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Sabão e Glicerina

Manual para fazer sabonetes 100% artesanais

Reg. N. 278.745
Arie de Souza
Todos os direitos reservados
Proibida a reprodução do Conteúdo na sua íntegra ou em partes deste livro em qualquer
meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do mesmo.

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Introdução 5
Breve História do Sabão 6
SABOARIA BRASILEIRA 7
UMA LENDA SOBRE O SABÃO 9
A Química do sabão 9
OS SAIS 9
OS ÁCIDOS 10
AS BASES 10
A SAPONIFICAÇÃO 10
A GLICERINA 10
SABONETES COMERCIAIS 11
O Processo à frio 12
O “REBATCHING” 12
HIDRÓXIDO DE SÓDIO - NAOH 13
OS UTENSÍLIOS 15
OS EQUIPAMENTOS E PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA: 16
USO DO MIXER 16
Nas Entrelinhas do Processo 17
SOBRE O ESTÁGIO DE GEL 17
AS TEMPERATURAS 18
OS LÍQUIDOS 19
ÁGUA 19
LEITE 20
CHÁS OU DECOCÇÕES 20
FÔRMAS 21
A CURA 21
TESTANDO A NEUTRALIDADE 21
ASH 22
EMBALAGENS 22
ARMAZENAMENTO 22
Os Óleos e Gorduras 23
“SUPERFATTING” 23
TABELA DE ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO 24
ALTERANDO AS QUANTIDADES DA RECEITA 26
ÁCIDOS GRAXOS 26
TABELA DE COMPOSIÇÃO GRAXA DE ÓLEOS 27
TABELA DE PROPRIEDADES DOS ÓLEOS 31
PREPARANDO A GORDURA BOVINA OU SUÍNA 36
TABELA DE PROPRIEDADES DE ALGUNS ÓLEOS BRASILEIROS 36

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MANTEIGAS 37
Os Aditivos 39
TABELA DE ADITIVOS 40
ARGILAS 45
COMO DESIDRATAR SEMENTES E AMÊNDOAS: 46
FAZENDO OS CHÁS PARA UTILIZAR NOS SABONETES 46
FAZENDO INFUSÕES EM ÓLEOS PARA USO EM SABONETES 47
Passo a Passo – Fazendo seu sabonete 47
PASSO 1 - TUDO À MÃO 47
PASSO 2 – FAZENDO A LIXÍVIA 48
PASSO 3 – PESANDO E DERRETENDO AS GORDURAS 49
PASSO 4 – PREPARANDO OS ADITIVOS E FÔRMAS 50
PASSO 5 – MEDINDO AS TEMPERATURAS 50
PASSO 6 – PROCEDENDO À MISTURA DA MASSA 50
PASSO 7 – ACRESCENTANDO OS ADITIVOS 51
PASSO 8 – DERRAMANDO NAS FÔRMAS E ISOLANDO 52
PASSO 9 – DESENFORMANDO E CURANDO 53
PASSO 10 – MEDINDO O PH 53
PASSO 11 - LIMPANDO TUDO 54
Perfumando seus sabonetes 55
ÓLEOS ESSENCIAIS 55
ESSÊNCIAS AROMÁTICAS 55
QUANTIDADES 56
MISTURANDO AROMAS 56
Relação de Medidas e Pesos 58
Colorindo seus sabonetes 59
PLANEJANDO AS CORES 59
USANDO ERVAS, CONDIMENTOS E VEGETAIS PARA COLORIR 60
TABELA DE CORANTES NATURAIS 60
EFEITOS DECORATIVOS 62
Conservantes 63
Resultados Inesperados 64
Como fazer “Rebatch” sem complicar 65
Receitas 66
Sabonete 100% Oliva (Castile Soap) 67
Sabonete de Laranja e canela 67
Sabonete de Lavanda 68
Sabonete de Abacate 68

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Sabonete de Gengibre e Mel 69
Sabonete de Calêndula 69
Sabonete de Cenoura 70
Sabonete de Aveia 70
Shampoo para Cabelos Claros 71
Shampoo para Cabelos Escuros 71
Sabonete de Chocolate e Menta 72
Sabonete Azeite e Cera de Abelha 72
Sabão para Limpeza 73
Recomendações finais 73
Considerações finais 74
Referências bibliográficas e leituras recomendadas 75

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Agradecimentos
‘a minha filha, marido e familiares por todo o incentivo.

‘as pessoas dos fóruns que participo que contribuem sempre com suas
informações e são igualmente fascinadas pela saboaria.

“O poder não vem do conhecimento acumulado, mas do


conhecimento compartilhado”
Bill Gates

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Introdução

O banho é um momento mágico, não existe melhor hora para se relaxar, se tocar , se
cuidar... Tudo no banho nos leva a um momento de total descontração, a água, sua
temperatura e... o sabonete - com sua textura, sua cor, seu aroma, todos os dias, mal
percebemos mas estão sempre presentes, você consegue imaginar um banho sem um
sabonete? Só percebemos o quanto são imprescindíveis quando eles nos faltam.
Proponho a você que esqueça por um momento os sabonetes tradicionais que você conhece,
aqueles que você compra na prateleira dos supermercados e IMAGINE: um sabonete feito
100% por você mesmo, nas cores que você gosta, no formato que imaginar, com fragrâncias
que você mesma escolhe, totalmente inusitados, também imagine que eles contêm cereais
de verdade ou ervas naturais e chás, óleos vegetais e ... continue viajando, fazendo suas
infinitas composições. Os sabonetes são necessários para nos limpar e nos deixar renovados
e eles podem além de limpar, acrescentar hidratação e maciez à nossa pele.
Este Manual foi feito para falar sobre estes pedaços de prazer e ensinar você a fazer
artesanalmente sabonetes como antigamente, com ingredientes totalmente naturais e 100%
vegetais, em sua própria cozinha.

Iniciei-me na arte de fazer sabonetes com as bases prontas de glicerina, desses em que se
derrete a base e acrescenta aditivos e desde o meu primeiro banho tomado com o sabonete
que eu mesma havia feito, escolhido a cor , o cheiro, as ervas... fui tomada por esta paixão
inexplicável.

Percebi também que, ao presentear amigos e familiares, eles também descobriam o prazer
de se tomar um banho com um sabonete personalizado e menos agressivo à pele do que os
sabonetes comerciais. Quer agradar de forma original? presenteie com sabonetes artesanais
personalizados, é infalível.

Prosseguí criando e aprendendo a cada barra de sabonete e não parei mais. Entretanto,
minha curiosidade não cessou e precisava saber como eles eram feitos desde a base, qual
sua origem, sua história, até que descobri o “Cold Process” (“Processo a frio”) de fazer
sabonetes totalmente artesanais e vegetais.
Através deste processo é possível fazer sabão e sabonetes a partir de óleos e gorduras e
acrescentar todos os ingredientes de sua preferência, possibilitando personalizá-los.
Podemos criar sabonetes livres de detergentes sintéticos e conservantes, rico em
substâncias emolientes e hidratantes .

Para mim é muito gratificante processar esses sabonetes, estudar o balanceamento dos
ingredientes e seguir aprendendo a cada experiência, pesquisando novos aditivos, novas
combinações de óleos e manteigas. E ao final descobrir a pele que eles nos revelam, a
verdadeira pele sem a agressão diária dos detergentes sintéticos que costumamos usar,
muitas vezes sem a menor consciência do que esses sabonetes contêm.
Você vai descobrir que, fazer sabonetes totalmente artesanais é bem mais simples do que se
imagina e espero que esta arte lhe ensine, assim como me ensinou, a respeitar e reconhecer

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os recursos que a natureza nos dá, a prestar atenção cada vez maior às plantas, à chuva, à
química, aos aromas, às texturas, às cores e seus efeitos sobre nós e a nossa pele.

No Brasil, como já sabemos, há uma vasta fonte de recursos naturais, a cada dia
descobrimos e nos conscientizamos de que a floresta amazônica nos oferece uma grande
variedade de óleos vegetais, essenciais e manteigas, riquezas muitas vezes desperdiçadas,
entre outras razões, por não sabermos fazer uso desses materiais. Equivocadamente, temos
a idéia de que, para tornar esses recursos economicamente rentáveis, são necessários
muitos investimentos, mas observando e aprendendo sobre como o sabonete artesanal é
produzido e apreciado em outros países, principalmente nos EUA e Europa, percebo que é
bem mais simples, acredito que a saboaria artesanal, aproveita esses recursos com
insignificante investimento e que podem ser produzidos mesmo pelas pessoas mais simples
e que vivem próximas a esses recursos.
Espero estar contribuindo, um pouco que seja, na valorização desses recursos e na
divulgação desta arte para outras pessoas que igualmente podem se fascinar pela saboaria e
assim eu mesma continuar aprendendo cada vez mais.

Breve História do Sabão

Acredita-se que os sabões tenham sido descobertos em diferentes épocas em distintas


regiões do mundo. Registros sobre o uso do sabão podem ser encontrados desde a
antiguidade, embora utilizados de forma medicinal, eram usados para tratar e curar doenças
principalmente os de pele e eram comumente descritas como uma mistura de óleos ou
gorduras com cinzas, o que demonstra que desde tempos remotos a idéia da limpeza já se
encontrava aliada ao combate de doenças.
Na antiga roma, existem registros confirmando o uso de sal nos sabões para torná-los mais
duros e nas ruínas de Pompéia podem ser encontrados vestígios de uma fábrica de sabão
completa inluindo algumas barras de sabão.
Muitos estudiosos acreditam que os sabões possam ter sido descobertos já na pré-história,
desde a descoberta do fogo, onde o homem aprendeu a cozinhar sua caça, as cinzas
associadas às gorduras proveniente dessas carnes próximas ao fogo, uma vez que o sabão
é produto da associação entre estas duas matérias, as gorduras e cinzas.
Na idade média eram comuns as casas de banhos públicos, onde os banhos eram tomados
em grandes barris de madeira e o uso de sabões para a higiene pessoal, até que na era
medieval, os banhos públicos foram fechados pelas autoridades devido à “decadência dos
costumes”. Sem locais para banhar-se, as pessoas foram substituindo esse por cobrir o corpo
com perfumes. Esta queda dos costumes no asseio pessoal somados ao descaso do
saneamento público culminaram inclusive, na propragação da peste negra na Europa nesta
época.

Após a queda do imperio romano no oeste da Europa, os sabões foram esquecidos e


somente no imperio Bizantino, com a presença dos romanos no leste do Mediterrâneo e
expansão ao mundo árabe é que os sabões passaram a ser novamente produzidos e usados.
Em meados do séc. VIII a produção de sabões foi revivido na Itália e Espanha. No Sec. XIII ,

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a Franca iniciou a produçao de sabonetes para o mercado Europeu, e no sec. XIV, a
produção iniciou-se na Inglaterra.
Aos Sabões produzidos ao sul da Europa, Itália e Espanha e sudeste de parte da França
foram acrescentados os azeites de oliva, abundantes nessa região, dessa mistura originaram
os sabonetes de Marseilles e Castela “Castle Soap” , muito apreciados e bem conceituados
até hoje. Esses sabões feitos com azeite de oliva eram bastante superiores em qualidade
aos feitos na Inglaterra e norte da França, onde a produção era limitada a base de gordura
animal. A gordura animal proveniente do castelo eram as mais utilizadas na produção do
sabão, mais utilizados para a lavagem de roupas e na tecelagem e não muito solicitados para
uso em banhos. Desta forma, o Sul da Europa se tornou exportadora de sabões e sabonetes
para o banho devido a sua qualidade.

Na América, durante o início da colonização as pessoas descobriram que tinham todos os


ingredientes para produzirem seus próprios sabões sem precisar aguardar pelas
encomendas vindas da Inglaterra que só chegavam em longos intervalos de tempo.
A produção de sabão era um evento que ocorria uma ou duas vezes por ano, quando se
aproveitava a grande quantidade de cinzas que sobravam das lareiras e fornos durante o
inverno e o grande suprimento de sebo animal proveniente da criação dos animais para o
consumo da carne, produziam e estocavam seus sabões para a limpeza e higiene pessoal.
Nos locais onde não se produziam animais utilizavam os restos de gorduras e óleos da
cozinha que, guardavam ao longo do ano.

Entretanto, o processo de produção comercial, não era fácil, era necessário cortar muitas
árvores, queimar a madeira, juntar as cinzas, realizar a evaporação da água dessas cinzas e
finalmente queimar todas as impurezas contidas. Todo esse processo era necessário apenas
para a obtenção do alcali, tornando a produção de sabão muito trabalhosa. A revolução na
produção comercial de sabão chegou definitivamente, quando da criação do hidróxido de
sódio pelo químico francês, Nicolas Leblanc, através de seu processo utilizando sal comum
para produzir o elemento ativo encontrado nas cinzas, esse foi o primeiro grande passo para
a fabricação de sabão em larga escala. Com este processo eram geradas quantidades de
soda de boa qualidade a um custo bem reduzido, possibilitando produzir sabões bem mais
firmes sem o uso do sal.

Saboaria brasileira

Texto retirado do livro “ Artes e Ofícios Caseiros”


MARTINS, SAUL Separata da revista do Arquivo, nº CLXIV. Sec da Educação e Cultura, Div.
De Arquivo Histórico. São Paulo, 1959.

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SABOARIA

Entre as múltiplas obrigações da mulher barranqueira, cabe-lhe ainda fabricar o sabão para
as exigências domésticas. Fazem-no aproveitando murrinhas, ou animais condenados, que
para tal fim são abatidos. Ou o fazem de sebo, fato, ossadas, ou de óleos extraídos do coco-
palmeira, do indaiá, do macaúbas, e do bago da mamona, e do pinhão, e da castanha do
pequi, da semente do cansanção, do olho de coqueiro. Ou o fabricam, ainda, da mistura de
óleos e gorduras com polpa de tingui e de pequi. A massa destas frutas passam além de
oferecer maior rendimento tem a vantagem de dar firmeza ao sabão e diminuir
consideravelmente o consumo da decoada.

Para fabricar o sabão, despejam a massa (vegetal, animal ou ambas) num tacho, e levam
este ao fogo, apoiando-o sobre trempes de pedra a um canto do terreiro. O tempo de infusão
subordina-se, naturalmente, à maior ou menor consistência da massa empregada. Depois de
algumas horas de fogo, pelo menos, sobre aquela vão deitando a lixívia até desaparecer a
gordura. Costumam adicionar, nessa altura, alguns pedaços de mandacaru para dar liga ao
sabão, bem como associa soda cáustica à diquada. Mexem o cozimento com um pau e,
pronto o sabão, despejam este num cocho ou gamela. Mais tarde reduzem-no a bolas de
libra, calculadas a olho pela saboeira, que não falha nunca. Depois o levam à dispensa, onde
o armazenam para todo o ano. Às vezes empilham grandes depósitos, naturalmente quando
se vêem obrigadas a aproveitar animais pesteados e empanzinados pela maniueira ou pela
erva-braba, ou mordidos por serpentes venenosas.

Extraem a decoada da cinza, que é apanhada após a queima, nas caieiras e roçados, ou,
preferentemente, nas coivaras para aquele fim alevantadas. Erguem-nas de madeira verde
apropriada, como a mamoninha do mato ou a da chapada, e o gonçalo. Neste particular
levam em conta a região. Assim, é que há madeiras boas para cinza, aqui, e recusadas ali.
Da safra de milho, à medida que debulham as espigas, vão amontoando os sabugos, com o
que mais tarde, fazem coivaras para aproveitamento de sua cinza, que dá excelente
decoada. Ao contrário do itapicuru, as madeiras da catinga, quase todas de cerne forte não
se prestam a cinza, como por exemplo o jatobá, a braúna, a aroreira. Se fraca a cinza, podem
melhorá-la adicionando-lhe um pouco de cal. Também escolhem essa ou aquela madeira
quando tem em vista o emprego que pretendem dar à lixívia, que é indispensável nos
engenhos de açúcar para "levantar" rapaduras, em cujo melado põem decoada fraca,
extraída, de ordinário, da cinza da cinza da mutamba.

A decoada forte é testada por meio da tapioca, para o que deitam um pouquinho desta numa
xícara, é decoada em seguida. Se forte esta for, torna-se grude a tapioca.

Serve a decoada fraca para cozinhar sabões e apurar garapa de cana. E a forte somente
para afinar sabões. Claro que a lixívia que primeiro gotejou é mais forte, salvo quando for a
cinza de qualidade inferior, porque neste caso uma e outra são fracas. Se boa for a cinza,
levanta-se meia arroba de sabão com apenas duas garrafas da decoada que pingou primeiro.
Ao contrário, com igual medida de decoada fraca não se consegue levantar mais do que seis
libras.
A coivara para se obter cinza é sempre erguida nas proximidades da casa da saboeira.
Fazem-na, de madeira verde, amontoando os toros, entremeados com garranchos secos
para facilitar a propagação do fogo. Acautelando contra chuvas a cinza para que não
enfraqueça, recolhem-na, e cessam-na em seguida para a istaladêra, que é um grande cesto
afunilado, feito no terreiro da casa ou no fundo do quintal, também chamado de arapuca.

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Tecem-no entre quatros moirões de dois metros de altura, aproximadamente. A base é mais
ou menos quadrada. No topo dos moirões fixam-se quatro travessas, formando-se um
quadro, donde se inicia a arapuca propriamente dita, ou entrançamento de cipós e varas,
estas de 1,60m de comprimento, ou pouco mais. São todas providas de gancho em uma das
extremidades, para que se apóiem nas travessas. De entrançadura grosseira, deixa o pano,
comumente, grandes intervalos, sem probalidade, contudo, de desperdiçar cinza por ocasião
do encestamento, uma vez que vedam as aberturas com uma camada de capim agreste, ou
penasco.

A parte inferior e superior da arapuca vão amarradas com cipós. Entre uma e outra costuma
entrançar dois ou três arcos, também de cipós, varando o número delas segundo a
capacidade da arapuca. Depois de pronta, toma esta a forma de pirâmide invertida, cuja
base, a boca mede cerca de 60 a 70 centímetros de lado. Enchem de cinza o cesto socando-
a a mão de pilão, para o que adicionam aquela um pouco de água. Na parte superior da
pirâmide de cinza escavam uma depressão para agasalhar a água necessária à filtragem do
cáustico. Entre um a dois dias após ter sido alimentada, a destiladeira começa a gotear sobre
uma cumbuca, ou gamela, donde é engarrafada. Em duas quartas da melhor cinza extraem
cerca de um garrafão de decoada, do qual são fortes as seis primeiras garrafas e fracas as
demais.

