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FARMÁCIA FITOTERÁPICA DOMÉSTICA

Lição 01 - A Importância da Farmácia Fitoterápica Doméstica

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SAÚDE COM AS PLANTAS MEDICINAIS
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IMPORTÂNCIA DA FARMÁCIA FITOTERÁPICA DOMÉSTICA

Uma parte considerável dos medicamentos farmacêuticos que se têm em casa (ou, pelo menos,
que se deveria ter), pode ser substituída por plantas medicinais nas suas mais variadas
apresentações: frescas, secas, na forma de pomadas, tinturas, cápsulas, etc.

É muito fácil organizar uma farmácia doméstica nestes moldes. Algumas poucas espécies atendem
muito satisfatoriamente às necessidades do dia-a-dia. Bastam apenas um pouco de informação e
alguma iniciativa. A recompensa, no entanto, nada deixa a desejar.

Podemos destacar como vantagens de se fazer uso de uma farmácia fitoterápica em casa:

 Diminuição dos gastos com medicamentos (as plantas e os fitoterápicos geralmente são
bem mais baratos)

 Eliminação ou redução dos efeitos danosos ou colaterais (que muitas vezes não vemos mas
que inúmeros medicamentos provocam no organismo)

 A satisfação de poder produzir o seu próprio remédio

Qualquer pessoa que queira poderá fazê-lo, a partir de algum conhecimento como este que está
sendo oferecido neste Curso, e desfrutar então das vantagens para a saúde, para o bolso e para a
alma.
É importante se ter em mente que uma farmácia fitoterápica doméstica visa, em especial, o
atendimento daquelas questões mais comuns e também mais corriqueiras na saúde da família. Os
casos que serão considerados, portanto, são aqueles nos quais, no âmbito da própria família, se
pode agir para minimizá-los ou resolve-los.
Muitos dos distúrbios que costumam aparecer com certa freqüência são resultantes de hábitos de
vida inadequados como, por exemplo, os hábitos alimentares, mas podem também ser resultantes
de situações de estresse, que por sua vez, da mesma forma, se originam em hábitos de vida
inadequados.
Assim, haveremos também de considerar a significativa importância da forma como nos
conduzimos ao longo dos dias: como dormimos, como nos alimentamos, como nos relacionamos,
etc. De pouco adiantaria, por exemplo,  tratarmos de um distúrbio digestivo e mantermos o
hábito de ingerir alimentos inadequados responsáveis pela indigestão apresentada.
Neste Curso estaremos aprendendo como tratar. Tão importante, porém, é repensarmos,
sobretudo, nosso comportamento, pois quase sempre é simplesmente ele o único responsável
pelos desequilíbrios.
Um grande abraço e até a próxima Lição!

AS OCORRÊNCIAS MAIS COMUNS


Como tivemos oportunidade de considerar na Lição anterior, uma quantidade significativa dos
distúrbios de saúde que comumente apresentamos é conseqüência do modo como conduzimos
nossas vidas ao longo dos dias. Assim, quando os hábitos alimentares não são adequados, por
exemplo, ou quando existe o hábito de ingerir quantidades insuficientes de água, podem surgir
constipação ("prisão de ventre"), diarréia, distúrbios hepáticos, cálculos renais ("pedras nos
rins"), afecções urinárias, cólicas abdominais,  intoxicações, entre outros.

Neste momento, talvez fosse adequado considerar o fato de que a maior parte das chamadas
"doenças da idade" ou "doenças da velhice" são, na verdade, distúrbios resultantes de uma vida
mal vivida, do ponto de vista da saúde. Isto significa que os cuidados que não tomamos ao longo
da vida são a matéria-prima para a constituição, mais tarde, dos males que iremos enfrentar na
velhice.

Por isso, insistimos, não deixe de considerar o seu modus vivendi, isto é, a maneira como Você
vive, como dorme, como se alimenta, quanto tempo passa sentado, os exercícios que faz (ou não
faz!).

Neste Curso estaremos considerando 34 ocorrências mais comuns e, para cada uma, as
respectivas plantas que podem ser utilizadas para o tratamento.

