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Veganismo, consumo consciente e saboaria
natural vegan-friendly

O mundo está sempre em constante mudança. É natural que necessidades, hábitos e


valores se transformem. Nesse caminho, vemos bem claramente o crescimento do estilo
vegano entre pessoas de inúmeros lugares no planeta. Aqui no Brasil, estima-se que quase 5
milhões de pessoas praticam o veganismo.

Por definição, o "Veganismo é uma filosofia e estilo de vida que busca


excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e
crueldade contra animais na alimentação, vestuário e qualquer outra finalidade; e
por extensão, que promova o desenvolvimento e uso de alternativas livres de
origem animal para benefício de humanos, animais e meio ambiente. Na dieta,
significa a prática de dispensar todos os produtos derivados em parte ou
totalmente de animais." (livre tradução de "The Vegan Society", grupo que criou o
termo "Veganismo", fundado em 1944 no Reino Unido)

Compreende-se, então, que o veganismo é uma maneira de viver com um


mínimo de dano a outros seres vivos. Há o entendimento de que consumir, por
exemplo, carne, peixe, aves ou ovos é
participar indiretamente de atos de crueldade
e violência contra o reino animal. O
veganismo se opõe a toda exploração de
animais quer seja pelo alimento quer seja por
quaisquer outros produtos. Mas o que isso
tem a ver com o meio ambiente, consumo e saboaria natural? Muita coisa!

VEGANISMO e MEIO AMBIENTE


Em termos ambientais, considerando o padrão atual de consumo, várias são
as consequências, no mundo, de uma dieta com carne:

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 a crescente extinção de espécies e a destruição de antigas florestas
tropicais para serem substituídas por campos de pastagens para o gado;
 a perda de solo superficial;
 o conseqüente aumento de impurezas na água e a poluição atmosférica.

Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, divulgaram em


2016, um estudo que conclui que a dieta com carne é prejudicial ao Planeta.
Segundo eles: “Os benefícios na saúde e na mudança climática serão tanto
maiores quanto menor for a fração de alimentos de origem animal em nossas
dietas. Três quartos de todos os benefícios ocorrem nos países em
desenvolvimento, embora o impacto per capita da mudança na dieta seja maior
nos países desenvolvidos. O valor monetizado das melhorias de saúde poderia
ser comparável com, e possivelmente maior, os benefícios ambientais dos
danos evitados pelas mudanças climáticas.” Tradução livre de trecho do estudo
apresentado por pesquisadores da Universidade de Oxford, divulgada em 2016
- PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States
of America

VEGANISMO E CONSUMO
O desejo de quem consome
carne ou produtos com ingredientes
de origem animal impulsiona o
mercado a ter fornecedores desses
produtos. O comércio funciona a
partir do desejo e da demanda do
consumidor. Por outro lado, quanto
mais popular se torna o veganismo mais empresas e empreendedores descobrem
esse público como um nicho de negócios para a fabricação de produtos veganos.
Seja em alimentação, vestuário ou produtos de higiene pessoal, o mercado
vegetariano/vegano ganha cada vez mais espaço na preferência do consumidor. É
uma tendência que não retrocederá.

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VEGANISMO E SABOARIA NATURAL vegan-friendly
Antes, um pouquinho de História...

