerar. São principalmente as mulheres que
você precisa evitar.
— Eu sei. São sempre as mulheres que são impossíveis.
— Sim, quando sentimos o cheiro de uma ameaça, tentamos
morder primeiro. Falando em mordida, podemos almoçar amanhã?
Quero saber mais sobre minha futura sobrinha.
Eu me encolhi e franzi o rosto.
— Por favor, nunca diga essa palavra novamente.
Athena ergueu uma sobrancelha e parecia estar se divertindo. —
Você não quer isso, quer?
— Eu quero.
Ela tentou examinar meus olhos, mas fiquei levemente
interessada na garrafa na frente dela.
— Ele ofereceu algo a você, — ela finalmente disse, descobrindo.
— Algo que você não poderia recusar. — Ele é muito bom em fazer
negócios.
Eu grunhi em concordância. Muito do que Athena disse era
verdade.
Houve inúmeras vezes em que observei Mason dar a seus sócios
ou rivais escolhas, uma escolha difícil que eles não podiam recusar,
embora as probabilidades não fossem favoráveis para alguns deles.
Como uma vez, ele deu a Connor Julian a escolha de deixá-lo
comprar sua empresa e ainda ser o CEO ou vê-la queimar até o chão.
Naquela época, fiquei muito desapontada com Connor Julian por
vender a empresa que ele construiu com suas próprias mãos.
E então, descobri quando aceitei o próprio acordo de Mason
comigo que tinha sido um bom negócio para Julian. Eu estava
fazendo a mesma coisa que ele. Por algo que ambos amamos.
— Mas às vezes é bom fugir disso. Mesmo que seja um bom
negócio.
O aviso era evidente em sua voz. Eu sorri para ela, determinada a
agir o mais natural possível.
— Há um ditado em meu livro, Lauren, que você nem sempre
pode confiar nas palavras de um homem com poder, com tatuagens
e, ah. sim, pessoas arrogantes.
— Então, basicamente Mason.
— Especialmente meu sobrinho. Não confie nele.
— Espera... tatuagens? Mason não tem.
— Mmh. — Ela tomou um gole de sua bebida com um sorriso
malicioso.
Meus olhos se arregalaram. — Merda, onde?! O senhor
perfeitinho e melhor do que todo mundo tem tatuagem? — Eu ri. —
Eu não posso acreditar nisso. Você tem que me dizer onde ele tem a
tatuagem, Athena.
— Você vai ver quando se casar.
— Sinceramente, você não presta.
— Eu sou a melhor.
Eu não conseguia parar de pensar na tatuagem de Mason e que
tipo ele tinha, e onde ele a tinha. Essa súbita obsessão por saber me
fez pensar em maneiras de ver isso.
Se eu fosse direta e perguntasse, minha cabeça não estaria mais
presa ao meu corpo. E eu sabia que não havia nenhuma maneira de
Mason querer estar na minha presença depois do casamento.
Sua tatuagem poderia ter algum significado?
Era grande?
Era pequena?
Isso estava realmente me matando.
Maldita Athena por trazer isso à tona.
Nunca fui tão obcecada por nada... mas quando algo diz respeito
a Mason, sinto a necessidade de saber.
E se isso me matasse, eu iria descobrir.
Capítulo 17

Por que toda vez que você dorme em paz, uma coisa ou outra
tem que te acordar?
Quanto a mim, era o meu telefone irritante. Devo aprender a
desligá-lo.
Eu iria ignorá-lo ou jogá-lo fora, mas ele continuou tocando e
tocando, várias vezes.
Eu o peguei debaixo do meu travesseiro e abri um olho,
encarando o identificador de chamadas.
Gemi e coloquei o telefone no modo silencioso, rolando na cama
para voltar a dormir.
Foda-se o Mason.
Ele nunca ligou na hora certa.
Ele sempre tinha que arruinar meu sono por causa de algo
completamente estúpido.
Eu apostaria em qualquer coisa que ele estava me ligando para
falar algo que pudesse ser dito no dia seguinte. Ele estava agindo
como um idiota impaciente, ou como se não tivesse amanhã para
viver.
O que quer que ele tivesse a me dizer, poderia ser dito no dia
seguinte. Daquela vez, eu iria dormir.
Ele poderia se transformar no Hulk que eu não iria me importar.
Sua raiva não era páreo para o meu amor pela minha cama
quentinha.
Acordei com Beth batendo na porta sem piedade e gemi,
enterrando minha cabeça no travesseiro. Quando eu não respondi,
ela se encarregou de pegar a chave extra e abriu a porta, entrando.
— Lauren, levante-se.
Eu a ignorei. Eu sabia que ignorar as pessoas as fariam ir embora.
Infelizmente, minha colega de quarto não era uma dessas
pessoas. Ela foi persistente. Essa era uma característica irritante que
ela tinha.
— Lauren, eu não estou brincando, — ela disse, soando séria. —
Levante-se e venha ver por si mesma.
A menos que o apartamento estivesse pegando fogo, eu não tinha
interesse em nada.
Mas se meu noivo aparecesse em nossa porta usando um vestido
rosa e sapatos de salto combinando, isso sim era algo que eu
adoraria ver e definitivamente nunca veria.
— Que horas são? — Eu finalmente perguntei, sem levantar
minha cabeça.
Eu sabia que era muito cedo, mas o que eu não sabia era que era
tão cedo.
— Isso importa? O motorista do seu noivo está sentado do lado
de fora do nosso prédio.
— O quê?! — Isso me fez levantar em um pulo, qualquer vestígio
de sono completamente apagado por esta pequena informação. Eu
olhei pela janela e encontrei o carro de Mason fora do prédio.
O que diabos Coop estava fazendo aqui?
— Há quanto tempo ele está lá embaixo?
Ela encolheu os ombros. — Um tempo, provavelmente. Você sabe
por que ele está aqui?
Por quê?
Uma lâmpada passou pela minha cabeça e me afastei da janela.
— Onde está meu telefone? — Beth acenou em sua mão e eu o
agarrei, mordendo meu lábio inferior enquanto desbloqueava o
telefone.
Havia dez chamadas perdidas e seis mensagens de Mason Eu
tropecei para trás e minha bunda bateu na cama, meus olhos
examinando as mensagens.
Atenda neste instante.
O único propósito dos telefones é atender ligações, Lauren. Algo
que você não está percebendo.
Eu atenderia minhas ligações se fosse você.
Eu pulei o resto de suas mensagens que envolviam ele insultando
minha inteligência e outras coisas. A última mensagem fez com que
meus olhos saltassem das órbitas e meu queixo quase caísse no chão.
Coop está lá embaixo esperando por você.
Você e eu vamos embora por alguns dias.
O voo parte às oito da manhã.
É melhor você não se atrasar. Leve pouca bagagem.
De qualquer forma, caberá a mim se suas malas virão ou não.
— Ah, que emocionante! — Beth respondeu. Ela leu o texto por
cima do meu ombro. Só ela acharia isso emocionante.
Eu me perguntei onde diabos ele queria me levar, mas eu não
queria participar daquilo. Só porque ele era meu noivo não
significava que eu confiava nele para não me machucar.
Eu não seria tola o suficiente para ir a qualquer lugar que eu não
conhecesse com ele.
— Você quer que eu te ajude a fazer as malas?
Ah, Beth. Sempre o tipo de amiga que fica animada com tudo e
qualquer coisa.
— Não, eu não vou. — Fui para a cama para voltar a dormir, mas
foi Beth quem puxou meu braço de volta para ela.
Ela me encarou. — Vai, sim. Você vai fazer as malas e entrar no
carro de Mason.
Eu puxei meu braço para longe dela. — E mandar ele me matar
onde meu corpo não seja recuperado? Não, obrigado.
— Para alguém que diz ser adulto, às vezes você age como uma
criança. Mason não vai matar você, Laurie.
— Tenho certeza de que ele vai levar você a um lugar incrível, e
você não saberia disso porque está sendo tão boba agora!
— E você está sendo tão irritante, — reclamei.
— Me escute, — ela disse em um tom sério. Não conseguia me
lembrar da última vez que ouvi Beth falar naquele tom antes. —
Você vai se casar com ele e vai morar com ele por um ano. Quanto
mais você o desafia, mais ele tornará sua vida um inferno quando
você for morar com ele. A melhor coisa que você deve fazer é
agradar a ele.
— Não faça nada que o irrite e você realmente vivera por um ano
em paz.
Havia um motivo pelo qual Beth era a mais inteligente, embora
ela raramente demonstrasse isso. Eu não conseguia desviar o olhar
para o quão certa ela estava.
Se eu fosse sobreviver na cova do leão, precisava saber como
controlá-lo.
Se eu não pudesse domesticá-lo, pelo menos acalmaria a
tempestade.
Ela sorriu de satisfação quando peguei minha mochila e comecei
a embalar algumas roupas. Ele disse para levar pouca coisa, ou então
eu perderia tudo. Eu bufei.
Aquele homem era a pessoa mais dramática que eu já conheci. E
pensar que suas demandas seriam o que eu ouviria por um ano.
Seria um ano péssimo, mas de uma coisa eu estava certa: eu iria
lembrá-lo de que era alguém que não gostava de ser controlada.
Exigir respeito. Dominá-lo.
Ele não me trataria como sua empregada.
Eu seria sua esposa, e nenhuma esposa merecia ser pisada pelo
marido.
Respeite e seja respeitado.
Pedi desculpas a Coop pela centésima vez. Eu me senti tão mal
por deixá-lo esperando e por ser arrastado para longe de sua casa no
meio da noite.
Eu queria perguntar a ele se ele tinha família, mas realmente não
era da minha conta.
Embora, a curiosidade estivesse realmente me matando.
Ser deixada no aeroporto sem explicação não parecia uma boa
ideia. Achei que Coop iria me deixar lá, mas ele voltou cinco
minutos depois e me acompanhou para dentro, onde Mason nos
esperava.
Já sentiu aquela sensação estranha quando você fez algo errado e
está com muito medo de enfrentar as consequências? Foi assim que
me senti no momento em que estava prestes a encontrar meu noivo.
Eu queria me virar e fugir, mas Lauren Hart não era covarde. Ok,
talvez eu fosse um pouco covarde, mas não iria me esconder de
Mason.
O logotipo Campbell estava no avião particular que Coop me
conduziu para dentro. Eu soube que estava prestes a decolar em
quatro minutos, então tive a sorte de chegar na hora certa.
Eu nunca tinha estado dentro de um avião particular antes e
deixe-me dizer, eu queria poderia morar ali dentro para sempre.
Era tão lindo, limpo e brilhante. Cheirava a coisa cara.
Mas estava faltando alguma coisa:
Mason.
A doce aeromoça me deu um sorriso educado e perguntou se eu
queria alguma coisa.
Eu queria dizer a ela para chamar seu chefe, mas não queria que
ela distorcesse minhas palavras e a fizesse pensar que eu realmente
gostava de Mason ou queria vê-lo.
Eu só queria ter certeza de que ele estava no avião, que ele não
me trouxe aqui apenas para ver o avião cair e dizer que foi um
acidente enquanto o piloto e os comissários escapavam.
Eu relaxei no meu assento, inclinando minha cabeça para trás e
curtindo o voo. Eu não dormi muito durante o dia, mas eu realmente
poderia tirar uma soneca para me livrar do tédio.
E onde é que estava Mason?
Tendo bebido muita água, minha bexiga gritou e me levantei para
ir ao banheiro, apenas para ficar cara a cara com a parede de aço do
meu noivo.
Ele elevou-se sobre mim como um escudo protegendo seu país,
seu doce cheiro de menta atingiu meu nariz e fez minha cabeça ficar
mais leve.
Ele sempre tinha um cheiro incrível.
Mason Campbell sempre fazia o ar ao meu redor sumir e meus
pulmões se comprimir. Ele tinha um impacto tão grande na minha
vida e eu só queria que ele não tivesse.
Eu não queria olhar para ele, porque olhar para ele me levava a
pensamentos inadequados.
Eu queria desviar o olhar para evitar o dano que causaria a mim
mesma se continuasse a olhar.
Porque Mason estava me cegando.
Cativando.
Ele era uma raça rara de humano.
Ele era como uma droga que não tinha como não viciar. Era
gostoso, mas fazia mal.
Minha respiração ficou presa na minha garganta quando meus
olhos me traíram, e quando seus próprios olhos desceram sobre
mim.
Aborrecimento.
Irritação.
Ferocidade.
Tudo isso estava claro em seu rosto e meu estômago deu um nó.
Nunca uma vez alguém me impactou com apenas um olhar, e meus
pulmões lutaram por ar.
Ele finalmente me evitou e foi embora sem dizer uma palavra e
eu soltei um suspiro quente que não percebi que estava segurando.
A vontade de ir ao banheiro passou e eu silenciosamente voltei para
o meu lugar.
Era estranho para ele não dizer nada, ou pelo menos reclamar por
ter ignorado suas ligações e chegado tarde. De qualquer forma, eu
não estava bem.
Especialmente se ele estava me ignorando enquanto estava
sentado na minha frente.
Ele estava lendo um livro e não consegui entender o título. Mason
não estava usando terno e optou pelo casual.
A camisa preta que ele usava caía sobre os ombros largos como
uma segunda pele, sem uma ruga visível e a calça azul escura e os
sapatos pretos ficavam bem nele.
Eu franzi meus lábios, estudando-o.
Ele parecia estar com raiva com base na maneira como ele cerrava
os dentes e virava as páginas com tanta brutalidade. Tive vontade de
rir.
Ele era como uma criança temperamental.
Eu me levantei da minha cadeira e fui sentar na cadeira vazia na
frente dele.
— Sinto muito, — falei, tentando cortar a tensão entre nós. —
Estou pedindo uma trégua. — Nenhuma palavra ou dica de que ele
me ouviu.
Eu não deveria estar surpresa. — Eu sei que cometi um erro...
Sua voz suave aveludada me atingiu como uma droga quando ele
respondeu: — É a primeira vez.
Ironia. Entendi.
— Talvez se você parasse de me ligar no meio da noite, eu não
estaria irritando você. Se fosse qualquer namorado meu, eu não teria
atendido também, então não foi nada demais.
— Falando sobre namorado sendo que você só teve um.
Eu franzi a testa sem que ele visse. — Ah, como se você tivesse
pegado várias, ‘Sr. Odeio Mulheres, elas me deixaram infeliz e
irritado, — eu disse sarcasticamente.
— Eu não sou nenhuma dessas coisas que você mencionou, — ele
falou lentamente em um tom preguiçoso, virando outra página de
seu livro.
— Por favor, diga isso para alguém que não conhece você. — Mas
ele não respondeu novamente, apenas focou sua atenção ainda mais
em seu livro. Ele não deu nenhum sinal de que me ouviu.
Fiquei curiosa.
O que ele estava lendo de tão importante e ao qual dedicava toda
a sua atenção? — O que você está lendo?
— Um livro.
— Ah, vá. Quis dizer, qual livro está lendo?
Sem levantar a cabeça para olhar para mim, ele falou enquanto
suas palavras me cortavam profundamente. Pode não parecer que
ele disse muito, mas ele disse muito.
— Não se preocupe com o título. O livro não é algo que sua
pequena mente possa entender, Lauren. É melhor não torturá-la.
— Uau, adoro quando você insulta minha inteligência, —
retruquei sarcasticamente, tentando esconder o quão magoada suas
palavras me fizeram sentir. O sarcasmo sempre foi útil quando eu
queria mascarar o que estava sentindo.
— Como o seu ego cabe dentro da sua cabeça?
Ele fechou o livro com cuidado, sem pressa antes que sua cabeça
se erguesse para mim.
Seus olhos brilhavam com uma emoção oculta que ele era capaz
de manter escondida atrás de seu exterior frio.
Uma mecha de cabelo caía sobre seu rosto e lhe dava uma espécie
de aparência selvagem e infantil. Meus dedos coçaram para tirá-la de
seu rosto.
— Se você está entediada, pode pedir um tabuleiro de xadrez à
comissária de bordo ou pode usar a porta de emergência, — ele
cerrou os dentes e estreitou os olhos para mim. — O que for mais
adequado para você.
Sua voz vibrou no meu corpo e eu fiz uma cara feia.
— Apenas diga que você me quer morta e vá embora. Não é
como se você não tivesse me trazido neste avião para me matar. É
melhor continuar com isso aqui e agora.
— Não gosto de sujar as mãos. — Sua voz era baixa e rouca.
— Não, você prefere sujar as mãos de alguém. Dessa forma, você
não tem nada a ver com isso e pode escapar da prisão.
Ele bufou, e era aquilo era tão esquisito para ele que eu tive que
me virar e me certificar de que ele tinha mesmo feito aquele barulho.
Era verdade. Ele realmente bufou.
— Não estou planejando matar você, Lauren. Se eu quisesse, você
não acha que teria feito no primeiro momento em que nos
conhecemos?
— E me dá grande satisfação saber que te incomoda não saber
para onde estamos indo.
A intensidade em seus olhos causou inquietação no meu coração.
Ele realmente gostava de me provocar.
— Doente do caralho.
— O que disse? — ele perguntou com um tom furioso em sua
voz.
— Eu disse 'Vou jogar um baralho'. — Eu não cometeria o mesmo
erro duas vezes.
Lembrei-me do conselho de Beth sobre não sair da linha com ele e
parecia que meu trabalho ia ficar mais difícil a cada minuto.
Quanto mais eu passava o tempo em sua presença, mais ele me
fazia querer jogar a sensata Lauren pela janela, aquela que não era
tola o suficiente para latir na cova dos leões.
— Está com fome?
Uma risada borbulhou de meus lábios. — Uau, estou chocada.
Mason Campbell realmente se preocupa com um ser humano, — eu
disse surpresa.
— Você realmente tem alguma humanidade em você, afinal.
— Se eu soubesse que perguntar se você estava com fome iria
trazer à tona o seu lado dramático, eu não teria perguntado.
— Não sou dramática.
— Suas ações dizem o contrário.
Minha mandíbula cerrou. — Você é irritante, Sr. Campbell. —
Essa foi fraca.
— Eu te aviso quando começar a me importar com o que você
diz.
— Ah. vamos, você não deveria estar dizendo isso para sua
futura esposa. O que a mídia diria sobre isso? — Eu perguntei com
um sorriso de lobo.
Eu sabia quais botões apertar.
Se havia algo que ele não queria que estragasse, era este noivado.
— Tsc, eu poderia estar gravando esta conversa agora para todos
ouvirem. Eles iriam adorar.
Seus olhos se estreitaram e se tornaram mais severos, como se ele
estivesse tentando ver os pensamentos passando pela minha cabeça.
— Atreva-se.
— Não me tente.
— Por favor. — Seus olhos ferozes me fixaram no lugar e meu
coração palpitou no meu peito.
Um bufo nada atraente escapou de mim. — Você continua
jogando bombas em mim hoje. Não sabia que a palavra 'por favor'
estava no dicionário Campbell.
— Você está cheio de surpresas hoje, Sr. Campbell, mas, por
favor, tenha calma comigo. É tudo o que uma garota pode aguentar,
— eu disse dramaticamente, colocando minha palma sobre o meu
coração.
Ele arqueou uma sobrancelha perfeita. — Isso só prova que estou
certo, mais uma vez. Você é dramática. — Então ele olhou para
baixo, abriu seu livro e decidiu que ele havia terminado de me
entreter.
Eu considerei sua visão com um sorriso inocente.
Escócia.
Era para lá que ele estava me levando, mas o que havia na
Escócia?
Eu realmente pensei que ele estava me levando para longe, mas
eu deveria estar feliz por estar perto de casa.
Alguém estava esperando por nós quando saímos do aeroporto
em um Range Rover preto. Era um jovem, vestido com um terno
preto que acenou para nós antes de abrir a porta.
— Para onde estamos realmente indo? — Eu perguntei a ele,
olhando pela janela.
A única vez que estive na Escócia foi quando era criança, e tinha
ido com meus pais.
Tudo era vago, mas me lembrei de algo acontecendo entre meus
pais. Tivemos de sair mais cedo do que pretendíamos.
— Minha casa, — ele respondeu humildemente. — Você vai
conhecer minha família.
Surpresa com suas palavras, eu virei minha cabeça para a
esquerda e fiquei boquiaberta com ele.
— O quê? Você está me levando para conhecer sua família?
— Sim.
Meu deus! Eu não estava pronta. Não podia conhecer a família de
Mason. Achei que iria demorar mais. Inferno, eu não imaginei que
iria conhecê-los tão rapidamente. Ele deveria ter me contado para eu
me preparar.
Eu estava pronta para desaparecer.
Eu o nivelei com um olhar duro.
— Você não pensou em me avisar? — Eu berrei.
O brilho em seus olhos, como se ele tivesse ganhado de alguma
forma, me mantendo no escuro e me chocando com essa notícia, me
fez querer jogá-lo para fora do carro.
— Eu avisei. Agora mesmo.
Minha mandíbula cerrou e eu mal fui capaz de evitar que as
palavras descontroladas saíssem dos meus lábios. Respire, Lauren,
respire. Se eu podia lidar com Mason, eu poderia lidar com aqueles
abutres. Simples assim.
Mas meu coração batia forte no meu peito.
— Por que temos que conhecê-los agora? Por que não depois do
casamento? — Eu perguntei levantando meu queixo.
— Meus pais têm algo marcado e não poderão ir ao casamento.
— Que tipo de pais não vão ao casamento do filho? Essa é a coisa
mais importante que está acontecendo em sua vida.
Seus olhos brilharam com fogo.
— Talvez devêssemos perguntar isso a eles? Lembre-os de como
seu filho é importante e como é egoísta da parte deles perder isso.
Eu o considerei com um olhar irritado. — Eu não disse que estava
curiosa.
Capítulo 18

A família de Mason morava em um castelo.


Bem, parecia um e era lindo.
Eu não conseguia parar de olhar.
Eu nunca tinha visto uma mansão como esta em meus sonhos
mais loucos, e ali estava eu, prestes a entrar em uma. Os portões
eram pretos e grandes, o caminho até a mansão levou um minuto
inteiro para chegar lá.
O terreno era grande e desnecessário em minha opinião.
Cinquenta casas poderiam ser construídas nele, mas uma grande
mansão com quatro partes estava no meio.
Eu não esqueci que iria enfrentar os Campbells e ainda tinha
aquele medo dentro de mim que parecia esticar a cada passo que eu
dava.
Saindo do carro, dois homens correram para fora da casa e
vieram buscar nossas malas, que agora eu havia percebido que eu
era a única que tinha levado bagagem.
Mason não havia trazido nada. Por que?
Aquela era sua casa.
Eu olhei para a porta e engoli em seco.
Eu podia sentir os sussurros do demônio silenciosamente me
convidando para entrar para me arruinar.
— Mestre Mason. — Um homem alto parou na nossa frente em
um terno preto, seu cabelo e barba da cor de cinza, em pose
deliberada, ambas as mãos atrás das costas e o peito estufado.
— Bem-vindo a casa. — Houve uma leveza repentina e amor em
seu tom.
— Leon, — Mason respondeu, acenando para ele. Não havia
nenhum senso de familiaridade em seu tom, nenhum calor ou amor.
O homem chamado Leon mudou seu olhar para mim e estreitou
os olhos para mim.
— Bem-vinda, senhora.
Eu nem mesmo pisei dentro e já estava sendo odiada. O que
diabos eu fiz com esse velho que decidiu me odiar à primeira vista?
A única explicação sensata poderia ser que ele pode estar
apaixonado por Mason, mas eu rapidamente evitei esse pensamento
ridículo.
O homem tinha idade suficiente para ser seu avô, certamente
deveria haver uma explicação melhor do que essa.
— Por favor, me siga, Mestre Mason, seu pai deseja vê-lo na área
externa. Ele soube que você estava no país no minuto em que o avião
pousou.
— Certo. — Então, os lábios de Mason se contraíram
ligeiramente.
— E, Leon, talvez seja melhor mudar o tom de sua voz na
próxima vez que falar com minha noiva.
Os olhos de Leon se arregalaram em choque antes de ele se
recuperar e limpar a garganta. — Minhas desculpas, senhor. Sinto
muito, senhora.
— Está tudo bem, — soltei sentindo o calor que percorreu meu
corpo quando Mason veio em minha defesa. Não que eu precisasse,
mas era estranho.
— Lauren. — Os dedos de Mason roçaram meu braço quando ele
se virou para mim. — Eu preciso ver meu pai. Você pode entrar
primeiro.
Suas palavras me fizeram arregalar os olhos em alarme. Eu
balancei minha cabeça e dei um passo para trás.
— O quê? Não, eu não posso entrar sozinha, — eu disse
fracamente. — Eu não conheço essas pessoas.
— Não seja teimosa, amor. Leon irá acompanhá-la para dentro.
Estarei com você daqui a pouco.
Sua expressão era tão severamente proibitiva quanto seu tom,
mas eu não acho que ninguém poderia entender, exceto eu.
Então, ele me surpreendeu quando passou o braço em volta da
minha cintura e me puxou para o seu peito.
Eu engasguei quando dezenas de relâmpagos surgiram em meu
corpo.
Meus olhos se arregalaram para ele, ele colocou sua testa em cima
da minha, liberando um hálito quente que atingiu meu rosto e me
fez estremecer.
Seu hálito cheirava a hortelã e chocolate, uma combinação
inebriante de cheiros.
Enraizado no local e incapaz de se mover, Mason começou a
esfregar nossas testas antes de se mover para colocar um beijo leve
na minha bochecha, recuando para olhar para mim.
— Tente não sentir muito a minha falta, querida, — ele falou
baixinho, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e
acariciando o lado da minha cabeça.
Eu fiquei pasma.
Meu coração martelou dentro do meu peito e minha respiração
ficou presa entre meus pulmões quando ele me deu um sorriso
atrevido.
Ele estava me olhando como se eu fosse a única mulher que ele já
tinha visto, e não era justo porque era apenas um teatrinho para
Leon.
De alguma forma, isso fez meu coração disparar.
Mas por um segundo, eu só queria acreditar que ele estava
olhando para mim desse jeito porque ele queria.
Porque eu era muito especial para aquele homem sexy e
poderoso que tinha o mundo em suas mãos.
Algo que eu não podia evitar estava começando a acontecer e eu
não queria deixar ir mais longe.
— Eu te desafio a me impedir de sentir sua falta, — eu brinquei,
sorrindo como se acreditasse em minhas próprias mentiras.
— Se eu não te vir em breve, irei te procurar.
Ele acenou com a cabeça e se virou, caminhando em outra
direção. Eu o encarei de volta, seus músculos flexionando enquanto
ele andava e o sorriso no meu rosto não parava.
Leon pigarreou, chamando minha atenção. Minhas bochechas
queimaram, embora eu tenha ficado surpresa com a nova expressão
em seu rosto. Não era hostilidade, mas sim aceitação.
Eu me perguntei o que mudou sua opinião sobre mim.
— Podemos entrar?
Eu balancei a cabeça e o segui para dentro. Foi como entrar no
paraíso.
Não se podia realmente dizer quanto dinheiro foi gasto no design
de interiores. Beth teria ficado louca se estivesse ali.
— Quem é você? — O som de passos surgindo de um corredor
veio em nossa direção e eu respirei fundo.
Ele era jovem - devia ter quase 30 anos e era bonito com seu
cabelo escuro e ombros largos. Ele tinha mais de um metro e oitenta
de altura, maçãs do rosto pontiagudas e queixo liso e quadrado.
Seus olhos eram verdes esmeralda e brilhantes. Ele não se parecia
com Mason, mas também não era mais bonito do que ele.
— Pois não? — Ele arqueou uma sobrancelha para mim. — Quem
é você? — ele perguntou com uma voz profunda que parecia fazer
todo o meu corpo vibrar de forma errada.
— Ela é noiva do Mestre Mason.
O homem olhou brevemente para Leon.
— Noiva de Mason? — Sua sobrancelha se franziu em uma
carranca incrédula. — Você pode ir, Leon.
Eu ouvi os passos de Leon recuando. Ele se virou para mim.
— Você é?
— Eu sou o que?
— Noiva de Mason, — ele murmurou em um tom frustrado.
— Sim, — eu respondi bruscamente, desejando não me encolher
diante dele. Ele não me assustava.
Ele se endireitou rapidamente, sorrindo, mas seus olhos estavam
vigilantes. — Tem certeza de que estamos falando sobre o mesmo
Mason?
— Nosso Mason nunca ficaria noivo de nenhuma mulher, não
desde quando... — Ele se conteve com uma risada curta.
— Você está com os repórteres?
— Se estamos falando sobre Mason Campbell, então sim. —
Minha mão cerrou-se apesar de tudo. — Eu sou a noiva dele, Lauren
Hart. Prazer em conhecê-lo.
Uma de suas sobrancelhas se arqueou friamente. — Se você está
mentindo para mim, Lauren Hart, eu pessoalmente a levaria para
conhecer meus dois cães e eles a rasgariam em pedaços. Eu odeio
mentirosos.
Quem que esse cara pensa que é? Eu estava a segundos de jogar
minha educação pela janela. — Bem, então, acho que você tem que
encontrar outra pessoa para levar.
Seus lábios se curvaram em um sorriso fraco e irônico. — Deixe-
me levá-la para conhecer todos, noiva de Mason. — Ele começou a se
virar quando eu bati.
— Meu nome é Lauren, — eu corrigi em aborrecimento.
Ele acenou com a cabeça com um leve sorriso.
— Lauren, é claro, minhas desculpas. Me siga.
Eu caminhei bem atrás dele, e o pânico me fez querer correr e sair
dali rápido.
Nossos passos faziam o único som à medida que avançávamos; a
casa poderia estar vazia, mas foi apenas quando chegamos ao final
do corredor que os primeiros sons vieram ao nosso encontro; a
princípio, um sussurro, crescendo com os passos, depois engolindo
em um murmúrio.
Eu olhei para o homem ao meu lado, mas seu rosto severo não
mostrou nada.
No final do corredor, havia duas boas portas duplas e eu entrei.
Por um momento, a tagarelice não parou.
Então, cabeças começaram a se virar e me vi confrontada por uma
fileira de rostos pálidos e fixos em um silêncio aterrorizante. Eu olhei
ao meu redor desamparadamente procurando uma fuga, mas o
homem estava bloqueando meu caminho atrás.
Então, em algum lugar, alguém deu uma risadinha e outra voz
começou: — Sebastian, por que você está parado na porta? E quem
você trouxe com você?
Eu não pude dizer quem estava falando, porque eles eram poucos
ali - talvez cinco pessoas sentadas nas cadeiras reais mais lindas.
Fiquei enraizada no lugar, olhando para todos eles, o brilho e a
elegância de suas roupas e joias machucando meus olhos.
— Eu trouxe a noiva de Mason, Lauren Hart, — Sebastian
respondeu com prazer, me empurrando para frente para a sala de
estar.
— O quê?! — Uma mulher gritou, levantando-se da cadeira.
Meus olhos se conectaram com ela enquanto ela se aproximava de
mim.
Ela era linda, seu cabelo loiro e encaracolado balançava em seus
ombros enquanto ela caminhava com graça e elegância. Ela usava
um vestido curto brilhante e saltos pretos que clicavam no chão.
Ela ficou a poucos centímetros de mim, seus olhos castanhos fixos
nos meus. Ela me encarou como se quisesse me matar, e eu dei a ela
um olhar que dizia que não tinha medo dela.
A mulher tinha maçãs do rosto salientes, o nariz reto e quando
ela franziu a testa, covinhas apareceram em ambas as bochechas.
Seus lábios carnudos foram pintados com uma cor vermelha
ousada e um colar de diamantes estava em seu pescoço, brilhando
como estrelas. Essa garota era tudo que eu não era.
— Você acabou de dizer que ela é noiva de Mason?
Sebastian não respondeu, mas seu sorriso era malicioso quando
olhou para trás, para a mulher caminhando em nossa direção. Antes
mesmo que alguém pudesse me dizer, eu sabia que ela era a mãe de
Mason.
Ela tinha uma semelhança impressionante com o filho. Seu cabelo
bronze estava penteado com estilo, e sua blusa e terninho a faziam
parecer mais jovem do que sua idade.
Mas foi o antagonismo em seu rosto que me chocou; quando ela
olhou para mim, seus olhos cinzas estavam ardendo e sua boca
estava dura. Engoli em seco antes que pudesse me impedir.
Então, ela me examinou por mais um momento; então ela exigiu,
— O que meu sobrinho disse é verdade? Você é a noiva do meu
filho?
— Sim.
Não reaja.
Respire.
— Você está mentindo, — a outra garota disse, sua expressão
dura. — Mason nunca daria uma chance para uma pessoa como
você.
Revirei meus olhos para ela, apesar das marteladas em meu peito.
— Ah, mas ele deu. Parece que você não o conhece muito bem.
Eu dei a ela um sorriso educado enquanto seus olhos brilharam.
— Chega, Chloe, — a mãe de Mason gritou para ela, então olhou
para mim.
— Você está grávida?
Meu queixo caiu com sua pergunta. Eu abri e fechei minha boca,
sem palavras.
Ela estava insinuando que a única razão pela qual eu estaria com
seu filho seria se eu estivesse grávida?
Então, de repente, alguém riu. Era estridente e um pouco
malicioso, mas havia uma nota de genuíno divertimento nisso. —
Isso é uma pergunta, mãe? — Outra garota falou.
— A única razão pela qual ela estaria aqui é se ela está grávida de
seu filho, ou talvez ela esteja mentindo. Ela vai ter um filho e alega
que é do meu irmão.
— Eu conheço garotas como ela que fariam qualquer coisa para
prender alguém por dinheiro.
Eu a ignorei enquanto fechei meu punho com raiva.
— Se isso é sobre dinheiro, garota, eu daria a você um cheque em
branco agora e você sairia da vida do meu filho, — ela disse
suavemente, seus olhos estreitos traindo seu tom leve.
— Deixe-me pegar minha bolsa e podemos fazer isso
rapidamente, e depois saia da minha vista.
— Não, — eu a impedi de se mover, encontrando seu olhar
intenso com firmeza.
— Eu não estou grávida. — Eu olhei brevemente para Chloe.
— E não quero o seu dinheiro, — disse isso à mãe dele, e falando
as palavras com clareza, em um esforço para me sentir mais
confiante, acrescentei: — Mason e eu estamos apaixonados. Eu amo
ele. Ele me ama.
Ou então estávamos dizendo a todos.
— Cale-se! — Chloe gritou, apontando sua unha pintada para
mim.
— Mason não está apaixonado por você. — Ela sorriu com uma
intenção sinistra. — Tenho certeza que ele está fazendo isso para se
vingar de mim.
Uh... isso não é verdade, mas eu não deveria dizer nada. Deixe
que ela alimente seu próprio ego. Algo estremeceu dentro de mim
enquanto eu digeria a sugestão óbvia de que Mason poderia estar
envolvido com Chloe.
Isso explicaria muita coisa, pensei com uma pontada de
desconforto perturbador, mas de alguma forma, não conseguia
imaginá-lo com Chloe.
Ela parecia uma pirralha.
Sebastian riu. — Só você pensaria que Mason perderia seu tempo
fazendo algo assim, Chloe. — A diversão estremeceu em sua voz. —
Além disso, ele odeia sua própria existência.
— Ninguém pediu sua opinião, Seb. — ela disparou nele.
— Chega, vocês dois. — A mãe de Mason olhou para Sebastian.
— Onde está Mason? Eu preciso falar com ele. Isso ... — Ela apontou
para mim em desaprovação.
— Essa garota não vai servir. — Então ela voltou a se sentar.
— Garota, chegue mais perto, — outra mulher latiu para mim.
Eu pulei um pouco com o som, mas não ousei me mover. —
Estou falando com você.
— Não se mova um centímetro, Lauren.
Virei a cabeça e lá estava Mason, com o peito largo arfando e os
dentes à mostra como um animal.
Nossos olhos se encontraram e ele olhou para mim antes de
mover seu olhar de volta para sua tia em um frenesi enlouquecido
de raiva.
— Mason.
Ele ignorou sua mãe e caminhou até onde eu estava entre
Sebastian e Chloe, olhou para mim e estendeu a mão. Hesitei no
início antes de apertar minha mão na dele, sentindo seu calor.
Como nossas mãos podem caber tão perfeitamente? Quase como
se fossem feitos uma para a outra.
Ele encarou sua tia descontroladamente novamente. — Eu dei a
seu filho meu dinheiro para começar seu negócio quando ele jogou
fora toda sua herança, tia Matilda.
— Se você quer que ele ainda tenha seus negócios intactos, faria
bem em respeitar minha noiva, — disse ele em voz baixa, perigosa e
ameaçadora.
— Ela não é alguém que você pode mandar. E isso vale para
todos vocês. Qualquer um que a desrespeite responderá a mim.
— Mason! — Sua mãe exclamou de espanto e as bochechas de
sua tia coraram de raiva e vergonha.
Algo dentro de mim mudou e eu olhei para ele em estado de
choque, este homem que me odiava estava me defendendo contra
sua família. Ele deve realmente odiá-los mais.
— Você não pode estar falando sério!
Ele se virou tão rápido e olhou para Chloe.
Foi o suficiente para querer que eu desviasse o olhar.
— Cale. A boca.
A animosidade fervilhava em sua voz. Foi assustador.
Ele fez três palavras soarem como um desejo de morte.
Este era o Mason Campbell que Beth e eu tínhamos ouvido
rumores.
Este era o homem que fazia as pessoas se encolherem de medo.
Eu saberia, tive vontade de me encolher e ele nem estava falando
comigo.
— Nem mais uma palavra sua, Chloe Estou falando com minha
família. — Ele apontou seu longo dedo para ela, seus olhos sem
humanidade. — Na próxima vez que você falar, verá o quão ruim eu
posso ser.
Chloe deu um passo para trás com medo e desviou o olhar.
— Agora, se você nos dá licença, Lauren e eu precisamos nos
registrar em um hotel. Claramente, ela não é bem-vinda aqui, e não
vejo como eu vou ficar aqui.
Ele agarrou minha mão com força e nos viramos para sair.
— Não seja tolo, filho. Ninguém dirá uma palavra a ela, eu
prometo. — Sua mãe se aproximou de nós e me surpreendeu ao me
abraçar com força. Alguma emoção lutava para se expressar em seu
rosto marcante.
— Bem-vinda à família, Lauren. — Ela me deu seu melhor
sorriso.
Não foi legal.
— Dê-me uma boa razão para eu confiar em suas palavras, mãe.
— Seus olhos estavam semicerrados e com raiva.
— Eu prometo, Mason.
Ele não parecia acreditar nela.
E nem eu.
Capítulo 19

Depois de deixar a sala de estar enquanto éramos observados,


Mason se encarregou de me mostrar o quarto de hóspedes.
Ele tinha estado quieto desde que deixamos sua família lá,
optando por apenas caminhar silenciosamente ao meu lado. Tentei
encontrar seus olhos, mesmo por um breve segundo, mas ele não
olhou para mim.
Paramos em frente a uma porta marrom antes que ele abrisse,
entrando primeiro antes de eu segui-lo.
Olhei em volta, observando minhas malas que já haviam sido
trazidas para dentro, sentadas ao pé da cama.
Eu estava em uma sala grande que era do tamanho do meu
apartamento, enquanto meu olhar viajava lentamente ao redor da
sala para a cama king-size, o interior e uma enorme TV de tela plana
no lado esquerdo da parede.
Mason pigarreou ao meu lado. Eu olhei rapidamente para ele e
encontrei sua sobrancelha erguida - só então, percebi que minha mão
ainda estava entrelaçada na dele.
Eu corei e a retirei, ansiosa para colocar alguma distância entre
nós e meu coração martelando no meu peito ao perceber que segurei
suas mãos por mais tempo do que o normal.
Eu esperava que ele não achasse que eu estava ciente disso, ou
que fosse bom segurar sua mão. Eu esperava que o pensamento não
passasse por sua mente. Eu já estava lutando para segurar a emoção.
— Estou feliz que este não seja o seu quarto, — eu abri um sorriso
que qualquer um poderia dizer que era falso.
Eu estava tentando encobrir o constrangimento, para esconder o
quão trêmula e agitada eu me sentia no momento.
— Ninguém entra no meu quarto, — ele respondeu mal-
humorado, sem tirar os olhos de mim.
Ele resolveu colocar as mãos no bolso, e eu gostaria que ele
pudesse ver a si mesmo através dos meus olhos, para ver o que eu
estava vendo - o quão gostoso ele parecia parado ali com uma
postura arrogante, mas ele não estava fazendo aquilo de propósito,
era apenas como ele era.
Arrogância, intimidação e confiança eram fáceis para ele,
naturalmente.
Eu tinha certeza de que aquilo deve ter crescia quanto mais ele se
tornava bem-sucedido. Ele conquistou o direito de se exibir, de se
certificar de que as pessoas soubessem do que ele era capaz e de
simplesmente se divertir um pouco com isso.
Sua confiança estava ligada ao sucesso genuíno e ninguém
poderia derrubá-lo do pedestal em que se colocou.
Eles poderiam tentar, mas não teriam sucesso.
— Ah. — Eu balancei a cabeça e sorri, quase como se tivesse
descoberto algo.
— E provavelmente onde você planeja seus assassinatos. Mantém
as pessoas afastadas para não ficar exposto. Entendi.
Uma sobrancelha de sarcasmo se ergueu.
— Talvez eu devesse levá-la até lá.
Foi a frieza de seu tom, muito mais do que suas palavras, que me
deixou sem dúvida de que ele estava brincando, mas não pude evitar
de bufar.
— Bela família você tem aí. Agora sei a quem você puxou, —
arrisquei, caminhando para pegar minhas malas e colocá-las na
cama, tentando pegar o carregador do meu telefone.
— Vocês, Campbells, são definitivamente um raio de sol.
Eu me virei e ele me lançou um olhar longo e lento.
A linha tensa de sua boca não diminuiu. Eu apontei para seu
rosto.
— Você deveria sorrir com mais frequência. A raiva diminui a
expectativa de vida, você não sabia disso?
— E você tem quantos, uns quarenta? — Eu brinquei, sabendo
muito bem que ele não tinha quarenta anos. Mas eu precisava que
ele ficasse mais calmo. Seus ombros estavam muito rígidos e sua
mandíbula estava cerrada.
Ele parecia ter jogado uma parede em torno dele, por qual
motivo, eu não tinha ideia.
— Você já calou a boca? — ele perguntou com um suspiro de
frustração.
Eu balancei minha cabeça em decepção.
— Isso não é jeito de falar com sua noiva grávida, Mason. — Em
sua sobrancelha erguida, expliquei com uma risada.
— Sua família acha que o único motivo pelo qual vamos nos casar
é que você me engravidou. Ah, espere! Essa não é a melhor parte
ainda. Eles acham que estou grávida do filho de outra pessoa e
afirmando que é seu porque, aparentemente, sou uma interesseira.
Eu estava achando mais engraçado do que na frente deles. Eles
eram pessoas realmente malucas.
Mason praguejou baixinho.
Sorrindo amplamente, me aproximei dele, levantando minha
cabeça para olhar em seus olhos. Eu me encontrei perdendo o
equilíbrio com o calor vindo de seu corpo para a minha
proximidade.
— Eu só queria dizer obrigada, — comecei, com cuidado para
não tropeçar em minhas palavras. — Pelo que você fez lá atrás. Você
poderia ter deixado sua família me insultar mais, mas você me
defendeu.
— Embora eu possa lutar minhas próprias batalhas, mas
obrigado por pelo menos se importar.
Mesmo que não estivéssemos nos casando por amor ou
acabaríamos juntos depois de um ano. Mason sabia de sua
responsabilidade.
Eu estava preocupada que ele não se importasse com nada ou me
negasse respeito, porque aquilo não era nada mais do que um
acordo de casamento que forçamos um ao outro.
Agora, eu estava convencida de que ele não faria nada para me
machucar. Ele cumpriria sua parte no trato.
Talvez papai estivesse certo, afinal. Havia algo de bom em Mason
Campbell. Embora ele raramente mostrasse, ainda estava lá.
Ele revirou os olhos para mim. — Não é como se eu tivesse
escolha. Eu preciso fazer o papel de noivo bom e amoroso.
Eu sabia o que ele estava fazendo. Ele estava tentando fazer o
papel do homem durão que todos conheciam, alguém que não fazia
coisas boas para ninguém, mas a verdade era que eu sabia que ele
faria isso por qualquer um.
Mas eu deixaria passar dessa vez.
— Então, onde você vai dormir?
— Bem aqui, é claro.
— O que? — Eu congelei, com medo de me mover, até mesmo de
respirar.
— Você não pode ficar aqui! — Não havia nenhuma maneira de
deixá-lo dormir no mesmo quarto que eu.
Em uma casa com dezenas de quartos, certamente, deveria haver
um em que ele pudesse dormir.
Mason cruzou os braços e me olhou com um olhar entediado.
— Onde você acha que eu deveria ficar senão no quarto da minha
noiva? No minuto em que minha família perceber que não estamos
dormindo no mesmo quarto, eles começarão a suspeitar e eu
acabarei não conseguindo o que quero. Não vou arriscar, Lauren.
— Você vai ter que engolir. — Seus olhos me percorreram com
uma expressão que era um insulto.
— Não se preocupe, não tenho interesse em você. Você não é...
— Seu tipo, sim, eu sei. Você já me disse isso tantas vezes que eu
consigo ouvir até nos meus sonhos.
Ele deu um passo lento em minha direção enquanto eu dava um
passo para trás, olhando-me com diversão, seus olhos assumindo
um tom de cinza mais escuro, e eu senti a excitação familiar
queimando em minha pele com seu olhar.
Foi tão emocionante quanto fogos de artifício.
— Ah. então você sonha comigo? — ele perguntou, lentamente
dando mais passos para perto de mim enquanto eu me afastava dele.
— N... não. Não seja louco. Eu não sonho com você.
Por que ele tinha que dizer isso ou me olhar assim? Isso fez meu
coração bater mais rápido com o alarme.
Ele riu baixinho, seu tom baixo e sensual.
— Eu não sou apenas o melhor empresário, mas também sou
habilidoso em detectar mentiras, Srta. Hart.
— Ah, é? — Eu me esforcei muito para dizer mais em um tom
imparcial enquanto me afastava dele, pois ele estava a apenas alguns
centímetros de respirar o mesmo ar que eu.
— Você pode detectar isso? — Fiz um movimento rápido para
passar por ele, mas pisei em algo escorregadio e, antes que
percebesse, perdi o equilíbrio e estava prestes a cair no chão.
Humilhação, minha velha amiga.
Uma mão se esticou em um reflexo, envolvendo o braço em volta
da minha cintura para tentar me impedir de cair.
Mason nos girou tão rápido que perdeu o equilíbrio enquanto
ambos caíamos na cama com ele por cima e eu, por baixo dele.
Sua mão estava deitada na cama acima da minha cabeça,
apoiando seu corpo de me esmagar com seu peso enquanto ele
olhava diretamente nos meus olhos.
Seu olhar era tão quente e intenso.
Eu podia ouvir meu coração batendo forte em meus ouvidos,
intoxicada com seu cheiro, a sensação de sua respiração atingindo
meu rosto e o calor de seu corpo me envolvendo.
Ele não estava me tocando, mas eu quase me desfiz ali mesmo.
Ele era tão lindo.
Cada detalhe em seu rosto era perfeito, quase como se ele fosse
aquele que egoisticamente se esculpiu.
Eu queria afastá-lo, mas só conseguia olhar para trás, respirando
com dificuldade.
O olhar de Mason desviou para meus lábios e ficou lá. Eu engoli e
meu pulso acelerou quando sua expressão se tornou ilegível.
Então, seu corpo começou a tremer de tanto rir enquanto ele se
endireitava, olhando para mim com pura diversão.
Ele recuou com um sorriso satisfatório, se virou e saiu da sala,
deixando-me olhando para o teto sem fôlego e com o conhecimento
de que Mason Campbell provou que estava certo.
Capítulo 20

