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Plano

12 Dias

PC-DF

Polícia Civil – Distrito Federal


Cargo: Agente e Escrivão
Pré-edital 2019
SUMÁRIO

D i a 1 ............................................................................................................................................... 4
Constituição Federal: Arts. 1º - 5º
Código Penal: Arts. 1º - 31
Código de Processo Penal: Arts. 1º - 23
Resolução nº 217-A / 1948 (Declaração Universal dos Direitos Humanos)
Decreto-Lei nº 3.688 / 1941 (Lei das Contravenções Penais)
Lei nº 10.259 / 2001 (Juizados Especiais Cíveis e Criminais no Âmbito da Justiça Federal)

D i a 2 ............................................................................................................................................. 22
Constituição Federal: Arts. 6º - 17
Código Penal: Arts. 59 - 76
Código de Processo Penal: Arts. 155 - 250
Lei nº 10.741 / 2003 (Estatuto do Idoso)

D i a 3 .............................................................................................................................................. 41
Constituição Federal: Arts. 18 - 33
Código Penal: Arts. 121 – 154-B
Código de Processo Penal: Arts. 282 – 316
Lei nº 11.340 / 2006 (Lei Maria da Penha)
Lei nº 12.850 / 2013 (Crime Organizado)

D i a 4 .............................................................................................................................................................................. 62
Constituição Federal: Arts. 37 – 41
Código Penal: Arts. 155 – 183
Código de Processo Penal: Arts. 317 – 350
Lei nº 10.826 / 2003 (Estatuto do Desarmamento)
Lei nº 4.898 / 1965 (Lei de Abuso de Autoridade)
Lei nº 7.492 / 1986 (Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional)

D i a 5 .............................................................................................................................................................................. 81
Constituição Federal: Arts. 44 – 69
Código Penal: Arts. 213 – 234-C
Lei nº 11.343 / 2006 (Lei de Drogas)
Lei nº 8.429 / 1992 (Lei de Improbidade Administrativa)

D i a 6 ............................................................................................................................................................................103
Constituição Federal: Arts. 76 – 86
Código Penal: Arts. 289 – 311-A
Lei nº 7.210 / 1984 (Lei de Execução Penal)
Lei nº 5.553 / 1968 (Apresentação e Uso de Documentos de Identificação Pessoal)

D i a 7 ............................................................................................................................................................................122
Constituição Federal: Arts. 92 – 126
Código Penal: Arts. 312 – 361
Lei nº 9.099/ 1995 (Juizados Especiais Cíveis e Criminais)

D i a 8 ............................................................................................................................................ 142
Constituição Federal: Arts. 127 – 135
Lei nº 9.605/ 1998 (Crimes Contra o Meio Ambiente)
Lei nº 7.716 / 1989 (Crimes Resultantes de Preconceito de Raça ou de Cor)
Lei nº 8.072 / 1990 (Crimes Hediondos)
Lei nº 8.137 / 1990 (Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de Consumo)

D i a 9 ............................................................................................................................................ 155
Constituição Federal: Arts. 144 / 193 – 204 / 225 – 230
Lei nº 9.296 / 1996 (Lei de Interceptação Telefônica)

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Lei nº 9.455 / 1997 (Crimes de Tortura)
Lei nº 8.078 / 1990 (Código de Defesa do Consumidor, Título II): Arts. 61 - 80
Lei nº 7.960 / 1989 (Prisão Temporária)

D i a 1 0 ......................................................................................................................................... 164
Lei nº 4.878 / 1965 (Regime Jurídico Peculiar dos Funcionários Policiais Civis da União)
Lei nº 9.264 / 1996 (Desmembramento e Reorganização da Carreira Policial Civil do Distrito Federal
e do Distrito Federal)
Lei nº 9.503 / 1997 (Código de Trânsito Brasileiro - Crimes de Trânsito): Arts. 291 - 312-A
Lei nº 8.069 / 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente): Arts. 1 - 85

D i a 1 1 ......................................................................................................................................... 184
Lei nº 8.069 / 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente): Arts. 86 - 140
Lei nº 4.737 / 1965 (Código Eleitoral): Arts. 283 - 364
Decreto nº 59.310 / 1966 (Regime Jurídico dos Funcionários Policiais Civis do Departamento Federal de Segurança Pública e da Polícia do
Distrito Federal): Arts. 1 – 192

D i a 1 2 ......................................................................................................................................... 208
Lei nº 8.069 / 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente): Arts. 141 – 265-A
Decreto nº 59.310 / 1966 (Regime Jurídico dos Funcionários Policiais Civis do Departamento Federal de Segurança Pública e da Polícia do
Distrito Federal): Arts. 193 - 454

O Programa de Leitura - Legislação Facilitada - é uma ferramenta indispensável para quem deseja aumentar o rendimento e
alcançar a tão sonhada aprovação. Abordamos nesse programa toda a legislação exigida pelo edital do seu certame, selecionando, contudo,
somente os dispositivos que poderão ser objeto de cobrança, buscando implementar um estudo direcionado e objetivo.

Cada dia de leitura contempla leis e dispositivos diversos, de forma a tornar o estudo mais agradável e diversificado. Incorporamos,
ainda, diversas ferramentas com o intuito de facilitar o estudo da legislação:

• Súmulas
• Julgados e entendimentos jurisprudenciais
• Comentários
• Citações Doutrinárias
• Dicas de Memorização
• Tabelas
• Esquemas
• Marcações

Os recursos empregados variam de acordo com a legislação exigida.

Esse material é protegido por direito autorais, sendo vedada a sua reprodução, distribuição ou comercialização.
Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/89)

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II - prevalência dos direitos humanos;
Constituição da República Federativa III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
do Brasil de 1988
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
PREÂMBULO VII - solução pacífica dos conflitos;
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado IX - cooperação entre os povos para o progresso da
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e humanidade;
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o X - concessão de asilo político.
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de (Memorize: A-In-D Não Co-Pre-I Re-Co-S)
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
A – autodeterminação dos povos In – independência nacional D – defesa
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, da paz Não – não intervenção Co – cooperação entre os povos para o
com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a progresso da humanidade Pre – prevalência dos direitos humanos
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA I – igualdade entre os Estados Re – repúdio ao terrorismo e ao racismo
FEDERATIVA DO BRASIL. Co – concessão de asilo político S – solução pacífica dos conflitos
STF: O preâmbulo não possui força normativa, não pode servir de Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a
parâmetro para tornar normas inconstitucionais e não é de reprodução integração econômica, política, social e cultural dos povos da
obrigatória pelas Constituições Estaduais. Trata-se de uma síntese das América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
intenções dos constituintes e deve ser utilizado para fins interpretativos.
americana de nações.
“O fato de usar no preâmbulo a expressão ‘sob a proteção de Deus’ por si
não faz o Estado brasileiro um Estado religioso. O Brasil é um país ‘laico’ ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA BRASILEIRA
ou ‘leigo’, não possui elos de relação com religiões, embora inclua entre
suas proteções o sentimento de liberdade religiosa e de crença”.
Vitor Cruz, Constituição Federal anotada para concursos.
• FORMA DE ESTADO: FEDERAÇÃO
Na federação brasileira, o poder político é distribuído geograficamente em
entidades governamentais autônomas (União, Estados, DF, Municípios),
TÍTULO I caracterizando-se pela descentralização política. Contudo, não há direito de
Dos Princípios Fundamentais secessão, pois se estabelece um vínculo indissolúvel.
Características: Autogoverno (escolhem seus governantes); Auto-
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união organização (criam constituições estaduais ou leis orgânicas);
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- Autolegislação (elaboram suas próprias leis); Autoadministração (possuem
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: competências tributárias e administrativas).
I - a soberania;
II - a cidadania • FORMA DE GOVERNO: REPÚBLICA
Trata da relação entre governantes e governados e a forma de distribuição
III - a dignidade da pessoa humana; do poder na sociedade.
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Características: Prestação de contas; Transparência; Temporariedade do
V - o pluralismo político. mandato dos governantes; Eleições periódicas.
(Memorize: So Ci Di Va Plu)
• REGIME DE GOVERNO: DEMOCRACIA (SEMIDIRETA)
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Refere-se à participação do povo na produção do ordenamento jurídico e
nas ações do governo. Prevalece a vontade da maioria, protegendo-se
Constituição. também as minorias. No Brasil, consagrou-se a Democracia Semidireta,
que unifica a participação por representatividade com a participação direta,
através de referendo e plebiscito.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
• SISTEMA DE GOVERNO: PRESIDENCIALISMO
Sistema de Freios e Contrapesos (check and balances): Cada Poder irá
Está ligado ao modo como se relacionam os Poderes Executivo e
atuar com o intuito de impedir o exercício arbitrário do outro.
Legislativo. No presidencialismo, há uma independência maior do Poder
executivo em relação ao Legislativo. O presidente da república exerce as
funções de Chefe de Estado (representando o Brasil internacionalmente) e
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Chefe de Governo (tratando da política interna).
Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
TÍTULO II
II - garantir o desenvolvimento nacional; Dos Direitos e Garantias Fundamentais
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as CAPÍTULO I
desigualdades sociais e regionais; DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, Direitos Fundamentais são cláusulas pétreas e normas abertas, sendo
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. permitida a inclusão de novos direitos não previstos pelo constituinte
(Memorize: Con Ga Er Pro) originário.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:


Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas
Imprescritibilidade: Não desaparece com o tempo
relações internacionais pelos seguintes princípios:
Inalienabilidade: Não é transferível a outra pessoa
I - independência nacional; Irrenunciabilidade: Não pode sofrer renúncia

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Inviolabilidade: Autoridades e disposições infraconstitucionais devem XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
observá-los comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
Universalidade: Abrange a todos telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses
Efetividade: Poder público deve garantir sua aplicação e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
Interdependência: Há diversas ligações entre os Direitos fundamentais instrução processual penal;
Complementariedade: Devem ser interpretados de forma conjunta STF: É lícita a gravação de conversa telefônica realizada por um dos
Relatividade: Direitos fundamentais não são absolutos interlocutores, ou com sua autorização, sem ciência do outro, quando há
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, Direito Constitucional Descomplicado. investida criminosa deste último.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à estabelecer;
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Norma de eficácia contida. O STF decidiu pela inconstitucionalidade da
STF: O estrangeiro em trânsito também está resguardado pelos direitos exigência de diploma de jornalismo para o exercício da profissão de
individuais, podendo, inclusive, utilizar-se de remédios constitucionais. jornalista e pela constitucionalidade do exame da Ordem dos Advogados
Contudo, ele não poderá fazer uso de todos os direitos, a exemplo da do Brasil (OAB), por considerar que o exercício da advocacia traz um risco
ação popular, que é privativa de brasileiro. coletivo.

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
nos termos desta Constituição; resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional;
Princípio da Isonomia. Determina que seja dado igual tratamento aos
que estão em situação equivalente, e tratamento desigual os desiguais, XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de
na medida de suas desigualdades. paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma permanecer ou dele sair com seus bens;
coisa senão em virtude de lei; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
Princípio da Legalidade. Para o particular, somente a lei pode criar locais abertos ao público, independentemente de autorização,
obrigações, assim, a inexistência de lei proibitiva implica em permissão. desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para
Para o Poder Público, por sua vez, não é permitido atuar na ausência de o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
lei. competente;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento Não confundir a exigência de prévio aviso com autorização. Não se exige
desumano ou degradante; autorização da autoridade competente, mas somente que ela seja
comunicada com antecedência. Contudo, devem-se observar os demais
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o requisitos: que seja pacífica, sem armas e não frustre outra reunião. Esse
anonimato; dispositivo possui grande incidência nas provas.
STF: A defesa da legalização de drogas em espaços públicos XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
constitui legítimo exercício do direito à livre manifestação do
pensamento.
vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
interferência estatal em seu funcionamento;
STJ: Súmula 37 - São cumuláveis as indenizações por dano material e
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
dano moral oriundos do mesmo fato.
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial,
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, Atividades Suspensas > Decisão Judicial
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; Compulsoriamente Dissolvidas > Decisão Judicial + Trânsito em Julgado
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação permanecer associado;
coletiva;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar ou extrajudicialmente;
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
Representação Processual. Exige expressa autorização do associado para
cumprir prestação alternativa, fixada em lei; que seja válida, não podendo ser substituída por autorização genérica
Escusa de Consciência. Norma constitucional de eficácia contida. prevista em estatutos da entidade.
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, XXII - é garantido o direito de propriedade;
científica e de comunicação, independentemente de censura ou XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
licença; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
Veda-se qualquer censura de natureza política, artística e ideológica, desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
não se podendo exigir licença de autoridade para veiculação de interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
publicações.
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
material ou moral decorrente de sua violação; proprietário indenização ulterior, se houver dano;
STJ: Súmula 227 - Pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
Requisição administrativa da propriedade. A autoridade será competente
STF: Admite as biografias não‐autorizadas, não excluindo a
para utilizar temporariamente o imóvel. Não haverá indenização se não
possibilidade de indenização por dano material ou moral
ocorrer dano.
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora
dia, por determinação judicial; para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
STF: Casa é um termo amplo, consagrando consultório, escritório e
qualquer lugar privado não aberto ao público. Contudo, não é um direito XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
absoluto. publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros
pelo tempo que a lei fixar;

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O Direito Autoral configura-se como um privilégio vitalício, transmissível aos XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
herdeiros apenas pelo prazo que a lei determinar. Após o prazo estipulado, pena sem prévia cominação legal;
será de domínio público.
O Princípio da Legalidade desdobra-se em dois: Princípio da Reserva Legal
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: e Princípio da anterioridade.
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
STF: Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou
desportivas; ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das continuidade ou da permanência.
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; direitos e liberdades fundamentais;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse
de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
Os inventos industriais, diferentemente do direito autoral, são privilégios crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
temporários. executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (Memorize: 3TH
XXX - é garantido o direito de herança; não tem Graça ☹)
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei o Estado Democrático;
pessoal do "de cujus"; XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
consumidor; perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo patrimônio transferido; (Princípio da intranscendência das penas)
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível entre outras, as seguintes: (Princípio da individualização da pena)
à segurança da sociedade e do Estado; a) privação ou restrição da liberdade;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do b) perda de bens;
pagamento de taxas:
c) multa;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
d) prestação social alternativa;
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
e) suspensão ou interdição de direitos;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse Rol não-exaustivo, podendo a lei criar novos tipos de penalidades.
pessoal; XLVII - não haverá penas:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
lesão ou ameaça a direito; (Princípio da Inafastabilidade de Jurisdição) do art. 84, XIX;
Como regra, qualquer pessoa poderá acessar o Poder Judiciário sem a b) de caráter perpétuo;
necessidade de esgotar as esferas administrativas, ressalvadas as
questões relativas à Justiça Desportiva e ao Habeas Data.
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada; e) cruéis;
Direito Adquirido: direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa STF: Quanto ao caráter perpétuo, o máximo penal legalmente exequível,
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou no ordenamento positivo nacional, é de 30 (trinta) anos.
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
Ato Jurídico Perfeito: consumado segundo a lei vigente ao tempo em que
se efetuou. distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
Coisa Julgada: decisão judicial de que já não caiba recurso. apenado;
LINDB – Art. 6º (Decreto-Lei nº 4.657)
----------------------------------------------------------------------------------------------------- XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física
---STF: Súmula 654 - A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. e moral;
5º, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade L - às presidiárias serão asseguradas condições para que
estatal que a tenha editado.
possam permanecer com seus filhos durante o período de
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; (Princípio amamentação;
do Juiz Natural)
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
organização que lhe der a lei, assegurados:
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
a) a plenitude de defesa; entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
b) o sigilo das votações; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime
c) a soberania dos veredictos; político ou de opinião; (Concessão de asilo político)
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
contra a vida; autoridade competente; (Princípio do Juiz Natural)
STF: Súmula Vinculante 45 - A competência constitucional do Tribunal do LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido o devido processo legal; (Princípio do devido processo legal - Due
exclusivamente pela Constituição estadual process of law)
STF: Súmula 603 - A competência para o processo e julgamento de
latrocínio é do juiz singular, e não do Tribunal do Júri. LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

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STF: Súmula Vinculante 5 - A falta de defesa técnica por advogado no a) partido político com representação no Congresso Nacional;
processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
STF: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a
defesa.
STF: Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
administrativo. nacionalidade, à soberania e à cidadania;
STF: Súmula Vinculante 28 - É inconstitucional a exigência de depósito
prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se LXXII - conceder-se-á habeas data:
pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
meios ilícitos; de entidades governamentais ou de caráter público;
Para a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (Fruits of the Poisonous b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
Tree), uma prova ilícita contamina todas as outras que dela derivam. Essa por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
teoria é denominada pela doutrina como ilicitude por derivação. LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
--- popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
STJ: Não se aplica a Teoria da Árvore dos Frutos Envenenados quando a entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
prova considerada como ilícita é independente dos demais elementos de meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
convicção coligidos nos autos, bastantes para fundamentar a condenação. salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em sucumbência;
julgado de sentença penal condenatória; (Princípio da presunção de LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e
inocência) gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na
se esta não for intentada no prazo legal; forma da lei:
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos a) o registro civil de nascimento;
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
b) a certidão de óbito;
exigirem;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
cidadania.
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei; LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
garantam a celeridade de sua tramitação.
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do
preso ou à pessoa por ele indicada; § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
família e de advogado; (Direito ao silêncio e à não-autoincriminação) excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis
Federativa do Brasil seja parte.
por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
autoridade judiciária;
Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, por 3/5 (três quintos) dos
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; constitucionais.
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos que não
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de forem aprovas de acordo com os critérios acima mencionados terão
obrigação alimentícia e a do depositário infiel; hierarquia supralegal, situando-se abaixo da Constituição e acima da
legislação interna. Os tratados internacionais que não versem sobre direito
O Brasil tornou-se signatário da Convenção Americana de Direitos humanos terão status de leis ordinárias.
Humanos - Pacto de San Jose da Costa Rica, que somente permite a
prisão civil pelo não pagamento de obrigação alimentícia. Embora a § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Constituição continue prevendo a possibilidade de prisão do depositário Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
infiel, a referida convenção, por possuir status supralegal, suspendeu a
eficácia de toda legislação infraconstitucional que regia essa prisão civil, Direitos e garantias fundamentais
tornando-a inaplicável. STF: Súmula vinculante 25 - É ilícita a prisão civil de depositário infiel,
----------------------------------------------------------------------------------------------------- qualquer que seja a modalidade do depósito.
--- STF: Súmula 654 - A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º,
STF: Súmula Vinculante 25 - É ilícita a prisão civil do depositário infiel, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal
qualquer que seja a modalidade de depósito. que a tenha editado.
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém STJ: Súmula 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua penais em curso para agravar a pena-base.
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; STJ: Súmula 2 - Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se
não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa.
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger
STJ: Súmula 419 - Descabe a prisão civil do depositário infiel.
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
STJ: Súmula 280 - O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos incisos LXI e LXVII
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de do art. 5° da Constituição Federal de 1988.
atribuições do Poder Público; STJ: Súmula 403 - Independe de prova do prejuízo a indenização pela
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou
por: comerciais.

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II - os crimes: (Extraterritorialidade condicionada)
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir;
Código Penal b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
PARTE GERAL estrangeiro e aí não sejam julgados.
TÍTULO I § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro
Anterioridade da Lei § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há depende do concurso das seguintes condições:
pena sem prévia cominação legal. a) entrar o agente no território nacional;
Princípio da Reserva Legal. Dispositivo semelhante ao art. 5º, XXXIX, b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
CF.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
brasileira autoriza a extradição;
Lei penal no tempo d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior cumprido a pena;
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
os efeitos penais da sentença condenatória. (Abolitio criminis) motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorável.
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
decididos por sentença condenatória transitada em julgado. (Novatio estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições
legis in mellius) previstas no parágrafo anterior:
STF: Súmula 611 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Lei excepcional ou temporária Pena cumprida no estrangeiro


Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada,
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. quando idênticas.

Tempo do crime Eficácia de sentença estrangeira


Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. (Teoria da brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser
atividade)
homologada no Brasil para:
STF: Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a
ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência. outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança
Parágrafo único - A homologação depende:
Territorialidade
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
interessada;
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição
território nacional. (Princípio da territorialidade temperada)
com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
Compete ao STJ processar e julgar, originariamente, a homologação de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, rogatórias.
mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Contagem de prazo
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em
comum. (Prazo de direito material)
voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.
Frações não computáveis da pena
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas
Lugar do crime
restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que
frações de cruzeiro.
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado. (Teoria da ubiguidade)
Legislação especial
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
Extraterritorialidade
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
As regras gerais do Código Penal possuem aplicação subsidiária em
estrangeiro: relação às leis especiais.
I - os crimes: (Extraterritorialidade incondicionada)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito TÍTULO II
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, DO CRIME
De acordo com o Conceito Analítico de Crime, o delito constitui-se de
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo um fato típico, ilícito e culpável.
Poder Público; CONCEITO TRIPARTIDO DE CRIME
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; ✓ FATO TÍPICO - Conduta
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado - Resultado
no Brasil;

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- Nexo de causalidade Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta
- Tipicidade do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
✓ ILÍCITO É a relação de contrariedade entre a conduta e a consumar-se o crime.
norma. Essa ilicitude poderá ser afastada por
STF: Súmula 145 - Não há crime, quando a preparação do flagrante
causas excludentes de antijuridicidade, quando
pela polícia torna impossível a sua consumação.
o agente, por exemplo, pratica o fato:
STJ: Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por monitoramento
-- em estado de necessidade;
eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento
-- em legítima defesa;
comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de
-- em estrito cumprimento de dever legal
furto.
-- em exercício regular de direito
✓ CULPÁVEL - Imputabilidade
- Potencial consciência da ilicitude Art. 18 - Diz-se o crime:
- Exigibilidade de conduta diversa Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado (Dolo direto) ou
Relação de causalidade assumiu o risco de produzi-lo (Dolo eventual).
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, Crime culposo
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Teoria da imprudência, negligência ou imperícia.
equivalência dos antecedentes causais – conditio sine qua non) Imprudência – Atitude realizada sem a devida ponderação, de forma
A teoria da equivalência dos antecedentes causais possui extensão perigosa e precipitada;
muito ampla, permitindo o regresso infinito das causas. Para evitar a Negligência – Ausência de precaução. Deixar de fazer algo imposto;
responsabilização de determinadas condutas existentes na cadeia do Imperícia – Conduta realizada com inaptidão para o exercício de arte ou
regresso, deve-se buscar limites e complementos na legislação e na profissão.
doutrina, como os critérios de imputação objetiva e a análise do dolo e Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
da culpa.
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o
Superveniência de causa independente pratica dolosamente.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente Princípio da excepcionalidade do tipo culposo: Os tipos penais
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos culposos devem ser previstos de forma expressa.
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Teoria da
causalidade adequada)
Agravação pelo resultado
Relevância da omissão
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente
responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a
quem: (Crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão)
Erro sobre elementos do tipo
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
resultado;
previsto em lei.
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência
O erro sobre elementos do tipo, conhecido como Erro de Tipo
do resultado. Essencial, é a representação errônea da realidade. O agente acredita
não estar presente um dos elementos essenciais que compõem o tipo
Art. 14 - Diz-se o crime: penal.
Crime consumado ERRO DE TIPO ESSENCIAL
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de Escusável ou Inevitável: Inescusável ou Evitável:
sua definição legal; Exclui o dolo e a culpa Exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, a
Tentativa título de culpa imprópria.
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente. (Conatus) Descriminantes putativas (Erro de tipo permissivo)
Pena de tentativa § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro
diminuída de 1/3 a 2/3 (um a dois terços). deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo
Infrações que não admitem a tentativa:
• Contravenções penais
Erro determinado por terceiro
• Crimes culposos
• Crimes preterdolosos
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
• Crimes unissubsistentes
• Crimes omissivos próprios Erro sobre a pessoa (Error in persona)
• Crimes condicionados § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado
• Crimes habituais não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições
• Crimes de atentado ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
queria praticar o crime.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir Erro sobre a ilicitude do fato (Erro de proibição)
na execução ou impede que o resultado se produza, só responde Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre
pelos atos já praticados a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
diminuí-la de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço).
Arrependimento posterior Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era
à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente,
a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços). Coação irresistível e obediência hierárquica
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em
Crime impossível estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem

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Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime
Exclusão de ilicitude incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode
I - em estado de necessidade; ser diminuída de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço).
II - em legítima defesa A minorante de 1/6 a 1/3 aplica-se somente ao partícipe, que não
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício realiza diretamente a conduta típica nem possui o domínio final do fato.
regular de direito O partícipe concorre para o crime induzindo, instigando ou auxiliando o
autor.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado
Estado de necessidade mais grave. (Cooperação dolosamente distinta)
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica
o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua Circunstâncias incomunicáveis
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o ELEMENTARES - essentialia delicti: Constituem o tipo penal, os
elementos constitutivos do crime. São comunicáveis.
dever legal de enfrentar o perigo.
CIRCUNSTÂNCIAS - accidentalia delicti: são acessórios ao crime,
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito dispensáveis para a configuração da figura típica.
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois -- Objetivas: São comunicáveis, quando houver conhecimento do
terços). outro agente
-- Subjetivas: São incomunicáveis, exceto quando elementares e
Legítima defesa de conhecimento do outro agente.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, Casos de impunibilidade
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime
TÍTULO III não chega, pelo menos, a ser tentado.
DA IMPUTABILIDADE PENAL
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da Decreto-Lei nº 3.689 / 1941
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter Código de Processo Penal
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Critério biopsicológico)
Redução de pena LIVRO I
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3 (um a DO PROCESSO EM GERAL
dois terços), se o agente, em virtude de perturbação de saúde TÍTULO I
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território
determinar-se de acordo com esse entendimento brasileiro (Princípio da territorialidade), por este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito
Menores de dezoito anos internacional;
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do
legislação especial. (Critério biológico) Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts.
Emoção e paixão 86, 89, § 2º, e 100); (Jurisdição política)
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: III - os processos da competência da Justiça Militar;
I - a emoção ou a paixão; IV - os processos da competência do tribunal especial
Embriaguez (Constituição, art. 122, no 17);
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130)
substância de efeitos análogos Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo regulam não dispuserem de modo diverso.
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem
§ 2º - A pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços), prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força anterior. (Princípio do “tempus regit actum”)
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação
de acordo com esse entendimento. extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos
EMBRIAGUEZ princípios gerais de direito.
• VOLUNTÁRIA (Dolosa ou Culposa) Imputável PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS:
• PREORDENADA Imputável / Agravante • Princípio da inércia: Veda-se o início da ação penal de ofício pelo
• ACIDENTAL Completa: Inimputável juiz, cabendo ao titular da ação o seu oferecimento.
Parcial: Imputável / Diminuição de pena • Princípio do devido processo legal: Busca assegurar um processo
• PATOLÓGICA Comparável à doença mental, podendo que respeite todas as etapas previstas em lei e que observe de todas
excluir a imputabilidade. as garantias constitucionais. É um princípio que desencadeia vários
outros no processo penal.
• Princípio da presunção de inocência: O acusado deve ser
TÍTULO IV presumido inocente até a sentença condenatória transitar em julgado.
DO CONCURSO DE PESSOAS

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• Princípio da paridade das armas: As partes devem ter as mesmas c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua
oportunidades em juízo e igualdade de tratamento. profissão e residência.
• Princípio da ampla defesa: O réu deve ter amplo acesso aos
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de
instrumentos de defesa, garantindo-se a autodefesa e a defesa
técnica. inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
• Princípio do contraditório: Ambos possuem o direito de § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
manifestação quanto aos fatos e provas trazidos pela parte contrária. existência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
• Princípio do “in dubio pro reo”: Havendo dúvida quando à verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta,
inocência do réu, este não deverá ser considerado culpado.
verificada a procedência das informações, mandará instaurar
• Princípio do duplo grau de jurisdição: Como regra, garante-se à
parte a possibilidade de reexame da causa por instância superior. inquérito.
• Princípio do juiz natural: O julgador deve atuar nos feitos que foram STF: Nada impede a deflagração da persecução penal pela chamada
previamente estabelecidos pelo ordenamento jurídico. Veda-se o ‘denúncia anônima’, desde que esta seja seguida de diligências
Tribunal de Exceção. realizadas para averiguar os fatos nela noticiados.
• Princípio da publicidade: Como regra, os atos processuais devem
ser públicos, permitindo-se o amplo acesso à população, contudo, § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender
essa publicidade poderá sofrer restrição quando a defesa da de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
intimidade ou o interesse social exigirem. § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial
• Princípio da vedação às provas ilícitas: São inadmissíveis no somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem
processo, segundo nosso ordenamento jurídico, as provas obtidas por
tenha qualidade para intentá-la.
meios ilícitos e as ilícitas por derivação.
• Princípio da duração razoável do processo: O Estado deverá CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL:
prestar sua incumbência jurisdicional no menor prazo possível, - Administrativo: É uma fase pré-processual, possui caráter
respeitando, porém, os demais princípios, como a busca pela verdade administrativo
real. - Sigiloso: Não haverá publicidade do inquérito, protegendo-se a
• Princípio da busca pela verdade real ou material: Diferentemente intimidade do investigado. Contudo, não será sigiloso para o juiz,
do que ocorre no processo civil - no qual se busca a verdade formal, a Ministério Público e advogado.
verdade dos autos – no processo penal, busca-se a verdade material - Escrito: Todo o procedimento deve ser escrito e os atos orais
dos fatos, do mundo real, uma vez que trata de direitos indisponíveis, reduzidos a termo.
como a liberdade. - Inquisitivo: Não há contraditório nem ampla defesa na fase
• Princípio da vedação à autoincriminação: O acusado não é inquisitorial, uma vez que o inquérito possui natureza pré-processual,
obrigado a participar de atividades probatórias que lhe sejam não havendo acusação ainda.
prejudiciais. - Indisponível: A autoridade policial, após instaurar o inquérito, não
• Princípio do “non bis in idem”: Veda-se que uma pessoa seja poderá proceder o seu arquivamento, atribuição exclusiva do Poder
processada e condenada duas vezes pelo mesmo fato. Judiciário, após o requerimento do titular da ação penal.
• Princípio da comunhão da prova: Após ser produzida, a prova - Discricionário na condução: Não há padrão pré-estabelecido para a
pertence ao juízo, podendo ser utilizada pelo juiz e por qualquer das condução do inquérito. Assim, a autoridade responsável poderá praticar
partes as diligências da maneira que considerar mais frutíferas.
• Princípio do impulso oficial: Iniciada a ação penal, o juiz tem o - Dispensabilidade: O inquérito policial será dispensável quando o
dever de promover o seu andamento até a etapa final. titular da ação já possuir elementos suficientes para o oferecimento da
• Princípio do livre convencimento motivado: O juiz é livre para ação penal.
- Oficiosidade: Incumbe à autoridade policial o dever de proceder a
formar seu convencimento, contudo, deverá fundamentar suas
apuração dos delitos de ofício, nos crimes cuja ação penal seja pública
decisões no momento de prolatá-las.
incondicionada.
• Princípio da lealdade processual: Reflete o dever de verdade, e a
- Oficialidade: É o órgão oficial do Estado (Polícia Judiciária) que
vedação a qualquer forma de fraude processual.
deverá presidir o inquérito policial.
- Inexistência de nulidades: Por ser um procedimento meramente
TÍTULO II informativo, é incabível a anulação de processo penal em razão de
suposta irregularidade em inquérito policial. Os vícios ocorridos durante
DO INQUÉRITO POLICIAL a fase pré-processual não afetarão a ação penal.
Inquérito policial “é um procedimento preparatório da ação penal, de
caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à
colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração
penal e sua autoria. Seu objetivo precípuo é a formação da convicção do penal, a autoridade policial deverá:
Ministério Público, mas também a colheita de provas urgentes, que I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem
podem desaparecer, após o cometimento do crime”. o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
(Guilherme de Souza Nucci, 2008, p. 143)
criminais;
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim liberados pelos peritos criminais;
a apuração das infrações penais e da sua autoria. III - colher todas as provas que servirem para o
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja IV - ouvir o ofendido;
cometida a mesma função. V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,
Polícia Judiciária: Possui caráter repressivo, atuando após a prática da do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o
infração penal. Polícia Civil (âmbito estadual), Polícia Federal (âmbito respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham
federal)
Polícia Administrativa: Possui caráter preventivo ou ostensivo, busca ouvido a leitura;
evitar a prática de infrações penais. Polícia Militar VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a
acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
iniciado:
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo
I - de ofício;
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou do
antecedentes;
Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de
qualidade para representá-lo.
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
que possível:
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
seu temperamento e caráter.
b) a individualização do indiciado ou seus sinais
X - colher informações sobre a existência de filhos,
característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o
o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;

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contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de
pela pessoa presa. (2016) suspeitos. (2016)
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido 24 (vinte e quatro) horas, conterá: (2016)
praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá I - o nome da autoridade requisitante; (2016)
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não II - o número do inquérito policial; e (2016)
contrarie a moralidade ou a ordem pública. III - a identificação da unidade de polícia judiciária
responsável pela investigação. (2016)
Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o
disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos
crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério
o
Art. 9 Todas as peças do inquérito policial serão, num só Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de
rubricadas pela autoridade. telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente
os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros –
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em
dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso curso. (2016)
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em § 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade
quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. de radiofrequência. (2016)
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (2016)
PRAZOS – Inquéritos Policiais I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de
Preso: 10 dias (improrrogável) qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme
Justiça
Estadual Solto: 30 dias (prorrogável pelo tempo necessário)
disposto em lei; (2016)
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel
Preso: 15 dias (prorrogável por mais 15 dias) celular por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por
Justiça Federal uma única vez, por igual período; (2016)
Solto: 30 dias (prorrogável pelo tempo necessário)
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II,
Crimes Contra
Preso ou Solto: 10 dias (improrrogável) será necessária a apresentação de ordem judicial. (2016)
a Economia
Popular § 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial
Preso: 30 dias (duplicável) deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas)
Lei de Drogas horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. (2016)
Solto: 90 dias (duplicável)
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze)
Inquéritos
Preso: 20 dias horas, a autoridade competente requisitará às empresas
Militares Solto: 40 dias (prorrogável por mais 20 dias) prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
STF: Salvo quando o investigado se encontrar preso cautelarmente, a sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima
inobservância dos lapsos temporais estabelecidos para a conclusão de
inquéritos policiais ou investigações deflagradas no âmbito do Ministério
ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao
Público não possui repercussão prática, já que se cuidam de prazos juiz. (2016)
impróprios.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
apurado e enviará autos ao juiz competente. poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não,
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que a juízo da autoridade.
não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser
encontradas. Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado pela autoridade policial.
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos • Dispositivo tacitamente revogado.
autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo
marcado pelo juiz. Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a
devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou autos de inquérito.
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
STF: O sistema processual penal brasileiro não prevê a figura do
arquivamento implícito de inquérito policial.
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: STF: Súmula 524 - Arquivado o Inquérito Policial, por despacho do Juiz,
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser
necessárias à instrução e julgamento dos processos; iniciada, sem novas provas.
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo
Ministério Público; Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade
autoridades judiciárias; policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas
IV - representar acerca da prisão preventiva. tiver notícia.

Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os
no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde
dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da

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Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a
forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito
quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a
requerentes. observância desses direitos e liberdades,
STF: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já Considerando que uma compreensão comum desses direitos e
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito desse compromisso,
de defesa

A Assembleia Geral proclama:


Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre
de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o
da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da
três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce,
requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses
Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de
inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento
4.215, de 27 de abril de 1963) e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos
• Artigo não recepcionado pela CF/88 próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob
sua jurisdição.
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em Art. 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em
uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem
diligências em circunscrição de outra, independentemente de agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que
compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra Art. 2º Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos
em sua presença, noutra circunscrição. e as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de
qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação nascimento, ou qualquer outra condição.
e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na condição
tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença
pessoa do indiciado. uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela,
sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de
soberania.
Resolução nº 217-A / 1948 Art. 3º Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à
Declaração Universal dos Direitos segurança pessoal.
CF/88. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
Humanos Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Declaração Universal dos Direitos Humanos IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Proclamada pela Resolução nº 217-A da Assembleia Geral das CF/88. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
Nações Unidas, de 10 de dezembro de 1948. natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Preâmbulo I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos desta Constituição;
os membros da família humana e de seus direitos iguais e
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no Art. 4º Ninguém será mantido em escravidão ou servidão;
mundo, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as
suas formas.
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos
humanos resultam em atos bárbaros que ultrajam a consciência da Art. 5º Ninguém será submetido à tortura, nem a
humanidade e que o advento de um mundo em que os homens tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de CF/88. Art. 5º: III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como desumano ou degradante;
a mais alta aspiração do homem comum,
Art. 6º Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.
pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como
último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, Art. 7º Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem
qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações proteção contra qualquer discriminação que viole a presente
amistosas entre as nações, Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Art. 8º Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais
Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os
no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos

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direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição CF/88. Art. 5º: XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo
ou pela lei. de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
permanecer ou dele sair com seus bens;
São exemplos de remédios, previsto na Constituição Federal de 1988,
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou e
para atos que violem direitos fundamentais: habeas corpus, habeas
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
data, mandado de segurança e ação popular.
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Art. 9º Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou Art. 14 - §1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o
exilado. direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
CF/88. Art. 5º: XLVII - não haverá penas: §2. Este direito não pode ser invocado em caso de
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
XIX;
perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou
b) de caráter perpétuo; por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
c) de trabalhos forçados; CF/88. Art. 4º: X - Concessão de asilo político.
d) de banimento;
e) cruéis;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita
Art. 15 - §1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos §2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua
de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou Art. 16 - Os homens e mulheres de maior idade, sem
à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos
advogado; em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade §1. O casamento não será válido senão como o livre e
judiciária;
pleno consentimento dos nubentes.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; §2. A família é o núcleo natural e fundamental da
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do CF/88. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do
depositário infiel; Estado.
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como
o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
Art. 17 - §1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só
ou em sociedade com outros.
Art. 10 Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma
§2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua
audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e
propriedade.
imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do
CF/88. Art. 5º: XXII - é garantido o direito de propriedade;
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
CF/88. Art. 5º: XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa
competente; e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;
Art. 11 - §1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente
poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade indenização ulterior, se houver dano;
tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de
à sua defesa. débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
meios de financiar o seu desenvolvimento;
§2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou
omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito
nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte Art. 18 Toda pessoa tem direito à liberdade de
do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade
delituoso. de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
CF/88. Art. 5º: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela
pena sem prévia cominação legal; observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; CF/88. Art. 5º: IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de o anonimato;
sentença penal condenatória; V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
Art. 12 Ninguém será sujeito a interferências na sua vida assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma
privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou
proteção da lei contra tais interferências ou ataques. de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
CF/88. Art. 5º: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e obrigação legal a todos imposta e recusar- se a cumprir prestação
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano alternativa, fixada em lei;
material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo Art. 19 Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por
determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último CF/88. Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à
plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de
Art. 13 - §1. Toda pessoa tem direito à liberdade de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. § 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica
§2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, e artística.
inclusive o próprio, e a este regressar.

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vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar,
Art. 20 - §1. Toda pessoa tem direito à liberdade de inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e
reunião e associação pacíficas. os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso
§2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos
associação. de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu
CF/88. Art. 5º: XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, controle.
vedada a de caráter paramilitar; §2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora de
independem de autorização sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento; matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou CF/88. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a
primeiro caso, o trânsito em julgado; proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer na forma desta Constituição.
associado;
Art. 26 - §1. Toda pessoa tem direito à instrução. A
Art. 21 - §1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e
no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução
representantes livremente escolhidos. técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução
§2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço superior, esta baseada no mérito.
público do seu país. §2. A instrução será orientada no sentido do pleno
§3. A vontade do povo será a base da autoridade do desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do
governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A
legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
equivalente que assegure a liberdade de voto. todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as
CF/88. Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante:
§3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do
I - plebiscito; gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
II - referendo; CF/88. Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da
III - iniciativa popular. família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 22 - Toda pessoa, como membro da sociedade, tem
direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional,
pela cooperação internacional de acordo com a organização e Art. 27 - §1. Toda pessoa tem o direito de participar
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de
indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua participar do processo científico e de seus benefícios.
personalidade. §2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses
morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica,
Art. 23 - §1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à literária ou artística da qual seja autor.
CF/88. Art. 5º: XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
trabalho e à proteção contra o desemprego. herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
§2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
igual remuneração por igual trabalho. Art. 28 Toda pessoa tem direito a uma ordem social e
§3. Toda pessoa que trabalha tem direito a uma internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na
remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à presente Declaração possam ser plenamente realizados.
sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a
que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção Art. 29 - §1. Toda pessoa tem deveres para com a
social. comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua
§4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a personalidade é possível.
neles ingressar para a proteção de seus interesses. §2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará
CF/88. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de sujeita apenas às limitações determinadas por lei, exclusivamente
outros que visem à melhoria de sua condição social:
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe democrática.
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim;
§3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma,
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a Unidas.
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos Art. 30 Nenhuma disposição da presente Declaração pode
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar
mais do que o salário normal; qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de liberdades aqui estabelecidos.
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
CF/88. Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o
seguinte:

Art. 24 - Toda pessoa tem direito a repouso e lazer,


inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias
periódicas remuneradas.

Art. 25 - §1. Toda pessoa tem direito a um padrão de

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b) na interdição sob nº II, o condenado a pena privativa de
Decreto-Lei nº 3.688 / 1941 liberdade, enquanto dure a execução do pena ou a aplicação da
medida de segurança detentiva.
Lei das Contravenções Penais - Lei n. 7.209/84 aboliu as penas acessórias e implantou a reforma
do Código Penal
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS
PARTE GERAL
Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, as medidas
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Código de segurança estabelecidas no Código Penal, à exceção do exílio
Penal, sempre que a presente lei não disponha de modo diverso. local.
- Não existe mais exílio local.
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no
território nacional. Art. 14. Presumem-se perigosos, além dos indivíduos a que se
referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal:
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou I – o condenado por motivo de contravenção cometido, em
omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a estado de embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos análogos,
culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito quando habitual a embriaguez;
jurídico. II – o condenado por vadiagem ou mendicância;
- Dispositivo revogado pela Lei n. 7.209/84
Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.
Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em instituto de
Art. 5º As penas principais são: trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, pelo prazo
I – prisão simples. mínimo de um ano:
II – multa. I – o condenado por vadiagem (art. 59);
II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu parágrafo);
Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor - Dispositivo revogado pela Lei n. 7.209/84
penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de
prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto. Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre manicômio judiciário ou em casa de custódia e tratamento é de 6
separado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção. (seis) meses.
§ 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não excede Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de decretar a
a quinze dias. internação, submeter o indivíduo a liberdade vigiada.
- Dispositivo alterado pela Lei n. 7.209/84. Atualmente o prazo
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma mínimo é de 1 ano.
contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha
condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade
Brasil, por motivo de contravenção. proceder de ofício.
As contravenções penais são infrações de menor potencial ofensivo
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da e se submetem ao rito da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº
lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada. 9.099/1995).
----------------------------------------------------------------------------------------------
Súmula 38 do STJ - Compete à justiça estadual comum, na vigência
Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de acordo com o da constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que
que dispõe o Código Penal sobre a conversão de multa em praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da união ou de
detenção. suas entidades.
Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, a
conversão em prisão simples se faz entre os limites de quinze dias e
PARTE ESPECIAL
três meses.
- Dispositivo revogado pela Lei n. 9.268/96 CAPÍTULO I
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, em Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou
caso algum, ser superior a 5 (cinco) anos, nem a importância das vender, sem permissão da autoridade, arma ou munição:
multas ultrapassar cinquenta contos. Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de
um a cinco contos de réis, ou ambas cumulativamente, se o fato não
Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode constitui crime contra a ordem política ou social.
suspender por tempo não inferior a 1 (um) ano nem superior a 3 - Deve-se observar que, em face da Lei 10.826/2003
(Estatuto do Desarmamento), os arts. 18 e 19 da Lei de
(três), a execução da pena de prisão simples, bem como conceder
Contravenções Penais foram derrogados quanto à arma de fogo.
livramento condicional. Porém, os referidos artigos continuam a ter aplicabilidade no que
Observam-se, em relação ao sursis para contravenções penais, as se refere às armas brancas: facas, navalhas, canivetes, estiletes
mesmas condições exigidas nos arts. 77 e 78 do CP. Quanto ao etc.
livramento condicional, incidem as regras constantes no art. 83 do CP. Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência
desta, sem licença da autoridade:
Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sentença e as Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa,
seguintes interdições de direitos: de duzentos mil réis a três contos de réis, ou ambas
I – a incapacidade temporária para profissão ou atividade, cujo cumulativamente.
exercício dependa de habilitação especial, licença ou autorização do § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade, se o
poder público; agente já foi condenado, em sentença irrecorrível, por violência
lI – a suspensão dos direitos políticos. contra pessoa.
Parágrafo único. Incorrem: § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três
a) na interdição sob nº I, por um mês a dois anos, o condenado meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto de réis, quem,
por motivo de contravenção cometida com abuso de profissão ou possuindo arma ou munição:
atividade ou com infração de dever a ela inerente; a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando
a lei o determina;

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b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa
inexperiente no manejo de arma a tenha consigo; deflagração perigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso.
c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se - Caput revogado pelo art. 15 da Lei n. 10.826 / 2003
apodere facilmente alienado, menor de 18 anos ou pessoa (Estatuto do Desarmamento).
inexperiente em manejá-la. - Parágrafo único revogado pelo art. 42 da Lei n. 9.605 / 1998
(Lei de Crimes Ambientais).
Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto destinado a
provocar aborto:
Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por erro no
Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil cruzeiros.
projeto ou na execução, dar-lhe causa:
Pena – multa, de um a dez contos de réis, se o fato não
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:
constitui crime contra a incolumidade pública.
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa,
de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime. Somente caracteriza contravenção penal se não constituir crime mais grave.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a Código Penal, art. 256: “Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a
perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. Pena - reclusão,
metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
de um a quatro anos, e multa”.
São exemplos de vias de fato: tapa, empurrão, puxão de cabelo, rasteira. Não é
possível verificar lesão pelo exame de corpo de delito.
Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo Estado
ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja conservação lhe
Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele incumbe:
internar, sem as formalidades legais, pessoa apresentada como Pena – multa, de um a cinco contos de réis.
doente mental:
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa
§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar a inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso:
autoridade competente, no prazo legal, internação que tenha Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de
admitido, por motivo de urgência, sem as formalidades legais. cem mil réis a um conto de réis.
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou
aquele que, sem observar as prescrições legais, deixa retirar-se ou o confia à pessoa inexperiente;
despede de estabelecimento psiquiátrico pessoa nele, internada. b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia;
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora do caso alheia.
previsto no artigo anterior, sem autorização de quem de direito:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública,
de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. ou embarcação a motor em águas públicas:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
CAPÍLULO II
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO STF: Súmula 720 - O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama
decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da lei das contravenções
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres.
empregado usualmente na prática de crime de furto: ---------------------------------------------------------------------------------------------
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, de A contravenção penal, contudo, ainda subsiste em relação à direção sem
trezentos mil réis a três contos de réis. habilitação de embarcação a motor em águas públicas.
São exemplos de Gazua: pé-de-cabra, chave de fenda, serra etc.
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licenciado:
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e multa, de
crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou duzentos mil réis a dois contos de réis.
quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas
ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em
crime de furto, desde que não prove destinação legítima: águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia:
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa,
duzentos mil réis a dois contos de réis de trezentos mil réis a dois contos de réis.
. Atualmente estão previstos na Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro) os
Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de serralheiro tipos penais referentes à direção de veículos na via pública. Porém, a
ou oficio análogo, a pedido ou por incumbência de pessoa de cuja contravenção penal ainda subsiste em relação às embarcações em águas
legitimidade não se tenha certificado previamente, fechadura ou públicas.
qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar ou objeto:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias ou a
de duzentos mil réis a um conto de réis. voos baixos, fora da zona em que a lei o permite, ou fazer descer a
aeronave fora dos lugares destinados a esse fim:
Art. 27. (Revogado) Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa,
de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
CAPÍTULO III
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMIDADE Art. 36. Deixar de colocar na via pública, sinal ou obstáculo,
PÚBLICA determinado em lei ou pela autoridade e destinado a evitar perigo a
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas transeuntes:
adjacências, em via pública ou em direção a ela: Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
trezentos mil réis a três contos de réis. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quinze a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de outra
dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de natureza ou obstáculo destinado a evitar perigo a transeuntes;
réis, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via b) remove qualquer outro sinal de serviço público.

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Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em lugar de Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar
uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa ofender, sujar ou que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está
molestar alguém: subordinado o seu exercício:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa,
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, sem as de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa coisa que, caindo em via
pública ou em lugar de uso comum ou de uso alheio, possa ofender, Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições legais,
sujar ou molestar alguém. comércio de antiguidades, de obras de arte, ou de manuscritos e
livros antigos ou raros:
Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou Pena – prisão simples de um a seis meses, ou multa, de um a
gás, que possa ofender ou molestar alguém: dez contos de réis.
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrícula ou à
CAPÍTULO IV escrituração de indústria, de comércio, ou de outra atividade:
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA Pena – multa, de duzentos mil réis a cinco contos de réis.
Art. 39. Participar de associação de mais de 5 (cinco)
pessoas, que se reúnam periodicamente, sob compromisso de CAPÍTULO VII
ocultar à autoridade a existência, objetivo, organização ou DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE COSTUMES
administração da associação: Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem
trezentos mil réis a três contos de réis. ele:
§ 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupante de Pena – prisão simples, de três meses a um ano, e multa, de
prédio que o cede, no todo ou em parte, para reunião de associação dois a quinze contos de réis, estendendo-se os efeitos da
que saiba ser de caráter secreto. condenação à perda dos moveis e objetos de decoração do local.
§ 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, deixar de § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se existe entre os
aplicar a pena, quando lícito o objeto da associação. empregados ou participa do jogo pessoa menor de 18 (dezoito)
anos.
Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo inconveniente § 2o Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois mil reais)
ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, em assembleia ou a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), quem é encontrado a
espetáculo público, se o fato não constitui infração penal mais grave; participar do jogo, ainda que pela internet ou por qualquer outro
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, meio de comunicação, como ponteiro ou apostador.
de duzentos mil réis a dois contos de réis. § 3º Consideram-se, jogos de azar:
a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou
Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo principalmente da sorte;
inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo ou de
tumulto: local onde sejam autorizadas;
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva.
de duzentos mil réis a dois contos de réis. § 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar acessível ao
público:
Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios: a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, quando
I – com gritaria ou algazarra; deles habitualmente participam pessoas que não sejam da família de
II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo quem a ocupa;
com as prescrições legais; b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspedes e
III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; moradores se proporciona jogo de azar;
IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, em que
por animal de que tem a guarda: se realiza jogo de azar;
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de azar,
de duzentos mil réis a dois contos de réis. ainda que se dissimule esse destino.

CAPÍTULO V Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autorização legal:
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, de
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de curso cinco a dez contos de réis, estendendo-se os efeitos da condenação
legal no país: à perda dos moveis existentes no local.
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. § 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou expõe à
venda, tem sob sua guarda para o fim de venda, introduz ou tenta
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou objeto que introduzir na circulação bilhete de loteria não autorizada.
pessoa inexperiente ou rústica possa confundir com moeda: § 2º Considera-se loteria toda operação que, mediante a
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais, símbolos ou
meios análogos, faz depender de sorteio a obtenção de prêmio em
Art. 45. Fingir-se funcionário público: dinheiro ou bens de outra natureza.
Pena – prisão simples, de um a três meses, ou multa, de § 3º Não se compreendem na definição do parágrafo anterior os
quinhentos mil réis a três contos de réis. sorteios autorizados na legislação especial.
- Dispositivo revogado pelo art. 45 do Decreto-Lei n. 6.259/44
Art. 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo de
função pública que não exerce; usar, indevidamente, de sinal,
Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bilhete de
distintivo ou denominação cujo emprego seja regulado por lei.
loteria, rifa ou tômbola estrangeiras:
Pena – multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o fato não
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de
constitui infração penal mais grave.
um a cinco contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe à
CAPÍTULO VI
venda, tem sob sua guarda. para o fim de venda, introduz ou tenta
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO DO
introduzir na circulação, bilhete de loteria estrangeira.
TRABALHO

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- Dispositivo revogado pelo art. 46 do Decreto-Lei n. 6.259/44 Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de embriaguez,
de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a segurança
Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de loteria própria ou alheia:
estadual em território onde não possa legalmente circular: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa,
Pena – prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de um a de duzentos mil réis a dois contos de réis.
três contos de réis. Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contraventor é
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe à internado em casa de custódia e tratamento.
venda, tem sob sua guarda, para o fim de venda, introduz ou tonta
introduzir na circulação, bilhete de loteria estadual, em território onde Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:
não possa legalmente circular. I - (Revogado)
II – a quem se acha em estado de embriaguez;
- Dispositivo revogado pelos arts. 46, 48 e 50 do Decreto-Lei n.
III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais;
6.259/44
IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida de
frequentar lugares onde se consome bebida de tal natureza:
Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de loteria Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou multa, de
estrangeira: quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de
duzentos mil réis a um conto de réis. Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe ou tem excessivo:
sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual, em território onde Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa, de cem
esta não possa legalmente circular. a quinhentos mil réis.
- Dispositivo revogado pelo art. 49 do Decreto-Lei n. 6.259/44 § 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins
didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou exposto ao
publico, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo.
Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de feitura de
§ 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é
bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes relativos a loteria, em
submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em
lugar onde ela não possa legalmente circular:
exibição ou espetáculo público.
Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis. - Dispositivo revogado pelo art. 32 da Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes
Ambientais), o qual prevê o crime de maus tratos.
- Dispositivo revogado pelo art. 51 do Decreto-Lei n. 6.259/44

Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade, por


Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de sorteio ou acinte ou por motivo reprovável:
avisos de loteria, onde ela não possa legalmente circular: Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa,
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de cem a de duzentos mil réis a dois contos de réis.
quinhentos mil réis.
- Dispositivo revogado pelo art. 52 do Decreto-Lei n. 6.259/44 CAPÍTULO VIII
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À ADMINISTRAÇÃO
Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impresso, de rádio, PÚBLICA
cinema, ou qualquer outra forma, ainda que disfarçadamente, Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente:
anúncio, aviso ou resultado de extração de loteria, onde a circulação I – crime de ação pública, de que teve conhecimento no
dos seus bilhetes não seria legal: exercício de função pública, desde que a ação penal não dependa
Pena – multa, de um a dez contos de réis. de representação;
II – crime de ação pública, de que teve conhecimento no
- Dispositivo revogado pelos art. 55 e art. 56 do Decreto-Lei n.
6.259/44 exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a
ação penal não dependa de representação e a comunicação não
exponha o cliente a procedimento criminal:
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do bicho, Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
ou praticar qualquer ato relativo à sua realização ou exploração: Crime próprio. Somente pode ser cometido por funcionário público ou
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de profissional da área da saúde.
dois a vinte contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzentos mil réis Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das
a dois contos de réis, aquele que participa da loteria, visando a disposições legais:
obtenção de prêmio, para si ou para terceiro. Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou multa, de
- Dispositivo revogado pelo art. 58 do Decreto-Lei n. 6.259/44 duzentos mil réis a dois contos de réis.
STJ: Súmula 51 - A punição do intermediador, no jogo do bicho, Inumar: sepultar, enterrar.
independe da identificação do “apostador” ou do “banqueiro”.
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta,
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações
sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios concernentes à própria identidade, estado, profissão, domicílio e
bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante residência:
ocupação ilícita: Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses. Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, se o
assegure ao condenado meios bastantes de subsistência, extingue a fato não constitui infração penal mais grave, quem, nas mesmas
pena. circunstâncias, faz declarações inverídicas a respeito de sua
identidade pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.
Art. 60 (Revogado)
Art. 61. (Revogado) Art. 69. (Revogado)

Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do monopólio


postal da União:

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Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas
três a dez contos de réis, ou ambas cumulativamente. públicas federais.
- O privilégio postal da União atualmente é regulado pela Lei n.
6.538/78, que dispõe sobre os Serviços Postais. O art. 42 da Art. 7o As citações e intimações da União serão feitas na forma
referida lei revogou essa contravenção penal, passando a tipificar a prevista nos arts. 35 a 38 da Lei Complementar no 73, de 10 de
violação do privilégio postal da União como crime.
fevereiro de 1993.
O monopólio é exercido atualmente pelos Correios - Empresa Brasileira Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações e
de Correios e Telégrafos. empresas públicas será feita na pessoa do representante máximo da
entidade, no local onde proposta a causa, quando ali instalado seu
escritório ou representação; se não, na sede da entidade.
Lei nº 10.259 / 2001 Art. 8o As partes serão intimadas da sentença, quando não
Juizados Especiais Cíveis e Criminais proferida esta na audiência em que estiver presente seu
representante, por ARMP (aviso de recebimento em mão própria).
no Âmbito da Justiça Federal § 1o As demais intimações das partes serão feitas na pessoa
dos advogados ou dos Procuradores que oficiem nos respectivos
Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e autos, pessoalmente ou por via postal.
Criminais no âmbito da Justiça Federal. § 2o Os tribunais poderão organizar serviço de intimação das
partes e de recepção de petições por meio eletrônico.
Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais
da Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não conflitar com Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática de
esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público,
inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para
Art. 2o Compete ao Juizado Especial Federal Criminal audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de
processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal trinta dias.
relativos às infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as
regras de conexão e continência. Art. 10. As partes poderão designar, por escrito,
Infrações de menor potencial ofensivo são crimes com pena máxima representantes para a causa, advogado ou não.
cominada de até 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Cumpre Parágrafo único. Os representantes judiciais da União,
observar que as contravenções penais, ainda que envolvam bens,
interesses e serviços da União, não são competência da Justiça
autarquias, fundações e empresas públicas federais, bem como os
Federal. indicados na forma do caput, ficam autorizados a conciliar, transigir
ou desistir, nos processos da competência dos Juizados Especiais
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo
Federais.
comum ou o tribunal do júri, decorrente da aplicação das regras de
conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação
Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Juizado a
penal e da composição dos danos civis.
documentação de que disponha para o esclarecimento da causa,
apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação.
Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível
Parágrafo único. Para a audiência de composição dos danos
processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça
resultantes de ilícito criminal (arts. 71, 72 e 74 da Lei no 9.099, de 26
Federal até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, bem como
de setembro de 1995), o representante da entidade que comparecer
executar as suas sentenças.
terá poderes para acordar, desistir ou transigir, na forma do art. 10.
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível
as causas:
Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição
ou ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada, que
Federal, as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de
apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência,
divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por
independentemente de intimação das partes.
improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou
§ 1o Os honorários do técnico serão antecipados à conta de
interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos;
verba orçamentária do respectivo Tribunal e, quando vencida na
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações
causa a entidade pública, seu valor será incluído na ordem de
públicas federais;
pagamento a ser feita em favor do Tribunal.
III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo
§ 2o Nas ações previdenciárias e relativas à assistência social,
federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal;
havendo designação de exame, serão as partes intimadas para, em
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de
dez dias, apresentar quesitos e indicar assistentes.
demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções
disciplinares aplicadas a militares.
Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas,
necessário.
para fins de competência do Juizado Especial, a soma de doze
parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3 o, caput.
Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a
federal quando houver divergência entre decisões sobre questões de
sua competência é absoluta.
direito material proferidas por Turmas Recursais na interpretação da
lei.
Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes,
§ 1o O pedido fundado em divergência entre Turmas da
deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de
mesma Região será julgado em reunião conjunta das Turmas em
difícil reparação.
conflito, sob a presidência do Juiz Coordenador.
§ 2o O pedido fundado em divergência entre decisões de
Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido
turmas de diferentes regiões ou da proferida em contrariedade a
recurso de sentença definitiva.
súmula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por Turma
de Uniformização, integrada por juízes de Turmas Recursais, sob a
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:
presidência do Coordenador da Justiça Federal.
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e
§ 3o A reunião de juízes domiciliados em cidades diversas será
empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei no 9.317, de 5 de
feita pela via eletrônica.
dezembro de 1996;

