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UNIVERSIDADE PARANAENSE - UNIPAR

ESTÁGIO SIMULADO PRÁTICA DE PROCESSO PENAL


PROFESSOR COORDENADOR DA PRÁTICA: SÉRGIO RICARDO TINOCO

Acadêmica: Eduarda Soares Marques RA: 00188294

Atividade nº 06
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

Orientador: ANTONIO CARLOS BRANDÃO

Créditos: _________________________________________

__________________________________

Visto do Orientador
UNIVERSIDADE PARANAENSE - UNIPAR
ESTÁGIO SIMULADO PRÁTICA DE PROCESSO PENAL
PROFESSOR COORDENADOR DA PRÁTICA: SÉRGIO RICARDO TINOCO

Acadêmica: Eduarda Soares Marques RA: 00188294

Atividade nº 06
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

Orientador: ANTONIO CARLOS BRANDÃO

Créditos: _________________________________________

__________________________________
Visto do Orientador
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO
JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE CASCAVEL – ESTADO
DO PARANÁ.

Processo nº xxx

SOELY, já qualificada nos autos em epígrafe, através de seu procurador que se


subscreve, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo
403, parágrafo 3º do Código de Processo Penal, apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS


Pelas razões de fato e de Direito expostos a seguir.

I. DOS FATOS
A acusada foi denunciada pela suposta prática do crime de lesão corporal leve,
com a presença de circunstancia agravante de ter sido cometido contra mulher grávida,
de acordo com o artigo 129, caput, cumulado com artigo 61, II, h, ambos do Código Penal.
Narrou a acusação, que no dia 2 de abril de 2016, em via pública, na cidade de
Corbélia, a Acusada agrediu a vítima Sandi com um chute nas costas por confundi-la com
Maria, sua desafeto.
A vítima sofreu ferimentos muito leves, e meses após o fato ocorrido, decidiu
noticiar o fato na delegacia, mais precisamente na data de 4 de outubro de 2016. Foi
orientada pelo delegado de policia a fazer exame de corpo de delito, o que não foi
possível, pois em razão dos seis meses que se passaram, os ferimentos já haviam sarado.
Mesmo assim, Sandi optou por fazer a representação e o Ministério Público fez a
denúncia, apontando Maria como testemunha, ainda que esta não tenha presenciado o
fato. Em seu depoimento, a mesma afirmou não ter visto Soely bater em Sandi e nem viu
os ferimentos, mas disse poder afirmar que os fatos noticiados realmente ocorreram, pois
viu a vítima abalada ao chegar em casa e narrar os fatos para ela.
Além de Maria, não foi ouvida mais nenhuma testemunha e Soely, em seu
interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Além da audiência de instrução e julgamento,
nenhuma ou outra ocorreu.
Cumpre destacar que o representante Ministério Público não ofereceu proposta de
suspensão condicional do processo, alegando que em processo criminal onde se apuravam
outros fatos, Soely foi beneficiaria da suspensão condicional. No entanto, este fato se deu
em 30 de novembro de 2014, anos antes do processos em questão ocorrer.
Também merece destaque, o fato de que magistrado não requereu diligências
complementares, e encerrou a audiência abrindo prazo sucessivo para estas manifestações
finais pelas partes. Nesta oportunidade, o Ministério Público pleiteou a condenação da
Acusada nos termos da denúncia.

II. PRELIMINARES
Preliminarmente, cumpre invocar o artigo 38 do Código de Processo Penal, que
assim dispõe:
“Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante
legal, decairá do direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro
do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor
do crime (...).”

Sendo assim, aplicando-se ao caso em tela, fica claro e evidente a decadência do


direito de representação, uma vez que os fatos ocorreram na data de 2 de abril de 2016 e
a representação apenas foi feita em 4 de outubro de 2016, excedendo o prazo de seis
meses estipulado pela Lei Processual citada. Por esta razão, esta denunciação é descabida
e alcançada pela nulidade.

