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A AMÉRICA AFRO-LATINA DEZ ANOS DEPOIS

$1'5(:6*HRUJH5HLGAmérica Afro-Latina, 1800-2000. Tradução de Magda


/oSeV. 6ão &arOoV (d8)6&ar . S.

G eorge 5eLd $QdreZV SeVTuL nente, os proMetos de desenYoOYi


Vador da KLVWyrLa daV reOaç}eV ra mento pautados na suEstituição das
ciais na América Latina, conhecido importaç}es, os incipientes proces
no %rasiO SeOo OiYro, Mi cOissico, sos de industriaOi]ação e a adoção de
Negros e brancos em São Paulo reformas neoOiEerais peOos goYernos
(1888-1988), SuEOicou, em , Oatinoamericanos. Mas este não é
a edição em ingOrs deste OiYro. A um OiYro Tue se possa faciOmen
oEra, Tue agora comSOeta de] anos, te definir ou rotuOar como história
Ioi tradu]ida e SuEOicada no %rasiO poOttica ou história econ{mica. A
em  e acaEa de ser reimSressa reconstituição do amEiente poOttico
SeOa (d8)6&A5. e econ{mico é condição necessiria
2 OiYro oEMetiYa aSresentar dois para Tue o Oeitor compreenda soE
sécuOos de histyria dos aIrodescen Tue condiç}es os descendentes de
dentes na América Latina como africanos se moYeram e pautaram
Sarte inseSariYeO da histyria das so suas próprias reiYindicaç}es ² é
ciedades nacionais. Assim, destaca um OiYro Tue faOa, portanto, de su
importantes momentos da história Meitos, protagonismos, e[perirncias.
poOttica do continente, Tue incOui as Temos, então, a reconstitui
guerras de independrncia, a Iunda ção de dois sécuOos de história dos
ção e a formação das primeiras re afrodescendentes na América de
p~EOicas, os regimes popuOistas e di coOoni]ação iEérica, cuMa e[perirn
tatoriais, as transiç}es democriticas, cia foi marcada peOa agricuOtura de
enfocando a atuação espectfica e e[portação e peOa escraYidão, em
decisiYa da popuOação negra. Tam uma aEordagem de história sociaO
Eém ficamos a par dos processos Oastreada por conte[tos demogri
econ{micos, como o chamado Eoom ficos, poOtticos e econ{micos. A
das e[portaç}es da Yirada do sécuOo escrita da história sociaO não é no
 , a crise e a depressão Yidade no continente, centenas de
de  e seus impactos no conti pesTuisadores Oatinoamericanos e

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especiaOistas em América Latina ]irem uma puMante EiEOiografia so
trm desenYoOYido, nas ~Otimas déca Ere escraYidão e reOaç}es raciais,
das, interpretaç}es Tue priYiOegiam com a TuaO AndreZs estaEeOece um
o protagonismo, as redes de sociaEi proftcuo diiOogo, foram os patses
Oidades, a resistrncia, a negociação, da América AfroLatina Tue, como
a cidadania de negros e mestiços na afirma o autor, mais registraram
escraYidão e na OiEerdade. dados raciais nos censos nacionais,
2 interesse do OiYro de AndreZs j e[ceção de 3orto 5ico, Tue não
reside em apresentar uma stntese é nação independente. +i tamEém
histórica coerente, em escaOa Tuase uma outra Tuestão Mé[ico, 3eru e
continentaO e na Oonga duração, te Argentina, com o passar do tempo,
mas cOissicos da história da Améri e[perimentaram um forte decOtnio
ca Latina j Ou] desta noYa história na proporção de negros, para menos
afroOatinoamericana Tue se Oimi de , mas mantiYeram suEregi}es
tou, em grande medida, a histórias com grande presença de afrodes
nacionais, regionais e Oocais. Assim, cendentes, Tue foram incOutdas na
as histórias dos negros e muOatos no noção de América AfroLatina, a
%rasiO, Mi conhecidas do Oeitor Era e[empOo dos estados de *uerreiro e
siOeiro, Muntamse, em perspectiYa 9era &ru], no Mé[ico.
comparatiYa, js menos conhecidas 2 OiYro é diYidido em seis capt
histórias dos negros e muOatos em tuOos. 2 capttuOo intituOado ³´
&uEa, Mé[ico, (Tuador, &oO{m diaOoga com uma ampOa EiEOiografia
Eia, 9ene]ueOa, 3eru, Argentina, soEre escraYidão e apresenta, emEo
8ruguai, 5ep~EOica 'ominicana. ra em poucas Oinhas, deEates densos
A América AfroLatina, e[pressão acerca de temas cOissicos como aO
tomada de empréstimo peOo autor a forria e famtOia escraYa nas Amé
Anani ']id]ien\o e 3ierreMicheO ricas. 2 oEMetiYo, neste capttuOo, é
)ontaine, referese ao conMunto de apresentar um conMunto de reaç}es
naç}es de coOoni]ação portuguesa e e respostas, táticas e estratégias de
espanhoOa, onde a presença de des soEreYiYrncia dos escraYos, Yias de
cendentes de africanos uOtrapassou a moEiOidade e inserção sociaO dos
marca de  a  ² nesta aEor negros e muOatos OiEertos e OiYres
dagem, fica de fora a América de na sociedade coOoniaO. A história
coOoni]ação francesa. das fugas, formação de TuiOomEos,
( aTui surge um primeiro pro greYes, conspiraç}es e reEeOi}es Má é
EOema enfrentado peOo autor a au Eem conhecida peOo Oeitor ErasiOeiro,
srncia, para aOgumas regi}es e pe mas Andrews nos ensina um pouco
rtodos, de dados raciais. 1ão por mais soEre essas Tuest}es ao anaOi
acaso, as e[perirncias de &uEa e sáOas em perspectiYa transnacionaO.
%rasiO são as mais e[pOoradas no 3erceEemos, então, como a gre
OiYro. AOém de esses patses produ Ye do (ngenho 6antana na %ahia,

