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Diário do Pará
DOMINGO, Belém-PA, 02/02/2020

VENDA DE LANCHES

FOTO
S: RIC
ARDO
AMA
NAJÁ
Agrada ao paladar
e ajuda o bolso
S

Por meio da venda de comidas típicas como tacacá e maniçoba; de salgados,


churros, entre outros produtos, famílias tiram suas rendas em carrinhos de
lanches localizados em espaços bem movimentados de Belém

ECONOMIA
1 2
Cintia Magno

D
esde que o casal
Maria Cotita da
Costa e João Fer-
reira Pantoja de-
cidiu apostar na venda de
comidas típicas paraenses
como principal fonte de
renda da família já se pas-
saram 49 anos. De lá para
cá, o carrinho localizado na
avenida Nazaré, às proximi-
dades da Basílica Santuário,
não apenas garantiu a cri-
ação dos nove filhos, como
hoje emprega toda a família. 3
A venda do tacacá, do ca-
ruru, do vatapá e da mani-
çoba nos tradicionais carri- EM IMAGENS 1 Vanessa Lima e Willian Santos FOTO: RICARDO AMANAJÁS 2Elda Silva FOTO: OLGA LEIRIA
nhos e barracas de rua já 3 Ivanilson Costa FOTO: RICARDO AMANAJÁS 4 Charles Oliveira FOTO: OLGA LEIRIA
faz parte do cenário de Be-
lém há muito tempo. E foi
nesse tipo de negócio que lanche na Praça da Repú- ce uma boa variedade de bol, por exemplo. “Eu fico
a família de Maria Cotita blica, mas a relação com biscoitos com ingredientes atento à programação, o
e João Ferreira encontrou o preparo das coxinhas já regionais, como castanha- que vai rolar na cidade”.
uma boa forma de susten- data de cinco anos atrás. do-pará e cupuaçu, além de Assim como o dia a dia de
to. Filho do casal, Ivanilson “Eu aprendi a fazer com amendoins caramelizados. trabalho, a própria ideia de
Costa, 41 anos, conta que o meu esposo, que já tra- A habilidade para a pro- montar o carrinho de lan-
até hoje o pai é o respon- balhava com isso”, contou, dução dos doces, conta, foi che foi planejada por Char-
sável por preparar as delí- referindo-se ao autônomo herdada de seu avô, que ini- les. Ele conta que, antes,
cias que são oferecidas aos Willian Santos, 38 anos, que ciou o negócio que hoje en- trabalhava em um carrinho
clientes de domingo a do- até hoje é o responsável volve toda a família. “O meu de churros e, a partir da ex-
mingo, no período de 10h às pelo preparo do alimento. avô já vendia os biscoitos periência adquirida, resol-
22h. “Todos os dias o meu “Nós já vendemos na pra- e as castanhas há 14 anos veu juntar dinheiro e in- 4
pai acorda às 5h para pre- ça do Tapanã e há um mês e nós continuamos”, conta, vestir na compra do pró-
parar o tacacá, o vatapá”, e meio viemos para a Praça ao explicar que ela e seis ir- prio carrinho e dos equipa-
conta. “Ao todo, as nove da República também”. mãos, além da mãe, do pai mentos para a produção do
pessoas da família traba- e dos tios trabalham juntos doce. Hoje o sustento dele,
lham com essa venda. Toda ORÇAMENTO no negócio. “Nós trabalha- da esposa e dos três filhos
a nossa renda vem daqui”. Vanessa conta que a fa- mos de domingo a domin- vem da venda dos churros.
Para que a clientela seja mília tem outra renda além go. Se faltamos um dia, os “Tem noite que a gente tira
mantida ao longo de qua- da venda de lanches, mas clientes reclamam”. R$120 a R$200, mas tam-
se cinco décadas, Ivanilson destaca que as coxinhas Além dos biscoitos pro- bém tem dia que tira R$40,
revela que é preciso ino- ajudam em muito no or- duzidos diariamente, ainda então varia muito”, estima.
var, mesmo que o foco es- çamento, tanto que o ca- em casa, no carrinho o ca- “Uma vez eu já cheguei a
teja sempre nos quatro pra- sal não hesitou em expan- sal também prepara as cas- fazer R$1.500 em um dia.
tos típicos da culinária pa- dir a atuação para a área tanhas e amendoins cara- Aí é quando a gente vai pra
raense. “O que nós fizemos mais central de Belém. “Em melizados. Este é o úni- casa numa alegria só”.
agora foi unir um com o ou- um dia de movimento bom, co item que é preparado
tro. Temos a ‘varuçoba’, que a gente vende cerca de na hora. “O que as pesso-
é o vatapá, o caruru e a ma- 100 coxinhas por dia só as mais gostam é do amen- ORIENTAÇÕES
niçoba, e temos também o aqui na Praça da Repúbli- doim. Elas sentem o cheiri-
‘vatacaru’, que é o vatapá ca”, estima. “O meu espo- nho dele sendo preparado COMO MONTAR UM CARRINHO DE COMO MONTAR UM FOOD BIKE?
e o caruru”, explica. “Tem so faz a preparação das co- e acabam parando”, explica LANCHE
gente que chega querendo
provar um pouco de cada
xinhas durante a noite e
às 2h30 acordamos para
Elda. “O cheiro é o chama”.
Também não falta estra-
1 LOCALIZAÇÃO
Escolha um ponto próximo a áreas de grande
1 ESTRUTURA
A estrutura física pode ser dimensionada
para apenas armazenar e comercializar comidas
um, então tem que inovar”. fritar. Dá trabalho, mas a tégia de venda no caso de
movimentação, principalmente no horário do prontas ou para processar e comercializar
Ainda assim, para Ivanil- renda ajuda bastante”. Charles Francisco Oliveira, almoço, ao final da tarde e à noite, como, por comidas cruas ou semiprontas.