Eu não queria jantar com sua família, mas ele disse que eu não
deveria dar a eles a satisfação de me ver me esconder deles, e ele
estava certo.
Às vezes, eu me perguntava como ele conseguia agir bem comigo
em um minuto e me odiar no minuto seguinte.
Eu segui Mason até a mesa enquanto ele me sentava ao lado dele
antes de se sentar na mesa principal. Sua mãe e seu pai estavam
ausentes por algum motivo.
Ainda não tinha conhecido o pai dele, mas não estava animada
para isso.
Eu poderia dizer pelos rostos carrancudos que ninguém estava
feliz que eu estivesse ali, especialmente Chloe, que estava
apunhalando seu bife e provavelmente imaginando que fosse minha
cabeça.
Naquele exato momento, ela me lembrou de Jade.
— Você está gostando da sua estadia, Lauren? — Sebastian
lançou a pergunta para mim, surpresa por estar sendo legal. Ele me
deu um sorriso encorajador para apoiar suas palavras.
Mas antes que eu pudesse dizer algo, a irmã de Mason, Rebecca
falou.
— Como ela poderia não gostar? Ela está vivendo com luxo pela
primeira vez, Seb. — Ela zombou, erguendo sua taça de vinho de
uma forma que envergonharia até Cersei Lannister.
— A julgar por tudo sobre ela, posso dizer que ela vivia em um
lixão e isso é o paraíso para ela.
Eu encontrei seu olhar com um sorriso.
— Morando no lixão ou não, sou feliz e isso é o que importa. Sim,
você tem dinheiro, mas acho que vivo mais feliz do que você e tenho
amigos de verdade que me amariam se eu fosse um sem-teto ou não.
Você pode dizer o mesmo de si mesma?
Sebastian bufou uma risada e disfarçou com uma tosse enquanto
ela atirava adagas em mim.
Mason colocou sua mão em cima da minha. Ele estava recostado
na cadeira, me olhando com uma expressão preguiçosa que me
irritou de repente.
— Coma.
Eu olhei para o meu prato — tanta comida que eu mal conseguia
segurar no meu estômago enquanto desviava meu olhar e
encontrava o dele.
— Tudo, — acrescentou ele.
— Como você é mandão, — retruquei lentamente. — E se eu não
quiser?
Sua mandíbula se apertou por um instante antes de se inclinar
para frente e sorrir.
— A menos que você queira uma repetição do que aconteceu
antes bem aqui. — Sua voz era quase um ronronar e meus olhos se
arregalaram.
Sebastian estava ouvindo descaradamente e sorriu quando
chamou minha atenção. — O que aconteceu antes? — ele perguntou.
Os olhos de Mason ainda não tinham deixado os meus e eu olhei
para ele em um aviso. Ele ergueu as sobrancelhas em troca. Suspirei
e peguei meu garfo, mordendo meu bife enquanto ele sorria de
satisfação.
— Vocês dois vão manter o mistério, não vão?
— Dá pra calar a boca? — Chloe gritou com Sebastian, olhando
para ele. Claramente, ela não viu nenhuma diversão naquilo.
— E Mason, como você pode fazer isso comigo? Como você pode
escolher alguém como ela?!
Revirei os olhos, olhando para a minha comida.
— Eu escolhi alguém como você, — ele respondeu friamente
enquanto a observava, medindo sua reação.
— Por que não posso escolher alguém como ela? — Ele apenas
falou algumas palavras, e ela o encarou incrédula, com o rosto
vermelho e zangado.
— Eu sou diferente! Eu cresci com sua família e devo me casar
com alguém dela! Todo mundo sabe disso.
— Bem, é uma boa coisa que os Campbells não têm falta de
homens. — A voz de Mason estava entediada.
— Você pode escolher quem quiser. A esposa de meu tio distante
morreu há cinco anos. Talvez você possa preencher seu coração
vazio.
Sebastian riu alto e eu não pude evitar o sorriso que apareceu no
meu rosto. Chloe parecia que poderia explodir em chamas a
qualquer segundo.
Mas, ele não tinha terminado ainda.
— Ou talvez, Sebastian aqui possa aceitar sua oferta, certo? — Ele
perguntou a seu primo que parecia enjoado com o pensamento.
— Não, obrigado. Nem pintada de ouro, eu não a levaria.
Desculpe, Chloe.
Seu rosto e tom soaram sem remorso para mim. Suas mãos se
fecharam em punhos sobre a mesa.
— O que temos aqui? — Uma nova voz de boas-vindas
perguntou suavemente. Ele era muito alto e esguio, e usava jeans e
blazer.
O que vi quando olhei para ele foi um rosto ferozmente belo, seu
perfil marcante e a boca bem torneada sob a barba aparada.
Seu cabelo escuro agrupado em cachos grossos com olhos
cinzentos fixados no rosto de um anjo sombrio.
A sala ficou quieta e tensa, e eu só fiquei com mais perguntas.
Ele me viu imediatamente e suas pálpebras caíram, e um sorriso
fraco e inquietante nos lábios.
Ele se moveu deliberadamente ao redor da mesa em minha
direção, parando seus passos na minha frente.
Puxando minha cadeira um pouco para trás, ele agarrou minha
mão da mesa e levou-a aos lábios, dando um beijo suave nas costas
da minha mão, me observando com olhos de falcão. O que estava
acontecendo?
— O que você pensa que está fazendo, Dom? — Rebecca exigiu
indignada.
Ele a ignorou.
— Olá, sou Dominic, — ele disse com seus lábios se curvando em
um sorriso. — Você deve ser a noiva.
Eu olhei para ele e puxei minhas mãos para trás.
— Se você sabia disso, deve saber que é impróprio beijar a noiva
de alguém.
Ele riu levemente, recuando um pouco, mas seus olhos não
deixaram os meus.
— Me desculpe. Eu nunca resisto quando vejo uma mulher
bonita. — Então, ele olhou para Mason.
Eu não sabia o que ele viu lá que o fez rir, mas ele voltou para se
sentar ao lado de Sebastian, dirigindo-se à sala, — É bom ver todos
aqui.
— O que você está fazendo aqui? Achei que você estivesse na
Itália.
— Ainda está de olho nele? — Mason sorriu para Chloe, mas não
foi agradável.
— Por que, prima? Eu acredito que você quase parece com ciúme,
— Dominic respondeu, ainda ignorando Chloe.
Mason estreitou os olhos para ele. — Eu estava apenas dizendo a
Chloe aqui que não temos falta de homens na família. Vendo que
vocês dois têm história, é apenas adequado que você reacenda esse
relacionamento.
Ele estreitou os olhos de volta, mas não era tão assustador quanto
os de Mason. Ele soltou uma risada alta e sem humor que de alguma
forma aumentou a temperatura na sala.
Percebi como sua mandíbula estava rígida e como ele tentava
parecer calmo e relaxado. Dominic estava falhando miseravelmente.
— Eu amo as piadas que você faz, Mason. Piadas como essas me
fazem sentir sua falta todos os dias.
O que é que estava acontecendo entre os três? Eu precisava saber.
Eu estava curiosa.
A tensão entre eles era intensa e eu temia que a qualquer minuto
pudéssemos explodir com isso.
Olhei para Mason, cuja mandíbula estava cerrada e os ombros
tensos. Havia uma fúria oculta em seus olhos, pronta para ser
liberada, então fiz o que achei certo. Inclinei-me em direção a ele e
beijei sua bochecha.
Ele jogou a cabeça para trás para mim, e foi o momento em que
me afastei de seu olhar, chocada por ter feito exatamente aquilo sem
pensar. E eu não era a única que estava me olhando.
— Mason... — Chloe começou a dizer após os dez segundos de
silêncio, um silêncio abençoado. — Podemos ir falar sobre isso em
particular. Resolver as coisas entre nós.
Ele parecia estar surdo às palavras suplicantes dela, apenas as
linhas cada vez mais profundas de petulância entediada em sua boca
mostrando que ele a ouvia.
Então ele disse com indiferença:
— Já chega. Alguém pode tirá-la da minha vista se ela não parar
de falar? — Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa, ele se
levantou e envolveu meu pulso com a mão, ele me puxou para cima
e o agarrou com força.
Ele esperou um instante pelo silêncio e então falou com uma
virada arrogante de sua cabeça para seus rostos.
— Eu esqueci o quanto eu não gosto de vocês.
— Estar na sua presença não faz nada além de me irritar,
especialmente você, Chloe, que não deixa transparecer na sua cabeça
que você e eu nunca vamos ficar juntos.
— Eu tenho uma noiva que não gosta que você fale em voltar
comigo.
— Ela não está fazendo nada por cortesia, mas da próxima vez
que você fizer isso de novo, eu a mandarei de volta para o lugar de
onde você veio, retirando seus privilégios e tudo o que você ama até
que você esteja nas ruas implorando por um pedaço de pão.
— Agora, espero, para o bem de todos, que você pense
profundamente nas palavras que sairão de sua boca na próxima vez.
Ele olhou para eles com aborrecimento absoluto antes de me
levar de volta para as portas duplas que tínhamos passado antes.
Ele ainda segurava meu pulso, mas tudo que eu podia fazer era
segui-lo de perto.
Parecíamos estar indo para fora, ou pelo menos parecia que
estávamos.
A varanda estava muito fria à noite, mas linda com as estrelas
brilhando no céu e o cenário à minha frente.
Estremeci quando o frio me atingiu com força.
Eu estava vestindo apenas um top sem alças e shorts.
Não era exatamente a melhor roupa para jantar com os sogros,
mas uma coisa sobre mim era que eu não faria nada por ninguém.
Eu não me importava com minha aparência e não me importava
como alguém me visse.
A mão de Mason apertou a minha; involuntariamente, olhei para
ele e vi seus olhos brilhando por trás do leve sorriso que mascarava
seu rosto duro.
Pensei em ficar sozinha com ele novamente, pensei sobre o que
havia acontecido entre nós na sala e empurrei minha mão, tentando
me afastar.
Mas eu não conseguia me livrar; ele apenas segurou com mais
força, me observando lutar contra sua prisão sem uma mudança em
sua expressão.
Então, sua mão caiu enquanto ele caminhava até a borda,
colocando as mãos no corrimão.
— O que está acontecendo entre você e Chloe?
— Nada que valha a pena mencionar. — Sua resposta veio como
um martelo.
Reconhecendo a nota de impaciência em sua voz, zombei e
comecei novamente: — Por favor, eu sei que algo aconteceu entre
você, ela e Dominic. Você pode me dizer, você sabe.
— Sou uma boa ouvinte e duvido que você tenha alguém
próximo com quem compartilhar algo. Não é bom ficar guardando
as coisas.
Eu fui até o lado dele, colocando meu olhar sobre ele.
— Ela é a razão pela qual você odeia as mulheres?
Sua mão se contraiu, mas ele não disse nada por um longo
tempo, então eu simplesmente esperei por ele.
Eu queria que ele se abrisse para mim.
Se íamos nos casar, ele precisava saber que poderia falar comigo a
qualquer hora que quisesse.
Eu não estava nisso apenas pelo dinheiro.
Poderíamos sair desse casamento como amigos.
Eu gostaria de pensar que ainda seríamos amigos depois disso.
— Você não sabe do que está falando, — disse ele, por fim.
esmagando minha esperança de que ele se confidenciasse em mim.
Tive que continuar lembrando que ele era um homem duro e nada
era fácil com ele.
— Bela tentativa, Hart. Mas infelizmente isso aqui não é um
filme.
— Mesmo assim, — acrescentei, não prestes a ceder. — Eu sei que
aconteceu alguma coisa.
— E daí? E daí se ela me machucou e eu fiquei mal e isso me
mudou a tal ponto que comecei a odiar mulheres? — ele perguntou,
olhando para mim antes de soltar uma risada, mais arrepiante do
que a noite fria. — Engraçado, Lauren.
Eu examinei seus olhos. — Não é engraçado se for verdade. Por
que mais você a odeia?
— Pela mesma razão que odeio mulheres.
— E qual seria? Ah, claro. Você acha que toda mulher é uma
aproveitadora.
— Se eu pensasse assim, você estaria aqui comigo?
Eu sorri. — Eu sou especial.
E sua resposta veio em um bufo desagradável.
Imaginando se era mesmo possível ter uma conversa sem ele me
cortando o tempo todo, decidi escolher outro assunto, um pelo qual
estava mais animada.
— Onde fica a sua tatuagem?
Ele pareceu surpreso. Não era todo dia que eu o surpreendia, e eu
gostava disso.
— Quem te contou sobre isso? — ele exigiu, notando a maneira
como sua voz havia se elevado um pouco.
Um meio sorriso arrogante apareceu em meus lábios. — Isso é
assunto meu.
Ele me olhou sem sorrir. — Foi a Athena. Aquela desgraçada fala
demais. — Observei a maneira como ele batia os dedos no corrimão.
Eu estava um pouco feliz e surpresa por ele parecer
desconfortável por eu saber que ele tinha uma tatuagem.
— Qual é, não precisa ficar com vergonha. Apenas mostre para
mim. Queria ver desde o momento em que soube. Por que você fez?
Eu pensei que o Mason Campbell não se tatuaria mesmo se a morte
estivesse olhando para seu rosto.
Levantando uma sobrancelha diabolicamente arqueada, ele
respondeu,
— Pois é.
— Me conta! — Eu pressionei seu braço duro.
— Você estava bêbado quando fez? — Eu sorri. — O que estou
dizendo? Você não ficaria bêbado por medo de perder o controle.
Um canto daquela boca dura curvou-se para cima.
— Como você me conhece em pouco tempo Lauren? Não sou tão
fácil de ler. — Eu balancei minha cabeça com uma risadinha. Ele
revirou os olhos.
— Eu fiz durante o ensino médio. Eu me arrependo agora.
— Então o que é? Eu pensei sobre isso a semana toda. Estou
morrendo de vontade de saber, — eu perguntei em antecipação.
— Isso não é problema meu. — Ele se afastou da grade e se virou
para sair.
— É difícil gostar de você, sabe, — gritei para ele, lutando para
manter minhas emoções sob controle.
Sua abordagem foi rápida e impenitente; a intenção inflexível em
seus olhos nada prometia para mim.
— Eu não preciso que gostem. Prefiro que alguém me odeie do
que goste de mim. Incluindo você.
Estranhamente, suas palavras não me chatearam tanto quanto
deveria. Não, realmente não era o que estava em minha mente agora.
O cheiro dele de hortelã agarrou-se a suas roupas, e eu podia
sentir o calor de seu corpo, pois ele estava parado tão perto de mim.
— Boa noite, Lauren, — ele acrescentou.
Capítulo 21

Alguém ou algo estava me tocando.


Eu pensei que era apenas em meus sonhos, mas quando senti a
mão puxando lentamente minhas cobertas, abri meus olhos.
Estava escuro, então não pude distinguir quem era, mas a figura
elevou-se sobre mim.
Eu abri minha boca para gritar, mas ele rapidamente fechou
minha boca com a palma da mão.
Meu coração estava batendo forte no meu peito enquanto ficamos
assim por alguns segundos.
Eu estava apenas vendo uma sombra e não poderia ser Mason,
porque eu sabia como era seu toque.
Eu sabia a resposta do meu corpo toda vez que ele estava perto
de mim.
Então quem era?
Tentei falar, mas só saiu um som abafado.
Tentei me levantar, mas sua boca desceu sobre a minha e forçou
minha cabeça para trás contra o travesseiro.
Instintivamente, eu lutei de volta, arranhando e mordendo.
A luz cintilou no cabelo escuro quando sua cabeça se inclinou
novamente para a minha; não havia ternura em seu rosto
sombreado, apenas uma excitação áspera e ardente que me fez
recuperar o fôlego.
— Pare, — eu sussurrei asperamente.
Ele era mais forte e maior do que eu, então não consegui me
livrar dele.
Ele riu friamente quando sua mão deslizou para o meu peito e eu
arqueei para longe de seu toque, que parecia como se lava derretida
fosse colocada em meu corpo.
Minha respiração estava ofegante enquanto eu lutava.
Ele agarrou a parte de trás do meu pescoço e me segurou, os
dedos espalhados na parte de trás da minha cabeça, com meus lábios
duros contra os dele.
Seu beijo foi rápido e forte, então sua boca traçou o oco do meu
pescoço com beijos rápidos e ferozes, seu peso veio direto sobre
mim.
Eu não pensei duas vezes antes de afundar meus dentes em seus
ombros e mordê-los com força suficiente para rasgar minha carne.
Ele gritou e afrouxou o aperto, o que me deu a chance de
acotovelá-lo no estômago com os joelhos.
Com tanta força que eu não sabia que tinha reunido, empurrei-o
de cima de mim e pulei da cama, correndo para a porta.
— Mason! Mason! — Gritei alto o suficiente para acordar os
mortos.
Abri a porta e saí cambaleando, tropeçando com minhas próprias
pernas enquanto caia de joelhos.
Eu ouvi passos correndo no corredor antes que todos eles
aparecessem diante de mim, olhando para mim com irritação.
— O que está acontecendo?! Incomodando as pessoas no meio da
noite, você tem alguma ideia do que seus gritos fizeram com meus
ouvidos?
Não parei para prestar atenção às palavras de Rebecca antes de
correr em direção ao único rosto amigável ali.
Agarrei a camisa de Sebastian enquanto me abaixava atrás dele,
respirando com dificuldade enquanto olhava para a porta.
— Lauren, o que há de errado? — ele me perguntou em um tom
preocupado.
Eu estava balançando a cabeça, ainda em um estado assustador,
mas apontei para a porta quando a figura saiu do meu quarto.
Eu não fui o único que engasgou.
— Dominic?! — Chloe gritou em choque. — O que você estava
fazendo no quarto dela?
— Ah meu Deus, é isso que vocês dois têm feito? — Rebecca
perguntou com nojo em seu tom.
— Sua vadia! — Ela caminhou até mim com raiva, mas Sebastian
deu um passo na frente dela antes que ela se aproximasse de mim.
— É isso que você está retribuindo ao meu irmão por amar você?
— Transando com seu primo pelas costas?
Eu engasguei quando suas palavras me atingiram e balancei a
cabeça, tentando não deixar as lágrimas caírem dos meus olhos com
a acusação.
— Desgraçada, eu sabia que havia algo errado com ela. Você não
está satisfeita com um Campbell e quer cravar seus dentes em outro?
— Você é tão aproveitadora assim? — Chloe cuspiu.
— Deixe-a falar, — Sebastian interrompeu, olhando para os dois.
Eu encarei Dominic, que casualmente se encostou na porta sem se
importar no mundo.
Ele encontrou meu olhar com um sorriso secreto e eu tive o
desejo de caminhar até ele e dar um tapa em seu rosto.
— Ele veio ao meu quarto, — eu disse, minha voz tremendo um
pouco enquanto me lembrava de tudo. Eu ainda estava um pouco
abalada.
— Eu estava dormindo e ele... ele tentou...
— Cale-se! — Rebecca gritou, seu corpo convulsionando de raiva
e ela derramou seu ódio em mim com um olhar.
— Você se atreve a entrar em nossa casa e acusar meu primo de
tal coisa?
— Você acha que alguém olharia para você? Ainda mais o Dom
que só namora supermodelos?
— Você é louca? — Eu gritei de volta, meu corpo vibrando de
raiva. — Como você explicaria ele saindo do meu quarto ou eu
gritando?
— Dominic, — Sebastian perguntou em um tom mortal.
— Dominic, o que você estava fazendo no quarto dela?
Dominic não teve a chance de falar antes que uma tempestade
nublasse sobre nós, e ele estava avançando, fervendo de raiva e com
a respiração ofegante, os dentes à mostra como um animal.
Nossos olhos se encontraram e se é ele olhou para mim em um
frenesi enlouquecido de raiva assassina.
Eu não fui a única que ficou surpresa.
— Mason. — Mas ele não deixou Dominic terminar antes de
Mason balançar para trás e acertar um soco poderoso em seu rosto.
A força fez Dominic tropeçar de volta para a sala.
Mason parecia tão forte e poderoso enquanto estava diante dele,
todo suado e parecendo querer seu sangue.
Ele bateu em Dominic com tanta força, e com cada golpe, meu
coração batia forte no meu peito.
Ele foi implacável e impiedoso enquanto socava seu primo sem
pensar duas vezes, cada golpe derramava o sangue Campbell.
Rebecca e Chloe gritavam para ele parar, enquanto eu ficava ali
enraizada no lugar.
Sebastian demorou muito antes de arrancá-lo de Dominic. que
mal respirava no chão.
— Você vai se arrepender de tocá-la novamente, — ele rosnou
para ele quando dois grandes seguranças correram para dentro da
sala e pegaram Dominic, arrastando-o para fora com eles.
— Para onde você o está levando?! — Rebecca exigiu enquanto os
seguia para fora. — Mason, pare com isso!
— Você está realmente fazendo isso por ela?! Ela não é ninguém!
— Chloe disse freneticamente.
Ele a ignorou e se aproximou de mim, parecendo quente e
selvagem.
Ele rudemente agarrou minha mão e me puxou enquanto Chloe
gritava ameaças às nossas costas.
Quando nos afastamos do quarto de hóspedes, chegamos a uma
porta e ele largou a mão da minha imediatamente, invadindo o
interior e me deixando arrastando os pés pela porta do escritório.
— Entre, — ele latiu.
Parece que o simpático e atencioso Mason Campbell havia sido
substituído por sua persona idiota. Ele se virou e observou meu
olhar desafiador.
Suspirei e entrei, fechando a porta atrás de mim.
Ele ficou a um passo de distância de mim e me estudou.
Eu me senti nervosa sob o seu olhar, especialmente porque ele
estava sexy em uma camiseta macia que envolvia todos os seus
músculos e uma calça de moletom que estava presa na cintura.
Seu rosto estava cheio de preocupação e o cabelo bagunçado, seus
punhos cerrados ao seu lado, e eu quase corri até ele e os abri.
— Você está bem?
Eu balancei a cabeça, de repente me sentindo intimidada por ele.
Afinal, quem não faria isso quando parecia tão forte e poderoso ali,
pronto para destruir o que quer que estivesse em seu caminho.
Eu queria desesperadamente que ele fechasse os braços em volta
de mim e me abraçasse, embora eu não precisasse, e as chances de
isso acontecer eram zero.
Respirando fundo, corri meus dedos pelos meus cachos.
— Estou bem, — assegurei-lhe, percebendo que não dizer nada o
estava deixando agitado.
— Prometo.
Ele arrastou os dedos pelos cabelos, até a nuca, e os soltou com
um suspiro.
— Eu não deveria ter trazido você aqui, — ele admitiu
calmamente.
— Não é sua culpa, — eu disse, tentando tirar a culpa dele.
Ele olhou para mim. — Eu não disse que era.
Idiota.
— Mas por alguma razão, eu odeio que seja. Eu não deveria ter
deixado você sozinha, eu sabia que Dominic era um idiota.
Seu tom me fez estremecer de surpresa, e eu não pude deixar de
notar os punhos que ele tinha acabado de formar em seus lados e o
olhar assassino que ele tinha em seus olhos novamente.
— Vamos embora, — ele anunciou.
— O quê? Achei que você queria ficar aqui por alguns dias.
Suas sobrancelhas se ergueram sobre os olhos. — Você quer ficar,
Lauren? — ele perguntou.
— Não...
— Então pronto. — Seu tom não me deixou espaço para objeções.
Eu meio que me senti mal por estarmos saindo, sendo que só
estávamos lá há um dia, mas uma parte maior de mim estava feliz
por ir embora.
Sem querer ofender Mason, mas sua família era péssima. Ele era
tão cruel quanto eles, mas não era podre como Dominic.
A pessoa que mais me surpreendeu na família foi Sebastian.
Mesmo que não tenhamos tido uma primeira boa impressão, se eu
tivesse ficado mais alguns dias, teríamos nos dado muito bem.
Partimos na manhã seguinte sem nos despedir de ninguém.
Ninguém veio nos despedir, mas como eles saberiam que
tínhamos partido sendo que desaparecemos às cinco da manhã?
Eu estava convencida agora de que Mason nunca dorme em sua
vida. Sua obsessão em fazer tudo no meio da noite ou no início da
manhã não era atraente.
Mas quando você olhava para ele, não conseguia identificar as
olheiras.
Não tínhamos nos falado desde que saímos de casa e também
estava tranquilo no avião. Quando pousamos, fiquei feliz e ansiosa.
Eu mal podia esperar para visitar meu pai e ver Beth, mas disse a
mim mesma que não contaria a eles o que havia acontecido entre
mim e a família de Mason.
Eu não gostaria de perturbar mais meu pai e preocupar Beth sem
motivo.
— Bem, foi uma visita curta e agradável para sua família.
Devíamos fazer isso de novo algum dia, — eu disse com uma risada
amarga, olhando pela janela do carro.
Sua própria risada espelhava a minha risada amarga.
— Estou feliz que você esteja encontrando humor nisso. Fiquei
preocupado que você pudesse ter perdido.
Eu me virei e olhei para ele sem compreender. — O que vai
acontecer com Dominic? — Eu queria saber para onde ele foi levado.
Eu não me importava com o que aconteceria com ele, mas estava
curiosa para saber onde ele estava.
— Deixe Dominic se preocupar com isso. — Seus olhos estavam
semicerrados e com raiva.
— Você não vai matá-lo, vai?
Seus lábios se curvaram cinicamente. — Na verdade, eu o
executaria ao vivo na televisão. Seria um sucesso, você não acha?
Eu olhei para ele, perplexo. — O quê?
Mason revirou os olhos. — Eu também tenho senso de humor,
Lauren.
Eu soltei uma respiração profunda e ri. — Você me deixou
preocupada por um segundo. — Não importa o que Dominic fizesse,
eu não desejaria a morte dele a menos que ele realmente a
merecesse.
— Você é estranha, sabia disso? Ele quase te estuprou, mas você
está mais preocupada se eu vou matá-lo ou não, — ele notou. Sua
boca endurecia e seus olhos dançavam com descrença.
— Alguém já disse que você é direto? Você não se importa com o
que sai da sua boca para ninguém.
— Acredito que devo ir direto ao ponto. Eu não me importo se
alguém não gosta da minha escolha de palavras, — foi sua resposta
direta.
— Fatos duros e frios tornam você mais forte.
— Ou faz você ganhar inimigos.
— Se eu não tivesse inimigos, Lauren, me preocuparia.
Ele estava falando sério. Ele estava dizendo isso do fundo de seu
coração.
Não havia como negar que Mason Campbell era louco. Ter
inimigos não parecia uma conquista.
Se eu estivesse no lugar dele, teria medo de sair de casa com
medo de levar um tiro.
Mas Mason era arrogante e presunçoso, pois acreditava que
nenhuma bala iria tocá-lo a menos que ele ordenasse.
A palavra saiu antes que eu pudesse impedir.
— Você é louco, Mason, sabia disso?
Seu olhar encoberto não vacilou.
— Einstein também era louco.
Capítulo 22

Eu iria me casar com Mason Campbell naquele dia.


Depois de algumas horas, eu seria oficialmente a Sra. Mason
Campbell.
Qualquer noiva no dia do casamento deveria estar feliz, mas
quanto a mim, eu estava pirando.
Eu estava tendo dúvidas.
Eu não pensei que seria capaz de fazer isso. Bastava que, em
todos os lugares que eu fosse, as pessoas me conhecessem. De
repente, gostaram de mim.
As pessoas que não gostavam de mim fingiam gostar de mim só
para comparecer ao casamento e vender informações falsas para a
mídia.
O casamento do ano não seria um grande casamento, afinal. Eu
disse a Mason que queria um casamento pequeno e ele concordou.
Se dependesse dele, as únicas pessoas no casamento seríamos
apenas nós dois. Beth foi quem me ajudou a escolher meu vestido de
noiva.
Optei pelo vestido de noiva mais simples, nem muito chamativo e
nem muito caro.
Mesmo que a irritasse por eu não estar aproveitando o cartão de
crédito de Mason, ela não podia fazer nada além de aceitar minha
decisão.
Ela me ajudou a planejar o casamento e me ofereceu palavras de
consolo quando eu estava prestes a fugir do país.
Nunca contei a ela o que havia acontecido na Escócia. Acho que
só queria seguir em frente e esquecer isso.
Ninguém da família de Mason viria, pelo o que eu tinha ouvido,
e teria realmente me machucado se eu me importasse com eles. Não
parecia que ele se importava também.
Ele só queria se casar comigo e receber seu dinheiro, com ou sem
ninguém presente.
Meu pai não se aguentava de felicidade. Quando o visitei no
minuto em que voltei da Escócia, ele me deu o melhor presente de
casamento; uma herança de família.
Ele disse que o anel era de sua avó, que o havia passado para sua
mãe.
Na noite em que fugiu com minha mãe para se casar com ela, ele
o roubou da caixa de joias de sua mãe.
Mesmo depois de roubá-lo, ele nunca teve coragem de dá-lo para
minha mãe. Ele me disse que não tinha ideia de pôr que nunca deu a
ela, mas eu fiquei feliz que ele estava dando para mim agora.
Minha mãe nunca mereceu aquilo de qualquer maneira.
Era tão bonito. O anel era o único em todo o universo, desenhado
por seu avô para sua esposa.
Tinha a forma de um sol com uma lua no meio do sol e pequenas
estrelas no meio Eu o segurei com força, prometendo-lhe nunca o
perder.
Foi o melhor presente que já ganhei e me machucava continuar
mentindo para ele.
— Obrigada de novo, pai, — eu disse, esfregando o anel no meu
dedo antes de olhar para ele.
Novas lágrimas apareceram no canto de seus olhos e eu as
enxuguei.
— Pai, por favor, não. Você está agindo como se eu estivesse
morrendo.
— Você vai se casar em alguns dias, Laurie, — disse ele enquanto
as lágrimas rolavam por sua bochecha.
— Deixe-me chorar, minha linda menina. Tenho muita sorte de
poder ver isso.
— Pare, você vai me fazer chorar também. — Nós rimos em
uníssono enquanto eu enxugava uma única lágrima que se reuniu
em meus olhos. Coloquei minha mão em cima da dele e sorri.
— Estou feliz que você estaria lá comigo.
Um olhar estranho tomou conta de seu rosto antes de ele
suspirar.
— Eu queria que sua mãe estivesse aqui para ver isso.
Meus dedos se apertaram um pouco e tentei manter minha raiva
sob controle quando respondi: — Pai, não faça isso. Por favor, não
estrague este momento falando sobre ela.
Ele ergueu a mão fracamente e acariciou minha bochecha com
amor. Ele parecia muito melhor do que da última vez que o vi.
Mason disse que, no minuto em que nos casássemos, seu
tratamento iria começar e eu mal podia esperar meu pai começar a
agir como costumava fazer antes de ficar doente.
Ele sempre foi como uma criança no Natal, cheio de luz,
felicidade e energia.
Eu queria aquele homem de volta.
E eu iria tê-lo muito em breve.
— Como quiser, querida, — respondeu ele, seus braços me
envolvendo para me puxar contra ele.
— Mas você precisa se livrar da sua raiva, Lauren. O que quer
que alguém faça conosco, a melhor coisa que devemos fazer em troca
é perdoá-los. Quando você perdoa, você encontra sua mente em paz.
Ouviu?
Eu o ouvi muito bem. Mas o que aquela mulher fez conosco, a
maneira como ela nos destruiu...
Ela não merecia perdão.
Papai era muito bom. Ele nunca poderia guardar rancor de
ninguém.
Eu estava feliz por não ter essa característica.
Afastando-me dele, eu o ajudei a colocar sua cabeça para trás
contra o travesseiro e ajustei as cobertas nele.
— Você poderia me acompanhar até o altar? O médico deu
permissão?
Ele sorriu. — Sou totalmente capaz de levar minha filha até o
altar. Se minhas pernas fossem cortadas, eu me arrastaria pela
barriga e te levaria, querida.
Eu ri levemente e me levantei. — Eu sei. Você sempre foi um
homem teimoso. — Inclinei-me e beijei-o na testa.
— Mandei seu smoking para lavagem a seco. Eu mandarei Beth
aqui quando estiver pronto, ok?
— Ok, querida. Você está indo? — Ele perguntou, me observando
pegar minha bolsa da cadeira. — Tão cedo?
— Bem, você sabe que tenho um monte de coisas para resolver,
mas não se preocupe, vejo você em breve.
Beth tinha feito minha maquiagem e cabelo depois de eu ter me
recusado a pedir a ajuda de um profissional. Ela sempre se esquecia
de que esse casamento duraria apenas um ano.
Nunca esqueci essa informação.
Sempre esteve no fundo da minha mente, questionando cada
pensamento e decisão que tomei.
Eu estava sentada sozinha em uma das salas da propriedade
privada de Mason, onde nos casaríamos. Era isolado e a maior parte
da área estava fora dos limites para todos.
Ele havia escolhido este local justamente por causa disso, e
ninguém sabia que era ali que íamos nos casar.
Ele já tinha feito Coop despistar a mídia em uma perseguição, e
quando eles descobrissem que estávamos aqui, o casamento já teria
acabado.
Era uma sala grande e aberta, metade de todo o quarto andar da
casa. As janelas voltadas para o sul proporcionavam luz suficiente
para aquecer a sala.
Era o quarto mais bonito, melhor do que o quarto em que fiquei
na casa de sua família.
Eu estava de frente para o grande espelho de pé com os lábios
mastigados, limpando o batom que Beth tinha colocado em mim,
mas não me importei.
Meu vestido se ajustava bem ao meu corpo, a renda de manga
comprida parando logo abaixo do meu cotovelo. O decote quadrado
era perigosamente baixo, para grande excitação de Beth.
A saia era um sino macio que balançava suavemente quando eu
andava.
Não havia nada exagerado no meu vestido de noiva, do jeito que
eu gostava. Meu cabelo caiu para trás em meus ombros, terminando
em cachos.
Sentei-me em uma das cadeiras, muito quieta, com o peso dos
meus pensamentos impedindo meus movimentos.
Aquele era o dia que eu temi por muito tempo, e estava
realmente acontecendo.
Nada poderia impedir aquilo.
De repente, a porta se abriu e Beth entrou na sala, tão linda em
seu vestido rosa claro que abraçava todas as suas curvas.
Ao contrário de mim, seu rosto irradiava felicidade.
— Eu nunca vou parar de dizer que você está incrível! — ela
emocionou-se, movendo-se para ficar na minha frente.
— Embora você pareça uma noiva de mil libras, não uma noiva
de um milhão de libras.
Eu bufei em resposta.
— Você viu Mason? — Ela engasgou com o nome dele.
— Ele está tão gostoso, meu deus! Ele se parece com a porra de
um anjo da morte, mas aqueles bonitos. TÃO VIRIL! Seus ombros
naquele smoking...! — Ela estendeu os braços ao máximo e suspirou
dramaticamente. — Acho que todas as mulheres presentes teriam
problemas para dormir esta noite. Desculpe, eu sei que ele é seu
marido, mas como sua melhor amiga, estou dizendo que ele seria
um convidado em meus sonhos molhados esta noite.
Eu revirei meus olhos.
— E aqueles olhos dele! Lauren, como você continua respirando
na presença dele?
— Quase fiquei inconsciente quando o vi. E caramba, a maneira
como ele anda, você pensaria que o mundo ficaria de joelhos por ele.
Eu com certeza ficaria. Eu faria muitas coisas com ele. — Ela riu,
então parou quando percebeu como eu parecia desanimada.
Não demorou muito para que ela se sentasse na outra cadeira.
— Você está bem?
— Longe disso.
Ela apertou sua mão com a minha. — E só o nervosismo do
casamento, você vai ficar bem. Estou muito brava por ter sido
rebaixada a convidada para o casamento da minha melhor amiga.
— Eu deveria andar pelo corredor com um buquê na mão porque
eu sou sua madrinha, mas seu marido idiota não queria isso. O que
foi que ele falou?
— Perda de tempo. — Ela soltou um barulho de raiva.
Eu sorri achando graça.
— Você estava elogiando-o literalmente há dez segundos.
— Eu não tenho permissão para ter mudanças de humor?
Eu ri. Era minha primeira risada naquele dia e aquilo aliviou um
pouco a tensão em mim. Eu realmente precisava daquilo.
Beth não tinha ideia, ou talvez sim.
Os melhores amigos sabem. Eles têm esse superpoder.
Pelo menos, minha melhor amiga sabia.
Quando meu pai me acompanhou até o altar, ele parecia feliz e
livre, quase como se eu não me casar fosse o único problema em sua
vida.
Os convidados eram cerca de trinta - incluindo Athena e Aaron.
Eu tinha convidado Jade, mas não achei que ela fosse aparecer.
Eu teria ficado totalmente surpresa se ela tivesse.
Alguns membros da família de Mason que eu não conhecia foram
ao casamento, e o único rosto familiar era Sebastian Campbell, que
parecia quase animado como uma criança sendo presenteado com
um bolo.
Parada na frente do homem com quem eu iria me casar com meu
pai atrás de mim, minhas pernas quase cederam e eu estava
nervosamente olhando para o rosto esculpido com uma mandíbula
forte e um olhar intimidante.
Tentei acalmar meus nervos, lembrando a mim mesma que não
fingiria ser uma esposa amorosa em nossa casa e que isso não
passava de um contrato, um pedaço de papel que me ligaria a ele
por um ano.
Não havia nada para temer.
Eu encarei Mason, que tinha acabado de dizer seus próprios
votos sem qualquer traço de nervosismo ou gagueira entre suas
palavras.
Ele olhou direto para mim e as linhas de seu perfil rígido fizeram
minha pele formigar.
Era como se ele estivesse esperando que eu estragasse tudo ou
saísse correndo de lá, mas ele também estava confiando em mim
para ficar ali e compartilhar os votos com ele.
Para olhá-lo nos olhos e me tornar sua como ele disse que eu era.
— Eu, Lauren Marie Hart, — eu disse enquanto engolia em seco.
— Aceito Mason Campbell, como meu legítimo esposo.
Atrás de mim, no assento da primeira fila, Beth deu um pequeno
grito que não foi tão silencioso quanto ela pensava.
— Na saúde e na doença... — Eu continuei enquanto minhas
mãos começaram a tremer nas dele e ele as apertou
confortavelmente.
— Até que a morte nos separe.
Beth deu uma grande bufada e os convidados riram atrás de
mim.
Mason ergueu uma sobrancelha do mesmo jeito que ele sempre
fazia e o que eu tinha acabado de dizer me fez sentir os cantos da
minha boca se erguendo.
Suas sobrancelhas se juntaram e aqueles olhos cinzentos me
olharam com uma pontinha de diversão.
Obviamente, ele iria achar divertido eu desejar a ele apenas a
morte, e ele provavelmente estava se perguntando por que eu estava
obcecada com a morte.
Ele segurou minha mão esquerda enquanto colocava uma aliança
de ouro em meu dedo.
— Com este anel, eu me caso, — ele disse secamente.
Ele era definitivamente o noivo de aparência mais entediado que
já existiu na vida.
Ele parecia ter lugares melhores para estar, e estar ali, se casar
comigo o estava entediando.
— Eu os declaro marido e mulher.
Fiquei tensa quando esperei o padre acrescentar que ele poderia
beijar a noiva.
Aquela foi definitivamente a parte que Mason e eu deixamos de
discutir.
Eu não iria beijá-lo, e ele não parecia muito animado para me
beijar também.
Eu podia sentir a emoção irradiando do corpo de Beth.
Eu queria me virar e olhar para ela, mas mantive meus olhos
fixos nele.
Mas quando o padre não disse mais nada e Mason agarrou minha
mão me levando de volta para baixo, eu finalmente entendi.
Ele deve ter avisado o padre para não falar em beijar a noiva.
Enviei um sorriso caloroso e agradecido às suas costas enquanto
um sentimento de respeito por ele se aquecia em mim e outro
conhecimento se apoderava da minha cabeça.
Eu estava casada.
Eu era Lauren Campbell.
Capítulo 23