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datada de , assemeOhase j dos por OiEerdade em meio aos confOitos
escraYos de uma fa]enda pró[ima a anticoOoniais e, dessa forma, con
Mompo[, na &oO{mEia, em  triEutram para a primeira ³grande
mesmo com e[igrncias e desfechos onda de reforma sociaO e poOttica
espectficos, emergem dos dois mo Oatinoamericana´ p. . (m toda
Yimentos táticas e temas freTuentes a América espanhoOa, as Outas peOa
nas negociaç}es entre senhores e independrncia foram seguidas por
escraYos, como a reiYindicação de medidas de emancipação graduaO da
acesso j terra, maior autonomia, escraYidão, como aEoOição do tráfi
mais tempo de foOga. Assim como, co, Oeis de Yentre OiYre e, finaOmente,
situadas em uma escaOa mais am aEoOição formaO da escraYidão. 3or
pOa, no espaço e no tempo, é pos outro Oado, na primeira metade do
stYeO perceEer maior incidrncia das sécuOo ;,;, a instituição definhaYa
suEOeYaç}es negras no intcio e no em Tuase toda a região, mas &uEa
fim do pertodo coOoniaO. 'o mesmo e %rasiO, imunes a insurreiç}es an
modo, o autor anaOisa as estratégias ticoOoniais, garantiram OongeYidade
adotadas por negros e muOatos OiYres j escraYidão. 1a segunda metade
em todo o continente Oatino, Tue iam do ;,;, a irrupção das guerras an
de processos Mudiciais a petiç}es j ticoOoniais na iOha do &ariEe tiYeram
&oroa e js autoridades coOoniais como resuOtado o fim da escraYidão
para EurOar ou anuOar Oeis raciais no %rasiO, o isoOamento internacio
Tue impediam a ascensão sociaO. ( naO, a aOiança entre aEoOicionistas
é nisso Tue Andrews insiste deYe negros e Erancos, OiYres e escraYos,
mos entender a história dos afrodes a ³reYoOta em massa´ e a ³desoEe
cendentes dentro de conte[tos mais dirncia ciYiO´ OeYaram ao fim da
ampOos. instituição. Foi, portanto, e este é
2 sécuOo ;,; é estudado em um argumentochaYe para o autor,
dois capttuOos um dedicado j aná a união de raças e cOasses, tanto nas
Oise da participação de negros e mu guerras de independrncia, Tuanto na
Oatos nas guerras de independrncia, Outa aEoOicionista no %rasiO, Tue p{s
e outro enfocando os diYersos pro fim j instituição.
cessos de aEoOição da escraYidão Assim como os escraYos, negros
na região. 2 protagonismo escraYo e muOatos OiYres moYimentaramse
fica particuOarmente eYidente no durante as guerras de independrn
capttuOo Tue trata das guerras de in cia, e[pOorando a instaEiOidade po
dependrncia, Tue criaram condiç}es Ottica para conTuistar a aEoOição de
faYoráYeis para a Outa antiescraYista. Oeis raciais, a iguaOdade OegaO e a
2ra ao Oado dos reEeOdes, ora acu promuOgação de constituiç}es com
sados de monarTuistas e defensores cidadania integraO peOo menos, no
dos espanhóis, os escraYos, segundo pOano formaO , tornandose tamEém
o autor, traYaram sua própria Outa arttfices das noYas rep~EOicas em

