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Olvinalda Augusto Bia

A Influência do Acompanhamento Escolar dos Encarregados de Educação no


Rendimento Pedagógico dos Alunos com NEE Auditivas: Caso dos Alunos da 5ª
Classe da Escola Primária do 1º e 2º Graus de Madovela.

Licenciatura em Ensino Básico

Universidade Save

Maxixe

2020
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Olvinalda Augusto Bia

A Influência do Acompanhamento Escolar dos Encarregados de Educação no


Rendimento Pedagógico dos Alunos com NEE Auditivas: Caso dos Alunos da 5ª
Classe da Escola Primária do 1º e 2º Graus de Madovela.

Monografia Científica Apresentada ao Departamento


de Ciências da Educação e Psicologia, Delegação da
Maxixe como Requisito para Obtenção do Grau de
Licenciatura em Ensino Básico.

O Supervisor: Ma. Fanuel Mussacate

Universidade Save

Maxixe

2020
1

Índice

Lista de Siglas e Abreviaturas ................................................................................................... iv


Lista de Tabelas e Gráficos......................................................................................................... v
Declaração de Honra.................................................................................................................. vi
Dedicatória.................................................................................................................................vii
Agradecimentos ........................................................................................................................ viii
Resumo ...................................................................................................................................... ix
Objectivos ................................................................................................................................. 11
Justificativa ............................................................................................................................... 11
Problematização........................................................................................................................ 12
Hipóteses................................................................................................................................... 13
CAPITULO I: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 14
1.1. Acompanhamento .......................................................................................................... 14
1.1.1. Acompanhamento Escolar ......................................................................................... 14
1.1.2. Formas de Acompanhamento..................................................................................... 14
1.2. Necessidades Educativas Especiais Auditivas............................................................... 17
1.3. História das NEE’s Auditivas ............................................................................................ 14
1.4. Deficiência Auditiva ...................................................................................................... 19
1.5. Tipos e Características de Portadores de Defeciências Auditivas ..................................... 20
1.6. Principais Causas da Deficiência Auditiva .................................................................... 21
1.7. Rendimento Pedagógico ................................................................................................ 22
1.8. Dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelos alunos com necessidades educativas
especiais auditivas .................................................................................................................... 23
1.9. Dificuldades enfrentadas pelos professores na educação de alunos com NEE Auditivas
24
1.10. O papel do professor na educação de APNEE Auditivas .......................................... 24
1.11. Papel da Família no acompanhamento Escolar.......................................................... 25
1.12. Principais problemas enfrentados pelas crianças sem acompanhamento escolar ...... 26
1.13. Características das crianças com acompanhamento Escolar...................................... 27
1.14. Importância do Acompanhamento Escolar ................................................................ 27
CAPITULO II: METODOLOGIAS ......................................................................................... 29
2.1. Tipo de pesquisa ................................................................................................................ 29
2.1.1. Quanto à abordagem ....................................................................................................... 29
2.1.2. Quanto aos objectivos ..................................................................................................... 30
2

2.1.3. Quanto aos procedimentos técnicos................................................................................ 30


2.2. Método de abordagem ....................................................................................................... 31
2.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados .................................................................... 31
2.3.1. Entrevista ........................................................................................................................ 31
2.3.2. Questionário.................................................................................................................... 31
2.3.3. Observação directa.......................................................................................................... 31
2.4. População e Amostra ......................................................................................................... 32
2.5. Aspectos éticos .................................................................................................................. 31
CAPITULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .......... 34
3.1. Tempo de ingresso e de serviço dos informantes. ............................................................. 34
3.3. Concepção de NEE na escola e existência de alunos com NEE........................................ 37
3.4. Acompanhamento escolar de alunos com NEE auditivas na Escola Primária do 1º e 2º
grau de Madovela ..................................................................................................................... 39
3.5. Acompanhamento escolar por parte da escola................................................................... 39
3.6. Dificuldades enfrentadas pelos professores no acompanhamento escolar de alunos com
NEE auditivas ........................................................................................................................... 40
3.7. Acompanhamento escolar dos encarregados de educação e sua influência no
aproveitamento escolar dos alunos com NEE auditivas na EP 1 e 2 de Madovela .................. 42
3.8. Importância de acompanhamento escolar no aproveitamento pedagógico dos alunos com
NEE auditivas na EP 1 e 2 de Madovela ................................................................................. 45
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 47
SUGESTÕES............................................................................................................................ 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……………………………………………………….50
APÊNDICES
ANEXOS
iv

Lista de Siglas e Abreviaturas

EP 1° e 2° Escola Primária do Primeiro e Segundo Graus

NEE Necessidades Educativas Especiais

MINEDH Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano

PEA Processo do Ensino e Aprendizagem

UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

DA Deficiência Auditiva
v

Lista de Tabelas e Gráficos


Tabela 1: Categoria de deficiência auditiva e graus de perda de capacidade auditiva .……....21
Tabela 2: População e Amostra ................................................................................................ 32
Tabela 3: Tempo de serviço e ano de ingresso dos participantes ............................................. 34
Tabela 4: Formação psicopedagógica dos Professores e sua influência no acompanhamento
escolar ....................................................................................................................................... 35
Tabela 5: Tipos de NEE identificadas ...................................................................................... 37
Tabela 6: Dificuldades encaradas pelos professores no Ensino de alunos com DA ................ 41
Tabela 7: Acompanhamento em sala de aulas .......................................................................... 41
Tabela 8: Apreciação dos encarregados de educação sobre dificuldades de seus educandos .. 43
Tabela 9: Aproveitamento pedagógico ..................................................................................... 46

Gráfico 1: Formação em conteúdos ligados ao acompanhamento escolar ............................... 36


Gráfico 2: Concepção dos professores sobre a deficiência auditiva......................................... 38
Gráfico 3: Apreciação de professores sobre carregados de educação ...................................... 44
vi

Declaração de Honra

Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliográfica final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma instituição para obtenção de
qualquer grau académico.

Maxixe, Abril de 2020

____________________________

( Olvinalda Augusto Bia)


vii

Dedicatória

Ao meu esposo e aos meus filhos.


viii

Agradecimentos

À minha família em geral, meus irmãos, meus sogros, e aqueles que directa ou indirectamente
contribuíram para que este trabalho fosse sucesso;

À direcção e a todos educadores da EP 1º e 2º Graus de Madovela pela paciência e


colaboração que tiveram ao longo do trabalho de pesquisa.

Por fim, agradecimento especial ao meu supervisor Me. Fanuel Mussacate que lado a lado e
pacientemente esteve para orientar a elaboração da presente monografia.
ix

Resumo
O presente trabalho com o tema “a Influência do Acompanhamento Escolar dos Encarregados de Educação no
Rendimento Pedagógico dos Alunos com NEE Auditivas: Caso dos Alunos da 5ª Classe da Escola Primária do
1º e 2º Graus de Madovela”, é referente à Monografia Científica de Cu lminação de Curso de Licenciatura em
Ensino Básico e tem co mo objectivo geral, analisar a in fluência do aco mpanhamento escolar dos encarregados
educação na melhoria do rendimento pedagógico dos alunos com NEE Audit ivas. A pesquisa fundamen tou-se
pela entrevista e questionário como métodos e técnica de recolha de dados. Este trabalho pretendia saber de que
forma u m bom acompanhamento escolar por parte dos encarregados de educação influência no rendimento
pedagógico dos alunos da 5ª classe com NEE auditivas na EP1 e 2 de Madovela. E t inha como h ipóteses: um
bom acompanhamento escolar pode in fluenciar no rendimento pedagógico na medida em que ajuda a superar os
principais problemas que os alunos com NEE Auditivas enfrentam na sua aprendizagem e conseguem melhorar a
compreensão de conteúdos vistos como difíceis; um bom aco mpanhamento escolar tem influência no rendimento
pedagógico dos alunos se os pais e/ou encarregados de educação reservarem u m pouco do seu tempo para ajudar
os seus educandos a resolverem os trabalhos de casa, proporcionando materiais didácticos que incentivem o
gosto pela aprendizagem. Do estudo feito, verificou-se que os encarregados de educação pouco se fazem à escola
quando solicitados, para juntos com os professores analisarem a situação escolar de seus educandos no sentido
de colmatar em conjunto os problemas de aprendizagem apresentados pelos alunos . Da análise feita, constatou-
se que estes encarregados não se envolvem activamente no PEA dos seus educandos devido a: falta d e tempo,
desinteresse, baixo nível de escolarização, etc.
Diante dos resultados obtidos no terreno, sugerimos que a direcção da escola sensibilize, junto do presidente do
conselho da escola, os encarregados da educação para se envolverem mais na vida estudantil de seus educandos;
que a escola procure promover jornadas pedagógicas como forma de dotar os professores de metodologias e
estratégias para acompanhamento de alunos com problemas de aprendizagem.

Palavras-chave: Aco mpanhamento Escolar; Aprendizagem; Deficiências Auditivas; Necessidades Educativas;


Processo de Ensino e Aprendizagem e Rendimento Pedagógico.
10

Introdução

A relação escola – família tornou-se uma área de interesse crescente e um percurso de


investigação que começou a ser construído em torno de várias linhas de pesquisa, entre as
quais, a que se centra nas vivências de escola e na experiência pessoal e profissional dos
professores e alunos. O conhecimento da escola e desse mundo profissional tem conduzido à
identificação de problemas e ao questionamento dos contextos organizacionais na sua relação
com os posicionamentos da família em relação à escola como factor chave para melhoria de
rendimento pedagógico dos alunos. É nesta vertente que se propôs o presente estudo
intitulado “a Influência do Acompanhamento Escolar dos Encarregados de Educação no
Rendimento Pedagógico dos Alunos com NEE Auditivas: Caso dos Alunos da 5ª Classe da
Escola Primária do1º e 2º Graus de Madovela” com o propósito de analisar a influência do
acompanhamento escolar dos encarregados educação na melhoria do rendimento pedagógico
dos alunos com NEE Auditivas.
O diálogo entre as famílias e a escola assume grande importância, mas nem sempre os
contextos sociais e as dinâmicas educativas são propiciadoras de condições favoráveis ao
envolvimento das famílias no processo educativo. A sociedade complexa e divergente em que
vivemos e a emergência de desconfortos na relação e ntre a escola e a comunidade constituem
muitas vezes factores de constrangimento de um envolvimento educativo fundamental.

Contudo, também cabe à escola encontrar estratégias para dar resposta às necessidades das
famílias e às exigências a que estas estão submetidas. Neste contexto, o conceito
“acompanhamento escolar” necessita de uma reflexão no sentido de explicitar, tanto quanto
possível, não só a sua complexidade mas também as ambiguidades que lhe são inerentes.

Em termos de estrutura o trabalho apresenta três capítulos, onde o primeiro trata da


fundamentação teórica, espaço em que se encontram diferentes ideias sobre o tema sob ponto
de vista de diversos autores, assim como o entrelaçamento destas segundo com o que se
percebeu; no segundo capítulo apresentamos a metodologia através a qual conduzimos o
trabalho sem esquecer da técnica utilizada para a recolha de dados e o terceiro capítulo trata
da apresentação, análise e interpretação dos dados recolhidos no campo.
11

Objectivos
Geral:
 Analisar a influência do acompanhamento escolar dos encarregados educação na
melhoria do rendimento pedagógico dos alunos com NEE Auditivas.

Específicos:
 Identificar as diferentes formas de acompanhamento escolar dos alunos com NEE
Auditivas por parte da escola e dos seus encarregados de educação;
 Descrever os procedimentos tomados pelos professores durante a leccionação de alunos
com NEE Auditivas;
 Propor medidas para uma melhoria no acompanhamento dos alunos com NEE Auditivas.

Justificativa
O desenvolvimento deste estudo partiu de uma experiência vivida durante as visitas de estudo
nas escolas do Distrito de Inharrime, concretamente na Escola Primária do 1º e 2º Graus de
Madovela, onde a pesquisadora assistiu algumas aulas e notou que há alunos que carecem de
um acompanhamento escolar, por parte dos seus encarregados de educação, culminando com
o seu fraco rendimento pedagógico.
O acompanhamento escolar é uma excelente estratégia de estimular nos alunos o seu
potencial, e que com a falta do acompanhamento escolar por parte dos pais, ou seja da sua
família assim como do professor em sala de aulas pode levar alunos com fraco
aproveitamento pedagógico abandonarem a escola. Por outro a escola devia adoptar uma
forma de ajudar os alunos com as NEE auditivas. Na escola em estudo constatou-se que há
alunos com NEE auditivas que necessitam de um acompanhamento escolar mas os mesmos
não são acompanhados. É do acima exposto que surgiu o interesse em pesquisar sobre o t ema
para contribuir, ao nível académico, em ideias sobre os mecanismos a adoptar de modo a
garantir condições básicas para um acompanhamento escolar dos alunos com problemas de
aproveitamento pedagógico.
Ao nível pessoal, o estudo deste tema permitirá maior familiarização com o problema, ao
tomar a consciência sobre o Acompanhamento Escolar dos alunos com NEE com vista o
desenvolvimento de competências do futuro professor em Ensino Básico para saber lidar com
os alunos com que necessitam de acompanhamento escolar. Também ajuda à pesquisadora
como futura profissional da área de educação, a tomar melhores providências a favor de uma
12

gestão de condições para a implementação eficiente de currículo inclusivo, tomando em conta


as dificuldades que cada aluno apresenta e que são entraves para o PEA dentro da sala de
aulas.
Ao nível social, os resultados da pesquisa poderão contribuir na formação de cidadãos cuja
actuação esteja voltada directamente para a sociedade e às escolas sobre os alunos com
necessidade educativas especiais auditivas, respondendo directamente aos problemas da
escola em relação a alunos com NEE onde estão inseridos. Ainda mais, um estudo sobre
Acompanhamento Escolar dos alunos irá contribuir na implementação das estratégias do
currículo local para crianças com esses problemas e tem uma grande importância porque, de
um lado, a orientação mundial para a educação, assenta sobre a construção de conhecimento
que ligue o ser humano com o seu meio cultural e respeitar as suas diferenças físicas.

