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A Arteterapia e A Tipologia de Jung Uma Experiencia Abordando Os Quatro Elementos Da Natureza PDF
A Arteterapia e A Tipologia de Jung Uma Experiencia Abordando Os Quatro Elementos Da Natureza PDF
RESUMO:
O presente trabalho tem o intuito de explorar atividades de arteterapia e ser sustentado pela
abordagem junguiana. Norteia-se o estudo a possibilidade da arteterapia expressar
conteúdos do inconsciente coletivo e facilitar o processo de ensino-aprendizagem do grupo,
por meio da utilização dos quatro elementos. Desenvolvidos em uma Instituição Pública de
Goiânia/GO, com trinta estudantes de especialização em arteterapia. O trabalho sendo
constituída de categorias associativas e livres, de fundo qualitativo. A utilização dos quatro
elementos deveras beneficiou a conscientização do tipo psicológico dos alunos, auxiliou-os
na reflexão pessoal do ser si-mesmo e facilitou-os no processo expressivo e, ao mesmo
tempo, possibilitou a inter-relação do ser-pessoa com o ser-profissional.
Unitermos: Psicologia Analítica, Arteterapia, Tipologia de Jung, Saúde Mental.
ABSTRACT:
The present work has the intention of exploring arteterapia activities and to be sustained by
the approach junguiana. The study is orientated the possibility of the arteterapia to express
contents of the collective unconscious and to facilitate the process of teaching-learning of
the group, through the use of the four elements. Developed in a Public Institution of
Goiânia/GO, with thirty specialization students in arteterapia. The work being constituted
of associative and free categories, of qualitative bottom. The use of the four elements had
benefitted the understanding of the psychological type of the students, it aided them in the
itself-same being's personal reflection and it facilitated them in the expressive process and,
at the same time, it made possible the be-person's interrelation with the be-professional.
Unitermos: Analytical psychology, Art therapy, Typology of Jung, Mental Health.
INTRODUÇÃO
A arteterapia baseada na abordagem junguiana3, busca conduta é fornecer materiais
expressivos diversos e adequados para a criação de símbolos presentes no universo
imagético singular de cada pessoa. Esse universo traduz-se em produções simbólicas que
retratam estruturas psíquicas internas, do inconsciente pessoal e coletivo. Segundo Jung
(1964) o inconsciente pessoal corresponde às camadas mais superficiais e o inconsciente
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Pesquisa financiada pelo CNPQ/ Vinculada ao Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde Integral
NEPSI/FEN/UFG.
2
E-mail: anafonso@cultura.com.br
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Abordagem Junguiana: abordagem terapêutica da Psicologia Analítica, baseada em C. G. Jung.
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coletivo se refere às camadas mais profundas deste universo e são estruturas psíquicas
comuns a todos os homens.
Este processo “colabora para a compreensão e resolução de estados afetivos
conflitados, favorecendo a estruturação e expansão da personalidade através da criação”
(Philippini, 1995:4-5).
A arteterapia proporciona instrumentos diversos para compreender os níveis mais
profundos do funcionamento psíquico. As diversas modalidades expressivas facilitam a
comunicação com o inconsciente, propiciando o aparecimento dos símbolos. Trabalhando
com o material expressivo, a pessoa libera o seu universo interno, a sua energia vital e esta
exteriorização facilitam a compreensão da psique. A maneira como os símbolos se
organizam e representam favorece o processo de organização, reorganização e
enriquecimento das estruturas da personalidade.
“Na expressão artística, o indivíduo transforma materiais da natureza em
expressões simbólicas de seus conceitos referenciais e do seu entendimento da
vida. Nessa luta, não está defendendo a manutenção de sua existência física,
como em outras atividades, porém procedendo ao reconhecimento e a fixação
de coisas significativas: de suas vivências subjetivas, da realidade exterior –
objetiva, bem como da sua apreensão pessoal dessa mesma circunstância”
(Andrade, 2000: 119).
Assim este processo apresenta-se através da expressão criativa, do interior de cada
paciente, o qual expõe o que está sendo imobilizado a nível inconsciente, para depois
ensejar a descoberta a nível consciente.
“As atividades expressivas são aquelas que melhor permitem a espontânea
expressão das emoções, que dão mais larga oportunidade para os afetos
tornarem forma e se manifestarem, seja na linguagem dos movimentos, dos
sons, das formas e das cores etc” (Silveira, 1986: 13).
Conforme Philippini, (2000) os pontos cardeais que norteiam a caminhada pelas
regiões psíquicas profundas e singulares estão registradas na tipologia de Jung.
Cada indivíduo tem uma função psíquica específica usada preferencialmente para se
adaptar (representar/orientar) ao mundo exterior. O indivíduo tem então, uma dominância,
uma tendência no sentido formal do universo imagético.
Todos nós possuímos as quatro funções, entretanto sempre uma delas se apresenta
mais ou menos desenvolvida e mais consciente que as outras, que é a função principal ou
superior. Os indivíduos utilizam-se preferencialmente sua função principal, pois a
manejando consegue melhores resultados.