— Lar doce lar, amor. Você quer que eu entre te carregando nos
braços?
Apesar do sarcasmo em sua voz, sorri e olhei para ele.
— Claro, por que não? — Eu disse com um sorriso cínico.
— Que tipo de nova esposa eu seria se não permitisse que meu
marido me carregasse além da porta? — Eu sabia que ele não seria
capaz de fazer isso.
Se ele pensasse que poderia sarcasticamente se oferecer para
fazer algo por mim, com certeza faria tudo bem. Eu ia aproveitar a
vantagem de estar casada com ele para me divertir de todos os
modos com ele.
— Você não bateu com a cabeça, não é? — Seu tom era duro
como ferro.
— Porque eu disse sim à sua oferta?
— Eu estava sendo sarcástico. — Seus lábios mal se moviam
enquanto ele falava.
Eu cruzei meus braços e mantive minha guarda.
— Bem, eu não vou entrar a menos que você me carregue. Como
uma nova esposa, eu mereço isso, — eu disse teimosamente. — Ou
posso fazer um lar permanente em seus arbustos.
— Mesmo? — Ele olhou para mim com um brilho fino de gelo
sobre os olhos, sua mandíbula apertando a cada segundo.
— Não estou surpresa que você faça isso. Afinal, veja com quem
estou falando.
— Ei! O que quer dizer com... Ei! O que você está fazendo?! — Eu
gritei quando ele me tirou do chão e me pegou em seus braços, me
carregando para dentro enquanto ele chutava a porta atrás dele.
Quando fechou, ele me colocou de pé e não com tanta delicadeza.
Eu olhei para ele.
— Eu estava brincando! Você não precisava fazer isso, idiota.
— Você sabe que o som da sua voz é irritante, certo?
Revirei os olhos e levantei meu vestido de noiva, olhando ao
redor da casa. O interior era ainda melhor do que o exterior.
Sua mansão parecia muito intimidante.
O chão era de mármore e havia duas escadas em espiral que
subiam ao segundo andar.
As paredes eram totalmente brancas, mas pareciam estar
brilhando, e nas paredes havia muitas pinturas, exatamente como as
que estavam em seu escritório, mas mais caras.
Uma porta ficava de cada lado da sala, o que eu acho que levava à
cozinha e à sala de estar. Logo abaixo da escada, havia três cadeiras
brancas e, no meio, uma mesa.
Então, era ali que eu moraria por um ano.
Mas o que mais me confundiu foi a falta de gente dentro de casa.
As únicas pessoas que vi foram dois seguranças do lado de fora
dos portões, mas nenhum dentro da casa.
Eu olhei para ele em questão.
— Por que a casa está tão vazia?
Ele me olhou com um olhar estranho, então contornou minha
bagagem para colocar o código de segurança.
— Isto não é um museu ou um zoológico, — ele me lembrou.
— Se você está se perguntando por que minha casa não está cheia
de criados, então, sinto desapontá-lo. Gosto da minha privacidade.
Olhei para ele diretamente nos olhos, percebendo que ele estava
novamente trabalhando para me deixar de mau humor, para me
dizer que se eu fosse à sua casa para que seus servos estivessem à
minha disposição, eu teria outra surpresa.
— Escute, eu não me importo com isso, então é melhor tirar esse
pensamento da sua cabeça. Só estou surpresa que um homem rico
como você não tenha nenhum. Quase parece impossível.
Um músculo se contraiu em sua mandíbula e ele falou com uma
voz sombria e baixa.
— Eu não disse que não os tenho. Tenho uma governanta que
vem toda semana e um homem que cuida das flores.
Eu o considerei com uma curiosidade persistente.
— Nem mesmo um cozinheiro? — Esperei, prendendo a
respiração, que ele me gritasse por incomodá-lo com perguntas.
— Não confio em ninguém que não seja a minha mãe ou o Chef
Luigi para cozinhar para mim, mas ele teve de pedir demissão no
ano passado. Então, eu cozinho na minha casa.
Quase tive vontade de rir. O cara alegava que não tinha medo de
seus inimigos, mas gritava como se tivesse medo de ser envenenado
por um cozinheiro.
Quase como se ele pudesse ler minha mente, ele estreitou seus
olhos prateados para mim. Mas então, me lembrei de algo.
— É aquele restaurante que eu costumava comprar sua comida?
Achei que só comesse de duas pessoas.
Um músculo se contraiu em seus olhos.
— Aquele é o restaurante do Luigi, Lauren. Pode parar de ser
intrometida e tratar de outros assuntos? — Ele perguntou, mas ele
realmente estava apenas me dando uma ordem.
Eu sabia que se pressionasse mais, acabaria me arrependendo.
— Isso significa que vou impressioná-lo com minhas habilidades
culinárias? — Eu provoquei, balançando minhas sobrancelhas em
sugestão.
Que tipo de esposa temporária eu seria se o deixasse cozinhar
comida sozinho, quando eu poderia fazer isso?
Ele me deu um lugar para ficar por um ano e, em troca, eu
cozinharia todas as suas refeições.
— A menos que você esteja com medo de que eu acabe
envenenando você e fuja com o dinheiro seu e do seu avô.
Seus olhos ainda estavam fixos em mim e por um momento, eu
poderia jurar que ele contraiu os lábios achando graça.
— Não preciso que você me impressione porque não tenho
interesse em você. É a última coisa que quero de você. — Ele
realmente era o homem mais difícil de gostar.
— Agora, traga sua bagagem. Eu vou mostrar seu quarto e você
pode fazer um tour.
— Você não vai se oferecer para ajudar? — Eu questionei com um
aceno de cabeça.
— Cara, você está precisando melhorar seriamente. Suas
maneiras terríveis e o cavalheiro dentro de você precisa sair. Ainda
bem que estou aqui para dar um jeito em você.
— Como é? — Mas eu o ignorei e corri em direção à escada,
esperando que ele me alcançasse.
Duas horas depois, eu estava acomodada no quarto que seria
meu por um ano.
Era tão bonito.
A única coisa que adorava no quarto era a cama queen-size e os
travesseiros macios.
Depois de desfazer as malas, liguei para meu pai e conversei com
ele por cinco minutos antes de ele encerrar a ligação, exigindo que eu
fosse passar um tempo com meu marido, em vez de desperdiçá-lo
com ele.
Liguei para Beth em seguida, sabendo que ela estava segurando o
telefone e esperando que eu ligasse para ela. Ela teria me ligado
primeiro, mas eu sabia que ela deve ter pensado que poderia ter sido
um momento inapropriado.
Sério, às vezes ela se esquece que Mason e eu não estávamos
apaixonados, nem nos sentíamos atraídos um pelo outro.
— Lauren! — ela gritou no minuto em que pegou o telefone.
— Nossa, eu estava prestes a ligar para minha melhor amiga! Oi!
Como você está se acomodando em sua nova casa? O apartamento
está tão vazio sem você aqui.
— Quando irei visitá-la? Talvez amanhã seja perfeito, mas não
quero que Mason pense que estou visitando você tão rapidamente. O
que devo fazer? Dar espaço por um tempo?
Eu interrompi seus discursos sem fim.
— Garota, você pode calar a boca e me deixar dar uma
palavrinha?
Ela riu levemente. — Eu sinto sua falta, Beth. É tão solitário sem
você.
— Vadia, você tem um marido que pode acabar com a solidão.
Apenas pare de ser uma cabeça dura e vá buscá-lo.
— Ok, foi bom conversar com você. Bom...
— Foi mal, foi mal, foi mal! — Ela disse correndo com um tom
sem remorso. — Você sabe como eu falo bobagem às vezes. É por
isso que sou chamada de Beth, A Burra. Você está se sentindo bem?
Suspirei e apertei um travesseiro contra o peito.
— Eu me sinto bem. Só sinto muito a sua falta, mas você sabe que
isso teria sido diferente se este fosse um casamento por amor.
— E, além disso, Mason e eu nem mesmo somos amigos, ele me
odeia.
— Você é tão boba. Laurie, — ela disse com uma risada.
— Se vocês não são amigos, então vá falar com ele. Você sabe que
não pode ser amigo de alguém sem falar com ele, certo?
— Mas é impossível falar com ele, — disse eu, lembrando-me de
todas as conversas que tive com ele na cabeça e que sempre
pareciam desagradáveis.
— O homem é incapaz de ser legal por cinco minutos, Beth. Se ele
não está ameaçando você, ele está acusando você de algo ultrajante.
Ela riu. — Lembra do Johnny Wills da sexta série? — Ela
perguntou de repente. Fiquei quieta por um segundo, tentando
quebrar meu cérebro e me lembrar da pessoa de quem ela estava
falando.
Seu suspiro suave alcançou meus ouvidos antes de acrescentar:
— Sabe, aquele que me chamava de quatro olhos quando eu usava
óculos? Enfim. Johnny me odiava e costumava implicar comigo,
lembra? Mas o que aconteceu depois? Acabamos sendo amigos. Isso
não aconteceu comigo ficando longe dele. Eu forcei minha amizade
nele.
— Eu não sei, Beth, — eu parei fracamente. — Você e Johnny
eram crianças na época, mas isso é diferente. Não acho que poderia
forçar minha amizade a Mason, mas poderia tentar falar com ele.
— Fazer um esforço e quem sabe, talvez ele se solte comigo?
— Essa é minha garota!
Eu sorri. — A propósito, sabe de alguma vaga de emprego? Acho
que se ficar nesta casa, vou enlouquecer de tédio.
— Eu tentaria pesquisar para você, mas você falou com Mason
sobre isso?
— Está no contrato que ele tem permissão para me deixar
trabalhar desde que não seja em uma de suas empresas. Eu
concordei com isso. — Eu quase podia imaginá-la começando a abrir
a boca antes que eu a interrompesse.
— Não, não vou pedir a ele que procure um emprego para mim.
Sou capaz de fazer isso sozinha.
— Ué, mas você me pediu para procurar pra você...
Eu ri. — Cala a boca.
Beth e eu passamos três horas conversando ao telefone.
O tempo voa tão rápido quando você está falando com uma
pessoa amada e a próxima coisa que eu percebi é que adormeci
profundamente.
Quando acordei na manhã seguinte e olhei para o relógio, tive
vontade de gritar.
A hora marcava seis e meia, e tudo que eu queria era voltar a
dormir e acordar em duas horas, mas não estava mais com sono.
Saindo da cama, fui ao banheiro e tomei banho antes de voltar
para me vestir.
Vesti minha blusa amarela e shorts jeans de cintura alta antes de
prender meu cabelo em um rabo de cavalo.
Saindo do meu quarto, olhei ao redor do corredor silencioso e me
perguntei se Mason havia acordado.
Era um sábado e não havia trabalho hoje.
Eu sabia que seu quarto estava localizado em algum lugar no
terceiro andar e não estava curiosa para vê-lo. Em vez disso, desci as
escadas e fui até a luxuosa cozinha para fazer o café da manhã.
Não sabia do que ele gostava e não achei que ele fosse me dizer
quais eram suas preferências, então optei por fazer omelete, bacon e
um sanduíche.
Uma hora depois, coloquei tudo na mesa junto com as frutas que
havia cortado para nós e o chá favorito de Mason.
Dei um passeio pela casa enquanto esperava que ele acordasse e
tomasse o café da manhã comigo.
Havia três quartos e duas salas de estar no térreo, um saguão que
tinha uma piscina e uma biblioteca do outro lado. As duas últimas
portas do térreo abrigavam um grande estúdio e um home theater.
Quando terminei de explorar o interior e o exterior, já passava
das oito.
Cansada de esperar, subi as escadas para chegar ao seu quarto.
Eu iria ver o que o mantinha tão ocupado, considerando que
Mason não parecia o tipo de homem que dormia até tarde.
Minhas mãos na grade começaram a tremer nervosamente
enquanto eu caminhava até o terceiro andar.
Havia uma porta de cada lado, então escolhi a porta certa e
caminhei até lá.
Quando coloquei minha mão na maçaneta e girei, coloquei minha
cabeça para dentro e percebi que era o quarto errado.
Esta era sua sala de estar, então seu quarto tinha que estar no
lado esquerdo.
Meu coração batia forte e minhas pernas ficavam pesadas toda
vez que dava um passo à frente, mas não iria recuar, não quando
tinha acabado de começar.
Parei na porta branca e dourada para respirar fundo antes de
fazer silenciosamente uma prece e abrir a porta.
O quarto estava escuro, mas também não estava muito escuro.
Cheirava a colônia de Mason, e não perdi tempo olhando ao
redor do quarto antes de avistar uma sombra no meio da maior
cama que eu já tinha visto.
Aproximei-me lentamente da cama, tentando não fazer nenhum
som.
Quase parei de respirar com medo de alertá-lo da minha
presença.
Um grito quase escapou dos meus lábios se eu não tivesse
rapidamente mantido minha boca fechada quando olhei para o
homem sem camisa que estava dormindo pacificamente na cama.
Meus olhos percorreram todo o comprimento dele de seus pés e
coxas grossas até seu torso e peito musculoso, mas as cobertas
escondiam outras partes dele.
A posição de seu braço foi dobrada para embalar sua cabeça no
travesseiro e com cada inspiração, seus bíceps e músculos saltavam.
Mesmo dormindo, ele ainda parecia poderoso e imbatível.
Cada nervo do meu corpo tremia de medo.
Eu não deveria estar ali.
Em primeiro lugar, foi uma má ideia entrar em seu quarto, mas
meus pés não podiam se mover enquanto eu continuava olhando
para a pele de leite perfeita e imaculada que parecia estar brilhando
no escuro.
E o fato de Mason estar deitado ali em silêncio, não me
prendendo com seus olhos frios e calculistas ou me insultando a
contento de seu coração parecia estranho.
Decidi dar uma olhada mais de perto porque nunca teria essa
chance novamente. Além disso, lembrei-me que estava procurando
uma tatuagem da qual queria tirar sarro depois.
Aproximei-me e olhei para ele dormindo pacificamente. Não
havia nada intimidante e assustador sobre ele agora.
Seus pecaminosos olhos cinza estavam fechados, sua expressão
era serena e sua boca não estava carrancuda. Seus cílios estavam
roçando suas bochechas.
Mason ainda não havia se movido, nem sua respiração mudou
nos últimos cinco minutos.
Se eu fosse um assassino, teria sido tão fácil matá-lo.
Achei que ele ficaria paranoico e mais alerta, mas não foi o caso.
E ele tinha...
De repente, seus olhos se abriram.
Em um movimento relâmpago, ele quase me puxou em sua
direção e me virou de frente.
Seu peso estava me esmagando, e ele tinha seu braço contra meu
pescoço enquanto me prendia embaixo dele.
Meus olhos estavam fechados com força de medo, meu coração
batendo tão rápido a uma milha por minuto.
— Parece que planeja me matar um dia depois do nosso
casamento, — disse ele em um sussurro perigoso. — Talvez eu não
devesse ter interpretado suas palavras levianamente. Você realmente
está atrás da minha riqueza.
Eu abri meus olhos e olhei para ele com um olhar furioso.
— Saia de cima de mim antes que você acabe sendo assassinado e
eu tenha que fingir que choro no seu funeral.
Seus olhos percorreram meu rosto antes de se estabelecerem em
meus olhos novamente.
— Você deveria estar falando assim comigo depois de invadir
meu quarto? — Seu corpo estava pesado, pressionando-me contra a
cama.
Tentei me sentar, mas ele me prendeu, no entanto, ele tirou o
braço do meu pescoço e prendeu meus braços sobre a minha cabeça.
— E o que devo fazer com você? — ele perguntou baixinho. —
Entregar você para a polícia?
Eu bufei, olhando para ele. — E dizer o quê? Sua esposa invadiu
seu quarto? Tenho certeza de que eles ririam muito disso. — Eu
tentei tanto ignorar a maneira como ele pressionava seus quadris
com força contra os meus e a sensação fez meu corpo arquear e
queimar.
Seus olhos estavam fuzilando os meus e eles se diluíram no tom
mais brilhante de cinza.
Mason franziu a testa para mim com raiva aguda antes de sair de
cima de mim e se sentar longe.
Constrangida por ter sido pega, deslizei da cama e me virei para
ele. Mas ele não estava olhando para mim.
Ele pegou seu celular na mesa de cabeceira e estava olhando
através dele.
— Eu fiz café da manhã, — eu disse nervosamente, brincando
com minhas mãos e mordendo o interior da minha bochecha.
— Ótimo, — ele respondeu desinteressadamente, sem olhar para
mim. — Infelizmente, não posso aceitar.
— Mas aproveite seu café da manhã.
Ele não ofereceu nenhuma explicação quando saiu da cama e
caminhou até a porta do lado esquerdo do quarto.
Ele entrou, colocou a cabeça para fora e acrescentou: — Saia e não
entre no meu quarto de novo. Espero que você se lembre das regras
em nosso contrato, visto que era você quem as queria. Então, Lauren,
valorize-as.
Passaram-se apenas horas depois do nosso casamento e eu queria
que já tivesse passado um ano.
Depois de negar o café da manhã que fiz para ele, saí de seu
quarto com raiva e voltei para o meu próprio quarto, sem vontade de
comer nada.
Perdi o apetite depois de falar com ele.
ECA!
Como Mason Campbell conseguia ser tão idiota?
Achei que poderia aceitar sua grosseria e absorver tudo, mas era
mais difícil gostar dele com aquela atitude.
Se eu fosse tentar ser amiga dele, tinha que parar de ficar brava
com cada pequena coisa que ele fazia.
Eu tinha que lembrar que ele era assim, e mudar sua atitude em
relação a mim poderia demorar um pouco.
Passos de tartaruga, eu me lembrei.
Capítulo 24

— Eu sabia! Eu simplesmente sabia! — Athena gritou em uma


explosão, sem se importar nem um pouco que estivéssemos em
público.
Ela se aproximou de mim.
— Eu sabia que seu casamento com Mason não era real.
— Shh! Não tão alto! — Eu olhei para ela, lançando um olhar
para as pessoas no café e soltando um suspiro, feliz por ninguém
estar nos observando ou ouvido o que Athena tinha dito.
Eu já estava arrependida de ter contado a ela em público. Mas em
minha defesa, eu não sabia que ela iria reagir dessa maneira.
Achei que ela ficaria louca, não clamaria pela vitória.
— Por enquanto, Athena. Antes que eles se apaixonem de
verdade, — Beth prometeu com um sorriso.
Revirei os olhos e chupei meu canudo, já temendo esse almoço
com meus amigos.
Depois que me cansei de ficar sentada no meu quarto e recebi a
mensagem de Mason dizendo que ele havia saído de casa, decidi
seguir seus passos e sair com meus amigos e reclamar com eles.
Contar à Athena sobre meu acordo com Mason parecia como se
um peso tivesse sido tirado dos meus ombros.
Eu não gostei de mentir para ela.
E se eu fosse lidar com Mason, eu precisava de alguém próximo a
ele e alguém que o conhecesse bem. Quem o conheceria melhor do
que sua tia?
— Não vamos nos apaixonar. É melhor tirar essa ideia da cabeça.
Além disso, ele é horrível e incapaz de amar, — eu murmurei,
minhas bochechas corando de raiva.
Eu ainda estava com raiva por ele negar o café da manhã. Mas eu
me culpei.
Fui eu quem pensei errado, acreditei que ele poderia tomar o café
da manhã comigo, logo após o casamento.
Eu pensei que o homem bom dentro dele iria aparecer depois que
fizéssemos os votos, mas eu estava me enganando.
— Isso é o que você pensa, Lauren. Você tem que ser paciente
com ele. E Mason é um homem, você só precisa saber como lidar
com ele. Use suas habilidades femininas e ele estará à sua
disposição.
Cobri meu rosto e gemi com as palavras de Athena.
— Por favor, não se envolva nisso também.
— Eu não o quero assim, eu só preciso ser amiga dele, mas ele
está tornando isso tão difícil! — Eu bati meus pés em indignação
frustrada e olhei para minha bebida.
— Você está bem, Laurie? Você dormiu bem na noite passada?
— Mal, — respondi a Beth. — Acordei muito cedo hoje e acho
que é porque é um lugar novo. Não me dou bem com mudanças.
— Ou é porque o marido não está prestando atenção nela.
As meninas riram, e eu tive vontade de sair de lá, longe de seus
comentários estúpidos e olhos provocadores.
Escolhi outra opção, indo para uma conversa inofensiva.
— Como está Jade?
À menção do nome de Jade, Athena sorriu, com o canto de sua
boca se elevando suavemente.
— Ainda se recuperando do choque de você ser a esposa de
Mason, — ela respondeu com uma risada.
— Ela veio até mim e implorou que ele se divorciasse de você e se
casasse com ela. Ela disse e cito 'vou fazê-lo mais feliz do que ela’.
— Eu não a conheço, mas eu acredito nela, — Beth brincou.
— Se Jade fosse nossa amiga e fosse casada com ele, não há
dúvida de que ela nos ouviria e não hesitaria em fazê-lo se apaixonar
por ela.
— O que você disse a ela? — Eu pressionei com um pequeno
sorriso e um aceno de cabeça.
Se ao menos Jade soubesse que este casamento não era real, e não
havia nenhuma maneira de Mason se casar com ela.
Com ou sem mim em sua vida.
— Isso não é da minha conta. E ela disse que vai falar com você
sobre isso. Ela está disposta a perder tudo por ele.
Meu queixo caiu e eu só pude olhar para ela em um silêncio
espantado antes de me recuperar.
— Uau.
— Pois é, menina. — Athena explodiu com uma risada.
— De qualquer forma, vou te dizer algo que você nunca deveria
dizer a Mason.
— Se ele souber que estou lhe contando isso, não há dúvida de
que ele me mataria e faria com que meu corpo nunca fosse
recuperado.
Eu não mentiria e diria que não estava tão ansiosa para ouvir o
que ela ia me dizer, sendo que parecia ser um segredo que Mason
não gostaria que eu soubesse.
Eu estava desesperada por qualquer coisa, algo que me fizesse
entender bem meu marido.
Ela se aproximou de nós e sussurrou em voz baixa.
— Mason já se apaixonou.
A mão de Beth escorregou da mesa em estado de choque e eu
engasguei com meu canudo.
— Você está me zoando, — eu gritei em descrença, repetindo
suas palavras na minha cabeça.
— Mason apaixonado por alguém?
— Como isso é possível? — Então, meus olhos se arregalaram em
realização.
— Espera! Você está falando da Chloe?! Mason se apaixonou por
Chloe? — Minha sobrancelha levantou de alegria.
Ela acenou com a cabeça em confirmação. — Ela era a namorada
dele no ensino médio.
— Os dois planejaram seu futuro antes que Chloe o traísse com
seu primo, — Athena respondeu, genuinamente se divertindo com
minha própria diversão, mas não surpresa que eu soubesse quem era
Chloe.
— Com o primo dele? — Beth engasgou em descrença. Aquilo
não me espantou tanto.
— Mason a amava muito. Ele quase desistiu de tudo por ela, mas
aquela vadia estava transando com seu primo pelas costas e rindo
disso. — Ela franziu a testa e eu pude ouvir o veneno em seu tom
quando ela continuou.
— Não sei o que aconteceu, mas Mason a perdoou e a aceitou de
volta.
— Acontece que a vadia mentiu para ele, e quando ele percebeu
isso, ele terminou com ela. Isso foi há doze anos e ele ainda a odeia.
— É por isso que ele não confia nas mulheres, — indiquei,
perplexa.
De repente, tudo o que ele me disse começou a fazer sentido, mas
eu não ia desculpar seu mau comportamento comigo.
Nem toda mulher que ele conhece não é confiável.
Claramente, ele não sabia disso ou apenas queria estar certo.
Além disso, eu não tinha certeza se era a única razão pela qual ele
odiava as mulheres.
Havia mais do que isso, algo que só ele saberia.
— Sim, ele acha que todas as mulheres vão fazer com ele o que
Chloe fez.
— Isso muda tudo completamente, — Beth falou ao meu lado em
deleite. Eu lancei um olhar para ela, enquanto a confusão tomava
conta do meu rosto. Ela explicou rapidamente: — É você!
— Desculpe?
— Você tem que mudá-lo! Todo mundo que conhece você sabe
que você não é como Chloe. Todos, exceto seu marido. Você tem que
mudar a visão dele em relação às mulheres. Lauren. Você tem que
fazer com que ele confie em você e, ao fazer isso, vocês dois vão se
apaixonar! — ela saiu correndo de excitação.
— Bethany, isso não é um filme, — eu disse em puro
aborrecimento.
Sua obsessão em fazer Mason e eu nos apaixonarmos estava
começando a me dar nos nervos.
— Quantas vezes vou dizer para você largar isso? Preocupe-se
com sua própria vida amorosa.
Ou a falta dela.
Beth abriu a boca para protestar, mas deve ter mudado de ideia e
sorriu maliciosamente para mim.
— Eu só estou tentando ajudar você. Lauren. Eu vi a maneira
como você olhou para ele na recepção do casamento.
Eu estreitei meus olhos. — O jeito que eu olhei para ele?
— Sim! Eu não te culpo. Mason é um deus ambulante! Qualquer
um ficaria completamente hipnotizado por ele, e você também.
— Eu não estava olhando para ele assim! — Exclamei
defensivamente.
Eu nem sabia do que ela estava falando, mas senti a necessidade
de me defender.
— Na verdade, eu estava entediada de olhar para ele.
Essa parte era meio que verdade.
Passei a maior parte do tempo olhando para qualquer lugar,
menos para ele, para a cara feia permanente e a mandíbula cerrada
que me poupei de ver.
Athena bufou.
— Mesmo? — Beth perguntou, escondendo o riso e fingindo
estudar as pontas das unhas.
— Você acha seus olhos cinzentos e sua mandíbula, seus lábios e
seu cabelo entediantes?
— Cada centímetro dele da cabeça aos pés é entediante para
você?
— Sim, — eu respondi incisivamente, incapaz de esconder minha
alegria em seu óbvio estado de empolgação por mais tempo. Mas eu
estava mentindo cem por cento.
Não havia nenhuma maneira de eu dizer a Beth que achava
Mason tão atraente, e como ele fazia meu coração disparar cada vez
que eu olhava profundamente em seus olhos cinzentos.
— Claro, Laurie, — ela respirou em um sussurro baixo e
admirado. — Vamos fingir que acredito em você.
Eu zombei. — Eu não convidei vocês para falar sobre ele o dia
todo, — reclamei, sabendo que se elas continuassem a cavar,
saberiam meu segredo profundo e sombrio.
Eu levaria minha atração por Mason para o túmulo.
— Tudo o que me importa agora é encontrar um emprego e ter
algo para tirar minha mente de tudo de ruim que está acontecendo
na minha vida.
— Você é muito dramática.
Eu atirei um olhar furioso para Beth.
— Por que você não disse isso antes? — Athena perguntou
enquanto pegava seu telefone e começava a folheá-lo.
— Eu posso conseguir uma entrevista para você na empresa do
meu amigo. Ele está realmente querendo contratar alguém.
Meus olhos brilharam de alegria. — Mesmo?
— Sim. Assim que eu conseguir essa entrevista, eu te ligo. E
acredite em mim, ele não é como seu antigo chefe.
— Muito obrigado, Athena. Você é um anjo.
Ela piscou. — É o mínimo que posso fazer pela família.
Família.
Eu sorri mesmo assim.
Capítulo 25

— Onde você estava? — perguntou uma voz profunda e


imperturbável assim que entrei na casa.
Eu levantei minha cabeça surpresa, liberando um suspiro de
alívio.
Mason estava parado ao pé da escada, a pura arrogância e
poderosa de sua pose me fez sentir um pouco intimidada.
Mas não o suficiente para me assustar.
— Não perguntei onde você foi esta manhã, — respondi,
fechando a porta atrás de mim e digitando o código de segurança.
Fui até a cozinha e ele me seguiu, seus passos fazendo um
pequeno ruído no silêncio mortal.
— Você poderia ter ligado ou mandado uma mensagem, Lauren.
Tentei seu telefone tantas vezes.
Abri um armário e peguei um copo, caminhando até a pia para
enchê-lo de água.
— Sim, eu sinto muito. Acabou a bateria. — Eu me virei para
sorrir desculpando-me, então me levantei e adicionei uma pitada de
bom humor.
— Não me diga que você estava preocupado comigo. — Eu bebi
do copo, lutando contra um sorriso.
Ele enfiou as mãos nos bolsos e me olhou com aborrecimento e
frustração. — Eu estava mais preocupado com você danificando meu
nome. — Eu ri, balançando minha cabeça.
— Da próxima vez, ligue ou envie uma mensagem de texto.
— Não seria tão difícil fazer alguma dessas duas coisas, Lauren.
Não quero que nada aconteça com você enquanto estiver casada
comigo. Você pode fazer o que quiser quando for liberada do meu
casamento.
— Algo mais?
— O jantar está pronto.
Quase desmaiei de choque.
Rapidamente, inclinei minha cabeça para o lado.
— Você cozinhou para mim? — Eu perguntei, levemente
surpresa. — Eu já comi, mas não quero que seu trabalho duro seja
desperdiçado.
— Eu daria algumas mordidas. — Afastei-me da pia e saí da
cozinha para chegar à área de jantar.
Sua voz profunda ecoou, me parando no caminho. Fechei os
olhos, respirei fundo e me virei para encará-lo.
Ele parecia irritado, mas disse: — Você não vai me impressionar
fazendo isso. Se você já comeu, não vou me incomodar se você não
comer a comida. Não fiz pensando em você, mas não quero que seja
desperdiçado.
— Entendi.
Meu estômago apertou quando ele caminhou sobre os poucos
metros que nos separavam e eu recuei, fazendo-me sentir como se eu
fosse uma presa e ele um predador.
Tentei relaxar e parei de me mover para endireitar minha
postura.
— Diga-me. Lauren, — ele disse, enquanto me alcançava com
uma curiosidade taciturna. — O que você estava fazendo? De
manhã, você ficou me espiando enquanto eu dormia, me fez café da
manhã e agora quer jantar comigo depois de já ter jantado?
Minhas sobrancelhas levantaram e eu lancei a ele um olhar
indignado.
— Eu não estava espiando.
— Eu só estava... — Eu parei no meio da frase, sabendo que a
próxima coisa a sair da minha boca me faria parecer meio bizarra, o
que era exatamente o que ele estava insinuando.
Além disso, eu não poderia dizer do nada que estava fascinada
por ele, que ele era uma pessoa bem diferente quando não estava me
olhando feio ou dizendo algo rude.
— Você estava dizendo? — ele zombou, segurando meu queixo
com a mão e levantando meu rosto para examiná-lo levemente de
diferentes ângulos.
— Você está corando. Alguma coisa tem.
Eu dei um tapa em sua mão. — Não tem nada, — eu ataquei. —
Eu só não gosto de você estar no meu espaço pessoal.
Ele ponderou sobre isso antes de se mover mais perto até que
seus pés tocassem os meus e seu peito roçasse o meu.
— Assim? — Seu hálito quente me atingiu no rosto e lutei contra
a vontade de fechar os olhos.
— Tudo bem com você?
— Pare com isso.
— Mesmo?
Eu olhei para ele e desejei que meu coração parasse de bater tão
forte e rápido. — Sim, — eu cerrei meus dentes. — Fique longe de
mim.
Mason deu um passo para trás, parecendo perigoso e sério
novamente. — Você não me disse para onde foi hoje. Quem você
encontrou e sobre o que falou.
— Você está falando sério? — Eu estudei seus olhos cinzentos.
De repente, fui levada de volta ao que Athena havia dito sobre ele
e como ele não confiava em nenhuma mulher.
— Saí para almoçar com Beth e Athena e conversamos sobre me
arranjar um emprego.
— Se você não acredita em mim, pode ligar para sua tia e
confirmar, — retruquei, virando-me para ficar o mais longe possível
dele.
— Espere.
Fiz uma pausa e o encarei. Eu sabia que ele queria esclarecer.
Eu podia vê-lo lutando consigo mesmo por isso, mas também
podia sentir que ele não queria, porque isso o faria parecer que se
importava com o que eu pensava sobre ele e não queria se preocupar
comigo.
Olhamos um para o outro por um momento tenso que pareceu
durar para sempre, como se tivéssemos invadido a alma um do
outro e ouvido todos os pensamentos e emoções.
— Você não ia comer comigo?
— Você ainda quer que eu coma?
— Existe uma razão para não o fazer?
Várias. Mas eu não disse isso.
— Claro que não, — eu respondi enquanto meu coração batia
incontrolavelmente contra minhas costelas. — Deixe-me trocar de
roupa e tirar a maquiagem.
— E você poderia me pegar um copo de suco, por favor? — Uau,
Lauren. Você está forçando.
Seus olhos se estreitaram, então ele deu um passo mais perto. —
Você está me pedindo?
Pensei cuidadosamente em como responder, mas então decidi
que não queria entrar em outra discussão com ele.
— Deixa pra lá. Deixa que eu pego. — Eu me virei e me dirigi
para as escadas.
Eu estava ciente de que ele permaneceu onde estava, me
observando subir as escadas e isso não acalmou minha mente,
apenas me deixou com mais perguntas do que respostas.
Este foi o jantar mais silencioso que já tive. Eu estava sentada em
frente a ele, brincando com minha comida e suspirando de vez em
quando. O único som que você podia ouvir era o som de nossos
utensílios.
Cada vez que eu queria dizer algo, descobri que não sabia o que
dizer.
Até eu dizer, foda-se.
— Minha mãe nos deixou quando eu era criança, — me peguei
dizendo do nada. — Ela simplesmente nos deixou e ficamos apenas
eu e meu pai. — Mason parou de comer, mas não disse nada.
Endurecendo minha espinha e ignorando a pontada aguda de
dor, acrescentei com calma: — Estou com raiva. Eu não entendo
como uma mãe pode abandonar sua filha assim, como ela poderia
facilmente abandonar sua família. Eu cresci odiando-a e ainda odeio.
Meu pai me criou e não consigo imaginar perdê-lo.
Suas sobrancelhas se juntaram sobre os olhos.
— Por que você está me contando isso?
— Porque eu quero que você me conheça e confie em mim,
mesmo que você ache difícil.
Ele quase parecia que queria bufar com a ideia de confiar em uma
mulher.
— Eu nunca vou conseguir confiar em uma mulher.
Eu bufei e recostei-me na cadeira, cruzando os braços no peito.
— Você sabe que todo mundo é diferente, certo? Nós não somos
todos iguais. Você não pode nos punir por algo que alguém fez a
você.
Seu olhar endureceu e suas feições se aguçaram quando ele
respondeu calmamente: — Eu nunca disse que alguém fez nada
comigo.
Meu coração martelou no meu peito e lutei para manter a calma.
Ele era bom em ler as pessoas. — Eu captei isso de você, — eu
rapidamente respondi, esperando que ele não entendesse minhas
mentiras.
Quase deixei escapar que sabia a razão pela qual ele odiava as
mulheres, a razão para o olhar assombrado em seu rosto e a aspereza
que estava em seu rosto.
— Tanto faz, mas no fim das contas, vocês são todos iguais. Eu
confiei em alguém e não vou fazer isso de novo.
— Agradeço por ter tentado me fazer conhecê-la, mas não quero
conhecê-la, — disse ele com grande força. — Eu não quero que você
me conheça. Este casamento não é real. Você não me deve nada. A
melhor coisa que podemos fazer é conviver sem enterrar o nariz nos
negócios uns dos outros e, quando o ano acabar, podemos seguir
nossos caminhos separados. Todos serão felizes, — ele terminou com
uma voz imparcial e impessoal.
Eu o encarei cegamente, apenas ouvindo pela metade suas
palavras. — Certo, — eu respondi inexpressivamente.
— A menos que não seja o que você quer?
— É o que eu quero. Eu não quero mais nada de você.
— Bom, porque você só se machucaria no final. — Eu olhei para o
meu prato antes que uma risada curta escapasse dos meus lábios. —
Algo engraçado?
Eu olhei para Mason para acessar sua reação. Não era o rosto
naturalmente frio e desconfiado que eu esperava.
Seus olhos continham curiosidade.
Várias coisas me ocorreram mas lembrei que ia tentar ser
educada, resolvi contar a ele a minha verdade.
— Do que você gosta?
— Por que? Para você poder tentar me seduzir?
— É isso que você acha? — Eu perguntei com uma risada e
balancei minha cabeça, deixando meu cabelo encaracolado em
desordem.
— Você está louco, Sr. Campbell. Você deveria ser um detetive.
Você tem as teorias mais malucas.
Ele bufou desta vez. — Estou acima disso.
— Não, mas seria mais fácil esconder as evidências de seus
crimes. Mas acho que você não precisa ser um para que isso
aconteça. Você tem algum contato na polícia?
— Meus crimes.
Eu acenei minha mão no ar para enfatizar.
— Sim, você sabe... chantagem, ameaças e fazer pessoas
desaparecerem. As atividades diárias normais que você adora lançar
casualmente sobre as pessoas.
— Desde o pouco tempo que te conheço, você me ameaçou um
milhão de vezes.
Ele apontou o garfo para o meu prato.
— Coma sua maldita comida, Srta. Hart, — ele disse
severamente.
Eu sorri. — Você quer dizer Sra. Campbell.
— Você não ganhou meu sobrenome.
Eu bati meus cílios. — Você acha que eu vou? — Eu provoquei,
meus olhos brilhando com zombaria de sua fixação por eu não ser
boa o suficiente para o seu nome.
Seus olhos sarcásticos pousaram no meu rosto.
— Nem em um milhão de anos. Você simplesmente não pode
defender o nome Campbell, Lauren, — ele interrompeu suavemente.
— Você não tem isso em você.
— E eu não quero. Vocês, Campbells, são um bando de idiotas
irritados que levam as pessoas à loucura.
Ele estava aborrecido. Provavelmente tão irritado que não percebi
as palavras que saíram de sua boca em seguida.
— Você não é uma Campbell?
Eu reprimi meu grito de riso, bem como a resposta que
automaticamente saltou aos meus lábios.
— Achei que você disse que eu não era. — Eu sorri e o observei
abrir e fechar a boca. — Hah!
— Deixei você sem palavras.
O som de bipe no meu telefone me alertou que eu tinha recebido
uma mensagem e deixei escapar um pequeno grito quando li.
— O que é? — Ele exigiu.
— É Athena. Ela me conseguiu uma entrevista com uma empresa,
— expliquei, enviando uma mensagem de agradecimento rápida
para ela.
— E por que ela faria isso?
Achei que sua surpresa fosse devida à falta de conhecimento
sobre como os amigos funcionavam e o que faziam uns com os
outros.
— É o que os amigos fazem. — Dei de ombros.
— Que empresa é? — ele perguntou com curiosidade.
— Eu já disse, — eu respondi, inclinando minha cabeça para o
lado e me perguntando sobre seu tom. — Eu não vou permitir que
você estrague tudo.
— Como você acha que vou estragar tudo?
— Eu não sei, Mason. Você provavelmente acabaria comprando a
empresa apenas para que eu não precisasse trabalhar.
— O que eu ganharia fazendo isso?
Hipnotizada pelo som rouco de sua voz e a estranha intensidade
em seus olhos, engoli em seco. — O que você tem ganhado, eu acho.
Pare de me perguntar algo que eu não sei.
— Você disse que eu iria ganhar alguma coisa, Lauren. — Havia
um sorriso em sua voz, mas eu poderia estar imaginando.
Eu me mexi na cadeira e belisquei a ponta do meu nariz. — Sim,
eu disse.
Um sorriso lento e relutante apareceu em seus lábios e ele
balançou a cabeça lentamente.
— Não tenho interesse em fazer o que você está me acusando de
que eu faria. Eu prometi deixar você trabalhar, não prometi? Só
perguntei porque estava curioso.
— Hum, eu não posso te dizer a menos que eu consiga o
emprego.
— Se você conseguir o emprego, tente ser uma boa funcionária
para seu chefe. Eu ouvi reclamações de seu último chefe.
— Meu último chefe era um idiota. Ele se esqueceu de mencionar
isso para você? — Eu disse com os olhos estreitos.
Por um momento, ele simplesmente olhou para mim, sua taça de
vinho parou a meio caminho de sua boca, então ele balançou a
cabeça como se estivesse tentando limpá-la.
— Ele estava apenas fazendo o que achava certo, mas disse que
tomou uma decisão terrível quando a contratou com suas
qualificações fracas.
Eu olhei fixamente para ele. — Ah, é? Ele também disse que ela
agora está fazendo um grande favor para ele? Hein? — Eu exigi com
as sobrancelhas arqueadas.
Seus olhos estavam no mesmo nível dos meus, cinzentos e firmes;
sua boca ligeiramente curiosa. — Hmm. Isso soou como se fosse
unilateral. Tem certeza de que não deixou nada de fora?
Enchi minha boca de comida para não ter que responder.
Ele sorriu um pouco e ergueu as sobrancelhas, sem dizer nada.
Capítulo 26

Uma batida na porta me acordou no final da manhã.


Abrindo meus olhos para a luz do sol, me lembrei que não estava
de volta ao meu apartamento. A batida veio novamente e eu emiti
um sonolento: — Entre.
Olhando para a hora, me perguntei por que Mason não tinha ido
trabalhar.
Ele estava doente? Eu rapidamente me sentei na cama,
esfregando os olhos.
— Não estou acostumada a ser chamada de Sra. Campbell. — Era
um nome que não iria durar, e era melhor eu não me acostumar com
ele.
Com seu sorriso alegre, seu calor e gentileza eram
inconfundíveis. — Claro, Lauren.
Quando Billie saiu, eu rapidamente terminei o último sanduíche
antes de ir para o banho. Quando me vesti, desci as escadas e fui
para a cozinha, onde pude ouvi-la se mexendo.
— Oi.
Ela parou de lavar os pratos e se virou para sorrir para mim.
— Oi, Lauren. Você precisa de algo?
Entrei mais na cozinha e me sentei em um banquinho. — Não.
Espero que não se importe que eu esteja aqui.
— Claro que não, querida. — Então, ela voltou para a pia e
continuou trabalhando.
Sentei-me em um silêncio agradável, observando seu trabalho e
fiquei curiosa. — Se você não se importa que eu pergunte, há quanto
tempo trabalha para Mason?
— Bem, eu o conheço desde que ele era um garotinho, — ela
respondeu com uma mistura de afeto e exasperação enquanto se
virava para olhar para mim.
— Ele tinha dez anos para ser mais exata.
— Trabalhei para a família dele antes de Mason se mudar para cá
e decidir que me queria. Ele me deu uma casa e tenho trabalhado
aqui desde então.
Tive dificuldade em manter o olhar surpreso em meu rosto.
— Uau, isso é legal da parte dele.
— Ele é um homem maravilhoso. Você tem sorte de tê-lo,
querida.
— Não tenho certeza se é maravilhoso e Mason diria o mesmo de
mim, — respondi com uma risada curta e divertida.
E definitivamente não tinha sorte de ter um marido tão tenso.
Mas, pela reação inesperada e alegre que recebi de Billie, parecia
que ela não concordava muito com o que eu disse.
— Mason pode ser um pouco difícil às vezes. — Billie falou
quando ela olhou por cima do ombro para mim. Balançando a
cabeça, ela fez um gesto amplo com a mão e continuou: — Mas
quem não é?
— Você deveria perdoá-lo às vezes. Ele nem sempre foi assim,
sabe?
Fiquei muito curiosa, quase contra minha vontade. — Por favor
me conte mais. — Eu mantive meu queixo sob a palma da mão e a
encarei com um rosto ansioso.
Não posso negar que não fico empolgada toda vez que aprendo
algo novo sobre Mason. Eu estava mais interessada nele do que no
que acontecia em minha vida, e isso não era saudável para mim.
Que pena, nem sempre dei ouvidos aos primeiros avisos de um
médico ou de mim mesma.
E Billie estava mais ansiosa para me alimentar.
— Quando vim trabalhar para a família dele, ele era uma criança
brilhante. Ele estava sempre rindo, um menino que queria agradar a
todos.
— E ele era muito inteligente também, para alguém da idade
dele.
Minhas mãos quase escorregaram da ilha.
Ela quis dizer cada palavra, eu percebi e o conhecimento me
encheu de um choque quase incontrolável.
Mason brilhante?
Queria agradar a todos?
Que loucura.
Quanto mais eu aprendia sobre ele, mais me perguntava se o
Mason Campbell que eles conheciam foi abduzido por alienígenas e
substituído por um novo, porque eu não conseguia imaginá-lo como
aquele garoto que ela estava descrevendo.
Eu cutuquei: — E a família dele? — Senti instintivamente que
havia mais coisas sobre sua família que eu não sabia.
— Ouvi dizer que o irmão dele sofreu um acidente e perdeu o
equilíbrio mental. — Era um assunto delicado que eu nunca cometi o
erro de tocar com Mason, sentindo que nada de bom sairia de mim
perguntando.
— Ah, sim. Que coisa terrível aconteceu ao Tom. — Billie
balançou a cabeça com um olhar triste.
— Ele era um rapaz tão gentil, tão cheio de amor por todos e ele
também era muito generoso. — Havia um tom amoroso em sua voz
e um sorriso triste no rosto.
— Mason admirava muito o Tom.
— Quando Mason teve seu coração partido, seu irmão foi quem
juntou os pedaços. Quando aquela garota e seu primo quebraram
seu coração, isso o afetou, sabe?
— Sim, eu entendo. — Prendi a respiração, esperando que ela
continuasse.
Embora eu soubesse que havia mais histórias por trás de sua
raiva e ódio do que simplesmente um coração partido, talvez eu
pudesse ter outra visão sobre esse homem taciturno que era meu
marido.
— Então, o acidente deve tê-lo machucado muito.
Billie olhou para mim. mantendo-me imobilizado.
— Machucado? Ah, querida, isso fez mais dano a ele do que
qualquer um poderia imaginar, — ela admitiu em um sussurro
áspero, franzindo os lábios.
— Mason se culpa pelo acidente de seu irmão. Eles brigaram
naquela noite antes de Tom ir embora com raiva e capotar o carro na
ponte.
— Ele tem sorte de estar vivo hoje. — Uma sombra tênue passou
por seu rosto.
— Ou quase, — eu murmurei para mim mesma. Meu coração
estava partido por Mason.
Ele nunca me disse isso. Ele vagamente me disse que seu irmão
sofreu um acidente e nada mais.
— Ele carrega essa culpa e dor há anos. — Ela guardou o último
prato e sorriu para mim. — Quando ele me disse que ia se casar.
Fiquei muito feliz.
— Finalmente, algo bom está acontecendo com aquele homem.
Ele já tinha dor suficiente em sua vida. Eu sei que você o faria feliz,
ao contrário de sua família.
— A família dele?
Billie enxugou as mãos no avental e bufou, a raiva visível em seu
rosto.
— Acho que não te disse que fui eu que cuidei dele quando ele
era menino. Tom era o único amigo que ele tinha.
— A mãe dele não ligava, sempre ocupada com a vida, as irmãs
dele estavam no internato e o pai o pressionava muito desde muito
jovem. Não admira que aquele menino tenha mudado.
Nossa conversa foi interrompida quando a campainha tocou.
— Deixa que eu atendo. — Pulei do banquinho e saí da cozinha
para abrir a porta.
No minuto em que o fiz, algo peludo correu para dentro, quase
me derrubando.
Alguém deu uma risadinha. — Me desculpe por isso. Ele parece
feliz por estar em casa.
Eu olhei para a voz que havia falado, sem lutar contra o sorriso
que apareceu no meu rosto. — Oi, Gale. — Ele acenou casualmente
para mim.
— Pode entrar. — Recuei e o deixei entrar em casa.
Ele seguiu atrás de mim. — Eu me perguntei onde o Prince
estava. — O cão detestável de Mason finalmente voltou para casa.
Simplesmente ótimo.
— Sim, eu cuidei dele para Mason por alguns dias.
— Posso pegar alguma coisa para você?
Ele sorriu e nós dois nos sentamos enquanto ele balançava a
cabeça. — Não, obrigado. Como você está, Lauren? Você parece
bem, por falar nisso.
Ele levou seu tempo percorrendo seus olhos sobre mim da cabeça
aos pés.
Corei e brinquei com meus dedos. — Eu estou bem. — Quando
ele não disse nada, levantei minha cabeça.
Eu encarei, descobrindo que ele abriu um largo sorriso.
— Como tem sido morar com Mason?
Eu fiz uma careta com a pergunta. — Hum...
— Você não precisa esconder isso de mim, Lauren.
— O que você quer dizer? — Mais do que qualquer outra coisa,
foi a curiosidade que suscitou a pergunta.
Eu queria saber o que ele pensava que sabia e, a julgar pela
maneira como ele estava olhando para mim, deveria ser algo grande.
— Eu sei que vocês dois têm suas diferenças e também sei que
seu casamento nada mais é do que um negócio.
Tive que esconder meu espanto e choque antes de abrir um
pequeno sorriso.
Então, Mason podia falar, mas eu não?
Não é como se eu fosse fazer isso, mas me lembrei dele ficar
bravo quando eu disse que Beth sabia sobre o nosso negócio.
— Na verdade fui eu que sugeri que ele se casasse o mais rápido
possível, — Gale acrescentou, cortando meu pensamento.
— Eu não achei que ele fosse se casar com a mulher com quem eu
esperava sair. — Eu abri e fechei minha boca, sem saber o que dizer a
ele.
— Mas eu posso esperar. — Ele sorriu.
Não havia nada de errado com Gale, mas eu não conseguia me
imaginar saindo com ele. Claro, ele tinha tudo que uma mulher
poderia desejar, mas ele simplesmente não era o único.
— Não sei quando Mason chega, — falei, por fim, esperando que
ele entendesse que eu queria que ele fosse embora. Felizmente, ele
era um homem inteligente, porque se pôs de pé.
— Acho que vou embora agora. Eu tenho um monte de coisas
para pôr em dia, mas foi bom ver você de novo. Lauren.
Eu sorri de volta para ele. — Você também.
— Eu com certeza voltarei quando tiver tempo.
Eu balancei a cabeça e o acompanhei até a porta, observando-o
sair antes de fechar e encostar na porta quando ouvi um rosnado na
minha frente.
Eu abri meus olhos e engasguei, pulando para o outro lado
enquanto o Prince tentava me atacar.
Eu gritei. — Que droga. Prince!
Passei horas tentando entrar fazer amizade com Prince. O
cachorro era impossível, assim como seu dono, e eu tinha certeza
absoluta de que ele entendia o que eu estava dizendo.
Depois que Gale o deixou, ele começou a me seguir. Cada vez
que eu tentava me mover, ele rosnava para mim, quase como se ele
não quisesse que eu tocasse em nada.
Isso me lembrou de seu dono.
Prince era exatamente como ele, e eu dificilmente poderia viver
com um Mason, imagine com dois.
No minuto em que ouvi o som de seu carro e a porta da frente se
abrindo, fui rápida em aparecer na frente dele, não escondendo
minha empolgação quando ele entrou com sua pasta.
— Você voltou!
Mason se virou para olhar para mim, suas sobrancelhas
arqueadas para o meu rosto sorridente.
— Você parece feliz, — disse ele, afrouxando a gravata.
— Eu estava entediada de ficar olhando para o meu celular, —
respondi.
— É por isso que pedi a Gale para trazer o Prince de volta.
Eu levantei uma sobrancelha. — Você sabe que ele me odeia,
certo?
— Eu sei, — disse ele com uma sugestão de um sorriso
brincalhão. — É exatamente por isso que eu o queria de volta. Para
tornar sua vida um inferno quando não estou aqui para fazer isso.
Balançando a cabeça em descrença, eu disse com um tom leve: —
Você é horrível.
Ele fez uma pausa, então sorriu, me observando com os cílios
abaixados. — Obrigado. O que mais? Se não houver nada, preciso
tomar um banho e ir para o meu escritório.
Meus lábios se separaram um pouco. — Você acabou de voltar do
escritório e quer trabalhar de novo? Seu cérebro nunca descansa?
— Sou o CEO da Indústria Campbell. Não tenho o direito de
descansar.
Não pude evitar uma breve risada com isso, e entusiasmada,
observei: — É por isso que você está sempre tão tenso?
— Aproveite o resto da sua noite, Lauren. — Ele se mexeu,
afastando-se da porta e subindo as escadas.
Capítulo 27