Problematização
O acompanhamento escolar não é somente o cuidado por questões escolares. O contexto
escolar é muito mais abrangente e dependente da relação entre a família e escola para que a
criança possa ser vista com tudo que vivência, a rodeia e possa reflec tir de alguma forma nas
dificuldades que apresenta na sua aprendizagem. Os alunos da Escola Primária do 1º e 2º
Graus de Madovela da quinta classe apresentam dificuldades em termos de aproveitamento
pedagógico, muitos deles são alunos com dificuldades como défice de audição e visão. A
escola não demonstra preocupação em criar condições para que os mesmos possam superar
essas dificuldades do desempenho pedagógico, através de um acompanhamento escolar dos
mesmos em sala de aulas assim como fora da escola. O professor ao se deparar com situações
que dificultam a aprendizagem dos alunos deve buscar o que ocasiona aquele problema para
que os alunos possam agir de maneira correcta e ultrapassar as dificuldades que apresentam.
Uma outra forma, os professores da escola podem entrar em contacto com familiares dos
alunos, dando mais relevância sobre a importância de acompanhamento escolar dos seus
educandos. Os professores podem ajudar e acompanhar os alunos, mas como também
podendo neste caso dar pistas educativas, com vista a que os pais possam e consigam perceber
as dificuldades e lacunas a preencher nas mais variadas disciplinas.
Os encarregados de educação não se preocupam com esta situação do fraco aproveitamento
pedagógico dos seus educandos. Actualmente, o que se tem verificado é que os professores da
escola em estudo não fazem esse controlo em sala de aulas, limitando-se apenas a dar tarefas
sem contudo, dar devido acompanhamento. Verifica-se muita fragilidade na identificação e
encaminhamento na sala de aulas para criança com deficiências auditivas e, por mais que se
13

identificam estas crianças, os professores não têm domínio na aplicação de estratégias e


métodos adequados para a aprendizagem destas crianças. Nota-se também que, os professores
têm dificuldades na identificação de alunos com NEE uma vez que as crianças com problemas
auditivos, durante a mediação de aulas nalguns casos sentam-se na última carteira de trás, o
que faz com que muitas vezes não percebem o que o professor explica, por isso, estão sempre
a questionar ao professor, e com isto para aqueles que são impacientes, não voltam a
repetirem e eles ficam sempre de trás.
Diante do exposto acima surge a seguinte questão de partida: de que forma um bom
acompanhamento escolar por parte dos encarregados de educação influencia no rendimento
pedagógico dos alunos da 5ª classe com NEE Auditivas na EP 1º e 2º Graus de Madovela?

Hipóteses
 Um bom acompanhamento escolar pode influenciar no aproveitamento pedagógico na
medida em que ajuda a superar os principais problemas que os alunos com NEE auditivas
enfrentam na sua aprendizagem e por conseguinte, melhorar a compreensão de conteúdos
vistos como sendo difíceis;
 Um bom acompanhamento escolar tem influência no aproveitamento peda gógico dos
alunos se os pais e/ou encarregados de educação reservarem um pouco de horas de estudos em
casa para ajudar os alunos a ultrapassarem as dificuldades na aquisição do conhecimento e ter
domínio sobre a matéria, proporcionando materiais didácticos que incentivem o gosto pela
aprendizagem.
14

CAPITULO I: REVISÃO DA LITERATURA


No presente capítulo se discute os principais conceitos e analisa-se, com pormenores, o tema
deste trabalho, com base na literatura que versa sobre a problemática de educação,
peculiarmente, de indivíduos portadores de necessidades educativas especiais auditivas.
A revisão da literatura é a parte básica e essencial pela qual a pesquisadora deve começar o
seu trabalho de investigação, pois fornece o suporte necessário para justificar, objectivar e
formular o problema de pesquisa, além de permitir a definição da melhor estratégia para
estudar e analisar o problema e seus dados (BANDEIRA, 2012:41).

1.1. Acompanhamento
CRUZ (1998:64), afirma que acompanhamento tem como principal objectivo orientar o
processo de aprendizagem individual de acordo com as necessidades de cada estudante. Esse
é um grande desafio para as escolas, que ainda têm a carga histórica do ensino padronizado, e
precisam quebrar paradigmas para considerar o tempo de cada aluno e as diversas formas de
aprender e ensinar.
O objectivo principal da escola no acompanhamento, “é a transmissão do saber historicamente
acumulado, com o intuito de formar cidadãos críticos, capazes de transformar o meio no qual
vivem, buscando uma melhor qualidade de vida” (FORGIARINI, 2007:21). Já não tem sido
suficiente no contexto escolar desenvolver se esta actividade de acompanhamento dos alunos
necessitados.

1.1.1. Acompanhamento Escolar


MATTOS (2003:57), adverte que acompanhamento escolar é uma estratégia de intervenção
que auxilia alunos com exigências específicas no âmbito da aprendizagem. Mediante um
planeamento individualizado, cada aluno conta com uma equipa de professores
especializados, que desenham um plano de acção pedagógico com o objectivo de identificar
as rotas de aprendizagem de cada um e, consequentemente, intervir para que os avanços
aconteçam.
Para BRANDÃO (1982:52), o acompanhamento escolar é uma excelente estratégia de
orientação e de ensino que tem como objectivo maximizar o aproveitamento do aluno na
escola, facilitando o processo de organização, de aprendizagem e de concentração, além de
despertar o prazer em aprender.
15

Segundo SILVA (2012:12), no acompanhamento escolar desenvolve-se actividades


específicas para cada exigência, avaliações periódicas, planeamento de rotinas, estratégias de
estudo, reunião com os familiares, além de auxílio pedagógico em adaptações curriculares,
caso seja necessário. Por vezes, estas acções resultam também propostas para explicações
individuais, onde alguns alunos com um maior grau de dificuldade poderão beneficiar de um
apoio individual e específico.
Trata-se, portanto, de garantir que o estudante tenha um acompanhamento que o valorize
como um ser único em seu desenvolvimento. O aprendizado aliado ao cuidado com o aluno e
o apoio emocional são fundamentais para o seu bem-estar integral. Com um bom
acompanhamento, é possível elevar as notas nas disciplinas. Isso ocorre porque, ao
complementar os conteúdos e auxiliar os estudantes na resolução das questões pouco
compreendidas, os profissionais minimizam as dúvidas e proporcionam eficácia no processo
de aprendizagem. Isso acaba por contribuir para um melhor desempenho dos alunos nas aulas.
Através dessa afirmação, podemos constatar e destacar a importância de um acompanhamento
escolar como factor impulsionador de aproveitamento pedagógico dos alunos. Sendo definida
como um conjunto de interactividade do outro com o sujeito em processo de aprendizagem e
de uma intervenção pedagógica. Um processo meramente complementar e um recurso
insubstituível para os sujeitos com dificuldades de aprendizagem, tornando um alicerce para o
desenvolvimento psico-educacional do sujeito em aprendizado.

1.1.2. Formas de acompanhamento


De acordo com Silva (2012), o acompanhamento individualizado é uma maneira pela qual o
agente externo, aquele disposto a desenvolver a aprendizagem no aluno, não só usa recursos
disciplinares para ajudar o aluno em seu processo educacional como também estimula,
interage, intervêm e guia o aluno através de actividades pedagógicas. O aluno em conjunto
com o outro, estabelece e desenvolve estratégias pedagógicas para o desenvolvimento e a
aprendizagem do aluno. Segundo BZUNECK (2010:22):
uma das tarefas de todo professor consiste em ajudar individualmente o estudante na realização de
uma actividade desafiadora, explorando a zona de desenvolvimento potencial desse aprendiz. Neste
caso, a suposição é de que a tarefa se apresente com um grau de dificuldade tal que, sozinho, o aluno
não poderia dar conta, mas teria êxito com a ajuda de alguém mais co mpetente, seja o professor ou um
colega, num processo de interacção pessoal e afectiva, que inclua diálogo, negociação e trocas de
experiências.
16

Percebemos que na escola, em seu processo educacional, o aluno com dificuldades de


aprendizagem necessita de uma intervenção pedagógica mais individualizada e mais
acompanhada.
No acompanhamento em sala de aulas é válido notar que a actuação do professor é
imprescindível na sua execução e na maneira como é assimilada à aprendizagem nos alunos.
Se, por um lado, o professor utilizar meios adequados que atribua significados aos alunos,
consequentemente, o aluno buscará motivação para aprender. No entanto, se não houver
meios alternativos e de cunho útil ao aluno, provavelmente, sua motivação pelos estudos
tende a ser desanimadora. O professor criando significados e utilidade ao aluno para aprender,
com certeza viabilizará sua aprendizagem.
Por isso, COLL (2004:179) afirma em suas colocações sobre a dependência do trabalho do
professor em relação ao aprendizado do aluno que os professores revisem o grau em que
despertam a curiosidade dos alunos mostrando a relevância e a utilidade que pode ter para eles
a realização da tarefa.
Todavia, existem muitos factores externos como internos que podem tanto motivar os alunos
a conseguirem assimilar a aprendizagem, quanto podem desmotivar o sujeito para a sua não
realização e o desinteresse na sua aprendizagem. Por outro lado, ter uma medida viável para
intervir nesse processo de desmotivação, que provavelmente acarreta as d ificuldades de
aprendizagem, possibilita um alto grau de desempenho positivo e satisfatórios advindos dos
alunos.
MONTERO (2004:189), aponta sobre as diferentes dimensões educacionais, especialmente,
tratando do acompanhamento de tarefas escolares que a possibilidade de propor diferentes
tarefas, todas direccionadas aos mesmos objectivos e estrutura multidimensional, facilita o
desenvolvimento da motivação para a aprendizagem. No entanto, muitos professores têm a
tendência de propor tarefas unidimensionais, aquelas nas quais somente um objectivo de
conhecimento é atingido, sem ao menos fazer relação com outras tarefas diferenciadas ou
disciplinares, para suprir diferentes conhecimentos no aluno.
Portanto, não que seja uma crítica envolver somente uma discip linaridade no processo
pedagógico, mas fazer com que em um acompanhamento pedagógico o professor consiga
envolver interdisciplinarmente diversas áreas educacionais e disciplinares com o
conhecimento da realidade, desencadeando assim novos conhecimentos, le vando o individuo
a pensar e a reflectir globalmente. LUCK (2010:51), trata o processo da interdisciplinaridade
como um diálogo de conhecimentos:
17

esse diálogo é caracterizado por actividades mentais como, reflectir, reconhecer, situar, problematizar,
verificar, refutar, especular, relacionar, relativizar, historizar. Ele ocorre na interface entre uma e
outra, e entre elas e o quadro referencial do indivíduo cognoscente, de modo que, por essa
rotatividade, constrói um saber consciente e globalizador da realidade.

É um modo pelo qual os educadores podem explorar essa diversidade em sala de aula. A
partir de uma estrutura micro, como uma disciplina, para dinamizar diferentes disciplinas e
em diferentes conhecimentos com a realidade. Portanto, é imprescindível compreender os
significados que o aluno traz e percepções de sua realidade, tornando viável explorar
alternativas eficazes, mediando-o e o fazendo perceber todos os factores e seus níveis de
percepções. Um conhecimento ou uma informação mediada passará a ter importância para
cada sujeito de maneira como são apreendidos os novos conhecimentos, nos conhecimentos já
existentes.

