Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
as províncias
e a nação
Copyright © 2019, Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro, Karulliny Silverol
Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.).
Copyright © 2019, Editora Milfontes.
Avenida Adalberto Simão Nader, 1065/ 302, República, Vitória - ES, 29070-053.
Compra direta e fale conosco: https://editoramilfontes.com.br
Distribuição nacional em: www.amazon.com.br
editor@editoramilfontes.com.br
Brasil
Editor Chefe
Bruno César Nascimento
Conselho Editorial
Prof. Dr. Alexandre de Sá Avelar (UFU)
Prof. Dr. Arnaldo Pinto Júnior (UNICAMP)
Prof. Dr. Arthur Lima de Ávila (UFRGS)
Prof. Dr. Cristiano P. Alencar Arrais (UFG)
Prof. Dr. Diogo da Silva Roiz (UEMS)
Prof. Dr. Eurico José Gomes Dias (Universidade do Porto)
Prof. Dr. Fábio Franzini (UNIFESP)
Prof. Dr. Hans Urich Gumbrecht (Stanford University)
Profª. Drª. Helena Miranda Mollo (UFOP)
Prof. Dr. Josemar Machado de Oliveira (UFES)
Prof. Dr. Júlio Bentivoglio (UFES)
Prof. Dr. Jurandir Malerba (UFRGS)
Profª. Drª. Karina Anhezini (UNESP - França)
Profª. Drª. Maria Beatriz Nader (UFES)
Prof. Dr. Marcelo de Mello Rangel (UFOP)
Profª. Drª. Rebeca Gontijo (UFRRJ)
Prof. Dr. Ricardo Marques de Mello (UNESPAR)
Prof. Dr. Thiago Lima Nicodemo (UNICAMP)
Prof. Dr. Valdei Lopes de Araújo (UFOP)
Profª. Drª Verónica Tozzi (Univerdidad de Buenos Aires)
Adriana Pereira Campos
Geisa Lourenço Ribeiro
Karulliny Silverol Siqueira
Kátia Sausen da Motta
(Organizadoras)
Editora Milfontes
Vitória, 2019
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida
ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia e gravação digital) sem a permissão prévia da editora.
Revisão
De responsabilidade exclusiva dos organizadores
Capa
Imagem da capa:
FROND, Victor. [Vitória e colônias]. [S.l.: s.n.], [1860].
VILLELA, João Ferreira. [Recife. Recife, PE: [s.n.], [entre 1860 e 1870]. 4 fotos, colódio,
p&b, 19 x 25 cm.
HAGEDORN, Friedrich, 1814-1889. Maranhão: vue de la Cathédrale. - [S.l. : s.n.,
1856] (Paris : : Lemercier). - 1 gravura : litografia, p&b (impr. sobre fundo beige).
Biblioteca Nacional de Portugal.
AZEVEDO, Militão Augusto. São Paulo, 1862. Arquivo da Assembleia Legislativa de
São Paulo.
Bruno César Nascimento - Aspectos
Impressão e Acabamento
GM Gráfica e Editora
Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-94353-82-5
CDD 981.04
Sumário
Apresentação.................................................................................................. 7
Parte 1
Biografias e trajetórias políticas
Parte 2
Disputas políticas e partidárias
Parte 3
Sistema representativo e práticas políticas
Parte 4
Linguagens e ideias políticas
7
Entre a província e a nação
8
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
As Organizadoras.
9
Parte 1
Biografias e trajetórias políticas
Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado
e Silva: um liberal a favor da união entre
Portugal e Brasil (1821)
Cecília Siqueira Cordeiro1
13
Entre a província e a nação
14
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
15
Entre a província e a nação
16
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
17
Entre a província e a nação
18
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
19
Entre a província e a nação
20
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
21
Entre a província e a nação
sua atuação tenha sido atrelada ao irmão mais famoso, José Bonifácio,
que redigira as instruções para a bancada paulista. Por fim há também
outro documento importante – este saído da pena de Antonio Carlos
– que foi explorado pela historiografia e que ajudou a materializar a
versão do antagonismo entre brasileiros e portugueses que “resultou”
na Independência. Escrito em 22 de outubro de 1822 (durante a fuga
de Lisboa para o Rio de Janeiro, motivada pela perseguição que sofrera
por seu posicionamento nas Cortes), o Manifesto de Falmouth é digno
de nota, sobretudo porque nosso Andrada posiciona-se de forma
bem diferente daquela presente no opúsculo escrito na Bahia, no ano
anterior.
Ele e seu sobrinho, o também deputado às Cortes, José da
Costa Aguiar, escrevem tal manifesto a fim de denunciar o “partido
que nas Cortes tem pretendido escravizar o Brasil”.39 A linguagem e
as metáforas do texto difundiram a ideia de que os brasileiros haviam
sido “traídos” por seus irmãos portugueses, que os ludibriaram com
“palavras meigas e convites açucarados de fraternidade e igualdade”,40
para no fim mostrarem seu real interesse e suas “sinistras e dolosas
intenções” recolonizadoras – tal interpretação será muito comum
também na imprensa brasileira da época, a partir de meados de 1821
até a Independência. Antonio Carlos mostra-se arrependido de um dia
ter acreditado que o “grito da liberdade” da Regeneração portuguesa se
estenderia ao Brasil em condições de igualdade:
assim que em fevereiro do presente ano tomou assento o primeiro
dos abaixo-assinados, viu com dor a extensão da sua ilusão, e bem
mau grado seu convenceu-se que as Cortes tinham na boca amor
e irmandade para com o Brasil, e no coração projetos de cizânia,
divisão, enfraquecimento, humilhação e tirania.41
22
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
O opúsculo
Já o opúsculo anteriormente referido, escrito por Antonio
Carlos em um dos seus primeiros atos fora da prisão, continha teor
bastante diverso daquele apresentado no Manifesto de Falmouth. O
entusiasmo com a regeneração portuguesa é incontestável, e não se
desconfia (ainda) das intenções dos revolucionários portugueses. Nesse
sentido, Antonio Carlos mostra-se sensivelmente alinhado aos ideais
vintistas, reproduzindo concepções muito próximas às das primeiras
proclamações e manifestos dos regeneradores portugueses. Em
primeiro lugar, um ponto em comum entre o pensamento vintista e
de Antonio Carlos são as duras críticas desferidas contra o Ministério,
responsabilizando-o pela redação do desastroso decreto de 23 de
fevereiro e acusando-os de serem insensíveis aos verdadeiros anseios
dos Povos e às Luzes do século:
confessa o Ministério que as circunstâncias e que se acha a Monarquia
exigem providências justas, e adequadas para consolidar o Trono,
e assegurar a felicidade da Nação; e assim confessa também a sua
incapacidade; e traição apresentando providências que aumentam
23
Entre a província e a nação
24
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
25
Entre a província e a nação
não possa existir Governo; não precisa a Nação pedir a sua criatura
o que é direito seu.49
49 Cf. REFLEXÕES Sobre o Decreto de 18 de Fevereiro deste ano oferecidas ao Povo
da Bahia por Philagiosotero... Op. cit.
50 Ibidem, p. 270.
51 Cf. OLIVEIRA, Cecília Helena L. de Salles. A astúcia liberal. Relações de mercado
e projetos políticos no Rio de Janeiro (1820-1824). Bragança Paulista: EdUSF/Ícone, 1999,
grifo nosso.
26
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
e forte do monarca, bem como o seu poder de sanção, era essencial, haja
vista que as Assembleias também estão sujeitas a excessos democráticos:
uma vez, porém, feita a Constituição, e aprovada, outra será a
natureza da sanção; sem ela não poderá haver Lei, porque só ela
é o contraste da vontade geral [...] e só ela segura ao Povo, que a
indiscrição, e efervescência de partido não adotaram medidas
nocivas ao bem geral.52
27
Entre a província e a nação
28
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
29
Entre a província e a nação
Esse “golpe bem calculado a ferir os dois Países, não fará senão
acordá-los e premuni-los para uma resistência máscula”,64 prossegue
Antonio Carlos, entendendo que a intenção do governo do Rio de Janeiro
era separar Portugal e Brasil, deixando aquele à sua própria sorte, e este
subjugado a um governo despótico, menoscabado a uma “escravidão
vergonhosa”.65 Aqui vemos a ideia de povos irmãos que lutam, juntos, pela
liberdade e contra o despotismo presente na monarquia portuguesa. Esse
será o espírito de todos os movimentos de adesão à regeneração vintista
por todo o território brasileiro, permanecendo assim até a chegada das
notícias dos chamados “decretos recolonizadores”, em outubro de 1821.
Os próprios liberais portugueses mostravam entusiasmo ao convocar os
portugueses de todas as partes do mundo para tomar parte no movimento,
como se depreende deste trecho do Manifesto do Governo Supremo do
Reino, de 30 de outubro de 1821:
extinto para sempre o injurioso apelido de colônias, não queremos
todos outro nome que o título generoso de concidadãos da mesma
pátria. Quanto nos deprimiu a uns e a outros a mesma escravidão,
tanto nos exaltará a comum liberdade; e entre o europeu,
americano, asiático e africano não restará outra distinção que a
porfiada competência de nos excedermos e avantajarmos por mais
entranhável fraternidade.66
30
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
31
Entre a província e a nação
Referências:
Fontes:
BLAKE, Augusto Vitorino Sacramento. Dicionário Bibliográfico Brasileiro, v.
I, 1970.
PORTUGAL. Documentos para as Cortes Gerais da Nação Portuguesa. Lisboa:
Imprensa Nacional, 1883-1891.
REFLEXÕES Sobre o Decreto de 18 de Fevereiro deste ano oferecidas ao Povo
da Bahia por Philagiosotero. Bahia, 1821. In.: CARVALHO, José Murilo de;
NEVES, Lúcia Bastos; BASILE, Marcello (org.). Guerra Literária: Panfletos da
Independência (1820-1823). v. 2. Belo Horizonte: EdUFMG, 2004.
Obras de Apoio:
BERBEL, Marcia Regina. A nação como artefato: deputados do Brasil nas Cortes
portuguesas (1821-1822). São Paulo: Haucitec/Fapesp, 1999.
CARVALHO, Manuel E. Gomes de. Os deputados brasileiros nas Cortes Gerais
de 1821. Brasília: Senado Federal, 1979.
LIMA JÚNIOR, Carlos Rogério. Um artista às margens do Ipiranga: Oscar Pereira
da Silva, o Museu Paulista e a reelaboração do passado nacional. Dissertação
(Mestrado em Culturas e Identidades Brasileiras). Programa de Pós-Graduação
em Culturas e Identidades Brasileiras da Universidade de São Paulo, São Paulo,
2015.
LIMA, Oliveira. O movimento da Independência, 1821-1822. São Paulo:
Melhoramentos, 1922.
MELO, Luís Corrêa de. Dicionário de Autores Paulistas. São Paulo: Editora
Gráfica Irmãos Andreoli, 1954.
MONTEIRO, Tobias. História do Império: a elaboração da Independência. v. 2.
Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: EdUSP, 1981.
NEVES, Lúcia Bastos. “Antonio Carlos de Andrada”. In.: VAINFAS, Ronaldo
(org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
ROCHA, Antonio Penalves. A recolonização do Brasil pelas Cortes. História de
uma invenção historiográfica. São Paulo: EdUNESP, 2009.
RODRIGUES, José Honório. Independência: Revolução e Contra-revolução, v. 1
(A evolução política). Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975.
OLIVEIRA, Cecília Helena L. de Salles. A astúcia liberal. Relações de mercado e
projetos políticos no Rio de Janeiro (1820-1824). Bragança Paulista: EdUSF/Ícone,
1999.
SCHAWRCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo:
Companhia das Letras, 2015.
32
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
33
Marcelino Duarte: trajetória política do
padre exaltado
35
Entre a província e a nação
36
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
37
Entre a província e a nação
38
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
20 O nome Ceará Grande deve-se ao Ceará-mirim, localidade junto ao rio Bacuípe ao
norte do rio Grande, na Paraíba. Ver FREIRE, Mário de Aristides. A capitania do Espírito
Santo: crônicas da vida capixaba nos tempos dos capitães-mores (1535-1822). 2 ed. Vitória:
Florecultura, 2006, p. 235.
21 Ver discussão sobre a data em FREIRE, Mário de Aristides. A capitania do Espírito
Santo... Op. cit.
22 Cf. FREIRE, Mário de Aristides. A capitania do Espírito Santo... Op. cit., p. 235. Na
obra de MARTINS, encontra-se informado que o Juiz de Fora entre 1816 e 1822 fora José
de Azevedo Cabral. MARTINS, Fernando José. História do descobrimento e povoação da
cidade de São João da Barra e Campos dos Goytacazes: antiga capitania da Parayba do
Sul e da causa e origem do levante denominado - dos Fidalgos, acontecido em meados do
século passado. Rio de Janeiro: Typografia de Quirino & irmão, 1868, p. 221
23 SERRÃO, Joel Brasil. Pequeno dicionário de história de Portugal. Porto:
Figueirinhas, 2004, p. 666; 743-744.
24 Decreto de 24 de fevereiro de 1821.
25 DAEMON, Basílio. Província do Espírito Santo... Op. cit., p. 303.
26 Ofício dirigido pelo governador a Pedro Álvares Diniz apud OLIVEIRA, José
Teixeira de. História do Estado do Espírito Santo. 3 ed. Vitória: APEES, 2008, p. 297-298.
39
Entre a província e a nação
40
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
41
Entre a província e a nação
42
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
43
Entre a província e a nação
44
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
45
Entre a província e a nação
46
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
47
Entre a província e a nação
48
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
49
Entre a província e a nação
Referências:
Fontes:
ARQUIVO NACIONAL. Fundo Interior – Negócios de Província e Estado – IJJ9
356. Documento n. 38.
ARQUIVO NACIONAL. As juntas governativas e a Independência. v. 3. Rio de
Janeiro: Arquivo Nacional, 1973.
DUARTE, Marcelino Pinto Ribeiro (Hum Philopatrico) In.: CARVALHO, José
Murilo de; BASTOS, Lúcia; BASILE, Marcello (org.). Guerra literária: panfletos
da independência (1820-1823). v. 2. Belo Horizonte: UFMG, 2014, p. 357-369.
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. Astrea, anos
indicados.