Empregam o sabão-de-decoada na lavagem de roupas e vasilhas, bem como no asseio


corporal. Preferem-no, aqui, ao pão-de-sabão ou sabão-do-reino. Também desempenha ele
grande papel na medicina popular, que o recomenda na prevenção de cabelos brancos e no
combate às moléstias parasitárias da pele.

Uma lenda sobre o sabão

Diz uma antiga lenda que o primeiro sabão foi descoberto por uma mulher que costumava
lavar suas roupas nas margens do Rio Tibre em Roma ao pé do Monte Sapo . Esta mulher
percebeu que as roupas ficavam mais limpas e claras quando lavadas em um determinado
ponto do rio. O que ocorria era que as cinzas e gorduras de animais oferecidos em sacrificios
em um templo situado no topo do Monte Sapo, eram misturados com a água da chuva que
reagiam formando o sabão e que escorria monte abaixo até o rio onde a mulher lavava sua
roupa. Assim teria surgido a palavra “sappone” que significa sabão em italiano, originado do
nome do Monte “Sapo”.

A Química do sabão

Os Sais

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Para entender o processo de produção dos sabonetes vamos entender de forma simples o
que eles são, sem profundas explanações químicas, podemos dizer que sabão é o resultado
de um processo químico que ocorre quando se mistura gordura e uma base alcalina,
formando sais de sódio ou de potássio, este chamados de sabão.
Os sais são o resultado da reação de substâncias ácidas e básicas.

Os Ácidos

Ácidos são soluções que queimam, podem ser menos agressivos como o sal de cozinha e o
ácido acético, mais conhecido como vinagre ou podem ser altamente agressivos como o
ácido sulfúrico utilizado em baterias dos automóveis, um ácido extremamente forte e
perigoso.
Ácidos Graxos são encontrados nos óleos e gorduras. Você vai saber mais sobre eles na
parte que trata dos óleos.

As bases

Base também chamados de alcalis, são soluções altamente corrosivas e por isso também
queimam. Da mesma form,a existem as bases mais leves como o bicarbonato de sódio,
muito utilizado para combater a acidez estomacal como bases extremamente fortes como o
hidróxido de sódio que é o ingrediente principal para a fabricação do sabão sólido.
O hidróxido de sódio, popularmente conhecido como Sóda Cáustica pode ser encontrado nos
supermercados para ser utilizado no desentupimento dos canos de pias da cozinha ou
mesmo limpar a gordura do forno.
O hidróxido de potássio é uma base utilizada para produzir os sabões líquidos.

A Saponificação

Quando gorduras e óleos que contem ácidos graxos encontram uma base, ocorre uma
reação chamada de saponificação. Na saponificação, a base desloca a glicerina e juntamente
com os acidos graxos forma os sais. Esses sais, sódicos ou potássicos, são os sabões,
juntamente com ela é formada a glicerina.
Uma vez produzido o sabão, podemos partir para o acréscimo de outros aditivos que
acrescentarão propriedades como emoliência, umectação, condicionamento e hidratação da
pele ou outras características ao sabão para uso na higiene corporal assim, o sabonete é um
tipo de sabão com uma formulação mais suave, acrescida de aditivos emolientes e
amaciantes, melhor apropriado para a higiene da pele e dos cabelos.

A glicerina

A glicerina é um subproduto do sabão, é um líquido viscoso de cor transparente e sabor


adocicado, seu ponto de ebulição é alto, é solúvel em água e no álcool, mas não em óleo, é
também considerado um poderoso solvente.

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A glicerina é "higroscópica", ou seja, tem a característica de absorver a água contida no ar,
esta é a razão para a formação de pequeninas bolhas de água na superfície dos sabonetes
glicerinados, esses sabonetes atraem a umidade dos banhos e , é desta mesma forma que
ela beneficia a pele, atraindo umidade tão vital para a pele, tornando-a mais hidratada e
macia.

Na produção comercial dos sabonetes a glicerina natural é extraída durante o processo da


fabricação e vendida como produto para utilização em outras industrias principalmente da
cosmética e farmacêutica, roubando seus benefícios do sabonete.
Utilizada em diversos segmentos da indústria, no setor alimentícia, por exemplo é muito
usada na conservação de frutas devido à qualidades anti-sépticas e na fabricação de
confeitos e doces; na cosmética é amplamente utilizada em bases para loções para a pele,
também é utilizada na fabricação de algumas tintas impressoras.

Sabonetes Comerciais

A carência da glicerina nos sabonete comercial é a principal razão do ressecamento que


sentimos na pele com o uso destes sabonetes. Esta é a principal diferença entre os
sabonetes comerciais e os sabonetes artesanais. Os ácidos graxos contidos nos óleos
utilizados para se fazer o sabonete artesanal ajudam a regular a umidade e nutrir a pele,
enquanto a glicerina natural dá uma textura mais macia.
Os sabonetes comerciais que você encontra nos Mantenha seus sabonetes
supermercados são fabricados visando aspectos artesanais sempre em
como a conservação do produto nas prateleiras do saboneteiras que não
comércio e oferecer ao consumidor um produto de acumulem água desta forma
maior duração, com isso justificam o uso de você prolonga seu tempo de
detergentes sintéticos e conservantes, resultando em uso, mantendo sua glicerina.
um produto de qualidade inferior para o nosso banho
diário. Estes sabonetes podem ser considerados
apenas detergentes sintéticos.
A remoção da glicerina tem métodos variados. As gorduras, sejam animais ou vegetais já
contêm quantidades de glicerina em sua composição química, de 7% à 13% . O Sabão é
produzido através da interação entre gordura e base. Em um desses processos é adicionado
sal ao sabão para "coalhar" a mistura e isolar a glicerina do sabão, esta glicerina é em
seguida filtrada e bi destilada para utização em outros setores da indústria.

Um dos mais conhecidos dentre estes produtos está a Base de Sabonete Glicerinada que é
vendida para o manuseio em sabonetes artesanais decorativos, esta base derrete-se
facilmente e solidifica-se rapidamente, contém em torno de 15 a 20 % de glicerina que é
acrescentada em uma massa base, juntamente com açúcar e álcool o que lhe confere
transparência, por isso, esses sabonetes são mais hidratantes para a pele, entretanto por
esta mesma razão dissolvem-se muito rapidamente na água e não duram tanto quanto os
sabonetes comerciais.

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O Processo à frio

Optei por manter a maioria dos termos no idioma inglês para um melhor aproveitamento da
literatura e informações que há disponíveis em livro estrangeiros e na net sobre o “Cold
Process”, pela mesma razão, busquei incluir os nomes em INCI (nomenclatura internacional)
dos ingredientes.

Através deste processo você pode obter sabões e sabonetes de ótima qualidade, longa
durabilidade e eficazes, faça uma escolha criteriosa dos óleos e aditivos que irão compor os
sabonetes, isso você conseguirá realizar sem muitas dificuldades, nem gastos elevados.
O processo consiste na adição de hidróxido de sódio (soda cáustica) mais água formando o
que chamamos de Lixívia e acrescentando-o em uma mistura de óleos e gorduras,
produzindo uma massa de sabão na qual acrescentam-se os aromas, pigmentos e outros
aditivos conforme as propriedades que se queria acrescentar ao sabonete. Esta mistura
forma uma massa que é colocada em moldes por 1 ou 2 dias para endurecer, nas primeiras
horas a massa irá aquecer devido à reação da gordura com a lixívia, esta reação é a
saponificação que ao final deverá neutralizar a massa tornando-a quase isenta do hidróxido
de sódio, ao longo do tempo de cura, que demora de 2 a 6 semanas, qualquer resquício de
soda deverá se neutralizar, restando somente um bom pedaço de puro sabão natural. Após
os primeiro dias a massa já adquire uma consistência firme, assim, são retirados das fôrmas
e cortadas em pequenas barras que são deixadas para secagem ou cura, como já dito de 4
a 6 semanas conforme os ingredientes utilizados e as condições do ambiente.

O “Rebatching”

Existem basicamente dois processos que dividem os produtores de sabonetes:


A primeira é o “Cold Process” já descrito.
A Segunda é conhecida como processo de “Refusco” ou “Rebatching” ou “Handmilling” que é
uma variação do “Cold Process” e que consiste de duas etapas. Na primeira etapa, a massa
do sabonete segue normalmente a receita como no “Cold Process”, mas sem os aditivos, na
segunda etapa é que a massa base, após a cura é novamente derretida, para só então
receber os aditivos.

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Muitos preferem este segundo método por acreditarem que uma vez a base pronta, estará
isenta de componente cáustico,assim ao se acrescentarem os aditivos, estes não seriam
afetados pela soda mantendo-se intactas suas propriedades benéficas.

O “Rebatch” produz um sabonete de aparência mais rústica, devido a sua textura mais
pastosa no momento de colocar na fôrma. O “Processo à frio” direto, dá uma textura mais
uniforme e sedosa, entretanto não percebo muitas diferenças na qualidade e eficácia dos
sabonetes feitos por um processo ou por outro.
Mas geralmente, recorro ao "Rebatching" quando preciso “salvar” uma massa que não deu
certo, ou que tenha esquecido de acrescentar algum ingrediente, onde, através deste
procedimento, posso ter uma segunda chance e consertar alguns errinhos de percurso.

Hidróxido de Sódio - NaOH


(Soda Cáustica)
Esta leitura é obrigatória para você que pretende fazer sabonetes 100% artesanais.
Caso esteja apreensivo com relação ao manuseio da soda cáustica, gostaria de dizer que a
soda pode ser arriscada, se o manuseio não observar procedimentos simples porém básicos
de segurança, uma vez que é um produto altamento cáustico. Mas, tomadas as devidas
precauções, você poderá manuseá-lo com tranquilidade. Se você nunca ouviu falar sobre ele,
leia com atenção esta parte, porque o seu manuseio de forma displicente é que poderá trazer
perigoso.
Procure adquirir em lojas especializadas a “Soda Cáustica” 99% de pureza, como é mais
conhecido, esta soda se encontra em forma de escamas de cor branca - nunca utilize a
“Soda Cáustica” vendida nos supermercados ou lojas de materiais para construção, seu uso
está direcionado à limpeza em geral e desentupimento de canos de pias, geralmente contém
impurezas que podem tornar seu sabonete impróprio para uso no banho.

O Hidróxido de sódio absorve rapidamente a umidade do e faz


com que as escamas grudem e formem blocos, tornando difícil
seu manuseio, por isso, procure não expor as escamas ao ar por Perigoso
muito tempo. Soda
As lojas especializadas vendem a “Soda” na maioria das vezes Cáustica
em grandes quantidades. Pesquise para adquirir em quantidades
menores, se possível, 2 ou 3 quilos são suficientes para começar
a produzir as primeiras barras e seu armazenamento será mais
fácil e mais seguro.
Dica: Mantenha em local seco, arejado e inacessível às crianças, animais ou pessoas
estranhas.
Sinalize – coloque muitas etiquetas informando o que é e que é perigoso.

Caso a soda entre em contato com a pele, você vai sentir uma leve coceira. Caso isto
ocorra, despeje ou borrife vinagre sobre o local, o vinagre neutralizará a soda, em
seguida enxágüe o local com água abundante, se desejar use um detergente, se ainda
sentir algo deslizante na pele, é sinal de presença de soda, coloque mais vinagre e
continue enxaguando abundantemente.

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A soda cáustica reage em contato com certos metais como o alumínio, cobre e lata por
exemplo,por isso, utilize-o somente em recipientes de vidro e plástico resistentes ao calor,
esmaltados ou de inox.
Atenção: a soda também pode acabar removendo tintas dos móveis, assim como os
sabonetes que acabaram de ser feitos e ainda estão um pouco cáustico, por isso sempre
forre sua bancada de trabalho, caso ocorra contato com tinta de algum móvel, lave
imediatamente com água abundante e um detergente, enxugue bem para evitar que se
estrague.

Sempre que for manusear a soda siga os procedimentos de segurança, que estão descritas
no “Passo a Passo”, desta forma você poderá desfrutar deste prazer e produzir seus
próprios sabonetes artesanais de forma tranqüila.
Lembre-se, uma vez saponificada e curada, sua barra de Sabão/Sabonete estará livre de
qualquer resquício de “Soda” .

Sabonetes 100% vegetais, feitos somente com ingredientes naturais!

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ATENÇÃO : AO FAZER A LIXÍVIA.
COLOQUE SEMPRES AS ESCAMAS DA SODA NA ÁGUA E NUNCA O INVERSO.
Ao mexer a mistura da Soda com a água (Lixívia) evite mexer bruscamente para
evitar que a solução espirre.
Evite inalar a fumaça inicial que se forma ao acrescentar a Soda na água. Pela
mesma razão, evite fazer a lixívia em local onde o vento esteja a seu favor,
evitando que a fumaça vá ao seu encontro.
Tenha sempre à mão um pote de vinagre para enxaguar o local atingido, caso isto
ocorra (você vai sentir uma leve coceira no local) - : o vinagre neutraliza a Soda, em
seguida enxágüe com água abundante e lave com algum detergente. Não se preocupe,
se espirrar um pouco nunca irá causar queimaduras graves.
Nunca utilize recipientes de alumínio, sempre de vidro resistentes ao calor ou recipientes
esmaltados (Panelas) e preferencialmente as de aço inox.
Evite crianças e animais no local quando for manusear a Soda.
Sempre trabalhe em local bem ventilado.

Os Utensílios

1. Recipiente de Inox, esmaltado ou vidro resistente ao calor para derreter as gorduras


e misturar a massa,
2. Recipiente resistente ao calor para a mistura da lixívia. Esta mistura aquecerá
bastante, em torno de 90ºC, utilize vidro resistente, inox ou plásticos desses que vão
ao microondas,
3. Colher de pau ou inox para mexer a lixívia, cabo longo de preferência,
4. Batedor manual de bolo em inox ou Mixer elétrico,
5. Termômetros para altas temperaturas, para medir a temperatura dos óleos e da
lixívia, pode ser encontrado em lojas de suprimentos para fazer velas, dê preferência
aos de vidro.
6. Balança bem acurada para pesar a Soda, óleos e aditivos, etc. Uma boa balança é
essencial para o sucesso da receita.
7. Fôrmas e moldes. Podem ser: caixas de sapato, potes tipo tupperware, caixas ou
caixinhas de madeira, forminhas para gelatina, Canos de PVC, etc, evite as de
alumínio, ferro, galvanizadas, etc
8. Filme plástico,
Nunca utilize recipientes de alumínio, Cobre e Lata.

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Os equipamentos e procedimentos de Segurança:

• Luvas de borracha,
• Óculos protetores,

Dica: Ao invés dos óculos de proteção, utilizo uma máscara de acrílico que pode ser
encontrada em loja de materiais para construção, ela me ajuda a proteger não só os olhos
como todo o rosto. Use sempre luvas de borracha, no inicio pode causar certo desconforto,
mas logo você se acostuma, procure usar calçado fechado e vestir calças e camisetas ou
blusas de mangas longas se possível, pelo menos nas primeiras experiências quando
estamos ainda sem muita prática no processo.

Uso do Mixer

Quando comecei a fazer os sabonetes pelo processo à frio, limitei-me a mexer a mistura
manualmente, sem fazer muitos investimentos em utensílios como o Mixer. Cheguei a mexer
por até quase 3 horas até que uma massa atingisse o “trace” , entretanto, desta forma,
aprendi a reconhecer os diversos estágios pelo qual a mistura vai passando, essa mistura de
soda e gorduras.

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Satisfeita com os sabonetes conseguidos, partí para aquisição do Mixer, investimento que
considerei muito válido, em vista da economia de tempo e da textura final dos sabonetes, que
ficam com um áspecto mais aveludado. O Mixer acelera o processo da saponificação.
Para você ter uma idéia, uma receita que demorava até 1 hora e meia para se atingir o
“Trace”, com a ajuda do mixer, pode se atingir em 5 ou 10 minutos.

Algumas Dicas uso do Mixer::


Após derramar a Lixívia nos óleos, inicialmente misture manualmente com uma colher de
pau, ou batedor de bolo manual em inox, quando bem misturado introduza o mixer em
posição inclinado no centro do recipiente, de forma que o ar que fica contido na cavidade do
mixer saia, isto evitará que se introduzam bolhas de ar na massa. Ligue o aparelho,
movimente-o lentamente se desejar, senão mantenha-o no centro do recipiente, mantenha-o
submerso e bata por uns 10 ou 15 segundos e pare, continue mexendo a massa com ele
desligado, caso você retire o mixer de dentro da massa, ao recolocá-lo, lembre-se de extrair
o ar novamente inclinando-o levemente. Continue assim, alternando a agitação com ele
ligado e um pouco desligado até atingir o “trace”, uma vez atingido não ligue mais, encoste o
mixer e processe manualmente até o momento de derramar na fôrma, se continuar utilizando
o mixer, corre-se o risco de a massa acelerar demais seu endurecimento, continue batendo
manualmente, coloque os aditivos e as fragrâncias, misture bem até derramar nas fôrmas.

Nas Entrelinhas do Processo

Sobre o Estágio de Gel

Nas primeiras horas, a massa começará a aquecer devido à saponificação, você poderá
observar uma mancha escura começando do centro da fôrma e aumentando até atingir as
bordas, esse estágio é conhecido como “Estágio de Gel”, uma vez atingido esse estágio, com
o esfriamento, a massa começará a voltar ao seu aspecto inicial. Esta mancha tem uma
aparência de geléia escura, e é uma evidência da neutralização que está ocorrendo na
massa, muitas vezes isto pode não ocorrer, o que não deverá ser motivo de preocupação
desde que as quantidades dos óleos e da Soda tenham sido devidamente calculados,
conferidos e pesados. Caso não resista em dar uma espiada e a massa estiver coberta com a
toalha, faça isso rapidamente procurando não dispersar o calor interno e evite ficar
movimentando a fôrma. Pode retirar a toalha ao perceber que a massa está fria.

