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Vídeo: Educação, Modernidade e

Pós-Modernidade - Newton Duarte


Link: <https://www.youtube.com/watch?v=YIHN6ihXi4I&t=2622s> Enviado pela Profª.
Agustina devido à: “[…] Porque embora você "topou" usar o materialismo histórico-dialético
como referencial, você faz bastante confusão entre marxismo, pós-modernismo, etc. (nós já
falamos disso lembra?, você achava que a Judith Butler era marxista...) […] Você já me
perguntou duas vezes -no dia da defesa e ontem- se era para utilizar "percepção" (porque a
professora Karla falou em percepção). Percepção, representação social, etc. são conceitos da
fenomenologia, do pós-modernismo, não do materialismo. O pós-modernismo nega "a
realidade" (presta atenção ao vídeo do Duarte), para ele tudo está no nível da "linguagem",
não no real dado. Eu acho - depois conversamos sobre isso - que a professora Karla falou em
tirar um capítulo, não porque tem coisa de mais, mas porque você não "amarra" ele com o
resto da pesquisa. Então, ficou sobrando. Não precisa me responder esta mensagem porque
não tenho tempo de ler e responder. Só quero que você assista o vídeo que estou mandando
com atenção. Até por que, é um referencial importante para a Educação, que é o campo que
você pretende estudar no futuro.[…]” (enviado por mensagem).

Anotações

Quando se fala em pós modernidade, sociedade pós-moderna, são maneiras de se


compreender e analisar a sociedade em que nós vivemos. No entender de Duarte não existe a
pós-modernidade ou a sociedade pós-moderna, mas existe o pós-modernismo. O pós-
modernismo depende que nós viveríamos na era da pós-modernidade, um período histórico
posterior a modernidade.
Nós ainda vivemos na sociedade moderna. Não superamos ainda a modernidade, logo ainda
não existe uma pós-modernidade. Não existe uma sociedade conhecimento, pois, dentre
outras coisas, a base da dinâmica social, a base do ser social nesta sociedade, seria o
conhecimento, sua circulação, sua produção, sua circulação, suas utilizações. E a nossa
sociedade não estaria mais apoiada no trabalho, na produção e reprodução material da vida
humana, e sim na produção e circulação do conhecimento. Este último ainda, sendo acessível
a todas as pessoas.

Nesse sentido o que caracterizaria a nossa sociedade, seria a importância do conhecimento na


nossa sociedade sendo a base do ser social.

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Duarte não concorda com isso, pois o trabalho, a produção e reprodução da materialidade da
vida humana não foi substituído por uma produção simbólica (a produção do conhecimento).
A base do ser social ainda é o trabalho. O que comanda a lógica da nossa sociedade é a
relação entre capital e trabalho. Sua essência ainda é a relação de capital e trabalho e a
reprodução do capital.

No entanto, o pós modernismo existe enquanto ideologia, que para Duarte, precisa ser
combatida. Ele ainda tem uma posição mais rígida: de que o pós-modernismo não há
contribuições favoráveis, apenas concepções irracionais na realidade.

Ao posicionar-se contra a análise da sociedade numa perspectiva de totalidade e de superação


do capitalismo, o pós modernismo tem se movido na mesma direção que o neoliberalismo, de
que a história acabou, que chegamos ao fim da história. O pós modernismo renuncia a
possibilidade de revolução social como sendo apenas uma ideia utópica.
“Não basta porém que as possibilidades existam, é preciso conhecê-las, saber utilizá-las e é
preciso querer utilizá-las” (Gramsci, apud Duarte).

O pós modernismo defende o relativismo epistemológico e o relativismo cultural, como


chama Duarte.

A concepção pós moderna do individuo é que o indivíduo não existe. A ideia que a pessoa
humana não tem um núcleo coerente é pós modernismo. Um centro, uma busca coerente do
indivíduo. Ser fragmentado é uma perspectiva pós moderna.

Em certa medida somos sim fragmentados, devido a alienação nesta sociedade somos
fragmentados em papéis socias. Nos alienamos a tal ponto que não desenvolvemos nosso
núcleo, o núcleo da nossa individualidade e da nossa personalidade.

A formação da individualidade se da dentro da relação entre os seres humanos, com outros


sujeitos, em situações socialmente configuradas (mediadas pela cultura). Situações que são
resultados de processos históricos. Somos seres sociais, formados da experiência socialmente
existente. Somos seres que dependem da experiência histórica. Quando nascemos, os
aspectos da individualidade que temos são estritamente biológicos, mas em termos de
caracterização da individualidade humana, ela é fundamentalmente social.

