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Consta do Art.1152º do CC, uma definição do contrato de trabalho que não coincide
inteiramente com a do CT. Em lugar da expressão ‘’ no âmbito da organização e sob autoridade
desta’’ relativamente ao empregador, o CC configura outra expressão – ‘’ sob autoridade e
direção desta’’.
Contrato sinalagmático:
Não pode ser considerado como contrato de trabalho, o negócio jurídico bilateral em que
uma parte entrega á outra, periodicamente, quantitativos monetários, mesmo sendo o
pagamento titulado por ‘ ’recibos de renumeração’’, sem que essa entrega seja motivada pela
prestação de uma atividade concreta pelo destinatário e que vise a respetiva retribuição.
- STJ 12/03/2015
Contrato consensual:
Em regra, para que certos contratos sejam válidos a lei exige que na sua celebração sejam
observadas determinadas formalidades, como por exemplo a forma (normalmente documento
escrito). – Quando a lei formula uma imposição para um contrato, significa que estamos face a
um contrato formal.
Todavia, esta regra não se aplica para o contrato de trabalho, pois nos termos do Art.110º
do contrato de trabalho – ‘’não depende de observância de forma especial, salvo quando a lei
estipular o contrário’’ – diz-se por isso, que é um contrato consensual. Mas há desvios, ou seja,
no contrato de trabalho há certos contratos que têm obrigatoriamente de estar sujeitos á
forma escrita, como acontece nos casos:
Cláusulas acessórias:
Contrato a termo:
«Se for estipulado que os efeitos do negócio jurídico comecem ou cessem a partir de certo
momento, diz-se que ao mesmo negócio foi posto um termo, respetivamente suspensivo
(inicial) ou resolutivo (final)» - Art.278º do CC.
Este tipo de contratos podem trazer instabilidade financeira para o trabalhador. Pelo que é
necessário conservar ao máximo a possibilidade de sucessivos contratos de curta vigência por
parte da entidade empregadora, até porque tal, violaria o Art.53º da CRP no que concerne às
garantias do trabalhador. Pelo que o legislador restringe a liberdade de prazo curto (não pode
ser inferior a 6 meses nos termos do Art.148/2º do CT), e também exige a forma escrita e
impõe regras também no que toca ao conteúdo, no sentido de ser mencionado o motivo da
contratação a curto prazo.
O contrato a termo certo caduca no final do prazo estipulado, desde que o empregador ou
o trabalhador comunique á outra parte a vontade de o fazer cessar, por escrito e nos prazos
devidos, ou seja, é necessário uma comunicação prévia, pois esta é um pressuposto necessário
para fazer operar a caducidade.
No contrato, as partes podem acordar que o contrato de trabalho a termo certo não fica
sujeito á renovação. Na ausência desta estipulação e de declaração de qualquer das partes que
o faça cessar, o contrato renova-se no final do termo por igual período. Se o prazo de pré-aviso
de cessação deste contrato não for cumprido, essa forma de cessação consubstancia um
despedimento ilícito.
Trabalho Temporário:
Comissão de Serviços:
O acordo é necessário, mas não é o suficiente. O exercício de funções só pode ter lugar
dentro de um âmbito limitado pela lei, que é o da confiança pessoal entre o
comitente/empregador, e o comitido / trabalhador.
A cessação pode ser requerida por qualquer uma das partes sem necessidade de
fundamentação, mas é necessário cumprir as regras do pré-aviso – Art.163º/1 do CT.
Termo Parcial
Nos termos do Art.150º do CT, este define trabalho a tempo parcial como aquele em que o
período normal de trabalho semanal é ‘’inferior ao praticado a tempo completo em situação
comparável’’, sendo certo que pode incidir em todos ou apenas alguns dias da semana, sem
prejuízo do descanso semanal. Art.150º/3 do CT).
Quando se tratar de uma alteração do tempo de trabalho deve ser feita nos termos do
Art.155º do CT. E em todas as situações é sempre necessário a observância da forma escrita.
Quanto á retribuição, o princípio é o da proporcionalidade (Art.154º/3,a) do CT). O
trabalhador em tempo parcial tem direito á «retribuição base previstas na lei ou convenção, na
proporção do respetivo período normal de trabalho semanal’’.
O subsídio de refeição só é devido integralmente aos trabalhadores a tempo parcial que
prestem, pelo menos, 5h de serviço por dia. – Art.154º/3, b) do CT.
Capacidade jurídica:
Quando for celebrado um contrato por quem não disponha de capacidade jurídica, este
contrato é nulo.
