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Instituto Teológico IBCS – “Instrumento de Deus para capacitor vidas”

Disciplina: Educação Religiosa I


Professores: Ananias do Carmo Pinto / Carla Geanfrancisco
E-mail: ananiaseducador@yahoo.com.br / carlageanf@gmail.com

AULA 7 – EDUCAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu


coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao
deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal
na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as
escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.”
Deuteronômio 6:6-9

1. A Educação Religiosa no Antigo Testamento – Um Pacto divino

“O temor do SENHOR é o princípio do saber”


Provérbios 1:7

O propósito da educação é passar conhecimento de uma geração à seguinte, o que é


impossível fora de um contexto pactual. Sem esta transmissão geracional de conhecimento, a
humanidade seria apenas um pouco melhor do que os animais. A maioria dos cristãos está
consciente de que todos os tesouros do conhecimento se encontram em Deus (Colossenses
2:2-3). Porém, há um vínculo entre a educação e Deus, que muitos cristãos nunca têm
considerado.

O Deus soberano em Sua infinita sabedoria propôs e criou o homem segundo Sua própria
imagem. O ser criado à imagem de Deus não faz de cada um de nós Deus, porém significa que
compartilhamos alguns atributos comuns. Um aspecto de nossa natureza humana é que temos
mente e habilidade para raciocinar (Isaías 1:18; 55:8-9). Porém, nossa natureza pecaminosa
herdada de nosso pai, Adão, tende a nos privar de nossa razão, fazendo-nos mais toscos ou
similares ao animal (2 Pedro 2:12; Romanos 1:21). Só o conhecimento não pode restaurar esta
perda. Primeiro devemos ser renovados em Cristo, antes que possamos verdadeiramente nos
beneficiar dos abundantes tesouros do conhecimento que se encontram somente em Cristo
(Colossenses 3:10).

Porém, Deus é também um Deus pactual (Deuteronômio 7:9; Daniel 9:4), e como tal, Ele
ordenou que os homens vivam de acordo com o pacto que Ele como o Deus soberano de toda
criação estabeleceu e revelou nas Escrituras. Como tais, o pacto que Deus fez com nossos
pais, incluindo a Abraão, Moisés e Davi, ainda se aplica a nós hoje - as promessas, tanto as
bênçãos como as maldições. Nossa fidelidade em guardar o pacto de Deus, ou nossa falta
dela, determina se, como Igreja, seremos os recipientes das bênçãos ou das maldições

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pactuais - "Se ouvires atentamente a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos
os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o Senhor teu Deus te exaltará sobre todas as
nações da terra; e todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, se ouvires a voz do
Senhor teu Deus... Se, porém, não ouvires a voz do Senhor teu Deus, se não cuidares em
cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que eu hoje te ordeno, virão sobre ti
todas estas maldições, e te alcançarão" (Deuteronômio 28:1-2, 15 e versos seguintes).

As mesmas linguagens pactuais encontrada nas passagens anteriores de Deuteronômio 28


também se encontram em Deuteronômio 6: "Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e
os preceitos que o Senhor teu Deus mandou ensinar-te, a fim de que os cumprisses na terra a
que estás passando: para a possuíres; para que tema ao Senhor teu Deus, e guardem todos
os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos
os dias da tua vida, e para que se prolonguem os teus dias" (Deuteronômio 6:1-2). Note que
umas poucas passagens depois (Deuteronômio 6:7), é nos ordenado que ENSINEMOS estes
mandamentos, o pacto perpétuo de Deus, aos nossos filhos. Isto se relaciona com o pacto que
Deus fez com Abraão: "Estabelecerei o meu pacto contigo e com a tua descendência depois de
ti em suas gerações, como pacto perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendência
depois de ti" (Gênesis 17:7).