O social, que forma nossa individualidade, é acúmulo de experiência histórica. E ao se


apropriar dessa experiência nos tornamos capazes de nos objetivarmos enquanto seres
humanos. Ou seja, nos tornamos capazes de realizar atividades que resultam em fenômenos
humanos objetivos. A categoria de objetivação é a transferência de atividade do sujeito para o
objeto. (O trabalho)

→ Polêmicas e Questões envolvendo Pedagogia Histórico Crítica

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A pedagogia histórico critica tem defendido que a escola na sociedade burguesa é perpassado
por uma contradição. Por um lado, a escola é uma instituição cuja função específica se
caracteriza pela socialização do saber sistematizado, é portanto uma instituição socializadora
do conhecimento nas suas formas mais desenvolvidas. Se por um lado, entretanto, a escola é
destinada a socialização do saber sistematizado, e essa função desenvolveu-se historicamente,
e na sociedade burguesa a educação escolar assumiu a característica de forma dominante de
educação, que não era em sociedades anteriores do capitalismo, por outro lado, essa função
socializadora da escola entra em contradição com o caráter privado da apropriação dos meios
de produção na sociedade capitalista. Se os meios de produção são propriedade privada, os
conhecimentos, sendo parte dos meios de produção, não podem ser completamente
socializados. Está posta uma contradição, portanto, insuperável na sociedade capitalista.

É por isso que na história da educação, na sociedade burguesa, há uma luta permanente entre,
por um lado, a tendência a escola a atingir um número cada vez maior de pessoas, a se
expandir idades cada vez mais avançadas na vida das pessoas, a tomar mais tempo da vida
das pessoas, a escola assumindo essa forma dominante de educação e sendo assumida pela
sociedade em termos de formação, mas ao mesmo tempo, sendo realizadas ações
INTENCIONAIS no sentido de que a escola destinada aos filhos da classe trabalhadora, não
socialize realmente o conhecimento nas suas formas mais desenvolvidas.

Defende-se de forma radical que a escola não faz a revolução. Mas para fazer a revolução
TODOS (a classe trabalhadora) precisa dominar os conhecimentos que permitam fazer a
análise crítica da realidade. As formas de pensamento, os processos intelectivos,
indispensáveis para a compreensão da realidade natural e social para além das aparências.
São processos que não se desenvolvem no sujeito se os sujeitos não se apropriarem dos
conhecimentos em suas formas mais desenvolvidas.

A revolução é um dos processos mais criativos da sociedade. Pois é preciso criar uma nova
sociedade. Para isso são precisas ferramentas intelectuais em suas formas mais
desenvolvidas. Isso por si só fará a revolução e formando comunistas? Não. Mas sem a luta
por uma escola na qual o conhecimento esteja no centro da atividade educativa, nós
avançaremos muito pouco neste processo revolucionários.

→ Interações entre a plateia e o professor Demerval Saviani:


Professor o senhor disse que o pós modernismo afirma que o socialismo é totalitário. O
Marx afirmou sobre a necessidade da ditadura do proletariado.
Vem sendo afirmado que a escola para o trabalhador, é uma escola que não socializa o
conhecimento de alto nível, e eu me pergunto, após minha experiência em escolas públicas e
privadas, da ed. básica ao ensino superior. Qual escola realmente oferece o ensino
sistemático de alta qualidade?

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Numa leitura da (de)colonialidade. O que o senhor expressa sobre essa novas formas
desenvolvimentistas.

Sobre a ditadura do proletariado e a crítica ao socialismo ser totalitário. Se faz-se uma


revolução para derrubar a burguesia, que é preciso para superar o capital. Mas a burguesia se
organizaria para retomar o poder, logo formas de organização do estado precisam ser
organizadas para impedir que a burguesia tome o poder. A imposição de uma nova forma de
organização social é uma ditadura do proletariado, não com o objetivo de criar uma sociedade
totalitária, ou não democrática, mas com o objetivo de desenvolver e radicalizar uma
verdadeira democracia. Onde a riqueza humana esteja a serviço de toda humanidade e não
mais uma propriedade privada. A ditadura do proletariado não é contrária à uma sociedade
democrática. O socialismo não é antidemocrático.

