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Festa Final 2017: “Palavras (con)sentidas, gestos (con)sentimento”

(inspirada no livro A grande fábrica de palavras, de Agnès de Lestrade)

(O narrador está sentado num canto do palco, com o livro A grande fábrica de palavras, de Agnès de
Lestrade na mão.
Num lado do palco, está o Filipe; do outro, encontra-se a Sara, sentados e pensativos. As suas intervenções
representam as reflexões, projetadas para o público. A música da entrada em palco do 4º ano começa um
pouco antes do narrador)

Narrador: Existe um país onde as pessoas quase não falam.


É o país da GRANDE FÁBRICA DE PALAVRAS.
Narrador: Neste estranho país, é preciso comprar e engolir as palavras para poder pronunciá-las.

Roupa preta.
A diferença entre os ricos e os “First light”, Cinematic Orchestra
pobres, i.e., os que podem e Os ricos levam adereços;
Os ricos e os pobres. Os ricos
os que não podem comprar
4º ano falam livremente. Uns riem, outros Balões de
palavras.
discutem. Os pobres não falam; fala/pensamento com
SOLIDÃO, VAZIO, mas sorriem, cumprimentam-se e palavras (ricos);
INDIFERENÇA abraçam-se.
Emojis (pobres).

Filipe: (pensativo) Sinto-me sozinho. Mas não tenho palavras para oferecer aos meus amigos. Como dizer-
lhes que me preenchem? Como transformar em palavras o que sinto, se não tenho dinheiro para as comprar?
De que forma poderei dar nome aos meus sonhos?
Narrador: A grande fábrica de palavras trabalha de dia e de noite. As palavras que saem das suas máquinas
são tão variadas quanto as linguagens.

A grande fábrica de palavras Amálgama musical; T-shirt branca, com


letras diversas, para
Pré Azul ALEGRIA / TRISTEZA; Representação da grande fábrica representar a grande
AMOR / ÓDIO de palavras. fábrica de palavras.

Sara: (pensativa) Não posso dizer que gosto de ouvir os pássaros, ou de sentir o calor do chão nos meus pés
descalços... Como dizer aos meus avós que tenho saudades? De que forma posso segredar ao ouvido dos
meus pais quando tenho medo?
Narrador: Há palavras que são mais caras do que outras e que raramente são ditas; a não ser que sejamos
muito ricos! No país da grande fábrica, falar sai caro!

1º A Os ricos a comerem sopa de “Money, Money, Money”, Abba Calças de ganga e

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palavras camisa branca com
gravata;
AMOR, VERDADE,
GENEROSIDADE, Vestidos e sapatos
AMIZADE, RAIVA, bonitos.
REPULSA, MEDO

Filipe: (pensativo) Não tenho como dizer que mentir é um verbo com dentes, e que fico triste quando vejo
alguém chorar… Eu que não tenho dinheiro nem para dizer que os olhos da minha mãe são os mais
brilhantes do mundo…
Narrador: Quem não tem dinheiro, remexe os caixotes de lixo à procura de palavras, deambula pelas ruas de
cabeça baixa, à procura de alguma perdida ou atirada ao lixo.
Narrador: Mas as que encontram não são muito interessantes: há muitos “excrementos”, “rabos”, e outras
“nauseabundas”…

Os pobres a procurarem
palavras pelo chão, pelo lixo,
1º B pelas ruas… “O pobre dos ricos”, Floribela A definir
EXCREMENTO, RABO,
ESGOTO, NAUSEABUNDO

Sara: (pensativa) Há palavras estranhas, há gestos difíceis de descrever, e há pessoas que não usam as
palavras lindas que têm. Que desperdício… Que desperdício… Se eu pudesse, usaria a palavra alegria mais
vezes. Porque a alegria é um estado de espírito e, quando assim é, de verdade, todas as palavras são sorrisos.
Narrador: Na primavera, as palavras entram em saldos. Um conjunto de palavras fica muito mais barato
mas, regra geral, a maioria não serve para grande coisa: o que fazer com “ventríloquo” ou “filodendro”?
Narrador: Por vezes, as palavras são levadas pelo vento. Nesses dias, as crianças apressam-se a pegar nas
suas redes e a apanhá-las como se fossem borboletas. E à noite, durante o jantar, sentem-se orgulhosas por
poderem dizê-las aos seus pais.

