Como Desenhar Algo A Partir Da Sua Imaginação

12/07/2017 Como Desenhar algo a partir da sua Imaginação?
COMO DESENHAR ALGO A PARTIR DA SUA IMAGINAÇÃO?

written by C.D.Z. Team
É assim que começa. Você imagina um dragão majestoso, sua cabeça assustadora, suas escamas, asas maravilhosas,
e o longo rabo com uma porção de espinhos… é tão real que você quase consegue tocar no dragão!
Você pega um lápis, ou uma caneta da mesa digitalizadora, e você sente aquela energia mágica que acompanha a
criatividade, e… nada fica como você imaginou. Simplesmente não fica. E você até entenderia se você não soubesse
desenhar nada, mas não é o caso, você consegue desenhar coisas realísticas seguindo referências! Suas linhas são
claras, você consegue controlar o lápis, você acerta as proporções – mas apenas quando aquela coisa pode ser
encontrada na sua realidade.
Desenhar a partir da imaginação parecer uma habilidade mais complexa do que simplesmente recriar a realidade.
Afinal, é uma criação de fato – você está dando vida para algo que ninguém viu antes! E todas essas criaturas
fantásticas e essas histórias maravilhosas estão esperando na sua mente para serem libertadas. Você quer observar
elas nascerem no papel, se tornarem realidade, para que todos possam admirara-las como você. Porque é tão difícil?
Como conseguir a conexão certa entre a imagem na sua imaginação e as linhas criadas pela sua mão?
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Como você desenha?

Essa é a primeira pergunta que eu preciso que você responda. Desenhar não é tão simples quanto parece – é
composto de aspectos muito diferentes (é por isso que tantos estilos diferentes podem surgir mesmo existindo
apenas uma realidade). Portanto, o método que você utiliza para desenhar com referências pode ser (e
provavelmente é) completamente diferente do método que você utiliza para desenhar a partir da imaginação. Logo,
não é surpreendente que um seja fácil, e o outro impossível para você, apesar de ambos serem “desenhos”.
O mesmo efeito pode ser obtido utilizando dois métodos diferentes. Por exemplo, você pode conseguir um retrato
realístico de um cavalo:
Tirando uma foto de um cavalo real
Esculpindo um cavalo realístico e tirando uma foto na luz apropriada
Utilizando pigmentos para criar uma pintura de um cavalo
Usando pontos de luz para criar uma pintura digital de um cavalo
Todos esses métodos, se usados corretamente, darão para você o mesmo retrato realístico de um cavalo. O mesmo
vale para seus desenhos – mesmo um desenho baseado em referências e um desenho baseado na sua imaginação
serem desenhados com as mesmas linhas, com a mesma mão e com a mesma mente, eles são criados de uma forma
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completamente diferente. Em outras palavras, existem dois processos diferentes acontecendo na sua mente quando
você cria e quando você recria.
Desenhando com referências: Copiando

Pegue uma referência, tente desenhar e observe como você faz isso. Como isso funciona? O que você está
fazendo exatamente, além de “desenhando”? Observe o processo que está acontecendo na sua mente, analise ele.
Que perguntas você se pergunta quando está copiando, e como você responde elas?
O jeito mais comum de usar referências é copiar as linhas. Para fazer isso, você precisa dominar as proporções –
identificando as distâncias e recriando elas em uma escala diferente. É relativamente fácil praticar essa parte e você
têm resultados rápidos, assim como a impressão que você se tornou bom em desenho.
Contudo, você se tornou bom apenas em bom em copiar linhas e proporções. Se você tiver uma boa memória,
você pode até memorizar as linhas e desenhar o mesmo objeto sem a referência depois, mas ainda assim você não
está desenvolvido as habilidades necessárias para desenhar a partir da imaginação. Existem linhas demais para
lembrar e elas são facilmente esquecidas!
A referência (1) é visualmente convertida em linhas (2), e depois as linhas copiadas (3).
Um conjunto tão preciso de linhas é algo propenso para ser mal interpretado – com o tempo, esse conjunto
literalmente se despedaça na sua memória e você precisa preencher as lacunas com suas adivinhações.
Desenhando a partir da imaginação: Vendo

