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Orientador:
Vitória
novembro de 2005
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
Vitória
novembro de 2005
AMBIENTE COMPUTACIONAL PEDAGÓGICO
SOBRE O COMPORTAMENTO E
DIMENSIONAMENTO DE VIGAS MISTAS EM
AÇO E CONCRETO
Comissão Examinadora:
_____________________________________________
Prof. D.Sc. Walnório Graça Ferreira – Orientador,
UFES.
______________________________________________
Prof. D.Sc. Paulo de Araújo Régis, UFPE.
______________________________________________
Prof. D.Sc. Geraldo Rossoni Sisquini, UFES.
______________________________________________
Prof. M.Sc. Pedro Augusto Cezar Oliveira de Sá, UFES.
CDU:624
“O Senhor é meu pastor, nada me faltará se me conduzir.
Ele me guia por bons caminhos, por causa do Seu nome.
Embora eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal
temerei, pois junto a mim estás; teu bastão e teu cajado
me deixam tranqüilo. Diante de mim preparas a mesa, à
frente de meus opressores; unges minha cabeça com óleo
e minha taça transborda. Sim, felicidade e amor me
acompanham todos os dias de minha vida. Minha morada
é a casa do Senhor por dias sem fim. (Salmo 23).”
Ao meu marido, Paulo Afonso, aos nossos
filhos, Matheus e Thiago e aos meus pais
Sylvia e Waldyr agradeço o amor, a
compreensão e o apoio incondicional.
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos à todos que de forma direta ou indireta participaram na sua
conclusão.
À Universidade Federal do Espírito Santo – UFES – Brasil, pelo valioso suporte
institucional proporcionado.
Ao Núcleo de Excelência em Estruturas Metálicas e Mistas – NEXEM (Convênio
UFES/CST), pela infra-estrutura disponibilizada que me permitiu desenvolver este
trabalho.
À CST – Companhia Siderúrgica de Tubarão pelo incentivo ao estudo que proporciona
aos seus funcionários.
Ao professor Walnório Graça Ferreira, por sua importante participação orientando e
direcionando os trabalhos, sempre incentivando e acima de tudo, por ter se tornado um
amigo especial e sempre presente.
Ao professor Pedro Augusto Cezar Oliveira de Sá que contribuiu com todo o suporte do
Nexem, recursos humanos, hardware e software, para a realização desse trabalho.
Ao amigo Rodrigo Camargo que como estagiário do Nexem, trabalhando em conjunto,
contribuiu muitíssimo na construção do software da dissertação, com seu profundo
conhecimento em Visual Basic.
Ao meu filho Matheus, que com 14 anos, incentivou-se a estudar e programar em Visual
Basic, dando também sua contribuição no trabalho realizado.
Aos amigos de mestrado Marialva Bernardo, por seu constante incentivo, Bruno Ceotto
e Adenilcia Fernanda G. Calenzani, sempre prontos a me ajudar, Kátia Maria Brunoro
Grilo Bourguignon, pelo incentivo e dicas quanto à escrita, às amigas de disciplinas,
Jane Veronez, Marita Cavassi, Claudia Pinho, Maria Aparecida Souza, Claudia Kamei,
Maurício Lordello, pelo coleguismo no curso, amizade, solidariedade e pelo papel
decisivo que tiveram no desenrolar dessa história.
À todos os colegas de curso e demais professores do Departamento de Estruturas pelo
apoio e pela amizade tão preciosa.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
M Momento fletor
Rn Resistência nominal
Sd Solicitação de cálculo
V Força cortante
ÍNDICES COMPOSTOS
cr Crítico
cs Conector de cisalhamento
dx, dy De cálculo, segundo os eixos “x” e “y” respectivamente
ef Efetivo
ex, ey Flambagem elástica, segundo os eixos “x” e “y” respectiva mente
min Mínimo
pℓ Plástico; plastificação
red Reduzido; redução
st Enrijecedor
tr Transformada
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Tensões na seção transversal para o caso particular da LNP na interface
aço/concreto. 33
Figura 2.2 - Distribuição de tensões em vigas mistas sob momento fletor positivo. 34
Figura 2.3 – Distribuição de probabilidade do efeito das ações e
resistências(VASCONCELLOS – 2003). 38
Figura 3.1 - Viga de aço atuando com cargas, sem conectores de cisalhamento. 50
Figura 3.2 - Esforço cortante horizontal Vh na viga mista com conectores. 51
Figura 3.3 - Determinação do esforço cortante horiz. para LNP na viga de aço (Vh=C),
C=compressão no concreto, C’=compressão no aço e T=tração no aço. 51
Figura 3.4 - Determinação do esforço cortante horizontal para LNP na laje de concreto
(Vh = T). 52
Figura 3.6 – Tipos usuais de Conectores 53
Figura 3.7 – Exemplos de Tipos de Conectores 54
Figura 3.7 - Curva Força x Escorregamento para conectores de cisalhamento 55
Figura 3.8 - Diagrama força x escorregamento para conectores do tipo pino com cabeça
embutidos em laje maciças. 55
Figura 3.9 - Possíveis modos de colapso obtidos dos ensaios do tipo push-out 57
Figura 3.10 - Conector tipo pino com cabeça (STUD BOLT). 58
Figura 3.12 - Conector em perfil “U”. 59
Figura 3.13 - Posição inicial. 61
Figura 3.14 - Formação do arco elétrico. 61
Figura 3.15 - Final do processo de soldagem. 61
Figura 3.16 - Conector soldado. 62
Figura 3.17 - colocação de conectores 62
Figura 3.18 - Soldagem de conector em perfil “U”. 63
Figura 4.1 – Largura efetiva da laje. 65
Figura 4.2 – Distribuição das tensões longitudinais na laje, considerando o efeito “Shear
Lag”. 66
Figura 4.3 – Construção escorada. 68
Figura 4.4 – Construção não escorada. 68
Figura 4.5 - Comportamento Mn x λ do estado limite último FLA. 69
Figura 4.6 - Seção plastificada com linha neutra na interseção, aço e concreto. 71
Figura 4.7 - Seção plastificada com LNP na laje de concreto. 71
Figura 4.8 - Seção plastificada com LNP na mesa superior. 72
Figura 4.9 - Seção plastificada com LNP na alma. 73
Figura 4.10 - Interação parcial. 74
Figura 4.11 - Seção transformada com linha neutra elástica na viga de aço e na laje de
concreto. 76
Figura 4.12 – Tensões de cálculo 77
Figura 4.13 - Resistência da alma ao cisalhamento. 79
Figura 5.1 – Tela inicial de créditos do programa 101
Figura 5.2 – Tela de apresentação do programa 102
Figura 5.3 – Tela exposição do resumo da teoria sobre vigas mistas – parte 1/3 102
Figura 5.4 – Tela exposição do resumo da teoria sobre vigas mistas – parte 2/3 103
Figura 5.5 – Tela exposição do resumo da teoria sobre vigas mistas – parte 3/3 103
Figura 5.6 – Tela de definição das dimensões do perfil de aço e cálculo das propriedades104
Figura 5.7 – Tela de definição das dimensões da laje steel deck 104
Figura 5.8 – Tela de definição da espessura da laje maciça 105
Figura 5.9 – Tela de definição do comprimento do vão e do espaçamento entre vigas 105
Figura 5.10 – Tela de definição das dimensões conector stud bolt (pino com cabeça 106
Figura 5.11 – Tela de definição das dimensões conector perfil “U” 106
Figura 5.12 – Tela do relatório de dimensionamento gerado pelo programa 107
Figura 5.13 – Tela do resumo do relatório de dimensionamento 107
Figura 6.1 – Dados do perfil. 110
Figura 6.2 – Dados da laje. 110
Figura 6.3 – Dados do comprimento e posicionamento do perfil na laje. 111
Figura 6.4 – Dados do conector. 111
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Valores do módulo de elasticidade do concreto. 30
Tabela 2.2 – Categorias dos aços. 31
Tabela 2.3 – Classes das seções metálicas. 32
Tabela 2.4 - Coeficientes de ponderação das ações 43
Tabela 2.5 – Fatores de combinação 44
Tabela 2.6 - Valores máximos recomendados para deformações 46
Tabela 3.1 – Propriedades mecânicas 63
Tabela 3.2 - Resistências nominais 63
Tabela 4.1 - Valores limites recomendados para deslocamentos verticais 82
RESUMO
A viga mista é o sistema formado por elementos mistos, no caso, aço-concreto que visa
aproveitar as vantagens de cada material, perfis de aço e laje de concreto, ligados por
conectores. Com a associação de uma parcela da laje como aba colaborante e aba
superior da viga de aço, há um sensível aumento na capacidade da viga e
correspondente redução das deformações, resultando numa economia do peso das vigas.