Já as funções auxiliares, ajudam no funcionamento da função superior, vindo à tona
esporadicamente. A função inferior permanece num estado mais ou menos inconsciente, e
representa nossas maiores dificuldades. São elas: sensação, pensamento, intuição e
sentimento.
“A sensação constata a presença das coisas que nos cercam e é responsável
pela adaptação do indivíduo à realidade objetiva. O pensamento esclarece o
que significam os objetos. Julga, classifica, discrimina uma coisa da outra. O
sentimento faz a estimativa dos objetos. Decide do valor que têm para nós.
Estabelece julgamentos, mas a sua lógica é toda diferente. É a lógica do
coração. A intuição é uma percepção via inconsciente. É apreensão da
atmosfera onde se movem os objetos, de onde vêm e qual a possível curso de
seu desenvolvimento” (Silveira, 1994:55).
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OBJETIVOS
• Explorar atividades de arteterapia com a temática da tipologia de Jung (quatro
elementos) por alunos de especialização em arteterapia;
• Descrever as percepções e os sentimentos emergentes do processo de arteterapia
trabalhado.
PERCURSO METODOLÓGICO
Referencial Metodológico: Trata-se de um estudo qualitativo, colocando em evidência as
riquezas, fantasias e sentimentos apresentados pelos alunos objetos de estudo em suas
imagens artísticas e escritas criativas durante as sessões (Minayo, 1996).
Local do Estudo: Elegeu-se enquanto espaço de pesquisa para desenvolver este estudo, uma
Instituição Pública de Goiânia - GO.
Análise dos Dados: Os dados analisados, pela própria natureza subjetiva, foram
apresentados de maneira descritiva e foram analisados sob aspectos qualitativos, após
categorização dos mesmos, sendo sistematizados de acordo com o esquema da técnica de
análise temática de conteúdos dentro da simbologia dos quatro elementos da Psicologia
Analítica e de outras categorias livres. As categorias da água, ar (item a), terra e fogo estão
inseridos na categoria dos quatro elementos. Somente a categoria do ar (item b) que
representa a categoria livre. A simbologia de Jung foi baseada nos autores: Chevalier &
Geerbrant (1992); Cirlot (1984); Fabietti & Chiesa (1999); Fincher (1991); Jung (1964) e
Lexikon (1990).
Materiais utilizados: papéis, materiais gráficos, fita crepe, bacias/água, tinta, bola,
borrifador, CD/som, outros (sal grosso e efervescente, rolinhos, seringas etc).
Categorias:
a) A água como fonte de vida, centro de regenerecência e meio de purificação:
- “(...) água que nos dá vida e nos alimenta (...), água abençoada e sublime que nos
encanta e enaltece, pois somos feitos dela”. (1)
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A escrita criativa significa escrever criativamente sobre determinado trabalho artístico, ou sobre o processo
arteterapêutico vivenciado ou ainda de sonhos, sem a preocupação com a pontuação ou erros gramaticais e de
ortografia. O paciente escreve livremente o que vê e o que sente deixando fluir (expressar) conteúdos
simbólicos importantes. A escrita criativa é muito importante para o trabalho de arteterapia, pois permite que
os conteúdos do inconsciente facilmente aflorem para a consciência e se organizem internamente.
Materiais utilizados: papel, caneta ou lápis (Valladares, 2001).
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- “Água fonte natural e necessário para todo ser vivo. Sua pureza, transparência,
transmite vida, energia, alegria, renovação. Me sentiu renovada, revigorada com as
minhas mãos mergulhadas na bacia. Era como se saísse de um universo mergulhasse
entrando em outro e saísse novamente, diferente de como entrei (...) E transformou-se
em uma parte limpa mais suave e radiante”. (6)
- “Água, fonte de vida, de pureza, de força (...) transmitindo alegria, leveza, nascimento
e renascimento”. (7)
- “Fonte de vida!! Vida que se constrói a cada dia”. (10)
- “Cada momento que passa eu vejo o quadro se modificando. É como se ele fosse
adquirindo novas formas, novos horizontes. Que coisa boa é a gente se modificar,
evoluir encontrara o outro caminho, experimentar, encontrar alternativas”. (11)
- “Ser puro como os pequenos pingos d’água que caem sobre o nosso corpo, nos
lavando, lavando nossa alma... refrescando todo o nosso ser... (...) Me senti limpa,
fresca”. (13)
Materiais utilizados: papéis, materiais plásticos, fita crepe, lençóis, cola/tesoura, balões,
retroprojetor, CD/som.
Categorias:
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projetadas na parede (...) Procurei retocar ou colocar traços, o menos possível, mas
não me incomodei com o que fizeram no meu retrato”. (13)
Materiais utilizados: fotos, texturas, alimentos, cheiros, vendas, argila, papéis, materiais
gráficos, CD/som.