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Este estágio ocorre dentro das primeiras horas após derramar a massa na fôrma, quando a
massa aquece devido a reação da saponificação, esse estágio do gel divide a opinião de
alguns produtores de Sabão/Sabonete, uma vez que uns fazem questão de atingir este
estágio por considerarem além da neutralização, uma textura mais homogênea , enquanto
outros consideram que o Estágio de Gel é maléfico às propriedades dos aditivos e óleos
devido à alta temperatura que a massa alcança ao atingi-la.
Particularmente, encaro a questão do gel sob o aspecto das essências aromáticas que
existem disponíveis no nosso mercado, no Brasil não temos fornecedores de essências
aromáticas especializados neste tipo de produção artesanal de sabonetes como ocorre nos
EUA, por exemplo, onde todos os aditivos, principalmente as essências, são testados para
serem vendidos, visando sua utilização nesse tipo de processo. A essência aromática,
contém ingredientes sintéticos que interferem profundamente no processo, uma das
conseqüências é o aceleramento do "Trace" e o endurecimento da massa pode se tornar
imediata, causando muitas vezes certo "Pânico", pois a idealização de todo um projeto de
sabonete acaba resultando em um sabonete com aspécto grotesco e bastante rústico, isto
quando toda a massa não acaba desandando. Tenho observado que cada essência provoca
diferentes graus de calor na massa causando às vezes superaquecimento, o que não é
favorável.
Outro fato que ocorre em relação ao Estágio de Gel, é a permanência do "Gel" mesmo após
o esfriamento da massa, produzindo um sabonete esponjoso e de aspecto feio, também
causada, na maioria dos casos, por alguns componentes sintéticos das essências.
Particularmente nunca percebi diferença significativa na qualidade dos sabonetes que
passaram bem pelo estágio de gel e dos que não atingiram este estágio que, justificasse
uma discussão a respeito. Minha preocupação se limita à escolha dos aditivos, essências e
da temperatura de modo a evitar um estágio de Gel comprometedor.

Quanto ao uso dos óleos essenciais, por serem óleos naturais, estes em sua maioria não
interferem no processo, levando ao ponto de "Trace" sem aceleração acentuada, dando
tempo ideal para a mistura dos aditivos e corantes até o derramamento nas fôrmas.
Aconselho que nas primeiras tentativas, você utilize os óleos essenciais às essências. Você
pode escolher óleos mais em conta como os de laranja e hortelã, por exemplo, assim poderá
desfrutar de forma mais tranquila, suas primeiras experiências.

As temperaturas

A temperatura é muito importante no “Cold Process”, apesar do termo “ a frio” devemos


observar para que tanto os óleos como a lixívia, estejam com certo calor ao se iniciar a
mistura , uma temperatura muito baixa tende a acelerar o endurecimento, assim como calor
demasiado ou diferenças de temperaturas entre a lixívia e os óleos podem provocar a
separação da parte líquida da oleosa ou outros problemas.
Manter certo calor é importante para que se tenha tempo ideal para se atingir o “trace”.

Para estabelecer a temperatura para o início da mistura, você pode seguir dois critérios:
iniciar a mistura da lixívia aos óleos de 32º à 37ºC para quantidades acima de 2 kg de massa,
ou 37ºC à 47ºC para quantidades menores, pois, quantidades maiores tendem a perder calor
menos rápido que quantidades menores.

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O outro critério são para o tipo de gorduras, óleos vegetais requerem uma a temperatura e
torno de 35º a 45º C e Óleos Animais 40º à 45ºC.
A temperatura ambiente também influencia no processo, fazer sabonetes no calor ou no frio
do inverno, diferem bastante nos tempos da massa.
Com a prática você mesma vai estabelecer as temperaturas, pois, estas podem variar
conforme o ambiente e os ingredientes. De qualquer forma, evite uma diferença brusca entre
a temperatura dos óleos e da lixíva, o choque entre essas temperaturas, não é favorável para
o bom andamento do processo.

Os Líquidos

Água

No caso da água, utilize a água destilada, deionizada ou desmineralizada. Não utilize águas
de torneiras, filtradas e principalmente as minerais, chamadas águas duras por conterem sais
de metais mais pesados, especialmente ferro e cálcio que tornam o sabão ineficiente,
inclusive eliminando a espuma. A água destilada e/ou deionizada são águas que passam por
um processo que eliminam esses sais, cálcios e íons através de aparelhos próprios, fazendo
com que se extraia somente ou quase somente água H2O.

Você pode utilizar água de chuva que é naturalmente


destilada. Cuide para recolher a água de forma limpa,
coe para retirar resíduos e ferva para esterilizar, antes
de usar. Guarde em recipientes limpos.

Para calcular a quantidade da água, você pode dividir o peso total dos óleos por três o
resultado é a quantidade máxma de água para sua receita, que pode ser em peso ou volume.
Você pode descontar até 30 % desta quantidade. Muitos produtores diminuem esta
quantidade buscando uma diminuição no tempo da cura, entretanto, uma diminuição
excessiva da água pode causar aceleração do “Trace”, principalmente se estiver utilizando
essência aromática.
Desconte 30% da água se for utilizar Óleos essenciais para aromatizar. Se for utilizar
essências sintética, desconte no máximo 15%.

Outro cálculo que pode ser utilizado é seguindo-se o critério de que a lixívia deverá ter o peso
de soda em 40% . Ou seja , se a receita pede 80gr de soda, e se este peso deve representar
40%, então a quantidade da água deverá ser 120gr ou 120 ml, que representa 60%, ou seja,
podemos calcular por uma regra de três: 80gr x 60% : 40gr = 120gr.

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Leite

Para calcular a quantidade de leite em uma receita, divida o peso total dos óleos da receita
por 2, o resultado será a quantidade de leite a ser utilizado. O leite pode ser de vaca ou de
cabras que produz um sabonete mais hidratante, de espuma cremosa e bastante
prestigiada.
Outra maneira de utilizar o leite é substituindo metade da quantidade de água pedida na
receita por leite.
Obs: colocar a soda diretamente no leite faz coalhar a mistura e torná-la alaranjada. Para
evitar a cor alaranjada também no sabonete, faça a lixívia utilizando a metade da quantidade
pedida de água e a outra metade em leite que será acrescentada na hora da mistura da
lixívia ao óleo, derramando o leite diretamente na massa.
Caso deseje utilizar somente leite na receita, utilize o leite semi-congelado, colocando a soda
sobre ele, a reação com a soda fará com que o leite derreta, sem elevar demais a
temperatura da lixívia. Mesmo assim, tornará o leite amarelado, mas evitará que o
superaquecimento coalhe o leite. Mexa bem a lixívia para garantir que toda a soda derreta e
misture aos óleos.
Você também pode optar pelo leite em pó, neste caso, acrescente um pouco de parte da
água da lixívia, fazendo uma espécie de um creme e adicione ao trace.
Vale lembrar: no uso do leite a massa aquece mais do que quando se utiliza água.
Você poderá perceber um cheiro desagradável no seu sabonete feito com leite que é muito
peculiar, não se preocupe, pois, durante a cura esse odor desaparece prevalecendo o cheiro
da essência usada.

Chás ou decocções

Os chás são uma boa maneira de incrementar propriedades de plantas aos sabonetes, faça
chás bem concentrados com as folhas ou flores e substitua parte ou metade da água, e
acrescente somente ao “Trace”. Muitos produtores substituem a água pelo chá já na mistura
com a lixívia, em muitos casos, a soda altera a cor do chá devido à reação e acaba
conferindo cor ao sabonete final. Por exemplo: o suco de limão ao ser acrescentado à Soda
reage e se torna alaranjado, conferindo esta cor também ao sabonete.
A decocção é feita da mesma forma, com a diferença de serem utilizados as partes mais
duras da planta como as raízes e cascas e por isso devem ser fervidos por mais tempo.

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Fôrmas

Podem ser de diversos tamanhos e formas variadas. Você pode utilizar desde os moldes de
acetato vendidos nas casas de suprimentos para fazer sabonetes que oferecem ampla
diversidade de temas e tamanhos, como pode sair garimpando em sua casa, principalmente
na cozinha a procura por potes e forminhas de biscoitos, queijinhos, sorvetes, etc. Dê
preferência aos plásticos, que sejam flexíveis para facilitar o desmolde. Você pode untar com
um pouco de oliva ou outro óleo para uma remoção mais fácil, neste caso limpe o excesso de
oleosidade do sabonete com um papel absorvente, após desenformar. Outra dica é colocá-
las no freezer por aproximadamente meia hora para facilitar a remoção do sabonene da
fôrma.
Gosto das fôrmas à moda antiga, tenho algumas caixas de madeiras quadradas ou
retangulares que forro com papel vegetal ou manteiga que comportam mais de 1 ou 2 quilos
de sabonete, quando pronto , divido em pequenas barras com uma faca sem serra bem
afiada, produzindo sabonetes como os feitos antigamente.

A cura

Após a remoção do molde é necessário deixar o sabonete passar pela cura, os sabonetes
deverão ficar isolados em caixas fechadas em local ventilado, longe da claridade,em local
seco, para perderem líquido, tornarem-se mais duros e completar o processo de
saponificação, este período demora cerca de 4 semanas dependendo das condições.
Evite local úmido para armazenar os sabonetes, a umidade pode estragar seu sabonete e
criar os chamados “DOS” que em inglês significa “Dreaded Orange Spots” - os temíveis
pontos laranjas, um problema que, embora não se tenha certeza de sua origem parece estar
ligado à umidade e que, somado a utilização de óleos com ranço, geram pequenos pontos
alaranjados que suam e é acompanhado de um cheiro desagradável. Na verdade parece que
o DOS não atinge as propriedades dos sabonetes e sabões mas comprometem em muito a
aparência e o odor desagradável desestimula bastante o seu uso.
Você pode utilizar uma caixa de papelão com tampa, forre com papal manteiga e coloque as
barras de sabonete de pé, se possível. Também pode utilizar caixas plásticas tipo
“tupperware” para mantimentos, mantendo as fechadas, ma não utilize as que fecham
hermeticament, pois evitarão que os sabonetes desprendam umidade.

Testando a neutralidade

Pode ocorrer de você ter errado nos cálculos ou que tenha alterado um óleo por outro de
índice de saponificação mais leve e que tenha se esquecido de recalcular a quantidade de
soda. O sabonete já está curado e pronto, você está com aquela desconfiança, achando que
ele pode esta cáustico. Como você pode saber se este sabonete está ou não cáustico
demais? Por enquanto só conheço tres formas, a primeira é mandando para um laboratório
para fazer uma análise, alternativa que considero inviável devido ao custo, em segundo:
arriscar ficar toda vermelha e irritada tomando banho com ele, o que acho que não vale a
pena, então é preferível descartá-lo ou... utilizar o terceiro método: o método da língua.

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Provavelmente você não vai gostar de saber sobre este método mas juro, até agora não
encontrei outro métodomais mais rápido, eficaz e barato. Se um dia você ficar sabendo de
outro método por favor me avise. Enquanto isso.
Esta técnica é utilizada desde antiguidade. Você já ouviu a frese: Vá lamber sabão? Pois é,
este metódo consiste em pegar o sabonete suspeito, molhá-lo um pouco, e então, encostar a
ponta da língua no sabonete: se você sentir uma espécie de choquinho na língua ou um
gosto levemente salgado é porque está pouca coisa cáustica, se não sentir nada disso é
porque o sabonete está devidamente neutralizado, ou seja, a quantidade de gordura foi
suficiente para neutralizar a quantidade de soda cáustica e você pode usar seu sabonete
tranquilamente. Mas se sentir algo parecido com um choquinho ou um gosto muito, muito
desagradável, considere-o cáustico e descarte-o .Veja bem, isso é feito muito rapidamente,
dois segundos são suficientes para perceber em sua lingua. Faça próximo a uma pia onde
você poderá enxaguar sua língua com água abundante a seguir.

Ash

“Ash” significa cinzas em inglês. Você poderá perceber um certo esbranquecimento na


superfície do sabão/sabonete. Estas pequenas formações esbranquiçadas ocorrem devido à
reação da soda com o dióxido de carbono contido no ar, normalmente surge onde o sabonete
ficou exposto ao ar durante o início da secagem. O “Ash” aparece só superficialmente,
podendo ser removido facilmente raspando-o com uma faca fina, ou lavando-o.
Para evitá-lo cubra a massa colocando um plástico encostado em toda a superfície da
massa de forma a evitar o contato com o ar. O uso de cera de abelha na massa, evita
bastante o “Ash” quanse eliminando o problema. Não é um problema sério, mas pode irritar
uma pele demasiadamente sensível.
Embalagens

Os sabonetes feitos por processo à frio podem continuar perdendo peso ao longo do tempo,
portanto convém mantê-los embrulhados de forma a protegê-los da perda de umidade
excessiva e também para manter o aroma pormais tempo. Prefira os celofanes aos filmes de
PVC que não protegem o sabonete por muito tempo da dissipação do aroma e da umidade, o
celofane ajudará a manter a fragrância e proteger o sabonete da desidratação sem abafá-los
e as pessoas poderão enxergar a textura e cores através da transparência, assim eles ficam
ficam ainda mais atraentes.

Armazenamento

Para armazenar seus sabonetes, procure caixas com tampa, mas que não sejam herméticas,
ou caixas de sapato, coloque os sabonetes dentro e mantenha-os em local abrigado de luz.
Evite colocar sabonetes de aromas diferentes na mesma caixa pois os aromas acabam se
misturando, separe por aromas e se possível coloque um chumaço de algodão embebido na
essência dentro da caixa, isto ajudará a manter a fragrância por mais tempo.
Minha expectativa de manter a fragrância nos sabonetes é em torno de 6 a 8 meses, é claro
que dependerá da essência utilizada, alguns ultrapassam o prazo de um ano com o aroma
quase perfeito. Essências são muito voláteis e certas notas já se perdem no momento da
abertura do frasco, ao final de 6 meses seu aroma já se modifica bastante ou ficam bem

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fraquinhas. O ideal é não fazer um estoque muito grande de sabonetes para se ter sempre
sabonetes bem fresquinhos e aromáticos. O ideal são os sabonetes feitos há 2 meses pois
seu aroma ainda é fresco e está totalmente curado.

Os Óleos e Gorduras

A Tabela de índices de saponificação é uma das principais ferramentas para se obter uma
receita equilibrada de sabonete.
O princípio para se formular uma receita para a saboaria é
balancear corretamente a quantidade de Soda e a quantidade
de gordura visando obter um produto que lave, mantenha a É imprescindível o uso
hidratação natural e não agrida a pele. Cada óleo possui suas de uma balança bem
propriedades características e seu próprio índice de acurada em gramas
saponificação. Cada óleo requer uma quantidade diferente de unitárias.
Soda para conversão deste em sabão. Através da somatória
dos resultados de cada índice, podemos calcular a quantidade de Soda necessário para a
saponificação total da receita. Deve-se fazer uso constante desta Tabela, sejam para criar as
próprias receitas, seja para conferir outras receitas que você venha obter, ela é a segurança
em não se produzir um sabão ou sabonete gorduroso ou cáustico demais, que podem agredir
a pele.

“Superfatting”

O “superfatting” é uma sobregordura, ou seja, uma quantidade extra de gordura em relação à


soda para garantir ao sabonete suavidade e emoliência. Ou seja, para se obter sabão,
misturamos uma quantidade X de soda que irá neutralizar uma quantidade Y óleos, mas se
queremos um sabonete mais suave, podemos descontar a quantidade de Soda, de modo que
a quantidade de óleos fique em excesso ( sem saponificar-se) para emprestarem suas
propriedades em benefícios à pele.

Existem duas formas de se fazer o “Superfatting”:


Na primeira forma acrescentam-se óleos/gorduras como aditivos após atingir-se o “Trace”. O
trace significa que a saponificação foi atingida em boa parte, ou seja, que a massa está
neutralizada, portanto, se o óleo ou aditivo for acrescido neste momento boa parte desuas
propriedades se manterá intacto no sabonete, ou seja, sem a interferência da saponificação,
suas propriedades benéficas se mantêm em seu estado natural no sabonete e são sentidos
mais acentuadamente na pele. Neste método você tem maior controle sobre os óleos aditivos

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que se acrescenta na mistura, você saberá exatamente qual o óleo que está sobresalente.
Você pode acrescentar em torno de 1 a 3% do total de óleos para realizar este tipo de
“superffating”, evite excessos, correndo o risco de obter um sabão/sabonete muito oleoso o
que aumenta as chances de se criar ranço ou outros tipos de problemas. Escolha óleos
indicados para “superfatting” ou faça uma mistura deles, conforme as propriedades que se
deseja incrementar ao sabonete ( veja Tabela de Propriedades dos Óleos – Pg.40)

A outra forma de se fazer “superfatting” é descontando uma pequena porcentagem da


quantidade da Soda, 3 a 6% é o ideal, alguns produtores descontam até 9%. Entretanto, ao
descontarmos demais a quantidade de Soda (8% por exemplo) obteremos um sabonete
muito gorduroso ou se descontamos pouco (2% ou menos) corremos o risco de obter um
sabonete muito agressivo à pele.

Parece complicado, mas a utilização da Tabela e os cálculos são muito simples e faremos
passo a passo um exemplo a seguir para facilitar sua compreensão:

“Superfatting” por acréscimo de óleo


680 grs. de Azeite de Oliva Índice da Oliva .134 então .134 x 680 = 91.12

300 grs. de óleo de Dendê Índice do Dendê .141 então .141 x 302 = 42.30

980 grs. x 3% = 29.40grs Soda = 133.42 grs.

Neste caso você irá utilizar a quantidade cheia da soda e acrescentar 29.40 grs de óleo para
“superfatting” como o óleo de semente de uva ou a jojoba, ou uma mistura delas ao trace.

“Superfatting” por desconto de Soda


680 grs de Azeite de Oliva Índice da Oliva .1340 então .134 x 680 = 91.12

300 grs de Palma Índice do Dendê .1410 então .141 x 300 = 42.30_

= 133.42 - 6%

= 125 grs

Nesta receita serão utilizados 125 gramas de Hidróxido de Sódio com 6% de desconto na
soda.
Você pode utilizar as duas formas, por exemplo: descontando 6% e acrescentando 1% de
óleo aditivo ao “trace”, ou seja 125.41 gramas de Soda e 9.8 gramas de óleo, ao “trace”.