Agora tente desenhar algo a partir da imaginação. Quais questões surgem? E o que você faz para responder elas?
Um processo típico de desenhar com a imaginação se parece com isso: você vê a imagem de algo na sua mente,
você pode até sentir, logo você começa a desenhar. A ideia na sua mente começa a parecer meio elusiva – você não
vê mais tão claramente, mas você ainda tem um bom pressentimento que se você segurar o lápis, suas mãos vai
entender a sua mente. Mas isso não acontece, e você se sente horrível.
A ideia na sua cabeça não pode ser convertida em linhas como uma referência.
É por isso que um desenho feito a partir da sua imaginação não pode ser criado da mesma forma que um desenho
feito a partir de uma referência. Você não pode copiar as linhas e as proporções de algo que você ainda não viu – é
só depois de desenhar que você consegue ver se era isso que você esperava ou não. Mas, porque? Porque você tem
esse pressentimento que você tem a imagem tão clara na sua mente, quando na verdade você não tem?
Imagens da Imaginação
A imaginação é uma característica da nossa mente que permite que você misture elementos da realidade a fim de
criar uma nova versão dessa realidade. A criatividade representa a habilidade nesse quesito. Quanto mais criativo
você for, mais originais as estruturas criadas por você serão.
A imaginação torna possível criar uma nova realidade com pedaços da original.
Nós todos somos criativos em algo, mas alguns de nós se destacam nesse quesito. Algo interessante é que as
crianças são geralmente muito criativas, porque elas não levam em consideração o conceito do absurdo. Elas apenas
criam e não julgam suas criações. A medida que envelhecemos, nós aprendemos mais e nossa criatividade
normalmente sofre com isso, porque adquirimos um medo do fracasso e do ridículo.
Uma dica bônus: se você quiser treinar sua criatividade, ache um parceiro e se perguntem perguntas difícil nas quais
vocês não podem responder “eu não sei”. Quanto mais loucas forem as perguntas e as respostas, melhor!
Ser criativo é o suficiente para criar coisas na imaginação, mas não é o suficiente para trazer elas para a vida. Você
precisa saber os elementos da realidade que você está acostumado para criar uma nova versão desses elementos.
Não importa se você quer desenhar um dragão, e um dragão não existe, porque o que de fato existe é o conceito do
dragão. Na nossa cultura ele é conhecido por ser um réptil grande escamado e com asas, por possuir garras e
mandíbula de um animal carnívoro. As suas pernas possibilitam uma movimentação efetiva, e as suas assas também
essa mesma função. É uma quantidade enorme de informações que você deve possuir para poder desenhar – e você
possui?
Memória
Nós sabemos que existem dois tipos de memórias: passiva e ativa. A memória passiva é aquela armazenada – você
usa apenas para reconhecer alguma coisa. Por exemplo, o objeto 1 está salvo na sua memória passiva com as
características A, B e C, logo quando você ver um objeto com as características A, B e C, você vai identificar o
objeto 1. Não é necessário muito esforço para armazenar alguma coisa na memória passiva, e ela costuma ficar
armazenada por bastante tempo. Contudo, você não tem um acesso direto à ela – você precisa ver um objeto para
lembrar dele. Sem o objeto, a informação simplesmente não existe para você.
A memória passiva agrupa todo tipo de informações ao seu redor, sem que você peça por isso. É bem detalhada,
apesar de não ser diretamente acessível. Você só consegue obter informações por meios externos, é um detalhe
equacional (algum desses objetos possuem as características A, B e C?).
A memória ativa é mais complexa. Contém uma cópia da informação que você recebeu conscientemente e decidiu
guardar. Quando você se esforça para memorizar alguma coisa, você pode esculpir uma cópia disso. Contudo, essa
escultura derrete com o tempo, então você precisa voltar e conserta-la constantemente. Esse é o mecanismo para
memorizar e repetir.
Memória Passiva
Vamos analisar o processo de memorização um pouco melhor. Memória passiva é algo completamente
subconsciente –você olha para um objeto (1) e as suas características se salvam na sua mente (2). Mas você nem
percebe isso! É dessa forma que você “lembra” dos cortes de cabelo e dos rostos dos seus amigos sem pensar sobre
isso.
A memória passiva faz com que você se sinta familiarizado ao olhar para um objeto – isso é porque seu
subconsciente está checando para ver se já está armazenado, caso contrário deve ser salvo. É por isso que uma
criança se encanta com tudo que ela vê (a memória passiva dela está quase vazia), e um adulto raramente repara
nessas coisas. Quando nós vemos algo que nunca vimos antes, chama a nossa atenção, para que possa ser salvo
corretamente na nossa memória passiva. Feito isso, o objeto não é mais interessante.
A memória passiva, embora não exija de nós nenhum esforço, é muito útil e rápida. Faz com que você reconheça as
coisas ao seu redor sem fazer uso da sua consciência. Você simplesmente olha para algo, seus olhos levam essa
informação para o cérebro, e de repente você sabe para o que você está olhando – sem nem mesmo estar consciente
que você não sabia por alguns segundos. Você nem fica sabendo que você tinha uma pergunta, porque ela já foi
respondida!
É possível acessar informações armazenadas na memória passiva sem usar o mecanismo de comparação? Sim, mas
apenas subconscientemente. Pense sobre os seus sonhos – alguns deles, especialmente os lúcidos, você consegue
lembrar com uma quantidade fantástica de detalhes. O mundo dos sonhos é baseado inteiramente nas suas memórias
passivas, embora os dois tipos podem se confundir. É por isso que você pode lembrar de algo mesmo não pensando
sobre isso – seu subconsciente tenta responder a pergunta mesmo se seu consciente desistiu.
Memória Ativa
A memória ativa é mais complicada. Exige que você se esforce conscientemente para lembrar de algo. Funciona
dessa forma quando você tenta memorizar um nome ou um número: quando você decidelembrar de alguma coisa.
O esforço se paga –a memória ativa permite que você recrie algo da sua mente usando a mesma “receita” de quando
você tentou lembrar disso.
A memória ativa, como o nome sugere, exige sua consciência, e portanto, não é tão rápida. Você está ciente tanto da
pergunta quanto da resposta (ou a falta dela). Você precisa se esforçar para obter essa informação da sua mente.
Digamos que um de seus amigos muda o corte de cabelo. Sua memória passiva avisa para você que algo não está
certo (algo não se encaixa no padrão). Agora você precisa se lembrar como seu amigo se parecia antes, utilizando
sua memória ativa. Se você nunca se perguntou isso antes, você provavelmente não tem uma cópia dessa informação
salva na sua mente – apenas um modelo feito pelo seu subconsciente, inacessível para sua mente consciente.
Logo, a memória passiva nos avisa que você sabe, mas ao mesmo tempo não diz o que você sabe.
Eu não sabia que eu sabia

