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Volume – 1
Número – 3
Julho de 2007
Arquivos de Fisioterapia
Editorial
O Editor
Ficha Técnica
Director:
Luís Eva Ferreira
Editor:
Luís Eva Ferreira
Editores Adjuntos:
João Brites de Sousa
Paulo Gaspar
Acessoria de Edição:
SFC - Consultores
Colaboradores:
Fátima Belo; Lúcia Pedrosa; José Mata; Marta Freitas;
Ana Ferreira; Paulo Geraldo; Manuela Nogueira; Susana
Simão; Luís C. Pereira; Leonor Madureira; Ana Santos
Francisco; Elsa Silva, Isabel Coutinho.
Capa:
Fotografia - Lúcia Pedrosa
Endereços:
Rua Prof. Fernando Gonçalves da Silva, nº 3,
2300-398 Tomar
www.afisioterapia.com
editor@afisioterapia.com
geral@afisioterapia.com
Páginas
Editorial I
Nota aos Autores e Leitores II
Ficha Técnica III
Índice 1
A Fisioterapia na Reabilitação
Vestibular de um doente com Doença de 2 - 16
Meniére. Estudo de Caso
Dias, S. ; Luzio, C. ; Garcia, V.
Importância da Aferência Visual no
Controlo da Postura 17 - 24
Pires, C.; Fernandes, J.; Alves. M. C.; Sousa, V.; Coutinho,
I.; Fernandes,B.; Carolino, E.
Publirreportagem
Terapia com Ondas de Choque 25 - 28
Palma, E. - Sorisa
Incidência de Lesões no Voleibol:
Acompanhamento de uma Época 29 - 34
Desportiva
Ribeiro, F.
Arthritics Impact Measurement Scales
2 - short version (2005): Contributo
para a Adaptação e Validação para 35 - 43
Portugal
Sousa, A.; Silva, C.; Clemente, C.;Coutinho, I.; Carolino, E.;
Fonseca, J..
Imagiologia na Fisioterapia 44 - 47
Patrício, P.
“N”- Reflexões
O Exercício em Fisioterapia - Padrões de 48 - 53
Prática
Coutinho, M. I.
Índice de Anunciantes 54
Autores RESUMO
Introdução: A Doença de Meniére caracteriza-se pela associação de
- Dias, Sílvia uma tríade de sintomas: crises de vertigem, acufenos e surdez. A
Fisioterapeuta
abordagem a este caso englobou um processo de avaliação
- Luzio, Cristina minucioso e um plano de tratamento orientado para a resolução dos
Fisioterapeuta
EQUI - Clinica da Vertigem e problemas revelados pelo utente. Objectivo: Com a elaboração deste
Desequilibrio – Hospital estudo de caso, propuséssemo-nos contribuir para um maior
Particular
conhecimento desta área da Fisioterapia, documentar a Doença de
- Garcia, Vaz Meniére e apresentar um modelo de intervenção possível.
Médico ORL
EQUI - Clinica da Vertigem e Descrição do Caso: O quadro patológico iniciou-se há cerca de 2
Desequilibrio – Hospital anos, com o aparecimento de acufenos unilaterais à direita. Até ao
Particular
momento da avaliação, a utente tinha sofrido 2 crises de vertigem,
apresentando como principais problemas: diminuição da
independência funcional, nistagmo espontâneo de grau II direito,
oscilopsia (3/10 EVA), acufenos unilaterais à direita, hipoacúsia
ligeira à direita e laterodesvio direito na marcha. Resultados: Após o
período em estudo, com excepção do nistagmo patológico,
registamos uma regressão de todos os sintomas. Conclusão: Pode-
se considerar que os resultados obtidos neste caso foram bastante
satisfatórios, suportando o modelo de intervenção proposto. Novos
estudos são no entanto necessários de forma a documentar o
trabalho desenvolvido e a relevância da Fisioterapia na reabilitação
vestibular.
não são contornadas, podem levar a propriamente dita. O software deste modelo
consequências físicas e psico-sociais bastante também possibilita a realização da prova de
graves. Fukuda e o seu registo gráfico.
As vertigens apareceram apenas
Para a realização da pesquisa de
durante as duas crises que a utente sofreu até
nistagmo, tanto do espontâneo e do olhar
ao momento, sendo do tipo rotatório e muito
descentrado como para o Head Shaking Test
intensas (10/10 EVA). Pensa-se que as
(HST), utilizaram-se óculos fechados ligados a
vertigens resultam de um desequilíbrio
um circuito de vídeo, de forma a permitir a
funcional entre os dois labirintos (Thai-van et al,
observação e registo em vídeo dos movimento
2000).
oculares, ao mesmo tempo que se anula a
Como componente da anamnese foram
possibilidade do utente estabilizar a visão
colocadas várias questões à utente de forma a
através da fixação ocular.
completar o DHI, que foi preenchido pelo
Fisioterapeuta. Após a análise do inventário A pesquisa do nistagmo é um
chegaram-se aos seguintes valores: 9/28 no procedimento muito importante na avaliação
factor físico, 20/36 no factor funcional e de um utente com estas características uma
13/36 no factor emocional. Concluindo-se que vez que a sua presença na ausência de fixação
para a utente, a componente que se encontra visual, combinada com a ausência de nistagmo
mais limitada pela patologia é a que diz na presença de fixação visual configura uma
respeito aos factores funcionais. evidência definitiva de que existe uma lesão
Com a realização do exame objectivo vestibular periférica, no lado oposto ao da
pretende-se confirmar hipóteses que se batida da fase rápida do nistagmo (Herdman,
colocaram aquando da análise dos testes 2000).
laboratoriais e da realização da anamnese.
Na sequência da pesquisa do nistagmo
A PDC realizada na plataforma espontâneo e do olhar descentrado a utente
STATITESTTM permite avaliar a estabilidade manifestou um nistagmo de grau II, com
postural, visualizando o contributo das batidas direitas no olhar em frente e para a
aferências somatosensoriais, visuais e direita, correspondendo este sinal ao recovery
vestibulares, para a manutenção do equilíbrio, nistagmo, que indica que existe já uma
através de seis condições de teste, que são recuperação da função vestibular periférica
repetidos três vezes cada, nomeadamente: o que não está a ser acompanhada pelo
plano fixo com os olhos abertos (OA) e com os mecanismo de adaptação central (Herdman,
olhos fechados (OF); a plataforma de Bessou 2000).