1.2. Necessidades Educativas Especiais Auditivas


Segundo FRIAS & MENEZES, (2008), o termo Necessidades Educativas Especiais Auditivas
surgiu da intenção de atenuar ou neutralizar os efeitos negativos de terminologias adoptadas
anteriormente para distinguir os indivíduos em suas singularidades, por apresentarem
limitações físicas, motoras, sensoriais, cognitivas, linguísticas, síndromes variadas, altas
habilidades, condutas desviantes, dentre outras, tais como: deficientes, excepcionais, sub-
normais, ultra-dotados, incapacitados, superdotados, entre outras. É, também, utilizada para
referir-se à alunos, cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas
dificuldades para aprender.
De acordo com (UNESCO, 1994), o termo em referência diz respeito a todas as crianças e
jovens ou alunos cujas carências relacionam-se com deficiências ou dificuldades escolares.
Na nossa percepção entende-se que, o termo NEE é utilizado na educação, especificamente na
escola regular, para referir alunos portadores de deficiência ou dificuldades de aprendizagem.
De acordo com BRENNAM (1990:36), a palavra Necessidades educativas especiais auditivas
refere aos alunos com dificuldades maiores que o habitual (mais amplas e mais profundas) e
que precisam de ajudas complementares específicas. Nesta esteira CRUZ (2012), sustenta
que, “determinar que um aluno apresenta necessidades educativas especiais auditivas supõe
que, para atingir os objectivos educativos, necessita de meios didácticos ou serviços
particulares e definidos, em função das suas características pessoais”
Conforme pode se notar, a expressão necessidades educativas especiais auditivas refere às
dificuldades ou deficiências auditivas que os alunos apresentam para aprenderem
18

normalmente, nas classes do ensino regular. Sendo assim, é necessário um apoio específico e
consoante o grau de perda de capacidade auditiva que os mesmos apresentarem.

1.3. História das NEE Auditivas


A educação de NEE Auditivas ou surdez acontece de maneira complexa, demanda ajustes
linguísticos, pois estes não fazem uso da língua oral, mas sim, da Língua de Sinais. Ao longo
dos anos, a escolarização destes alunos tem demandado estudos, já que a sua aprendizagem
apresenta muitos desafios (ARAGON & SILVA, 2015).
A escolarização desses indivíduos é o ponto mais deficitário de suas histórias de vida, desde
os tempos remotos, já que se encontram referências de que, durante a Antiguidade e a Idade
Média, os surdos eram considerados imbecis e não educáveis. Os primeiros relatos de
experiência na educação com pessoas surdas surgiram no início do século XVI, com o
objectivo de levá-los a obter a linguagem oral; na época, a educação dos indivíduos surdos era
feita secretamente, ou seja, os pedagogos não revelavam a sua forma e o seu método de
trabalho (LACERDA, 1998).
A educação fornecida aos indivíduos surdos era voltada aos que possuíam bens; contudo, o
método utilizado era especialmente baseado na oralidade. Nessa abordagem, o uso de sinais e
de alfabetos digitais era proibido, havendo a obrigatoriedade de recolher informações por
meio do canal auditivo. A leitura era obrigatória para perceber as dificuldades dos alunos com
Necessidades Educativas Especiais Auditivas (Idem). Assim, buscava-se a “reabilitação” dos
surdos, fazendo com que eles agissem como ouvintes.
Em meados do século XVIII houve uma ruptura na forma de pensar e de ensinar os s urdos,
surgindo então a linguagem gesticulada, que deu origem a língua dos sinais que permite que
os surdos usem toda a forma de gestos, envolvendo sinais e também leituras labiais (Idem).
Segundo o mesmo autor, a grande mudança na educação dos surdos aconteceu em 1880,
durante o II Congresso Internacional em Milão, organizado por pesquisadores defensores da
oralidade. Estes apresentaram os surdos com grande fluência de fala, defendendo, assim, sua
abordagem.
Após longos debates acalorados, acordou-se, por votação, que o uso de gestos e sinais na
educação dos surdos seria banido, e a metodologia utilizada seria a oral.
Contudo, mesmo após a proibição do uso de sinais, dentro das comunidades surdas, o
aparecimento destes (dos sinais) foi inevitável, ainda que à margem do sistema. Aos poucos,
com o insucesso das práticas “oralistas” para a educação de surdos, em 1960 começaram a
surgir estudos sobre essas línguas utilizadas dentro das comunidades. A escolarização dos
19

alunos surdos é um dos pontos cruciais na história de vida desses sujeitos. Estes, desde cedo
foram expostos à língua oral, sendo que, segundo DIZEU E CAPAROLI (2005). Assim
nasceu uma sociedade em que a língua oral impera e faz com que indivíduos que não a
utilizam se tornem excluídos, impedidos de adquirir o conhecimento necessário para seu
pleno desenvolvimento.
LACERDA (1998) aponta que as línguas de sinais são os meios mais rápidos e eficazes para
que o sujeito surdo adquira uma língua e, consequentemente, uma forma de linguagem
completa e eficaz para um sujeito ouvinte. Enquanto SANTOS E GURGEL (2010) apontam
que para o melhor desenvolvimento de um aluno surdo, a educação bilingue é mais adequada.
Esse tipo de educação caracteriza-se por ser realizada em duas línguas: a Língua de Sinais e a
Língua Oficial de Ensino, favorecendo a aprendizagem das crianças surda por meio de uma
linguagem viso – gestual.
Em suma, todos os métodos desenvolvidos ao longo do tempo visavam melhorar a educação
dos APNEEA’s. A educação destes só teria a expressão mais significativa quando fosse
realizada na escola regular, pois de acordo com MOURA (2014), o aluno surdo tem no ensino
regular o lugar por excelência para aquisição de valores culturais ou conhecimentos
necessários para garantir a sua sobrevivência social de modo saudável.

1.4. Deficiência Auditiva


A deficiência auditiva é um tipo de privação sensorial, cujo sintoma comum é uma reacção
anormal diante do estímulo sonoro (GAGLIARDI & BARRELLA, 1986:74). A surdez é,
portanto, caracterizada pela perda, maior ou menor, da percepção normal dos sons, havendo
vários tipos de deficiência auditiva, em geral classificadas de acordo com o grau de perda da
audição. Esses tipos classificam-se em: parcial ou surdez leve, que pode ser tratado com
preceitos médicos e passar e, a severa ou profunda, que pode afectar o indivíduo em quase
toda vida, dificultando-o de ouvir e consequentemente de aprender.
Segundo CICCONE (1990:54), a ausência da função a uditiva acarreta uma modificação na
organização neurológica do indivíduo, podendo desencadear um bloqueio no fluxo de
mensagens e, consequentemente, a comunicação, como um todo, estará então sofrendo uma
interferência.
Denomina-se deficiência auditiva a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons,
sendo considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e
parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese
auditiva. (BRASIL, 1997: 31)
20

Para LACERDA, SANTOS & CAETANO (2014:13), uma das formas de se garantir um
melhor aprendizado do aluno surdo é o estabelecimento de parcerias entre os profissionais
actuantes na escolarização desses alunos.
Em virtude da complexa estrutura do ouvido, po dem ser várias as razões da perda auditiva.
Basicamente, são classificadas como condutivas ou sensório - neurais. A surdez condutiva é aquela que
se reduz a intensidade do som alcançado pelo ouvido interno. O distúrbio causador da surdez condutiva
localiza-se no ouvido externo ou médio e interfere na capacidade de condução do som. Uma perda
sensório – neural ou da percepção é causada por problemas do ouvido interno ou do nervo auditivo, que
transmite o impulso ao cérebro; neste caso as implicações são mais complexas e podem afectar outras
funções [...]. (GORGATTI& COSTA, 2008)

Uma pessoa com deficiência auditiva tem dificuldades para se adaptar no ambiente em que vive, já
que muitas vezes por causa de sua deficiência não consegue se fazer entender, tornando assim uma
pessoa impaciente e ansiosa. Assim, de acordo com os autores supra, e ntende-se por deficiência
auditiva a perda sensorial devida a uma afecção orgânica de um ou mais órgãos e estruturas
que permitem a percepção dos estímulos sonoros, o que redundada na quantidade e a
qualidade do som percebido. A deficiência auditiva, trivialmente conhecida como surdez,
consiste na perda parcial ou total da capacidade auditiva.

1.5. Tipos e Características de Portadores de Deficiência Auditiva


A caracterização da deficiência auditiva é variada, de acordo com BRITO E DESSEN
(1997:44) considera-se "parcialmente surdo" e "surdo" os indivíduos que apresentam,
respectivamente, surdez leve ou moderada e surdez severa ou profunda conforme a descrição
abaixo:
Surdez leve: a perda auditiva é de até quarenta decibéis. Essa perda impede que o indivíduo perceba
igualmente todos os fonemas das palavras, mas não impede a aquisição normal da linguagem, embora
esta possa ser a causa de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita. Em geral,
tal indivíduo é considerado desatento, solicitando, frequentemente, a repetição daquilo que lhe é falado;
surdez moderada: a perda auditiva está entre quarenta e setenta decibéis. Esses limites se encontram no
nível da percepção da palavra; é frequente o atraso de linguagem e as alterações articulatórias,
havendo, em alguns casos, problemas linguísticos mais graves. Em geral, os indivíduos com surdez
moderada identificam as palavras mais significativas, apresentando dificuldade em compreender outros
termos de relação e/ou frases gramaticais. Sua compreensão verbal está intimamente ligada a sua
aptidão individual para a percepção visual. Surdez severa: a perda auditiva está entre setent a e noventa
decibéis. Este tipo de perda permite que o indivíduo apenas perceba sons fortes e conhecidos, podendo
ele atingir a idade de quatro ou cinco anos sem aprender a falar. A compreensão verbal dependerá,
principalmente, da aptidão do indivíduo para utilizar a percepção visual e para observar o contexto das
situações; surdez profunda: a perda auditiva é superior a noventa decibéis. Essa perda impede que o
indivíduo perceba e identifique a voz humana, impossibilitando -o de adquirir a linguagem oral.

Depreende-se que, o indivíduo com surdez parcial, leve ou moderada ouve com muitas
dificuldades e dificilmente aprende, enquanto os surdos severos ou profundos, quase que não
aprendem, devido a gravidade da deficiência, pois nesta fase não se trata mais de privação
sensorial, mas sim de perda sensorial ou de capacidade captação e percepção dos sons. A
21

tabela a seguir resume, categoria de deficiência auditiva, os graus de perda da capacidade


auditiva:

Tabela 1: Categoria de deficiência auditiva e graus de perda de capacidade auditiva


Grau de perda auditiva Intensidade de som (db/B)
Ligeira De 20 a 40 db de perda
Média De 40 a 70 db de perda
Severa De 70 a 90 db de perda
Profunda + De 90 db de perda
Fonte: Elaborada e adaptada pela autora, a partir de BRITO & DESSEN (1997:44).

No ensino regular, em especial, existem alguns recursos convencionais que os alunos


portadores de deficiência auditiva podem utilizar para melhorar o sistema de comunicação
com o professor e entre colegas. Estes recursos funciona m bem para indivíduos com níveis
variados de perda de audição; dentre vários destacam-se os Aparelhos Auditivos (AA) e
Implantes Concleares (IC).
Os AA, também, conhecidos de prótese auditiva podem ser: Aparelhos de Amplificação
Sonora Individual (AASI); sistema Roger e sistema FM. Estes aparelhos têm a função de
amplificar o som para que os alunos com perdas auditivas leve e moderada possam ouvir
melhor. O IC é um dispositivo electrónico que tem objectivo de substituir as funções das
células do ouvido interno de alunos com perda auditiva severa ou profunda, que não são
beneficiadas pelo uso de AA. Os indivíduos com perda auditiva profunda ou severa usam o
IC, para garantir a comunicação; este dispositivo imita a função do ouvido, captando
directamente o som.
Os AA e os IC, apesar das diferenças que lhes caracterizam, os seus objectivos convergem na
tendência de melhorar os níveis de audição dos APNEEA’s contribuem no desenvolvimento
da fala e linguagem e a auto-estima e a confiança dos alunos e favorecem o relacionamento
com colegas, amigos, familiares e a sociedade em geral (SILVA, 2012).

1.6. Principais Causas da Deficiência Auditiva


As causas da perda auditiva nem sempre são identificadas, sendo que existem vários factores
que podem levar a essa perda. De acordo com BRASIL (1997:34) destaca-se:
 Causas pré-natais: a criança adquire a surdez através da mãe, no período de gestação,
decorrentes de desordens genéticas ou hereditárias, relativas à consanguinidade, relativas
ao factor Rh, relativas a doenças infecto-contagiosas, como rubéola, sífilis,
22

citomegalovirus, toxicoplasmose, herpes, remédios tóxicos, drogas, alcoolismo materno,


desnutrição, subnutrição, carências alimentares, pressão alta, diabetes, exposição a
radiação e outros. A criança fica surda, porq ue surgem problemas no parto, como
prematuridade, pós maturidade, anóxia, fórceps, infecção hospitalar e outras.
 Causas pós-natais: a criança fica surda, porque surgem problemas após seu nascimento,
meningite, remédios tóxicos em excesso, ou sem orientação médica, sífilis adquirida,
sarampo, caxumba, exposição continua a ruídos ou sons muito alto, traumatismo craniano
e outros.