Agora, ambos os tipos de memórias são a mesma coisa. É o processo de armazenar e lembrar isso que diferencia
eles.
Vamos imaginar que as memórias podem ser armazenadas em um container que não possui aberturas, então se você
quiser armazenar alguma coisa dentro dele, você precisa fazer um buraco. Se você fizer inconscientemente, pode até
ser fácil, mas você não vai lembrar onde está o buraco quando precisar tirar a informação lá de dentro. A única coisa
que você saberá é se a memória está lá dentro ou não. Essa é a nossa memória passiva.
Se você quiser armazenar informações conscientemente, vai levar um pouco mais de tempo e de esforço. Toda
informação deve ser colocada para dentro por seu próprio buraco, mas se você conseguir fazer isso, você também
conseguirá tira-las de lá. Essa é nossa memória ativa.
O problema é que esses buracos se fecham com o tempo, complicando a retração da memória. Por que “sim” ou
“não” são tão simples, a memória passiva costuma durar para sempre. E não é que a informação armazenada lá
dentro mude, mas o buraco vai ficando pequeno demais para informações muito grandes, tornando quase impossível
recupera-las. A única forma de evitar isso é recuperar as memórias antes que o buraco fique pequeno demais.
Quanto mais frequentemente você fizer isso, mais garantido será!
Claro, essa é apenas uma das formas de simplificar o processo do que está acontecendo na nossa mente. A memória
humana não foi nem completamente entendida ainda, e é com certeza mais complexa do que da forma que estou
explicando. Ainda assim, essa metáfora de memória ativa e passiva é tudo que precisamos para entender e resolver
alguns problemas com os desenhos baseados na nossa imaginação.
Imaginação = Uma mistura de memórias

