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Revista de

Linguagem do Cinema
e do Audiovisual
E-ISSN: 2316-218X

PANORAMA DO CINEMA E EDUCAÇÃO


EM PORTUGAL: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS
E DESAFIOS ATUAIS
PANORAMA OF CINEMA AND EDUCATION IN PORTUGAL:
HISTORICAL PERSPECTIVES AND CURRENT CHALLENGES

Raquel Pacheco. Universidade Autónoma de Lisboa

RESUMO ABSTRACT

Este trabalho identifica e oferece This work identifies and offers


uma leitura sobre o surgimento e de- a reading on the emergence and
senvolvimento do campo do cinema e development of the field of cinema
educação em Portugal, assim como seus and education in Portugal, as well as
atuais desafios. Escrito com a intenção its current challenges. Written with
de sistematizar as informações e dados the intention of systematizing the
encontrados durante nossa pesquisa, information and data found during our
este texto aborda contextos históricos research, this text approaches historical
com ênfase nas políticas públicas. Ana- contexts with emphasis on public
lisamos os motivos e movimentos que policies. We analyze the motivation and
impulsionaram e que continuam a im- movements that have propelled and
pulsionar este campo, assim como aqui- that continue to drive this field, as well
lo que o retrai e que vem limitando seu as that which retracts and that has been
crescimento. Focamo-nos nos principais limiting its growth. We focus on major
projetos de cinema e educação, tendo film and education projects, Knowing
como certeza que um campo é uma that a field is a constitution of elements
constituição de elementos em constan- in constant movement.
te movimento.
Keywords: cinema and education; media
Palavras-chave: cinema
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e educação; education; audiovisual education; film
educação para os media; educação au- literacy.
diovisual; literacia fílmica.

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INTRODUÇÃO outros, em Portugal, concretizou-se em


debates de ideias e práticas pedagógicas
Até à presente data, apesar da nossa desde o início do século XX. “Propunha-
busca, tivemos acesso a poucos docu- se valorizar o mundo e interesses dos
mentos que sistematizem e que contem alunos, ligar as aprendizagens à vida,
a história do campo do cinema e edu- conjugar o trabalho individual com o
cação em Portugal. O Cinema na Escola trabalho de grupo, valorizar os métodos
(2011) é o título da dissertação de mes- ativos” (PINTO et al., 2010, p.70). Atra-
trado do professor Pedro Félix Neves, vés, principalmente, da pedagogia de
onde encontramos uma retrospectiva Célestin Freinet, valorizou-se os meios
sobre o tema e sua implementação no de comunicação, como as correspon-
país. Neves destaca o estudo de caso, do dências interescolares, o uso da impren-
qual faz parte enquanto educador, sobre sa e daquele que era um meio novo e
o projeto-piloto do ensino do cinema com grande repercussão: o cinema.
como opção curricular artística para o O cinema, no início do século XX já era
3º ciclo, em duas escolas da região do utilizado, mesmo que de maneira mo-
Algarve. desta e em muito pequena escala, com
Além da dissertação de Félix, encon- o objetivo pedagógico, para se trabalhar
tramos breves relatos e alguns trabalhos com crianças e jovens na educação atra-
pontuais que falam sobre o início dos vés da escola. É também nesta altura,
cineclubes no país. Do material encon- em 1924, que surge no Porto a Associa-
trado destacamos a publicação da Porto ção dos Amigos do Cinema, precursora
Editora (1998), coordenada por Lauro dos cineclubes em Portugal. O cineclu-
António com o título O ensino, o cinema be também trabalha o cinema de forma
e o audiovisual, que relata as comunica- pedagógica quando estimula seus mem-
ções do 1º Encontro Nacional O Ensino bros a verem, discutirem e refletirem
do Audiovisual, O Audiovisual no Ensino, sobre o filme, levando-os a descobrir
realizadas na cidade do Porto, no ano de novas formas de verem o mundo.
1997. Reunimos a máxima quantidade
de dados encontrados sobre esta temá- A primeira associação a poder
tica, e os tratamos de modo a sistemati- considerar-se um cineclube, a As-
zá-los com a intenção de reconstituir a sociação dos Amigos do Cinema,
história, traçando um panorama sobre criada no Porto em 1924, propor-
este antigo/novo campo em Portugal. se-ia fomentar o entusiasmo pela
arte [do cinema], criando, conse-
quentemente, o maior número
A HISTÓRIA DO CINEMA E A EDUCAÇÃO de adeptos possível, tendo para
NO PAÍS o efeito uma sede descrita como
“um templo onde se reúnem
Durante o processo de investiga- todos os que compreendem o
ção e análise dos dados percebemos a grande valor da Arte do Silêncio”.
existência de quatro importantes mo- (GRANJA, 2007, p.365).
mentos – ou de um acontecimento que
tenha marcado e desencadeado uma sé- Em 1935 havia cerca de cinquenta
rie de outros acontecimentos também locais onde se podia assistir a sessões de
marcantes. Podemos afirmar que estas cinema. No entanto, “o movimento cine-
quatro fases juntas marcaram a história clubista só se considera iniciado em Por-
do cinema e educação em Portugal. tugal com a fundação do Belcine – Clube
O movimento da Educação Nova ou de Cinema da Parede, em 1943, e com a
Escola Nova, de Pestalozzi, Montessori e constituição, em abril de 1945, do Clube
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Português de Cinematografia (CPC/CCP), poder legitimar o cinema como arte uni-


