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Livro Digital

Simulado
UNESP –
Português

11/04/2020
Professora Celina Gil
Professor Wagner Santos
Profa. Celina Gil e prof. Wagner Santos
Simulado Unesp

Questões comentadas
QUESTÃO 01.

(Disponível em <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/05/1771061-absurdos-contemporaneos-compoem-tiras-de-
dahmer-em-nova-coletanea.shtml> Acesso em 08 mar. 2020)

A resposta do grupo ao convite da personagem do primeiro quadrinho sugere falta de


a) compaixão.
b) paciência.
c) ganância.
d) empatia.
e) cinismo
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois não é uma questão de compaixão, mas sim de ser capaz de se
colocar no lugar do outro, com empatia.
A alternativa B está incorreta, pois não há nada que indique que há uma falta de paciência por parte
dos personagens.
A alternativa C está incorreta, pois ainda que houvesse uma relação financeira envolvida, a ganância
é um fruto da egoísmo, portanto, não estaria em falta.
A alternativa D está correta, pois empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, traço que
uma pessoa egoísta não possui.
A alternativa E está incorreta, pois a resposta das personagens é cínica, logo, não estaria em falta.
Gabarito: D

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Leia o trecho do romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, para responder às
questões de 02 a 05
Tive medo. Sabe? Tudo foi isso: tive medo! Enxerguei os confins do rio, do outro lado.
Longe, longe, com que prazo se ir até lá? Medo e vergonha. A aguagem bruta, traiçoeira ― o
rio é cheio de baques, modos moles, de esfrio, e uns sussurros de desamparo. Apertei os dedos
no pau da canoa. Não me lembrei do Caboclo-d’Água, não me lembrei do perigo que é a onça-
d água, se diz ― a ariranha ― essas desmergulham, em bando, e bécam a gente: rodeando e
então fazendo a canoa virar, de estudo. Não pensei nada. Eu tinha o medo imediato. E tanta
claridade do dia. O arrojo do rio, e só aquele estrape, e o risco extenso d’água, de parte a parte.
Alto rio, fechei os olhos. Mas eu tinha até ali agarrado uma esperança. Tinha ouvido dizer que,
quando canoa vira, fica boiando, e é bastante a gente se apoiar nela, encostar um dedo que
seja, para se ter tenência, a constância de não afundar, e aí ir seguindo, até sobre se sair no
seco. Eu disse isso. E o canoeiro me contradisse! ― Esta é das que afundam inteiras. E canoa
de peroba. Canoa de peroba e de pau-dóleo não sobrenadam... Me deu uma tontura. O ódio
que eu quis! ah, tantas canoas no porto, boas canoas boiantes, de faveira ou tamboril, de
imburana, vinhático ou cedro, e a gente tinha escolhido aquela... Até fosse crime, fabricar
dessas, de madeira burra! A mentira fosse ― mas eu devo de ter arregalado dôidos olhos.
Quieto, composto, confronte, o menino me via. ― Carece de ter coragem... ― ele me disse.
Visse que vinham minhas lágrimas? Doí de responder! ― Eu não sei nadar... O menino sorriu
bonito. Afiançou! ― Eu também não sei. Sereno, sereno. Eu vi o rio. Via os olhos dele,
produziam uma luz. ― Que é que a gente sente, quando se tem medo? ― ele indagou, mas
não estava remoqueando; não pude ter raiva. ― Você nunca teve medo? ― foi o que me veio,
de dizer. Ele respondeu! ― Costumo não... ― e, passado o tempo dum meu suspiro! ― Meu
pai disse que não se deve de ter... Ao que meio pasmei. Ainda ele terminou! ― ...Meu pai é o
homem mais valente deste mundo. Aí o bambalango das águas, a avançação enorme roda-a-
roda ― o que até hoje, minha vida, avistei, de maior, foi aquele rio. Aquele, daquele dia. As
remadas que se escutavam, do canoeiro, a gente podia contar, por duvidar se não satisfaziam
termo. ― Ah, tu! tem medo não nenhum? ― ao canoeiro o menino perguntou, com tom. ―
Sou barranqueiro! ― o canoeirinho tresdisse, repontando de seu orgulho. De tal o menino
gostou, porque com a cabeça aprovava. Eu também. O chapéu-de-couro que ele tinha era
quase novo. Os olhos, eu sabia e hoje ainda mais sei, pegavam um escurecimento duro. Mesmo
com a pouca idade que era a minha, percebi que, de me ver tremido todo assim, o menino
tirava aumento para sua coragem. Mas eu aguentei o aque do olhar dele. Aqueles olhos então
foram ficando bons, retomando brilho. E o menino pôs a mão na minha. Encostava e ficava
fazendo parte melhor da minha pele, no profundo, désse a minhas carnes alguma coisa. Era
uma mão branca, com os dedos dela delicados. ― Você também é animoso... ― me disse.
Amanheci minha aurora. Mas a vergonha que eu sentia agora era de outra qualidade. Arre vai,
o canoeiro cantou, feio, moda de copla que gente barranqueira usa: ...Meu Rio de São
Francisco, nessa maior turvação. vim te dar um gole d água, mas pedir tua benção... Aí, o
desejado, arribamos na outra beira, a de lá.
(Grande Sertão: Veredas, 2001)