Me revirando no sofá, eu olhei para o teto. O tédio estava


realmente me matando.
Olhei para Prince, que estava deitado no chão, brincando com seu
brinquedo mastigado. Normalmente, nessa hora, Beth e eu
assistiríamos a um filme, ou decidiríamos sair e conversar a noite
toda.
Todas aquelas pequenas coisas que costumávamos fazer, eu
estava sentindo falta.
Mas Beth não estava aqui, Mason estava.
Mas Mason preferia trabalhar do que viver um pouco. O homem
era viciado em trabalho e, se não pegasse leve, ficaria doente.
Nunca consegui entender por que as pessoas que possuíam uma
empresa eram workaholics.
Eu costumava pensar que era porque eles não tinham ninguém
para quem voltar para casa, e suas vidas eram tão solitárias que a
enchiam de papelada e se afogavam nela para não ficar perto de sua
janela e perceber como suas vidas eram vazias.
Era muito triste.
Assim, eles não teriam que sentir pena de si mesmos.
Ser um workaholic não passava de um encobrimento para isso.
Pelo menos, foi o que pensei antes. Mas sendo casada com um,
parecia que não era o caso. Mason tinha que voltar para casa,
embora não fôssemos próximos nem nada, mas eu ainda estava ali.
Esperando.
Ele perceberia isso sozinho? Não.
Uma grande ideia se formou na minha cabeça e me sentei com
um sorriso, olhando para Prince, que para minha surpresa, estava
olhando diretamente para mim, como se soubesse o que eu estava
pensando e me avisando para não fazer isso.
— Ouça Prince, você quer que Mason fique doente? — Perguntei
ao cachorro, que ainda não reagiu à minha pergunta. Não que eu
esperasse que ele fizesse.
— Eu preciso afastá-lo do trabalho, você não acha?
Novamente, o cachorro não respondeu. Eu estava louca em
pensar que ele poderia se comunicar comigo, mas eu sabia que
Prince era inteligente.
— Venha aqui, garoto. — Ele bufou e desviou o olhar, voltando
para seu brinquedo mastigado.
— Prince! — Ele ergueu a cabeça e rosnou para mim, seus dentes
afiados me fazendo inclinar mais para longe dele.
— Cachorro mau! — Eu disse, apontando meu dedo para ele. Ele
se levantou de sua posição e começou a se afastar graciosamente de
mim.
Eu acho que Mason não é o único que eu aborreci a ponto de eles
sentirem a necessidade de se afastar de mim.
— Prince, espere! — Eu segurei seu colarinho e o parei,
agachando-se na frente dele. Corri minha mão sobre sua cabeça e
sorri.
— Escute, garoto, você tem que me ajudar. Precisamos tirar
Mason de seu trabalho. Você quer que ele fique bem, certo? Você me
ajudaria? — Ele latiu de volta. — Bom menino.
Fui na ponta dos pés até o escritório de Mason com Prince atrás
de mim. Não ia mentir, em algum momento, pensei que ele ia
começar a latir e estragar meu plano, mas ele ficou quieto e
obediente. Ele seguiu minhas ordens.
Ele era mais submisso do que Mason jamais foi.
Abrindo a porta com cuidado para que ele não fosse alertado, eu
espiei dentro pela pequena abertura, meus olhos caindo em Mason,
que estava atrás de sua mesa, trabalhando duro.
A cada cinco segundos, ele franzia a testa e esfregava a testa com
as pontas dos dedos.
Eu sabia que ele estava estressado. Quanto mais ele trabalhava,
pior ficava para ele, mas ele era teimoso demais para fazer uma
pausa.
Muito orgulhoso para admitir que ele era como todo mundo, um
ser humano normal que se cansa de vez em quando.
Ele não era uma máquina.
Eu tinha que ser o único a salvá-lo de si mesmo.
Prince me cutucou na perna. — Você sabe o que fazer. Tire os
papéis dele e morda-o se for preciso. Vá em frente. — Eu o empurrei
para dentro e rapidamente me escondi, rindo silenciosamente.
Eu me senti tonta. Eu me senti como uma colegial quebrando
uma regra pela primeira vez.
Quem disse que uma mulher crescida não pode ser infantil às
vezes?
Dez segundos depois, não ouvi nada.
Eu franzi o rosto.
Prince deveria pegar os papéis em que Mason estava trabalhando
e dar o fora dali. O cachorro ao menos entendia a minha língua?
Eu pensei que ele era inteligente. Eu fui enganada o tempo todo?
Percebi que se eu precisasse de algo, nunca deveria pedir para
um cachorro. Decidi verificar eu mesma e, quando espiei dentro,
fiquei surpresa ao encontrar um escritório vazio.
Huh?
Para onde eles poderiam ter ido? Havia uma porta secreta da
qual eu não estava ciente? Eles me deixaram para trás esperando
como a idiota que eu era?
Eu estava muito ocupada rindo na minha cabeça para perceber
que eles haviam saído do escritório? Vamos descobrir.
Abri a porta lentamente, entrei e me aproximei da mesa para dar
uma olhada, pensando que eles poderiam estar escondidos lá.
Mas de repente, lembrando com quem eu estava lidando, eu ri
disso. Meus dedos roçaram nas canetas pretas personalizadas, na
pilha de papéis e clipes de papel, tentando deixar minha marca ali,
mais ou menos.
Eu ouvi a porta batendo e o som inconfundível de uma fechadura
clicando.
Eu me virei e encarei o sorriso malicioso de Mason, então olhei
para Prince, que estava abanando o rabo de alegria.
Aquele cachorro maldito! Que traidor!
— Pegue-a, — ele ordenou.
Prince latiu uma vez e meus olhos se arregalaram ao perceber o
que estava prestes a acontecer. Não registrei o grito que escapou dos
meus lábios quando Prince lançou seu corpo contra mim.
Ele começou a me perseguir pelo escritório, tentando me morder
como seu dono havia ordenado. Ambos não tiveram misericórdia.
— Me desculpa! — Eu gritei - sem saber a quem estava me
desculpando. Mason ou Prince, que eu havia subestimado.
Eu me abaixei debaixo da mesa e rastejei para fora com a mesma
rapidez quando percebi que Prince poderia facilmente me alcançar
lá.
— Prince, pare!
Ele continuou latindo e me perseguindo enquanto batíamos no
que quer que estivesse em nossos caminhos. Eu não acho que Mason
se importou com a bagunça que estávamos fazendo se ele estava
arrancando um grito de mim.
Ele provavelmente estava gostando daquilo, aquele desgraçado.
Não pude nem sair porque ele havia trancado a porta e estava
parado na frente dela, guardando a saída.
Finalmente, corri para ele, me escondendo atrás de suas costas e
respirando forte e rápido. Prince ficou na frente dele, abanando o
rabo de alegria. Eu olhei para ele por sua traição.
Mason estendeu a mão por trás dele e agarrou meu braço,
trazendo-me para ficar na frente dele. Foi a vez dele encarar meu
olhar sombrio.
— Lauren, — ele murmurou, com uma estranha nota de ênfase
em sua voz.
— Você pensou que poderia virar meu cachorro contra mim. —
Atraí meu olhar para cima, para seus ombros, sua mandíbula, seus
intensos olhos cinza.
Ele sorriu diabolicamente. — Os humanos podem ser infiéis, mas
os cães sempre permanecerão leais.
Eu olhei profundamente. — Eu deveria ter pensado duas vezes
antes de confiar nele. Eu não posso acreditar que você ia deixar ele
me morder.
Ele se aproximou e eu dei um passo para trás, sentindo-o de
perto um calor, uma presença que me fez enrijecer de consciência.
Suas mãos que agora estavam em meus ombros me mantiveram
pressionada contra a mesa; seu corpo plantado solidamente na
minha frente impedia qualquer movimento em qualquer direção.
— O que você esperava? — ele perguntou suavemente, olhando
para mim com diversão.
— Eu estava apenas retribuindo o favor.
Eu não compartilhei sua diversão. — E se eu tivesse morrido de
um ataque cardíaco de medo? Ou escorregasse e esmagasse meu
crânio contra a mesa?
No silêncio que rugia em meus ouvidos, ele se aproximou. —
Agora, você está apenas sendo dramática.
— Algo pelo qual você é conhecida. — Ele colocou as mãos no
meu queixo e ergueu minha cabeça, verificando meu rosto e, em
seguida, baixou o olhar para o meu corpo antes de voltar para o meu
rosto.
— E você parece bem para mim. — Seu hálito mentolado atingiu
meu nariz.
Eu zombei de volta. — Por que você gosta de procurar meu
problema?
— Eu não procuro problemas. Eles apenas me seguem. Como um
ímã. — Eu me afastei e dei um passo além dele. Mas ele se virou
comigo, me pegou enquanto eu me movia. Seu braço me prendeu de
volta contra seu peito.
Ele curvou o rosto para a curva da minha garganta. Senti sua
boca contra a pele macia logo abaixo da minha orelha.
— Eu não vou te proteger do Prince da próxima vez, — ele
murmurou.
Agarrando sua manga, me afastei com força. Andei rapidamente
para o outro lado da sala e fiquei olhando para ele, esfregando as
mãos para cima e para baixo nas mangas, como se tentasse apagar
seu toque.
— Sente-se, Lauren. — Um longo silêncio seguiu suas palavras.
— A menos que você esteja com medo.
— Com medo? De você? Nunca, — eu exclamei, cruzando meus
braços.
Mason olhou para mim, sorriu fracamente e balançou a cabeça. —
Então, sente-se.
Obedeci e sentei-me no sofá de couro, observando-o voltar para
sua mesa e sentar-se, voltando ao trabalho.
— Então como foi o trabalho hoje? — Eu sabia que ele não iria me
responder, ou ele iria me repreender por ser intrometida. Mas me
surpreendeu quando o fez, e honestamente.
— Um pouco estressante, mas, afinal, quando não é? — ele disse
sem olhar para cima. — E temos que lançar nosso produto até o final
do ano. Alguém me disse que minha empresa rival lançará um
produto em breve. Não posso ter esse confronto com o meu
lançamento.
— Seria tão ruim assim?
— As empresas sempre têm competições difíceis, Lauren. Eles
não parariam por nada para derrubar sua empresa e tudo depende
do tipo de produto que você está lançando e da época do
lançamento.
— Eu não entendo.
— É muito simples. Por exemplo, minha empresa e Sanders estão
planejando lançar um produto em breve. Se eu fizer isso primeiro, é
ruim porque está perto de seu próprio lançamento.
— Ninguém dá muita atenção aos outros quando outra empresa
lança seu novo produto e, se eu esperar mais alguns meses, perderia
muito dinheiro no processo.
— Isso é brutal, — comentei.
— Isso é negócio.
Eu digeri isso por um momento antes de perguntar: — É o
projeto do drone, certo? Aquele para o qual participei das reuniões?
Mason respondeu com um leve aceno de cabeça, ainda sem olhar
para mim. — Originalmente sim, mas houve algumas mudanças.
— Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Tenho certeza de que sua
equipe não irá decepcioná-lo.
Ele parecia divertido. — Eu não fico preocupado.
— Sim, porque você é uma máquina maluca que não sente nada.
Lentamente, ele ergueu a cabeça. A mera sugestão de um sorriso
enfeitou seus lábios. — Sua entrevista de emprego é amanhã,
correto? Eu vou pedir a Coop para levá-la. Ele vai ser seu motorista
pessoal agora.
Eu olhei em seu rosto. — E você?
— Eu posso dirigir até o trabalho. Sou muito capaz de fazer isso.
Um flash de humor iluminou brevemente meus olhos. — Isso não
é muito a cara de Mason Campbell. Dirigir até o trabalho. Tsc, tsc, o
que as pessoas diriam?
— Eles não dizem nada porque não é da conta deles. — Ele
ergueu ambas as sobrancelhas antes de voltar a olhar para seu
trabalho novamente.
Eu sorri brevemente e me levantei. — Hm. Ok, vou deixá-lo com
seu trabalho. Eu vou subir as escadas, assistir a alguma coisa e
depois dormir. Boa noite, Mason. — Eu me dirigi para a porta.
— Boa noite, — ele calmamente respondeu.
Eu sorri.
Capítulo 28

— Olá, sou Lauren Campbell. Estou aqui para a entrevista.


A mulher parou de digitar em seu computador e olhou para mim
com os olhos arregalados.
Mais cedo, quando entrei, ela mal conseguia olhar para mim ou
reconhecer minha presença. Tive que esperar cerca de dez minutos
antes que ela me chamasse.
Eu já estava acostumada com esse tipo de atitude por trabalhar
na Indústria Campbell. Seu comportamento rude não era nada além
de um pedaço de cereja em um bolo.
— Lauren Campbell? — ela repetiu meu nome com admiração,
ajustando seus óculos de aro.
— Eu vou dizer ao Sr. Black que você está aqui. — E ela deu a
volta em sua mesa, correndo para o escritório de seu chefe.
Sentando-me de volta na cadeira, esperei alguns minutos antes de
vê-la sair correndo do escritório de seu chefe, sorrindo para mim.
— Ele verá você agora.
— Obrigada. — Passei por ela, notando como ela estava me
olhando como se eu fosse uma atração em um zoológico ou museu.
Balançando a cabeça, entrei no escritório do Sr. Black.
— Sra. Campbell! Sou Jerome Black, chefe do departamento, —
exclamou o Sr. Black, levantando-se da cadeira para apertar minha
mão. — É bom finalmente conhecê-la.
— Igualmente, — respondi educadamente enquanto me sentava.
— Fiquei muito feliz quando recebi a notícia de que a esposa de
Mason Campbell queria trabalhar aqui, — disse Jerome com toda a
alegria que conseguiu reunir.
— Esta é uma oportunidade que não poderíamos deixar passar.
Tentei esconder minha cara de decepção. — Ah, sim. Estou aqui
para a... entrevista? Aqui está meu currículo. — Entreguei a ele, mas
Jerome não pegou, sorrindo para mim como se tivesse visto uma
refeição.
— Entrevista? Não posso entrevistá-la, Sra. Campbell.
— O que você quer dizer?
— O trabalho é seu! — Ele anunciou deliciado. — E parabéns por
ter sido promovida também!
Meu queixo caiu.
— Desculpe? — Não deixei de esconder meu choque ou repulsa.
Eu poderia ter entendido errado. Ele não poderia ter me oferecido
um emprego sem uma entrevista e uma promoção.
Tudo em menos de 10 segundos.
— Ah, você não tem nada com que se preocupar! Aqui. — Ele
empurrou um papel vazio e uma caneta para mim. — Escreva
quanto você quer que seja o seu salário.
— Você será uma ótima adição à empresa. — Ele entrelaçou os
dedos na frente dele e sorriu amplamente, mostrando a abertura dos
dentes.
— Ah, eu posso imaginar para onde a empresa iria com a ajuda
da Indústria Campbell. Com você trabalhando aqui, tenho certeza
que seu marido ficaria muito feliz em trabalhar conosco.
Até agora, minha boca estava pendurada em choque. Eu estava
em descrença e negação de como tudo acabara de acontecer.
Jerome Black não estava interessado em mim, ele estava mais
interessado no que Mason faria por ele e sua empresa.
Consegui o emprego não porque ele viu que eu era qualificada
para isso, mas porque eu era a Sra. Campbell, esposa do poderoso
empresário Mason Campbell.
— Com licença, — eu disse firmemente, pegando meu currículo
enquanto me levantava.
— Obrigado pelo seu tempo. Sr. Black, mas não acho que vai
rolar. — Filho da puta.
— Espere! — Ele gritou em pânico, mas eu não parei para entretê-
lo.
Saí da empresa com meu coração batendo contra minha caixa
torácica.
Eu queria gritar de raiva, mas só consegui segurar até entrar no
carro.
— Para casa, senhora?
— Sim, Coop. Me leve para casa.
Era tudo culpa de Athena! Foi ela quem listou meu nome como
Lauren Campbell, ou eu não teria que passar pelo que passei agora.
Olhando pela janela, parte de mim estava feliz por não trabalhar
lá, mas outra parte estava triste por não ter um emprego.
Eu estava de volta à estaca zero novamente.
Devo apenas continuar procurando empregos online ou devo
manter meu orgulho baixo e pedir ajuda a Mason?
Não. Eu gemi. Eu não iria pedir sua ajuda. Não importa o quão
difícil fosse, eu não seria capaz de fazer isso.
Quando eu chegar em casa, eu mesma precisarei procurar
empregos.
Eu não dependeria de meu marido rico para conseguir um para
mim.
Eu poderia fazer isto.
Afinal, eu já tinha feito isso antes.
Desbloqueando meu telefone, parei no nome de Mason e pensei
em mandar uma mensagem para ele.
Eu bloqueei e coloquei de volta na minha bolsa, decidindo o
contrário.
Capítulo 29

O carro de Mason estava estacionado do lado de fora quando


cheguei em casa.
Ele deveria estar no trabalho agora, então o que ele estava
fazendo em casa?
Ele não estava na sala de estar quando entrei, mas decidiu
verificar seu escritório, encontrando-o vazio. Mas então, ouvi vozes
vindo da biblioteca.
Não pensei em bater na porta e entrei direto, parando na entrada
quando vários olhos se moveram e olharam para mim.
Ele não estava sozinho.
— Lamento incomodá-lo, — me desculpei timidamente, olhando
para Mason. — Acabei de ver seu carro. Permita-me deixá-los, então.
— Eu rapidamente voltei para fora e fechei a porta, com vontade de
me chutar.
Eu não tinha ideia de que ele tinha reuniões em casa.
Comecei a andar pelo corredor quando ouvi o som de uma porta
abrindo e fechando, passos suaves me seguiram.
— Lauren.
Eu me virei com a voz e acalmei quando ele se aproximou que eu
nem mesmo respirei, e meus olhos permaneceram fixos nele
enquanto ele, sem hesitação, se acomodava na minha frente com as
duas mãos no bolso.
Quando finalmente precisei respirar, pude sentir o cheiro de sua
colônia.
— Oi, me desculpe por entrar assim, — eu disse, a voz melosa e o
sorriso largo como sempre, os olhos firmes e sem piscar. — Eu não
sabia que você tinha visitantes. — Saiu rapidamente, mas fiquei
satisfeita por ter saído de forma consistente.
Houve uma momento em que nada aconteceu — nenhum se
moveu, nem falou, olhares fixos e eu pensei que ele não diria nada.
Ele tirou as mãos dos bolsos da calça.
A pausa poderia durar apenas alguns segundos, mas de alguma
forma eu senti como se tivéssemos ficado presos ali por horas.
Ele se mexeu um pouco, baixando os olhos, e havia alegria e algo
como consideração em seu tom quando respondeu: — Tudo bem.
— Decidi sair mais cedo do trabalho hoje. Estávamos quase
terminando quando você entrou.
— Ah. — Eu estava pensando em uma palavra, mas não achei
que ele estivesse satisfeito com isso. Meu olhar travou firmemente no
dele, mesmo que meu tom vacilasse um pouco.
— Ainda assim. Desculpe por entrar do nada. Vou bater na
próxima vez. — Ele não se afastou, mas encolheu os ombros, o que
considerei como um acordo.
Ele decidiu perguntar: — Como foi sua entrevista? Tudo bem?
Separei meus lábios para dizer a ele quando seu telefone tocou,
interrompendo a conversa. Ele olhou para baixo e para mim.
— Eu tenho que voltar.
— Eu irei te encontrar quando terminar, — ele prometeu, baixo o
suficiente quase para ser um ronronar enquanto ele se curvava, então
seu rosto estava no mesmo nível do meu enquanto ele escovava uma
mecha do meu cabelo, seus dedos passando como um fantasma no
meu rosto.
Eu pisquei e o momento se foi. — Ok.
Voltei para o meu quarto, tomei banho e troquei de roupa.
Fiz algo para comer antes de ir para a sala, sentando-me
confortavelmente em uma bela cadeira que descobri ser a cadeira
favorita de Mason.
Mas ele nunca me fez levantar quando estávamos na sala de
estar, algo que aqueceu meu coração.
Passou-se uma pequena hora e meia antes que ele entrasse
enquanto eu olhava meu celular, procurando empregos disponíveis.
— Ei.
— Oi. — Eu não olhei para cima, mas o senti sentar à minha
frente e meu olhar o encontrou, recostado em um sofá, cruzando os
braços sobre o peito e cruzando as pernas longas.
— Como foi a entrevista? — Ele perguntou com olhos atentos.
Eu fiz uma cara triste quando me lembrei do que aconteceu antes
e ele interpretou facilmente. — Foi tão ruim assim? Parece que você
não conseguiu o emprego.
— Ah, eu consegui.
— Então por que você se parece com alguém que quer tomar dez
doses de vodca?
Eu mantive o celular abaixado e minha cabeça levantou.
— Eu não aceitei o trabalho, — murmurei solenemente.
Sua expressão era friamente remota, não revelando nenhum
indício de seus pensamentos. — Eu pensei que você queria um
emprego, Lauren. Você estava feliz com isso, — ele respondeu com
sua voz grave e rouca.
— Sim, eu sei.
— Por favor, não me faça perguntar de novo. O que aconteceu na
entrevista?
Eu abri minha boca para dizer a ele que não era nada. Mas um
olhar de seus olhos cinzentos gelados roubou-me a inclinação.
— Eles não me queriam. Eles queriam Mason Campbell.
Ele franziu a testa em confusão e eu expliquei mais: — Eu já disse
a você que Athena foi quem conseguiu a entrevista para mim?
— Acontece que ela passou meu nome como Lauren Campbell, e
não Lauren Hart.
— Ela tende a fazer coisas que não deveria, — ele falou
lentamente. Seus olhos estavam preguiçosos.
Eu não poderia concordar com ele.
Uma vibração de irritação estava crescendo em algo mais firme.
— Sim, bem. quando o chefe descobriu que eu era sua esposa, ele
ficou mais interessado em me dar o emprego e até me promover.
Sem nem me entrevistar, sem nem olhar meu currículo!
Um sorriso lento surgiu em seus lábios. — Acho que isso
machuca seu ego?
Exclamei: — Sim! Fiquei muito feliz por ter encontrado um
emprego e você o arruinou.
Sobrancelhas diabólicas se ergueram. — Eu não arruinei nada,
Lauren, — ele disse com sua voz grave, e não era realmente justo o
jeito que mexeu com algo em mim.
Eu gemi. — Eu sei, mas me sinto um pouquinho melhor
culpando você.
— Que coisa, eu realmente pensei que teria um emprego.
Tive vontade de puxar meu cabelo e gritar para liberar um pouco
de raiva, mas isso daria a Mason a oportunidade de me insultar
ainda mais.
Me chamar de infantil e coisas piores.
Embora sua voz fosse suave, eu podia ver em sua mandíbula que
algo o incomodava. — Qual é o nome da empresa?
Meus olhos procuraram em seu rosto por qualquer indício de
piada ou ameaça, e eu não tinha certeza do que vi, mas não era.
Era apenas Mason.
Apenas seu foco, firme e seguro como sempre.
— O que você vai fazer? — Eu perguntei desconfiada, e ele não
respondeu imediatamente, apenas inclinou a cabeça para trás e
olhou para algo.
— Isso não é da sua conta.
Eu cruzei meus braços, mantendo minha guarda. — Então eu não
vou te dizer.
— Tudo bem. — Ele tinha aquele sorriso perpétuo embutido em
seu rosto que eu nunca consegui entender o que significava. — Posso
pedir ao Coop que me diga, e é uma pena que você não possa fazer
nada a respeito. Eu sou o patrão dele.
— Ah, é? Bem, eu sou a esposa do patrão, — eu atirei de volta.
Ele apenas riu. — Isso não muda nada. — Seus olhos me
observaram preguiçosamente e até mesmo esse pequeno gesto
deixou meu estômago em chamas.
— Eu preciso de uma bebida! — Eu me levantei, escapulindo dele
para ir para o bar. — Se vou ficar desempregada, preciso afogar
minha tristeza no álcool.
— Você entende como isso seria patético, certo? — Ele me
chamou. Eu me virei a tempo de vê-lo sorrir para mim de uma
maneira que eu esperava ser condescendente, mas não foi.
Seu tom era apenas uma fração mais suave do que o normal.
— Quem se importa com o que você pensa? — Eu disse, e
esperava que meu tom transmitisse isso.
A vida é uma merda quando você não tem nada para fazer.
Quando seus amigos estão ocupados demais para atender suas
ligações ou responder suas mensagens, é nesse momento que você
percebe como o mundo pode ser solitário.
Eu estava comendo minha segunda fatia de pizza, encostada na
cabeceira da minha cama enquanto assistia ao programa que passava
na TV.
Eu mal estava prestando atenção porque estava principalmente
tentando pensar no plano B.
Todos os empregos para os quais me candidatei ainda não
haviam me chamado para uma entrevista, e eu senti que isso nunca
iria acontecer.
E ali estava eu, sentada na minha cama e afogando minha tristeza
em pizza e coca. Quanto mais eu comia, mais percebia que a fome
desempenhava um pequeno papel em me fazer sentir deprimida
comigo mesma.
Alguém bateu na porta algumas vezes e, sem levantar os olhos,
convidei a entrar.
Meus olhos não estavam na porta, mas o cheiro de sua colônia me
fez perceber quem estava no meu quarto.
Eu olhei em seus olhos que se fixavam nos meus. Algo em mim se
acendeu com a intimidade do nosso olhar, mas engoli a chama tão
fundo que ela só conseguiu atingir os dedos dos pés.
— Eu queria ver como você estava. — Ele se sentou na única
cadeira e me lançou um olhar frio. — Como vai?
— Estou ótima.
— Você é uma péssima mentirosa.
Dei de ombros. — Nem todo mundo tem o dom de mentir como
você.
— Eu não minto. — Havia um tom estridente em sua voz antes
que ele olhasse para a TV — Pensei em vir até aqui para te ver sendo
dramática como sempre.
— Ah, jura? — Meu tom era relaxado, suave até, e eu consegui
exibir uma expressão de que não dava a mínima tão bem que se ele
não me conhecesse direito, ele poderia ter sido enganado.
— Eu acho isso triste.
Larguei a fatia de pizza na caixa e desci da cama, tentando
caminhar até a porta. Ele pegou meu braço e me virou para encará-
lo.
Seu rosto estava sério, sua bela boca definida em uma sombra
mal-humorada.
— Eu não vim aqui para que pudéssemos irritar um ao outro, —
ele murmurou. — Francamente, estou aqui para te ajudar com seu...
— Tédio? — Eu perguntei com as sobrancelhas levantadas
quando ele não conseguiu encontrar a palavra certa para dizer.
— Eu acho que sim?
Eu respirei fundo. — Bem, estou assistindo a uma série, chama
Brooklyn Nine-Nine. Você gostaria de se juntar a mim?
— Para assistir a uma série americana? — Ele hesitou e depois
encolheu um pouco os ombros. — Claro, Lauren, por que não?
— Você seria capaz de lidar com isso? Não é o seu tipo de
programa, sabe? — Eu deixei isso pairar no ar entre nós brevemente,
antes de continuar, — Você sempre pode recuar.
— Não perco meu tempo assistindo programas inúteis que não
vão me render nada. — Havia um tom de secura em sua voz.
Ele me virou para caminhar de volta para a cama e gentilmente
tirou sua mão do meu braço.
— Que surpresa. — Arrastei-me para dentro das cobertas,
observando-o sentar-se novamente na cadeira, cruzando as pernas.
— Então você assiste ao noticiário? Futebol americano?
— Não.
— Programas de culinária? Reality shows?
— Eu leio o jornal, — ele murmurou, e se ele estava mentindo, ele
realmente era bom nisso.
— Quem é que lê jornal?
Ele sorriu e encolheu os ombros.
— Venha se sentar aqui. — Eu dei um tapinha ao meu lado na
cama. Ele olhou para mim com desconfiança, como se esperasse que
eu pulasse nele, e quase deixei uma risada escapar dos meus lábios.
Segurando a intensidade sombria de seu olhar, ele perguntou: —
Por quê?
— A menos que você não confie em si mesmo.
Eu sabia que ele estava lutando para suprimir seu aborrecimento
quando respondeu: — Assista ao seu programa, Lauren.
— Venha aqui, — tentei novamente.
Não havia razão para pressionar, nenhuma razão para querer que
ele ficasse comigo na cama e assistisse a um programa comigo, mas
eu queria que ele fizesse isso.
Ele levou um tempo para analisar minhas feições, me absorvendo
como sempre fazia. — Só não encosta em mim.
Eu sorri e balancei a cabeça. — Eu prometo que serei uma boa
menina.
Olhos prateados corajosos brilharam para mim.
Mason me deu um sorriso preguiçoso. — Não há nada de
respeitoso no que você acabou de dizer.
Eu dei uma curta risada em retorno.
Eu o observei caminhar até a cama, e o tempo todo fiquei me
perguntando como diabos consegui fazê-lo assistir a alguma coisa e
sentar ao meu lado.
Ele nem mesmo lutou.
Ele estava finalmente gostando de mim?
Poderíamos realmente acabar sendo amigos?
Eu me afastei para dar mais espaço para ele, e ele me olhou com
uma expressão ilegível antes de afundar na cama, com as duas
pernas no chão.
Bem, eu nunca esperei que ele aparecesse nas capas comigo.
Começamos a assistir Brooklyn Nine-Nine, uma série que Beth e
eu assistíamos quando não tínhamos nada para fazer.
A cada passo, eu na muito das cenas engraçadas e estava
realmente me divertindo com ele, embora ele apenas me encarasse
como se eu fosse louca toda vez que eu explodia em gargalhadas.
— Você realmente não acha isso engraçado?
— Não.
— Sabe do que você precisa? — Sentei-me de joelhos, minhas
costas bloqueando a visão da tela. — Você precisa se soltar. Acho
que tenho algo para você.
Eu pulei para fora da cama e fui até a geladeira, abri e peguei
uma garrafa de um licor forte que eu tinha, mas nunca consegui
abrir.
— Tchã-ram! — Exclamei, mostrando a ele a garrafa com as
sobrancelhas erguidas.
— O que você acha?
Ele suspirou e cruzou a perna sobre a outra. — Eu acho que
odiaria encontrar uma garrafa minha faltando. — O sorriso sumiu
do meu rosto. — Estou brincando.
— Para alguém que gosta de humor, você deveria ter entendido.
— Não, acho que é só porque você é meio idiota às vezes, e nunca
sei se você está brincando ou não. — Pela segunda vez hoje, ele
revirou os olhos.
— Então, que tal duas bebidas com a Sra. Campbell, Sr.
Campbell? — Eu balancei minhas sobrancelhas sugestivamente, um
pequeno sorriso apareceu na curva da minha boca.
— Você se atreve?
— Eu vou trabalhar amanhã.
— São apenas dois drinque! Não seja um estraga-prazeres.
Ele me observou por um momento antes de se levantar e fechar a
distância entre nós.
Cada passo era deliberado e lento o suficiente para que, se eu
realmente quisesse, pudesse me virar e sair correndo.
Mas eu não corri.
Fiquei perfeitamente imóvel, mesmo quando não havia mais
espaço entre nós.
— Dois drinques podem significar mais dois drinques e de
repente, a garrafa estará vazia e você me terá exatamente onde
quiser.
Ele ficou perto de mim, olhou nos meus olhos por alguns
segundos antes de olhar para a garrafa e se inclinar para tirá-la de
mim.
— Vulnerável e à sua mercê, — ele terminou com um sussurro
suave, hálito de hortelã quente no meu rosto.
Ele se virou e começou a se afastar com a garrafa.
— Há quanto tempo você está pensando sobre isso? — Eu
perguntei com uma pitada de humor.
Ele fez uma pausa e virou o corpo. — Exatamente no momento
em que abri a geladeira e peguei a garrafa, eu acho.
Eu fui até ele e minha boca se curvou maliciosamente,
pressionando um pouco mais perto dele. Ele permitiu que meu
braço deslizasse ao redor de seu pescoço, deslizando meus dedos
por seu cabelo macio.
Mason olhou para mim com seus olhos escuros que estavam
procurando por respostas em meus olhos.
Seus olhos sempre tiravam tudo, exceto o calor que enchia o ar
entre nós toda vez que estávamos próximos assim.
Eu odiava e ansiava ao mesmo tempo.
Com uma voz suave e rouca que pude reunir, murmurei: — Não
preciso embebedá-lo para conseguir o que quero ou fazer o que
quero.
Observei quando ele apertou os lábios um pouco como se fosse
demais para ele.
Realmente, era demais.
Eu não deveria estar lutando com fogo, mas queria me queimar.
Para sentir o gosto disso.
Ele fechou os olhos por cerca de um segundo antes de abri-los,
olhando para mim enquanto segurava meu braço, uma vez e com
força, e o deixou cair ao meu lado, me empurrando para longe dele.
Ele deu um passo para trás, criando uma distância necessária.
Eu olhei para ele. Eu podia ver seu rosto claramente, e ele tinha
uma expressão estranha me encarando fracamente.
Algo se torceu no ar entre nós, algo que eu não estava
entendendo.
Quando comecei a sorrir, percebi que ambos estávamos caindo
em um grande buraco de espinhos que parecíamos ter cavado para
nós mesmos.
Capítulo 30

5 dias depois, consegui um emprego.


— E esta é Daisy, — disse Rachel, minha nova chefe, ao terminar
de me apresentar a sua equipe.
Ela era muito mais legal do que meu chefe anterior, um pouco
alegre e enérgica. Acho que gostaria muito dela.
Ela era tão colorida da cabeça aos pés.
Sua equipe sorriu calorosamente para mim enquanto cada um
deles se sentava na sala de reuniões.
Rachel olhou para todos na sala. — Como você pode ver, temos
uma nova colega na equipe.
— Somos todos uma grande família, então, por favor, façam
Lauren se sentir em casa. — Todos concordaram e a reunião
começou.
Quando saímos da sala de reuniões, eu estava com o maior
sorriso no rosto.
Aquela foi a primeira vez que realmente me senti em casa e fui
incluída em algo.
Pensando em algumas horas atrás, quando eu estava nervosa em
pensar que o ambiente fosse o mesmo da Indústria Campbell, eu
queria rir do quão rápida fui para julgar essas pessoas sem ter falado
com nenhum deles.
Duas horas depois, eu estava trabalhando em algo para Rachel
quando meu telefone tocou na minha bolsa. Eu o puxei e um sorriso
apareceu no meu rosto.
— Oi.
— Seu escritório não tem uma política que diz que você não deve
ligar para ninguém no trabalho? — Eu perguntei, o sorriso no meu
rosto aumentando a cada segundo.
Sua risada suave alcançou meus ouvidos.
— Eu sou o chefe. Eu faço as regras, só não as sigo.
Meus lábios se curvaram. — Como posso ajudá-lo, Sr. Campbell?
Era tão estranho para ele me ligar, ainda mais durante o dia, já
que tudo o que ele fez desde que eu o conheci foi me ligar durante a
madruga.
Aquilo era definitivamente revigorante. A maneira casual com
que ele estava falando comigo, não me dando ordens ou fazendo
comentários rudes como sempre.
— Vou levá-la para almoçar hoje, — respondeu ele secamente. —
Você está interessada?
Sua oferta me surpreendeu porque veio do nada, mas fiquei feliz
por ele estar se oferecendo para almoçar comigo e quem era eu para
dizer não?
— Uma chance de almoçar com o Mason Campbell? Eu posso
pegar um autógrafo depois? — Eu provoquei.
— Se você quiser, eu te dou uma foto também, — ele brincou de
volta. — O que acha disso?
— Perfeito. Minhas redes sociais vão bombar hoje. Te encontro ao
meio-dia?
— Vou mandar Coop pegar você. Até logo.
— Tchau. — No minuto em que desliguei a ligação, gritei
baixinho.
Eu não tinha ideia de onde essa felicidade estava vindo, mas
sabia que Mason era a razão para isso.
Por volta da meia-dia, Coop estava esperando por mim lá
embaixo. Retoquei minha maquiagem e passei um batom vermelho,
pegando minha bolsa antes de entrar no elevador.
Coop saiu do carro quando me viu saindo e abriu a porta traseira
para mim.
— Ei, Coop?
— Sim, senhora?
Eu coloquei minha mão para fora. — Posso ficar com a chave, por
favor?
Ele não hesitou antes de contornar o carro e voltar com a chave
do carro na mão.
— Obrigada. — Eu sorri, olhando através da minha bolsa e tirei
cem libras. — Aqui. — Eu dei a ele.
— Você pode voltar para casa de táxi. Eu mesmo dirigirei.
Ele parecia angustiado. — Mas, senhora...
Eu o cortei com outro sorriso. — Não se preocupe, Mason não vai
dizer nada. Sou perfeitamente capaz de dirigir. Vá para casa ou saia
e se divirta. O que for melhor para você.
Com um aceno de cabeça, ele respondeu: — Tudo bem, senhora.
Tenha um bom dia.
— Você também. — Acenei para ele e entrei no carro, ligando o
motor.
Mandei uma mensagem para Mason dizendo que estava fora da
Indústria Campbell. Olhando para o prédio alto, estar de volta ali
parecia um pouco estranho. Há um mês, eu estava apenas
trabalhando ali e agora era casada com o proprietário.
Você realmente não sabe o que o futuro reserva para você até que
comece a vivê-lo.
Eu nunca teria pensado que me encontraria onde estou hoje.
— O que você está fazendo?
Eu levantei minha cabeça e mostrei um sorriso para meu marido,
que estava olhando para mim pela janela. — Estou dirigindo.
— O que aconteceu com Coop?
— Eu dei a ele um dia de folga. Todo mundo merece um dia de
folga de vez em quando.
— Tem certeza de que é uma boa motorista? — Mason perguntou
com um olhar de alguém que tinha pouca confiança. — Você nunca
teve um acidente?
— Sr. Campbell, você está com medo por sua vida? — Eu
perguntei com um sorriso irônico.
— Quando se trata de você, eu tenho que estar, — ele respondeu.
Seu tom carregava uma nota distinta de aborrecimento e cansaço.
— Não se preocupe, eu te trago de volta são e salvo. Sem nenhum
arranhão. — Ele revirou os olhos em resposta e recuou, abrindo
caminho para abrir a porta dos fundos. Eu o parei imediatamente.
— Ei, ei.
— O que você pensa que está fazendo?
— Entrando no carro? Não é óbvio?
— Volte aqui e sente-se na frente. Eu sou sua esposa, não sua
motorista.
Seus olhos cinza se estreitaram, deixando-me saber que ele estava
irritado com minhas palavras. — Eu nunca sento na frente.
— Caguei pra você, vossa alteza. Ou você vem para cá ou
teremos que passar a noite aqui.
Mason empalideceu. — Você é inacreditável.
Eu balancei a cabeça, apontando meu dedo para o assento à
minha frente. — Tá, tá.
— Você pode dizer o que quiser, mas vai sentar na frente.
Eu pensei que tinha ultrapassado meus limites, que não havia
nenhuma maneira de Mason se sentar na frente, mas ele abriu a
porta da frente e deslizou para dentro, e levei aproximadamente
cinco segundos antes de eu sair do choque em que estava presa.
— Você acha que é minha chefe?
— Você realmente quer que eu responda isso? — Eu levantei
minhas sobrancelhas e indiquei onde ele estava sentado. — Vendo
como você está sentado na frente?
— Eu nunca deveria ter tentado fazer amizade. — Sua voz estava
rouca como se ele tivesse que forçar as palavras a saírem.
Eu rapidamente olhei para ele e zombei, olhando para a estrada.
— Desculpe? Desde quando você tenta fazer amizade? Fui eu quem
tentei. Eu, não você, — eu o lembrei.
— Você sempre tem que alimentar seu próprio ego? — Percebi o
desprezo com que ele disse isso como se estivesse se sentindo
decepcionado.
— Hah! Isso é engraçado vindo de você.
— Onde você está indo? Eu disse que íamos ao Restaurante Stars.
Esse não é o caminho certo.
— Ah, eu sei.
— Você sabe e ainda não vai se virar?
— Nós estamos indo para outro lugar, então fique quieto, — eu
disse, com vontade de acertá-lo com alguma coisa. — Você não tem
permissão para falar até chegarmos lá.
— Você não pode simplesmente...
Eu coloquei a mão em meus lábios. — Shh!
— O que...
— Shhhhh! — Ele abriu a boca, mas eu o venci.
— Shhh, shh! — Seu rosto revelava puro aborrecimento e ele não
tinha escolha a não ser ficar quieto porque sabia que eu era tão
teimosa quanto ele.
Talvez até mais do que ele.
Eu conhecia o lugar perfeito para levá-lo para almoçar, embora
não fosse o lugar que ele pretendia ir ou gostaria de ir se soubesse,
mas aquele lugar era especial para mim.
E eu não sabia por que o estava levando lá. Eu não deveria levá-lo
lá.
— Que lugar é esse? — Mason perguntou no momento em que
estacionei o carro.
Estávamos em outra parte de Londres, mas eu sabia que trazê-lo
era uma boa ideia. Ele precisava de algo diferente.
Além disso, eu sabia que o restaurante seis estrelas que ele me
levaria para almoçar não seria tão bom quanto o restaurante do
Togo.
— O único lugar onde você pode comer a melhor comida. A
comida é melhor do que aquela com a qual você vai desperdiçar seu
dinheiro, — respondi, saindo do carro.
— Como você sabe sobre este lugar? — Mason perguntou
enquanto fechava a porta, olhando ao redor como se se sentisse
enojado e desconfortável por estar ali.
— Meu pai e eu costumávamos vir aqui. Tínhamos muitas
lembranças e é um lugar especial para mim. Isso me lembra dos
velhos tempos. Me faz feliz.
Ele acenou com a cabeça distraidamente. — Tem certeza de que é
um ambiente saudável? Foi inspecionado pela vigilância sanitária?
Eu ri, caminhando até ele para enganchar meu braço no dele,
sentindo-o tão perto de mim.
Eu ignorei o choque de eletricidade que passou por mim e eu
sabia que não era o único que sentia isso.
— Mason, você vai ficar bem. Sei que é a primeira vez que você
vai a um lugar como este, mas não é o fim do mundo. Eu vou
proteger você.
Ele olhou para o meu sorriso provocador.
— Vamos.
Entramos no Togo e o dono, Rafael, sorriu para mim ao me ver.
— Lauren! É bom ver você novamente.
— Oi, Rafael. Bom te ver também. — Rafael acenou com a cabeça,
então mudou seu olhar para Mason.
Eu rapidamente acrescentei: — Este é meu amigo, Mason. — Eu
quase podia sentir o brilho profundo de Mason, mas não estava
olhando para ele.
— Eu sou o marido dela, — ele corrigiu bruscamente.
Meus olhos o olharam em leve choque.
Rafael sorriu, olhando para mim. — Você se casou! Parabéns,
Lauren. Por favor, a comida é por conta da casa. — Encontramos
uma mesa nos fundos.
— Você se apresentou como meu marido, — eu disse em estado
de choque.
— Estou ciente.
— Por que você faria isso?
— Porque eu sou seu marido?
— Falso marido.
Ele balançou sua cabeça. — Não existe falso marido se eu colocar
o anel em seu dedo e fizer os votos com você.
— Marido temporário.
Mason ignorou o que eu disse e mudou de assunto. — Então,
você vem aqui há anos?
Eu concordei. — Cinco anos, mas desde que meu pai ficou
doente, não suportava vir comer aqui sozinha.
— Mas você está aqui agora.
— Eu tenho você comigo agora.
Suas sobrancelhas baixaram. — Então, você está me usando?
Eu ri. — Não faria mal fazer isso de vez em quando. — Ele
resmungou algo e eu ri. — Você está realmente resmungando?
— Cale-se.
Nossa comida foi servida e eu observei a expressão de Mason ir
de uma cara amarrada a um olhar inseguro.
Eu sabia que ele não tocaria em sua comida, então peguei meu
garfo e peguei um pedaço de massa para ele, movendo-o em sua
direção.
— O que você está fazendo?
— Alimentando você.
— Como é? — Sua voz espantada e confusa soou em meus
ouvidos.
— Você não faria tal coisa. Nós somos...
— Você realmente quer começar a discutir? — Eu perguntei,
arqueando minhas sobrancelhas para ele. — Vamos. Abra sua boca.
Ele olhou profundamente para mim.
Eu agitei o garfo no ar. — Estou esperando, Mason. — Seus olhos
se estreitaram.
— Eu juro que se você não aceitar, eu vou fazer uma cena agora.
Ele praguejou e arrancou o garfo das minhas mãos, levando-o à
boca. Eu sorri em triunfo e ele olhou sombriamente para mim. —
Feliz?
— Imensamente. O sabor é bom?
Ele deu de ombros. — E ok.
— Ok? Eu duvido.
— Você disse que tinha boas memórias com seu pai aqui? — Eu
balancei a cabeça em resposta. — Quando você começou a vir aqui?
— Acho que um ano depois que mamãe nos deixou. Papai foi
quem o encontrou, na verdade. Sempre celebramos nossos
aniversários aqui. Isso meio que se tornou um ritual. Pelo menos...
isso foi antes de ele ficar doente.
— Você falou com sua mãe depois que ela se foi?
Eu abaixei meu rosto. — Não, eu não a vi desde aquela noite em
que ela foi embora, — eu respondi fracamente. — Eu também não
falei com ela, mas papai falou algumas vezes. — Eu olhei para cima
a tempo de ver a expressão triste que ele tirou apressadamente de
seu rosto.
— E você quer?
— Definitivamente não. Eu nunca quero encontrar aquela
mulher. Se eu a encontrasse por acidente, iria embora e fingiria que
não a vi.
— Está tudo bem ficar com raiva, Lauren, mas ela é sua mãe.
Você não pode mudar isso.
— Mason, por favor, — eu disse, tentando não ficar irritada com
ele.
Ele nunca entenderia como aquela mulher era egoísta. Ela não se
importava com nada além de si mesma, então ela não merecia nada
de mim.
— Você não entende.
— Me permita discordar. Você disse que sua mãe a deixou, e
minha mãe não foi embora. No entanto, ela me abandonou quando
criança. Pegou suas responsabilidades e jogou-as em outra pessoa.
— Ela nunca prestou atenção e nunca se sentiu como uma mãe.
Pelo menos, você teve alguns bons anos com a sua. Então, sim,
Lauren. eu entendo como é.
— E você a perdoou assim mesmo?
— Eu precisei. Ela é minha mãe, mas o relacionamento nunca
pode ser reparado. Guardar o ódio e a raiva não te leva a nada.
Eu não me importava se isso iria me render alguma coisa ou não.
Era onde Mason e eu éramos diferentes. Ele era capaz de perdoar
alguém, mas eu não.
Não importa o quanto parecesse o contrário, quando alguém
partia meu coração, era difícil recuperá-lo. Era difícil perdoá-la.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Pergunta à vontade.
— Você pode me falar sobre você e Chloe? — Eu cerrei minha
mandíbula, esperando sua raiva se abrir e ele me dispensar
rudemente.
Esperei que ele me dissesse que eu era uma pessoa intrometida e
que deveria cuidar da minha vida. Sério, eu deveria ter cuidado da
minha vida.
Ele suspirou e esfregou o pescoço. — Outra hora, eu prometo.
Uma coisa eu sabia sobre Mason Campbell, ele sempre cumpria
sua promessa.
Capítulo 31