no Porto” (CUNHA, 2013, p.2). versal; por outro lado, tinham o desejo
de elevar o cinema ao estatuto de arte
A criação dos cineclubes e o pri- erudita e superior, ou seja, arte de elite.
meiro esforço sistemático de afir-
mação do cinema como arte na Mesmo quando afirmavam o
Europa parecem ter-se iniciado carácter universal da arte do ci-
no momento em que, devido ao nema, não era ao cinema diaria-
aumento da exibição de cinema mente consumido pelas massas
narrativo norte-americano no que os cineclubistas se referiam,
pós-guerra e à convergência en- mas antes a uma concepção de
tre os media literário e cinemato- cinema que, salvo raras exceções,
gráfico, o cinema se começava a se afastaria consideravelmente
constituir verdadeiramente como daquele. Essa concepção assenta-
indústria cultural e espetáculo de va numa reflexão crítica sobre os
massas. (GRANJA, 2007, p.364) modelos de representação canó-
nica já adoptados pela indústria
O Centro de Estudos, Documenta- cinematográfica e aceites pela
ção e Animação Cultural, com sede em generalidade do grande público.
Lisboa, é criado como consequência do Assim, a preferência da grande
resultado dos Encontros de Estudos Ci- maioria dos cineclubes europeus
nematográficos, instituídos em 1959, e iria para os filmes de vanguarda
com delegações em diversas zonas do que rejeitavam deliberadamente
país. O objetivo do Centro era selecionar o realismo narrativo e pictórico
filmes, organizar formações de anima- que o cinema comercial come-
dores e preparar os guiões de apresen- çara a incorporar, precisamente
tação e debate que acompanhavam os para atrair as classes médias.
filmes que circulavam pelas delegações. (GRANJA, 2007, p.365)
Pinto et al.. (2010) destacam que os ci-
neclubes, em Portugal, assumem desde Em 1972, José Vieira Marques cria
a década de 1950 um papel fundamen- o Festival Internacional de Cinema de
tal no campo da educação audiovisual. Figueira da Foz. Marques vem reali-
Após uma década de existência, afirma zando desde os anos de 1960 ações de
Cunha (2013), o movimento cineclubis- formação e cursos de Iniciação Cinema-
ta em Portugal conheceu um fulgor sem tográfica e de Cultura da Imagem. No
precedentes, dezenas de cineclubes ano letivo de 1972/1973, apresenta um
foram criados em diferentes pontos do curso extracurricular realizado na Esco-
país, assim como os cineclubes nas co- la Preparatória Barbosa du Bocage, em
lónias. Setúbal. Nesta atividade já demonstrava
Em Portugal, como em outros países, uma preocupação para a “educação do
observa-se um certo divórcio, que se espectador e não para o domínio profis-
mantém atual ainda hoje, entre aquilo sional e técnico do meio cinematográfi-
que Granja (2007) chama de uma cinefi- co” (PINTO et al., 2010, p.72).
lia popular, que é pouco preocupada com De acordo com dados da Federação
o estatuto estético e cultural do cinema, Portuguesa de Cineclubes, encontramos
e uma cinefilia erudita/intelectual, que hoje no país cerca de 43 cineclubes. Foi
se apropria do cinema como sua arte. nos cineclubes de Avanca, Faro e Viseu
Os cineclubes vivenciaram esta dicoto- que surgiram os principais programas
mia: por um lado precisavam atrair um de educação audiovisual. A importância
número cada vez maior de sócios para dos cineclubes em Portugal é destacada
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por Neves (2011), primeiramente por mais de 32 mil participantes a partir dos
possibilitar uma formação de público três anos de idade. Dentro deste pro-
que tem a oportunidade de assistir a fil- jeto encontramos diversas atividades
mes que não fazem parte dos circuitos que o CCV desenvolve com crianças e
comerciais, que fogem à lógica domi- jovens: Pequeno Cinema; Escola Anima-
nante e que normalmente não são de das; Aprender em Filmes; Aprender em
fácil acesso. E também por suas inicia- Festa; Sessões de Cinema; Vanguarda e
tivas em relação aos projetos de cine- estéticas no Cinema; Workshop de Rea-
ma e educação, que possibilitam uma lização.
aprendizagem da “teoria, técnica, his- Já o cineclube de Faro desenvolve
tória e estética do cinema”. Atualmente desde 1997/1998 um trabalho pioneiro
os cineclubes de Avanca, Viseu, Faro e e sistematizado de cinema e educação
Viana do Castelo (AO-Norte), apesar da no país, que se chama JCE – Juventude
falta de apoio, principalmente financei- Cinema Escola (voltaremos a abordá-lo
ro, mantêm um importante trabalho de mais adiante). A associação AO-Norte,
cinema e educação. cineclube de Viana do Castelo, funda-
da em 1994, é atualmente a mais ativa
O Cineclube de Avanca iniciou as no trabalho de cinema e educação com
suas atividades em Novembro de crianças, adolescentes, professores e es-
1982, tendo-se vindo a distinguir colas. Além de desenvolver um trabalho
pelas suas propostas singulares, na divulgação do cinema, de visualiza-
como os Encontros Internacio- ção, também desenvolve ao longo do
nais de Cinema, Televisão, Vídeo ano projetos de literacia fílmica nas es-
e Multimédia de Avanca que em colas, com alunos e professores. Como
Julho deste ano terão a sua 15ª forma de estimular a realização e visu-
edição, ao qual está associado alização dos filmes produzidos, duran-
o Festival de Cinema de Avanca, te as formações, por crianças e jovens
além de outros concursos e ini- a Ao-Norte realiza festivais de cinema,
ciativas. (…) Com mais tempo de conferências e intercâmbios culturais,
existência do que o seu vizinho por todo país e também fora dele, além
de Avanca, o Cineclube de Viseu de produzir documentários e desenvol-
mantém desde 1955 uma grande ver diferentes projetos na área educati-
vitalidade, mesmo nos momen- va. Suas ações de formação e atividades
tos de “adormecimento cultural” estendem-se através de vários projetos
do Concelho. Além da divulgação como: Olhar o Real, Vídeo na Escola, His-
e estudo do cinema, as suas ativi- tórias na Praça e O Filme da Minha Vida.
dades passam pela formação, ex- Anualmente organizam os Encontros
posições, concursos, e também de Cinema de Viana, da qual faz parte
pela dinamização de outras áreas a Conferência Internacional de Cinema
artísticas, com particular relevo de Viana, que é um espaço de partilha
para a fotografia, através de um e reflexão, entre outras coisas, sobre o
concurso anual (NEVES, 2011, cinema e educação.
p.56-57).