Tabela de Índice de Saponificação

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Esta tabela contém os índices de saponificação para Hidróxido de Sódio (NaOH), o índice
apresentado nos laudos geralmente são índices para Hidróxido de Potássio (KOH). O índice
desta tabela já foi convertido para Hidróxido de Sódio.
Esse cálculo é feito tomando-se o Indice de KOH e multiplicando por 0,000714.
Faça o mesmo para cálcular o índice de Saponificação para Hidróxido de Sódio de óleos que
não constem desta tabela e que você desejaria utilizar.

Óleo Hidróxido de Sódio (Soda)


Abacate .1330
Abacate, Manteiga .1339
Abóbora, Sementes de .1331
Açafrão (Safflower) .1360
Ácido esteárico vegetal .1410
Algodão .1386
Amêndoas Doces .1360
Amendoim .1360
Andiroba .1428
Apricot, Caroço de .1350
Arroz .1280
Avelã .1356
Babaçu .1760
Banha Suína .1380
Buriti .1350
Cacau, manteiga .1370
Café, Sementes de .1300
Camélia .1362
Candelila, Cera .0381
Canola .1240
Carnaúba, Cera .0611
Castanha do Pará .1750
Cera de Abelha .0690
Copaíba
Coco (Copra) .1900
Cupuaçu, manteiga .1390
Dendê/Palma .1410
Fígado de Bacalhau .1326
Gergelim .1330
Gérmen de Trigo .1310
Girassol, Sementes de .1340
Gordura Vegetal .1360
Jojoba .0690
Karite, manteiga .1280
Lanolina .0741
Linhaça .1357
Macadâmia .1390
Manga .1280
Maracujá
Manga, manteiga .1371
Milho .1360

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Muru-Muru .1725
Neem .1387
Nozes (Walnut) .1353
Oliva .1340
Palmiste (Caroço de Palma) .1790
Papoula, Sementes de .1383
Pequi .1428
Perila .1369
Pêssego, Caroço .1370
Rícino (Mamona) .1286
Sebo Bovino .1405
Soja .1350
Ucuúba
Tucumã .1730
Uva, Sementes de .1265

Alterando as quantidades da receita

Se você quiser dividir uma receita pela metade não faça por divisão simples das quantidades,
nem multiplique se desejar dobrar as quantidades.
A forma correta é recalcular a quantidade de “Soda” utilizando a tabela de acordo com o
volume dos óleos que você desejar processar.
Isto confere maior exatidão em razão das quantidades fracionárias de Soda.

Ácidos Graxos

Nas plantas, os óleos possuem função de produzir hormônios, e protegê-las de infecções e


ressecamento, além de ter a função de armazenar energia.
Os principais usos na indústria dos óleos vegetais são a: produção de sabão, tintas, vernizes
e lubrificantes.
Na indústria alimentícia são largamente utilizados o óleo de milho, óleo de girassol, azeite de
oliva, óleo de soja, gordura de coco, gordura de cacau, etc. Também muito utilizados na
farmacêutica, na medicina e em cosmética.
Para se produzir um sabonete ideal é preciso ser criterioso na aquisição dos óleos, como já
comentei anteriormente. Observe os prazos de validade, os óleos devem estar longe de
ficarem rançosos, caso contrário, resultará em um sabão/sabonete também rançoso e com
mau cheiro. Alguns óleos podem ser adquiridos em supermercados como os de soja, azeite
de oliva, canola, milho e girassol, que são os óleos mais indicados para a base.
Óleos indicados para “superfatting”, são óleos caros e deverão ser adquiridos em lojas
idôneas, desconfie de preços muito baixos, no Brasil há uma grande indústria de montagem
desses óleos, usando como base o óleo de soja, principalmente no caso do óleo de amendôa
e semente de uvas.

Na composição dos óleos encontram-se os ácidos graxos:

saturados: ácido láurico, mirístico, palmítico e esteárico ou

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insaturados: ácidos olêico, linoleico e linolênico.

Observe que existem óleos em estado líquido e outros em estado sólido à temperatura
ambiente.
Óleos duros, contribuem para dar dureza e/ou espuma aos sabões, estes são os óleos
saturados.
Óleos líquidos ou leves conferem propriedades condicionantes, são os insaturados.
Você pode observar o grau de saturação, observando o índice de iodo do óleo/gordura.
Quanto menor o número, mais saturado é o óleo e maior dureza irá conferir ao sabonete.
Quanto maior for o número, mais insaturados, quanto mais insaturados, aumentam suas
características condicionantes e facilidade de absorção pela pele, entretanto, quanto mais
insaturados, maior propensão de criarem ranço devido à oxidação.
Para um bom balanceameto dos óleos ao criar suas receitas, você pode utilizar óleos
saturados em até 60% do total dos óleos, 35% de óleos insaturados e uns 5% para
“superfatting”, convém não usar em grandes quantidades para não obter um sabão mole
demais e propenso a ficar rançoso.
Alguns produtores calculam a média do índice de Iodo(INS) para ter uma indicação sobre a
dureza do sabonete.
Tenha sempre em mente, que, embora os óleos possuam suas propriedades benéficas elas
irão passar pela saponificação, o que modificará em muito essas qualidades, para amenizar
uma total saponificação dos ácidos que transformam tudo em sabão, é que nos utilizamos do
procedimento do “superfatting” e ou também buscamos aditivos com bons níveis de
insaponificáveis, como a manteiga de Karite ou o óleo de abacate e outros.
Na combinação das propriedades de cada óleo e no balanceamento de suas
particularidades, está o segredo da saboaria artesanal.
Na escolha dos óleos está a magia da mistura e a arte de se obter sabonetes com diferentes
características para diferentes tipos de pele e necessidades.

Tabela de Composição Graxa de Óleos

Abacate Algodão Amêndoa-doce


Oleico 36 a 80% Oleico 18% Oleico 64 a 82%
Linoleico 6 a 18% Linoleico 52% Linoleico 8 a 28%
Palmítico 7 a 32% Palmítico 1.6% Palmítico 6 a 8%
Láurico Láurico Láurico
Mirístico Mirístico 0.7% Mirístico
Esteárico 1.5% Esteárico 2% Esteárico
ricinolêico Ricinoleico Ricinoleico
Iodo 92 a 103 Iodo 80 Iodo 95 a 105
Insap 2-11% Insap Sap 0.1390
Sap 0.1360 Sap 0.1385

27
Andiroba Buriti Coco (Copra)
Oleico 58.9% Oleico 79.2% Láurico 39-54%
Linoleico 9.2% Linoleico 1.4% Miristico 18.5%
Palmítico 9.3% Palmítico 16.3% Palmítico 9.1%
Láurico Palmitolêico 0.4% Oléico 6.8%
Mirístico 18.1% Mirístico Linoleico 1.9%
Esteárico Esteárico 1.3% Esteárico 2.8%
Ricinoleico Linolênico 1.3% Cáprico 6%
Iodo 50 a 80 Iodo 70 a 80 Caprílico 7.1%
Insap 1.9% Insap 1.2% Iodo < 10
Sap 0.1428 Sap 0.1350 Insap 0.6 – 1.5%
Arroz Cacau, manteiga Sap 0.1900
Oleico 32 a 38% Oleico 34 a 36% Cupuaçu, Manteiga
Linoleico 32 a 47% Linoleico 3% Oleico 43.8%
Palmítico 13 a 23% Palmítico 25 a 30% Linoleico 4.6%
Láurico Láurico Palmítico 7.2%
Mirístico Mirístico 0.1% Láurico
Esteárico 02 a 03% Esteárico 31 a 35% Mirístico
Linolênico 01 a 03% Ricinoleico Esteárico 30.8%
Iodo 105 a 115 Iodo 33 a 42 Ricinoleico
Insap Insap <0.8% Iodo 30 a 50
Sap 0.1280 Sap 0.1370 Insap 0.2 a 0.8%
Babaçu, Coco Canola Sap 0.1340
Oleico 14% Oleico 60.9% Damasco, Semente
Linoleico 2% Linoleico 21% Oleico 58 a 74%
Palmítico 8% Palmítico 4.1% Linoleico 20 a 34%
Láurico 44% Linolênico 8.8% Palmítico 4 a 7%
Mirístico 17% Mirístico 0.1% Láurico
Esteárico 4.5% Esteárico 1.8% Mirístico
Cáprico 6% Ricinoleico Esteárico
Iodo 13 a 17 Iodo 105 a 120 Ricinoleico
Insap 0.2 a 0.8% Insap Iodo 108 a 118
Sap 0.1390 Sap 0.1240 Insap 0.5-0.7%
Banha Suína Castanha do Pará Sap 0.1350
Oleico 46% Oleico 38.22% Dendê / Palma
Linoleico 6% Linoleico 35.28% Oleico 38 a 40%
Palmítico 28% Palmítico 16.09% Linoleico 09 a 11%
Láurico Láurico Palmítico 43 a 45%
Mirístico 1% Mirístico 0.04% Láurico
Esteárico 13% Esteárico 9.79% Mirístico
Ricinoleico Palmitolêico 0.49% Esteárico 04 a 05%
Iodo 43 a 45 Iodo 100.2 Ricinoleico
Insap Insap 0.50% Iodo 52 a 55
Sap 0.1380 Sap 0.1357 Insap
Sap 0.1410

28
Gergelim Karite, manteiga de Manga, óleo
Oleico 37 a 47% Oleico 40 a 55% Oleico 34 a 56%
Linoleico 39 a 47% Linoleico 03 a 08% Esteárico 26 a 57%
Palmítico 08 a 11% Palmítico 03 a 07% Linoleico 1 a 13%
Láurico Láurico Palmítico 3 a 18%
Mirístico Mirístico Iodo 55 – 65%
Esteárico 04 a 06% Esteárico 35 a 45% Insap <=0.7%
Ricinoleico Ricinoleico Sap 0.1280
Iodo 105 a 115 Iodo 55 a 71
Insap 1.5% Insap 6 -17%
Sap 0.1330 Sap 0.1280

Gérmen de Trigo Linhaça Milho


Oleico 13 a 21% Oleico 14 a 39% Linoleico 45-56%
Linoleico 55 a 60% Linoleico 07 a 19% Oléico 28-37%
Palmítico 13 a 20% Palmítico 04 a 09% Linoleico 7-19%
Láurico Láurico Palmítico 4- 9%
Mirístico Mirístico Esteárico 2-4%
Esteárico 2% Esteárico 02 a 04% Linolenico 35-66%
Ricinoleico Linolênico 35 a 66% Iodo 105 – 115
Iodo 125 a 135 Iodo 105 a 115 Insap 1-2%
Insap Insap 0.5 –1% Sap 0.1360
Sap 0.1286 Sap 0.1357
Girassol Macadâmia Muru-Muru
Oleico 18.7% Oleico 54 a 63% Oleico 12.56%
Linoleico 67.3% Linoleico 01 a 03% Linoleico 2.87%
5.2% Palmítico 07 a 10% Palmítico 6.28%
Láurico Láurico Láurico 47.46%
Palmitoleico 0.1% Mirístico Mirístico 26%
Esteárico 4% Esteárico 02 a 06% Esteárico 2.65%
Mirístico 0.1% Ricinoleico Cáprico 1.85%
Iodo 125 a 140 Iodo 73 a 79 Iodo 11
Insap Insap Insap
Sap 0.1340 Sap 0.1390 Sap 0.1725
Jojoba Mamona/Rícino Oliva, azeite de
Oleico 10 a 13% Oleico 03 a 04% Oleico 63 a 81%
Linoleico Linoleico 03 a 04% Linoleico 05 a 15%
Palmítico Palmítico Palmítico 07 a 14%
Láurico Láurico Láurico
Mirístico Mirístico 15 a 20% Mirístico 03 a 05%
Esteárico Esteárico Esteárico
Ricinoleico Ricinoleico Ricinoleico
Iodo 80 a 85 Iodo 82 a 90 Iodo 79 a 95
Insap <=50% Insap 0.5-1.0% Insap
Sap 0.069 Sap 0.1286 Sap 0.1340

29
Palmiste Tucumã
Oleico 15.3% Oleico 10.3%
Linoleico 2.3% Linoleic 2.4%
Palmítico 8.4% Capróico 0.2%
Láurico 42% Caprílico 2.8%
Mirístico 16.2% Caprico 2.1%
Esteárico 2.5% Láurico 51.7%
Caprílico 3.3% Miristico 22.0%
Caprico 3.4% Palmítico 6.4%
Iodo 14 - 19 Esteárico 2.0%
Insap Sap 0.1730
Sap 0.1642
Pequi Ucuuba,
Oleico 0.7% Oleico 5.1 a 6.3%
Linoleico 50.2% Linoleic
Palmítico 44.3% Capróico
Linolênico 1.2% Caprílico
Mirístico 0.5% Caprico
Esteárico 1.8% Láurico 18.17%
Palmitolêico 1.3% Miristico 73.74%
Iodo 50 a 70 Palmítico 8%
Insap Esteárico
Sap 0.1428 Sap 0.1400
Sebo Bovino Uva, Semente de
Oleico 45% Oleico 12 a 28%
Linoleico 01 a 05% Linoleico 58 a 78%
Palmítico 30% Palmítico 05 a 11%
Láurico Láurico
Mirístico 03 a 07% Mirístico
Esteárico 20% Esteárico 03 a 06%
Ricinoleico Ricinoleico
Iodo 35 a 45 Iodo 125 a 135
Insap Insap 0.8 – 1.5%
Sap 0.1410 Sap 0.1265
Soja
Oleico 22 a 27%
Linoleico 46 a 56% Fontes:
Palmítico 09 a 12% EBPM – Impo Exp. Rep. Ltda
Láurico
Mirístico Beraca Ingredients Indústria e
Esteárico 04 a 06% Comércio Ltda.
Linolênico 7.6%
Iodo 124 a 132 University Of Northern Iowa -
Insap The Business And Community
Services (Bcs) Division. Fats
Sap 0.1350
And Oils Table.

30
Propriedades de alguns dos ácidos graxos no sabonete:

Ácidos Graxos Propriedades que conferem aos sabonetes:

Saturado Láurico Conferem dureza, maior eficácia na limpeza,


espuma abundante

Saturado Esteárico Dureza, estabilidade de espuma

Saturado Palmítico Dureza, estabilidade de espuma

Saturado Mirístico Dureza, limpeza eficiente, abundância de espuma

Insaturado Ricinoleico Estabilidade e abundância de espuma,


condicionador

Insaturado Oleico Condicionamento

Insaturado Linoleico Condicionamento

Insaturado Linolênico Condicionamento

Tabela de propriedades dos óleos

Os óleos dão diferentes propriedades e características aos sabonetes que com eles são
feitos. Vou listar alguns aspectos sobre os óleos mais utilizados conforme a Tabela a
seguir:
*Sup = indicado para proceder “superfatting”

Óleo Uso Propriedades


Rico em vitaminas A, D e E, contém também
Abacate / proteínas, lecitina e aminoácidos. É reconhecido como
Avocado oil altamente regenerador e cicatrizante. Alta
(Persea Sup porcentagem de insaponificáveis. Ideal para a caspa e
gratissima) seborréia. Dá maciez e flexibilidade à pele e cabelos.

Algodão/ Tem propriedades emolientes, utilize somente óleo


Cottonseed oil obtido de produtos orgânicos livres de pesticidas muito
Base
(Gossypsum usados no plantio do algodão. Produz espuma
hirsutum) espessa e estável. Estraga com certa facilidade.

Amêndoas Deve estar isento de qualquer aroma. Rico em


Doces/ Almond, proteínas e ácido olêico. Condiciona e dá maciez a
Sup
Sweet oil pele. Ótimo para peles ressecadas por suas
(Prunus dulcis) propriedades emolientes amaciante e protetora da
pele. Contém glucose, vitaminas, proteínas e minerais.
Muito utilizado na cosmética e saboaria. Seja criteriosa
ao adquirir, esse óleo é muito falsificado.

Amendoim / Este óleo tem forte tendência ao rancificar devido ao


Peanut oil seu alto teor de insaturados, é tão condicionador
(Arachis Sup quanto à oliva ou o óleo de Mamona. Limite seu uso
hipogaea) em 15% nas receitas. Algumas pessoas são alérgicas
a esse óleo.

Arroz/ Rice Bran


oil (Oryza Base Óleo bastante emoliênte, rico em gamma oryzanol.
Sativa)
Facilmente absorvido pela pele. Excelente emoliente ,
Avelã/ Hazelnut
Sup podendo ser usado em produtos para pele e cabelo.
oil

Babaçu /
Babassu oil Confere espuma abundante no sabão, para os
(Orbignya sabonetes convém utilizar no máximo 30% para evitar
Base
oleifera) um sabonete muito detergente que retire em excesso
o sebum natural da pele.

A mais tradicional das gorduras bases, produz ótimos


sabonetes em dureza e brancura, espuma estável. Ao
Banha contrário da banha suína, não é muito fácil encontrá-la
Base
Bovina/Tallow pronta, mas você pode preparar a gordura você
mesmo. Não é indicado para uso na pele, tenha-o
como opção para uso na limpeza.

Esta gordura é facilmente encontrada pronta, nos


Banha supermercados, produz um sabonete branco, com boa
Base
Suína/Lard dureza e uma boa espuma. Procure sempre utilizá-lo
em conjunto com outros óleos.

Calêndula Tem propriedade regenerativa e antiinflamatória, bom


(Calendula Sup para peles machucadas ou irritadas. Utilize somente o
officinalis) óleo que foi extraído sem solventes.

Camélia Sup Umectante e protetor da pele e cabelos.

Uma opção mais em conta substituto para a Oliva por


conter boas taxas de ácido oleico. Por ser um óleo
Canola/ Base menos saturado que outro, saponifica de forma mais
lenta. Ulitilize juntamente com outros óleos mais
saturados. Ótimo hidratante.

Recurso natural de Beta-caroteno e provitamina A,


Cenoura/ Carrot Sup
nutritivo e dá cor alaranjada ao sabonete, muito
oil (Daucus
utilizado em produtos protetores do sol. Confere
carota)

32
carota) emoliência e maciez.