III. DO DIREITO

III. I. Ausência de materialidade


Diante dos fatos narrados, não é possível identificar materialidade no caso em tela,
não restando comprovada tal como exige o artigo 158 do Código de Processo Penal, que
assim assevera:
“Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.”

O delito de lesão corporal, supostamente praticado pela acusada, é não transeunte


e exige perícia, seja direta ou indireta, o que não foi feito. Constata-se que não foi
realizado o exame de corpo de delito e que nem ao menos a perícia indireta foi feita, pois
a única testemunha ouvida no processo ao menos presenciou os fatos.
Além do dispositivo citado, faz-se necessário destacar também o que dispõe o
procedimento especial do Juizado Criminal, em seu art. 77, §1º da Lei 9.099/95, que
assevera, in verbis:
“§ 1º. Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo
de ocorrência referido no art. 69 desta lei, com dispensa do inquérito policial,
prescindir-se-á do exame de corpo de delito quando materialidade do crime
estiver aferida por boletim médico, ou prova equivalente.”

Haja vista que o crime imputado à Acusada deixa vestígios, e em face do


desaparecimento destes, não há corpo probatório robusto se quer para receber a denúncia.
III. II. Ausência de provas
Diante da narrativa fática, os fatos imputados não foram comprovados, nem a
agressão, nem ao menos a lesão, condutas que deixam vestígios, não há como imputar
qualquer pena a acusada. Observando o que dispõe o art. 386 em seus incisos II e VII, in
verbis:
“Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,
desde que reconheça: (...)
II. não haver prova de existência do fato; (...)
VII. não existir prova suficiente para a condenação.”

Sendo assim, deve ser arquivado o referido processo, por força deste dispositivo.

II. III. Ausência de agravantes


II. III.I. Do estado gravídico
Foram aventadas pelo Ministério Público circunstâncias agravantes que na
realidade não tem motivo de ser. Isto porque, Soely, ora acusada, agiu em hipótese de
erro sobre a pessoa, previsto no art. 20, §3º do Código Penal.
Por esta razão, devem ser consideradas apenas as características da vítima
pretendida, no caso, Maria, que não estava grávida. Portando a agravante do art. 61 do
Código Penal, inciso II, alínea “h”, não tem cabimento neste caso.

II. III. II. Da reincidência


A acusada possui bons antecedentes, uma vez que não foi produzida prova alguma
de maus antecedentes e reincidência. A reincidência alegada pelo representante do
Ministério Público não possui validade, uma vez que não foram juntados devidos
documentos que comprovam tal fato, apenas alegações sobre processo anterior.
Em tal processo houve aceitação da proposta de suspensão condicional do
processo, o que não acarreta condenação e muito menos reincidência. A Acusada ainda é
ré primária.

III. DOS PEDIDOS


Diante deste emérito juízo criminal, vem respeitosamente requerer:
1. Extinção da punibilidade pela decadência do direito de representação, conforme
afirma-se no item II desta peça processual;
2. Declaração de nulidade do processo com a consequente extinção da
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva;
3. Absolvição da Acusada devido à ausência de provas suficientes para a
condenação, de acordo com o evidenciado nos itens III. I. e III. II. desta peça processual.
4. Subsidiariamente, em caso de condenação, pleiteia-se a não incidência da
circunstância agravante de ter sido praticado o delito contra mulher grávida;
5. Subsidiariamente pleiteia-se ainda, em caso de condenação, a não incidência de
agravante de reincidência.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Cascavel, 5 de maio de 2019.

ADVOGADO
OAB/PR
Questões

1) a. Praticou o crime de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal, por utilizar
meio ardil com o intuito de causar prejuízo a vítima, obtendo vantagem ilícita, no caso,
disfarçando-se para levar o carro da vítima.
b. Aparício praticou o crime de furto, previsto no artigo 155 do Código Penal.
2) Poderá suscitar preliminarmente a competência da Justiça Federal de Curitiba para
processar e julgar, e competência relativa da Comarca de Londrina conforme artigos 69
e 70 do Código de Processo Penal.

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