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20
§ 4o Quando a orientação acolhida pela Turma de facultado à parte exequente a renúncia ao crédito do valor
Uniformização, em questões de direito material, contrariar súmula ou excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o
jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça -STJ, a precatório, da forma lá prevista.
parte interessada poderá provocar a manifestação deste, que
dirimirá a divergência. Art. 18. Os Juizados Especiais serão instalados por decisão do
§ 5o No caso do § 4o, presente a plausibilidade do direito Tribunal Regional Federal. O Juiz presidente do Juizado designará
invocado e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, os conciliadores pelo período de dois anos, admitida a recondução.
poderá o relator conceder, de ofício ou a requerimento do O exercício dessas funções será gratuito, assegurados os direitos e
interessado, medida liminar determinando a suspensão dos prerrogativas do jurado (art. 437 do Código de Processo Penal).
processos nos quais a controvérsia esteja estabelecida. Parágrafo único. Serão instalados Juizados Especiais Adjuntos
§ 6o Eventuais pedidos de uniformização idênticos, recebidos nas localidades cujo movimento forense não justifique a existência
subsequentemente em quaisquer Turmas Recursais, ficarão retidos de Juizado Especial, cabendo ao Tribunal designar a Vara onde
nos autos, aguardando-se pronunciamento do Superior Tribunal de funcionará.
Justiça.
§ 7o Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente Art. 19. No prazo de seis meses, a contar da publicação desta
da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de Uniformização e Lei, deverão ser instalados os Juizados Especiais nas capitais dos
ouvirá o Ministério Público, no prazo de cinco dias. Eventuais Estados e no Distrito Federal.
interessados, ainda que não sejam partes no processo, poderão se Parágrafo único. Na capital dos Estados, no Distrito Federal e
manifestar, no prazo de trinta dias. em outras cidades onde for necessário, neste último caso, por
§ 8o Decorridos os prazos referidos no § 7o, o relator incluirá o decisão do Tribunal Regional Federal, serão instalados Juizados
pedido em pauta na Seção, com preferência sobre todos os demais com competência exclusiva para ações previdenciárias.
feitos, ressalvados os processos com réus presos, os habeas corpus
e os mandados de segurança. Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser
§ 9o Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos proposta no Juizado Especial Federal mais próximo do foro definido
referidos no § 6o serão apreciados pelas Turmas Recursais, que no art. 4o da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, vedada a
poderão exercer juízo de retratação ou declará-los prejudicados, se aplicação desta Lei no juízo estadual.
veicularem tese não acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça.
§ 10. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça e Art. 21. As Turmas Recursais serão instituídas por decisão do
o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, Tribunal Regional Federal, que definirá sua composição e área de
expedirão normas regulamentando a composição dos órgãos e os competência, podendo abranger mais de uma seção.
procedimentos a serem adotados para o processamento e o
julgamento do pedido de uniformização e do recurso extraordinário. Art. 22. Os Juizados Especiais serão coordenados por Juiz do
respectivo Tribunal Regional, escolhido por seus pares, com
Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos desta Lei, mandato de dois anos.
será processado e julgado segundo o estabelecido nos §§ 4 o a 9o do Parágrafo único. O Juiz Federal, quando o exigirem as
art. 14, além da observância das normas do Regimento. circunstâncias, poderá determinar o funcionamento do Juizado
Especial em caráter itinerante, mediante autorização prévia do
Art. 16. O cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito Tribunal Regional Federal, com antecedência de dez dias.
em julgado, que imponham obrigação de fazer, não fazer ou entrega
de coisa certa, será efetuado mediante ofício do Juiz à autoridade Art. 23. O Conselho da Justiça Federal poderá limitar, por até
citada para a causa, com cópia da sentença ou do acordo. três anos, contados a partir da publicação desta Lei, a competência
dos Juizados Especiais Cíveis, atendendo à necessidade da
Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após organização dos serviços judiciários ou administrativos.
o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no
prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisição, por Art. 24. O Centro de Estudos Judiciários do Conselho da
ordem do Juiz, à autoridade citada para a causa, na agência mais Justiça Federal e as Escolas de Magistratura dos Tribunais
próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, Regionais Federais criarão programas de informática necessários
independentemente de precatório. para subsidiar a instrução das causas submetidas aos Juizados e
§ 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição promoverão cursos de aperfeiçoamento destinados aos seus
Federal, as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a serem magistrados e servidores.
pagas independentemente de precatório, terão como limite o mesmo
valor estabelecido nesta Lei para a competência do Juizado Especial Art. 25. Não serão remetidas aos Juizados Especiais as
Federal Cível (art. 3o, caput). demandas ajuizadas até a data de sua instalação.
§ 2o Desatendida a requisição judicial, o Juiz determinará o
sequestro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão. Art. 26. Competirá aos Tribunais Regionais Federais prestar o
§ 3o São vedados o fracionamento, repartição ou quebra do suporte administrativo necessário ao funcionamento dos Juizados
valor da execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, na Especiais.
forma estabelecida no § 1o deste artigo, e, em parte, mediante
expedição do precatório, e a expedição de precatório complementar
ou suplementar do valor pago.
§ 4o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido no § 1 o,
o pagamento far-se-á, sempre, por meio do precatório, sendo

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XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,
1/3 (um terço) a mais do que o salário normal;
Constituição da República Federativa
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
do Brasil de 1988 salário, com a duração de 120 (cento e vinte) dias;
STF: Os prazos da licença-gestante não poderão ser superiores aos prazos
CAPÍTULO II da licença-adotante.
DOS DIREITOS SOCIAIS
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT: Art. 10, § 1º - até
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a que lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX da Constituição, o
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à prazo da licença-paternidade a que se refere o inciso é de 5 (cinco) dias.
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
Constituição.
incentivos específicos, nos termos da lei;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo
além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
no mínimo de 30 (trinta) dias, nos termos da lei;
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
normas de saúde, higiene e segurança;
indenização compensatória, dentre outros direitos; (Eficácia limitada)
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
insalubres ou perigosas, na forma da lei;
involuntário;
XXIV - aposentadoria; (Benefício previdenciário)
III - fundo de garantia do tempo de serviço; (FGTS)
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
O empregador recolherá mensalmente a alíquota de 8% sobre a
remuneração do trabalhador. Não se aplica a servidor público estatutário.
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
coletivos de trabalho;
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
(Eficácia limitada)
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
para qualquer fim; (Reserva legal) empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
quando incorrer em dolo ou culpa;
STF: Súmula vinculante 6 - Não viola a Constituição o estabelecimento de
remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
serviço militar inicial. trabalho, com prazo prescricional de 5 (cinco) anos para os
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 (dois) anos após a
do trabalho; extinção do contrato de trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em a) (Revogada).
convenção ou acordo coletivo; b) (Revogada).
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de
que percebem remuneração variável; funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração estado civil;
integral ou no valor da aposentadoria; (Gratificação natalina) XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
deficiência;
STF: Súmula 213 - É devido o adicional de serviço noturno, ainda que
sujeito o empregado ao regime de revezamento. XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
retenção dolosa; (Natureza alimentar) XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da insalubre a menores de 18 (dezoito) e de qualquer trabalho a
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de aprendiz, a
empresa, conforme definido em lei; (Eficácia limitada) partir de 14 (quatorze) anos;
XII - salário-família pago em razão do dependente do XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Benefício previdenciário) empregatício permanente e o trabalhador avulso.
XIII - duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, facultada a trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI,
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
ou convenção coletiva de trabalho; XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
observada a simplificação do cumprimento das obrigações
XIV - jornada de 6 (seis) horas para o trabalho realizado em tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX,
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.
domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal; observado o seguinte:

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I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a CAPÍTULO III
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, DA NACIONALIDADE
vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na Art. 12. São brasileiros:
organização sindical;
I - natos:
II - é vedada a criação de mais de uma organização
NACIONALIDADE ORIGINÁRIA
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional
ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
inferior à área de um Município; (Princípio da unicidade sindical) país; (Jus solis)
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
ou administrativas; Federativa do Brasil; (Jus sanguinis)
STF: O sindicato atua como substituto processual, não havendo c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
necessidade de prévia autorização dos trabalhadores. brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
custeio do sistema confederativo da representação sindical nacionalidade brasileira; (Jus sanguinis / Potestativa)
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; II - naturalizados:
(Contribuição confederativa) NACIONALIDADE DERIVADA
Contribuição Confederativa Contribuição Sindical
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
- Art. 8º, IV, CF/88 - Art. 149, CF/88 brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
- Fixada em assembleia geral - Fixada em lei
- Não tem natureza tributária - Tem Natureza tributária apenas residência por 1 (um) ano ininterrupto e idoneidade moral;
- A Reforma Trabalhista de 2017 (Naturalização ordinária)
- Facultativa
tornou o recolhimento obrigatório b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
apenas quando autorizado pelo República Federativa do Brasil há mais de 15 (quinze) anos
empregado.
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
STF: Súmula Vinculante 40 - A contribuição confederativa de que trata
o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao
nacionalidade brasileira; (Naturalização extraordinária)
sindicato respectivo § 1º Aos portugueses com residência permanente no País,
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
a sindicato; (Princípio da liberdade sindical) direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
Não há atribuição de nacionalidade aos portugueses, mas a concessão de
negociações coletivas de trabalho;
direitos inerentes aos nacionais do Brasil. Os portugueses permanecem
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas com sua nacionalidade.
organizações sindicais; § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação Constituição.
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: (Rol taxativo)
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. (Estabilidade
sindical) I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
STF: A garantia constitucional assegurada ao empregado enquanto no II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
cumprimento de mandato sindical não se destina a ele propriamente dito, III - de Presidente do Senado Federal;
ex intuitu personae, mas sim à representação sindical de que se investe,
que deixa de existir, entretanto, se extinta a empresa empregadora. IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à V - da carreira diplomática;
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, VI - de oficial das Forças Armadas.
atendidas as condições que a lei estabelecer. VII - de Ministro de Estado da Defesa
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os que:
interesses que devam por meio dele defender. I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
STF: Não constitui falta grave a entrada do empregado em greve, desde virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
que não se trate de movimento condenado pela Justiça do Trabalho e
desde que o comportamento seja pacífico no pertinente. II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da estrangeira;
comunidade. b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
da lei. permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de Federativa do Brasil.
discussão e deliberação. § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
Art. 11. Nas empresas de mais de 200 (duzentos) bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
empregados, é assegurada a eleição de um representante destes § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto ter símbolos próprios.
com os empregadores.
CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS

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Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio II - se contar mais de 10 (dez) anos de serviço, será agregado
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no
nos termos da lei, mediante: (Democracia semidireta ou participativa) ato da diplomação, para a inatividade.
I - plebiscito; § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
Consulta a população previamente à edição do ato legislativo ou inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a
administrativo; probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato
II - referendo; considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e
Consulta a população posteriormente à edição do ato legislativo ou legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou
administrativo, para que o povo ratifique ou rejeite o ato. o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração
direta ou indireta.
III - iniciativa popular.
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: (Capacidade eleitoral
ativa) Justiça Eleitoral no prazo de 15 (quinze) dias contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
I - obrigatórios para os maiores de 18 (dezoito) anos;
econômico, corrupção ou fraude.
II - facultativos para:
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em
a) os analfabetos; segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se
b) os maiores de 70 (setenta) anos; temerária ou de manifesta má-fé.
c) os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito)
anos. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
TSE: Poderão votar aqueles que, na data da eleição, tiverem completado a perda ou suspensão só se dará nos casos de:
idade mínima de 16 anos.
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
TSE: Resolução 21.920/2004 – Não estará sujeita a sanção a pessoa
portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso julgado; (Perda)
o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento e ao II - incapacidade civil absoluta; (Suspensão)
exercício do voto.
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durarem seus efeitos; (Suspensão)
durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (Perda)
(Capacidade eleitoral passiva)
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
I - a nacionalidade brasileira; (Suspensão)
II - o pleno exercício dos direitos políticos; Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor
III - o alistamento eleitoral; na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; um ano da data de sua vigência. (Princípio da anterioridade eleitoral)
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de: CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
a) 35 (trinta e cinco) anos para Presidente e Vice-Presidente
da República e Senador; Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
b) 30 (trinta) anos para Governador e Vice-Governador de
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
Estado e do Distrito Federal;
humana e observados os seguintes preceitos:
c) 21 (vinte e um) anos para Deputado Federal, Deputado
I - caráter nacional;
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de
d) 18 (dezoito) anos para Vereador.
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
único período subsequente. definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha,
formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis)
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem
meses antes do pleito.
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (2017)
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
haja substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, salvo
Superior Eleitoral.
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. (Inelegibilidade
reflexa) § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário
STF: Súmula vinculante 18 - A dissolução da sociedade ou do vínculo e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os
conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º partidos políticos que alternativamente: (2017) (Cláusula de barreira)
do artigo 14 da Constituição Federal
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo
condições:
menos 1/3 (um terço) das unidades da Federação, com um mínimo
I - se contar menos de 10 (dez) anos de serviço, deverá
de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas;
afastar-se da atividade;
ou (2017)

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II - tiverem elegido pelo menos 15 (quinze) Deputados Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente
Federais distribuídos em pelo menos 1/3 (um terço) das unidades da que:
Federação. (2017) I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a
atividade dos demais agentes;
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
organização paramilitar. III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade
previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada pessoal;
a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou
atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de promessa de recompensa
distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao
tempo de rádio e de televisão. (2017) Reincidência
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete
novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País
ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940
Código Penal Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
CAPÍTULO III cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver
DA APLICAÇÃO DA PENA decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o
Fixação da pena período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à ocorrer revogação;
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às II - não se consideram os crimes militares próprios e
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao políticos
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Pena-base: 1ª fase) Circunstâncias atenuantes
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
liberdade II - o desconhecimento da lei;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por III - ter o agente
outra espécie de pena, se cabível. a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou
moral;
Critérios especiais da pena de multa b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência,
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou
principalmente, à situação econômica do réu. ter, antes do julgamento, reparado o dano;
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência
embora aplicada no máximo. de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Multa substitutiva d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 autoria do crime;
(seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se
critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código não o provocou.

Circunstâncias agravantes Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de


Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não
quando não constituem ou qualificam o crime prevista expressamente em lei.
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime: Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
a) por motivo fútil ou torpe; Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes,
impunidade ou vantagem de outro crime; entendendo-se como tais as que resultam dos motivos
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro determinantes do crime, da personalidade do agente e da
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; reincidência.
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; Cálculo da pena
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
contra a mulher na forma da lei específica; diminuição e de aumento.
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de
ofício, ministério ou profissão; diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa
mulher grávida; que mais aumente ou diminua.
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da
autoridade; Concurso material
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-
l) em estado de embriaguez preordenada. se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e
Agravantes no caso de concurso de pessoas de detenção, executa-se primeiro aquela. (Sistema do cúmulo material)

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§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos Limite das penas
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de
art. 44 deste Código. liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas
entre si e sucessivamente as demais. ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do
Concurso formal cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se,
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou para esse fim, o período de pena já cumprido
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-
lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma Concurso de infrações
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de 1/6 (um sexto) até Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente
metade (Concurso formal próprio – Sistema da exasperação). As penas a pena mais grave.
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é STJ: Súmula 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, penais em curso para agravar a pena-base.
consoante o disposto no artigo anterior. (Concurso formal impróprio - STJ: Súmula 171 - Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas
Sistema do cúmulo material) privativas de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão
por multa.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria
STJ: Súmula 545 - Quando a confissão for utilizada para a formação do
cabível pela regra do art. 69 deste Código. convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo
STJ: A distinção entre o concurso formal próprio e o impróprio relaciona- 65, III, d, do Código Penal.
se com o elemento subjetivo do agente, ou seja, a existência ou não de STJ: Súmula 231 - A incidência da circunstância atenuante não pode
desígnios autônomos. conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
STF: Na aplicação de pena privativa de liberdade, o aumento decorrente STJ: Súmula 241 - A reincidência penal não pode ser considerada
de concurso formal ou de crime continuado não incide sobre a pena- como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância
base, mas sobre a pena acrescida por circunstância qualificadora ou judicial.
causa especial de aumento.

Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou Decreto-Lei nº 3.689 / 1941
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, Código de Processo Penal
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, TÍTULO VII
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer DA PROVA
caso, de 1/6 a 2/3 (um sexto a dois terços). (Sistema da exasperação) CAPÍTULO I
Nosso Código Penal adota a teoria da ficção jurídica em relação ao DISPOSIÇÕES GERAIS
crime continuado, considerando, por determinação legal, que os
diversos crimes sejam concebidos como um único delito. Essa ficção SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DA PROVA:
jurídica visa amenizar a regra do concurso material --- Livre Convicção:
Para esse sistema, a valoração da prova é livre, de acordo com a íntima
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, convicção do Juiz, não havendo necessidade de motivação para suas
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, decisões. Adota-se, no Brasil, em relação ao Tribunal do Júri, em que os
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a jurados não precisam motivar seus votos, que são sigilosos.
--- Sistema Tarifário:
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, A valoração da prova, nesse sistema, é taxada ou tarifada,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais preestabelecendo-se um determinado valor para cada prova produzida,
grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo deixando o juiz adstrito ao que for estipulado.
único do art. 70 e do art. 75 deste Código --- Livre Convencimento Motivado:
Esse é o sistema adotado no Brasil, na qual exige a motivação de todas
STF: Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado
as decisões judiciais. O juiz é livre para formar seu convencimento,
ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
contudo deverá fundamentá-lo nos autos.
continuidade ou da permanência.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
---
Multas no concurso de crimes Prova é “todo meio de se demonstrar, evidenciar uma verdade. No
processo penal, a prova tem estreita ligação com o princípio da busca
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são
da verdade real, a exigir a obtenção da verdade dos fatos, a verdade do
aplicadas distinta e integralmente. (Sistema do cúmulo material) mundo real, diferente do que ocorre com o processo civil, em que se
STJ: O art. 72 do Código Penal restringe-se aos casos dos concursos verifica a procura tão-somente da verdade formal, a verdade dos autos”.
material e formal, não se encontrando no âmbito de abrangência da Leonardo Barreto Moreira Alves, 2017, p. 211
continuidade delitiva. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação
da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
Erro na execução (Aberratio ictus) fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Sistema do livre convencimento
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse motivado da prova)
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º Poderá o Juiz decidir “de acordo com seu livre convencimento, devendo,
no entanto, cuidar de fundamentá-lo, nos autos, buscando persuadir as
do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa partes e a comunidade em abstrato”.
que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Guilherme de Souza Nucci, 2008, p. 395
Código. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas
serão observadas as restrições estabelecidas na lei
Resultado diverso do pretendido (Aberratio criminis ou delicti) civil.
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por
acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer,
diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

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I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de
produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da sua conservação.
medida; § 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um
relevante. assistente técnico.

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde
do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos
violação a normas constitucionais ou legais. quesitos formulados.
PROVAS PROIBIDAS Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo
--- Prova Ilícita: Viola regra de direito material. Ex. confissão mediante máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser prorrogado, em
tortura; interceptação telefônica sem autorização judicial. casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
--- Prova Ilegítima: Viola regra de direito processual. Ex. laudo pericial
elaborado por apenas um perito não oficial.
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das qualquer dia e a qualquer hora.
ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre
umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas
uma fonte independente das primeiras. (Teoria dos frutos da árvore depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de
envenenada)
morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só,
declararão no auto.
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou
instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. A Autópsia (necropsia ou exame cadavérico) é um exame médico
minucioso realizado em um cadáver para determinar o momento e a
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova causa da morte.
declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial,
facultado às partes acompanhar o incidente. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o
simples exame externo do cadáver, quando não houver infração
§ 4o (VETADO)
penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar
a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para
CAPÍTULO II
a verificação de alguma circunstância relevante.
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente
podendo supri-lo a confissão do acusado.
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto
Direto: Realizado diretamente sobre os vestígios deixados. Ex. contato circunstanciado.
com o corpo da vítima no crime de lesão corporal.
Indireto: Realizado com base em informações verossímeis fornecidas Exumação consiste na remoção de um cadáver da sepultura ou
através de outros meios de provas admitidos quando inexistentes os desenterramento.
vestígios. Ex. fotografias, filmes, exame de ficha clínica etc.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência.
de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: (2018) No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (2018) encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará
com deficiência. (2018) do auto.

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição
realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas
as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
(duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver,
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
e fielmente desempenhar o encargo.
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver
exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de
quesitos e indicação de assistente técnico. Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição
de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo
juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e
peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. indicações.
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e
partes, quanto à perícia: autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para a identificação do cadáver.
para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e
os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito,
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá
suprir-lhe a falta.
respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame
pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em
audiência. pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a
que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou
de seu defensor.

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§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão
auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. transcritos na precatória.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito
no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela
decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do crime. autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela assinado pelos peritos.
prova testemunhal.
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao
praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para exame, também pela autoridade.
que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o
que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em
esquemas elucidativos. suas folhas por todos os peritos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as
alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão
consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e
de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a
material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros
conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou peritos.
microfotográficas, desenhos ou esquemas. (Exame laboratorial)
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade
rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer
escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com o laudo.
que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que
o fato praticado. (Perícia em furto qualificado) se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo
coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos Sistema do livre convencimento motivado. O Juiz poderá aceitar ou
procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos rejeitar o laudo, porém deverá fundamentar sua decisão no conjunto
e dos que resultarem de diligências. probatório, não ficando vinculado ao laudo pericial.

Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública,
e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado observar-se-á o disposto no art. 19.
para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu
valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz
fato. (Exame de local de incêndio) ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes,
quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por
comparação de letra, observar-se-á o seguinte: (Exame de CAPÍTULO III
reconhecimento de escritos ou grafotécnico ou caligráfico)
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade
será intimada para o ato, se for encontrada;
judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos
na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente
reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não O interrogatório é um direito subjetivo do acusado, configurando
nulidade absoluta o impedimento ao seu exercício, pois faz parte do
houver dúvida; direito à defesa pessoal. O interrogatório é meio de prova e meio de
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o defesa do réu.
exame, os documentos que existirem em arquivos ou -------------------------------------------------------------------------------------------------
estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí ---
STF: Ainda que procedimentos especiais estabeleçam forma diversa, o
não puderem ser retirados;
interrogatório do acusado deve sempre ser o último ato da instrução.
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem
insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa § 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala
escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que
lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério
que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a
escrever. publicidade do ato.
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada,
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o
empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou
natureza e a eficiência. (Exame dos instrumentos do crime) outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos das seguintes finalidades:
até o ato da diligência. I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada
suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que,
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual,
privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em
deprecante. juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;

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III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à
vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração;
videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das
por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as
de antecedência. perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso
poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em
de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas.
que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código.
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os
garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram
seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também para a infração, e quais sejam.
garantido o acesso a canais telefônicos reservados para
comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados
presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o separadamente.
preso.
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-
realização de atos processuais por sistema de videoconferência será mudo será feito pela forma seguinte:
fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que
também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do ele responderá oralmente;
Brasil. II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente,
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo respondendo-as por escrito;
nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por
prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. escrito e do mesmo modo dará as respostas.
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou
que couber, à realização de outros atos processuais que dependam escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso,
da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, pessoa habilitada a entendê-lo.
reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou
tomada de declarações do ofendido. Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o
§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o interrogatório será feito por meio de intérprete.
acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor.
§ 10. Do interrogatório deverá constar a informação sobre a Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou
existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma não quiser assinar, tal fato será consignado no termo.
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (2018) Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo
interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do partes.
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes
de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e CAPÍTULO IV
de não responder perguntas que lhe forem formuladas. DA CONFISSÃO
STJ: Caso o Juiz não informe ao acusado sobre o seu direito de Confissão: É o reconhecimento, por uma pessoa, da culpa ou da
permanecer calado, deverá ser comprovado o efetivo prejuízo que acusação que lhe foi imputada.
decorreu desta irregularidade. Não havendo prejuízo, não haverá
nulidade. Nulidade Relativa. Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios
adotados para os outros elementos de prova, e para a sua
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do
confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou
concordância.
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes:
sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas
§ 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre poderá constituir elemento para a formação do convencimento do
a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, juiz.
lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se • A parte final desse dispositivo não foi recepcionada pela
foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o ordem jurídica atual.
juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação,
qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será
sociais. tomada por termo nos autos, observado o disposto no art. 195.
§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre:
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das
particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem provas em conjunto.
deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas
Divisível: O Juiz poderá considerar apenas parte da confissão.
esteve antes da prática da infração ou depois dela;
Retratável: O réu poderá se retratar da confissão, se em tempo.
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se
teve notícia desta;
IV - as provas já apuradas; CAPÍTULO V
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por DO OFENDIDO
inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas; Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou
infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido
apreendido;

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presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir
por termo as suas declarações. outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. (Testemunhas
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem extranumerárias)
motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da § 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as
autoridade. pessoas a que as testemunhas se referirem. (Testemunhas referidas ou
referenciais)
Admite-se a condução coercitiva do acusado, que poderá ser
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que
responsabilizado por crime de desobediência. Cumpre salientar que o
ofendido não possui direito ao silêncio, exceto se o seu depoimento nada souber que interesse à decisão da causa. (Testemunhas inócuas)
puder incriminá-lo.
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per
§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais
si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das
relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação
outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso
de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a
testemunho.
mantenham ou modifiquem.
§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua
endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o realização, serão reservados espaços separados para a garantia da
uso de meio eletrônico. incomunicabilidade das testemunhas.
§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização,
será reservado espaço separado para o ofendido. Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer
§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a
ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a
áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas instauração de inquérito.
do ofensor ou do Estado. Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na
da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, audiência (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), ou o conselho de
inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, sentença, após a votação dos quesitos, poderão fazer apresentar
depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu imediatamente a testemunha à autoridade policial.
respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação.
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes
CAPÍTULO VI diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que
DAS TESTEMUNHAS puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou
Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha. importarem na repetição de outra já respondida.
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a poderá complementar a inquirição.
promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado,
devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste
sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa
que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com do fato.
qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões
de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão
sua credibilidade. contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou defeitos, que a
Testemunha não tem direito ao silêncio e deve prestar compromisso de tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará
dizer a verdade, podendo responder por crime de falso testemunho. consignar a contradita ou arguição e a resposta da testemunha, mas
-------------------------------------------------------------------------------------------------
só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos
---STF: A testemunha poderá permanecer em silêncio somente em
relação aos fatos que possam incriminá-la. previstos nos arts. 207 e 208.
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se,
permitido à testemunha trazê-lo por escrito. tanto quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas,
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, reproduzindo fielmente as suas frases.
breve consulta a apontamentos.
Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da termo, assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha
testemunha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao seu não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o
alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo. faça por ela, depois de lido na presença de ambos.
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da
obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá
ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha
que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento,
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou fará a inquirição por videoconferência e, somente na
integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu,
prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor.
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas
de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, no caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os
salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu motivos que a determinaram.
testemunho.
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à
203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida
(quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.

Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa


prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de

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desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
diligência. Esse Capítulo trata do procedimento realizado para identificação de
pessoas “de alguma maneira envolvidas no fato delituoso, e de coisas,
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou cuja prova da existência e individualização seja relevante para a
por velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde apuração da responsabilidade”.
Oliveira, 2008, p.365
estiverem.
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será
governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
Assembleias Legislativas Estaduais, os membros do Poder colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem
Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o
dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo reconhecimento a apontá-la;
serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para
entre eles e o juiz. o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a
presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto
depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada
pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas
ofício. presenciais.
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá
superior. aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de
§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto julgamento.
no art. 218, devendo, porém, a expedição do mandado ser STJ: O art. 226 do Código de Processo Penal configura uma
imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que servirem, recomendação legal, e não uma exigência absoluta, não se cuidando,
portanto, de nulidade quando praticado o ato processual
com indicação do dia e da hora marcados. (reconhecimento pessoal) de forma diversa da prevista em lei.

Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz


será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com
para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.
partes.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o
criminal. reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas.
mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos
autos. CAPÍTULO VIII
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de DA ACAREAÇÃO
testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre
outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou
tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas,
realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou
julgamento. circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para
STF: Súmula 155 - É relativa a nulidade do processo criminal por falta
de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha. que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o
STJ: Súmula 273 - Intimada a defesa da expedição da carta precatória, ato de acareação.
torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo
deprecado. Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações
Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a
demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que
requerente com os custos de envio. explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente,
nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha
presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do
Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a
nacional, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a
respostas. testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando não
Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo- importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda
mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 192. conveniente.

Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um CAPÍTULO IX


ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela simples DOS DOCUMENTOS
omissão, às penas do não-comparecimento. Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão
apresentar documentos em qualquer fase do processo.
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou,
por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos,
instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o
depoimento. Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente
autenticada, se dará o mesmo valor do original.
CAPÍTULO VII

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Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será
meios criminosos, não serão admitidas em juízo. realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá
pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
não haja consentimento do signatário. II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento que o fizer expedir.
relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará, § 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do
independentemente de requerimento de qualquer das partes, para mandado de busca.
sua juntada aos autos, se possível. § 2o Não será permitida a apreensão de documento em
poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do
Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão corpo de delito.
submetidas a exame pericial, quando contestada a sua
autenticidade. Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no
caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa
Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que
prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no
por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela curso de busca domiciliar.
autoridade.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia,
Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferidas salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de
com o original, em presença da autoridade. penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao
morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a
Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo, porta.
quando não exista motivo relevante que justifique a sua conservação § 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará
nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos § 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e
autos. forçada a entrada.
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de
CAPÍTULO X força contra coisas existentes no interior da casa, para o
DOS INDÍCIOS descobrimento do que se procura.
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e § 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando
provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir
concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar,
CAPÍTULO XI o morador será intimado a mostrá-la.
DA BUSCA E DA APREENSÃO § 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será
A busca e apreensão é um meio de prova cautelar, que visa o imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou
“acautelamento do material probatório, de coisa, de animais e até de de seus agentes.
pessoas, que não estejam ao alcance, espontâneo, da justiça.” § 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto
Oliveira, 2008, p.369.
circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais,
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. sem prejuízo do disposto no § 4o.
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas
razões a autorizarem, para: Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior,
a) prender criminosos; quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento
criminosos; não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e
objetos falsificados ou contrafeitos; Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa
Contrafação é a reprodução de uma obra protegida por direitos autorais procurada, os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver
sem autorização da entidade que detém a sua propriedade intelectual. sofrido a busca, se o requerer.
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na
prática de crime ou destinados a fim delituoso; Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à não moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito
defesa do réu; da diligência.
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado
ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se
seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; não importar retardamento ou prejuízo da diligência.
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção. Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada território de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando,
suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa,
mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior. devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da
diligência ou após, conforme a urgência desta.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em
não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida seguimento da pessoa ou coisa, quando:
da expedição de mandado. a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a
seguirem sem interrupção, embora depois a percam de vista;
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por
requerimento de qualquer das partes. informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo
removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu
Art. 243. O mandado de busca deverá: encalço.

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§ 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos
duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências, nesta Lei.
entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que
apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de TÍTULO II
modo que não se frustre a diligência. Dos Direitos Fundamentais
CAPÍTULO I
Do Direito à Vida
Lei nº 10.741 / 2003 Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua
proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação
Estatuto do Idoso vigente.

TÍTULO I Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a


Disposições Preliminares proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições
direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 de dignidade.
(sessenta) anos.
CAPÍTULO II
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à
que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa
todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais,
saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, garantidos na Constituição e nas leis.
espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. § 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os
seguintes aspectos:
Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e
do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à II – opinião e expressão;
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à III – crença e culto religioso;
dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. IV – prática de esportes e de diversões;
§ 1º A garantia de prioridade compreende: (2017) V – participação na vida familiar e comunitária;
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos VI – participação na vida política, na forma da lei;
órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
II – preferência na formulação e na execução de políticas § 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
sociais públicas específicas; integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças,
relacionadas com a proteção ao idoso; dos espaços e dos objetos pessoais.
IV – viabilização de formas alternativas de participação, § 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-
ocupação e convívio do idoso com as demais gerações; o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, vexatório ou constrangedor.
em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam
ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência; CAPÍTULO III
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas Dos Alimentos
de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a civil.
divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos
biopsicossociais de envelhecimento; Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de entre os prestadores.
assistência social locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser
Renda. celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que
§ 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo
aos maiores de 80 (oitenta) anos, atendendo-se suas necessidades extrajudicial nos termos da lei processual civil.
sempre preferencialmente em relação aos demais idosos. (2017)
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem
Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao
negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência social.
atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na
forma da lei. CAPÍTULO IV
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos Do Direito à Saúde
direitos do idoso. Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso,
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o
prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados. acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará em recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que
responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei. afetam preferencialmente os idosos.
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade efetivadas por meio de:
competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha I – cadastramento da população idosa em base territorial;
testemunhado ou de que tenha conhecimento. II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal
Art. 7o Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de

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IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou
população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se psicológico.
locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por § 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória
instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e prevista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de
eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano outubro de 1975.
e rural;
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para CAPÍTULO V
redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde. Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer,
gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua
continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos peculiar condição de idade.
ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
§ 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do
pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade. idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limitação didático aos programas educacionais a ele destinados.
incapacitante terão atendimento especializado, nos termos da lei. § 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo
§ 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços
perante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido o tecnológicos, para sua integração à vida moderna.
seguinte procedimento: § 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico
I - quando de interesse do poder público, o agente promoverá ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivências às
o contato necessário com o idoso em sua residência; ou demais gerações, no sentido da preservação da memória e da
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará identidade culturais.
representar por procurador legalmente constituído.
§ 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino
pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de
pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a
contratado ou conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde - eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.
SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao exercício de
seus direitos sociais e de isenção tributária. Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de 80 lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50%
(oitenta) anos terão preferência especial sobre os demais idosos, (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais,
exceto em caso de emergência. (2017) esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos
respectivos locais.
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o
direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou
condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, horários especiais voltados aos idosos, com finalidade informativa,
segundo o critério médico. educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável envelhecimento.
pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do
idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito. Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão às
pessoas idosas, na perspectiva da educação ao longo da vida,
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades cursos e programas de extensão, presenciais ou a distância,
mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de saúde constituídos por atividades formais e não formais . (2017)
que lhe for reputado mais favorável. Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a
proceder à opção, esta será feita: publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial
I – pelo curador, quando o idoso for interditado; adequados ao idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este redução da capacidade visual. (2017)
não puder ser contactado em tempo hábil;
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não CAPÍTULO VI
houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar; Da Profissionalização e do Trabalho
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade
conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e
Público. psíquicas.

Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou
mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo
o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a
orientação a cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda. natureza do cargo o exigir.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência concurso público será a idade, dando-se preferência ao de idade
praticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória mais elevada.
pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária,
bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de:
dos seguintes órgãos: I – profissionalização especializada para os idosos,
I – autoridade policial; aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regulares
II – Ministério Público; e remuneradas;
III – Conselho Municipal do Idoso; II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com
IV – Conselho Estadual do Idoso; antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos
V – Conselho Nacional do Idoso. projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o sobre os direitos sociais e de cidadania;
idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público ou

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III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos ao Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família
trabalho. natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares,
quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada.
CAPÍTULO VII § 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa
Da Previdência Social permanência será prestada quando verificada inexistência de grupo
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros
Geral da Previdência Social observarão, na sua concessão, critérios próprios ou da família.
de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais § 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica
incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente. obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção interdição, além de atender toda a legislação pertinente.
serão reajustados na mesma data de reajuste do salário-mínimo, pro § 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a
rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades
último reajustamento, com base em percentual definido em deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene
regulamento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob
de 24 de julho de 1991. as penas da lei.

Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados
para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao imóvel para moradia própria, observado o seguinte:
exigido para efeito de carência na data de requerimento do benefício. I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto habitacionais residenciais para atendimento aos idosos;
no caput observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei II – implantação de equipamentos urbanos comunitários
no 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de- voltados ao idoso;
contribuição recolhidos a partir da competência de julho de 1994, o III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para
disposto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991. garantia de acessibilidade ao idoso;
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, de aposentadoria e pensão.
efetuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para
será atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos atendimento a idosos devem situar-se, preferencialmente, no
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, verificado no pavimento térreo.
período compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o
mês do efetivo pagamento. CAPÍTULO X
Do Transporte
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica
dos aposentados e pensionistas. assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos
urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais,
CAPÍTULO VIII quando prestados paralelamente aos serviços regulares.
Da Assistência Social § 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade.
articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei § 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este
Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os
Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes. idosos, devidamente identificados com a placa de reservado
preferencialmente para idosos.
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que § 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre
não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da
provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) legislação local dispor sobre as condições para exercício da
salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – gratuidade nos meios de transporte previstos no caput deste artigo.
Loas.
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual
da família nos termos do caput não será computado para os fins do observar-se-á, nos termos da legislação específica:
cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas. I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para
idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos;
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no
são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas
pessoa idosa abrigada. gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos.
§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os
a cobrança de participação do idoso no custeio da entidade. mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos nos
§ 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da incisos I e II.
Assistência Social estabelecerá a forma de participação prevista no §
1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da
benefício previdenciário ou de assistência social percebido pelo lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos
idoso. públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a
§ 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante garantir a melhor comodidade ao idoso.
legal firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança do idoso
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social, nos procedimentos de embarque e desembarque nos veículos do
por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica, sistema de transporte coletivo.
para os efeitos legais.
TÍTULO III
CAPÍTULO IX Das Medidas de Proteção
Da Habitação CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais

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Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de
violados: institucionalização de longa permanência adotarão os seguintes
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; princípios:
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade I – preservação dos vínculos familiares;
de atendimento; II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
III – em razão de sua condição pessoal. III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso
de força maior;
CAPÍTULO II IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de
Das Medidas Específicas de Proteção caráter interno e externo;
Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e levarão em VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de
conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos ambiente de respeito e dignidade.
vínculos familiares e comunitários. Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de
atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente pelos atos
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções
Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele, administrativas.
poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento:
responsabilidade; I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários; idoso, especificando o tipo de atendimento, as obrigações da
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos
ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; preços, se for o caso;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os
orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou idosos;
ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação
cause perturbação; suficiente;
V – abrigo em entidade; IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de
VI – abrigo temporário. habitabilidade;
V – oferecer atendimento personalizado;
TÍTULO IV VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos
Da Política de Atendimento ao Idoso familiares;
CAPÍTULO I VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de
Disposições Gerais visitas;
Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade
conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais do idoso;
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e
de lazer;
Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento: X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de acordo com suas crenças;
janeiro de 1994; XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
II – políticas e programas de assistência social, em caráter XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda
supletivo, para aqueles que necessitarem; ocorrência de idoso portador de doenças infecto-contagiosas;
III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requisite
de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que
opressão; não os tiverem, na forma da lei;
IV – serviço de identificação e localização de parentes ou XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que
responsáveis por idosos abandonados em hospitais e instituições de receberem dos idosos;
longa permanência; XV – manter arquivo de anotações onde constem data e
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável,
dos idosos; parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais
dos diversos segmentos da sociedade no atendimento do idoso. dados que possibilitem sua identificação e a individualização do
atendimento;
CAPÍTULO II XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências
Das Entidades de Atendimento ao Idoso cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos
Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela familiares;
manutenção das próprias unidades, observadas as normas de XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com formação
planejamento e execução emanadas do órgão competente da específica.
Política Nacional do Idoso, conforme a Lei no 8.842, de 1994.
Parágrafo único. As entidades governamentais e não- Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos
governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de prestadoras de serviço ao idoso terão direito à assistência judiciária
seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e gratuita.
Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao
Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os CAPÍTULO III
regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos: Da Fiscalização das Entidades de Atendimento
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais de
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos Conselhos do Idoso,
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos em lei.
compatíveis com os princípios desta Lei;
III – estar regularmente constituída; Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes. a seguinte redação:

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"Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Lei a Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão
supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação da atualizados anualmente, na forma da lei.
política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias
político-administrativas." (NR) Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade
administrativa por infração às normas de proteção ao idoso terá
Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos início com requisição do Ministério Público ou auto de infração
recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de elaborado por servidor efetivo e assinado, se possível, por duas
atendimento. testemunhas.
§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração poderão
Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da circunstâncias da infração.
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às § 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
seguintes penalidades, observado o devido processo legal: a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e
I – as entidades governamentais: quatro) horas, por motivo justificado.
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes; Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; apresentação da defesa, contado da data da intimação, que será
d) fechamento de unidade ou interdição de programa; feita:
II – as entidades não-governamentais: I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for
a) advertência; lavrado na presença do infrator;
b) multa; II – por via postal, com aviso de recebimento.
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
d) interdição de unidade ou suspensão de programa; Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a
e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse autoridade competente aplicará à entidade de atendimento as
público. sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das
§ 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou
fraude em relação ao programa, caberá o afastamento provisório dos pelas demais instituições legitimadas para a fiscalização.
dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do programa.
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a
ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio de finalidade saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente aplicará à
dos recursos. entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo
§ 3o Na ocorrência de infração por entidade de atendimento, da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo
que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a
comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis, fiscalização.
inclusive para promover a suspensão das atividades ou dissolução
da entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do CAPÍTULO VI
interesse público, sem prejuízo das providências a serem tomadas Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade de
pela Vigilância Sanitária. Atendimento
§ 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas a Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento
natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela administrativo de que trata este Capítulo as disposições das Leis
provierem para o idoso, as circunstâncias agravantes ou atenuantes nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de
e os antecedentes da entidade. 1999.

CAPÍTULO IV Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em


Das Infrações Administrativas entidade governamental e não-governamental de atendimento ao
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as idoso terá início mediante petição fundamentada de pessoa
determinações do art. 50 desta Lei: interessada ou iniciativa do Ministério Público.
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
(três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, podendo Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária,
haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas as ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento
exigências legais. provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de adequadas, para evitar lesão aos direitos do idoso, mediante decisão
longa permanência, os idosos abrigados serão transferidos para fundamentada.
outra instituição, a expensas do estabelecimento interditado,
enquanto durar a interdição. Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de 10
(dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por indicar as provas a produzir.
estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência de
comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na
idoso de que tiver conhecimento: conformidade do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 instrução e julgamento, deliberando sobre a necessidade de
(três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência. produção de outras provas.
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a § 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
prioridade no atendimento ao idoso: Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais, decidindo
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 a autoridade judiciária em igual prazo.
(um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o § 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de
dano sofrido pelo idoso. dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficiará
a autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado,
CAPÍTULO V fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para proceder à
Da Apuração Administrativa de Infração às substituição.
Normas de Proteção ao Idoso § 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades

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verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências
julgamento do mérito. investigatórias e a instauração de inquérito policial, para a
§ 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao idoso;
entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento. VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
assegurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e
TÍTULO V extrajudiciais cabíveis;
Do Acesso à Justiça VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de
CAPÍTULO I atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de
Disposições Gerais pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à
Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste remoção de irregularidades porventura verificadas;
Capítulo, o procedimento sumário previsto no Código de Processo IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos
Civil, naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei. serviços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos,
para o desempenho de suas atribuições;
Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos
exclusivas do idoso. idosos previstos nesta Lei.
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
processos e procedimentos e na execução dos atos e hipóteses, segundo dispuser a lei.
diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente § 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Ministério
qualquer instância. Público.
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este § 3o O representante do Ministério Público, no exercício de suas
artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento ao idoso.
autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará
as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte,
em local visível nos autos do processo. atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos
§ 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos
estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer
companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos. diligências e produção de outras provas, usando os recursos
§ 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos na cabíveis.
Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e
instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso,
Defensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em será feita pessoalmente.
relação aos Serviços de Assistência Judiciária.
§ 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a
fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinação a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a
idosos em local visível e caracteres legíveis. requerimento de qualquer interessado.
§ 5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á prioridade
especial aos maiores de 80 (oitenta) anos. (2017) CAPÍTULO III
CAPÍTULO II Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos e
Do Ministério Público Individuais Indisponíveis ou Homogêneos
Art. 72. (VETADO) Art. 78. As manifestações processuais do representante do
Ministério Público deverão ser fundamentadas.
Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei,
serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica. Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados ao idoso,
Art. 74. Compete ao Ministério Público: referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a I – acesso às ações e serviços de saúde;
proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiência
indisponíveis e individuais homogêneos do idoso; ou com limitação incapacitante;
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de III – atendimento especializado ao idoso portador de doença
interdição total ou parcial, de designação de curador especial, em infecto-contagiosa;
circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso.
em que se discutam os direitos de idosos em condições de risco; Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não
III – atuar como substituto processual do idoso em situação excluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos,
de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; individuais indisponíveis ou homogêneos, próprios do idoso,
IV – promover a revogação de instrumento procuratório do protegidos em lei.
idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando
necessário ou o interesse público justificar; Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo: foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta para
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal
e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa e a competência originária dos Tribunais Superiores.
notificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil
ou Militar; Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos,
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se
autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta legitimados, concorrentemente:
e indireta, bem como promover inspeções e diligências I – o Ministério Público;
investigatórias; II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
c) requisitar informações e documentos particulares de III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
instituições privadas; IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1
(um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos

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interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providências
assembléia, se houver prévia autorização estatutária. cabíveis.
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá
de que cuida esta Lei. requerer às autoridades competentes as certidões e informações que
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias.
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
deverá assumir a titularidade ativa. Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou
esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes. perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade (dez) dias.
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de § 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a
caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do propositura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu
mandado de segurança. arquivamento, fazendo-o fundamentadamente.
§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informação
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público
da obrigação ou determinará providências que assegurem o ou à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público.
resultado prático equivalente ao adimplemento. § 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, pelo
§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara de
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz Coordenação e Revisão do Ministério Público, as associações
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na forma legitimadas poderão apresentar razões escritas ou documentos, que
do art. 273 do Código de Processo Civil. serão juntados ou anexados às peças de informação.
§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor § 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de
multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for Coordenação e Revisão do Ministério Público de homologar a
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável promoção de arquivamento, será designado outro membro do
para o cumprimento do preceito. Ministério Público para o ajuizamento da ação.
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que TÍTULO VI
se houver configurado. Dos Crimes
CAPÍTULO I
Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao Disposições Gerais
Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo Municipal Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento ao idoso. disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias
após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima
execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o
facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995,
daquele. e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal
e do Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF)
Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, • Juizados Especiais Cíveis e Criminais
para evitar dano irreparável à parte. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 39 E 94
DA LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO). RESTRIÇÃO À
Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser GRATUIDADE DO TRANSPORTE COLETIVO. SERVIÇOS DE
condenação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de TRANSPORTE SELETIVOS E ESPECIAIS. APLICABILIDADE DOS
PROCEDIMENTOS PREVISTOS NA LEI 9.099/1995 AOS CRIMES
peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade COMETIDOS CONTRA IDOSOS.
civil e administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão. 1. No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.768/DF, o
Supremo Tribunal Federal julgou constitucional o art. 39 da Lei nº
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da 10.741/2003. Não conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade
sentença condenatória favorável ao idoso sem que o autor lhe nessa parte.
2. Art. 94 da Lei n. 10.741/2003: interpretação conforme à Constituição
promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada, do Brasil, com redução de texto, para suprimir a expressão “do Código
igual iniciativa aos demais legitimados, como assistentes ou Penal e”. Aplicação apenas do procedimento sumaríssimo previsto na
assumindo o pólo ativo, em caso de inércia desse órgão. Lei nº 9.099/95: benefício do idoso com a celeridade processual.
Impossibilidade de aplicação de quaisquer medidas
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá despenalizadoras e de interpretação benéfica ao autor do crime.
3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e para dar interpretação conforme à Constituição do Brasil, com redução
quaisquer outras despesas. de texto, ao art. 94 da Lei nº 10.741/2003.
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério ADIN 3.096-5 STF

Público.
CAPÍTULO II
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar Dos Crimes em Espécie
a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal
fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182
elementos de convicção. do Código Penal.

Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando
exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento de fatos seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao
que possam configurar crime de ação pública contra idoso ou direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento
ensejar a propositura de ação para sua defesa, devem encaminhar necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

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§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação,
encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente. informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do
idoso:
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo,
ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos
causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública: a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. dispor livremente:
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se
resulta a morte. Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar,
testar ou outorgar procuração:
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas
necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado: Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa. discernimento de seus atos, sem a devida representação legal:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou
psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou TÍTULO VII
degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, Disposições Finais e Transitórias
quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do
inadequado: Ministério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940,
§ 2o Se resulta a morte: Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações:...
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vigorar acrescido do
a 1 (um) ano e multa: seguinte parágrafo único:...
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por
motivo de idade; Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:...
trabalho;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro
prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa; de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:...
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a
execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000,
Lei; passa a vigorar com a seguinte redação:
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à "Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade
propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e
Ministério Público. as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento
prioritário, nos termos desta Lei." (NR)
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo
motivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao
parte ou interveniente o idoso: Fundo Nacional de Assistência Social, até que o Fundo Nacional do
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Idoso seja criado, os recursos necessários, em cada exercício
financeiro, para aplicação em programas e ações relativos ao idoso.
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos,
pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados
aplicação diversa da de sua finalidade: relativos à população idosa do País.
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, Nacional projeto de lei revendo os critérios de concessão do
como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à entidade Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da
de atendimento: Assistência Social, de forma a garantir que o acesso ao direito seja
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. condizente com o estágio de desenvolvimento sócio-econômico
alcançado pelo País.
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa
a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer
outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou
ressarcimento de dívida:

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IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
Constituição da República Federativa X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
arqueológicos e pré-históricos;
do Brasil de 1988 XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito
TÍTULO III
Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração
Da Organização do Estado
direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo
CAPÍTULO I
ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território,
Art. 18. A organização político-administrativa da República plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva,
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito ou compensação financeira por essa exploração.
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
§ 2º A faixa de até 150 (cento e cinquenta) quilômetros de
Constituição.
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de
§ 1º Brasília é a Capital Federal. fronteira, é considerada fundamental para defesa do território
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem As competências são atribuídas de acordo com o critério da
serão reguladas em lei complementar. predominância do interesse.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se Art. 21. Compete à União: (Competência material - exclusiva -
ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos indelegável)
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso organizações internacionais;
Nacional, por lei complementar.
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
III - assegurar a defesa nacional;
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período
determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, permaneçam temporariamente;
apresentados e publicados na forma da lei. V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a
intervenção federal; (Elementos de estabilização constitucional)
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
aos Municípios: bélico;
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, STF: É inconstitucional lei estadual que autoriza a utilização de armas de
fogo apreendidas pelas polícias civil e militar, pois a competência exclusiva
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus da União para legislar sobre material bélico, complementada pela
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na competência para autorizar e fiscalizar a produção de material bélico,
forma da lei, a colaboração de interesse público; abrange a disciplina sobre a destinação de armas apreendidas e em
II - recusar fé aos documentos públicos; situação irregular.

III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito,
CAPÍTULO II
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência
DA UNIÃO
privada;
Art. 20. São bens da União:
STF: É inconstitucional lei estadual que estabeleça a obrigatoriedade de
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser utilização, pelas agências bancárias, de equipamento que atesta a
atribuídos; autenticidade de cédulas.
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de
fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;
de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em XI - explorar, diretamente ou mediante autorização,
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos
de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
fluviais;
STF: É inconstitucional lei estadual que obriga empresas de telefonia móvel
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com a instalarem equipamentos de bloqueio do serviço de celular em presídio.
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as STF: É inconstitucional lei estadual ou distrital que proíba as empresas de
costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de telecomunicações de cobrarem taxas para a instalação do segundo ponto
de acesso à internet.
Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a
unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona concessão ou permissão:
econômica exclusiva; a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
VI - o mar territorial; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com
os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;

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c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
aeroportuária; radiodifusão;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre V - serviço postal;
portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
limites de Estado ou Território; metais;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de
internacional de passageiros; valores;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; VIII - comércio exterior e interestadual;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério IX - diretrizes da política nacional de transportes;
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
dos Territórios;
aérea e aeroespacial;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o
XI - trânsito e transporte;
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar
assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
serviços públicos, por meio de fundo próprio; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
STF: Súmula vinculante 39 – Compete privativamente à União legislar XIV - populações indígenas;
sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão
bombeiros militar do Distrito Federal.
de estrangeiros;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística,
XVI - organização do sistema nacional de emprego e
geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
condições para o exercício de profissões;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito
diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios,
XVII - conceder anistia; bem como organização administrativa destes;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia
calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; nacionais;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; poupança popular;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, XX - sistemas de consórcios e sorteios;
inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
STF: Súmula Vinculante 2 - É inconstitucional a lei ou ato normativo
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema Estadual ou Distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios,
nacional de viação; inclusive bingos e loterias.
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
e de fronteiras; garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos
Compete à Polícia Federal exercer as funções de polícia marítima, de bombeiros militares;
aeroportuária e de fronteiras. XXII - competência da polícia federal e das polícias
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de rodoviária e ferroviária federais;
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a XXIII - seguridade social;
lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
XXV - registros públicos;
seguintes princípios e condições:
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas
Nacional; as modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e
b) sob regime de permissão, são autorizadas a
Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e
empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do
usos médicos, agrícolas e industriais;
art. 173, § 1°, III;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou
marítima, defesa civil e mobilização nacional;
inferior a duas horas;
XXIX - propaganda comercial.
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe
da existência de culpa; (Teoria do risco integral do Estado) STF: Súmula Vinculante 39 - Compete privativamente à União legislar
sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; bombeiros militar do Distrito Federal.
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício STF: Súmula 647 - Compete privativamente à União legislar sobre
da atividade de garimpagem, em forma associativa. vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal.
STJ: Súmula 19 - A fixação do horário bancário, para atendimento ao
público, é da competência da União.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(Competência legislativa – privativa - delegável) Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os
Estados a legislar sobre questões específicas das matérias
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
relacionadas neste artigo.
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (Memorize: CAPACETE
PM)
STF: Súmula vinculante 46 - A definição dos crimes de responsabilidade Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do
e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são Distrito Federal e dos Municípios: (Competência material – Comum)
da competência legislativa privativa da união.
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
II - desapropriação; instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
perigo e em tempo de guerra; garantia das pessoas portadoras de deficiência;

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III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de CAPÍTULO III
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; DOS ESTADOS FEDERADOS
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em Constituição.
qualquer de suas formas; § 1º São reservadas aos Estados as competências que não
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; lhes sejam vedadas por esta Constituição. (Competência residual)
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
abastecimento alimentar; concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
IX - promover programas de construção de moradias e a vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
X - combater as causas da pobreza e os fatores de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
marginalização, promovendo a integração social dos setores constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar
desfavorecidos; a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum.
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em
seus territórios; Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
XII - estabelecer e implantar política de educação para a I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
segurança do trânsito. emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei,
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a as decorrentes de obras da União;
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
bem-estar em âmbito nacional. ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da
Federal legislar concorrentemente sobre: (Competência legislativa - União.
Concorrente)
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa
urbanístico; corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos
II - orçamento; Deputados e, atingido o número de 36 (trinta e seis), será acrescido
III - juntas comerciais; de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de 12 (doze).
IV - custas dos serviços forenses; § 1º Será de 4 (quatro) anos o mandato dos Deputados
Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre
V - produção e consumo;
sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei
controle da poluição;
de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo,
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os
turístico e paisagístico; Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57,
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, § 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu
turístico e paisagístico; regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, secretaria, e prover os respectivos cargos.
pesquisa, desenvolvimento e inovação; § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo
X - criação, funcionamento e processo do juizado de legislativo estadual.
pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual; Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; Estado, para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se-á no primeiro
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de
outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro
deficiência;
de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o
XV - proteção à infância e à juventude; disposto no art. 77.
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro
civis. cargo ou função na administração pública direta ou indireta,
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado o
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. disposto no art. 38, I, IV e V.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos
gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39,
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
peculiaridades.

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CAPÍTULO IV r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
Dos Municípios 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em 2 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
(dois) turnos, com o interstício mínimo de 10 (dez) dias, e aprovada s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
por 2/3 (dois terços) dos membros da Câmara Municipal, que a de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta milhões) de habitantes;
Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
preceitos: 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, milhões) de habitantes;
para mandato de 4 (quatro) anos, mediante pleito direto e u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
simultâneo realizado em todo o País; de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro milhões) de habitantes;
domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete
Municípios com mais de 200.000 (duzentos mil) eleitores; milhões) de habitantes;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
do ano subsequente ao da eleição; de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será milhões) de habitantes; e
observado o limite máximo de: x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
mil) habitantes; V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal,
(quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes; observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 153, § 2º, I;
(trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes; VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente,
(cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes; observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios
estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
máximos:
80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil)
habitantes; a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio
máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
dos Deputados Estaduais;
120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento
sessenta mil) habitantes; b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes,
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
do subsídio dos Deputados Estaduais;
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000
(trezentos mil) habitantes; c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes,
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e
cinquenta mil) habitantes; d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes,
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000
(seiscentos mil) habitantes; e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos
cinquenta mil) habitantes; f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
(novecentos mil) habitantes; VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores
não poderá ultrapassar o montante de 5% (cinco por cento) da
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
receita do Município;
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão e
cinquenta mil) habitantes; VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões,
palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
Município;
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000
(um milhão e duzentos mil) habitantes; IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
para os membros do Congresso Nacional e na Constituição do
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000
respectivo Estado para os membros da Assembleia Legislativa;
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes;
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; Câmara Municipal;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de XII - cooperação das associações representativas no
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até planejamento municipal;
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de específico do Município, da cidade ou de bairros, através de
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até 2.400.000 manifestação de, pelo menos, 5% (cinco por cento) do eleitorado;
(dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;

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XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, STF: Súmula 614 - Somente o Procurador-Geral da Justiça tem
parágrafo único. legitimidade para propor ação direta interventiva por inconstitucionalidade
de Lei Municipal.
STF: Súmula 645 - É competente o Município para fixar o horário de
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, funcionamento de estabelecimento comercial.
STF: Súmula 646 - Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal
incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo
inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos em determinada área.
ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no § STF: O município é competente para, dispondo sobre segurança de sua
5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no população, impor a estabelecimentos bancários a obrigação de instalarem
portas eletrônicas, como detector de metais, travamento e retorno
exercício anterior: automático e vidros à prova de balas.
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
100.000 (cem mil) habitantes;
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município
entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde
habitantes; houver.
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de
3.000.000 (três milhões) de habitantes; prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população Municipal.
entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante 60 (sessenta)
habitantes; dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade,
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) nos termos da lei.
habitantes. § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por de Contas Municipais.
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com
o subsídio de seus Vereadores.
CAPÍTULO V
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Municipal: Seção I
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste DO DISTRITO FEDERAL
artigo; Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
II - não enviar o repasse até o dia 20 (vinte) de cada mês; ou Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em 2 (dois) turnos
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei com interstício mínimo de 10 (dez) dias, e aprovada por 2/3 (dois
Orçamentária. terços) da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da princípios estabelecidos nesta Constituição.
Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
Art. 30. Compete aos Municípios:
observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais
I - legislar sobre assuntos de interesse local; coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que mandato de igual duração.
couber; § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem se o disposto no art. 27.
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação militar.
estadual; STF: Súmula 642 - Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal.
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local,
incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
Seção II
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e DOS TERRITÓRIOS
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental;
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União judiciária dos Territórios.
e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento Título.
e da ocupação do solo urbano;
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. União.
STF: Súmula vinculante 38 - É competente o Município para fixar o § 3º Nos Territórios Federais com mais de 100.000 (cem mil)
horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
STF: Súmula vinculante 49 - Ofende o princípio da livre concorrência lei
habitantes, além do Governador nomeado na forma desta
municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda
mesmo ramo em determinada área. instância, membros do Ministério Público e defensores públicos
STF: Súmula 419 - Os municípios têm competência para regular o horário federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e
do comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais sua competência deliberativa.
válidas.

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§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940 § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até
Código Penal a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao
parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
PARTE ESPECIAL
(sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças
TÍTULO I degenerativas que acarretem condição limitante ou de
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA vulnerabilidade física ou mental; (2018)
CAPÍTULO I III - na presença física ou virtual de descendente ou de
DOS CRIMES CONTRA A VIDA ascendente da vítima; (2018)
Homicídio simples IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência
Art. 121. Matar alguém: previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 7 de agosto de 2006. (2018)
Caso de diminuição de pena Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta lhe auxílio para que o faça:
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
Induzir é inspirar a vontade, fazer surgir a ideia; Instigar é reforçar uma
pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço).(Homicídio vontade preconcebida; Auxiliar é ajudar a vítima a se suicidar, a
Privilegiado) exemplo de entregar uma arma sabendo da finalidade a ser empregada.
Não confunda Domínio de violenta emoção (Causa de diminuição da Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma;
pena) com Influência de violenta emoção (Atenuante prevista no art.
65, III, c, do CP).
ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta
lesão corporal de natureza grave. (Crime condicionado)
Homicídio qualificado Parágrafo único - A pena é duplicada:
§ 2° Se o homicídio é cometido: Aumento de pena
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
motivo torpe; (Homicídio mercenário) II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a
II - por motivo fútil; capacidade de resistência.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo Infanticídio
comum; Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou próprio filho, durante o parto ou logo após:
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; Pena - detenção, de dois a seis anos.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
Estado puerperal são sintomas fisiológicos que, iniciados com o parto,
vantagem de outro crime: acometem a mulher, podendo levá-la, dependendo do grau de
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. perturbação emocional, a matar o próprio filho.
Alex Salim, Marcelo André de Azevedo, Direito Penal
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino: Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força outrem lhe provoque:
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em Pena - detenção, de um a três anos.
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente Aborto de feto anencéfalo: O STF, ao jugar a ADPF 54, considerou
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Homicídio que a antecipação terapêutica de parto nos casos de feto anencéfalo
funcional) não tipifica crime de aborto.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo Aborto provocado por terceiro
feminino quando o crime envolve: Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
I - violência doméstica e familiar; Pena - reclusão, de três a dez anos.
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Homicídio culposo Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
§ 3º Se o homicídio é culposo: Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Pena - detenção, de um a três anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a
Aumento de pena gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de ameaça ou violência
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, Forma qualificada
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são
pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra aumentadas de 1/3 (um terço), se, em consequência do aborto ou
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o dessas causas, lhe sobrevém a morte.
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária. (Perdão Judicial) Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
STJ: Súmula 18 - A sentença concessiva do perdão judicial é Aborto necessário (Aborto Terapêutico)
declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
condenatório.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro (Aborto
sentimental, humanitário)

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II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu dessa condição, a pena é aumentada de 1/3 a 2/3 (um a dois
representante legal. terços).