Muito utilizado na saboaria, confere espuma


abundante, bactericida, germicida e principalmente,
Coco /
por ser biodegradável confere dureza e um sabonete
Coconut/Copra
Base branco, deve ser utilizado em até 20 a 30% da receita,
oil (Cocos
pois em grande quantidade pode ressecar a pele. Um
Nucifera)
óleo láurico capaz de produzir sabonetes que fazem
espuma nas águas mais duras.
Este oleo é extraído por prensagem a frio e é extraído
do leite de coco, o que conserva seus ativos como o
Coco/ Coconut
Sup esqualene, tocoferóis, esterol, etc e alto índice de
(Cocos nucifera)
insaponificáveis. É anti-fungicida e amaciante, de fácil
penetração na pele.
Extraído do caroço de damasco é ótimo umectante,
Damasco, ajuda no condicionamento da pele, rico em ácido
Caroço/ Apricot olêico e linoleico que conferem propriedades
Kernal oil Sup
regenerativas ao tecido cutâneo.

Damasco/
Ótimo para peles maduras e sensíveis ou secas e
Apricot oil
Sup cansadas. Condicionador da pele, e agente emoliente
(Prunus
e não gorduroso.
armeniaca)

Um dos principais óleos na saboaria, o melhor


substituto vegetal para a banha bovina, produz um
sabão bastante firme.Use-o combinado com o óleo de
babaçu ou coco e oliva. É fonte natural de Vitamina E,
o tocoferol e muito rico também em beta-caroteno e
Vitaminina A. É considerado um óleo mais natural, por
Dendê/Palma não exigir nenhum processo químico para sua
Palm oil (Elaeis extração. Saponifica-se com facilidade. O óleo de
guinnesis) Base
palma é uma gordura sólida e de cor amarelada, que
na maioria das vezes se apresenta sólido mas
quando é derretido (com o próprio calor do ambiente)
o acido esteárico responsável pela dureza do sabão
tende a se acumular no fundo do recipiente, observe
sempre se ele está bem homogêneo. Utilizado em até
60% ou mais da receita. Indispensável na saboaria de
qualidade.

É antiinflamatório, emoliente e hidratante,


Emu Oil Sup
hipoalergênico. Atenua dores e inflamações.

Gergelim/ Utilizado por suas propriedades umectantes, tem


Sesame seed oil Sup cheiro acentuado, embora possa ser encontrado
(Sesamum desodorizado, também um bom substituto da Oliva,

33
indicum) use em combinação com outros óleos.

Gérmen de
Trigo/ Rico em insaponificáveis, pró-vitamina A, ácidos
Wheatgerm oil linoleico, palmítico, linolênico, oleico e sais minerais, é
(Triticum Sup um importante regenerador e antioxidante natural por
vulgare) conter Vitamina E, ótimo para a hidratação de cabelos
danificados e delicados.

Contém muita vitamina E (tocoferois) proporcionando


Girassol / destacada ação antioxidante. Opção mais em conta
Sunflower seed para substituir a Oliva, por conter bom índice de ácido
oil (Helianthus linoleico.Tem elevado poder nutritivo e facilmente
Base
annus) absorvido pela pele e tem ação emoliente, aplicado na
aromaterapia, cremes e loções. Procure não utilizar
mais do que 15 a 20% deste óleo e combine-o com
outros óleos saturados.
Muitas vezes ela é uma combinação de óleos como a
Gordura vegetal soja, palma ou algodão. Pode ser encontrada no
Shortening supermercado. Pode ser usado em mais de 50% da
Hidrogenada Base base, mas sempre misture com outro óleo saturado e
insaturados para um melhor resultado.

Considerado uma cera liquida, de fácil absorção pela


pele, antiinflamatório, antioxidante, tem longa duração.
Jojoba /Jojoba No sabão produz uma espuma estável e é um bom
condicionador da pele. Ótimo para todos os tipos de
(Simmondsia Sup
pele, desde os mais sensíveis até os acneicos. Um
Chinensis) dos ingredientes freqüentes nos shampoos em barras.
Use até 10% do total de óleos. Muito utilizado para
“superfatting” por seu alto índice de insaponificáveis.

Linhaça/ Linssed
Rico em ômega 3, é fortalecedor e hidratante para
oil (Ledos Sup
pele e cabelos, contra a acne, eczema e psoríase.
angustifólios)-

Macadâmia/Mac
Emoliente, atua como um antioxidante, considerado
adamia
Sup um óleo sofisticado, seu preço é bem mais elevado
(Macadamia
que outros óleos, possui longo prazo de conservação.
ternifolia)

Mamona/Rícino Rico em ácidos graxos é lubrificante da pele e


/ Castor oil nutritiva. Bem viscoso, atua como umectante. Sempre
Base
(Ricinus uma boa escolha na produção de sabonetes em
communis) combinação com outros óleos, produz sabonetes de

34
dura consistência e espuma abundante e cremosa.
Muito utilizado em shampoos em barra.

Neem Um óleo muito aromático com propriedades anti-


(Azadirachta Sup sépticas, muito utilizado no tratamento da seborréia e
indica) caspa.

Um dos principais óleos na saboaria artesanal, por


conter alto teor de ácido olêico, produz um sabonete
muito umectante, suave para a pele, uma espuma rica
e altamente emoliente. Ideal para a pele das crianças.
Oliva/ Olive Oil É um excelente umectante, atraindo a umidade
(Olea europaea) Base externa para a pele. Utilize os mais baratos que
encontrar, mas deve ser puro, não utilize o
extravirgem, que não contém as propriedades
necessárias para a boa saboaria. O sabonete 100%
feito de oliva, o “sabonete de castela” ou “Castile
Soap” é muito apreciado desde a antiguidade na
Europa.

Palmiste / Palm Obtido dos frutos da Palma, é um óleo que produz um


Kernal oil-PKO sabonete bastaste firme e confere muita espuma, é
(Caroço de Base um óleo láurico assim como óleo de coco ou o de
Palma/Dendê) babaçu. Tem consistência bem sólida e de cor
branca.
Perfeito para pele seca. Rico em Vitamina F. Muito
nutritivo é indicado também para eczemas e psoriase,
Rosa Mosqueta
muito conhecido por suas propriedades regenerativas
/
e antiestressantes da pele, sendo indicado para
Rosehip/Mosque
eliminar cicatrizes, certos tipos de manchas e ruga
t oil (Rosa Sup profundas, prevenindo também o envelhecimento
mosquet)
precoce da pele. Rico em ácido linoleico, revitalizador
da pele . É uma excelente fonte de vitamina C. Utilize
em torno de 1% do total de óleos.

Rico em vitaminas, principalmente o alfa-tocoferol,


Semente de
minerais e ácidos linoleico e palmítico que dão
Uva/ Grapessed Sup
propriedades regenerativas e revitalizadoras. Muito
oil (Vitis vinifera)
apreciado para fazer “superfatting”.

Um dos óleos mais acessíveis do mercado, é bastante


Soja/ Soybean utilizado na saboaria artesanal por seu preço acessível
oil (Glycine e bom índice de ácido linoleico, produz um sabão
Soja) Base
suave e branco, de espuma estável, porém sem muita
dureza. Utilize combinando com outros óleos sólidos
para um melhor resultado.

35
Preparando a gordura bovina ou suína

Para a produção de sabão com utilização na limpeza ou lavar roupas, pode-se aproveitar
as gorduras animais. Compre aproximadamente três quilos de sebo, corte em pedaços
menores e coloque em uma panela grande, cubra com água e leve ao fogo para derreter.
Ferva em panela de pressão por uma hora e meia ou em panela comum por umas 2 ou 3
horas, procurando derreter ao máximo a gordura. Infelizmente esse procedimento provoca
um odor não muito agradável.
Passe por um filtro de pano limpo, como os coadores de café de pano, por exemplo e
deixe na geladeira para esfriar por umas 12 horas.
Quando esfriar separe a camada branca e sólida que se forma na superfície e descarte a
água.
Não tenho muita experiência em refinar a gordura, mas só para dar uma idéia, uma vez,
consegui obter aproximadamente 700 gramas de banha sólida refinando 3kg de gordura
obtida do açougue.

Tabela de Propriedades de Alguns Óleos Brasileiros

Repelente natural de insetos, anti-séptico ,


Andiroba / antiinflamatório e regenerador do tecido cutâneo .
Crabwood Reconhecido como repelente de insetos, esse óleo é
(Carapas bastante utilizado para a confecção de sabonete
guianensis) medicinal recomendado especialmente para
doenças de pele.
Muito rico em ácidos graxos insaturados, confere
elasticidade, maciez e previne o ressecamento da
pele.
Rico em carotenóides e pró-vitamina A . Forma uma
Buriti / Buriti barreira de proteção natural na pele, promove
(Mauritia aumento e melhora na elasticidade cutânea e
flexuosa) principalmente minimizando e prevenindo o
ressecamento devido à exposição à radiação solar.
De cor amarelo forte , dá desde tons de amarelo até
os tons de mostarda ao sabonete.

Rico em proteínas e vitaminas A e E, dá emoliência


e umidade, devido ao ácido oléico. Forma um filme
protetor na pele impedindo a evaporação de água ,
Castanha do promovendo hidratação. Tem características
Pará/Brazil Nut superiores às dos óleos de oliva e amêndoas doces
(Bertholletia e similares aos de semente de uva e abacate sendo
excelsa) um óleo bastante nutritivo e apresentando excelente
compatibilidade e semelhança com a da pele e dos
cabelos.

36
Copaíba /
Copaíba É germicida, evita afecções na pele e couro
(Copaífera cabeludo , controlando a seborréia. Seu principal
officinalis) ativo é o beta carofileno, que é um óleo germicida.

Possui elevado teor de ácido linoleico , promove


Maracujá / nutrição e hidratação do tecido cutâneo ,
Passion fruit aumentando a sedosidade da pele.

Muru-Muru /
Rico em ácido olêico , promove extraordinária
Muru Muru
hidratação e emoliência aos cabelos , melhorando a
(Astrocaryum
penteabilidade e evitando a queda.
murumuru)
Pequi (Caryocar
Tem alta porcentagem de ácidos insaturados, rico
brasiliense
em vitamina A e proteínas.
camb.)

Tucumã Este óleo está entre os láuricos com maior taxa de


ácidos láuricos maiores, inclusive, do que os do óleo
(Tucum) babaçu, gerando boa quantidade de espuma.
Tem propriedades cicatrizantes e anti-sépticas .
Ucuúba /
A ucuúba é muito utilizada pelos indígenas para a
Ucuuba (Virola
fabricação de velas que produzem chama bastante
sebífera)
luminosa e desprende cheiro agradável.

Manteigas

Manteigas Qualidades que conferem

Contém vitaminas A, E e outras Utilize 20 a 60


Manteiga de Abacate (Persea
substâncias que devolvem gramas por quilo de
gratissima)
elasticidade à pele. óleos

Grande propriedade emoliente,


Manteiga de Cacau /Cocoa amacia e lubrifica a pele, dá
Idem
butter (Theobroma cacao) mais consistência e
cremosidade ao sabonete.
Manteiga de Cupuaçu / Esta manteiga apresenta uma
Cupuaçu butter(Theobroma composição equilibrada de
grandiflorum) ácidos graxos saturados e Idem
insaturados, promovendo uma
rápida e fácil absorvição pela
pele. Possui alta capacidade de

37
absorcão de água, o que o torna
muito emoliente, possibilitando
recuperação da umidade e
elasticidade natural da pele
muito rapidamente. A manteiga
de cupuaçu contém bons índices
de insaponificáveis, conferindo-
lhes propriedades cicatrizantes .

Originária da África, muito


utilizado para o tratamento de
peles envelhecidas, contém alta
Manteiga de Karité /Shea porcentagem de
idem
butter(Butyrospermum parkii) insaponificáveis* e proporciona
acentuada emoliência, é um
forte protetor da pele, inclusive
dos Raios UVA.

Obtida do caroço da manga, tem


propriedades muito parecidas
com as da manteiga de karité e
textura refinada, estável na
Manteiga de Manga /Mango oxidação tem respeitável
butter seed butter (Mangifera emoliência e é facilmente Idem
indica) absorvida pela pele. Protege
contra efeitos maléficos do sol e
restaura a elasticidade da pele.
Tem longo prazo de
conservação.
Muito rico em ácido oleico,
promove emoliência e
Manteiga de Muru-muru hidratação à pele e cabelos.
/Murumuru Butter (Astrocaryum Muito indicado para cabelos Idem
murumuru) danificados e proporciona-lhes
brilho. Na pele forma uma
película protetora.

Insaponificáveis: são elementos que, diferentemente dos ácidos graxos, não reagem a
soda, portanto, não se transformam em sabão, alguns desses elementos são os
tocoferóis (Vitamina E), Vitaminas A, B e C, esterois, fenóis, triterpenos, esqualenes, etc,
elas se mantêm inalteradas no sabonete proporcionando propriedades benéficas diversas
à pele. Pouquíssimas gorduras contêm elementos insaponificáveis em grandes
quantidades. Os mais conhecidos são a Manteiga de Karite, óleo de abacate, a oliva,
óleo de gergelim, jojoba, no quadro “Composição Graxa” pode-se observar alguns índices
de insaponificáveis de alguns óleos e manteigas.

38
Os Aditivos

Um dos prazeres do processo à frio está na possibilidade de você mesmo escolher todos
os componentes que irão compor o sabonete. Uma vez feita a escolha dos óleos bases,
passamos a escolher as substâncias que irão incorporar outras propriedades
enriquecedoras para os sabonetes. Estes aditivos podem ser ervas, flores, vegetais como
frutas, legumes frescos ou desidratados, especiarias, sementinhas, manteigas e outros
óleos mais sofisticados, argilas, cereais, mel, enfim, uma infinidade de substâncias que a
natureza oferece para nos beneficiar em saúde e beleza.

No quadro abaixo você pode encontrar alguns dos aditivos mais utilizados, sua finalidade
e a quantidade a ser utilizada. Tenha esta tabela como uma referência, servindo apenas
de guia inicial. Aqui também sugiro, uma boa leitura a respeito destes aditivos
principalmente das ervas, para um melhor aproveitamento de suas propriedades nos
sabonetes, assim, você mesma poderá criar suas próprias preferências e personalizar
suas receitas.
O uso das ervas para infusões e chás está quantificado para uso em pó ou
desidratadas. Caso queira utilizar as ervas verdes e frescas, observe que a quantidade de
ervas verde pesa quase o dobro da erva seca. Portanto:

Se você desejar ferver 30 gramas de erva verde em 1 litro de água, por exemplo. Para
utilizar a mesma erva seca ou em pó, você deverá utilizar somente 10 gramas.
A planta seca precisa mais tempo de infusão do que a verde.

Atenção: para os sabonetes onde se acrescenta leite ou mel ou ambos, estes aditivos tem
a características de superaquecerem a massa, por isso, ao utilizar um desses
ingredientes não cubra com toalha. Apenas cubra a massa com filme plástico para evitar
o “Ash” e deixe o descansar.

39
Tabela de aditivos

Aditivo Qualidade que confere Quantidade para cada Kg de óleo base

Use para endurecer o Adicione 7 grs por kg de óleos e coloque


Ácido Esteárico sabonete. para derreter juntamente com os óleos
base.

Acrescenta espuma ao Use 2 colheres de chá por kg de óleo,


Açúcar
sabonete. adicionado na água da lixívia.

Alecrim Tem leve propriedade


Utilize as folhinhas ou em pó. 1 Colher de
(Rosmarinus adstringente, estimula a
sopa ao “Trace”.
officinalis) circulação.

Cicatrizante e muito
utilizado em escoriações
Aloe/BabosaVera/ e queimaduras. Fortalece
o couro cabeludo , Raspe com uma colher o gel e coloque
Aloe (Aloe prevenir rugas, combater 60 gramas deste ao trace.
barbadensis) peles flácidas ou secas,
cabelos secos ou caspa
e loções após a barba.

Conhecido no tratamento Se for extrato seco use 2 colheres de chá


Alteia, Raiz /
dos brônquios, é um na lixívia morna, se for raiz faça uma
Marshmallow
ótimo amaciante para a decocção em água e substitua parte da
(althaea officinalis)
pele. água.

Amêndoas Doces/ Moída, atua como Aproximadamente 2 colheres de sopa .


desentupidor de poros e
Sweet Almond absorve o excesso de Deve ser crua e desidratada. Veja em
(Prunus dulcis) oleosidade da pele como desidratar.

Tem propriedades
secativas, absorve a
Use aproximadamente 2 colheres de
oleosidade da pele,
sopa por Quilo de óleos. Misture-o em
inclusive toxinas e
Argila /Clays uma parte da base ao “Trace” bem leve,
impurezas fechando
misture antes da essência, pois acelera o
também os poros.
endurecimento.
Também colabora na
fixação da essência.

Arroz/Rain Bran Utilize após processar em pó. 1 ou 2


Bom como esfoliante
(Oryza Sativa) colheres de sopa.

Aveia/Oatmeal Ótimo esfoliante natural, Utilize os integrais. Passe-os pelo


(Avena Sativa) ajuda a desentupir os processador para fazer farelo médio.
poros e auxilia na Aproximadamente 2 colheres de sopa ao

40
hidratação. Faz uma boa “Trace”, diretamente na massa.
combinação com o leite
ou o mel.

Benjoim,Resina
Atua como fixador da Em pó utilize 2 colheres de sopa no
/Benzoin (Styrax
essência. “Trace”
benzoin)

É utilizado para retirar


odores desagradáveis da
pele, ideal para uso em Use em pó. 2 colheres de sopa ao
Café/Coffe (Coffea
sabonetes na cozinha “Trace”, ou café em lugar da água para
arabica)
para retirar o cheiro de lixívia ( feita com água destilada)
cebola das mãos por
exemplo.

Contém carotenóide que


nutre a pele, é
Utilize em infusão com o óleo base (oliva)
cicatrizante, antialérgica,
Calêndula ou suas pétalas após o trace. 2 a 3
refrescante,
/Calendula colheres sopa. As pétalas não
antiinflamatória,
(Calendula descolorem mantendo sua cor viva no
bactericida e antifúngica,
officinalis) sabonete, conferindo um áspecto muito
esta planta age contra
bonito ao sabonete.
acne, pele seca, feridas e
queimaduras.

