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Associação da Escola Portuguesa na Guiné-Bissau

Resumo

Módulo 9: Alterações geoestratégicas, tensões políticas e transformações


socioculturais no mundo atua

Unidade 3:Portugal no novo quadro internacional

Disciplina: História A
Professor: Wilson Barbosa
Trabalho realizado por : Aissata Embaló
Turma: C
Numero: 86

Ano Lectivo:2019/`2020
A integração europeia e as suas consequências

Os motivos para a opção europeia :


Na segunda metade do século XX, foram vários os motivos que levaram
Portugal a procurar aderir a CEE:
 Modernizar as estruturas económicas;
 Aumentar a competitividade;
 aproximar Portugal dos níveis de desenvolvimento europeu; reforçar o
papel do país no quadro internacional;
 responder aos anseios dos imigrantes portugueses queriam beneficiar
da liberdade circulação;
 reduzir o carácter periférico do país;
 reforçar internacionalmente a sua cultura multissecular, a língua
portuguesa, a tradição multicultural e multi racial do país.

Também a comunidade Económica Europeia tinha o seu interesse na adesão


de Portugal a união, uma vez que desejava estender-se para o sul da Europa e
integrar no seu mercado países que podiam ter matérias-primas que não
existiam nos seus países. De referir ainda que o desenvolvimento integrado de
toda Europa seria benéfica para a CEE uma vez que constituiria um bloco
económico capaz de concorrer com o bloco socialista, com os Estados Unidos
da America, com o Japão e com os Novos Países Industrializados(NPI).

Com o fim do período do PREC, com a promulgação da Constituição de 1976,


com as eleições para os órgãos de soberania, também em 1976 (onde foi eleito
como o primeiro Presidente da República no pós 25 de abril Ramalho Eanes e
uma Assembleia da República, pluralista e pluripartidária) e com a
transferência de poderes em todas as antigas colónias portuguesas, estavam
reunidas as condições para iniciar a integração plena de Portugal na
comunidade internacional com a adesão a CEE.

O processo
As diligências entre Portugal e a comunidade Económica Europeia, iniciaram-
se ainda durante o período de Estado Novo, em 1971, com as primeiras
diligências entre Portugal e a CEE. Assim, em 1972, deu-se a assinatura de um
acordo, com concessões limitadas, devido ao carácter antidemocrático do
regime e a manutenção das colónias. Já em 1976 Reunidas as condições
políticas para adesão, com o triunfo da revolução de abril, Portugal vai aderir
ao conselho da Europa. A opção europeia passa ser um projeto político,
assumido sem reservas início e iniciaram-se as negociações em setembro de
1976 que terminaram em fevereiro de 1977. Estas negociações culminaram na
formalização do pedido de adesão por Mário Soares, o primeiro-ministro da
época. Em 1978 dá-se o início oficial das negociações que culminaram na de
um tratado de pré-adesão em 1980.A 12 julho 1985 da assinatura do tratado de
adesão, numa cerimónia conjunta com a Espanha num Mosteiro dos
Jerónimos. E, a 1 janeiro 1986 Portugal torna-se membro pleno da CEE.
Concretizando definitivamente a democratização destes países,
correspondendo ainda a afirmação da CEE na europa do sul.
A adesão a CEE vai trazer inúmeras vantagens ao país, mas não foi um
processo inseto de dificuldades.
As consequências da integração europeia
Nos anos que se seguiram a adesão de Portugal a comunidade Económica
Europeia registaram-se profundas alterações em Portugal a nível político,
económico, demográfico, social e cultural.

 Consequências políticas
Politicamente, são consolidadas as instituições democráticas, uma vez que
deixa de haver ameaças revolucionárias e se verifica a liberdade total,
compromissos entre políticos que fortaleciam a democracia. Internacionalmente
Portugal vai ganhar prestígio, destacando-se figuras como Durão Barroso e
António Guterres que desempenho altas funções em organismos
internacionais, a ONU e a UE, aproximando o país aos centros de decisão
europeia e permitindo a integração de Portugal nos órgãos europeus.

 Consequências económicas
Economicamente, o pois tinha dificuldades, estando menos desenvolvido que
os restantes países da comunidade. Assim, para se desenvolver economia
portuguesa, a comunidade Económica Europeia financiou programas de apoio
económico e financeira a Portugal:
 PEDAP (Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura
Portuguesa) financia a substituição das culturas arcaicas excedentárias
na Europa por modernas técnicas de aproveitamento mais rentável da
agropecuária;
 PEDIP (Programa Estratégico de Dinamização e Modernização da
Indústria Portuguesa) está na origem da publicação de um quadro
legislativo sobre medidas para redução ou eliminação das fontes de
poluição, associado a um inevitável conjunto de programas de incentivos
económicos;
 PODEEF (Programas de Desenvolvimento e Apoio à Estruturas de
Emprego e Formação) combate o atraso na formação profissional;
 PRODEP (Programa de Desenvolvimento Educativo para Portugal)
proporciona modernização do sistema de ensino.