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QUESTÃO 02.
No trecho, o narrador revela-se uma pessoa
a) receosa e perspicaz.
b) tímida e esperta.
c) violento e sagaz.
d) temeroso e ardiloso.
e) apreensivo e gentil.
Comentários:
A alternativa A está correta, pois ele demonstra receio de entrar no rio por não saber nadar; e
percebe o que ocorre a sua volta, a exemplo da percepção de que o menino se enchia de coragem
ao ver que ele sentia medo.
A alternativa B está incorreta, pois ainda que ele pareça esperto, não é tímido, apenas mais
reservado para conversar.
A alternativa C está incorreta, pois ainda que possa ser dito que ele é sagaz, não é violento. Ele tem
pensamentos reclamando da escolha da canoa, mas não age com violência sobre isso.
A alternativa D está incorreta, pois ainda que ele esteja temeroso, não se pode dizer que age com
astúcia ou ardil.
A alternativa E está incorreta, pois ainda que pareça apreensivo, ele não é um homem de modos
gentis. É bastante simples e reservado com suas emoções.
Gabarito: A

QUESTÃO 03.
O ditado popular que pode descrever corretamente o menino que viaja junto com o narrador
é
a) Quem não tem cão, caça com gato
b) Não julgue um livro pela capa
c) Devagar se chega ao longe
d) Nem tudo o que reluz é ouro
e) Casa de ferreiro, espeto de pau
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois esse ditado significa que devemos nos adaptar àquilo que temos
na situação em que nos encontramos.
A alternativa B está correta, pois apesar de ser um menino, ele afirma ser corajoso, e aconselha ao
narrador que ele tenha coragem.

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A alternativa C está incorreta, pois esse ditado sugere que deve-se cumprir tudo o que se quer aos
poucos, sem pressa.
A alternativa D está incorreta, pois esse ditado sugere que nem tudo o que parece bom é bom de
verdade e, pelas atitudes do menino, podemos ver que ele de fato é corajoso.
A alternativa E está incorreta, pois esse ditado significa que quando alguém de nossa família ou
contatos próximos é muito bom em algo, isso não significa que também seremos. Por exemplo, se
você é de uma família de médicos famosos, não necessariamente você terá vontade de ser médico.
Gabarito: B

QUESTÃO 04.
Mas a vergonha que eu sentia agora era de outra qualidade. Arre vai, o canoeiro cantou, feio,
moda de copla que gente barranqueira usa: ...Meu Rio de São Francisco, nessa maior turvação.
vim te dar um gole d água, mas pedir tua benção...
Os pronomes sublinhados referem-se, respectivamente, a
a) eu, canoeiro , Rio de São Francisco.
b) eu, moda de copla, gole d água.
c) vergonha, moda de copla, Rio de São Francisco.
d) qualidade, gente barranqueira, gole d água.
e) vergonha, gente barranqueira, benção.
Comentários:

As orações devem ser analisadas da seguinte maneira:


- Mas a vergonha que eu sentia agora era de outra qualidade.
que é pronome relativo, substituindo “vergonha”, o que se comprova pela reescrita da frase
substituindo os termos:

“eu sentia vergonha agora” e “a vergonha era de outra qualidade”.

- Arre vai, o canoeiro cantou, feio, moda de copla que gente barranqueira usa
que é pronome relativo, substituindo “moda de copla”, o que se comprova pela reescrita da frase
substituindo os termos:
“a gente barranqueira usa moda de copla”.

- Meu Rio de São Francisco, nessa maior turvação. vim te dar um gole d água, mas pedir tua benção...

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te substitui “Rio São Francisco”. Na música, ele se dirige diretamente ao rio, o que se comprova pelo
uso do vocativo no início do período.
Gabarito: C

QUESTÃO 05.
O narrador emprega expressão própria da modalidade oral da linguagem em:
a) Tinha ouvido dizer que, quando canoa vira, fica boiando,
b) ― Eu não sei nadar... O menino sorriu bonito. Afiançou! ― Eu também não sei.
c) Aí o bambalango das águas, a avançação enorme roda-a-roda
d) ― Ah, tu! tem medo não nenhum? ― ao canoeiro o menino perguntou, com tom.
e) O chapéu-de-couro que ele tinha era quase novo.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois nesse trecho a escrita está de acordo com a norma culta, sem
elemento da oralidade.
A alternativa B está incorreta, pois nesse trecho a escrita está de acordo com a norma culta, sem
elemento da oralidade.
A alternativa C está incorreta, pois nesse trecho há maior presença de termos do regionalismo do
que da oralidade.
A alternativa D está correta, pois há a presença de interjeições (“Ah!”) e expressões típicas da
oralidade “tem medo não”).
A alternativa E está incorreta, pois nesse trecho a escrita está de acordo com a norma culta, sem
elemento da oralidade.
Gabarito: D

Leia o trecho do artigo Uma “magnífica presa”: representações visuais de Marilyn Monroe, da
pesquisadora Annateresa Fabris, para responder às questões de 06 a 08.