son, um quesito é funda- Assim como Vanessa, a 33 anos. Há cinco anos ele exemplo, na frente de faculdades e escolas, em
mental para atrair e fideli- autônoma Elda Silva, 33 conseguiu montar o pró-
zar o cliente: o sabor. Por
dia, a barraca vende, em
anos, também tem a com-
panhia do marido para pre-
prio carrinho de churros e
trabalha, normalmente, na
frente de igrejas, na frente de órgãos públicos
com grande movimento de pessoas, em ruas
2 MERCADO
O modelo de negócio de food bike está
inserido no mercado da alimentação fora do lar,
com grande número de prédios comerciais ou
média, 5 kg de vatapá, 2 kg parar as guloseimas que os rua Treze de Maio, no bair- pontos de ônibus lotados, na frente de festas para
segmento que movimenta R$140 bilhões por ano.
de caruru e 7 kg de ma- dois vendem em um carri- ro do Comércio. Apesar do
niçoba. “O que a gente vê nho instalado na esquina da ponto tradicional, não dei-
adultos, como um show ou estádio de futebol, etc.
3 PESSOAL
Depende da estrutura, do volume de
é que é o gosto da comi-
da mesmo que faz com que
avenida Gentil Bittencourt
com a Alcindo Cacela. Ao
xa de se deslocar com o car-
rinho em busca de eventos 2 ESTRUTURA
Não existe uma estrutura específica e única
para um carrinho de lanche. O tamanho poderá
atendimento e do que é vendido. De qualquer
modo, a equipe é formada basicamente por um
as pessoas voltem”, acredi- lado de Mário Sérgio Ba- que atraiam grande movi- funcionário para operar a bicicleta, que faz as
ta. “Tem barracas que não tista, 33 anos, Elda ofere- mento, como jogos de fute- variar, dependendo dos produtos ofertados pelo
vezes de cozinheiro (se necessário), atendente,
colocam o camarão e o empreendedor.
caixa e administrador.
jambu por cima, mas aqui
não pode faltar e molhado
no tucupi. São essas coisas
FOTO: OLGA LEIRIA 3 PESSOAL
Sugere-se que determine duas pessoas para
atuar na manipulação dos alimentos e uma
4 CUSTOS
Os valores dependem do tamanho do negócio,
que fazem a diferença”. da localização, das especialidades servidas, do
terceira pessoa para receber pagamentos e
Se o segredo é aliar a tra- público e da estratégia adotada pela empresa.
prestar serviços de apoio.
dição e o sabor, outra igua- Estima-se um custo médio mensal de R$3 mil.
ria já faz parte da história
gastronômica de Belém, a 4 CUSTOS
Os custos são baseados em estimativas. Os
valores vão depender objetivamente do tamanho
5 PONTO DE ATENÇÃO
Pesquise a legislação local e entenda como
coxinha. Seja nas bicicle- seu município regulamenta o mercado de food
do carrinho, da localização, das especialidades
tas equipadas com estufas bike. A legislação é muito exigente com aqueles
servidas ao público, etc. No caso de um carrinho de
ou em barracas estrategi- que trabalham com alimentos, por isso fique
cachorro-quente, por exemplo, o Sebrae estima
camente localizadas pró- atento às normas de vigilância sanitária da
um custo médio de R$3 mil.
ximas de praças, escolas Agência Nacional de Vigilância Sanitária, faça
e comércios, as coxinhas
não apenas saciam um de-
sejo, como também salvam
5 APRESENTAÇÃO DO NEGÓCIO
As barracas ou carrinhos de lanche
compreendem uma boa alternativa para o
o curso de manipulação de alimentos e não
descuide da higiene do local, dos utensílios e de
quem prepara os alimentos
o almoço de muita gente empreendedor que dispõe de poucos recursos
ao longo do dia. Administradora é adepta de lanches de rua para investir na implantação de um negócio. Uma Fonte: Ideias de Negócios – Sebrae.
Na tradicional feira de Além de garantir o sustento de centenas de pessoas das principais vantagens refere-se à possibilidade
artesanato da Praça da Re- que têm no carrinho de lanches o seu negócio próprio, de mudar de ponto em caso de interesse.
pública, montada aos do- as iguarias encontradas nas esquinas, praças e pon-
6
FOTO: ELCIMAR NEVES/ARQUIVO

PONTO DE ATENÇÃO
mingos, não falta espaço tos estratégicos da cidade também fazem a alegria de Se possível, é importante que você faça
para o lanche. Além da tí- quem, em meio a correria do dia a dia, espera por um uma parceria com algum comerciante da
pica coxinha de frango, en- lanchinho rápido. Atraída pelo aroma do chocolate que sua região para guardar o carrinho de
tre as opções mais pedidas recheia os churros, a administradora Paloma Oliveira, lanche dentro do comércio. Você pode
também estão as unhas de 36 anos, decidiu saborear o doce vendido por Charles oferecer o pagamento de um aluguel
caranguejo e as coxinhas pela primeira vez. De qualquer maneira, ela aponta que mensal para poder guardar o seu carrinho
de camarão com jambu. é uma boa adepta de lanches de rua. “Eu gosto mesmo. dentro de um bar, ou na garagem de alguma
Há apenas um mês, a au- Normalmente é sanduíche, pastel, suco”, enumera. “É casa, por exemplo.
tônoma Vanessa Lima, 37 um lanche que oferece um preço mais acessível e rápi-
anos, integrou o time de do também, então, com certeza, é uma boa opção”. Fonte: Ideias de Negócios – Sebrae.
vendedores que oferece o

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