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. Correio do Rio de
Janeiro, anos indicados.
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. Diário do Governo,
anos indicados.
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. Diário Fluminense,
anos indicados.
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. Farol Maranhense,
anos indicados.
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. Gazeta do Rio de
Janeiro, anos indicados.
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. Jornal do
Commercio, anos indicados.
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. O Espelho, anos
indicados.
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. O mensageiro da
Praia Grande, anos indicados.
INSTITUTO Histórico e Geográfico Brasileiro. Arquivos Privados. Família
Soares Sampaio, ACP 90, Lata 819, pastas 4, 6 a 9 e 26.
RUBIM, Braz da Costa. Memória históricas e documentas do Espírito Santo. Rio
de Janeiro: Typografia de D. Luiz dos Santos, 1861.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESPÍRITO SANTO. (Cartório de 1º. Ofício de
Vitória Nélson Monteiro). Inventários post-mortem 1790-1822. Caixa 13, 1811.
VASCONCELLOS, José Marcelino Pereira de. Jardim poético. Vitória: Editora
Formar/Secretaria Municipal de Cultura, 2008.
VASCONCELLOS, José Marcelino Pereira de. Ensaio sobre a história e estatística
da Província do Espírito Santo. Victoria: Typografia de P. A. D’Azeredo, 1858.
50
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Obras de Apoio:
BARMAN, Roderick; BARMAN, Jean. The role of the Law Graduate in the political
elite of Imperial Brazil. Journal of Interamerican Studies and World Affairs, v.
18, n. 4, p. 433, nov. 1976.
BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In.: FERREIRA, Marieta de Moraes e
AMADO, Janaina (org.). Usos & abusos da história oral. 8 ed. Rio de Janeiro:
FGV, 2006.
CARVALHO, Enaile Flauzina. Redes Mercantis: a participação do Espírito Santo
no complexo econômico colonial (1790-1821). Vitória: Secult, 2010.
CARVALHO, José Augusto. Panorama das letras capixabas. Revista de Cultura
— Ufes, Vitória, vol. 7, n. 21, p. 37, 1982.
CARVALHO, José Murilo de; BASTOS, Lúcia; BASILE, Marcello (org.). Guerra
literária: panfletos da independência (1820-1823). Vol. 2, Belo Horizonte: UFMG,
2014.
COUTINHO, José Caetano da Silva. O Espírito Santo em princípios do século
XIX: apontamentos feitos pelo bispo do Rio de Janeiro quando de sua visita à
capitania do Espírito Santo nos anos de 1812 e 1819. Vitória: Estação Capixaba e
Cultural –ES, 2002.
DAEMON, Bazílio. Província do Espírito Santo: sua descoberta, história
cronológica, sinopse e estatística. Vitória: APEES, 2010.
FRAGOSO, João. Fidalgos e parentes de pretos: notas sobre a nobreza principal da
terra do Rio de Janeiro (1600-1750). In.: FRAGOSO, João; ALMEIDA, Carla Maria
Carvalho; SAMPAIO, Antonio Carlos Jucá de. Conquistadores e negociantes:
histórias de elites no Antigo Regime nos trópicos. América lusa, séculos XVI a
XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 33-120.
FREIRE, Mário de Aristides. A capitania do Espírito Santo: crônicas da vida
capixaba nos tempos dos capitães-mores (1535-1822). 2ª. ed. Vitória: Florecultura,
2006.
GAMA FILHO, Oscar. Chorinho com Marcelino. Revista Você, Vitória/ES, n. 14,
p. 7, Ago. 1993.
GOULARTE, Rodrigo da Silva. Motins e tumultos no limiar da Independência
brasileira. In.: NEVES, Lúcia Maria Bastos P.; BESSONE, Tânia Maria (org.).
Dimensões políticas do Império do Brasil. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2012.
GOUVÊA, Maria de Fátima Silva. Poder político e administração na formação
do complexo atlântico português (1645-1808). In.: FRAGOSO, João; GOUVÊA,
Maria de Fátima; BICALHO, Maria Fernanda. O Antigo Regime nos trópicos:
a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2001, p. 285-315.
LUSTOSA, Isabel. Insultos impressos: a guerra dos jornalistas na Independência
(1821-1823). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
MARTINS, Fernando José. História do descobrimento e povoação da cidade de
São João da Barra e Campos dos Goytacazes: antiga capitania da Parayba do Sul
e da causa e origem do levante denominado - dos Fidalgos, acontecido em meados
51
Entre a província e a nação
52
Parte 2
Disputas políticas e partidárias
“Tradicionalistas” x “Conservadores”: uma
disputa palaciana na Corte de D. Pedro I
Rafael Cupello Peixoto1
55
Entre a província e a nação
duraria mais de seis meses. Escrita pouco mais de três meses antes da
Abdicação, o registro de Barbacena foi usado por seus biógrafos como
prova irrefutável de sua sagacidade política ao “profetizar” o 7 de abril de
1831.7 Em outro momento do artigo supracitado,8 defendi que a missiva
de Barbacena não deve ser percebida como profética. Na verdade, ela
foi produto de um sujeito influenciado por pensamento moderno, que
ressignificou o conceito de “história”, surgido a partir das reflexões
iluministas e dos adventos da Revolução Francesa e Industrial, e que
permitiu o surgimento da filosofia da história inaugurando o que hoje
compreendemos como “modernidade”.9
Todavia, apesar da carta não poder ser configurada nem como um
“símbolo da nacionalidade”, nem como um elemento “profético”, isto
não quer dizer que o referido documento não tenha relevância analítica.
Pelo contrário, Barbacena fez reveladora exposição dos bastidores do
seu Ministério (dez. 1829 a out. 1830) evidenciando intrigas e disputas
políticas dentro da corte palaciana de D. Pedro I. Tal missiva serve
como importante instrumento de pesquisa a fim de identificar os grupos
políticos que circulavam o primeiro monarca. Sendo assim, procuraremos
ao longo deste capítulo apresentar as disputas políticas palacianas da corte
de D. Pedro I, tendo na missiva de Barbacena nosso ponto de partida.
Primeiramente, não custa relembrar a retórica discursiva
presente no cenário político brasileiro do Primeiro Reinado. Naquele
tempo, ainda não havia se consolidado consenso sobre os elementos
formadores de uma nacionalidade “brasileira”.10 Esta estava em
7 Cf. AGUIAR, Antônio Augusto. A vida do marquês de Barbacena... Op. cit., nota
4; CALÓGERAS, Pandiá. O marquês de Barbacena. Brasília: EdUnB, 1982; OTÁVIO
FILHO, Rodrigo. Figuras do Império e da República. Rio de Janeiro: Livraria Editora Zélio
Valverde, 1944.
8 CUPELLO, Rafael. “[...] Palavras de constituição e brasileirismo na boca, [...]
Português e absoluto de coração [...]”... Op. cit., nota 1.
9 KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos
históricos. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. da PUC-Rio, 2006. Na verdade, as asserções
desenvolvidas pelo marquês de Barbacena não podem ser catalogadas dentro de uma
leitura de prognóstico de caráter político-didático, pautada em uma percepção setecentista
de “história”, isto é, numa característica tradicional de mestra, na qual o passado (o
conhecimento histórico) possibilitava ensinar/modelar o presente, controlando o futuro.
Assim, os argumentos expostos por Barbacena não buscavam ensinar pelo exemplo e
imitação do passado o caminho a ser traçado por D. Pedro I, que, repetindo os modelos
anteriores, garantiria o sucesso de seu governo. Na verdade, eram instruções de como reagir
a um futuro que ainda estava por vir. Cf. CUPELLO Rafael. “[...] Palavras de constituição e
brasileirismo na boca, [...] Português e absoluto de coração [...]”... Op. cit., p. 247-255, nota
1.
10 Sobre a origem e a difusão do nacionalismo, Cf. ANDERSON, Benedict.
56
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
57
Entre a província e a nação
14 Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. Fundo Marquês de Barbacena. ANRJ, BR AN,
58
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
RIO.Q1.0.MFA.1, p. 1-2.
15 RIBEIRO, Gladys Sabino. A liberdade em construção... Op. cit., p. 87-143, nota 4.
16 Ibidem, p. 83-87.
59
Entre a província e a nação
60
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
61
Entre a província e a nação
62
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
63
Entre a província e a nação
64
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
espaço de atuação “da rua”, pois considera que ele limita a ação desses movimentos aos
interesses das “facções” políticas daquela época. Segundo a autora em questão, defender tal
conceito é reproduzir o discurso das elites políticas imperiais que viam o “populacho” como
uma massa de ignorantes incapazes de se organizar politicamente. Cf. RIBEIRO, Gladys
Sabino. “A opinião pública tem sido o molho do pasteleiro”: o Caramuru e a conservação.
In.: CARVALHO. José Murilo; CAMPOS, Adriana Pereira. Perspectivas da cidadania
no Brasil Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, p. 255-256. No entanto,
não percebemos o estudo de Basile como mero “reprodutor” dos discursos políticos da
elite política imperial sobre a “ação das ruas”. Na verdade, Basile destacou a autonomia
daqueles movimentos, sublinhando que as lideranças “exaltadas” procuraram conquistar a
simpatia “da plebe”, a partir do “programa partidário” que defendiam, a fim de apropriar-
se de “capital” necessário para disputar o controle dos espaços tradicionais de poder
– Parlamento e Corte – ocupados, majoritariamente, por “moderados” e “caramurus”.
Os próprios “caramurus” também buscaram legitimar suas bandeiras políticas junto às
camadas populares, sendo por elas aceitas ou rejeitadas, segundo o que estivesse de acordo
com as reivindicações da “arraia miúda”. Logo, o autor não retirou a autonomia de ação dos
movimentos de rua como argumentado por Gladys Ribeiro. Nesse sentido, nosso trabalho
se aproxima da linha interpretativa de Marcello Basile. Cf. BASILE, Marcello Otávio Neri
de Campos. O Império em construção... Op. cit., nota 32.
35 Sobre as agitações do período regencial, Cf. MOREL, Marco. O período das
Regências (1831-1840). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
36 Sobre as leituras a respeito dos conceitos de liberdade no período imperial, bem
como a identificação política das principais “facções” que compunham o cenário político
do final do Primeiro Reinado e início das regências, Cf. BASILE, Marcello Otávio Neri de
Campos. O Império em construção... Op. cit., nota 32. Sobre uma perspectiva analítica
diferente no que diz respeito à leitura de liberdade no mesmo período, Cf. MATTOS, Ilmar
Rohloff de. O tempo Saquarema. São Paulo: Editora Hucitec, 2004; RIBEIRO, Gladys
Sabino. “A opinião pública tem sido o molho do pasteleiro”... Op. cit., nota 4.
37 AGUIAR, Antônio Augusto. A vida do marquês de Barbacena... Op. cit., p. 810,
nota 3.
65
Entre a província e a nação
66
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
41 LYNCH, Christian Edward Cyril. Monarquia sem despotismo e liberdade sem
anarquia... Op. cit., p. 25.
42 Ibidem.
43 Ibidem.
44 Ibidem, p. 29.
45 Ibidem.
67
Entre a província e a nação
46 Cf. LYNCH, Christian Edward Cyril. Monarquia sem despotismo e liberdade sem
anarquia... Op. cit.
47 Ibidem.
48 LYNCH, Christian Edward Cyril. Monarquia sem despotismo e liberdade sem
anarquia... Op. cit., p. 30. Para uma interpretação distinta da de Lynch sobre o conceito de
Conservador. Cf. ROMANO, Roberto. O pensamento conservador. Revista de sociologia,
n. 3, p. 21-31, 1994. Para uma história do conceito, Cf. BOBBIO, Norberto. Dicionário de
política. 1 ed. Brasília: EdUnB, 1998, p. 242-246.
49 BASILE, Marcello. Governo, nação e soberania no Primeiro Reinado: a imprensa
áulica do Rio de Janeiro. In.: CARVALHO, José Murilo de [et. al.]. Linguagens e fronteiras
do poder. Rio de Janeiro: EdFGV, 2011, p. 174.
68
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
69
Entre a província e a nação
70
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
71
Entre a província e a nação
62 AGUIAR, Antônio Augusto. A vida do marquês de Barbacena... Op. cit., p. 804,
nota 3.
63 Não utilizamos aqui a concepção moderna de “opinião pública”, isto é, um
espaço no qual uma pluralidade de indivíduos se exprimem em termos de aprovação
ou sustentação a uma ação, servindo de referencial a um projeto político definido, com
o poder de alterar os rumos dos acontecimentos, mas sim como um campo legítimo de
liberdade de pensamento visto, enquanto uma instância crítica, com certa autoridade para
intervir nos acontecimentos políticos, comportando-se como “termômetro” de um governo
liberal, pois já se constituía em uma reflexão privada sobre os negócios públicos, tornando
possível sua discussão em público. Nesse sentido, a imprensa de início do século XIX e,
especialmente, os letrados que atuavam nela manifestavam uma preocupação em dirigir
essa opinião pública, de produzi-la. Sendo assim, os homens de letras tinham o cuidado de
exprimirem-se em porta-vozes de uma evidência, e não em manipuladores de ideias. Para
uma contextualização a respeito do conceito de opinião pública, Cf. NEVES, L. M. B. P.
das. “Opinião Pública”. In.: FERES JUNIOR, João (org.). Léxico da História dos Conceitos
políticos do Brasil. Belo Horizonte: EdUFMG, 2009, p. 181-202.
64 LYNCH, Christian Edward Cyril. Monarquia sem despotismo e liberdade sem
anarquia... Op. cit., p. 98, nota 37, grifo do autor.
72
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
73
Entre a província e a nação
Lisboa, que ficou no cargo até 3 de novembro daquele ano quando foi nomeado Antônio
Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque; as pastas da Justiça, Guerra e
Marinha não foram modificadas, permanecendo inalteradas até o fim do 8º Gabinete. Elas
foram ocupadas por Alcântara, Rio Pardo e Paranaguá, respectivamente. Vale salientar
que as mudanças promovidas por D. Pedro I ao longo desse Ministério, bem como dos
subsequentes misturaram “tradicionalistas” e “conservadores” com a predominância do
primeiro grupo sobre o segundo, sendo, inclusive, uma das razões da queda do monarca
em 7 de abril de 1831. Cf. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. INSTITUTO
NACIONAL DO LIVRO. Organizações e programas ministeriais: regime parlamentar
no império. 3 ed. Brasília: Departamento de Documentação e Divulgação, 1979, p. 25-31.