Numa primeira fase, entre 1986 e 1991, p resultado global foi positivo causado:
pela modernização do país, com acesso aos fundos de coesão e aos fundos
estruturais; pela melhoria e construção de infraestruturas, pelo
desenvolvimento da agricultura e da indústria, pelo aumento das exportações,
pela redução da inflação, pela melhoria dos salários e pelo aumento do
investimento estrangeiro.

Numa segunda fase, anos 90 do século XX e, novamente a partir do início do


século XXI, Portugal vai registrar períodos de crise económica. A crise dos
anos 90 foi causada pelas dificuldades da conjuntura internacional, assim a
prosperidade portuguesa vai desacelerar a partir de 1992. Esta situação é
causada essencialmente pela conjunção dos seguintes fatores, entre outros: a
persistência dos problemas estruturais dos setores-chaves da economia;
ausência de reformas estruturais, falta de competitividade faças economias
europeias; o endividamento crescendo, público e privado (crédito fácil e
barato); investimentos em setores não produtivos.
Numa terceira fase, a partir de 1994 Portugal vai passar por um período de
recuperação económica. Esta recuperação vai ser o resultado das
privatizações aliviando as contas públicas e aumentando as receitas do Estado.
Resultando em melhorias significativas na situação do país: aumento dos
salários e consequentemente aumento do consumo interno, redução da
inflação e das taxas de juros e, ainda, um aumento nas exportações. Mas o
crédito barato vai desequilibrar a balança comercial.Este desenvolvimento vai
fazer com que em 1997 Portugal reúna todas as condições para aderir ao euro
e a um de janeiro de 1999 aderiu ao Euro, que entra em circulação apenas em
2002. No entanto a adesão do país a Zona Euro e a necessidade de cumprir os
critérios previstos no Pacto de Estabilidade e Crescimento, resultou no
abrandamento da atividade económica.
Este abrandamento, aliada a falta de competitividade de Portugal, à adesão ao
Mercado Único Europeu e a manutenção do crédito barato, vai causar uma
conjuntura de crise que irá persistir durante toda a primeira década do século
XXI.
O desemprego, a redução dos salários e a diminuição do poder de compra vão
marcar este período.
As consequências demográficas
A adesão a CEE vai ter os seus impactes no comportamento demográfico da
população traduzindo-se no aumento da litoralização e da urbanização
principalmente em torno de Lisboa e do Porto (a bipolarização), mas também
no Algarve. Tendo como consequência direta o despovoamento do interior.
A qualidade de vida aumentou e com ela o envelhecimento populacional
causado pela redução das taxas de natalidade, fecundidade e mortalidade.
Concluí- se assim o aumento da esperança média de vida.

As consequências socioculturais
Com a melhoria das condições de vida, decorrentes da adesão ao espaço
europeu, a livre circulação a ela subjacente e a abertura das fronteiras Portugal
vai reunir condições para se tornar um país de destino de imigrantes,
quebrando o círculo de Portugal como país de emigração.
Com a integração europeia a estrutura social do país alterou-se, de forma
significativa:
 a afirmação da mulher no mercado de trabalho ;
 a terciarização da sociedade com o aumento de profissões intelectuais,
técnicas e científicas;
 o alargamento acentuado da escolarização;
 a taxa de analfabetismo diminuiu;
 o aumento acentuado da mobilidade social .
A modificação dos hábitos culturais foi outra reflexão da adesão portuguesa a
CEE traduzindo-se :
 na generalização da leitura e construção de equipamentos culturais;
 no aparecimento de canais privados de televisão;
 em novas formas e espaços de lazer e de convívio( festivais de música,
centros comerciais, museus, entre outros)

Consequências a nível das mentalidades


Os valores sociais e morais português vão se alterar, aproximando-se cada vez
mais dos valores europeus. A sociedade de consumo vai se generalizar com a
chegada destes novos hábitos e com a prosperidade económica que
acompanhou a adesão.
Os novos valores vão ainda refletir na estrutura familiar que sofre profundas
alterações:
 o aumento do número de divórcios;
 novas estruturas familiares ( monoparentais e casamento homossexual)
 a sexualidade deixou de ser um tabu;
 aumento de nascimento fora do casamento;
 aumento das uniões de facto;
 recurso ao planeamento familiar ou à interrupção voluntária da gravidez;
 alteração dos papéis tradicionais do homem e da mulher no casamento
e na família.
Estas alterações vão ainda resultar em melhores hábitos de alimentação, na
prática de desporto e em melhores cuidados com o corpo, uma vez que a
beleza e a juventude vão ser cada vez mais importante para às pessoas.