Nesse sistema, a viga fica travada lateralmente na face comprimida, o que impede a sua
perda de estabilidade.
Como o dimensionamento de vigas mistas está se tornando algo cada vez mais presente
nos escritórios de cálculo de estruturas, então a formação de engenheiros familiarizados
com o assunto se torna de maior importância.
Para facilitar o aprendizado e com objetivos de ensino, foi criado o programa descrito
neste trabalho, que de uma maneira prática e intuitiva, explica clara e detalhadamente os
passos a serem seguidos para o completo cálculo e análise de vigas mistas,
simplesmente apoiadas, escoradas, não escoradas, com interação total ou parcial, e
submetidas a carregamento uniformemente distribuído, com apresentação de
comentários e citações da norma brasileira NBR 8800/86.
.
Palavras-chave: vigas mistas, aço e concreto, conectores de cisalhamento, interação
parcial, interação total, escorada, não escorada, ensino, ambiente computacional
pedagógico.
1
Eng. Civil, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFES, Especialista em
Projetos de Investimentos da Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST, Vitória, ES, Brasil,
aparecida.costa@arcelor.com.br; mcostagozzi@hotmail.com
ABSTRACT
Composite beam is a system made of steel and concrete elements, a combination which
takes advantage of each material, structural steel sections, concrete slabs and shear
connectors, in structural terms as well as in constructive terms. This work presents the
design and constructive aspects of composite beams summarized in a computational
system made in Visual Basic language. The objective is to show pedagogical purposes
of theoretical and practical learning of the calculations of steel and concrete composite
beams, simply supported, according to ultimate-strength-limit state, braced, unbraced,
with partial or full interaction, and subjected to uniformly distributed load, and
presenting comments and quotations from the ABNT (Technical Standards Brazilian
Association) NBR 8800/86. This work shows to be useful to under-graduated and
graduated students, and also to guide professionals in this area that need a Portuguese
language software to introduce them to the subject.
Keywords: composite beams, steel and concrete, shear connectors, simply supported,
partial interaction or full interaction, braced, unbraced.
1
Civil Engineer, MSc student of PPGEC/UFES, Investments Projects Specialist of Companhia
Siderúrgica de Tubarão - CST, Vitória, ES, Brasil aparecida.costa@arcelor.com.br;
mcostagozzi@hotmail.com
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O termo “viga mista” se refere a um sistema estrutural em que haja uma interação entre
materiais diversos tais como: concreto e madeira, concreto e aço dentre outros. Neste
estudo, tal termo será utilizado para os elementos estruturais constituídos de aço e
concreto.
O sistema formado por elementos mistos aço-concreto é uma combinação que visa
aproveitar as vantagens de cada material, perfis de aço e laje de concreto, tanto em
termos estruturais como construtivos.
Com a associação de uma faixa da laje (como aba solidária) e a viga de aço, ligados
através de conectores, há um sensível aumento na capacidade da viga e correspondente
redução nas deformações, resultando em economia no peso das vigas de aço em até
30%. A viga de aço fica travada lateralmente na face comprimida, o que impede a sua
perda de estabilidade.
Os conectores são peças metálicas que fazem a conexão entre a laje de concreto e a viga
de aço, soldados à mesa superior da viga de aço com um espaçamento pequeno (da
ordem de 20 a 50 cm), que impedem o escorregamento do concreto em relação ao aço,
obrigando-os a trabalharem em conjunto.
Com a associação do aço (resistente à tração) com o concreto (resistente à compressão),
obtém-se uma peça composta, com o melhor desempenho de cada elemento, cumprindo
etapas diferentes de comportamento ao longo de seu processo de consolidação.
O aço já tem, desde a produção, forma e resistência definidas, o que não acontece com o
concreto, que necessita do processo de cura para que sua resistência seja alcançada. Sua
capacidade também depende da armadura, tanto para aumentar sua resistência quanto
para limitação de fissuras e retração.
Podemos considerar, portanto, que um projeto de estruturas mistas deve ser elaborado
em três fases:
Montagem da forma e lançamento do concreto, neste momento, antes da cura do
concreto, a viga de aço trabalha sozinha, sendo responsável pelo peso próprio da
estrutura e cargas da obra, quando adotada a solução não escorada.
Resistência da estrutura mista, momento em que trabalham juntos, a viga de aço e o
concreto.
Página 21
Vigas Mistas Capítulo 1 - Introdução
Deformação da estrutura mista para cargas de longa duração, momento em que se leva
em conta o efeito da deformação lenta do concreto ao longo do tempo.
A história da construção mista está intimamente ligada ao desenvolvimento do concreto
armado e das estruturas em aço. Nas construções mistas, o concreto foi primeiramente
usado no início do século, como material de revestimento, protegendo os perfis de aço
contra o fogo e a corrosão. Embora o concreto tivesse uma participação em termos
estruturais, sua contribuição na resistência era ignorada nos cálculos. Lajes maciças com
vigas de aço revestidas foram bastante usadas nas décadas de 40 e 50, com alguma
interação permitida para esta condição. O desenvolvimento dos conectores de
cisalhamento contribuiu significativamente para acelerar os avanços associados às vigas
mistas. Hoje, vigas com conectores de cisalhamento e lajes com fôrma de aço
incorporada são intensamente usadas em edifícios de múltiplos pavimentos no exterior e
evoluindo no Brasil.
Na construção civil, os méritos de um determinado sistema construtivo são avaliados
com base em fatores como eficácia, resistência, durabilidade e funcionalidade. É fato
que nenhum material conhecido possui todos esses requisitos em níveis desejados. A
solução consiste em selecionar materiais apropriados de forma a se criar um novo,
resultando em um material misto. Alternativamente, diferentes materiais podem ser
arranjados em uma configuração geométrica ótima, com o objetivo de somente as
propriedades desejadas em cada material serem utilizadas em virtude da sua posição
designada (YAM-1981).
É inegável que concreto e aço, trabalhando isoladamente, são os dois materiais de maior
emprego na construção civil. As vigas mistas que proporcionam o trabalho conjunto
desses dois materiais têm-se constituído em uma excelente solução estrutural para
diversas situações, pois estes materiais trabalhando em conjunto, aliam a vantagem da
boa resistência do aço à tração com a resistência à compressão do concreto (FILHO-
1980) e (LEMA-1982).
As vigas mistas usuais consistem de perfis “I” de aço, suportando laje de concreto em
sua mesa superior, concretada “in loco”, havendo ligação entre viga de aço e laje, de tal
forma que elas funcionem como um conjunto para resistir à flexão em torno de um eixo
perpendicular ao plano médio da alma. No caso de uso de conectores de cisalhamento
para ligar a viga e a laje, a interação aço/concreto será completa se os conectores forem
Página 22
Vigas Mistas Capítulo 1 - Introdução
suficientes para que se atinja a resistência nominal da viga de aço ao escoamento ou da
laje de concreto ao esmagamento (NBR 8800/86).
Os primeiros estudos sobre vigas mistas tiveram início na década de 20, onde a seção
mista era formada por um perfil metálico mergulhado no concreto. No Canadá, na
Alemanha e na Inglaterra, a aderência natural era o elemento responsável pelo trabalho
em conjunto dos dois materiais. Nos Estados Unidos, entretanto, além da aderência,
foram introduzidos conectores mecânicos como forma de conexão entre o perfil
metálico e o concreto.
Na década de 30, várias pesquisas foram realizadas com o objetivo principal de definir o
tipo de viga mista adequada, para cargas estáticas e para cargas móveis. A viga mista
com o perfil de aço exposto, interagindo com a laje de concreto através de conectores,
mostrou-se bastante eficiente a esse respeito, tornando a sua utilização geral na
construção mista universal (FILHO-1980).
Segundo SALMON (1990) e VIEST et al (1997), as vantagens básicas resultantes da
utilização desta solução mista são:
a. Redução apreciável de peso de aço;
g. Construção rápida.