Já se passaram três meses desde que me casei com Mason


Campbell e, nesses três meses, houve dias bons e dias ruins.
E eu poderia dizer com orgulho que cheguei a esse homem duro
e o amoleci.
Ok, talvez isso seja uma mentira.
Ele ainda era duro como uma rocha.
Mas eu o fiz meu amigo.
Algo que eu nunca pensei que realmente aconteceria.
A casa não estava mais em silêncio. Mason e eu trabalhávamos,
eu voltava mais cedo do que ele para fazer o jantar e, em seguida,
brincar com o Prince.
Parecia que o cachorro estava se soltando comigo, assim como
seu dono. Quando Mason voltava do trabalho, jantávamos e
conversávamos sobre tudo.
Às vezes, eu o arrastava para o meu quarto e assistíamos a um
filme juntos. Tornou-se uma tradição para nós.
Eu estava feliz.
Tudo estava indo perfeitamente. E meu pai também estava
melhorando.
Só fui vê-lo cinco vezes em três meses porque estava muito
ocupada com o trabalho.
Era a primeira semana de dezembro e Mason estava muito mais
ocupado do que nunca. Eu mal o via. Quando ele chegava tarde em
casa, eu já estava dormindo e realmente só queria passar um tempo
com ele.
Eu tinha ficado tão perto dele e disse a ele praticamente tudo
sobre mim, embora ele mal se abrisse para mim.
Seria muito difícil para ele confiar completamente em mim.
Hoje à noite, eu estava terminando um trabalho com o Prince
dormindo no tapete quando ele entrou, parecendo tão cansado, mas
ainda conseguia assim estava gostoso.
Seu lançamento seria em um mês e ele estava muito ocupado e
dormindo menos a cada dia.
— Oi.
— Oi, — ele cumprimentou de volta.
— Você quer jantar?
— Eu comi algo no escritório. — Ele olhou para a pilha de papéis
na minha frente. — Trabalhando?
Fechei um arquivo na minha frente. — Sim, mas estou quase
terminando.
Sua expressão era fria quando ele acenou com a cabeça. —
Esqueci de lhe contar isso, mas temos um evento de caridade
amanhã.
— Temos que estar lá. — Ele deve ter visto a expressão em meu
rosto, porque acrescentou: — Vão fazer perguntas se eu aparecer
sozinho. Lauren. E não posso faltar, porque esta é a minha base. É
um grande evento.
Um grande evento que significava que todos os esnobes estariam
lá.
As socialites que se achavam melhores do que todos e cuja única
linguagem era o dinheiro. Eu nunca iria caber lá.
Só deus sabia o que diriam sobre mim. Eu realmente não queria
ir.
— Lauren?
Um olhar dele me roubou a inclinação. — Ok.
Quando contei a Beth sobre o evento de caridade de Mason, ela
gritou no meu ouvido. Ela estava tão animada com isso porque mal
podia esperar para me vestir.
Eu era capaz de fazer isso sozinha, mas ela reclamava da minha
falta de senso de moda. Aff.
Apesar da minha desaprovação. Mason estava decidido a me
fazer pegar seu cartão quando íamos às compras.
Não parava de lembrá-lo de que ele não me devia nada e que não
poderia gastar tanto comigo, mas ele disse que era um presente por
aguentá-lo por três meses. Foi o suficiente para Beth.
Fomos fazer compras e compramos três vestidos para mim e um
para Beth por ajudar, depois fomos ao salão para arrumar meu
cabelo. Quando voltamos, ainda tínhamos quatro horas para o
evento.
Beth fez meu cabelo e maquiagem antes de receber uma ligação
importante, saindo para deixar que eu me trocasse.
Eu não sabia que vestido usaria, então coloquei os três vestidos
na cama, pensando em experimentá-los todos.
Experimentei o vestido verde primeiro. Não era realmente minha
escolha favorita, mas Beth tinha dito que era um vestido lindo, mas
quando estava no meu corpo, eu parecia tão estranha.
Eu me virei para fechar o zíper quando gritei de medo, vendo
Mason contra a parede, me observando.
Um sorriso lento apareceu em seus lábios.
— Isso não fica bem em você, — disse ele, olhando para mim da
cabeça aos pés.
— Espero que você tenha outra escolha.
Suspirei e olhei para ele, pegando o vestido azul antes de
marchar para o banheiro para vesti-lo. Quando saí, três minutos
depois, esperei silenciosamente sua reação.
— Eu acho que não, — ele falou lentamente.
— Ou você é péssima em compras ou pegou no escuro. Posso
muito bem dizer que sou mais talentoso do que você nesta área. —
Ele bufou. — E eu nem mesmo compro roupas femininas.
Meus lábios se comprimiram com força, empurrei o vestido azul
em sua direção e agarrei o último da cama. Este tinha que ser o
vestido, ou eu não saberia o que fazer da minha vida.
Nem um segundo depois que eu saí com ele, ele desdenhou a
escolha como muito feminina. Minha irritação começou a aumentar.
Ele entrou no meu quarto e pegou a sacola de compras de Beth,
tirando seu vestido prata e jogando-o nos meus braços.
— Essa é da Beth, — eu disse, jogando de volta para ele.
De jeito nenhum eu usaria o vestido da Beth.
Nossas escolhas eram ligeiramente diferentes. Era feito para ela,
não para mim.
Mason não tinha ideia de que as mulheres não escolhem seus
vestidos, os vestidos escolhem as mulheres.
Ele jogou de volta.
— Não importa. Vá experimentar.
— Não.
Uma sobrancelha diabólica se ergueu. — Tudo bem. Eu posso
fazer isso sozinho. Eu tenho duas mãos.
— Você não faria isso! — Ele arqueou as sobrancelhas como se
dissesse: — Duvida?
Eu gemi e comecei a vestir o vestido de Beth. Ela ficaria chateada
se me encontrasse nele.
Ela ficou exultante quando viu aquilo pela primeira vez.
Saí do banheiro alguns minutos depois. Ele não teve que me dizer
que eu estava incrível, porque eu estava. Prateado era uma cor tão
boa em mim, eu sabia disso há anos.
Mas o quarto estava vazio quando saí. Cocei minha cabeça, me
perguntando se eu realmente tinha imaginado vê-lo no meu quarto,
ou se ele realmente estava lá. Então, onde ele estava?
Eu me encarei no espelho. O vestido era feito de tule e strass.
O decote formava um V profundo e baixo na frente e nas costas, e
uma fenda na frente, mostrando minha longa perna direita.
Eu vestia um número um pouco maior do que Beth, então ele
abraçou meu corpo com muita força. Meu cabelo já estava achatado
e eu o coloquei atrás das orelhas, nenhum fio de cabelo fora do lugar
e o deixei cair nas minhas costas.
Adicionando os retoques finais, peguei minha bolsa e saí da sala.
Desci as escadas e, quando cheguei ao último degrau, Mason
apareceu.
Nossos olhos se encontraram.
Meu coração batia descontroladamente, fiquei imóvel como uma
estátua.
Seu olhar me percorreu da cabeça aos pés e vice-versa.
Sua inspeção foi tão longa e minuciosa que me perguntei se eu
parecia mal, pensava que não. Eu realmente teria um colapso se ele o
criticasse.
Quando seus olhos pousaram em meu rosto, ele me olhou nos
olhos pelo que pareceu uma eternidade. Eu realmente não tinha
ideia de quanto tempo demorou porque meus sentidos começaram a
me trair.
Com a boca seca, a visão obstruída, senti cada nervo do meu
corpo reagindo à sua presença.
E Mason... caramba.
Eu já o tinha visto usar ternos antes, mas nunca o tinha visto de
smoking. Ele estava perfeito.
Ele parecia um homem de um bilhão de dólares. Mas ele
realmente era.
Ele parecia tão absolutamente atraente que não havia dúvida de
que ele seria o centro das atenções daquela noite.
Eu não percebi que tinha suspirado sonhadoramente só de olhar
para ele, seus olhos que estavam brilhando mais e seu cabelo estava
puxado para trás. Ele estava tão gostoso.
Eu não percebi quando ele se aproximou de mim até que ele me
ofereceu seu braço. — Você vai servir, — ele anunciou.
Bufando, peguei seu braço e respondi sarcasticamente: — Certeza
que não devo me virar para você ver mais?
Ele sorriu. — Eu acho que está tudo bem.
O Royal Rosewood estava cheio de luzes, tanto por dentro quanto
por fora. Observei uma longa fila de carros esperando para deixar os
convidados avançando lentamente e percebi que nosso carro era o
próximo.
Agora que a hora se aproximava, eu estava morrendo de medo.
Ia dar tudo certo.
Eu inalei e exalei algumas respirações profundas para me
acalmar.
Nosso carro parou e um forte nó de apreensão pesou em meu
estômago.
Mason saiu do carro antes que eu o seguisse, de repente cego
pelos flashes da câmera em todos os lugares.
Meu peito se fechou e eu senti como se fosse desmaiar a qualquer
momento antes que ele aparecesse na minha frente, pegando minha
mão fria na sua.
— Sorria e relaxe, — ele sussurrou em meu ouvido.
Para os espectadores, eles pensariam que ele estava me dando um
beijo na bochecha.
— Ah, como se isso fosse resolver o problema, — eu sussurrei de
volta enquanto ele ria, me apertando levemente sem me machucar.
— Lembre-me de nunca recorrer a você para me motivar.
Seus lábios se curvaram nos cantos, incapaz de se conter. Eu
estava feliz que ele estava encontrando humor nisso.
— Vamos, ou você pretende ficar aqui a noite toda?
Ele tomou meu suspiro como resposta, ajudando-me a descer o
longo tapete vermelho. Os flashes das câmeras não doeram como da
última vez, porque eu não estava olhando diretamente para eles.
Eu podia ouvir os paparazzi gritando nossos nomes, nos pedindo
para parar para tirar uma foto e responder a algumas perguntas.
Mas nunca o fizemos.
Logo paramos diante das portas largas. Um nó pesado de
apreensão pesou em meu estômago, mas Mason apertou minha mão
para me apoiar e nos levou para dentro do salão.
O aroma de perfumes e colônias se misturava ao aroma de flores.
Risos e vozes flutuaram por toda parte.
O pânico tomou conta de mim com o número de pessoas, todas
vestidas com elegância e gritando dinheiro. Comecei a tremer, tanto
por dentro quanto por fora.
E pela primeira vez, percebi o que estava prestes a fazer;
desempenhar o papel de uma esposa amorosa, convencendo essas
pessoas inteligentes de que estávamos apaixonados.
Excelente.
Eu olhei para os estranhos, mas nenhum era familiar e eu estava
totalmente inconsciente de que havia me encostado ao lado de
Mason, precisando de algum tipo de proteção.
Eu estava sendo ridícula, eu sabia disso, mas essas pessoas não
eram meu povo.
Eles caçam e gostam de morder. Se você não tomar cuidado, será
pego na rede deles.
E quando você for pego, eles brincam com você antes de matá-lo.
— Você está pirando, não está? — Ele colocou minha mão
cuidadosamente em seu cotovelo.
— Sorria, amor, — ele disse baixinho.
— Fácil para você dizer. Eu me sinto como um rato preso em uma
armadilha e, por algum motivo, me sinto tão inquieta.
— Você vai ficar bem. Lauren. — Mesmo enquanto falava, ele deu
um passo à frente e foi a pura força de sua vontade que me manteve
de pé.
Muitas apresentações se seguiram rapidamente.
Percebi o quão respeitado Mason era e o quanto essas pessoas o
admiravam, o adoravam e como ele chamava sua atenção.
Eles o consideravam um líder, o que era totalmente estranho,
porque alguns deles eram mais velhos e mais sábios do que ele.
Eu nunca duvidei que ele era poderoso, mas testemunhar aquilo
em primeira mão, ver muitas pessoas ansiosas para agradá-lo.
fazendo elogios e ele comandando homens com mais autoridade, foi
avassalador.
De repente, entendi porque ele era arrogante e exigente. Essas
pessoas o moldaram para ser exatamente isso.
Quando você tem muito poder, você acredita que é deus.
E Mason acreditava ser deus.
Fiquei cansada das apresentações e comecei a ficar tonta quando
um rosto se desfocou no outro.
Se Beth pudesse me ver agora, pudesse ouvir as respostas
apropriadas de mim, ela iria explodir em lágrimas e exigiria saber
por que eu estava usando o rosto de sua melhor amiga.
Um homem bonito, não mais velho que meu pai, deu um tapinha
nas costas de Mason.
— Mason, acredito que você não me apresentou a sua esposa. Eu
me senti muito traído quando não recebi o convite. Ela é muito
bonita.
O sorriso de Mason era simpático. — Amor, este é Jameson
Thomas, um dos meus clientes mais antigos e sua esposa, Rosemary.
— Ele me puxou para perto dele.
— E esta é minha esposa, Lauren.
Inclinei minha cabeça em saudação, sorrindo para o homem e a
mulher. Eles pareciam um bom casal.
— É um prazer conhecê-lo, — disse, em seguida, me desculpei, —
Lamento que você não tenha sido convidado para o casamento, mas
eu faria questão de convidá-lo para jantar algum dia.
Jameson acenou com a cabeça em aprovação, seu sorriso
diabolicamente bonito.
Ele deu a Mason um olhar, provocando: — Como é que você teve
tanta sorte? Sempre pensei que você morreria sozinho, Campbell.
Eu ri, mas nenhum deles sabia por que eu estava realmente rindo.
— Ele ainda pode, — eu murmurei baixinho e Mason deve ter
ouvido o que eu disse porque ele olhou para mim.
Inclinando meu queixo para cima, eu o agraciei com um sorriso
agradável.
— Posso roubar seu marido por um minuto, Lauren? Rosemary
vai lhe fazer companhia enquanto isso.
Lançando um olhar de pânico para Mason, que me ignorou e foi
embora com Jameson, eu me virei para Rosemary, me sentindo tão
estranha e deslocada.
O que eu diria?
O que tínhamos em comum?
Eu esperava que minha boca não soltasse nada estúpido.
— Venha querida.
Rosemary nos guiou até uma mesa, não vazia, mas apenas três
mulheres estavam sentadas nela e elas estavam absortas em sua
conversa para se preocuparem conosco.
De onde estávamos, pude ver Mason conversando com outros
seis homens, sua postura rígida e cautelosa, conduzindo os garçons
para longe toda vez que ofereciam uma bebida a ele.
Mas de vez em quando, ele olhava ao redor do salão de baile,
como se estivesse procurando por algo e ele acabava encontrando
meus olhos, como se fosse puxado para mim. O frio na barriga
estava lá.
Forte como sempre.
E quando eu não estava olhando para ele, sentia seus olhos em
mim, me deixando nua. Eu odiava estar sob seu escrutínio, tão
intenso e escuro, tão frio e perigoso.
A maneira como ele estava no grupo de homens, ele se destacava.
A maneira como ele se portava. Intensamente.
Às vezes, ele ficava apenas em silêncio e observando. Tudo
taciturno e entediado.
Ele realmente ficava bem de smoking. Seus ombros pareciam
enormes e todo o seu corpo parecia estar explodindo para fora de
suas roupas. Não admira que todas as mulheres continuassem
olhando para ele mais do que duas vezes.
Eu não as culpava.
Não demorou muito para eu ouvir a voz de Rosemary: — Vocês
dois formam um belo casal. Espero que dure. Hoje em dia, nem
muitos casamentos dão certo, querida. — Ela inclinou o copo e
tomou um gole.
— Ou você deixa de amar ou tem um caso extraconjugal. — Ela
colocou a outra mão na minha.
— Eu espero que você tenha confiança. A confiança é o aspecto
mais importante do casamento.
— Nós temos, — eu assegurei inexpressivamente. — E eu não
acho que tenho que me preocupar com nenhuma outra mulher. —
Porque não estávamos apaixonados um pelo outro.
Porque nosso casamento era falso.
Nossos votos não significavam nada.
— Claro que não, querida. Ele está de olho em você e só em você.
— Ela terminou enquanto olhava para onde Mason estava com uma
risada, como se ela tivesse visto as poucas trocas que eu tive com ele.
O que me fez corar sem motivo absoluto.
Por uma fração de segundo, todos os pensamentos me
abandonaram e eu não conseguia pensar no que fazer ou dizer.
Como começo a responder a isso?
— Você planeja ter filhos?
Sua pergunta me fez engasgar com minha saliva e eu lancei a ela
um olhar alarmante.
— Hm... eu... — gaguejei, sem saber o que dizer.
Talvez eu deva ser honesta. Não faria mal ser honesta.
— Mason e eu não conversamos sobre isso. — Olha só, verdade.
Uma verdade que não me causaria problemas.
Rosemary acenou com a cabeça em compreensão. — James e eu
realmente não gostamos de filhos, então nunca planejamos ter filhos.
Nós dois temos sorte de nos casarmos. Posso dizer que você gostaria
de ter filhos algum dia.
— Mason os quer?
Um, se eu fosse ter filhos, não seria com ele.
E dois, eu não tinha certeza se crianças estavam nos objetivos de
vida de Mason.
Ele não era o tipo de homem que gostaria de ter sua vida
arruinada por tê-las correndo pela casa. Ele mal sabia como controlar
sua raiva, e crianças são um pouco difíceis.
Então, Mason e as crianças não combinavam na mesma frase.
Mas eu não disse isso a ela.
— Quem não gostaria de ter filhos? — Eu bajulei, rindo um
pouco.
— O homem com quem você é casada definitivamente não, —
uma voz feminina falou por trás.
Rosemary e eu viramos nossas cabeças para as mulheres que
estavam conversando antes, que agora estavam interessadas em
nossa conversa.
A mulher que falara estava me observando. Bem, mais como se
estivesse me avaliando.
Ela parecia uma daquelas garotas que apareciam na capa da
Vogue. Muitas delas estiveram.
Elas eram lindas e elegantes, algo que não era páreo para mim.
Não que eu me importasse. Mas eu me importei o suficiente para
saber por que ela pensou que poderia fazer aquele comentário.
Como se ela soubesse de algo que eu não sabia.
— E o que você quer dizer com isso? — Eu desafiei, sabendo
muito bem que suas palavras eram verdadeiras, mas não havia
nenhuma maneira de deixá-la saber disso. Por tudo que eu sabia, ela
poderia apenas ter adivinhado.
Seu rosto gritava: — Desafio aceito.
Ela usou a mão bem cuidada para tirar o cabelo escuro do rosto,
revelando nada além de maçãs do rosto mais marcadas.
Seus cílios eram longos, seus olhos azuis brilhantes.
— Eu o conheço, — afirmou ela com firmeza, não entregando
mais nada, mas ordenando que eu aceitasse.
Que infeliz!
— Você o conhece porque o viu por aí, ou o conhece porque
trabalhou para ele ou leu sobre ele nos jornais?
Se eu não soubesse que Mason odiava mulheres, teria dito que
essa mulher era sua ex-namorada.
Ela certamente estava agindo como uma ex, vangloriando-se dele
para fazer a esposa se sentir ameaçada.
— Não boba. Eu o conheço porque sou amiga da irmã dele. Todas
nós somos. — Suas outras amigas balançaram a cabeça como se ela
estivesse com o controle remoto que as operava.
— E daí?
Ela ficou irritada com a minha resposta e suas sobrancelhas se
juntaram.
— E daí que eu conheço o tipo de homem que ele é, e não é do
tipo paternal.
— Ah, e só porque você é amiga da irmã dele, você acha que o
conhece? — Eu rebati em defesa dele.
— Eu o conheço o suficiente para saber que ele não vai mudar de
ideia por você. Ou por qualquer outra.
— Não fique imaginando as coisas de longe. A menos que ele
tenha uma tatuagem na testa que diga tudo sobre ele, não diga nada.
Ela olhou sombriamente para mim.
— Você ao menos sabe com quem está falando? — Ela perguntou
com malícia.
Seu tom era tão imperioso. Isso cutucou meu temperamento,
assim como fez com seu primeiro comentário. Ela precisava de um
bom tapa para derrubá-la, e cada instinto clamava para que eu desse.
Eu não dei.
Em vez disso, virei minha cabeça com palavras de despedida: —
A menos que você assine meu holerite, não me importa quem você
seja, senhora.
— Você pode não se importar agora, mas vai se importar.
Aparentemente, ela não me deixaria dar a última palavra.
Mas o que realmente fez meu estômago dar um nó foi seu tom
que dançou com uma mensagem oculta. Senti a mesma inquietação
de antes, me arranhando e criando raízes.
Eu me virei para perguntar o que ela quis dizer com aquilo,
porque ela me assustou, e não tinha nada a ver com Mason. Mas ela
já estava de pé e se afastando da mesa.
Eu só conseguia pensar nas palavras dela e em como ela parecia
encantada. De um jeito ruim. De uma forma que me fez querer
rastejar para um canto e me esconder.
E algo me diz que a noite não ia acabar bem para mim.
Capítulo 32

Mason fez seu discurso.


Foi brilhante.
Pessoas aplaudiram.
Elogiaram.
Não falei com ele por uma hora. Desde que fui deixada aos
cuidados de Rosemary, que fugiu para algum lugar e me deixou
sozinha, nunca me senti tão perdida e vulnerável.
E desde que aquela mulher fez aquele pequeno comentário,
busquei paz, mas não encontrei nenhuma.
Naquele momento, estava apenas tentando sobreviver. Eu vaguei
pelo salão, tentando localizar Mason, mas não consegui encontrá-lo.
Peguei meu terceiro copo da noite enquanto me movia ao longo
da linha de visão, esperando o tempo todo ter um vislumbre dele.
Com o canto dos olhos, percebi um rosto familiar vindo em
minha direção.
Max Wynward, o advogado de Mason parecia elegante em seu
smoking, todo alegre e contente. Ele era realmente contagioso. Eu
não pude evitar de sorrir quando ele parou na minha frente.
Finalmente, alguém que eu conhecia.
Alguém que eu poderia chamar de aliado.
— Lauren, — ele cumprimentou, enquanto tomava seu lugar ao
meu lado. — Está se divertindo? — Seu sorriso relampejante me
disse que ele sabia que eu não estava, que me sentia tão deslocada e
que ele estava ali para me salvar.
— Estou na minha terceira bebida, o que você acha? — Eu disse,
olhando para o homem na minha frente e não fui enganada por sua
risada grave e gutural.
— Que bom que é engraçado para você. — Sua presença não me
impediu de tentar olhar para um homem de cabelos escuros e olhos
cinza em um smoking.
— Mason está tendo uma reunião privada com alguém agora.
— Ah, certo. — Fiquei envergonhada, irritada comigo mesma por
minha incapacidade de controlar minhas expressões faciais ou meus
movimentos.
— Eu não estava realmente procurando por ele. — Mentir sobre
isso fez minhas entranhas se contorcerem, simplesmente porque era
tão óbvio quem eu estava procurando, e havia o fato de que eu não
conhecia ninguém ali além de duas pessoas.
E uma deles estava parada na minha frente.
Parecia que ele queria rir de mim e eu queria que o chão se
abrisse e me engolisse por inteiro, apenas para que eu pudesse evitar
o buraco de vergonha em que me coloquei preso.
Mas como o cavalheiro que ele era, Max não me criticou.
Ele tinha acabado de se tornar minha pessoa favorita na terra.
Ele esperou, e quando eu não disse mais nada, apenas
balançando a cabeça envergonhado, quebrei o silêncio. — É uma boa
festa, — disse sorrindo desconfortavelmente.
— Definitivamente não é o meu tipo de festa, no entanto. As
roupas, a música... definitivamente a música é horrível e vai colocar
qualquer um para dormir. Estou lutando com esses saltos também.
— E que tipo de festa você prefere?
— Do tipo bom. Não tenho certeza se você já foi a uma.
Barulhenta. Caótica. O tipo de festa em que posso ir de moletom e
ninguém se importa. Imagine se eu fosse com eles para essa festa?
— As mulheres entrariam em colapso dramático, e meu rosto e
minha calça de moletom seriam manchete de jornal.
Um sorriso triste cruzou seu rosto. — Não há regra que diga que
você não pode entrar de moletom.
— Você ouviu o que eu disse? Essas mulheres entrariam em
colapso. Eu poderia ir para a cadeia por causar ataques cardíacos...
— Eu parei quando vi sua sobrancelha levantada.
— Não fique tão surpreso.
— Você não sabe o quanto as mulheres ricas são obsessivas
quando se trata do que vestem ou do que as pessoas vestem.
— Parece uma religião que todo mundo tem que seguir, e eu
aposto em qualquer coisa que algumas dessas mulheres têm um
santuário de seus designers favoritos em suas casas.
Com uma expressão presa no rosto. Max não escondeu suas
preocupações, perguntando baixinho: — Tem certeza de que não
está bêbada, Lauren?
Pisquei várias vezes antes que pudesse pensar, mas um pequeno
sorriso tocou meus lábios.
— São apenas três copos, Max. Minha tolerância ao álcool é alta.
— Se eu estivesse realmente bêbada, ele saberia.
Quando eu ficava bêbada era uma bagunça.
Eu faria qualquer um correr da festa.
Ele sorriu para mim. — Você está indo bem esta noite.
Eu balancei a cabeça e sorri de volta para ele. — Sim, bem, não ter
o Mason me julgando a noite toda ajuda, e você sabe que ele gosta de
julgar.
— Felizmente, ele não teve um episódio recentemente, mas houve
um ocasional olhar furioso. É difícil de esquecer.
Max riu. — Acredite em mim. Lauren, pensei que vocês não
sobreviveriam uma semana juntos.
— Eu também! Você sabe quantas vezes tive que dormir com um
olho aberto? Porque eu pensei que ele iria me matar enquanto eu
dormia?
Seus olhos brilhando de tanto rir, ele brincou: — E agora vejam só
vocês, carne e unha.
— Por favor, não me ofenda, — eu meio que chorei e meio ri.
surpresa com como ele poderia dizer aquilo e ser sincero.
Carne e unha?
Mas quando ele olhou para mim exatamente daquela forma, com
aquele sorriso desigual curvando sua boca e seus olhos calorosos e
gentis, eu me senti exposta.
Como se ele pudesse ver algo que eu não estava vendo e se
deleitou com o conhecimento.
— Posso te fazer uma pergunta?
Isso me assustou. Não porque o sorriso havia sumido de seu
rosto, mas porque ele parecia tão sério. E eu estava com medo de
ouvir a pergunta, assim como estava com medo de responder a ele.
No entanto, eu balancei a cabeça fracamente, como se toda a
energia que eu possuía em meu corpo tivesse desaparecido.
— Você desistiria dele? — Comecei a protestar contra essa
pergunta, mas Max ergueu a mão, me silenciando.
— Quando o ano acabar, você acha que pode se afastar dele?
Meu coração batia forte em meu peito, o som rugia em meus
ouvidos.
— Eu... eu não acho que tenho escolha. Fizemos um acordo. Eu
assinei. Você estava lá, Max, — respondi quase distraidamente.
As palavras de Max me assustaram muito, e me perguntei por
que ele considerou me perguntar isso se soubesse o quão
desconfortável aquilo me faria sentir.
Me assustar pode não ser o que ele queria, mas eu estava
oficialmente com medo de morrer.
Parei de pensar no futuro há um tempo. Parei de pensar no que
poderia acontecer. E meu futuro com Mason era um pensamento
perigoso que nunca me permiti mergulhar.
Max não ficou satisfeito com a minha resposta e tive que me
impedir de franzir a testa ou sair correndo da sala. Ele estava me
olhando com curiosidade, tentando me entender. Tentando ver o que
estava na minha cabeça.
— Quando chegar a hora, ainda vou embora.
— Eu me pergunto se você está falando sério, — ele meditou em
voz alta.
Eu lancei a ele um olhar feroz. — É um acordo que pretendo
manter, e gostaria que você o visse assim. Mason e eu somos apenas
amigos e, eventualmente, teremos que seguir caminhos separados.
Nada vai mudar isso.
Nada pode mudar isso.
Ele me observou por mais um longo segundos e então sorriu. —
O futuro está cheio de mistérios, Lauren.
Meus dentes cerraram, mas mantive meu sorriso firmemente no
lugar.
— Concordo plenamente. — Eu me virei para desviar o olhar
quando meus olhos encontraram Mason na multidão mais uma vez,
feliz por ele estar de volta onde eu podia vê-lo e irritada por ele não
ter vindo até mim imediatamente.
Uma onda de raiva persistente cresceu dentro de mim e foi do
meu estômago ao meu peito e, finalmente, aos meus olhos, que
começaram a ver o mundo em vermelho.
O que mais me deixou furiosa foi a sensação de ter sido
descartada, e cada vez que olhava ao redor do salão, via alguém nos
braços de seu par, e quando olhava para o meu próprio braço, ele
estava vazio.
Mas por que eu me importo? Se Mason não se importou o
suficiente para ficar ao meu lado esta noite, por que eu deveria me
sentir magoada por isso?
Eu deveria simplesmente ignorá-lo.
Eu deveria desviar o olhar.
Mas ele não estava longe, falando agradavelmente com dois
homens e uma mulher.
Meus olhos foram atraídos para ele como um ímã, e continuei
olhando com um sorriso oculto, esquecendo que estava louca, que se
ele se aproximasse de mim, eu falaria com ele.
Esqueça que ele te jogou em uma sala cheia de estranhos e te
abandonou. Esqueça tudo o mais, exceto este presunçoso, rude,
arrogante...
Respire fundo e se acalme, Lauren.
E então, ele estava sorrindo brilhantemente.
Seu rosto parecia ter sido esculpido em granito sólido. Isso parou
minha respiração e fez meu coração disparar. Isso me deu um frio na
barriga de novo.
— Vá até ele.
Filho de uma...
Eu olhei sombriamente para Max, que eu tinha esquecido
totalmente que estava parado ao meu lado. Não que ele parecesse se
importar que eu o estivesse ignorando quando ele parecia que tinha
acabado de ganhar na loteria.
Se eu pudesse afastar o sorriso presunçoso que ele estava
exibindo em seu rosto.
— Você quer ir com ele, — ele pressionou, me dando um olhar
astuto. — Eu não vou julgar, Lauren. Afinal, ele é seu marido.
Aquele sorriso presunçoso ...
Não consegui evitar que o aborrecimento transparecesse no meu
rosto.
— Você sempre foi tão chato?
— Você soa como ele.
— Como ele quem? — uma voz arrastada por trás. Minha cabeça
girou e eu respirei de forma inaudível. Lá estava ele, parecendo tão
bom como sempre, talvez até mais do que antes.
Sua cabeça estava ligeiramente inclinada para trás e ele estava me
fixando com os olhos, nenhum traço de humor em seu rosto. Ele
mudou seu olhar, agora olhando para Max.
— Importa-se de compartilhar sua pequena conversa?
Eu sabia que ele estava tentando jogar seu poder sobre Max e isso
foi feito de forma tão sutil que ninguém mal conseguia detectar, sem
dúvida sabia que não funcionaria comigo e decidiu buscar as
respostas de que precisava com seu advogado.
Para me salvar do constrangimento e estranheza, eu rapidamente
retruquei, — Nada que valha a pena mencionar. Apenas uma
conversa chata que não tem nada a ver com você.
Ele me olhou com os olhos semicerrados, lambendo o lábio
inferior em sua boca e deixando seus dentes roçarem sobre ele.
Pensando.
Meu corpo inteiro ficou tenso, provando a ele que realmente
havia outra coisa por não deixar Max falar.
Seu olhar estava suave e sombrio, a cabeça um pouco inclinada
enquanto ele me olhava e eu esperava por deus que este não fosse
um daqueles momentos em que ele poderia ler minha mente.
Para distraí-lo, ou talvez a mim mesma, gritei:
— A que devemos o prazer, Sr. Campbell? Estou grata por você
ter dispensado o restante de seu tempo para falar conosco.
— Pensei, pela maneira como você andava de um lado para
outro, falando com as pessoas, que não nos agraciaria com sua
presença.
— Estamos realmente honrados por você ter feito isso. — Eu
estava sendo extremamente insuportável agora, mas não me
importava.
Ele tinha que saber que eu estava irritada com as ações dele
naquela noite.
Max tossiu, tentando esconder a risada.
Ele reconheceu a declaração com um aceno sutil de cabeça e uma
varredura preguiçosa de seus olhos sobre o meu rosto.
Ele estava pensando em algo, talvez considerando o que ele
queria dizer ou o quanto ele queria me dizer.
— Já acabou?
E as palavras eram curtas, afiadas, irritadas, e eu podia ver, na
maneira como ele balançava a mandíbula para frente e para trás, a
maneira como ele parecia eriçar-se com uma energia que eu gostaria
que não me excitasse.
Eu bufei, desviando o olhar dele, ainda irritada.
E suas palavras seguintes me surpreenderam o suficiente para
fazer minha cabeça girar para olhar para ele, para ter certeza de que
eu não estava alucinando, que essas palavras realmente tinham saído
de sua boca.
Sim, e sua reação à pergunta sem resposta foi prova suficiente.
Ele teve que repetir novamente.
— Gostaria de dançar?
Olhei para Max brevemente para ter certeza de que não era a
única que ouviu, que ergueu as duas sobrancelhas e foi o suficiente
para que eu soltasse, — claro — e um leve aceno de cabeça.
Então ele sorriu, apenas um pequeno, pequeno, leve movimento
no canto da boca, mas o suficiente para me desconcertar.
Ele nos guiou para a pista de dança com uma mão na parte
inferior das minhas costas, sem ter certeza de como meus pés
estavam com ele.
Alguns outros casais estavam dançando intimamente, e alguns
estavam apenas curtindo a companhia um do outro, cochichando e
sorrindo.
Eu não ia dizer que não sabia dançar ou que nunca tinha feito
isso antes.
Eu simplesmente não era muito boa naquilo, fazia anos que eu
não dançava e algo me dizia que provavelmente eu havia esquecido
os passos.
Quando chegamos a um local aberto perto da borda da pista.
Mason graciosamente me virou em seus braços, deslizando as duas
mãos em volta das minhas costas, com firmeza, mas com cuidado.
Instintivamente, deslizei minhas mãos sobre seus ombros. Nossos
corpos se encaixam como duas peças de um quebra-cabeça
complicado.
Eu dei boas-vindas à explosão familiar de calor, a sacudida
interna que acompanhou seu toque.
Não fiquei surpresa por ele se mover tão bem com a música. Não
havia nada em que Mason Campbell não se destacasse.
E estar tão perto de mim, dançando como se fôssemos dois
amantes secretos, me deixou escandalosamente ciente de que apenas
uma fina camada de seda me separava de seu toque.
— Eu deveria matar você agora, — eu disse, lembrando que
estava com raiva dele, mas surpresa ao saber que eu não estava
realmente brava com ele.
A raiva havia desaparecido completamente no momento em que
ele olhou nos meus olhos.
— É mesmo?
A falta de reação adequada que eu não estava recebendo me
incomodava infinitamente. Mas Mason era assim.
Mesmo que ele ficasse com raiva facilmente, ele poderia
facilmente mostrar a você o quão despreocupado ele estava, e eu não
poderia nem começar a dizer qual dessas coisas me irritava mais.
— Eu deveria pegar seu corpo e jogá-lo no oceano, onde não pode
ser encontrado.
Ele me girou com facilidade e me pressionou de volta em seu
corpo, nos balançando.
— Isso parece um trabalho difícil, — observou ele, enquanto
permanecia sem emoção; na verdade, ele inesperadamente me deu
um pequeno sorriso completamente inocente.
Para minha grande decepção - não, decepção não era exatamente
a palavra certa - descobri em vez disso que o plano de irritá-lo assim
como ele me irritou não funcionou.
Nem funcionaria, porque ele não permitiria que eu ganhasse.
— Mas não impossível.
Então, decidi virar o jogo e brincar com ele.
E você sabe, a satisfação era algo impalpável, mas trazia brilho
aos olhos das pessoas e até mesmo à aparência das pessoas. Ou, pelo
menos, era o que eu acreditava, porque eu estava vendo isso em
Mason.
Ele sorriu confuso. — Você faria tudo sozinha? Quanto você
pesa? Esqueça isso, você acha que pode carregar meu cadáver? E
qual carro você vai usar? O meu?
— Não, isso é pedir para ser a principal suspeita. — Ele tinha
uma expressão calma no rosto.
Tão mundana como se estivesse tendo uma conversa
perfeitamente agradável.
— Talvez você contratasse alguém para fazer isso, mas a julgar
pela sua conta bancária, você não seria capaz de pagá-los. A menos
que você prometa pagar após a conclusão do trabalho.
— Você está fazendo um bom trabalho em me convencer de que
não é capaz de matar alguém. — Seus olhos perfuraram os meus.
A escuridão alcançou e quase me consumiu.
— Você está infeliz comigo? — Ele finalmente percebeu.
— Infeliz? — Eu repeti com um bufo.
— Estou mais é com raiva. Você me deixou sozinha com pessoas
que eu não conheço!
Quando ele espalmou suas mãos abertas nas minhas costas e me
puxou ainda mais perto, a pressão de seus dedos fez meu coração
disparar.
— Peço desculpas.
— Eu tenho que me lembrar de trazer as algemas da próxima vez,
para que você possa ir aonde eu fosse. Uma solução bastante boa,
você não acha? — Sua pergunta foi como um sussurro quente contra
minha cabeça.
— Você sabe como eles chamam isso? — Eu tinha o olhar
presunçoso de quem estava festejando às custas de outro.
— Inferno na terra.
— Que adorável.
Eu estava bem ciente de que não estava prestando atenção à
dança, o que me chocou ao saber que estava acompanhando o ritmo
de Mason.
Eu não era tão graciosa ou rápida quanto ele, mas era boa o
suficiente para não pisar em seus pés ou receber uma crítica negativa
dele.
— Então, você ainda não vai me dizer o motivo pelo qual me
abandonou? Muito bem então, dane-se.
— Calma, amor, — respondeu ele. E de repente seu rosto ficou
sério.
Quase descontente.
— Devíamos estar apaixonados, mas parece que você está prestes
a me incendiar. As pessoas estão olhando.
— Eu pensei que você disse que não se importava com o que as
pessoas pensam.
— Eu não. Eu me importo com o que penso.
Eu resmunguei em resposta.
Depois de um momento de silêncio, ele acrescentou: — Mas vejo
que você fez um amigo, o Max. Vocês dois pareciam confortáveis.
Peço desculpas por interromper.
— Sr. Campbell, é ciúme que ouço na sua voz? Um verdadeiro
escândalo, — eu o imitei, balançando minha cabeça e clicando minha
língua.
Ele sorriu. — Ciúme, — afirmou ele, sem hesitação em sua voz.
Seguido por uma risada que foi mais insultuosa do que seu tom. —
Você sabe com que frequência essa palavra é confundida com
curiosidade?
Minha mão traçou seus ombros enquanto balançávamos. — Não
há confusão aqui.
— Está claro que você está com ciúmes por ter estabelecido
alguma proximidade com o seu advogado. — Mason fez um barulho
de desagrado que colocou um sorriso no meu rosto, e usei o polegar
para passar em sua bochecha.
— Você ficou meio pálido. — Eu ri e ele olhou um pouco para o
som, a atmosfera suavizando nossa conversa a ponto de parecer
perigoso.
Seu aborrecimento era evidente em seu rosto. — Acho que prefiro
quando você está com raiva de mim.
Um sorriso divertido puxou o final da minha boca.
— Ah, não se preocupe, você ainda é meu homem favorito. —
Porque eu realmente gostava de provocá-lo, e ele, assim como eu,
também achava divertido.
— Não pense que não sei o que você tem dito pelas minhas costas
sobre mim. Estou simplesmente escolhendo ignorar isso, — ele falou
em um sussurro áspero, estabelecendo-se em minha pele e cavando
entre minhas veias.
— Não está ignorando, está trazendo isso à tona.
— Não se atreva a me provocar.
— Nem sonharia com isso, Sr. Campbell, — eu assegurei a ele
com um sorriso atrevido.
Então, a música terminou e minhas mãos caíram de seus ombros
ao mesmo tempo que ele me soltou.
Demos um ao outro um olhar intenso antes que eu me virasse
dele, e de repente, uma bebida foi derramada em mim por uma
mulher que estava caminhando a passos largos pela sala e trombou
comigo de repente.
Eu olhei para a mancha ficando cada vez maior no meu vestido
como se não pudesse acreditar nos meus olhos, mas definitivamente
estava lá.
Eu olhei para a culpada e ela estava com um olhar mortificado,
ou falso, melhor dizendo.
— Oh, meu deus, eu sinto muito, — ela saiu correndo em pânico.
Novamente, não havia nenhum indício de que ela estava
arrependida. Mas por que ela derramou uma bebida em mim, era
algo que eu nunca saberia.
Mason ignorou a mulher, gentilmente agarrando meu braço e me
virando para encará-lo, seu rosto mascarando o que ele estava
sentindo.
— Você está bem?
Eu balancei a cabeça, ainda olhando para o meu vestido.
— Acho que vou ao banheiro limpar. — De jeito nenhum eu seria
capaz de tirar a mancha do vestido, de jeito nenhum eu ficaria mais
um minuto ouvindo as pessoas sussurrarem sobre mim.
— Eu realmente sinto muito. Eu não estava olhando para onde
estava indo.
— Cale a boca e vá embora, — as palavras afiadas de Mason para
a mulher foram tão maldosas, tão arrepiantes e ele fez isso sem olhar
para ela, e a mulher se encolheu, surpresa com a força de sua voz,
seus olhos se arregalando enquanto ela saía ali sem sequer outro
olhar.
— Porra.
— Olha a boca, — ele retrucou com a minha linguagem vulgar.
— Mason.
— Melhorou. — Ele sorriu para mim e eu rolei meus olhos,
deixando-o me guiar para longe da pista de dança.
Ele se esquivou das pessoas que tentavam falar com ele e
manteve sua mão colocada nas minhas costas, conduzindo-me
através da massa de pessoas e em uma porta de vidro, nos
encontrando em um corredor.
— Espere. — Parei de andar e me virei ligeiramente, observando-
o me olhando.
— Eu me viro agora. Você não pode ir comigo ao banheiro.
— Não estava planejando isso, amor.
Eu balancei a cabeça, puxando minha mão de sua mão, mas ele a
segurou com força, e inclinei minha cabeça um pouco e franzi a testa.
Ele examinou meu rosto como se estivesse memorizando minhas
feições. Como se ele planejasse sonhar comigo aquela noite.
Como um olhar sem palavras pode ter um efeito tão drástico em
mim? Isso fez minhas entranhas desabarem. E ele percebeu isso.
Ele notou o peito arfante.
Ele também notou o momento em que meus lábios se separaram
levemente, assim como foi fácil notar o passo que dei para perto
dele, e foi como se nós dois estivéssemos suspensos no momento.
De alguma forma, ele me soltou e eu encontrei coragem para
desviar o olhar, virando-me para seguir em frente quando algo me
impediu.
Estava quente e macio.
Ele silenciosamente se agarrou ao meu braço como uma
sanguessuga.
Girei minha cabeça e olhei para minha mão, onde a mão de
Mason estava em volta do meu pulso novamente.
Eu o deixei.
Eu o deixei me abraçar. Eu o deixei memorizar meu rosto, deixe-o
mergulhar nele. Mas o efeito que ele teve sobre mim foi demais.
Tudo o que eu queria fazer era escorregar para o chão porque não
tinha energia suficiente para ficar de pé. Não enquanto ele estava me
tocando.
Não enquanto ele estava olhando para mim como se eu fosse seu
bem mais precioso, como se tudo o que ele quisesse fazer fosse me
devorar.
— O que você quer de mim? — Eu murmurei em voz baixa, olhos
tremulando abrindo e fechando a cada poucos segundos, como se eu
estivesse lentamente caindo no sono.
Essas palavras foram as palavras mais perigosas que já foram
faladas.
Foi da mesma forma que meus lábios e minha língua se
moldaram em torno das palavras e deram-lhe vida. O tipo de vida
que era perigoso.
O tipo que te incendeia e vê você queimar. E minha pele estava
vermelha e cheia de arrepios.
A pergunta pareceu deixar seu rosto tenso.
Sua raiva era personificada por sua mandíbula latejante e dentes
cerrados. Mas ele não disse nada.
Ele simplesmente me deixou sozinha novamente e, desta vez, sua
ausência me deixou fria.
Não demorei muito para encontrar o banheiro com os pés
trêmulos, abrindo a porta antes de entrar.
Eu estava olhando para o meu vestido e, quando ouvi o barulho
de saltos, percebi que não estava sozinha e levantei lentamente a
cabeça.
E no minuto que eu fiz, eu congelei.
Fiquei ali, convencida de que isso não estava acontecendo de
verdade comigo, isso era um sonho, pensei loucamente, ou então eu
tinha enlouquecido.
Houve um silêncio total - um silêncio tenso, mas que foi
extinguido por uma voz que eu pensei que nunca ouviria
novamente.
— Olá, Lauren.
Não havia como negar a realidade daquela voz suave familiar, e
ondas de choque rugiram para cima e para baixo na minha espinha,
esbofeteando meu corpo inteiro enquanto eu ficava olhando em
estado de choque, paralisada da cabeça aos pés.
— Mãe, — a palavra escapou dos meus lábios antes que eu
pudesse impedir.
Capítulo 33

Eu não deveria estar fora da cama.


