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“Expedições pelo mundo da cultura” – José

Monir Nasser

“Este programa não é um programa de literatura, é um programa de


cultura. Isto significa que nós não estamos aqui interessados somente em
livros de natureza ficcional [...] nós não estamos interessados em questões
de forma literária (a forma literária interessa apenas circunstancialmente,
quando ela tem alguma contribuição a nos dar na compreensão de algum
aspecto da obra); mas, em princípio, só nos interessa aqui (porque nós
temos pouquíssimo tempo) o conteúdo da obra, aquilo que nós devíamos
guardar pra sempre, aquilo que modifica e aumenta a nossa consciência da
estrutura da realidade e da condição humana. É isto o que nós chamamos
de cultura, a palavra cultura, neste sentido, foi inventada pelo filósofo
romano Cícero1 que dizia que, do mesmo modo que se tem de cultivar a
terra, é necessário que se cultive o espírito. Então, o cultivo da terra e o
cultivo do espírito são primos-irmãos, como se fossem as duas atividades
fundamentais da vida humana2. Em última análise, se tudo acabar, você
ainda tem de ter a sua roça. [...] se ficássemos com a agricultura e a cultura,
teríamos aí a possibilidade de ficarmos completamente realizados, só com
isto seríamos uma espécie ontologicamente realizada com certeza. Então,
este grande filósofo romano (Cícero), dizia que, do mesmo modo que se
cultiva a terra, deve se cultivar o espírito também; então Cícero falava de
cultura animi, cultura da alma, que é (para um romano), a mesma coisa que
cultura do espírito. Cultura animi é isto que nós fazemos aqui. Não estamos
interessados no sentido formal da obra, queremos apenas nos apropriar do
conteúdo da obra”.

1
omanum, Firenze, 1941, vol. 28. 5. Cicero, in his Tusculan Disputations, I, 13, says explicitly that the mind is
like a field which cannot be productive without proper cultivation and then declares: Cultura autem animi
philosophia est.
2
Mateus 4:4  Não só de pão vive o Homem.
A Guerra da Arte – Steven Pressfield
Como vencer a Resistência nos estudos e na expressão
artística.

1-Apresentação do autor, esquema geral do livro,


como tomei contato com o livro;

1.1- Objetivo da live;

Nesta live de hoje, nossa proposta é dialogar a respeito do


livro A Guerra da Arte, do autor norte-americano Steven
Pressfield. Queremos 1- introduzir o livro para aqueles que
ainda não o conhecem, mostrando do que ele trata; 2-
Oferecer chaves de leitura, que aprofundem e auxiliem a
compreensão e a assimilação deste livro; 3 – Compartilhar
importes vitais/insights para a vida suscitados por este livro.

1.2- Como tomei conhecimento deste livro;

Eu tomei contato com este livro pela primeira vez em 2016.


Debatia-me com a escrita do meu mestrado em filosofia
antiga e encontrava grande dificuldade com o processo da
escrita. Ao deparar-me com a tarefa de ter de escrever um
trabalho com mais de 10 páginas (um trabalho de 120 páginas,
no caso).

1.3 Quem é o autor deste livro?

 Jornada arquetípica do Steven Pressfield;


 Livros de romance (literatura de ficção) escritos 
Destaque para Bagger Vance & o da guerra das
Termópilas;
 Livros de não-ficção;
 Warrior Ethos na veia.

1.4 Qual a estrutura da obra?

 Título: referência ao Sun Tzu e ao ethos guerreiro;

 O livro é dividido em três partes: 1- Resistência –


definindo o inimigo; 2- Combatendo a Resistência –
tornando-se um profissional (plano de batalha); 3- Além
da Resistência – o reino superior (visão da vitória).
 Pontuar as influências de Pressfield  Bagavad-Gita,
Judaísmo, Sun Tzu.
 Três palavras-chave: Vocação – Resistência – Disciplina;
1.5 – O que eu aprendi deste livro?

 Importe vital  O que aprendi deste livro, em termos


existenciais? Aprendi a identificar a dualidade espiritual
na vida cotidiana. Pode parecer simples, mas não é
pouco.

 Algo que torna o livro persuasivo e acessível é o fato do


autor não declarar-se como adepto de nenhuma fé
religiosa. É perceptível que, aquilo que ele descreve
emana de sua experiência e sofrimento espiritual.
Contudo, ao buscar esta fidelidade à sua experiência, ele
acaba conectando-se muito intimamente à “dogmas” da
tradição religiosa. Algo análogo ao que acontece com o
escritor G. K. Chesterton, ao escrever seu livro
Ortodoxia. Assim como Chesterton, me parece que
Pressfield tenta descrever, com o máximo de fidelidade à
sua experiência concreta, uma filosofia de vida. E, ao
observarmos o quanto esta filosofia coincide com
“dogmas” religiosos, o efeito que isto têm no leitor é a
confirmação de que há uma estrutura da realidade, uma
estrutura objetiva acessível a todos que busquem, com
sinceridade, conhece-la.