O Cine Clube de Viseu – CCV – reali- ALGUNS PERCURSORES DO CAMPO


za sem interrupção, há 18 anos, o Pro-
jeto Cinema para as Escolas, que regista Há mais de duas décadas personali-
dades como Lauro António, Graça Lobo
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Dissertação escrita no ano de 2011. No ano e Teresa Garcia já estavam a pensar e a
de 2015 decorrerá o 19º Encontro Internacional de Cine-
ma, Televisão, Vídeo e Multimédia de Avanca. desenvolver o campo do cinema e edu-
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cação em Portugal. Lauro António, em que, desde os anos 1960, eles são uti-
1997, coordenou o 1º Encontro Nacional lizados como “meros auxiliares de ensi-
sobre O Audiovisual no Ensino, O Ensi- no” (idem, 1998, p.24). Entretanto, foi
no do Audiovisual, realizado na cidade no ano de 1991 que o então Ministro
do Porto durante o III Festival Escolar da Educação (ME), Roberto Carneiro, e
de Vídeo. Foi neste encontro que expôs o Secretário de Estado da Reforma Edu-
a sua preocupação em relação à neces- cativa implementaram um programa a
sidade de se alfabetizar também para o nível nacional que incluía o cinema e o
cinema e para o audiovisual e falou so- audiovisual através de atividades extra-
bre a importância do campo do cinema curriculares, inserido na Área de Projeto
e educação (que chama de cinema e au- e também como opção curricular dentro
diovisual): do sistema formal de ensino português.
Lauro António foi um dos membros des-
Voltando ao cinema e ao audio- te Grupo de Trabalho de Cinema e Au-
visual, tenho consciência plena diovisual nomeado pelo ME. Nesta altu-
de que eles representam uma ra foram oficialmente disponibilizados
ínfima parcela de todo o projeto pelo Ministério, verdadeiras videotecas
de uma educação global e auten- para cada escola, com filmes completos
ticamente contemporânea, mas e também obras editadas.
não duvido também que eles são A ideia na época era que o cinema
uma parcela absolutamente vital não deveria ser apenas mais uma fer-
para a construção de um homem ramenta para se ensinar as disciplinas
novo, livre nas suas convicções, (poderia também ser!), mas deveria ser
crítico em suas análises, huma- visto como uma obra de arte, como um
nista e sensível na sua forma de espetáculo, como uma excepcional fon-
compreender e olhar, aberto à te de conhecimento sobre vários temas.
multiplicidade de propostas, to- Lauro António recomendava não deixar
lerante perante a diferença, ino- que uma atividade lúdica se transfor-
vador na descoberta de novos masse em mais um pesadelo curricular,
caminhos. E não é só formando já que ver cinema deveria ser um prazer
técnicos que se consegue essa e não uma fonte de preocupações esco-
revolução. Ela consegue-se for- lares. Para o autor os clássicos devem
mando e sensibilizando as novas ser vistos como algo que diverte, ensina,
gerações para a especificidade que ajude a compreender o dia-a-dia e
dessa linguagem, para os perigos que reflete aspetos e a cultura de uma
e armadilhas que ela comporta, época. O programa também previa a ida
da mesma forma que despertan- dos alunos, acompanhados pelos profes-
do-as para o fascínio dessa magia sores, às salas de cinema. Em relação à
sem par, lutando contra todas as vertente da produção, destaca que não
formas de massificação de narra- basta dar uma câmara para um jovem e
tivas, contra todo o colonialismo dizer para ele fazer filmes. Lauro António
de um qualquer sistema de sig- (1998) afirma que não vê ganhos para o
nos que se procure impor (ANTÓ- jovem nesta forma apenas tecnicista de
NIO, 1998, p.22). cinema e educação; segundo ele não é
importante aprender apenas a apertar
No âmbito desta mesma comuni- um botão se não se sabe orientar a ob-
cação, Lauro António fala sobre a exis- jetiva, se não se sabe como, para quê, ou
tência dos esboços de iniciativas para aquilo que se quer filmar.
a sensibilização do ensino do cinema Outra questão que António (1998)
e do audiovisual em Portugal. Destaca levanta em relação à sua experiência en-
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quanto consultor deste programa do ME Sobre o JCE, Pereira afirma que:


é a falta de professores qualificados para “traduz-se no ensino sistemático e se-
iniciarem esta sensibilização ao cinema e quencial de um programa de conteúdos
ao audiovisual. Entretanto, destaca que, temáticos (abordáveis em várias disci-
com isso, não quer dizer que no ensino plinas) e cinematográficos (linguagem,
não se encontrem professores apaixona- técnicas, história, profissões), num cur-
dos pelo cinema, mas que é necessário so de cinco níveis para escolas EB (do 5º
estabelecer um plano de formação de ao 9º anos de escolaridade) e num curso
professores a vários níveis. E assim foi de três níveis para escolas secundárias
feito: o programa organizou algumas (do 10º ao 12º anos de escolaridade)”
formações para mais de 500 professores (2011, p.6).
das mais diversas áreas e o ME elabo-
rou uma legislação especial, “tendente “Ver, aprender, amar cinema” é o
a integrar oficialmente no ensino uma lema do projeto Juventude Cine-
formação técnico-artística na área do ci- ma Escola (JCE) da Direção Regio-
nema e do audiovisual” (António, 1998, nal do Algarve em parceria com
p.32). o Cineclube de Faro, naquele
Mesmo com interesse do ME e do que é provavelmente o mais sis-
trabalho desenvolvido pelo grupo que temático e mais abrangente dos
o assessorava nesta “Reforma do Ensino projetos de ensino do cinema
Artístico”, António sublinha que “tudo em contexto escolar. Apesar de
pareceu emperrar daí para cá” (1998, se cingir à região algarvia, o JCE
p.33) e afirma o atraso do país nesta é o projeto a nível nacional com
área, em relação a outros países da Eu- maior longevidade, com mais
ropa e da América. Conclui dizendo que escolas, professores e alunos
“o pouco que há feito deixa o terreno envolvidos. Iniciado no ano lec-
quase virgem para os esforços que há tivo 1997/1998 pelas professoras
que promover e acelerar. Saiba-se apro- Anabela Moutinho e Graça Lobo,
veitar o tempo perdido, para, sobre ele, que além da atividade docente
se ganhar o futuro” (1998, p.33). também trouxeram a sua experi-
O primeiro projeto de cinema e edu- ência na direção do Cineclube de
cação, sistematizado, de longa duração, Faro, tem-se mantido ininterrup-
envolvendo crianças e jovens, desenvol- tamente numa rede de escolas
vido no país foi criado e implementado do ensino básico e secundário,
por Graça Lobo. Lobo uniu a sua expe- que vai do 5º ano até ao 12º ano
riência de 20 anos como professora do (NEVES, 2011, p.58).
ensino secundário a sua experiência
como cineclubista no Cineclube de Faro, Um dos motivos que mais contribu-
mais um estágio em Paris, decorrente íram para a criação deste programa foi
do mestrado, onde teve contacto com a percepção de Graça Lobo referente à
o programa francês Escolas ao Cinema globalização mediática e à unificação
e apresentou a proposta de criar um dos gostos e modos de ver, principal-
programa didático de cinema à Direcção mente através do predomínio de filmes
Regional de Educação do Algarve, para norte-americanos exibidos nas salas de
ser implementado em algumas escolas cinema e através da televisão (LOBO,
da rede pública de ensino da região. 2005). Uma das expectativas de Lobo re-
Surge então, no Algarve, O Programa ferente ao trabalho desenvolvido neste
JCE – Juventude Cinema Escola, como programa é que crianças e adolescentes
uma experiência piloto no ano letivo de tenham um papel mais ativo na socieda-
1997/98. de, contrariando a lógica de distribuição
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de filmes. Em termos gerais, os princi- as obras que resultam da prática


