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(O narrador está sentado num canto do palco, com o livro A grande fábrica de palavras, de Agnès de
Lestrade na mão.
Num lado do palco, está o Filipe; do outro, encontra-se a Sara, sentados e pensativos. As suas intervenções
representam as reflexões, projetadas para o público. A música da entrada em palco do 4º ano começa um
pouco antes do narrador)
Roupa preta.
A diferença entre os ricos e os “First light”, Cinematic Orchestra
pobres, i.e., os que podem e Os ricos levam adereços;
Os ricos e os pobres. Os ricos
os que não podem comprar
4º ano falam livremente. Uns riem, outros Balões de
palavras.
discutem. Os pobres não falam; fala/pensamento com
SOLIDÃO, VAZIO, mas sorriem, cumprimentam-se e palavras (ricos);
INDIFERENÇA abraçam-se.
Emojis (pobres).
Filipe: (pensativo) Sinto-me sozinho. Mas não tenho palavras para oferecer aos meus amigos. Como dizer-
lhes que me preenchem? Como transformar em palavras o que sinto, se não tenho dinheiro para as comprar?
De que forma poderei dar nome aos meus sonhos?
Narrador: A grande fábrica de palavras trabalha de dia e de noite. As palavras que saem das suas máquinas
são tão variadas quanto as linguagens.
Sara: (pensativa) Não posso dizer que gosto de ouvir os pássaros, ou de sentir o calor do chão nos meus pés
descalços... Como dizer aos meus avós que tenho saudades? De que forma posso segredar ao ouvido dos
meus pais quando tenho medo?
Narrador: Há palavras que são mais caras do que outras e que raramente são ditas; a não ser que sejamos
muito ricos! No país da grande fábrica, falar sai caro!
Filipe: (pensativo) Não tenho como dizer que mentir é um verbo com dentes, e que fico triste quando vejo
alguém chorar… Eu que não tenho dinheiro nem para dizer que os olhos da minha mãe são os mais
brilhantes do mundo…
Narrador: Quem não tem dinheiro, remexe os caixotes de lixo à procura de palavras, deambula pelas ruas de
cabeça baixa, à procura de alguma perdida ou atirada ao lixo.
Narrador: Mas as que encontram não são muito interessantes: há muitos “excrementos”, “rabos”, e outras
“nauseabundas”…
Os pobres a procurarem
palavras pelo chão, pelo lixo,
1º B pelas ruas… “O pobre dos ricos”, Floribela A definir
EXCREMENTO, RABO,
ESGOTO, NAUSEABUNDO
Sara: (pensativa) Há palavras estranhas, há gestos difíceis de descrever, e há pessoas que não usam as
palavras lindas que têm. Que desperdício… Que desperdício… Se eu pudesse, usaria a palavra alegria mais
vezes. Porque a alegria é um estado de espírito e, quando assim é, de verdade, todas as palavras são sorrisos.
Narrador: Na primavera, as palavras entram em saldos. Um conjunto de palavras fica muito mais barato
mas, regra geral, a maioria não serve para grande coisa: o que fazer com “ventríloquo” ou “filodendro”?
Narrador: Por vezes, as palavras são levadas pelo vento. Nesses dias, as crianças apressam-se a pegar nas
suas redes e a apanhá-las como se fossem borboletas. E à noite, durante o jantar, sentem-se orgulhosas por
poderem dizê-las aos seus pais.
Filipe: (pensativo) “Cereja”… “Poeira”… “Cadeira”… Ainda tenho a outra tal palavrinha bem guardada no
bolso, para uma ocasião especial… Mas tenho de massajar a criatividade a valer! O que fazer com estas
palavras tão improváveis para dizer (pausa) “Gosto de ti”?...
Narrador: Hoje, o Filipe apanhou três palavras, mas prefere não proferi-las à noite. Quer guardá-las para
alguém muito especial.
Narrador: O Filipe quer dizer à Sara “Gosto de ti”, mas não tem dinheiro no mealheiro… A única coisa que
pode fazer é oferecer-lhe as palavras que apanhou: “Cereja”… “Poeira”… “Cadeira”…
Sara: (pensativa) Nem posso pedir desculpa quando me zango ou quando não me apetece fazer o que os
meus pais pedem… E de que maneira poderei mostrar ao meu vizinho Filipe, com palavras, que o seu sorriso
me faz crescer borboletas na barriga?
Filipe: (pensativo) A Sara tem um vestido cor de cereja. Boa! Já tenho um pretexto… Mas não tenho mais
nenhuma palavra que sirva nesta vontade que tenho de ter nomes para o que eu sinto, e de, aos poucos, tornar
o mundo mais quentinho e aprazível…
Narrador: A Sara e o Filipe são vizinhos. Quando lhe toca à campainha, não lhe diz “Olá! Como estás?”,
pois não tem essas palavras consigo.
Narrador: Em vez disso, sorri. Sorriem. E é apenas o sorriso que fala. Diz muito, um sorriso…
Os sentimentos que se
3º ano transmitem sem palavras: “A varanda do cais”, canção
A definir
Grupo A CEREJA, POEIRA, tradicional madeirense.
CADEIRA
(Depois da atuação, ficam em palco. São chamados um por um, e recebem o certificado, enquanto aparece
o diapositivo com a sua fotografia e a metáfora dos sentimentos. Cantam a Canção de Finalistas)