 Outra coisa interessante de notar é que esta sua filosofia


de vida surge da dificuldade de concretizar uma vocação:
a vocação do escritor. Mas aqui seria interessante,
também, identificar o que seria isto: filosofia de vida?
 Uma filosofia de vida significa, em linhas gerais, uma
prescrição de conduta baseada em uma reflexão pessoal.
Ou ainda, é a encarnação (em uma prescritiva de
conduta, atos, hábitos,etc.) desta reflexão pessoal.

 Pressfield nos ajuda a perceber, de modo mais concreto,


o que é a dualidade espiritual. De modo a contribuir de
alguma maneira, para fazer a ponte necessária entre as
verdades abstratas e a vivência concreta. Então é o caso
interessante de alguém que, pela própria circunstância
real, percebeu uma realidade estrutural da vida humana
( que talvez tivesse recebido, de modo abstrato, através
das religiões).

 Gosto muito deste livro, pelo reordenamento que ele


produz em meu interior, pela sua capacidade de
relembrar-me como re-encontrar um centro interior. Este
centro é simplesmente essencial, sem ele não há uma
vida digna de ser vivida. Talvez caia em exagero, mas
não encontro termo mais propício para elogiar esta obra
do que considera-la um tratado de espiritualidade do
trabalho artístico, do ofício criador. Sem dúvidas,
Pressfield revela a dimensão espiritual do trabalho de
criação artística e do trabalho do escritor.
2-Resistência – definindo seu inimigo;

2.1 – O que é a Resistência?  Definições do próprio


Pressfield.

 Resistance – enemy of creativity.

 A Resistência é aquilo que obstrui o movimento numa


única direção (a direção positiva);

2.2 – O que é a Resistência?  Analogias possíveis.

 “Freud called the Death Wish – that destructive force


inside human nature that rises whenever we consider a
tough, long-term course of action that might do for us or
others something that´s actually good.” (Foreword).

 Identidade/Similaridade do conceito de Resistência e


Diabo (no sentido de opositor).

 "O mal do nosso tempo é termos perdido a consciência


do mal." - Krishnamurti
 Aqui é preciso as ferramentas que o autor dá para que eu
possa discernir a Resistência dentro de mim mesmo e
não apenas identificar-me com ela, acreditando que eu
mesmo sou a Resistência. É o erro apontado pelo Olavo
de Carvalho: "A maior astúcia do diabo não é fingir
que não existe: é fingir que você é ele. Então, quanto
mais você, horrorizado de si mesmo, se esconde, mais
ele se torna invisível e mais você se acredita um diabo.
Não é ele que finge não existir: é você que o esconde. 
Homens e civilizações inteiras caem nesse engodo com
igual facilidade."

3-Combatendo a Resistência – tornando-se um


profissional.

3.1 – O que é o profissional?  Definição do Steven


Pressfield.

 Dicotomia profissional X amador;


 Os atributos/qualidades do profissional;

3.2 – O que é o profissional?  analogias possíveis.


 A formação do profissional é um processo análogo à
formação do cavaleiro, o arquétipo do cavaleiro.
- A encruzilhada de Hércules + A jornada de Parsifal
( deixa a mãe  análogo aos 300 de esparta);
- A virtude da coragem (andrós em grego) e a essência
masculina;
- Quando desmonta-se o mecanismo de dor, o que sobra?

4 – Além da Resistência – o reino superior.

4.1- O que é a Assistência?  Pressfield;

 Resistência x Assistência;

4.2 – O que é a Assistência?  Analogias;

 Resistência e Assistência são os nomes dados ao Mal e


ao Bem no contexto da criação artística. A assistência
vem pela dedicação e o merecimento; a outra, pelo
desleixo. É como uma Teologia da Arte.
4.3 Ação purgada do Ego3

3
NA CALMA DO NOSSO SER
"Para que nos fixemos na calma do nosso ser, importa que aprendamos o
desapego dos resultados da nossa atividade.
Devemos subtrair-nos, até certo ponto, dos efeitos que estão fora do nosso
domínio e nos contentar com a boa vontade e com o trabalho que são a
expressão pacífica da nossa vida interior.
Fiquemos contentes de viver sem nos olhar viver, de trabalhar sem esperar
imediato prêmio, de amar sem uma satisfação instantânea e de existir sem
qualquer consideração pessoal.
Só depois de desapegados de nós mesmos é que podemos estar em paz conosco."
Thomas Merton, "Homem Algum é uma Ilha", Verus 2003, pág. 112.

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