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Cristal de Tenebra

Por Cristiano “Leishmaniose” DeLira

A Face de Tenebra se encontrava no alto do mágicos das trevas e isso pode ser perigoso nas mãos da
céu, em sua fase cheia. Quando uma tábua no teto foi Sociedade da Noite Eterna. Kildred, Suanny e Janotas,
rompida, o luar invadiu aquele templo abandonado. devemos fazer uma busca total na área. O Protetorado
Do buraco feito no teto, quatro vultos observaram o não encontrou nada no local, além dos cultistas e uma
local. Era um antigo templo, com um altar e colunas vítima.
com desenhos de ofídios. Uma corda desceu
levemente, ficando pendurada a poucos metros do Kildred, Suanny e Janotas dispersaram-se para
chão. Pela corda começaram a descer, um por um os melhor investigar o local. O salão estava totalmente
quatro vultos. O primeiro a descer era um jovem, devastado, ainda havia sangue e a poeira formava algo
moreno, com os cabelos castanho-claros e olhos parecido com uma fina neblina. Os bancos estavam
castanho-escuros. Trajava roupas comuns, duas devastados e dois pilares estavam caídos sobre os mesmos. O
camisas e uma calça de pano, além de bota, trazia um salão tinha uma forma circular, com paredes sem cantos. A
gato no ombro, além de um bastão às costas. A batalha do Protetorado havia sido grandiosa. Eles haviam
segunda a descer demonstrou ser uma meia-elfa. impedido um sacrifício humano. O altar apresentava muitas
Tinha a pele branca, os olhos vermelhos e compridos manchas secas de sangue, provavelmente resultado de
cabelos negros soltos ao vento. Trajava um peitoral de antigos sacrifícios. Desenhos e esculturas de cobras e
armadura com um grande “H” pintado nele, por cima serpentes decoravam o local.
de roupas comuns e tinha uma espada às costas. O
terceiro era mais jovem do que os dois primeiros, mal — Nossa! Isso aqui está muito escuro. — disse Janotas,
saído da adolescência. Tinha a pele branca, os olhos e balançando o cajado e murmurando palavras num idioma
os cabelos castanho-claros. Trajava um peitoral com antigo. O cristal começou a emitir uma luz, iluminando
um “H” pintado nele, juntamente com roupas comuns parcialmente o local onde ele estava.
e uma espada katana às costas. O último era tão — Axel! — chamou Kildred.
jovem quanto o terceiro. Tinha a pele branca, os
cabelos ruivos e os olhos verdes e trajava um robe Axel aproximou-se do jovem. Ele tinha descoberto
negro. Trazia um bastão, ornamentado com um uma pequena abertura no chão do salão, próximo à parede
cristal na ponta superior, preso ao cinto. sudeste. Axel aproximou-se do local. Estava oculto por um
dos pilares derrubados e por destroços de madeiras,
— Khalmyr! Isso é tenebroso. — murmurou o último certamente antigos bancos. Kildred observou Axel e
dos quatro. perguntou:
— Era um templo de um culto Sszzaazita, pelo menos
até alguns dias atrás, quando foi descoberto pelo — O que é que você acha?
Protetorado do Reino e destruído. — falou o — Uma câmara subterrânea... Isso não seria de surpreender
primeiro. aqui. — respondeu Axel. — Mas vejamos o que há lá...
— Se esse templo sszzaazita já foi desativado, o que
fazemos aqui Axel? — perguntou o último olhando Axel murmurou algumas palavras rapidamente e
apreensivo para o salão onde se encontrava. criou um globo de luz em sua mão, jogando o mesmo em
— Como é que é? Eu devia ter imaginado! Se você direção ao chão do local. Axel e Kildred olharam pelo
sugeriu os dois é porque eles deveriam ser tão buraco, vendo o que aparentemente era um corredor. O
vagabundos quanto você, Duende! Nem sequer sabe alcance da luz não permitia que vissem o fim do mesmo.
qual é a missão! Eu não devia ter vindo! — falou a Levantando-se, Axel estava prestes a chamar os outros dois
meia-elfa afastando-se em direção ao altar. colegas quando um estrondo ecoou pelo local.
— Você se ofereceu, Suanny. — falou o terceiro. — Só
nós três fomos designados. — Não fui eu! — respondeu Janotas, erguendo o bastão
— Quietos os dois. — falou Axel, o primeiro. — levemente.
Embora tenha sido desativado, não sabemos o que — É claro que não, imbecil! Veja! — falou Suanny
tal local aguarda. Janotas, estamos aqui para afastando-se da parede.
encontrar um artefato, um cristal, que aparentemente
veio da lua. O sacerdote-chefe daqui o viu cair do A parede onde Suanny estava próxima começou a
céu. Aquele zumbi que interceptamos algumas tornar-se azulada, como se congelasse. O salão começou a
semanas atrás estava levando tal recado a Jasmira. ficar um pouco frio e a parede começou a congelar-se.
Aparentemente o cristal amplifica os poderes Suanny aproximou-se do centro do salão, para onde rumaram

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Axel, Janotas e Kildred. Um outro estrondo ecoou pelo a carne em decomposição e trajavam roupas rasgadas. Dois
local e o gelo começou a rachar. cães com a carne em decomposição e dois pontos vermelhos
no lugar dos olhos também entraram no local.
— Estão congelando a parede para poder derrubá-la
mais facilmente. — falou Kildred. — Seja lá quem — Um heucuva, um cavaleiro da morte, dez zumbis e dois
estiver lá fora, está realmente tentando entrar aqui. cães infernais. Mas o que é a garota? — perguntou
— Entrar é uma coisa, ficar é outra totalmente diferente. Kildred.
— disse Suanny desembainhando a espada. — Uma vampira... — murmurou Axel. — Uma vampira
— Não, Suanny. Antes vamos ver com quem estamos bacante. São da Sociedade da Noite Eterna...
lidando... Escondam-se! Atrás do pilar, rápido! — — O que vamos fazer? — perguntou Janotas.
falou Axel. — Kerryne... — rosnou Suanny segurando o punho da
— Digno de um covarde... — falou Suanny. — Se você espada.
está pensando que eu...
— Vamos logo! — falou Axel puxando Suanny até o Mal se pôde ver quando Suanny se levantou e saltou
pilar, ocultando-se por trás do mesmo, onde Janotas sobre Kerryne, derrubando-a no chão. Suanny saltou para trás
e Kildred já aguardavam. acrobaticamente com a espada em punho. Axel olhou
— Ora, se você está pensando que... — Suanny já surpreso para a situação. Suanny agira inesperadamente. O
começava a ficar furiosa. gato saltou do ombro de Axel, que disse:

Um estrondo maior seguido do som de — Que droga, Suanny! Éksis procure um local seguro, mas
demolição e algo se quebrando interrompeu a discussão. fique perto. — disse Axel ao gato, que saltou entre
Os quatro, improvisadamente, olharam por cima do pilar alguns escombros.
derrubado. Pelo buraco na parede entrou um vulto. A — O que vamos fazer? — perguntou Janotas.
nuvem de poeira não permitia a visualização, nem o — Manobra 12, Janotas! Rápido! — falou Kildred
reconhecimento do recém-chegado, que pela voz parecia levantando-se.
ser uma mulher. — É pra já... — falou Janotas girando o bastão e apontando-
o para os membros da Sociedade da Noite Eterna
— Muito bom trabalho, Lordezinho. — a voz enquanto murmurava algumas palavras.
apresentava um tom sensual.
— Eu conheço essa voz... — rosnou Suanny. Um brilho circular envolveu o chão em que estavam
— Silêncio! Ou vão nos escutar... — falou Kildred. os membros da Sociedade da Noite Eterna e sete zumbis
foram de encontro ao chão. Os cães pareciam que estava
Suanny olhou com certo rancor para o garoto, já sobre uma camada escorregadia de gelo. O Heucuva estava
que ele era mais novo que ela, mas calou-se, pois fora da área de alcance e apenas olhou para os três que
pretendia descobrir quem estava invadindo de tal forma o acabavam de surgir por trás de um pilar. O Cavaleiro da
templo abandonado. A mão segurava firme a espada. Um Morte manteve-se parado, apenas observando. Janotas pôs o
grunhido pôde ser ouvido, um grunhido que ecoou de bastão no ombro, como uma mira e disse:
forma assombrosa.
— Primeiro, um Terreno Escorregadio de Neo.
— Eu não me esqueci de você não, Heuque. Graças à Depois, uma Explosão de Fogo!
sua força a parede foi derrubada.
— Vamos logo! — uma voz profunda, como se viesse Um fio de fogo saiu de dentro do cristal e dirigiu-se
de um fosso profundo, cortou o diálogo. à área afetada pelo Terreno Escorregadio de Neo. O
— Por Wynna! — exclamou Axel. — É a voz de um Cavaleiro da Morte deu um salto, saindo da área escorregadia
cavaleiro da morte. e parando mais ao sul do templo. O fio de fogo atingiu um
dos zumbis, explodindo em uma área de 30 metros. Um dos
Quando a nuvem de poeira baixou, o luar zumbis desintegrou-se com o ataque, enquanto os outros
iluminou levemente o grupo recém-chegado. Havia uma saíram fumegando e avançaram na direção dos três. Os cães
garota, bonita e com o corpo esbelto. Tinha os olhos não demonstraram sentir nada. Apenas latiram, correndo em
verdes, os longos cabelos castanho-claros caindo sobre a direção aos três atacantes. Axel levantou-se e saltando por
metade direita da face e usava um vestido curto de cor cima do pilar caído, avançou com o bastão em direção aos
vermelha. Ao seu lado estava um esqueleto que trajava zumbis. Kildred viu o Cavaleiro da Morte aproximando-se da
uma armadura negra, como se tivesse sido queimada pelo área e com a katana empunhada, disse:
mais quente dos vulcões. Dois pontos vermelhos
brilhavam nas órbitas dos olhos. O terceiro — Janotas, toma conta deles que eu vou cuidar do cavaleiro
acompanhante era outro esqueleto, mas trajava roupas da morte.
rasgadas, parecidas com mantos de um monge. Dez
pessoas entraram em passos lentos após os três. Possuíam

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— Pode deixar. — Janotas criou um pequeno tufão de O Cavaleiro da Morte abriu a boca e uma comprida
vento com Ataque Mágico que arremessou os dois língua saiu em forma de chicote na direção de Kildred.
cães contra a parede, do outro lado do templo. Kerryne arreganhou os compridos caninos ao sentir a espada
Kildred avançou na direção do Cavaleiro da cortar-lhe o flanco. Com os olhos injetados de sangue,
Morte, atacando-o com sua espada katana. O Cavaleiro Kerryne fitou furiosa Suanny. Suanny gostou de ver que tinha
bloqueou o ataque. Kerryne levantou-se, com um filete tirado aquele ar arrogante de Kerryne e sorriu.
de sangue no canto direito da boca. Olhando para Suanny
com um sorriso sádico no rosto, ela limpou o sangue com — O que foi, meretriz bacante? Não está mais gostando de
as costas da mão e disse: ser a rata?
— Está na hora de mostrar quem é a rata, orelhuda! —
— Su-su. Que surpresa agradável... E nosso querido Kerryne atacou com as garras e as presas expostas.
Axel Brownie, veio também? Estou “morta” de
saudades. Suanny avançou com um olhar de ódio contra a
— Ora, sua meretriz! — Suanny avançou vampira, com a espada empunhada firmemente. Após
impulsivamente contra Kerryne. bloquear o ataque da língua com a espada de Kildred ficara
com uma espécie de muco fervescente, que parecia queimar.
Kerryne esquivou-se do ataque com a espada, Janotas preparava-se para atirar mais alguns Ataques
enquanto garras cresciam em seus dedos. Com as garras Mágicos nos cinco zumbis restantes, quando sentiu algo cair
da mão direita, Kerryne conseguiu acertar a armadura de em seu ombro. Era Éksis.
Suanny, rasgando-a diagonalmente em sua parte frontal.
O ataque atingiu superficialmente a carne, causando — Éksis, meu filho! Quer me matar do coração, é? O que
leves arranhões, quase imperceptíveis. Suanny vendo-se foi? Eu não...
atingida avançou com mais ódio ainda. Axel corria entre
os zumbis rapidamente, girando o bastão e atingindo-os. Um dos cães infernais abriu a boca e Janotas viu
Janotas estava atirando leves Ataques Mágicos de fogo uma pequena chama formando-se no interior da boca do cão.
contra alguns dos zumbis. Três já haviam sido derrotados Ele ia atirar um sopro flamejante. Janotas mal teve tempo de
no combate, sobraram apenas seis. Kildred foi se esquivar, sentindo o calor de perto e tendo a ponta de seu
arremessado no chão, próximo a Axel. Ao levantar-se em robe chamuscada. Kildred atingira o Cavaleiro da Morte em
um salto, ele viu apenas o Cavaleiro da Morte abrindo a seu flanco, o que resultou num contra-ataque mais potente do
boca e estufando o peito, como se inspirasse Cavaleiro. Kildred foi arremessado contra a parede. Por
profundamente. pouco a espada não atravessou o peitoral de armadura de
Kildred, mas machucara seu corpo o bastante. O Cavaleiro da
— Cuidado Kildred! — gritou Axel prevendo o Morte abriu a boca e a língua atacou novamente Kildred, que
ataque do Cavaleiro. ainda não se levantara. Suanny caíra no chão, arremessada
por Kerryne.
Um jato de vento frio, misturado com pequenas
partículas de gelo, foi emanado da esquelética boca do — Quem é rata aqui? Pelo que eu sei, a orelhuda é você,
Cavaleiro da Morte. Um Sopro Gélido. A temperatura garotinha!
contida no sopro estava abaixo de zero o suficiente para
congelar um ser vivo rapidamente, matando-o. Kildred Kerryne chutou a mão de Suanny jogando sua
não pôde ver nada, pois foi arremessado longe por Axel espada longe e preparou-se para atacar com suas garras. Não
que saltou, empurrando-o. O jato frio pegou Axel em estava mais brincando, ia direto no pescoço. Um golpe rápido
cheio, juntamente com um zumbi. Uma nuvem fria de bastão foi o bastante para bloquear o ataque de língua do
condensou-se na área, ocultando Axel e o zumbi. Janotas Cavaleiro da Morte. Kildred observou espantado, Axel
ficou estarrecido e Kildred levantou-se furioso, correndo colocara-se entre ele e o Cavaleiro da Morte. Ao ficar em pé,
até a nuvem. Um zumbi se colocou em sua frente, mas Janotas olhou para o cão que estava ainda soltando o sopro de
Kildred o cortou ao meio de forma abrupta e rápida. A fogo. Éksis saltara de seu ombro e já se encontrava em cima
nuvem começava a se espalhar, desaparecendo no ar. Um da escultura de um dos pilares que restara em pé.
vulto pôde ser avistado dentro da nuvem. Estava imóvel e
caiu no chão. Embora não pudesse ter sido visto, ouviu- — Valeu, irmãozinho. Eu tinha me esquecido desses
se o barulho de gelo quebrando e alguns pedaços de gelo esquentados... — falou Janotas, quase desabafando. —
saíram da pequena nuvem. Uma risada profunda ecoou Mas, espera aí! Cadê o heucuva e o outro cão?
no salão.
Kerryne preparava-se para atacar fatalmente Suanny,
— Teve mais sorte que seu amigo, humano! Mas ela e o Cavaleiro da Morte estava pronto para lançar outro sopro
acabou... gélido. Um uivo vazio e profundo, como vento em um tubo,
ecoou no salão. Era o outro cão infernal. O Cavaleiro da
Morte parou o ataque e olhou para trás, Kerryne olhou para

