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De modo extremamente sintético podemos afirmar que monismo e dualismo são duas correntes

doutrinárias que tem por objetivo explicar a prevalência do Direito Interno (aquele constituído pelo
conjunto normativo vigente dentro dos limites territoriais de um determinado Estado) ou do Direito
Internacional (composto por convenções e tratados entronizados por mediação entre dois ou mais
Estados independentes com vistas a surtir o efeito jurídico almejado para ambos), quando da
ocorrência de conflito normativo entre as duas esferas de atuação.
O monismo pressupõe que o Direito Internacional e o Direito Interno são elementos de uma única
ordem jurídica e, sendo assim, haveria uma norma hierarquicamente superior regendo este único
ordenamento. Esta Teoria sustenta a tese da existência de uma única ordem jurídica e apresenta
duas variáveis de compreensão e aceitação junto à comunidade jurídica.
A primeira preconiza o monismo com primazia no Direito Interno e tem suas raízes fincadas no
Hegelianismo, que considera o Estado como tendo uma soberania absoluta, de tal forma que não
pode estar sujeito a nenhum sistema jurídico que não tenha emanado de sua própria vontade,
criado por seus próprios meios e que seja possível e viável apenas e unicamente se concebido
através do seu próprio sistema legislativo vigente, sob pena de perder validade e eficácia que se
espera de um instrumento normativo.
Com relação à segunda vertente do monismo, esta adota a preponderância do Direito Internacional
e foi desenvolvida pela Escola de Viena, cujo principal expoente foi o austríaco HANS KELSEN e
pela qual admite-se que o ápice da pirâmide de normas vigentes em um Estado admite a existência
de uma norma superior (“grundnorm”), cuja origem está uma princípio jurídico superior de ordem
internacional e consuetudinário com natureza pacta sunt servanda, oriunda de um Direito
Internacional organizador das relações entre os Estados .
De outro lado, temos o dualismo que admite a existência de duas ordens distintas: a interna e a
externa, onde cada uma não se comunica com a outra. O Direito Interno é elaborado pela vontade
soberana do Estado, enquanto que o Direito Internacional assenta-se na acomodação destas
vontades e, via de conseqüência, admite que a norma internacional somente poderá ser aplicada à
vida interna por incorporação ao Direito Nacional.
A recentíssima Emenda Constitucional número quarenta e cinco buscou preencher a lacuna
existente em nosso ordenamento pátrio superior, fazendo inserir em sue artigo quinto, o inciso
LXXVIII e seus parágrafos, com vigência de força erga omnes, evidenciando a adoção de uma certa
e marcante inclinação para a teoria dualista, pelo menos em uma dicção imediata do parágrafo
terceiro do novo inciso, elevando ao patamar de Emenda Constitucional os tratados e convenções
internacionais aprovados pelo Congresso Nacional, em cada casa legislativa (Senado e Câmara
Federal) por dois turnos com três quintos dos votos.
Por derradeiro, mas sem ousar o esgotamento do tema, faz-se necessário evidenciar que esta
dicção imediata do texto constitucional emendado encerra em si uma interpretação restritiva, posto
que no mesmo parágrafo terceiro têm a expressão: “sobre direito humanos”, que se converte em
elemento limitador da adoção do conceito dualista aplicável ao Direito Interno, permitindo que
apenas tratados e convenções que tenham como premissa principal regular relações dirigidas à
proteção de direito humanos sejam admitidas no ordenamento jurídico interno e, contrário sensu
exclua-se os demais textos originários do entendimento entre dois ou mais Estados independentes
que versem sobre assuntos e temas diversos. Claro está que a interpretação exaustiva do novo
texto constitucional emendado soçobrará para análise jurisprudencial das Cortes Superiores, em
especial o Supremo Tribunal Federal, guardião perene e perpétuo da Magna Carta de 1988.

APÓS A LEITURA, PEÇO-LHES QUE DISCORRAM SOBRE AS CORRENTES ACIMA


MENCIONADAS E SOBRE O OBJETIVO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.

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