Caça de palavras com redes


3º ano de borboletas
A caça de palavras Roupas de crianças
Grupo B CEREJA, POEIRA,
CADEIRA

Filipe: (pensativo) “Cereja”… “Poeira”… “Cadeira”… Ainda tenho a outra tal palavrinha bem guardada no
bolso, para uma ocasião especial… Mas tenho de massajar a criatividade a valer! O que fazer com estas
palavras tão improváveis para dizer (pausa) “Gosto de ti”?...
Narrador: Hoje, o Filipe apanhou três palavras, mas prefere não proferi-las à noite. Quer guardá-las para
alguém muito especial.
Narrador: O Filipe quer dizer à Sara “Gosto de ti”, mas não tem dinheiro no mealheiro… A única coisa que
pode fazer é oferecer-lhe as palavras que apanhou: “Cereja”… “Poeira”… “Cadeira”…

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PERDÃO, COMPREENSÃO,
2º ano “Human”, de Rag N’Bone A definir
TOLERÂNCIA

Sara: (pensativa) Nem posso pedir desculpa quando me zango ou quando não me apetece fazer o que os
meus pais pedem… E de que maneira poderei mostrar ao meu vizinho Filipe, com palavras, que o seu sorriso
me faz crescer borboletas na barriga?
Filipe: (pensativo) A Sara tem um vestido cor de cereja. Boa! Já tenho um pretexto… Mas não tenho mais
nenhuma palavra que sirva nesta vontade que tenho de ter nomes para o que eu sinto, e de, aos poucos, tornar
o mundo mais quentinho e aprazível…
Narrador: A Sara e o Filipe são vizinhos. Quando lhe toca à campainha, não lhe diz “Olá! Como estás?”,
pois não tem essas palavras consigo.
Narrador: Em vez disso, sorri. Sorriem. E é apenas o sorriso que fala. Diz muito, um sorriso…

Os sentimentos que se
3º ano transmitem sem palavras: “A varanda do cais”, canção
A definir
Grupo A CEREJA, POEIRA, tradicional madeirense.
CADEIRA

Filipe: (pensativo) As minhas palavras são tão insignificantes…


(Levanta-se devagar e aproxima-se da Sara.)
Narrador: Enquanto houver sentimento, sempre que a voz do coração falar mais alto, não existem palavras
insignificantes…
Narrador: O Filipe inspira fundo, pensa com o coração e, de uma assentada, pronuncia as três palavras que
havia apanhado com a sua rede.
Filipe: “Cereja”… “Poeira”… “Cadeira”…
(Aproximam-se um do outro. Ficam em silêncio.)
Narrador: As palavras tocam-na com a gentileza do calor do sol, com o brilho cristalino das ondas. Fica
sem palavras.
Narrador: Ficam ambos sem palavras. Às vezes, o silêncio é a melhor forma de dizer as coisas. De sentir cá
dentro. De verdade.
(A Sara aproxima-se, sorri e dá-lhe um abraço.)
Narrador: Mas o Filipe tem uma última palavra a dizer. Entre os excrementos e as palavras mal cheirosas
dos caixotes do lixo, encontrou uma palavra que tanto adora…
Narrador: …e que guardou para um dia especial. Esse dia chegou. Por isso, olhou-a nos olhos e, convicto,
exclamou:
Filipe: “REPETE…!”
Narrador: Se, algum dia, alguém vos impedir de dizer as palavras certas, nos momentos certos, tenham a
certeza de que os sentimentos verdadeiros não precisam de nomes. Eles estão connosco, vivem e
desenvolvem-se dentro de nós.

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Narrador: Tal como o coração bate livre, amar, perdoar, compreender, sorrir, abraçar... são verbos de
infinito! E, mesmo quando não os dizemos, têm milhões de palavrinhas dentro, que crescem LIVRES, sem
cor nem forma, sem religião ou partido.
Narrador: Sejamos livres, com Palavras (con)sentidas, e gestos (con)sentimento!
Narrador: A GRANDE FÁBRICA DE PALAVRAS… somos nós!
Narradores: Obrigado(a)!!!

A liberdade na expressão dos


4º ano sentimentos, emoções, Coreografia “Livre”, de Mariza Roupa preta; capas.
opiniões…

(Depois da atuação, ficam em palco. São chamados um por um, e recebem o certificado, enquanto aparece
o diapositivo com a sua fotografia e a metáfora dos sentimentos. Cantam a Canção de Finalistas)

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