Filtrada e idealizada pelo star-system e pelos meios de comunicação de massa, a vida da


atriz sofre um processo de espiritualização, seja com a revelação de seus gostos literários, seja
depois do casamento com o dramaturgo Arthur Miller (1956). A fotografia é, mais uma vez, um
elemento determinante nesse processo, como provam as inúmeras imagens dedicadas a astros
e estrelas no exercício de atividades elevadas: pintando, consultando um livro, falando dos
próprios interesses culturais. Monroe inscreve-se, sem problemas, nessa construção
idealizada. Sem abdicar do papel de deusa das telas, dá mostras de ser portadora de uma alma
sensível, ao deixar-se fotografar entretida na leitura de Heinrich Heine, James Joyce, Michael
Chekhov, Walt Whitman, Arthur Miller, segurando uma publicação sobre Goya, folheando um
livro numa livraria, contemplando uma escultura de Edgar Degas, frequentando escritores e

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poetas como Karen Blixen, Carson McCullers, Edith Sitwell, Carl Sandburg, escrevendo... A
evidência da pose, a combinação numa mesma imagem da sedutora e da moça comum, as
datas em que as fotografias foram feitas - entre 1951 e 1962 - não deixam dúvidas sobre a
participação ativa da atriz na construção dessa imagem ideal.
Os artistas plásticos, ao contrário dos fotógrafos, interessam-se quase sempre pela
desmontagem do mito, pela acentuação de seu caráter construído, pela avaliação crítica do
star-system com suas imagens ora grotescas, ora realistas, mas impregnadas por um viés
corrosivo que contesta ou até mesmo destrói as idealizações fotográficas. O título italiano de
O rio das almas perdidas, Magnifica preda, isto é, "magnífica presa", parece aplicar-se à
perfeição à construção da imagem de Monroe pela indústria cultural.
"Magnífica presa" dos meios de comunicação de massa, mas consciente do que estava
sendo feito com sua imagem, a figura de Marilyn Monroe propiciou duas operações visuais
fundamentais: o mito imorredouro criado pela fotografia e pelo cinema e a memória crítica
forjada pelas artes plásticas. "Ícone como o rosto da Mona Lisa, atrás do qual não se sabe o
que há", a atriz continua a habitar o imaginário contemporâneo, numa demonstração de que
a construção mítica não pode prescindir da visão crítica, sob pena de mutilar a história e de
privá-la de alguns de seus indispensáveis instrumentos analíticos.
(Adaptado. Disponível em: < http://ref.scielo.org/q63s4s> Acesso em 08 mar. 2020)

QUESTÃO 06.
De acordo com o texto,
a) houve a criação de duas imagens diferentes, porém complementares, de Marilyn Monroe,
cada uma alimentada por uma técnica artística.
b) a imagem de mulher ideal se sobressaiu às outras, muito alimentada pelas artes plásticas e
pelos artistas com quem se envolveu.
c) Marilyn sofreu muito mais críticas do que elogios ao longo de sua carreira, pois era malvista
em vida por sua atuação em Hollywood.
d) a fotografia, como técnica ligada ao cinema, e capaz de expressar o real, corroía a idealização
sobre a atriz pela indústria cultural.
e) tanto artes plásticas quanto fotografia produziram imagens de Marilyn, respectivamente,
idealizada e crítica.
Comentários:
A alternativa A está correta, pois o texto aponta que as fotografias alimentavam o mito da mulher
ideal, enquanto as artes plásticas produziam uma visão crítica a Hollywood a partir da imagem da
atriz. Ambas as imagens são necessárias para a compreensão do momento e do fenômeno que a
atriz representou.
A alternativa B está incorreta, pois era a fotografia quem alimentava essa imagem.
A alternativa C está incorreta, pois o texto aponta para uma crítica ao sistema de Hollywood, não ao
indivíduo Marilyn Monroe.

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A alternativa D está incorreta, pois, segundo o texto, a fotografia corroborava com a idealização da
figura de Marilyn.