Agora sabemos porque, mesmo quando algo está muito claro nas nossas mentes, o desenho não fica como
imaginamos. Mas ainda tem mais.
É muito improvável que a criatura que você tem em mente de fato tenha uma forma visual. Nossas memórias são
muito complexas – por exemplo, quando eu digo “chaves”, você automaticamente pensa na forma de uma chave,
mas também sente o peso ou o cheiro do aço, e escuta o som de chaves se batendo, sente o frio do metal na sua mão,
dependendo de quais dos seus sentidos são mais aguçados.
Mais uma vez olhe novamente para a criatura na sua mente. Você a vê de fato? Ou talvez você sinta o peso do seu
corpo, o calor do seu hálito, ou escute o barulho que o rabo faz nas pedras?
Talvez você tenha aquela sensação estranha que não costumamos chamar de sentido, aquela sensação de
movimento, quando as garras estão posicionadas e prontas para atacar ou quando a vibração na garganta do animal
está bem evidente?
Todas essas informações fazem com que você acredite que enxerga a imagem da criatura completamente, enquanto
a sua informação visual – aquela que você precisa para desenhar alguma coisa – é quase nula. Como isso funciona?
Quando você sente as garras, você não precisa vê-las, porque elas já fazem parte da imagem de qualquer forma.
Contudo, você não pode desenhar um sentimento!
Como se certificar que a imagem que você vê está de fato completa e pronta para ser trazida para a realidade?
Teste sua imaginação!

Essa é uma forma simples. Trate todos os elementos da imagem como se eles fossem parte da memória ativa, para
que você possa ver se de fato eles fazem parte. Como? Simplesmente se pergunte sobre esses elementos, e responda
em palavras, não em desenhos. Quanto mais detalhada for a informação, maior é a sua chance de conseguir desenhar
esse elemento!
Contudo, existe uma pegadinha. Você muito provavelmente responderá facilmente essas questões:
Quantas pernas ele possui?
Quão grande são seus olhos?
Quão longa é sua cauda?
Quão longas são suas pernas?
Qual é o padrão dele?
Ele é grande ou pequeno?
Feminino ou masculino?
Musculoso ou magrinho?
Que tipo de pés ele possui: garras, cascos ou patas?
O problema com essas respostas é que elas ainda serão perguntas! O que significa “musculoso”? E o significa
“grande” ou “pequeno”? Qual a diferença entre “garras” ou “cascos”, entre “masculino” e “feminino”? Todas essas
definições são armazenadas na sua memória passiva, então você fica com o equívoco que você sabe as respostas,
mas isso não significa que você será capaz de acessar elas ativamente quando estiver desenhando!
Qual dessas acima é a “pata” que você estava falando? Dica: elas não são idênticas! É por isso que você sente tanta
tentação para desenhar ao invés de escrever as respostas. Você pensa: “eu não consigo descrever, mas se você me
deixar desenhar…”. Sua memória passiva precisa de algo para comparar, e sua mente pede que você desenhe para
que exista algo para comparar. Se você começar a desenhar as patas, você simplesmente receberá a resposta: “não,
as patas não são assim”. E é claro que isso vai te deixar triste!
Você pode usar outro truque para testar seu conhecimento. Se você pensa que sabe como uma asa se parece, você
também deve ser capaz de descrever como uma asa não pode parecer. Muito provavelmente você não sabe de
verdade como seria uma asa, e você apenas acha que tem a estrutura mentalizada.
Transforme suas memórias em esculturas