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Vigas Mistas Capítulo 1 - Introdução
De uma maneira geral os engenheiros civis estão mais familiarizados com as
características e comportamentos específicos das estruturas fabricadas em aço ou em
concreto separadamente. Estes materiais possuem suas próprias peculiaridades. As
estruturas em aço, onde os componentes são fabricados com chapas relativamente finas,
geralmente apresentam elementos de maior esbeltez, e assim estão mais propensas à
flambagem. Já as estruturas fabricadas em concreto apresentam componentes
relativamente mais espessos, mas com baixíssima resistência a tração, além de sofrerem
deformações por retração.
As estruturas mistas, de uma maneira geral, estão sujeitas a todos estes efeitos, mas,
além disso, também podem falhar na ligação existente entre o elemento de aço e o
elemento de concreto. As características desta ligação apresentam grande influência
sobre o comportamento e dimensionamento das estruturas mistas. Nestas estruturas, a
ligação natural que surge entre o perfil metálico e o concreto moldado no local é, por si
só insuficiente para promover a interação aço-concreto na interface de contato, além de
estar sujeita a um colapso repentino. O uso de resinas epóxi visando promover a
aderência aço-concreto tem sido estudado e alguns sucessos têm sido obtidos, embora
existam incertezas sobre o desempenho destas ligações em relação ao descolamento
vertical na interface e à fadiga. Estudos suplementares necessitam ser promovidos antes
que se façam recomendações para o seu uso.
A menos que o perfil metálico esteja completamente envolvido pelo concreto, o uso de
conectores mecânicos de cisalhamento torna-se, portanto, essencial para o projeto de
vigas mistas. O desempenho das mesmas depende diretamente da transferência da força
de cisalhamento na interface aço-concreto.
Página 24
Vigas Mistas Capítulo 1 - Introdução
As vigas mistas podem ser simplesmente apoiadas, o que é mais usual, ou podem ser
contínuas. As simplesmente apoiadas, contribuem para a maior eficiência do sistema
misto, pois a viga de aço trabalha predominantemente à tração e a laje de concreto à
compressão. As vigas contínuas, devido à presença de momentos fletores negativos,
apresentam um comportamento estrutural diferente das simplesmente apoiadas. Embora
a presença exclusiva de momentos fletores positivos contribua para a maior eficiência
do sistema misto, deve-se notar que a continuidade das vigas traz vantagens sob o ponto
de vista de estabilidade global da estrutura, devido ao efeito de pórtico.
Com relação ao método construtivo, pode-se optar pelo não escoramento da laje devido
à necessidade de velocidade de construção. Por outro lado, o escoramento da laje pode
ser apropriado caso seja necessário limitar os deslocamentos verticais da viga de aço na
fase construtiva.
1.2 OBJETIVOS
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Vigas Mistas Capítulo 1 - Introdução
vigas mistas para estruturas de edifícios de acordo com o Método dos Estados Limites.
Espera-se que o trabalho seja útil aos alunos de graduação e de pós-graduação, assim
como a profissionais da área de projetos que necessitem de um programa, em língua
portuguesa, que possa introduzi-los ao assunto.
Página 26
Vigas Mistas Capítulo 1 - Introdução
CAPÍTULO 2
REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
2.1 HISTÓRICO
2.2.1 Concreto
O concreto usado na laje das vigas mistas é composto basicamente de: argamassa de
cimento, água, agregado graúdo, agregado miúdo e aditivo. Nas regiões de contato entre
a argamassa e agregado graúdo, desenvolve-se um grande número de microfissuras,
mesmo antes de ser sujeito a cargas externas.
⎛γc ⎞
• η = 0,3 + 0,7⎜ ⎟ ( γ C em kN/m )
3
⎝ 24 ⎠
O módulo de elasticidade secante Ec – utilizado na análise elástica e também
obtido por meio de ensaios – na ausência de ensaios, o valor do módulo de
elasticidade secante pode ser determinado em função de f ck por meio de
expressões válidas para cargas de curta duração (para concreto com menos de
28 dias, o valor de f ck a ser usado nas expressões a seguir deve ser reduzido
correspondentemente):
1 3
• E c = 42( f ck ) (γ c )
2 2
(NBR 8800-1986 e AISC-LRFD-1994) (2.1)
1
γc 1
• E c = 9500( f ck + 8) 3 ( )2 (EUROCODE 4-1992) (2.2)
24
Nas expressões (2.1) e (2.2), f ck e Ec são em MPa, γ C em kN/m3.
f ck (MPa) 15 20 25 30 35 40
Ec (Eq. 2.1) 19100 22100 24700 27000 29200 31200
Ec (Eq. 2.2) 17000 28800 30500 31900 33300 34500
2.2.2 Aço
Componente das estruturas mistas aço-concreto, é empregado nos perfis, nas barras de
armadura, nos conectores de cisalhamento, nos parafusos e nas fôrmas metálicas
incorporadas ao concreto em lajes mistas. Perfis e chapas das fôrmas são produtos
laminados; barras de armaduras e fios de aço podem ser laminados ou trefilados, aços
de conectores e parafusos são tratados termicamente, é basicamente uma liga ferro-
carbono com alguns elementos adicionais, podendo ter suas propriedades mecânicas
alteradas por meio de conformação mecânica ou tratamento térmico. É um material
dúctil, com deformações de ruptura da ordem de 5% a 40%.
Propriedades do Aço
• Peso específico - γ a = 78,5 kN/m3;
Categoria fy fu
ASTM (kN/cm2) (kN/cm2)
A-36 25 40
Seções Compactas
Permitem que seja atingido, antes da
flambagem local, o momento fletor de
2 plastificação total da seção (Mpl), mas não a
subseqüente redistribuição de momentos
fletores.
Seções Não-
compactas
Permitem que seja atingido, antes da
flambagem local, o momento correspondente
3
ao início do escoamento da seção (Mr),
incluindo ou não o efeito de tensões residuais.
Seções Esbeltas
Determinação dos efeitos das ações (força normal, momento fletor, tensão, etc.) em
barras e ligações, baseada na hipótese de que os elementos da estrutura se comportem
elasticamente.
Determinação dos efeitos das ações (força normal, momento fletor, tensão, etc.) em
barras e ligações, baseada na hipótese de que os elementos da estrutura admitam a
formação sucessiva de rótulas plásticas até atingir a hipostaticidade.
2
2
fy
Figura 2.1 - Tensões na seção transversal para o caso particular da LNP na interface
aço/concreto.
Para a determinação da capacidade resistente da viga no estado limite último, são usadas
as propriedades plásticas das seções, com o concreto submetido de 0,85 fck e o aço ao
bloco de tensões de f y . Os dois materiais estarão submetidos ao esgotamento. Para que
A laje de concreto em contato com a mesa superior da viga, impede que esta possa
sofrer flambagem local ou mesmo flambagem lateral com torção. Pode-se assumir,
então, que a seção é Classe 1, de acordo com a NBR 8800/86, ou compacta, de acordo
com a denominação do AISC-LRFD, independentemente da relação bf / 2tf. Como a
mesa inferior está tracionada, caso a alma também seja compacta, isto, é possua relação
h/tw ≤ 3,50 E / fy conforme NBR 8800/86, o perfil é todo compacto, podendo-se
Figura 2.2 - Distribuição de tensões em vigas mistas sob momento fletor positivo.
Ensaios realizados em vigas mistas mostram que a capacidade real a momento de uma
seção mista submetida a momento fletor positivo (como é o caso de vigas biapoiadas)
pode ser calculada de maneira bastante satisfatória. Considera-se que a seção de aço
esteja totalmente escoada e a laje de concreto esteja sobre tensão de 0,85fck em toda a
espessura e largura efetivas, confirmando a suposição da distribuição plástica de tensões
na seção transversal (VIEST et al-1997).
Segundo a NBR 8800/86 são os estados a partir dos quais uma estrutura não mais
satisfaz a finalidade para a qual foi projetada.
Esse conceito de dimensionamento nos estados limites foi desenvolvido na Rússia por
volta de 1950 e introduzido na engenharia civil em 1958. Foi a primeira tentativa de
disciplinar todos os aspectos da análise de estruturas, incluindo a especificação de ações
e a análise de segurança (VASCONCELLOS–2003).
Portanto, quando um elemento estrutural torna-se inadequado para uso ou quando uma
estrutura deixa de preencher uma das finalidades de sua construção, diz-se que ela
atingiu um Estado Limite - Estado correspondente à ruína de toda a estrutura, ou parte
da mesma, por ruptura, deformações plásticas excessivas ou por instabilidade.