Mas eu tinha que estar.
Não enquanto meus pais estavam discutindo, não enquanto eles
não sabiam que haviam parado de ficar quietos e suas vozes raivosas
ecoavam pela casa.
Fiquei principalmente surpresa com a participação de papai. Ele
sempre foi o que estava mais calmo, e minha mãe sempre foi quem
gritou.
Aquilo me doeu.
Cada vez que eles brigavam, aquilo me feria profundamente.
Eu deveria ter ido para a casa de Beth.
Eu deveria ter apenas ficado na casa dela e nunca mais ter
voltado ali.
Talvez se eles percebessem como suas brigas me afetavam, eles
parassem. Eles se amariam novamente.
Minha mãe pararia de culpar meu pai. Ele iria parar de ficar triste
o tempo todo.
Eu teria minha família feliz novamente.
Saindo na ponta dos pés do meu quarto, tentei ficar quieta e não
alertá-los de que eu estava lá. Mas eles tinham que saber que eu
estaria acordada agora, ou talvez eles estivessem muito consumidos
por sua discussão para perceber isso.
Suas vozes começaram a ficar mais altas quando cheguei às
escadas e desci silenciosamente, minhas mãos tremendo e o pavor
envolvendo-se em torno de mim como um cobertor.
— Só estou perguntando aonde você foi, Ginny, — papai estava
dizendo. — Acordei e você não estava em casa.
— Por que você tem que me questionar como se estivéssemos em
um tribunal? Não pergunto aonde você vai o tempo todo, então
preciso que você pare de me enfrentar como se eu tivesse feito algo
errado.
— Porque você me dá dúvidas. Porque acordei às duas da manhã
e descobri que minha esposa havia partido. E nós temos uma filha. E
se ela acordar e se perguntar para onde sua mãe foi? O que eu diria?
Ouvindo a voz do meu pai falhar, a dor pura e crua nela não fez
nada além de intensificar a minha. A dor era tão aguda e apunhalou
meu coração, cortando-o impiedosamente e deixando-o sangrar.
— Ela é uma menina crescida, — mamãe respondeu após alguns
segundos de silêncio.
— Ela não precisa de mim. Ela tem você. Ela sempre terá você.
Fechei os olhos e agarrei a barra da minha camisa, deixando as
lágrimas quentes rolarem pelo meu rosto. Como mamãe pode dizer
e pensar isso? Por que parecia que ela estava desistindo de mim?
Se ela estava perto, por que parecia que ela estava tão longe?
— Você é a mãe dela. Nós dois precisamos de você. O que quer
que esteja acontecendo, você precisa me dizer. Antes que seja tarde
demais, Ginny.
Eu estava com muito medo de entrar na sala, com muito medo de
ver a expressão em seus rostos, porque sabia que seria a única coisa
que teria que ver por dias.
Eu deveria entrar e gritar para eles pararem porque as palavras
do meu pai me assustaram. Se as coisas estivessem ficando tão ruins,
eles se divorciariam e eu seria forçada a escolher entre eles.
E a resposta era tão fácil que me assustava.
Porque eu sabia que escolheria meu pai.
Eu sempre escolheria meu pai.
As palavras da minha mãe foram como levar uma martelada
duas vezes. — Você está um pouco atrasado, Vin.
Eu mal podia esperar para ouvir mais antes de correr de volta
para cima, quase me jogando no chão antes de fechar a porta do meu
quarto e correr direto para a cama.
Respirando pesadamente e segurando os lençóis com os olhos
apertados, isso não impediu que suas vozes soassem na minha
cabeça.
As lágrimas haviam sumido há muito tempo, os restos estavam
secos e grudados na minha pele.
Mas era apenas meu coração que ainda chorava, ecoando tão alto
nas paredes do meu peito.
Eu ouvi o leve rangido da porta, então passos suaves se
aproximando da cama.
Meus olhos se abriram, mas não tentei me virar. Eu já sabia quem
era.
A fragrância de seu perfume era evidência suficiente.
— Você estava escutando.
Isso deveria ter me surpreendido, mas não o fez. Não era o que
eu pensava.
— Você odeia meu pai? — Era uma resposta que eu não queria,
mas precisava ouvir.
— Claro que não, — respondeu ela, e soou tão forte e firme que
eu acreditei nela. E foi por isso que me virei para encará-la. Ela era a
mesma réplica que eu, mas mais velha.
Quando eu não respondi, ela acrescentou: — Confie em mim.
— Então, por que você o machuca?
Ela suspirou e veio se sentar na cama ao meu lado, agarrando
minha mão para segurá-la e respondeu: — É complicado.
— Não é. Você não o ama mais, então você o machuca, — eu
acusei, puxando minha mão de volta para escondê-la dela. Um olhar
de mágoa cruzou seu rosto antes de ir embora rapidamente.
— Se você o amasse, não o estaria machucando.
— Laurie.
Sentei-me abruptamente, agarrando ambas as mãos e apertando-
as.
— Diga a ele que você sente muito. Diga e ele a perdoará. Papai te
ama, mãe. Tudo vai ficar bem. Apenas peça desculpas a ele.
Ela puxou a mão de volta para colocá-las na minha bochecha, a
ponta do polegar esfregou contra minha bochecha suavemente. —
Não funciona assim, querida.
Eu olhei para ela e me virei para deitar na cama, abraçando meus
braços no meu peito. — Então vá embora, mãe, — eu rebati
asperamente.
— Sai. Sai.
— Mãe.
Isso tinha que ser uma piada cruel.
Minha mãe estava viva, não havia dúvida disso, mas ela estava
parada na minha frente.
Respirando. Parecia bem.
A visão de seu rosto quase me fez cair de joelhos. Ela estava
parada ali, olhando para mim, um leve sorriso persistente em seus
lábios.
Meus olhos percorreram seu rosto, registrando as mudanças em
sua aparência e isso me derrubou.
Ela não era minha mãe.
Esta mulher não foi quem me deu à luz.
Aquilo, parado na minha frente era apenas uma réplica dela;
alguém mais rico.
Minha mãe não tinha um colar de diamantes que essa mulher
usava no pescoço, nem os brincos e a pulseira.
Minha mãe não tinha um vestido tão caro quanto o que a mulher
usava no corpo.
Nada sobre a mulher loira era familiar, porque minha mãe era
morena.
Eu imediatamente senti ódio, como se tivesse acabado de me
afogar em uma poça dele.
Eu odiava como ela estava sorrindo para mim como se ela
pudesse, como se ela não tivesse destruído meu pai e o deixado em
um buraco.
Eu odiava os olhos que eu conhecia porque eles me faziam pensar
nas noites em que ela me encarava enquanto me colocava na cama
com tanto amor neles.
Absolutamente detestava aqueles braços que me protegeram do
mal.
Eu a odiava.
Tanto que senti um aperto no peito, senti meus pulmões se
fechando e me deixando sem fôlego.
Eu a temia.
Do que ela pode fazer comigo e com o papai.
Sua presença não faria nada além de nos causar mais dor, a dor
que enterramos com muito trabalho.
Nossa vida uma vez pacífica, simplesmente desapareceu pela
mera presença de nosso passado.
E eu também odiava que sua presença me reduzisse a isso.
Essa garota trêmula e confusa cuja mãe a abandonou anos atrás.
Esta garota que eu tentei esconder por tanto tempo estava
ressurgindo, a garota destruída.
Pesadelo após pesadelo, gritando e clamando para que ela
voltasse, implorando para que ela ficasse, mas ela nunca o fez.
Ela desaparecia antes que eu a alcançasse.
E eu acordava com os braços do meu pai em volta dos meus
ombros, me balançando e sussurrando palavras gentis em meus
ouvidos.
Em um dos meus momentos mais fracos, quando chorava em
meus travesseiros, pensando em voltar ao último momento com
minha mãe na cozinha, imaginei uma vida em que ela estivesse
morta.
Morreu em trabalho de parto ou doença.
Uma vida onde eu não teria que conhecer a perda de uma mãe,
uma mãe que estava disposta a jogar sua família fora por suas
necessidades egoístas. E uma vida onde eu não acordaria odiando
sua própria existência.
Mas esses eram pensamentos ilusórios. Mesmo estando na minha
frente, eu gostaria que ela estivesse em qualquer outro lugar, menos
ali.
Eu desejei que ela não estivesse bem na minha frente, porque
tudo que eu queria fazer era gritar e me enrolar no chão e chorar.
Mas eu não faria.
— Lauren, — Ginny disse novamente com cautela, um traço de
culpa evidente em sua voz.
Ela ainda estava parada perto da pia, observando a aspereza em
minhas feições e suspirando em desamparo.
— É bom ver você, querida.
Bom me ver?
Querida?
A raiva e o nojo amargos me consumiram como ácido, mas eu
ainda não havia dito uma palavra. Seria um milagre se eu
conseguisse encontrar minha voz.
— Como você tem estado? Você está linda, mas sempre foi linda.
Minha mente estava correndo em círculos, meus pensamentos
caindo sobre si mesmos.
Por quê você está aqui?
O que você quer?
— Você está brava comigo.
A raiva exigia energia mental e concentração e, no momento,
minha mente confusa ainda estava quase paralisada pelo choque.
Fechei meus olhos com força e engoli em seco antes de abri-los.
E foi nesse momento que alguém saiu de uma das cabines antes
que seu olhar pousasse em mim.
Era a mesma mulher com quem eu tinha falado antes, aquela que
afirmava conhecer Mason, e ela estava carregando um leve sorriso
malicioso no rosto.
— Oi, maninha, — ela cumprimentou docemente. E foi dito com
tanta crueldade e malícia.
Eu tropecei para trás em choque, meu olhar se movendo para ela
e Ginny em confusão.
Maninha?
Não.
Eu inconscientemente agarrei meu peito, sentindo como se meu
coração fosse explodir de dor. A tontura começou a aparecer
enquanto eu lutava para respirar, lutava para manter meus pés em
pé.
Ginny tinha uma filha?
Eu não conseguia mais ficar ali, não conseguia olhar para Ginny e
sua filha sem cair no choro, então me virei e saí correndo de lá como
alguém fugindo da morte.
Tropeçando de volta para o salão de baile, eu estava
completamente bagunçada quando procurei por Mason, ignorando
os olhares confusos e preocupados que as pessoas lançaram para
mim até que eu o encontrei.
Eu não perdi nenhum momento do meu tempo antes de
caminhar até ele.
Não registrei o olhar preocupado que ele estava lançando em
mim quando o alcancei e agarrei seu braço, puxando-o para frente e
sussurrando: — Temos que ir.
Ele não se opôs porque ele deve ter percebido que eu estava
surtando e completamente descontrolada.
Eu corri com ele para fora do salão de baile, agarrando-me em
seu braço como se estivesse desesperada por alguma sanidade.
Mason abriu a porta e me ajudou a entrar, fechando-a e dando a
volta para entrar. Eu tinha enterrado meu rosto em minhas coxas e
estava respirando pesadamente, repassando os poucos minutos no
banheiro.
Ginny estava de volta.
Durante a viagem de volta para casa, tudo estava quieto.
Eu não levantei minha cabeça em nenhum momento, e Mason
não disse uma palavra para mim. Mas quando finalmente levantei a
cabeça, inclinei-me ainda mais para trás no assento de couro com os
olhos ainda fechados.
E quando os abri, senti seu olhar em mim, uma pergunta
silenciosa esperando antes de eu responder com um aceno de
cabeça. Isso foi o melhor que pude fazer.
— Coop, continue dirigindo. Não pare, — ouvi Mason ordenar
em uma voz tensa, seu corpo inteiro rígido e eu tive que inclinar
minha cabeça em direção a ele, confusa com seu comportamento
estranho repentino.
— O que há de errado?
Ele cerrou os dentes no momento em que Coop aumentou a
velocidade, me fazendo saltar para a frente e quase bati com a cabeça
na parte de trás do banco da frente se Mason não tivesse sido rápido
com a mão e me puxado antes que eu pudesse colidir com ele.
— Alguém está nos seguindo.
Havia frustração pipocando junto com suas sílabas como se ele
estivesse irritado consigo mesmo por permitir que isso acontecesse,
mas principalmente estava com raiva da pessoa que ousou seguir
seu carro.
Virei-me na cadeira para olhar para trás, mas sua mão desceu na
minha coxa, insistente.
— Não. Sente-se quieta e aja normalmente.
E eu obedeci. Mesmo que meu coração estivesse batendo forte no
meu peito, ameaçar explodir de medo não me permitiu arrastar os
pés quando Coop pisou no acelerador.
Eu tive que me lembrar de respirar.
Quem poderia estar nos seguindo?
Quem seria burro o suficiente para fazer isso?
Ginny.
Mas eu não compartilho dessa teoria.
A dor em meu peito começou a sufocar a respiração em meus
pulmões, e cerrei os dentes, tentando empurrar minhas emoções de
lado.
Eu sou forte.
Eu não iria desmoronar.
— Vire à esquerda, — Mason ordenou novamente. Não havia
preocupação em sua voz, era apenas sua voz casual.
Nos minutos seguintes, ele disse a Coop aonde ir, quando
diminuir e quando acelerar, e comecei a perceber que não estávamos
voltando para casa. Mas fui inteligente em não questioná-lo.
Não quando ele estava com raiva. E quando Mason estava com
raiva, ele não gostava de ser questionado e não gostava de dizer as
coisas duas vezes.
Razão pela qual eu não me movi, obedecendo silenciosamente a
ele sem nenhuma objeção.
Eu acho que foi porque eu estava paralisada com o conhecimento
de que poderia ser Ginny me perseguindo.
Ginny, que queria falar comigo.
Ginny, com quem eu não queria falar por vários motivos.
— Pare, — ele comandou, e Coop pisou no freio.
Estávamos no meio de uma rua silenciosa e escura.
Não havia carros em movimento ou qualquer sinal de uma
pessoa viva.
Virei ligeiramente a cabeça para a direita, vendo a estrada vazia, e
depois voltei para a esquerda, não vendo nada além de escuridão.
Eu me virei para Mason, sem saber o que ele estava fazendo.
Não sei por que ele nos parou no meio da estrada e nesta rua.
— Eles pararam o carro, — Coop comentou com sua própria voz
calma, os olhos fixos no espelho retrovisor.
Mason não respondeu nada, apenas encostou a cabeça no assento
e fechou os olhos, os cílios roçando nas bochechas. Eu apenas olhei
para ele, boquiaberta.
Eu queria dizer algo.
Eu queria perguntar o que é que ele estava fazendo. Se alguém
estava nos seguindo, aquele era o local perfeito para nos sequestrar
ou nos matar, e se fosse minha mãe, ela teria saído do carro e se
aproximado do nosso.
Essa pessoa que estava nos seguindo não desceu do carro, nem
passou por nós.
De qualquer forma, eu tive que morder minha língua para não
dizer um milhão de coisas que estavam passando pela minha cabeça
sobre o que ele estava fazendo, por que estávamos aqui e quem
estava nos seguindo.
Demorou cinco minutos, eu estava verificando a hora no relógio
que estava em seu pulso antes que ele falasse algo de novo, com os
olhos ainda perfeitamente fechados.
— Dirija alguns quarteirões daqui e pare.
Lancei um olhar para ele, mas ele não saberia porque estava com
os olhos fechados.
Eu estava grudada na janela e sem seu conhecimento, observando
o carro preto escurecido que estava nos seguindo dirigir atrás de nós
mais uma vez.
Quando Coop parou pela segunda vez, foi então que vi faróis
vindo da direita e da esquerda até que pararam atrás de nós,
bloqueando-nos completamente do carro que nos perseguia.
Observei, espantada, enquanto o carro que nos perseguia tentava
voltar atrás quando devem ter percebido que estavam presos em
uma armadilha, mas dois outros carros iguais ao que estava atrás de
nós os bloquearam por trás, impedindo-os de afastá-los.
Puta merda.
— Eu dei a eles a escolha de irem embora, mas eles não o fizeram,
— Mason respondeu à minha pergunta não formulada.
Ele planejou isso.
Ele os atraiu para esta armadilha e eles foram apanhados nela.
Lá atrás, quando paramos, era ele dando a eles uma chance de
irem embora, e aqui eu pensei que ele era um idiota.
Eu me senti uma idiota.
Meus olhos estavam brilhando com uma nova luz, com espanto
enquanto eu observava este homem que era de outro mundo. Sério,
eu queria fazer tantas perguntas. Por exemplo, como ele foi capaz de
pedir reforços ou quando ligou para eles.
Ou talvez eles estivessem ali o tempo todo. Ele deve ter prendido
muitas pessoas nesta rua.
Não demorou muito para chegarmos em casa. Mason me pediu
para descer e entrar primeiro.
Quando entrei, fiquei surpresa ao ver Beth na minha frente,
acenando com a mão, e devo ter sentido muito a falta dela porque
me lancei em seus braços.
E ela não hesitou em envolver os braços em volta de mim.
Depois de colocar roupas confortáveis, eu a encontrei na cama,
olhando e esperando.
O que aconteceu na festa voltou com força total.
Fiquei chocada demais para reagir, mas agora que tudo estava
voltando à minha mente, não pude evitar de chorar. Alcancei Beth e
me enrolei ao lado dela, fechando os olhos com força e respondendo
à cena.
— Lauren.
Eu não disse nada.
— Lauren, o que há de errado? Fale comigo. Mason me mandou
uma mensagem para chegar aqui porque ele sabia que você me diria
o que está errado. Você o arrastou para fora do evento antes que
terminasse.
— Fale comigo. — Senti seus dedos em meu cabelo, escovando e
brincando com ele.
— Minha mãe voltou, — eu respondi roucamente. — Ela voltou e
veio com uma filha que é alguns anos mais velha do que eu. — Eu
engasguei com as lágrimas, sentindo meu coração dilacerar e a dor
inexplicável que estava me apunhalando.
Os dedos de Beth no meu cabelo congelaram de repente e ela
ficou quieta por um minuto.
Eu quase podia sentir ondas de violência saindo dela, podia
sentir a raiva que pulsava em suas veias como se fosse uma coisa
viva.
— O que? — Ela soltou.
Sentei-me na cama com os olhos vermelhos enquanto colocava
minhas pernas embaixo de mim, enxugando as lágrimas que
continuavam caindo.
— Eu a vi, Beth. Ela parecia diferente. Ela parecia feliz.
— Como ela poderia estar feliz depois de nos separar?
Beth, pela primeira vez, não tinha nada a dizer.
Ela estava sem palavras, apenas olhando para mim como se eu
tivesse duas cabeças. Eu teria a mesma reação se ela tivesse me dito
que seu hamster morto voltou à vida.
— Com uma filha, — ela disse, as palavras soando pesadas em
sua língua e pesadas em meus ouvidos. Ela me deu um olhar
atordoado.
— Onde ela esteve?
— E como ela pode ter uma filha mais velha do que você? —
Uma compreensão cruzou sua mente antes que ela sussurrasse o que
eu suspeitava.
— Não é do seu pai.
Doeu mais ouvir as palavras saírem.
Eu balancei a cabeça e funguei. — Ela mentiu para ele. Ela
manteve uma outra filha em segredo durante anos. Papai confiava
nela, Beth.
— Como ela pôde fazer isso? — Um grito agudo deixou meus
lábios e eu suguei o ar, tentando não gritar.
— Por que fui eu que cresci sem mãe? O que eu fiz para ser
tratada assim?
Beth se inclinou mais para mim como se ela pudesse me proteger
da dor. Mas não havia como me proteger disso.
— Lauren, não faça isso com você.
— Não, eu tinha que ser o problema, certo? Eu causei o
casamento dos meus pais? — O pânico cresceu em meu peito, uma
pressão tão intensa que me perguntei se eu poderia estar tendo um
ataque cardíaco.
— Você acha que eu sou a razão pela qual mamãe foi embora? Eu
tenho que ser.
Sempre me perguntei por que ela iria embora sem me persuadir a
ir com ela. Pelo que eu sabia, ela me amava.
Ela balançou a cabeça freneticamente. — Não. Sua mãe é uma
vadia egoísta. Não foi sua culpa, nem do seu pai, — Beth disse o
mais rápido possível, com ódio.
— E ela pode ser sua mãe, mas se eu a vir, eu vou dar um soco na
cara dela. Ela não merece suas lágrimas.
— Por que você acha que ela está de volta? — — Por que ela
estava no evento de caridade de Mason pra começar? Ele a conhece?
Estava começando a me atingir com força o quão estranho era
tudo aquilo.
Ginny estava no evento de Mason, sua filha era amiga de sua
irmã.
Todos eles pareciam levar a uma coisa:
Mason deveria conhecer minha mãe.
Mas eu não queria tirar conclusões precipitadas. Eu não queria
apontar um dedo sem saber a verdade.
Pega entre a confusão e o alarme. Beth se inclinou e me pegou
pelos ombros, me sacudindo levemente. — Escute-me. E se ele a
conhece? E se Mason a trouxe de volta à sua vida, Lauren?
— Beth, pare com isso. Ele não fez isso. Mason sabe que a odeio.
Ele não faria isso comigo. — Eu me esforcei para parecer calma
enquanto desviava meus olhos dela.
Achei que já tivesse sentido todo tipo de medo antes, mas esse era
diferente.
Beth considerou isso por um momento. — Espero, para o seu
bem, que seja verdade, — respondeu ela em dúvida. — Você não vai
contar ao seu pai sobre o retorno dela, não é?
— Essa é a última coisa que eu quero fazer. Não houve nenhum
sinal de que ela voltou para corrigir seus erros. Mas vou garantir que
ela nunca veja o papai.
— Os únicos visitantes que ele vai ter são nós dois e Mason.
Assentindo, ela esfregou os punhos, dizendo: — Espero encontrá-
la em algum lugar. Vou adorar arrebentar a cara dela.
Uma pequena risada deixou meus lábios quando as lágrimas
começaram a secar. — Você sabe que eu pagaria sua fiança. Mesmo
se eu não tivesse nada, eu roubaria um banco e pagaria sua fiança,
amiga.
— Você também tem um marido rico com conexões poderosas.
Acho que estou com vontade de fazer coisas ilegais.
Eu bati em seu rosto com um travesseiro.
Capítulo 34

Não havia carros em movimento ou qualquer sinal de uma


pessoa viva.
Virei ligeiramente a cabeça para a direita, vendo a estrada vazia, e
depois voltei para a esquerda, não vendo nada além de escuridão.
Eu me virei para Mason. sem saber o que ele estava fazendo.
Não sei por que ele nos parou no meio da estrada e nesta rua.
— Eles pararam o carro, — Coop comentou com sua própria voz
calma, os olhos fixos no espelho retrovisor.
Mason não respondeu nada, apenas encostou a cabeça no assento
e fechou os olhos, os cílios roçando nas bochechas. Eu apenas olhei
para ele, boquiaberta.
Eu queria dizer algo.
Eu queria perguntar o que é que ele estava fazendo. Se alguém
estava nos seguindo, aquele era o local perfeito para nos sequestrar
ou nos matar, e se fosse minha mãe, ela teria saído do carro e se
aproximado do nosso.
Essa pessoa que estava nos seguindo não desceu do carro, nem
passou por nós.
Caiu a ficha.
***

Reli a mensagem cinco vezes, outras cinco me levantando da


cama e outras cinco descendo as escadas.
Coloquei o telefone no bolso de trás da minha calça jeans quando
cheguei perto da cozinha.
Assim que passei pela porta, fui atingida pelo aroma de comida e
algo doce, frutado e terroso. A geladeira estava aberta, o forno ligado
e o silêncio ensurdecedor aos meus ouvidos.
Antes que eu pudesse me perguntar onde Mason estava, senti
algo na parte inferior das minhas costas.
Uma mão.
Me guiando até um banquinho.
— Sente-se, — ele instruiu. Apesar da determinação das palavras,
seu tom era surpreendentemente suave. Eu me abaixei em um dos
banquinhos, observando-o se mover ao meu redor.
E quase me sufoquei até a morte.
Ele não estava usando nada.
A única peça de roupa em seu corpo era uma calça de moletom e
ela caía tão baixa que mostrava mais do que escondia; o V profundo
de sua pélvis esculpida.
Seu corpo era marcado por músculos e abdominais esculpidos, e
me perguntei quando ele teve tempo de ir à academia pra ter um
corpo daqueles.
O que é que ele estava tramando?
Quando ele se moveu, seus braços esticaram e incharam, e
quando ele se abaixou para abrir o forno e pegar o que tinha dentro,
sua bunda estava em perfeita exibição para eu ver.
A bunda redonda e esticada.
Tentei engolir, empurrar saliva pela garganta, mas era como se
meu coração estivesse preso lá e não se mexesse de jeito nenhum.
Tentei desviar meus olhos, mas estavam colados no homem na
minha frente.
O homem que era o ser mais gostoso que eu já tinha visto.
Eu sabia que estava olhando. Eu poderia muito bem dizer que
também estava babando.
O que posso dizer? Eu sou um ser humano.
Um ser humano que não era um robô, que gostava do que estava
vendo na sua frente.
Um pedaço de carne que me foi oferecido para admirar. Quem
era eu para negar aos meus olhos um homem perfeito?
Quando ele se virou, tive que me impedir de sair correndo da
cozinha, de me lançar sobre ele, porque, honestamente, eu estava
cansada de ficar com sede.
— Você pode colocar uma camisa, por favor? — Seus olhos
estavam quentes e se moveram por todo o meu rosto. E era fofo e
irritante que ele parecesse confuso com a simples pergunta.
Agindo como se não tivesse ideia do que estava fazendo comigo.
— Por que? — Sua voz era áspera e invadiu o ar ao nosso redor.
A seda se enrolou em volta do meu corpo como um ímã e desceu
pelas minhas pernas, e eu tive que me conter para não entrar em
combustão.
— Como assim por quê?
— Te incomoda?
Era uma pergunta idiota e nós dois sabíamos disso. Ele estava
pressionando por respostas, tentando ver se eu cederia e admitiria
que estava atraída por ele.
E admitir isso significava que ele havia vencido de alguma forma,
e eu não iria deixá-lo provar a doçura da vitória.
— Não, — eu respondi claramente com uma voz severa.
— Mas você tem que usar uma camisa.
Ele encolheu os ombros com indiferença, abrindo um balcão para
trazer dois pratos. — É minha casa. Eu posso vagar como eu quiser.
— Seus lábios mal se moveram quando ele disse isso, e eu queria
agarrar sua cabeça e jogá-la contra a geladeira.
Minha respiração ficou presa na garganta e quase se tornou um
soluço, mas de alguma forma, isso não me impediu de dizer o que
estava pensando.
— Ninguém está dizendo que você não pode fazer isso. Mas
como você não é o único morando nesta casa, há algumas coisas que
você não pode fazer e esta é uma delas. Honestamente, você não
sabe o significado de cortesia?
— Não, não me ensinaram isso, — ele respondeu com uma voz
monótona que não caiu bem comigo, porque eu sabia que ele estava
me irritando.
— Fui ensinado a fazer o que quiser, mas isso, de alguma forma,
é um problema para você. — Mason revirou os olhos assim que
terminou de colocar a comida que preparou nos pratos.
Ele se sentou na minha frente, olhando descaradamente para o
meu rosto, mas não imediatamente oferecendo mais palavras.
Eu olhei.
— Se for um problema para você, Lauren, eu uso a droga de uma
camisa.
— Tudo bem, — consegui murmurar, sem saber se ele estava
sendo genuíno ou me zoando.
Mas ele me surpreendeu quando se empurrou para trás e se
levantou, e em vez de sair da cozinha, ele foi em direção a uma única
gaveta que ficava na outra extremidade da cozinha.
Eu o observei abrir a primeira gaveta e tirar uma camisa de
cashmere, e fiquei boquiaberta para ele. Quando ele o vestiu, ele se
ajustou perfeitamente e colocou seus bíceps em exibição.
Quando ele se virou e me encontrou boquiaberta, ele fez uma
pausa e franziu as sobrancelhas, exigindo: — O quê?
— Você está brincando comigo? Por que você tinha uma camisa
na cozinha?
Ele cruzou as mãos sobre o balcão e se inclinou totalmente, sua
testa quase tocando a superfície do balcão.
Quando ele voltou, ele inclinou ligeiramente a cabeça.
— Se eu sujar minha camisa, não tenho que subir até o meu
quarto. Por que você está me olhando assim?
— Você tem uma gaveta cheia de roupas na cozinha. Mason.
— E daí? Você não tem?
Comecei a rir. Eu não pude me conter. Tudo começou como uma
risada incrédula e gradualmente aumentou para o tipo de risada
profunda que abalou todo o meu corpo.
Eu ri tanto que pude sentir as lágrimas brotando nos cantos dos
meus olhos.
À minha frente, Mason pareceu genuinamente pego de surpresa
pela minha reação. Seu rosto, geralmente duro e inabalável, meio
que simplesmente caiu enquanto ele me observava rir às custas dele.
Ele piscou algumas vezes, parecendo atordoado e confuso, o que
me fez rir ainda mais.
Eu coloquei a mão sobre a boca e acenei com a outra na minha
frente, lutando para falar. — Não, pessoas normais não têm suas
roupas na cozinha, caramba.
— Pessoas ricas são tão engraçadas. — Limpei as lágrimas dos
meus olhos e sorri para ele.
Ele revirou os olhos, empurrando um prato e meus olhos
pousaram na coisa mais deliciosa que eu já tinha visto em toda a
minha vida. E meu estômago concordou porque roncou muito alto.
Que vergonha.
Meus olhos dispararam do prato para ele e de volta para o prato,
mordendo meu lábio inferior silenciosamente. Ele cozinhou para
mim, eu ficava dizendo na minha cabeça.
Pode não ser grande coisa, mas foi muito importante para mim.
Ele se encarregou de fazer algo para mim, e não foi apenas a comida.
Foi a razão por trás disso.
Mason mencionou que seu irmão, Tom, e Billie faziam comida
indiana para ele quando ele tinha dias ruins. Ele me disse que
sempre tinha um gosto melhor porque ele podia sentir o gosto do
amor deles.
Eu estava com medo de tocar na comida.
Com medo de provar.
Eu sentiria seu amor? Eu não sentiria isso?
Seria doce ou amarga? Ou insípida? Meu coração bateu forte no
meu peito.
Mas ainda vibrou. Um frio na barriga.
Porque ele se importou. Ele se importou o suficiente para ligar
para Beth. Ele se importou o suficiente para me fazer sua comida
reconfortante.
Mesmo se ele pegasse um garfo e enfiasse nos meus olhos, eu
ainda saberia que ele se importava. Mesmo que ele continuasse
sendo um idiota, ele ainda se importava comigo.
Entrei em sua cabeça e possivelmente em seu coração.
Ele poderia tentar tanto quanto pudesse negar, mas Mason
Campbell se importava com Lauren Hart, a mulher que ele odiava e
ridicularizava.
— Você vai chorar na minha frente?
Um largo sorriso permaneceu no meu rosto por alguns segundos,
meus olhos lavando seu rosto divertido.
— Você está oferecendo seu ombro? — Eu perguntei, parando a
menos de um braço de distância dele.
— Há algumas coisas que eu gostaria de oferecer.
— Credo! Que baixaria, Sr. Campbell.
— Existem tantos lados em você, e alguns eu nem mesmo
explorei. — Usei um dedo para sacudir sua camisa, e ele foi rápido
em agarrar aquele dedo e segurá-lo na palma da mão, aplicando
pressão sobre ele.
— Ai! Você gosta de violência?
Ele olhou sombriamente. — Cala a boca.
— Vem calar.
— Você não gostaria do que vem a seguir, — ele ameaçou,
deixando cair meu dedo com um olhar aquecido.
— Ah, eu não te disse que gosto de ser punida?
Sua mandíbula balançou e eu sorri.
— Lauren.
— Como você gostaria de mim? Ajoelhada? — Eu perguntei
ternamente em um tom abafado, certificando-me de soprar pequenas
respirações em seu rosto.
— Dobrada contra o balcão? No chão? Vestida? Nua?
Eu fiquei cara a cara e cara a cara com ele, peito a peito, e eu era a
única cujo coração estava batendo tão rápido que poderia explodir a
qualquer segundo.
— Cala a boca.
— Você continua dizendo isso, mas não faz nada a respeito.
Antes que eu pudesse fechar minha boca, ele me agarrou pelos
ombros e me empurrou contra a geladeira, segurando meus braços
em uma gaiola.
Ele respirou fundo em mim, o contato com seu corpo quente e
intrusivo.
A suavidade de seus olhos se foi, agora substituída pelo olhar frio
e duro.
Mason baixou a cabeça no meu cabelo, cheirando. Eu fechei meus
olhos.
Não me mexi, não tentei afastá-lo e ele permaneceu nessa posição
pelo que me pareceu um longo tempo.
O silêncio da sala era pontuado por nossa respiração irregular e
as batidas agitadas de nossos corações.
— Eu conheço várias maneiras de calar sua boca, — ele
sussurrou, soltando meus braços de seu aperto enquanto eles caem
para os meus lados, e eu fico imóvel.
— Um que você não poderia imaginar.
E quando o senti colocar uma mão no meu lado e a outra na
minha cabeça, eu o deixei. Em silêncio.
Eu permiti que ele corresse os dedos pelo meu cabelo e os
despenteasse suavemente.
— Um que vai te sacudir, — ele continuou, se movendo para trás
o suficiente para ver meu rosto e seu olhar penetrante com
intensidade. — E sua respiração vai travar. — Ele passou os dedos
pelo meu nariz e lábios.
— Arrepios vão cobrir seus braços. — Uma leve pincelada no
meu braço me fez empurrar para frente.
— O suor vai escorrer pela sua testa. — Seus lábios roçaram
minha testa.
Eu estava atordoada.
Eu estava exausta.
Eu estava frustrada.
Me beija, idiota.
Mas ele não fez isso. Ele se afastou de mim como sempre fazia
quando estava prestes a mandar ver.
Fechei os olhos e escutei o barulho que vinha do meu peito antes
de abri-los.
Nossa respiração era audível no silêncio que se seguiu e nos
envolveu, envolvendo-nos na tensão que reconhecíamos há semanas.
De que você tem tanto medo?
Mas eu não perguntei isso a ele. Em vez disso, dei a volta no
balcão da ilha para ficar ao lado da geladeira, virando-me para abri-
la e pegar uma garrafa de água.
Eu a desenrosquei e envolvi meus lábios ao redor da borda,
tomando um gole.
Quando fiquei satisfeita, me aproximei dele, sem nunca perder o
contato visual, ao oferecer-lhe o mesmo frasco, onde a borda estava
coberta com meu batom vermelho.
Mason olhou para a garrafa antes de olhar de volta para mim.
Meu peito apertou e o medo instantâneo me chutou bem no peito.
Eu não tinha ideia do que tinha me possuído para fazer aquilo, e
conhecendo Mason, sabendo como ele poderia ser capaz de zombar
de mim por isso, eu queria me chutar.
Não aguentaria ser rejeitada duas vezes no mesmo dia.
Eu lentamente me afastei, mas mantive meus olhos nele.
Um movimento lento de sua cabeça me impediu de me mover
mais, colada no lugar - sem me mover e sem me virar, e apenas um
pouco inclinada para a direita.
Um pequeno sorriso rabiscado em meu rosto como se eu não
tivesse a menor preocupação sobre como aquilo iria acabar.
Foi como se o tempo tivesse se esgotado naquele momento, o
momento em que sua mão agarrou minha mão e arrancou a garrafa
da minha mão, mas ainda manteve seu domínio sobre mim.
No momento em que seus olhos falaram muito mais do que sua
boca teria falado. Uma boca que estava se abrindo lentamente para
se conectar com a borda da garrafa e meu coração martelou no meu
peito.
Alto.
Assistindo.
Esperando.
Naquele momento, seus lábios tocariam os meus.
E eu juro, meu coração parou por um segundo.
Foi a coisa mais excitante que eu já vi.
Ele nunca tirou os olhos de mim, quase como se soubesse o que
estava fazendo comigo e seu olhar quente estava adicionando mais
tensão.
No momento em que seus lábios carnudos envolveram a borda,
eu respirei fundo.
O calor lentamente tomou conta das minhas pernas, não diferente
do que em qualquer outro momento.
Ele não estava bebendo nada. Ele apenas manteve seus lábios
selados ao redor da borda, me provando.
Me bebendo
Isso era muito íntimo. Seus lábios onde eu coloquei os meus, meu
batom tocando seus lábios era impressionante.
Minha respiração estava agitada, irregular, e meu peito seguia o
ritmo, subindo e descendo de forma aleatória.
Senti necessidade de ar, uma necessidade perigosa e
espasmódica. Cada fibra do meu ser respondeu.
Cada fibra queria a mesma coisa, e isso não era bom, droga.
O calor entre nós da tensão se deformou em algo diferente, algo
que sempre compartilhamos, profundamente semeado e arraigado.
Mason finalmente tirou a boca da garrafa e começou a lamber os
lábios, a lamber o batom restante e meu estômago deu um nó.
Minhas pálpebras estavam pesadas.
Eu fechei meus olhos.
Por um momento - apenas por um momento. Então eu os reabri.
Ele estava tão gostoso, tão perto; nossa respiração se misturou.
— Vamos comer.
Tentei ignorar sua voz instável, e era pouco mais que um suspiro,
quase inaudível no silêncio perfeito da sala.
Eu lavei meu rosto.
Dez vezes.
Eu gritei.
Catorze vezes, sem quase fazer barulho. Eu não sabia quanto
tempo iria demorar. Minha paciência estava se esgotando.
Eu estava frustrada. Comigo mesma, mas principalmente com
ele.
Os jogos eram divertidos, mas estavam começando a ficar fora de
controle. Começando a ficar perigosos.
Já estavam, e se nenhum de nós ia correr o risco, precisavam
parar.
Eu sempre pensei em Mason, quase sem parar, me perguntando
se ele estava bem, sentia falta do calor de sua pele, a peculiaridade
de sua boca e seus olhos cinzentos.
Eu o queria porque sempre o quis, desde o primeiro momento em
que o vi e até o momento em que comecei a odiá-lo, ainda me sentia
atraída por ele.
E nesses poucos meses que passamos juntos, eu tinha certeza que
ele me queria da mesma forma. Mas ele sempre se conteve. Ele
estava com medo, eu presumi.
Ele não precisava me dizer que tinha algo a ver com não confiar
em ninguém para que eu soubesse disso, mas eu pensei que pelos
tempos que passamos juntos, ele iria começar a confiar em mim.
Ele poderia finalmente apagar a dor do relacionamento que ele
tinha antes e começar a seguir em frente.
Sentei-me na cama, meio olhando para a TV e a meio olhando
para a varanda, onde Mason estava andando de um lado para o
outro, conversando com alguém.
Ele estava no telefone há cinco minutos, e eu poderia dizer pela
maneira como ele balançava a mandíbula e fechava o punho, tinha a
ver com o que aconteceu depois que deixamos seu evento de
caridade.
Seu rosto me disse que ele sabia quem estava nos seguindo, e a
pessoa com quem ele estava falando não parecia estar dando a ele o
que ele queria.
Quando ele voltou para o quarto com o rosto tenso, eu o observei
se arrastar para a cama e olhei para seu telefone.
— Tudo certo? — Eu perguntei suavemente.
O quarto estava quente e eu estava confortável debaixo das
cobertas.
Mason ergueu a cabeça. — Está tudo bem, — ele me disse,
olhando para o telefone novamente. Eu o peguei de sua mão e joguei
na frente da minha camisa. Ele olhou para ele. — Isso é maduro.
Meus olhos brilharam com humor. — E aí? Tem a ver com quem
nos seguiu esta noite? O que eles queriam de nós?
— Por que você fugiu do evento de caridade?
Nós dois nos encaramos profundamente, ambos não querendo
compartilhar nossas informações. Eu queria dizer a ele que vi minha
mãe, mas estava com medo de aprender mais sobre ela.
Como por que ela tinha estado em seu evento de caridade em
primeiro lugar.
Como como ele a conhecia, e se ele estava escondendo segredos
sobre ela de mim.
Eu não precisava saber todas essas respostas.
Eu estava com medo de aprendê-las.
Eu estava com medo de começar a desconfiar dele.
Se Mason soubesse tudo sobre minha mãe, temi o que isso
poderia significar para nós dois. Eu odiava que mentissem, assim
como ele odiava.
De alguma forma, eu sabia que fazer qualquer pergunta sobre
Ginny não significaria obter as respostas que eu precisava ouvir.
Procurar respostas não levaria a nenhum lugar bom, e eu estava
em um lugar tão bom do qual nunca queria sair.
Registrei uma dor aguda na minha coxa e percebi que Mason
havia me beliscado com força.
— Ai! — Eu o chutei por baixo das cobertas. — Cuidado. Minha
pele é sensível e eu mordo com mais força do que você belisca.
— Mulheres com classe não mordem ninguém. Você é a esposa
de Mason Campbell.
Fiquei tentada a chutá-lo novamente, mas não consegui fazer
nada além de olhar para o cinza brilhante de seus olhos. — Espero
que um dia você perceba que não é deus.
Ele me beliscou novamente. — Sou considerado um deus e você
não pode dizer nada sobre isso, mas seja grata por ser casada com
um.
Uma explosão de risada histérica me escapou no momento em
que o empurrei de volta. — Mal posso esperar que alguém te jogue
do pedestal e você perceberá que é igual a todo mundo.
— Não me insulte.
Eu balancei minha cabeça com um sorriso.
— Mas, falando sério, Mason, está tudo bem com você? Você não
está em perigo? — Eu senti como se ele tivesse algo grande
acontecendo que ele não queria que eu soubesse.
Não era justo. Isso não me preocupou menos.
Ele puxou minha calça jeans, e eu notei o menor indício de um
sorriso em seu rosto. — Você vai me proteger de todos? Sempre fui o
único a proteger, mas nunca fui protegido.
Suas palavras pareciam ter uma mensagem oculta e eu fui rápido
em devorar. — Quem você protegeu? — Não estava preparada para
sentir ciúme, mas senti tudo bem. Com força total.
Se Mason protegeu alguém, isso significava que essa pessoa era
especial para ele.
— Alguém que precisava, — respondeu ele humildemente.
— Quando e quem?
— Um tempo atrás, e não é nada com que você deva se
preocupar.
Eu o estudei, percebendo que ele estava fazendo círculos na
minha coxa, sem encontrar meus olhos. Ele estava desconfortável
com a conversa.
Eu queria perguntar a ele por que ele estava sentindo isso, mas
algo sobre aquela pergunta parecia muito pessoal para ele
responder.
— Tom não protegeu você? — Eu me peguei perguntando.
Ele congelou e olhou para minha perna por um momento tenso,
depois voltou para mim. — Suponho que sim. Por um tempinho.
— Aposto que você o fez se preocupar com você o tempo todo.
Você foi um rebelde total, não foi?
— Eu era. — Ele riu com vontade. — Passei meus fins de semana
fazendo corridas de carros e bicicletas. Gale e eu, junto com alguns
amigos, costumávamos sair de casa e passar uma semana sem
ninguém saber onde estávamos. Tom passava dias enlouquecendo,
tentando me procurar. Na maioria dos dias, quando eu ficava bravo,
eu ia embora por duas semanas.
Eu gostaria de ter visto isso, mas eu poderia dizer pela leve
inclinação de seus lábios e a emoção em sua voz que ele deve ter
gostado de sua adolescência.
Que ele tinha boas lembranças que sempre guardaria com
carinho.
— Onde você ia?
Sua resposta veio na forma de uma leve risada antes de
acrescentar, — O tio de Gale tinha um apartamento secreto em um
lugar isolado e se tornou nosso santuário. Já se foi, no entanto. Nós
queimamos tudo.
— O que?! — Eu gritei, meus olhos arregalados em choque.
— Você queimou um apartamento inteiro? Vocês são
inacreditáveis, e vocês se meteram em problemas?
— Não. O tio de Gale realmente não se importava com o
condomínio. Ele só havia pisado nele uma vez e tinha mais cinco. A
única coisa que recebi foi uma bronca de Tom. Os piores trinta
minutos da minha vida.
— Não posso acreditar que você disse que eu era difícil quando
criança, quando você era literalmente muito pior do que eu.
Ele traçou a linha do meu queixo com a ponta do dedo. — Você
nem sabe a metade. Eu costumava competir com o Tom em tudo e
ele me deixava ganhar o tempo todo. Eu acho que estava muito na
minha cabeça para perceber isso. Só percebi alguns anos depois.
— Ele é um bom irmão, — eu observei com um pequeno sorriso
adorável. Eu queria conhecer Tom, ver o homem que Mason tanto
amava, mas sabia que não era o momento certo.
Se ele quisesse que eu conhecesse seu irmão, ele me levaria até
ele.
Uma expressão assombrada cruzou fugazmente seu rosto. Se eu
não o tivesse observado tão de perto, teria perdido. — Sim, o melhor.
— Ele acariciou levemente minha garganta e então recuou.
— Você não vai voltar amanhã cedo?
— Não, provavelmente estaria de volta à meia-noite. — No dia
seguinte era o aniversário de Aaron e Athena havia preparado uma
festa.
— Tem certeza que não vai?
— Eu sou o chefe dele. — Mason me lembrou com firmeza. —
Isso não é profissional. Tenho uma reputação a zelar. Quer que meus
funcionários pensem que sou um homem fácil? Para não ter mais
medo de mim?
Eu revirei meus olhos. — Você gosta de ver o medo nos olhos
deles, Sr. Campbell?
Ele olhou para mim.
Não dormi muito naquela noite. Pensei em Ginny e no motivo
pelo qual ela voltou.
Pensei em Mason e no que ele poderia estar escondendo de mim
e esperava que isso não acabasse nos machucando.
Eu estava começando a perceber que queria uma conexão mais
profunda com ele.
Eu queria mais do que ele estava me dando.
E fiquei apavorada ao perceber isso.
Capítulo 35

Aaron não queria ir para uma balada.