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Categorias:
f) A terra permite a percepções de sensações e favorece a imaginação criativa:
- “(...) pisar em cima da argila sentindo claramente as sensações do mole, duro, liso,
áspero, quente e frio”. (1)
- “São muitas as sensações. Tecido molhado, folhas secas, areia, lixa, água, papel
(jornal) molhado e uma “chuva”. Adentrei a uma mata escura, que delícia... vi
manchas lindíssimas roxas e verdes.” (2)
- “Sentir as diversas sensações no pisar é como se estivesse nascendo a cada momento, é
descobrir as diversidades que no dia-a-dia nos passam despercebidas. Pisar, desfilar,
dançar sobre a argila, é diferente, é fantástico! Fantástico também é manipular esse
barro, é viajar e imaginar coisas que podem ser construídas”. (3)
- “Mesmo não vendo, percebo o quanto é rico e novo sentir (...)”. (4)
- “(...) me desagrada, incomoda o fato de pisar em algo úmido e pegajoso (...) por ser
algo vivo e eu tenho que lidar com esse vivo (problemas pessoais externos), sei lá, acho
que faz parte desse processo (...) o aroma me fez lembrar chás que tomava quando
criança”. (6)
- “As sensações de pisar em cada elemento foi especial, primeiro o escuro da visão me
proporcionou uma sensação mais forte (...) Foi muito (8)”.
Categorias
i) O fogo é um símbolo purificador, regenerador e transformador:
- “Fogo que queima, que espanta e que transforma (...) o simples em algo mágico e
profundo”. (1)
- “Coisas ruins foram transformadas em algo bom”. (2)
- “Ele energisa e nos dá força”. (3)
- “Como foi energizante poder realizar este trabalho. Parece que fiquei eletrizada e com
muita alegria”. (5)
- “Fazer a queima do papel, foi maravilhoso. Ver tudo aquilo se desfazer, virar pó tirou
um peso de mim (...) As máscaras criaram uma nova expressividade. Me senti diferente
do que quando a coloquei da primeira vez”. (6)
- “Quando nos interferimos, as máscaras ficaram mais bonitas e aquele aspecto
horripilante passa a ter uma alegre sensação”. (11)
- “O fogo para mim é energia, é o lado que aquece e ilumina tanto o nosso interior como
nossa vida”. (14)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ante os aspectos descritos, pode-se considerar que as sessões de arteterapia usando dos
quatros elementos da tipologia de Jung pelos alunos de arteterapia facilitaram a expressão
de conteúdos do inconsciente coletivo, favorecendo assim o processo de ensino-
aprendizagem quando aborda uma possibilidade de vivência facilitada para interagir com a
teoria, e sobremaneira a conscientização do tipo psicológico individual de cada aluno e,
uma maior reflexão pessoal do ser “si mesmo”, levando conseqüentemente a uma maior
compreensão e respeito do outro, respeitando assim sua individualidade e tipo psicológico e
funcionamento psíquico distinto do seu.
Os alunos puderam trazer para a realidade externa o que estavam vivenciando com os
materiais, alcançando a percepção do ser “si mesmo.”
As sessões de arteterapia facilitaram o processo expressivo e imaginário dos alunos
vindo de encontro com a simbologia criada por Jung, ainda sinalizada pela produção
simbólica das obras artísticas.
Nesta perspectiva, as atividades de arteterapia em muito possibilitaram a inter-relação
do ser-pessoa com o ser-profissional à medida que alcançou uma maior percepção de seus
sentimentos que puderam ser compartilhados com o grupo, como assinala Fenili & Scóz
apud Esperidião (2001:19) “a partilha direta de sentimentos, preconceitos, medos,
angústias e outros ao mesmo tempo em que nos permite a identificação com o outro ser
humano, nos possibilita a descoberta constante do potencial de vida que habita o nosso
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interior (...). Compartilhar com o outro a nossa essência, nos torna mais responsáveis na
medida em que nos torna mais comprometidos”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Paulo, Vetor, 2000.
CHEVALIER, J.; GEERBRANT, A. Dicionário de símbolos. 11. Ed. Rio de Janeiro, José
Olímpio, 1992.
CIRLOT, J.E. Dicionário de símbolos. Rio de Janeiro, Moraes, 1984.
ESPERIDIÃO, E. Holismo só na teoria. A trama dos sentimentos do acadêmico de
enfermagem sobre sua formação. Ribeirão Preto, SP, USP, 2001. (Dissertação de
Mestrado).
FABIETTI, D.M.C.F.; CHIESA, R.F. A arte e os 4 elementos. In: ALLESSANDRINI,
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Psicólogo, 1999.
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1991.
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MINAYO, M.C. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 4. ed. Rio de
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PHILIPPINI, A. Cartografias da coragem. Rotas em arteterapia. Rio de Janeiro: Pomar,
2000.
SILVEIRA, N. Jung: vida e obra. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
VALLADARES, A.C.A.. Arteterapia: Cores da saúde. In: Anais da I Jornada Goiana de
Arteterapia. Goiânia, UFG/Associação Brasil Central de Arteterapia, 2001. (pág. 11-17).