68 Segundo Marcello Basile, os “caramurus” podem ser tributados como partidários de
uma percepção conservadora do liberalismo alinhado a Edmund Burke. Esse grupo pode
ser visto como composto por figuras que circundaram de muito perto o Imperador durante
o Primeiro Reinado. Não por acaso, “o ponto de identidade do grupo era o elogio saudosista
a Pedro I e a crítica feroz ao 7 de abril e à Regência”. Cf. BASILE, Marcelo. O Império
em construção... Op. cit., p. 345. O principal ponto do projeto “caramuru” era a recusa
intransigente a qualquer mudança na Constituição de 1824, vista como suficientemente
liberal. Eram, portanto, ferrenhos defensores de um modelo de monarquia constitucional
fortemente centralizada, sendo opositores à extinção do Poder Moderador, do Conselho
de Estado e da vitaliciedade do Senado, onde tinham importante base de apoio; propostas
que foram apresentadas na Câmara dos Deputados nos projetos de reforma constitucional
do período Regencial. O federalismo pleiteado pelos “exaltados” era a principal reforma
combatida pelos “caramurus”, “avessos a qualquer tipo de descentralização, inclusive a que
os “moderados” passaram a aceitar após a Abdicação e foi adotada pelo Ato Adicional”. Cf.
BASILE, Marcelo. O Império em construção... Op. cit., p. 344. Suas principais lideranças
foram Antônio Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque (visconde de
Albuquerque), Martim Francisco de Andrada, Miguel Calmon (marquês de Abrantes),
Pedro de Araújo Lima (marques de Olinda), José Clemente Pereira, José da Silva Lisboa
(visconde de Cairu), Francisco Montezuma (visconde de Jequitinhonha), Antônio
Rebouças e Lopes Gama. Cf. BASILE, Marcelo. O Império em construção... Op. cit., p.
337-447, nota 32.
69 Reforçando sua identidade como um político “moderado”, encontramos uma
citação do jornal “caramuru” O Esbarra, em que o marquês é acusado, juntamente com
outras lideranças do “partido” em questão, de “ladrões, incestuosos, moedeiros falsos,
sevandijas, estúpidos, e mal-criados” e indagava com todo veneno: “Não é o Cellos-vascon
[Vasconcellos] Chimango; e não vive ele com sua Irmã? O Sr. Car-len-a [José Martiniano
de Alencar] não deflorou duas Primas, vivendo ultimamente com uma delas? Não são
ladrões o mesmo Cellos-vascon, Vm. [Evaristo], o Cena-barba [marquês de Barbacena], o
Republico [Borges da Fonseca], o Cezarino 500$ rs. [?] e P. Feijó, o Pilar [João Silveira do
Pillar] etc. etc.? Não são moedeiros falsos os Reg [regentes] todos?”. Cf. O Esbarra, n. 3, 22
nov. 1833 apud BASILE, Marcelo. O Império em construção... Op. cit., p. 351, grifos nossos.
74
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
75
Entre a província e a nação
76
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
77
Entre a província e a nação
78
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
79
Entre a província e a nação
80
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
81
Entre a província e a nação
Referências:
Fontes:
CARVALHO, J. M. de; BASTOS L.; BASILE M (org.). Guerra Literária: panfletos
da Independência (1820-1823). Belo Horizonte: EdUFMG, 2014, v. 1-4.
CAVALCANTI, A. O Meio Circulante Nacional. Resenha e compilação
chronologica de legislação e de factos. v. 1. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,
1893, p. 103-104.
Memórias oferecidas a Nação Brasileira pelo conselheiro Francisco Gomes
da Silva. Londres: Impresso por L. Thompson, 19, Great St. Helens, 1831. Sala
de Leitura Geral. H. G. 34613 V. Disponível em: <http://purl.pt/24757/4/hg-
34613-v_PDF/hg-34613-v_PDF_24-C-R0150/hg-34613-v_0000_capa-capa_t24-
C-R0150.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2017.
Obras de Apoio:
AGUIAR, A. A. de. A vida do marquês de Barbacena. Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, 1896.
ANDERSON, B. Comunidades Imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão
do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
BASILE, M. O laboratório da nação: a era regencial (1831-1840). In.: GRINBERG,
K.; SALLES, R. (org.). O Brasil Imperial: 1831-1840. v. II. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2017, p. 53-120.
BASILE, M. Inventário analítico da imprensa periódica do Rio de Janeiro na
Regência: perfil dos jornais e dados estatísticos. In: CARVALHO, J. M.; NEVES, L.
M. B. P. das (org.). Dimensões e fronteiras do Estado brasileiro no oitocentos. Rio
de Janeiro: EdUERJ, 2014, p. 37-62.
BASILE, M. Governo, nação e soberania no Primeiro Reinado: a imprensa áulica
do Rio de Janeiro. In.: CARVALHO, J. M de; PEREIRA, M. H; RIBEIRO, G. S.;
VAZ, M. J. (org.). Linguagens e fronteiras do poder. Rio de Janeiro: EdFGV,
2011, p. 172-185.
BASILE, M. O Império em construção: projetos de Brasil e ação política na corte
regencial. Tese (Doutorado em História Social). Programa de Pós-Graduação em
História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.
BERNARDES, Denis A. de M. O Patriotismo Constitucional: Pernambuco,
1820-1822. São Paulo: Hucitec; Recife: UFPE, 2006.
BOBBIO, N. Dicionário de política. 1 ed. Brasília: EdUnB, 1998, p. 242-246.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
CALÓGERAS, P. O marquês de Barbacena. Brasília: EdUnB, 1982.
COSER, I. O conceito de partido no debate político brasileiro (1820-1920). Ler
História, v. 67, p. 25-45, 2015.
82
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
83
Entre a província e a nação
84
Disputas políticas no Maranhão pós-
independência: o postergar das distinções,
rivalidades e efervescência dos partidos
85
Entre a província e a nação
86
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
87
Entre a província e a nação
88
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
89
Entre a província e a nação
não havia senão dois dias para os preparativos; contudo não faltou
para o regozijo fosse completo e tudo apareceu como por encanto.
Quanto pode o entusiasmo em peitos portugueses, e de quanto
é suscetível o seu abalizado patriotismo! Até o tempo parece que
respeitou a santidade deste dia; porque havendo entrado a estação
chuvosa, se apresentou mais alegra que o mais lindo dia da primavera.
Afortunar a Nação:
A lusa Constituição.12
90
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
91
Entre a província e a nação
92
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
93
Entre a província e a nação
Como se verá mais adiante, isso não impediu que os interesses políticos
locais ainda fossem sentidos durante sua administração.
O governo de Lobo foi marcado pela tentativa constante de
fazer parecer que uma nova era se estabelecia no Maranhão, em que os
tempos de desmandos e atropelos das normas legais, presenciados e até,
em certa medida, incentivados pelo antigo presidente, não encontravam
mais espaço. Como parte desse processo, encaminhou uma série de
Ofícios aos Juízes de lugares específicos da província, como as vilas de
Guimarães, Viana, Alcântara e seus respectivos distritos, acusando o
público e notório conhecimento dos “muitos roubos, arrombamentos
de portas e grandes desordens”, que incluíram até mesmo assassinatos,
como o “de um europeu João Jacintho”, de “um tal Estevão” e do
“Coronel Francisco Lopes Calheiros”. O governo dizia que estes casos
não deveriam ficar impunes, de modo que ordenava que fossem feitas
“com urgência” a abertura de devassa para apurar os crimes cometidos.
Da mesma forma, ciente da indisposição do antigo governo com os
consulados estrangeiros, escreveu também a P. de Pallières, Vice-
cônsul da França, em 21 de janeiro de 1825, informando ter tomado
conhecimento dos espancamentos praticados contra vários cidadãos
franceses, durante o governo passado. Pedia ao vice-cônsul que
encaminhasse uma lista dos que foram maltratados e, se fosse possível,
dos autores dos crimes.23
Igualmente, Lobo teve que dar encaminhamento a uma série de
22 O argos da lei, n. 2, p. 3, 11 jan. 1825.
23 Idem, n. 8, p. 2 et. seq., 1 fev. 1825.
94
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
95
Entre a província e a nação
96
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
não quebre a lei”. A denúncia recaia no fato de que pelo menos dois dos
quatorze que concorreram ao Senado estavam legalmente inabilitados
para tal cargo, a saber Lourenço de Castro Belfort e Sebastião Gomes da
Silva Belfort. De igual forma, na disputa para a Câmara dos Deputados
outros dois, dentre os doze, Antônio Nunes Belfort e o Dr. Leocádio
Ferreira encontravam-se também impedidos legalmente de concorrer
às eleições. Contrariando as “instruções aprovadas por S.M.I.”, os
três primeiros “estão criminosos em devassas” e o último “não tem
quatrocentos mil réis de renda”.29 Como se pode constatar, para os
dois cargos concorriam nomes ligados à família Belfort, mas também à
família Burgos. A historiografia já registrou que as disputas entre estas
duas famílias, somada à família Bruce, marcaram os primeiros anos do
Maranhão independente.30
Nessa mesma linha, ainda que não se tratasse das eleições para
deputado ou senador, outra denúncia anônima, desta feita sobre as
eleições para o Conselho de província e para o Conselho Presidial,
questionava a parcialidade dos “Juízes Belfortinos”, que pareciam
cometer erros “muito gordos” a favor da “cabala belfortina”.31
Todavia, como já sinalizado há pouco, se as querelas entre as
famílias estavam por trás do moroso processo das eleições, a atmosfera
política também era influenciada por uma questão igualmente
controversa: a ainda latente animosidade entre e os brasileiros nascidos
no Brasil e os nascidos na Europa. A indisposição entre os brasileiros
natos Odorico Mendes, decidido a disputar as eleições, e Joaquim
Antônio Cardoso, igualmente inclinado à disputa eleitoral, ajuda a
visualizar melhor como aquelas questões compunham aspectos de uma
mesma trama.
Depois de algumas rusgas entre os dois, numa edição inteiramente
dedicada a rebater seu adversário, Odorico acusava Cardoso de ser
um “velho”, “homem de tretas”, cujas posições políticas sempre se
acomodavam ao rumo dos acontecimentos. Dizia que não obstante o
seu atual apoio aos “nossos irmãos adotivos”, há pouco, quando ainda
era contrário à Independência, viu seu filho e genro serem presos
a mando de portugueses, levando-o a chamá-los de “vil canalha,
infames, indignos, que deviam ser exterminados da província”. Depois,
29 O argos da lei, n. 24, p. 3, 29 mar. 1825.
30 Cf. MEIRELES, Mário. História da Independência do Maranhão. Rio de Janeiro:
Editora Artenova, 1972.
31 O argos da lei, n. 31, p. 1, 22 abr. 1825.
97
Entre a província e a nação
98
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
35 A íntegra do texto foi publicada nesta mesma edição do Censor. A leitura deste
documento remete-nos a outro publicado aproximadamente um ano antes, no Rio de
Janeiro. No Requerimento Rasão, e Justiça, assinado por “uma terça parte das Senhoras
Brasileiras”, mulheres brasileiras casadas com homens nascidos em Portugal rogavam ao
Imperador que tomasse providências contra a ameça de se verem na condição de “casadas
sem esposo, viúvas com marido” e de terem “filhos sem pais”. Cf. CARVALHO, José Murilo
de; BASTOS, Lúcia; BASILE, Marcelo. Guerra Literária: Panfletos da Independência (1820-
1823). v. 3. Belo Horizonte: EdUFMG, 2014, p. 789. Enquanto as senhoras do Maranhão
tratavam de questões mais imediatas, situações já vividas, as do Rio de Janeiro previam o
perigo que se aproximava. Embora os dois textos guardem semelhanças, não há qualquer
indicação de que a ação iniciada na Corte tenha servido de inspiração às senhoras do
Maranhão. Cf. Censor, n. 8, p. 132 et. seq., 29 dez. 1825.
36 Oficio de Manuel Telles da Silva Lobo a João Severiano Maciel da Costa, em 31
de dezembro de 1825, comunica a chegada do Marquês do Maranhão, Lord Cochrane.
Arquivo Nacional, Série Interior, IJJ9-553.
99
Entre a província e a nação
100
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
101
Entre a província e a nação
102
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Considerações finais
Como se pode ver, as querelas políticas que dominaram o
Maranhão desde os tempos das guerras pela adesão à independência, não
foram resolvidas naquele 28 de julho de 1823. Os ânimos permaneciam
aflorados e a luta pela delimitação dos espaços a serem ocupados por
“brasileiros” e “portugueses” tornava o cenário ainda mais instável.
Aliás, a própria definição da cidadania brasileira caminhava à medida
que este embate entre os nascidos no Brasil e na Europa se conformava
à realidade político-social da província. O Argos da Lei e o Censor
passaram a ser o principal canal de debate acerca das grandes questões
em torno da definição da cidadania e, consequentemente, dos direitos e
das garantias constitucionais. Todavia, a compreensão desta realidade
que se apresentava no pós-independência, requer um breve retorno
ao passado quando a concepção do “ser brasileiro” ou “ser português”
possuíam significados muito distantes da que foi sendo forjada nos anos
posteriores ao grito de independência.
Até o momento definitivo da ruptura, em fins de 1822,
os significados associados à noção de “brasileiro” e “português”
não incorporavam ainda o sentido das rivalidades que foram se
desenrolando ao longo do primeiro reinado. O período imediatamente
posterior à independência era de profunda instabilidade do ponto de
vista político, mas também social. Apesar das constantes referências
que a historiografia faz às rivalidades entre brasileiros e portugueses,
a configuração social das províncias brasileiras iam muito além
dessa simples dicotomia. Não obstante os discursos proferidos por
significativa parte da imprensa do Rio de Janeiro fazerem referência à
‘autonomia’ e/ou ‘independência’, nos primeiros meses de 1822, havia
ainda o compartilhamento de um projeto de união dos portugueses
de ambos os lados do oceano. Como já destacado, no Maranhão,
mesmo depois da adesão da maioria das províncias do Brasil à ideia
de ruptura total dos laços de união a Portugal, o Conciliador ainda
pregava o discurso da união:
103
Entre a província e a nação
o Brasil não pode ser livre e feliz na sua liberdade, sem viver unido
fraternalmente a seus irmãos europeus [...]; uma união geral das
províncias a Portugal é por hora que lhe pode ser mais útil [...].