pais objetivos do programa são: testar da arte cinematográfica. Sempre
a capacidade de observação; implemen- foi convicção daqueles que se
tar a análise dos filmes; conhecer a lin- uniram para fundar esta asso-
guagem, técnica e a história do cinema; ciação que a melhor maneira de
promover a avaliação dos filmes; reco- adquirir os saberes que nos pro-
nhecer o cinema como expressão artís- púnhamos construir passava pela
tica; promover a interdisciplinaridade e aquisição de um saber fazer, ou
o trabalho de projeto. seja privilegiando uma aborda-
Depois da sessão no cinema para a gem prática, um conhecimento
visualização do filme (cuidadosamente decorrente da experimentação.
escolhido), “os alunos preenchem uma
ficha. Mais tarde, durante uma aula, fa- Preocupados com o rumo que o ci-
zem uma espécie de «correção» dessa nema em Portugal estava a tomar e con-
ficha” (PEREIRA, 2011, p.5), visualizando vidados para desenvolverem um traba-
o que apareceu na ficha através da ima- lho com o cinema e os jovens durante os
gem do filme em DVD. “No final do ano, anos de 2000 a 2002, na cidade do Por-
todos os alunos têm uma ficha sumativa to que então era a Capital Europeia da
de aquisição de conhecimentos, e uma Cultura, Teresa e um grupo de cineastas
ficha qualitativa, para que os profes- amigos iniciaram um trabalho de resis-
sores percebam o que os alunos acha- tência do cinema a que deram o nome
ram do programa, quais os filmes que de O Olhar de Ulisses.
mais gostaram e se pretendem ou não Após este movimento, a associação
prosseguir para o próximo nível” (idem, reuniu forças e, com os materiais que
2011, p.5). Os alunos que participam do tinham, procuraram o cineasta francês
JCE também podem realizar pequenos Alain Bergala para juntos reconstruí-
filmes, participar de um quiz show sobre rem e darem continuidade ao trabalho
cinema, realizar peças de teatro, coreo- que havia sido desenvolvido no Porto.
grafias, levar os pais ao cinema, etc. Desde o ano 2000, quando iniciaram os
Teresa Garcia, assim como Graça trabalhos, não pararam mais. A asso-
Lobo, também trouxe de França as ins- ciação, apesar de todas as dificuldades
pirações para o trabalho que desenvolve impostas por desconexas e antagónicas
há uma década e meia, através da asso- políticas públicas e o constante descaso
ciação Os Filhos de Lumière, no campo político com o setor sócio-educativo-
do cinema e educação com crianças e cultural, vem desenvolvendo um resis-
jovens em Portugal. tente e persistente trabalho de cinema
e educação. São crianças e jovens, mui-
Os Filhos de Lumière é o nome tas vezes oriundos de bairros sociais e
de uma associação cultural, voca- minorias étnicas, que participam em
cionada para a sensibilização ao diferentes projetos implementados
cinema enquanto forma de ex- pela associação onde exibem filmes, na
pressão artística. Criada no ano maior parte das vezes portugueses, e
2000 por um grupo de cineastas de arte/criação, com sessões acompa-
e amantes de cinema, no âmbito nhadas por fichas técnicas e discussões.
da Porto 2001 – Capital Europeia Além da vertente “ver e analisar” filmes,
da Cultura, a nossa associação a associação também desenvolve o tra-
concebe, organiza e orienta ativi- balho de realização de filmes com os
dades que visam levar crianças e jovens. O objetivo da associação é que
adolescentes nelas envolvidas a
apreciar, compreender e criticar  ��������
Fonte: http://osfilhosdelumiere.com/home/

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estes jovens apreciem, compreendam, detalhado sobre as ações práticas/pro-