CAPÍTULO II CAPÍTULO III


DAS LESÕES CORPORAIS DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Lesão corporal (LEVE) Perigo de contágio venéreo
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou
Pena - detenção, de três meses a um ano. qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que
Lesão corporal de natureza grave sabe ou deve saber que está contaminado:
§ 1º Se resulta: (GRAVE) Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
(trinta) dias; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
II - perigo de vida; § 2º - Somente se procede mediante representação.
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto: Perigo de contágio de moléstia grave
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia
§ 2° Se resulta: (GRAVÍSSIMA) grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
I - Incapacidade permanente para o trabalho; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; Perigo para a vida ou saúde de outrem
IV - deformidade permanente; Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
V – aborto; iminente:
O aborto do inciso V, para incidir como qualificadora, deverá ocorrer a Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
título de culpa, configurando crime preterdoloso. constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 (um sexto a
Lesão corporal seguida de morte um terço) se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. (Crime preterdoloso) normas legais.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de Abandono de incapaz
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de
pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço). defender-se dos riscos resultantes do abandono: (Crime próprio)
Substituição da pena Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois grave:
contos de réis: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; § 2º - Se resulta a morte:
II - se as lesões são recíprocas. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Lesão corporal culposa Aumento de pena
§ 6° Se a lesão é culposa: § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de 1/3
Pena - detenção, de dois meses a um ano. (um terço):
Aumento de pena I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. tutor ou curador da vítima.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121 III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
Violência Doméstica
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, Exposição ou abandono de recém-nascido
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar
desonra própria:
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. Pena - detenção, de um a três anos.
Qualificadora referente a lesões corporais leves advindas de violência § 2º - Se resulta a morte:
doméstica. Pena - detenção, de dois a seis anos.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
---
STJ: Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal Omissão de socorro
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo
incondicionada. sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: (Crime
pena em 1/3 (um terço). omissivo próprio)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
de 1/3 (um terço) se o crime for cometido contra pessoa portadora de Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da
deficiência. omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente resulta a morte.
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no Condicionamento de atendimento médico-hospitalar
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, emergencial

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Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou consiste em atribuir qualidades negativas sobre a vítima, atingindo sua
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários autoestima. Não se admite exceção da verdade.
administrativos, como condição para o atendimento médico- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
hospitalar emergencial: § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: (Perdão judicial)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da diretamente a injúria;
negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
até o triplo se resulta a morte. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que,
por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Maus-tratos (Injúria real)
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, pena correspondente à violência.
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: idosa ou portadora de deficiência: (Injúria preconceituosa)
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Pena - reclusão de um a três anos e multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Atenção para não confundir:
Pena - reclusão, de um a quatro anos. INJÚRIA PRECONCEITUOSA RACISMO
§ 2º - Se resulta a morte: A manifestação é dirigida contra Reveste-se de cunho genérico,
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. uma vítima determinada. com vítima indeterminada.
§ 3º - Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço), se o crime é Ex. Chamar alguém de judeu Ex. Negar emprego a judeus ou
safado ou de mulçumano dizer que todos os mulçumanos
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. terrorista. são terroristas.
Art. 140, § 3º, Código Penal Lei nº 7.716/89
CAPÍTULO IV
Crime afiançável Crime Inafiançável
DA RIXA
Rixa Crime prescritível Crime imprescritível
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Ação penal pública condicionada Ação penal pública
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. à representação do ofendido incondicionada
A rixa consiste em briga, com agressões físicas recíprocas, entre três ou
mais pessoas.
Disposições comuns
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena 1/3 (um terço), se qualquer dos crimes é cometido:
de detenção, de seis meses a dois anos. I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de
governo estrangeiro;
CAPÍTULO V II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
DOS CRIMES CONTRA A HONRA III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
Calúnia divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora
definido como crime: de deficiência, exceto no caso de injúria.
Resguarda a honra objetiva, a reputação que a pessoa possui perante Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou
a sociedade. Caso a imputação seja de fato definido como promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
contravenção penal, haverá crime de difamação, e não de calúnia.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Exclusão do crime
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
imputação, a propala ou divulga. I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. parte ou por seu procurador;
Exceção da verdade (Exception veritatis) II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº ofício.
I do art. 141; (Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro) Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
foi absolvido por sentença irrecorrível.
Retratação
Difamação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
reputação: Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha
Resguarda também a honra objetiva, e não se exige que o fato praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de
ofensivo seja inverídico para tipificação dessa conduta.
comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido,
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere
o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir
de suas funções. explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do
juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. (Pedido de
Injúria explicações)
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o
decoro: Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se
Resguarda a honra subjetiva, a percepção que o indivíduo tem de si procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º,
mesmo e de atributos morais, éticos, intelectuais, físicos. A injuria da violência resulta lesão corporal.

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Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do
da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se
artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA fim de retê-lo no local de trabalho.
REGRA: § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é
• Ação penal privada cometido:
EXCEÇÕES:
I – contra criança ou adolescente;
• Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da
Justiça: contra o Presidente da República ou chefe de governo II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
estrangeiro origem.
• Ação penal pública condicionada à representação do STF: É da Justiça Federal a competência para processar e julgar o
ofendido: 1. contra funcionário público no exercício de duas crime de redução a condição análoga à de escravo.
funções. 2. injúria preconceituosa.
• Ação penal pública incondicionada: injúria real, quando da
violência resulta lesão corporal. Tráfico de Pessoas (2016)
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir,
CAPÍTULO VI comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça,
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:(Crime
formal)
SEÇÃO I
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de
Constrangimento ilegal
escravo;
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a
IV - adoção ilegal; ou
capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer
V - exploração sexual.
o que ela não manda: (Crime subsidiário)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
multa.
Aumento de pena
§ 1o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se:
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro,
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de
quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas,
suas funções ou a pretexto de exercê-las;
ou há emprego de armas.
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as
pessoa idosa ou com deficiência;
correspondentes à violência.
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do
econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente
paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
ao exercício de emprego, cargo ou função; ou
perigo de vida;
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território
II - a coação exercida para impedir suicídio.
nacional.
§ 2o A pena é reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços) se o
Ameaça
agente for primário e não integrar organização criminosa.
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou
qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
SEÇÃO II
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. (Crime formal)
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
Parágrafo único - Somente se procede mediante
Violação de domicílio
representação.
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou
astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem
Sequestro e cárcere privado
de direito, em casa alheia ou em suas dependências: (Crime de mera
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro conduta)
ou cárcere privado: (Crime permanente) Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Pena - reclusão, de um a três anos. § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo,
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou pessoas:
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em correspondente à violência.
casa de saúde ou hospital; § 2º - Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço), se o fato é
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso
anos; do poder.
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da alheia ou em suas dependências:
natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para
Pena - reclusão, de dois a oito anos. efetuar prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está
Redução a condição análoga à de escravo sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer § 4º - A expressão "casa" compreende:
submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer I - qualquer compartimento habitado;
sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer II - aposento ocupado de habitação coletiva;
restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
dívida contraída com o empregador ou preposto: profissão ou atividade.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena § 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
correspondente à violência. I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva,
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;

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II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. O artigo 154-A foi introduzido através Lei nº 12.737 de 2012, conhecida
como “Lei Carolina Dieckmann”.
SEÇÃO III Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
DOS CRIMES CONTRA A multa.
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui,
Violação de correspondência vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de intuito de permitir a prática da conduta definida no caput.
correspondência fechada, dirigida a outrem: § 2o Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. se da invasão resulta prejuízo econômico. (Majorante)
Sonegação ou destruição de correspondência § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de
§ 1º - Na mesma pena incorre: comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o
embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; controle remoto não autorizado do dispositivo invadido:
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou (Qualificadora)
telefônica Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa,
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza se a conduta não constitui crime mais grave.
abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de 1/3 a 2/3
terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; (um a dois terços) se houver divulgação, comercialização ou
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações
número anterior; obtidos. (Majorantes)
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, § 5o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade se o
sem observância de disposição legal. crime for praticado contra: (Majorantes)
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para I - Presidente da República, governadores e
outrem. prefeitos;
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico: III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado
Pena - detenção, de um a três anos. Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou
casos do § 1º, IV, e do § 3º. IV - dirigente máximo da administração direta e indireta
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.
Correspondência comercial
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de Ação penal
estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se
desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a procede mediante representação, salvo se o crime é cometido
estranho seu conteúdo: contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra
Parágrafo único - Somente se procede mediante empresas concessionárias de serviços públicos.
representação.

SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
Divulgação de segredo Decreto-Lei nº 3.689 / 1941
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de Código de Processo Penal
documento particular ou de correspondência confidencial, de
que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir
dano a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. TÍTULO IX
§ 1º Somente se procede mediante representação. DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou PROVISÓRIA
reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de CAPÍTULO I
informações ou banco de dados da Administração Pública: DISPOSIÇÕES GERAIS
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a deverão ser aplicadas observando-se a: (Princípio da proporcionalidade)
ação penal será incondicionada. I - necessidade para aplicação da lei penal, para a
investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente
Violação do segredo profissional previstos, para evitar a prática de infrações penais;
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que II - adequação da medida à gravidade do crime,
tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou
cuja revelação possa produzir dano a outrem: acusado.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou
Parágrafo único - Somente se procede mediante cumulativamente.
representação. § 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de
ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da
Invasão de dispositivo informático investigação criminal, por representação da autoridade policial ou
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, mediante requerimento do Ministério Público. (Cláusula de reserva de
jurisdição)
conectado ou não à rede de computadores, mediante violação
§ 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de
indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar
ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar,
ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou
determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia
tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para
do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos
obter vantagem ilícita:
em juízo.

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§ 4o No caso de descumprimento de qualquer das § 2o A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as
obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do precauções necessárias para averiguar a autenticidade da
Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá comunicação.
substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, § 3o O juiz processante deverá providenciar a remoção do
decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). (Fungibilidade preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da efetivação da
das medidas cautelares) medida.
§ 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la
quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato
voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. registro do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo
§ 6o A prisão preventiva será determinada quando não for Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade.
cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319). § 1o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
(Medida “ultima ratio”) determinada no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional
de Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz que o
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante expediu.
delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade § 2o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória decretada, ainda que sem registro no Conselho Nacional de Justiça,
transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, adotando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade
em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. do mandado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este
§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se providenciar, em seguida, o registro do mandado na forma
aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa ou do caput deste artigo.
alternativamente cominada pena privativa de liberdade. § 3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a de cumprimento da medida o qual providenciará a certidão extraída
qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo que
domicílio. a decretou.
Prisão é a “privação da liberdade, tolhendo-se o direito de ir e vir, § 4o O preso será informado de seus direitos, nos termos
através do recolhimento da pessoa humana ao cárcere”. do inciso LXIII do art. 5o da Constituição Federal e, caso o autuado
Nucci, 2008, p. 573
não informe o nome de seu advogado, será comunicado à
-- Prisão penal: aplicável após o trânsito em julgado de sentença Defensoria Pública.
condenatória. § 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a
-- Prisão processual: aplicável, como medida cautelar, antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória.
legitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade do preso,
aplica-se o disposto no § 2o do art. 290 deste Código.
§ 6o O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a do mandado de prisão a que se refere o caput deste artigo.
indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do
preso. Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de
outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à
respectivo mandado. autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de
Parágrafo único. O mandado de prisão: flagrante, providenciará para a remoção do preso.
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade; § 1o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, réu, quando:
alcunha ou sinais característicos; a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção,
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; embora depois o tenha perdido de vista;
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu
infração; tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução. em que o procure, for no seu encalço.
§ 2o Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o para duvidar da legitimidade da pessoa do executor ou da legalidade
executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que
exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da fique esclarecida a dúvida.
entrega deverá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar,
não souber ou não puder escrever, o fato será mencionado em Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita
declaração, assinada por duas testemunhas. desde que o executor, fazendo-se conhecer do réu, Ihe apresente o
mandado e o intime a acompanhá-lo.
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do
mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros,
imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado. resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade
competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja dos meios necessários para defender-se ou para vencer a
exibido o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a quem será resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas
entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada a guia testemunhas.
expedida pela autoridade competente, devendo ser passado recibo Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres
da entrega do preso, com declaração de dia e hora. grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a
Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no próprio realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em
exemplar do mandado, se este for o documento exibido. mulheres durante o período de puerpério imediato. (2017)
STF: Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de
Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física
da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua prisão, própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da
§ 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o motivo da responsabilidade civil do Estado.
prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada.

Nº ID: 25R7445DS201
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Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com separadas das que já estiverem definitivamente condenadas, nos
segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o termos da lei de execução penal.
morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a
não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da
testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das
portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao autoridades competentes.
morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando
a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e CAPÍTULO II
efetuará a prisão. DA PRISÃO EM FLAGRANTE
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu Pode-se conceituar a prisão em flagrante como “a modalidade de
oculto em sua casa será levado à presença da autoridade, para que prisão cautelar, de natureza administrativa, realizada no instante em que
se proceda contra ele como for de direito. se desenvolve ou termina de se concluir a infração penal”.
Nucci, 2008, p. 587

Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades
disposto no artigo anterior, no que for aplicável. policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja
encontrado em flagrante delito.
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à Flagrante facultativo: Qualquer do povo poderá efetuar a prisão em
disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes flagrante, caso queira. Configura exercício regular de um direito.
de condenação definitiva: Flagrante obrigatório: Autoridades policiais e seus agentes possuem a
obrigação de efetuá-la. Configura estrito cumprimento do dever legal.
I - os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou
Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de I - está cometendo a infração penal; (Flagrante próprio)
Polícia; II - acaba de cometê-la; (Flagrante próprio)
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido
Economia Nacional e das Assembleias Legislativas dos Estados; ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; infração; (Flagrante impróprio)
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas,
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
VI - os magistrados; (Flagrante ficto)
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores
da República; Flagrante esperado: Nessa modalidade de flagrante, conhecida como
VIII - os ministros de confissão religiosa; intervenção predisposta da autoridade policial, não há interferência de
IX - os ministros do Tribunal de Contas; um agente provocador. É um flagrante totalmente válido, na qual
agentes, informados sobre a possibilidade de uma atividade ilegal, ficam
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de campana, com o intuito de averiguar sua possível ocorrência.
de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de Flagrante diferido: É a possibilidade concedida à polícia de retardar a
incapacidade para o exercício daquela função; realização da prisão em flagrante, com o intuito de angariar mais dados
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e e informações acerca da atividade delituosa. Trata-se de uma ação
controlada.
Territórios, ativos e inativos.
Flagrante preparado: Também conhecido como flagrante provocado ou
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras crime de ensaio, é considerado crime impossível. De acordo com a
leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da Súmula 145, do STF, “não há crime, quando a preparação do flagrante
prisão comum. pela polícia torna impossível a sua consumação.
§ 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso Flagrante forjado: É o flagrante maquiado ou fabricado, totalmente
artificial. Ocorre, por exemplo, quando um policial insere drogas no
especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo veículo de alguém, com o intuito de decretar o estado de flagrância. O
estabelecimento. agente forjador comete crime.
§ 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo,
atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela
concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente
térmico adequados à existência humana. em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
§ 4o O preso especial não será transportado juntamente com
o preso comum. Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente,
§ 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura,
mesmos do preso comum. entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em
seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita,
serão recolhidos à prisão, em estabelecimentos militares, de acordo colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a
com os respectivos regulamentos. autoridade, afinal, o auto.
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o
Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido pela conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso
autoridade judiciária, a autoridade policial poderá expedir tantos de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do
outros quantos necessários às diligências, devendo neles ser inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for,
fielmente reproduzido o teor do mandado original. enviará os autos à autoridade que o seja.
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto
Art. 298. (revogado) de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão
assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a
Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de apresentação do preso à autoridade.
mandado judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas pela § 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou
autoridade, a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por
para averiguar a autenticidade desta. duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença
deste.

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§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser
constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações
e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o).
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA
(2018)
1) Prova da existência do crime; e

Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer 2) Indício suficiente de autoria; e


pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado 3) Requisito de necessidade:
o compromisso legal. --- Garantia da ordem pública; ou
--- Garantia da ordem econômica; ou
--- Conveniência da instrução criminal; ou
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se --- Aplicação da lei penal; ou
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, --- Descumprimento de qualquer das obrigações
ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele impostas por força de outras medidas cautelares
indicada.
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida
prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em a decretação da prisão preventiva: (Circunstâncias legitimadoras)
flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
cópia integral para a Defensoria Pública. liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em
recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I
prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal;
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da III - se o crime envolver violência doméstica e familiar
autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa
do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo urgência;
assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e IV - (revogado).
remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva
do fato delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
auto. quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la,
devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da
efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais medida.
próximo.
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o
liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante. agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III
do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz 1940 - Código Penal. (Circunstâncias impeditivas)
deverá fundamentadamente: Excludentes de ilicitude: estado de necessidade; legítima defesa;
I - relaxar a prisão ilegal; ou estrito cumprimento de dever legal; exercício regular de direito.
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando
presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a
revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares prisão preventiva será sempre motivada.
diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no
fiança. correr do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes justifiquem.
dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
As decisões de decreto e de revogação da prisão preventiva são sempre
dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, provisórias, estando, pois, submetidas à cláusula rebus sic stantibus:
conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de a que decreta é válida enquanto há a necessidade da custódia cautelar;
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de a que revoga persiste enquanto não houver mais essa necessidade.
Leonardo Barreto Morais Alves, 2017, pag. 298
revogação.
Excludentes de ilicitude: estado de necessidade; legítima defesa;
estrito cumprimento de dever legal; exercício regular de direito. PRISÃO PREVENTIVA PRISÃO TEMPORÁRIA
Lei nº 7.960/89
Poderá ser decretada nas fases de: Poderá ser decretada na fase de:
CAPÍTULO III • Investigação Criminal • Investigação Criminal
DA PRISÃO PREVENTIVA • Ação Penal
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do Não há prazo definido em lei, como Há prazos fixados em lei.
processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de regra, para a decretação da prisão Regra: 5 dias, prorrogável por mais
ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério preventiva. 5 dias.
Crime Hediondo ou equiparado: 30
Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da dias, prorrogável por mais 30 dias
autoridade policial.
Admite decretação de ofício pelo Não admite decretação de ofício
juiz no curso da ação penal. pelo juiz.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
STJ: Súmula 347 - O conhecimento de recurso de apelação do réu
da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, independe de sua prisão.
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de STJ: Súmula 21 - Pronunciado o réu, fica superada a alegação do
autoria. constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução.

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STJ: Súmula 52 - Encerrada a instrução criminal, fica superada a II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade
alegação de constrangimento por excesso de prazo. formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados,
STJ: Súmula 64 - Não constitui constrangimento ilegal o excesso de
prazo na instrução, provocado pela defesa. unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
coabitação.
Lei nº 11.340 / 2006 Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste
artigo independem de orientação sexual.
Lei Maria da Penha Súmula 600 - STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei 11.340/2006, Lei Maria da Penha, não se
exige a coabitação entre autor e vítima.
contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição STJ. 3ª Seção. Aprovada em 22/11/2017.
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas -------------------------------------------------------------------------------------------------
de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. APLICAÇÃO DA LEI
MARIA DA PENHA NA RELAÇÃO ENTRE MÃE E FILHA.
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência É possível a incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nas
contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de relações entre mãe e filha. Isso porque, de acordo com o art. 5º, III, da
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código Lei 11.340/2006, configura violência doméstica e familiar contra a
de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
dá outras providências.
patrimonial em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
TÍTULO I coabitação. Da análise do dispositivo citado, infere-se que o objeto de
tutela da Lei é a mulher em situação de vulnerabilidade, não só em
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES relação ao cônjuge ou companheiro, mas também qualquer outro
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a familiar ou pessoa que conviva com a vítima, independentemente do
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § gênero do agressor. Nessa mesma linha, entende a jurisprudência do
8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a STJ que o sujeito ativo do crime pode ser tanto o homem como a
mulher, desde que esteja presente o estado de vulnerabilidade
Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da caracterizado por uma relação de poder e submissão.
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a HC 175.816-RS, Quinta Turma, DJe, 28/6/2013;
HC 250.435-RJ, Quinta Turma, DJe 27/9/2013.
Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais HC 277.561-AL, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 6/11/2014.
ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher
Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres
constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.
em situação de violência doméstica e familiar.
CAPÍTULO II
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça,
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e
CONTRA A MULHER
religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a
humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades
mulher, entre outras:
para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que
aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer
Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à
ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que
alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça,
vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e
ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
§ 1o O poder público desenvolverá políticas que visem
contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade,
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou
domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
autodeterminação; (2018)
opressão.
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as
que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação
condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos
sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso
enunciados no caput.
da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer
modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou
sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições
à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou
peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e
manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
familiar.
sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer
TÍTULO II
conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos
MULHER
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo
CAPÍTULO I
os destinados a satisfazer suas necessidades;
DISPOSIÇÕES GERAIS
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência
configure calúnia, difamação ou injúria.
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
TÍTULO III
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; CAPÍTULO I
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO

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Art. 8o A política pública que visa coibir a violência CAPÍTULO III
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência
Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que
diretrizes: tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério providências legais cabíveis.
Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo
assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação; ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras
informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência
etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da doméstica e familiar o atendimento policial e pericial
violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização especializado, ininterrupto e prestado por servidores -
de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados.
dos resultados das medidas adotadas; (2017)
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores § 1o A inquirição de mulher em situação de violência
éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica,
estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes
familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, diretrizes: (2017)
no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da
Federal; depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em
IV - a implementação de atendimento policial especializado situação de violência doméstica e familiar; (2017)
para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em
Mulher; situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles
prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, relacionadas; (2017)
voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas
desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e
mulheres; administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos (2017)
ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos § 2o Na inquirição de mulher em situação de violência
governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta
tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (2017)
violência doméstica e familiar contra a mulher; I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados
Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou
pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (2017)
questões de gênero e de raça ou etnia; II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por
VIII - a promoção de programas educacionais que profissional especializado em violência doméstica e familiar
disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da designado pela autoridade judiciária ou policial; (2017)
pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito.
de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à (2017)
equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência
doméstica e familiar contra a mulher. Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência
doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras
CAPÍTULO II providências:
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA I - garantir proteção policial, quando necessário,
DOMÉSTICA E FAMILIAR comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência Judiciário;
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao
princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Instituto Médico Legal;
Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes
Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
emergencialmente quando for o caso. IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio
mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de familiar;
programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência e os serviços disponíveis.
doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
psicológica: Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade
integrante da administração direta ou indireta; policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
afastamento do local de trabalho, por até 6 (seis) meses. I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência representação a termo, se apresentada;
doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios II - colher todas as provas que servirem para o
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos concessão de medidas protetivas de urgência;
necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito
da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;

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V - ouvir o agressor e as testemunhas; Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível
autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos
mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a
ele; execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao e familiar contra a mulher.
juiz e ao Ministério Público. Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela em horário noturno, conforme dispuserem as normas de
autoridade policial e deverá conter: organização judiciária.
I - qualificação da ofendida e do agressor;
II - nome e idade dos dependentes; Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
solicitadas pela ofendida. I - do seu domicílio ou de sua residência;
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
com deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou III - do domicílio do agressor.
agravamento de deficiência preexistente. (2019)
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à
o representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a
§ 2 A autoridade policial deverá anexar ao documento
renúncia à representação perante o juiz, em audiência
referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento
documentos disponíveis em posse da ofendida.
da denúncia e ouvido o Ministério Público.
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou
prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 4424 conferiu natureza pública e
incondicionada à ação penal fundada na Lei Maria da Penha (Lei
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de 11.340/2006). Segundo a Suprema Corte, se as referidas ações fossem
suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de condicionadas à representação da ofendida, seria esvaziava a proteção
violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia constitucional assegurada às mulheres, uma vez que muitas delas
Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à acabariam por retirar a queixa de agressão.
Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de
equipes especializadas para o atendimento e a investigação das Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência
violências graves contra a mulher. doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou
outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena
Art. 12-B. (VETADO) (2017) que implique o pagamento isolado de multa.
§ 1o (VETADO) (2017) Não se admite a aplicação de penas que consistam exclusivamente em
§ 2o (VETADO) (2017) prestação material.
§ 3o A autoridade policial poderá requisitar os serviços ------------------------------------------------------------------------------------------------
Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a
públicos necessários à defesa da mulher em situação de violência mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico
doméstica e familiar e de seus dependentes. (2017) impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos.
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente ------------------------------------------------------------------------------------------------
à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos
crimes ou contravenções penais praticadas contra a mulher no âmbito
doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será das relações domésticas.
imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência
com a ofendida:(2019)
I - pela autoridade judicial; (2019) CAPÍTULO II
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
sede de comarca; ou (2019) Seção I
III - pelo policial, quando o Município não for sede de Disposições Gerais
comarca e não houver delegado disponível no momento da Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida,
denúncia. (2019) caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as
juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas medidas protetivas de urgência;
e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público assistência judiciária, quando for o caso;
concomitantemente. (2019) III - comunicar ao Ministério Público para que adote as
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à providências cabíveis.
efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida
liberdade provisória ao preso. (2019) Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a
pedido da ofendida.
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser
TÍTULO IV
concedidas de imediato, independentemente de audiência das
DOS PROCEDIMENTOS
partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser
CAPÍTULO I
prontamente comunicado.
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer
causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência
tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos
doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a
específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência
conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção

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da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o
Ministério Público. Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, outras:
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo
ou mediante representação da autoridade policial. agressor à ofendida;
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva II - proibição temporária para a celebração de atos e
se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum,
subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que salvo expressa autorização judicial;
a justifiquem. III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao
agressor;
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos IV - prestação de caução provisória, mediante depósito
processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de
ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do violência doméstica e familiar contra a ofendida.
advogado constituído ou do defensor público. Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
ou notificação ao agressor.
Seção IV
Seção II (2018)
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e Urgência
familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência
de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas
seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: protetivas de urgência previstas nesta Lei: (2018)
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (2018)
comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de § 1o A configuração do crime independe da competência civil
22 de dezembro de 2003; ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (2018)
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com § 2o Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a
a ofendida; autoridade judicial poderá conceder fiança. (2018)
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: § 3o O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das sanções cabíveis. (2018)
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o
agressor; CAPÍTULO III
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
qualquer meio de comunicação; Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte,
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e
integridade física e psicológica da ofendida; familiar contra a mulher.
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras
similar; atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. mulher, quando necessário:
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde,
aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a de educação, de assistência social e de segurança, entre outros;
segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de
providência ser comunicada ao Ministério Público. atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar,
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais
agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar
respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de contra a mulher.
urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas,
ficando o superior imediato do agressor responsável pelo CAPÍTULO IV
cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar
urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta
força policial. Lei.
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que
couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência
5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública
ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede
Seção III policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de TÍTULO V
outras medidas: DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem saúde.
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.

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Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos
entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informações
local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e criminais para a base de dados do Ministério da Justiça.
à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em
audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da
prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e medida protetiva de urgência. (2019)
os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes. Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão
registradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso do Ministério
mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e
profissional especializado, mediante a indicação da equipe de de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das
atendimento multidisciplinar. medidas protetivas. (2019)

Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
orçamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção Municípios, no limite de suas competências e nos termos das
da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer
Diretrizes Orçamentárias. dotações orçamentárias específicas, em cada exercício financeiro,
para a implementação das medidas estabelecidas nesta Lei.
TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão
as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não
mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
pela legislação processual pertinente. A Lei dos Juizados Especiais não se aplica aos crimes praticados com
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, violência doméstica e familiar contra a mulher.
nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas
referidas no caput.

TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS Lei nº 12.850 / 2013
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação Crime Organizado
das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.
Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais
Municípios poderão criar e promover, no limite das respectivas correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei
competências: no2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências.
mulheres e respectivos dependentes em situação de violência
doméstica e familiar; CAPÍTULO I
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
menores em situação de violência doméstica e familiar; Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações
de saúde e centros de perícia médico-legal especializados no penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar; § 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada
doméstica e familiar; pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de
V - centros de educação e de reabilitação para os obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza,
agressores. mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os transnacional.
Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus § 2o Esta Lei se aplica também:
programas às diretrizes e aos princípios desta Lei. I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção
internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
transindividuais previstos nesta Lei poderá ser exercida, II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas
concorrentemente, pelo Ministério Público e por associação de voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente
atuação na área, regularmente constituída há pelo menos um ano, definidos. (2016)
nos termos da legislação civil. Deve-se atentar para a diferença entre a Organização Criminosa e a
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser Associação Criminosa (Prevista no art. 288 do Código Penal).
dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade A associação Criminosa é composta por 3 (três) ou mais pessoas,
com o fim específico de cometer crimes.
com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda
A organização criminosa, por sua vez, exige a participação de 4
coletiva. (quatro) ou mais pessoas, além das seguintes características:
ordenamento estrutural, divisão de tarefas, com objetivo de obter, direta
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos ou
possuam caráter transnacional.
oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o
sistema nacional de dados e informações relativo às mulheres.
Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar,
pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa:

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Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o
prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa
praticadas. de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e
qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um
envolva organização criminosa. ou mais dos seguintes resultados:
§ 2o As penas aumentam-se até a metade se na atuação da I - a identificação dos demais coautores e partícipes da
organização criminosa houver emprego de arma de fogo. organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
§ 3o A pena é agravada para quem exerce o comando, II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de
individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não tarefas da organização criminosa;
pratique pessoalmente atos de execução. III - a prevenção de infrações penais decorrentes das
§ 4o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois atividades da organização criminosa;
terços): IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito
I - se há participação de criança ou adolescente; das infrações penais praticadas pela organização criminosa;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a V - a localização de eventual vítima com a sua integridade
organização criminosa dessa condição para a prática de infração física preservada.
penal; § 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias,
todo ou em parte, ao exterior; a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras colaboração.
organizações criminosas independentes; § 2o Considerando a relevância da colaboração prestada, o
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos
transnacionalidade da organização. autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público,
§ 5o Se houver indícios suficientes de que o funcionário poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão
público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido
afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do
remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo
ou instrução processual. Penal).
§ 6o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao § 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo,
funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis)
eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as
pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo
§ 7o Se houver indícios de participação de policial nos crimes prescricional.
de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito § 4o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público
policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador:
para acompanhar o feito até a sua conclusão. I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos
CAPÍTULO II deste artigo.
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA § 5o Se a colaboração for posterior à sentença, a pena
Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, serão poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de
permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.
meios de obtenção da prova: § 6o O juiz não participará das negociações realizadas
I - colaboração premiada; entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor,
acústicos; com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso,
III - ação controlada; entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a defensor.
dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou § 7o Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo,
privados e a informações eleitorais ou comerciais; acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual
nos termos da legislação específica; deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade,
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na
termos da legislação específica; presença de seu defensor.
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na § 8o O juiz poderá recusar homologação à proposta que não
forma do art. 11; atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto.
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, § 9o Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá,
distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro
de interesse da investigação ou da instrução criminal. do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas
§ 1o Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a investigações.
capacidade investigatória, poderá ser dispensada licitação para § 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que
contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não
locação de equipamentos destinados à polícia judiciária para o poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.
rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II e V. § 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado
§ 2o No caso do § 1o, fica dispensada a publicação de que e sua eficácia.
trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de § 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não
1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a
realização da contratação. requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.
§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de
colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação
Seção I
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive
Da Colaboração Premiada
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.

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§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador § 1o O retardamento da intervenção policial ou administrativa
renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o
estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério
§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e Público.
execução da colaboração, o colaborador deverá estar assistido por § 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de forma
defensor. a não conter informações que possam indicar a operação a ser
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com efetuada.
fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. § 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos
será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia,
Art. 5o São direitos do colaborador: como forma de garantir o êxito das investigações.
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação § 4o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto
específica; circunstanciado acerca da ação controlada.
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações
pessoais preservados; Art. 9o Se a ação controlada envolver transposição de
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa
coautores e partícipes; somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos
IV - participar das audiências sem contato visual com os países que figurem como provável itinerário ou destino do
outros acusados; investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de produto, objeto, instrumento ou proveito do crime.
comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia
autorização por escrito; Seção III
VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos Da Infiltração de Agentes
demais corréus ou condenados. Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de
investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida
Art. 6o O termo de acordo da colaboração premiada deverá pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de
ser feito por escrito e conter: polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do judicial, que estabelecerá seus limites.
delegado de polícia; § 1o Na hipótese de representação do delegado de polícia, o
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
defensor; § 2o Será admitida a infiltração se houver indícios de infração
IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou penal de que trata o art. 1o e se a prova não puder ser produzida por
do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor; outros meios disponíveis.
V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e § 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis)
à sua família, quando necessário. meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que
comprovada sua necessidade.
Art. 7o O pedido de homologação do acordo será § 4o Findo o prazo previsto no § 3o, o relatório circunstanciado
sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que não será apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará
possam identificar o colaborador e o seu objeto. o Ministério Público.
§ 1o As informações pormenorizadas da colaboração serão § 5o No curso do inquérito policial, o delegado de polícia
dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.
§ 2o O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério
Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a
investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representação do delegado de polícia para a infiltração de agentes
representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam conterão a demonstração da necessidade da medida, o alcance das
respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das
autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em pessoas investigadas e o local da infiltração.
andamento.
§ 3o O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente
assim que recebida a denúncia, observado o disposto no art. 5o. distribuído, de forma a não conter informações que possam indicar a
DELAÇÃO PREMIADA E SIGILO. operação a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.
O sigilo sobre o conteúdo de colaboração premiada deve perdurar, no § 1o As informações quanto à necessidade da operação de
máximo, até o recebimento da denúncia. infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz competente, que
Inq 4435 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12.9.2017. Informativo STF 877.
------------------------------------------------------------------------------------------------- decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após manifestação do
COLABORAÇÃO PREMIADA. ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS. Ministério Público na hipótese de representação do delegado de
AUTORIDADE COM PRERROGATIVA DE FORO. COMPETÊNCIA polícia, devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das
PARA HOMOLOGAÇÃO DO ACORDO. TEORIA DO JUIZ investigações e a segurança do agente infiltrado.
APARENTE.
A homologação de acordo de colaboração premiada por juiz de primeiro
§ 2o Os autos contendo as informações da operação de
grau de jurisdição, que mencione autoridade com prerrogativa de foro no infiltração acompanharão a denúncia do Ministério Público, quando
STJ, não traduz em usurpação de competência desta Corte Superior. serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da
Rcl 31.629-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 20/09/2017
identidade do agente.
§ 3o Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre
Seção II risco iminente, a operação será sustada mediante requisição do
Da Ação Controlada Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata
Art. 8o Consiste a ação controlada em retardar a intervenção ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.
policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização
criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida
acompanhamento para que a medida legal se concretize no proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá
momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de pelos excessos praticados.
informações.