1.7. Rendimento Pedagógico


Na visão de SINGLY (2007:85), rendimento pedagógico refere se a avaliação do
conhecimento adquirido no âmbito escolar ou universal por outras palavras rendimento
pedagógico é uma medida das capacidades do aluno que expressa o que este tem aprendido ao
longo do processo formativo. Também abarca a capacidade do aluno em responder aos
estímulos educativos, neste sentido o rendimento pedagógico mede-se através de instrumentos
de avaliação escolar como testes, que pode ser de TPC, teste oral, participação em sala de
aulas.
Segundo SILVA (2012:132), avaliação tem sido o instrumento usado para medir o rendimento
pedagógico dos alunos independentemente das suas necessidades específicas, na medida em
que se avaliam os alunos os resultados obtidos servem para medir os rendimentos
pedagógicos dos mesmos alunos avaliados. Na nossa percepção, os testes continuam a ser
muito utilizados em todo mundo em particular no nosso pai em actividades como, selecção de
melhores alunos.
SOUZA (1999:62), diz que o procedimento mais adequado para medir o rendimento
pedagógico é através da comparação dos resultados educativos observados com aqueles
esperados, isto é, comparar o grau de aprendizagem obtido pelos alunos com os objectivos
educativos propostos. Paula (2004:72), afirma que não devemos apenas usarmos os
conhecidos testes de rendimento dos alunos para podermos medir o rendimento pedagógico
dos alunos, mas também podemos recorrer a outras formas de avaliação, como participação
em sala de aulas. Contudo concordamos com os autores acima quando referem que a
avaliação constitui um dos instrumentos imprescindível e necessária para medir o rendimento
pedagógico dos alunos porque é uma estratégia pedagógica de luta contra o fracasso escolar.
23

1.8. Dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelos alunos com necessidades


educativas especiais auditivas
Muitos alunos que portam a deficiência auditiva, geralmente, não têm acesso à educação
especial e é comum encontrá- los com muitos anos de vida escolar, nas classes iniciais, do
ensino regular, sem uma produção escrita compatível exigida nas mesmas (QUADROS,
1997:82).
Depreende-se que, o acesso à educação especial constitui a primeira dificuldade que os alunos
com necessidades educativas especiais auditivas enfrentam; no ensino regular, onde estes são
incluídos, existem competências pré-estabelecidas a serem adquiridas por todos os alunos,
mas os alunos surdos são os que mais tem dificuldades na aquisição das mesmas. Dentre
várias competências, a escrita (habilidades de leitura e escrita) está no topo das prioridades.
Conforme INDE e MINED (2003:117),“quando se fala de ensino e aprendizagem no ensino
básico (…) a leitura e a escrita são as mais complexas”.
Concorda-se que os conhecimentos da leitura e da escrita destacam-se entre as necessidades
básicas de ensino e aprendizagem, pois são uma competência básica e imprescindível para a
formação do pensamento e espírito crítico do indivíduo, para ter acesso a outros
conhecimentos e continuar aprendendo ao longo da vida.
De acordo com a FEDERAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE
SURDOS como citado por FELICIANO (2010:23), “…o deficiente auditivo apresenta muitas
dificuldades em relação aos pré-requisitos quanto à escolaridade, e uma maioria não chega a
concluir o 1ºgrau, pois é incapaz de lidar com o português escrito: o texto escrito que pode ser
lido, interpretado, analisado”.
O CONSELHO NACIONAL DA EDUCAÇÃO, apresenta, dentre várias dificuldades de
aprendizagem de alunos portadores de deficiência auditiva “… as dificuldades de
comunicação e sinalização diferenciadas dos demais educandos, acessibilidade aos conteúdos
curriculares, mediante a utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema de
língua de sinais.” (LACERDA, 1998:19).
Segundo MARCHESI (1987), os mesmos carecerem de um instrumento que lhes permita
distanciar-se do directamente percebido (capacidade de abstrair), para assim elaborar suas
representações mentais de maneira mais independente da percepção. É isto o que faz possível
um pensamento mais flexível e capaz de compreender e coordenar diferentes pontos de vista.
Face às dificuldades supraditas, constata-se ser, efectivamente, dificílimo trabalhar com
APNEEA’s no ensino regular.
24

1.9. Dificuldades enfre ntadas pelos professores na educação de alunos com NEE
Auditivas
Com a expansão cada vez maior da política de inclusão escolar, em que os alunos portadores
de deficiência auditiva têm sido inseridos nas classes de ouvintes desde o ensino fundamental,
o que se tem percebido é um maior fracasso, se comparado aos resultados positivos, pautado
sem uma inserção desses alunos em espaço escolar ainda não preparado para recebê- los.
(FELICIANO, 2010:40).
Este fracasso pode resultar de algumas dificuldades que os professores do ensino regular
enfrentam na educação dos alunos em alusão, como por exemplo, “…a dificuldade dos
professores em se comunicar com os alunos portadores de deficiência auditiva em língua
portuguesa.” (MANTOAN, 1997:17).
Sustenta-se, ainda, que existem grandes dificuldades de acesso a uma língua que seja
oferecida de maneira natural e constante aos alunos portadores de deficiência auditiva, que no
caso seria a sua língua materna, a Língua de Sinais; dificuldades de conversar sobre assuntos
não relacionados, directamente, com o ambiente em que o aluno e o interlocutor se encontram
(FELICIANO, 2010:62).
De acordo com SOUZA & GÓES (1999:28), o processo de educação do aluno surdo vem
sendo acompanhado por professores e profissionais que desconhecem a LS e as condições
bilingues do surdo, razão pela qual os professores tendem a considerar-se despreparados para
actuar com essa população. Percebe-se que os professores do ensino regular, não estão
integralmente preparados para proporcionar uma educação efectiva aos alunos portadores de
deficiência auditiva, carecem de formação específica para satisfazerem eficazmente as NEE
dos alunos em referência.

1.10. O papel do professor na educação de APNEE Auditivas


Segundo BRASIL (2005) como citado em FELICIANO (2010:65), os grandes desafios para
os professores de alunos portadores de deficiência auditiva são: superar as dificuldades que
apresentam no aprendizado e uso de línguas orais (no caso o português ). Sabe-se que, quanto
mais cedo, o aluno tenha sido privado de audições, maiores serão as suas dificuldades de
comunicação. Sendo assim, cabe ao professor provocar, desestabilizar, e estabilizar
posteriormente o aluno, instigar dúvida, desafiá- lo e, para isso, requer que o professor tenha
domínio de conteúdo de ensino e do desenvolvimento cognitivo do aluno. O professor precisa
saber como o seu aluno pensa, fazer com que o mesmo elabore suas próprias respostas e deve
ter objectivos bem claros em suas mentes (ROSA, 2007:33).
25

O professor deve estar apto a desenvolver um trabalho que igualize as oportunidades


educacionais entre normais e deficientes auditivos, sem prejuízo para ambos; encarar o aluno
surdo como uma pessoa que age, decide e pensa com os seus próprios meios; criar situações
para que o sujeito aprenda passando então o construtivismo a ser visto com menos empecilhos
(MANTOAN, 1997).
Ao professor, não cabe o papel de mero executor de currículos e programas pré-determinados,
mas de alguém que tenha condições de escolher actividades, conteúdos ou experiências que
sejam mais adequadas para o desenvolvimento das capacidades fundamentais do grupo de
alunos, tendo em conta o seu nível e suas necessidades educativas especiais auditivas
(MAZZOTTA, 1982:41).
Além do que foi acima arrolado, se destaca como actividades que enformam o papel do
professor na educação de APNEE Auditivas as seguintes:
perceber as necessidades educativas especiais dos alunos e valorizar a educação exclusiva. Flexibilizar
a acção pedagógica nas diferentes áreas de conhecimentos de modo adequado nas necessidades
especiais de aprendizagem; avaliar continuamente a eficácia do processo educativo para atendimento
de necessidades educativas especiais auditivas.

1.11. Papel da Família no acompanhamento Escolar


Para MACEDO (1994) apud ROUDINESCO (2003:18), “num sentido amplo, a família
sempre foi definida como um conjunto de pessoas ligadas entre si pelo casamento e filiação,
ou ainda pela sucessão dos indivíduos descendo uns aos outros: geno, linhagem, raça,
dinastia, casa, etc.”
Para OSÓRIO (1996:14), a família não é uma expressão passível de conceituação, mas tão-
somente de descrições, ou seja, é possível descrever as várias estruturas ou modalidades
assumidas pela família através dos tempos, mas não defini- la ou encontrar algum elemento
comum a todas as formas com que se apresenta este agrupamento humano.
Quando os pais se mostram ausentes da escola ou mesmo quando a criança possui um vínculo
familiar negativo, esta poderá ter a sua auto-estima prejudicada, apresentando possivelmente
alguns distúrbios de aprendizagem. “A influência familiar é decisiva na aprendizagem dos
alunos. No entanto, nem sempre a família dá o apoio que precisa para o desenvolvimento da
criança. Relações negativas podem gerar sérias dificuldades nas crianças no decorrer do seu
processo escolar, levando assim esses problemas também na vida adulta” (SCOZ, 1994:71).
Reconhecemos que a família pode gerar uma relação de afectividade e de segurança, da
mesma forma que pode ser também um espaço gerador de medos, insegurança, rejeições,
preconceitos, chegando até a violência (física e psicológica). Portanto, há necessidade de pais
26

e professores serem parceiros no contexto escolar, onde o diálogo seja compreendido como
prioridade nesse processo, fortalecendo assim a mediação pedagógica.
A aprendizagem é um processo individual, onde cada pessoa tem um jeito próprio de
apropriar-se do conhecimento. Dessa forma, para que ocorra o sucesso escolar, faz-se
necessário que todo o processo de aprendizagem, que envolve pensamento, afecto, linguagem
e acção estejam em plena harmonia. A família tem um papel essencial e indispensável, visto
que, desenvolve expectativas com relação aos filhos (as) e no processo educacional não é
diferente. Os pais, normalmente, querem que os filhos tenham sucesso escolar e quando esse
desenvolvimento não é satisfatório, torna-se necessário fazer uma análise sobre o (a) aluno
(a), sua família e escola. Para diferentes autores, independentemente da origem do problema,
é dentro do contexto familiar que as dificuldades serão amenizadas ou multiplicadas.
(MACEDO, 1994).
Os investimentos educacionais da família devem levar em conta os sinais dados pela escola
sobre o rendimento dos filhos. O acompanhamento familiar dos estudos é uma necessidade,
tanto para detectar o mais rapidamente possível as eventuais derrapagens para resolvê- las
imediatamente, quanto para estimular o esforço dos próprios jovens. (SINGLY, 2007:57).
No contexto escolar vivenciamos muitas dificuldades relacionadas ao acompanhamento da
família no rendimento escolar dos (as) alunos (as). De um lado, há uma espécie de sentimento
de culpa, por parte dos pais, que se cobram por não conseguir atender as necessidades dos (as)
filhos (as) e por outro lado, os (as) filhos (as) sentem-se abandonados (as) pelos pais nas suas
necessidades e por último a própria escola, que não consegue desempenhar o papel social pela
qual foi designada.

1.12. Principais problemas enfrentados pelas crianças sem acompanhamento escolar


SAVIANI (1999), avança que a ausência da participação da família no ensino aprendizagem
dos alunos, pode influenciar no baixo desempenho e no mau comportamento dos alunos. O
fato é que os efeitos dessa falta de acompanhamento surgem no dia-a-dia, e são apresentados
no desenvolvimento das actividades.
De acordo com BOTERO (2003:102), a criança que não tem acompanhamento, além de ter
rendimento escolar baixo, não será motivada para a realização das actividades formais. A
aprendizagem e o crescimento saudável da criança não se faz sem a presença da família. A
família é a responsável em fornecer suporte para a construção da aprendizagem, pois só
assim, teremos crianças com uma auto-estima equilibrada, uma autoconfiança elevada, uma
afectividade saudável e um padrão emocional que permite ela aprender.
27

Do contrário, quando não há esse acompanhamento em casa, a criança chega na escola com
essas e outras falhas. Quando os pais não valorizam a escola, os alunos tendem a não
valorizarem também. A família precisa demonstrar respeito e consideração pelo ato de
aprender, que não se limita a ler e escrever. Mas para isso, precisa mostrar com suas atitudes o
devido valor, estando presente na vida escolar dos filhos. A família que não se responsabiliza
em acompanhar os seus filhos, geralmente são famílias que não conseguem compreender o
reflexo disso na vida da criança, comprometendo até mesmo o futuro adulto e cidadão que se
tornará. Quando há acompanhamento em casa, os problemas são facilmente detectados e
resolvidos.