Determinabilidade:
É necessário que o objeto do contrato esteja determinado para que as obrigações sobre ele
incidentes possam ser cumpridas. Mas isto é obviamente compatível com a indeterminação
inicial do mesmo objeto. Pelo que, no momento de celebração do contrato, bastará uma
referência genérica ao conteúdo da prestação a realizar. Basta que o objeto do contrato seja
determinável.
Determinação da função:
Possibilidade física:
Para que o trabalho seja válido exige-se que seja fisicamente possível a atividade.
A prestação de trabalho é pessoal e presume-se infungível. Pois é a atividade de certo
trabalhador derivado das suas energias e aptidões que são inseparáveis da sua pessoa.
É nulo o contrato pelo qual alguém se obrigue a transportar ás costas barras de aço com
peso de uma tonelada, ou um surdo se comprometa a desempenhar funções de telefonista.
Licitude:
Oral e escrito:
Período experimental:
O período experimental pode ser reduzido ou excluído nos termos do 112/4º CT. E tal pode
acontecer quando as partes já tenham conhecimento mútuo e por isso, presume-se a
desnecessidade de sujeição de um novo contrato ao período experimental, e isto é um
exemplo que justifica uma redução ou mesmo exclusão deste período.
Nos contratos a termo tem cabimento na mesma este período, mas aqui já será de 15 ou 30
dias consoante a duração prevista do contrato (superior ou não a 6 meses) – 112/2º CT.
2. Liberdade de expressão: o trabalhador goza desta dentro e fora da empresa, ainda que
tal liberdade não seja ilimitada, uma vez que deve atender aos deveres de respeito, lealdade e
confidencialidade de assuntos inerentes ao trabalho.
6. Meios de vigilância á distancia: art. 20º CT- estes meios tem a finalidade de controlar o
desempenho profissional do trabalhador que trabalhe mediante equipamento tecnológico.
Isto é proibido, mas parece ir contra ao poder de direção do empregador (97º CT)
Obrigações do trabalhador
CATEGORIA: esta exprime um ‘’género’’ de atividade. Há-de caber nesse género, pelo
menos na sua parte essencial ou característica, a função principal que ao trabalhador está
atribuída na organização – 118º CT. A categoria constitui um fundamental meio de
determinação de direitos e de garantias do trabalhador. É a categoria que define o
posicionamento do trabalhador na hierarquia salarial, e é também esta que funciona como
referência para se saber o que pode ou não a entidade empregadora exigir do trabalhador. A
categoria é objeto de certa proteção legal e convencional. Assim, por via da regra, o dador de
trabalho não pode «baixar a categoria do trabalhador» - 129/1/Eº CT, isto baseia-se no
princípio da irreversibilidade da carreira no âmbito da empresa.
Flexibilidade funcional:
NOTA: nos termos do art. 120/2º CT, é possível a derrogação das condições
Estabelecidas pelo nº 1 do mesmo artigo, salvo o tempo da variação, que é um
Elemento essencial.
A lei não estabelece limites temporais á duração do ius variandi nem ao numero de
vezes em que o mesmo pode ser exercido. Por isso, salvo os casos de abuso de direito,
o empregador pode usar desta faculdade sempre que haja um interesse objetivo.
O trabalhador não pode, devido ao ius variandi, ser colocado numa «situação
hierárquica injustamente penosa» - isto é uma «modificação substancial», mas para
que esta exista, não basta que as tarefas temporariamente exigidas correspondam a
uma «categoria inferior», é também necessário que o desnível hierárquico se mostre
suscetível de provocar desprestigio ou afetar a dignidade profissional do trabalhador.
Ainda sobre Variação da atividade, importa falar da retribuição. Este regime contém
salvaguardas no que toca á retribuição. Tendo em conta o art. 129/1/Dº CT, está fora de
questão a diminuição da retribuição, mesmo que a lei não referisse tal. (120/5º)
Deveres do trabalhador:
Para além da obrigação principal que assume através do contrato, recaem sobre o
trabalhador outras obrigações conexas á sua integração no complexo de meios preordenado
pelo empregador, sendo umas de base legal, e outras de base convencional.
3. Dever de obediência: (128/1/Eº CT), este dever decorre do próprio contrato (Art.
11ºCT), no que toca ás expressões de ‘’ autoridade’’ e ‘’organização’’. Todavia, admite-se a
possibilidade de desobediência legitima, uma vez que o poder patronal tem limites fixados
pela lei.
4. Dever de lealdade: 128/1/A – este inclui a boa-fé e fidelidade. Este é uma parcela
essencial e não apenas acessória. Este dever pressupõe uma relação de confiança entre as
partes.
Obrigações do empregador
Retribuição:
Este elemento resulta de expressões como: « mediante retribuição»- art. 11º CT; e
«contrapartida do seu trabalho» - 258º CT.