Pode-se dizer que a segurança de uma estrutura é a capacidade que ela apresenta de
suportar as diversas ações que vierem a solicitá-la durante a sua vida útil sem atingir
qualquer estado limite.
Os estados limites podem ser classificados em duas categorias:
1. Estados Limites Últimos.
2. Estados Limites de Utilização
Estados que, pela sua ocorrência, repetição ou duração, provocam efeitos incompatíveis
com as condições de uso da estrutura, tais como: deslocamentos excessivos, vibrações e
deformações permanentes, NBR 8800/86.
Os Estados Limites de Utilização estão relacionados à interrupção do uso normal da
estrutura, aos danos e à deterioração da mesma. Para estes estados limites, maior
probabilidade de ocorrência poderá ser tolerada, pelo fato de não representarem
situações tão perigosas quanto os Estados Limites Últimos.
Portanto, os Estados Limites de Utilização correspondem às exigências funcionais e de
durabilidade da estrutura, podendo ser originados, em geral, por um ou vários dos
seguintes fenômenos:
• Deformações excessivas para uma utilização normal da estrutura, como por
exemplo, flechas ou rotações que afetam a aparência da estrutura, o uso
funcional ou a drenagem de um edifício ou que possam causar danos a
componentes não estruturais a aos seus elementos de ligação;
• Deslocamentos excessivos sem perda de equilíbrio;
• Danos locais excessivos tais como, fissuração, rachaduras, corrosão,
escoamento localizado ou deslizamento, que afetam a aparência, a utilização
2.4.3 Vantagens
λn ( R m / Sm )
β=
2 2
vh + vm
γi γm
Sm Sk Sd=Rd Rk Rk
2.5 AÇÕES
As ações que podem atuar simultaneamente numa estrutura devem ser combinadas de
tal forma a acarretar os efeitos mais desfavoráveis nas seções críticas. Estas
combinações devem ser feitas com os valores de cálculo das solicitações, obtidas pelos
valores característicos multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação γf.
Os índices do coeficiente de ponderação são alterados de forma que resultem γg, γq, γp,
γε, relativos, respectivamente, às ações permanentes, ações variáveis, protensão e para
As ações a serem adotadas no projeto das estruturas de aço e seus componentes são as
estipuladas pelas normas apropriadas e as decorrentes das condições a serem
preenchidas pela estrutura. Essas ações devem ser tomadas como nominais, devendo ser
considerados os seguintes tipos de ações nominais:
G: ações permanentes incluindo peso próprio da estrutura e peso de todos os elementos
componentes da construção, tais como pisos, paredes permanentes, revestimentos e
acabamentos, instalações e equipamentos fixos, etc.;
Q: ações variáveis, incluindo as sobrecargas decorrentes do uso e ocupação da
edificação, equipamentos, divisórias, móveis, sobrecargas em coberturas, pressão
hidrostática, empuxo de terra, vento, variação de temperatura, etc.;
E: ações excepcionais, explosões, choques de veículos, efeitos sísmicos, etc.
As combinações de ações para os estados limites últimos são as seguintes:
• combinações normais e combinações aplicáveis a etapas construtivas:
∑ (γ G) + γ Q1 + ∑ (γ qj ψ jQ j )
n
g q1
j= 2
• combinações excepcionais:
∑ (γ G) + E + ∑ (γ ψQ)
g q
Onde:
Q1= ação variável predominante para o efeito analisado
Coeficientes de ponderação
Ações permanentes Ações variáveis
Variação Demais
Grande Pequena Recalques Ações
de ações
Combinações variabilida variabilidad diferenciai temperatur decorrente variávei
de e s s do uso
a s
(a) (b) (c) (d)
γg γg γq γq γq γq
Normais 1,4 (0,9) 1,3 (1,0) 1,2 1,2 1,5 1,4
Durante a
1,3 (0,9) 1,2 (1,0) 1,2 1,0 1,3 1,2
construção
Excepcionais 1,2 (0,9) 1,1 (1,0) 0 0 1,1 1,0
Notas:
Fatores de combinação ψ
Ações ψ (A)
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0,75
de silos e reservatórios
A estrutura como um todo, barras individuais, elementos e meios de ligação devem ser
verificados para os estados limites de utilização.
Nas combinações de ações para os estados limites de utilização são consideradas todas
as ações permanentes, inclusive as deformações impostas permanentes, e as ações
variáveis correspondentes a cada um dos tipos de combinações, conforme indicado a
seguir:
a. Combinações quase permanentes de utilização (combinações que podem atuar
durante grande parte do período de vida da estrutura, da ordem da metade
deste período):
Onde:
FGi são as ações permanentes;
FQ1 é a ação variável principal da combinação;
ψ1j FQj são os valores freqüentes da ação;
ψ2j FQj são os valores quase permanentes da ação;
ψ1j, ψ2j são os fatores de utilização.
Ações a
considerar:
Sobrecarga Barras biapoiadas
1
suportando elementos de do vão
240
cobertura inelásticos.
Sobrecarga Barras biapoiadas
1
suportando elementos de do vão
180
cobertura elásticos.
1
Sobrecarga Barras biapoiadas do vão
360
suportando pisos.
Cargas Vigas de rolamento
Deformações verticais
horizontais
1 1
a da
transversal da coluna, relativo à base (ver 400 200
sujeitos à fissuração.
horizontais
1
da altura do
edifício, relativo à base, 400
2.6.6 Vibrações
As vigas de apoios de pisos de grandes áreas que não possuem paredes divisórias ou
outras formas de amortecimento, onde vibrações transientes devidas ao caminhar de
pessoas possam ser inaceitáveis, deverão ser verificadas levando-se em consideração tal
tipo de vibração.
Equipamentos mecânicos, que possam produzir vibrações contínuas indesejáveis,
devem ser isolados de forma a reduzir ou eliminar a transmissão de tais vibrações para a
estrutura. Vibrações desse tipo devem ser levadas em conta também na verificação de
estados limites últimos, incluindo fadiga. Outras fontes de vibrações contínuas são
veículos e atividades humanas tais como a dança e devem ser verificadas.
Vibrações devidas ao vento devem ser levadas em conta, pois o movimento causado
pelo vento em estruturas de edifícios de andares múltiplos ou outras estruturas flexíveis
podem gerar desconforto aos usuários, a não ser que sejam tomadas medidas na fase de
projeto. A principal fonte de desconforto é a aceleração lateral, embora o ruído (ranger
Figura 3.1 - Viga de aço atuando com cargas, sem conectores de cisalhamento.
seção de seção de
momento seção de momento
nulo momento nulo
máximo
Deve-se notar que Vh é o esforço que atua entre a seção de momento máximo (onde o
deslizamento relativo é nulo) e cada seção adjacente de momento nulo (onde o
deslizamento relativo é máximo). O valor deste esforço cortante Vh é obtido supondo
que a seção de momento máximo encontra-se totalmente plastificada, ou seja, com sua
resistência nominal esgotada. Assim, se a linha neutra plástica (LNP) desta seção,
situar-se:
e. Na viga de aço (Fig. 3.3)
Vh = C = 0 ,85 f ck b t c (3.1)
onde b é a largura efetiva da laje (tratada no capítulo 4 - Cálculo de Vigas
Mistas), tc a espessura da laje de concreto e 0,85 um fator devido ao efeito
Rüsch (redução da resistência do concreto com o tempo);
Figura 3.3 - Determinação do esforço cortante horiz. para LNP na viga de aço (Vh=C),
C=compressão no concreto, C’=compressão no aço e T=tração no aço.
fy concreto
tracionado
seção de momento nulo seção de momento máximo desprezado
Figura 3.4 - Determinação do esforço cortante horizontal para LNP na laje de concreto
(Vh = T).
Alguns dos tipos de conectores flexíveis, (a), (b), (d) e (e) e rígidos (c), mais utilizados.
A figura 3.6 ilustra os desenhos desses conectores.
Figura 3.8 - Diagrama força x escorregamento para conectores do tipo pino com cabeça
embutidos em laje maciças.