1.13. Características das crianças com acompanhamento Escolar


Segundo BOTERO (2003:98), acompanhamento dos pais pode influenciar não só o
desempenho académico, relacionado ao boletim, mas o desempenho escolar como um todo,
que envolve o comportamento do aluno na escola. O “bom aluno” tem algumas posturas em
relação a sua educação, como: capacidade de concentração, disciplina e perseverança. É
perceptível que o rendimento da criança que tem acompanhamento em casa é sempre mais
positivo, pois são crianças que se mostram mais activas, alegres, seguras e ainda, enfrentam as
dificuldades de uma maneira assertiva. Vemos que o acompanhamento em casa, faz com que
a criança dê valor na aprendizagem formal, e essas acções são notadas e valorizadas pelo
professor, pois o educador irá perceber que a actividade escolar é levada a sério. Assim, as
crianças que são acompanhadas pela família são comprometidas com o aprender e com o
saber.

1.14. Importância do Acompanhamento Escolar


ROUDINESCO (2003:76), diz que, podemos constatar e destacar a importância de um
acompanhamento pedagógico. Sendo definida como um conjunto de interactividade do outro
com o sujeito em processo de aprendizagem; e de uma intervenção pedagógica. Um processo
meramente complementar e um recurso insubstituível para os sujeitos com dificuldades de
aprendizagem, tornando um alicerce para a o desenvolvimento psico-educacional do sujeito
em aprendizado. Contudo, essas actividades, construídas externamente e mediadas de forma
efectiva pelo sujeito externo, transpõe para o sujeito em processo de aquisição de
conhecimento, significados de aprendizagem que são internalizadas e apreendidas.
SINGLY (2007), as potencialidades já existentes no sujeito em processo, junto com as
aplicações pedagógicas de carácter multidisciplinar de forma estratégica do agente externo ou
28

do outro facilitam e contribuem para a aprendizagem do sujeito. No entanto, é fundamental


que esses estudantes possam ser ajudados para superar tais problemas e seguir sua trajectória
académica. Nesse sentido, contar com um acompanhamento pedagógico personalizado é
bastante vantajoso.
29

CAPITULO II: METODOLOGIAS


Neste capítulo apresenta-se os tipos de pesquisa levados a cabo; descreve-se o método de
abordagem adoptado para o alcance dos objectivos propostos, os instrumentos de recolhas de
dados empregues durante o trabalho de campo; também faz-se a delimitação da população e
da amostra da pesquisa bem como se fala das considerações éticas observadas para com os
nossos informantes.
Metodologia é “um conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados pela ciência para
formular e resolver problemas de aquisição objectiva do conhecimento, de uma maneira
sistemática.” (RODRIGUES, 2007:45).

2.1. Tipo de pesquisa


2.1.1. Quanto à abordagem
O tipo de pesquisa quanto á abordagem classifica-se em qualitativa e quantitativa (mista). De
acordo com MICHEL (2005), abordagem qualitativa é aquela que “concentra em relação à
recolha e análise de dados, descrição e análise de elementos específicos de informação
considerados individualmente, para compreender o seu significado e produzir uma visão da
situação ou contexto em que foram gerados”, teve suporte quantitativo, aquele que tem a “
intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação,
possibilitando, consequentemente, uma margem de segurança quanto às interferências
(RICHARDSON, 1999:70).
Segundo mesmo autor, a “abordagem quantitativa, como o próprio nome indica, caracteriza-
se pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de colecta de informações quanto no
tratamento delas por meio de técnicas estatísticas”. Estudos dessa natureza podem aplicar
técnicas como médias, desvio-padrão, moda, correlação, regressão etc. TRIVINHOS
(1997:120) abordagem mista é aquela combina mais de dois métodos de pesquisa, neste caso
para a nossa pesquisa serão combinados dois métodos qualitativa e quantitativa.
Para o presente estudo será usado quanto á abordagem a pesquisa mista, ou seja, propusemo-
nos combinar os paradigmas, quantitativo e qualitativo, o uso das duas abordagens qualitativo
e quantitativa, é pertinente, pois, permitirá compreender na íntegra a influência do
acompanhamento escolar dos alunos com NEE auditivas na 5ª classe da EP 1 e 2 de
Madovela.
30

2.1.2. Quanto aos objectivos


A pesquisa quanto aos objectivos classifica-se em explicativa, exploratória e descritiva. De
acordo com GIL (1999:48), uma pesquisa explicativa é aquela que explica a razão, o porquê
dos fenómenos, uma vez que aprofunda o conhecimento de uma dada realidade. Assim, pelo
facto de esta modalidade estar calcada em métodos experimentais; ela se encontra mais
direccionada para as ciências físicas e naturais. Mesmo que a margem de erros represente um
factor relevante, sua contribuição é bastante significativa, dada a sua aplicação prática.
Nas pesquisas descritivas, normalmente, os pesquisadores possuem um vasto conhecimento
do objecto de estudo, em virtude dos resultados gerados por outras pesquisas (GIL, 1999)
Para realizar o presente estudo, optamos por uma pesquisa de cunho mais exploratório de
modo que se explore e se reflicta sobre as implicaçõe s do bom acompanhamento escolar dos
alunos com NEEA por parte dos encarregados de educação como factor de melhoria do seu
rendimento pedagógico.

2.1.3. Quanto aos procedimentos técnicos


No que concerne aos procedimentos técnicos, esta pesquisa é de campo coadjuvado com
revisão bibliográfica. De acordo com GIL (2002:51), a revisão bibliográfica consiste na busca
do pensamento teórico de alguns autores em diferentes obras literárias que versam sobre a
matéria em análise no presente trabalho. Tal como sustenta SEVERINO (2007:122), a
pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador uma leitura do registo disponível, decorrente de
pesquisas anteriores, em documentos impressos, com livros, artigos, teses, etc. Contudo a
pesquisa bibliográfica é o passo decisivo em qualquer pesquisa científica, uma vez que
elimina a possibilidade de se trabalhar em vão, de se despender tempo com o que já foi
solucionado”.
Ainda na óptica de GIL (2002:59), com estudo de campo, a “pesquisadora apresenta um nível
maior de participação e, torna-se maior a probabilidade de os sujeitos oferecerem respostas
mais confiáveis”. Segundo MARCONI E LAKATO (2009: 186), pesquisa de campo é aquela
utilizada com o objectivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um
problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar,
ou, ainda, descobrir novos fenómenos ou as relações entre eles.
31

2.2. Método de abordagem


Como método de abordagem, optou-se pelo indutivo, que segundo GIL (2002:64), “parte do
particular, através da recolha de dados no campo e coloca a generalização como um produto
posterior do trabalho de colecta de dados particulares”. Portanto, o objectivo dos argumentos
indutivos é levar à conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas
quais se basearam. No caso deste trabalho, a opção pelo método indutivo justifica-se pelo
facto de que, a partir da amostra de alguns elementos da EP do 1° e 2° Graus de Madovela,
obteremos resultados que serão generalizados para toda (s) a(s) escola(s) que não fizeram
parte do estudo, mas que se encontram na mesma região onde a pesquisa decorreu.

2.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados


Para a realização desta pesquisa recorremos a diferentes técnicas e instrumentos de recolha de
dados, sendo de destacar: entrevista, questionários e observação directa.

2.3.1. Entrevista
Segundo GIL (2002:115), entrevista é uma técnica de colecta de dados que envolve duas ou
mais pessoas numa situação em que uma delas formula e lança questões e a outra responde.
Esta técnica foi aplicada aos membros da direcção da escola, encarregados de educação e aos
seus respectivos educandos, com o objectivo de colher informações relativas ao tema em
estudo. (Vide apêndice I, II e III – entrevista dirigida à direcção da escola, encarregados de
educação e alunos respectivamente).

2.3.2. Questionário
Questionário é um instrumento de colecta de dados constituído por uma série ordenada de
perguntas que devem ser respondidas por escrito pelos inqueridos podendo este, ser feito na
ausência do pesquisador (MARCONI & LAKATOS, 1999:100). Neste sentido, o questionário
foi dirigido aos professores da EP1 e 2 Graus de Madovela, o que permitiu a obtenção de
respostas desejadas, bem como deu oportunidades aos inqueridos de expressarem suas
opiniões sobre o acompanhamento escolar dos alunos com NEE auditivas como factor da
melhoria de aproveitamento escolar. (Vide apêndice IV – questionário dirigidos aos
professores)
32

2.3.3. Observação directa


SILVA & MENEZES (2001:54), afirmam que observação «é quando se utilizam os sentidos
na obtenção de dados de determinados aspectos da realidade». Esta pesquisa foi orientada
através da observação directa, sistemática. Esta técnica consistiu na observação das diferentes
formas e procedimento metodológicos que os professores adoptam durante o PEA dos alunos
com NEEA. Também consistiu na observação do tipo e qualidade das infra-estruturas
escolares onde decorreram as aulas dos alunos com NEEA.

2.4. População e Amostra


A população é um conjunto de elementos que possuem características específicas (Gil, 2008).
Estatisticamente compreende-se por população o universo em que se extrai a amostra. Neste
estudo contou-se com um universo de 88 indivíduos, dos quais 34 alunos com NEEA (deste
grupo 15 são de sexo masculino e 19 alunos são do sexo feminino), 18 professores (sendo 13
mulheres e 5 homens), 34 pais ou encarregados de educação e 2 membros de direcção (DE e
DAE).
De acordo com MARCONI & LAKATOS (2003), amostra é a escolha de uma parte do
universo, de tal forma que ela seja o mais representativo possível, e a partir dos seus
resultados poder-se inferir a legitimidade possível das conclusões. Os autores acima
sustentam, ainda, que a técnica de amostragem probabilística é a que oferece a possibilidade
de inferir e generalizar os resultados da amostra, o que não acontece com a técnica de
amostragem não probabilística. Sendo assim, aplicou-se a técnica de amostragem
probabilística aleatória simples; onde a partir de uma lista nominal de alunos e professores
fez-se a selecção dos indivíduos que responderiam as perguntas, tendo sido neste contexto,
escolhidos para amostra 22 indivíduos, dos quais 2 membros de direcção, 4 professores, 8 pais
e / ou encarregados de educação e 8 alunos conforme a distribuição ilustrada na tabela abaixo:

Tabela 2: População e Amostra


Grupo/ Descrição População Amostra
Gestores da escola (DE & DAE) 2 2
Professores 18 4
Alunos 34 8
Pais ou Encarregados de educação 34 8
Total 88 22
Fonte: autora da pesquisa
33

2.5. Aspectos Éticos


Nesta pesquisa observou-se a integridade e todo um conjunto dos aspectos éticos com vistas a
garantir maior segurança dos participantes envolvidos na mesma. Tivemos em conta o critério
de anonimato dos participantes, o sigilo, integridade moral e psíquica, direitos humanos e
outros elementos que não pudessem pôr em causa a integridade dos nossos informantes.
34

CAPITULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS


O presente capítulo apresenta, analisa e interpreta os dados recolhidos no campo em relação a
influência do acompanhamento escolar dos encarregados de educação no aproveitamento
pedagógico dos alunos com NEEA.
Segundo MARCONI & LAKATOS (2003:167), a análise é a tentativa de evidenciar as
relações existentes entre o fenómeno estudado e os outros factores, sendo que a interpretação
é uma actividade intelectual que procura dar um significado amplo às respostas, vinculando-as
a outros conhecimentos.

3.1. Tempo de ingresso e de serviço dos informantes.


Antes de discutir sobre as reais influências que o acompanhamento escolar pode trazer na
melhoria de rendimento pedagógico dos alunos com NEEA, procurou-se saber acerca do
tempo de serviço dos dirigentes da escola, tempo de leccionação dos professores no ensino
primário, a idades com que os alunos entraram na escola como forma de compreender o grau
de experiência e de estadia na classe em estudo. Portanto, com relação à questão lançada aos
membros de direcção da escola (Director e DAE), estes responderam que exerciam a função a
cerca de 12 e 9 anos respectivamente. Quanto aos alunos, dos 8 (oito) envolvidos na pesquisa
4 (quatro) ingressaram na escola no ano 2016, 2 (dois) em 2015 e os restantes 2 (dois) em
2014. Em relação aos professores todos disseram estarem no intervalo dos 5 a 10 anos de
leccionação no ensino primário, tal como ilustra a tabela abaixo:

Tabela 3: Tempo de serviço e ano de ingresso dos participantes


Tempo de serviço da direcção, professores e de ingresso dos alunos com NEE auditivas
na escola
Tempo / ano de Direcção % Professores % Alunos %
ingresso
5 a 10 anos 1 50 4 100 _____ ______
10 a 15 anos 1 50 -------- ------ _____ _____
2016 __________ ________ ______ ______ 4 50
2015 _________ ________ ______ ______ 2 25
2014 _________ ________ ______ ______ 2 25
Fonte: autora da pesquisa

No que diz respeito ao tempo de serviço dos membros de direcção da escola na função
directiva, os dois mostram-se preparados e com experiência suficiente para compreensão da
influência do acompanhamento escolar dos encarregados de educação como factor de
35

melhoria do rendimento pedagógico de alunos com NEEA. Quanto aos professores, todos os 4
(100%) responderam estarem a leccionar o ensino primário no intervalo dos 5 a 10 anos de
experiência o que revela que deviam estarem preparados para atender a diversidade de alunos
em sala de aulas com estratégias e metodologias adequadas. Mas pela observação directa
efectuada em algumas aulas por eles leccionadas, verificamos que muitos deles têm
dificuldades em lidar com alunos com NEEA.
Ora, os alunos com NEE auditivas entrevistados mostraram uma certa fragilidade no seu
aproveitamento pedagógico, visto que 50% deste ingressaram na escola entre 2014 e 2015 o
que significa que 2 (dois) alunos reprovaram em duas classe e outros 2 (dois) reprovaram
numa classe sendo que 4 (quatro) estão a tempo normal.