As relações com os países lusófonos e com a área ibero-americana


A partir da década de 90, a política externa portuguesa vai se virar para as ex-
colónias e para a área ibero-americana, sem deixar de lado a manutenção

Países Lusófonos
Os países lusófonos são: o Brasil, o Timor-Leste e os PALOP (países africanos
de língua portuguesa) - Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola, São Tomé e
Príncipe e Moçambique.

A ligação afetiva/história e a língua portuguesa aliada a posição geo-


estratégica e ao facto de serem polos económicos e portas de entrada para o
comércio africano fazem das relações com as ex-colónias uma opção para as
relações externas portuguesas.

O início deste relacionamento só foi possível com o abrandamento da tensão


do processo da descolonização, com a estabilização política (fim das guerras
civis e pacificação dos territórios), com a ruptura com o bloco soviético e com a
implantação de democracias parlamentares liberais do tipo ocidental. Estavam
reunidas todas as condições para Portugal investir nestas relações, sem
prejuízo da opção europeia.

Face aos baixos níveis de desenvolvimento destes países, Portugal vai


estabelecer protocolos de cooperação em diferentes domínios. Com Angola vai
estabelecer a cooperação no setor energético e das obras públicas; Em
Moçambique as parcerias são nos setores da administração interna, educação
e financiamento; no caso da Guiné-Bissau a cooperação é empresarial e na
obtenção de financiamento; no caso cabo-verdiano dedica-se a luta contra a
pobreza, ajuda ao desenvolvimento e mediação com a EU; no caso de São
Tomé e Príncipe Portugal assume se como parceiro económico e de
cooperação.
No âmbito desta cooperação, em 1996, Portugal, Brasil e os PALOP fundaram
a a CPLP, a que Timor-Leste aderiu, em 2002 com a sua independência.Em
2014, a Guiné Equatorial torna se membro observador.

A CPLP tem como objetivos:


 a promoção da cooperação para o desenvolvimento ;
 defender a democracia, o Estado de Direito, a justiça social e os direitos
humanos;
 cooperação em organismos internacionais e regionais;
 promover e difundir a língua e a cultura portuguesa, lavando a
progressiva afirmação do português como língua internacional.

A relação entre o Brasil e Portugal é bastante benéfica para ambos países.


Além dos laços de amizade os países ocupam posições geoestrategicas e
económicos importantes: Portugal é a porta de entrada para a Europa,
facilitando a ligação entre o Brasil e a EU; o Brasil vai constituir um enorme
mercado de consumidores para a indústria portuguesa, e para empresas
energéticas, de construção civil e telecomunicações. É um pais em forte
expansão, localizado numa região de variadas potencialidades, que se integra
num bloco económico importante igualmente em expansão - o MERCOSUL.

As relações com Timor leste, terminado complexo processo diplomático


conduziu a independência, tem a sentado na defesa e promoção dos valores
culturais portugueses, onde cinco e a língua portuguesa e a cooperação na
educação e na consolidação das instituições políticas e desenvolvimento
económico.

A Área Ibero-Americana
A vertente atlântica das relações externas de Portugal incluí também o
relacionamento com os os Estados Unidos da América e com a América Latina.
Portugal vai confirmar e reforçar as suas relações com os Estados Unidos da
América:
 Renovando o Acordo da Base das Lajes;
 Reforçando o a sua presença na NATO.

Vai ainda integrar a Comunidade Ibero-Americana (CIA), em 1991. A CIA é um


organismo que visa a cooperação e o desenvolvimento entre Portugal,
Espanha e os países da América Latina, permitindo estreitar os laços entre
estas duas grandes áreas económicas e culturais. A integração de Portugal
neste organismo vai permitir a sua afirmação no mercado Americano e para o
prestígio internacional de Português.

Síntese
A adesão a Comunidade Económica Europeia trouxe grandes transformações
para Portugal. Depois do consolidada presença de Portugal na Europa, o país
voltou-se para o Atlântico, aprofundando os laços com os países da CPLP e da
Área Ibero-Americana (CIA).
Datas relevantes:
 1976: adesão ao Concelho da Europa;
 1977: formalização do pedido de adesão à Comunidade Europeia;
 1978: início do processo negocial;
 1985: assinatura do Tratado de Adesão;
 1986: Portugal membro pleno da “Europa dos Doze”
 1991: Integração na CIA
 1996: Fundação da CPLP

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