Camomila/ Dá propriedade Utilize as próprias flores (2 colheres de


adstringente, mais sopa) ao “Trace” ou em infusão com o
Chamomile claridade e brilho aos azeite de oliva da base a ser utilizado na
(Anthemus nobilis) cabelos claros. base.

Tem leve propriedade


anti-séptica e adicionam
certa estabilidade à Utilize somente a canela em pó,
Canela/Cinnamon
espuma, além de aproximadamente 1 a 2 e 1/5 colheres de
(Cinnamomum
proporcionar um chá , diluída com 1 ou 2 colheres de sopa
cassia)
agradável aroma picante de óleo da própria receita.
e cor caramelada ao
sabonete

Cavalinha/Horsetail
Tem propriedades Utilize suas folhas em infusão em óleo
(Equisetum antiacneicas. base.
arvense)

Rale um pouco de cenoura fresca e crua


Cenoura/Carrot Rico em vitamina A
e acrescente ao “Trace”. Também dá cor
(Daucus Carota) outras vitaminas,
alaranjada ao sabonete. ½ xíc. De chá

Tem propriedades Acrescente aproximadamente 30 grs


Cera de
protetoras para a pele e derretida juntamente com as gorduras
Abelha/Beeswax

41
Abelha/Beeswax dá consistência mais sólidas.
(Cera alba) firme ao sabonete além
de prevenir o “ash”.

Confere propriedade
protetora, pois forma um Acrescente 1 colher de sopa cheia,
Chocolate em pó
filme sobre a pele, além diluída em 2 ou 3 de azeite ou outro óleo
(cocoa)
de conferir cor marrom da receita.
ao sabonete.

Tem propriedades
regenerativas das
Comfrey/(Symphytu células, cicatrizante, Utilize suas folhas em infusão em óleo
m officinale) antiinflamatório, muito base.
indicado para peles
oleosas e com acne.

Tem propriedades anti-


Cravo da sépticas mas também
1 a 2 colheres de café diluído em óleos
índia/Clove(Caryop pode irritar a pele,
ao “Trace”.
hyllus aromaticus) portanto utilize com
moderação.

Farinha de Absorve a oleosidade e é


milho/Maize flour um leve esfoliante para a Utilize 1 a 2 colheres de sopa ao “Trace”.
(Zea Mays) pele,

Fucus/Seaweed
Rico em vitaminas e Adicione 1 a 2 colheres de chá de algas
(Fucus
minerais. em pó ao “Trace”.
vesiculosus.l)

Funcho/Fennel
Limpador, estimulante e Adicione 2 a 3 colheres de chá do pó ao
(Foeniculum
hidratante “Trace”.
vulgare)

Faça uma maceração com a raiz e a


seguir um chá forte e deixe por um ou
Gengibre /Ginger Aquece o corpo e ativa a
dois dias, coe e substitua parte da água
(Zingiber officinalis) circulação sanguínea,
da lixívia. Pode ser utilizado também em
infusão de óleo base.

Gérmen de Bom esfoliante natural,


Trigo/Wheatgerm rico em vitamina E , Em farinha: 2 Colheres de sopa o “Trace”
auxiliando a retardar o ou o óleo. (vide óleos)
(Triticum vulgare) envelhecimento da pele.

Hamamélis/ Witch Rica em tanino. Limpa e


1 a 2 colheres de sopa em infusão de
hazel (Hammamelis fecha os poros. Possui
propriedade cicatrizante, óleos.
virginiana)
anti-séptica, reduz a

42
secreção sebácea,
aumenta a resistência
dos capilares e regula a
microcirculação. Ótimo
adstringente, indicado
para pele oleosa.

São refrescantes,
estimulantes e podem
Utilize farelo de folhas (aprox. 1 colher de
amaciar a pele do rosto,
Hortelã/Mint sopa por Quilo de óleos base)
podem ser utilizados para
(Mentha piperita) desidratadas após o “Trace” ou em chá
controlar a caspa,
bem forte na água da lixívia.
quando usado em
shampoo.

Quimicamente a lanolina
lembra o "sebum
humano" age como
protetor da pele contra
agentes físicos exteriores
e contra infecções, além
Lanolina/ Lanolin de lubrifica-la impedindo Utilize 3 colheres de sopa.
a evaporação rápida da
umidade e conservando
sua normal elasticidade.
Promove a maciez do
tecido e induzir a sua
rehidratação.

Suas flores acentuam


Lavanda/Lavander seu aroma no sabonete. Acrescente as flores desidratadas ao
(Lavandula Tem propriedades “Trace” 3 colheres de sopa
augustifolia) calmantes, adstringentes aproximadamente.
e cicatrizantes.

O sabonete de leite de
cabras é muito apreciado
desde a antiguidade. O
leite de cabra é rico em
Leite de Cabras/ alpha-hidróxi, que dá
Idem ao anterior.
Goat milk propriedades
rejuvenescedoras e
hidratantes à pele.
Confere cremosidade ao
sabonete.

Utilizado há séculos
Pode ser utilizado em pó ao “Trace” ou
Leite/Milk como um limpador
substituir parte da água da Lixívia. Se
natural da pele. Dá mais
utilizado in natura. *Ver nota especial
cremosidade ao
sobre o leite

43
sabonete. sobre o leite.

O óleo contido na casca Seu suco pode substituir metade ou toda


é um antibactericida a água da lixívia ou sua casca ralada
Limão/Lemon
natural e contém também adicionada ao “Trace” (1 colher de Sopa).
vitamina C. Equilibra o PH aumentando a acidez.

É umectante, anti-séptico Se utilizado em excesso pode “matar a


e bactericida, acrescenta espuma”. Utilize aproximadamente 2
Mel/Honey cremosidade a espuma e colheres de chá por Quilo de óleos base,
mais consistência ao adicionada ao “trace” levemente
sabonete. aquecido.

Tem qualidades
Mirra da índia,
antibactericidas, muito
resina/
utilizado na saboaria para 1 colher de sopa ao “Trace”
(commiphora
auxiliar na fixação da
myrrha)
essência

Contém muitos tipos de


ácidos que atuam como
forte adstringente e Utilize a fruta fresca amassada, utilize a
Morango/
fechador de poros. polpa não o suco e acrescente
strawberry
Contém altos índices de aproximadamente 100 ml. Ao “Trace”
Vitamina C e é clareador
da pele.

Dá agradável fragrância
Noz
principalmente em Utilize em pó 2 a 3 colheres de chá ao
Moscada/Nutmeg
conjunto com aromas “Trace”.
(Myristica fragrans)
cítricos.

São grãos de pedra


vulcânica, utilize como
Pedra Pome esfoliante da pele, mas Aproximadamente 3 colheres de sopa .
somente aqueles em pó
bem fininhos.

Passe o pepino fresco em um


processador ou ralador bem fininho e
Auxilia na limpeza da acrescente ao “Trace” Utilize 100ml para
Pepino/ Cucumber
pele, é adstringente. cada Quilo de óleo base mas não
esqueça de descontar a mesma
quantidade da água da lixívia.

Adicione 2 ou 3 colheres de sopa de


Rosas, Pétalas
Adstrigente e tonificante pe’talas ao trace. Escurece com a
desidratadas
saponificação.

Sal/Salt Confere maior dureza ao Adicione 2 colheres de chá em um pouco

44
sabão/sabonete. de água destilada fervida, acrescente o
restante da água da lixívia.

Fortes propriedades
Sálvia/ Sage antibactericida Utilizado em infusão com óleo base, 1 e
adstringente e limpadora, ½ colher de sopa de folhas desidratadas
(sálvia officinalis) com características e moídas ao trace.
desodorantes.

Adstringente ,
Tanchagem/Plantai
antibactericida e Utilize em infusão com óleo base
n (Plantago
antifungicida, amacia e juntamente com outras ervas.
Lanceolata)
tonifica.

Perfeito para cuidados de


pele, cabelos e corpo.
Contém minerais,
clorofila, propriedades
Urtiga /Nettle
antifungicida, 1 a 2 colheres de sopa em infusão.
(urtica dioica l.)
estimulante, usado na
fitocosmética, contra
acne e caspa, dá cor ao
sabonete.

Argilas

É a mais leve de todas, possui propriedades


cicatrizantes, devido à elevada porcentagem de
alumínio presente em sua composição. Esta argila é a
Argila Branca de menor propriedade absorvente sendo indicada
para produtos para peles sensíveis e também usada
em máscaras faciais, loções e xampus para cabelos
secos.

Tem propriedades cicatrizantes e suavizantes. Por


ser extremamente suave , pode ser usada todos os
dias sem ressecar a pele, é recomendada para peles
Argila Rosa desidratadas e delicadas e em máscaras faciais,
loções, cremes. Especialmente indicada a para
produtos calmantes como pós-depilatórios, pós-
barba, talcos, etc.

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Contém magnésio, cálcio, potássio, manganês,
fósforo, zinco, alumínio, silicone, cobre, selênio,
Argila Verde cobalto e molibdênio. Possui ação absorvente.
Utilizadas principalmente para produtos para pele
acneica e oleosa e em produtos para cabelos
oleosos.

Menos absorvente que a argila verde. Rica em óxido


de ferro e cobre
Usada em máscaras faciais, cremes e shampoos
Argila Vermelha
para cabelos normais. Indicada mais para uso em
peles oleosas.

A argila marinha é rica em minerais, tem uma cor


verde bem escura e é obtida do fundo do mar. Ela
Argila Marinha
tem uma grande concentração de algas marinhas o
que a faz perfeita para purificar e tonificar o corpo.

Como Desidratar sementes e amêndoas:

Ligue o forno em temperatura alta e deixe aquecendo por uns 10 minutos, enquanto isso
vá processando as sementes. Passe as sementes ou as amêndoas cruas em um
processador ou liquidificador até que fiquem na granulação que deseja, espalhe em uma
assadeira. Após os 10 minutos de aquecimento do forno desligue e coloque a assadeira.
Deixe até que esfrie totalmente e guarde as sementes e amêndoas desidratadas em
frascos bem fechados e em local seco.

Fazendo os chás para utilizar nos Sabonetes

Para fazer chás de ervas para utilizar em sabonetes, utilize aproximadamente 1 a 4


colheres de sopa para cada 250ml de água, dependendo da concentração que desejar.
Se estiver usando toda a erva e não somente o pó, você vai precisar de mais.
Utilize recipiente de inox ou de vidro, utilize somente água destilada, ao iniciar a fervura
abaixe o fogo e ferva por aproximadamente 10 minutos. Deixe esfriar completamente ou
leve à geladeira por uma noite. Amorne um pouco e coe. Verifique novamente a
quantidade e reponha a água se estiver faltando na receita do sabonete. Substitua a água
da lixívia ou parte dela.

Dica: Ao acrescentar a “soda” no chá, geralmente ocorre uma alteração na cor do chá
devido ‘a reação da “Soda” por este motivo e também para diminuir a “queima” das
propriedades do chá na lixívia, costumo dividir a quantidade de água da receita ao meio,
substituo metade da água pelo chá, bem concentrado. Faço a lixívia com a metade da

46
água e acrescento o chá somente quando for acrescentar a lixívia aos óleos, observando
que o chá também deverá estar na mesma temperatura que a lixívia e os óleos.

Fazendo infusões em óleos para uso em sabonetes

Uma das maneiras mais tradicionais para se acrescentar propriedade de ervas e raízes,
por exemplo aos sabonetes é através de infusão de óleo.
Utilize 5 a 10 colheres de sopa cheias de erva desidratada para cada 500 ml de óleo.
Conforme a concentração que desejar, pode-se acrescentar mais ervas.
Em uma panelinha de inox, vidro ou esmaltada que não tenha escoriações, (partes pretas
na panela) para não contaminar o óleo, coloque as ervas e cubra com o óleo (oliva,
girassol, semente de uvas, etc) aqueça o óleo por 2 horas em banho-maria, tomando o
cuidado de não aquecê-la mais que 55ºC, para não destruir as propriedades das ervas.
Deixe esfriar totalmente e coe com um pano apertando bem (antes de coar, amorne um
pouquinho para facilitar) e se desejar coloque mais ervas cubra com um pouco mais de
óleo e repita o processo, após esfriar e coar se desejar coloque 5% de Vitamina E, para
melhor conservação e guarde-o em vidro âmbar. Este tipo de infusão, também é ótimo
para ser utilizado em massagens ou em loções e óleos para banho.
Pode-se obter o mesmo resultado colocando-se as ervas dentro do óleo e deixando-as
curtir por uns 30 dias em vidro âmbar. Agite o vidro todos os dias.

Passo a Passo – Fazendo seu sabonete

Reserve 3 horas no mínimo para os procedimentos.

Passo 1 - Tudo à mão

1. Forre com jornal velho toda a pia ou bancada onde você vai trabalhar.
2. Certifique-se de que todo o utensílios necessário esteja disponível e tudo à mão.
3. Não se esqueça de colocar um pote de vinagre próximo como medida de
segurança, para borrifar no caso de contato com a soda na pele.

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Passo 2 – Fazendo a Lixívia

Meça a água, pese a Soda e prepare a Lixívia.

ATENÇÃO :
Sempre coloque as escamas de Hidróxido de Sódio dentro do recipiente
que contém a água E Nunca o Inverso.

Evite também inalar a fumaça inicial da lixívia porque é muito tóxica.

Procure abrir todas as janelas para manter o local bem ventilado ou escolher um local que
seja mais ventilado somente para proceder à mistura da lixívia.
Ao mexer a lixívia, prefira uma colher de inox com cabo longo, a mistura irá começar a
esquentar e tornar-se esbranquiçada, reserve e mexa de vez em quando até a solução se
tornar cristalina novamente. A lixívia aquecerá até uns 90º C. Deixe a lixívia em local
totalmente incessível à crianças e animais. Deixe esfriando enquanto prepara as
gorduras.

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Passo 3 – Pesando e derretendo as gorduras

- Pese todas as gorduras e óleos e coloque os em banho maria para começar a derretê-
los. Observe que óleos aquecem com certa rapidez.

Todas os óleos e gorduras têm sua receita em peso (Kg)

Dica: Normalmente coloco os óleos sólidos para derreter no próprio recipiente em que vou
proceder à mistura da massa. Quando a receita solicita manteigas como a de cacau ou
Karité ou a cêra de abelha, que também são sólidos, coloco para derreter junto com as
gorduras sólidas.
Evito aquecê-los demais, para não (queimar) as propriedades dos óleos e aditivos,
aqueço em fogo brando ou baixo até que a gordura esteja liquida e desligo.

Deixo esfriando levemente e então acrescento ou outros óleos não sólidos como a Oliva
ou a Soja que ajudará a esfriar mais rápido, pois, em geral a temperatura para o início da
mistura com a lixívia é em torno de 35 a 45 ºC. Lembre-se de separar uma pequena
quantidade desses óleos, principalmente a oliva, para misturar ao corante ou outro aditivo
que necessite deles para dissolução, no momento do “Trace”. (Você vai entender melhor
quando chegar ao capítulo dos corantes e aditivos).

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Passo 4 – Preparando os aditivos e fôrmas

1. Pese ou meça e deixe preparados todos os aditivos que vai utilizar tais como os
óleos para “superfatting” as ervas, flores, essências e corantes.
2. as fôrmas se forem de acetato podem ser untadas com um pouco de óleo. Se
forem caixas de papelão ou madeira forre-as com papel manteiga. Procure fixá-las
com durex nas beiradas para que na hora de derramar a massa elas não
atrapalhem ou se dobrem para dentro da caixa. Faça isso enquanto espera os
óleos derreterem. Reserve.

Passo 5 – Medindo as temperaturas

- Hora de medir as temperaturas dos óleos e da Lixívia, as temperaturas de ambos


deverão estar iguais ou com uma diferença de 5ºC para mais na temperatura do óleo.
Agora vamos à mistura.
Dica: Normalmente meço a temperatura do óleo e a seguir, após limpar o termômetro com
um guardanapo meço a temperatura da lixívia. Muitas vezes para economizar tempo
coloco ou o óleo ou a lixívia dentro de uma pia com água fria para acelerar o esfriamento
ou retorno-os ao banho-maria, caso tenham esfriado demais. Ao tomar a temperatura
coloque o termômetro no centro da mistura.

Passo 6 – Procedendo à mistura da massa

Quando as temperaturas da lixívia estiverem iguais, acrescente a lixívia aos óleos


cuidadosamente para não espirrar, enquanto mistura com o batedor manual e então
continue a mexer, mexer e mexer.
Dica: Após derramar a lixívia imediatamente coloco o recipiente vazio da lixívia debaixo
da torneira deixo escorrer água abundante para eliminar restos de soda do recipiente e
deixo-o de molho, fora do alcance de animais e crianças.
A duração na mistura da massa varia de 5 a 10 minutos ( com o mixer) até 2 horas (
manualmente) até que se atinja o “trace”, este tempo varia conforme os óleos que são
usados e o meio como se mistura.
* Leia as instruções para uso do Mixer para misturar a massa se for utilizá-lo.

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O "Trace" é um ponto de massa parecido com a massa de bolo
de pão de ló bem leve, se ao mexer com a espátula na massa,
o caminho ficar marcado ou demorar alguns segundos para se
apagar, é sinal de tê-lo atingido, ou, quando se pinga um pouco
da massa e as gotas demoram a desaparecer.
O “Trace” é o início do endurecimento da massa, neste ponto,
80 a 90% da saponificação já ocorreu. Por isso é considerado o
momento ideal para se acrescentar os aditivos pois não serão
substancialmente afetados pela reação.
Uma vez atingido o “trace” o processo de endurecimento ocorre
mais rapidamente dependendo da interação com os tipos de
aditivos, principalmente as essências aromáticas.

Passo 7 – Acrescentando os aditivos

Uma vez atingido o ponto de "Trace" é hora de


acrescentar os aditivos, ponha primeiramente os
ingredientes secos, os corantes e por último, sempre
por último a essência aromática ou óleo essencial.

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Você pode deixar misturados os óleos aditivos para
“superfatting” juntamente com as essências.

Dica: Aqueça levemente a mistura dos óleos aditivos rapidamente no microondas, ou


coloque-o dentro do banho-maria antecipadamente, antes de acrescentar à massa. Este
procedimento ajudará a evitar que a massa reaja com a diferença de temperaturas e
acelere demais o endurecimento.

Misture tudo muito bem e derrame a massa na forma já preparada.