(plano instável) com os OA e com os OF; a
O HST é um teste bastante vantajoso no
prova impulsional com os OA e os OF. No caso
diagnóstico de indivíduos com assimetria dos
especifico desta utente a PDC já tinha sido
inputs periféricos vestibulares para as regiões
realizada quando iniciou a Fisioterapia
vestibulares a nível central. No caso desta em todos os sentidos, mas a sua resposta
utente o HST foi positivo com batidas para a pode ser considerada dentro da normalidade.
direita, ou seja, para o lado do ouvido com Com a recolha dos dados objectivos sobre a
patologia. Este resultado deve-se igualmente à condição da utente e após a sua confrontação
presença do recovery nistagmo. com os dados subjectivos, torna-se possível,
através do raciocínio clínico, a descrição dos
Foi também realizada a prova de Fukuda
problemas da utente e a sua provável evolução.
registando-se uma rotação exagerada para o
lado direito, o lado lesionado, tal como seria de
esperar. Esta prova foi realizada em todos os Avaliação, Diagnóstico e Prognóstico
intervenção, para perceber se os exercícios informação recolhida foi possível confirmar que
laterodesvio direito, relatado durante a momento alguma recuperação que não estava
uma vez que o caminhar na rua é uma • Incapacidade para sair de casa sozinha.
experiência completamente diferente do que • Incapacidade para deambular no exterior
na clínica, onde os estímulos são diferentes e o sem sensação subjectiva de laterodesvio.
Fisioterapeuta está ao lado da utente dando-lhe • Incapacidade para realizar tarefas que
mais segurança. impliquem fixação ocular.
O TCISE deve ser incluído na avaliação Tendo em conta as limitações
da Fisioterapia, se o paciente apresentar funcionais citadas foi possível identificar os
instabilidade sob estas condições o plano de problemas primários, que se encontram
tratamento deverá projectado para melhorar a hierarquizados de acordo com o seu grau de
função do sistema vestibular remanescente incapacidade para a utente:
(Herdman, 2000). • Diminuição da independência funcional
Deste modo, pediu-se à utente que devido ao receio de sair de casa
permanecesse de pé, sob um trampolim, de sozinha, pela possibilidade de
olhos fechados. Registou-se a manifestação de ocorrência de uma nova crise e pelo
alguma dificuldade, com algumas oscilações laterodesvio direito que apresenta na
Fisioterapia não possui competências que nos a uma regressão total dos sintomas. Deste
permitam actuar a esse nível. modo, o objectivo principal será aumentar a
É de suma importância que se qualidade de vida do utente no período
esclareça o utente com DM que apesar de ter intercrises e prepará-lo para uma nova crise.
indicação para reabilitação vestibular, por A utente em estudo neste trabalho
manifestar sintomatologia no período realizava 2 tratamentos de reabilitação
intercrises, nos casos em que as crises vestibular por semana, de duração média de
ocorrem mais do que mensalmente o 30 minutos cada um, durante 3 semanas. Ao
prognóstico é bastante reservado. Neste caso, fim dos 6 tratamentos procedeu-se a uma
a utente, até ao momento só experimentou 2 reavaliação e a utente foi de novo consultada
crises espaçadas de 2 meses, pelo que se pelo otorrinolaringologista.
pode esperar uma regressão dos sintomas No caso de um défice vestibular de
significativa. instalação súbita é prioritário estabilizar a
visão, de preferência através de cadeira
Intervenção rotatória (Beninato & Krebs, 2000). Este
A primeira sessão de Fisioterapia instrumento vai possibilitar o uso de
realizou-se dia 14 de Maio de 2004, a utente movimentos giratórios, com o objectivo de
parecia bem disposta, um pouco apreensiva, estimular os diferentes canais semicirculares
mas muito comunicativa. sensíveis à aceleração angular, no sentido de
O tratamento da DM usualmente inclui favorecer a instalação da compensação de
orientações dietéticas, fisioterapia, apoio forma a obter uma resposta equilibrada dos
psicológico e farmacoterapia (Thai-Van et dois labirintos (R. Gil et al, 1991).
al, 2000). Neste caso específico, a utente em
Em relação à intervenção da estudo apresentava um recovery nistagmo,
Fisioterapia, nestes casos reportamo-nos a com batidas direitas. No entanto o que se deve
uma das suas áreas, a reabilitação vestibular. valorizar é o défice em si, em conjunto com as
Os exercícios vestibulares destinam-se suas manifestações harmoniosas e não a
a desencadear a compensação central e a localização indirecta que nos é dada por um
treinar os doentes com vertigens para o indicador isolado, como é o caso.
reajustamento dos reflexos vestibulo- Deste modo, como estamos na
oculomotor e vestibulo-espinhal (Grupo de presença de um défice direito, o que se
estudos da vertigem, 1997). pretende estimular é um nistagmo pós-
A nível geral, a recuperação das lesões rotatório contrário ao nistagmo patológico que
vestibulares unilaterais é satisfatória e os este tipo de défice origina, ou seja um
pacientes devem esperar um retorno às nistagmo com batidas para a direita.
actividades normais. No entanto, no caso da Como o nistagmo pós-rotatório se dá no
DM, a incidência de uma nova crise pode levar sentido oposto à rotação, a rotação imprimida
teria que ser para a esquerda de modo a se para “reequilibrar os dois ouvidos” mas que as
conseguir atingir os objectivos propostos. crises se iriam manter. Explicou-se também
Assim, com o utente de olhos fechados, que na proximidade de uma crise os acufenos
imprimia-se uma rotação para a esquerda na mudam de tonalidade ou aumentam de
cadeira rotatória que completava intensidade e que seria importante estar
aproximadamente 6 voltas, após o que era atenta e não ignorar estes sinais. Elucidou-se a
parada repentinamente, repetindo-se este utente sobre o que fazer durante uma crise, tal
procedimento por várias vezes, dependendo da como já foi explicado acima neste texto.
tolerância da utente. Na primeira sessão Reforçou-se todos os dias que pode e
apenas se realizaram 3 repetições porque a deve sair à rua, continuar a desempenhar as
manifestação das vertigens e os sintomas de funções anteriores às crises e que,
origem vagal foram muito severos, mas nas exceptuando situações de risco, não há nada
sessões seguintes foi possível repetir o que tenha que deixar de fazer.