A alternativa E está incorreta, pois a imagem da fotografia era idealizada e das artes plásticas, crítica.
Gabarito: A

QUESTÃO 07.
“a atriz continua a habitar o imaginário contemporâneo, numa demonstração de que a
construção mítica não pode prescindir da visão crítica, sob pena de mutilar a história e de
privá-la de alguns de seus indispensáveis instrumentos analíticos” a expressão sublinhada
constitui um exemplo de
a) eufemismo.
b) metáfora.
c) hipérbole.
d) metonímia.
e) paradoxo
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois eufemismo ocorre quando há a atenuação de uma expressão e
isso não ocorre aqui.
A alternativa B está correta, pois não se fala em mutilar literalmente a história, mas sim em fazer
com que a história não seja retratada em sua integridade.
A alternativa C está incorreta, pois hipérbole ocorre quando há um exagero de uma expressão, e isso
não ocorre aqui
A alternativa D está incorreta, pois metonímia – chamada também de parte pelo todo – ocorre
quando há o uso de uma expressão para significar um todo de sentido, o que não ocorre aqui.
A alternativa E está incorreta, pois paradoxo ocorre quando há um termo que seja uma aparente
negação, o que não ocorre aqui
Gabarito: B

QUESTÃO 08.
Em “A fotografia é, mais uma vez, um elemento determinante nesse processo”, a locução
adverbial sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por:
a) na prática.
b) com efeito.
c) geralmente.
d) sempre.

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e) novamente.

Comentários:

A alternativa A está incorreta, pois “na prática” dá a ideia de explicar como algo ocorre de fato.

A alternativa B está incorreta, pois, assim como em A, “com efeito” dá a ideia de explicar como algo
ocorre de fato.

A alternativa C está incorreta, pois “geralmente” traz a ideia de que isso acontece na maioria das
vezes, o que não é possível presumir pelo texto.

A alternativa D está incorreta, pois “sempre” dá uma ideia de frequência que não necessariamente
está no texto.

A alternativa E está correta, pois traz a mesma noção de repetição de algo que já acontecei antes,
sem especificar frequência.
Gabarito: E

A partir da leitura do texto a seguir, de Machado de Assis, responda ao que se pede nas
questões de 09 a 13.

Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a ideia de fundar
uma igreja. Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o
papel avulso que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual,
sem nada. Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios
humanos. Nada fixo, nada regular. Por que não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era
o meio eficaz de combater as outras religiões, e destruí-las de uma vez.
— Vá, pois, uma igreja, concluiu ele. Escritura contra Escritura, breviário contra breviário.
Terei a minha missa, com vinho e pão à farta, as minhas prédicas, bulas, novenas e todo o
demais aparelho eclesiástico. O meu credo será o núcleo universal dos espíritos, a minha igreja
uma tenda de Abraão. E depois, enquanto as outras religiões se combatem e se dividem, a
minha igreja será única; não acharei diante de mim, nem Maomé, nem Lutero. Há muitos
modos de afirmar; há só um de negar tudo.
(...)
Deus recolhia um ancião, quando o Diabo chegou ao céu. Os serafins que engrinaldavam o
recém-chegado detiveram-se logo, e o Diabo deixou-se estar à entrada com os olhos no
Senhor.
(...)
— Senhor, a explicação é fácil; mas permiti que vos diga: recolhei primeiro esse bom velho;
dai-lhe o melhor lugar, mandai que as mais afinadas cítaras e alaúdes o recebam com os mais
divinos coros...
— Sabes o que ele fez? perguntou o Senhor, com os olhos cheios de doçura.

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— Não, mas provavelmente é dos últimos que virão ter convosco. Não tarda muito que o
céu fique semelhante a uma casa vazia, por causa do preço, que é alto. Vou edificar uma
hospedaria barata; em duas palavras, vou fundar uma igreja. Estou cansado da minha
desorganização, do meu reinado casual e adventício. É tempo de obter a vitória final e
completa. E então vim dizer-vos isto, com lealdade, para que me não acuseis de dissimulação...
Boa ideia, não vos parece?
(ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro: Garnier, 1884.)

QUESTÃO 09.
O Realismo brasileiro, que tem como cânone único o genial Machado de Assis, é um dos
momentos literários mais importantes da história literária nacional. Na obra de Machado de
Assis, temos, como característica principal
a) a análise da sociedade do momento em que escrevia, de forma universalizada, sem prender-
se à burguesia da época.
b) a descrição, nos mínimos detalhes, da sociedade da época, com foco nas crenças e nos
hábitos burgueses.
c) a análise dos hábitos das camadas mais pobres da sociedade, visando o entretenimento da
burguesia local.
d) a narração de desventuras amorosas, que acabam em traições, para desmistificar o
Romantismo.
e) a construção de realidades diferentes daquele em que vivia como evasão máxima.

Comentários:
A alternativa A está correta, sendo ela o gabarito da questão. A produção machadiana diferencia-se
das demais produções realistas, por não se prender na crítica à sociedade burguesa. É uma obra que
analisa universalmente a sociedade, sem distinção de classe.
A alternativa B está incorreta. Essa alternativa é duplamente errada, visto que Machado não se foca
essencialmente no caráter descricionista da obra, bem como não se apega somente à burguesia
brasileira, como ocorria em outros realismos.
A alternativa C está incorreta, visto que a análise das classes mais pobres da sociedade é a temática
de preferência do Naturalismo, que ocorre concomitante ao Realismo. Nesse caso, temos nessa uma
das principais diferenças entre os dois momentos.
A alternativa D está incorreta, visto que Machado não fixava sua construção em narrativas
românticas, ainda mais nas que acabariam em traição. Esse é um problema comum entre os que
começam a estudar a obra do autor, principalmente por influência de Dom Casmurro.