Acúmulo de líquidos

Afecções das vias respiratórias, Secreções pulmonares


Afecções urinárias
Amigdalite, Faringite
Anúria
Cálculos renais
Caspa
Colesterol elevado
Cólicas abdominais
Depressão
Desinfecção de feridas
Diarréias
Digestões difíceis
Distensões
Distúrbios hepáticos
Dores musculares
Dores-de-cabeça de origem gástrica
Eliminação de toxinas
Estados nervosos
Frieiras
Hemorróidas
Hipertensão
Histerismo
Limpeza de feridas
Mau-hálito
Olhos inchados
Pequenos cortes
Prisão de ventre
Resfriados
Reumatismos
Torcicolo
Tosses
Vistas cansadas

AS ESPÉCIES CONSIDERADAS

Preparando uma infusão ou aplicando uma compressa, a essência do tratamento reside nas
plantas que são empregadas.

É bastante comum a confusão que se faz, principalmente aqui no Brasil, com relação aos nomes
das plantas de uso medicinal. Não só pela riqueza de nossa flora mas, em especial, porque
existem várias plantas com o mesmo nome e, do mesmo modo, vários nomes para a mesma
planta, conforme a região de ocorrência.

Portanto, nunca faça uso de uma planta como remédio, sobretudo se for ingeri-la, sem ter certeza
de que de fato se trata da espécie recomendada.

Recomendamos que Você procure conhecer bem as plantas que poventura se decida incorporar à
sua farmácia fitoterápica doméstica. Pergunte, estude, questione, até ter certeza.

As espécies vegetais que utilizaremos nas recomendações deste Curso são as seguintes:

Alecrim - Rosmarinus officinalis


Alho - Allium sativum
Camomila - Matricaria recutita
Cavalinha - Equisetum arvense
Chapéu-de-couro - Equinodorus macrophyllus
Dente-de-leão - Taraxacum officinalis
Guaco - Mikania glomerata
Hortelã - Mentha sp.
Maçã - Prunus domestica

Maracujá - Passiflora incarnata


Melissa, Erva-cidreira - Melissa officinalis
Quebra-pedra - Phyllanthus niruri
Salsinha - Petroselinum hortense
Sálvia - Salvia officinalis
Tanchagem - Plantago major
Tomilho - Thimus officinalis
Urucu - Bixa orellana

O REPERTÓRIO FITOTERÁPICO DA FAMÍLIA

O Repertório Fitoterápico é o conjunto das espécies vegetais das quais se faz uso medicinal. Em
nosso Curso, estaremos definindo, para aquela série de distúrbios relacionados na Lição 02, quais
as plantas que poderão ser utilizadas para os respectivos tratamentos.

As plantas listadas anteriormente constituem o Repertório Fitoterápico da Família, isto é, as


espécies que serão sempre utilizadas, evitando-se experiências com outras plantas não
suficientemente conhecidas do usuário doméstico.

O Quadro I, a seguir, relaciona as espécies referidas e suas aplicações, a partir do qual serão
desenvolvidas as considerações pertinentes.
Quadro I - As Espécies e suas Aplicações

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO INDICAÇÃO


Dores musculares, torcicolo,
Alecrim Rosmarinus officinalis
distensões
Hipertensão, colesterol elevado
Alho
Allium sativum
Ameixa Prunus domestica Prisão de ventre
Cólicas abdominais, vistas cansadas,
Camomila Matricaria recutita
olhos inchados
Cavalinha Equisetum arvense Anúria, eliminação de toxinas
Acúmulo de líquidos, afecções
Chapéu-de-couro Equinodorus macrophyllus urinárias, eliminação de toxinas,
reumatismos
Acúmulo de líquidos, distúrbios
Dente-de-leão Taraxacum officinalis
hepáticos, eliminação de toxinas,
Guaco Mikania glomerata Secreções pulmonares, tosses
Dores-de-cabeça de origem gástrica,
Hortelã Mentha sp.
digestões difíceis
Maracujá Passiflora incarnata Depressão, estados nervosos
Depressão, digestões difíceis, estados
Melissa Melissa officinalis
nervosos, histerismo, resfriados
Quebra-pedra Phyllanthus niruri Cálculos renais
Salsinha Petroselinum hortense Pequenos cortes
Resfriados, mau-hálito, caspa,
Sálvia Salvia officinalis
desinfecção de feridas
Faringite, amigdalite, afecções das
Tanchagem Plantago major vias respiratórias, diarréias, lavagem
de feridas, hemorróidas
Tomilho Thimus officinalis Caspa, frieiras, desinfecção de feridas
Urucum Bixa orellana Colesterol elevado

Você deverá ler e reler este quadro, até familiarizar-se com as espécies e suas aplicações.
Recorde o que foi dito a respeito do conhecimento de cada espécie, e da importância de se
identificar e se confirmar que setrata da espécie considerada.

