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Sociologia

Livro Digital
2º Simulado
UNESP 2021

Profe. Alê Lopes


Olá, querido aluno e aluna!
Meu nome é Alessandra Lopes, mas pode me chamar de Alê. Sou professora do Curso de
História e Sociologia do Estratégia Vestibulares.
Sou Bacharel em Ciências Sociais e Licenciada em Sociologia, ambos os
cursos pela UNICAMP. Na mesma Universidade obtive o título de
Mestra em Ciência Política.
Desde 2003, dou aulas de História, Sociologia e Humanidades em
cursos pré-vestibulares e para o ENEM. Conheço praticamente todos
os sistemas de ensino, materiais e abordagens que existem nesse
“mundo dos vestibulares. Então, fica tranquilo e tranquila porque você
está em boas mãos.
Espero que você tenha ido bem nesse Simulado! Aproveite a correção e
surgindo dúvidas, conte comigo. Deixo minhas redes sociais para que
você me encontre quando precisar. Vem ser Coruja!
Um beijo apertado e suspiro dobrado de amor sem fim,
Alê

SOCIOLOGIA

Questão 48
Diferentemente das sociedades anteriores ao surgimento do capitalismo, nas quais a técnica
empregada no processo de produção dos bens, dos serviços e das mercadorias
permaneceram as mesmas durante séculos, em nosso tempo – na Contemporaneidade – as
relações de produção se tornaram mais complexas. Essa complexidade é resultado da
histórica e crescente divisão social do trabalho, sendo os autores Émile Durkheim e Karl
Marx as referências neste debate.
Para explicar a divisão social do trabalho, ao longo da história, os autores supracitados
desenvolveram, respectivamente, os conceitos de,
a) Solidariedade Mecânica; Alienação.
b) Solidariedades Orgânica e Mecânica; Luta de Classes.
c) Luta de classes; Solidariedade Orgânica.
d) Solidariedade Mecânica; Luta de classes
e) Solidariedade Orgânica; Alienação
Gabarito: B
Comentários:
Profe Alê Lopes

Vejam, as alternativas são uma salada mista. Todas elas trazem conceitos de Durkheim e de
Marx. Mas só a B correlaciona respectivamente os conceitos. Para Émile Durkheim a divisão
social do trabalho na sociedade gera a Solidariedade Orgânica e Mecânica e, para Karl Marx,
a luta de classes é considerada elemento fundamental. Nesse sentido, só pode ser o gabarito
B.
Veja a explicação dos conceitos:
Diferentemente das sociedades anteriores ao surgimento do capitalismo, nas quais a técnica
empregada no processo de produção dos bens, dos serviços e das mercadorias
permaneceram as mesmas durante séculos, em nosso tempo – na Contemporaneidade – as
relações de produção se tornaram mais complexas. Contudo, mesmo a sociedade da
antiguidade e a medieval também tinham formas de divisão do trabalho, aliás, cada época
histórica tem sua própria divisão e isso dá origem a relações de produção específicas:
escravidão, servidão, assalariamento, entre outras
Essa complexidade é resultado da crescente divisão social do trabalho, sendo os autores
Émile Durkheim e Karl Marx as referências neste debate.
Para Marx, com o aumento da produção dos itens necessários à vida social, o excedente
gerado provocou uma tendência à sedentarização das pessoas. A divisão social do trabalho
passou a ser, em linhas gerais, da seguinte forma: alguns produziam diretamente e outros
passaram a administrar o excedente. Mais adiante na História, em um contexto de Urbes
(burgos), a divisão social se tornou mais complexa: o trabalho rural, via agricultura, passou
a fornecer alimentos e os centros urbanos a fornecer comércio, serviços e mercadorias
industrializas. Em seguida, a divisão social do trabalho, do ponto de vista marxista, passou a
ser: donos do meio de produção (capitalistas) e donos da própria força de trabalho
(proletários). Essa relação social se expandiu para os diversos cantos do mundo.
Vale ressaltar que, no interior das fábricas houve outras divisões: o diretor, o gerente, o
supervisor, o encarregado, e os operários “do chão de fábrica”.
Diante disso, quando estudamos a categoria trabalho no marxismo, a divisão social do
trabalho assume contornos de uma tensão, um confronto entre formas de propriedade,
distribuição de renda entre os indivíduos, formação das classes sociais e até disputas
simbólicas. Daí surge a noção de luta de classes para o marxismo.
Émile Durkheim, por sua vez, faz uma abordagem distinta da de Marx. No livro Da divisão
do trabalho social, o francês demonstra que a crescente especialização do trabalho
promovida pela industrialização trouxe uma forma de solidariedade no funcionamento da
sociedade, e não o conflito (na forma de luta de classes), de modo que essa nova divisão
passou a contribuir para a coesão social. Vejamos:

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Profe Alê Lopes

O que nos diz Durkheim


Solidariedade Solidariedade sobre a Solidariedade
Mecánica Orgânica Mecânica e Orgânica?
própria de sociedades Enquanto a precedente [a
comum em sociedaes mais complexas, em solidariedade mecânica] implica
menos complexas. Aqui que há diversidade de
cada individuo realiza trabalho. A coesão que os indivíduos se assemelham,
tarefas direcionadas à social está na esta [a solidariedade orgânica]
sobrevivencia. interdependencia entre supõe que eles diferem uns dos
Predominio de crenças, os indivíduos em outros. A primeira só é possível na
tradições e costumes. função da divisão social medida em que a personalidade
do trabalho. individual é absorvida na
personalidade coletiva; a segunda
só é possível se cada um tiver uma esfera de ação própria, por conseguinte, uma personalidade. É necessário,
pois, que a consciência coletiva deixe descoberta uma parte da consciência individual, para que nela se
estabeleçam essas funções especiais que ela não pode regulamentar; e quanto mais essa região é extensa,
mais forte é a coesão que resulta dessa solidariedade. De fato, de um lado, cada um depende tanto mais
estreitamente da sociedade quanto mais dividido for o trabalho nela e, de outro, a atividade de cada um é
tanto mais pessoal quanto mais for especializada. Sem dúvida, por mais circunscrita que seja, ela nunca é
completamente original; mesmo no exercício de nossa profissão, conformamo-nos a usos, a práticas que são
comuns a nós e a toda a nossa corporação. Mas, mesmo nesse caso, o jugo que sofremos é muito menos
pesado do que quando a sociedade inteira pesa sobre nós, e ele proporciona muito mais espaço para o livre
jogo de nossa iniciativa. Aqui, pois, a individualidade do todo aumenta ao mesmo tempo que a das partes; a
sociedade torna-se mais capaz de se mover em conjunto, ao mesmo tempo em que cada um de seus
elementos tem mais movimento próprios. Essa solidariedade se assemelha à que observamos entre os
animais superiores. De fato, cada órgão aí tem sua fisionomia especial, sua autonomia, e, contudo, a unidade
do organismo é tanto maior quanto mais acentuada essa individuação das partes. Devido a essa analogia,
propomos chamar de orgânica a solidariedade devida à divisão do trabalho. (DURKHEIM, Émile. Da divisão
do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes. 1999. P 108-109)

Questão 49

Gláucio Henrique Moro.


https://www.urbanarts.com.br/allstarp
oru-abaporu-remastered-68085/p.
Acesso em 01-11-2019.

A obra de Gláucio Henrique Moro faz uma releitura da obra de Tarsila do Amaral, Abaporu.
Nessa releitura ele traz elementos que contribuem para a reflexão sobre:

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a) A alienação da juventude que só fica ligada nas redes sociais e esquece da vida
real.
b) Reprodutibilidade técnica da arte que gera perda da originalidade da obra.
c) Cultura de Massas associada a consumo de massa impulsionado pela tecnologia.
d) Cultura popular, considerada inferior à obra clássica.
e) Cultura como consumo de larga escala já que todas as pessoas têm acesso à arte
e cultura.
Gabarito: C
Comentários:
Essa é uma questão de interpretação que nos remete ao campo de estudos sobre cultura,
entretenimento e consumo. A releitura feita pelo artista traz uma obra clássica e agrega a
ela 3 elementos que marcam o consumo de hoje: o celular, o mouse de um computador e o
tênis. Ou seja, arte, consumo e tecnologia.
Nesse sentido, devemos lembrar da associação entre os conceitos de cultura de massas e a
consumo de massas em um contexto de avanço dos meios de tecnologia da comunicação,
inclusive. Assim sendo, o gabarito da questão é alternativa C.
Vejamos a explicação sobre os conceitos:
Nas Ciências Sociais, os estudos sobre os impactos da tecnologia nas artes, comunicação,
consumo e seus efeitos no comportamento humano se desenvolveram a partir do começo
do século XX. Os estudiosos começaram a refletir sobre as transformações na sociedade do
final do século XIX, impulsionadas pelos avanços das tecnologias da comunicação e seus
impactos na vida social e coletiva.