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A alternativa E está incorreta, visto que Machado, ainda que construísse outros mundos, como é
comum entre os autores de ficção, não o fazia com o objetivo de evasão, ou fuga. Fazia-o, na maior
parte das vezes, para analisar as situações a partir de uma outra perspectiva.
Gabarito: A

QUESTÃO 10.
Em “Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel
avulso que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem
nada”, é possível identificar-se a figura de linguagem
a) metáfora, construída para que a ideia do Diabo fosse compreendida pelos leitores.
b) personificação, construída na atribuição de características de ser humano ao diabo.
c) ironia, construída a partir da organização do texto e da ideia de fundar de uma igreja.
d) metonímia, representada pela ideia de “papel avulso” que o diabo pode representar.
e) gradação, representada pela enumeração daquilo que falta ao Diabo em seu papel.

Comentários
A alternativa A está incorreta, porque a metáfora, é claro, faz parte das figuras de linguagem das
construções literárias de forma geral. Contudo, como a questão se refere ao trecho em destaque,
não conseguimos identificá-la nesse caso. O distrator serve para que vocês observem que o foco é o
trecho em questão.
A alternativa B está errada, porque não há personificação do “diabo”. O “anjo decaído” não é um
ser inanimado ou animal para que possamos empregar a personificação nele. Lembre-se de que,
nela, temos a atribuição de características humanas a seres não humanos.
A alternativa C está errada. É um distrator bastante interessante, porque a ironia é uma das
principais características da obra de Machado. Contudo, no trecho destacado na questão, não temos
presença dessa figura de linguagem.
A alternativa D está incorreta, porque, na metonímia, temos elementos conhecidos a partir de
características específicas. Por exemplo, ao chamarmos a goma de mascar de “Chiclete”, atribuímos
o nome de uma das marcas de goma de mascar mais conhecidas.
A alternativa E está correta, visto que, no trecho, “sem organização, sem regras, sem cânones, sem
ritual, sem nada” é perceptível uma gradação, uma linha lógica de construção de elementos. Perceba
que há uma evolução entre os elementos da enumeração.
Gabarito: E

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QUESTÃO 11.
No trecho “Os serafins que engrinaldavam o recém-chegado detiveram-se logo, e o Diabo
deixou-se estar à entrada com os olhos no Senhor.” (1º parágrafo), são encontrados três
pronomes que são classificados morfológica e semanticamente, de forma respectiva, em
a) conjunção coordenativa (sem função sintática), pronome oblíquo (índice de indeterminação
do sujeito) e pronome oblíquo (sem função sintática).
b) conjunção integrante (sem função sintática), pronome oblíquo (partícula apassivadora) e
pronome reflexivo (objeto direto reflexivo).
c) conjunção subordinativa (objeto direto), pronome reflexivo (objeto direto reflexivo) e
pronome oblíquo (sem função sintática).
d) pronome relativo (sujeito), pronome reflexivo (objeto direto reflexivo) e pronome reflexivo
(objeto direto reflexivo).
e) pronome relativo (objeto direto), pronome oblíquo (parte integrante do verbo) e pronome
oblíquo (sem função).

Comentários
No trecho em questão ““Os serafins que engrinaldavam o recém-chegado detiveram-se logo, e o
Diabo deixou-se estar à entrada com os olhos no Senhor”, os elementos que destaquei são os
pronomes a que se refere o enunciado da questão. No primeiro, há um pronome relativo, que
introduz uma oração subordinada adjetiva, nesse caso, restritiva, apresentando somente alguns
elementos dentre os serafins. Como esse pronome desempenha uma função na adjetiva que
introduz, podemos perceber que essa função será de sujeito. O segundo e o terceiro são elementos
que conseguem levar os verbos à voz reflexiva, chamados pronomes reflexivos, em que os sujeitos,
de forma semântica, praticam as ações em si mesmos. Os pronomes reflexivos desempenham, via
de regra, a função de objetos diretos reflexivos.
Gabarito: D

QUESTÃO 12.
No trecho “Não tarda muito que o céu fique semelhante a uma casa vazia, por causa do preço,
que é alto”, é possível perceber uma das principais características da obra de Machado de Assis,
a saber,
a) a crítica à burguesia hipócrita.
b) as construções atemporais.
c) a ironia fina e precisa.
d) a descrição realista.
e) o pessimismo.

