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A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.
Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.
Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.
Maiakóvski
Quanto Mais Vela Mais Acesa
Ensaio:
Elisa Lucinda
Exterior
Oswald de Andrade
“... as oito e meia da noite eu já estava na favela respirando o odor dos
excrementos que mescla com o barro podre. Quando estou na cidade tenho
a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus
tapetes de viludos, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a
impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de
despejo.”
Maria Tereza
Poema tirado de uma notícia de jornal
Manuel Bandeira
Liberdade
"Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome”
Marighella
Ode ao Tomate
e em seus cabelos
longos, sujos, cacheados
milhares de piolhos
era frugívora
pelas circunstâncias