procedimento por 10 vezes, inicialmente mais O programa para realizar em casa,
espaçadas e no final de uma forma mais neste caso específico, consistia apenas em
contínua. sair de casa sozinha e dia após dias superar as
Um outro factor que se deve mensurar suas limitações. No início a utente mostrou-se
é o tempo que o nistagmo pós-rotatório leva a um pouco reticente, mas após algum
cessar desde que se pára a rotação da encorajamento começou a ganhar confiança,
cadeira. Inicialmente, nas primeiras duas até já não ter qualquer receio de se deslocar
sessões, a utente levava cerca de 20 segundos sozinha na rua.
até esta manifestação cessar, no entanto, nos
últimos tratamentos o tempo diminui para Reavaliação
cerca de 10 segundos, o que revela uma Devido à curta duração do tratamento
evolução positiva, uma vez que se trata de um desta paciente, apenas se realizou uma
valor que, em média, é registado em indivíduos reavaliação completa, no último dia de
sem patologia. tratamento. No entanto, procedeu-se à prova
Uma outra abordagem utilizada nesta de Fukuda em todas as sessões, antes e após
intervenção foi o ensino centrado na patologia a intervenção, para se aferir se a estimulação
e nas suas consequências. Desta forma vestibular estava a ser efectiva.
explicou-se à utente o carácter periódico da Na reavaliação que foi levada a cabo no
DM e o porquê dos seus sintomas. Tentou-se dia 31 de Maio de 2004, a utente apresentou,
clarificar o facto de que a patologia a iria na prova de Fukuda, uma ligeira rotação para a
acompanhar durante toda a vida, mas que direita. Realizou-se também a pesquisa do
existiam comportamentos que permitiam nistagmo, que revelou a manutenção do
“contornar” alguns aspectos da doença. nistagmo patológico de grau II. A execução do
Explicou-se que a Fisioterapia servia HST revelou-se negativa e com uma oscilopsia
que a utente classificou como 0/10 na EVA. diagnóstico médico e neste caso específico,
Repetiu-se uma vez mais o apesar do diagnóstico médico se traduzir na
procedimento, de forma a preencher o DHI do DM, para a intervenção da Fisioterapia, o
qual se obteve os seguintes valores: 2/28 no diagnóstico relevante foi o défice vestibular
factor físico, 0/36 no factor funcional e 0/36 periférico unilateral à direita, pobremente
no factor emocional. compensado a nível central.
Em relação à avaliação subjectiva a Deste modo, a principal preocupação foi
utente, referiu que as suas expectativas foram perceber, quais os problemas primários da
plenamente atingidas, uma vez que nos últimos utente e se a intervenção da Fisioterapia
dois tratamentos se sentiu completamente poderia contribuir para a sua melhoria.
recuperada. Registou-se também um maior Após uma avaliação minuciosa chegou-
cuidado da paciente com o seu aspecto físico, se à conclusão que, de acordo com o
o que denota uma melhoria referente aos conhecimento actual, se poderia interferir ao
aspectos emocionais e psíquicos. nível dos seguintes problemas: nistagmo
Após a análise dos dados referentes à patológico, oscilopsia, laterodesvio na marcha
reavaliação, a opinião, por parte da e, de uma forma geral, no aumento da
Fisioterapia, foi de que a utente deveria independência funcional da utente e do seu
continuar os tratamentos, uma vez que, a nível de conhecimento sobre a patologia.
presença do nistagmo de grau II e da rotação O plano de intervenção foi construído
direita na prova de Fukuda, eram sugestivas de com o objectivo prioritário de estabilizar a
uma compensação central do défice periférico visão, por isso se recorreu à cadeira rotatória.
ainda não completa, representado este o único Quando este objectivo é atingido, e nos casos
factor de incumprimento dos objectivos em que existe um comprometimento do RVE, a
terapêuticos que nos tínhamos proposto intervenção progride para o objectivo de se
atingir. conseguir a estabilização do corpo,
procedendo-se então à realização de exercícios
Discussão sobre o trampolim, a bola de ginástica, a
A reabilitação vestibular na Doença de esponja ou a plataforma de Friedman (Garcia,
Meniére, é uma questão que levanta, 2004).
actualmente, alguma controvérsia. Existem Os resultados conseguidos podem-se
autores (Herdman, 2000) que não são a favor considerar bastante satisfatórios. Com
deste tipo de intervenção, uma vez que a DM é excepção do nistagmo patológico, todos os
episódica e os exercícios vestibulares são sintomas e sinais regrediram ao fim de 6
projectados para induzir mudanças a longo sessões de tratamento e as expectativas da
prazo no sistema vestibular. utente atingiram-se plenamente.
Por outro lado, o diagnóstico da Apesar de não se terem encontrados
Fisioterapia não equivale necessariamente ao estudos que abordassem, especificamente, os
efeitos da reabilitação vestibular na DM, sabe- se pensa ser pertinente, uma vez que aborda a
se que a recuperação das lesões vestibulares intervenção da Fisioterapia numa patologia
unilaterais é geralmente satisfatória e os complexa, à luz de uma área recente, a
pacientes devem esperar um retorno às reabilitação vestibular.
actividades normais (Herdman, 2000). É pois nosso propósito contribuir para a
Existem vários factores que podem evolução de uma disciplina onde a Fisioterapia,
comprometer o sucesso da recuperação, tais já com indicadores de crescimento, tem, a
como: a limitação dos movimentos cefálicos ou nosso ver, um papel importante.
