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As dificuldades de aprendizagem de cálculo diferencial e integral na

engenharia
O elevado índice de reprovações e desistência dos alunos do ensino superior em
disciplinas de cálculo, tem feito pesquisadores e professores tentar entender o porquê
dessa situação estar cada vez mais comum. Alguns acreditam ser a fraca base de
matemática que os alunos recebem no ensino fundamental e médio, outros, que a
culpa é da má formação dos profissionais responsáveis pelo ensino dessa disciplina, e
há quem diga, que é culpa da não escolha adequada da metodologia e a falta de
relação entre o conhecimento e a aplicação no dia a dia.
Muitas universidades tem buscado formas de tentar minimizar as reprovações e
evasão, algumas das estratégias são: Aumento da carga horaria, aulas de reforço,
redução do conteúdo (dando ênfase nas matérias ditas como mais importantes),
programas de monitoria, desenvolvimento de material didático específico,
especialização dos professores.
Essa situação tem sido foco de estudo desde a década de 1970. Professores,
pesquisadores e alunos de pós-graduação, preocupados com o cenário atual, veem
realizando pesquisas visando entender e propor mudanças no ensino das disciplinas de
cálculo e matemática. O assunto deve ser levado a sério, pois muitos alunos que
reprovam em calculo acabam desistindo do curso, e procuram outras graduações onde
o cálculo não é uma disciplina obrigatória.
Algumas instituições propõem a inserção de disciplinas preparatórias para o curso de
cálculo como “cálculo zero”, “pré-cálculo”, “matemática básica”.
Em 2004, alguns professores da UFOP-Universidades federal de Ouro Preto-
desenvolveram um material, cujo objetivo era entender o motivo do insucesso do
curso de cálculo nas graduações de engenharia, visto o grade índice de reprovação e
desistência dos alunos. Primeiro foi elaborado uma avaliação aos calouros dos cursos
de engenharia civil, ambiental, produção, geológica, metalúrgica e de minas, para
medir o nível de conhecimento matemático que esses estudantes possuíam ao sair do
ensino médio. Também foi proposto um formulário para traçar o perfil sócio-
econômico dos estudantes. Como resultado, os pesquisadores obtiveram os seguintes
dados: Um desempenho médio de 70%-considerado bom pelos avaliadores- em que
deixa claro que a maioria dos estudantes, possuem um bom conhecimento
matemático para ingressar na disciplina de cálculo. Quanto ao perfil sócio-econômico,
a maioria eram solteiros (98,8%), casados e viúvos (1,2%). No que se refere à renda
(2,5% possuíam renda igual ou inferior a 1 salário mínimo), (65,3% entre 1 e 10
salários) e (32,4% superior a 10 salários). Em relação a trabalhos remunerados 82,8%
declararam não possuir, sendo sustentados por pais ou responsáveis, e 17,2% possuem
atividade remunerada. Em relação a escola que frequentou 48,1% estudaram a maior
parte do tempo em escolas públicas, e 51,9% estudou apenas em escola particular.
Com base nesses dados os pesquisadores perceberam que a maioria dos alunos
tinham tempo para estudar, possuíam uma boa renda financeira e tinham estudado
em escolas consideradas melhores, tinham um bom conhecimento matemático e
mesmo assim havia um alto índice de reprovação, então avaliaram os professores de
cálculo e as metodologias, fazendo questionários. Perceberam que o fato dos
professorem terem uma formação especifica em matemática pura (não que seja ruim,
muito pelo contrário, pois o professor possui um grande conhecimento da matéria),
acabava criando uma espécie de bloqueio nos alunos de engenharia, pois os métodos
de ensino ficavam muito na área teórica, com exercícios quase prontos ( com a
necessidade apenas de algumas ferramentas matemáticas para resolução) sem
conexão com a aplicação no dia a dia dos engenheiros, com constantes aulas
expositivas em sala, o que desestimula o aluno a querer aprender, fazendo os alunos
acharem o cálculo cansativo e sem propósito . Outro fator que contribui é a literatura
disponível, a maioria dos livros são traduzidos do inglês, com muitos exemplos que não
fazem parte da realidade dos alunos brasileiros, sem falar nos com pouca aplicação na
engenharia. A maioria dos estudantes acham os livros com linguagem complicada,
alienada e desestimulante.
Cabe então aos professores saírem dos métodos tradicionalistas, e abrirem espaços
para metodologias mais interdisciplinares que façam os alunos sentirem prazer e
interesse no cálculo. O uso da tecnologia e de softwares para o ensino da matemática,
como por exemplo o Mathematica, Matlab e o Minitab entre outros são ferramentas
excelentes para o auxílio dos professores. O aprimoramento desses profissionais
colocando-os mais próximos da realidades vivida por engenheiros modernos, é uma
tarefa das instituições. A quantidade de alunos por sala é outro fator que deve ser
observado, evitando as salas super lotadas.

Referências:
CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL: ESTRATÉGIAS ADOTADAS POR UNIVERSIDADES
PARA REDUZIR O PERCENTUAL DE REPROVAÇÃO/EVASÃO NA DISCIPLINA. (Roseane
Cordeiro Rafael)
CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NOS CURSOS DE
ENGENHARIA DA UFOP: ESTRATÉGIAS E DESAFIOS NO ENSINO
APRENDIZAGEM_COBENGE2004 (Geovane C. Máximo)

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