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frente. Suanny vendo a oportunidade, deu um golpe de — Axel, se aquele sopro era tão fraco a ponto de você estar
artes marciais em Kerryne, com as duas pernas juntas, ela intacto, por que fez aquele escândalo todo? Pensei que
arremessou Kerryne para frente. Suanny correu em tinha morrido!
direção à sua espada. Kerryne deu uma acrobacia e caiu — E teria lhe matado. Graças ao Khalmyr, meu pai era um
em pé. Sorrindo, ela disse: dragão de prata. Herdei a invulnerabilidade ao frio dele,
— Continuamos nossa brincadeira depois, ratinha assim como os poderes mágicos. Por que acha que sou
orelhuda! um Feiticeiro? — perguntou Axel, sorrindo. — Éksis,
— O quê? — exclamou Suanny surpresa prestes a pegar meu jovem. Venha cá.
a espada. Éksis saltou do pilar onde se encontrava e foi até
Axel, subindo no seu ombro. Janotas aproximou-se dos dois,
O Cavaleiro da Morte guardou a espada e fez ofegando.
um gesto aos zumbis restantes, que avançaram em massa
sobre Axel e Kildred. Próximo à entrada do túnel — Acho que gastei minha energia mágica quase toda nesse
subterrâneo que fora descoberto por Kildred, estava o combate, ainda bem que tenho Sally, meu bastão
heucuva e o segundo cão infernal. O Cavaleiro da Morte feiticeiro. — Janotas deu um beijo no bastão.
e Kerryne adiantaram-se em direção ao heucuva. Suanny — E Suanny? — perguntou Kildred.
pegou a espada e correu atrás de Kerryne. — Nossa como você tem uma tendência a lembrar-se de
desgraças, Kildred! Nunca vi! Tanta coisa boa no
— Não pense que vai escapar assim, meretriz! mundo... — falou Janotas.
— Cuide dela, bacante! — disse o Cavaleiro da Morte.
— Pode deixar, Lorde Sithloth. Axel riu, mas procurou Suanny com o olhar.
Encontrou-a tentando cortar o bloco de gelo que fora criado
Kerryne virou-se para trás e apontou a mão em na entrada do túnel subterrâneo. A luz da lua que entrava pela
direção a Suanny, lançando um Terreno Escorregadio de abertura feita pela Sociedade da Noite Eterna iluminava
Neo. Suanny foi ao chão. O heucuva saltou no buraco, bastante o local, principalmente para uma meia-elfa. Suanny
seguido do Cavaleiro da Morte e de Kerryne. Kerryne golpeava furiosamente o bloco, embora somente pequenas
criou uma bolha gigante de água próximo ao buraco. O lascas se soltassem do gelo. Axel, Kildred e Janotas
Cavaleiro da Morte, dentro do túnel, abriu a boca e aproximaram-se.
lançou outro sopro gélido. A bolha congelou-se, tapando
a abertura com uma grossa camada de gelo. Livres de tais — Droga! Eles escaparam! Maldição! — Suanny parou de
obstáculos, os três começaram a caminhar corredor falar, ofegante. Vendo os três olhando pra ela, continuou.
adentro... — O que foi? O que estão olhando? Se fossem mais
competentes, eles já teriam sido aniquilados.
Axel derrubou dois zumbis com um único golpe — Eu não vi você fazer muita coisa... — falou Janotas. —
nas pernas. Os outros três avançaram nele, mas Kildred Axel, Kildred e eu acabamos com os dez zumbis e um
colocou-se entre eles, cortando o peito do zumbi mais cão infernal. Bem, você só acabou com um cão infernal e
próximo a Axel. O zumbi caíra no chão, estava derrotado. depois de apanhar bastante daquela vampira...
Suanny aproximou-se do bloco de gelo criado na entrada — Como é que é?! Ora, seu... — Suanny avançou sobre
do túnel, mas o cão infernal que estava próximo ao bloco, Janotas, mas Axel a segurou, puxando para trás. Suanny
saltou sobre ela. Suanny esquivou-se, girando recuou três passos olhando furiosa para Axel.
rapidamente sobre si mesma e revidando com a espada, — Calma aí, Suanny. Ou vai querer deixar Kerryne escapar
que atingiu o flanco do cão infernal, reduzindo-o a pó desse jeito? Sem um troco? Já imaginou o que ela vai
fumegante. O outro cão infernal lançava um sopro de dizer pros outros membros da Sociedade da Noite
fogo em Janotas, que se protegia por trás de um pilar do Eterna? Vai fazer você de Bufão. — falou Axel
salão. dirigindo-se ao gelo. — Temos que dar um jeito nisso
aqui... Posso usar uma magia de fogo, mas vai demorar
Murmurando algumas palavras, Janotas saltou muito. Sugestões, pessoal?
de trás do pilar e apontou o bastão para o cão. Um — Que tal meter essa sua cabeça no gelo? — perguntou
Ataque Mágico de terra era o suficiente. Uma grande Suanny.
mão de rocha solidificou-se a partir do chão e caiu por — Mais alguma? — perguntou Axel ignorando Suanny.
cima do cão infernal, que se desfez em pó. Janotas — Ah é! Pode quebrá-la, de tão oca que é. Embora o corpo
respirou aliviado, sentando-se no chão. Ao lembrar-se de nem fosse sentir muita falta... — Suanny encostou-se na
Axel e Kildred, ele levantou-se rapidamente e olhou na parede, bronqueada.
direção onde os dois estavam. O último zumbi acabara de — Como é que tu agüenta, hein, filhote de dragão? —
ser cortado por Kildred. Kildred olhou pra Axel e disse: perguntou Janotas baixinho.
— Ah, você precisa ver quando ela está naqueles dias... —
disse Axel.

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— Hã, que tal uma magia Erupção de Aleph? — — Estranho, o Hugho me jurou que daria certo. — falou
perguntou Kildred. Kildred.
— Claro, pode lançar senhor mago! — falou Janotas — Não, normal. Fico até aliviado, pensei até que ia...
num tom irônico.
— Nem eu, nem Janotas ainda aprendemos essa magia, O gelo explodiu, transformando-se em uma torre de
Kildred. — falou Axel. lava que perfurou o teto, jorrando para cima como uma rajada
— Bem, é que eu tenho umas bolas experimentais do de água de Ataque Mágico. Axel olhou espantado o efeito da
Hugho aqui. E, segundo ele, ela causa efeitos invenção de Hugho, enquanto Suanny ficou paralisada no
parecidos com essa magia. — Kildred enfia a mão canto. Kildred agachou-se atrás do pilar e Janotas pulou no
no bolso da calça e retira um pequeno saco. De chão. A torre demorou cerca de um minuto e desfez-se,
dentro do saco, ele retira uma bola pequenina. — evaporando no ar como uma nuvem de vapor escaldante.
Bem, só precisa de um pouco de terra... Quando a iluminação voltou ao normal, Kildred e Janotas
levantaram-se. Axel apenas olhava boquiaberto, juntamente
Kildred pegou um punhado de areia do chão e com Suanny.
dirigiu-se ao bloco de gelo, colocando a terra bem no
centro do mesmo, com a bola enfiada no centro da areia. — Acabou, Kildred? — perguntou Janotas.
Suanny aproximou-se e perguntou: — Como é que eu vou saber? — perguntou Kildred.
— Bem, foi você que arranjou isso. Então pelo menos
— O que é que o idiota vai fazer? deveria saber... Já que não sabe, vai lá verificar! — falou
— E um pouquinho de fogo, mas essa parte eu deixo Janotas empurrando Kildred.
com vocês. É só atear fogo... Mas, Hugho disse que — Por que eu? Manda Axel, ele é um filho de dragão. Ele é
a gente mantivesse distância. É experimental, foi invulnerável a essas coisas. — falou Kildred afastando-
testado poucas vezes. — falou Kildred descendo do se.
bloco de gelo. — Sou invulnerável somente a frio. Lava não é incluída nas
— Tudo bem. — disse Axel criando uma chama em seu minhas habilidades. Mas tudo bem, eu vou... — falou
dedo indicador. Axel adiantando-se.
— Agüenta aí, filhote de dragão! — falou Janotas.
— O que foi? — perguntou Axel. Axel caminhou em direção ao buraco, seguido de
— Se o Hugho mandou manter distância, então deve ser longe por Janotas e Kildred. Suanny retomara o controle de
bastante considerável. Agüenta só um pouquinho... seus movimentos algum tempo depois e, envergonhada por
— Janotas correu até o outro lado do salão ter se paralisado de medo, adiantou-se até o buraco. Axel
escondendo-se por trás de um pilar. olhou o buraco no teto. Dava pra ver a lua e as estrelas, e
— Você está exagerando. — falou Axel. umas poucas nuvens. Axel deu um assobio e olhou pra baixo.
— O aprendiz de mago está com a razão dessa vez, Ele engoliu a seco e disse:
Duende... — disse Suanny afastando-se juntamente
com Kildred até a posição de Janotas. — Acabar, eu acho que acabou. Mas... Bem, acho melhor
— Bem, se até Suanny recuou... — falou Axel indo até vocês verem com seus próprios olhos...
os três.
— Eu não recuei por medo, mas sim por precaução! Janotas e Kildred entreolharam-se e avançaram em
Posso sobreviver a muitas coisas, mas se eu sair direção ao buraco. Suanny, que já estava no buraco
machucada não vou poder pegar aquela filhote de juntamente com Axel, olhava espantada pro fundo dele.
sanguessuga. — justificou-se Suanny. Janotas e Kildred, após chegarem ao buraco, olharam para
— Tudo bem. Então, lá vai... — disse Axel. baixo. A torre de lava havia feito um buraco não somente no
teto, mas no chão do corredor subterrâneo. Havia cavado
Uma pequena chama foi criada na mão de Axel, bastante fundo, dando para construir um outro andar
que a arremessou no gelo, tentando acertar o globo subterrâneo além do já existente. Uma poça de lava
inventado por Hugho. Axel manteve, através de energias borbulhava no fundo do poço. Janotas olhou pra Kildred e
mágicas, a chama acesa em cima do mesmo. Mas apenas perguntou:
uma fumaça saiu do mesmo. Kildred, Janotas e Suanny
se encolheram atrás do pilar, esperando uma grande — Tem mais algum item maravilhoso aí, ou eu posso
explosão. Não ouvindo nada, eles abriram os olhos e respirar aliviado?
levantaram. — Como vamos passar para lá, Axel? — perguntou Kildred,
ignorando Janotas.
— O que foi que houve, Duende? — perguntou Suanny.
— Acho que não funcionou... — disse Axel. — O fogo Suanny saltou no buraco e segurou-se nas bordas
está queimando lá, mas não aconteceu nada. opostas. Balançando, ela saltou no túnel e disse olhando as
— Mas nem teu fogo presta, né, Duende! — reclamou mãos, queimadas levemente:
Suanny.