Figura 3.9 - Possíveis modos de colapso obtidos dos ensaios do tipo push-out
Em edifícios são usados conectores do tipo pino com cabeça (STUD BOLT) com
diâmetros de 12,5 mm, 16 mm e 19 mm, e em casos especiais, de 22 mm. Nestes
conectores (Fig. 3.10):
3. O diâmetro da cabeça deve ser, no mínimo, uma vez e meia maior que o diâmetro
do fuste (dcs);
≥ 1,5 dcs
≥ 4 dcs
dcs
Os estados limites últimos que podem ocorrer em um conector pino com cabeça
embutido no concreto e submetido a esforço horizontal são:
• A ruína do concreto por esmagamento ou fendilhamento (Fig. 3.11);
• A ruptura do conector.
As respectivas resistências nominais são obtidas empiricamente e valem:
q n = 0 ,5 Acs f ck E c (3.3)
q n = Acs f u (3.4)
O menor valor de qn deve ser adotado.
Onde:
Acs é a área da seção transversal do fuste do conector;
fu o limite de resistência à tração do aço do conector;
fck a resistência característica do concreto à compressão, não pode ser maior que 28
MPa;
O aço comumente utilizado para fabricação dos conectores pino com cabeça possui
especificação ASTM A108, com limite de escoamento igual a 345 MPa e limite de
ruptura igual a 415 MPa.
Os conectores em perfil “U” laminado devem ser instalados com uma das mesas
assentando sobre a viga de aço, com o plano da alma perpendicular ao eixo longitudinal
da viga e com sua abertura voltada para a seção de momento máximo (Fig. 3.12).
Lcs
tf
tw
seção de seção de
momento nulo momento máximo
q n = 0 ,0365 (t f + 0 ,5 t w ) L cs f ck (3.5)
Obtida a força cortante horizontal Vh, que age entre a seção de momento máximo e cada
seção adjacente de momento nulo, conforme visto no item 3.1, o número de conectores
necessários de cada lado da seção de momento máximo é:
A ligação do conector pino com cabeça com a viga metálica é feita mediante um
processo automático de soldagem, bastante econômico e que apresenta um elevado
rendimento. Sua utilização requer uma corrente de até 3000 (três mil) amperes. O
processo consiste das seguintes fases:
suporte de porcelana
Os conectores do tipo pino com cabeça devem ter, após a instalação, o comprimento
mínimo igual a 4 vezes o diâmetro – conector flexível. Todos os tipos de conectores
devem ficar completamente embutidos no concreto da laje.
Os conectores de cisalhamento do tipo pino com cabeça, usados na construção mista
aço-concreto, devem ter forma adequada para que sejam soldados aos perfis de aço por
meio de equipamentos de solda automática.
As propriedades mecânicas para conectores de pequeno diâmetro estão indicadas na
Tabela 3.1.
Nota: Esta Tabela é aplicável a lajes maciças de concreto, desde que o comprimento do
conector soldado seja igual ou superior a quatro vezes seu diâmetro e que a face inferior
da laje seja plana e diretamente apoiada sobre a viga de aço.
O conector em perfil “U” laminado é ligado à mesa da viga de aço por meio de solda de
filete, conforme ilustra a Fig. 12.
a2 a1
O cálculo estrutural de uma viga de aço sobreposta por uma laje de concreto, pode ser
feito supondo que a laje comporta-se independentemente da viga na resistência às ações
aplicadas. Neste caso, nenhuma consideração é feita no sentido de se levar em conta a
atuação conjunta do concreto e das vigas de aço.
Numa outra opção, se for imposto que uma viga de aço trabalhe em conjunto com uma
faixa da laje de concreto, forma-se a viga mista. Para isto, é indispensável que as vigas
metálicas e a laje sejam unidas por elementos apropriados denominados conectores de
cisalhamento. A largura da faixa de laje que trabalha em conjunto com uma viga de aço
recebe o nome de largura efetiva.
A largura efetiva da laje de concreto é a largura da faixa da laje que trabalha juntamente
com o perfil metálico. Sua determinação teórica é bastante complexa. Para fins práticos,
a NBR 8800 permite que sejam adotados valores empíricos.
largura largura largura
efetiva efetiva efetiva
laje de concreto
conector de
cisalhamento
vigas de aço
Figura 4.2 – Distribuição das tensões longitudinais na laje, considerando o efeito “Shear
Lag”.
Se a construção for escorada (Figura 4.5), o escoramento deve ser adequado para que as
vigas de aço permaneçam praticamente sem solicitação até sua retirada, o que se dá
após a cura do concreto. Todas as ações atuantes, inclusive as que aparecem antes da
cura do concreto, solicitam a viga mista.
Mn
M pl
Mr
E E h
λ p = 3 ,5 . λ r = 5 ,6 . λ= (FLA)
fy fy tw
Para a determinação do momento fletor resistente é necessário saber a qual classe que
pertence à seção. A classe, neste caso, é referente à relação largura/espessura da alma. A
norma brasileira faz distinção entre dois tipos de seções:
• seções “compactas”, pertencentes às classes 1 e 2, onde se permite a
plastificação total da seção mista;
• seções “semi-esbeltas” , pertencentes à classe 3, onde a alma pode sofrer
flambagem local no regime inelástico. Não se aceitam seções esbeltas (classe
4), ou seja, seções cuja alma pode sofrer flambagem local no regime elástico.
h / tw ≤ 3 ,5 E / f y
4.3.1.1 Vigas compactas :
a força de tração na viga de aço correspondente à tensão na mesma, por equilíbrio C=T,
e
⎛ t ⎞
M n = T ⎜ d1 + c ⎟ (4.4)
⎝ 2⎠
onde d1 é a distância do centro de gravidade da viga de aço à sua borda superior.
tc C
LNP
hf
d1
T
CGa
Figura 4.6 - Seção plastificada com linha neutra na interseção, aço e concreto.
0 ,66 f ck b t c ≥ ( A f y )a e
⎛ a⎞
M n = ( A f y )a ⎜ d 1 + t c − ⎟ (4.5)
⎝ 2⎠
tc
C
a LNP
hf
d1
T
( A f y )a ≥ 0 ,66 f ck b t c
C = 0 ,66 f ck b t c (4.7)
C′ =
1
2
[
(A f y )a − C ] (4.8)
T = C + C′ (4.9)
Sendo C′ a força resultante da parte comprimida da viga de aço, observando-se que:
para C ′ ≤ (A f y )mesa sup. , a LNP estará na mesa superior (Fig. 4.8), distanciada de y da
tc C
hf C' y LNP
yc
yt
C ′ − ( A f y )mesa sup.
y = tf + h (4.11)
( A f y )alma
tc C
hf
yc C'
y LNP
yt
⎛t ⎞
M n = C ′ (d - yt − yc )+ C ⎜ c + d − yt ⎟ (4.12)
⎝2 ⎠
com:
Muitas vezes é possível usar um número de conectores menor que o determinado, como
mencionado no Capítulo 3 – item 3.6. Neste caso, diz-se que a interação entre o aço e o
concreto é parcial. A viga mista terá um comportamento (e resistência nominal ao
momento fletor) intermediário entre a viga mista com interação completa (quando o
número de conectores é igual ao determinado no Capítulo 3 – item 3.6) e a viga de aço
isolada.
Ao se usar a interação parcial, escolhe-se um número de conectores, n, entre a seção de
momento máximo e as seções adjacentes de momento nulo, sendo:
Vh
n< (4.13)
qn
C′ =
1
2
[
(A f y )a − C ] (4.17)
⎛ a ⎞
M n = C ′ (d - yt − yc )+ C ⎜ t c − + d − yt ⎟ (4.18)
⎝ 2 ⎠
com yt e yc calculados como no tópico b.
b
tc
C
a
hf
yc C'
y LNP
yt
Onde:
fdt é a tensão de tração de cálculo na face inferior da viga de aço;
fdc a tensão de compressão de cálculo na face superior da laje de concreto, ambas
determinadas por processo elástico.
Para se chegar às propriedades geométricas da viga mista, deve-se trabalhar com uma
seção transformada, na qual a área de concreto é convertida numa área equivalente de
aço, reduzindo-se sua largura efetiva b para
b
btr = (4.21)
N
com
E
N= (4.22)
Ec
sendo E e Ec, respectivamente, os módulos de elasticidade do aço e do concreto. Se a
linha neutra elástica situar-se na laje de concreto, deve ser ignorada a participação do
concreto na zona tracionada.
btr=b/N btr=b/N
tc tc LNE a
hf hf
LNE
ytr
x
x x d x
d ytr
ya ya
Figura 4.11 - Seção transformada com linha neutra elástica na viga de aço e na laje de concreto.
btr .t c3
I tr = I a + Aa .( ytr − ya ) + 2
+
12
2
⎛ tc ⎞
+ Ac′ .⎜ d + − ytr ⎟
⎝ 2 ⎠
Senão
Se ytr > d então:
btr . a 3
I tr = I a + Aa .( ytr − ya )2 + +
12
2
⎛ a ⎞
+ btr . a .⎜ d + t c − − ytr ⎟
⎝ 2 ⎠
Fim se.