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Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações
prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, que envolvam a ação controlada e a infiltração de agentes:
quando inexigível conduta diversa. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 14. São direitos do agente: Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros,
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério Público
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo:
disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999, bem Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
como usufruir das medidas de proteção a testemunhas; Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos dados
demais informações pessoais preservadas durante a investigação e cadastrais de que trata esta Lei.
o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou CAPÍTULO III
filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização DISPOSIÇÕES FINAIS
por escrito. Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais
conexas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto
Seção IV no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Processo Penal), observado o disposto no parágrafo único deste
Informações artigo.
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada
acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos em prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120 (cento e vinte)
dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até igual período,
qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça por decisão fundamentada, devidamente motivada pela
Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores complexidade da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu.
de internet e administradoras de cartão de crédito.
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela
Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da
prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor,
Ministério Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de
de reservas e registro de viagens. prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa,
devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel referentes às diligências em andamento.
manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado,
autoridades mencionadas no art. 15, registros de identificação dos seu defensor terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda que
números dos terminais de origem e de destino das ligações classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que
telefônicas internacionais, interurbanas e locais. antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade
responsável pela investigação.
Seção V
Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção da Prova Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
colaborador, sem sua prévia autorização por escrito: “Associação Criminosa
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim
específico de cometer crimes:
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe ser Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação
inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.”
criminosa que sabe inverídicas: (NR)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

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VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os
Constituição da República Federativa critérios de sua admissão;
do Brasil de 1988 IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
CAPÍTULO VII interesse público;
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de
Seção I
que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados
DISPOSIÇÕES GERAIS
por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
Art. 37. A administração pública direta e indireta de assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e distinção de índices;
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
STF: Súmula 679 - A fixação de vencimentos dos servidores públicos não
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, pode ser objeto de convenção coletiva.
ao seguinte: STF: Súmula 681 - É inconstitucional a vinculação de vencimentos de
(Memorize: LIMPE) servidores estaduais e municipais a índices federais de correção monetária.
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
assim como aos estrangeiros, na forma da lei; fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
exoneração; em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e
STF: Súmula 683 - O limite de idade para a inscrição em concurso público
só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF, quando possa ser justificado nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador
pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais
STF: Súmula 684 - É inconstitucional o veto não motivado à participação e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos
de candidato a concurso público. Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros
STF: Súmula 685 - É inconstitucional toda modalidade de provimento que
propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público
e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do
anteriormente investido. Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério
STF: Súmula 686 - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;
habilitação de candidato a concurso público.
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
III - o prazo de validade do concurso público será de até 2 Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder
(dois) anos, prorrogável uma vez, por igual período; Executivo;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal
provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos do serviço público;
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor
STF: Os candidatos aprovados em concurso público têm direito subjetivo à público não serão computados nem acumulados para fins de
nomeação para a posse que vier a ser dada nos cargos vagos existentes concessão de acréscimos ulteriores; (Vedação ao efeito cascata)
ou nos que vierem a vagar no prazo de validade do concurso. A recusa da
Administração Pública em prover cargos vagos, quando existentes XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos
candidatos aprovados em concurso público, deve ser motivada, e esta e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos
motivação é suscetível de apreciação pelo Poder Judiciário. incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por 153, § 2º, I.
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
atribuições de direção, chefia e assessoramento; a) a de dois cargos de professor;
STF: Súmula vinculante 13 - A nomeação de cônjuge, companheiro ou
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o saúde, com profissões regulamentadas;
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e
poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
Constituição Federal. controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais
associação sindical; terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da
definidos em lei específica; lei;
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia
e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste

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último caso, definir as áreas de sua atuação; (Administração pública II - os controles e critérios de avaliação de desempenho,
indireta) direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a III - a remuneração do pessoal."
criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e
anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que
privada; receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de
obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante custeio em geral.
processo de licitação pública que assegure igualdade de condições § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
obrigações. exoneração.
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as
funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas
atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste
compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu
da lei ou convênio. âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei
Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e
autoridades ou servidores públicos. Distritais e dos Vereadores.
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável,
nos termos da lei. Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário se as seguintes disposições:
na administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao
usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
serviços; emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a
informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, III - investido no mandato de Vereador, havendo
X e XXXIII; compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo,
III - a disciplina da representação contra o exercício e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na anterior;
administração pública.
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
afastamento, os valores serão determinados como se no exercício
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos estivesse.
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento. Seção II
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito DOS SERVIDORES PÚBLICOS
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de único e planos de carreira para os servidores da administração
dolo ou culpa. pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº
2.135-4)
Teoria do Risco Administrativo. O Estado deverá ser responsabilizado
pelos danos causados por seus agentes, independentemente de dolo ou Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
culpa. Responsabilidade Objetiva. Municípios instituirão conselho de política de administração e
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos
ocupante de cargo ou emprego da administração direta e indireta respectivos Poderes. (Cautelarmente suspenso)
que possibilite o acesso a informações privilegiadas. § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos componentes do sistema remuneratório observará:
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus dos cargos componentes de cada carreira;
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de II - os requisitos para a investidura;
metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei
III - as peculiaridades dos cargos.
dispor sobre:
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
I - o prazo de duração do contrato;
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos
servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um

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dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos
celebração de convênios ou contratos entre os entes federados. definidos em leis complementares, os casos de servidores:
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o I portadores de deficiência;
disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, II que exerçam atividades de risco;
XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais
de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
reduzidos em 5 (cinco) anos, em relação ao disposto no § 1º, III,
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
"a", para o professor que comprove exclusivamente tempo de
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
ensino fundamental e médio.
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor
mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso,
previsto neste artigo.
o disposto no art. 37, XI.
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
por morte, que será igual:
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
empregos públicos. I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido,
até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários
por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado à
provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão,
data do óbito; ou
autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de
programas de qualidade e produtividade, treinamento e II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
produtividade. social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da
parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito.
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União,
critérios estabelecidos em lei.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, correspondente para efeito de disponibilidade.
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
e o disposto neste artigo. contagem de tempo de contribuição fictício.
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras
I - por invalidez permanente, sendo os proventos atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de social, e ao montante resultante da adição de proventos de
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta
contagiosa ou incurável, na forma da lei; Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação
e exoneração, e de cargo eletivo.
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência
(setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que
couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de
previdência social.
10 (dez) anos de efetivo exercício no serviço público e 5 (cinco) anos
no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
seguintes condições: comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se
a) 60 (sessenta) anos de idade e 35 (trinta e cinco) de
o regime geral de previdência social.
contribuição, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade e
30 (trinta) de contribuição, se mulher; § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
desde que instituam regime de previdência complementar para os
b) 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60
seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar,
(sessenta) anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais
para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
ao tempo de contribuição.
regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do art. 201.
respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o §
ou que serviu de referência para a concessão da pensão.
14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo,
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber,
ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar,
utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes
de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da planos de benefícios somente na modalidade de contribuição
lei. definida.
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver

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ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de § 1º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o crime é
instituição do correspondente regime de previdência complementar. praticado durante o repouso noturno.
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o STJ: A causa especial de aumento de pena do furto cometido durante o
cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, repouso noturno pode se configurar mesmo quando o crime é cometido
em estabelecimento comercial ou residência desabitada, sendo
na forma da lei. indiferente o fato de a vítima estar, ou não, efetivamente repousando.
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios diminuí-la de 1/3 a 2/3 (um a dois terços), ou aplicar somente a
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com pena de multa. (Furto privilegiado)
percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de
Princípio da Insignificância ou Bagatela: para a aplicação desse
cargos efetivos. princípio, segundo o STJ, é necessária a observância dos seguintes
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha requisitos: 1. Mínima ofensividade da conduta do agente. 2. Ausência de
completado as exigências para aposentadoria voluntária periculosidade social. 3. Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento. 4. Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade Furto famélico: é o furto praticado para saciar a fome, quando o agente
fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua se encontra na extrema pobreza. De acordo com o STJ, poderá ser
contribuição previdenciária até completar as exigências para causa de exclusão de ilicitude por estado de necessidade.
aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime outra que tenha valor econômico. (Crime permanente)
próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos Furto qualificado
efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o
em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. crime é cometido:
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de coisa;
pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. destreza;
201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for III - com emprego de chave falsa;
portador de doença incapacitante. IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
STJ: Súmula 442 - É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo
concurso de agentes, a majorante do roubo.
Art. 41. São estáveis após 3 (três) anos de efetivo exercício STJ: Súmula 511 - É possível o reconhecimento do privilégio previsto
os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se
virtude de concurso público. estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da
coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que
II - mediante processo administrativo em que lhe seja cause perigo comum. (2018)
assegurada ampla defesa; § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração
III - mediante procedimento de avaliação periódica de for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla Estado ou para o exterior.
defesa. § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da abatido ou dividido em partes no local da subtração. (2016) - (Crime de
vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a abigeato)
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e
com remuneração proporcional ao tempo de serviço. multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração fabricação, montagem ou emprego. (2018)
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento
em outro cargo. Furto de coisa comum
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
instituída para essa finalidade.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo
valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940
Código Penal CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
TÍTULO II Roubo
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
CAPÍTULO I mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-
DO FURTO la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Furto (Simples) (Roubo próprio)
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: STJ: Súmula 582 - Consuma-se o crime de roubo com a inversão da
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda
que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
STJ: Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por monitoramento recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e
eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento pacífica ou desvigiada.
comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de
furto. Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

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§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de grave:
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
ou para terceiro. (Roubo impróprio) § 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (2018) - § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o
(Roubo circunstanciado) denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá
I – (revogado); sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços). (Delação premiada)
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o Extorsão indireta
agente conhece tal circunstância. Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser da situação de alguém, documento que pode dar causa a
transportado para outro Estado ou para o exterior; procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de CAPÍTULO III
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua DA USURPAÇÃO
fabricação, montagem ou emprego. (2018) Alteração de limites
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (2018) outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma em parte, de coisa imóvel alheia:
de fogo; (2018) Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o § 1º - Na mesma pena incorre quem:
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo Usurpação de águas
comum. (2018) I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas
alheias;
§ 3º Se da violência resulta: (2018) Esbulho possessório
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
(dezoito) anos, e multa; (2018) mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, alheio, para o fim de esbulho possessório.
e multa. (2018) - (Latrocínio) § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a
Roubo esta cominada.
STF: Súmula 610 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de
consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da violência, somente se procede mediante queixa.
vítima.
STJ: Súmula 443 - O aumento na terceira fase de aplicação da pena no Supressão ou alteração de marca em animais
crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo
suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou
majorantes. rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Extorsão (Simples)
CAPÍTULO IV
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
DO DANO
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
Dano
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
fazer alguma coisa:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Dano qualificado
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
metade.
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o
fato não constitui crime mais grave
disposto no § 3º do artigo anterior.
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal,
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública,
liberdade (Sequestro relâmpago) da vítima, e essa condição é
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
serviços públicos; (2017)
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a
lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no
art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da
Extorsão
STJ: Súmula 96 - O crime de extorsão consuma-se independentemente
pena correspondente à violência.
da obtenção da vantagem indevida.
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
Extorsão mediante sequestro Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia,
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do prejuízo:
resgate: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos..
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico
o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela
anos, ou se o crime é cometido por bando ou autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou
quadrilha. histórico:
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

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Alteração de local especialmente protegido Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
aspecto de local especialmente protegido por lei: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
Ação penal I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
do art. 164, somente se procede mediante queixa. Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou
CAPÍTULO V parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15
Apropriação indébita (quinze) dias.
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o
posse ou a detenção: disposto no art. 155, § 2º. (Apropriação privilegiada)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena CAPÍTULO VI
§ 1º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço), quando o agente DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
recebeu a coisa: Estelionato
I - em depósito necessário; Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil
réis a dez contos de réis.
Apropriação indébita previdenciária § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155,
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal § 2º. (Estelionato privilegiado)
ou convencional: § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Disposição de coisa alheia como própria
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância garantia coisa alheia como própria;
destinada à previdência social que tenha sido descontada de Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa
público; própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que
II – recolher contribuições devidas à previdência social que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
produtos ou à prestação de serviços; Defraudação de penhor
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor
cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
previdência social. objeto empenhado;
STF / STJ: Não se exige dolo específico. Fraude na entrega de coisa
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, deve entregar a alguém;
importâncias ou valores e presta as informações devidas à Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou
início da ação fiscal. (Extinção da punibilidade) lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da
STF / STJ: A quitação do débito decorrente de apropriação indébita
lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de
previdenciária enseja a extinção da punibilidade, desde que realizada seguro;
antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Fraude no pagamento por meio de cheque
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder
somente a de multa se o agente for primário e de bons do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
antecedentes, desde que: (Perdão judicial) § 3º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o crime é
STF / STJ: Atualmente, entende-se que deve haver a aplicação do
cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto
princípio da insignificância quando o valor do débito seja igual ou de economia popular, assistência social ou beneficência.
inferior ao estabelecido pela previdência como sendo o mínimo para Estelionato contra idoso
ajuizamento das ações fiscais. O valor atual é de R$ 20.000,00. § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de contra idoso.
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social
previdenciária, inclusive acessórios; ou Estelionato
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja STF: Súmula 246 - Comprovado não ter havido fraude, não se configura o
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, crime de emissão de cheque sem fundos.
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de STF: Súmula 521 - O foro competente para o processo e julgamento dos
suas execuções fiscais. crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo
aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos sacado.
acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, STF: Súmula 554 - O pagamento de cheque emitido sem provisão de
fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. ação penal.
(2018)
STJ: Súmula 17 - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força
STJ: Súmula 24 - Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como
da natureza vítima entidade autárquica da previdência social, a qualificadora do § 3º, do
art. 171 do Código Penal.

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STJ: Súmula 48 - Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer
ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
de cheque.
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou
STJ: Súmula 73 - A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado
configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça
usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais,
Estadual. sem prévia autorização da assembleia geral;
STJ: Súmula 244 - Compete ao foro do local da recusa processar e julgar IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da
o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos. sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social,
aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
Duplicata simulada
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou
dividendos fictícios;
ao serviço prestado.
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa,
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que
parecer;
falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
Duplicatas.
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira,
autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos
Abuso de incapazes
ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos,
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para
ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral.
de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou
de terceiro:
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
"warrant"
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em
Induzimento à especulação
desacordo com disposição legal:
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem,
induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com
títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é Fraude à execução
ruinosa: Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Fraude no comércio Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o
adquirente ou consumidor: CAPÍTULO VII
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria DA RECEPTAÇÃO
falsificada ou deteriorada; Receptação
II - entregando uma mercadoria por outra: Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar
(Receptação própria), em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
produto de crime, ou influir (Receptação imprópria) para que terceiro,
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por
falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; A receptação é um crime acessório ou parasitário – depende da
existência de um crime anterior. Caso a infração anterior seja uma
vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: contravenção penal, não se tipificará o crime de receptação.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
Receptação qualificada
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
Outras fraudes
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve
o pagamento:
saber ser produto de crime:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do
representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou
aplicar a pena.
clandestino, inclusive o exercício em residência.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
Fraudes e abusos na fundação ou administração de
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
sociedade por ações
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Receptação
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações,
culposa)
fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou
penas.
ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não
de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
constitui crime contra a economia popular.
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime
juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a
contra a economia popular:
pena (Perdão judicial). Na receptação dolosa aplica-se o disposto no §
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que,
2º do art. 155 (Receptação privilegiada).
em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado,
ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas
do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública,
da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
a elas relativo;

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concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A
prevista no caput deste artigo. (2017) poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das
medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código. (2018)
Receptação de animal
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de CAPÍTULO V
comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: Art. 319. São medidas cautelares diversas da
(2016) prisão:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (2016) I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas
condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
CAPÍTULO VIII atividades;
DISPOSIÇÕES GERAIS II - proibição de acesso ou frequência a determinados
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
previstos neste título, em prejuízo: (Imunidade penal absoluta) indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; o risco de novas infrações;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo III - proibição de manter contato com pessoa determinada
ou ilegítimo, seja civil ou natural. quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou
acusado dela permanecer distante;
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a
crime previsto neste título é cometido em prejuízo: (Imunidade penal permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou
relativa) instrução;
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo
(Exclusão das imunidades) receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de
haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos
II - ao estranho que participa do crime. concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou Penal) e houver risco de reiteração;
superior a 60 (sessenta) anos. VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu
andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
Decreto-Lei nº 3.689 / 1941 § 1o (Revogado).
Código de Processo Penal § 2o (Revogado).
§ 3o (Revogado).
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do
CAPÍTULO IV Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas
DA PRISÃO DOMICILIAR cautelares.
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do
indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar- Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será
se com autorização judicial. comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as
saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos; CAPÍTULO VI
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação
menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória,
impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319
IV - gestante; (2016)
deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade
Código.
incompletos; (2016)
I - (revogado)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados
II - (revogado).
do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. (2016)
Relaxamento da Prisão: Combate a prisão ilegal.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova Liberdade Provisória: Cabível contra prisão legal desnecessária.
idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. Revogação da Prisão: Ocorre quando a prisão preventiva se torna
desnecessária ou a prisão temporária esgota o seu prazo de duração.
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou
que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder
será substituída por prisão domiciliar, desde que: (2018) fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida
a pessoa; (2018)
ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou
dependente. (2018) Art. 323. Não será concedida fiança: (Crimes inafiançáveis)
I - nos crimes de racismo;

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II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em
drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da
hediondos; dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou em primeiro lugar.
militares, contra a ordem constitucional e o Estado § 1o A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais
Democrático; preciosos será feita imediatamente por perito nomeado pela
IV - (revogado); autoridade.
V - (revogado). § 2o Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida
Cumpre observar que, embora não seja possível conceder fiança nos pública, o valor será determinado pela sua cotação em Bolsa, e,
casos mencionados neste Código, é plenamente admissível a sendo nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de
concessão de liberdade provisória sem fiança, presentes os elementos ônus.
exigíveis.
Art. 331. O valor em que consistir a fiança será recolhido à
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: repartição arrecadadora federal ou estadual, ou entregue ao
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança depositário público, juntando-se aos autos os respectivos
anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer conhecimentos.
das obrigações a que se referem os arts. 327 (não comparecer quando Parágrafo único. Nos lugares em que o depósito não se
intimado) e 328 (mudar de residência sem prévia permissão) deste Código. puder fazer de pronto, o valor será entregue ao escrivão ou pessoa
II - em caso de prisão civil ou militar; abonada, a critério da autoridade, e dentro de três dias dar-se-á ao
III - (revogado); valor o destino que Ihe assina este artigo, o que tudo constará do
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação termo de fiança.
da prisão preventiva (art. 312).
Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, será competente
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a para conceder a fiança a autoridade que presidir ao respectivo auto,
conceder nos seguintes limites: e, em caso de prisão por mandado, o juiz que o houver expedido, ou
a) (revogada); a autoridade judiciária ou policial a quem tiver sido requisitada a
b) (revogada); prisão.
c) (revogada).
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será concedida
de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for independentemente de audiência do Ministério Público, este
superior a 4 (quatro) anos; terá vista do processo a fim de requerer o que julgar conveniente.
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o
máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar
(quatro) anos. em julgado a sentença condenatória.
§ 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso,
a fiança poderá ser: Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial a
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código; concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la,
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. em 48 (quarenta e oito) horas.
§ 2o (Revogado):
I - (revogado); Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao
II - (revogado); pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação
III - (revogado). pecuniária e da multa, se o réu for condenado.
Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no
caso da prescrição depois da sentença condenatória.
Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá
em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em
fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de julgado sentença que houver absolvido o acusado ou declarada
sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será
processo, até final julgamento. restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art.
336 deste Código.
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a
comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na
para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. espécie será cassada em qualquer fase do processo.
Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada.
Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de a existência de delito inafiançável, no caso de inovação na
quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão classificação do delito.
da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias
de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:
será encontrado. I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;
II - quando houver depreciação material ou perecimento dos
Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá bens hipotecados ou caucionados, ou depreciação dos metais ou
um livro especial, com termos de abertura e de encerramento, pedras preciosas;
numerado e rubricado em todas as suas folhas pela autoridade, III - quando for inovada a classificação do delito.
destinado especialmente aos termos de fiança. O termo será lavrado Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será
pelo escrivão e assinado pela autoridade e por quem prestar a recolhido à prisão, quando, na conformidade deste artigo, não for
fiança, e dele extrair-se-á certidão para juntar-se aos autos. reforçada.
Parágrafo único. O réu e quem prestar a fiança serão pelo
escrivão notificados das obrigações e da sanção previstas nos arts. Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado:
327 e 328, o que constará dos autos. I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de
comparecer, sem motivo justo;

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II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto,
do processo; roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de
com a fiança; segurança privada e de transporte de valores;
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; V – identificar as modificações que alterem as características
V - praticar nova infração penal dolosa. ou o funcionamento de arma de fogo;
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que se
declarou quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos. VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as
vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como
na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a conceder licença para exercer a atividade;
imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas,
decretação da prisão preventiva. varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de
fogo, acessórios e munições;
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as
fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do
características das impressões de raiamento e de microestriamento
cumprimento da pena definitivamente imposta.
de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente
realizados pelo fabricante;
Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas
as custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, será XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos
recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de
armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o
Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as cadastro atualizado para consulta.
deduções previstas no art. 345 deste Código, o valor restante será Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as
recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as
demais que constem dos seus registros próprios.
Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o saldo será As armas de fogo que são utilizadas pelas Forças Armadas e Auxiliares
entregue a quem houver prestado a fiança, depois de deduzidos os e pelas Forças Auxiliares possuem regramento próprio. Relacionam-se
encargos a que o réu estiver obrigado. com o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas - Sigma.

Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por
meio de hipoteca, a execução será promovida no juízo cível pelo CAPÍTULO II
órgão do Ministério Público. DO REGISTRO
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão
Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais competente.
preciosos, o juiz determinará a venda por leiloeiro ou corretor.
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando registradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta
a situação econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade Lei.
provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328
deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso. Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem motivo interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade,
justo, qualquer das obrigações ou medidas impostas, aplicar-se-á o atender aos seguintes requisitos:
disposto no § 4o do art. 282 deste Código. I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de
certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela
Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar
Lei nº 10.826 / 2003 respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão
ser fornecidas por meios eletrônicos;
Estatuto do Desarmamento
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de lícita e de residência certa;
fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão
define crimes e dá outras providências. psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma
disposta no regulamento desta Lei.
CAPÍTULO I § 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de
fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no esta autorização.
Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição § 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no
em todo o território nacional. calibre correspondente à arma registrada e na quantidade
estabelecida no regulamento desta Lei.
Art. 2o Ao Sinarm compete: § 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território
I – identificar as características e a propriedade de armas de nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente,
fogo, mediante cadastro; como também a manter banco de dados com todas as
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e características da arma e cópia dos documentos previstos neste
vendidas no País; artigo.
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as § 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e
renovações expedidas pela Polícia Federal; munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando
registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.

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§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de
munições entre pessoas físicas somente será efetivada mediante Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do
autorização do Sinarm. Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será República; (2019)
concedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV,
30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
interessado. Polícia do Senado Federal e a Polícia da Câmara dos Deputados.
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas
cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo. prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas
§ 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III portuárias;
do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de
adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar valores constituídas, nos termos desta Lei;
autorizado a portar arma com as mesmas características daquela a IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente
ser adquirida. constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas
de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com couber, a legislação ambiental.
validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a Porte autorizado somente no momento em que a competição é
manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência realizada.
RHC 34.579-RS, julgado em 24/4/2014
ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de
trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal
estabelecimento ou empresa. do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido Fiscal e Analista Tributário.
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm. XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos
4o deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais
a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança,
desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de
Fogo. Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público -
CNMP.
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de registro
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI
de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distrito Federal
do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de
até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou
espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta
o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos
a apresentação de documento de identificação pessoal e incisos I, II, V e VI.
comprovante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento § 1o-A (Revogado)
de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas
incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. prisionais poderão portar arma de fogo de propriedade particular ou
§ 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste artigo, fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de
o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento de serviço, desde que estejam:
Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na rede
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;
mundial de computadores - internet, na forma do regulamento e
obedecidos os procedimentos a seguir: II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento;
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet, e
com validade inicial de 90 (noventa) dias; e III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia interno.
Federal do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar
§ 1º-C. (VETADO).
como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro
de propriedade. § 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes
das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste
artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refere
CAPÍTULO III o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabelecidas
DO PORTE no regulamento desta Lei.
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território § 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas
nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: municipais está condicionada à formação funcional de seus
I – os integrantes das Forças Armadas; integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas
do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da Força Nacional condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a
de Segurança Pública (FNSP); (2017) supervisão do Ministério da Justiça.
Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Ferroviária Federal;
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e
Polícias Civis; Polícias Militares; Corpos de Bombeiros Militares; Força estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e
Nacional de Segurança Pública. do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4 o, ficam
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do
Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.
habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo
com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela
mil) habitantes, quando em serviço; Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para

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subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1
(um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas
(dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de
necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o
seguintes documentos: possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma
I - documento de identificação pessoal; do regulamento desta Lei.
II - comprovante de residência em área rural; e
III - atestado de bons antecedentes. Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do
§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos
de fogo, independentemente de outras tipificações penais, estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do
responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a
de fogo de uso permitido. concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores,
atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios
competição internacional oficial de tiro realizada no território
que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma
nacional.
de fogo, quando em serviço.

Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso


Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das
permitido, em todo o território nacional, é de competência da
empresas de segurança privada e de transporte de valores,
Polícia Federal e somente será concedida após autorização do
constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade
Sinarm.
e guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas
quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso e § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida
de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos
certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela regulamentares, e dependerá de o requerente:
Polícia Federal em nome da empresa. I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;
segurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo,
demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar bem como o seu devido registro no órgão competente.
ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto,
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste
roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e
artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela
munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e
seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de
quatro) horas depois de ocorrido o fato.
substâncias químicas ou alucinógenas.
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá
apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos
requisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores
que portarão arma de fogo. constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos:
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste I – ao registro de arma de fogo;
artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm. II – à renovação de registro de arma de fogo;
III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo;
Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, V – à renovação de porte de arma de fogo;
responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente
VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de
podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar
fogo.
as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão
competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte § 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à
expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do
Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata
responsabilidades.
este artigo independe do pagamento de taxa.
§ 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo
§ 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público
as pessoas e as instituições a que se referem os incisos I a VII e X e
designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de
o § 5o do art. 6o desta Lei.
funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado
o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de
servidores que exerçam funções de segurança. Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as
§ 3o O porte de arma pelos servidores das instituições de que condições do credenciamento de profissionais pela Polícia Federal
trata este artigo fica condicionado à apresentação de documentação para comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técnica
comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. para o manuseio de arma de fogo.
4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabelecimentos § 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobrado
de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio dos honorários
fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no profissionais para realização de avaliação psicológica constante do
regulamento desta Lei. item 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia.
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que trata § 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobrado
este artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. pelo instrutor de armamento e tiro não poderá exceder R$ 80,00
§ 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a (oitenta reais), acrescido do custo da munição.
registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual § 3o A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, 1o e 2o deste artigo implicará o descredenciamento do profissional
acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras pela Polícia Federal.
24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.

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CAPÍTULO IV Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito é crime hediondo,
portanto, inafiançável, previsto na Lei n. 8.072/1990
DOS CRIMES E DAS PENAS
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência identificação de arma de fogo ou artefato;
ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que II – modificar as características de arma de fogo, de forma a
seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade
policial, perito ou juiz;
Omissão de cautela III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para
legal ou regulamentar;
impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de
deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de
posse ou que seja de sua propriedade: fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
raspado, suprimido ou adulterado;
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou
arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de
adolescente; e
valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar
à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou
arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. POSSE E PORTE ILEGAL DE ARMAS DE FOGO E MUNIÇÕES DE
USO PERMITIDO. AUSÊNCIA DE CERTIFICADO FEDERAL.
DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL. IRRELEVÂNCIA. CONDUTA TÍPICA.
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a
portar ou possuir arma de fogo, não observa as imposições legais
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em previstas no Estatuto do Desarmamento, que impõem registro das
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, armas no órgão competente.
remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, RHC 70.141-RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade,
julgado em 7/2/2017, DJe 16/2/2017. Informativo STJ 597.
acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em ----------------------------------------------------------------------------------------------
desacordo com determinação legal ou regulamentar: ESTATUTO DO DESARMAMENTO. DELITO TIPIFICADO NO ART. 16,
PARÁGRAFO ÚNICO, III DA LEI N. 10.826/2003. PORTE DE
Para os Tribunais Superiores, o crime de porte de arma de fogo
ARTEFATO EXPLOSIVO. GRANADA DE GÁS
consuma-se independentemente de estar a arma municiada. Porém, LACRIMOGÊNEO/PIMENTA. INADEQUAÇÃO TÍPICA.
segundo o STJ, se o laudo pericial reconhecer a ineficácia total da arma A conduta de portar uma granada de gás lacrimogêneo e outra de gás
de fogo e das munições, a conduta será atípica. de pimenta não se subsome ao delito previsto no art. 16, parágrafo
único, III, da Lei n. 10.826/03.
REsp 1.627.028-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. por unanimidade, julgado em 21/2/2017.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável,


salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. Comércio ilegal de arma de fogo
Declarado INCOSTITUCIONAL. ADI 3112 – Informativo 465 do STF Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir,
Relativamente aos parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 da Lei ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
10.826/2003, que proíbem o estabelecimento de fiança,
respectivamente, para os crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,
permitido e de disparo de arma de fogo, considerou-se desarrazoada a em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
vedação, ao fundamento de que tais delitos não poderiam ser industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou
equiparados a terrorismo, prática de tortura, tráfico ilícito de em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
entorpecentes ou crimes hediondos (CF, art. 5º, XLIII). Asseverou-se,
ademais, cuidar-se, na verdade, de crimes de mera conduta que, Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
embora impliquem redução no nível de segurança coletiva, não podem Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou
ser igualados aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de
vida ou à propriedade.
serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o
exercido em residência.
Disparo de arma de fogo
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar Tráfico internacional de arma de fogo
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do
ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou
outro crime: munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.
- Declarado INCOSTITUCIONAL. ADI 3112 – Informativo 465 STF
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito forem de uso proibido ou restrito.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante
arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.
sem autorização e em desacordo com determinação legal ou São as empresas que desenvolvem as atividades de segurança privada
regulamentar: e transporte de valores.