Cuidem unicamente de reunirem-se ambas a famílias, lembrando-
se que os Portugueses Europeus sempre foram os seus parentes e
amigos. Brasileiros, Povo Ilustre, abri os olhos, e identificai-vos com
vossos irmãos; é com eles que vos fareis grande.41
104
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Referências:
Fontes:
(O) Argos da Lei – MA (1825).
(O) Censor – MA (1825-1830).
(O) Conciliador – MA (1821-1823).
ATA da Câmara Geral do dia 15 de setembro de 1823. Arquivo Nacional, Coleção
Diversos, caixa 741, A, 1, 3.
OFÍCIO de Manuel Teles da Silva Lobo ao Ministro e Secretário de Estado dos
Negócios do Império, José Severiano Maciel da Costa, em 31 de dezembro de 1824,
apresenta explicações sobre o atraso nas eleições. Arquivo Nacional, Série Interior,
IJJ9 - 553.
OFÍCIO de Manuel Telles da Silva Lobo a João Severiano Maciel da Costa, em
31 de dezembro de 1825, comunica a chegada do Marquês do Maranhão, Lord
Cochrane. Arquivo Nacional, Série Interior, IJJ9-553.
PROCLAMAÇÃO de Manuel Telles da Silva Lobo, em 27 de janeiro de 1825, em
que pede aos cidadãos que esqueçam as vinganças pessoais e deixem que a justiça
encontre os criminosos. Arquivo Nacional, Série Interior, IJJ9-553.
Obras de Apoio:
CARVALHO, José Murilo de; BASTOS, Lúcia; BASILE, Marcelo. Guerra Literária:
Panfletos da Independência (1820-1823). v. 3. Belo Horizonte: EdUFMG, 2014.
GALVES, Marcelo Cheche. O Maranhão e a transição constitucional no mundo
luso-brasileiro - 1821-1825. In.: RIBEIRO, Gladys Sabina; FERREIRA, Tânia
Maria Tavares Bessone (org.). Linguagens e práticas da cidadania no século XIX.
São Paulo: Alameda, 2010.
GALVES, Marcelo Cheche. Ao público sincero e imparcial: Imprensa e
Independência na província do Maranhão (1821-1826). São Luís: Café & Lápis;
Editora UEMA, 2015.
105
Entre a província e a nação
106
Parte 3
Sistema representativo e práticas
políticas
Muito além do voto: eleições, participação
popular e regulação do sistema eleitoral na
província de São Paulo (1840-1850)
Rodrigo Marzano Munari1
109
Entre a província e a nação
110
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
111
Entre a província e a nação
112
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
113
Entre a província e a nação
114
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
115
Entre a província e a nação
116
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
117
Entre a província e a nação
118
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
30 Como salientam Paolo Ricci e Jaqueline Zulini, a denúncia de fraude, tal como ela
é geralmente oferecida pelas fontes de que se servem os historiadores para comprovar a
existência de uma série de vícios e irregularidades (tanto nos pleitos do Império quanto
nos da Primeira República, mais particularmente), “não pode ser tomada como evidência
do acontecimento apontado em si”. Através de exame pormenorizado das contestações
dirigidas à Câmara dos Deputados por candidatos derrotados nas eleições para essa Casa
legislativa, durante a Primeira República brasileira, os autores concluem “que é a disputa
interpartidária em litígios acirrados que causa a denúncia da fraude. Quando os mais bem
votados são do mesmo partido, dificilmente o provável desconforto pessoal se converte na
formalização de contestações”. O estímulo elementar dessa competição político-partidária
era a concorrência pelo controle do aparato burocrático relativo à realização das eleições,
controle este que, mostrando-se falho, fazia com que a fraude se manifestasse com maior
contundência. Nesse sentido, tais “práticas de deturpação do voto deveriam ser repensadas,
enquadrando-as num modo de competir em voga naquele momento. Isso não significa
menosprezar a fraude, mas reconduzi-la ao tema da incapacidade de controle sobre a
máquina administrativa dos pleitos”. RICCI, Paolo; ZULINI, Jaqueline Porto. Partidos,
competição política e fraude eleitoral: a tônica das eleições na Primeira República. Dados
(online), Rio de Janeiro, v. 57, n. 2, p. 443-479, 2014.
31 François-Xavier Guerra chamou atenção para esta discussão ao tratar da gênese
do cidadão no mundo latino-americano: mesmo que a fraude não houvesse existido e as
eleições fossem totalmente “livres”, não existiria ainda assim o “cidadão moderno”: “Un
voto libre no es necesariamente un voto individualista, producto de una voluntad aislada.
Inmerso en una red de vínculos sociales muy densos, el ciudadano se manifiesta libremente a
través de su voto como lo que es: ante todo, miembro de un grupo, sea cual fuere el carácter
de éste (familiar, social o territorial). El elector escoge con libertad a aquellos que mejor
representan a su grupo, normalmente a sus autoridades o a los que éstas designan, como
lo corroboran los resultados electorales de que disponemos”. GUERRA, François-Xavier.
El soberano y su reino. Reflexiones sobre la génesis del ciudadano en América Latina. In.:
SABATO, Hilda (Coord.). Ciudadanía política y formación de las naciones. Perspectivas
históricas de América Latina. México: Fondo de Cultura Económica, 2002, p. 52.
119
Entre a província e a nação
32 RICCI, Paolo; ZULINI, Jaqueline Porto. As eleições no Brasil republicano: para
além do estereótipo da fraude eleitoral. Histórica: Revista Eletrônica do Arquivo Público
do Estado de São Paulo, ano 11, n. 63, 2015, p. 55.
33 Cf. GALDINO, Antonio Carlos. Campinas, uma cidade republicana: política
e eleições no Oeste Paulista (1870-1889). Tese (Doutorado em História). Programa
de Pós-graduação em História, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006,
especialmente cap. 4.
34 A respeito do tema das campanhas políticas e demais práticas e ritos eleitorais, no
contexto da província do Espírito Santo, Cf. MOTTA, Kátia Sausen da. Eleições no Brasil
do Oitocentos: entre a inclusão e a exclusão da patuleia na cidadela política (1822-1881).
Tese (Doutorado em História). Programa de Pós-graduação em História, Universidade
Federal do Espírito Santo, Vitória, 2018, especialmente cap. 3.
35 Tratando dos meetings ocorridos em 1866 no bairro de São José, no Recife, Suzana
Rosas menciona uma convocatória, publicada no jornal O Tribuno, para uma reunião cuja
pauta, entre outras referidas, seria a organização de “comícios eleitorais”; ocasião em que se
trataria de “convencer o povo da necessidade de não abandonar à eleição, sendo condição
indispensável não receber chapa de caixão: devendo conferenciarem nas freguesias para
fazerem eleitores os artistas, e não os fidalgos, e nem a algum agente da polícia”. Assim,
no evento, tratariam os oradores de convencer esse eleitorado, sempre identificado como
“os pobres”, a eleger candidatos que no parlamento pudessem representá-lo e atender
às suas demandas mais prementes. ROSAS, Suzana Cavani. Cidadania, trabalho, voto e
antilusitanismo no Recife na década de 1860: os meetings no bairro popular de São José.
In.: RIBEIRO, Gladys S.; FERREIRA, Tânia M. T. Bessone da Cruz (org.). Linguagens e
práticas da cidadania no século XIX. São Paulo: Alameda, 2010, p. 166.
36 A esse respeito, Cf. CORD, Marcelo Mac. A reforma eleitoral de 1881: artífices
120
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
121
Entre a província e a nação
122
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
123
Entre a província e a nação
124
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
125
Entre a província e a nação
126
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
127
Entre a província e a nação
128
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
129
Entre a província e a nação
130
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Referências:
Fontes:
ANAIS da Câmara dos Deputados, sessão de 16 de agosto de 1839, p. 636. Site da
Câmara dos Deputados: http://imagem.camara.gov.br/.
CONSTITUIÇÃO Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824. Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional, 1886. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/
atividade-legislativa/legislacao/doimperio/colecao2.html.
LEI no 387, de 19 de agosto de 1846. In.: SOUZA, Francisco Belisário Soares de. O
sistema eleitoral no Império. Brasília: Senado Federal, 1979.
OFÍCIO do presidente da província de São Paulo ao juiz de paz mais votado da vila
de Ubatuba, 30/10/1847 – E00271. De mesmo teor e na mesma data ao brigadeiro
Francisco de Paula Macedo – E00565. Arquivo Público do Estado de São Paulo
(APESP).
OFÍCIO, com abaixo-assinado de vários habitantes da freguesia de São José do
Barreiro, dirigido ao presidente em exercício da província de São Paulo, 22/11/1847
– CO0810. APESP.
OFÍCIO reservado do presidente em exercício da província de São Paulo ao padre
Francisco da Silva Ribeiro, delegado da vila de Areias, 16/12/1847 – E00214.
APESP.
OFÍCIO do ministro do Império ao presidente da província de São Paulo,
10/11/1848 – CO5246. APESP.
OFÍCIO do ministro do Império ao presidente da província de São Paulo,
26/01/1849 – CO5246. APESP.
PARECER conjunto das Seções do Conselho de Estado dos Negócios do Império
e dos da Justiça, de 3 de dezembro de 1844, enviado em ofício ao presidente da
província de São Paulo, 18 de dezembro de 1844 - CO5241. APESP.
131
Entre a província e a nação
Obras de Apoio:
ANNINO, Antonio (Coord.). Historia de las elecciones en Iberoamérica, siglo
XIX: de la formación del espacio político nacional. Buenos Aires: Fondo de Cultura
Económica, 1995.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial;
Teatro de Sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
CASTELLUCCI, Aldrin Armstrong Silva. Muitos votantes e poucos eleitores: a
difícil conquista da cidadania operária no Brasil Império (Salvador, 1850-1881).
Varia Historia, Belo Horizonte, v. 30, n. 52, p. 183-206, 2014.
CORD, Marcelo Mac. A reforma eleitoral de 1881: artífices especializados de
pele escura, associativismo, instrução, comprovação de renda e eleições no
Recife oitocentista. In.: Anais do 5º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil
Meridional, Porto Alegre, 2011.
DANTAS, Monica Duarte (org.). Revoltas, motins, revoluções: homens livres
pobres e libertos no Brasil do século XIX. 2 ed. São Paulo: Alameda, 2018.
DOLHNIKOFF, Miriam. O pacto imperial: origens do federalismo no Brasil. São
Paulo: Globo, 2005.
DOLHNIKOFF, Miriam. Império e governo representativo: uma releitura. Cad.
CRH (online), Salvador, v. 21, n. 52, p. 13-23, 2008.
DOLHNIKOFF, Miriam. Governo representativo e eleições no século XIX. Revista
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, v. 474, p. 15-46, 2017.
DOLHNIKOFF, Miriam. História do Brasil Império. São Paulo: Contexto, 2017.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político
brasileiro. São Paulo: Globo, 2001.
FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem escravocrata. São
Paulo: Ed. Unesp, 1997.
GALDINO, Antonio Carlos. Campinas, uma cidade republicana: política e
eleições no Oeste Paulista (1870-1889). Tese (Doutorado em História). Programa
de Pós-graduação em História, Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
2006.
GRAHAM, Richard. Clientelismo e política no Brasil do século XIX. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 1997.
GUERRA, François-Xavier. El soberano y su reino. Reflexiones sobre la génesis del
132
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
133
Entre a província e a nação
134
Minas em círculos: a reforma eleitoral de 1855
e as eleições de 1856 na província mineira
Introdução
Nos últimos anos, a historiografia mineira vem abrindo
importante frente de pesquisas relativas à sua história política no
Oitocentos, com foco na inserção da província no processo de
Independência, na participação das elites regionais no Primeiro Reinado
e período regencial. Tais investigações têm revisto interpretações até
então cristalizadas e abordado temas, durante muito tempo, esquecidos
pelos estudiosos de Minas Gerais.
É clássica a ideia de que a participação da província no processo
de emergência do Estado nacional baseou-se em suposta especificidade
mineira, delineadora de sua inserção no jogo político local e nacional,
que remonta à Conjuração Mineira. Oliveira Torres, por exemplo,
interpretou movimentos como a Independência, as insubordinações
da Junta Governativa e a Sedição de 1833 como prolongamentos da
Inconfidência Mineira.2 Para Maria Arminda Arruda, a ênfase no
“caráter libertário dos mineiros” contribuiu para construir o mito
da “rebeldia do mineiro” e da tendência política de suas elites, que
marcou as análises sobre a história política da província.3 Ana Rosa
Cloclet, também questionou esta tendência, por considerar que tal
ideia imputava aos mineiros os sucessos dos principais acontecimentos
que marcaram a consolidação da liberdade e unidade nacionais. Neste
sentido, tal abordagem contribuía para nivelar excessivamente as
diversas tendências políticas que conviveram no interior de Minas,
respaldadas na diversidade econômica e social de suas “microrregiões”.4
1 Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é Técnica
em Assuntos Educacionais do Departamento de História da Universidade Federal de
Viçosa e pesquisadora vinculada ao Laboratório de História da Família.
2 Cf. TORRES, J. C. de O. História de Minas Gerais. Rio de Janeiro: Record, 1963. Ver
também: LATIF, M. de B. As Minas Gerais. 3 ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1991; BARBOSA,
W. de A. A verdade sobre Tiradentes. Belo Horizonte: Instituto de história, Letras e Arte,
[s. d.]; CAMPOS, M. S. O papel de Minas no Brasil. Segundo Seminário de Estudos
Mineiros. Belo Horizonte: Universidade de Minas Gerais, 1956, p. 227-239.
3 Cf. ARRUDA, M. A. N. Mitologia da Mineiridade. O imaginário mineiro na vida
política e cultural. São Paulo: Brasiliense, 1990.
4 SILVA, A. R. C. da. De comunidades a nação: regionalização de poder, localismos e
construções identitárias em Minas Gerais (1821-1831). Almanack Braziliense, n. 2, 2005.