I tr
O módulo de resistência superior será : ( Wtr )s = (4.24)
( d + t c ) − ytr
Se Md é o momento fletor de cálculo, as tensões de cálculo (Figura 4.8) serão:
Md
f dt = (4.25)
( Wtr )i
Md
f dc = (4.26)
N ( Wtr )s
Na determinação de fdc, a divisão por N, sendo N dado pela Equação 4.20, ocorre por ter
o concreto módulo de elasticidade N vezes inferior ao do aço.
b b
LNE
LNE
ytr
ytr
Para as construções não escoradas, devem ser atendidas todas as condições relacionadas
às construções escoradas e além disso:
• de acordo com o item 4.2, a viga de aço isolada deve resistir a todas as ações
que a solicitam antes do concreto atingir resistência igual a 0,75 fck;
• a tensão de tração na face inferior da viga deve atender à limitação
MG ′ M L
• + ≤ 0 ,90 f y (4.28)
Wa Wef
Na verificação da viga mista ao esforço cortante, admite-se que a alma da viga de aço
isolada deva resistir a todo o esforço, devendo ser atendida a condição:
Vd ≤ φ v Vn (4.29)
onde Vd é a força cortante de cálculo, causada por todas as ações que solicitam a viga
mista e o produto (φv Vn ) a resistência de cálculo, determinada considerando-se apenas a
resistência da alma da viga de aço isolada, conforme o estudo referente a barras
submetidas à flexão simples. Portanto, de acordo com este estudo, tem-se φv igual a 0,9
e Vn dado através do gráfico Vn x λ mostrado na Figura 4.15.
Vpl
λp
.V pl
λ
Vr ⎛λp⎞
2
1,28 . ⎜ ⎟ .V pl
⎝ λ ⎠
k .E k .E h
λ p = 1,08 . λ r = 1,4 . λ=
fy fy tw
h E
Vn = V pl = 0 ,60 . Aw . f y , se λ = ≤ λ p = 2 ,5 (4.30)
tw fy
λp E h E
Vn = .V pl , se λ p = 2,5 <λ= ≤ λ r = 3 ,24 (4.31)
λ fy tw fy
⎛λp⎞
2
b E
V n = 1,28 . ⎜ ⎟ .V pl , se λ = > λ r = 3 ,24 (4.32)
⎝ λ ⎠ t fy
Onde: Aw é a área da alma da viga dada por:
• (d.tw) no caso de perfis laminados e;
• (h.tw) no caso de perfis soldados.
Deve-se controlar a deformação elástica das vigas mistas com base nas limitações
recomendadas para barras fletidas da NBR 8800/86.
Qn
I ef = I a +
Vh
[ I tr − I a ] (4.33)
No caso de construções não escoradas, a deformação elástica provocada pelas ações que
solicitam a viga de aço isolada, antes da cura do concreto, pode ser elevada. Na prática,
este problema costuma ser resolvido prevendo uma contra flecha adequada para a viga
de aço.
Cálculo das flechas antes e depois da cura do concreto, carga permanente e sobrecarga,
de acordo com o tipo de construção temos o cálculo:
Antes da cura
δac = 5 * qG * L4 / (384 * E * Ix)
Depois da cura, flecha de curta duração
δdpcurta = 5 * q1pp * L4 / (384 * E * Itr)
Depois da cura, flecha de longa duração
δdplonga = 5 * q1pp * L4 / (384 * E * Itr')
Devido a deformação lenta
δdl = δdplonga - δdpcurta
Devido a sobrecarga
δds = 5 * qsc * L4 / (384 * E * Itr)
Flecha devido ao carregamento variável e deformação lenta
δ2 = δdl + δds
Flecha total:
δmax = δac + δds + δdplonga
Nota:
δmax = flecha no estado final
relativamente à linha reta que une os
apoios
δ0 = δmax = contra-flecha da viga no
estado não carregado (estagio 0)
δ1 = δ1= variação da flecha da viga
devida às ações permanentes
imediatamente após a sua aplicação
(estagio 1)
δ2 = δ2 variação da flecha da viga devida
às ações variáveis acrescida de
deformações diferidas devidas às ações
permanentes (estagio 2)
L = L - vão da viga ou duas vezes o
balanço da consola, no caso de vigas em
console.
Limites
Condições
δmax δ2
1. Coberturas em geral L/200 L/250
2. Coberturas utilizadas frequentemente por pessoas,
L/250 L/300
para além do pessoal de manutenção
3. Pavimentos em geral L/250 L/300
4. Pavimentos e coberturas que suportem rebocos ou
L/250 L/350
outros acabamentos frágeis ou divisórias não flexíveis
5. Pavimentos que suportem pilares L/400 L/500
6. Quando δmax possa afectar o aspecto do edifício L/250 --
5.2 FLUXOGRAMA
INÍCIO
PPlaje = γc.tc.Linfl
PPforma = 0.25.Linfl
qg = PPviga + PPconect + PPlaje + PPforma
Mg = qg.L2/8
Md1 = γg.Mg
PPrevest = 0.5.Linfl
PPforro = 0.3.Linfl
PPparede = 1.Linfl
q1pp = PPrevest + PPforro + PPparede
M1pp = q1pp.L2 / 8
PPnorma = 2.Linfl
qsc = PPnorma
Msc = qsc.L2 / 8
ML = M1pp + Msc
Md = 1,4.(Mg + M1pp) + 1,5.Msc
S VIGA N
1
ESCORADA
λ = h/tw
λp = 3,5 √E/fy)
λr = 5,6 √E/fy
Mp= Zx fy
Mr= Wr fy
s
λ <λp N
s PERFIL N
LAMINADO
K1 = 0,82 K1 = 0,62
K2 = 0 67 K2 = 0 38
λ = bfi/ (2tf)
λp = 0,38 √E/fy)
fr = 11,5
λr = K1√E/ (fy-fr)
Mp= Zx fy
Mr= Wr (fy-fr)
s N
λ <λp
MnFLM=Mp s
λp< λ <λr N
s
MnFLA < MnFLM N
Mn = MnFLA Mn = MnFLM
S N
Mn > 1,25 Wx fy
Mn = 1,25 Wx fy
S Viga de borda? N
S N S N
L/12<6tc+bfs L/4<16tc+bfs
S N S N
(bfs+dve)/2<b (dve+dvd)/2<b
b=(bfs+dve)/2 b=(dve+dvd)/2
S N
h/tw<=3,5√E/fy
15 S 3,5√E/fy <= N
h/tw<=5,6
S 0,66.fck.b.tc>A.fy N
Tentar outro
perfil
a=A.fy/(0,66.fck.b) C=0,66.fck.b.tc
d1=((tf/2).(bfs.tf)+(tf+h/2)(tw.h)+(3tf/2+tf))/A C’=(A.fy-C)/2
Mn=A.fy.(d1+hf+tc-a/2) T=C+C’
S N
5 C’<=(bfs.tf).fy
ybarra=tf.C’/(bfs.tf.fy)
yc=ybarra/2
yt=((tf/2).(bfi.tf)+(tf+h/2).(tw.h)+(tf+h+(tf-
ybarra)/2).bfs.(tf-ybarra))/(A-bfs.ybarra)
ybarra=tf+h.(C’-bfs.tf.fy)/(h.tw.fy)
yc=((tf/2)(tf.bfs)+(tf+(ybarra-tf)/2).(tw.(ybarra-tf)))/(tf.bfs+tw.(ybarra-tf))
yt=(tf/2)(tf.bfi)+(tf+(d-ybarra-tf)/2).(tw.(d-ybarra-tf))/(tf.bfi+tw.(d-
ybarra-tf))
Mn=C’(d-yt-yc)+C(tc/2+d-yt)
S N
Md<=φb.Mn Tentar outro perfil
S N
Interação é parcial? 7
S A.fy<=0,85.fck.b.tc N
Qn=A.fy.grau Qn=0,85.fck.b.tc.grau
Vh=A.fy Vh=0,85.fck.b.tc
C=Qn.0,7/0,9
C’=(A.fy-C)/2
T=C+C’
S N
C’<=(bfs.tf).fy
ybarra=tf.C’/(bfs.tf.fy)
yc=ybarra/2
yt=((tf/2).(bfi.tf)+(tf+h/2).(tw.h)+(tf+h+(tf-
ybarra)/2).bfs.(tf-ybarra))/(A-bfs.ybarra)
ybarra=tf+h.(C’-bfs.tf.fy)/(h.tw.fy)
yc=((tf/2)(tf.bfs)+(tf+(ybarra-tf)/2).(tw.(ybarra-tf)))/(tf.bfs+tw.(ybarra-
tf))
yt=(tf/2)(tf.bfi)+(tf+(d-ybarra-tf)/2).(tw.(d-ybarra-tf))/(tf.bfi+tw.(d-
ybarra-tf))
MnPARC=C’(d-yt-yc)+C(tc-a/2+d-yt)
S N x=grau+(1-grau).(Md-f.MnPARC)/(f.Mn-f.MnPARC)
Md<=φb.M Qn=x.Vh
n=E/Ec
n’=3.E/Ec
btr=b/n
btr’=b/n’
ya=((bfs.tf).(d-tf/2)+(h.tw).(d/2)+(bfi.tf).(tf/2))/(bfs.tf+bfi.tf+h.tw)
Ac’=btr.tc
ytr=A.ya+ac’.(d+tc/2)/(A+Ac’)
S N
ytr<d
Itr=Ix+A.(ytr-ya)2+btr.tc3/12+Ac’.(d+tc/2-ytr)2
Itr’=Ix+A.(ytr-ya)2+btr’.tc3/12+Ac’.(d+tc/2-ytr)2
a=d+tc-ytr
Itr=Ix+A.(ytr-ya)2+btr.a3/12+btr.a.(d+tc-a/2-ytr)2
Itr’=Ix+A.(ytr-ya)2+btr’.a3/12+btr’.a.(d+tc-a/2-ytr)2
S N
Escorada?
