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Ninguém achou que seria fácil, mas a gente não imaginava que se tornaria tão difícil. A
gaúcha Soraya Chara, assim como todo mundo que pode ficar em casa e tem juízo,
mergulhou no recolhimento domiciliar. Autônoma, a coordenadora de ensaios
fotográficos sempre trabalhou muito em sua residência, numa vila paulistana de onde se
vê o pôr do sol. Soraya cortou despesas e elaborou uma nova rotina. Hoje, porém, com
mais de dois meses de isolamento social, seu estado de humor é outro. A produtora tem
experimentado dificuldade para se concentrar, sono intermitente e crises de ansiedade.
Tarefas antes simples, como ler um livro, tornaram-se um exercício complicado.
— No início, havia mais trabalho, e estava me sentindo melhor. Fiz uma revisão na
vida, percebi que posso me desfazer de muita coisa. Conseguia ler, relaxar. Mas, de uns
dias para cá, a ansiedade chegou com força. Comecei a tremer sem saber o motivo —
relata Soraya, que busca equilíbrio com aulas de meditação e ioga, por meio do
aplicativo Zoom. — Ajuda a controlar a tensão. Mas é difícil. Todos os planos foram
por água abaixo, não há previsão de nada. Tem gente querendo voltar a fazer ensaios
fotográficos com equipe, como antes. Não pode! A epidemia está piorando, as pessoas
estão morrendo, e as crises provocadas pelo governo agravam tudo.
Diante de uma situação sobre a qual não temos controle nenhum, profissionais de saúde
mental recomendam atividades de autorregulação e autoconhecimento, como exercícios
aeróbicos, meditação e ioga, que nos ajudam a tomar as rédeas da respiração, reduzindo
a ansiedade e melhorando a capacidade de concentração. A professora de ioga Karina
Grecu vem ministrando, para um grupo fechado de 60 alunos no Zoom, sessões diárias
de meditação, às 7h30, e de ioga, às 20h.
Na internet ou nas redes, é fácil encontrar aulas de ioga e meditação que podemos
reproduzir em casa. Também há uma série de aplicativos, como Calm, Head Space e
Insight Timer, que oferecem técnicas de autorregulação formuladas por especialistas.
Em 2013, o psiquiatra Diogo Lara, então professor da PUC-RS, criou o Cingulo, hoje
um dos aplicativos de terapia guiada mais bem avaliados do mundo, com opções
gratuitas. Em janeiro, quatro mil pessoas acessavam o app diariamente. Durante a
pandemia, são 18 mil. Há uma ferramenta chamada SOS Coronavírus, com 13 técnicas
desenvolvidas para os desafios surgidos na crise.