2. A Educação Religiosa no Antigo Testamento

“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único


SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo
o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.
Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu
coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás
assentado em sua casa, e andando pelo caminho, e ao
deitar-te, e ao levantar-te”.
Deuteronômio 6:4-7
No Velho Testamento (especialmente em Provérbios) há uma série completa de palavras que
são usadas diretamente na esfera do treinamento bíblico das crianças. Essas palavras são
traduzidas como ensino, instrução, reprovação, castigo, correção e disciplina. A palavra hebraica
mais comum é musar, uma expressão que é traduzida como instrução, admoestação, disciplina e
correção. A Septuaginta geralmente traduz essa palavra como Paidéia.

Nas Escrituras hebraicas, a principal palavra que significa ensinar ou educar é "Torah" - É
interessante observar que esta palavra também significa "lei". Deriva-se de um verbo que
significa "apontar, mostrar e orientar". Um novo verbo, mais recente, significa "disciplinar,
corrigir, admoestar". Outros termos atribuídos à educação, no Antigo Testamento, expressam
idéias de discernimento, sabedoria, conhecimento, iluminação, visão, inspiração e nutrição.

Quando falamos em educação, normalmente nos vem à memória a intelectualidade dos


mestres; no entanto, constatamos que há uma grande diferença entre esse conceito e os
ensinos do Antigo Testamento, pois cada vez que se ensina alguma coisa, destaca-se a
prioridade da "vida”, que é o ponto de partida para toda forma de educação. O ensino do A T
não é aplicado apenas para o desenvolvimento do intelecto, mas para comunicar e ensinar a
viver de acordo com suas crenças e necessidades. Além da palavra "Torah", citada
anteriormente, temos mais três palavras hebraicas que expressam a idéia de ensino no A T.:

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YADAH , com significado semelhante a "vir a conhecer". Inclui a idéia de que a experiência
ensina. (Veja Jó 32.7).

YARAH, que significa: "mostrar, dirigir, ensinar". Esta palavra tem uma importância prática bem
definida, (Veja Sl 86.11;25.8; 119.102)

LAMAD, talvez a única palavra que parece enfocar o objeto da compreensão, porém expressa
também com muita nitidez o desenvolvimento de técnicas de guerra (Dt 4.5,18;Ed 7.10;Jr
32.33;2 Sm 22.344; Sl 18.3,4).

A imagem geral da criação piedosa dos filhos que é apresentada na Escritura é o que segue.
Deus deu aos pais (especialmente ao pai) Sua revelação divina (ou palavra-lei da aliança) a qual
eles têm a responsabilidade de ensinar, crer e obedecer (Dt. 6:1-6). Eles têm a obrigação da
aliança de “diligentemente ensinar” a seus filhos (Dt. 6:7). Este ensino, contudo, não é
meramente uma atividade intelectual, mas é encorajado, reforçado e habitualmente transmitido
por meio de exemplo, repreensão verbal, correção e admoestação acompanhada, quando
necessário, de castigo físico. Esse processo de educação pactual é usado por Deus para
justificar e santificar os filhos. E ainda, este processo de treinamento transmite verdadeira
sabedoria dada por Deus. As crianças aprendem a discrição, discernimento, reflexão, sabedoria
prática ou, em gíria moderna, ficam “biblicamente plugadas.” As crianças da aliança são
preparadas para uma vida de domínio da verdadeira satisfação na obra de Deus.

Portanto, o incentivo à educação teológica é uma constante no A T. Podemos ainda tomar


como exemplo o Salmo 78.3-7, onde o povo de Deus promete que vai ensinar fielmente a cada
geração vindoura "os feitos gloriosos do Senhor" (v. 4). Encontramos várias citações indicando
que o próprio Deus é o verdadeiro professor, por ex.: Is 30.20, onde seu povo é incitado a
buscar instrução nEle e em sua Palavra. (Sl 78.1;119.27; Is 8.19,10;54.13; Jr 31.33-34). No
entanto, põe-se ênfase no fato de que Deus utiliza os homens, por meio dos quais comunica
sua mensagem (Dt 5.1-5). Repetidamente diz-se que Deus ordenou aos homens e os inspirou
para ensinar.