O salário tem uma concessão diferente para o trabalhador (encara-o como um meio de
subsistência e a estabelecer uma correlação entre a penosidade do trabalho e o grau de
satisfação) e para a entidade empregadora (preço que se incorpora nos custos de produção)
No que toca ás faltas não justificadas, e mesmo algumas justificadas, conferem legalmente
ao empregador o direito ao desconto na retribuição (255/2º + 256/1º CT). O mesmo
dispositivo é aplicável no caso de a interrupção do trabalho ser devido á greve, embora
corresponda a um direito dos trabalhadores (536º CT)
Nota:
1. trabalho noturno -> este pode ser normal ou suplementar (aplicam-se as regras para o
trabalho suplementar em dia útil)
2. trabalho prestado em dia de descanso semanal -> é uma das modalidades de trabalho
suplementar, e o acréscimo de remuneração a que dá direito, pelo forçoso caracter de
excecionalidade, não parece ter lugar no computo da retribuição global. O mesmo não se dirá
no concernente ao trabalho realizado nos feriados obrigatórios, pois ai poderá verificar-se
normalidade e, sendo esse o caso, o aditivo previsto na lei há-de considerar-se integrado na
retribuição.
3. Outros suplementos:
a) Abono para falhas - tem uma importância fixa, de pagamento simultâneo ao da
retribuição base, que a regulamentação coletiva atribui geralmente aos trabalhadores com
funções que impliquem responsabilidades de caixa ou de cobrança. Este abono justifica-se
pelo risco que as referidas funções impliquem.
b) Subsídio de refeição – faz parte da retribuição pelo contrato ou pelos usos, e não deve
ser devido nos dias em que o trabalhador não compareça
Poderes do empregador
Poder regulamentar:
Poder disciplinar:
Tempo de trabalho
Numa definição europeia, têm-se como tempo de trabalho «qualquer período durante o
qual o trabalhador está a trabalhar ou se encontra á disposição da entidade patronal e no
exercício da sua atividade ou das suas funções». Mas a definição nacional é diferente nos
termos do art. 197/1º CT «Considera-se tempo de trabalho qualquer período durante o qual o
trabalhador exerce a atividade ou permanece adstrito à realização da prestação, bem como as
interrupções e os intervalos previstos no número seguinte.» e o numero seguinte enumera as
espécies de interrupção.
A duração do trabalho acordada que a lei designa de PNT (198º CT) é o número de horas
diárias e semanais que o trabalhador está contratualmente obrigado a prestar. O PNT pode ser
fixo ou variável (204º a 206º CT)
O PNT está legalmente limitado pelo 203º CT, mas podem ser estabelecidos limites ainda
inferiores aos legais.
O PNT não pode ser unilateralmente aumentado, mas pode ser diminuido, sem prejuizo da
diminuiçao da retribuiçao do trabalhador, quando esta diminuiçao seja por facto imputavel á
entidade empregadora (309/1/Bº CT).
Entre os direitos fundamentais dos trabalhadores consagrados pela CRP, consta-se que há
um «limite máximo de jornada de trabalho» - 59/1/D e 2/Bº CRP).
Banco de horas: este viabiliza a extensão dos tempos de prestação de trabalho durante
períodos de maior necessidade, tendo como contraprestação a ‘’reposição’’ ou
‘’compensação’’ desses excedentes. Este acerto de contas pode acontecer com: redução do
tempo de trabalho, ou aumento de ferias, ou pagamento a dinheiro, ou uma combinação
destas formas – 208/4º CT
Trabalho noturno: o regime está construído com base na ideia da atividade diurna,
uma vez que a noite fez-se para o descanso. Todavia a prestação do trabalho pode acontecer
de noite por diversas razões. Nos termos do art. 266º este trabalho noturno é pago com
acréscimo de 25% relativamente ao pagamento de trabalho equivalente prestado durante o
dia.’’, ou seja, este acréscimo incide sobre o salario normal.
Repouso e lazer:
Esta garantia é um direito subjetivo que tem por objeto a recuperação de energias por
parte do trabalhador.
Aqui podemos falar do direito á desconexão, este diz respeito aos períodos em que o
trabalhador não tem qualquer obrigação contratual de disponibilidade, e visa simplesmente
garantir que o descanso e o lazer sejam integralmente respeitados. Ou seja, não é possível
estabelecer com o trabalhador contacto sobre matéria profissional.
Intervalo de descanso:
Isto é a interrupção deve destinar-se a uma refeição. Nos termos do art. 213º CT, impõe-se
a interrupção do trabalho diário por período não inferior a 1h nem superior a 2h, de modo a
que o trabalhador não preste mais de 5h de trabalho consecutivo (ou 6 se o período de
trabalho diário for superior a 10h).