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— Cuidado com as bordas, estão um pouco quente! — Hunf! Não ligo pra isso, não sou uma dessas princesas
— Ela não está achando que a gente vai fazer isso aí cheias de mimos.
não, né? — perguntou Janotas. — Ela tem razão! Está mais pra dragão de tão mal-
— A gente te dá uma mãozinha. — disse Kildred. humorada... — sussurrou Janotas para Kildred, que
— Como? — perguntou Janotas. começou a rir baixinho.
— Vamos indo! — disse Axel adiantando-se. — Janotas,
Janotas arrependera-se profundamente de ilumine o caminho.
perguntar ao ver-se suspenso sobre aquele poço de lava, — Deixa comigo! — Janotas murmurou algumas palavras.
segurado pelas mãos apenas por Kildred e Axel, que o
balançavam. Kildred e Axel soltaram Janotas, que caiu O bastão feiticeiro de Janotas criou um feixe de luz,
rolando no corredor próximo a Suanny, que mantinha um podendo iluminar alguns metros à frente, como uma lanterna
sorriso arrogante no rosto. Kildred saltou e segurou-se engenhoqueira. O grupo começou a caminhar
nas bordas, soltando logo em seguida. Caiu sentado no silenciosamente pelo corredor, não se ouvia nenhum ruído e
chão do corredor subterrâneo devido ao impulso que podia sentir-se a tensão no ar. Suanny e Kildred iam com a
tinha pego. Assoprava as mãos com intensidade e disse: espada empunhada, prontos para qualquer ação. Janotas ia
por último, iluminando o caminho. Axel ia à frente, com
— Essa meia-elfa é doida! Esse negócio está fervendo! Éksis em seu ombro. Tentava ouvir qualquer ruído ou notar
— Eu sempre achei que você era insensível, mas isso é algum movimento mais adiante. O corredor fazia uma curva
demais. — disse Janotas tirando um pote de dentro para a direita.
do bolso do robe. — Isso é uma poção de cura
condensada até adquiri forma pastosa, invenção do No novo corredor que surgia, havia sangue na
Niltrem. Vai ajudar. parede ainda pingando e corpos retalhados de cobras no chão.
— Obrigado. — disse Kildred pegando um pouco e Axel olhou a cena e disse:
passando nas mãos. As queimaduras sumiram
instantaneamente. — Cuidado! Isso era um templo sszzaazita. Cobras e
— Ah, a magia. — disse Janotas. — Muito mais segura. animais peçonhentos devem ser abundantes aqui, como
Se as invenções feitas com engenhocas fossem perceberam os nossos adversários. Tomem cuidados!
saudáveis haveria um deus engenhoqueiro no — Veja só, Axel! É uma porta. — disse Janotas iluminando
Panteão. uma porta dupla.

Axel saltou ao lado deles no corredor. Janotas A porta era feita de madeira antiga, e estava um
olhou para Axel e estendeu o pote com a pasta. Éksis pouco destroçada como se tivesse levado uma grande
miou no ombro de Axel, que sorriu, pegou o pote e disse: pancada em seu centro. Uma cobra estava espetada entre uma
das farpas da porta e outra encontrava-se no chão ao lado da
— Eu joguei um Ataque Mágico de Água nas bordas porta, com a cabeça esmagada. Kildred aproximou-se
antes de saltar. lentamente da porta e tirou a cobra encravada numa lasca
com a espada.
Axel avançou rapidamente em Suanny,
segurando as mãos dela. — Nossa, foi uma ofídiocina! — falou Kildred.
— Nossa! Ele sabe que cobras são ofídios! — falou Janotas
— Ei! O que está fazendo? Eu não preciso disso! com ironia.
— Eu sei. — disse Axel. — Mas você vai precisar de — Engraçadinho! — murmurou Kildred.
sua mão sem queimaduras para manejar a espada tão — Foi recente, vejam aquela cobra! — falou Suanny.
bem como você faz, menina.
No chão, uma cobra tinha espasmos violentos. Ela
Suanny corou levemente enquanto Axel passava estava sem sua cabeça. Kildred ia dizer algo, quando hesitou
as mãos com pasta nas dela. Ficou sem reação, imóvel e perguntou:
olhando fixamente para Axel. Axel passava
cuidadosamente a pasta nas mãos dela, fazendo as — Vocês ouviram isso?
queimaduras sumirem. Axel sorriu e disse: — O quê?
— Escutem, parece uma voz... — falou Kildred
— Viu só, são muito mais bonitas assim. silenciando-se de novo. — Parece muito fraca como num
choro...
Suanny olhou embasbacada para Axel, com o
rosto corado e sentindo o coração saltar pela boca. Ao Kildred hesita, tentando ouvir novamente e olhando
tomar noção do que estava se passando, ela fechou os pra porta, diz:
olhos, séria, e disse com um tom de voz aborrecido:

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— Vem de trás da porta! Tem alguém aí dentro mesmo com as outras duas algemas, ele conseguiu soltá-la.
chorando. Oi! Apontou pra Janotas e disse:
— Você é louco? — perguntou Suanny tapando a boca
de Kildred. — Assim vamos perder o fator surpresa! — Dá-me aquela poção.
— Olha quem fala! — exclamou Janotas pra Axel. — Claro, garoto! Além de feiticeiro é metido a ladrão! Por
— Socorro! — a voz veio baixa, mas audível o isso é que é o líder do grupo! Wynna te abençoe, meio-
suficiente. Vinha de trás da porta. dragão! Wynna te abençoe! — falou Janotas.
— É uma garota. — falou Janotas.
— Na certa é uma armadilha, daquela cascavel da Janotas retirou um tubo pequeno de dentro do bolso
Kerryne. — falou Suanny. interno de seu robe e o deu a Axel, que despejou o conteúdo
— Seja o que for, precisamos investigar... — disse Axel. na boca da elfa. Axel fechou a boca dela e o nariz, fazendo-a
engolir involuntariamente. Poucos segundos depois, ela abria
Axel aproximou-se da porta e chutou-a. A porta os olhos. Os vergões e cortes tinham desaparecido. Ao ver
caiu no chão, de tão frouxas que estavam as dobradiças. Axel, ela adocicou a voz e perguntou:
Conseqüência do golpe na porta dado por um dos
mortos-vivos. A poeira subiu com a queda da porta, — É você o meu herói?
criando uma névoa de meia estatura. Um halfling ver-se- — Nós salvamos você, garotinha! — falou Suanny com um
ia em sérias dificuldades com aquela névoa. Janotas olhar sério e ameaçador e enfatizando no “Nós” e no
iluminou o local com sua lanterna improvisada, enquanto “garotinha”.
Kildred e Suanny aproximavam-se com a espada — Oh, muito obrigada. — respondeu a elfa timidamente. —
empunhada. Era um aposento espaçoso, onde havia Sou Mildred. E vocês quem são?
várias camas e instrumentos de tortura. As camas — Somos aventureiros, senhorita. — respondeu Axel
ficavam do lado direito e os instrumentos do lado levantando-se e ajudando a elfa a levantar-se. —
esquerdo. Um pilar no meio do aposento sustentava o Estamos aqui para encontrar um artefato mágico. Se me
aposento. permite perguntar, o que fazia aqui?
— Minha caravana foi atacada por um grupo de sszzaazitas.
Do lado esquerdo, uma corrente prendia uma Somos servas de Lena, não podíamos revidar por isso
elfa pelo pescoço e pelos punhos. Tinha os cabelos tentamos fugir. Eu e um jovem Paladino de Lena fomos
castanho-claros e os olhos azuis, a pele era branca e capturados. Ele foi sacrificado logo que chegamos.
estava abatida. Como se estivesse ali muito tempo. Segundo o que ouvi dizer, eu seria a próxima... Mas,
Mostrava alguns arranhões e cortes no corpo e manchas faltando dois dias para o sacrifício todos aqui sumiram e
arroxeadas podiam ser vistas nos braços e pernas. O que isso foi há três semanas. Tenho me alimentado graças
antes devia ter sido uma túnica, agora era um vestido aos dons que minha querida deusa me concedeu, mas se
curto até metade das coxas e sem mangas, totalmente não fosse por isso acho que eu já estaria morta... Mas
esfarrapado e sujo. Ela olhou para o grupo que acabava graças a vocês eu estou livre! Obrigada!
de entrar e ia abrir a boca, quando desmaiou.
Mildred deu um abraço em Axel. Suanny interveio
— Que sacrilégio! — disse Janotas. — Que tipo de logo:
pessoas teriam coragem de fazer uma coisa dessas
com tão linda ninfa? Eu odeio os sszzaazitas! Eles — Ótimo! Agora, já que você está muito bem, nós podemos
são criaturas maléficas sem coração! ir indo! Volte pra casa!
— Tirem-na de lá. — falou Axel. — Você adentrou numa área de Tormenta? — perguntou
— Hã, filhote de dragão. Nada me deixaria mais Janotas referindo-se à sanidade mental de Suanny. —
satisfeito do que isso, com exceção das possíveis Como é que ela vai embora daqui sem nossa ajuda?
recompensas pessoais que possam ser oferecidas por Esqueceu do fosso de lava, foi?
essa moça. Mas temos um pequeno problema. Não — Não é problema da gente, deixe-a se virar! — exclamou
temos a chave. — falou Janotas. Suanny, furiosa ao ver Mildred abraçando mais ainda
Axel, com medo de ficar só. — Assim ela vai nos
Axel olhou para Janotas e ia dizer algo, quando atrapalhar! Nem lutar sabe!
desistiu e caminhou até a elfa caída. Pegando nas — Calma, Suanny. — falou Axel. — Vamos fazer o
correntes da jovem elfa, ele aproximou-se das algemas e seguinte, ela fica aqui...
murmurou algumas palavras. Um feixe de luz e fogo — Não! Por favor, não! — suplicou Mildred começando a
saíram de seus dedos, aproximando o feixe das algemas, chorar. — Sou uma clériga de Lena, posso ajudar com
ele conseguiu soltar a trava inferior. A trava inferior minhas magias. Por favor, não me deixem aqui sozinha.
protegia o pino que unia as duas partes da algema do lado — Mildred começou a abraçar mais forte Axel.
contrário à da tranca da chave. Ao soltar a trava inferior — Calma criança... Calma... — falou Axel. — Você vem
ele puxou o pino da algema, que se abriu. Fazendo o conosco, então.

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— Não jogue com os dados de Nimb, Duende! — olharam pros aventureiros. Dois dos ratos gigantes deram um
exclamou Suanny. guinchado alto eriçando o pêlo.
— Calma, ciumentazinha. — falou Janotas com um tom
irônico. — Ela só está emprestando a espada para — Olha só! — exclamou Janotas. — Só querem ser um
nós. Vai se juntar ao nosso grupo voluntariamente. demônio da Tormenta!
Uma clériga pode ser útil contra mortos-vivos,
pensei que já tinha pago essa matéria. Deixe seu Mildred deu uma risada devido ao comentário
ciúme um pouquinho de lado e... cômico de Janotas. Suanny olhou com a cara amarrada pra
— Ciumenta, Eu?! — Suanny explodiu. — Eu não Mildred, como um aviso de que caso não se calasse poderia
tenho ciúme desse protótipo de gente com nome de perder a língua. Ignorando a iminente rixa, Axel fechou a
duende! Se ela quer vir, pode vir... Assim aprende porta e trancou a porta encravando uma pedra no chão,
como uma mulher de verdade age! Agora, se ela nos próximo à abertura. O grupo continuou em frente, dessa vez
atrapalhar vocês vão se ver comigo! Faça-a parar de com Axel na frente, seguida de Suanny e Kildred. Janotas e
chorar, Duende! E vamos logo que eu tenho contas a Mildred vinham logo atrás. Após a curva o corredor
acertar com aquela bacante maldita! prosseguia em frente. Após algum tempo, a lanterna de
Janotas iluminou o que parecia ser uma saída, mas pegara em
Suanny saiu de dentro do aposento com as veias algo que refletia.
pulsando de tanto ódio. Sentia o corpo fervendo de raiva.
Maldito meio-dragão. Janotas e Kildred entreolharam-se. — O que será aquilo? — perguntou Kildred.
Axel soltou-se de Mildred, que ainda fungava levemente — Está ficando frio aqui... — murmurou Mildred
e disse: levemente.

— Vamos indo, fique junto de Janotas e tome cuidado! Saindo do corredor, o grupo deparou-se com um
— Está certo. Obrigada. Lena há de abençoá-los. — jardim. No meio do jardim havia uma fonte. Rodeando o
disse Mildred humildemente. jardim havia uma calçada com pilares com cobras esculpidas
nelas. Duas árvores estavam plantadas no lado oposto do
Suanny estava parada próxima a uma outra jardim. Moitas e arbustos estavam podados, exibindo
porta, tentava sentir alguma presença sobrenatural. O desenhos de ofídios. Um grande buraco no teto,
corredor prosseguia mais adiante, fazendo uma curva possivelmente natural permitia a visão do céu aberto. A lua
para a esquerda. Os corpos de cobras já diminuíam acabava de sair de trás de uma nuvem, iluminando melhor o
gradativamente. Axel aproximou-se e perguntou: local. Uma imensa cobra estava no meio do jardim, próximo
à fonte. Era uma versão gigantesca de uma cobra naja, devia
— O que foi? Sentiu algo? ter o porte de uma sucuri. Cobras menores podiam ser vistas
— Estou com medo de entrar aqui e encontrar outra espalhadas pelo jardim. Todas, assim como tudo no jardim,
garota indefesa e desprotegida. congeladas.
— Suanny, pelo amor de Wynna! — falou Axel
balançando a cabeça. — Éksis, sente alguma coisa — Por Lena! — exclamou Mildred. — O que houve aqui?
por trás dessa porta? — Acho que nosso amiguinho com bafo de dragão branco
passou por aqui. — falou Janotas. — Pelo menos deixou
O gato miou balançando a cabeça negativamente o caminho limpo. Wynna me livre de ter que enfrentar
e aponta pra frente. Axel e Suanny olharam pro corredor. aquela naja gigante.
Janotas iluminou a porta, enquanto Kildred apenas — De quem você está falando? — perguntou Mildred a
observava o local. Mildred permaneceu no lugar, Janotas.
apreensiva. Que tipo de grupo de aventureiros era — Se estiver com medo é só desistir! Ninguém vai lhe odiar
aquele? por isso. — disse Suanny friamente adiantando-se pela
calçada, onde o gelo era menor.
— Eles seguiram adiante... — murmurou Axel. — Tomem cuidado. — disse Axel seguindo Suanny.
— A porta está aberta, Duende. — falou Suanny
apontando para a divisória da porta, que mostrava Kildred começou a seguir os dois pela calçada, junto
estar apenas encostada. à parede. Mildred foi logo em seguida, com Janotas por
último. Havia outra porta no lado por onde eles prosseguiam.
Axel abriu levemente a porta, revelando o que Mas estava congelada. Uma outra porta na parede do lado
deveria ser uma cozinha e um refeitório. Várias mesas esquerdo estava congelada, mas com metade destruída. Era
estavam dispostas pelo local e no canto inferior da sala, para lá que o grupo rumava.
um caldeirão e várias caixas com comida. Muitos ratos
infestavam o local, saindo de dentro da caixa de comidas. — O que está havendo, Janotas? Quem fez isso? —
Sete ratos gigantes também estavam no refeitório e perguntou Mildred.

