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II –
O Direito Fiscal é fortemente ligado ao Direito Constitucional, daí surgir o termo
“Constituição Fiscal”.
O direito dos impostos está moldado pela constituição fiscal, ou seja, por um conjunto de
princípios jurídico constitucionais disciplinares quer de “quem”, “como”, “quando” tributar
(limites à tributação de caracter formal), quer do “que” e do “quanto” tributar (limites à
tributação de caracter material).
Ao nível dos limites de caracter formal releva o princípio da legalidade fiscal, o princípio da
segurança jurídica e a proibição do referendo fiscal.
Ao nível dos limites de caracter de caracter material releva o princípio da igualdade fiscal, a
consideração fiscal da família, o respeito pelos direitos fundamentais e o princípio do estado
social.
Não há expressão na CRP deste princípio. Ele brota do próprio geral princípio da igualdade,
do art.13º CRP, no seu sentido material de igualdade na lei, aliado e articulado com os demais
princípios e preceitos da constituição fiscal. Surge da própria Revolução Francesa e pauta-se,
por um lado, numa ideia de generalidade ou universalidade, onde todos os cidadãos devem
pagar impostos, e numa ideia de uniformidade, onde se pretende que seja usado um mesmo
critério para todos. Este critério de uniformidade é o critério da capacidade contributiva. Se
assim o é, temos pautada a igualdade horizontal: onde pessoas com a mesma capacidade
contributiva pagarão uns mesmo impostos, e temos pautada também a igualdade vertical:
pessoas com diferentes capacidades contributivas pagarão diferentes impostos, na medida da
proporção pela diferença entre os vários patamares da capacidade contributiva, defendendo
Casalta Nabais a aplicação de taxas proporcionais para esse efeito. É a capacidade contributiva
que serve de pressuposto e de critério da tributação Enquanto pressuposto cumpre a
finalidade ao aferir do objeto do imposto, do “bem fiscal”, excluindo o mínimo de existência e
o máximo confiscatório. Enquanto critério, nos impostos fiscais, não há outro critério que
possa ser usado senão este da capacidade contributiva. Quer isto dizer que quando os
impostos seguem fins meramente fiscais – impostos fiscais vs. extrafiscais – então só este
critério serve os propósitos.
Nos impostos sobre o rendimento o princípio da capacidade contributiva manifesta-se
através de um conceito mais amplo de rendimento, ou seja do rendimento-acréscimo (ou
rendimento de mercado), através de um princípio de rendimento líquido (e não ilíquido ou
bruto) daí que se devam fazer deduções específicas e abatimentos a fim de se obter o
rendimento coletável em termos líquidos, mas ainda de um critério do rendimento disponível
pelo qual se respeita o mínimo de existência individual assim como o mínimo de existência
conjugal ou familiar. Esta ideia está traduzida tanto no art.104º/1 CRP como no art.6º/1 LGT
como no art.4º/1 LGT.
III –
1. Incidência real
Os Art.2º a 11º CIRS estipulam qual a matéria em que recairá o imposto, ou seja, estipula o
Art.1º CIRS o elenco das categorias de rendimentos e, posteriormente, irá ser fixado
pontualmente e mais detalhadamente de que se trata e o que compõe cada uma dessas
categorias de rendimentos.
Remuneração mensal de 2 000€ como gerente. Isto segundo o Art.1º/1 do CIRS está
presente na categoria A, mais especificamente no Art.2º/1, a) do CIRS.
Lucro de 40 000€, segundo o Art.1º/1 do CIRS está presente na categoria E mais
espeficamente no Art.5º/2, h) do CIRS.
Renda do Apartamento de 500€/ mês - segundo o Art.1º/1 do CIRS está presente na
categoria F mais espeficamente no Art.8º/1 e 2, a) do CIRS.
Renda do armazém 1000€/mês - segundo o Art.1º/1 do CIRS está presente na categoria F
mais espeficamente no Art.8º/1 e 2, a) do CIRS.
Incidência pessoal. Segundo o Art.13º/1, 1ª parte estão sujeitos a IRS as pessoas singulares
que residam em território português. Segundo o Art.16º/1 do CIRS ele é residente em
Portugal. Assim sendo o Art.13º/1, 1ª parte remete-nos para o Art.15º/1 do CIRS segundo o
qual o IRS incide sobre a totalidade dos rendimentos incluindo aqueles que são obtidos fora de
Portugal.
Como ele tem um filho menor dependente a regra é a tributação conjunta prevista no
Art.13º/ 2, 3, 4, 5 do CIRS.
Referente as despesas: Alexandre tem um apartamento que lhe confere uma remuneração
de 500€/mês = 6 000€/ano. Neste apartamento Alexandre teve gastos no valor de 8 000€, logo
teve 2 000€ de perdas. – Art.41º/1 do CIRS.
As perdas nos termos do Art.55º/1, b) são reportadas nos 6 anos consecutivos.
Relativamente as despesas de 200€ e 500€ no apartamento de IMI nos termos do Art.41º do
CIRS as despesas de IMI não são deduzidas.
A operação ao filho refere-se à coleta e não há matéria coletável segundo o Art.78º/1, c) do
CIRS assim sendo, as despesas com a saúde podem ser deduzidas na coleta.