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construção. 1a conMuntura das Outas ciatiYas para a formação de partidos
acirradas entre OiEerais e conserYa poOtticos com Ease raciaO, como fo
dores Tue marcaram as décadas de ram as e[perirncias do 3artido ,nde
, Andrews identifica a pendiente de &oOor &uEa , a Frente
participação maciça não e[cOusiYa 1egra %rasiOeira %rasiO e o 3artido
de negros e muOatos OiYres nas fiOei Autóctono 1egro 8ruguai .
ras OiEerais da América espanhoOa, Andrews destaca, nesse pertodo,
assim como nos moYimentos anti a participação de negros e muOatos
centraOistas ocorridos no ,mpério do nas moEiOi]aç}es de rua, nas greYes,
%rasiO, onde traYaram suas próprias sua presença nos sindicatos, e e[pOi
Outas por direitos e cidadania. ca como, apesar das tens}es raciais
2s anos finais do sécuOo ;,; e as internas aos traEaOhadores, foi posst
primeiras décadas do sécuOo ;; ga YeO construir na região moYimentos
nham um capttuOo especiaOmente in operários interraciais. A presença
teressante. Este foi o tempo do boom maciça de não Erancos entre os tra
das e[portaç}es e da circuOação de EaOhadores e as Oeis e ideias de iguaO
ideias como o chamado racismo cien dade raciaO presentes na região desde
ttfico e o darwinismo sociaO. Foi um a independrncia, segundo o autor,
tempo diftciO para os negros o fim tornaram poOiticamente inaceitáYeO
das guerras ciYis e o fortaOecimento TuaOTuer segregação raciaO formaO.
do poder centraO, aOiados j concentra Assim, as hierarTuias, a e[cOusão e
ção da terra nas mãos de poucos e o a segregação foram Mustificadas em
e[pansionismo estadunidense, tanto termos de cOasse e não por critérios
econ{mico como miOitar, dei[aram raciais.
pouco espaço de negociação para a O fim do boom das e[portaç}es
popuOação de cor. ,naugurase, então, inaugura um noYo momento histó
uma fase em Tue predominam poOtti rico na região, marcado peOa indus
cas de EranTueamento demográfico, triaOi]ação, noYas formas de partici
cuOturaO e estético, materiaOi]ado nas pação poOttica e construção de noYas
reformas urEanas, incentiYo j imi identidades raciais. Andrews dedica
gração europeia, tentatiYas de desa um capttuOo j anáOise do pertodo Tue
fricani]ação dos costumes, repressão Yai de  a  e, aTui, uma con
a manifestaç}es cuOturais negras, sideração taOYe] deYa ser feita em
como as reOigi}es de matri] africana reOação j periodi]ação ao contrário
e o carnaYaO africani]ado. Ao mesmo de uma densa anáOise dos anos de
tempo, assistimos ao fOorescimento  ² Oidos j Ou] de temas
de uma ³cuOtura popuOar YiErante´ como pósemancipação, imigração,
p. , de rat]es africanas, repre infOurncia e imperiaOismo nortea
sentada peOo tango Argentina , peOa mericanos ², a anáOise do pertodo
rumEa &uEa e peOo samEa %rasiO . seguinte  nos pareceu
1esse cenário, surgem tamEém ini mais aOigeirada e superficiaO. As