Agora nós sabemos que esse processo é a base do nosso problema. Como superar ele? O que podemos fazer para
tornar o sonho de desenhar a partir da imaginação uma realidade? Bem, a resposta é simples: precisamos substituir a
memória passiva pela memória ativa. Vou ajudar você a fazer isso.
Foque No Meio
Primeiramente, não complique ainda mais o processo de aprendizagem. Foque em uma ferramenta, em uma técnica.
Se você tem dificuldade de desenhar se baseando na sua imaginação, não agregue esse problema aos outros, como
por exemplo o sombreamento ou a coloração. É melhor lutar contra um inimigo do que com um exército inteiro!
Use um lápis simples, nem mesmo utilize a mesa digitalizadora – porque até mesmo ela pode ser a fonte de outros
problemas. E também, se você já tiver as habilidades de sombreamento, coloração ou outras habilidades em geral,
você pode sentir a tentação de usar essas habilidades para esconder uma não desenvolvida. Isso não ajuda você de
forma alguma!
Isso nos leva para outro conselho:
Encontre suas (des)habilidades

“Eu não consigo desenhar” é a frase mais perigosa que um artista iniciante pode dizer. O desenho possui muitos
aspectos, e eu tenho certeza que você já domina alguns deles, como por exemplo, segurar o lápis e pressiona-lo no
papel. Se você for bom em copiar, você pode se sentir esperançoso em relação ao seu futuro como artista. Encontrar
problemas ao tentar desenhar a partir da imaginação é perfeitamente normal nessa situação!
Você provavelmente se sente frustrado porque você trata esses diferentes tipos de desenho como se fossem uma
coisa só, logo, fica difícil de compreender porque um deles é fácil para você e o outro não. A partir do momento que
você divide essas habilidades – desenho como habilidade manual e entender o objeto como uma habilidade mental –
você pode relaxar e focar na aprendizagem de um sem ter essa incomoda sensação que há algo errado com você.
Vá em frente, desenhe algo da sua imaginação. Algo apareceu no papel? Ótimo, você conseguiu! Agora, analise o
seu desenho. Há algo de errado com ele? E eu quero saber o que exatamente. “Ficou uma bagunça” não se qualifica
como resposta. “A perna está estranha” é um começo. Não é possível “arrumar” um desenho como um todo, mas
você pode aprender o que faz com que a perna esteja certa. Agora fica muito mais fácil resolver o problema “eu não
consigo desenhar uma perna com base na imaginação” do que “eu não consigo desenhar nada a partir da
imaginação”.
Provavelmente, existem muitas “desabilidades” que você terá que corrigir, mas não deixe isso intimidar você. Faça
uma lista e comece a lidar com elas, uma de cada vez.
Observe, pergunte e responda