Fabricar sabão é uma das práticas mais antigas da Civilização. Por volta de
2800 aC, os babilônios foram os primeiros a dominar a arte da fabricação de
sabão rudimentar. Eles faziam sabão de gorduras animais fervidas com
cinzas. Esse tipo de sabão era usado na limpeza de lã e algodão - na fabricação
têxtil, de forma geral. Por muito tempo também foi utilizado na Medicina.
Os antigos egípcios misturavam óleos animais e vegetais com sais alcalinos
para produzir uma substância semelhante ao sabão.
Já os fenícios usavam sebo de cabra e cinzas de madeira para criar
sabão. Os primeiros romanos fizeram sabonetes a partir de urina e sabão.
Os celtas. Por sua vez, faziam o seu sabão a partir da combinação de gordura
animal e cinzas de plantas. Eles chamaram o
O processo de produto de saipo.
saponificação
.
acontece a partir da
Nesses primórdios da fabricação de sabão, a
reação da mistura de
gorduras com uma técnica da saboaria era exclusiva de
base alcalina pequenos grupos de fabricantes de
sabonetes. A demanda por sabão era alta,
mas o custo muito elevado. Havia um
monopólio na produção de sabão. Ao longo do tempo, as receitas para a
fabricação de sabão tornaram-se mais conhecidas, mas o preço do sabão
permanecia alto. Usar sabão era um luxo para poucos. O preço do sabão foi
significativamente reduzido em 1791, quando um francês com o nome de LeBlanc
descobriu um processo
A receita tradicional do Sabão de Aleppo não
contém aromas, a não ser os próprios do azeite químico que permitiu que o
de oliva e do óleo de louro. Também não precisa sabão pudesse ser vendido
de conservantes nem corantes. O sabonete de
Aleppo é um sabão de excepcional qualidade, por um preço menor.
com muita espuma, e, acima de tudo com várias
propriedades para a pele. Suave e muito
emoliente, pode ser usado em bebês, crianças,
adultos e até em animais de estimação. De
grande durabilidade, por causa da densidade, o
sabonete de Aleppo pode substituir o xampu,
5 o
condicionador e o creme de barbear.
Sabão de Aleppo: um sabonete natural vegano que
revolucionou a higiene pessoal
O sabão de Aleppo é fabricado artesanalmente desde a Antiguidade.
Quando o sabonete de Aleppo foi criado revolucionou a higiene pessoal. É
originário da cidade de Alepo, na região da Síria, e fez o seu caminho para a
Europa durante as Cruzadas (1095-1291). Com o tempo, à medida que não se
conseguia importar o óleo de louro da Síria (produto indisponível no mercado
europeu) os fabricantes começaram a produzir um sabonete com 100% de azeite
oliva – matéria-prima abundante na Espanha. Daí, surgiu o sabonete de Castela
ou Castile, tendo como precursor o sabão de Aleppo – mais um produto de
excelente qualidade, sem nenhum ingrediente de origem animal.

Desde a Antiguidade até os dias atuais,


não houve grandes descobertas e os
mesmos processos são usados para a
fabricação do sabão que usamos e
desfrutamos no dia-a-dia. No entanto,
Infelizmente, ainda nos dias atuais,
existem inúmeras receitas de sabões
feitos com gordura animal.
Com o aumento da demanda, a fabricação de sabonetes passou a ser feita
em larga escala pela indústria. O sabão comercial gera muito lucro às industrias
porque é produzido com matéria-prima barata – o sebo animal – restos de abate.
Para durarem mais, eles contém conservantes e aditivos derivados de
petroquímicos, tais como parabenos e sulfatos e outros. Mas as coisas estão
mudando.
Com a avanço do veganismo, além do crescimento no empreendimento de
alimentos, evolui também a oferta de cosméticos, em especial os artesanais, feitos
à mão, como é o caso dos sabonetes naturais veganos, no estilo vegan-friendy.

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Vegan-friendly – se refere a produtos em geral fabricados
sem a utilização de ingredientes de origem animal, de
modo a serem adequados para os veganos. Podem ser Esses
produzidos por uma pessoa ou organização simpatizante
sabonetes são feitos
do veganismo
com 100% de óleos
vegetais, além dos corantes, aromas, conservantes e aditivos totalmente naturais (sementes,
farelos, infusões, argilas, flores, extratos, óleos essenciais etc). O objetivo é de que além de
serem veganos sejam também gentis com o corpo e com a natureza, sem agentes nocivos à
saúde.
Por outro lado, existem vários ingredientes utilizados nos sabonetes que não entram na linha
vegan-friendly:
1. Gelatina - encontrada no colágeno dos ossos, cascos e tecidos de ligação de
vacas ou porcos.
2. Lactose - é um hidrato de carbono presente no leite, composto por glicose e
galactose.
3. Banha de porco
4. Soro de leite em pó
5. Cera de abelha
6. Mel de abelha
7. Lanolina – é obtida a partir da cera de lã bruta
8. Óleo de ema
9. Queratina animal – extraída da lã do carneiro
10. Almíscar - perfume obtido a partir de uma substância de forte odor secretada
por uma glândula do cervo-almiscarado ou de outros animais ou também de
algumas plantas de odor similar.
11. Pérolas
12. Sebo animal – presente nos sabonetes industriais e artesanais que utilizam base
glicerianada comprada pronta;
13. Caviar – ova do peixe esturjão
14. Seda – retirada do casulo do bicho-seda
15. Cashmere - lã da região da Caxemira

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16. própolis, mel, geleia real – derivados do mel
17. microesfera de polietileno – não é um produto de origem animal, mas como é utilizado
como esfoliante nos cosméticos, mata os peixes asfixiados quando contaminam mares,
rios e lagos