tenham uma visão crítica do cinema e, jetos sobre os temas. Também consi-
através da abordagem prática, ganhem deramos como importante o fato deste
intimidade com a linguagem e o fazer ci- estudo ter feito uma associação formal,
nematográfico. colocando o cinema e educação como
Criado em França, em 1995, na ce- uma parte importante da educação para
lebração dos cem anos de cinema, o os media. Todo este movimento de re-
programa pedagógico, Cinema: Cem conhecimento do campo deu voz àque-
Anos de Juventude, é um projeto pionei- les que trabalhavam praticamente no
ro de cinema e educação, coordenado anonimato e no isolamento com seus
pela Cinemateca Francesa. Trabalham projetos. Quando o estudo mapeou
a partir desta proposta vendo e anali- os projetos existentes, citando em sua
sando filmes, ao longo do ano, fazendo publicação, os reconheceu, iniciou um
exercícios filmados onde descobrem a processo de valorização, de visibilidade
“matéria do cinema”, realizando peque- e voz a um trabalho e um campo que há
nos filmes-ensaio em Portugal, França, muito existe.
Espanha, Itália, Reino Unido, Alemanha, Em março de 2011 é então realizado
Guadalupe, Ilhas Antilhas e Brasil (Rio de o primeiro Congresso Nacional de Lite-
Janeiro e São Paulo). Este projeto reúne racia, Media e Cidadania, juntamente
profissionais de cinema, professores, com o lançamento da publicação Edu-
salas de cinema, associações e cinema- cação para os Media em Portugal. Ex-
tecas e tem vindo a ser implantado em periências, atores e contextos (2011).
Portugal pela associação Os Filhos de Lu- Esta publicação realiza um trabalho pre-
mière – em parceria com a Cinemateca cursor e fundamental para a Educação
Portuguesa /Museu do Cinema – desde para os Media no país, já que dá conta e
o ano letivo de 2006/2007. No ano le- traça um panorama do então estado do
tivo de 2017/2018 Portugal continua a campo. Foi durante o Congresso e atra-
participar neste programa pedagógico vés desta publicação que conseguimos
com grupos principalmente na região de dados para responder à questão sobre
Lisboa. a escassez de projetos e pesquisas rea-
lizadas nesta área em Portugal – princi-
palmente no campo do cinema e educa-
DESAFIOS ATUAIS DO CAMPO ção. Apesar de existirem alguns poucos
projetos neste seguimento, este era um
Com o objetivo de conhecer a reali- campo muito antigo e pouco valorizado
dade do país em relação à educação para por descontinuadas vagas de políticas
os media e responder à questão: “onde públicas, normalmente interrompidas
estamos no que à Educação para os Me- a meio e em que se tinha ainda mui-
dia diz respeito?” (PINTO et al. 2011, to para descobrir e fazer. Durante este
p.17), os investigadores da Universidade Congresso a Direção Geral da Educação
do Minho, Manuel Pinto e Sara Pereira e Cultura da Comissão Europeia, dispo-
juntamente com sua equipa realizaram nibilizou um documento onde dizia que
um levantamento e uma investigação “o sector de produção audiovisual é um
minuciosa sobre o tema. instrumento crucial de expressão de va-
Este estudo marcou uma nova fase lores culturais, constituindo um vector
da educação para os media, assim como da cidadania e cultura, desempenhando
para o campo do cinema e educação em um papel fundamental na construção da
Portugal, pois até então, no país, ainda identidade europeia” (ZACCHETTI, 2006,
não se havia realizado um trabalho sis- p.1).
tematizado e com um levantamento tão A partir de 2006, como resposta às
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necessidades dos media e das indústrias perts (a nível europeu) que participaram
de tecnologias da informação e da co- deste estudo. Como resultado foram
municação, detetadas pelo Parlamento produzidos três relatórios, com os levan-
Europeu, com base nos resultados de tamentos, dados, análises e recomenda-
investigações na área da literacia para ções: Executive Summary; Country Pro-
os media apoiados pela iniciativa eLear- files; Case Studies. A professora Miriam
ning, a Comissão Europeia iniciou uma Tavares e Vítor Reia-Baptista, através do
reflexão acerca da literacia mediática, CIAC – Centro de Investigação em Ar-
no âmbito das políticas europeias para o tes e Comunicação da Universidade do
audiovisual e da Estratégia de Lisboa. A Algarve, foram os responsáveis pelo le-
crescente preocupação com a criação de vantamento e análise dos dados no país.
audiências, para que crianças europeias Os dados apresentados deram conta das
assistam uma programação europeia; seguintes iniciativas: a) da iniciativa JCE
para que elas tenham um maior nível que possui o financiamento da Direção
de liberdade e curiosidade; que tenham Regional de Educação do Algarve; b) do
instrumentos para escolher aquilo que projeto Primeiro Olhar, da Associação
querem e sejam capazes de avaliar as Os Filhos de Lumière; c) da iniciativa
implicações das suas escolhas, fez com da Cinemateca Portuguesa que criou a
que aumentasse a preocupação em re- Cinemateca Júnior, e que trabalha basi-
lação à educação cinematográfica e au- camente com escolas; d) da existência
diovisual no âmbito da EU (ZACCHETTI, de alguns projetos pontuais por todo o
2010). país; e) e também mencionou a impor-
Em julho de 2011, a Comissão Euro- tante atuação dos cineclubes. Uma das
peia publicou um convite à apresenta- recomendações dos especialistas portu-
ção de propostas para um estudo a rea- gueses era de que o programa regional
lizar por peritos a nível europeu sobre a JCE seria “totalmente replicável e sus-
cultura cinematográfica na Europa, que tentável em âmbito nacional”.
abrangeria todos os países da UE (União No início do ano de 2012, a Secre-
Europeia) e do EEE (Espaço Económico taria de Estado da Cultura disponibiliza
Europeu). A intenção deste estudo foi para consulta pública uma nova propos-
criar recomendações baseadas em evi- ta de Lei para o Cinema e Audiovisual,
dências para informar e colaborar no que contemplava dois artigos que apos-
quadro de formulação de políticas no tam “em moldes inovadores na promo-
âmbito da Europa Criativa. O concurso ção da literacia e captação de novos
foi ganho por um consórcio do Reino públicos”. Deste modo foi oficializado o
Unido e alguns parceiros europeus, li- Plano Nacional de Cinema em Portugal.
derado pelo British Film Institute (BFI) e Durante o 2º Congresso de Literacia Me-
financiado pela Comissão. ��� E m dia e Cidadania (2013), a literacia fílmica
2012, o BFI iniciou um levantamento do na Europa e em Portugal foi abordada
nível e da oferta de literacia fílmica nos numa sessão plenária com a presença
países envolvidos neste estudo, que se de Mark Reid, do British Film Institute,
chamou Screening Literacy. Graça Lobo, na altura coordenadora do
Portugal foi um dos países que parti- Plano Nacional de Cinema, e moderada
cipou deste levantamento e o professor,
Vitor Reia-Baptista, da Universidade do  ����������������
Disponível em: http://www.bfi.org.uk/scre-
Algarve, fez parte do grupo de cinco ex- ening-literacy-film-education-europe