135
Entre a província e a nação
136
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Minas Gerais, Brazil. Hispanic American Historical Review, v. 81, n. 2, p. 309-342, 2001.
Ver também: BIEBER, J. O sertão mineiro como espaço político (1831-1850). Revista
Mosaico, v. 1, n. 1, p. 74-86, 2008.
9 Cf. GENOVEZ, Patrícia F. O espelho da monarquia: Minas Gerais e a Coroa no
Segundo Reinado. Tese (Doutorado em História). Programa de Pós-graduação em História,
Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2003.
10 Cf. SARAIVA, Luiz F. O Império das Minas Gerais: Café e Poder na Zona da
Mata mineira, 1853-1893. Tese (Doutorado em História). Programa de Pós-graduação em
História, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2008.
137
Entre a província e a nação
138
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
139
Entre a província e a nação
140
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
141
Entre a província e a nação
142
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
143
Entre a província e a nação
Sul de Minas revelou que Firmino era o principal adversário político dos
deputados mineiros Luiz Antônio Barbosa e Francisco Diogo Pereira
de Vasconcelos, ambos conservadores alinhados ao gabinete Paraná
e colegas de bancada em 1855: “Deputado mineiro nunca fez causa
comum com seus colegas, pertencendo na Câmara a outro grupo”.24 Sua
ligação com o Regresso e a oposição a colegas mineiros conservadores
definiram seu voto contrário à reforma eleitoral. O outro representante
de Minas que votou contrário à reforma eleitoral foi Francisco Soares
Bernardes de Gouvêa. Também membro do partido conservador e
magistrado, Bernardes de Gouvêa entrou para o Parlamento na vaga de
Herculano Ferreira Penna, que foi nomeado senador. Mas atuou apenas
nessa legislatura, não há indícios de sua atuação nos jornais pesquisados
e ele não se pronunciou nos debates. Natural de Paracatu, Bernardes de
Gouvêa morou em Itaboraí de 1846 a 1851. Entre 1851 e 1855, atuou
como magistrado na Comarca de Rio das Mortes, no mesmo período
em que foi eleito suplente e assumiu a vaga deixada por Ferreira Pena.
Em 1856, tão logo concluiu seu mandato, voltou a atuar como juiz de
direito em Itaboraí,25 fato que parece sugerir uma aproximação maior
do deputado com o grupo saquarema, cujos principais expoentes são
oriundos da região da baixada litorânea de Itaboraí e Saquarema, terra
de um dos membros da Trindade Saquarema, Joaquim José Rodrigues
Torres. Infelizmente, não há maiores indícios de suas relações políticas
com as lideranças do município de Itaboraí que nos permita corroborar
essa ideia. Há que se considerar também o fato de que seu voto
contrário pode ter sido motivado pela oposição às incompatibilidades
eleitorais, que restringia a candidatura de funcionários públicos como
os magistrados nas localidades em que exerciam seus cargos.
Apenas um deputado mineiro não foi votar: o conservador José
Joaquim de Lima e Silva Sobrinho substituiu Antônio Cândido da
Cruz Machado, após este ter sido nomeado presidente da província
do Maranhão. Assim como Rodrigues Silva, Lima e Silva Sobrinho era
fluminense, irmão do comandante Duque de Caxias.26 Foi deputado
por Minas de 1850 a 1852 e suplente na nona legislatura. A imprensa
24 A eleição de um senador por Minas. O Sul de Minas, Ano I, n. 14, Campanha,
Typographia Austral do Editor Proprietário João Pedro da Veiga Sobrinho, Sábado, 22
out.1859.
25 XAVIER DA VEIGA, J. P. (Dir.). Revista do Arquivo Público Mineiro, Ouro
Preto, 1896.
26 SISSON, S. A. Galeria dos Brasileiros Ilustres. v. 1. Brasília: Senado Federal, 1999,
Coleção Brasil 500 anos, p. 93-95.
144
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
noticiou que Lima e Silva não foi votar por que estava doente.27 Já o
deputado Ribeiro da Luz se licenciou para assumir a presidência da
província do Espírito Santo, há menos de um mês e sua vaga não foi
substituída a tempo.28
Justiniano José da Rocha foi eleito deputado por Minas Gerais
em 1843, 1850, e em 1852, foi novamente eleito deputado geral.29
Reconhecido pela defesa do ideário e práticas políticas do grupo do
Regresso na imprensa da Corte, Justiniano José da Rocha fundou diversos
jornais ao lado do também saquarema e deputado por Minas, Firmino
Rodrigues Silva. Mas ao contrário de Rodrigues Silva, que permaneceu
alinhado aos saquaremas, Justiniano teve uma trajetória sinuosa: em
1853, Justiniano apoiou o Gabinete Paraná e elogiou as propostas
reformistas apresentadas em 1854; rompeu com o governo no final do
ano para apoiar os saquaremas e o Movimento de Vassouras; no início
de 1855, voltou a prestar apoio ao Gabinete Paraná, quando explicitou
na Câmara o seu rompimento com Euzébio de Queiroz; em maio de
1855, rompeu novamente com o Gabinete e se isolou politicamente,
não conseguindo mais reeleger-se.
A sessão de 19 de Maio de 1855 marcou o momento em que
Justiniano se declarou oposicionista e passou a criticar a ‘conciliação’
de Paraná e o fato de não ter apresentado a reforma do sistema eleitoral
com a adoção do voto distrital.30 O deputado argumentou que “era
preciso aproveitar a calma das paixões para trazer uma fusão dos
princípios práticos da ação e da reação”.31
Três semanas após romper com o Gabinete e semanas antes do
início dos debates que culminaram na votação da Lei dos Círculos,
Justiniano publicou “Ação, Reação e Transação”. O panfleto foi objeto
de análise de muitos pesquisadores e, recentemente, Tâmis Parron
considerou que sua escrita foi uma espécie de “prestação de contas” a
Paraná das suas constantes mudanças de posicionamento. Justiniano
continha uma visão heterodoxa da política do seu tempo: “adere em parte
aos amigos da Conciliação, adota em parte as críticas de seus amigos”.32
27 O Bom Senso. O Bom Senso, Ouro Preto, Ano 4, n. 345, quinta, 13 set. 1855.
28 ANAIS do Parlamento Brasileiro, 1855, p. 123.
29 XAVIER DA VEIGA, J. P. (Dir.). Efemérides Mineiras 1664-1897. Belo Horizonte:
Fundação João Pinheiro/Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1998, p. 958 et seq.
30 ANAIS do Parlamento Brasileiro, 1855, p. 43-49.
31 Ibidem, p. 111 et seq.
32 PARRON, Tâmis. P. O Império num Panfleto? Justiniano e a formação do Estado
145
Entre a província e a nação
no Brasil do século XIX. In.: ROCHA, Justiniano J. da. Ação; Reação; Transação. Duas
palavras acerca da Atualidade Política do Brasil (1855). São Paulo: EdUSP, 2016, p. 15-65.
33 ANAIS do Parlamento Brasileiro, 1855, p. 72 et seq.
34 PARRON, Tâmis P. O Império num Panfleto... Op. cit., p. 51.
35 XAVIER DA VEIGA, J. P. Efemérides Mineiras 1664-1897... Op. cit., p. 543-555.
36 ANAIS do Parlamento Brasileiro, 1855, p. 49-52, grifo nosso.
146
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
147
Entre a província e a nação
148
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
149
Entre a província e a nação
150
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
151
Entre a província e a nação
55 Correio Oficial de Minas... Op. cit.; XAVIER DA VEIGA, José Pedro. Revista do
Arquivo Público Mineiro... Op. cit., p. 23-53; TRINDADE, C. R. O. da. Velhos troncos
ouro-pretanos. São Paulo: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais Ltda., 1951, p.
122; Almanach Sul-mineiro para 1874 organizado, redigido e editado por Bernardo
Saturnino da Veiga, Campanha, Typographia do Monitor Sul-mineiro. 1874, p. 148-
149; 362; 443-444.
56 Correio Oficial de Minas, Ouro Preto, n. 6, p. 1-4, 26 jan. 1857.
57 Cf. BROTERO, F. de B. A família Monteiro de Barros. São Paulo: [s. n.], 1951;
HORTA, Cid R. Famílias Governamentais de Minas Gerais. In.: I Seminário de Estudos
Mineiros. Belo Horizonte: UFMG, 1956, p. 12; TRINDADE, R. O. da. Breve Notícia dos
Seminários de Mariana. Mariana: Arquidiocese de Mariana, 1951.
58 LIMA, A. de (Dir.). O Barão D’Ayuruoca. Revista do Arquivo Público Mineiro,
Anno XIV, p. 429-437, 1910; SILVA, M. F. D. da. Diccionario biográfico de brasileiros
celebres nas letras, artes, política... desde o ano 1500 até nossos dias. Rio de Janeiro:
Laemmert, 1871, p. 33 et seq..
152
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
153
Entre a província e a nação
63 Foram eles: Francisco de Paula Santos (1º distrito), Antônio Gabriel de Paula
Fonseca (7º distrito) e Carlos José Versiani (8º distrito).
64 CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem... Op. cit., p. 4.
65 HOLANDA, S. B. de. Capítulos de História do Império. São Paulo: Cia das Letras,
2010, p. 59.
154
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
155
Entre a província e a nação
156
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Conclusões
Os debates que culminaram na aprovação da Lei Eleitoral de
1855 revelaram uma preocupação em garantir a representação das
minorias, com a entrada de lideranças locais e a diversidade partidária
no Parlamento. E a votação das Lei dos Círculos representou uma
derrota dos conservadores chamados saquaremas, por impedir que os
partidos formassem listas de candidatos apenas com grandes figuras,
pois cada círculo eleitoral elegia apenas um deputado. Minas continuou
com o mesmo número de deputados. Só que estes, agora, seriam eleitos
dentre os vinte distritos em que se dividiria a província. Minas Gerais
continuaria, portanto, como a maior bancada provincial, mas a nova lei
prometia uma renovação no perfil destes parlamentares.
157
Entre a província e a nação
158
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Referências:
Periódicos:
A Atualidade, 1860.
Correio Oficial de Minas, 1856 e 1857.
O Sul de Minas, 1859.
O Bom Senso, 1855.
Fontes:
ANAIS do Parlamento Brasileiro, 1855-1857.
ANAIS do Senado Brasileiro, 1855.
Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e Província do Rio
de Janeiro, organizado e redigido por Eduardo Von Laemmert. Rio de Janeiro:
Eduardo e Henrique Laemmert, 1855; 1856; 1857.
Almanak Administrativo, Civil e Industrial da Província de Minas Gerais
organizado e redigido por Antonio de Assis Martins e J. Marques de Oliveira.
Ouro Preto: Tipografia do Minas Gerais. 1864; Rio de Janeiro: Tipografia do Diario
do Rio de Janeiro, 1870; Ouro Preto: Tipografia do Echo de Minas, 1873.
Almanach Sul-mineiro para 1874 organizado, redigido e editado por Bernardo
Saturnino da Veiga, Campanha, Typographia do Monitor Sul-mineiro. 1874.
BROTERO, Frederico de Barros. A família Monteiro de Barros. São Paulo: [s. l.],
1951.
HORTA, Cid R. Famílias Governamentais de Minas Gerais. In.: II Seminário de
Estudos Mineiros. Belo Horizonte: UFMG, 1956.
LEME, Luiz Gonzaga da Silva (1852-1919). Genealogia Paulistana, v. V, 1903-
1905.
LIMA, Augusto de (Dir.). Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte,
1910.
SILVA, Manuel Francisco Dias da. Diccionario biográfico de brasileiros celebres
nas letras, artes, política... desde o ano 1500 até nossos dias. Rio de Janeiro:
Laemmert, 1871.
REZENDE, Francisco de Paula Ferreira de. Minhas Recordações. Belo Horizonte:
Itatiaia, 1988.
SISSON, S. A. Galeria dos Brasileiros Ilustres. v. 1. Brasília: Senado Federal, 1999,
Coleção Brasil 500 anos.
TRINDADE, Cônego Raymundo Octavio da (Cônego). Breve Notícia dos
Seminários de Mariana. Mariana: Arquidiocese de Mariana, 1951.
TRINDADE, Cônego Raymundo Octavio da (Cônego). Velhos troncos ouro-
pretanos. São Paulo: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais Ltda., 1951.
159
Entre a província e a nação
Obras de Apoio
ALMEIDA, Gabriel Abílio de Lima Oliveira. Cronistas e Atlantes: Justiniano
José da Rocha, Firmino Rodrigues Silva e o Regresso Conservador (1836-1839).
Dissertação (Mestrado em História). Programa de Pós-graduação em História,
Universidade Federal de São João Del Rey, São João del Rey, 2013.
ARRUDA, M. A. N. Mitologia da Mineiridade. O imaginário mineiro na vida
política e cultural. São Paulo: Brasiliense, 1990.
BARBOSA, W. de A. A verdade sobre Tiradentes. Belo Horizonte: Instituto de
história, Letras e Arte, [s. d.].
BIEBER, J. A Visão do Sertão: Party Identity and Political Honor in Late Imperial
Minas Gerais, Brazil. Hispanic American Historical Review, v. 81, n. 2, p. 309-
342, 2001.
BIEBER, J. O sertão mineiro como espaço político (1831-1850). Revista Mosaico,
v. 1, n. 1, p. 74-86, 2008.
CAMPOS, M. S. O papel de Minas no Brasil. Segundo Seminário de Estudos
Mineiros. Belo Horizonte: Universidade de Minas Gerais, 1956, p. 227-239.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial; Teatro
de Sombras: a política imperial. 5 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
DOLHNIKOFF, M. O pacto imperial: origens do federalismo no Brasil. São
Paulo: Globo, 2005.
DOLHNIKOFF, M. Governo representativo e eleições no século XIX. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico Brazileiro, v. 474, p. 15-46, 2017.
FERRAZ, Paula Ribeiro. O Gabinete da Conciliação: atores, ideias e discursos
(1848-1857). Dissertação (Mestrado em História). Programa de Pós-graduação
em História, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013.
FERRAZ, S. E. O Império Revisitado: Instabilidade Ministerial, Câmara dos
Deputados e Poder Moderador (1840-1889). Tese (Doutorado em História).
Programa de Pós-graduação em História, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2012.