Vou falar mais uma vez para ser totalmente claro: se você desenhar com uma referência, e não com a imaginação,
não é com desenho que você está tendo problemas. Quando você quer anotar um número de telefone, mas você
esqueceu, não significa que você seja incapaz de anotar – você simplesmente não tinha memorizado o número
ativamente.
Então, não se trata de: “Eu não consigo desenhar um cavalo a partir da imaginação”, e sim: “Eu não me lembro dos
traços de um cavalo”. Para desenhar algo com a imaginação, você precisa memorizar, assim como qualquer outra
coisa que você gostaria de lembrar.
Contudo, criaturas são muito mais complexas que uma palavra ou um número. Para desenhar elas propriamente,
você não pode memorizar uma cena – ela é diferente em todas as diferentes perspectivas, e as criaturas possuem
jeitos especiais de se mover e traços comportamentais diferentes que influenciam na imagem final.
Tudo isso precisa ser aprendido, e você não pode fazer isso simplesmente copiando as linhas. Teoricamente, um
animal poderia ser convertido em um conjunto de linhas que seria possível de se memorizar, contudo, seria
incrivelmente difícil. Existe outra forma:
Passo Um:
Aprenda a desenhar blocos simples, como bolas, cubos, cilindros e assim por diante. Isso exige um entendimento
básico de perspectiva, e isso é algo que você não pode ignorar. Não se preocupe, você não precisa aprender tudo
sobre pontos e sobre as linhas convergentes – apenas entenda da onde a perspectiva vem e o que ela implica na visão
do mundo.
A essa altura do campeonato você já deve ser capaz de desenhar blocos a partir da sua imaginação, dando a eles uma
aparência determinada. Pode parecer entediante, mas lembre-se – você não pode se tornar bom em desenhar
criaturas fantásticas se você não for capaz de desenhar um simples cilindro. Leve o tempo necessário – caso
contrário, sempre parecerá que você está desenhando algo composto de milhares de linhas e você não sabe nem
como fazer a primeira! Acima de tudo, não minta para si mesmo. Nem mesmo o melhor tutorial do mundo será
capaz de te ajudar se você fizer isso.
Primeiro, tente entender as regras envolvidas no desenho das formas…
… e então, use/modifique elas para desenhar os blocos de maneira mais rápida e sem tanto esforço. Algo que
permita que você desenhe sem ficar medindo cautelosamente o comprimento de cada linha.
Passo Dois:
Aprenda a construir figuras mais complicadas usando blocos simples que você já dominou anteriormente. Essas
estruturas não precisam se assimilar a nada real, então apenas se divirta com elas. Certifique-se que você está
completamente confortável com o uso delas, e que você consegue construir qualquer estrutura com base na sua
imaginação.
Novamente, se você não consegue imaginar ou desenhar estruturas baseadas em blocos, como você espera imaginar
e entender criaturas complexas? Não se engane, porque senão você não vai sair do lugar! Eu sei que você está
ansioso para avançar para o próximo passo, mas acredite em mim – é exatamente isso que está impendido você de
progredir. Fique aqui, tenha paciência, e não fique frustrado se demorar mais do que você esperava – afinal, isso
tudo é mais ou menos 80% do que você precisa para ser capaz de desenhar a partir da imaginação. Se você
conseguir aprender, você nunca mais dirá que não consegue desenhar!
Passo Três:
Agora, chegou a hora de observar. Foque em um assunto por vez. Se você quiser desenhar cavalos, vá encontrar um
cavalo, ache um modelo realístico dele, e use um bocado de fotos com perspectivas diferentes do mesmo cavalo.
Observe cuidadosamente e imagine como seria preencher o corpo inteiro do cavalo com pequenas formas – aquelas
que você praticou antes. Responda as perguntas que vierem a sua mente. Aprenda sobre o cavalo, preste atenção a
todos os detalhes, entende o que compõe o cavalo. Meça com os seus olhos, entenda as proporções, e imagine o que
o você mudaria no cavalo.
Passo Quatro:
Faça uma espécie de folha de referências, com todos os lados possíveis do cavalo e as simplificações das estruturas.
Anote todas as observações e as medidas, todos os detalhes que você considerar importante. Isso é crucial: não
desenhe o cavalo usando uma simples imagem como referência. Seu trabalho é descrever todos os detalhes dele,
incluindo a informação necessária para recriar ele em todas as perspectivas que você escolher, e não decorar uma
que pode ser usada apenas em certas situações.
Descreva o olhar, o movimento e o comportamento do cavalo, e rabisque algumas poses características. Se