3.2. Formação psicopedagógica dos professores e membros de direcção da escola.


Para aferir o nível de habilidade e capacidades de trabalhar com diversidade de alunos em
salas de aulas tal como é o caso de alunos com NEE auditivas, perguntou-se ao director e o
DAE se tinham ou não uma formação psicopedagógica, onde ambos responderam
positivamente. Portanto, 100% dos membros da direcção da escola tem formação
psicopedagógica, o que no entender da pesquisadora, demonstra a probabilidade de existirem
capacidades para promover diferentes formas de acompanhamento escolar dos alunos com
NEE’s.
Quanto aos professores envolvidos na amostra da pesquisa, fez-se a mesma pergunta em
relação à formação psicopedagógica, onde todos os 4 (quatro) responderam que foram
formados, 2 (duas) professoras pelos IFP’s, 1 (um) em Ensino de Português e outro em Ensino
de Filosofia. Tal como ilustra a tabela abaixo:

Tabela 4: Formação psicopedagógica dos Professores e sua influência no acompanhamento


escolar
Categoria Frequência Percentagem
Com formação 4 100%
Sem formação 0 0.0%
Total 4 100
Fonte: autora da pesquisa
36

Portanto, olhando para os dados acima apresentados, fica claro que todos os professores desta
escola têm formação psicopedagógica, o que revela segurança de garantia de bom
acompanhamento escolar dos alunos com NEEA para melhoria de qualidade do seu
rendimento pedagógico. Tal como diz MAZZOTTA (1982:41), ao professor, não cabe o papel
de mero executor de currículo e programas pré-determinados, mas trata-se de alguém que tem
condições de escolher actividades, conteúdos ou experiências que sejam mais adequadas para
o desenvolvimento das capacidades fundamentais do grupo de alunos, tendo em conta o seu
nível e suas necessidades educativas especiais, e no caso desta pesquisa, as auditivas.
Outrossim, procurou-se saber dos professores se, durante a sua formação tiveram conteúdos
ligados ao acompanhamento escolar dos alunos com NEE’s?, onde dois (2) dos quatro (4)
responderam que não tiveram. Isto quer dizer que 50% dos professores da Escola Primária do
1º e 2º Graus de Madovela que responderam ao nosso questionário não tiveram nenhuma
disciplina e muito menos conteúdos ligados às NEE’s.
O facto de nesta escola, existirem professores que nunca estudaram as NEE’s pode fazer com
que não saibam usar vários procedimentos didáctico – metodológicos para a leccionação e
acompanhamento de alunos com NEE auditivas na sala de aulas, bem como incentivar a
colaboração dos pais e/ou encarregados de educação no PEA dos seus educandos, com intuito
de alavancar o seu rendimento pedagógico. Tal como diz CARNEIRO, et al (2005:41), se o
professor tivesse uma formação em matéria das NEE’s poderia actuar directamente como
mediador da relação entre o aluno e os conhecimentos, ou através do sentido que o professor
lhe atribui. Na segunda possibilidade, o professor actua ria como mediador do processo tanto
na sala de aulas bem como na ligação escola – comunidade. Mas sem a devida formação, este
não será capaz de satisfazer estes segmentos durante a leccionação de aulas.
O gráfico abaixo ilustra a formação inicial dos professores e m matéria do acompanhamento
escolar dos alunos:
Gráfico 1: Formação em conteúdos ligados ao acompanhamento escolar
Na sua formação psicopedagogica teve oportunidade de
frequentar conteúdos ligados ao acompanhamento escolar?
50%
50%

Não Sim

Fonte: autora da pesquisa


37

Com base no gráfico acima, fica evidente que metade de professores que leccionam a 5ª
classe, durante a sua formação não teve nenhum conteúdo ou disciplina relacionados às
NEE’s. Também ficou claro nas respostas deles que não estão providos de mecanismos de
acompanhamento escolar dos encarregados de educação e sua influência no rendimento
pedagógico dos seus educandos.

3.3. Concepção de NEE na escola e existência de alunos com NEE


Na Escola Primária do 1º e 2º Graus de Madovela há 16 casos identificados de alunos com
NEE em todas as turmas de 5ª classe de naturezas diversificadas. Os casos mais frequentes,
são de dificuldades auditivas, com 8 casos mas também existem casos de 3 alunos epilépticos,
tem diferentes manifestações onde, alguns deles repentinamente apresentam convulsões,
“tiques” de arremesso e de vezes enquanto caiem no decurso das aulas ou quando forem
assustados ou berrados. Há também 4 casos de alunos com dificuldades físicas e outros
embora em pequenas escalas e 1 caso de aluno com problemas visuais, tal como mostra a
tabela abaixo:

Tabela 5: Tipos de NEE identificadas


Tipo de NEE Frequência Percentagem
NEE Auditivas 8 50%
NEE epilépticos 3 18.7%
NEE físicas / motoras 4 25%
NEE visuais 1 6.3%
Total 16 100%
Fonte: autora da pesquisa

Portanto, nesta pesquisa as entrevistas foram direccionadas aos alunos com NEEA onde em
princípio procurou-se saber se na escola tem se falado acerca das NEE’s. Como resposta,
todos os alunos da 5ª classe envolvidos da amostra responderam que nunca ouviram falar de
NEE na escola, quer dizer, 100% deles não sabem o que são NEE, facto que pode enfraquecer
a relação entre estes e ou ditos normais.
Seguidamente a pesquisadora questionou aos professores se tinham ouvido falar de NEEA’s
ou não, onde três (3) responderam que sim sabem. Definiram as NEEA’s como sendo a
diminuição da capacidade de percepção normal dos sons. Portanto, a definição trazida pelos
professores em relação NEEA coaduna com a de BRASIL (1997: 31), segundo a qual
38

deficiência auditiva é a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo


considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente
surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.
Com as respostas dadas pelos professores, conjugadas com a definição do autor supracitado,
percebe-se que eles sabem distinguir as NEE’s Auditivas severas das permanentes. Nesta
pesquisa porém, o foco foi nas NEE’s Auditivas parciais, ou seja, as que se referem à
diminuição de percepção normal de sons, mas que a audição é funcional na vida comum. Esta
opção resultou do facto de na escola onde se fez a pesquisa não existirem casos de NEEA
definitivas/permanentes.
Um (1) professor ficou indiferente quanto a esta questão, tal como ilustra o gráfico abaixo:

Gráfico 2: Concepção dos professores sobre a deficiência auditiva


Pergunta: Ja ouviu falar de dificiencia auditiva ?

Indiferente
25%
Sim
75%

Fonte: autora da pesquisa

Ora, os dados do gráfico acima mostram que 75% dos professores sabem das dificuldades
auditivas e julga-se que com este conhecimento, eles poderão ser capazes de trabalhar com
situações empiricamente já conhecidas. 25% correspondente a um (1) professor mostrou-se
incapaz de responder à pergunta, o que mostra em parte a ausência de conteúdos ligados a este
fenómeno.

Portanto, a presença de muitos professores na escola com conhecimento sobre as NEEA’s é


fundamental porque estes são os actores principais do PEA, principalmente no que diz
respeito à leccionação de aulas e à interacção. Tal como sustenta BOATO (1996:45):

o professor deve ainda ser crítico e autocrítico, percebendo as limitações suas e de seus
alunos, responsável, intuitivo e acima disso, ousado, não temendo mudanças internas ou
externas e não permitindo que seus medos e limitações se tornem nos med os e limitações de
seus alunos.
Como autora deste trabalho, entende-se que só é possível vencer as limitações ligadas às
diferentes NEE’s na escola em causa, se o professor tiver conhecimento do que são as
39

NEEA’s, porque desse conhecimento resultará também o domínio sobre as técnicas e


procedimentos para poder interagir com os alunos que apresentam tais dificuldades.

3.4. Acompanhamento escolar de alunos com NEE auditivas na Escola Primária do 1º e


2º grau de Madovela
Antes da análise de formas de acompanhamento levados a cabo pelos pais e/ou encarregados
de educação dos alunos, começamos pelo acompanhamento escolar por parte da escola. A
prior perguntou-se aos membros de direcção da escola se alguma vez ouviram falar de
acompanhamento pedagógico dos alunos, onde todos responderam que sim e que se tratava de
um “conjunto de estratégias de intervenção que ajuda o aluno para superar os problemas de
aprendizagem”. A resposta da direcção da escola sobre o acompanhamento pedagógico dos
alunos mostra que os membros da direcção estão informados e têm domínio acerca desta
matéria. Recorrendo a BRANDÃO (1982:52), ele sustenta que o acompanhamento escolar é
uma excelente estratégia de orientação e de ensino que tem como objectivo maximizar o
aproveitamento do aluno na escola, facilitando o processo de organização, de aprendizagem e
de concentração, além de despertar o prazer em aprender. E segundo SILVA (2012:12), no
acompanhamento escolar desenvolve-se actividades específicas para cada exigência,
avaliações periódicas, planeamento de rotinas, estratégias de estudo, reunião com os
familiares, além de auxílio pedagógico em adaptações curriculares, caso seja necessário.
Com esta resposta, os dois (2) membros de direcção têm conhecimento sobre
acompanhamento escolar o que significa que 100% da direcção está informada acerca deste
fenómeno pedagógico enquanto factor determinante para que tanto os professores assim como
os encarregados de educação sejam envolvidos para a melhoria de aproveitamento de alunos
com NEE auditivas.

3.5. Acompanhamento escolar por parte da escola


Indo directamente às formas, metodologias e estratégias levados a cabo pela escola,
questionou-se à direcção se a escola tem feito o acompanhamento pedagógico aos alunos
portadores de deficiência auditiva ou não. Desta pergunta o DAE respondeu que:
quando chega o princípio do ano lectivo fazemos o levantamento estatístico onde preenche -se o mapa
de alunos com diferentes problemas de aprendizagem. A estratégia é, cada director de turma procurar
saber dos seus alunos, o tipo de NEE que eles têm e cada aluno de acordo com as categorias
mencionadas vai levantado a mão e posteriormente faz-se a contagem1

1
Entrevista com DAE /2020
40

Esta, de acordo com o DAE é a estratégia mais usada na escola para identificação de alunos
com NEE e ainda mais, o director da escola avançou que como estratégias “temos orientado
aos professores para ter muita calma com os alunos com problemas de aprendizagem e não
só aos alunos com NEE auditivas”; orienta-se aos professores a interagirem sempre que
possível com os respectivos encarregados de educação para melhor acompanhamento de
situação pedagógica de seus educandos.
Em relação ao mesmo assunto, os professores foram questionados de que forma identificam
casos de NEEA’s na sala de aulas? onde para esta dois (2) realçaram que para além de os
alunos por si mesmos se apontarem como problemáticos, também há que identificar no acto
da leccionação os que sempre fazem perguntas de não ter percebido alguma coisa. Dois (2)
professores nada responderam com relação a este assunto. Entretanto, 50% de professores da
escola, tem fraco domínio das estratégias de identificação dos alunos com problemas
auditivos que se caracterizam por (fraca capacidade de integração nos grupos de trabalhos,
fraca interacção com professor e outros alunos, a não realização de exercícios por não ter
percebido as orientações do professor, perguntas frequentes durante a aula, isolamento com os
colegas e outras.) e quanto aos outros 50% mostraram-se indiferentes neste assunto.
No entender da autora desta pesquisa, a existência de professores com problemas de
identificação de alunos com NEE auditivas dificulta em parte o processo de acompanhamento
escolar porque enquanto estes não forem capazes de identifica- los, não saberão dar o devido
acompanhamento aos alunos que necessitam, pondo em causa o seu rendimento pedagógico.