S N
Interação é total?
Wef=(Wtr)i Wef=Wx+(Qn/Vh)1/2.[(Wtr)i-Wx]
S N
MG’/Wx+ML/Wef<0,9.f
Perfil
está OK Tentar outro
perfil
S N
Interação completa?
Z=Itr
Z’=Itr’ Ief=Ix+(Qn/Vh)1/2.(Itr-Ix)
Ief’=Ix+(Qn/Vh)1/2.(Itr’-Ix)
Z=Ief
Z’=Ief’
10
S N
Viga escorada?
δdpcurta=5.(q1pp).L4/(384.E.Z) δac=5.(qG).L4/(384.E.Ix)
δdplonga=5.( q1pp).L4/(384.E.Z’) δdpcurta=5.(q1pp).L4/(384.E.Z)
δdl= δdplonga - δdpcurta δdplonga=5.( q1pp).L4/(384.E.Z’)
δds=5.(qsc).L4/(384.E.Z) δdl= δdplonga - δdpcurta
δ2= δd1 + δds δds=5.(qsc).L4/(384.E.Z)
δmax= δds + δdplonga δ2= δd1 + δds
δmax= δds + δdplonga + δac
S N
δmax<L/250 e δ2<L/350
a=L
S N
a/h<1
S N
a/h<3
11
λ=h/tw
λp=1,08.(k.E/fy)1/2
λr=1,40.(k.E/fy)1/2
Vpl=0,55.h.tw.fy
S N
λ<λp
S N
λ<λr
S N
Vd<φ.Vn
12
n=E/Ec
n’=3.E/Ec
btr=b/n
btr’=b/n’
ya=((bfs.tf).(d-tf/2)+(h.tw).(d/2)+(bfi.tf).(tf/2))/(bfs.tf+bfi.tf+h.tw)
Ac’=btr.tc
ytr=A.ya+ac’.(d+tc/2)/(A+Ac’)
S N
ytr<d
Itr=Ix+A.(ytr-ya)2+btr.tc3/12+Ac’.(d+tc/2-ytr)2
Itr’=Ix+A.(ytr-ya)2+btr’.tc3/12+Ac’.(d+tc/2-ytr)2
a=d+tc-ytr
Itr=Ix+A.(ytr-ya)2+btr.a3/12+btr.a.(d+tc-a/2-ytr)2
Itr’=Ix+A.(ytr-ya)2+btr’.a3/12+btr’.a.(d+tc-a/2-ytr)2
(Wtr)i=Itr/ytr
(Wtr)s=Itr/a
S N
Interação é total?
Wef=(Wtr)i Wef=Wx+(Qn/Vh)1/2.[(Wtr)i-Wx]
13
fdt=Md/Wef
fdc=Md/(N.Wef)
S N
fdt<φ.fy e fdc<φ’.fck
S N
Conector Stud-Bolt?
S N S N
fck<28 MPa? 20<fck<28 MPa?
T=A.fy T=A.fy
C=0,85.fck.b.tc Mudar fck C=0,85.fck.b.tc Mudar fck
Acs=p.df2/4
S N
T<C
S N
T<C
Vh=T Vh=C
Vh=T Vh=C
qn=0,0365.(tf+0,5.tw).Lcs.fck1/2
N=Vh/qn
Arredonda N
S N
0,5.Acs.(fck.Ec)1/2<Acs.fu
14
S Laje Nervurada? N
S N
Nervura transversal?
S N
bf/hf<1,5
S N
Cred>1
Cred=1
qn=Cred.qn
N=Vh/qn
Arredonda N
FIM
1.2- Conectores
3- Carregamentos
6- Verificação da flecha
8- Conectores de cisalhamento
Figura 5.3 – Tela exposição do resumo da teoria sobre vigas mistas – parte 1/3
Figura 5.5 – Tela exposição do resumo da teoria sobre vigas mistas – parte 3/3
Parâmetros Globais
Cálculo como viga mista
Construção não escorada
Viga interna – distância lateral = 3000 mm
Vão = 12000,00 mm
Perfil Metálico
Aço: ASTM A-36
fy = 25,00 kN/cm² fu = 40,00 kN/cm² E = 20500 kN/cm²
Designação: W 530 x 66.0
d = 525,0 mm bfs = 165,0 mm bfi = 165,0 mm
tw = 8,983 mm tfs = 11,4 mm tfi = 11,4 mm
Laje de Concreto
Concreto: Classe 20
fck = 25 Mpa Ec = 2347,87 kN/cm² γc = 25,00 kN/m³
Tipo: Forma-laje SteelDeck fabricante: Metform
tc = 10,00 cm
Conectores de cisalhamento
Aço: ASTM A-108
fy = 34,50 kN/cm² fu = 41,50 kN/cm² E = 20500 kN/cm²
Designação: Ciser Tipo: Pino com cabeça
hcs = 80,00 mm dcs = 19,00 mm
Carregamentos
CP1 - Carga permanente antes da cura do concreto (seção de aço)
SC1 - Carga acidental antes da cura do concreto (seção de aço)
CP2 - Acréscimo de carga permanente após a cura do concreto (seção mista)
SC2 - Carga acidental após a cura do concreto (seção mista)
1.2- Conectores
O aço utilizado é ASTM-A108, e suas propriedades são:
E = 20.500 kN/cm2 = 205.000 MPa - módulo de elasticidade longitudinal do aço
fy = 35 kN/cm2 = 345 MPa - limite nominal de escoamento
fu = 41 kN/cm2 = 410 MPa - limite nominal de resistência à tração
2- Propriedades geométricas
2.1- Perfil de aço da viga mista
O perfil utilizado é W 530 x 66.0, e suas propriedades geométricas são:
d = 52,50 cm - altura do perfil
tw = 0,90 cm - espessura da alma
bfi = 16,50 cm - largura da mesa inferior
bfs = 16,50 cm - largura da mesa superior
tf = 1,14 cm - espessura da mesa
h = 50,22 cm - altura da alma
3- Carregamentos
3.1- Cálculo da largura de influência
A viga que está sendo dimensionada está entre duas outras, distanciadas de 3,00 m, à
esquerda, e 3,00 m, à direita. Portanto, a largura de influência da viga é dada por:
Linf = (3,00 + 3,00) / 2
Linf = 3,00 m
Mg = qg * L2 / 8
Mg = 10,33 * 12,002 / 8
Mg = 185,93 kN*m (momento fletor nominal)
Md1 = γg * Mg
Md1 = 1,30 * 185,93
Md1 = 241,71 kN*m (momento fletor de cálculo)
M1pp = q1pp * L2 / 8
M1pp = 5,40 * 12,002 / 8
M1pp = 97,20 kN*m
Msc = qsc * L2 / 8
Msc = 6,00 * 12,002 / 8
Msc = 108,00 kN*m
Vsc = qsc * L / 2
Vsc = 6,00 * 12,00 / 2
Vsc = 36,00 kN
ML = M1pp + Msc
ML = 97,20 + 108,00
ML = 205,20 kN*m
Mp = Zx * fy - mom.corresp. plastificação
Mp = 1.532,47 * 35
Mp = 38.311,76 kN*cm
Como temos que λ é menor do que λp, então a resistência nominal ao momento fletor
devido à FLA é:
MnFLA = Mp
MnFLA = 38.311,76 kN*cm
λ = bfi / (2 * tf)
λ = 16,50 / (2 * 1,14)
λ = 7,24
λp = 0,38 * (E / fy)1/2
λp = 0,38 * (205.000 / 250)1/2
λp = 10,88
Para o cálculo de λr, usa-se um coeficiente k1, que vale 0,82 para perfis laminados e
0,62 para perfis soldados. Como se trata de um perfil soldado, então:
k1 = 0,62
λr = k1 * (E / (fy - fr))1/2
λr = 0,62 * (20.500 / (25 - 11,5))1/2
λr = 24,16
Mp = Zx * fy
Mp = 1.532,47 * 35
Mp = 38.312 kN*cm
Mr = Wx * (fy - fr)
Mr = 1.306,45 * (25 - 11,5)
Mr = 17.637 kN*cm
Não é necessário dimensionar a viga quanto a flambagem lateral por torção, pois a mesa
superior está travada com a laje. É preciso garantir o travamento contínuo da viga de
aço antes da cura do concreto.