Então, Athena deu uma pequena festa para ele em seu luxuoso
apartamento. Não esperava que ela se esforçasse tanto, mas aprendi
que, se havia algo que Athena amava, eram as comemorações.
Ela recusou a nossa ajuda, optando por fazer tudo sozinha, então
Beth, Aaron e eu passamos um dia inteiro fazendo compras. E
quando as sete horas chegaram, a festa estava a todo vapor.
Athena já estava em seu quarto com seu drinque e dançando com
outros dois caras. Ela se destacou entre as vinte pessoas no
apartamento com seu cabelo verde e vestido colorido.
Ela estava se divertindo pra caramba, enquanto nós
descansávamos perto do bar. Beth rindo histericamente cada vez que
Athena cambaleava e empurrava os quadris para fora.
A garota era péssima em dançar, mas ela não se importava.
Ninguém estava olhando para ela, no entanto. Eles devem estar
tão acostumados com a dança estranha dela que não os perturbam
mais.
Aaron, o aniversariante estava sentado conosco e eu não pude
saber por que ele decidiu ficar perto de nós quando era sua festa,
quando ele deveria estar se misturando com seus amigos ou ficando
bêbado, porque é isso que a maioria das pessoas faz no seus
aniversários, certo?
— Alguém vai tirá-la de lá? — ele expressou o que eu estava
pensando, observando Athena agarrar-se a um pilar para se apoiar
enquanto balançava a bunda, e os dois caras atrás dela estavam
dando tapas.
Beth se inclinou para frente e riu, batendo na coxa. — Não, por
favor, não. Esta é a melhor coisa que já vi e acho que vou explodir de
tanto rir.
— Meu estômago não aguenta. — Eu balancei minha cabeça
porque eu sabia que Beth adorava quando alguém bêbado fazia
papel de idiota.
— Dê-me seu telefone, Lauren. Eu preciso gravar isso com dois
telefones para que eu possa assistir de diferentes ângulos e morrer
de rir.
Eu não neguei seu pedido e ela rapidamente aceitou, começando
outra gargalhada quando Athena agarrou um copo vazio e
continuou virando, enquanto sua língua saía de sua boca.
Foi muito hilário e eu não pude deixar de rir também.
— Devíamos parar com isso, — eu comentei, mas não fiz nenhum
movimento para me levantar, meus olhos grudados na minha amiga
de cabelo verde. Esse lado dela era algo que eu nunca pude ver.
Aaron concordou com a cabeça. — É engraçado e fascinante ao
mesmo tempo. Faz de mim um péssimo amigo querer ver o que ela
vai fazer a seguir?
— Somos péssimos amigos, se estamos gostando disso.
Beth saltou do sofá e assobiou para Athena, seguida por uma
série de palmas.
— É isso aí, amiga! — ela gritou com ela, embora Athena não
fosse ouvi-la por causa da música que estava explodindo na sala. —
Você é demais!
Usei minha mão para puxá-la para baixo no sofá e ela riu do meu
olhar não ameaçador.
— Ela vai matar você amanhã, sabia disso?
— Ela não hesitará em falar merda sobre você quando souber que
você gravou um vídeo dela. — Aaron olhou para Beth com um olhar
que dizia que ele adoraria ver isso acontecer.
Qualquer indicação de medo estava ausente do rosto de Beth,
enquanto um sorriso divertido tomou conta dela. As palavras de
Aaron quebraram sua concentração por tempo suficiente para um
único olhar.
— Bem, não se precipite em me dedurar. Além disso, eu não me
importo, — ela afirmou com seus olhos indo e voltando entre o meu
telefone e o dela. — Isso vale ouro.
Com um aceno de cabeça, peguei outro coquetel da mesa e me
inclinei para beber, lançando um olhar para Aaron.
— Onde está o seu namorado, afinal? — O namorado misterioso
que nunca tínhamos conhecido antes, mas sobre o qual ouvimos
muito falar.
Nem mesmo sua melhor amiga, Athena. tinha visto um relance
de Rolland, e nós achamos aquilo muito estranho.
Com a menção de Rolland, Beth foi capaz de largar os telefones e
desviar o olhar de Athena, agora absorta no novo tópico da conversa,
ou melhor ainda, um tópico em que ela pudesse dar uma olhada em
Aaron.
— Todos nós sabemos que Rolland não existe. Aaron tem nos
contado sobre seu namorado há meses e ainda não o conhecemos.
Acho que é hora de você admitir que o inventou.
Provocar era uma característica de Beth que todos que a
conheciam haviam notado e, às vezes, quando ela provocava
alguém, ficava fora de controle. Ela acabava deixando-os furiosos
porque sabia como fazer isso.
O misterioso namorado de Aaron havia se tornado sua coisa
favorita para provocá-lo.
Ele enviou a ela um olhar rápido que não era maldoso, mas ainda
assim conseguiu enviar sua mensagem. — Ele existe.
— Você está com ciúmes porque eu peguei um homem gostoso
enquanto você ainda está transando com um mais ou menos. —
Agora era seu momento de sorrir em triunfo.
O último ficante da Beth não era muito bonito, mas ela disse que
era o pacote dele que importava. Até que ela ficasse entediada com
ele e mudasse para outro.
Desde que saí do apartamento, Beth teve outras atividades que
preencheram o buraco que eu deixei. Eu não diria que gostei, mas
desde que a deixasse feliz, tudo bem.
— É o que você diz, — ela respondeu. — Mas pelo menos todos
podem ver o Kai. Ao contrário de você, eu não chupo meu
namorado imaginário.
— Ok, pare com isso, — eu intervim, sabendo que se eu não os
impedisse, eles iriam começar a brigar como sempre faziam. Mas
senti a necessidade de perguntar: — O que há com o segredo, afinal?
— Você nos deu motivos para duvidar de você, Aaron.
— Hah! — Exclamou Beth, pressionando os lábios quando eu a
lancei um olhar furioso enquanto ela tentava engolir uma risada.
— Você sabe que não vou mentir sobre ter um namorado,
Lauren. Rolland está sempre ocupado. Ele é fotógrafo e está sempre
viajando para seus projetos.
Antes que eu pudesse abrir minha boca para esclarecer que eu
não acho que ele estava mentindo sobre isso, mas estava
simplesmente confusa sobre isso, Beth rapidamente saltou com um
tom condescendente. — Fotógrafo, hein?
— Acha que ele pode capturar meu retrato com sua câmera
imaginária? Posso jogar meu milhão de libras imaginárias.
— Tenho certeza de que podemos pensar em alguma coisa, —
disse uma voz suave à nossa esquerda.
Virando ligeiramente, encontramos o olhar de um homem, um
homem alto que estava nos mostrando seu sorriso perfeito.
Seu blazer azul caía sobre os ombros, uma camisa branca
aparecendo e sua calça de couro colada em suas coxas musculosas.
Grandes olhos azuis, maçãs do rosto perfeitas e cabelo escuro
tornavam aquele homem muito atraente.
Beth e eu encostamos uma na outra sem perceber, nossos olhares
fixos no homem parado acima de nós.
— Você está vendo o que estou vendo? — Beth perguntou com
uma voz apaziguadora. — Por favor, me diga que você o vê também.
Não posso pagar uma terapia.
— Esse é Rolland.
— Ah, vá, — ela respondeu sarcasticamente. — Há quanto tempo
você acha que ele está parado aí? Você acha que ele ouviu toda a
conversa?
— Pode ser.
Talvez não.
Aaron se levantou e foi até Rolland enquanto os dois trocaram
um abraço e um beijo rápido. — Você veio.
Rolland sorriu para o namorado, uma faísca familiar brilhando
em seus olhos. — Desculpe pelo atraso, amor. O trânsito estava
bizarro.
Aaron acenou com a cabeça e se virou para nós. — Essas são
minhas amigas: Lauren e Beth.
— Gente, este é meu namorado, Rolland, — ele finalmente
pronunciou com um olhar rápido para Beth, que ainda tentava não
parecer envergonhada com o que ela havia dito sobre Rolland.
— Oi, é bom finalmente conhecê-las.
Sorri quando ele se sentou ao lado de Aaron, com seu próprio
sorriso caloroso e convidativo. — Você também. Ouvimos muito
sobre você.
Uma risada saiu de seus lábios enquanto ele lançava um olhar de
nós para seu namorado. — Coisas boas, espero. — A expressão de
Aaron estava à beira de um sorriso quando ele entregou uma bebida
ao namorado.
Beth espiou com um sorriso. — Posso apenas perguntar por que
você está saindo com este aí? — Ela apontou o polegar para Aaron.
— Você poderia arranjar coisa muito melhor.
— Beth!
— Para, estou brincando, — ela foi rápida em se defender e sorriu
segurando seu copo.
Passamos a hora seguinte conversando e rindo entre nós. Rolland
era engraçado, eu percebi, um pouco charmoso se eu pudesse
acrescentar, e ele estava começando a se dar bem conosco.
Ele seria bom para Aaron, e eu estava quase com ciúmes por ele
ter alguém que era fácil e agradável... e naquele momento, minha
mente me levou ao meu próprio homem cabeça quente com olhos
cinzas e uma cara de bravo permanente.
Athena se juntou a nós, e não demorou muito para que ela
começasse a intimidar Rolland. fazendo perguntas que ela não tinha
o direito de fazer, mas então, ela começou a se acalmar quando
percebeu que Aaron estava a ponto de sufocá-la.
As bebidas e as risadas foram os destaques da noite. Athena e
Beth trouxeram o bolo de aniversário de Aaron, apesar de seu olhar
de desaprovação. Comemos o bolo, brindamos e dançamos a noite
toda.
Apesar de me divertir muito, minha mente continuava vagando
para um único homem. Eu gostaria que ele estivesse ali comigo.
Eu gostaria que ele pudesse ter experimentado a sensação de
estar rodeado de amigos e apenas se divertindo.
Quando Beth pediu licença para ir ao banheiro, ela voltou
segurando meu celular. Aparentemente, alguém estava perguntando
por mim e eu dirigi em direção à varanda, um lugar mais privado e
silencioso.
A brisa fresca me atingiu como sais aromáticos, e me inclinei
brevemente contra a grade, colocando o celular no ouvido.
Já tinha verificado o número antes de sair, e não era um número
que estava salvo nos meus contatos.
— Olá?
— S... senhora? — A voz de Coop parecia estranha e em pânico.
Fui atingido por uma onda de nervosismo quando ouvi. Quando
suas próximas palavras vieram, pensei que entraria em colapso.
— Eu dirigi o senhor a um lugar, mas houve uma comoção. Algo
aconteceu e não consigo encontrá-lo.
Cada nervo do meu corpo ficou imóvel.
— O que você quer dizer com você não pode encontrá-lo? —
Forcei minha voz para soar firme e calma, embora meu coração
estivesse ameaçando explodir com o sentimento que pensei que só
tinha pelo meu pai.
As emoções complexas e em constante mudança dentro do meu
peito eram difíceis de descrever.
— Eu procurei em todos os lugares, senhora. Já se passaram dez
minutos e ele simplesmente... sumiu. Eu não sei o que fazer.
Afastei-me da porta e cobri meu rosto com as mãos. — Ele não
pode simplesmente ler sumido, Coop. — Minhas palavras se
enterraram entre minhas costelas e se expandiram até parecer quase
doloroso.
— Ligue para ele! Ligue para o número dele, envie uma
mensagem para ele.
Mesmo enquanto eu pedia isso, eu sabia que era a primeira coisa
que Coop devia ter feito antes de me ligar, e eu mal conseguia me
sentir respirar, meu peito apertado e ouvidos zumbindo, meu
coração batendo tão forte que eu podia sentir latejando nas
têmporas.
Ele tinha que estar bem. Ele tinha que estar seguro.
— Senhora...
— Onde você está? Me envie sua localização e eu te encontro. —
Eu descansei uma mão em meu quadril e segurei minha testa com a
outra.
Coop hesitou e não respondeu até que eu me vi rebatendo com
ele: — Coop!
— Sinto muito, mas não posso divulgar essa informação.
O que...
— Mason está desaparecido! E você não quer me dizer onde você
está agora?! Você está brincando comigo? — Pânico e raiva não iam
bem juntos, mas essas eram as duas emoções que eu estava sentindo
naquele exato momento.
— Eu sinto muito, senhora, eu gostaria de poder dizer a você.
Mas o senhor disse que sob nenhuma circunstância tenho permissão
para divulgar este local.
— Eu sou a esposa dele!
— Até para você, senhora, — ele respondeu desconfortavelmente,
parecendo quase envergonhado de dizer isso e, inferno, eu deveria
sentir vergonha e não ele.
Afinal, fui eu quem pensou que esse título significava algo para
Mason. E realmente, eu não estava disposta a ficar ali e não sentir as
lágrimas no canto dos meus olhos.
Foi inesperado e fiquei chocada em silêncio porque... Eu não
esperava por isso.
E sabe, a percepção de que eu não significava para meu marido
tanto quanto doía, ser lembrada de que eu era igual a todo mundo,
mas acima de tudo, não era para sempre.
Nosso relacionamento tinha uma data de vencimento.
No fundo, eu sentia que deveria saber, embora, afinal, eu não
achasse que ficaria com ele ou teria acesso a todas as partes de sua
vida.
Ainda havia coisas que eu não sabia sobre isso, coisas que
estavam escondidas de mim que apenas alguns poucos sabiam,
então por que deveria me incomodar que meu marido temporário
estivesse lá fora, desaparecido e ainda me colocando restrições?
Mas aconteceu. De verdade. Se alguma coisa acontecesse com
Mason, eu não acho que não iria cair no fundo do poço.
— Senhora, — a voz de Coop entrou na minha cabeça e eu
respirei fundo, tentando aliviar o peso do meu coração. — Eu o
encontrarei. Eu prometo, senhora. Ele está bem.
Mas é claro, ele estava bem. Se algo terrível tivesse acontecido
com Mason Campbell, o céu teria rachado.
Se ele levasse cinco tiros, eu acreditava que ele seria teimoso
demais para abraçar a morte e lutaria para se trazer de volta à vida.
Eu acreditava fortemente que ele não morreria tão facilmente.
Essa foi a única coisa que me manteve sã.
Saber que Mason Campbell voltaria para mim.
E foi por isso que aceitei que não entraria no carro e acabaria
morrendo por dirigir de forma imprudente porque estava muito
ocupada me preocupando com meu marido e não com o quanto eu
estava correndo.
Mesmo quando Coop prometeu encontrá-lo, eu não pensei que
ele iria.
Se Mason quisesse ser encontrado, ele seria encontrado, e se não
quisesse, então, ele apareceria quando fosse a hora.
Mas me esforcei para me acalmar e pensar com clareza. Eu
precisava decidir como proceder a partir dali, e não havia sentido em
destruir os móveis caros de Athena.
Voltar para casa e ficar doente de preocupação só com ele? Ou
ficar aqui, onde meus amigos poderiam oferecer conforto e apoio?
O rangido suave através da porta de vidro chamou minha
atenção e eu me virei, Beth caminhando lentamente em minha
direção como se estivesse hesitante com a minha reação. Ela parou
bem na minha frente e examinou meu rosto.
— O que há de errado? É sua mãe?
Senti uma risada que não pertencia subir na minha garganta, mas
não a soltei; em vez disso, parecia sufocar as palavras na minha
língua. — Mason sumiu.
— Sumiu? Tipo, ninguém sabe onde ele está? — Ao meu leve
aceno de cabeça, ela acrescentou: — Como pode um homem daquele
tamanho ter sumido? Desculpa, mas estamos falando de Mason
Campbell. Ele ter sumido é ridículo e irreal.
A descrença em sua voz foi o suficiente para me fazer cerrar os
dentes. Porque ela estava certa.
— Você não parece muito bem. Você quer ir embora? Eu te dou
cobertura.
Eu soltei um barulho, meus olhos rolaram para o céu e fiquei com
ódio por não poder fazer nada além de esperar. — Eu nem sei para
onde olhar, Beth.
Ela ofereceu hesitante, com a voz de alguém que não tinha
certeza do que fazer. — Devemos ir à polícia, então? Podemos
registrar um boletim de ocorrência, se você quiser.
— Não passou nem uma hora. — O tom era indiferente, mas as
palavras eram definitivamente mais do que aparentavam.
— Tenho certeza de que se dissermos a eles quem achamos que
está sumido, eles ignorariam completamente essa regra de esperar
por 24 horas e chamariam a porra SWAT. — Beth quase sorriu com
aquela certeza ridícula.
Eu bufei apesar de tudo. — Sim, vamos fazer isso e enfrentar as
consequências depois. Tenho certeza de que Mason adoraria ouvir
que anunciamos ao mundo que ele está desaparecido.
— Estou apenas tentando ajudar, Laurie.
— Eu sei, me desculpe. Estou apenas frustrada, com raiva e
preocupada.
Ela olhou para mim por alguns momentos antes de murmurar: —
Você o ama?
Fechei os olhos com força, porque não. Eu não ia falar sobre isso.
— Pergunte-me outro dia.
— Você quer ir embora?
Eu olhei para ela. — Sim, por favor.
Não tive a chance de me despedir de Rolland. Eu nem me
lembrava de Beth me levando para casa e se oferecendo para ficar
comigo, o que acabei recusando.
Lembrei-me de ter olhado para a garagem e não ter visto o carro
que Mason normalmente dirigia, o local estava vazio.
Quando entrei, fui saudada com silêncio. Eu já tinha ligado para
Coop no meu caminho para casa e ele não me atendeu, confirmando
que Mason ainda não havia sido encontrado.
Subindo as escadas, parei quando cheguei ao meu andar, meus
olhos pousando em outra escada que levava ao andar de Mason, e
antes que eu pudesse me conter, eu estava me movendo.
Eu estava proibida de entrar em seu quarto, mas não era muito
boa em seguir as regras. Além disso, se eu não entrasse em seu
quarto, me sentiria pior do que já me sentia.
Eu só precisava de algo para acalmar meus nervos.
Eu empurrei a porta e entrei, mas parei com uma visão. Não
estava preparada para abrir a porta e vê-lo.
Minhas veias pulsaram com consciência e calma repentina e
inesperada. O alívio estava fluindo por mim e eu finalmente
consegui respirar direito.
Ele estava bem. Não havia vestígios de ferimentos em seu corpo.
Mas ele parecia estar com pressa.
Eu olhei Mason por alguns segundos, para as grandes mochilas
em sua cama, abertas e carregando suas roupas. Respirando fundo,
eu marchei para frente.
— Indo para algum lugar?
Eu esperava que ele pulasse de surpresa com a minha voz, mas
ele estava perfeitamente calmo e lentamente fechando o zíper de sua
bolsa, em seguida, retirando-se para seu closet.
— Sim.
— Onde você estava? — Eu perguntei friamente. Se ele notou a
mudança em meu tom, teve o cuidado de não demonstrar. Ele ainda
não estava olhando para mim enquanto tentava pegar suas coisas,
colocando-as em outra bolsa.
— Estou aqui, não estou?
Eu apertei minha mandíbula. — Eu estava preocupada que algo
tivesse acontecido. Coop não conseguiu encontrar você.
Ele não disse nada.
— Mason, estou falando com você.
Ele suspirou, finalmente olhando para mim com um olhar que me
fez querer arrancar seus olhos, mas ao mesmo tempo, aquilo
acendeu algo em mim.
— O que você quer que eu diga? — ele perguntou com pouca
suavidade.
Eu pude ver o que estava acontecendo. Ele estava tentando ser o
Mason mau, aquele que se irritava com perguntas de que não
gostava.
Mas se este fosse o Mason que conheci desde o início, ele teria
sido direto e me dito que não era da minha conta, mas aquele Mason
foi mais gentil, preferia fingir confusão do que dizer o que realmente
estava pensando.
Com toda a franqueza, às vezes, eu preferia o velho Mason.
Enquanto eu olhava fixamente para aquele rosto bonito, achei
que ele deveria ter educadamente me explicado o que eu queria
saber. Eu não era tão estúpida a ponto de não entender nada.
Eu não era uma mulher que se importava mais comigo do que
com suas preocupações.
— Mesmo? Isso é tudo que você tem a me dizer? Que tal o fato de
que algo aconteceu hoje à noite onde quer que você estivesse, e Coop
não conseguiu te encontrar. Um lugar que não tenho permissão para
conhecer.
— E onde eu encontro você? Aqui. Enquanto você me deixou
pensando e me preocupando com você.
Eu não pude acreditar nisso! Ele não conseguia nem olhar para
mim ou me dar uma resposta adequada.
Ele estava determinado a manter tudo para si e minha raiva foi
eclipsada apenas pela dor ultrajante que começou a restringir minha
respiração.
— É um pedido de desculpas que você quer?
— Se eu acho que você vai se desculpar comigo agora, eu
realmente não conheço você. — Meus olhos olharam para a cama. —
E o que há com as malas? Aonde você vai?
Minha raiva ameaçou escapar em um grito estridente quando ele
pareceu excessivamente satisfeito. — A algum lugar.
— Por que tudo tem que ser um segredo para você? Se houver
alguma coisa acontecendo, diga-me, por favor. Eu preciso saber,
Mason. Não consigo parar de me preocupar que algo possa
acontecer com você.
Seu rosto escureceu e ele se inclinou para frente, olhando para
mim com olhos de pedra fria. — Sua curiosidade não é problema
meu, Lauren. — Foi uma declaração rude destinada a me fazer
correr.
Mas me aproximei dele até que estivéssemos frente a frente,
nossos rostos estavam a apenas alguns centímetros de distância, com
um olhar igualmente mordaz.
— Ah, sério? Então tudo bem. Se você quer ser um idiota,
também posso ser teimosa.
Eu o evitei para chegar à cama, minha mão agarrando a bolsa
com zíper e puxando-a para fora da cama.
Quando ela foi colocada no chão, posicionei-a de forma que
pudesse sentar-me nela.
— Acho que vai ser uma longa noite. — Mason estava lutando
contra a vontade de olhar feio depois do meu comentário,
especialmente quando entregue com um sorriso doce e sedutor. Ele
se forçou a não me encarar.
— Eu não aprecio palhaçadas infantis. Levante-se, — ele disse
rispidamente.
— Estou apenas respondendo à sua teimosia.
— Lauren, chega. Tenho várias coisas a fazer antes de me
encontrarem no aeroporto, — ele disse com naturalidade, então
olhou disfarçadamente para mim através de seus longos cílios.
— Levante-se.
Eu sorri docemente, tentando não rir. — Vê como podemos fazer
progressos? Pelo menos eu sei que é uma longa viagem, então agora,
aonde você vai, Sr. Campbell?
— Aonde você vai é para a casa da sua amiga por alguns dias,
enquanto eu resolvo as coisas. Ficar aqui sozinha está fora de
questão, e você fará o que eu disser, sem dizer nada sobre isso.
— Eu não tenho certeza se posso fazer isso. Veja, você acha que
pode ter o seu caminho enquanto eu não posso ter o meu. Isso
parece justo para você, Sr. Campbell?
— Pare de me chamar assim.
— Esse não é o seu nome? — Um pequeno sorriso diabólico
brincou em meus lábios enquanto eu olhava fixamente para ele. Se
eu pudesse irritá-lo um pouco, me sentiria muito melhor.
Em três passadas, ele se moveu para ficar bem na minha frente,
olhando para mim com as mãos plantadas atrás dele e um rosto
sombrio que ele conseguiu reunir.
— Eu recomendo fortemente que você não diga meu nome com
esse tom.
— Que tom, Sr. Campbell? — Eu respondi calmamente. Seus
olhos se estreitaram com irritação indisfarçável. Eu me levantei
insegura com minhas mãos ainda enroladas na alça da bolsa.
— Parece que esqueci o chip que permite que você me controle.
— Olhei-o diretamente nos olhos, desafiando-o descaradamente a
dizer mais alguma coisa.
— Certo. Você venceu. Vou para os Estados Unidos e isso é tudo
que você precisa saber.
— Ok, e o que aconteceu esta noite? Aonde você foi?
Seu olhar mudou para o meu rosto com um olhar distinto de
impaciência fria. — O que aconteceu esta noite não teve nada a ver
comigo. Fui encontrar alguém e não parecia adequado para o Coop
saber com quem me encontrei.
— Você está fazendo coisas ilegais? — Ele ergueu a sobrancelha
para isso e eu encolhi os ombros. — Só quero ter certeza.
— Há algo que você gostaria de perguntar, Lauren, ou posso ir?
Meu voo é em uma hora.
Ouvindo a nota aguda de impaciência em sua voz, me esforcei
muito para suprimir a dor que senti por isso. — Posso ir com você?
Ele balançou a cabeça suavemente.
— Pergunte-me algo que seja possível.
— Quanto tempo você vai ficar fora?
— Não tenho certeza. Depende se eu alcançarei meu objetivo a
tempo ou não.
— Você não tem certeza? Então não, você não pode ir. A menos
que você concorde em me levar com você. Você pode me deixar no
hotel e trancar o quarto para que eu não o siga.
Ele pressionou dois dedos na testa e os soltou com um suspiro. —
Lauren, eu não posso, — ele declarou em um tom suave.
— Por favor.
Não sabia por que estava implorando ou por que queria ir com
ele. Eu simplesmente sabia que queria estar com ele. O motivo não
importava.
— Lauren.
— Eu não quero sentir sua falta, ok? — Eu confessei a verdade.
Sentime compelida a contar a ele tudo o que estava sentindo.
A ideia de ficar longe dele me machuca; a ideia de perdê-lo era
totalmente impensável no momento.
Seus olhos brilharam de surpresa. — Lauren.
Eu pressionei meus lábios antes de falar com uma voz abatida, —
Esqueça. Deixe-me fazer minhas malas e ir para a casa de Beth.
Divirta-se nos Estados Unidos, — declarei, enquanto me movia para
passar por ele.
— Lauren. — A faísca naqueles olhos cinza foi cativante, e ele me
surpreendeu de repente pegando meus braços e me puxando contra
o peito.
— O que?
Ele me segurou perto, meu corpo esguio pressionado contra o
comprimento total de seu corpo duro e musculoso. Seu olhar varreu
dos meus olhos brilhantes para a minha boca, franzido de
nervosismo.
— Eu não vou abandonar você, — ele continuou, um pouco mais
suavemente. — Eu voltarei em breve.
Eu não conseguia pensar direito e o encarei impotente.
Ele parecia diferente agora, quase triste. Quase como se ir embora
por alguns dias não fosse algo que ele quisesse, mas fosse obrigado.
Foda-se os sentimentos que eu estava sentindo.
Era ridículo sentir que o estava perdendo ou algo assim. Mas eu
temia não poder vê-lo novamente, que ele me deixasse assim como
minha mãe me deixou.
Meus olhos ardiam com lágrimas de amarga decepção; Eu
pisquei e olhei para baixo. Ele cuidadosamente deslizou dois dedos
sob meu queixo e inclinou meu rosto para ele.
Uma emoção crua estava piscando em seus olhos, quase como se
ele pudesse ler minha mente.
Eu não queria me sentir assim.
— Ouvi dizer que as americanas são gostosas e atraentes, — eu
disse brincando, mas de forma mais séria. — Você podia odiar as
mulheres antes, mas eu mudei você. Você está amolecendo.
Ele sorriu diabolicamente. — Eu acho que prefiro a britânica
irritante, — ele disse lentamente enquanto me soltava para fechar o
zíper de sua última bolsa, pegando-a de sua cama e segurando-a em
suas mãos.
Meu coração batia de forma irregular e, por um momento insano,
não consegui decidir se era por seus olhos ou pelo puro poder de
suas palavras.
— Muito engraçado, Mason. — Eu o segui para fora da sala,
fechando a porta atrás de mim. — Mas, sério, divirta-se nos Estados
Unidos. — Sorrindo para mim mesma, caminhamos pelo corredor.
Mason parou na escada e se virou para mim com um sorriso fino
brincando no canto dos lábios. — Alguns dias sem você me
importunar? Claro que eu vou.
Eu olhei profundamente para ele.
— Ah, você está morrendo de vontade de me levar com você, não
é? — Revirei os olhos exasperada e, girando sobre os calcanhares,
comecei a descer a escada, ouvindo seus próprios passos atrás de
mim.
Sua risada foi a última coisa que ecoou.
Capítulo 36

Três dias.
Nada.
Nem sinal.
Ele tinha saído há três dias e não eu havia recebido nenhuma
notícia dele.
Era angustiante a preocupação constante se ele estava bem, o que
estava fazendo no momento e se estava pensando em mim como eu
estava pensando obsessivamente nele.
Seu celular estava desligado.
Como se ele estivesse rindo cruelmente quando desligou, suas
veias pulsando com adrenalina quando ele pensou no que eu iria
passar quando eu ligasse para seu número e o ouvisse caindo na
caixa postal.
Eu estava quase enlouquecendo.
Gritar ajudou no início, mas então cheguei ao ponto que eu
queria explodir em lágrimas e gritar ao mesmo tempo, mas a pessoa
para quem eu precisava desabafar não estava ali para ver, e se ele
estivesse, eu não tinha certeza se teria feito isso.
O edredom foi arrancado de mim e meus olhos de repente se
encontraram com a luz do sol brilhante que quase me cegou se eu
não tivesse fechado os olhos rapidamente.
Um gemido frustrado deixou meus lábios quando a paz que eu
queria de repente foi tirada de mim pela única pessoa que eu
conhecia.
— Levanta.
Eu gemi pela segunda vez, rolando para ficar de frente para o
outro lado enquanto empurrava um travesseiro no meu rosto,
tentando bloquear sua voz.
— Não, — eu respondi, certificando-me de arrastar a palavra
enquanto afundava meus pés nos lençóis.
Beth não desistia fácil.
— Estou falando sério. Levanta, — ela insistiu, desta vez tirando
a única coisa que estava me ajudando a manter a luz do sol longe do
meu rosto: meu travesseiro.
Rolando de costas, meus olhos já estavam sobre ela, abertos e
vazios com bolsas sob eles, meu rosto inteiro pintado de miséria e
dor.
A dor em meu peito era quase insuportável e minha cabeça
estava inundada com pensamentos que lamentavam, as memórias
girando tão rápido que eu não pude evitar.
— Eu não posso.
Beth plantou os punhos nos quadris com uma expressão confusa
no rosto.
— O que você tem de errado? — ela perguntou.
— Um homem, — respondi severamente. Um homem com quem
eu não falava há três dias. Não deveria me incomodar muito, mas
incomodou.
Aquele idiota arrogante provavelmente estava curtindo a
América e me deixando chorar por ele, e foi tão estúpido porque
havia passado apenas três dias.
Como poderia sentir falta dele logo depois de três dias?
— Ah, sério? Eu não sabia que era um homem, — ela disse
sarcasticamente, revirando os olhos sobre a cabeça.
— Sarcasmo não combina com você tão cedo, Bethany.
— Ficar pra baixo não combina com você também.
Tentei despertar do meu humor reflexivo, mas falhei
miseravelmente, respondendo rapidamente: — Deixe-me em paz.
Estou de luto. — Virando-me e segurando um travesseiro com força
contra o peito, senti outra pontada de dor no peito.
— Por que é que você está sofrendo? — Beth questionou à beira
de uma risada.
Forçando uma nota jovial em minha voz, repeti: — Por um
homem. — Eu sabia que isso irritaria Beth. O que ela merecia por ser
chata às nove da manhã.
E talvez eu estivesse chateada com ela por não me pressionar a
não me casar com Mason. pensei, enquanto olhava para a parede do
meu antigo quarto.
Ou talvez, letras em negrito que me alertaram para não ficar
confortável ou captar quaisquer sentimentos indesejados.
Mas agora, eu tinha chegado a um ponto, admiti.
Eu não poderia passar um dia inteiro sem pensar nele ou querer
falar com ele... mesmo que fosse apenas para ouvi-lo ser rude, e esse
desejo estava queimando tão ferozmente dentro de mim que era
insuportável.
— Se você disser isso mais uma vez, vou ensopá-la com água
gelada.
Eu enfrentei Beth novamente para vê-la levantar uma sobrancelha
quando comecei a agraciá-la com um sorriso largo e doce. — Faça
isso, — eu permiti, tentando soar animada, mas eu não conseguia
encontrar em mim mesmo para fingir uma emoção. — Eu posso
aguentar qualquer coisa agora. Não há nada que possa me
machucar.
Eu conhecia todos os tipos de dor quando conheci Mason, e
ninguém tinha infligido dor aguda em mim mais do que ele, seja
internacionalmente ou não, seja por um motivo ridículo ou por nada.
— Ugh, levante-se de uma vez e enfrente o mundo. — Ela me
bateu com o travesseiro que tirou da cama.
— Volte para o seu trabalho antes que eu ligue para sua chefe e
diga a ela que você está mentindo sobre estar doente.
Tirar alguns dias de folga para me recompor provou ser a pior
decisão que já tomei, já que tudo que fiz nos últimos dois dias foi
tomar banho, comer e pensar no marido de quem tanto sentia falta.
Eu deveria estar por aí, me distraindo de qualquer coisa, mas não
queria me confinar em um escritório onde estou constantemente me
lembrando dos desentendimentos que tive com Mason na Indústria
Campbell.
O local de trabalho foi o nascimento de nosso relacionamento.
Qualquer escritório, qualquer empresa continuava me lembrando
de Mason Campbell.
E realmente, eu estava lutando com uma emoção que podia
sentir, mas não entender.
— Eu não posso fazer nada.
Sem entusiasmo, meu olhar vagou ao redor da sala, parando
abruptamente quando avistei meu cardigã preto no braço da cadeira,
e quase gemi quando a cor me lembrou de Mason e o quanto ele
adorava usar camisas pretas em casa.
Eu costumava provocá-lo dizendo que as pessoas vestem suas
roupas como vestem sua alma. Ele me lançou um olhar que me fez
rir.
Agora, por que tive que pensar nessa memória específica?
Beth olhou para mim e um olhar de espanto e descrença cruzou
seu rosto expressivo.
— Ele não partiu seu coração, cacete. Pare de agir como se fosse o
fim do mundo porque seu marido está fora por alguns dias.
— Você diz que são alguns dias, mas parece uma vida inteira
para mim. Tudo me lembra dele... até sua voz me lembra dele.
— Você está dizendo que tenho uma voz masculina?
Seu grito baixo arrancou uma risada relutante de mim e,
balançando a cabeça, expliquei: — Não, mas suas vozes são irritantes
às vezes. — Um brilho apareceu em meus olhos e acrescentei: —
Veja, você finalmente tem algo em comum com ele.
Um sorriso malicioso enfeitou seus lábios. — Além de querer
bater em você de vez em quando?
Eu finalmente sentei e plantei minhas pernas no chão. — É difícil,
amiga, muito difícil.
Quando Beth se sentou ao meu lado e me lançou um olhar
estranho, perguntei: — O que é esse olhar?
— Eu sei qual é o seu problema. Amor, amor.
Com um rosto sorridente e olhos brilhantes, ela considerou a
situação em que me senti no caso de amor. Bem desse jeito.
E meus olhos estavam enormes enquanto eu olhava para ela,
perplexa, e quase me inclinei e ri até não poder mais, mas ficou preso
na minha garganta.
— O quê? — Eu perguntei a ela sem fôlego.
Amor?
Ela realmente achava que eu amava Mason?
— Não seja idiota. Eu não o amo se é isso que você pensa que isso
é.
— Ele é meu amigo. — Levantei-me abruptamente com a
necessidade de me afastar dela, a necessidade de entrar ar em meus
pulmões e senti-lo em meu rosto para evitar o suor que estava
prestes a se formar em meu rosto.
Beth não pareceu gostar da resposta ou realmente não acreditou
nela.
— Você se sente assim com relação a todos os seus amigos? — A
menor sugestão de um sorriso malicioso permaneceu em seus lábios
enquanto ela esperava por uma resposta... ou o que ela consideraria
uma mentira, porque o que eu sempre fazia quando se tratava de
Mason era mentir... de acordo com ela.
— Claro! — Eu atirei de volta, enervada por sua pergunta e pelas
que estavam na ponta de seus lábios, prontos para serem
desencadeados e trazerem o caos para minha cabeça.
— Então, você ligaria dizendo que estava doente no trabalho, se
trancaria no quarto e pensaria em mim se eu fosse embora por
alguns dias?
Minhas bochechas coraram, meu coração martelou no meu peito,
mas eu não era ninguém para aceitar a derrota. Mesmo quando
minha voz ficou um pouco aguda, eu ainda parecia estar confiante.
— Ah. claro... Eu te amo e você é minha melhor amiga. Eu
sentiria sua falta loucamente.
Fiz aquela coisa de enrolar uma mecha de cabelo e evitar
qualquer contato visual, mas achei que tinha superado isso há cinco
anos.
— O suficiente para agir assim?
— S... sim. — Eu balancei a cabeça, então lancei um olhar
profundo para ela enquanto balançava meus braços ao redor. —
Beth, pare de me interrogar pelo amor de deus. Eu preciso ir tomar
banho!
— Me deixe em paz! — Eu gritei, marchando direto para o
banheiro e batendo a porta. Encostei-me na porta e fechei os olhos.
Que droga!
Uma hora depois, após o banho, decidi comer algo antes de
voltar para o meu quarto.
Quando saí da sala, não pude ver Beth, mas pude ver o prato de
panquecas que ela havia deixado para mim.
Com o estômago roncando, me aproximei da mesa e parei.
Olhando para o prato, escrito com calda foi uma palavra que
quase fez a veia na minha testa estourar e a descrença gravada no
meu rosto, combinada com frustração e medo.
Amor.
Inclinando minha cabeça, peguei um garfo e passei a esfaquear as
panquecas, tentando apagar a palavra até que a mesa e o chão
fossem assaltados por pedaços de panquecas, mas a palavra ainda
estava gravada em minha mente.
Minha fome havia passado.
Enquanto eu estava deitada no sofá, assistindo TV e mal
prestando atenção, Beth passou por mim, sussurrando: — Amor, —
antes de ir para seu quarto, e eu olhei para ela recuando.
Saindo do banheiro após fazer xixi, parei de repente quando vi
minhas roupas arrumadas de uma forma estranha no chão, e
demorei menos de alguns minutos para perceber o que realmente
estava na minha frente que me fazia querer soltar um grito.
Beth tinha feito de novo.
Amor.
Eu estava prestes a eliminar Beth da existência.
Escrito na geladeira com um marcador estava a palavra
novamente, e mais uma vez, ela não estava em lugar nenhum.
Era como se ela tivesse a missão de me deixar louca e eu
realmente pudesse perder a cabeça. Então, decidi dar um passeio.
Coop estava decidido a me seguir, dizendo que era designado
para ficar ao meu lado o tempo todo e, se me deixasse sozinha,
mesmo que por um segundo, perderia o emprego.
E quando eu, brincando, disse que chamaria a polícia se ele
ousasse me seguir, ele riu e não disse mais nada. Ficou muito claro
que a polícia nada faria a respeito.
No início, andando por aí, absorvendo cada detalhe ao meu redor
e respirando o ar fresco, me senti um pouco melhor. As memórias
não me atacaram e meu coração estava batendo suavemente.
Isso foi até que eu vi um casal passar por mim, de mãos dadas e
rindo um com o outro, só então o nó que mantinha minha mente
coesa começou a se desfazer.
Quando eu virei minha cabeça, encontrei outro casal aninhado, e
quando eu desviei o olhar, meus olhos pousaram em outro casal que
estava se beijando.
Aquilo era demais para eu aguentar.
Eu escapei para um café e encontrei a mesa mais próxima, me
jogando sobre ela antes de apoiar meus cotovelos na mesa, correndo
meus dedos pelo meu cabelo enquanto tentava acalmar meu coração
acelerado.
Mason.
Fechei meus olhos, desejando que minha mente se acalmasse.
Coop estava sentado na mesa ao meu lado, me observando
cuidadosamente como se quisesse descobrir o que havia de errado
comigo.
Pedi um café com leite, mas não consegui nem o tocar, apenas
olhando para ele sem pensar, como se fosse um quebra-cabeça que
eu estivesse tentando resolver.
Mas quando minha cabeça levantou imediatamente depois que
uma canção romântica começou a tocar no café, parecia que o
destino estava pregando uma peça em mim e eu saí correndo.
O que diabos estava acontecendo comigo?
Um pânico terrível explodiu dentro de mim, e eu tive que lutar
contra o desejo irresistível de bater minha cabeça contra a parede e
dar à mídia algo sobre o que escrever.
Quase pude ver a manchete: Esposa de bilionário enlouquece.
Isso ficaria bem na capa, e eu também tinha certeza de que faria
Mason voltar correndo aqui para me estrangular.
Uma explosão de risada saiu do meu peito com o pensamento do
leão espreitando perto de mim, seus dentes arreganhados e seus
olhos frios e implacáveis, e de repente sendo convidada para seus
braços enquanto eu esperava por minha punição.
Suspirei.
E então fechei meus olhos.
Capítulo 37

Sentei-me na escuridão quando ouvi o som de uma porta se


fechando.
Eu me deitei e olhei para o teto, mas sabia que nunca seria capaz
de dormir.
Saindo da cama, olhei para o corredor e ouvi passos na parte
inferior da escada, então corri para segui-los.
Aventurei-me pelo corredor, descendo as escadas, outro corredor
onde passei por várias portas fechadas antes de finalmente ver duas
portas de vidro abertas e o ar que soprou no corredor e roçou meu
rosto como uma carícia.
Eu coloquei minha cabeça para fora, onde encontrei Mason perto
da grade, de costas para mim e suas mãos enfiadas dentro de sua
calça de moletom. De todos os lugares que eu esperava que ele
estivesse, este não era um deles.
E nunca pensei que ele tivesse noites sem dormir.
Eu fiquei quieta na porta, não querendo incomodá-lo e deixá-lo
com seus pensamentos por alguns minutos, mas antes que eu
pudesse pensar sobre o que eu diria, ou como me aproximaria dele,
ele se virou com olhos tão frios e mortal olhando para mim.
— Sou só eu, — eu disse, levantando minhas mãos com um
pequeno sorriso.
Seus olhos suavizaram antes de ele se virar, e eu ouvi um convite
silencioso, que eu aceitei enquanto caminhava para ficar ao lado
dele, curtindo o silêncio da noite com apenas a lua e as estrelas
olhando para nós.
— Quer saber uma coisa? — Inclinei-me ainda mais para ele, sem
razão para sussurrar, mas me peguei fazendo isso.
— Estamos praticamente perto agora. — Eu o cutuquei um
pouco, um sorriso brincando em meus lábios enquanto seus olhos
pousaram em mim. — É noite e estamos do lado de fora, observando
as estrelas juntos.
— Isso é um certo nível em nosso relacionamento. Eu diria que
saltamos de 3 para 8.
Esperei pacientemente para ouvir sua resposta, mas ele parecia
determinado a tomar seu tempo. Por fim, ele baixou a cabeça e
beliscou a ponte do nariz. — Não estamos olhando as estrelas. Eu
nunca seria tão extravagante.
O nojo não estava escondido em sua voz e trouxe um largo
sorriso ao meu rosto.
— Ah, é? Então, o que estamos fazendo?
Ele olhou para frente. — Estamos aproveitando a companhia um
do outro. Perdão, — ele disse, suas sobrancelhas se juntando e seus
olhos encontraram os meus novamente.
— Estávamos, porque você é tolerável quando não está com a
boca aberta.
Eu desviei o olhar brevemente. — Você gosta muito de mim, não
é?
Eu mantive meu olhar fixo à frente, mas pelo canto do olho, eu
estava ciente de seus olhos no meu perfil.
— Essas palavras não saíram dos meus lábios.
Eu me virei e cutuquei seu braço com um dedo. — Você gosta de
mim. — Eu já sabia disso, mas queria que ele confessasse. Se ele não
gostasse de mim, eu não estaria ali.
Ele não queria, mas não conseguia se conter.
Ele olhou para mim. — Tudo bem, pare com isso.
Eu balancei minha cabeça. — Não até que você admita que gosta
de mim, Sr. Campbell. Você gosta de me ter por perto. Você gosta
quando eu te irrito, — eu importunei, brincando com o cabelo na
minha orelha.
— Pare com isso. Lauren.
— Mason Campbell, o homem insuportável gosta de mim pouco,
— eu disse com um sorriso malicioso.
— Cale-se.
— Admite.
— Não.
— Tá. — Eu bufei, agarrando-me ao corrimão e levantando
minha perna direita no corrimão antes da outra.
Ele não estava realmente olhando para mim e, se estivesse, teria
me puxado para baixo se soubesse o que eu estava fazendo. Se ele
soubesse que eu estava subindo na grade.
Eu não era estúpida o suficiente para ficar em cima daquilo,
porque eu tinha certeza de que cairia dura, mas já havia escalado as
três grades de proteção antes que ele percebesse.
— O que você está fazendo? — Ele perguntou.
Eu o ignorei e coloquei minhas mãos em volta da minha boca,
gritando na noite tranquila, — MASON CAMPBELL GOSTA DE
MIM!
— Lauren!
— MASON CAMPBELL GOSTA DE LAUREN HART! MASON
CAMPBELL...
— OK! — ele exclamou com pressa, e pude vê-lo olhando para
minhas pernas como se achasse que eu iria escorregar e cair para
frente, levantando sutilmente as mãos como se estivesse pronto para
me segurar se eu o fizesse.
— Desce daí e eu te falo o que você quer ouvir. — Ele conseguiu
soar irritado e preocupado ao mesmo tempo.
Suspirando, eu finalmente acabei com sua miséria e desci. Eu
levantei minhas sobrancelhas, esperando que ele dissesse o que eu
queria ouvir.
— Gosto de você. — Ele deu um meio sorriso para mim com um
calor que reservou apenas para mim.
Mas um clarão logo se seguiu. — Às vezes, mas definitivamente
não agora. Você é insuportável.
Não consegui impedir o calor de fluir através de mim quando me
virei e inclinei minhas costas contra a grade, dando-me uma visão
melhor dele. — O que você está fazendo aqui?
— Não consigo dormir. E você?
— Tem um rato irritante vagando pela casa, abrindo e fechando
portas.
Seus olhos se encontraram intimamente com os meus e minha
respiração ficou presa na garganta com suas palavras. — Eu não
queria te acordar. — Com os olhos arregalados, eu o encarei, incapaz
de me mover até que ele desviou o olhar.
Ele admitiu estar no meu quarto. Eu pensei que ele iria negar.
Mas o que ele estava fazendo lá?
— Bem, você me acordou e eu estou aqui vendo estrelas com
você. — Murmurei um pedido de desculpas rápido, acrescentando:
— Ah, desculpa, estamos aproveitando a companhia um do outro.
Houve um pequeno silêncio antes de eu perguntar: — Posso te
fazer uma pergunta?
— Bem, normalmente, você apenas pergunta.
— Sempre me perguntei: se tivesse escolhido um caminho
diferente, onde estaria agora? Você já pensou nisso? Onde você
estaria se não fosse o bilionário Mason Campbell?
— Eu ainda seria um bilionário, — ele respondeu com
sinceridade, me fazendo rir de novo.
— Ok, bilionário, imagine um mundo onde você não seja isso. —
A alegria dançava em meus olhos com sua expressão confusa. —
Que caminho você teria escolhido?
— Eu teria sido um tatuador, — comentou.
Eu ouvi o tom de piada em sua voz e fiquei em silêncio com o
choque antes de começar a rir.
— Não ria.
— Bem, eu sinto muito. Eu nunca teria imaginado você como um
tatuador. Você gostaria de fazer isso?
Ele deu de ombros, murmurando: — Bem, eu adoraria colocar
uma agulha na pele dos outros.
Novamente, eu ri. — Sádico.
— E você? — ele atirou de volta, parecendo muito interessado na
resposta que eu daria a ele. Eu diria que esta foi a primeira vez hoje
que ele deu toda a sua atenção para mim.
— Bem, eu não sou exatamente uma bilionária, mas eu gostaria
de estar em uma banda de garotas. Eu realmente não sei cantar, mas
queria ser baterista ou guitarrista. A ideia de viajar de cidade em
cidade, de país em país, me entusiasma.
Com uma expressão enigmática no rosto, Mason respondeu: —
Se tudo o que você quer é uma turnê mundial, posso te emprestar
meu avião particular. Você pode ir aonde quiser.
Com o coração batendo rápido, continuei a olhar, hipnotizada
por ele.
Essa foi a coisa mais legal que ele já havia oferecido, e algo em
sua voz fez meu coração continuar batendo de forma alarmante.
Ignorando a boca trêmula do meu estômago, eu disse: —
Ninguém nunca se ofereceu para me emprestar seu avião particular.
Eu sorri.
— Isso é porque você não conhece nenhum outro homem rico
além de mim.
— Senhora, você está bem?
Um toque suave no meu ombro me trouxe de volta do mundo
das memórias, olhando para o olhar preocupado de Coop e olhando
ao redor para perceber que eu estava sonhando acordada no meio da
rua.
Quase me chutei por cair profundamente na memória de que
estava ausente da realidade.
Imagens de Mason continuaram invadindo minha mente, não
importa o quanto eu lutava contra elas.
Só de lembrar como era ser tocada por ele, falar com ele e vê-lo
sorrir para mim me faria reagir descontroladamente, e em meros
segundos eu sentiria vontade de entrar em combustão.
Por que continuo pensando nele?
Por que memórias específicas continuam piscando em minha
mente como se fossem mensagens codificadas que só eu seria capaz
de decifrar?
Tentei desesperadamente não pensar em todos aqueles bons
momentos que tive com ele, nos quais me senti confortável e segura
com ele, mas apesar de todas as minhas boas resoluções, as
memórias se recusavam a ir embora.
Na verdade, se tornaram mais poderosas e insistentes, até que eu
estava quase no estado de perder a cabeça, queimando com
perguntas para as quais não tinha as respostas.
Fiquei me revirando a noite toda na cama, até que eu não
aguentava mais e saí do quarto, me esgueirando para o de Beth e
encontrando-a dormindo profundamente na cama.
Arrastei-me para a cama dela e encarei a parede, desejando
adormecer.
Braços suaves envolveram meu corpo e me puxaram contra o
peito. Segurei a mão de Beth que estava presa ao meu redor.
— Não é o fim do mundo, — eu a ouvi murmurar baixinho.
Eu queria me virar e perguntar a ela o que ela quis dizer com
aquela afirmação, mas decidi deixar pra lá, segurando seu braço e
expirando pelo meu nariz.
E quando consegui adormecer, não ouvi Beth falar de novo, as
palavras que foram proferidas baixinho e com confiança que se eu
estivesse acordado, teria ficado paralisada.
— Você ama ele.
Capítulo 38

Eu estava tentando fingir que estava sozinha na sala.