3. Parâmetros incisivos na educação religiosa no Antigo Testamento.

a. Consistia Inteiramente na Instrução Religiosa;

Na antiguidade; a educação, entre os judeus, consistia inteiramente na instrução religiosa.


Nos dias do Antigo Testamento não havia compêndios exceto o próprio Antigo Testamento,
e toda a educação resumia-se ‘a leitura e estuda das Sagradas Escrituras. Nessa época,
não havia nenhum oficio reconhecido como o dos professores, e nem havia um titulo
definido para tais . falava-se em ensinar, mas não em professores, para os judeus, o centro
da educação e instrução era o lar, pois a responsabilidade do ensino das crianças recaia
sobre seus genitores. (Dt 4.9,10;6.7,20-25; 11.19; 32.46)

b. Profetas e Sacerdotes eram reconhecidos como mestres.

Os profetas, entretanto, foram reconhecidos como mestres, mas, novamente, de assuntos


religiosos como porta-vozes de Deus. Mediante a palavra oral e a palavra escrita, eles
ensinavam a vontade de Deus no tocante aos israelitas. Antes deles os sacerdotes estavam

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ocupados na tarefa da instrução religiosa do povo (2Cr 15.3). Pode-se mesmo dizer que foi
porque os sacerdotes falharam no papel de mestres que Deus levantou os profetas. Os
sacerdotes ensinavam com base nas instruções aprendidas nas Escrituras. Os profetas
ensinavam com base na Palavra viva, que lhes era dada por revelação.

4. Escolas?

Nos dias anteriores ao exílio babilônico, não havia qualquer vestígio da existência de escolas
em Israel. A sinagoga foi uma instituição que surgiu em face das novas necessidades,
impostas pelo exílio. E, quando o templo de Jerusalém foi destruído, no ano 70 d.C. os ritos
sacrificiais tornaram-se impossíveis., e, por esta razão, no exílio, os judeus começaram a se
reunir aos sábados, a fim de orarem e receberem instrução religiosas. É por esse motivo que
Filo (pensador judeu do passado) , chamou as sinagogas de casas de instrução. Foi a partir
dessa altura dos acontecimentos que os escribas, que dedicavam toda a sua vida a tarefa de
compreender e interpretar a lei entraram em cena.

Não se sabe exatamente quando, após o retorno do exílio babilônico, teve inicio a instrução
elementar, como um serviço publico organizado. O Talmude informa-nos de que Simão bem-
Setaque (irmão da rainha Alexandra, que reinou de 78 a 60 a.C), baixou decreto impondo que
as crianças judias deveriam freqüentar as escolas elementares. E também ajunta que o sumo
sacerdote Josué bem-Gamala, (63-65 d.C). foi quem universalizou a educação elementar por
toda a Judéia. Somente os meninos judeus recebiam essa educação publica, a começar com a
idade entre cinco e sete anos. Usualmente, essas escolas elementares eram um adendo a
sinagoga. Essas escolas eram chamadas de casas do Livro. O ensino judaico era efetuado de
maneira inteiramente oral, e a educação consistia quase inteiramente na memorização. Apesar
das falhas didáticas e de método, os professores eram altamente estimados e respeitado em
Israel.

Conclusão:

O objetivo do ensino é “conhecer a sabedoria e a instrução, compreender as palavras de


entendimento, receber a instrução da sabedoria, justiça, juízo, e equidade; dar prudência ao
simples, ao jovem conhecimento e bom siso” (Provérbios 1:2-4).

Tarefa:

Leia o texto O Trivium na Perspectiva Biblica.

PS: Não se esqueça de trazê-lo no dia da Prova.

Lembrete:

Você tem preparado sua cola. A qualquer hora posso solicitar vê-la.

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