Passo 8 – Derramando nas fôrmas e isolando

Bata levemente o fundo da fôrma contra a mesa


para eliminar bolhas e vácuos. Cubra a massa
com plástico de forma a evitar a infiltração de ar
na massa, que causa o “Ash” que é um
esbranquiçamento formado de pó branco no
sabão/sabonete.

Se a temperatura ambiente estiver abaixo de 18ºC cubra


a fôrma com uma toalha para ajudar a manter a
temperatura, isole-o sem perturbar por 24 horas até que
endureça.

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Passo 9 – Desenformando e Curando

Após 24 horas e uma vez endurecida a massa, sem excesso


de liquido e firme, desenforme, corte em pedaços, se
necessário, com uma faca afiada sem serra, acerte algumas
imperfeições e retire as rebarbas se desejar (utilize uma luva
para isso porque o sabonete pode estar um pouco cáustico
ainda) e deixe para curar (secar) em local arejado e
abrigado da luz por umas 4 semanas. Se ainda estiver muito
mole e muito grudento deixe secando por mais 24 horas
dentro da forma.

Dica: se você utilizou pequenas formas untadas, limpe bem os sabonetes absorvendo o
excesso de óleo com uma tolha de papel, esse excesso pode contribuir para tornar seu
sabonete rançoso.

Normalmente disponho as pequenas barras de


sabonete, de pé dentro de uma caixa de papelão
com tampa, etiqueto com informações sobre a receita
e data e coloco em uma estante em local arejado
para a cura.

Passo 10 – Medindo o PH

Após a fase de cura o sabonete está pronto para ser usado, mas é preciso que se meça o
PH.

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Teste do PH
Checar o PH de um sabonete bastante simples, mas muito importante
para garantir que seu sabonete esteja com o PH ideal para ser utilizado na
pele.
O PH é o potencial hidrogeniônico que revela o grau de acidez ou
alcalinidade de um produto, todos os produtos vendidos no mercado
devem passar por este teste para indicar seu índice de PH, que é feito por
um aparelho chamado de “phmetro”.
Uma forma mais simples para se medir o PH é do sabonete é utilizando
um papel indicador de PH, fazendo comparações de cor junto a um
gabarito que acompanha o produto.
Os valores do PH compreendem entre 0 (acidez- vermelho) e 14 (alcalino
ou básico- azul), onde 7 indica condição de neutralidade (amarelo), os
valores ideais para produtos para uso na pele estão entre 5,5 e 8.
Devido ao Hidróxido de Sódio , os sabonetes em barra apresentam
valores de PH em torno de 8 a 10 o que é considerado padrão aceitável
apesar do PH alto.
O papel tornassol pode ser facilmente encontrado em loja de suprimentos
para química ou mesmo em algumas lojas de materiais para fazer
sabonetes artesanais.

Para fazer este teste, o procedimento é bem simples: pegue o sabonete e com um pouco
de água destilada, faça um pouco de espuma e com ela molhe um pedaço do papel
tomassol e observe a cor indicada; compare a côr com o diagrama de cores que
acompanha o papel para saber o índice apresentado.

Passo 11 - Limpando tudo

Coloque todos os utensílios e potes de molho em água morna com detergente e vinagre e
lave utilizando luvas, pois a soda ainda está presente. Uma boa dica é colocar tudo
dentro do tanque seco como costumo fazer na minha área de serviço e esperar até o dia
seguinte para lavar, quando o processo de saponificação já se completou, então coloque
tudo de molho em água e deixe por algum tempo, então é só lavar, usando as luvas,
desta forma você estará lavando restos de sabão e não mistura de soda com gorduras,
fica bem mais fácil.

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Perfumando seus sabonetes

Óleos essenciais

Os óleos essenciais são substâncias gordurosas que concentram vitaminas, hormônios,


anti-sépticos e um complexo de compostos vegetais, ou de resinas e que desempenham
um papel importante na bioquímica da planta. Além de odoríferos são altamente voláteis
com consistência mais aquosa que os óleos convencionais. São extraídas das flores,
folhas, raízes, cascas, frutos e das sementes, através de processos variados e sua
utilização com finalidade terapêutica é conhecida como Aromaterapia. Os óleos
essenciais são muito utilizados na saboaria e atualmente suas propriedades terapêuticas
têm sido muito difundidas embora muitos deles tenham preços proibitivos. Aconselho a
você que não tenha conhecimento sobre os óleos essenciais, que procure um bom livro
para informar-se sobre as características e efeitos de cada óleo que se pretenda usar,
pois muitos podem ser perigosos para alguns tipos de pessoas, como os cardíacos ou as
grávidas. Óleos essenciais são extremamente fortes. Você pode fazer uso de alguns
deles nos sabonetes, desde que respeite suas indicações e contra indicações e sendo
bastante criterioso.
Cuidado com grandes quantidades de óleos cítricos que podem coalhar a massa.

Essências Aromáticas

As essências são compostas por óleos essenciais e outras essências sintéticas


produzidas em laboratórios que buscam reproduzir de forma mais barata alguns aromas,
devido ao alto custo dos óleos essenciais puros, também buscam recriar aromas
sofisticados para o ramo da perfumaria. Nestas ao contrário dos óleos essenciais puros
não se encontram propriedades terapêuticas. Sua função é unicamente aromatizante.
Existem essências com perfumes irresistíveis para usar na saboaria, embora não sejam
muito naturais e interfiram no processo, quem resiste a eles?
As essências aromáticas serão abordadas novamente quando for tratar de sua utilização
no Processo, pois, contrário aos Óleos Essenciais que quase não interferem na massa, as

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Essências, muitas vezes, reagem à mistura acelerando seu endurecendo ou até
“coalhando” a massa.
Evite os perfumes e fragrâncias muito sintéticas ou extratos que contenham grande
quantidade de álcool em sua formulação que interagem no processo.
Utilize somente essências próprias para uso em sabonetes disponíveis em lojas de
suprimentos para sabonete artesanal e perfumaria em geral, não utilize essências para
velas ou para aromatizadores, porque estas não são apropriadas para uso na pele,
podendo causar irritações.

Dica: a essência de baunilha ou essências que contém baunilha em sua formulação,


costuma escurecer os sabonetes, em grandes quantidades pode tornar seu sabonete
branco em marrom.

Quantidades

Sabemos que existem essências e óleos essenciais com aromas mais intensos que
outros como os aromas de canela, alecrim, hortelã, cravo, cedro, patchouli, que são mais
fortes e as frutais e maioria dos aromas florais como aromas de intensidade aromática
Média. Considerando estes dois grupos, as quantidades abaixo servem de um parâmetro
inicial para determinar a quantidade de substância aromática para cada Quilo de óleoda
receita. Essas quantidades são apenas uma referencia inicial porque dependerá, também,
do gosto pessoal e dos diversos fornecedores de essências existentes no mercado, com
a experiência, você irá determinar suas preferências.

Essência de aroma Médio = 25 ml por Quilo de óleo.


Essência de aroma Forte = 17 ml por Quilo de óleo

Óleo Essencial Médio = 30 ml por Quilo de óleo


Óleo Essencial Forte = 20 ml por Quilo de óleo

Misturando aromas

Se você já teve experiência em manipular essências já deve ter tentado fazer algumas
misturas com elas não é? Da mesma forma, que já deve ter ficado perdida com a
infinidade de possibilidades. A regrinha abaixo, você vai auxiliar na misturas para que
realize-as com maior objetividade.
É a classificação das notas olfativas em Notas de Cabeça, Corpo e Fundo.

Nota de Cabeça: É o aroma que dá o impacto inicial que percebemos ao abrir o frasco do
perfume. É acentuada pelo uso de ingredientes altamente voláteis como: óleos cítricos,
lavanda ou petitgrain. Dura aproximadamente 30 minutos e compõe de 15 a 20 % do
aroma.
Nota de Corpo: É o tema do perfume e que dá a personalidade. Dependem dela o
sucesso do perfume. São utilizados os aromas com grande tenacidade e baixa

56
volatilidade: especiarias como o cravo, os florais como rosa, ylang-ylang, compostos
químicos como os aldeídos, amadeirados :patchouli, sândalo. Duram aproximadamente
de 30 minutos a 8 horas e compõem de 50% a 60% da essência;
Nota de Fundo: O que remanesce depois de algumas horas após a evaporação da parte
volátil: notas pesadas, amadeiradas e almíscar. Dura de 8 a 24 horas e compõem de 20 a
30% da essência.

Voltando a regra, procure misturar:


10 a 28 ml de Corpo por Quilo de óleo
7 a 15 ml de Notas de Fundo por Quilo de óleo
3,5 a 7 ml de Cabeça por Quilo de óleo

Ou simplificando mais ainda, utilize


a proporção:
3 partes para Notas de Corpo
2 partes para Notas de Fundo e
1 parte para Notas de Cabeça

Cabeça Corpo Fundo

Menta Rosa Pimenta Negra

Hortelã Jasmim Sândalo

Limão Lavanda Canela

Bergamota Alecrim Cravo

Tangerina Sálvia Cedro

Eucalipto Melaleuca (Tea Tree) Patchouli

Laranja Erva-Doce Ylang-Ylang

57
Para testar alguns resultados de suas misturas faça o
seguinte:
Corte um coador de café de papel em tiras de tamanhos
iguais (veja figura) principalmente no comprimento. Dobre
fazendo 3 divisões que marcarão as proporções, como na
figura. Cada tira será utilizado para um aroma, coloque
todas as tiras em um saquinho plástico ou envelope,
aguarde aproximadamente meia hora para Desejando, pode
ir acrescentando um ou mais aromas ou alterando as
proporções, até que fique satisfeita com o resultado do aroma criado.

Relação de Medidas e Pesos

1 colher sopa de azeite.................................... 18 gramas


1 colher de café de azeite................................ 4,5 gramas
1 gota de água destilada................................. 1 grama
1 gota de azeite de oliva.................................. 0,436 gramas
1 gota de tintura ............................................ 0,340 gramas
21 gotas de oleo essencial .............................. 1 ml
1 colher de sopa............................................. 15ml
1 colher de chá .............................................. 5ml
1Oz................................................................ 28,35 gramas
1Lb................................................................ 453 gramas
90ºF.............................................................. 33ºC
120ºF………………………………………………………….. 49ºC
1 up………………………………………………………….. 236,56 ml
1 fluid Oz…………………………………………………….. 29,57 ml

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Colorindo seus sabonetes

As cores dão um toque de beleza e atrativos indispensáveis a todas as coisa. Somos


atraídos primeiramente pela cor e só depois pela textura, aroma, etc. Embora seja um dos
ingredientes mais simples de abordar, foi onde investi mais tempo nas pesquisas, devido
à falta de uma legislação clara, de quais corantes podem ser utilizados e em que
quantidades nos produtos. Se a intenção é obter sabonetes isentos de aditivos agressivos
para a nossa pele os corantes devem ser ítem importante na escolha, embora não
confiram propriedades de emoliência ou hidratação nem como aroma nem conferindo
dureza aos sabonetes.

Planejando as cores

Ao definirmos a coloração dos sabonetes temos que, observar primeiramente alguns dos
ingredientes da receita que também podem influenciar no resultado final. Por exemplo se
você está fazendo um sabonete com óleo de cenoura que dá uma cor amarelada à massa
e acrescentar um corante azul, vai acabar obtendo um sabonete mais esverdeado do que
azul, devido à mistura de cores. Isto também ocorre com as essências e óleos essênciais
principalmente os cítricos que tem cor mais amarelada. Atente para este detalhe caso
surja um resultado inesperado na cor que você planejou.
Não faço muito uso dos corantes alimentícios nos sabonetes devido a sua instabilidade,
normalmente eles desbotam ou escurecem em pouco tempo.
Os corantes oleosos para velas dão ótimos resultados, devem ser acrescentados em
gotas no ”Trace”. Se for em pedaços de cera deverão ser derretidos em óleo vegetal em
fogo brando e também acrescidos no “Trace”. Utilize esses corantes com moderação.
Embora os corantes para velas não sejam os mais indicados para uso em sabonetes, na
opinião de muitos produtores, são os mais utilizados desde a antiguidade e na própria
indústria. Utilizo esta opção para obter cores difíceis de se conseguir através de corantes
naturais com tons de azul e violeta, sempre utilizados com moderação.

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Usando ervas, condimentos e vegetais para colorir

Você pode usar ingredientes naturais para colorir seus sabonetes. Alguns inclusive, já são
tradicionais na arte da saboaria como a canela em pó que confere desde a cor
caramelada até tons de terracota e a páprica que dá coloração alaranjada ou salmom.
Alguns destes ingredientes embora naturais, podem causar reações alérgicas conforme a
pessoa, lembre-se natural nem sempre é sinônimo de benéfico. Portanto, procure não
abusar na quantidade e informe sempre, fazendo constar em um rótulo, os ingredientes
contidos, inclusive para colorir; pessoas estão sujeitas a todo tipo de alergias, a
informação é uma obrigação do artesão.
As quantidades indicadas servem como uma referência inicial, com a prática você vai
saber quantificar para atingir a coloração desejada.

Para utilizar as ervas e os condimentos em pó, primeiro dilua em um pouco de óleo


retirado da quantidade pedida na receita ou dilua em um pouco da massa.

Tabela de corantes naturais

Ingrediente Cor Obs Para cada Kg. de


óleo
Açafrão Amarelo
Calêndula, pétalas Amarelo A cor amarelo Conforme seu gosto
/laranja das
pétalas não
desbotam em
contato com a
soda.
Curcuma Amarelo/laranja 2 e ½ colher de chá
(curcuma longa sym.) diluído em um pouco
da massa ao trace.
Urucum/Annatto Amarelo/Laranja Faça infusão com
(Bixa orellana L.) parte do azeite da
receita (3 Colheres
de sopa de óleo para
2 colheres de chá de
sementes) e aqueça
levemente e deixe

60
pernoitar. Ou
acrescente o pó na
lixívia.
Dióxido de titânio Branco Apesar do nome Misture 2 colheres de
este produto não chá na água da
é tóxico e pode lixívia ainda quente.
ser encontrado
em lojas de
suprimento para
sabonetes
artesanais.
Suco de cenoura Laranja 2 colheres de sopa.
Páprica Laranja/salmão
Chocolate em pó Marrom
Louro em pó/laurel Marrom 1 colher de sopa ao
trace.
Curry Mostarda/amarelo
Hibiscus Vermelho/Rosa 2 colheres de chá de
hibiscus desidratado
e moído em 2
colheres de sopa de
azeite.
Beterraba/beat Rosa 2 colheres de sopa
ao trace ou o suco
na hora da mistura
da lixívia. (substitua
parte da água)
Endro/Dill Verde 1 colher de sopa ao
trace
Salsa desidratada Verde Criam manchas Acrescente 2
/Parsley granitadas colheres de sopa
(Petroselinum verdes, se cheias para cada
sativum) utilizadas em Quilo de sabonete,
farelos. Se após o trace.
utilizado em pó
dará uma cor
mais uniforme.
Sálvia/Sage Verde/Cinza 2 colheres de sopa
de pó ao trace
Argilas Conforme a cor da Dilua em um pouco
argila da massa antes de
acrescentar ‘a massa
no “trace”

61
Efeitos decorativos

Você pode criar alguns efeitos decorativo de cores nos seus sabonetes como o granitado
utilizando ervas desidratadas em flocos, ou efeito redemoindo (Swirl) como este da foto.

Efeito Redemoinho:

após o trace separe aproximadamente 1/3 da massa base em


um pote para colorir com outra cor.
* Nesse sabonete mostrado na foto, acrescentei dióxido de
titânio na lixívia para obter uma base branca.

Colore a parte menor com a cor desejada e misture. Não


acrescente essência aromática nesta parte menor para não
correr o risco de uma aceleração no “trace”.
*Neste caso, estou colorindo com urucum em infusão com
azeite de oliva, a peneira está sendo utilizada para reter as
sementes.

Na parte maior, coloque os aditivos restantes e por último a


essência. Misture bem.

62
Derrame de volta a parte menor já colorida à parte
maior, misture levemente e em seguida

derrame tudo na fôrma , o efeito redemoinho ou manchado se


fará nesse momento. Cubra com plástico e deixe para
endurecer.

Veja o resultado:

Dica: para obter outro tipo de efeito você pode passar uma faca dentro da fôrma, após
derramar a massa com os corantes, faça movimentos cortando a massa. Atenção :
faça isso somente se a massa ainda não começou a endurecer, senão você pode
obter separações no sabonete.

Outra dica é colocar pedaços de outros sabonetes de outras cores cortados em


pedaços menores e acomodados na fôrma previamente (aproveite restos e pontas dos
sabonetes feitos anteriormente) e derrame a massa sobre eles. Depois de pronto, ao
cortá-los, você terá barrinhas de sabonetes com pedaços coloridos no interior criando
belos efeitos, dando um toque diferente ao sabonete.

Conservantes

O conservante é definido como algo que protege da decomposição. Não existe


conservante nem natural, nem sintético que eliminem por completo o processo de
degradação, mas somente retardar esse processo por algum tempo.

63
A oxidação ocorre entre gorduras e óleos causando a rancificação. Óleos de cenoura,
vitaminas E oleosa podem retardar e evitar por algum tempo e são os mais
recomendados. Eles contêm poderosos antioxidantes como as vitaminas A, E e C, que
retardam esse processo.
Discute-se muito sobre algumas alternativas como o Extrato de sementes de Grapefruit
“Grapefruit Seed Extract” um antioxidante que prolonga a conservação e atua como
conservante, contém Vitamina C, glicerina, bactericida e antisséptico, entretanto alguns
produtores acreditam que esse extrato se perde com o processo da saponificação.
Existe também “Rosmarin Oleoresin Extact” ( ROE) que atua como um ótimo antioxidante,
sendo utilizado diretamente aos óleos para conservá-los e evitar a ransificação deles nos
sabonetes. Tanto para o Estrato de Grapefruit quanto para o ROE, utilize cerca de 2%
diretamente nos óleos.
Tenho guardado alguns sabonetes há mais de 18 meses, sem observar nenhum tipo de
degradação, acho que um sabonete feito dentro de níveis de oleosidade razoáveis , com
desconto de 3 a 6% na soda por exemplo e guardados em locais arejados e de forma
conveniente, correm menos risco de se alterarem. Particularmente nunca sentí
necessidade em fazer uso de algum tipo de conservante ou antioxidante em meus
sabonetes. Mas evite a todo o custo a umidade, este é o maior inimigo da conservação
dos sabonetes.