FREITAS, Ana Paula Ribeiro. Diversidade Econômica e Interesses Regionais:
as políticas públicas do governo provincial mineiro. Dissertação [Mestrado em
História], USP, São Paulo, 2009.
FREITAS, Ana Paula Ribeiro. Minas e a Política Imperial: reformas eleitorais e
representação política no Parlamento Brasileiro (1853-1863). Tese (Doutorado em
História). Programa de Pós-graduação em História, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2015.
160
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
161
Entre a província e a nação
162
Pelo voto do cidadão: estratégias eleitorais na
Província do Espírito Santo1
Kátia Sausen da Motta2
1 Este capítulo é uma versão da seção 3.3, do capítulo III, de minha Tese de Doutorado
intitulada Eleições no Brasil do Oitocentos: entre a inclusão e a exclusão da patuleia na
cidadela política (1822-1881), PPGHIS-UFES, Vitória, 2018.
2 Doutora em História pela Universidade Federal do Espírito Santo (2018) e
pesquisadora vinculada ao Laboratório de História, Poder e Linguagens na mesma
instituição. Atua no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal
do Espírito Santo como bolsista do Programa de Fixação de Doutores da Capes/Fapes,
desenvolvendo pesquisa de pós-doutorado.
3 Entre os estudos que abordaram o tema até a década de 1880, encontram-se os
trabalhos de Suzana Cavani Rosas, sobre a realização de Meetings em Pernambuco, e de
Regina Horta, acerca da campanha de Teófilo Otoni na década de 1860. Após os anos de
1880, pode-se apontar a pesquisa de Alexandra do Nascimento Aguiar sobre a campanha da
primeira eleição posterior a Lei Saraiva, e, por fim, mas não menos importante, o estudo de
Angela Alonso sobre a campanha dos políticos abolicionistas. Cf. ROSAS, Suzana Cavani.
Cidadania, trabalho, voto e antilusitanismo no Recife na década de 1860: os meetings no
Bairro Popular de São José. In.: RIBEIRO, Gladys Sabina; FERREIRA, Tânia M. T. B. (org.).
Linguagens e práticas da cidadania no século XIX. São Paulo: Alameda, 2010, p. 153-
168; DUARTE, Regina Horta. Tempo, política e transformação: Teófilo Otoni e seu lenço
branco. Estudos Ibero-Americanos, v. 28, n. 1, p. 236-279, 2002; AGUIAR, Alexandra do
Nascimento. As eleições do mérito: campanha eleitoral de 1881. Dissertação (Mestrado
em História). Programa de Pós-graduação em História, Universidade Estadual do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009; ALONSO, Angela. Flores, votos e balas: o movimento
abolicionista brasileiro (1858-188). São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
4 GRAHAM, Richard. Clientelismo e política no Brasil do século XIX. Rio de Janeiro:
Editora UFRJ, 1997, p. 139.
163
Entre a província e a nação
Peregrinação eleitoral
A legislação eleitoral da época não demarcava tempo específico
para a campanha eleitoral e nem previa o registro de candidaturas
oficiais. A palavra “candidato” apareceu pela primeira vez somente na
Lei Saraiva, em 1881.6 Na ausência de regimento sobre o assunto, cada
cidadão considerado elegível estava, portanto, suscetível a ser votado,
podendo ou não ter o interesse no cargo.
Em edital de convocação afixado na igreja matriz, informava-
se além da data e do horário de início das atividades eleitorais, a lista
dos cidadãos ativos habilitados a participarem do pleito. A listagem
configurava-se o principal instrumento de divulgação tanto dos
moradores qualificados simples votantes como dos elegíveis. Até 1828,
a legislação não havia definido prazo para sua divulgação. Por sua vez,
a Lei de 1º de outubro de 1828 (art. 5º) deliberou que a lista deveria ser
exposta no domingo que precedesse pelo menos 15 dias ao pleito. O
decreto nº 157, de 4 de maio de 1842 (art. 7º), determinou ainda que
a divulgação ocorresse antes da missa dominical. A movimentação
religiosa da freguesia, marcada por missas, festividades santas e ritos
sacramentais tornava a igreja o principal espaço de circulação da
paróquia e para onde confluíam todos os moradores, o que contribuía
para o disseminado conhecimento dos editais.7
Testemunhos dessa publicidade são as diversas reclamações sobre
os atrasos na divulgação dos respectivos registros, que abria espaço para
grandes lutas políticas. Em correspondência oficial ao Vice-Presidente da
164
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
8 APEES, Série Accioly, Livro 41. Ofício do Promotor José Maria Nogueira da Gama
ao Vice-Presidente de Província, 155 de novembro de 1836.
9 Ignácio Rodrigues Bermudes era líder do grupo político denominado “bermudistas”.
Após a década de 1860, desse grupo se originará o Partido Liberal de Vitória. VIANNA,
Karulliny Silverol Siqueira. Imprensa e Partidos Políticos na Província do Espírito Santo,
1860-1880. Vitória: IHGES, 2013, p. 65 - 73.
10 APEES, Série Accioly, Livro 41, Ofício ao Presidente de Província enviado por
Ignacio Rodrigues Bermudes, 1844.
11 Além de Ignácio Rodrigues Bermudes, também assinaram o abaixo-assinado
Manoel Nunes Pereira, Domingos Rodrigues Santos, Manoel Caetano Simões, Manoel
Goulart de Souza, Capitão Serafim José dos Anjos Vieira, João Teixeira Maia, Francisco de
Amorim Machado, Manoel Pinto Ribeiro, João da Silva Moraes, Francisco Caetano Simões,
Manoel da Motta Franco, João Moreira da Motta e Venceslau da Costa Vidigal. APEES,
Série Accioly, Livro 41, Abaixo-assinado dos cidadãos votantes e elegíveis da Freguesia
de Victória ao Presidente da Província, 1844.
165
Entre a província e a nação
166
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
167
Entre a província e a nação
168
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
169
Entre a província e a nação
170
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
171
Entre a província e a nação
Sr. Editor,
No meio do nobre ardimento, que a porfia se manifesta por toda
parte à prol da reeleição do Exm. Sr. Dr. Pedreira, não deve a freguesia
de Vianna, que tantos e tão grandes bens recebeu da administração
desse Distinto Brasileiro ficar silenciosa, ou indiferente. – E pois que
o votante da cidade fez publicar a sua lista de eleitores, que realizem
o pensamento da província elegendo para deputado um cidadão,
que nos represente com dignidade e desinteresse; e não algum
ambicioso, que vá à troco de dinheiro, ou coisa que o valha sacrificar
o país; tenho também derrogar à V. S. a publicação das pessoas de
minha escolha para eleitores desta freguesia, as quais não deixarão
de agradar ao – Amigo do voto livre.
Os Srs.
Antonio Coutinho da Rocha Mello
Francisco Cardozo de Oliveira
Francisco Monteiro do Nascimento
Joaquim Coelho de Mello
José Pedro Rodrigues
Marcelino Pinto da Rocha
O votante de Vianna25
PUBLICAÇÕES A PEDIDO
Cariacica
Para Juízes de Paz
Os Srs.
José Joaquim Pereira Lima
Joaquim Pereira Pinto de Moraes
Fabiano Martins Ferreira Meirelles
João da Costa Bermude
_____
25 Lista para a eleição de eleitores (1849). Correio da Victoria, Vitória, n. 54, 21 de
julho de 1849.
172
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Villa da Serra
Para Juízes de Paz
Os Srs.
José Barbosa Meirelles
José Domingues de Ramos
Manoel Correia de Lemos
Francisco Rodrigues Bermude
Um votante
_____
Nova Almeida
Para Juízes de Paz
Os Srs.
Quintino da Roza Loureiro Pinto
José Joaquim de Almeida
(ilegível) Rodrigues de Jesus
Major Antonio Pinto Loureiro
_____
Villa da Serra
Vereadores da Câmara Municipal
Recomendo aos meus amigos os cidadãos abaixo mencionados para
vereadores da Câmara Municipal. Cidadãos independentes por
suas posições e fortunas, e cheios de bons desejos e de patriotismo,
podem prestar relevantes serviços a esta villa que tanto precisa
de uma Câmara ativa, zelosa e patriótica: eis pois os nomes dos
cidadãos em quem pretendo votar, e para quem peço os sufrágios
dos meus amigos.
Os Srs.
José Domingues dos Ramos
Joaquim Fernandes Franco
Manoel Cardoso Castello
José Correia de Azevedo Rodrigues
173
Entre a província e a nação
174
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Os Srs.
175
Entre a província e a nação
Que tal, Sr. Editor! Dei graças a Deus por ter encontrado com meu
compadre, a quem estou muito grato por livrar-me do logro em
que eu tinha caído, fiquei muito indignado com o procedimento do
rubicundo sujeito, e determinei logo votar com os amigos do governo
da província. Meu compadre tirou-me as cataratas dos olhos, não
quero ser mais bairrista, eu hoje volto para o meu sítio, e estou
disposto a contar a todos os meus amigos, e parentes o que se passou
comigo, e os que estiverem iludidos como estive ficarão desenganados.
Ei de gritar para que me ouçam. – Elejamos três capacidades,
galardoemos o saber e as virtudes: essa chapa composta de três
filhos da província com a qual querem iludir o povo é uma grande
mentira: ela não existe.
Um votante de Cariacica.32
176
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
33 A eleição do Senado era feita por lista tríplice. O Imperador, ao final, fazia a escolha
definitiva.
34 Na análise das discussões políticas empreendidas na imprensa da cidade de
Vitória, Fabíola Martins Bastos relata a ocorrência da estratégia política fundamentada
no “bairrismo”, isto é, na relação de pertencimento de candidatos à Província do Espírito
Santo, durante a década de 1870. BASTOS, Fabíola Martins. A Política na antessala do
Parlamento... Op. cit., p. 235.
35 Padre Joaquim desempenhou a função de deputado provincial doze vezes entre
1842 e 1872, de forma quase ininterrupta. Apenas não se elegeu para o cargo nas 7ª (1848-
1849) e 8ª (1850-1851) legislaturas. Nas eleições municipais, foi eleito vereador de Vitória,
em 1864. Já o Padre Bermudes, atuou como deputado geral, em 1842, e também ocupou
a cadeira legislativa provincial em quatro oportunidades, entre 1844 e 1857. Nesse último
ano, veio a falecer. Cf. DAEMON,Basílio Carvalho. Província do Espírito Santo... Op. cit.;
Arquivo Municipal de Vitória. Livro 420, Livro de Atas das eleições de Juízes de Paz e
Vereadores da Câmara Municipal da freguesia de Vitória, 1848-1865.
177
Entre a província e a nação
Considerações finais
Ao investigar as eleições presidenciais na Venezuela da década
de 1830, cujo sistema de dois graus se assemelhava ao do Brasil,
Eduardo Posada Carbo revela a circulação de inúmeras folhas volantes
assinadas por candidatos a eleitores.37 Nelas, os pleiteantes expressavam
o compromisso em votar em determinado candidato à presidência,
caso fossem nomeados. Nas chapinhas que circulavam pelas paróquias
da província do Espírito Santo, percebeu-se afirmação de compromisso
equivalente.38 A constatação torna válida o questionamento da
interpretação de Miriam Dolhnikoff sobre a natureza das eleições
primárias no Brasil,39 fundamentada nos estudos de Pierre Rosanvallon
para a França do século XIX.
Para o caso francês, Rosanvallon afirma que o processo de votação
em graus era marcado por dois momentos distintos: autorização e
deliberação.40 Nessa perspectiva, as assembleias de primeiro grau, ao
designarem os eleitores, desempenhavam apenas a função de legitimar
o procedimento representativo. A verdadeira eleição, segundo o autor,
residia nas assembleias ou colégios eleitorais de segundo grau, tendo em
vista seu papel de deliberação final. Para o Brasil oitocentista, Dolhnikoff
adota tal interpretação para reafirmar que somente a segunda etapa da
votação possuiu o caráter de decisão política.41
36 Joaquim Francisco Vianna foi deputado geral pela província do Rio de Janeiro nas
Legislaturas de 1834-1837; 1843-1844; e 1850-1852. BARÃO DE JAVARY. Organizações
e Programas Ministeriais desde 1822 a 1889. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1889.
37 POSADA-CARBO, Eduardo. Alternancia y República: Elecciones en La Nueva
Granada y Venezuela, 1835-1837. In.: SABATO, Hilda (org.). Ciudadania Politica y
Formacion de Las Naciones: perspectivas históricas de America Latina. México: Fondo de
Cultura Económica, 1997, p. 166.
38 Ao contrário do que afirma Richard Graham, o conhecimento dos candidatos aos
deputados não ocorria, na Província do Espírito Santo, somente no dia da eleição.
39 DOLHNIKOFF, Miriam. Representação na monarquia brasileira. Almanack
Braziliense, n. 9, mai. 2009.
40 ROSANVALLON, Pierre. Le sacre du citoyen: histoire du suffrage universel en
France. Paris: Gallimard, 1992, p. 245.
41 DOLHNIKOFF, Miriam. Representação na monarquia brasileira... Op. cit., p. 44.
Vale mencionar que havia distinção importante entre as assembleias secundárias no Brasil e
178
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Referências:
Fontes:
AMV (Arquivo Municipal de Vitória). Livro 420.
APEES (Arquivo Público do Estado do Espírito Santo). Série Accioly, Livro 41;
417.
BARÃO DE JAVARY. Organizações e Programas Ministeriais desde 1822 a
1889. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1889.
BIBLIOTECA NACIONAL. Jornal da Victória, anos indicados.
BIBLIOTECA NACIONAL. Correio da Victoria, anos indicados.
DAEMON, Basílio Carvalho. Província do Espírito Santo: sua descoberta, história
cronológica, sinopse e estatística. Vitória: Tipografia Espírito-santense, 1879.
Obras de Apoio:
BARROS, Paulo de. Memória Fotográfica da Serra: imagens de um município
brasileiro. Vitória: Ed. do Autor, 2002.
BASTOS, Ana Marta Rodrigues. Católicos e Cidadãos: a igreja e a legislação
eleitoral no Império. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 1997.