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sim, sentimos faOta de uma discus foi um pertodo em Tue se comEi
são mais detaOhada dos moYimentos naram, de um Oado, a ascensão do
reYoOucionários e dos regimes miOi popuOismo no campo poOttico e, do
tares na região, do impacto das re outro, a e[aOtação da ³morenidade´,
formas econ{micas neoOiEerais so a ideoOogia da democracia raciaO e
Ere a popuOação negra e da irrupção a reformuOação das identidades na
dos chamados noYos moYimentos cionais, não só em termos raciais,
sociais, Tue nos aMudariam a enten mas tamEém cuOturais. Desse modo,
der meOhor as aOternatiYas poOtticas o samEa no %rasiO, a rumEa e o son
dos negros. Outro proEOema desse em &uEa e o merengue na 5ep~EOica
capttuOo é a tentatiYa de enTuadrar, Dominicana, por e[empOo, passam a
soE o signo do popuOismo, e[perirn compor um repertório de stmEoOos
cias tão dtspares Tuanto o goYerno nacionais. Ocorre, então, a YaOori]a
de Perón, na Argentina, de Vargas, ção de práticas e instituiç}es negras,
no %rasiO, de TruMiOOo, na 5ep~EOica OeYando j ³nacionaOi]ação da negri
'ominicana, e a 5eYoOução &uEana. tude´ ² o Tue tamEém proporcio
Do mesmo modo, Andrews não con nou, segundo o autor, enorme Eene
Yence ao comparar as reformas em ftcio js sociedades enYoOYidas.
&uEa, após o chamado Pertodo Es Ao mesmo tempo, essa naciona
peciaO, com a onda de reformas ne Oi]ação de stmEoOos negros impOicou
oOiEerais Tue assoOou o continente. uma ³desraciaOi]ação´ simEóOica,
O argumento centraO de An Tue só começou a ser Tuestionada
drews, neste capttuOo, é Tue os re peOos moYimentos negros surgidos
gimes popuOistas de Ease traEaOhista nas décadas de , crtticos
produ]iram, após a independrncia da ideoOogia da democracia raciaO e
e a aEoOição, uma noYa onda de re inspirados na ideia de diáspora, nas
formas Tue, emEora não definidas Outas de OiEertação na Èfrica, no mo
em termos raciais e, sim, de cOasse Yimento de direitos ciYis norteame
Eeneficiaram a popuOação negra em ricanos, e peOo Tue o autor chamou
geraO. AOém da promuOgação de Oeis de ³condiç}es poOtticas internas´
traEaOhistas, o inYestimento na edu p. . &omo aponta Andrews,
cação p~EOica e o ingresso de negros esse é um momento de crttica ao po
e muOatos no proOetariado industriaO puOismo, Tue, a essa aOtura, Má haYia
aEriram caminho para a moEiOidade se reYeOado incapa] de promoYer a
sociaO. 1ão por acaso, em muitos integração da maioria da popuOação
patses, fe]se a associação direta en negra aos setores mais dinkmicos da
tre negritude e moYimentos popuOis economia e da poOttica nacionais e
tas, como na Argentina, onde os par de eOiminar a discriminação raciaO
tidários de -uan e EYita Perón eram apesar de haYer aMudado a promo
chamados de cabecitas negras. Yer uma cOasse média negra . Desse
6egundo o autor, esse tamEém modo, negros e muOatos, soEretu

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do da cOasse média, ao enfrentar as Otticos negros outro caminho seria o
Earreiras j sua ascensão, criticam as da moEiOi]ação, raciaOmente incOusi
Oimitaç}es dos moYimentos sociais Ya, caracteri]ada peOa aOiança entre
Tue tenham como Oastro apenas a negros, muOatos, tndios, caEocOos e
cOasse o caso do popuOismo para Erancos reunidos em associaç}es e
eOiminar a desiguaOdade raciaO, e se organi]aç}es muOtirraciais, como
Oançam j construção de organi]a os e[ércitos das independrncias,
ç}es com Ease raciaO. Esse foi um partidos poOtticos, sindicatos e mo
fen{meno continentaO, conforme se Yimentos popuOistas. Para Andrews,
aprende neste OiYro. foi a participação dos negros e mu
Para Andrews, contudo, os mo Oatos em coaOi]}es muOtirraciais Tue
Yimentos negros mostraramse in YiaEiOi]ou reformas sociais e mu
capa]es de moEiOi]ar maciçamente danças poOtticas mais profundas na
os afrodescendentes Tue EuscaYam região. Esse argumento, aOinhaYado
representar, pois os negros poEres ao Oongo do OiYro, tornase mais eYi
e da cOasse traEaOhadora, diferente dente no ~Otimo capttuOo, intituOado
mente dos atiYistas de cOasse média ³Entrando no sécuOo ;;,  em
ou sociaOmente ascendentes, opta diante”, onde o autor diagnostica o
ram por participar de organi]aç}es esYa]iamento e a fragiOi]ação dos
muOtirraciais, como sindicatos, as moYimentos negros no conte[to das
sociaç}es de Eairro, partidos poOtti reformas neoOiEerais e do aprofun
cos e, podemos acrescentar, igreMas damento da democracia na região.
eYangéOicas. AOém disso, uma parte A democracia muOtipartidária, ao
desses afroOatinos tendia a se iden mesmo tempo em Tue é o amEiente
tificar como pardos ou Erancos, não perfeito para a participação dos ne
como negros, e optou por moYerse gros na poOttica, é tamEém o cenário
nas redes de cOienteOismo, caracte mais faYoráYeO para a construção
rtsticas da cuOtura poOttica da região, de coaOi]}es muOtirraciais Andrews
eYitando se enYoOYer em moYimen argumenta, com ra]ão, Tue moYi
tos de contestação. mentos fundamentados na cOasse,
O autor identifica, ao Oongo dos e não na raça, como o popuOismo,
dois sécuOos coEertos por este OiYro, o sociaOismo e outros moYimentos
dois caminhos percorridos peOa mo reformistas, são mais efica]es na
EiOi]ação de negros e muOatos na geração de Eeneftcios para a popuOa
região um, diaspórico, incOui prá ção afrodescendente. Assim, o autor
ticas e instituiç}es raciaOmente e[ acredita Tue, no futuro, os afrodes
cOusiYas, como as comunidades de cendentes priori]arão a moEiOi]ação
escraYos fugidos, a participação em em moYimentos raciaOmente incOusi
miOtcias negras, sociedades de aMuda Yos, como partidos e sindicatos. ,sso
m~tua, reOigi}es de matri] africana, não significa o fim dos moYimentos
cOuEes sociais, Mornais e partidos po de Ease raciaO, mas esses serão uma