TERAPÊUTICA I

Acúmulo de Líquidos

 Chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus): decocção, por 5 minutos; 3 colheres-de-


sopa, de folhas picadas, para 1 litro de água; tomar ao longo do dia até antes do
anoitecer.
 Cavalinha (Equisetum arvense): decocção, por 10 minutos; 1 colher-de-sopa, de hastes
picadas, para 1 xícara de água; tomar 1 xícara, 3 vezes por dia.

 Dente-de-leão (Taraxacum officinale): maceração em água, por 1 noite; 1 colher-de-sopa,


para 1 xícara de água; levar à fervura na hora de usar; tomar ½ xícara, em jejum, pela
manhã e ½ xícara após o café da manhã.

Afecções das Vias Respiratórias


 Guaco (Mikania glomerata): infusão-xarope; 1 colher-de-sopa, de folhas secas picadas,
para ½ xícara de água; após esfriar, acrescentar ½ xícara de mel; tomar 1 colher-de-sopa,
a cada 2 horas.

 Capuchinha (Tropaeolum majus): infusão; 2 colheres-de-sopa, de folhas frescas picadas,


para 1 xícara de leite; tomar 1 xícara, 2 vezes por dia.

 Tanchagem (Plantago major): infusão; 2 colheres-de-sopa, de folhas picadas, para 1


xícara de água; fazer gargarejos, a cada 2 horas.

 Eucalipto (Eucalyptus globulus): inalação; 10 folhas frescas, picadas ao meio, para 1 litro
de água; fazer inalação, antes de recolher-se para dormir.

Afecções Urinárias
 Chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus): decocção, por 5 minutos; 3 colheres-de-
sopa, de folhas picadas, para 1 litro de água; tomar ao longo do dia até antes do
anoitecer.

 Cavalinha (Equisetum arvense): decocção, por 10 minutos; 1 colher-de-sopa, de hastes


picadas, para 1 xícara de água; tomar 1 xícara, 3 vezes por dia.

 Quebra-pedra (Phyllanthus niruri): infusão; 1 planta inteira, para 1 litro de água; tomar ao
longo do dia.

Amigdalite
 Tanchagem (Plantago major): infusão; 2 colheres-de-sopa, de folhas picadas, para 1
xícara de água; fazer gargarejos, a cada 2 horas.

Anúria (ausência de micção)


 Chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus): decocção, por 5 minutos; 3 colheres-de-
sopa, de folhas picadas, para 1 litro de água; tomar ao longo do dia até antes do
anoitecer.

TERAPÊUTICA III

Eliminação de Toxinas (tratamento depurativo)

 Chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus): decocção, por 5 minutos; 3 colheres-de-


sopa, de folhas picadas, para 1 litro de água; tomar ao longo do dia até antes do
anoitecer.
 Dente-de-leão (Taraxacum officinale): maceração em água, por 1 noite; 1 colher-de-sopa,
para 1 xícara de água; levar à fervura na hora de usar; tomar ½ xícara, em jejum, pela
manhã e ½ xícara após o café da manhã.

Estados Nervosos
 Maracujá (Passiflora incarnata): infusão; 1 colher-de-sopa, de folhas picadas, para 1 xícara
de água; tomar 1 xícara, 2 vezes por dia.

 Melissa (Melissa officinalis): infusão; 1 colher-de-sopa, de folhas picadas, para 1 xícara de


água; tomar 1 xícara, 2 vezes por dia.

Faringite
 Tanchagem (Plantago major): infusão; 2 colheres-de-sopa, de folhas picadas, para 1
xícara de água; fazer gargarejos, a cada 2 horas.

Hemorróidas
 Tanchagem (Plantago major): infusão; 5 colheres-de-sopa, de folhas picadas, para 1
xícara de água; fazer banho de assento à temperatura ambiente, por 5 minutos, 1 vez por
dia.