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— Há um outro grupo tentando pegar o mesmo artefato. O heucuva, Uregran, rugiu como resposta e olhou
Ele é composto por mortos-vivos. Uma vampira pros caçadores. Sithloth entrou na passagem aberta, seguido
bacante, um heucuva e um cavaleiro da morte. Foi o por Kerryne. Uregran jogou a cama e a mesa na frente da
último quem fez essa “congelante” surpresa aqui. passagem e se colocou entre os Helsen e a passagem secreta.
— Cavaleiro da morte? O que é isso? — perguntou Kildred avançou na direção do heucuva, seguido de Suanny.
Mildred. Quando as duas espadas tocaram o corpo de Uregran,
— Quando um cavaleiro viola algum código, ele pode abriram um corte em suas roupas, mas que pouco ferira o
estar passível da punição divina. O castigo heucuva. Furioso, Uregran girou com os braços abertos,
geralmente é torna-lo um Cavaleiro da Morte, atingindo Suanny e Kildred. Suanny foi arremessada contra a
condenado a cumprir uma missão ou preso a um parede e Kildred conseguiu esquivar-se por pouco. Esse
lugar. Lembro de uma história envolvendo um lorde pouco é o suficiente, para Kildred contra-atacar com um
que virou um Cavaleiro da Morte, mas me parece golpe com a sua espada katana. O golpe atingiu Uregran de
que ele foi derrotado por aventureiros com uma forma certeira, mas o heucuva não demonstrou ficar muito
espada encrenqueira chamada Slash Calliber. machucado por causa disso. Antes que pudesse ser acertado
— Ah... E um heucuva? Esse nome é familiar. — por outro golpe, Kildred saltou para trás.
perguntou novamente Mildred.
— É a mesma condição de um Cavaleiro da Morte, só — Mas o que está havendo? Eu acertei o maldito duas vezes
que em vez de ser um cavaleiro a quebrar um certeiro no flanco, era para pelo menos estar caído...
código, foi um clérigo. Geralmente o castigo é o Espera aí! Droga, esqueletos só levam dano massivo
mesmo, cumprir uma missão ou ficar preso a um com ataques concussivos. Ataques cortantes e
lugar. — falou Janotas. perfurantes não são muito eficientes...
— Essa garota não se decide mesmo! — falou Suanny.
— Já te trocou por outro, Duende. Só você mesmo Suanny estava desacordada, ela tinha batido com a
pra se meter com esse tipo de gente. cabeça. Axel vendo a situação dela, disse:
— Suanny... — falou Axel.
— Kildred toma conta aí da situação! Pega aí o meu bastão!
O grupo chegou até a porta destruída e entrou — Valeu, irmão! — falou Kildred pegando o bastão
por ela. Era um escritório, com um pequeno altar, uma arremessado por Axel. Kildred deu um sorriso enquanto
mesa e algumas cadeiras. Um tapete estava estendido guardava a katana. — Agora sim, seu esqueleto
pela sala e algumas esculturas de ofídios eram visíveis mulambento! Agora nós vamos nos entender!
em cima de móveis. Por trás da mesa principal havia — Mildred, preciso de você! — falou Axel.
outra porta, menor. Um calafrio percorreu o corpo de
Suanny, Axel e Kildred, que usavam uma camisa comum Mildred entrou no aposento dirigindo-se até o local
sob efeito da magia Calafrio. Um barulho veio de trás da onde Axel e Suanny estavam. O heucuva moveu-se,
porta, como se algo tivesse batido contra a parede. demonstrando que não ia deixar tão facilmente. Mas, Kildred
Suanny empunhou a espada em posição de defesa, colocou-se no caminho empunhando o bastão de Axel.
juntamente com Kildred. Janotas preparou o bastão. O
silêncio voltou a tomar conta do local. Como nada — Isso é madeira de Tollon, bonitinho! Agora você vai ver
aconteceu, Axel sussurrou: o que é bom!
— Cure-a, por favor. — pediu Axel. — A cabeça está com
— Vamos entrar! Kildred, você e Suanny vão à frente e um corte.
abrem a porta. Janotas, prepare suas magias. — Está certo. — disse Mildred fechando os olhos e
Mildred, nós vamos precisar de suas magias de cura. murmurando baixinho uma oração numa linguagem
Preparem-se! Vão! antiga.

Kildred e Suanny chutaram a porta e entraram A mão de Mildred começou a brilhar levemente e
no aposento. Era um quarto, com uma cama luxuosa e ela colocou-a sobre a testa de Suanny. Axel olhava
uma mesa. No exato momento, o aposento se encheu de apreensivamente, esquecendo da batalha. Kildred com o
poeira, pois a parede oposta desabou. O heucuva acabara bastão avançou sobre o heucuva, tentando desferir um golpe
de derrubá-la, revelando uma passagem secreta. Axel certeiro. Uregran bloqueou o ataque com o braço e contra-
afastou a poeira com uma pequena rajada de vento. atacou, mas Kildred esquivou-se novamente, contra-atacando
Kerryne apenas acenou para Suanny, dizendo: com uma seqüência de golpes. Surpreso, Uregran tentou
recuar, mas Kildred desferiu um golpe que lhe acertou a
— Chegaram tarde, queridinhos! cabeça, transformando-a em pó. O corpo do heucuva caiu no
— Malditos Helsen! Cuide deles, Uregran! — disse chão e seus ossos viraram pó, ele já estava derrotado antes do
Sithloth, o Cavaleiro da Morte. “golpe final”.

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Quando Suanny abriu os olhos, Axel e Mildred parede iluminavam diante deles uma pilha de moedas.
estavam ao seu lado, enquanto Kildred e Janotas Milhares de Tibares de ouro, junto com cetros, coroas e
removiam a mesa e a cama da frente do buraco. Havia outros itens. Kerryne, a vampira bacante, colocava algumas
passado pouco tempo, cerca de três minutos após o fim moedas no bolso, enquanto Sithloth, o Cavaleiro da Morte,
da luta de Kildred. vasculhava um baú. Todos dois alheios à presença dos
Helsen.
— O que houve? — perguntou Suanny.
— Você bateu com a cabeça, mas Mildred a curou. — — Estamos ricos, Lorde Sithloth!
falou Axel. — Fico feliz que esteja melhor, Suanny. — Concentre-se em sua missão, bacante! — falou o
— Ora, isso não é hora pra isso! Onde estão aqueles Cavaleiro da Morte com frieza enquanto retirava uma
malditos da Sociedade da Noite Eterna? — pequena caixa do baú. — Acho que encontrei o cristal...
perguntou Suanny levantando-se.
Sithloth abriu a caixa, revelando um cristal negro
Kildred e Janotas tinham acabado de derrubar a metálico que emanava uma pequena luz negra. Sithloth olhou
cama no chão e a abertura estava novamente exposta. com certo prazer aquele cristal, podia sentir o poder das
Suanny caminhou em direção à entrada e disse, enérgica: Trevas forte nele. Os pontos vermelhos de Sithloth chegavam
a brilhar com uma maior intensidade, num tom mais escuro.
— Vamos logo! E... — voltando ao tom de voz normal. Só percebeu algo aproximando-se muito rapidamente quando
— Obrigada, Mildred. era tarde demais. O cristal já havia sido pego de suas mãos.
— Nossa, ela disse um “Obrigada”! — sussurrou Sithloth olhou para seu ladrão e viu Éksis com o cristal em
Janotas. sua boca, em cima da pilha de moedas.