Neste intervalo o trabalhador é livre de usar o seu tempo como ele entender.
Descanso diário:
Este é o intervalo entre o termo de uma jornada e o inicio de uma que imediatamente lhe
sucede. É o tempo de recuperação de energias consumidas no dia de atividade, mas é também
o período de reinserção na vida familiar.
Nos termos do 214/1º CT, está consagrada a garantia de descanso diário de 11h seguidas
entre as jornadas de trabalho. todavia, nos termos do mesmo artigo há um rol de exceções a
esta regra.
Descanso semanal:
Nos termos do art. 232/1º CT, o «trabalhador tem direito pelo menos, um dia de descanso
por semana», ou seja, 24h.
Férias anuais:
Ferias no ano de admissão: o gozo de férias só faz sentido depois de algum tempo de
trabalho. Assim, após 6 meses, o trabalhador tem direito a gozar (ou seja, estão vencidas) dois
dias de férias por cada mês de trabalho, ate um máximo de 20 dias (239/1º CT)
Compensação proporcional por férias vincendas: o mecanismo de cálculo de
compensação pelas férias cujo gozo este impossibilitado pela cessação do contrato de trabalho
está tratado no art. 245º CT. Este mecanismo visa compensar a inutilização do período de
ferias em que beneficiaria no ano em que ocorre a cessação do contrato, e pela frustração da
expectativa referente às ferias a gozar no ano seguinte.
Marcação de ferias: é marcado por acordo entre as partes (241º CT), e na falta de
acordo cabe ao empregador. As ferias são a época em que o trabalhador fruirá do seu período
anual de repouso. Depois de fixada a localização das ferias, estas são inalteráveis em principio.
Mas a lei não pode ignorar a possibilidade de surgirem impedimentos na esfera de qualquer
das partes. Quando o interesse da empresa exigir a mudança o trabalhador será indemnizado
de prejuízos (243/1º CT). Se o impedimento for do trabalhador, depois a remarcação cabe ao
empregador em limitação quanto á época do ano (244/2º CT).
Faltas ao trabalho:
Nota: as faltas por cumprimento de pena de prisão são injustificadas. Embora essas
faltas venham de uma decisão externa, resultam de um comportamento do
trabalhador. Pelo contrário, as ausências derivadas da prisão preventiva, podem integrar as
faltas justificadas.
Local de trabalho
o trabalhador não pode ser, em principio, transferido para outro local de trabalho –
129/1/º CT -> principio da inamovibilidade. Uma vez que este configura um elemento essencial
do contrato e por isso não pode ser alterado unilateralmente pela vontade do empregador.
Claramente que a mudança de instalações é uma exceção a este princípio de não alteração do
local de trabalho.
Revogação:
A revogação acontece por acordo das partes. Esta consiste num negócio jurídico bilateral
extintivo. Trata-se de um negócio formal, pois a lei exige um documento escrito e assinado por
ambas as partes (349/2º CT), diferente com o principio valido para a celebração do contrato.
Caducidade:
O trabalhador dispõe de uma via ordinária de desvinculação: denúncia com aviso prévio.
Quando um trabalhador se quer desvincular sem motivos graves para o fazer, tem ao seu
alcance este meio, com a vantagem de que dispensa qualquer justificação. Apenas precisa de
respeitar o aviso prévio.
Esta diz respeito a situações anormais e particularmente graves em que deixa de ser exigido
ao trabalhador que permaneça ligado á empresa por mais tempo, ou seja, pelo período fixado
pelo aviso prévio. Assim, a resolução opera imediatamente o seu efeito extintivo.
Para que seja licita, é preciso que o trabalhador invoque e demonstre a existência de uma
justa causa. Aqui há uma inexigibilidade da parte do trabalhador.
A lei aqui faz uma diferenciação nos tipos de justa causa do trabalhador, que pode ser:
A existência de uma situação suscetível de constituir justa causa disciplinar, não autoriza
sem mais o despedimento imediato. É necessário que o empregador proceda á averiguação do
ocorrido, ouça o trabalhador, e é necessário a efetivação de um procedimento disciplinar –
353º CT. Isto decorre do principio do qual uma sanção disciplinar não pode ser aplicada sem
audiência previa do trabalhador acusado. (329/6º CT)
Despedimento ilícito:
Reintegração: esta é muito rara. E a lei oferece às partes a possibilidade de não optar
por esta.
Indeminização: substitui a reintegração (391º CT) e o valor desta deve ser determinado
pelo tribunal.