das informações visuais, o uso prolongado de Com o avanço das novas tecnologias, os
medicação vestibulo-depressora, a presença meios de diagnóstico disponíveis são cada vez
simultânea de outra disfunção que envolva o mais e melhores, permitindo diagnósticos mais
sistema nervoso central ou periférico, ou a precisos e pormenorizados, que requerem, por
idade avançada do paciente (Herdman, 2000). outro lado, novas abordagens terapêuticas que
É importante que o Fisioterapeuta tenha possibilitem encontrar respostas para os
conhecimento destes factores, de forma a diversos problemas. Por outro lado, como é do
contornar aqueles que são manipuláveis, conhecimento geral, nos últimos anos, a
aumentado assim a probabilidade de sucesso população tem envelhecido significativamente,
da sua intervenção. mantendo-se esta tendência nos próximos
O ensino da utente foi um dos factores anos. À medida que o Ser Humano envelhece,
que mais contribuiu para os resultados finais, ocorrem mudanças nos sistemas vestibular,
uma vez que tendo passado a conhecer as visual e somatossensorial, verificando-se uma
características da DM e os comportamentos redução da capacidade adaptativa do sistema
que deveria adoptar para acelerar a sua vestibular (Herdman, 2000). Deste modo, a
recuperação, aumentou a sua auto confiança intervenção com o objectivo de estimular os
permitindo-lhe a execução de tarefas diárias de mecanismos de compensação inatos, numa
forma autónoma, que contribuiu de forma perspectiva do aumento da qualidade de vida,
definitiva para a diminuição/regressão dos será cada vez mais solicitada.
sintomas. Deste modo, pensa-se ser de suma
importância, a elaboração de novos estudos
Conclusões que documentem a intervenção da Fisioterapia
Do ponto de vista terapêutico, pode-se nas várias patologias vestibulares. A
concluir que foram alcançados os objectivos reabilitação vestibular requer protocolos
propostos. A intervenção em Fisioterapia adaptados a cada tipo de patologia,
contribuiu de forma definitiva para uma maior individualizando-se os exercícios para cada
qualidade de vida da utente paciente (Garcia, 2004).
A elaboração do presente estudo de Numa perspectiva de evolução desta
caso constituiu um trabalho interessante, que área específica, torna-se determinante neste
Autores RESUMO
Objectivos: Verificar se existem diferenças na postura estática e
- Pires, Cátia dinâmica, em indivíduos normovisuais, quando lhes é induzida uma
Fisioterapeuta alteração da aferência visual. Materiais e Método: O estudo foi do
tipo quantitativo, transversal, analítico e descritivo, realizado numa
- Fernandes, Joana plataforma de forças. Os testes foram efectuados na posição
Fisioterapeuta ortostática (olhos abertos, olho direito ocluído, olho esquerdo ocluído,
olhos ocluídos) e dinâmica (agachamento com os olhos abertos e
- Alves, Maria Cristina ocluídos) por uma amostra constituida por 29 estudantes
Fisioterapeuta normovisuais da ESTeSL, com idades compreendidas entre os 18 e
Cº. Fisiatria Dr. Joaquim os 25 anos, dos Cursos Superiores de Fisioterapia, Ortoprotesia e
Neto Ortóptica. Resultados: Na posição ortostática, o membro inferior
(MI) que, em média, efectuava mais carga nos 4 testes realizados
- Rito, Sara era o esquerdo. Observou-se uma maior assimetria (diferença da
Fisioterapeuta carga entre o MI direito e o MI esquerdo em cada teste), em média,
com o olho esquerdo ocluído. Dividiu-se a amostra em dois grupos,
- Sousa, Vera 1º grupo (15 indivíduos que apresentavam maior carga, em média,
Fisioterapeuta no MI esquerdo, com os olhos abertos) e 2º grupo (14 indivíduos
que apresentavam maior carga, em média, no MI direito, com os
- Coutinho, Isabel olhos abertos). No 1º grupo observou-se uma maior simetria, em
Fisioterapeuta, Profª. média, com o olho direito ocluído. No 2º grupo observou-se, em
Coordenadora ESTeSL média, uma maior simetria com o olho esquerdo ocluído. No ponto
máximo de agachamento, com os olhos abertos, o MI que, em
- Fernandes, Beatriz média, efectuava mais carga era o esquerdo. No ponto máximo de
Fisioterapeuta agachamento, com os olhos ocluídos, o MI que, em média, efectuava
Profª. Assistente ESTeSL mais carga era o direito. Verificou-se, em média, uma maior
assimetria, no ponto máximo de agachamento, com os olhos
- Carolino, Elizabete ocluídos. Conclusões: O olho mais eficaz para o controlo da postura
Matemática corresponde ao mesmo hemicorpo do MI que realiza mais carga
Profª. Assistente ESTeSL (membro de apoio). A informação visual é mais importante para a
manutenção da postura dinâmica do que para a manutenção da
postura estática.
Palavras Chave: aferência visual; visão; postura
oclusor, quando se pretendia apenas um olho carga, em média, era no teste D (301,19 N).
ocluído. Dividindo-se a amostra em dois grupos,
Resultados 1º grupo (15 indivíduos que apresentavam
Posição ortostática maior carga, em média, no MI esquerdo, no
teste A) e 2º grupo (14 indivíduos que
Verificou-se que, na posição ortostática
apresentavam maior carga, em média, no MI
o MI que, em média, efectuava mais carga nos
direito, no teste A), analisou-se separadamente
4 testes realizados, é o esquerdo. Analisando
cada grupo no que respeita às assimetrias nos
os dados no que respeita ao número de
vários testes. No 1º grupo observou-se uma
indivíduos que realizava mais ou menos carga,
maior simetria, em média, no teste C (olho
em cada membro inferior, obtiveram-se os
direito ocluído), 35,1 N, seguido pelos testes A
seguintes resultados: no teste A (olhos
(olhos abertos), 38,9 N, e E (olhos ocluídos),
abertos) 15 indivíduos (51,7%) realizavam
38,9 N, e o teste D (olho esquerdo ocluído),
maior carga (314,56 N) com o MI esquerdo;
40,9 N, onde se verificou uma maior
teste C (olho direito ocluído) 16 indivíduos
assimetria.
(55,2%) realizavam maior carga (313, 75 N)
com o MI esquerdo; teste D (olho esquerdo No 2º grupo observou-se, em média,
ocluído) 19 indivíduos (65,5%) realizavam uma maior simetria no teste D (olho esquerdo
maior carga (318,79 N) com o MI esquerdo; ocluído), 7,4 N, seguido pelos testes C (olho
teste E (olhos ocluídos) 16 indivíduos (55,2%) direito ocluído), 22,4 N, e E (olhos ocluídos),
realizavam maior carga (314,83 N) com o MI 21,8 N, e o teste A (olhos abertos), 23,4, onde
esquerdo. Observou-se uma maior assimetria se verificou uma maior assimetria.