 �������� Fonte: http://edition.pagesuite-professio-


nal.co.uk//launch.aspx?eid=f04523a5-46c5-471d-a466-
 �����������������
Disponível em: http://bookshop.europa. 441e23031aa7
eu/is-bin/INTERSHOP.enfinity/WFS/EU-Bookshop-Site/
en_GB/-/EUR/ViewPublication-Start?PublicationKey=NC0  �������������������������������������������
Comunicado da Secretaria de Estado da Cul-
213132 tura, em 01 de fevereiro de 2012. Fonte: www.ica-ip.pt

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pelo professor Vítor Reia-Baptista, da de Formação de Continuidade


Universidade do Algarve. Mark Reid fa- — 4 horas em 2014). A sessão de
lou sobre os dados do projeto Screening cinema foi constituída por quatro
Literacy. Graça Lobo, por sua vez, cen- filmes (1896) do pioneiro, Aurélio
trou-se na questão da operacionalização da Paz dos Reis e pelo filme “Ani-
do PNC. ki Bóbó” de Manuel de Oliveira
Nos mesmos moldes do programa (1942). Posteriormente foram
JCE, desenvolvido por mais de uma dé- desenvolvidas pelos professores
cada a nível regional no Algarve, o PNC atividades de análise fílmica com
teve a sua fase-piloto no ano letivo de os alunos.
2013/2014, utilizando a já conhecida
metodologia desenvolvida pelo JCE. No O PNC é uma iniciativa que tem
ano letivo de 2014/2015, teve a sua se- crescido desde seu surgimento, princi-
gunda edição, envolvendo mais escolas palmente quando falamos em números
e com uma logística mais elaborada, se- de crianças e adolescentes que já parti-
gundo dados da Secretaria de Estado da ciparam de suas atividades. Seu objeti-
Cultura: vo atual é abranger escolas e alunos de
todo país tendo como um dos principais
O Plano Nacional de Cinema objetivos levar, gratuitamente, meninas
(PNC) é uma iniciativa conjunta e meninos às salas de cinema.
da Presidência do Conselho de
Ministros, através do Gabinete
do Secretário de Estado da Cultu- CONCLUSÕES
ra, e do Ministério da Educação e
Ciência, pelo Gabinete do Secre- O texto apresentado abordou o
tário de Estado do Ensino Básico surgimento do cinema e educação em
e Secundário, conforme Despa- Portugal e de forma sistematizada, deli-
cho n.º 15377/2013, publicado neou quatro momentos principais, con-
no Diário da República, 2.ª série, siderados como pontos de viragem, que
n.º 229, de 26 de novembro de marcaram a área no país: 1º ponto de
2013, e operacionalizado pelo viragem - o movimento da Escola Nova e
Instituto do Cinema e do Audiovi- o inicio dos Cineclubes (Clubes de Cine-
sual (ICA), pela Cinemateca Por- ma); 2º ponto de viragem - alguns pre-
tuguesa — Museu do Cinema e cursores do campo do cinema e educa-
pela Direção-Geral da Educação ção; 3º ponto de viragem - 1º Congresso
(DGE). Durante o ano letivo de de Literacia, Media e Cidadania; 4º pon-
2013/2014 estiveram envolvidos: to de viragem - o interesse político da EU
32 Agrupamentos de Escolas; 175 pela literacia cinematográfica, a criação
Professores e 2 942 Alunos. Foram da nova Lei do Cinema e Audiovisual em
realizadas 25 sessões de cinema, Portugal e do Plano Nacional de Cinema
das quais 17 em sala de cinema, (PNC).
com a colaboração de 15 Autar- No início do texto há uma referên-
quias, da Cinemateca Portuguesa cia ao antigo/novo campo do cinema e
— Museu do Cinema, do Teatro educação. Quando consideramos que o
Académico de Gil Vicente e de 3 cinema e educação é um antigo campo,
Cineclubes. Os Professores dos referimo-nos ao fato dele ter surgido no
Agrupamentos que integraram as país através da inserção do modelo da
Atividades do PNC tiveram For-
mação Inicial (Ação de Formação
 �������� Fonte: http://www.sec-geral.mec.pt/index.
Inicial em 2012/2013 e Sessões php/39-noticias/240-plano-nacional-de-cinema