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Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o
insuscetíveis de liberdade provisória. local onde se encontram.
- Declarado INCOSTITUCIONAL. ADI 3112-1 STF
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização
CAPÍTULO V e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de
fogo, que com estas se possam confundir.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios com simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de
os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do disposto usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do
nesta Lei. Exército.

Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar,
definição das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito.
proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão
disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às
proposta do Comando do Exército. aquisições dos Comandos Militares.
§ 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar
acondicionadas em embalagens com sistema de código de Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir
barras, gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do arma de fogo, ressalvados os integrantes das entidades constantes
fabricante e do adquirente, entre outras informações definidas pelo dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei.
regulamento desta Lei.
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já
expedidas autorizações de compra de munição com identificação do concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publicação desta
lote e do adquirente no culote dos projéteis, na forma do Lei.
regulamento desta Lei. Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da data validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la, perante a
de publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco de Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no
segurança e de identificação, gravado no corpo da arma, definido prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o
pelo regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no requerente.
art. 6o.
§ 4o As instituições de ensino policial e as guardas Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso
municipais referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6o desta Lei
permitido ainda não registrada deverão solicitar seu registro até o dia
e no seu § 7o poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de
munição para o fim exclusivo de suprimento de suas atividades, 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de
mediante autorização concedida nos termos definidos em identificação pessoal e comprovante de residência fixa,
regulamento. acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da origem
lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º declaração firmada na qual constem as características da arma e a
desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar a sua condição de proprietário, ficando este dispensado do pagamento
produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos
comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei.
o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores,
atiradores e caçadores. Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto
no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter,
no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do provisório, expedido na forma do § 4o do art. 5o desta Lei.
laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais
interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz
competente ao Comando do Exército, no prazo máximo de 48 Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo
(quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá-las à
segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do
desta Lei. regulamento desta Lei.
§ 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército
que receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão e a Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo
dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública, poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e,
atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério da presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do
Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse
relatório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições,
irregular da referida arma.
abrindo-se-lhes prazo para manifestação de interesse.
§ 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das armas Parágrafo único.
a serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu
perdimento em favor da instituição beneficiada. Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a
§ 3o O transporte das armas de fogo doadas será de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme especificar o
responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu regulamento desta Lei:
cadastramento no Sinarm ou no Sigma. I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário,
§ 4o (VETADO) marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qualquer meio,
§ 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou munição
encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma sem a devida autorização ou com inobservância das normas de
de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de segurança;

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II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
realize publicidade para venda, estimulando o uso indiscriminado de profissional.
armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adotarão, sob pena
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou
de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o
a constrangimento não autorizado em lei;
ingresso de pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a
pelo inciso VI do art. 5o da Constituição Federal.
prisão ou detenção de qualquer pessoa;
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou
serviços de transporte internacional e interestadual de passageiros detenção ilegal que lhe seja comunicada;
adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a
passageiros armados. prestar fiança, permitida em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial
CAPÍTULO VI carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde
que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer
DISPOSIÇÕES FINAIS
quanto ao seu valor;
Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo
munição em todo o território nacional, salvo para as entidades de importância recebida a título de carceragem, custas,
previstas no art. 6o desta Lei. emolumentos ou de qualquer outra despesa;
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural
aprovação mediante referendo popular, a ser realizado em outubro ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem
de 2005. competência legal;
§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu resultado medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
pelo Tribunal Superior Eleitoral. de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
STF: Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos
de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade
física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da
Lei nº 4.898 / 1965 prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.
Lei de Abuso de Autoridade
Regula o Direito de Representação e o processo de Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei,
Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou
abuso de autoridade. militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.

Art. 1º O direito de representação e o processo de Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção
responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades administrativa civil e penal.
que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a
regulados pela presente lei. gravidade do abuso cometido e consistirá em:
a) advertência;
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de b) repreensão;
petição: c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de 5 a 180
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal (cinco a cento e oitenta) dias, com perda de vencimentos e
para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva vantagens;
sanção; d) destituição de função;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver e) demissão;
competência para iniciar processo-crime contra a autoridade f) demissão, a bem do serviço público.
culpada. § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a
conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com dez mil cruzeiros.
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras
testemunhas, no máximo de três, se as houver. dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
O direito de representação poderá ser exercido por qualquer pessoa e a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
não se exigirá a assistência de advogado, porém, de acordo com a Lei b) detenção por 10 (dez) dias a 6 (seis) meses;
n° 5.249/1967, a falta de representação do ofendido não obstará a c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
iniciativa ou o curso de ação pública. qualquer outra função pública por prazo até 3 (três) anos.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: aplicadas autônoma ou cumulativamente.
a) à liberdade de locomoção; § 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade
b) à inviolabilidade do domicílio; policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a
c) ao sigilo da correspondência; pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer
d) à liberdade de consciência e de crença; funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por
e) ao livre exercício do culto religioso; prazo de 1 a 5 (um a cinco) anos.
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a
voto; aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar
h) ao direito de reunião; competente determinará a instauração de inquérito para apurar o
i) à incolumidade física do indivíduo; fato.

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§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente. dentro
estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou de 5 (cinco) dias.
militares, que estabeleçam o respectivo processo. § 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento
§ 2º não existindo no município no Estado ou na legislação final e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será
militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão feita por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via
aplicadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei da representação e da denúncia.
nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis da União). Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado apresentada em juízo, independentemente de intimação.
para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil. Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória
para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da previsto no artigo 14, letra "b", requerimentos para a realização de
autoridade civil ou militar. diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho
motivado, considere indispensáveis tais providências.
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à
autoridade administrativa ou independentemente dela, poderá ser Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos
promovida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência,
ou ambas, da autoridade culpada. apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o
representante do Ministério Público ou o advogado que tenha
Art. 10. Vetado subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu.
Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de se ausente o Juiz.
Processo Civil.
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o
inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, ocorrido constar do livro de termos de audiência.
instruída com a representação da vítima do abuso.
Cumpre observar, porém, que a ação penal é pública incondicionada. Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública,
se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil,
entre 10 (dez) e 18 (dezoito) horas, na sede do Juízo ou,
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação excepcionalmente, no local que o Juiz designar.
da vítima, aquele, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o
autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a interrogatório do réu, se estiver presente.
designação de audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar
duas vias. na audiência e nos ulteriores termos do processo.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz
houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor
por meio de 2 (duas) testemunhas qualificadas; do réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por
b) requerer ao Juiz, até 72 (setenta e duas) horas antes da mais dez (10), a critério do Juiz.
audiência de instrução e julgamento, a designação de um perito para
fazer as verificações necessárias. Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e sentença.
prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por
escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento. Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os
poderá conter a indicação de mais duas testemunhas. depoimentos e as alegações da acusação e da defesa, os
requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentença.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
apresentar a denúncia requerer o arquivamento da representação, Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do
o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, Ministério Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o
fará remessa da representação ao Procurador-Geral e este oferecerá advogado ou defensor do réu e o escrivão.
a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para
oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem
Juiz atender. difíceis e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei,
o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a
denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas
órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá- do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com o
la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligência Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
do querelante, retomar a ação como parte principal. caberão os recursos e apelações previstas no Código de Processo
Nesse caso caberá ação penal privada subsidiária da pública. Penal.

Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de 48


(quarenta e oito) horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando
a denúncia.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz
designará, desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e

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Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição
Lei nº 7.492 / 1986 pública competente, relativamente a operação ou situação financeira,
sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente:
Crimes Contra o Sistema Financeiro Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Nacional
▪ Emissão, oferecimento ou negociação irregular de títulos
ou valores mobiliários
Conhecida como LEI DO COLARINHO BRANCO. Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos
ou valores mobiliários:
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta I - falsos ou falsificados;
lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade
como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a competente, em condições divergentes das constantes do registro ou
captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de irregularmente registrados;
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação;
emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando
de valores mobiliários. legalmente exigida:
Os valores mobiliários são negociados nas bolsas de valores ou Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
mercado de balcão. O art. 2º da Lei 6385/76 enumera alguns exemplos,
como ações, debêntures e bônus de subscrição.
▪ Exigência de remuneração além da legalmente permitida
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira: Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação, juro, comissão
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, ou qualquer tipo de remuneração sobre operação de crédito ou de
consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio,
de terceiros; serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades mobiliários:
referidas neste artigo, ainda que de forma eventual. Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ▪ Fraude à fiscalização ou ao investidor


▪ Impressão ou publicação não autorizadas Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou fazendo inserir, em documento comprobatório de investimento em
pôr em circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da que
certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou dele deveria constar:
valor mobiliário: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, ▪ Documentos contábeis falsos ou incompletos
fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou material de Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido
propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo. pela legislação, em demonstrativos contábeis de instituição
financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de
▪ Divulgação falsa ou incompleta de informação distribuição de títulos de valores mobiliários:
Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
incompleta sobre instituição financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. ▪ Contabilidade paralela
Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente
▪ Gestão fraudulenta à contabilidade exigida pela legislação:
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a gestão é temerária: ▪ Omissão de informações
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de
PENAL E PROCESSUAL PENAL. LEI 7.492/1986, ARTS. 16 apresentar, ao interventor, liquidante, ou síndico, nos prazos e
(OPERAR INSTITUIÇÃO FINANCEIRA SEM AUTORIZAÇÃO) E 22 condições estabelecidas em lei as informações, declarações ou
(EVASÃO DE DIVISAS). documentos de sua responsabilidade:
[...] 3. O delito de gestão fraudulenta é previsto em dispositivo legal que Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
tem caráter de norma geral e, portanto, o crime será residual, e restará
absorvido sempre que não houver uma norma específica, criminalizando
uma determinada conduta que importe em lesão à integridade do ▪ Desvio de bem indisponível
sistema. No caso dos autos, a conduta atribuída aos acusados está Art. 13. Desviar bem alcançado pela indisponibilidade legal
perfeitamente delimitada e definida pela norma dos arts. 16 e 22 da Lei resultante de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de
nº 7.492/1989. Logo, condenar os réus, com base nos mesmos fatos, instituição financeira.
pela prática do crime do art. 4º da citada lei, importaria em inadmissível
bis in idem.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
STF, ARE 920688/RJ Rel. Min. EDSON FACHIN, j. 18.12.2015, DJe 02.02.2016. Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o
liquidante ou o síndico que se apropriar de bem abrangido pelo caput
▪ Apropriação indébita e desvio de recursos deste artigo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio.
Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no
art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem ▪ Apresentação de declaração ou reclamação falsa
móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência
alheio: de instituição financeira, declaração de crédito ou reclamação falsa,
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. ou juntar a elas título falso ou simulado:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar direito, título ou Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou
qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem falido que reconhecer, como verdadeiro, crédito que não o seja.
autorização de quem de direito.
▪ Manifestação falsa
▪ Sonegação de informação

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Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou preservação dos interesses e valores da ordem econômico-
o síndico, (Vetado) à respeito de assunto relativo a intervenção, financeira:
liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 24. (VETADO).
▪ Operação desautorizada de instituição financeira
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com DA APLICAÇÃO E DO PROCEDIMENTO CRIMINAL
autorização obtida mediante declaração falsa, instituição Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o
financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de controlador e os administradores de instituição financeira, assim
câmbio: considerados os diretores, gerentes. (VETADO)
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira
(Vetado) o interventor, o liquidante ou o síndico.
▪ Empréstimo a administradores ou parentes e distribuição § 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou
disfarçada de lucros co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão
Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de qualquer espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama
das pessoas mencionadas no art. 25, ou deferir operações de delituosa terá a sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços).
crédito vedadas, observado o disposto no art. 34 da Lei no 4.595, de Delação Premiada
31 de dezembro de 1964: (2017)
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça
I - em nome próprio, como controlador ou na condição de Federal.
administrador da sociedade, conceder ou receber adiantamento de
Os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional são de ação penal
honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas pública incondicionada.
condições referidas neste artigo;
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do
lucros de instituição financeira. Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3
de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de
▪ Violação de sigilo bancário Valores Mobiliários - CVM, quando o crime tiver sido praticado no
Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por âmbito de atividade sujeita à disciplina e à fiscalização dessa
instituição financeira ou integrante do sistema de distribuição de Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela
títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício: hipótese, houver sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. disciplina e fiscalização.
A Lei Complementar nº 105/2001 dispõe sobre o sigilo das operações de HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME
instituições financeiras e dá outras providências. CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL. INCISO VI DO ART. 109 DA CF. ORDEM DENEGADA.
1. A competência da Justiça Federal para julgar crimes contra o sistema
▪ Obtenção fraudulenta de financiamento financeiro nacional tem assento constitucional. A alegação de que o
prejuízo decorrente do delito foi suportado exclusivamente por instituição
Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira privada não afasta tal regra constitucional. Interesse da União
financeira: na segurança e na confiabilidade do sistema financeiro nacional. (...)
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. HC 93733, Rel. Min. CARLOS BRITTO, 1a Turma, j. 17.06.2008, DJe 02.04.2009.

Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o


crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o
por ela credenciada para o repasse de financiamento. ofendido poderá representar ao Procurador-Geral da República, para
que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para
▪ Aplicação irregular de financiamento oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou recebidas.
contrato, recursos provenientes de financiamento concedido por
instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o
repassá-lo: Banco Central do Brasil ou a Comissão de Valores Mobiliários -
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. CVM, verificar a ocorrência de crime previsto nesta lei, disso deverá
informar ao Ministério Público Federal, enviando-lhe os documentos
▪ Falsa identidade necessários à comprovação do fato.
Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo será
realização de operação de câmbio: observada pelo interventor, liquidante ou síndico que, no curso de
Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. intervenção, liquidação extrajudicial ou falência, verificar a ocorrência
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo de crime de que trata esta lei.
fim, sonega informação que devia prestar ou presta informação falsa.
Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que
▪ Evasão de divisas julgar necessário, poderá requisitar, a qualquer autoridade,
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes
de promover evasão de divisas do País: previstos nesta lei.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações financeiras
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer não pode ser invocado como óbice ao atendimento da requisição
título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa prevista no caput deste artigo.
para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à
repartição federal competente. Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de
Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro
▪ Prevaricação financeira de 1941, a prisão preventiva do acusado da prática de crime previsto
Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, nesta lei poderá ser decretada em razão da magnitude da lesão
contra disposição expressa de lei, ato de ofício necessário ao regular causada.
funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a

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- Revogação tácita do art. 30 da Lei do Colarinho Branco em razão de.1940, pode ser estendido até o décuplo, se verificada a situação
da alteração legislativa promovida pela lei 12.403/11 nele cogitada.
A Jurisprudência e a Doutrina majoritária entendem não ser possível
utilizar a magnitude da lesão como único fundamento para a
decretação da prisão preventiva.

Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de
reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser
recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se
estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva.
- Revogação tácita do art. 31 da Lei do Colarinho Branco em razão
da alteração legislativa promovida pela lei 12.403/11

Art. 32. (VETADO).


§ 1º (VETADO).
§ 2º (VETADO).
§ 3º (VETADO).

Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes


previstos nesta lei, o limite a que se refere o § 1º do art. 49 do
Código Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro

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Matéria tratada por lei de iniciativa do Presidente da República.

Constituição da República Federativa IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de


desenvolvimento;
do Brasil de 1988 V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e
bens do domínio da União;
TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas
CAPÍTULO I de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias
DO PODER LEGISLATIVO Legislativas;
SEÇÃO I VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
DO CONGRESSO NACIONAL VIII - concessão de anistia;
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e
Federal. organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal;
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de 4 X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
(quatro) anos. funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;
STF: Súmula 397 - O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da
Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, administração pública;
compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a
realização do inquérito. Matéria tratada por lei de iniciativa do Presidente da República.
STF: Súmula 245 - A imunidade parlamentar não se estende ao corréu
sem essa prerrogativa.
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de
financeiras e suas operações;
representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada
Estado, em cada Território e no Distrito Federal. (Sistema proporcional) XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida
mobiliária federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a
representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal
por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo- Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e
se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que 153, § 2º, I.
nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou Compete privativamente ao STF propor ao Poder Legislativo a fixação de
mais de setenta Deputados. seu subsídio.

§ 2º Cada Território elegerá 4 (quatro) Deputados.


Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Nacional:
Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos
(Sistema majoritário) internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3 (três) ao patrimônio nacional;
Senadores, com mandato de 8 (oito) anos. II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo
será renovada de 4 (quatro) em 4 (quatro) anos, alternadamente, por território nacional ou nele permaneçam temporariamente,
um e dois terços. ressalvados os casos previstos em lei complementar;
§ 3º Cada Senador será eleito com 2 (dois) suplentes. III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a
se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,
deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas
maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. medidas;
- Maioria absoluta: mais da metade dos membros da Casa.
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que
- Maioria simples: mais da metade dos membros presentes na sessão. exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
Seção II
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os
Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150,
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do II, 153, III, e 153, § 2º, I;
Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos
arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da
da União, especialmente sobre: República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos
anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso de governo;
forçado;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas
Adotou-se no Brasil o sistema misto de orçamento, no qual os projetos
orçamentários são elaborados pelo Poder Executivo e, posteriormente,
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
aprovados pelo Poder Legislativo. indireta;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

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XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em República e o Advogado-Geral da União nos crimes de
face da atribuição normativa dos outros Poderes; responsabilidade;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição
concessão de emissoras de rádio e televisão; pública, a escolha de:
XIII - escolher 2/3 (dois terços) dos membros do Tribunal de a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
Contas da União; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a Presidente da República;
atividades nucleares; c) Governador de Território;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; d) Presidente e diretores do banco central;
Plebiscito é a consulta feita à população anteriormente à edição do ato; e) Procurador-Geral da República;
Referendo é a consulta à população posteriormente à edição do ato, para
ratificação ou rejeição. f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de
riquezas minerais; caráter permanente;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de V - autorizar operações externas de natureza financeira, de
terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios
e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou
globais para o montante da dívida consolidada da União, dos
qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à
Presidência da República para prestarem, pessoalmente, VII - dispor sobre limites globais e condições para as
informações sobre assunto previamente determinado, importando operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do
crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais
entidades controladas pelo Poder Público federal;
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado
Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de
Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa garantia da União em operações de crédito externo e interno;
respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério. IX - estabelecer limites globais e condições para o montante
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos
Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Municípios;
Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei
deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação Federal;
de informações falsas. XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do
Seção III término de seu mandato;
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS XII - elaborar seu regimento interno;
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,
I - autorizar, por 2/3 (dois terços) de seus membros, a criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções
instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva
da República e os Ministros de Estado; remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da
República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos
de 60 (sessenta) dias após a abertura da sessão legislativa; do art. 89, VII.
III - elaborar seu regimento interno; Possui competência para eleger, como membros do Conselho da
República, 2 (dois) brasileiros natos, com mais de 35 (trinta e cinco) anos
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, de idade.
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema
de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva
Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e
diretrizes orçamentárias;
do Distrito Federal e dos Municípios.
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II,
art. 89, VII.
funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal,
Possui competência para eleger, como membros do Conselho da limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois
República, 2 (dois) brasileiros natos, com mais de 35 (trinta e cinco) anos
de idade.
terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com
inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem
prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Seção IV
DO SENADO FEDERAL
Seção V
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e
República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da (Imunidade material)
Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; Por possuir imunidade material, o parlamentar não poderá ser punido pelas
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal palavras proferidas no exercício do seu mandato. Essa imunidade, porém,
Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do não é absoluta, sua conduta deverá ser relacionada ao exercício da
atividade parlamentar.
Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da

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----------------------------------------------------------------------------------------------------- I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no
--- artigo anterior;
STF: Súmula 245 - A imunidade parlamentar não se estende ao corréu
sem essa prerrogativa. II - cujo procedimento for declarado incompatível com o
STF: Súmula 397 - O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do decoro parlamentar;
Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências,
compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à
realização do inquérito. terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo
STF: Imunidade parlamentar material. Ofensa irrogada (proferida) em licença ou missão por esta autorizada;
plenário, independente de conexão com o mandato, elide (elimina) a
responsabilidade civil por dano moral. IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do
nesta Constituição;
diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal
Federal. (Imunidade formal) VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada
em julgado.
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do
Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos
de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas
de 24 (vinte e quatro) horas à Casa respectiva, para que, pelo voto asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de
da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Imunidade vantagens indevidas.
formal) § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por
crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de
ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela partido político representado no Congresso Nacional, assegurada
representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a ampla defesa.
decisão final, sustar o andamento da ação. § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante
respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político
recebimento pela Mesa Diretora. representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, § 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que
enquanto durar o mandato. vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo,
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam
testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão os §§ 2º e 3º.
do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram
ou deles receberam informações. Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de
Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de
dependerá de prévia licença da Casa respectiva. Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou
durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que,
voto de 2/3 (dois terços) dos membros da Casa respectiva, nos neste caso, o afastamento não ultrapasse 120 (cento e vinte) dias
casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que por sessão legislativa.
sejam incompatíveis com a execução da medida.
§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de
investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: a cento e vinte dias.
(Impedimentos) § 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição
I - desde a expedição do diploma: para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito do mandato.
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá
ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o optar pela remuneração do mandato.
contrato obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, Seção VI
inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades DAS REUNIÕES
constantes da alínea anterior; Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na
Os cargos ad nutum são aqueles de livre nomeação e exoneração, que Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto
independem de motivação, como os cargos em comissão. a 22 de dezembro.
II - desde a posse: § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem
que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de em sábados, domingos ou feriados.
direito público, ou nela exercer função remunerada; § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; § 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão
entidades a que se refere o inciso I, "a"; conjunta para:
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público I - inaugurar a sessão legislativa;
eletivo. II - elaborar o regimento comum e regular a criação de
serviços comuns às duas Casas;
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-
Presidente da República;

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IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. STF: Configura constrangimento ilegal, com evidente ofensa ao princípio da
separação dos Poderes, a convocação de magistrado a fim de que preste
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões depoimento em razão de decisões de conteúdo jurisdicional atinentes ao
preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da fato investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito.
legislatura, para a posse de seus membros e eleição das STF: As CPIs possuem permissão legal para encaminhar relatório
respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a circunstanciado não só ao Ministério Público e à AGU, mas, também, a
recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente outros órgãos públicos, podendo veicular, inclusive, documentação que
possibilite a instauração de inquérito policial em face de pessoas
subsequente. envolvidas nos fatos apurados
§ 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo STF: É possível a utilização, por CPI, de documentos oriundos de inquérito
Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, sigiloso.
STF: É jurisprudência pacífica desta Corte a possibilidade de o investigado,
alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara convocado para depor perante CPI, permanecer em silêncio, evitando-se a
dos Deputados e no Senado Federal. autoincriminação, além de ter assegurado o direito de ser assistido por
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional advogado e de comunicar-se com este durante a sua inquirição.
STF: A CPI é incompetente para expedir decreto de indisponibilidade de
far-se-á:
bens de particular, já que não é medida de instrução.
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de STF: O sigilo telefônico passível de ser quebrado por CPI incide sobre os
decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido dados e registros telefônicos, não confrontando a inviolabilidade das
de autorização para a decretação de estado de sítio e para o comunicações telefônicas.
STF: Não é permitido à CPI decretar busca domiciliar de pessoas ou
compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da documentos.
República; STF: A quebra do sigilo inerente aos registros bancários, fiscais e
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da telefônicos, por traduzir medida de caráter excepcional, revela-se
incompatível com o ordenamento constitucional, quando fundada em
Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da deliberações emanadas de CPI cujo suporte decisório apoia-se em
maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou formulações genéricas, destituídas da necessária e específica indicação de
interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com causa provável, que se qualifica como pressuposto legitimador da ruptura,
a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do por parte do Estado, da esfera de intimidade a todos garantida pela
Congresso Nacional. Constituição da República. (...) O controle jurisdicional de abusos
praticados por CPI não ofende o princípio da separação de poderes. O
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso STF, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para
Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi garantir a integridade e a supremacia da Constituição, neutralizando, desse
convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o modo, abusos cometidos por CPI, desempenha, de maneira plenamente
legítima, as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República. O
pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. regular exercício da função jurisdicional, nesse contexto, porque
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de vocacionado a fazer prevalecer a autoridade da Constituição, não
convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas transgride o princípio da separação de Poderes.
automaticamente incluídas na pauta da convocação. § 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa
do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão
Seção VII ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no
DAS COMISSÕES regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a
proporcionalidade da representação partidária.
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão
comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e
com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de Seção VIII
que resultar sua criação. DO PROCESSO LEGISLATIVO
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é Subseção I
assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos Disposição Geral
partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração
Casa. de:
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua I - emendas à Constituição;
competência, cabe: II - leis complementares;
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do III - leis ordinárias;
regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de IV - leis delegadas;
um décimo dos membros da Casa;
V - medidas provisórias;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade
civil; VI - decretos legislativos;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações VII - resoluções.
sobre assuntos inerentes a suas atribuições; As normas acima mencionadas são classificadas como atos primários,
retirando seu fundamento diretamente da Constituição Federal.
IV - receber petições, reclamações, representações ou Ressalvadas as emendas constitucionais, as demais espécies listadas são
queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das normas infraconstitucionais. Não há hierarquia entre normas do mesmo
autoridades ou entidades públicas; patamar.
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão Subseção II
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de Da Emenda à Constituição
outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão A Reforma Constitucional é realizada através das emendas
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em constitucionais, mediante processo formal. Não se deve confundir com a
conjunto ou separadamente, mediante requerimento de 1/3 (um Mutação Constitucional, que é o processo informal de alteração, através
terço) de seus membros, para a apuração de fato determinado e por de nova interpretação e jurisprudências, não ocorrendo modificação do
texto.
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao
Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante
criminal dos infratores. (Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI) proposta:

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I – de 1/3 (um terço), no mínimo, dos membros da Câmara Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
dos Deputados ou do Senado Federal; República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,
II - do Presidente da República; devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela I – relativa a:
maioria relativa de seus membros. a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de políticos e direito eleitoral;
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. b) direito penal, processual penal e processual civil;
(Limitação circunstancial)
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do carreira e a garantia de seus membros;
Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, considerando-se aprovada
se obtiver, em ambos, 3/5 (três quintos) dos votos dos respectivos d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e
membros. (Limitação procedimental) créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art.
167, § 3º;
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança
número de ordem. popular ou qualquer outro ativo financeiro;
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda III – reservada a lei complementar;
tendente a abolir: (Limitação material – Cláusulas Pétreas) IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso
I - a forma federativa de Estado; Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração
de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II,
III - a separação dos Poderes; só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido
IV - os direitos e garantias individuais. convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
STF: As limitações materiais não constituem intangibilidade literal, mas § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11
proteção o núcleo essencial dos institutos que protegem. Poderá haver o e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas
fortalecimento do seu alcance.
em lei no prazo de 60 (sessenta) dias, prorrogável, nos termos do §
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional
havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas
mesma sessão legislativa. (Limitação formal – Princípio da decorrentes.
irrepetibilidade)
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação
da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de
Subseção III recesso do Congresso Nacional.
Das Leis § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo
cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.
do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até 45
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, (quarenta e cinco) dias contados de sua publicação, entrará em
ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas
casos previstos nesta Constituição. do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que
as leis que: estiver tramitando.
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a
II - disponham sobre: vigência de medida provisória que, no prazo de 60 (sessenta) dias,
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas
administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; duas Casas do Congresso Nacional.
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e § 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na
orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Câmara dos Deputados.
Territórios; § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes
jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada
uma das Casas do Congresso Nacional.
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública
da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa,
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido
dos Territórios; sua eficácia por decurso de prazo.
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º
pública, observado o disposto no art. 84, VI; até 60 (sessenta) dias após a rejeição ou perda de eficácia de
medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela
provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, regidas.
reforma e transferência para a reserva.
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.
por, no mínimo, 1% (um por cento) do eleitorado nacional,
STF: Súmula vinculante 54 - A medida provisória não apreciada pelo
distribuído pelo menos por 5 (cinco) Estados, com não menos de
congresso nacional podia, até a Emenda Constitucional 32/2001, ser
três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos os efeitos
de lei desde a primeira edição.