(diferença da carga entre o MI direito e o MI Agachamento
esquerdo em cada teste), em média, no teste D
Verificou-se que, no ponto máximo de
(17,6 N), seguida pelo teste E (9,59 N), pelo
agachamento: teste B (olhos abertos), 18
teste A (8,8 N) e menor assimetria no teste C
indivíduos (62,1%) realizavam, em média, maior
(7,36 N). De todos os testes realizados foi no
carga (400,38 N) com o MI esquerdo; teste F
teste D que se verificou o maior número de
(olhos ocluídos), 16 indivíduos (55,2%)
indivíduos a realizar mais carga com o MI
realizavam, em média, maior carga (418,38 N)
esquerdo (n=19) e, em média, onde se realizou
com o MI direito. Verificou-se, em média, uma
a maior carga (318,79N).
maior assimetria no teste F (31,38 N),
No que respeita ao MI direito, nos enquanto que no teste B a diferença entre os
testes A, C, D e E, este realizava menor carga, dois MI foi de 18,55 N.
em média, do que o MI esquerdo. O teste no
qual o MI direito realizava mais carga era o C
(306, 39 N), seguido do teste A (305,76 N), Discussão
teste E (305,24 N) e no que realizava menos Posição ortostática
Neste estudo procurou-se estudar a
relação entre a visão e a postura, neste caso a apoiada por Raîche et al. (1998), cujo estudo
simetria das transferências de carga. De revelou uma assimetria na carga efectuada
acordo com Palmer & Epler (2000), aquando pelos MI que aumenta quando os indivíduos
da avaliação da postura através do exame estão com os olhos ocluídos. Os autores
clínico, a simetria é um factor muito importante defendem, porém que essa assimetria é
para a avaliação, sendo que a presença de funcional e aumenta a capacidade do indivíduo
assimetrias está associada à presença de para restabelecer o equilíbrio, uma vez que,
alterações posturais, desequilíbrios e quando se transfere mais carga para um MI, o
patologias. Porém, estes autores consideram outro fica mais disponível para efectuar uma
normal ocorrer uma assimetria relacionada reacção de extensão protectiva.
com o membro superior dominante. No Observou-se que, nos indivíduos que
presente estudo também foi encontrada efectuavam maior carga com o MI esquerdo,
assimetria entre a carga efectuada nos MI. No com a oclusão do olho direito (teste C) se
que respeita à posição ortostática, nos testes verificou uma menor assimetria, em média, em
A, C, D, e E, a percentagem de indivíduos que relação ao teste realizado com o olho esquerdo
realizava maior carga com o MI esquerdo era ocluído (teste D), pelo que se pode supor que o
superior (51,7 % no teste A, 55, 2% no teste seu olho mais eficaz no controlo da postura
C, 65,5% no teste D e 55,2% no teste E). Este será o esquerdo. Por seu lado, nos indivíduos
achado poderá estar relacionado com as em que a maior carga era realizada com o MI
curvaturas fisiológicas laterais da coluna direito no teste A (olhos abertos), verificou-se
vertebral: a curvatura cervical convexa à uma menor assimetria em relação ao teste D
esquerda, a curvatura dorsal convexa à direita (olho esquerdo ocluído), em comparação com o
e a lombar convexa à esquerda (Pina, 2004). teste C (olho direito ocluído). Constatou-se a
Se a curvatura dorsal não compensar as partir destes achados, que a perna que
outras duas curvaturas, a carga efectuada pelo realizava mais carga coincidia com o olho mais
MI esquerdo será superior. Por outro lado, de eficaz no controle da postura e que, na maioria
acordo com Stern & Shif (s.d.), citados por dos indivíduos da amostra, este se encontrava
Kosog (1999), a maior parte das pessoas que à esquerda. Este facto está de acordo com
são destras ao nível do membro superior, Sérgio (1995), segundo o qual o olho director
também o são no MI (membro inferior da verticalidade será o esquerdo.
dominante). O membro dominante é, segundo Perennou et al. (1997) obtiveram
Carpes (2005), o primeiro a responder a resultados semelhantes aos do presente
qualquer solicitação, como dar um passo. estudo, no que respeita à maior assimetria, em
Deste modo, o membro não dominante será o média, quando se realizou o teste com o olho
membro de apoio, deixando o membro esquerdo ocluído. Estes investigadores
dominante livre para efectuar mais realizaram um estudo que pretendia testar a
prontamente as actividades. Esta afirmação é hipótese de que o hemisfério cerebral direito é
dominante no controlo visual. Para testar esta avaliado é a simetria da distribuição da carga
hipótese realizaram um procedimento entre os dois MI, e não a oscilação do centro
experimental em que colocaram oito indivíduos de gravidade, como é referido na bibliografia.
adultos saudáveis num estabilómetro com Para além disso, apesar de diversos estudos
olhos abertos, olhos fechados (no escuro), olho (Edwards, 1946; Lee & Lishman, 1975; Paulus
direito fechado e olho esquerdo fechado. Os et al., 1984, citados por Cook & Woollacott,
resultados deste estudo mostraram que a 2001) provarem que os inputs visuais têm
estabilização da cabeça no espaço é muito influência no controlo postural, estes não são
mais eficiente com as aferências provenientes absolutamente indispensáveis para o controlo
do campo visual esquerdo do que nas outras da postura em posição ortostática. Este
três condições visuais. Verificando-se uma pressuposto deve-se à habilidade do sistema
dominância clara do hemisfério direito no nervoso central em modificar a importância de
controlo da postura da cabeça. Esta hipótese qualquer aferência e pelo facto das aferências
poderá explicar porque se obteve maior visuais serem facilmente substituídas pelos
simetria, em média, com o olho esquerdo inputs vestibulares e somatosensoriais, em
aberto nos indivíduos da amostra. caso de défice visual.