Sobre a socialização do conhecimento e qual escola faz isso, em parte Duarte concorda pois
em parte as pedagogias do aprender a aprender tem influenciado negativamente a escola de
forma que têm-se afetado toda a escola, inclusive destinados aos filhos da burguesia, mas não
atinge da mesma forma que as escolas destinadas as classes trabalhadoras.
É claro que não se trata em absoluto de querer defender nenhuma posição colonialista,
etnocêntrica e ignorar a luta de classes e a luta ideológica reflete-se também na produção do
conhecimento. Sendo este marcado pelas lutas de classes. O conhecimento é uma produção
humana (e histórica). Reconhecer as contradições não significa de maneira nenhuma negar
que haja desenvolvimento na produção cultural humana. Que existem formas mais ricas, que
explicam melhor a realidade, e conhecimentos mais pobres, que não contribuem para
explicarmos a realidade. Como, por exemplo, no campo das ciências não da mais para
dizermos que o sol gira em torno da terra, mas a poucos séculos atrás via-se dessa maneira.
Não é possível negar esse desenvolvimento.
O escolanovismo, as múltiplas pedagogias e tipos de pedagogia se alternam mas não são
modificadas as estruturas do trabalho objetivo do professor; teorias já precárias em sua forma
somada a precária estrutura educacional só pode gerar precarização.

Termos

Modernidade - A modernidade, na analise de Duarte, é a sociedade burguesa, a sociedade


capitalista.
Pós modernismo - Segundo Duarte é uma ideologia. Isso, porque não há uma sociedade pós-
moderna, que superou a modernidade (o capitalismo).
marxismo;

A ideia da impossibilidade da superação da sociedade capitalista pelo socialismo.


Considera que a perspectiva de socialismo como totalitária e que a superação do

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capitalismo pelo socialismo é utópica e não respeita as diferenças, não dando conta da
complexidade da sociedade. (ceticismo do processo de revolução social);

O pós modernismo nega a possibilidade de conhecimento objetivo da realidade.


Não existe a realidade propriamente dita; ou se ela existe, não podemos dizer o que ela é.

Se abstém de dizer o que a realidade é; não faz afirmações ontológicas.


Relativismo Epistemológico: é aquele que segundo o qual não seria possível conhecermos a
realidade objetivamente, porque ao tentar reconhecer a realidade faríamos isto a partir de uma
perspectiva singular. E sendo assim, a forma de cada sujeito de ver e interpretar a realidade
difere o que impede a universalidade do conhecimento. O conhecimento é subjetivo.

Construcionismo Social: Seria um relativismo epistemológico de grupo, quando defende-se


que uma forma de percepção da realidade parte de um grupo social específico.
Cultura: é uma forma de existência humana objetiva. As objetivações produzidas ao longo
da história da humanidade.

Existência Subjetiva: está nos sujeitos.


Escolas Omnilaterais

Dúvidas

Há lugar no marxismo para a discussão sobre a individualidade?


O conhecimento não está plenamente acessível a todos hoje na sociedade? - O conhecimento
em algumas de suas formas se incorpora aos meios de produção, sendo logo, no capitalismo,
propriedade privada. E se o conhecimento não está socializado, esta sociedade não é uma
sociedade do conhecimento. (Conhecimento X Informação)

Não há construcionismo social ao se referir aos métodos adotados por um grupo de


pesquisadores?
Mas a concepção de um indivíduo isolado não seria algo que vai contra o marxismo? Há
busca de individualidade no marxismo?

O que é o Relativismo Cultural?


Por que o aprender a aprender não é uma pedagogia progressista?

Toda escola é uma “instituição socialista em si”?

Desacordo e Dúvida para o debate:

Cultura mais ou menos desenvolvida? Cultura erudita e popular? (Discordo, concordo com o
que Raymound Williams, um crítico de cultura marxista, traz que cultura é comum. É o

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cultivo das formas de um povo num tempo determinado. A definição do que é art/música ou
cultura “rica” ou “pobre” está no cerne do debate de “Quem define”)- também apoio minha
critica em um autor pós moderno o Foucalt quando ele fala sobre as estruturas de poder que
definem poder (quem define o que é cultura e musica boa ou cultura erudita) se a cultura é
produzida pelas pessoas, é o que um povo cultiva, é comum, porque existe “alta ou baixa
cultura” essa definição não auxiliaria a hierarquização que o marxismo busca romper?

Referencias

A individualidade para si, Newton Duarte. 2017.

Lukács a destruição da razão.


A rendição pós-moderna à individualidade alienada;
A brincadeira de papeis sociais na educação infantil - Vamos brincar de alienação (Duarte)

Pedagogia Histórico-critica e luta de classes na revolução escolar - Saviani e Duarte


Arte, conhecimento e paixão

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