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Escola Nova e depois com a criação dos ção silenciosa, que poderia e seria mais
primeiros cineclubes, decorridas duran- produtiva se fosse transformada em co-
te as duas primeiras décadas do século laboração e cooperação.
XX, e que são os primeiros exemplos de
modelos de cinema e educação no país.
E o que queremos dizer quando nos re- BIBLIOGRAFIA
ferimos que este é um novo campo em
Portugal? A constante interrupção e a ANTÓNIO, L. O Ensino, o cinema e o au-
ausência de investimentos nas políticas diovisual. Porto: Porto Editora, 1998.
públicas nesta área pode provocar, em
CUNHA, P. Cineclubismo e Censura em
um observador menos atento, a ilusão
Portugal (1943-65). Comunicação apre-
de que ele é um novo campo e que as
sentada no II Congresso Internacional
iniciativas que são implementadas nos
História e Literatura no cinema em es-
dias de hoje são uma grande novidade.
panhol e português, Centro de Estudos
Podemos atribuir esta situação à falta
Brasileiros da Universidad de Salaman-
de valorização do cinema enquanto arte
ca, Salamanca, Espanha, 2013.
e a arte como linguagem pedagógica. A
ausência de continuidade das iniciativas GRANJA, P. Cineclubes e cinefilia: entre
dentro desta área gera uma sensação e a cultura de massas e a cultura de eli-
uma expectativa de que tudo que se faz tes. Coimbra: Imprensa da Universidade
é novo. Entretanto, ao observarmos a de Coimbra, 2007.
história do campo percebemos que es-
tamos a andar em círculos, a construir, LOBO. G. Por dentro do filme – o cine-
desconstruir, e a voltar a construir, e em ma na sala de aula. Actas do III Sopcom,
muitos casos estamos, há anos, desen- VI Lusocom e II Ibérico, vol. IV, pp. 353-
volvendo projetos que não se adaptam 359, 2005.
à dinâmica e à demanda de crianças e PEREIRA, A.C. O cinema ao serviço da
jovens do século XXI. educação: A experiência das escolas de
Neste momento, os projetos de cine- ensino básico e secundário no Algarve.
ma e educação em Portugal, e incluímos Revista Comunicação & Educação, São
o PNC, continuam crescendo em quan- Paulo: ECA/USP, ano XVI, 2011.
tidade, visibilidade e tamanho. A maior
parte destes projetos vivem com os re- PINTO, M.; PEREIRA, S.; PEREIRA, L.;
cursos do ICA – Instituto do Cinema e do FERREIRA, T. D. Educação para os Media
Audiovisual, que direciona, anualmen- em Portugal: experiências, actores e
te, para todos os projetos de cinema e contextos. Lisboa: Entidade Reguladora
educação por eles apoiados, a mesma para a Comunicação Social, 2011.
quantia (financeira) que disponibiliza, NEVES, P. O Cinema na Escola. Estudo
em média, para apenas um festival de ci- de caso – a disciplina de opção cinema
nema. Além do apoio do ICA, os projetos no 3º ciclo, no Algarve. Percurso e efei-
também podem concorrer a alguns fi- tos no tempo. Dissertação de Mestrado.
nanciamentos da Comunidade Europeia FCHS – Universidade do Algarve, 2011.
e a iniciativas locais. A escassez de recur-
sos e de reconhecimento em relação ao ZACCHETTI, M. Literacia mediática: uma
campo contribui com a desarticulação abordagem europeia. European
�������������
Com-
dos seus pares, o trabalho solitário que mission, DG Education and Culture, Me-
não propicia a troca de conhecimentos e dia programme and media literacy unit,
experiências acarretando uma constante 2010. Disponível
���������������
em: http://ec.europa.
desunião dos envolvidos e protagonistas eu/culture/media/literacy/index.
desta área. Também gera uma competi-
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