Quando se comparam os resultados do Verificou-se também que a simetria em
teste A (olhos abertos) e E (olhos ocluídos), no relação ao eixo sagital sofria maiores
que diz respeito ao número de indivíduos, alterações quando a amostra era sujeita à
verifica-se que a maioria dos indivíduos (n=18) oclusão do respectivo olho mais eficaz no
aumenta a assimetria quando são sujeitos à controle da postura (teste D no 1º grupo e C
oclusão dos dois olhos (teste E). Porém, quando no 2ª grupo), em relação aos dois olhos
se comparam estes mesmos testes em ocluídos (teste E). Este achado pode ser
relação à média da assimetria, verifica-se que explicado pelo seguinte: a manutenção da
não ocorreram grandes diferenças nos dois postura e equilíbrio depende da tríade óculo-
testes [teste A (8,8 N) e teste E (9,59 N)]. Esta vestíbulo-cerebelosa; quando falta uma das
semelhança, que não era esperada informações, esta é colmatada pelos restantes
inicialmente, pode ser explicada por diversos sistemas, que proporcionam um controlo
factores. O primeiro, prende-se com as simétrico, pelo que a distribuição da carga
contingências da plataforma utilizada no entre o MI esquerdo e direito se mantém.
estudo, uma vez que este aparelho não mede Porém se a informação é “enviesada”, devido à
as oscilações do centro massa, mas só a carga oclusão do olho com maior capacidade de
que é realizada em cada um dos membros regulação tónico-postural , esta vai alterar a
inferiores. Deste modo, o tratamento dos postura e a simetria em relação ao eixo sagital.
dados, fornece apenas a média da carga em Agachamento
cada MI e a média das diferenças da carga No que respeita ao agachamento
entre os membros, pelo que o que é realmente verificou-se que, em média, no ponto máximo
tamanho da amostra, uma vez que se trata de Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins.
uma amostra por conveniência, constituída por - Fernandes, J. (1994). Comportamento Postural e
apenas 29 indivíduos. Deficiência Visual - influência na prática desportiva
de alto rendimento no comportamento postural de
Outra das limitações do estudo foi a
indivíduos com capacidade visual nula e muito
falta de informação quanto à lateralidade dos
reduzida. Tese de doutoramento apresentada à
indivíduos estudados e ao respectivo olho
Faculdade de Motricidade Humana, Lisboa.
dominante, o que não permitiu tirar conclusões
- Gouazé, A. (1983). Léxamen Neurologique et ses
quanto à relação que é descrita na bibliografia Bases Anatomiques (1ª ed.). Paris: Expansion
entre a lateralidade, olho dominante e MI Scientifique Française.
dominante, a qual refere que o olho dominante - Kosog, S. (1999) The Dominant Leg. Consultado
corresponde ao hemicorpo do MI e membro em 8 de Junho de 2005 através de
superior dominante em 80% dos casos. http://www.somatic.de/Dominantleg.htm.
Além das limitações já referidas, uma - Palmer, M., Epler, M., (2000). Fundamentos das
outra que foi encontrada, diz respeito ao facto Técnicas de Avaliação Musculoesquelética (2ª ed.).
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
de os testes não terem sido realizados à
- Perennou, A., Amblard, B., Laassel, E.,Pelissier, J.
mesma hora. Esta situação deveu-se à
(1997). Hemispheric asymmetry in the visual
limitação no tempo para a sua realização e
contribution to postural control in healthy adults.
ainda pelo facto de os mesmos estarem
Neuroreport, 8(14), 3137-3141. Consultado em
condicionados à disponibilidade horária dos 14 de Junho de 2005 através de http://asb-
indivíduos da amostra e da plataforma mtd- biomech.org/onlineals/NACOB98/180/.
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Theory and Practical Applications (2ª ed.). and Spatial Orientation in the Maintenance of
Posture. Physical Therapy. 77 (6), 619-628.
Terapia com
Ondas de Choque - Publirreportagem
ELIO DI PALMA
LICENCIADO EM CINESIOTERAPIA E REEDUCAÇÃO As ondas mecânicas aplicadas no exterior do corpo são
LICENCIADO EM OSTEOPATIA utilizadas desde os anos 80 na área da urologia para
PROFESSOR DE ELECTROFISIOTERAPIA E BIOMECÂNICA
DA LA HAUTE ÉCOLE ANDRÉ VESALE DE LIÈGE, SECÇÃO destruir os cálculos renais. É a terapia com ondas de
CINESIOTERAPIA. choque extra-corpóreas ou ESWT (Terapia de Ondas de
GYMNAUNIPHY Choque Extra-Corpóreas). Neste caso específico, falamos
SORISA SA de litotrícia.
N
o início dos anos 90, começaram a ser
estudadas em traumatologia pela sua
capacidade de favorecimento da
cicatrização de fracturas, em particular nos casos
de atraso na consolidação de fracturas, de não-
união ou de pseudartrose. Subsequentemente, esta
terapia é cada vez mais utilizada para tratar
diferentes tipos de lesões músculo-esqueléticas.
Neste caso, falamos de ortotrícia.
O que significa que dois aparelhos que forneçam 4bar poderá provocar pequenos hematomas. O tratamento
não fornecem necessariamente o mesmo nível de não é repetido antes de uma a doze semanas.
energia. A terapia com ondas de choque extra-corpóreas A terapia com alta densidade de energia: geralmente
tem indicações diferentes de acordo com as densidades entre 0,28 e 1,5mJ/mm² por impulso, é utilizada
de energia: sobretudo para destruir cálculos renais, os tecidos calci-
de choque e uma vibração (infra-sons). Esta associação • Formação de micro-correntes essenciais ao processo
abre a porta à utilização da RSWT nas patologias de cicatrização;
musculares como as contracturas, alongamentos, • Modificação da permeabilidade das membranas
lacerações, enxaquecas de tensão… celulares, por exemplo, das fibras nervosas nociceptivas,
Existem ainda outros tipos de cabeças para aplicações podendo ir até à quebra mais ou menos completa,
específicas como a cabeça para os pontos desen- prevenindo assim a sua despolarização;
cadeantes e a cabeça para os pontos de acupunctura • Analgesia por hiperestimulação semelhante à
(acupressão). provocada por determinadas aplicações de
electroanalgesia e remete para a teoria “gate control” de
Modo de acção Melzack e Wall e para a libertação de endorfinas;
• Modificação do arco reflexo do controlo do tónus
Os mecanismos de acção das terapias através de ondas
muscular;
acústicas ainda não são claros.