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Comentários
A questão, mais uma vez, apresenta um trecho específico para ser analisado. Cuidado, porque,
muitas vezes, o exame pedirá a análise de um trecho em específico ou do texto completo
apresentado. Fique atento a isso. Nesse trecho, na parte em que o Diabo apresenta a ideia de que o
preço é alto para entrar no céu e, por isso, ele ficará vazio logo, há, claramente, um processo de
construção de ironia, uma das características típicas de Machado de Assis. As demais alternativas
apresentam características da obra machadiana em graus diferentes, salvo a alternativa D que não
era das preferidas do autor, pelo contrário.

Gabarito: C

QUESTÃO 13.
No trecho “Estou (1)cansado (2)da minha desorganização, (3)do meu reinado casual e
adventício”, os elementos numerados desempenham função sintática de
a) (1) parte da locução verbal; (2) adjunto adnominal; e (3) adjunto adnominal.
b) (1) predicativo do sujeito; (2) complemento nominal; e (3) complemento nominal.
c) (1) parte da locução verbal; (3) complemento nominal; e (3) adjunto adnominal.
d) (1) predicativo do sujeito; (2) complemento nominal; e (3) adjunto adnominal.
e) (1) parte da locução verbal; (3) adjunto nominal; e (3) complemento nominal.

Comentários
No trecho “Estou (1)cansado (2)da minha desorganização, (3)do meu reinado casual e adventício”,
o adjetivo “cansado”, ainda que possa funcionar, em outros momentos, como particípio de um verbo
encaixado em uma locução, verbal, percebe-se que funciona como um predicativo, visto que atribui
uma característica ao sujeito oculto do verbo “estou”. No contexto, percebe-se que o adjetivo
seleciona dois complementos nominais, que o especificam, atribuindo, claramente, especificação ao
adjetivo em questão.
Gabarito: B

QUESTÃO 14.
Leia com atenção o par de enunciados a seguir:

I. É certo que, em momentos tão sérios quanto esse, todos deverão ficar em casa durante
a quarentena.
II. O certo é que, em momentos tão sérios quanto esse, todos deverão ficar em casa
durante a quarentena.

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Nos enunciados, há dois períodos subordinados, cujas orações subordinadas classificam-se


como substantivas em ambos os casos. Assinale, a seguir, a classificação que essas duas
orações recebem.
a) Ambas são classificadas como orações subordinadas substantivas subjetivas.
b) Ambas são classificadas como orações subordinadas substantivas objetivas diretas.
c) A primeira é oração subordinada substantiva subjetiva e a segunda é substantiva predicativa.
d) A primeira é oração subordinada substantiva predicativa e a segunda é substantiva subjetiva.
e) A primeira é oração subordinada substantiva completiva nominal e a segunda é substantiva
predicativa.
Comentários
Nos enunciados em questão, temos uma das transformações sintáticas mais interessantes das
orações subordinadas substantivas, visto que não temos alterações semânticas significativas
quando mudamos a sintaxe do período. No primeiro caso, temos um verbo de ligação
acompanhado por um adjetivo, configurando um predicativo do sujeito. Sempre que temos um
verbo de ligação e um predicativo do sujeito, precisamos ter um sujeito, nesse caso
representado pela oração que vem após o “que”. No segundo caso, com o uso do artigo, damos
ao adjetivo a possibilidade de funcionar como sujeito. Assim, a conta se inverte, se temos o
sujeito e o verbo de ligação, precisamos de um predicativo, representado pela oração após o
“que”. Como dito, não há semântica alterada claramente.
Gabarito: C

A partir da leitura dos dois fragmentos de texto a seguir, responda às questões de 15 a 17.

MEU SONHO

EU
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Porque brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?

Cavaleiro, quem és? o remorso?


Do corcel te debruças no dorso....
E galopas do vale através...
Oh! da estrada acordando as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?

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Onde vais pelas trevas impuras,


Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?...
Tu escutas.... Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?

Cavaleiro, quem és? — que mistério,


Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?

O FANTASMA
Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!...
Álvares de Azevedo. Poema integrante da série Lira dos Vinte Anos: Continuação.In: GRANDES poetas
românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. São Paulo: LEP, 1959.

Foi em março de 1856. Havia dois meses que eu tinha perdido a minha Lúcia; ela enchera
tanto a vida para mim, que partindo-se deixou-me isolado neste mundo indiferente. Senti a
necessidade de dar ao calor da família uma nova têmpera à minha alma usada pela dor.
(...)
Quanto a mim, Lúcia desenvolvera com tanto vigor em meu coração as potências do amor,
que cercava-me uma como atmosfera amante, evaporação do sentimento que exuberava.
Havia em meu coração tal riqueza de afeto que chegava para distribuir a tudo quanto eu via, e
sobejava-me ainda.
Essa virtude amante, que eu tinha em toda a minha pessoa, exerceu sobre meu
companheiro de viagem influência igual à que produzira em mim sua grande serenidade. Ele
fora um repouso para minha alma; eu fui um estímulo para a sua.
ALENCAR, José de. Diva. A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro http://www.bibvirt.futuro.usp.br.
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo.