Kildred abafou a risada. Suanny entrou no túnel — Mas o que esse gato...? — balbuciou Sithloth com ódio
seguido de Axel, Kildred, Janotas e Mildred. Axel, com na voz.
seu bastão já devolvido e com Éksis em seu ombro, — São os Helsen! — exclamou Kerryne com um sorriso
adiantou-se pelo corredor. O corredor fora escavado olhando pra porta.
irregularmente na rocha e apresentava certa umidade, — Não achou que ia se livrar tão fácil da gente, não é
demonstrando que pouco era usado. Teias de aranha meretriz? — perguntou Suanny avançando contra
podiam ser vistas nas bordas superiores e algumas Kerryne com a espada em punho.
abertas ao meio, que certamente ficaram no meio da — Maldito gato! — falou Sithloth abrindo a boca.
passagem de Kerryne e o Cavaleiro da Morte. Janotas — Éksis, cuidado! — advertiu Axel.
iluminava tudo com muito cuidado. Espalhados pelo
chão estavam alguns corpos de cobras. Da boca de Sithloth a língua comprida saiu
velozmente, estatelando nas moedas. Éksis saltara para a
— A única coisa boa daqueles dois é o fato deles direita, esquivando-se. Aproveitando que Sithloth estava
limparem nosso caminho. Olha só isso... — falou recolhendo sua língua, Éksis correu até Axel, dando-lhe a
Janotas iluminando o corpo de uma cobra que se pedra. Quando Lorde Sithloth olhou para Axel, ele estava
encontrava aberta ao meio. com a mão flamejante e jogava algo derretido no chão. Axel
— Silêncio, Janotas. — falou Kildred. — Temos que olhou para Sithloth e disse com firmeza:
manter a atenção...
— Assim você vai ficar igualzinho a Suanny... — — Antes destruído, que nas mãos erradas!
sussurrou Janotas. — Maldito! Vai pagar por isso! — Sithloth puxou a espada.
— Assim você está baixando o nível, mago! — falou — Veremos! — disse Axel puxando o bastão.
Kildred num murmuro.
— Silêncios, os dois! — falou Suanny num tom ríspido. Kildred fez menção de adiantar-se também, mas a
câmara subterrânea começou a tremer e da pilha de moedas
Janotas deu um sorriso. O corredor terminava saiu uma enorme cobra com cabeça humana, e presas
numa porta de ferro, que estava entreaberta. O interior da pontiagudas. Suanny e Kerryne pararam de lutar por alguns
câmara demonstrava estar iluminado. Um calafrio instantes, mas quando a surpresa passou, se entreolharam e
percorreu novamente o corpo de Suanny, Kildred e Axel Suanny atacou Kerryne, que criara garras em suas mãos. Axel
que se entreolharam. Já sabiam o que fazer. Suanny e fitou o monstro que acabara de surgir e Sithloth aproveitou a
Kildred aproximaram-se na frente, seguindo a mesma distração do meio-dragão para atacá-lo. Axel esquivou-se do
estratégia utilizada no escritório. Ouvia-se o tilintar leve golpe por pouco. Éksis estava no colo de Mildred, que
de metal, como várias moedas se chocando. Quando observava terrificada a situação. Kildred e Janotas se
Suanny e Kildred entraram silenciosamente através da entreolharam. Kildred sorriu e disse:
abertura cedida pela porta, eles pararam surpresos. Axel,
com Éksis em seu ombro, foi o próximo a entrar, — Esse é meu!
juntamente com Janotas e Mildred. Quatro tochas na

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Kildred avançou em direção ao monstro. Janotas ódio, embora a vampira estivesse ganhando algumas
pôs a mão no queixo e disse: vantagens graças aos seus poderes. Kerryne atacava Suanny
com suas garras, que eram bloqueadas pela espada de
— Eu deveria ter chegado a essa conclusão antes... Isso Suanny, enquanto esquivava-se dos ataques da meia-elfa.
é um tesouro sszzaazita. Não há tesouros sem Suanny já tinha o corpo cheio de marcas de garras e Kerryne,
guardiões e os mais comuns guardiões de tesouros embora não apresentasse nenhuma marca, tinha sua roupa
sszzaazitas são nagas. Cobras constritoras com rasgada mostrando a eficiência dos ataques de Suanny. Em
cabeças humanas... — Ele olhou para Mildred, como determinado momento, Suanny recuou para trás e esbarrou
se estivesse esclarecendo alguma dúvida dela. em Axel, que também parara para respirar um pouco.
— Ahnn... — falou Mildred abraçando Éksis. — Você
não vai ajuda-los? — Tem alguma estratégia brilhante, Duende? — perguntou
— Não posso. Estou sem energia mágica, só posso Suanny. — Estamos com certa desvantagem aqui.
contar com Sally meu bastão. Mas ela só consegue — No momento só me lembro das suas estratégias de partir
lançar magias de baixo nível. Praticamente Truques. pra cima.
— Eu posso tentar usar uma magia de cura... A deusa — Aarghhhhh... — gemeu Kildred.
Lena dá esse dom a todas as servas dela. — disse
Mildred estendendo a mão para tocar em Janotas. Kildred havia sido enrolado pelo corpo da naga que
começava a apertar o seu “abraço”, visando esmagar os ossos
Sithloth desferiu um golpe em Axel, que tentou do jovem. Um projétil de fogo atingiu a cabeça da naga,
se esquivar, sendo acertado no ombro. Axel revidou com atordoando-a. Janotas agitou seu cajado, estava de volta à
um golpe certeiro de seu bastão no peito de Sithloth. ativa. Isso relaxou os músculos da naga, libertando
Suanny conseguiu acertar um golpe forte em Kerryne, parcialmente Kildred, que escapou do ataque constritivo da
rasgando-lhe a barriga. Kerryne olhou surpresa para naga. Ao cair na pilha de moedas, ele caiu exausto com o
Suanny, rosnando ao ver o ferimento. O ferimento corpo todo dolorido. Recuperada, a naga avançou com a
cicatrizou-se como sob efeito de uma magia de cura, era cabeça sobre Kildred, visando mordê-lo.
a regeneração vampírica em ação. Suanny e Axel levaram um ataque conjunto dos dois
mortos-vivos que os jogou contra a porta. Axel, ainda caído
— Maldita, era minha roupa favorita! — gritou no chão, ergueu as mãos e atirou um projétil de fogo nos
Kerryne. dois. Lorde Sithloth esquivou-se do ataque, mas Kerryne foi
— Teve sorte de não ter sido sua cara! — ameaçou pega. Aquele ataque era o que faltava para esgota-la. Kerryne
Suanny. caiu por cima da pilha de moedas, debilitada. Consciente
— Experimenta, orelhuda! ainda, mas totalmente fadigada. Mal conseguia mexer-se. A
meia-elfa também estava igual. Ela tentava se levantar, mas
Kerryne avançou em Suanny velozmente, mal estava sem forças. Sithloth sorriu maquiavelicamente e
dando tempo dela bloquear o ataque. Embora tenha avançou em direção ao caído Axel e à caída Suanny.
conseguido bloquear, ela não pôde impedir um murro no
seu estômago, jogando-a longe pelo chão. Kerryne — Vai pagar por ter destruído o cristal de Tenebra, caçador!
saltou, quase num vôo, caindo por cima de Suanny. A O chão abaixo de Lorde Sithloth ficou escorregadio
meia-elfa empurrou-a com os pés num golpe de artes enquanto ele caminhava, fazendo-o cair. O chão estava sob
marciais, mas a vampira deu um mortal e caiu em pé. efeito da magia Terreno Escorregadio de Neo. Um jato de
Seus olhos estavam rubros, como os da meia-elfa só que água criado com Ataque Mágico o jogou contra a pilha de
num tom brilhante. Suanny levantou-se num salto com as moedas. Janotas voltara com força máxima para o combate.
pernas e foi em direção a vampira. Ele olhou para Mildred e disse:
— Rápido, vai lá e capricha nas magias de cura! Ah! Cura o
Kildred desviava dos ataques da cauda da naga, Axel primeiro, tá.
que ela estava utilizando como chicote. A cada desviada, — Certo.
ele tentava contra-atacar rapidamente com um golpe de
sua espada katana. Os golpes mal cortavam a áspera pele Mildred correu em direção a Axel e Suanny, pondo a
do ofídio. Axel bloqueou um ataque de espada, feito de mão na testa de Axel e iniciando uma oração. Lorde Sithloth
forma vertical por Lorde Sithloth. Axel já apresentava estava sendo “distraído” por Janotas que lançava magias de
alguns cortes em seu corpo e Sithloth possuía a armadura nível fraco utilizando a energia do bastão. Kildred esquivou-
amassada. Axel contra-atacava Sithloth que bloqueava o se rapidamente, rolando pelo chão. Mas a mordida da naga
ataque com sua espada, enquanto Sithloth atacava com a abocanhara alguma coisa, pois ela estava com algo em sua
espada e Axel bloqueava com seu bastão. A luta tomara boca. Kildred arregalou os olhos quando viu na boca da naga
um ritmo frenético e os dois já ofegavam bastante. o saco onde estavam as bolas de Erupção de Aleph
inventadas por Hugho, o goblin engenhoqueiro da Sociedade
Mais frenético que a luta deles estava a de Helsen. Lorde Sithloth atacou Janotas com a língua. Janotas
Kerryne e Suanny. As duas lutavam com toda a força e esquivou-se, mas caiu no chão. Axel acabara de se levantar e