• Aumento da difusão de citocina através das paredes
As características das ondas extra-corpóreas induzem vasculares, acelerando a cicatrização;
uma cavitação (produção de bolhas gasosas) nos líquidos
• Fragmentação e detersão do tecido patológico
intersticiais, produzindo micro-danos nos tecidos. Os
debilitado (aqui supõe-se que uma parte dos tecido não é
micro-danos induzidos pela cavitação são responsáveis
patológica e pode ajudar à cicatrização).
por uma parte do efeito terapêutico.
O esquema abaixo ilustra a continuação dos efeitos
mecânicos das diferentes técnicas nos tecidos moles:
Fricção Mobilização
transversa aumentada dos RSWT ESWT
de Cyriax tecidos moles
Técnicas de aplicação
O tratamento deve ser efectuado sobre o local exacto de
uma lesão bem diagnosticada, localizada e palpável. Esta
precaução é mais imperativa se a zona de tratamento
for pequena. Geralmente, são suficientes três sessões
de tratamento de 1000 a 2000 ondas mecânicas (5 a
15 minutos por tratamento).
“ O tratamento deve ser efectuado sobre o local exacto
de uma lesão bem diagnosticada, localizada e palpável”
Indicações
Os outros micro-danos são produzidos directamente
• Bursites;
pelos efeitos mecânicos no tecido.
• Tendinopatias (epicondilites, epitrócleites, tendão de
Certos autores sugerem que para as doenças degene- Aquiles, tendão da rótula, …);
rativas dos tecidos moles, como as tendinopatias • Tendinite calcificante do ombro;
degenerativas ou crónicas, a estimulação de um • Esporão do calcâneo;
processo inflamatório pode ajudar a estimular a • Fasceíte plantar;
regeneração do tendão. • Periostite;
Os efeitos principais atribuídos são: • Banda iliotibial;
• Doença de Lapeyronie;
• Aumento da circulação sanguínea e criação de uma • Pontos gatilho (com cabeça específica);
neovascularização da zona tratada; • Pontos de acupunctura (com cabeça específica);
• Quebra dos depósitos cálcicos de modo a promover a • Contracturas musculares e sequelas de lesões
sua reabsorção; musculares, cefaleia de tensão, lombalgia.
Contra-indicações Bibliografia
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Tel. 21 381 80 00 dans le traitement de la tendinopathie calcifiante de l'épaule",
E-mail: marketing@sorisa.pt dans Ondes de choc extracorporelles en médecine orthopé-
dique, Herisson, Ch., Brissot, R, Jorgensen, C. et M. Genty,
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Zingas, C.N. et coll.: "Shock Wave Therapy for Plantar
Fasciitis", AOFAS 2000 Annual Summer Meeting.
atletas de alta competição, a formular planos Europeias), sendo registadas, de acordo com a
Resultados
No final da época foi registado um total
de 19 lesões (Figura 1) no decorrer dos 46
jogos (75 horas) e das 348 horas de treino,
em 12 atletas, sendo a lesão mais frequente a
Figura 2. Incidência de lesões de sobrecarga funcional
lombalgia mecânica (15,8%). Neste grupo de durante a época desportiva
atletas o rácio de lesão por atleta é 1,58, tendo
ocorrido uma lesão em cada 22,3 horas de Neste estudo a lesão aguda mais
competição (treinos e jogos). frequente foi a entorse do joelho (10,5%). Com
menor expressão percentual foram
diagnosticadas (Médico Ortopedista) as
Lesões coluna vertebral seguintes lesões agudas: torcicolo agudo,
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: entorse da tibio-társica, entorse do cotovelo,
Lesões Musculares
contractura muscular do quadricípete,
Lesões Tendinosas
contusão muscular do quadricípete e ruptura
Limitações:
Lesões Articulares muscular do gastrocnémio medial.
2 5
A região corporal mais lesada foi o
0 1 3 4 6
Número de lesões membro inferior (n=11), seguido do tronco
Figura 1. Lesões ocorridas durante uma época (n=5) e do membro superior (n=3) (Figura 3).
desportiva
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Outcome for Primary Health Care – Oxford. Medical
Publications.
Imagiologia na Fisioterapia
Patrício, P.
RESUMO
A prestação de cuidados de saúde de excelência exige a
permanente articulação de conhecimento entre equipas
multidisciplinares nas diversas áreas médicas e das tecnologias da
Autores saúde, nas quais se incluem, nomeadamente, a Imagiologia e a
Fisioterapia, de modo a garantir uma adequada resposta às
necessidades de saúde de cada paciente.
- Patrício, Pedro
Téc.º Coordenador de
Neste contexto, é essencial definir a sensibilidade das diferentes
Imagiologia modalidades imagiológicas para o diagnóstico mais adequado,
Hospital da Luz / Clínica tendo em conta a particularidade de cada situação clínica.
Parque dos Poetas Assim, neste artigo, para além de uma breve síntese histórica,
Espírito Santo Saúde serão abordadas de forma sumária, as diferentes técnicas
imagiológicas mais utilizadas em ambiente fisioterápico, bem como
a principal vocação de cada uma delas, na perspectiva de as
enquadrar na já referida particularidade clínica.
RESUMO
Com as alterações estruturais ao nível do sistema de saúde
português, surge a necessidade de evidenciar o papel dos
Autores fisioterapeutas no referido sistema , como agentes indispensáveis
para a melhoria da qualidade e eficácia na prestação de cuidados
- Coutinho, Isabel Maria de saúde.
Fisioterapeuta, Profª. Desta forma impõe-se a necessidade de regular sectores de
Coordenadora do Curso actividades de prestação de cuidados de saúde, processo só
Superior de Fisioterapia da possível de atingir pela prossecução de algumas etapas.
ESTeSL A primeira etapa superou-se ao atingir um quadro legal
onde é muito clara a definição de fisioterapia, recorrendo-se à
mesma para definir o fisioterapeuta, tanto no sector público, como
no sector privado,
A etapa seguinte expressa-se na World Confederation for
Physical Theraphy (WCPT) e na Associação Portuguesa de
Fisioterapeutas (APF) ao definirem os padrões de prática em
fisioterapia. Estes têm como finalidade melhorar a qualidade dos
cuidados globais de saúde, pela implementação de padrões
elevados de educação e prática em fisioterapia (APF, 2005).
Objectivos: Analisar o percurso do exercício da fisioterapia
em Portugal e dos seus padrões de prática.