QUESTÃO 15.
Os dois textos apresentados são representantes do chamado Romantismo brasileiro, sendo o
primeiro da segunda geração poética e o segundo da prosa romântica, em sua vertente urbano-
social. Ou seja, há um representante de cada uma das formas mais importantes de produção
romântica. Sobre o Romantismo, tendo por base os textos, é possível afirmar que
a) a construção do Romantismo, tanto na prosa quanto na poesia atende a necessidades de
mostrar a realidade do país.

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b) a separação da prosa em vertentes e da poesia em gerações obedecem sempre à divisão


temporal, facilitando o estudo deles.
c) a temática dos dois textos diferencia-se quanto à relação com o amor, sendo, na poesia
realizado e, na prosa, uma grande perda.
d) a prosa é o “evento novo” da poesia e alcança imenso sucesso com José de Alencar,
descrevendo todas as partes da sociedade.
e) a prosa e a poesia ocorrem, ainda que dentro do Romantismo, em momentos diferentes,
marcados por contextos históricos diferentes.
Comentários
A alternativa A é incorreta, pois a prosa, em alguns momentos, dedicou-se a mostrar as realidades
do país, assim como a poesia, em seu início, auxilia na construção do nacionalismo, logo após a
proclamação da independência. Contudo, de forma geral, tanto prosa quando poesia se colocaram
de forma muito mais pessoal do que coletiva.
A alternativa B está incorreta, porque a separação entre os estudos de prosa e poesia segue,
somente uma noção didática, que visa a facilitar a compreensão dos dois gêneros literários.
A alternativa C está incorreta, visto que o amor aparece, como temática clara, somente no segundo
texto, em que o narrador parece ter perdido a mulher amada, que falece. Contudo, no texto de
Álvares, percebe uma análise da condição humana.
A alternativa D está correta, uma vez que José de Alencar lança as bases para o sucesso da prosa no
país, que começa a acontecer apenas no Romantismo, dadas as particularidades de publicação.
A alternativa E está incorreta, porque prosa e poesia são produzidas ao mesmo tempo em nosso
Romantismo.
Gabarito: D

QUESTÃO 16.
A segunda geração romântica, conhecida como ultrarromântica, apresenta características de
aproximação com a poesia de Byron, poeta inglês. Tais características, no texto I, podem ser
identificadas como
a) escapismo pela morte e imagens noturnas.
b) escapismo temporal e exaltação nacional.
c) escapismo espacial e amor exagerado.
d) escapismo temático e imagens amorosas.
e) escapismo pela morte e exaltação do amor.

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Comentários
A alternativa A está correta, porque percebe-se, durante a leitura do texto de Álvares de Azevedo,
uma exaltação de elementos que levam à fuga pela morte. É interessante notar que essa é uma
temática constante da obra desse poeta, considerado dos mais importantes da literatura brasileira.
A alternativa B está incorreta, visto que não há fuga no tempo ou qualquer forma de exaltação do
país. Essa exaltação era típica da primeira geração.
A alternativa C está incorreta, pois não há referência a fuga no espaço, com construção poética em
outro local ou qualquer referência de temática amorosa, ainda que esse seja o tema preferido de
Álvares de Azevedo.
A alternativa D está incorreta, porque não há qualquer referência a escapismo temático que, na
realidade não existe, bem como as imagens mais noturnas não estão relacionadas ao amor.
A alternativa D está incorreta, uma vez que, apesar de termos referências a escapismo mais radical,
o pela morte, não temos quaisquer referências ao amor exagerado.
Gabarito: A

QUESTÃO 17.
José de Alencar divide, com Machado de Assis, a representação do que a prosa brasileira
produziu de melhor durante o século XIX. Encaixado entre os mais importantes escritores da
literatura brasileira, destaca-se por
a) produzir, em Diva, aqui transcrito, um livro que apresenta, como notado no trecho, a
consumação do amor.
b) produzir uma coleção de obras na vertente urbano-social, sem se dedicar a qualquer outra
das vertentes da época.
c) produzir um retrato da nação anterior à chegada dos portugueses em 1808, época do Brasil
verdadeiro, em sua essência.
d) produzir uma continuidade de pensamento em prosa de Diva que se conecta às demais
produções de Alencar, como continuação.
e) produzir a mais variada coleção em prosa do Romantismo brasileiros, com obras que
abordam todos os aspectos do país, do urbano ao indianismo.
Comentários
A alternativa A está incorreta, porque o trecho apresentado de Diva não indica qualquer relação de
consumação de amor. Temos, na realidade, uma rememoração de um amor que se consumou e que
teve a morte da mulher como fim.
A alternativa B está incorreta, visto que José de Alencar foi o autor mais produtivo de nosso
Romantismo, principalmente quando levamos em consideração que ele foi o único a produzir obras
em todas as vertentes: urbano-social, indianista, regional e histórica.