A resistência nominal ao momento fletor será o menor valor entre MnFLA e MnFLM.
Portanto:
Mn = 38.312 kN*cm
Além disso, a resistência nominal deve ser menor do que o valor do momento superior:
Msup = 1,25 * Wx * fy (W => módulo resist. elástico mín. da seção)
Msup = 1,25 * 1.306,45 * 25
Msup = 40.827 kN*cm
Como Md1 < φb * Mn, então o perfil está ok para o dimensionamento como viga de
aço isolada.
h / tw = 50,22 / 0,90
h / tw = 55,91
3,5 * (E / fy)1/2 = 3,5 * (205.000 / 250)1/2
3,5 * (E / fy) 1/2 = 100,22
A * fy = 82,73 * 25
A * fy = 2.068,32 kN
Como temos que C > A*fy, então a linha neutra está localizada na laje de concreto.
Mn = (A * fy) * (d1 + tc - a / 2)
Mn = (82,73 * 25) * (25,52 + 10,00 - 7,10 / 2)
Mn = 66.216,18 kN*cm
N = E / Ec
N = 205.000 / 26.250,00
N = 7,81
btr = b / N
btr = 1,77 / 7,81
btr = 0,23 m
N' = 3 * E / Ec
N' = 3 * 205.000 / 26.250,00
N' = 23,43
btr' = b / N'
btr' = 1,77 / 23,43
btr' = 0,08 m
A'c = btr * tc
A'c = 0,23 * 10,00
A'c = 226,01 cm2
Wef = (Wtr)i
Wef = 1.940,34 cm3 - módulo de resistência elástico efetivo
Mg = 185,93 kN*m
ML = 205,20 kN*m
6- Verificação da flecha
Para o cálculo da flecha, temos:
Antes da cura
Deformação lenta
Sobrecarga
δ2 = δdl + δds
δ2 = 0,01 + 0,08
δ2 = 0,09 cm
Flecha total:
Assim, já que os limites de flecha foram atendidos, então o perfil está ok para o
dimensionamento quanto à flecha.
a=L
a = 1.200,00 cm
E daí:
k = 5,34
Agora:
λ = h / tw
λp = 1,08 * (k * E / fy)1/2
λp = 1,08 * (5,34 * 20.500 / 25)1/2
λp = 71,47
λr = 1,40 * (k * E / fy)1/2
λr = 1,40 * (5,34 * 20.500 / 25)1/2
λr = 92,64
Vpl = 0,55 * h * tw * fy
Vpl = 0,55 * 50,22 * 0,90 * 25
Vpl = 620,30 kN
Vn = Vpl
Vn = 620,30 kN
Agora devemos comparar o esforço cortante de cálculo Vd com o valor φ*Vn, que é:
A força cortante horizontal Vh será dada pelo menor dos dois valores abaixo calculados:
T = A * fy
T = 82,73 * 25
T = 2.068,32 kN
C = 0,85 * fck * b * tc
C = 0,85 * 2,5 * 176,50 * 10,00
C = 3.750,63 kN
Logo:
Vh = 2.068,32 kN
Acs = π * dcs2 / 4
Acs = π * 1,902 / 4
Acs = 2,84 cm2
A resistência nominal dos conectores será determinada com base na ruína por
esmagamento ou fendilhamento do concreto ou na ruptura do conector, e, portanto, será
o menor dos dois valores abaixo:
qn = Cred * Acs * fu
Finalmente, calcula-se a resistência nominal dos conectores como sendo o menor valor
entre os abaixo:
qn = Cred * Acs * fu
qn = 1,00 * 2,84 * 41
qn = 116,25 kN
Portanto:
qn = 114,84 kN
N = Vh / qn
N = 2.068,32 / 114,84
N = 18,01
N = 19,00 (arredondado)
e = (L / 2) / N
Verificações de norma:
8 * tc = 8 * 10,00
8 * tc = 80,00 cm
6 * dcs = 6 * 1,90
6 * dcs = 11,40 cm
4 * dcs = 4 * 1,90
4 * dcs = 7,60 cm
Como temos que o cobrimento superior de concreto é maior do que 1 cm, então o
espaçamento está ok.
4 * dcs = 4 * 1,90
4 * dcs = 7,60 cm
Mp = 38.311,76 kN*cm
Mr = 32.661,33 kN*cm
MnFLA = 38.311,76 kN*cm
Mp = 38.312 kN*cm
Mr = 17.637 kN*cm
Não é necessário dimensionar a viga quanto a flambagem lateral por torção, pois a mesa
superior está travada com a laje.
Como Md1 < φb * Mn, então o perfil está ok para o dimensionamento como viga de
aço isolada.
b = 1,77 m
A classe da viga é 1 ou 2.
C = 2.912,25 kN
A * fy = 2.068,32 kN
Como temos que C > A*fy, então a linha neutra está localizada na viga de concreto.
a = 7,10 cm
d1 = 25,52 cm
Mn = 66.216,18 kN*cm
N = 7,81
btr = 0,23 m
N' = 23,43
btr' = 0,08 m
ya = 26,25 cm
A'c = 226,01 cm2
ytr = 49,13 cm
d = 52,50 cm
Como a verificação foi satisfeita, então a tensão de tração da mesa está abaixo do valor
máximo admissível.
3 - Verificação da flecha
δac = 0,32 cm
δdpcurta = 0,07 cm
δdplonga = 0,08 cm
δdl = 0,00 cm
δds = 0,08 cm
δ2 = 0,08 cm
δmax = 0,48 cm
Assim, já que os limites de flecha foram atendidos, então o perfil está ok para o
dimensionamento quanto à flecha.
a = 1.200,00 cm
a/h = 23,89
k = 5,34
λ = 55,91
λp = 71,47
λr = 92,64
Vpl = 620,30 kN
φ*Vn = 558,27 kN
5- Conectores de cisalhamento
T = 2.068,32 kN
Logo:
Vh = 2.068,32 kN
qn = 114,84 kN
N = 19,00
e = 31,58 cm
Verificações de norma:
8 * tc = 80,00 cm
4 * dcs = 7,60 cm
Como temos que hcs>7,60 cm, então a altura está ok.
tc + hf - hcs = 7,00 cm
Como temos que o cobrimento superior de concreto é maior do que 1 cm, então o
espaçamento está ok.
4 * dcs = 7,60 cm
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