acontecer de você pensar “isso é obvio, eu vou lembrar”, anote mesmo assim – pode ser obvio agora, mas depois
você vai ficar sofrendo por não ter anotado. Essa folha de referência é uma carta para você mesmo. Faça-se o favor
de responder as perguntas que você pode vir a ter!
Outra coisa importante, nosso cérebro não gosta de respostas simples como “vermelho”, “comprido” ou “afiado”. É
muito melhor para ele quando elas são complexas, e associadas a algo já conhecido. Ao invés de perguntar (e de
responder) “que tipo de dente um cavalo possui?” pergunte “o que um cavalo come?”. Tente escrever suas respostas
da seguinte forma: “eles possuem a característica X, por causa da função Y. Nossa memória é uma teia de
informações, e funcionará melhor se organizada dessa forma!
Passo Cinco:
No dia seguinte após ter terminado a folha de referências, redesenhe e depois melhore a folha ainda mais. Certifique
que tudo fique bem explicito, até mesmo para alguém que não tem a memória fresquinha de ter desenhado um
cavalo no dia anterior. Desenhe o cavalo utilizando a folha e veja se tudo que você precisa está de fato lá. Se não,
encontre essas informações em algum lugar e atualize a sua folha.
Compre um portfólio ou uma pasta para guardar as folhas de referências. Parabéns, você terminou a primeira fase!
Passo Seis:
Se dê dois ou três dias de folga, não mais que isso. Tente desenhar um cavalo usando a informação da folha de
referências sem de fato utilizar a folha. Será bem difícil, mas você vai perceber que já lembra de algumas coisas.
Quando você tiver terminado o desenho, pegue a folha e conserte os erros, prestando muita atenção neles e entendo
porque você os cometeu. Mais uma vez, certifique-se que não há questões não respondidas e tire um tempo para
atualizar sua folha.
Passo Sete:
Repita o passo anterior de tempos em tempos. Comece com intervalos pequenos e depois se permita intervalos
maiores. Toda vez você fará menos e menos erros, e chegará um dia que você nem sentirá mais falta da folha,
porque terá a escultura perfeita de um cavalo na sua memória ativa! Faça a mesma coisa com todo objeto/animal que
você deseja desenhar. Assim como seu portfólio, sua memória ativa ficará cada vez mais recheada!
Repare que leva muito tempo para criar uma folha de referências perfeita – por exemplo, você precisa aprender
sobre os ossos, sobre os tendões, músculos e até mesmo sobre as veias do cavalo se quiser desenhar ele
realisticamente. Felizmente, portanto que você não faça uso do estilo super-realista – o que ninguém espere que
você use em desenhos com base na imaginação – você não precisa se preocupar com tantos detalhes. Na realidade,
as simplificações que você fizer ao analisar o objeto vão se responsabilizar em formar o seu próprio estilo!
Pratique (Ou Esqueça)

Seu cérebro odeia desperdiçar espaço e energia com coisas desnecessárias. Você pode ser ótimo em desenhar
cavalos agora, mas pare de utilizar essa parte da sua memória ativa e veja se daqui a um mês, ou um ano, você ainda
consegue. Felizmente, se você seguiu esse tutorial, você deve ser capaz de refrescar sua memória facilmente, graças
a sua folha de referências. Ainda assim, tenha em mente que não é possível aprender a desenhar a partir da
imaginação do dia para a noite – práticas constantes são essenciais!
Conclusão
Nesse artigo temos uma conclusão surpreendente – você sempredesenha seguindo uma referência, seja ela em forma
de uma foto ou em forma de uma memória.
Agora você deve entende que aquela cena charmosa, de um artista talentoso desenhando uma criatura fantástica a
partir da imaginação dele, não existe. Aquele artista deve ter reunido seu próprio conjunto de referências antes de
ser capaz de fazer o que ele fez.
Logo, se você não consegue desenhar algo a partir da imaginação – é porque você simplesmente não tem uma
referência disso salva na sua mente. E isso é de fato uma boa notícia – não importa o quão talentoso (ou não) você
seja, você pode aprender a desenhar livremente e criativamente. Leva tempo, exige esforço, mas o resultado
compensa!

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Como você desenha?

Tirando uma foto de um cavalo real

Esculpindo um cavalo realístico e tirando uma foto na luz apropriada

Utilizando pigmentos para criar uma pintura de um cavalo

Usando pontos de luz para criar uma pintura digital de um cavalo

Desenhando com referências: Copiando

Desenhando a partir da imaginação: Vendo

Eu não sabia que eu sabia

Imaginação = Uma mistura de memórias

Teste sua imaginação!

Quantas pernas ele possui?

Quão grande são seus olhos?

Quão longa é sua cauda?

Quão longas são suas pernas?

Qual é o padrão dele?

Ele é grande ou pequeno?

Que tipo de pés ele possui: garras, cascos ou patas?

Transforme suas memórias em esculturas

Isso nos leva para outro conselho:

Encontre suas (des)habilidades

Observe, pergunte e responda

Primeiro, tente entender as regras envolvidas no desenho das formas…

Descreva o olhar, o movimento e o comportamento do cavalo, e rabisque algumas poses características. Se

Pratique (Ou Esqueça)

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