Mas eu não estava.
Sentado à minha frente, atrás de sua mesa, estava Mason, absorto
em seu trabalho enquanto eu me sentava em seu sofá com as pernas
dobradas debaixo de mim, segurando alguns papéis no meu colo
que eu deveria examinar, que exigiam toda a minha atenção.
Fiquei olhando para ele, analisando-o e às vezes, um olhar era
retribuído, intenso, mas totalmente desprovido de emoção.
Eu ficava nervosa e rapidamente olhava para baixo, desejando
nunca ter ido para a biblioteca, desejando que ele tivesse acabado de
trabalhar em seu escritório, mesmo que eu não tivesse gostado.
Já estávamos ali há uma hora e, no entanto, ninguém disse nada,
e eu ainda não tinha conseguido digerir uma única palavra dos
papéis que deveria ler.
Era impossível me concentrar na mesma sala com Mason, me
perguntando se ele estava me olhando como eu o estava olhando, e
eu estava muito nervosa para olhar para cima e descobrir.
Ele já tinha me pego duas vezes e a terceira vez iria ganhar
algumas reclamações dele.
Mesmo sem olhar para ele, pude sentir sua presença me
dominando, trabalhando estranhamente em meus sentidos, e o
menor ruído me fazia estremecer e meu coração disparava.
O que eu daria para acabar com aquela tortura.
E eu não poderia exatamente me levantar e sair sem ele exigindo
saber o motivo, e eu não poderia simplesmente ficar lá e mentir sem
que ele percebesse.
Por outro lado, poderia ser tão difícil se concentrar comigo lá?
Não. Mesmo se eu ficasse sentada nua, nada aconteceria com ele.
Sua voz cortou minha cabeça e se estabeleceu bem em meus
ouvidos. — Seu chefe sabe que você passa mais tempo na cabeça do
que no trabalho?
— Ela é a melhor chefe com a qual já trabalhei, — respondi com
um pouco de vergonha estampada no rosto, mas agi bem porque
não era visível para ele.
Falava com franqueza, mas também servia para irritá-lo.
— Se você pensa assim, ela não é uma boa chefe, — afirmou ele,
recostando-se na cadeira enquanto seus dedos roçavam levemente
seu lábio inferior mais cheio, e a outra mão girava sua caneta sobre a
mesa.
O que sua voz não revelou, seus olhos revelaram. Eles pareciam
estar rindo de mim e me desafiando a ceder aos sentimentos.
Mason continuou calmamente, com a cabeça ligeiramente
inclinada para baixo para fitar intensamente a caneta.
— Qualquer chefe que faça seus funcionários se sentirem
confortáveis o suficiente para esquecer o que eles são pagos para
fazer não os torna um bom chefe. Mas quando você tem medo do
seu chefe, você não perde tempo pensando. Você nem pensa em
nada além da tarefa em mãos... Esse é um chefe fantástico.
Um leve sorriso persistiu em seus lábios quando seus olhos
encontraram os meus.
— Você só está dizendo isso porque não acho que você seja o
melhor chefe que já tive, — retruquei com uma risada, balançando a
cabeça com o absurdo de suas palavras.
Não mencionei exatamente como ele foi a melhor e a pior coisa
que já me aconteceu.
Pior, porque ele sempre se esforçou para me rebaixar das piores
formas possíveis, e melhor, porque eu vim a saber o que realmente
significava ser feliz, acordar e ansiar pelo dia porque havia apenas
aquela pessoa que sempre me fazia sorrir ou rir.
— Eu não me importo em ser o melhor ou em atingir o seu
melhor, considerando que você era apenas uma assistente. Sua
opinião sobre o trabalho ou quem é o melhor chefe não tem valor
para mim.
Comecei a lembrá-lo de uma coisa muito importante que se
interpunha entre nós. Não que ele precisasse disso. — Mas agora, eu
sou sua esposa.
Suas sobrancelhas se ergueram bruscamente. — Você com certeza
adora jogar isso na minha cara. Ser minha esposa é uma grande
conquista, Lauren?
Tive que sorrir, com a certeza de que nunca me preocupei com
seu status ou dinheiro. — Você saberia a resposta para isso, não é,
Mason?
— Já que você adora jogar na minha cara quantas mulheres
matariam para ser sua esposa, ou quão poderoso e rico você é.
— Você com certeza adora fazer soar como se fosse uma
conquista. — Mas o sorriso não durou.
— Mas você não reclama, não é?
O tom melancólico na voz de Mason me irritou.
Claro, eu não reclamava e não tinha o direito porque estava
ajudando meu pai e ele sabia disso.
Minha garganta se apertou, mas não perdi a compostura. — Você
não gosta tanto de me lembrar por que não reclamo. — O sorriso
estava de volta; amplo e mais brilhante, mais falso do que real.
Sua voz se aprofundou de repente. — E nós dois sabemos por
quê.
— Esta foi uma conversa adorável. — Eu estava de pé,
recolhendo os papéis em minhas mãos, tentando sair da biblioteca
antes que fosse forçada a gritar com ele.
Mas retirei minha mão com um estremecimento quando senti
uma dor aguda e, para meu horror, descobri que minha palma
estava sangrando.
Eu estremeci porque estava começando a doer, e Mason estava ao
meu lado antes mesmo que eu registrasse ele se movendo.
— O que foi?
— Corte minha mão com um alfinete, só isso. — Esqueci que os
tinha enterrado debaixo dos papéis.
Ele estava observando meu rosto, então tentei ignorar aquilo
como se não fosse nada de mais e dei um pequeno sorriso para ele,
mas a dor era real.
Cortes pequenos doem mais do que cortes grandes, percebi, e
continuava latejando e causando mais dor.
— Você está sangrando? — Foi mais uma afirmação do que uma
pergunta.
— Está tudo bem.
— Você está sangrando.
— Mason, não foi nada. — Mas ele estava se afastando de mim e
remexendo em sua mesa, abrindo e fechando gavetas. — O que você
está procurando?
— Kit de primeiros socorros.
— É um pequeno corte.
— E daí? — Ele deve ter visto algo interessante em uma gaveta e
trouxe de volta com ele. — Só não quero que você se lamente por
horas. Deixe-me ver.
Seu tom era um pouco mais suave do que o normal e fiquei
surpresa com a preocupação em sua voz.
A única pessoa que se preocupou com meus ferimentos foi meu
pai. Ele tratou todas as minhas feridas e dava um beijinho para sarar.
E agora, Mason estava prestes a fazer isso. Ele queria me fazer sentir
melhor.
A pergunta é: ele daria um beijinho para sarar?
— Lauren.
Eu olhei para ele, encontrei seu olhar severo e senti meu coração
disparar um pouco.
— Me dê a mão, Lauren. Deixe-me cuidar de você.
E suas palavras me deixaram sem fôlego, me deixaram tonta, e eu
odiava o quão paralisada eu estava no momento, o quão insegura eu
desejei que sua voz tivesse soado, mas ele foi sincero.
Não havia nenhum brilho malicioso em seus olhos e na maneira
como ele estava me olhando, silenciosamente esperando que eu
confiasse nele.
Confiar.
Eu confiava nele.
Minha resposta veio com um leve aceno de cabeça, e eu só pude
olhar para ele quando ele procurou no kit e ouvi o som distinto de
lenços desinfetantes envolvendo e lágrimas, e pude sentir seu hálito
quente em meu rosto, muito perto.
— Você está bem?
Revirei os olhos porque podia perceber que ele estava se
divertindo por trás daquilo. — É apenas um pequeno corte, Mason.
Não estou prestes a chorar. Sério, eu já sou uma garota crescida.
Ele deu uma risadinha. — Bem, estou feliz que você saiba disso.
E então ele estava segurando minha mão, seu frio contra meu
calor, esfregando suavemente em mim, e doeu um pouco, mas seu
toque era tão suave e o jeito que ele foi gentil comigo.
Quando ele olhou para cima, de repente, parecia muito real. Seus
olhos pareciam diferentes, mais escuros.
— Pronto. — Seus dedos estavam surpreendentemente quentes
agora quando ele prendeu uma bandagem e eu mordi o interior da
minha bochecha quando ele terminou. — Você está bem?
A expressão em seu rosto era intensa; sempre era porque estamos
falando do Mason, mas estava intensa de uma maneira diferente. Eu
balancei a cabeça e ele soltou minha mão e voltou para sua mesa.
E eu fiquei olhando com uma expressão tensa no rosto, me
perguntando por que esse lado dele mal sai e me perguntando por
que ele cuidou de mim da mesma forma que meu pai tinha feito
muitas vezes.
Eu não pude deixar de me perguntar por que esse ato de
bondade dele estava colocando um ponto de interrogação em minha
vida.
Ele me confundiu.
Ele me fazia questionar tudo sobre mim, sobre ele.
Eu não estava acostumada a beber.
Mas eu costumava tomar dois copos de Bourbon sempre que
estava de bom humor, ou três doses de vodka, sentar no chão e jogar
com Beth, e quando encontrávamos Athena, brincávamos com ela.
Foi um sinal de alerta perceber que eu estava bebendo no
momento em que a maioria das pessoas estavam trabalhando ou
apenas acordando do sono.
Quantas pessoas se sentavam em sua mesa com uma garrafa de
uísque barata, olhando pela janela e contando os momentos em que
o álcool finalmente faria efeito para que a única coisa com que você
se importasse era por que havia um dedo a mais em suas mãos?
Certamente sem contar quantos dias se passaram; que foi
exatamente oito dias.
O propósito de sentar e beber o quanto quisesse era para que eu
não tivesse que me preocupar com nada. Qualquer coisa que
signifique memórias indesejadas que estavam me atacando há dias.
E eu finalmente descobri.
Ou quase.
Cheguei à conclusão de que nunca teria as respostas de que
precisava sozinha. E um triste copo de uísque não ajudava muito.
Isso é o que ganho por comprar uísque barato.
— Esqueceu de chamar a gente pra festa? — Virei minha cabeça
na direção da voz e encontrei Beth e Athena paradas atrás de mim.
— Oi, amiga.
— Você está bem? — Foi Athena quem perguntou, empurrando
uma cadeira para sentar-se nela, e Beth simplesmente estava com a
mão no braço da cadeira de Athena, vestindo um roupão de banho, o
cabelo molhado e os olhos brilhando.
— O que acha? — Eu rebati, tomando um grande gole do meu
copo. Foi o suficiente para arrancar uma risada de Beth e uma cara
de preocupação de Athena.
Não achei que esta última soubesse o que estava acontecendo, ou
talvez Beth tivesse contado tudo a ela. Eu não ficaria surpresa.
— Ah, sim, esqueci de dizer que ela fica mal-humorada. É meio
difícil viver com ela agora e nunca pensei que diria isso, mas, por
favor, saia.
— O que está acontecendo aqui? Sua mensagem não explicava
exatamente a situação.
Descruzei as pernas e me virei para olhar para as duas.
— Eu acho que estou na merda? — Tentei dizer, mas saiu como
uma pergunta.
Nem Beth nem Athena pareceram preocupadas, e eu não pensei
exatamente que elas ficariam tão surpresas.
— Puxa vida.
Os olhos de Athena se voltaram para Beth e depois para mim,
soltando um suspiro. — O que? O que você quer dizer?
Mas mantive meus lábios bem fechados, de repente percebendo
que era tão difícil dizer isso, considerando que eu ainda estava
tentando muito entrar em acordo com isso. Ou acredite, por falar
nisso.
Athena olhou para Beth então, e Beth suspirou, inclinando-se no
braço de sua cadeira. — Lembra do que a gente combinou. Aquilo
que a gente falou. — ela disse, adicionando um pouco de
entusiasmo.
— Você me deve duzentas libras. Eu disse que aconteceria de
dois a cinco meses.
A surpresa brilhou em meus olhos e perguntei incrédula: —
Vocês duas apostaram em mim? — E como eu não sabia disso? Ah,
faz sentido.
Beth e Athena estavam passando mais tempo juntas do que eu
imaginava, e por elas apostarem em meu relacionamento com
Mason, eu queria dar um soco na cara delas.
Beth olhou para mim e eu olhei de volta, e havia risos em seus
olhos. — Que tipo de amigas seríamos se não o fizéssemos?
E realmente, em toda essa confusão em que me encontrei, a única
coisa que eu nunca quis foi que Beth estivesse certa. Ela sempre quis
isso. Athena também.
Elas achavam que aquilo era fácil para mim?
— Sabia que não deveria durar sete meses, — Athena comentou,
olhando diretamente para Beth. — Mas, em minha defesa, não sabia
que ela era tão fraca.
— Eu disse que ela era fraca. Ninguém olha para ele e não fica
fraco. Veja, minhas pernas estão ficando bambas só de pensar nele.
— Já terminaram? — Eu perguntei com a testa franzida, mas elas
apenas me ignoraram e riram como se estivessem desfrutando de
uma conversa particular em suas cabeças.
— Mas, caramba, você sabe o que isso significa?
— Que ela está fodida?
— E muito. Quero dizer, Beth, ela não poderia ter se apaixonado
por alguém mais fácil?
Isso, pelo menos, foi o suficiente para me fazer rir, alguma coisa
que fazia sentido. Isso era o que eu estava dizendo a mim mesma
desde o momento em que fiz os votos com Mason. Eu não poderia
ter me casado com alguém mais tranquilo?
Isso tornaria as coisas muito mais fáceis para mim, toda uma dor
de cabeça tirada de mim, mas infelizmente, o homem com quem eu
era casada era impossível.
Ele era ótimo, mas definitivamente uma dor de cabeça gigante.
— Onde está a diversão nisso? — Beth respondeu, gesticulando
vagamente. — Espere, na verdade, isso é meio engraçado. Não para
ela, mas para nós. Imagine o drama que se desenrolaria.
— Este é o melhor filme que já esteve em cartaz.
Eu olhei para as duas, gritando: — Estou bem aqui! — No caso
delas quererem parar de fingir que eu não estava na sala.
Como se eu não tivesse chamado as duas para resolver meu
problema, mas, em vez disso, elas quisessem se divertir com isso.
Quer dizer, eu não poderia culpá-las. Se fosse qualquer uma delas,
eu estaria rindo pra caramba.
— Porra, sim! — Athena exclamou com uma risada, atirando seu
braço para frente para pegar a garrafa de uísque antes que eu me
afogasse nela.
Ela a colocou no chão, fora do meu alcance e eu lancei um olhar
rápido para ela, mas ela estava olhando para Beth. — Você sabe o
que é uma merda? Que nem mesmo veremos tudo se desenrolar.
— Ouviriamos apenas fragmentos.
— Pelo menos saberiamos o final.
— Oooh, você quer apostar nisso?
— Sim!
— Digamos, quinhentos? — ela sugeriu.
Beth gemeu. — Deus, Athena, não sou tão rica quanto você. Que
tal trezentos?
— Fechado. Vamos discutir a aposta em um lugar seguro onde
ela não possa nos ouvir. Ela é sua melhor amiga, então ela pode
fazer você vencer.
— Vocês já terminaram? Nenhuma aposta vai acontecer, ok? Eu
nunca disse que amo Mason!
Foi o suficiente para impedi-las de dizer mais alguma coisa,
olharam para mim e depois uma para a outra.
Eu não fingiria não ver a conversa obviamente profunda e não-
verbal que o par estava tendo com suas sobrancelhas e suas bocas se
movendo rapidamente. Foi honestamente rude!
Desde quando elas podiam ler a mente uma da outra?
Finalmente, Beth desabou. — Ah, querida, nós não mencionamos
nomes. Não estávamos falando sobre você. Estávamos conversando
sobre os vizinhos de Athena, certo? — Ela perguntou à Athena, mas
seu olhar estava em mim.
Athena concordou com a cabeça. — Claro. Jaime e Karen são
outra coisa. Desculpe, o que você estava dizendo antes?
Meu rosto ficou nublado, rápido como qualquer coisa e cerrei os
dentes.
— Eu odeio vocês, — eu disse a elas, escorregando da mesa e
caminhando até a sala de estar, onde me joguei no sofá e gritei em
um travesseiro.
Quando levantei minha cabeça depois que meu peito parecia
menos pesado, as meninas estavam olhando para mim como se eu
tivesse duas cabeças crescidas.
Minha voz ficou baixa. — Isso não é engraçado, pessoal. Estou a
segundos de bater com um taco na cara de vocês. — Beth soltou uma
risada, olhando para Athena, que apenas jogou as mãos para o alto.
— O que você quer que digamos? Beth me contou que você está
trancada em seu quarto, deprimida porque Mason está longe, e
continua negando que o ama e é tão óbvio que o ama.
— Por que você não pode simplesmente dizer isso?
Beth jogou as mãos para cima, dramaticamente, no ar. —
Obrigada!
Fiquei olhando para minha bebida, sentindo muito calor e muito
frio, muito rubor e, estranhamente, desesperada. Uma parte de mim
só queria se levantar e sair, queria correr.
Eu empurrei meu rosto para baixo até que minha testa bateu
contra o meu copo.
— Já é tarde demais, não acha? Você o ama, Lauren. Diga.
Capítulo 39*

Eu planejei contar tudo a elas.


No entanto, as palavras ainda não saíram da minha boca, mesmo
quando minhas amigas olharam para mim com encorajamento.
Eu estava perfeitamente contente com minha própria negação por
enquanto.
Eu precisava de mais tempo. E então eu poderia olhar para o
problema no olho.
Agora, enrolada no sofá com minhas duas melhores amigas
oferecendo seu apoio, na ponta da minha língua estavam as palavras
que todas queriam ouvir.
Em vez disso, engoli e continuei dizendo a mim mesma que
estava guardando essa discussão para quando eu fosse capaz de
reunir meu juízo e bravura, mas meio que não aconteceu.
— Eu estou assustada.
— Mas você sente isso, não é? — Beth perguntou
preguiçosamente. Athena parecia prestes a perguntar a mesma coisa.
Emitindo um som estrangulado, a meio caminho entre uma
risada e uma bufada, eu me virei para elas, incrédula, — Vocês não
conhecem o Mason? Acham que isso é fácil para mim? Vocês sabem
como ele é. Ele não me ama e acho que nunca me amaria. Eu
simplesmente ignoro o que sinto por ele? Eu simplesmente vou
embora quando chegar a hora?
— Alguém uma vez me perguntou se eu seria capaz, e a verdade
é que não posso. Eu não acho que posso, Athena.
Quando terminei de falar, uma imobilidade caiu sobre mim.
Nunca senti esse tipo de emoção poderosa, ou me senti tão confusa e
simplesmente triste.
Ela continuou a me olhar com um sorriso encorajador e gentil.
— Mason não é o homem mais fácil do mundo e não posso dizer
que você tenha sorte. Posso até dizer que é lamentável.
— Mas do que você tem tanto medo? De ser rejeitada? Se liga,
não é o fim do mundo se ele te rejeitar. A rejeição faz parte da vida.
Alguns segundos se passaram, nos quais tudo que eu podia ouvir
era a palavra rejeição ricocheteando em minha cabeça, antes que as
palavras de Athena fossem registradas na periferia de minha mente
esgotada.
Rejeição
Havia uma chance de 99,9 por cento de rejeição, e era por isso
que eu não me permitia dizer o que estava confessando, porque
dizer em voz alta significava que era real.
Isso significava que eu tinha que me preparar para ter meu
coração partido.
— Mas você sempre pode dizer não, Laurie, — Beth murmurou.
— Você pode esconder isso dele e ir embora, mas aonde isso te
levaria? Lugar algum.
— É melhor dizer a ele e enfrentar a rejeição do que viver sua
vida imaginando se ele a amaria de volta.
— Ele não faria isso.
— Como você sabe? — Ela pressionou.
— Porque eu conheço Mason. Estamos progredindo tão bem.
Você não acha que tudo será arruinado se eu confessar meus
sentimentos a ele?
— O homem teve seu coração e sua confiança quebrados pelas
últimas pessoas que esperava. Isso o mudou completamente. Você
acha que ele abriria seu coração para mim?
Athena sorriu e disse em um tom racional: — Mas eu acho que ele
já fez isso. Você acha que ele é o mesmo homem em comparação com
quando você o conheceu?
Claro que não. — Não.
Ela não deixou de esconder seu sorriso, enquanto Beth olhava
com um sorriso meloso. — Viu. Se você o tiver mudado um pouco,
há uma chance no futuro de ele retribuir seus sentimentos, Lauren.
Eu balancei minha cabeça quando finalmente reuni energia
suficiente para admitir: — A ideia de contar a ele sobre meus
sentimentos me apavora, — expliquei, soltando um suspiro quente.
— Até o pensamento disso me assusta também, e eu nem seria a
única sentindo isso, — Beth compartilhou. — Sinceramente, ele é
meio cuzão às vezes.
— Às vezes? Acho que quis dizer todos os dias.
Foi Athena quem falou desta vez: — Mas você deixou de lado a
atitude dele e se apaixonou por ele. Como isso é possível?
— Eu ia dizer o poder de um bom pau, mas não acho que Lauren
tenha visto ainda, então, neste caso, vou dizer o poder de um corpo
lindo. — Beth piscou para mim, me fazendo olhar para ela com
bochechas coradas.
— Vocês dois se beijaram?
— Não. — Eu não percebi o quão rápido elas mudaram de
direção, de me perguntar sobre meus sentimentos para me
perguntar se nós nos agarramos ou transamos. Perguntas que eu não
queria responder.
Não porque estava envergonhada, mas porque estava sendo
lembrado daquelas vezes que Mason e eu quase nos beijamos, os
momentos quentes que nos colocaram em chamas. Eu não contaria a
elas sobre esses momentos.
Eram meus apenas.
Athena engasgou. — Que inferno. O que foi?
— Droga. — Beth assobiou, saudando-me. — Laurie acabou de
provar para as pessoas que você pode se apaixonar por alguém sem
beijar ou transar. Respeito muito esse tipo de amor.
Eu revirei meus olhos.
— Eu diria para me ensinar como você fez isso, mas não tenho
esse tipo de autocontrole.
Athena me olhou fixamente. — Então?
Ela queria saber. Ela queria que eu confessasse.
Por um momento, eu queria ignorá-la porque não tinha nada a
dizer. Eu já tinha dito o suficiente. Eu não queria perceber. E, no
entanto, tudo estava tão claro: tinha sido desde o início.
Essa percepção veio a mim como uma escavadeira derrubando
um prédio.
— Eu amo ele.
Eu tinha me apaixonado total e inesperadamente por Mason
Campbell.
No meu coração. Na minha cabeça. Bem na boca do estômago, eu
sentia isso por toda parte.
Mason Campbell segurava meu destino em suas mãos porque eu
o amava. Ele, sem saber, exercia um grande poder sobre mim - um
poder que eu não admitia para ele, um poder que eu odiava.
Eu não sabia se ria ou se desatava a chorar.
— E isso, amiga! — Beth exclamou de alegria.
— Lembra quando ela tinha tanta certeza de que não se
apaixonaria por ele? Como você se sente agora, Lauren Campbell?
— Pare.
— Eu não posso evitar! Minha melhor amiga está apaixonada por
Mason Campbell! Honestamente, nunca pensei que essas palavras se
encaixassem na mesma frase.
Não pude fazer nada além de concordar com ela. Nunca pensei
que me encontraria nesta posição - apaixonada por alguém tão frio
como Mason.
Meu coração ignorou todas as coisas que ele fez e faz porque não
importava.
Não importava quem era Mason. Nada mais importava além de
que meu coração batia por ele.
Dediquei meu tempo a todas as minhas reuniões com Mason,
assegurei-me de que era realmente amor antes de fazer qualquer
coisa a respeito, e cada vez que pensava nele, parecia amá-lo ainda
mais.
Athena foi atender uma ligação no meu quarto, deixando-me
pensando, e com a Beth reclamando, pensando que eu estava
prestando atenção nela.
E quando me levantei para ir ao meu quarto e usar o banheiro,
ouvi Athena falando com alguém ao telefone.
Eu não queria escutar, mas não pude evitar.
Não achei que fosse algo importante que não deveria ouvir, e
quando entrei, ouvi trechos da conversa e a observei enquanto ela se
despedia, fechei os olhos com desconfiança.
— Será que era Mason?
Ela se virou, parecendo desconfortável em me ver.
— Lauren, — ela disse sem responder minha pergunta, seus
olhos confirmando o que eu pensava. Mas eu precisava que ela
dissesse isso.
— Era. O Mason?
Ela acenou com a cabeça. — Sim.
Há momentos na vida que você precisa de um tapa na cara, como
naquele momento, e era tudo que eu podia fazer para me controlar.
Há momentos de raiva em vez de dor, e foi a raiva que brotou sob
meus pulmões e forçou todo o ar para fora, uma fúria incandescente
que fez meu coração bater mais rápido na gaiola de minhas costelas
como se fosse escapar.
Não era como se eu não soubesse, no fundo, há dias que Mason
estava se comunicando com alguém - não era como se eu não
estivesse com raiva dessa teoria, mas ela estava sempre fervendo
logo abaixo da superfície.
— Há quanto tempo você está falando com ele? — Exigi porque
precisava saber há quanto tempo ele estava me ignorando e me
deixando de lado como sempre fazia.
Era ruim, especialmente depois de perceber que estava
apaixonada por ele. Só então doeu mais do que antes.
Athena parecia bastante desconfortável e quase senti pena de tê-
la deixado assim. Eu não queria, mas isso era importante. — Desde o
momento em que ele partiu, — ela confessou.
— Achei que o telefone dele estava desligado.
— Ele tem outro.
E, agora, era a raiva que vivia sob minha pele e em meu peito, sob
meus pés e bem atrás de meus molares e nada que eu pudesse fazer
a não ser mantê-la sob controle.
— Entendo, — eu disse, mascarando o que estava sentindo.
Ela avançou. — Lauren, ouça, ele só liga para me pedir para
trabalhar nas coisas, é isso.
Eu sabia o que ela estava tentando fazer, eu apreciava, mas não
estava funcionando.
— Athena, não preciso que você me explique. Eu não te culpo
nem nada.
Ela soltou um suspiro de alívio. — Ok, que bom. — E sorriu para
mim.
— Posso ter o número dele?
Ela arrastou os pés. — Hum... ele vai voltar amanhã.
Ele disse a ela quando voltaria? Minha mandíbula doeu de tanto
apertar e me senti esgotada. — Você vai passar para mim ou não? —
Isso pareceu tirá-la disso antes que ela assentisse.
— Obrigada.
E quando me sentei na cama e olhei para o meu telefone, peguei a
garrafa na minha mesa de cabeceira e me servi de outra bebida. Eu
me deliciei com a sensação do líquido quente escorrendo pela minha
garganta.
Mas isso não acalmou meus nervos ou aborrecimento. A raiva
ainda era visível.
Meus dedos coçaram com a necessidade de que ele atendesse, de
exigir saber por que ele não estava me ligando ou mandando
mensagens.
Eu sabia que Mason tinha problemas. Eu sabia o quanto não era
dito entre nós em cada interação que tínhamos. E isso era um pouco
frustrante, mas ao mesmo tempo, eu nem tinha certeza de como falar
com ele às vezes.
Mas hoje, eu queria gritar com ele.
Era intrigante, para dizer o mínimo; que ele faria isso comigo, me
ignorasse. Achei que já tínhamos passado disso, mas parecia que
Mason ainda queria agir infantilmente. Eu não tinha ideia e estava
cansada.
Cansada de tentar decifrá-lo e às suas ações. Talvez eu pudesse
simplesmente aceitá-las sem ter que entender por que ele as fez.
Mas eu tinha que entendê-las. Agora, não era sobre o contrato
entre nós. Era uma questão de coração.
Peguei meu celular e esfreguei meu polegar levemente sobre ele,
olhando para o novo número e pairando sobre o teclado. O que
deveria dizer? Fazer? Gritar não ajudaria porque ele não estava na
minha frente.
Eu rapidamente decidi que não me importava mais com
fingimento.

Lauren: Você está bem?


Mason: Você está?
Lauren: Se você tivesse se importado, você teria
se incomodado em ligar ou enviar uma mensagem de
texto, então não me pergunte isso.
Mason: Eu pretendia.
Mason: Você prendeu Athena sob a mira de uma arma?
É por isso que ela te deu meu número?
Lauren: Ah, me desculpe por ter me incomodado em
pegar seu número porque passei dias me preocupando
que você pudesse estar morto!
Lauren: Mas não, você está vivo e conversando com
as pessoas com quem quer falar, certo?
Lauren: Menos comigo, uma zé ninguém
Mason: Nós não discutimos sobre isso antes? Eu
acho que sim.
Lauren:Com você, estamos sempre correndo em
círculos. Mas tanto faz. Volte a fazer tudo o que
o sr. insuportável precisa fazer.
Mason: Eu também senti sua falta, Lauren.
Eu não sabia se aquilo era honestidade ou sarcasmo, de qualquer
forma, não me incomodei em responder a ele. Ele voltaria no dia
seguinte de qualquer maneira.
E eu teria que descobrir o que é que eu faria sobre meus
sentimentos por ele.
Capítulo 40

A mansão nunca pareceu mais brilhante.


Pela primeira vez, não me senti à vontade quando pus os pés lá
dentro e não me deliciei em ver o lugar que chamei de lar por quatro
meses, e o segundo lugar onde me senti segura.
E naquele momento, minhas pernas pareciam pesadas contra o
chão, meu corpo tremia e cada instinto clamava para que eu me
virasse e fosse embora.
Eu não estava pronta.
Não estava pronta para enfrentar o homem que amava de todo o
coração, com medo de que ele pudesse ler os meus olhos, minha
respiração e cada movimento que fizesse.
Ele não podia saber a verdade, lembrei-me com certeza, mas ao
lembrar que teria que morar com ele, vê-lo e conversar com ele todos
os dias nos próximos meses, duvidei que pudesse suportar aquilo.
Eu realmente acreditava que tinha autocontrole suficiente para
ficar longe dele, mas não podia ter certeza de que meus olhos não
me enganariam.
Eu não podia ter certeza de que eles não diriam a ele 'ei, eu te
amo'.
Mas o que devo fazer? Eu me perguntei exasperadamente.
Saber o tipo de homem que ele era, saber que o que eu enfrentaria
seria rejeição, e com certeza absoluta de que tudo ficaria estranho
entre nós depois disso.
E no caminho para confessar meus sentimentos, também poderia
perder totalmente a amizade dele.
O que eu deveria fazer? Esperar que milagrosamente meus
sentimentos não sejam revelados.
Eu esperava que em algum lugar no fundo de seu coração, algo
estivesse crescendo por mim, e quando chegasse a hora e ele me
confrontasse sobre seus sentimentos, eu confessaria os meus com
confiança.
Eu havia considerado as opções disponíveis para uma mulher em
minha posição e cheguei à conclusão de que eu precisava estabelecer
algumas regras básicas para mim mesma.
Eu só tinha uma maneira de ganhar controle sobre meus
sentimentos e se eu não quisesse acabar arruinando minha amizade
com Mason, teria que seguir algumas regras.
As regras?
• Não faça contato visual demais.
• Evite tocar, se possível.
• Não fique sozinha em uma sala com ele por mais de quinze
minutos.
• Fique longe do sorriso dele.
• Não se sinta confortável com ele.
• Não diga que o ama.
• Não diga que o ama.
• Não diga que o ama.
Fácil.
Não é?
E embora eu me sentisse segura com aquelas regras que sempre
repetia como um mantra, o que aconteceria se ele perguntasse por
que eu havia mudado? Por que eu estava mantendo uma distância
segura dele?
Eu não podia contar em não olhar para aqueles olhos cinzentos
dele que eu tanto amava e não deixar escapar nada. Mas eu poderia
contar com a mentira que contaria a ele, não é?
Que o estresse do trabalho estava me afetando.
Minha decisão estava tomada, eu deveria ter me sentido melhor.
Mas melhor significava confessar meus sentimentos e melhor
significava que Mason os aceitaria.
Eu estava consciente de apenas um vazio sombrio dentro de mim
e apaticamente, continuei a me mover pela casa, nem mesmo
percebendo nada.
Eu estava tão perdida em meus pensamentos que não ouvi a
porta abrir e fechar atrás de mim, e a primeira indicação de que não
estava sozinha foi quando Mason murmurou divertido:
— Perdida em seus pensamentos de novo? Precisamos de ajuda?
Assustada, eu me virei, meu coração batendo forte no meu peito
com a visão do assunto dos meus pensamentos parado a poucos
metros atrás de mim.
Ele estava vestido casualmente para aquela hora do dia e, sendo
um workaholic, eu esperava que ele voltasse direto para o trabalho.
E depois de oito dias sem vê-lo, a visão dele era demais agora.
Eu tinha esquecido o efeito devastador que ele poderia ter sobre
mim; não, na verdade não esqueci. Eu mais duvidava do que tinha
esquecido. Mas eu me enganei.
Ele ainda era o homem mais terrivelmente bonito que eu já tinha
visto, terrivelmente gostoso e perfeito, e eu desejei que ele não fosse.
Se não fosse, teria tornado as coisas muito mais fáceis.
Mason estava vestido de preto e cinza, as mangas enroladas até
os cotovelos e o pescoço aberto dava uma visão tentadora de seu
peito.
Mas não importava o que ele estava vestindo.
Qualquer coisa que ele usasse o faria parecer bem.
Sua barba por fazer foi cortada e aparada? Sim. Isso foi mera
curiosidade no breve olhar que ele me deu? Provavelmente nem isso.
Um sorriso torto curvou sua boca, e seu cabelo estava
despenteado como se ele tivesse corrido os dedos muitas vezes. Era
despenteado e sexy.
Havia um brilho provocante em seus olhos, e eu estava quase
sem fôlego simplesmente olhando para ele.
Muito contato visual.
Abaixei minha cabeça quando meu coração continuou batendo
contra meu peito e quando meus braços coçaram para se jogar em
seu pescoço, puxei-o para um abraço e disse a ele o inferno que ele
me fez passar em oito dias.
Muitos pensamentos.
Com a intenção de colocar o máximo de distância possível entre
nós, corri para dar vários passos para trás, mas antes que pudesse
fazê-lo, ele estava falando novamente.
— Você está terrivelmente quieta, Lauren. Pensei que encontraria
um dragão enfurecido. O que aconteceu? O fogo foi apagado antes
de você vir aqui?
Eu simplesmente disse: — Cale a boca, — em uma voz que não
encorajava mais perguntas. Mas Mason não gostava de ser calado.
— Não sou bem-vindo de volta?
Meu estômago revirou de tensão.
— Aceite meu 'vai se danar' em vez disso. — Fiz o possível para
despir minha voz de qualquer emoção que se esforçasse para ser
perigosa para a minha verdade, mas um leve traço ainda
permanecia.
Eu sabia que tentar esconder não iria a lugar nenhum.
Principalmente quando estava nervosa. E não havia como negar que
eu estava realmente nervosa.
Ele olhou para mim por mais um momento antes de admitir em
um tom rabugento. — Eu acho que mereço isso, — ele respondeu
suavemente, ainda encostado na porta e não fazendo nenhum
movimento ou revelando qualquer intenção de se afastar dela.
Algo na maneira como ele disse aquilo explodiu uma risada em
mim e com uma provocação, perguntei: — Você desenvolveu um
pouco de bom senso nos Estados Unidos? Nesse caso, você pode
voltar e ficar lá por um mês inteiro?
— Pra você chamar a polícia por eu não te ligar?
Ele não me deu tempo para responder - mas eu parecia tão
surpresa e envergonhada que provavelmente não seria capaz de
dizer muito - e ele continuou: — Hein? Isso é o que você faria.
Eu detestava deixá-lo saber o quão preocupada e afetada eu
estava com sua ausência, ou Mason não teria soado tão arrogante ou
parecido orgulhoso por ter causado esses sentimentos em mim.
Considerando que ele agiria pior do que isso se soubesse dos
meus sentimentos, guardar para mim mesma, por enquanto, era a
melhor solução de todas, pensei, e até que eu tivesse tanta certeza de
que ele não me faria me arrepender.
— Isso nunca aconteceria.
Em voz baixa, ele respondeu divertido: — Você estava brava por
eu não ter ligado para você por oito dias, Lauren. Eu também senti
sua preocupação.
O que Mason também se esqueceu de sentir foram meus novos
sentimentos por ele.
Pisquei, sem saber como responder, mas ainda consegui,
parecendo em pânico e tensa, — Eu não estava brava e nem
preocupada.
— Receio que não haja nada que você possa dizer para que eu
acredite em você.
— Eu não estava! — Eu olhei para ele.
— Você está ficando na defensiva e com raiva.
— Você sabe o que é isso? — Ele não esperou que eu
respondesse, acrescentando, — Quando alguém fica na defensiva e
com raiva, significa que a outra pessoa estava certa sobre o que
estava dizendo.
— Você é o homem mais frustrante.
Encostado na porta com os braços cruzados sobre o peito. —
Você não sabe o significado de frustrante, — ele respondeu
suavemente.
— Ou eu acho que não sabe. — Um sorriso lento e preguiçoso se
espalhou pelos lábios de Mason enquanto ele mudava de curso
constantemente.
— Como foi
— Como foi o quê?
— Oito dias sem mim. Você gostou?
Um leve sorriso tocou seus lábios novamente enquanto eu
puxava uma respiração profunda e calmante, desviando o olhar de
seus olhos. — Mais do que você.
— Quem disse que eu gostei?
Minha cabeça se ergueu para encontrar seu olhar, e eu respirei
fundo e me recompus, determinada a não deixá-lo ver como isso
havia me afetado.
O quanto eu estava resistindo à vontade de gritar ou puxá-lo para
perto.
Tantas coisas que eu queria fazer, mas não consegui.
Por que ele estava tão confuso?
Por que eu achava que às vezes ele não gostava de mim, mas que
ele também sentia algo por mim?
As coisas que ele fez, as coisas que ele disse, todas me levaram a
acreditar que ele estava confuso sobre seus sentimentos, ou estava
apenas brincando comigo.
Por que eu sentia que era a última opção?
Ele certamente me fez sentir confortável com ele, me fez amá-lo.
Ele não era burro por não saber o que estava fazendo. Mason era
inteligente e sabia quais cartas mostrar e quais não mostrar.
Mas quando pensava nisso, ficava confusa, porque o que ele
ganharia fazendo-me apaixonar por ele?
— Billie está vindo mais tarde. — Com minhas sobrancelhas
arqueadas, ele explicou: — Vou receber convidados para o jantar.
Um novo parceiro meu. Eu gostaria que você estivesse lá comigo.
— Um novo parceiro? — Eu perguntei surpresa enquanto a
palavra soava em meus ouvidos.
Levei cinco longos segundos para deixar as palavras saírem
novamente.
— Você tem um parceiro?
Foi a vez dele fazer uma pausa longa, mas então seu lábio inferior
carnudo se curvou um pouco.
— Eu não sabia antes, mas agora tenho.
— Por que agora? — Por um curto período de tempo em que
trabalhei para ele. Mason não teve um parceiro.
Algo sobre isso parecia errado, e essa menção repentina de seu
novo parceiro e o menos entusiasmo nele falaram muito.
— Minhas mãos estão atadas, Lauren. — O tom tranquilo e
cansado me fez franzir a testa novamente.
Ele pareceu quase frustrado por um breve momento; então ele
sorriu, um sorriso absolutamente lindo que eu gostava de chamar de
falso.
— Eles vão chegar às seis.
Eu queria perguntar a ele o que estava acontecendo porque eu
havia percebido. Eu não falava a língua de Mason, mas podia
entender que algo estava acontecendo.
Por um momento, eu sabia.
Nunca pude perguntar a ele porque descobri que o lugar que ele
ocupava havia sumido, e me perguntei quando ele saiu enquanto eu
estava em meus pensamentos.
Ele estava certo. Tive que aprender a não viver em meus
pensamentos.
Nas horas seguintes, não o vi de novo e não me preocupei em
procurá-lo.
Um espaço dele era tudo de que eu precisava, embora
ocasionalmente, eu pensasse nele.
Acabei ajudando Billie com parte do trabalho.
Ela me ensinou algumas coisas na cozinha e eu adorei conversar
com ela, me contar tudo sobre os homens por quem ela se apaixonou
e histórias engraçadas que me fizeram rir várias vezes.
E quando faltavam quinze minutos para as seis, rapidamente
tomei um banho.
Não me vesti para impressionar; apenas um vestido casual azul
simples e maquiagem... se você pudesse contar o uso de gloss como
uma maquiagem. Mas quando terminei, eram um pouco mais de
seis.
Eu não achei que Mason se importaria que eu estivesse dez
minutos atrasada para o jantar.
Quando entrei na sala de jantar, havia cerca de cinco pessoas: Eu
esperava menos.
Do lugar onde eu estava, não conseguia distinguir a mulher que
estava sentada na minha frente, mas podia ver as outras; uma tinha a
cabeça inclinada para o outro lado, tornando difícil para mim fazer
uma careta, enquanto a outra era jovem... digamos, cerca de quinze
anos no máximo.
Ela tinha cabelos loiros e um corpo pequeno.
A outra pessoa era um cara; alguns anos mais jovem do que eu
ou alguns anos mais velho do que eu, não tinha certeza. Ele se
parecia exatamente com a garota de quinze anos, então eu sabia que
eles eram irmãos.
Ele tinha algo de inocente em seu rosto e parecia mais interessado
em seu celular do que no que estava à sua frente.
Por último estava Mason, em seu terno Armani e sentado à mesa
principal. Eu poderia dizer que ele havia colocado uma guarda.
Ele também estava tenso pela forma como seus ombros estavam
agrupados, pelas rugas em sua testa e pela maneira como seus olhos
haviam perdido todo o brilho, e eu estava apenas vendo o vislumbre
do velho Mason na minha frente; aquele que era impiedoso e rude.
— Desculpe pelo atraso. — Procurei seus olhos, mas eles estavam
inexpressivos quando me aproximei da mesa.
Meus olhos encontraram os castanhos, e fiquei surpresa antes de
olhar para outra pessoa.
Minha respiração foi interrompida.
Minhas mãos ficaram ao meu lado, fechadas em punhos e
tremendo. Meus olhos grudaram na única pessoa que eu odiava no
mundo.
Minha mãe.
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