Resultados Inesperados

Não atinge o trace


Pode ocorrer quando:
A velocidade com que você está misturando pode estar muito lenta, misture de forma
constante.
Muita água ou temperaturas incorretas.
Quantidade insuficiente de soda.
Cheque sua receita, observe se você não errou na hora de pesar, se faltou soda, pese a
diferença misture em uma quantidade mínima de água, o suficiente apenas para dissolver
a soda e reponha na mistura.
Se após 45 minutos misturando você não atingir o trace, dê uma pausa de meia-hora e
recomece. Mexa a mistura por 10 minutos e descanse 30 min e assim vá até atingir o
trace, caso isso não ocorra em 3 horas, derrame assim mesmo na forma e observe o
resultado, faça o teste de PH, talvez possa aproveitá-lo na limpeza.

Sua mistura começa a ficar granulada:


A temperatura deve estar muito quente ou muito fria, no segundo caso, coloque de volta
ao banho-maria por1 minuto ou dois para aquecer e tornar a massa mais homogênea,mas
se a massa atingir o “ trace” e começar a endurecer rápido, coloque rapidamente no
molde.

Se sua mistura começar a coalhar:


Muito provavelmente é causada por essência com conteúdo de ingredientes sintéticos.
Continue misturando e coloque na forma, observe seu sabonete, se achar algo estranho,
descarte.

64
Sua mistura começa a formar pedaços :
Significa que o óleo ou a soda foram colocados muito quentes. Continue misturando, se
começar a endurecer, rapidamente coloque na fôrma. Observe.

Uma camada de óleo começa a submergir na superfície:


Pode ser excesso de óleo, confira sua receita, continue mexendo e coloque na fôrma,
observe o resultado, recalcule sua receita, cheque se não hove falta de soda, caso isso
tenha ocorrido, pode-se repô-la processando por “Rebatch” colocando a soda faltante
derretido em uma quantidade mínima de água que for possível, derrame na forma e
coloque para curar, faça o teste de PH antes de utilizar.

O sabonete craquela e quebra ao ser desenformado ou cortado:


Pode ser excesso de ervas secas ou problemas com temperaturas, observe o ph e se não
perceber nenhuma irregularidade no sabonete, use-o ou faça “Rebatch”.

Como fazer “Rebatch” sem complicar

• Pese o sabão base e passe em um ralador para facitar o derretimento. Se o


sabão ainda não passou pela cura, nnão haverá necessitade de repos líquido. Não
se esqueça de utilizar luvas, pois podem estar um pouco cáusticos ainda.

• Se for uma base que passou pela cura, reponha a água ou leite: duas colheres de
sopa de líquido para cada quilo de sabão base aproximadamente. Se achar que
está muito difícil de derreter a base acrescente mais um pouquinho.

• Coloque dentro de um saquinho de freezer ou de forno, se achar necessário utilize


dois saquinhos, um dentro do outro para reforçar e feche bem dê um nó na ponta,
para que a água não possa se infiltrar, um elástico de borracha ajuda a vedar bem.

Dica :Você pode deixar a massa assim amarrada por umas 8 horas antes de
colocar e banho maria, para que a massa absorva o líquido e diminua o tempo de
derretimento- em torno de 15 minutos aproximadamente. Esta dica serve só para o
sabonete já curado, se o sabonete ainda não passou pela cura, não há
necessidade, e geral elas derretem rapidamente.

• a seguir, coloque o saquinho bem fechado dentro de uma panela com água
fervendo, deixe por uns 40 minutos em fogo médio/baixo.

• Após, retire o saquinho e com uma luva de proteção amasse a massa através do
saquinho (cuidado a massa estará bem quente) e observe sua textura, se achar
que ainda tem grânulos volte a massa na panela e deixe ferver por mais uns 15
minutos.

65
• Quando estiver com uma textura homogênea abra o saco e espere a massa esfriar
um pouco, mas não o suficiente para começar a endurecer a massa, isto é para
evitar a evaporação da essência e também para ajudar a preservar mais as
propriedades dos aditivos. Coloque os aditivos: ervas, essências, argilas, mel, etc.

• Feche o saquinho expulsando o ar e amasse bem para que os aditivos se


misturem bem a massa. Trabalhe rápido enquanto a massa não esfria e endureça
demais.

• Corte uma das pontas do saquinho, para permitir a saída da massa por um
pequeno orifício direto em pequenas formas ou despeje em uma fôrma grande se
preferir. Nivele a massa com uma faquinha ou espátula.

• Deixe esfriar e endurecer por 24 horas, desenforme e deixe para curar por 3 ou 4
semanas.

Receitas

Todos os óleos e gorduras apresentam sua quantidade em gramas e devem ser pesadas
em uma balança precisa.
Os óleos essenciais pedidos nas receitas são sugestões, que você pode alterar por outros
e na quantidade que desejar.
Se quiser trocar os Óleos Essenciais (OE) por Essências, acresça a quantidade de água
para pelo menos 280ml.
Se preferir substitua metade da água por leite.
Todas as receitas podem ficar sem perfume, se desejar.

“Mantenha seus
sabonetes artesanais
sempre em saboneteiras
que não acumulem água
desta forma você
prolonga seu tempo de
uso, mantendo sua
glicerina”
Temp: é a temperatura em que deverão estar os óleos e soda no momento da mistura.
OE:Óleo Essencial
Cura: tempo estimado para secagem total.

66
Trace: estimativa de tempo até atingir o ponto de “trace” através de processo manual.

* Caso queira adicionar propriedades de outros óleos fixos fazendo “superffating” tais
como: óleo de semente de uvas, gérmem de trigo, amêndoas doces, castanha do Pará,
maracujá, buriti, copaíba, etc. Utilize a quantidade de soda em parênteses e adicione 2
colheres de sopa do óleo de sua escolha ao “Trace”.

Sabonete 100% Oliva (Castile Soap)


Peles secas e sensíveis

900 grs. azeite de oliva Temp: 45ºC


Cura: 6 semanas
114.50 grs Soda (-5%) Trace: 30 min com mixer
240gr. Água

6 ml de OE de Menta
6 ml de OE Alecrim
2 colheres sopa aveia (opcional)

Acrescente os Oes ao trace depois da aveia. O sabonete de oliva 100% é


extremamente emoliente e hidratante, entretanto é bastante mole, cuide para
mantê-lo sempre sequinho.

Sabonete de Laranja e canela


Peles normais

310 grs. Gordura Vegetal Temp: 45ºC


600 grs Az. Oliva Cura: 5 semanas
90 grs. Óleo de rícino Trace:

1 colher sobremesa rasa de sal


127.50 grs soda (-5%)
240 gr água

15 ml OE Laranja
5 ml de OE canela
Aqueça um pouco da água da receita e dissolva o sal, acrescente o restante
da água para fazer a lixívia. Proceda normalmente, se quiser acrescente 2
colheres. de chá rasas de canela em pó parar dar cor caramelada/marrom,
ao trace. Adicione os OEs e derrame na fôrma.

67
Sabonete de Lavanda
Peles normais e oleosas

650 grs. Gordura Vegetal Temp: 45ºC


150 grs. Az. Oliva Cura: 4 semanas
150 grs. Canola Trace: 25 min
50 grs. Manteiga de cacau
1 colheres. chá Mel

132 grs. Soda (-5%)


240 gr Água

18 ml gotas de OE de Lavanda
Primeiro derreta a manteiga de cacau depois coloque as outras gorduras e o
mel. Quando atingir 45ºC faça a mistura da lixívia com as gorduras e bata até
o trace médio (ponto pudim) coloque o OE e derrame na fôrma, se quiser
acrescente 2 colheres. sopa de alfazema desidratada.

Sabonete de Abacate

440 grs. Banha Bovina Temp: 35ºC


280 grs. Az. Oliva Cura: 4 semanas
280 grs. Óleo de Babaçu Trace: 40 min
20 grs. Óleo de abacate (ao trace)

142 grs soda


240 gr água

10 ml de OE de sua preferência

Proceda normalmente e ao trace acrescente o óleo de abacate ou outro de


sua escolha.

68
Sabonete de Gengibre e Mel
Peles normais

350 grs. Banha Bovina Temp: 45ºC


350 grs Az. Oliva Cura: 4 semanas
300 grs. Óleo de Babaçu

1 colher chá de mel


½ colher chá de pó de gengibre*
½ colher sopa de raspas de limão

141 grs soda (144grs)


140 grs água
100 grs suco de limão

10 ml de OE Limão
5 ml de OE Canela ou gengibre
Prepare a lixívia somente com a água. Coloque as raspas e o pó de gengibre
nos óleos derretidos, na temperatura,misture a lixívia, mexa e acrescente o
suco, leve ao ponto “trace” e adicione os Oes.
Se quiser faça uma infusão utilizando o az. De oliva com ½ xíc. de gengibre
fresco processado e coado antes de acrescentar à mistura.(faça com 3
semanas de antecedência- veja instruções0)

Sabonete de Calêndula
Pele normal e seca

300 grs. Gordura Vegetal Temp: 35ºC


30 grs. Az. Oliva Cura: 4 semanas
180 grs. Óleo de babaçu
120 grs. Manteiga de cacau
50 grs. Óleo de rícino
50 grs. Lanolina

94 grs soda (99 grs)


250 grs água

2 colheres sopa de pétalas de


calêndula
OE de sua preferência
Com 4 semanas de antecedência faça uma infusão com o az. De oliva e as
pétalas, se quiser acrescente outras ervas.(as pétalas de calêndula não
perdem a cor.

69
Sabonete de Cenoura
Peles normais

530 grs. Óleo de Dendê Temp: 35ºC


180 grs Az. Oliva Cura: 4 semanas
180 grs. Óleo de canola
50 grs. Óleo de girassol
60 grs Óleo de rícino

131 grs soda (135grs)


140 grs água
140 grs suco de cenoura
(processador)

OE de sua preferência
Você pode substituir o óleo de dendê por gordura hidrogenada ou banha
bovina, entretanto você terá que recalcular a quantidade da soda. Acrescente
o suco no momento da mistura lixívia ‘a gordura.

Sabonete de Aveia
Peles normais

160 grs. Óleo de babaçu Temp: 35ºC


380 grs Az. Oliva Cura: 4 semanas
380 grs. Óleo de canola
50 grs. Manteiga de cacau
30 grs. Óleo de rícino

130 grs soda (132grs)


240 grs água

OE de sua preferência
Proceda conforme as instruções básicas e acrescente 2 colheres de sopa de
aveia em pó ao “trace”

70
Shampoo para Cabelos Claros

250 grs. Óleo de babaçu Temp: 45ºC


250 grs Óleo de Palma Cura: 4 semanas
250 grs. Az. De Oliva
50 grs. Jojoba
250 grs. Óleo de rícino

141 grs soda (144 grs)


100 grs água
180 grs chá bem forte de camomila
OE de sua preferência
Acrescente 1ou 2 colheres de chá de flores de camomila desidratada ao
trace se desejar.

Shampoo para Cabelos Escuros

250 grs. Óleo de babaçu Temp: 45ºC


250 grs Óleo de Palma Cura: 4 semanas
250 grs. Az. De Oliva
50 grs. Jojoba
250 grs. Óleo de rícino

141 grs soda (144grs)


280 grs água

1 xíc. de sálvia, alecrim, salsinha,


desidratadas
OE de sua preferência

Faça com 1 mês de antecedência, infusão com as ervas e o az. de oliva

71
Sabonete de Chocolate e Menta
Peles normais

350 grs. Óleo de babaçu Temp: 40ºC


100 grs Óleo de Palma Cura: 4 semanas
350 grs. Az. De Oliva Trace: min
30 grs. Jojoba
70 grs. Óleo de rícino
100 grs. Manteiga de cacau

140 grs soda (144grs)


140 grs água
140 grs leite

1 colher de sopa cheia chocolate em


10 ml de OE menta
Acrescente o leite no momento de misturar a lixívia com os óleos. Leve ao
“trace”. Dissolva o chocolate em um potinho separado com um pouco da
massa e acrescente à massa. Coloque o OE, misture e derrame na Fôrma.

Sabonete Azeite e Cera de Abelha

860 grs. Az. Oliva


70grs. Óleo de dendê Temp: 55ºC
70grs. Cera de abelha Cura: 4 semanas
Trace: 15 min
124 grs soda (126grs)
260 grs água

OE de sua preferência
Esta receita atinge o “trace” muito rápido. Derreta a cera juntamente com os
óleos. Proceda conforme as instruções básicas.

72
Sabão para Limpeza

550 grs. Gordura Vegetal


250grs. Palmiste Temp: 55ºC
200grs. Banha suína Cura: 4 semanas
Trace: 75 min
140 grs soda
260 grs água

Neste sabão não houve desconto na quantidade de soda , sendo ideal para a
limpeza, louças e roupas em geral.

Recomendações finais

Para os iniciciantes indico receitas onde os óleos e gorduras das pedidos são mais fáceis
de serem encontrados. Com o tempo você poderá ir adquirindo outros óleos indicados
nas tabelas e ir compondo suas próprias receitas. Não se esqueça de recalcular sempre
que for fazer qualquer tipo de modificação nas receitas, sejam os ingredientes ou as
quantidades. Sempre confira seus cálculos, é melhor perder tempo no projeto do que
remediar.

Fazer sabonetes artesanais não é uma arte exata, é como na cozinha ao preparar um
uma receita, muitas vezes os resultado diferem de um dia a outro ou de pessoa para
outra ao seguir uma mesma receita, por isso sempre faça observações, esteja atenta aos
resultados, faça anotações de tudo.
Faça uma ficha para cada barra de sabonete que fizer. Anote a data, os ingredientes,
quantidades, qualquer alteração, ou reação de algum ingrediente, óleo e principalmente
essências que esteja experimentando, também anote o tempo para o “Trace”, para a cura,
etc.
Todas as informações podem ser úteis para a próxima receita, para conferir resultados
inesperados e determinar resultados positivos.
Costumo anotar também os lotes dos óleos ou qualquer outro dado que possa identificá-
lo, as vezes alterações ocorrem no sabonete, conforme o lote ou pote de uma compra
para outra de um mesmo óleo.

Mesmo que seja para presentear, coloque uma etiqueta descrevendo os ingredientes que
contém e a data em que foi fabricado, para que as pessoas possam determinar se o

73
sabonete contém algo a que possam ser alérgicas ou poder determinar caso ocorra
alguma reação, embora problemas com o uso desses sabonetes sejam muito remotas.

Considerações finais
Escrever este Manual, foi para mim uma grande alegria. Dispor minhas experiências com
os sabonetes artesanais e falar sobre eles, me deu tanto prazer quanto fazê-los. Este
Manual foi escrito com muito carinho e espero que você usufrua das informações aqui
deixadas. Gostaria muito que você desse retorno com suas opiniões, experiências ou
dúvidas que venham a surgir e que podem ser feitos através do e-mail:
sabaoeglicerina@bol.com.br

Arie de Souza
Todos os direitos reservados

• A autora não se responsabiliza pelo uso indevido ou acidentes que possam ser
causados pelo mau uso das informações aqui disponibilizadas.

74
Referências bibliográficas e leituras recomendadas

Agradecimentos Especiais pelas informações fornecidas sobre muitos dos óleos que
constam neste Manual em especial sobre os óleos brasileiros:

EBPM – Impo Exp Rep Ltda


Av. Nova Independência,891 – Brooklin – S.Paulo – SP
Ebpm2001@hotmail.com

BERACA Ingredients
Rua Souza Melo, 73 - S.Paulo - SP
beraca@gruposabara.com.br

Colonial Soap Making History. Disponivel em


http://www.alcasoft.com/soapfact/history.html acessado em 01.ago.2002

PH-Determining your soap’s PH. Disponível em


http://waltonfeed.com/ acessado em 10.mar.2002.

BIOTEMAS.Saiba mais sobre biologia. Lipídeos-Acidos Graxos.Disponível em


http://intermega.com.br/biotemas/index.htm Acesso em 28.dez. 2002.

PIC QUIMIC. Disponível em


http://www.pic-quimica.com.br/default2.asp?cod_idm=1 Acesso em dez. 2002.

GALILEU.Perfumes Disponível em
http://galileu.globo.com/edic/116/rep_perfumes.htm Acessado em: 11/2002

Greenwood.Historia da Perfumaria. Disponível em


www.geenwood.ind.br/historia.htm acessado em 12/2002

Aromalandia. Montagem dos óleos carreadores. Disponível em


http://www.aromalandia.hpg.ig.com.br/falsos_carreadores.htm acessado em ago.2002

75
UNIVERSITY OF NORTHERN IOWA - THE BUSINESS AND COMMUNITY SERVICES
(BCS) DIVISION. Fats and Oils Table. Disponível em:
http://www.bcs.uni.edu/abil/htmlpages/researchresources/statisticaldata/PrintTable1.htm
http://www.bcs.uni.edu/abil/htmlpages/researchresources/statisticaldata/PrintTable2.htm
http://www.bcs.uni.edu/abil/htmlpages/researchresources/statisticaldata/PrintTable3.htm
acessado em junho.2002

Brazmazon Ind. De Oleaginosas e Produtos da Amazônia. Catálogo 1.

LORENZI, Harri- SOUZA, Hermes Moreira de- MEDEIROS, Judas Tadeus d e- Costa,
Luiz Sérgio Coelho de Cerqueira e BEHR, Nikolaus von,.Palmeiras no Brasil - nativas e
exóticas. Ed. Plantarum, 1997

MELLO, R.D. Como fazer Sabões e Artigos de Toucador. 1. ed.São Paulo: Ícone,
1991

Alguns Sites de receitas disponíveis na internet em jan/2003:

http://www.pvsoap.com/recipes.htm

http://hometown.aol.com/oelaineo/directions.html

http://www.soapnaturally.org/recindex.html

http://www.colebrothers.com/soap/

http://www.soapdelicatessen.com/soaprecipes.html

Todos os direitos reservados à autora. Proibida a reprodução do Conteúdo na sua íntegra


ou em partes deste Manual em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,
sem autorização escrita da mesma.

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