BASTOS, Fabíola Martins. A Política na antessala do Parlamento: Imprensa e
na França. Pierre Rosanvalon explica que as eleições secundárias na França não constituíam
técnica de simplificação do processo eleitoral. Os colégios tinham função política própria,
recebiam deputados nacionais, discutiam ações do poder executivo e, muitas vezes,
poderiam substituir algumas autoridades administrativas ou judiciais. Como se vê, tratam-
se de funções que os colégios eleitorais no Brasil não desempenhavam.
42 Esse termo foi utilizado em uma das chapinhas da época. Correio da Victoria, n.
79, 11 out. 1856.
179
Entre a província e a nação
180
Voto, votante, partido e representação: a
eleição municipal no Brasil Imperial (Recife,
1829-1849)
Williams Andrade de Souza1
181
Entre a província e a nação
182
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
183
Entre a província e a nação
184
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
185
Entre a província e a nação
15 DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Sociabilidade sem história... Op. cit., p. 68.
16 BN. Hemeroteca Digital. Diário de Pernambuco, n. 209, p. 2, c. 3, 17 set. 1847.
17 Idem, n. 110, p. 2, c. 2, 03 mai. 1854; O Liberal Pernambucano, n. 830, p. 3-4,
c. 4; 1, 18 jul. 1855; Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Província de
Pernambuco para o ano de 1861. Pernambuco: Typ. de Geraldo de Mira e C, 1861, p. 292,
540.
186
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
escolher os titulares desses direitos. Por fim, isso sugere que parcela do
eleitorado local do Recife era composta por um público de escalonamento
social mediano, sendo este responsável por sufragar os vereadores. E,
possivelmente, o grupo que mais demandaria das ações governativas da
municipalidade. Sendo assim, pesavam significativamente na balança
político-eleitoral e deviam ser levados em consideração não só naquele
contexto, mas também no dia a dia da administração camarária.
Figurar entre votantes talvez não fosse algo muito difícil, conforme
Richard Graham falou e pudemos parcialmente ratificar acima. Mas ter
capital político para obter o cociente de votos necessário e conquistar
uma vaga entre os cargos eletivos disponíveis é que não era uma tarefa
muito fácil, mas também não impossível para os menos capitalizados
política e economicamente. Identificamos as atas contendo os nomes e a
votação recebida entre os nove a dezoito vereadores mais bem colocados
em cada uma das legislaturas aqui analisadas. Os dados permitem, entre
outras coisas, contabilizar o número mínimo de votos para ser eleito e
a evolução da média deles ao longo dos seis pleitos estudados, assim
como verificar que a posição econômica não necessariamente se refletia
em votos nas eleições.
Ainda que os registros das urnas nem sempre fossem o espelho
da realidade, por meio deles calculamos quantos votos eram necessários
para se alcançar um das vagas de titulares na CMR.18 Para tanto,
coligimos as listas com os resultados finais da apuração dos escrutínios
realizados na cidade nos anos de 1829, 1832, 1836, 1840, 1844 e 1849.
Tais listagens apresentam as relações nominais e os votos respectivos
dos homens que obtiveram sufrágio suficiente para assumir uma das
cadeiras como camarista.19 Foram 54 indivíduos, que juntos somaram
89.500 votos nas seis legislaturas contabilizadas. Uma média de 9.943
votos por candidato. Mas, para que os números vistos em monolítico
não nos engane, vamos reduzir a lupa da análise. O gráfico a seguir
traz um resumo apresentando o maior e menor número, média e
18 Não obstante os bons resultados que esse exercício nos proporcionou, esclarecemos
que a substituição de um vereador titular por seu suplente foi uma constante no período
estudado, fazendo com que pessoas com menos número de votos do que os que iremos
arrolar aqui pudessem ocupar o cargo de vereador. Por isso, face à carência de documentação
completa sobre o número de indivíduos qualificados e apuração de votos, a amostra em
apreço tem como objetivo descortinar um pouco o véu a respeito do tema, mas não pretende
revelar em um tudo o que estava por traz dele.
19 Em alguns casos, também foi possível arrolarmos os suplentes, mas preferimos
trabalhar apenas com os primeiros colocados, pois, para eles, pudemos contar com a série
completa dos dados para as seis legislaturas.
187
Entre a província e a nação
total de votos recebidos pelos nove primeiros eleitos em cada uma das
legislaturas.
Gráfico 1: Maior e menor número, média e total de votos por eleito. FONTE: Adaptado de
Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (APEJE). CM, n. 07, Recife – 1829. Ofício
de 26/05/1829; n. 10. Ofício de 17/12/1832; n. 14. Ofício de 19/10/1836; IAHGP. Livro das
Sessões da Câmara do Recife, n. 09 (1838-1844). Sessão ordinária de 02/10/1840, p. 80;
CAVALCANTI JÚNIOR, 2001, Anexo II, p. V; BN. Hemeroteca Digital. O Capibaribe, n.
82, 19 jun. 1849, p. 3, cc. 1-2.
188
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
189
Entre a província e a nação
190
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
191
Entre a província e a nação
192
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
193
Entre a província e a nação
29 Cf. BN. Hemeroteca Digital. Diário Novo, n. 78, p. 2-3, c. 3, 09 abr. 1845; Idem, n.
80, p. 2-3, c. 3, 1, 11 abr. 1845. Os números 202 e 208 de 1844 do Diário de Pernambuco e
os 201 de 1844, 67, 79, 80 e 126 de 1845 do Diário Novo espicham o leva e traz da contenda
entre esses dois indivíduos.
30 BN. Hemeroteca Digital. Diário Novo, n. 94, p. 2-3, c. 3, 1, 28 abr. 1845.
31 BN. Hemeroteca Digital. Diário Novo, n. 189, p. 1, c. 3, 2 set. 1844; Diário Novo, n.
198, p. 2-3, c. 3, 1, 12 set. 1844; n. 207, p. 2, c. 1-3, 19 set. 1845; Diário de Pernambuco , n.
253, p. 1, c. 4, 12 nov. 1844; Idem, n. 78, p. 2, c. 4, 09 abr. 1845.
32 CEPE. O Guararapes, n. 11, 06 set.1844, p. 3, c. 2; BN. Hemeroteca Digital. Diário
Novo, n. 170, p. 2, c. 2-3, 07 ago. 1844; Idem, n. 239, p. 3, c. 3, 02 nov. 1844; Diário de
Pernambuco , n. 255, p. 2, c. 4, 12 nov. 1844.
194
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
195
Entre a província e a nação
37 Erik Hörner nos diz “que os ‘rótulos’ Partido Liberal e Partido Conservador são
frutos de projeção e não correspondem à complexidade da cena política da Regência
e dos primeiros anos do Segundo Reinado”. HÖRNER, Erik. Partir, fazer e seguir:
apontamentos sobre a formação dos partidos e a participação política no Brasil da
primeira metade do século XIX. In.: MARSON, Izabel Andrade; OLIVEIRA, Cecília
Helena L. de Salles. Monarquia, Liberalismo e Negócios no Brasil... Op. cit., p. 237;
Cf. NEEDELL, Jeffrey D. Formação dos partidos políticos no Brasil da Regência à
Conciliação, 1831-1857. Almanack Braziliense, São Paulo, n. 10, p. 5-22, nov. 2009.
Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/alb/article/view/11719/13492>; MOREL,
Marco. As transformações dos espaços públicos: imprensa, atores políticos e
sociabilidades na cidade imperial (1820-1840). [s.l]: Ed. Hucitec, 2005. especialmente
o capítulo 3: as três soberanias: Exaltados, Moderados e Restauradores; HOLANDA,
Sérgio Buarque de [et al]. O Brasil Monárquico: dispersão e unidade. 4 ed. t. II, v. 2.
São Paulo: DIFEL, 1978, História Geral da Civilização Brasileira; IGLÉSIAS, Francisco
[et al]. O Brasil Monárquico: reações e transações. 4 ed. t. II, v. 3. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2004, História Geral da Civilização Brasileira.
38 A esse respeito, Cf. CAVALCANTI JUNIOR, Manoel Nunes. O egoísmo, a
degradante vingança e o espírito de partido: a história do predomínio liberal ao
movimento regressista (Pernambuco, 1834-1837). Tese (Doutorado em História).
Programa de Pós-graduação em História, Universidade Federal de Pernambuco, Recife,
2015.
39 Cf. BN. Hemeroteca Digital. Diário de Pernambuco, n. 70, 29 mar. 1836; Diário
Novo, n. 183, p. 2, c. 3, 26 ago. 1844. Segundo Cavalcanti Júnior, após o 7 de abril de 1831,
surgiram em Pernambuco os partidos locais ligados aos grupos centralistas e federalistas da
Corte: restauradores, moderados e exaltados. Dessa última classe é que saíram os praieiros.
Contudo, a documentação impressa que utilizamos só dá conta com mais propriedade das
nomenclaturas que listamos neste parágrafo. CAVALCANTI JUNIOR, Manoel Nunes. O
egoísmo... Op. cit., p. 20.
196
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
197
Entre a província e a nação
Gráfico 2: Total dos votos para vereadores do Recife por partido e freguesia, 1844
Fonte: BN. Hemeroteca Digital. DP, n. 263, p. 3, c. 1, 23 nov. 1844.
198
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
199
Entre a província e a nação
200
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
201
Entre a província e a nação
202
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Referências:
Fontes:
BRASIL. Decreto de 1º de dezembro de 1828. Dá instruções para as eleições
das Câmaras Municipais e dos Juízes de Paz e seus Suplentes. Coleção de Leis do
Império do Brasil - 1828. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br. Acesso em:
06/06/2018>.
BRASIL. Lei nº 16, de 12 de agosto de 1834. Faz algumas alterações e adições à
Constituição Política do Império, nos termos da Lei de 12 de outubro de 1832.
Coleção de Leis do Império do Brasil - 1834. Disponível em: <http://www2.
camara.leg.br>. Acesso em: 29/06/2017.
BRASIL. Lei nº 387 - de 19 de agosto de 1846. Regula a maneira de proceder
as Eleições de Senadores, Deputados, Membros das Assembléas Provinciaes,
Juizes de Paz, e Camaras Municipaes. Disponível em: <http://legis.senado.leg.br>.
203
Entre a província e a nação
Obras de Apoio:
ARRAIS, Raimundo. O pântano e o riacho: a formação do espaço público no
Recife do século XIX. São Paulo: Humanitas /FFLC/USP, 2004.
CADENA, Paulo Henrique Cadena. Ou há de ser Cavalcanti, ou há de ser
cavalgado: trajetórias políticas dos Cavalcanti de Albuquerque (Pernambuco,
1801-1844). Recife: Editora Universitária da UFRPE, 2013.
CAMPOS, Adriana Pereira de; VELLASCO, Ivan de Andrade. Juízes de paz,
mobilização e interiorização da política. In.: CARVALHO, José Murilo de;
CAMPOS, Adriana Pereira de (org.). Perspectiva da cidadania no Brasil Império.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
CARVALHO, Marcus J. M. de. Liberdade: rotinas e rupturas do escravismo no
Recife, 1822-1850. 2 ed. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2010.
CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. A “República dos Afogados”: a volta dos
liberais após a Confederação do Equador. In.: Simpósio Nacional de História, 20
ed. História: fronteiras, Florianópolis, 1999. Anais do XX Simpósio da Associação
Nacional de História. São Paulo: Humanitas – FFLCH-USP/ANPUH, 1999.
CAVALCANTI JUNIOR, Manoel Nunes. O egoísmo, a degradante vingança e
204
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
205
Entre a província e a nação
<http://www.scielo.br/pdf/ln/n91/n91a02.pdf>.
MARSON, Izabel Andrade. Monarquia, empreendimentos e revolução: entre o
laissez-faire e a “proteção à indústria nacional”: origens da Revolução Praieira
(1842-1848). In.: MARSON, Izabel Andrade; OLIVEIRA, Cecília Helena L. de
Salles. Monarquia, Liberalismo e Negócios no Brasil: 1780-1860. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 2013.
MOREL, Marco. As transformações dos espaços públicos: imprensa, atores
políticos e sociabilidades na cidade imperial (1820-1840), Ed. Hucitec, 2005.
MOTTA, Kátia Sausen da. Os impasses na definição da participação política local
no início do Oitocentos (1827-1828). In.: OLIVEIRA, Camila Aparecida Braga
[et al]. XVIII Encontro Regional Anpuh-MG: dimensões do poder na história,
Mariana, MG, 2012. Anais Eletrônicos... Mariana: ANPUH, 2012. Disponível em:
<http://www.encontro2012.mg.anpuh.org/site/anaiscomplementares>.
MOTTA, Kátia Sausen da. Eleições no Brasil do Oitocentos: entre a inclusão
e a exclusão da patuleia na cidadela política (1822-1881). Tese (Doutorado em
História). Programa de Pós-graduação em História, Universidade Federal do
Espírito Santo, Vitória, 2018.
NEEDELL, Jeffrey D. Formação dos Partidos Brasileiros: questões de ideologia,
rótulos partidários, lideranças e prática política, 1831-1888. Almanack Braziliense,
São Paulo, n. 10, p. 54-63, nov. 2009. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/
alb/article/view/11722>.
NEEDELL, Jeffrey D. Formação dos partidos políticos no Brasil da Regência à
Conciliação, 1831-1857. Almanack Braziliense, São Paulo, n. 10, p. 5-22, nov.
2009. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/alb/article/view/11719/13492>.
ROSAS, Suzana Cavani. A dança dos círculos: guabirus e praieiros e a disputa
pelos distritos eleitorais em 1856. In.: NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das;
FERREIRA, Tânia Bessone da C. Dimensões políticas do Império do Brasil. Rio
de Janeiro: Contra Capa, 2012.
ROSAS, Suzana Cavani. Cidadania, Trabalho e antilusitanismo no Recife da
década de 1860: os meetings no bairro popular de São José. In.: RIBEIRO, Gladys
Sabina; FERREIRA, Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz (org.). Linguagens e
práticas da cidadania no século XIX. São Paulo: Alameda, 2010.
SABA, Roberto N. P. F. As “eleições do cacete” e o problema da manipulação
eleitoral no Brasil monárquico. Almanack, Guarulhos, n. 02, p. 126-145, 2011.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-
46332011000200126&lng=en&nrm=iso>.
SANTOS, Mário Márcio de A. Um homem contra o Império: Antônio Borges da
Fonseca. João Pessoa: Conselho Estadual de Cultura, A União Editora, 1994.