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³Tuestão predominantemente da acentuar identidade raciaO soEre a de
cOasse média” p. . cOasse. Em outra Yia, os moYimentos
Ao contrário do Tue Andrews por moradia, intituOados MoYimentos
preconi]ou há de] anos, as condiç}es dos 6em Teto, em todo o %rasiO, cons
históricas atuais taOYe] apontem, em titutdos maMoritariamente por negros,
futuro pró[imo, para o fortaOecimen soEretudo muOheres negras, trm arti
to e maior popuOari]ação das pau cuOado discursos Tue diaOogam com
tas antirracistas e dos moYimentos as Tuest}es de grnero, raça e cOasse
negros na região. 1o cenário atuaO, nas suas reiYindicaç}es. 6e os moYi
poOtticos e artistas negros ganham mentos negros dos anos 
YisiEiOidade, aç}es afirmatiYas são foram criados em reposta js Earreiras
conTuistadas, Oeis de criminaOi]ação enfrentadas peOa cOasse média negra,
do racismo são aproYadas e uma a Outa contra o e[termtnio direto e
parte da popuOação afrodescendente indireto da MuYentude negra pode
pode Yer reaOi]ada sua aspiração de popuOari]ar, enrai]ar e dar noYo f{
ascensão sociaO. Ao mesmo tempo, Oego js organi]aç}es com Ease raciaO.
há um aumento da repressão poOiciaO Por outro Oado, há uma enorme
e do encarceramento raciaOi]ados. ausrncia na anáOise Tue Andrews fa]
1o %rasiO, por e[empOo, o maior pats das e[perirncias históricas de coaOi
negro das Américas, chacinas e de ]ão muOtirraciaO no curso da história
saparecimento de pessoas poEres e da América AfroLatina a e[istrncia
negras trm chamado a atenção dos de hierarTuias e discriminação ra
protagonistas da Outa antirracista. O ciais nos e[ércitos de independrncia,
desaparecimento do aMudante de pe nos sindicatos e moYimentos de tra
dreiro AmariOdo Dias de 6ou]a, no EaOhadores e nos partidos poOtticos.
5io de -aneiro, e do MoYem *eoYane As aOianças interraciais, portanto, só
Mascarenhas de 6antana, Tue traEa serão efetiYas no comEate ao racismo
OhaYa fa]endo Oimpe]a em {niEus, e na eOiminação das Earreiras e discri
na %ahia, mortos por poOiciais, re minaç}es raciais se seus protagonistas
YeOa a necessidade do fortaOecimen Erancos e negros estiYerem, de fato,
to de moYimentos com Ease raciaO comprometidos com a iguaOdade raciaO.
nas comunidades popuOares, como Por isso, a organi]ação de moYimentos
a campanha ³5eaMa ou será morto, com Ease raciaO continua, e continuará
reaMa ou será morta”, Tue consigam por muito tempo, imprescindtYeO.
Yacy Maia Mata
iac\maia#\ahoo.com.Er
8niYersidade FederaO da %ahia

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