3.6. Dificuldades enfrentadas pelos professores no acompanhame nto escolar de alunos


com NEE auditivas
Em relação às dificuldades enfrentadas pelos professores no acompanhamento de alunos com
NEE auditivas colocou-se a questão que procurava saber se tem enfrentado algumas
dificuldades nas suas aulas com alunos portadores de NEE Auditivas, onde 3 (75%)
afirmaram terem na identificação de alunos com NEE auditivas; todos os 4 (100%), têm
dificuldades na elaboração de material didáctico para atendimento de alunos com NEE como
também dificuldades na operacionalização deste material, tal como na escolha de métodos, o
que leva a um atendimento defeituoso de crianças com NEE auditivas”.
41

Tabela 6: Dificuldades encaradas pelos professores no Ensino de alunos com DA


Categoria Frequência Percentagem
Dificuldades identificação de alunos com NEE 2 50%
Dificuldades na elaboração e escolha de material didáctico 4 100%
Dificuldades múltiplas 4 100%

Fonte: autora da pesquisa

Portanto, como se pode ver na tabela acima quase todos os professores apresentam
dificuldades de identificação dos alunos com DA, exceptuando dois que afirmaram não terem
tais dificuldades, o que para a pesquisadora fragiliza o preconizado pelo MINED (2006), que
reafirma que para o desenvolvimento do homem, “o ensino primário deverá também oferecer
oportunidades de aprendizagem àqueles que tenham NEE através da implementação de
políticas já desenvolvidas na estratégia do Ministério da Educação e Cultura para uma
educação inclusiva para todas as crianças”.
Fazendo ligação às dificuldades encaradas pelos professores durante a mediação de aulas e
acompanhamento escolar de alunos, perguntou-se aos alunos com N EE auditivas onde se
sentavam na sala de aulas, onde dois (2) deles disseram que sentavam na carteira de frente de
acordo com orientação dos seus professores, um (1) disse que sentava-se ao meio e outro
disse que sentava na última carteira de trás.
Face à esta questão, a pesquisadora perguntou aos alunos com NEE auditivas se conseguiam
ouvir o que o professor fala durante a aula? O mesmo número de quatro (4) respondeu que
sim ouvem o que os professores falam porque se sentam na carteira de frente, dois (2)
disseram que não ouvem e outros dois (2) não responderam a esta questão, tal como ilustra a
tabela abaixo:

Tabela 7: Acompanhamento em sala de aulas


Consegue ouvir o que o professor fala na sala?
Sim 4 50%
Nem sempre 2 25%
Indiferente 2 25%
Total 8 100%
Fonte: autora da pesquisa
42

Os dados da tabela acima mostram que 50% de alunos com NEE auditivas tem ouvido e
percebido o que o professor fala na sala de aulas. Em contrapartida, 2 alunos correspondentes
a 25% afirmam que nem sempre tem ouvido o que o professor fala e outro 25% ficaram
indiferentes. Com a informação supra, mais do que a metade dos alunos com NEE auditivos
percepcionam o que o professor fala durante a leccionação e dois alunos precisam de mais
trabalho de professores porque nem percebem tudo. O que quer dizer que, os professores
devem adoptar mais técnicas e metodologias para aproximar a percepção dos alunos que ainda
demonstram dificuldades.
Mais adiante, os alunos afirmaram que têm enfrentado algumas d ificuldades em salas de aulas
embora os professores têm feito um acompanhamento individual durante as aulas mas, “há
dias que não têm muita paciência e acabam não repetindo quando não compreendemos
algo”. Quatro (4) alunos disseram que os professores dão um bom acompanhamento na sala,
aproximam-se nas nossas carteiras e fazem verificação dos cadernos e controlam quase
sempre o TPC. Este dado é fundamental e positivo porque os depoimentos dos alunos fazem
apreciação positiva da interacção dos professores com seus alunos o que pode influenciar no
bom acompanhamento dos seus encarregados de educação.
De mesmo modo, a direcção como já se havia referenciado afirmou que não existe uma
actividade concreta em curso para munir professores de estratégias para o acompanhamento
de alunos com NEE auditivas mas, os professores têm usado as estratégias mais comum de no
caso de identificar os alunos, aproxima- los a ele em todas as ocasiões, controlar quase sempre
os seus trabalhos, pautando pela interacção com os encarregados de educação embora poucos
colaborem. Estas e outras metodologias de acordo com a direcção da escola e professores
acabam influenciando positivamente no aproveitamento porque ajudam a superar os
principais problemas que os alunos com NEE auditivas enfrentam e com as mesmas
conseguem melhorar a compreensão de conteúdos vistos como difíceis.

3.7. Acompanhamento escolar dos encarregados de educação e sua influência no


aproveitamento escolar dos alunos com NEE auditivas na EP 1 e 2 de Madovela
Para se aferir o nível de dificuldades e de gravidade de problemas que os alunos possuem,
entrevistou-se aos encarregados de educação “há quanto tempo que o seu educando é
portador de deficiência auditiva”. Desta pergunta dois (2) encarregados de educação
referirem que descobriram este problema na tenra idade quando a criança começa va a
perceber os movimentos sonoros e viram que seus filhos tinham dificuldades de percepção
tendo encaminhando-os ao hospital mas não deu efeitos positivos.
43

Três (3) encarregados de educação disseram que perceberam-se dos problemas de seus
educandos aos quatro (4), cinco (5) e seis (6) anos respectivamente. Um (1) encarregado
afirmou que o seu filho estava bom até na 3ª classe teve uma doença prolongada onde com o
melhoramento da doença ficou com problemas de audição. E por fim dois (2) encarregados de
educação responderam que não sabiam exactamente o momento em que a doença começou a
manifestar nas crianças uma vez que não são seus filhos directos, e disse uma encarregada:
eu não sei quando é que ele começou a se manifestar dessa maneira porque é filha de minha falecida
irmã e ela nunca me tinha falado disso. E quando começou a viver comigo também não foi fácil
descobri. Só quando o professor me solicitou na escola e me falou do problema e comecei a controlar
percebi que era sério, daí que comecei a saber como lidar com ela e está indo tudo bem2 .

E com estes depoimentos de encarregados de educação, procurou-se de seguida perceber dos


mesmos se os seus educandos enfrentavam ou não problemas de aprendizagem, onde três (3)
responderam positivamente, três (3) disseram que não sabiam se os seus educandos têm
problemas ou não e dois (2) não responderam esta questão, tal como ilustra a tabela abaixo:

Tabela 8: Apreciação dos encarregados de educação sobre dificuldades de seus educandos


O seu educando enfrenta dificuldades de aprendizagem?
Sim 3 37.5%
Não sei 3 37.5%

Indiferente 2 25%
Total 8 100%
Fonte: autora da pesquisa

Portanto, como se pode constatar somente 37,5% dos encarregados de educação tem
informação acerca das dificuldades que os seus educandos enfrentam na aprendizagem, o que
mostra que há possibilidades desses alunos terem melhorias na aprendizagem porque os seus
encarregados têm noção do que se passa com eles. Entretanto, o restante os seus encarregados
nada sabem acerca das suas dificuldades de aprendizagem, o que significa que estes alunos
têm maior possibilidades de baixo aproveitamento pedagógico uma vez que os seus pais
podem não dar o devido acompanhamento pelo facto de não conhecerem as reais dificuldades
de seus educandos.

2
Entrevista com encarregado de educação / 2020
44

De seguida perguntou-se aos mesmos encarregados que reconhecem os problemas de


aprendizagem dos seus educandos, o que é que têm feito para superação de tais dificuldades.
Os três (3) correspondentes a 37.5% responderam que fazendo acompanhamento da sua
aprendizagem em casa e junto dos professores e que os restantes cinco (5) correspondentes a
62.5% demonstram fraqueza no acompanhamento escolar de seus educandos ao responderem
que não têm participado em actividades escolares quando lhes são solicitados por várias
razões tais como: falta de tempo por causa de actividades domésticas, alguns por conta das
“machambas”, a ainda mais por falta de conhecimento de importância de escola para criança.
Esta informação coincide com a dos professores ao serem colocados a questão sobre o
acompanhamento dos alunos por parte de encarregados de educação, onde dos quatro (4)
professores da pesquisa 1= (25%) respondeu que os pais têm feito acompanhamento e 3 =
(75%) disseram que não.
O mesmo número quando questionado se os pais e /ou encarregados de educação aparecem
na escola quando solicitados? Três (3) disseram que estes não aparecem ou se aparecem é de
vez em quando e um disse que sim os encarregados aparecem sempre que possível, tal como
se nota no gráfico abaixo:

Gráfico 3: Apreciação de professores sobre carregados de educação


os pais e / ou encarregados de educacao aparecem na escola
quando solicitados?

25%
75%

Não Sim

Fonte: autora da pesquisa


Para sustentar os dados apresentados no gráfico, quanto ao envolvimento de encarregados de
educação na escola dos seus educandos, quando lançada a pergunta aos membros da direcção
da escola, também disseram que poucos é que se preocupam com os seus filhos a maioria não
se dá tempo para juntos com a escola procurar estratégias de melhorias mas deixam tudo para
o professor e a escola, o que pode enfraquecer a aprendizagem do aluno tal como afirma
SCOZ (1994:71), que quando os pais se mostram ausentes da escola ou mesmo quando a
criança possui um vínculo familiar negativo, esta poderá ter a sua auto-estima prejudicada,
apresentando possivelmente alguns distúrbios de aprendizagem. De acordo com o mesmo
autor, “a influência familiar é decisiva na aprendizagem dos alunos. No entanto, nem sempre
45

a família dá o apoio que precisa para o desenvolvimento da criança. Relações negativas


podem gerar sérias dificuldades nas crianças no decorrer do seu processo escolar, levando
assim esses problemas também na vida adulta”
Indo mais ao fundo da pesquisa, perguntou-se aos alunos acerca da disponibilidade de tempo
em casa e de material necessário por parte dos encarregados de educação que ajudem os
alunos ultrapassarem dificuldades na aquisição de conhecimento. Sobre esta questão todos os
oito (8) alunos correspondentes a 100% responderam que não dispõem de aparelho de
ampliação de som e para além do material recebido na escola, cadernos normais e
esferográficas não recebem outro tipo de material com os seus encarregados. Em
contrapartida, destes alunos três (3) correspondentes a 37.5% afirmaram que os seus
encarregados de educação têm disponibilizado tempo em casa para ajudar na compreensão de
matéria, ajudam a ultrapassar dificuldades de seus educandos em detrimento de cinco (5)
alunos (62.5%) que afirmam ausência de apoio de seus encarregados de educação em casa.
Portanto, a indisponibilidade dos encarregados de educação no acompanhamento escolar de
seus educandos em casa pode influenciar negativamente no aproveitamento pedagógico
destes, uma vez que o PEA não é uma actividade exclusiva da escola e de professores.

3.8. Importância de acompanhame nto escolar no aproveitamento pedagógico dos alunos


com NEE auditivas na EP 1º e 2º de Madovela
MATTOS (2003:57), adverte que acompanhamento Pedagógico é uma estratégia de
intervenção que auxilia alunos com exigências específicas no âmbito da aprendizagem.
Mediante um planeamento individualizado, cada aluno conta com uma equipa de professores
especializados, que desenham um plano de acção pedagógico com o objectivo de identificar
as rotas de aprendizagem de cada um e, consequentemente, intervir para que os avanços
aconteçam.
Portanto, os membros da direcção da escola em estudo assim como os professores
reconhecem a importância do acompanhamento escolar dos alunos com problemas de NEE
auditivas por parte da escola assim como dos encarregados de educação como factor para
melhoria de rendimento pedagógico dos alunos. Chegou-se a esta conclusão, porque com a
observação e assistência das aulas, foi notório que as metodologias que têm sido levadas a
cabo pelos professores têm efeitos positivos e também os alunos cujos encarregados de
educação participam nas suas actividades escolares têm logrado resultados positivos no PEA.
É nesta vertente que com esforço levado a cabo pelos professores na sala de aulas, os alunos
46

com NEE auditivas tendem a melhorar os seus resultados principalmente aqueles que os seus
encarregados também dão apoio em casa. Portanto, de acordo com a direcção da escola, dos
oito (8) alunos envolvidos, três (3) têm logrados bons e surpreendentes sucessos escolares
mas salientar que têm ajuda de seus familiares em casa, dois (2) vem reprovando nas classes
anteriores e três (3) têm oscilado. (Vide anexo I )
No que diz respeito ao aproveitamento pedagógico dos alunos com problemas auditivos em
detrimento dos sem NEE, constatamos que os alunos com o fraco acompanhamento escolar
por parte dos seus encarregados de educação têm um aproveitamento pedagógico
relativamente inferior quanto ao dos alunos considerados normais, tal como ilustra a tabela
abaixo:

Tabela 9: Aproveitamento pedagógico


Categorias Positivo % Negativo %
Alunos com NEE (DA) 4 50 4 50
Alunos sem NEE 7 87.5 1 12.5
Fonte: autora da pesquisa a partir da pauta fornecida na escola

Portanto, os dados acima sustentam o facto de os alunos com problemas auditivos


apresentarem resultados relativamente negativos em comparação com os não portadores de
NEE. De acordo com a direcção pedagógica, dos 8 alunos com NEE (distúrbios auditivos)
colheram resultados positivos 4 correspondentes a 50%, sendo que 4 destes tiveram
aproveitamento pedagógico negativo; e comparativamente com 8 sem NEE tiveram resultados
positivos 7 alunos, o que corresponde a uma percentagem de 87.5%, e 1 destes com
aproveitamento negativo que correspondente a 12.5%. Estes dados mostram de certo modo
que a ausência de acompanhamento escolar influencia negativamente no resultado do aluno
com problemas de aprendizagem.
47