SOUSA, Francisco Belisário Soares de. O sistema eleitoral no Império. Brasília:
Senado Federal: Univ. de Brasília, 1979.
SOUZA, Williams Andrade de. A administração local no Brasil imperial: notas
preliminares sobre as municipalidades nos debates parlamentares. CLIO: Revista
de Pesquisa Histórica, Recife, v. 34. n. 1, p. 245-265, jun. 2016.
206
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
207
Entre a província e a nação
208
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
209
Entre a província e a nação
210
Parte 4
Linguagens e ideias políticas
Linguagens e práticas do republicanismo: a
propaganda republicana e seus impactos na
Província Do Espírito Santo
Karulliny Silverol Siqueira1
213
Entre a província e a nação
214
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
7 Para a autora, foi a abolição o fator crucial para a adesão de muitos monarquistas
insatisfeitos. FERREIRA, Marieta de Moraes (Coord.). A República na velha Província:
oligarquias e crise do estado do Rio de Janeiro (1889-1930). Rio de Janeiro: Rio Fundo,
1989, p. 14.
8 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Do Império à República. t. 2, v. 5. São Paulo: Difel,
1972, História Geral da Civilização Brasileira, p. 265 et seq.
9 BOEHRER, George C. A. Da Monarquia à República... Op. cit., p. 29.
10 JUNIOR, Hildiberto R. C. O Republicanismo fluminense: 1887-1891. Dissertação
(Mestrado em História). Programa de Pós-graduação em História, Universidade Federal
Fluminense, Niterói, 1974, p. 15.
215
Entre a província e a nação
216
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
217
Entre a província e a nação
218
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
20 Cf. ELIAS, Daiane. Imagens Opostas: a nova linguagem política republicana e a
queda do Brasil Império (1870-1891). Dissertação (Mestrado em História). Programa de
Pós-graduação em História, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
21 CARVALHO, José Murilo de. República, democracia e federalismo Brasil... Op. cit.,
p. 145.
219
Entre a província e a nação
220
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
221
Entre a província e a nação
222
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
223
Entre a província e a nação
224
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
225
Entre a província e a nação
226
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
Os republicanismos ressignificados
Destaca-se, neste sentido, as trajetórias distintas do republicanismo
em diversas províncias. A historiografia acerca do movimento
republicano evidencia que a formulação deste ideário não teria se dado
227
Entre a província e a nação
Referências:
Fontes:
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. A Província do
Espírito Santo, anos indicados.
HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA NACIONAL. O Cachoeirano,
anos indicados.
Obras de Apoio:
ALONSO, Angela. Idéias em movimento: a geração 1870 na crise do Brasil-
Império. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
BARBOSA, Silvana Mota. República das Letras: Discursos republicanos na
província de São Paulo (1870-1889). 1995. Dissertação (Mestrado em História).
Programa de Pós-graduação em História, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 1995.
BOCAIÚVA, Quintino. Idéias políticas de Quintino Bocaiúva: cronologia,
introdução, notas bibliográficas e textos selecionados. v. 1. Brasília: Senado Federal
; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986.
BASILE, Marcello. O bom exemplo de Washington: o republicanismo no Rio de
Janeiro (c.1830 a 1835). Varia História, Belo Horizonte, v. 27, n. 45, p. 17-45, jun.
2011.
BOEHRER, George C. A. Da Monarquia à República: história do Partido
Republicano do Brasil (1870-1889). Rio de Janeiro: Ministério da Educação e
Cultura, 1954.
BRASIL, Assis. A república federal. Rio de Janeiro: G. Leuzinger, 1881.
CARVALHO, José Murilo de. Pontos e Bordados: escritos de história e política.
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
CARVALHO, José Murilo de. República, democracia e federalismo
Brasil, 1870-1891. Varia hist., Belo Horizonte, v. 27, n. 45, p. 141-157,
228
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
229
“Um sonho impossível”: o fim da escravidão no
Brasil nas páginas de O Constitucional – órgão
do Partido Conservador do sul do Espírito
Santo
Geisa Lourenço Ribeiro1
231
Entre a província e a nação
232
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
233
Entre a província e a nação
234
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
235
Entre a província e a nação
236
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
favor, bem como pela totalidade dos votos negativos dos representantes
da província na Câmara.15 Antes das mudanças ocasionadas pela lei,
vejamos a situação do principal reduto cafeeiro da província, que com
uma população jovem em 1871, perdeu uma alternativa aparentemente
viável de manutenção do sistema.
No relatório apresentado pelo presidente da província, o barão
de Itapemirim, em 1857, o distrito de Caxoeiro, até então integrante
do termo de Itapemirim, registrava 2.739 almas, sendo 1.254 delas
escravizadas.16 Quando o censo foi realizado em 1872, o antigo distrito
já havia se tornado o poderoso município de Cachoeiro de Itapemirim
e contabilizava 18.495 habitantes. Destes, cerca de 40% da população,
ou 7.482, eram escravos.17 O aumento superior a 500% no segmento
escravo em 15 anos é fantástico, especialmente considerando-se a
conjuntura vivida pelo país de retração da população cativa. Em âmbito
local, esse valor significava um terço da população escrava do Espírito
Santo e oferece indícios para refletir sobre a dependência em relação à
mão de obra compulsória.
Assim como ocorrido no restante país, o apego à escravidão
também foi variável na província espírito-santense. Os dados sobre a
população escrava produzidos a partir do levantamento previsto pela
lei nº 3.270, de 28 de Setembro de 1885, e determinado pelo decreto nº
9.517 de 14 de novembro do mesmo ano, que estipulava a matrícula dos
menores de 60 anos e arrolamento daqueles que tivessem a partir de 60,
são representativos das forças que atuaram a favor e contra o escravismo
no período de desagregação dessa instituição. Acompanhemos as
informações da tabela a seguir que especificam a distribuição dos
escravos por município.
Os dados foram coletados a partir da nova matrícula de escravos
determinada pela Lei dos Sexagenários, cujo prazo final seria 30 de março
15 ALMADA, Vilma Paraíso Ferreira de. Escravismo e transição... Op. cit., p. 190.
16 O Relatório do Barão de Itapemirim não distingue a população escrava da livre. No
entanto, é possível estimar essa informação com base no Relatório de José Mauricio Fernandes
Pereira de Barros, produzido poucos meses antes. No documento, o Presidente informa a
existência de 1.494 livres e 1.254 escravos, totalizando 2.748 indivíduos (número ligeiramente
diferente do informado pelo Barão de Itapemirim). Cf. ARQUIVO Público do Estado do
Espírito Santo. Relatório com que o Exmo. Sr. Presidente da Província do Espírito Santo, o
Doutor José Mauricio Fernandes Pereira de Barros, passou a administração da Província
ao Exmo. Sr. Comendador, José Francisco de Andrade e Almeida e Monjardim, segundo
vice-presidente, em 13 de fevereiro de 1857. Vitória: Arquivo Público do Estado do Espírito
Santo, 1857, p. 13. Disponível em: <http://www.ape.es.gov.br>. Acesso em: 07 ago. 2011.
17 IBGE. Censo do Brasil... Op. cit., p. 76 et. seq.
237
Entre a província e a nação
238
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
239
Entre a província e a nação
240
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
27 Cf. ALONSO, Angela. O abolicionismo como movimento social. Novos estudos, n.
100, p. 115-137, nov. 2014.
28 NOVAES, Maria Stella de. A abolição e a escravidão no Espírito Santo. 2 ed.
Vitória: Secretaria Municipal de Cultura, 2010, p. 89.
241
Entre a província e a nação
29 NOVAES, Maria Stella de. A abolição e a escravidão no Espírito Santo... Op. cit.,
p. 90. No primeiro ano da lei foram apresentadas 15 petições de alforria e 11 meninas foram
contempladas. No entanto, a lei foi criticada pelo presidente da província, pois as libertas
permaneciam com as mães e, portanto, em poder dos ex-senhores. ALMADA, Vilma
Paraíso Ferreira de. Escravismo e transição... Op. cit., p. 189.
30 Cf. ALONSO, Angela. O abolicionismo como movimento social... Op. cit.
31 NOVAES, Maria Stella de. A abolição e a escravidão no Espírito Santo... Op. cit.,
p. 93.
32 Cf. PÍCOLI, Mariana. Ideias de liberdade na cena política capixaba: o movimento
abolicionista em Vitória (1869-1888). Dissertação (Mestrado em História). Programa de
Pós-graduação em História, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2009.
242
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
33 PÍCOLI, Mariana. Ideias de liberdade na cena política capixaba... Op. cit., p. 108.
34 CAMPOS, Adriana. Abolicionistas, negros e escravidão. Dimensões, n. 10, p. 33 et.
seq. jan./jul. 2000.
35 PÍCOLI, Mariana. Ideias de liberdade na cena política capixaba... Op. cit., p. 108.
243
Entre a província e a nação
244
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
[...] Isto é que é a verdade; o que fez, porém, o O Paiz é uma vergonha
nacional.37
245
Entre a província e a nação
246
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
40 ALMADA, Vilma Paraíso Ferreira de. Escravismo e transição... Op. cit., p. 200.
41 Ibidem, p. 199.
42 NOVAES, Maria Stella de. A abolição e a escravidão no Espírito Santo... Op. cit.,
p. 119.
43 Ibidem.
247
Entre a província e a nação
44 DEAN, Warren. Rio Claro: um sistema brasileiro de grande lavoura, 1820-1920.
Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977, p. 125.
45 ALMADA, Vilma Paraíso Ferreira de. Escravismo e transição... Op. cit., p. 204.
248
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
até ser confirmada no dia 15 por telegrama. Foi organizada uma festa
para o dia seguinte, à noite, que parece ter sido imponente. Um grande
grupo de pessoas percorreu as ruas iluminadas da cidade, parando
em frente aos edifícios mais importantes, inclusive na casa de pessoas
ilustres para os discursos. Os oradores felicitaram a nação pelo feito,
parabenizaram a princesa Imperial Regente Isabel, Dom Pedro II e
abolicionistas de renome nacional, como José do Patrocínio, Joaquim
Nabuco, Manoel Pinto de Souza Dantas e Carlos Lacerda – tão criticados
pelo mesmo jornal anteriormente por sua oposição ao escravismo – e
locais, como João Paulo Ferreira Rios. Dirigiram conselhos aos libertos
que estavam presentes. Em síntese, os oradores recomendavam o bom
comportamento, a abstenção de bebidas alcóolicas e, principalmente, a
dedicação ao trabalho. O Sr. Carlos Maciel, um dos que fizeram questão
de ressaltar a importância do trabalho, tomou José do Patrocínio como
exemplo a ser seguido pelos libertos: era “preto”, filho de ex-escrava,
iniciou a vida pobre, mas vencera na vida “à custa de seus esforços”.
Evidentemente, o fato de Patrocínio considerar a escravidão um roubo
e defender mudanças sociais profundas que apenas começariam com a
abolição, não fora lembrado. Silenciando suas críticas, ele era o modelo
de homem preto aceito pela sociedade branca.
O tom comemorativo por causa da Pátria Livre empregado
na edição especial de O Constitucional parece ser um esforço de
convencimento da opinião pública sobre o mérito do Partido
Conservador na solução da questão da escravidão. A homenagem a
conservadores importantes faz parte desse esforço para estabelecer
uma lógica própria e coerente ao complexo processo que resultou na
abolição. Mais do que colher os louros da vitória e vangloriar-se diante
do Partido Liberal, era importante narrar a história de uma maneira
que o Partido tivesse o controle da situação.
Desde sua publicação inicial, em 1885, até o ano de 1887, não há
publicações em O Constitucional incentivando a libertação particular de
escravos. As notícias sobre alforrias se referem às libertações judiciais,
promovidas pela Lei dos Sexagenários e àquelas realizadas pelo Fundo
de Emancipação – cuja participação de Cachoeiro de Itapemirim
iniciou-se apenas em 1881.46
Conforme sintetizado na Representação da Liga da Lavoura da
Paróquia do Itabapoana sobre o projeto do elemento servil enviada no dia
46 ALMADA, Vilma Paraíso Ferreira de. Escravismo e transição... Op. cit., p. 55.
249
Entre a província e a nação
47 Para se ter uma noção de valores, a assinatura anual do jornal custava 10$000. No
mês de setembro, o periódico publicou uma notícia denunciando a aposentadoria indevida
de um ex-administrador da Recebedoria com um salário anual de 1:200$000. Em outros
termos, o administrador recebia um valor médio de 100$000 por mês, ou seja, 20 vezes
o valor da sugestão de salário para o liberto. Cf. O constitucional, n. 22, p. 2, 7 set. 1885.
48 Idem, n. 12, p. 1, 28 jun. 1885.
250
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
251
Entre a província e a nação
252
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
253
Entre a província e a nação
Referências:
Fontes
BRASIL. Legislação Histórica do Planalto. Lei 2.040, de 28 de setembro de 1871.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 3 ago. 2018.
BRASIL. Legislação Histórica do Planalto. Lei 3.353, de 13 de maio de 1888.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 6 ago. 2018.
IBGE. Censo do Brasil. 1872. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/>.
Acesso em: 5 mai. 2010.
O Constitucional, Órgão do Partido Conservador. Disponível em: <http://
bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/>. Acesso em: 10 set. 2018.
Obras de Apoio:
ALMADA, Vilma Paraíso Ferreira de. Escravismo e transição, 1850-1888. Rio de
Janeiro: Edições Graal, 1984.
ALONSO, Angela. O abolicionismo como movimento social. Novos estudos, n.
100, p. 115-137. nov. 2014.
CAMPOS, Adriana. Abolicionistas, negros e escravidão. Dimensões, n. 10, jan./
jul. 2000.
254
Adriana Pereira Campos, Geisa Lourenço Ribeiro,
Karulliny Silverol Siqueira, Kátia Sausen da Motta (org.)
255
Este impresso foi composto utilizando-se as famílias tipográficas Minion Pro.
Sua capa foi impressa em papel Supremo 250g/m² e seu
miolo em papel pólen soft 80g/m² medindo 15.5x23 cm, com uma
tiragem de 100 exemplares.
É permitida a reprodução parcial desta obra, desde que citada
a fonte e que não seja para qualquer fim comercial.
Editora Milfontes