Nacional de Certificação, criado pelo Decreto- sistema educativo nacional ao nível do Ensino
Lei nº95/92, de 23 de Maio, e regulamentado Superior Politécnico e à subsequente
pelo Decreto Regulamentar nº68/94, de 26 publicação do Decreto-Lei nº415/93, de 23 de
de Novembro, nomeadamente através da Dezembro, no qual se verificaram alterações
Comissão Permanente de Certificação e da significativas de ordem curricular e institucional
Comissão Técnica Especializada da Saúde. nos estabelecimentos de ensino,
No desenvolvimento do Decreto-Lei consubstanciando-se, de igual modo, a evolução
nº261/93, de 24 de Julho, e no quadro do verificada no domínio das ciências aplicadas da
disposto da base XV da Lei nº48/90, de 24 de saúde, no âmbito das profissões que integram
Agosto, a relevância das actividades de saúde a carreira.
exige que a sua prestação seja sujeita a acções Assim, o Decreto-Lei nº 564/99, de 21
de acompanhamento, evitando situações de de Dezembro, visa dotar a carreira de Técnico
exercício inqualificado que devem merecer a de diagnóstico e terapêutica, onde estão
imediata intervenção dos poderes públicos, integrados os fisioterapeutas, de um estatuto
através dos actuais mecanismos do que melhor evidencie o papel dos profissionais
licenciamento, de acções inspectivas e da no sistema de saúde, como agentes
especial atenção das autoridades de saúde. indispensáveis para a melhoria da qualidade e
Em síntese, o Decreto-Lei nº320/99, eficácia da prestação de cuidados de saúde,
de 11 de Agosto, tem como objecto a definição adoptando uma escala salarial adequada aos
dos princípios gerais em matéria do exercício níveis de formação anteriormente consagrados
das profissões de diagnóstico e terapêutica, e a um desempenho profissional que se revela
em geral, e da fisioterapia em particular, de crescente complexidade e responsabilidade.
passando a designa-las por profissões e A alteração pontual da carreira
procede à sua regulamentação para o sector introduzida pelo Decreto-Lei nº 564/99, de 21
privado. de Dezembro, tem subjacente o
No que diz respeito ao sector público, a reconhecimento da necessidade de uma
carreira de técnico de diagnóstico e reestruturação mais aprofundada que
terapêutica, na qual estão integrados os compatibilize o respectivo exercício como
fisioterapeutas, encontra-se regulamentada processo de reforma de ensino em curso,
pelo Decreto-Lei nº384-B/85, de 30 de entretanto reflectindo no seu novo grau
Setembro, e diplomas complementares, académico previsto na portaria nº 505-D/99,
inserindo-se nos corpos especiais da saúde de 15 de Julho (Licenciaturas Bietápicas), e
instituídos pelo Decreto-Lei nº184/89, de 2 de que procede à reavaliação das designações
Junho. quer da carreira quer das profissões em geral
A necessidade de um novo estatuto de que a integram e da fisioterapia em particular,
carreira para estes profissionais deve-se à de modo a torná-las mais consentâneas com o
reformulação do ensino, à sua integração no seu grau de desenvolvimento.
Do mesmo modo será essencial ter em mesma, determina os princípios éticos que os
conta, nessa futura reestruturação, uma Membros das Organizações aderentes devem
definição de conteúdos funcionais, actualmente respeitar pelo facto de serem membros da
regulados pela Portaria nº 256-A/86, de 28 WCPT.
de Maio, manifestamente desactualizados, mas Estes princípios estabelecem que os
com justificação residual, pelo que se mantêm fisioterapeutas devem (APF, 2005):
transitoriamente em vigor (D.L. nº 564/99, de • Respeitar os direitos e a dignidade de todos
21 de Dezembro). os indivíduos;
No que respeita à caracterização das • Agir de acordo com as leis e regulamentos
profissões que integram a carreira, e tendo em da prática de fisioterapia no país em que
conta os princípios gerais constantes no trabalham;
Decreto-Lei nº 320/99, de 11 de Agosto, • Aceitar a responsabilidade para o exercício;
optou-se por inserir neste diploma o conteúdo
• Providenciar o exercício profissional
da lista do Decreto-Lei nº 261/93, de 24 de
responsável, honesto e competente;
Julho (D L. nº 564/99, de 21 de Dezembro).
• Ter a obrigação de promover serviços de
Em resumo, no actual quadro legal é muito
qualidade, de acordo com os objectivos e
clara a definição de fisioterapia e recorre-se à
política delineadas pela APF;
mesma para se definir o fisioterapeuta, tanto
• Ter um nível salarial suficiente e justo para o
no sector público, como no sector privado.
exercício profissional;
• Promover uma informação cuidada aos
Os Padrões de Prática em Fisioterapia
utentes, a outras instituições e à comunidade
A World Confederation for Physical
sobre a fisioterapia e o papel do
Theraphy (WCPT) e a Associação Portuguesa
fisioterapeuta; e
de Fisioterapeutas (APF) ao definirem os
• Contribuir para o planeamento e
padrões de prática em fisioterapia, têm como
desenvolvimento das unidades que dão
finalidade melhorar a qualidade dos cuidados
resposta às necessidades da saúde da
globais de saúde, pela implementação de
comunidade.
padrões elevados de educação e prática em
Os padrões de prática são necessários
fisioterapia (APF, 2005).
para (APF, 2005):
Nas Declarações de Princípios e
Recomendações da WCPT, bem como no art. • Implementar a qualidade dos serviços
2º dos Estatutos da APF está consagrada a prestados e a sua auto-regulação,
obrigação de assegurar padrões de elevada demonstrando também aos cidadãos que os
qualidade, na prestação e cuidados (APF, fisioterapeutas são profissionais de saúde
2005). O documento, que foi aprovado em indispensáveis neste processo;
Assembleia Geral da WCPT, em 1995, e ao • Orientar os fisioterapeutas na conduta e
qual a APF está vinculada por integrar a avaliação das suas práticas;
Aplicada,Lisboa.
- Coutinho, M. I. (2003). Atitudes dos
Fisioterapeutas face aos Padrões de Prática em
Fisioterapia. Dissertação apresentada para a
realização de provas públicas para professor-
coordenador á Escola Superior de Tecnologia da
Saúde de Lisboa, Lisboa.
Índice de Anunciantes
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LISBOA
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