Conclusão
Com o desenrolar da pesquisa que tinha como enfoque analisar a influência do
acompanhamento escolar dos encarregados de educação no rendimento pedagógico dos
alunos com NEE Auditivas na Escola Primária do 1º e 2º graus de Madovela, os resultados
desta investigação fizeram saber que existem dificuldades no seio dos professores para lidar
com situações pedagógicas e didácticas inerentes ao atendimento de alunos com NEE
Auditivos. Estes problemas estão ligados à falta de colaboração dos pais e/ou encarregados de
educação no acompanhamento e disponibilidade de tempo e materiais para seus educandos.
Com a pesquisa concluiu-se que a dificuldade que os professores encaram tem a ver com
identificação de alunos com NEE auditivas o que lhes leva a não produção de materiais
didácticos para esta modalidade de ensino assim como o uso dos mesmos materiais e escolha
de métodos de ensino.
Portanto os nossos informantes reconhecem a importância de acompanhamento escolar dos
alunos uma vez que os membros da direcção da escola em estudo assim como os professores
reconhecem a importância do acompanhamento escolar dos alunos com problemas de NEE
auditivas por parte da escola assim como dos encarregados de educação como factor para
melhoria de rendimento pedagógico dos alunos. É nesta vertente que como esforço levado a
cabo pelos professores na sala de aulas os alunos com NEE auditivas têm de melhorar os seus
resultados principalmente aqueles que os seus encarregados também dão apoio em casa
adquirem por vezes classificação que supera os normais
Percebe-se com a pesquisa que os encarregados de educação pouco se fazem a escola quando
solicitados para juntos com os professores analisarem a situação escolar de seus educandos no
sentido de colmatar em conjunto os problemas de aprendizagem apresentados pelos alunos.
Durante a investigação foi confirmada a primeira hipóteses que diziam: um bom
acompanhamento escolar pode influenciar no rendimento pedagógico na medida em que ajuda
a superar os principais problemas que os alunos com NEE auditivas enfrentam na sua
aprendizagem e conseguem melhorar a compreensão de conteúdos vistos como difíceis. Esta
hipótese foi confirmada graças aos dados colhidos no campo sendo que, os membros de
direcção (100%) disseram que os professores têm usado as estratégias mais comum de no
caso de identificar os alunos, aproxima- los a ele em todas as ocasiões, controlar quase sempre
os trabalhos destes alunos, a interacção com os encarregados de educação embora são poucos
que colaboram. Estas e outras metodologias de acordo com a direcção da escola e cinco (5)
professores correspondentes a 62.5% dizem que usam as estratégias ora referidas pelos
membros directivos e que de certo modo estas metodologias acabam influenciando
48

positivamente no aproveitamento porque ajudam a superar os principais problemas que os


alunos com NEE auditivas enfrentam e com as mesmas conseguem melhorar a compreensão
de conteúdos vistos como difíceis.
Por outro lado, não foi confirmada a segunda hipótese que dizia: um bom acompanhamento
escolar tem influência no aproveitamento pedagógico dos alunos se os pais e/ ou encarregados
de educação se reservarem um pouco de seu tempo para ajudar os seus educandos na
resolução dos seus trabalhos escolares como forma de incentivar o gosto pela aprendizagem.
Esta hipótese não foi confirmada porque todos os oito (8) alunos correspondentes a 100%
alunos da amostra responderam que não dispõem de aparelho de ampliação de som e para
além do material recebido na escola, cadernos normais e esferográficas não recebem outro
tipo de material com os seus encarregados. E somente três (3) alunos correspondentes a
37.5% afirmaram que os seus encarregados de educação têm disponibilizado tempo em casa
para ajudar na compreensão de matéria, ajudam a ultrapassar dificuldades de seus educandos
em detrimento de cinco (5) alunos (62.5%) que afirmam ausência de apoio de seus
encarregados de educação em casa.
Portanto, com a realização desta pesquisa foi capaz de a pesquisadora concluir que o
acompanhamento escolar dos alunos por parte de seus encarregados de educação é um
elemento de extrema importância porque estes conseguem superar as suas dificuldades de
aprendizagem com apoio de seus pais.

Sugestões
Da análise dos dados obtidos sobressai consenso quanto aos problemas de acompanhamento
escolar dos alunos com NEE auditivas por parte de encarregados de educação, deixamos as
seguintes sugestões:
 À direcção da escola que sensibilize, junto do presidente do conselho da escola, os
encarregados da educação para se envolverem mais na vida estudantil de seus educandos;
 Que a escola procure promover jornadas pedagógicas como forma de adoptar os
professores com metodologias e estratégias para acompanhamento de alunos com problemas
de aprendizagem.
 Aos pais e /ou encarregados de educação de alunos com problemas de aprendizagem,
que tentem na medida do possível dar acompanhamento de aprendizagem de seus educandos
como forma de superar os seus problemas;
49

 Aos professores, que procurem ao máximo adoptar as técnicas, metodologias e


estratégias recomendadas para identificação e acompanhamento de alunos com NEEA’s em
todo o PEA;
 Aos alunos, que tentem ao máximo se aproximar aos colegas identificados como
portadores de NEE auditivas para que estes não se sintam excluídos em todas actividades
educativas.
50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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escolarização. São Paulo: Batatais, 2015
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Instituto do Desenvolvimento da Educação - Maputo: Elográfico, 2004
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46. VALENTINI, C. B. As novas tecnologias da informação e a educação de surdos. Porto
Alegre: Mediação, 1999
53

APÊNDICES
54

Apêndice n° 1: Guião de Entrevista para a Direcção da Escola.


Esta entrevista é dirigida aos membros da direcção da escola, com o objectivo de recolher
dados que possam ajudar na elaboração de trabalho final de culminação do curso para
obtenção do grau de Licenciatura em Ensino Básico na Universidade Save – Extensão da
Maxixe, com o tema: “ a influência de acompanhame nto escolar dos encarregados de
educação no aproveitame nto pedagógico dos alunos com NEE auditivas” devendo
responder de acordo com o tipo de pergunta, garantindo-se desta forma a confidencialidade
das informações fornecidas bem como o anonimato dos entrevistados.

Agradecemos a vossa colaboração.

1. Há quantos anos desempenha a função de dirigente desta escola?

1.1 Tem formação psicopedagógica? Se sim, em que área e/ou regime?

2. Todos os professores têm formação psicopedagógica?

3. Existem casos identificados de alunos com NEE nesta escola?

3.1 Se sim, quais os mais frequentes?

4. Alguma vez já ouviu falar de acompanhamento pedagógico dos alunos?

4.1 Se sim, o que será?

5. A escola tem feito o acompanhamento pedagógico aos alunos portadores de deficiência


auditiva?

5.1 Se sim, de que forma?

5.2 Se não, porquê?

6. Que estratégias pedagógicas a EP 1ºe 2º Graus de Madovela orienta aos professores, para
que estes possam garantir uma educação eficaz aos alunos portadores de deficiência auditiva?

7. Qual é o aproveitamento pedagógico dos alunos portadores de deficiência Auditiva, da


EP1/2 graus de Madovela ano de 2018-2019?

8. O acompanhamento pedagógico dos pais e /ou encarregados de educação influencia no


aproveitamento dos alunos com NEE auditivas? Justifique a resposta.

9. Que comparação faz do aproveitamento dos alunos portadores de NEE auditivas sem
acompanhamento e com os que têm acompanhamento escolar dos seus encarregados?

Muito obrigada!
55

Apêndice 2: Guia de entrevista para os encarregados de educação

Esta entrevista é dirigida aos pais e /ou encarregados de educação, com o objectivo de
recolher dados que possam ajudar na elaboração de trabalho final de culminação do curso
para obtenção do grau de Licenciatura em Ensino Básico na Universidade Save – Extensão da
Maxixe com o tema: : “a influência de acompanhame nto escolar dos encarregados de
educação no aproveitamento pedagógico dos alunos com NEE auditivas”, garantindo-se
desta forma a confidencialidade das informações fornecidas bem como o anonimato dos
entrevistados.

Agradecemos a vossa colaboração.

1. Há quanto tempo o seu educando é portador de deficiência auditiva?

2. O seu educando enfrenta dificuldades de aprendizagem? Se sim, de que tipo?

3. O que é que tem feito e como tem feito para superar tais dificuldades?

4. Tem acompanhado o PEA do seu educando? Se sim, de que forma? Se não, porquê?

6. Tem participado nas actividades escolares quando lhe é solicitado na escola? Se sim,
porquê e para quê? Se não, porquê?

7. Tem partilhado as dificuldades do seu educando com o seu professor? Se sim, porquê e
para quê? Se não, porquê?

8. Costuma disponibilizar material necessário para superação de dificuldades do seu


educando? Se sim, que tipo de material? E em que medida ajuda a suprir o problema? Se não,
porquê?

9. Qual é o aproveitamento escolar do seu educando?

11. Será que o acompanhamento ou não, influencia no bom rendimento dos alunos com
deficiência auditiva? Justifique.
56

Apêndice 3: Entrevista dirigida aos alunos

Caro aluno (a)

A presente Entrevista tem em vista a obter informações sobre a influência de


acompanhamento escolar por parte de encarregados de educação de alunos com distúrbios
auditivos nesta escola, fora e dentro de salas de aula e que pretendemos com o mesmo,
colher informações que facilitarão no término do trabalho final do curso de Licenciatura em
Ensino Básico na Universidade Save – Extensão da Maxixe, com o tema: ,“a influencia de
acompanhamento escolar dos encarregados de educação no aproveitamento pedagógico
dos alunos com NEE auditivas”, garantindo-se desta forma a confidencialidade das
informações fornecidas bem como o anonimato dos entrevistados.

1. Em que ano você entrou na escola?


2. Na sua escola fala-se de NEE?
3. Na sala de aulas onde você fica sentado?
4. Consegue ouvir quando o professor fala?
5. O que você tem feito caso não tenha entendido a matéria na sala de aulas?
6. Tem usado aparelho de ampliar som quando o professor estiver a falar?
7. Que dificuldades enfrenta na sala de aulas?
8. O professor tem feito um acompanhamento individual durante as aulas? Se sim, como? Se
não, porquê?
9. O seu encarregado de educação tem ido na sua escola? Se sim, de quanto em quanto
tempo? Quando?
10. O seu encarregado de educação disponibiliza material necessária para melhorar a sua
aprendizagem?
11. O seu pai e /ou encarregado de educação ajuda na compreensão de matéria e na resolução
de TPC?
12. Com a ajuda que o seu pai e /ou encarregado de educação faz tem melhorado o seu
rendimento?
57

Apêndice 4: Questionário dirigido aos Professores

Exmo. Senhor (a) professor (a)

O presente questionário, tem objectivo de auxiliar na obtenção de dados que facilitarão na


elaboração do trabalho de culminação do curso para a obtenção do grau de Licenciatura com
o tema: “A Influencia de Acompanhamento escolar dos encarregados de educação no
aproveitamento pedagógico dos alunos com NEE auditivas”. Devendo colocar X ou
responder de acordo com o tipo de pergunta, garantindo-se desta forma a confidencialidade
das informações fornecidas bem como o anonimato dos inqueridos.

Coloca (X) em cada pergunta na alternativa que corresponde à sua realidade. E responde onde
for necessário.
1. Tem formação psicopedagógica?
Sim _____ Não ____
2. Na sua formação psicopedagógica teve oportunidades de frequentar algum módulo ligado
aos conteúdos de acompanhamento escolar de alunos com NEE auditivas?
Sim ______Não ________
4. Já ouviu falar de deficiência auditiva? O que é?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4.1. Como identificar casos de distúrbios auditivos na sala?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5. Tem enfrentado algumas dificuldades nas suas aulas com alunos portadores de NEE
Auditivas?
Sim____Quais?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Não ____ Porque?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
58

6. Que estratégias o professor tem utilizado para facilitar a aprendizagem dos alunos com
deficiência auditiva?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
7. Qual é a Importância do acompanhamento escolar para alunos com NEE Auditivas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8. Os pais e /ou encarregados de educação fazem acompanhamento de aprendizagem de seus
educandos? SIM ___ NÃO ___
9. Os pais e /ou encarregados de educação aparecem na escola quando solicitados?

Sim ___ Não ___. Se não porquê? _______________________________________________

__________________________________________________________________________

10. Será que o acompanhamento escolar influência no rendimento escolar dos alunos com
NEE Auditivas? SIM ____ NÃO ____
Se sim, de que formas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. Como classifica o aproveitamento pedagógico dos alunos com NEE?
Mau_____ Medíocre _______ suficiente______ Bom ____ Muito Bom_____. A que se deve?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. Apresenta o seu comentário sobre a influência de acompanhamento escolar por parte de
encarregados de educação na melhoria de rendimento dos alunos com NEE auditivas.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Muito obrigada!
59

ANEXOS

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