Um bom cosmético vegan friendly não contém corantes ou ingredientes feitos de insetos,
bem como quaisquer produtos que possam ter sido produzidos usando derivados de origem
animal geneticamente modificados ou genes; Isso pode incluir o uso tanto no próprio
ingrediente quanto no processo de fabricação.
Entre os ingredientes vegan-friendly, presentes nos sabonetes e cosméticos em geral, estão:
1. Babosa
1. Óleo de mamona (castor Il)
2. óleo de coco babaçu
3. azeite de oliva
4. manteigas vegetais
5. óleos essenciais
6. leite de coco
7. cacau
8. Ácido cítrico
9. Amido de milho
10. Xarope de milho
11. Ácido Laurico
12. cera de soja
13. cera de coco
14. Pectina – fibra encontrada em frutas e vegetais
15. Ácido salicílico – atua como esfoliante
16. Glicerina Vegetal
17. carragena
Esta é uma pequena amostra de ingredientes. A regra geral para o reconhecimento de
ingredientes vegan-friendly é principalmente uma leitura cuidadosa dos rótulos para identificar
se há ingredientes derivados de vegetais e especificações de que nenhum animal foi

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prejudicado ou testado. Tenha em mente que embora um produto possa ser derivado de
vegetais, isso não significa automaticamente que ele não foi testado em animais. Se você tiver
alguma dúvida, certifique-se com o fabricante para obter informações detalhadas sobre os
processos de fabricação utilizados.
Embora a maioria dos artesãos não testem seus produtos em animais, é importante notar que
isso se aplique aos ingredientes e ao produto acabado para ser considerado vegano. Seja
cuidadoso; Um produto ou ingrediente pode ser comercializado como sem crueldade animal
ou livre de exploração, mas ainda contêm componentes derivados de animais.

E o Óleo de Palma é vegan friendly?


O óleo de palma, extraído da castanha e da polpa do
fruto da palmeira, é um dos mais utilizados no mundo
inteiro, tanto em alimentos como em cosméticos. Nas
décadas recentes, ele tem sido o centro de várias

discussões.

A grande preocupação entre


veganos e não veganos se refere
às práticas antiéticas de cultivo e
colheita do óleo de palma pelos
produtores. São utilizadas técnicas
de colheita destrutivas que
Florestas são devastadas na destroem os habitats de muitas espécies animais, algumas
Indonésia e destroem os delas ameaçadas. Como é muito difícil saber quais
habitats dos orangotangos para empresas empregam essas práticas e quais são éticas, a
plantio da palma. Os animais palma, por vezes, não faz parte de algumas linhas
são espancados, queimados, veganas.
mutilados e torturados antes de
serem abatidos,
Aqui no Brasil, a empresa Agropalma produz e

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comercializa óleo de palma orgânico, cultivado de forma sustentável, com certificação
internacional. Produtos que contenham óleo de palma extraído sob critérios de sustentabilidade
são considerados veganos ou vegan friendly.
Os sabonetes do Clube Dê Sabão
acompanham esse respeito à natureza, aos animais.
Confira tudo na loja virtual www.clubedesabao.com.br

Como saber se o sabonete é Vegan


Friendly ?
Muitos fabricantes rotulam seus produtos para sinalizar
que eles são vegan-friendly. Às vezes, uma simples olhada no rótulo lhe dirá se algo é
vegano. Pode ter o logotipo certificado do Vegano ou pode ter um outro símbolo ou um sinal
que o signifique vegan-friendly. Confira bem os ingredientes. Às vezes, um ingrediente
indesejado pode não estar relacionado no rótulo e nem o fabricante sabe que não é vegano.
Por exemplo: própolis, leite etc.

Concluindo
A participação do público vegano na conferência dos produtos é fundamental para que
os fabricantes invistam cada vez mais em qualidade e variedade. Há toda uma aprendizagem
de ambos os lados para garantir atendimento às demandas crescentes. O estilo vegano nas
linhas de produtos específicos, é impulsionada também por simpatizantes do veganismo pelo
simples fato de que se sensibilizam com a questão dos animais e com o impacto ambiental.
Juntos, movimentam vários segmentos, como por exemplo os de responsabilidade ambiental .
Uma verdadeira mudança de hábitos.
O momento é para reflexão. Por que usar sabonetes e outros cosméticos
feitos com sebo animal, cheios de detergentes, corantes e conservantes sintéticos
nocivos à saúde? Por que não produzir seu próprio sabão natural?
O Veganismo e a saboaria natural vegana trilham o mesmo caminho de
respeito aos animais e ao planeta. Com ingredientes naturais e de qualidade, a
saboaria natural vegana é um verdadeiro convite ao consumo responsável e
inteligente.

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