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A alternativa C está incorreta, porque, apesar de em alguns momentos Alencar produzir obras
anteriores à chegada dos portugueses, essa não é a característica de destaque dele.
A alternativa D está incorreta, pois Diva é continuação de Lucíola e não de todas as obras de Alencar.
Essa continuidade não existe na obra de Alencar.
A alternativa E está correta, uma vez que a obra de Alencar é a mais completa dentre as produções
em prosa do nosso Romantismo.
Gabarito: E

QUESTÃO 18.
Observe as duas orações a seguir:

I. Não farei outra coisa senão dormir.


II. Não farei outra coisa, se não dormir.

Analisando a semântica das duas orações, é possível entender que


a) em (I) o sujeito só fará outra coisa após dormir; e, em (II), o sujeito somente dormirá, sem
fazer mais nada.
b) em (I) o sujeito somente dormirá, sem fazer mais nada; e, em (II), o sujeito somente fará
outra coisa após dormir.
c) nos dois casos, o sujeito somente fará outra atividade após dormir.
d) nos dois casos, o sujeito somente dormirá, sem fazer qualquer outra atividade.
e) os dois casos não apresentam significação correta em português, por isso a significação é
atrapalhada.
Comentários
A alternativa correta é a letra B, visto que, no primeiro caso, o senão funciona com o valor de “nada
além de”, enquanto, no segundo caso, separado, se não apresenta uma condição. Essa condição
explica a necessidade de dormir para que possa fazer alguma coisa.
Gabarito: B

QUESTÃO 19.
No plano da invenção ficcional e poética, o primeiro reflexo sensível é a descida de tom no
modo de o escritor relacionar-se com a matéria de sua obra. O liame que se estabelecia
anteriormente entre o escritor e o mundo estava afetado de uma série de mitos idealizantes:
a natureza-mãe, a natureza-refúgio, o amor-fatalidade, a mulher-diva, o herói-prometeu, sem

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falar na aura que cingia alguns ídolos como a "Nação", a "Pátria", a "Tradição" etc. Ele não
temia as demasias do sentimento nem os riscos da ênfase patriótica; nem falseia de propósito
a realidade, como anacronicamente se poderia hoje inferir: é a sua forma mental que está
saturada de projeções e identificações violentas, resultando-lhe natural a mitização dos temas
que escolhe. Ora, é esse complexo ideo-afetivo que vai cedendo a um processo de crítica na
literatura do momento seguinte. Surge um esforço, por parte dos escritores acercar-se
impessoalmente dos objetos, das pessoas. E uma sede de objetividade que responde aos
métodos científicos cada vez mais exatos nas últimas décadas do século.
(adaptado de Alfredo Bosi, História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Editora Cultrix, 1970)

O texto refere-se, respectivamente, aos movimentos literários denominados


a) Barroco e Arcadismo.
b) Arcadismo e Romantismo
c) Romantismo e Realismo.
d) Realismo e Naturalismo.
e) Naturalismo e Simbolismo.

Comentários:

A alternativa A está incorreta, pois o Barroco não apresenta expressões de amor à pátria como
característica central; e nem o Arcadismo se baseia em método científico.

A alternativa B está incorreta, pois o Romantismo não é um movimento baseado no pensamento


científico, mas sim na emoção e idealização.

A alternativa C está correta, pois o Romantismo é um movimento marcado pela idealização e amor
à pátria exposto de maneia mitificada, enquanto o Realismo é um movimento que se baseia no
método científico e na impessoalidade.

A alternativa D está incorreta, pois o Realismo, como o próprio nome aponta, é um movimento
ligado ao pensamento racional, não idealizado.

A alternativa E está incorreta, pois o Naturalismo não é um movimento ligado à idealização e o


Simbolismo não é ligado à racionalidade.
Gabarito: C

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QUESTÃO 20.

Abstrato

Fazer artístico que não representa objetos ou elementos na maneira como eles se apresentam no
mundo, na realidade à nossa volta, mas sim a partir de formas que não remetem necessariamente
à realidade.

Dentre as obras abaixo, a que apresenta maior grau de abstração é a pintura:

a) (View of the Domaine Saint-Joseph, 1880s, Paul Cézanne)

d)

(Steamboats in the Port of Rouen, 1896, Camille Pissarro)

b)
(The Ballet from “Robert le Diable”, 1971, Edgard Degas)

e)

(View of the Seacoast near Wargemont in Normandy, 1880,


Auguste Renoir)

c)
(Untitled, 1945, Jackson Pollock)

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Comentários:

Apesar de todas as obras apresentadas apresentarem algum grau de abstração, seja pela escolha de
cores, seja pela menor nitidez de formas e contornos, a alternativa E é a que apresenta desenho com
maior abstração, sendo praticamente impossível encontrar grandes referenciais na realidade. Exceto
por algumas imagens, poucos elementos são identificáveis. A obra é mais fortemente fundada nas
imagens abstratas.
Gabarito: E

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