Na Europa, do final do século XIX, ocorriam a expansão e a mundialização do capitalismo –


ou a 2ª Revolução Industrial. Essas transformações marcaram o tempo da Belle Époque
caracterizado por aumento do letramento da sociedade que passava a consumir imagens,
ideias, informações e mercadorias, por meio da fotografia, do rádio e do cinema. Também
faziam parte desse cenário os grandes espetáculos de teatro, música. A indústria editorial
crescia e começava a se desenvolver um “mercado editorial” dos bestsellers.

Assim, segundo os especialistas sobre o assunto, essas inovações nos campos da arte e da comunicação tiveram
impactos reais nas formas de sociabilidade por terem o poder de influenciar as formas de os seres humanos
perceberem a realidade, as outras pessoas e a si mesmos. Guarde com carinho essa noção geral, porque,
tendo-a em mente, você consegue responder muitas questões interpretativas sobre esse assunto. 😉

Para os analistas desse contexto histórico, a grande questão passou a ser a imagem, ou
melhor, a disseminação a imagem por meio das novas tecnologias. A máquina fotográfica
possibilitou uma forma inusitada de “eternizar” o que os olhos viam e o cinema passou a
construir histórias que misturavam a realidade e a ficção!! Mais tarde, a televisão também
contribuiu para a formação de uma “cultura da imagem”.

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Veja queridos e queridas, as mídias contemporâneas estão centradas na imagem dos


indivíduos e das coisas, anote isso! Para as relações sociais, em qualquer que seja o tempo
histórico, a imagem é um meio que pode conduzir a percepção humana. Assim, ela é a
mediação entre o ser humano e a atribuição de sentidos que o próprio homem tece sobre
si e sobre o mundo em que vive. Portanto, a imagem é um elemento fundamental na
construção da cultura como uma teia de significados e representações, tal como definiu
Clifford Geertz.
Ao serem transmitidas e reproduzidas imagens por meios amplos e ilimitados – como o
cinema e a televisão – para um público também amplo e indiferenciado, promoveu-se a
formação de um repertório homogêneo de identidades, percepções, desejos, sonhos,
mitos. Essas foram as bases da chamada “cultura de massa” – relacionada com a ideia de
padronização da cultura.
Agora atenção, o conceito de “cultura de massas” não é
só a ideia de uma homogeneização dos padrões culturais, veja:
Um dos autores a desenvolver essa ideia foi Walter
Benjamin, em 1927, no seu livro Passagens. Ao analisar a capital
mais cultural da Europa do século XIX, Paris, ele identifica uma aproximação entre cultura,
entretenimento e consumo.
Na verdade, Benjamin estava analisando o momento de expansão e mundialização
do capitalismo – ou os efeitos da 2ª Revolução Industrial – que é, também, o momento da
criação da propaganda comercial.

Nesse sentido, segundo o autor, as tecnologias da imagem, comunicação e artes passaram


a ser adaptadas para o mercado a fim de massificar o consumo das mercadorias que
passavam a ser produzidas em larga escala.
Entenderam por que o gabarito é a alternativa C “Cultura de Massas associada à
consumo de massa impulsionado pela tecnologia”?
Agora, vejamos os erros das demais alternativas:
a) Essa é uma construção de senso-comum que desconsidera a transformação das
formas de socialização e que não são, necessariamente, alienadas.
b) Embora o conceito de reprodutibilidade técnica esteja correto, a questão não
versa sobre perda da aura ou originalidade da obre.
c) É nosso gabarito.
d) Esse embate entre cultura popular e cultura clássica existe, mas hoje não se
admite mais falar em superioridade e inferioridade. Hoje falamos em diversidade
cultural.
e) O que determina a cultura como cultura de massa é o modo como é feita, a
intencionalidade que lhe é aplicada e não, necessariamente a quantidade, embora
isso também importe como resultado. Além disso, o principal erro da alternativa
é dizer que todos têm acesso à arte e cultura. Assim, como outros bens e direitos,
a cultura e a arte não é fruída e compartilhada por todos.