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Suanny estava sendo curada por Mildred. Lorde Sithloth
olhara com rancor àquela cena. Suanny começava a escalar pela parede, levando
consigo um lençol comprido retirado da cama do sacerdote-
— Um sopro gélido, Sithloth! Use um sopro gélido! — chefe do templo. Ao chegar no topo, Suanny viu que estava
falou Kerryne, sem forças. de volta a um monte nas Montanhas de Teldiskan. Podia ver
— Oh, não... — balbuciou Axel. Aquilo mataria a o topo do templo sszzaazita por cima da copa das árvores,
Mildred, Janotas e Suanny. com duas esculturas de serpentes gigantes nas duas
— Janotas! — gritou Kildred. — Uma bola de fogo na extremidades do mesmo. Suanny amarrou o lençol no galho
cabeça da naga! E é pra ontem! Ela está com as de uma árvore e o jogou no buraco. Axel acabara de subir da
bolas engenhocas de Hugho na boca! forma convencional, sem o lençol. Podia-se ver o chão
ficando vermelho incandescente mais à frente. Axel e Suanny
Janotas acabara de se levantar. Kildred corria em puxaram o lençol, ajudando Mildred a subir mais
direção aos amigos, próximos a porta. Janotas estendeu o rapidamente. O próximo foi Janotas. Kildred já estava vendo
bastão e começou a murmurar algumas palavras, ia usar o as serpentes ganhando vida e a parede da esquerda
restante de sua energia mágica naquele projétil de fogo borbulhando como um líquido, quando o lençol caiu pra ele.
feito com Ataque Mágico. Axel, ouvindo o aviso A serpente gigante, que acabara de sair de seu estado de
também, estendeu a mão e atirou um projétil de fogo com inanição, viu Kildred escalando a parede e dirigiu-se até ele.
Ataque Mágico. Os dois projetos acertaram O bote atingiu apenas a parede. Kildred havia sido puxado
simultaneamente a cabeça da naga, que caiu no chão. O pelos amigos a tempo.
saco da invenção de Hugho entrou em chamas. Kildred
passou correndo e abriu a porta. — O chão está rachando! — exclamou Janotas.
— Isso vai explodir, vamos sair daqui! — falou Axel.
— O que está fazendo, infante? — perguntou Suanny
levantando-se. O chão começou a borbulhar, soltando pequenas
— Não viu que... gotas de lava. A terra estava fervendo, como um vulcão
— Sim, eu vi. Só que você, Duende e o aprendiz ali preste a entrar em erupção. Axel, Suanny, Kildred, Janotas e
esqueceram que precisam de Terra pra haver efeito? Mildred correram através das árvores, tentando sair daquele
Essa balbúrdia toda foi à toa, não adiantou de nada! bosque. O bosque ficava situado sobre um monte próximo às
Machos... — exclamou Suanny. Montanhas de Teldiskan. O coração parecia que não ia
— Eu estava com medo de não encontrar areia, por isso agüentar e o suor escorria como água, o local estava
enchi o saco todinho com areia antes de sairmos da fervendo. Os cinco corriam desesperadamente, tentando
sede. salvar suas vidas. Éksis se enfiara dentro da camisa de Axel
— O quê?! — exclamou Suanny. para não cair.
— O que é aquilo? — perguntou Mildred.
A torre de fogo subiu alto, como se quisesse
O saco estava com um tom vermelho brilhante, alcançar os céus. A terra tremia e lava escorria por todo o
como se fosse explodir. Lorde Sithloth abriu a boca, monte. O monte, do templo sszzaazita, de bosque passou a
inspirando ar para atirar um sopro gélido no grupo. Mais um temporário vulcão. A lava queimava toda a vegetação
rápido do que podiam, o grupo começou a correr em presente no monte. Já a uma distância segura, os Helsen e
disparada pelo corredor. O sopro gélido veio logo em Mildred apenas observavam aquele espetáculo assustador.
seguida, atingindo poucos metros do corredor. Somente o
vento frio chegou ao grupo. Lorde Sithloth disse, com — Melhor irmos andando, antes que a lava chegue até nós.
um tom arrogante na voz: — falou Axel.
— Concordo. — disse Janotas.
— Covardes! — Vou com vocês até Valkaria. De lá tentarei entrar em
— Por Tenebra! — exclamou Kerryne vendo o saco contato com o templo do qual faço parte. Eles precisam
incandescente. saber o que houve com a caravana... Obrigada por tudo
mesmo. Muito obrigada. — disse Mildred dando um
O grupo saiu do corredor subterrâneo, beijo no rosto de Axel, que ficou todo vermelho.
atravessando o quarto e o escritório do sarcedote-chefe — Ei, porque só nele? — reclamou Janotas.
do templo sszzaazita. Ao saírem no jardim, eles viram o — Tudo bem. Obrigada. — falou Mildred sorrindo e dando
gelo da parede sul, à esquerda deles, derretendo com a um beijo no rosto de Janotas, que não escondia a
rocha incandescente. Janotas ia começar a atravessar o satisfação.
jardim, quando Kildred o segurou. — Hunf! — bufou Suanny.

— O que foi? — perguntou Janotas. Axel sorriu com a atitude de Suanny, ela não queria
— Vamos escalando. — falou Kildred apontando pra criticar Mildred, pois esta ajudara bastante o grupo.
Suanny.

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— Missão cumprida, não é Suanny? — perguntou Axel.
— Não totalmente.
— Por que não? — perguntou Axel, tirando Éksis de
dentro de sua camisa.
— Porque não conseguimos pegar o Cristal de Tenebra.
Mas devo admitir que você foi corajoso, Duende.
Muitos hesitariam covardemente em destruir aquele
artefato. — falou Suanny olhando pro horizonte.
— E quem disse que não conseguimos? — Axel enfiou
a mão no bolso e tirou um cristal negro que emanava
uma fraca luz negra.
— Mas... E...? — balbuciou Suanny.
— Eu queimei um globo de vidro que estava naquela
pilha de tesouros. — falou Axel guardando o cristal
novamente.
— Eu devia ter imaginado, você não tem mesmo
coragem para destruí-lo. — falou Suanny com um
tom de voz sério, tentando disfarçar o orgulho que
sentia naquele momento de Axel. Ele fora fantástico.
— Você não tem jeito mesmo, né? — perguntou Axel
em tom irônico.

Suanny olhou pra ele pelo canto do olho e


embora não demonstrasse, sorria internamente. Axel
voltou a olhar para frente, estavam chegando a uma
estrada. Mais alguns dias e estariam em Valkaria. Janotas
e Kildred começaram a entoar uma canção feita por um
hobbit em tempos antigos. E enquanto a lua descia em
direção ao oeste, a canção ecoava pela noite naquela
estrada...

♪♫♪ “A estrada em frente vai seguindo,


deixando a porta onde começa. Agora longe já vai indo,
devo seguir e que nada me impeça. Em seu encalço vão
os meus pés, até a junção com a longa estrada. De
muitas sendas através, que vem depois? Não sei mais
nada...” ♫♪♫

FIM

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