Hipertensão
 Alho (Allium sativum): maceração em azeite de oliva, por 3 dias; 10 bulbilhos ("dentes-de-
alho"), para ½ litro de azeite; utilizar 2 colheres-de-sopa para temperar as refeições (no
prato), 2 vezes por dia; ingerir, junto à refeição principal do dia, 1 dente-de-alho do
macerdao.

Histerismo
 Melissa (Melissa officinalis): infusão; 1 colher-de-sopa, de folhas picadas, para 1 xícara de
água; tomar 1 xícara, 2 vezes por dia.

 Melissa (Melissa officinalis): hidrolato (Água de Melissa); tomar 1 colher-de-café em 1


cálice de água.

Limpeza de Feridas (veja Desinfecção de Feridas)

Mau-hálito
 Sálvia (Salvia officinalis): infusão; 1 colher-de-sopa de folhas picadas, para 1 xícara de
água; fazer gargarejos; diluir 1:1, e tomar ½ xícara em jejum.

Olhos Inchados (Vistas Cansadas)


 Camomila (Matricaria recutita): infusão; 1 colher-de-sopa, de flores, para 1 xícara de
água; após esfriar, guardar em geladeira; fazer compressa gelada, por 20 minutos sobre
os olhos.

Pequenos Ferimentos
 Salsa (Petroselinum hortense): cataplasma; triturar algumas folhas de salsa com gotas de
água para formar uma pasta; aplicar com compressa de gaze sobre o ferimento ou corte.

Prisão-de-ventre
 Ameixa (Prunus domestica): maceração em água, por uma noite; 3 ameixas pretas, para 1
xícara de água; no dia seguinte, ferver por 2 minutos e tomar lentamente, em jejum.
TERAPÊUTICA IV

Resfriados

 Melissa (Melissa officinalis): infusão; 1 colher-de-sopa, de folhas picadas, para 1 xícara de


água; tomar 1 xícara, com uma rodela de limão, 2 vezes por dia.

Reumatismos
 Chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus): decocção, por 5 minutos; 3 colheres-de-
sopa, de folhas picadas, para 1 litro de água; tomar ao longo do dia até antes do
anoitecer.

 Guaco (Mikania glomerata): infusão; 1 colher-de-sopa, de folhas frescas picadas, para 1


xícara de água; tomar 1 xícara, 2 vezes por dia.

 Alecrim (Rosmarinus officinalis): maceração em azeite de oliva, por 5 dias; 3 colheres-de-


sopa de folhas picadas, para 250 ml de azeite; aplicar sobre o local afetado, espalhando
com massagens suaves, 2 vezes por dia.

Secreções Pulmonares (ver Afecções das Vias Respiratórias)

Torcicolo
 Alecrim (Rosmarinus officinalis): maceração em azeite de oliva, por 5 dias; 3 colheres-de-
sopa de folhas picadas, para 250 ml de azeite; aplicar sobre o local afetado, espalhando
com massagens suaves, 2 vezes por dia.

Tosse
 Guaco (Mikania glomerata): infusão-xarope; 1 colher-de-sopa, de folhas secas picadas,
para ½ xícara de água; após esfriar, acrescentar ½ xícara de mel; tomar 1 colher-de-sopa,
a cada 2 horas.

Vistas Cansadas (ver Olhos Inchados)

BIBLIOGRAFIA
BUCHAUL, Ricardo B. – Curso Básico de Fitoterapia. São Paulo. Ed. do Autor, 1998.
BUCHAUL, Ricardo B. – Fitoterapia–Cultivo e Aplicações de Plantas Medicinais. São Paulo. Ed. do
Autor, 1996.
PANIZZA, Sylvio – Plantas que Curam. São Paulo. Ed. IBRASA, 1998.
RIBEIRO, Eduardo – Plantas Medicinais e Complementos Bioterápicos. Lisboa. Ed. Vida, 1996.
CAMPOS, José Maria – Plantas que Ajudam o Homem. São Paulo. Ed. Cultrix/Pensamento,1991.
[FIRSTNAME], chegamos ao final de nosso Curso. Agradecemos por ter nos acompanhado e esperamos ter
oferecido um ponto de partida para os seus estudos ou, pelo menos, a orientação adequada para que Você
possa dispor com segurança desse instrumento que a Natureza nos legou e a sabedoria humana
sistematizou.
Um grande abraço!
Ricardo B. Buchaul - phyto@ig.com.br

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