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Questão 50

O uso de hidroxicloroquina em pacientes infectados com o novo coronavírus é um dos


principais pontos de divergência entre Trump e Fauci. Assim como Bolsonaro, o presidente
americano também é entusiasta do uso do medicamento - que é indicado para o tratamento
de doenças como artrite reumatoide, lúpus e malária. Mas Fauci, assim como Mandetta,
alerta que os estudos sobre a segurança e a eficácia do uso da droga em casos de covid-19
ainda são muito limitados e há o risco de efeitos colaterais graves, que incluem arritmia
cardíaca e podem, em alguns casos, ser fatais. Sua atuação na força-tarefa da Casa Branca e
a participação constante em briefings diários e em entrevistas a diversos veículos de
imprensa transformaram Fauci em herói para parte dos americanos, mas também em alvo
de alguns aliados de Trump, que acusam o cientista de prejudicar a economia. O âncora
Tucker Carlson, da Fox News, disse que o médico não deveria estar tomando decisões que
afetam os rumos da economia do país, que manter a quarentena no país seria "suicídio
nacional" e que o desemprego resultante será um desastre maior do que vírus. A linguagem
é parecida com a utilizada nas críticas à atuação do ministro Mandetta, que defende a
importância do isolamento social para retardar a disseminação do coronavírus no Brasil.
Nesta semana, o deputado Osmar Terra (MDB-RS), cotado para assumir a pasta caso
Bolsonaro demita Mandetta, disse que "quem vai matar o Brasil não é o coronavírus, é a
quarentena.
Quem é Anthony Fauci, principal cientista dos EUA no combate ao coronavírus, que contradiz Trump sobre
cloroquina. BBC 10-04-2020. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-
noticias/bbc/2020/04/10/quem-e-anthony-fauci-principal-cientista-dos-eua-no-combate-ao-coronavirus-
que-contradiz-trump-sobre-cloroquina.htm?cmpid=copiaecola

O artigo trata sobre o tema das políticas dos governos para combater os efeitos da pandemia
causada pelo COVID-19, conhecido mundialmente por coronavírus. Na discussão sobre
políticas públicas, como uso de hidroxicloroquina e isolamento social, lideranças políticas,
médicos e mídias confrontam argumentos de duas naturezas, são eles:
a) religiosos e estatísticos
b) ideológicos e propagandísticos
c) de saúde e de interesses políticos
d) científicos e econômicos
e) religiosos e econômicos
Gabarito: D
Comentários:
Essa é uma questão de tipologia clássica na UNESP: trazer um tema polêmico e argumentos
conflitantes. O comando gira em torno de identificar quais argumentos, ou ainda, como é o
caso dessa questão, a natureza de cada argumento.
Nesse caso, segundo o texto, os argumentos em torno das políticas públicas de combate aos
efeitos da pandemia são de natureza científica, na área médica, e econômicas.
Mas, profe, não tem a ver com interesses políticos ou ideológicos?

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Profe Alê Lopes

Cuidados, queridos e queridas, porque não podemos trabalhar com teorias da conspiração,
embates entre grupos de políticos... nada disso importa na nossa resposta.
O texto menciona que Trump, Bolsonaro e Tucker Carlson e Osmar Terra são contrários ao
isolamento porque pode causar problemas da economia, enquanto médicos como Mandeta
e Fauci alertam para os efeitos colaterais do uso da hidroxicloroquina. Ou seja, argumentos
de natureza econômica e científica.
E minha opinião, como fica professora?
Fica para sua próxima “conversa de bar”, ops, no zoom meeting, hangouts meet, whats
vídeo, live do instagram, etc...
Brincadeirinha à parte, como sempre digo, nossa missão, na prova, é obedecer ao comando
do enunciado! Vai lá e arrasa

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