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:

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I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada
República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º; à lei complementar, nem a legislação sobre:
II - nos projetos sobre organização dos serviços I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos carreira e a garantia de seus membros;
Tribunais Federais e do Ministério Público. II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
eleitorais;
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos § 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de
Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e
§ 1º O Presidente da República poderá solicitar urgência para os termos de seu exercício.
apreciação de projetos de sua iniciativa. § 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer
Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual emenda.
sucessivamente, em até 45 (quarenta e cinco) dias, sobrestar-se-ão
todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por
exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que
maioria absoluta.
se ultime a votação.
§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela
Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de 10 (dez) dias,
observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior. Decreto-Lei nº 2.848 / 1940
§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso
do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código. Código Penal
TÍTULO VI
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e CAPÍTULO I
enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
arquivado, se o rejeitar.
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa Estupro
iniciadora. Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com
ele se pratique outro ato libidinoso:
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação
STJ: Como a Lei 12.015/2009 unificou os crimes de estupro e atentado
enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, violento ao pudor em um mesmo tipo penal, deve ser reconhecida a
aquiescendo, o sancionará. existência de crime único de estupro, caso as condutas tenham sido
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático.
todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de 48 grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14
(quarenta e oito) horas, ao Presidente do Senado Federal os (catorze) anos:
motivos do veto. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, § 2o Se da conduta resulta morte:
de parágrafo, de inciso ou de alínea. Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
Art. 214. (revogado)
§ 3º Decorrido o prazo de 15 (quinze) dias, o silêncio do
Presidente da República importará sanção.
Violação sexual mediante fraude
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de 30 Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
(trinta) dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça
pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Estelionato
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para sexual)
promulgação, ao Presidente da República. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter
o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, vantagem econômica, aplica-se também multa.
sobrestadas as demais proposições, até sua votação final.
Importunação sexual (2018)
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de 48 (quarenta e
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato
oito) horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º,
o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de
terceiro: (2018)
prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não
constitui crime mais grave. (2018) (Tipo penal subsidiário)
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado
somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão Art. 216. (revogado)
legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de
qualquer das Casas do Congresso Nacional. Assédio sexual
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao
Nacional. exercício de emprego, cargo ou função.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência
Parágrafo único. (Vetado)
exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da

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§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem
de 18 (dezoito) anos. econômica, aplica-se também multa.
§ 2o Incorre nas mesmas penas:
CAPÍTULO I-A I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na
Registro não autorizado da intimidade sexual situação descrita no caput deste artigo;
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local
qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste
libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos artigo.
participantes: (2018) § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza funcionamento do estabelecimento.
montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro
com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de
libidinoso de caráter íntimo. (2018) vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia. (2018)
CAPÍTULO II Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por
qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou
Sedução sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro
Art. 217 - (revogado) registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o
Estupro de vulnerável consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Presunção absoluta) constitui crime mais grave. (2018)
STJ: Presunção Absoluta. Não há possibilidade de prova em contrário, Aumento de pena
não podendo o infrator alegar que a vítima já possuía discernimento, ou § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
que já praticava relações sexuais com outras pessoas. terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações vingança ou humilhação. (2018)
descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou Exclusão de ilicitude (2018)
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a § 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer descritas no caput deste artigo em publicação de natureza
resistência. jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de
§ 2o (vetado) recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. (2018)
grave
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. CAPÍTULO III
§ 4o Se da conduta resulta morte: DO RAPTO
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. Rapto violento ou mediante fraude
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste Art. 219 – (revogado)
artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou Rapto consensual
do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. Art. 220 – (revogado)
(2018) Diminuição de pena
STJ: Súmula 593 - O crime de estupro de vulnerável se configura com a Art. 221 – (revogado)
conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo Concurso de rapto e outro crime
irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua Art. 222 – (revogado)
experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com
o agente. CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 223 – (revogado)
Corrupção de menores Art. 224 – (revogado)
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a
satisfazer a lascívia de outrem: Ação penal
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste
Parágrafo único. (vetado) Título, procede-se mediante ação penal pública incondicionada.
(2018)
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou Parágrafo único. (revogado)
adolescente
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 Aumento de pena
(catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro Art. 226. A pena é aumentada:
ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: I – de 1/4 (quarta parte), se o crime é cometido com o concurso
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. de 2 (duas) ou mais pessoas;
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor
exploração sexual de criança ou adolescente ou de ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade
vulnerável. sobre ela; (2018)
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou III – (revogado)
outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o praticado: (2018)
necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou Estupro coletivo (2018)
dificultar que a abandone: a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. Estupro corretivo (2018)

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b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. Promoção de migração ilegal
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter
CAPÍTULO V vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: (2017)
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (2017)
EXPLORAÇÃO SEXUAL § 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer
Mediação para servir a lascívia de outrem meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país
Pena - reclusão, de um a três anos. estrangeiro. (2017)
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 § 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço)
(dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, se: (2017)
cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem I - o crime é cometido com violência; ou (2017)
esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de II - a vítima é submetida a condição desumana ou
guarda: degradante. (2017)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. § 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave das correspondentes às infrações conexas. (2017)
ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena CAPÍTULO VI
correspondente à violência. DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se Ato obsceno
também multa. Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou
exposto ao público:
Favorecimento da prostituição ou outra forma de Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
exploração sexual
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra Escrito ou objeto obsceno
forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua
alguém a abandone: guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, obsceno:
enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou Em razão da evolução da sociedade, a doutrina tem admitido a
empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, aplicação do princípio da adequação social ao caput desse artigo.
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos
ameaça ou fraude: objetos referidos neste artigo;
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena II - realiza, em lugar público ou acessível ao público,
correspondente à violência. representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
também multa. III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo
rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
Casa de prostituição Considera-se não recepcionado pela Constituição Federal de 1988,
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, segundo doutrinadores, o parágrafo único do art. 234, por afronta à
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, liberdade de expressão.
intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: (Crime
Habitual - Não admite tentativa) CAPÍTULO VII
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. DISPOSIÇÕES GERAIS
Aumento de pena
Rufianismo Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando aumentada:
diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em I – (vetado)
parte, por quem a exerça: (Crime Habitual - Não admite tentativa) II - (vetado)
STJ: O crime de rufianismo não absorve o crime de casa de prostituição, III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta
havendo concurso material. gravidez; (2018)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou
(catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com
madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, deficiência. (2018)
preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou
outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. neste Título correrão em segredo de justiça.
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave
ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre Art. 234-C. - (vetado)
manifestação da vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da
pena correspondente à violência.

Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual


Art. 231. - (revogado)
Art. 231-A. - (revogado)
Art. 232 - (revogado)

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III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania
Lei nº 11.343 / 2006 do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para
o uso indevido de drogas e outros comportamentos correlacionados;
Lei de Drogas IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla
participação social, para o estabelecimento dos fundamentos e
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -
estratégias do Sisnad;
Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido,
V - a promoção da responsabilidade compartilhada entre
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de
Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da participação
drogas; estabelece normas para repressão à produção não
social nas atividades do Sisnad;
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
outras providências.
correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção
não autorizada e o seu tráfico ilícito;
TÍTULO I VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para não autorizada e ao seu tráfico ilícito;
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos
e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define atividades do Sisnad;
crimes. IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como interdependência e a natureza complementar das atividades de
drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários
dependência, assim especificados em lei ou relacionados em e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e
listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. do tráfico ilícito de drogas;
A Lei de Drogas contém tipos penais em branco e a lista das X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
substâncias capazes de causar dependência encontra-se na Portaria prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários
MS/SVS nº 344, de 12 de maio de 1998 da Agência Nacional de e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não
Vigilância Sanitária (Anvisa). autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e
o bem-estar social;
Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as XI - a observância às orientações e normas emanadas do
drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou
produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou Art. 5o O Sisnad tem os seguintes objetivos:
regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a
das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o
respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e correlacionados;
a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, II - promover a construção e a socialização do conhecimento
exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo sobre drogas no país;
predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas III - promover a integração entre as políticas de prevenção do
supramencionadas. uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes
de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico
TÍTULO II ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE da União, Distrito Federal, Estados e Municípios;
DROGAS IV - assegurar as condições para a coordenação, a
integração e a articulação das atividades de que trata o art. 3 o desta
Art. 3o O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar,
Lei.
organizar e coordenar as atividades relacionadas com:
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção CAPÍTULO II
(2019)
social de usuários e dependentes de drogas;
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito
DROGAS
de drogas.
Seção I
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de (2019)
princípios, regras, critérios e recursos materiais e humanos que Da Composição do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
envolvem as políticas, planos, programas, ações e projetos sobre Drogas
drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas Art. 6º (VETADO)
Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e
Municípios. (2019)
§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação
de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de Assistência Social - central e a execução descentralizada das atividades realizadas em
SUAS. (2019) seu âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e municipal e
se constitui matéria definida no regulamento desta Lei.
CAPÍTULO I Art. 7º-A. (VETADO). (2019)
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS Art. 8º (VETADO)
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE
DROGAS
Seção II
Art. 4o São princípios do Sisnad: (2019)
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, Das Competências
especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade; Art. 8º-A. Compete à União: (2019)
II - o respeito à diversidade e às especificidades I - formular e coordenar a execução da Política Nacional
populacionais existentes; sobre Drogas; (2019)

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II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em egresso de tratamento ou acolhimento, observando-se as
parceria com Estados, Distrito Federal, Municípios e a sociedade; especificidades regionais; (2019)
(2019) X - propor a formulação de políticas públicas que conduzam à
III - coordenar o Sisnad; (2019) efetivação das diretrizes e princípios previstos no art. 22; (2019)
IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e XI - articular as instâncias de saúde, assistência social e de
funcionamento do Sisnad e suas normas de referência; (2019) justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e (2019)
V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, prioridades, XII - promover estudos e avaliação dos resultados das
indicadores e definir formas de financiamento e gestão das políticas políticas sobre drogas. (2019)
sobre drogas; (2019) § 1º O plano de que trata o caput terá duração de 5 (cinco)
VI – (VETADO); (2019) anos a contar de sua aprovação.
VII – (VETADO); (2019) § 2º O poder público deverá dar a mais ampla divulgação
VIII - promover a integração das políticas sobre drogas com ao conteúdo do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas.
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (2019)
IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e Municípios, a Seção II
execução das políticas sobre drogas, observadas as obrigações dos (2019)
integrantes do Sisnad; (2019) Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
X - estabelecer formas de colaboração com Estados, Distrito Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas,
Federal e Municípios para a execução das políticas sobre constituídos por Estados, Distrito Federal e Municípios, terão os
drogas; (2019) seguintes objetivos: (2019)
XI - garantir publicidade de dados e informações sobre I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; (2019)
repasses de recursos para financiamento das políticas sobre II - colaborar com os órgãos governamentais no
drogas; (2019) planejamento e na execução das políticas sobre drogas, visando à
XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos nacionais efetividade das políticas sobre drogas; (2019)
de prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e III - propor a celebração de instrumentos de cooperação,
econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (2019) visando à elaboração de programas, ações, atividades e projetos
XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes voltados à prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e
transfronteiriços; e (2019) econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (2019)
XIV - estabelecer uma política nacional de controle de IV - promover a realização de estudos, com o objetivo de
fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas no País. (2019) subsidiar o planejamento das políticas sobre drogas; (2019)
V - propor políticas públicas que permitam a integração e a
Art. 8º-B. (VETADO). (2019) participação do usuário ou dependente de drogas no processo
Art. 8º-C. (VETADO). (2019) social, econômico, político e cultural no respectivo ente federado;
e (2019)
CAPÍTULO II-A VI - desenvolver outras atividades relacionadas às políticas
(2019) sobre drogas em consonância com o Sisnad e com os respectivos
DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS planos. (2019)
Seção I
(2019) Seção III
Do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas (2019)
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas Dos Membros dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
sobre Drogas, dentre outros: (2019) Art. 8º-F. (VETADO). (2019)
I - promover a interdisciplinaridade e integração dos
programas, ações, atividades e projetos dos órgãos e entidades CAPÍTULO IV
públicas e privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho, (VETADO)
assistência social, previdência social, habitação, cultura, desporto e Art. 9º (VETADO)
lazer, visando à prevenção do uso de drogas, atenção e reinserção Art. 10. (VETADO)
social dos usuários ou dependentes de drogas; (2019) Art. 11. (VETADO)
II - viabilizar a ampla participação social na formulação, Art. 12. (VETADO)
implementação e avaliação das políticas sobre drogas; (2019) Art. 13. (VETADO)
III - priorizar programas, ações, atividades e projetos Art. 14. (VETADO)
articulados com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e
com a família para a prevenção do uso de drogas; (2019)
IV - ampliar as alternativas de inserção social e econômica do CAPÍTULO IV
(2019)
usuário ou dependente de drogas, promovendo programas que
DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS
priorizem a melhoria de sua escolarização e a qualificação
SOBRE DROGAS
profissional; (2019)
V - promover o acesso do usuário ou dependente de drogas Art. 15. (VETADO)
a todos os serviços públicos; (2019)
VI - estabelecer diretrizes para garantir a efetividade dos Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da atenção à
programas, ações e projetos das políticas sobre drogas; (2019) saúde e da assistência social que atendam usuários ou
VII - fomentar a criação de serviço de atendimento telefônico dependentes de drogas devem comunicar ao órgão competente do
com orientações e informações para apoio aos usuários ou respectivo sistema municipal de saúde os casos atendidos e os
dependentes de drogas; (2019) óbitos ocorridos, preservando a identidade das pessoas, conforme
VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo ao orientações emanadas da União.
emprego, renda e capacitação para o trabalho, com objetivo de
promover a inserção profissional da pessoa que haja cumprido o Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao
plano individual de atendimento nas fases de tratamento ou tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informações do
acolhimento; (2019) Poder Executivo.
IX - promover formas coletivas de organização para o
trabalho, redes de economia solidária e o cooperativismo, como TÍTULO III
forma de promover autonomia ao usuário ou dependente de drogas

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DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, II - promoção de eventos para o debate público sobre as
ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E políticas sobre drogas; (2019)
DEPENDENTES DE DROGAS III - difusão de boas práticas de prevenção, tratamento,
CAPÍTULO I acolhimento e reinserção social e econômica de usuários de
DA PREVENÇÃO drogas; (2019)
Seção I IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas de
(2019) prevenção do uso indevido de drogas; (2019)
Das Diretrizes V - mobilização da comunidade para a participação nas
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido ações de prevenção e enfrentamento às drogas; (2019)
de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos na Lei nº
redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da
fortalecimento dos fatores de proteção. Educação Nacional, na realização de atividades de prevenção ao
uso de drogas. (2019)
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de
drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes: CAPÍTULO II
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO
de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação SOCIAL DE USUÁRIOS O U DEPENDENTES DE DROGAS
com a comunidade à qual pertence; CAPÍTULO II
II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação (2019)
científica como forma de orientar as ações dos serviços públicos DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO,
comunitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização ACOLHIMENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA DE
das pessoas e dos serviços que as atendam; USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS
III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade Seção I
(2019)
individual em relação ao uso indevido de drogas;
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a Disposições Gerais
colaboração mútua com as instituições do setor privado e com os Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e
diversos segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei,
drogas e respectivos familiares, por meio do estabelecimento de aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redução dos
parcerias; riscos e dos danos associados ao uso de drogas.
V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e
adequadas às especificidades socioculturais das diversas Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do
populações, bem como das diferentes drogas utilizadas; usuário ou do dependente de drogas e respectivos familiares, para
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração ou
uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das reintegração em redes sociais.
atividades de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos
a serem alcançados; Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares devem
vulneráveis da população, levando em consideração as suas observar os seguintes princípios e diretrizes:
necessidades específicas; I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas,
VIII - a articulação entre os serviços e organizações que independentemente de quaisquer condições, observados os direitos
atuam em atividades de prevenção do uso indevido de drogas e a fundamentais da pessoa humana, os princípios e diretrizes do
rede de atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de Assistência
familiares; Social;
IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e
artísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão social reinserção social do usuário e do dependente de drogas e
e de melhoria da qualidade de vida; respectivos familiares que considerem as suas peculiaridades
X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na socioculturais;
área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de III - definição de projeto terapêutico individualizado, orientado
educação nos 3 (três) níveis de ensino; para a inclusão social e para a redução de riscos e de danos sociais
XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do e à saúde;
uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público e privado, IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos
alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conhecimentos respectivos familiares, sempre que possível, de forma multidisciplinar
relacionados a drogas; e por equipes multiprofissionais;
XII - a observância das orientações e normas emanadas do V - observância das orientações e normas emanadas do
Conad; Conad;
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social
social de políticas setoriais específicas. de políticas setoriais específicas.
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido VII - estímulo à capacitação técnica e profissional; (2019)
de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em VIII - efetivação de políticas de reinserção social voltadas à
consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional educação continuada e ao trabalho; (2019)
dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda. IX - observância do plano individual de atendimento na forma
do art. 23-B desta Lei; (2019)
Seção II X - orientação adequada ao usuário ou dependente de
(2019) drogas quanto às consequências lesivas do uso de drogas, ainda
Da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas que ocasional. (2019)
Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de Políticas Seção II
sobre Drogas, comemorada anualmente, na quarta semana de (2019)
junho. (2019) Da Educação na Reinserção Social e Econômica
§ 1º No período de que trata o caput, serão intensificadas Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes do
as ações de: (2019) Sisnad terão atendimento nos programas de educação profissional e
I - difusão de informações sobre os problemas decorrentes tecnológica, educação de jovens e adultos e alfabetização. (2019)
do uso de drogas; (2019)

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Seção III § 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, só
(2019) será indicada quando os recursos extra-hospitalares se
Do Trabalho na Reinserção Social e Econômica mostrarem insuficientes. (2019)
Art. 22-B. (VETADO). § 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei
deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 (setenta e duas)
Seção IV horas, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros
(2019) órgãos de fiscalização, por meio de sistema informatizado único,
Do Tratamento do Usuário ou Dependente de Drogas na forma do regulamento desta Lei. (2019)
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos § 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis no
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão sistema referido no § 7º e o acesso será permitido apenas às
programas de atenção ao usuário e ao dependente de drogas, pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena de
respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os princípios responsabilidade. (2019)
explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária § 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de
adequada. internação nas comunidades terapêuticas acolhedoras. (2019)
§ 10. O planejamento e a execução do projeto terapêutico
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de individual deverão observar, no que couber, o previsto na Lei nº
drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção à saúde, 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os
com prioridade para as modalidades de tratamento ambulatorial, direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona
incluindo excepcionalmente formas de internação em unidades de o modelo assistencial em saúde mental. (2019)
saúde e hospitais gerais nos termos de normas dispostas pela União
e articuladas com os serviços de assistência social e em etapas que Seção V
permitam: (2019) (2019)
I - articular a atenção com ações preventivas que atinjam Do Plano Individual de Atendimento
toda a população; (2019) Art. 23-B. O atendimento ao usuário ou dependente de
II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, baseados drogas na rede de atenção à saúde dependerá de: (2019)
em evidências científicas, oferecendo atendimento individualizado ao I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e
usuário ou dependente de drogas com abordagem preventiva e, multissetorial; e (2019)
sempre que indicado, ambulatorial; (2019) II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento -
III - preparar para a reinserção social e econômica, PIA. (2019)
respeitando as habilidades e projetos individuais por meio de § 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a
programas que articulem educação, capacitação para o trabalho, elaboração e execução do projeto terapêutico individual a ser
esporte, cultura e acompanhamento individualizado; e (2019) adotado, levantando no mínimo: (2019)
IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, de I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (2019)
forma articulada. (2019) II - o risco à saúde física e mental do usuário ou dependente
§ 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos técnicos de drogas ou das pessoas com as quais convive. (2019)
de tratamento, em âmbito nacional. (2019) § 2º (VETADO). (2019)
§ 2º A internação de dependentes de drogas somente será § 3º O PIA deverá contemplar a participação dos familiares
realizada em unidades de saúde ou hospitais gerais, dotados de ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o processo,
equipes multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente autorizada sendo esses, no caso de crianças e adolescentes, passíveis de
por médico devidamente registrado no Conselho Regional de responsabilização civil, administrativa e criminal, nos termos da Lei
Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento no nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
qual se dará a internação. (2019) Adolescente. (2019)
§ 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação: (2019) § 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a
I - internação voluntária: aquela que se dá com o responsabilidade da equipe técnica do primeiro projeto terapêutico
consentimento do dependente de drogas; (2019) que atender o usuário ou dependente de drogas e será atualizado ao
II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o longo das diversas fases do atendimento. (2019)
consentimento do dependente, a pedido de familiar ou do § 5º Constarão do plano individual, no mínimo: (2019)
responsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público da I - os resultados da avaliação multidisciplinar; (2019)
área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos II - os objetivos declarados pelo atendido; (2019)
integrantes do Sisnad, com exceção de servidores da área de III - a previsão de suas atividades de integração social ou
segurança pública, que constate a existência de motivos que capacitação profissional; (2019)
justifiquem a medida. (2019) IV - atividades de integração e apoio à família; (2019)
§ 4º A internação voluntária: (2019) V - formas de participação da família para efetivo
I - deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa cumprimento do plano individual; (2019)
solicitante de que optou por este regime de tratamento; (2019) VI - designação do projeto terapêutico mais adequado para o
II - seu término dar-se-á por determinação do médico cumprimento do previsto no plano; e (2019)
responsável ou por solicitação escrita da pessoa que deseja VII - as medidas específicas de atenção à saúde do atendido.
(2019)
interromper o tratamento. (2019)
§ 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da
§ 5º A internação involuntária: (2019)
data do ingresso no atendimento. (2019)
I - deve ser realizada após a formalização da decisão por
§ 7º As informações produzidas na avaliação e as
médico responsável; (2019)
registradas no plano individual de atendimento são consideradas
II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga
sigilosas. (2019)
utilizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada da
impossibilidade de utilização de outras alternativas terapêuticas
previstas na rede de atenção à saúde; (2019) Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
III - perdurará apenas pelo tempo necessário à Municípios poderão conceder benefícios às instituições privadas que
desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo seu desenvolverem programas de reinserção no mercado de trabalho, do
término determinado pelo médico responsável; (2019) usuário e do dependente de drogas encaminhados por órgão oficial.
IV - a família ou o representante legal poderá, a qualquer
tempo, requerer ao médico a interrupção do tratamento. (2019) Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos,
com atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência social,
que atendam usuários ou dependentes de drogas poderão receber

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recursos do Funad, condicionados à sua disponibilidade § 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida
orçamentária e financeira. em programas comunitários, entidades educacionais ou
assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou
Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em razão privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da
da prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e
liberdade ou submetidos a medida de segurança, têm garantidos os dependentes de drogas.
serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo § 6o Para garantia do cumprimento das medidas
sistema penitenciário. educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que
injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo,
Seção VI sucessivamente a:
(2019) I - admoestação verbal;
Do Acolhimento em Comunidade Terapêutica Acolhedora II - multa.
Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de § 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à
drogas na comunidade terapêutica acolhedora caracteriza-se por: disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde,
(2019) preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.
I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou dependente
de drogas que visam à abstinência; (2019) Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o
II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da
escrito, entendida como uma etapa transitória para a reinserção conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca
social e econômica do usuário ou dependente de drogas; (2019) inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois
III - ambiente residencial, propício à formação de vínculos, a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de
com a convivência entre os pares, atividades práticas de valor um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.
educativo e a promoção do desenvolvimento pessoal, vocacionada Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da
para acolhimento ao usuário ou dependente de drogas em multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão creditados à conta do
vulnerabilidade social; (2019) Fundo Nacional Antidrogas.
IV - avaliação médica prévia; (2019)
V - elaboração de plano individual de atendimento na forma Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a
do art. 23-B desta Lei; e (2019) execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo,
VI - vedação de isolamento físico do usuário ou dependente o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.
de drogas. (2019)
§ 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas com TÍTULO IV
comprometimentos biológicos e psicológicos de natureza grave que DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA
mereçam atenção médico-hospitalar contínua ou de emergência, E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
caso em que deverão ser encaminhadas à rede de saúde. (2019) CAPÍTULO I
§ 2º (VETADO). (2019) DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3º (VETADO). (2019)
§ 4º (VETADO). (2019) Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade
§ 5º (VETADO). (2019) competente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar,
possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter,
transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou
CAPÍTULO III adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua
DOS CRIMES E DAS PENAS preparação, observadas as demais exigências legais.
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente
qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor. destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que
recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou preservação da prova.
regulamentar será submetido às seguintes penas: § 1o (Revogado)
Para o STF, o art. 28 da Lei de Drogas despenalizou a posse de drogas § 2o (Revogado).
para uso pessoal, mas as condutas previstas nesse dispositivo não
deixaram de ser tipificadas como crime. Cumpre observar que também não § 3o Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a
há cabimento de penas privativas de liberdade aos usuários que utilizam plantação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à proteção
drogas apenas para consumo pessoal. ao meio ambiente, o disposto no Decreto no2.661, de 8 de julho de
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 1998, no que couber, dispensada a autorização prévia do órgão
II - prestação de serviços à comunidade; próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
III - medida educativa de comparecimento a programa ou § 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão
curso educativo. expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu Federal, de acordo com a legislação em vigor.
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à
preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz CAPÍTULO II
de causar dependência física ou psíquica. DOS CRIMES
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo
pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
antecedentes do agente. consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste autorização ou em desacordo com determinação legal ou
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. regulamentar:
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos Trata-se de um tipo penal misto alternativo, ou seja, a prática de mais de
uma das condutas previstas não implicará concurso de crimes. A
incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo tipificação das referidas condutas independe de lucro.
máximo de 10 (dez) meses.

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DIREITO PENAL. CONSUMAÇÃO DO CRIME DE TRÁFICO DE Habeas Corpus nº 97.256/RS
DROGAS NA MODALIDADE ADQUIRIR. ----------------------------------------------------------------------------------------------
A conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de droga e O tráfico privilegiado não deve ser mais considerado crime hediondo.
também disponibilizar o veículo que seria utilizado para o transporte do ----------------------------------------------------------------------------------------------
entorpecente configura o crime de tráfico de drogas em sua forma PARTICIPAÇÃO EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E QUANTIDADE
consumada - e não tentada -, ainda que a polícia, com base em indícios DE DROGAS.
obtidos por interceptações telefônicas, tenha efetivado a apreensão do A Segunda Turma, por unanimidade, deu parcial provimento a recurso
material entorpecente antes que o investigado efetivamente o recebesse. ordinário em “habeas corpus” para reconhecer a incidência da causa de
(HC 212.528-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 1º/9/2015, DJe diminuição da pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006 e
23/9/2015). determinar que o juízo “a quo”, após definir o patamar de redução,
recalcule a pena e proceda ao reexame do regime inicial do
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento cumprimento da sanção e da substituição da pena privativa de liberdade
de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. por sanções restritivas de direitos, se preenchidos os requisitos do art.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 44 do Código Penal.
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, No caso, a paciente foi condenada à pena de cinco anos de reclusão,
em regime inicial fechado, e ao pagamento de quinhentos dias-multa,
expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz pela prática do crime previsto no art. 33, “caput”, da Lei 11.343/2006.
consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em A defesa alegou que o não reconhecimento da minorante prevista no §
desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, 4º do art. 33 da Lei de Drogas, pelas instâncias ordinárias, baseou-se
insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; unicamente na quantidade da droga apreendida.
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em O Colegiado assentou que a grande quantidade de entorpecente,
apesar de não ter sido o único fundamento apontado para afastar a
desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que aplicação do redutor do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006, foi
se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; isoladamente utilizada como elemento para presumir-se a participação
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a da paciente em uma organização criminosa e, assim, negar-lhe o direito
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente à minorante.
Ressaltou que, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização
a quantidade de drogas não pode automaticamente levar ao
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o entendimento de que a paciente faria do tráfico seu meio de
tráfico ilícito de drogas. vida ou integraria uma organização criminosa. Ademais, observou que a
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de paciente foi absolvida da acusação do delito de associação para o
droga: tráfico, tipificado no art. 35 da Lei 11.343/2006, por ausência de provas.
Dessa forma, a Turma considerou ser patente a contradição entre os
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE
fundamentos usados para absolvê-la da acusação de prática do
INTERPRETAÇÃ̧ O CONFORME A CONSTITUIÇÃO” DO § 2º DO ART.
mencionado delito e os utilizados para negar-lhe o direito à minorante no
33 DA LEI N. 11.343/2006, CRIMINALIZADOR DAS CONDUTAS DE
ponto referente à participação em organização criminosa.
“INDUZIR, INSTIGAR OU AUXILIAR ALGUÉM AO USO INDEVIDO DE RHC 138715/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 23.05.2017.
DROGA”. ----------------------------------------------------------------------------------------------
1. Cabível o pedido de “interpretação conforme a Constituição” de preceito CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. ART. 33, § 4o, DA LEI 11.343/06.
legal portador de mais de um sentido, dando-se que ao menos um deles é DEDICAÇÃO À ATIVIDADE CRIMINOSA. UTILIZAÇÃO DE
contrário a Constituição Federal. INQUÉRITOS E/OU AÇÕES PENAIS. POSSIBILIDADE.
2. A utilização do § 3º do art. 33 da Lei 11.343/2006 como fundamento É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em
para a proibição judicial de eventos públicos de defesa da legalização ou curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades
da descriminalização do uso de entorpecentes ofende o direito criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no artigo 33, §
fundamental de reunião, expressamente outorgado pelo inciso XVI do art. 4o, da Lei 11.343/06.
5º da Carta Magna. Regular exercício das liberdades constitucionais de EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, por maioria,
julgado em 14/12/2016, DJe 1/2/2017. Informativo STJ 596.
manifestação de pensamento e expressão, em sentido lato, além do direito
de acesso à informação (incisos IV, IX e XIV do art. 5º da Constituição ----------------------------------------------------------------------------------------------
Republicana, respectivamente). TRÁFICO DE DROGAS. DOSIMETRIA DA PENA. CAUSA DE
3. Nenhuma lei, seja ela civil ou penal, pode blindar-se contra a DIMINUIÇÃO DO ART. 33, § 4°, DA LEI N. 11.343/2006. AGENTE NA
discussão do seu próprio conteúdo. Nem mesmo a Constituição está a CONDIÇ̃ O DE “MULA”. AUSÊNCIA DE PROVA DE QUE INTEGRA
salvo da ampla, livre e aberta discussão dos seus defeitos e das suas ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
virtudes, desde que sejam obedecidas as condicionantes ao direito É́ possível o reconhecimento do tráfico privilegiado ao agente
constitucional de reunião, tal como a prévia comunicação às autoridades transportador de drogas, na qualidade de "mula", uma vez que a simples
competentes. atuação nessa condição não induz, automaticamente, ̀ conclusão de que
4. Impossibilidade de restrição ao direito fundamental de reunião que não ele seja integrante de organização criminosa.
HC 387.077-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, por unanimidade,
se contenha nas duas situações excepcionais que a própria Constituição julgado em 6/4/2017, DJe 17/4/2017. Informativo STJ 602.
prevê: o estado de defesa e o estado de sítio (art. 136, § 1º, inciso I, alínea
“a”, e art. 139, inciso IV).
5. Ação direta julgada procedente para dar ao § 2o do art. 33 da Lei Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer,
11.343/2006 “interpretação conforme a Constituição” e dele excluir vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou
qualquer significado que enseje a proibição de manifestações e debates fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho,
públicos acerca da descriminalização ou legalização do uso de drogas ou
de qualquer substância que leve o ser humano ao entorpecimento
instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação,
episódico, ou então viciado, das suas faculdades psicofísicas. produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em
ADI 4274-DF, Rel. Min. Ayres Britto, j. 23.11.2011, DJe 02.05.2012. desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
(cem) a 300 (trezentos) dias-multa. 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro,
a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim
• Crime de uso compartilhado, ou tráfico de menor potencial de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos
ofensivo. nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias- 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no
penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a art. 36 desta Lei.
conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja
primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos
criminosas nem integre organização criminosa. crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
• Tráfico privilegiado Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento
de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
O STF declarou inconstitucional a vedação da conversão da pena
privativa de liberdade em penas restritivas de direitos por ofensa ao
princípio da individualização da pena.

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Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, condenação, terá pena reduzida de 1/3 a 2/3 (um terço a dois
organização ou associação destinados à prática de qualquer dos terços).
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: • Instituto da Delação Premiada
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de
300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, natureza e a quantidade da substância ou do produto, a
sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas personalidade e a conduta social do agente.
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Esse é o único crime culposo na Lei de Drogas. Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei,
pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um
Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente. trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser
consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação econômica do
outrem: acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no
máximo.
Caso a condução seja de veículo automotor, a conduta será tipificada no
art. 306 da Lei nº 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro).
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça,
apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas
proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de penas em restritivas de direitos.
liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400
O STF atestou a inconstitucionalidade da proibição da concessão de
(quatrocentos) dias-multa. liberdade provisória ao acusado de crimes relacionados ao tráfico de
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas drogas (Informativo nº 665).
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos
e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo,
dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois
referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de
passageiros. terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou
aumentadas de 1/6 a 2/3 (um sexto a dois terços), se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão,
qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente
apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a
transnacionalidade do delito; incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função
pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo,
guarda ou vigilância; por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto
neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou
imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para
tratamento médico adequado.
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais,
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de 1/3 a 2/3 (um
coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de
qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de terço a dois terços) se, por força das circunstâncias previstas no art.
45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da
drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou
em transportes públicos; omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de
intimidação difusa ou coletiva; Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em
avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento do agente
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou
entre estes e o Distrito Federal; para tratamento, realizada por profissional de saúde com
competência específica na forma da lei, determinará que a tal se
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei.
suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. CAPÍTULO III
STJ: Súmula 528 - Compete ao juiz federal do local da apreensão da DO PROCEDIMENTO PENAL
droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes
tráfico internacional. Terceira Seção, aprovada em 13/5/2015, DJe
18/5/2015.
definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo,
STJ: Súmula 607 - A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40,
aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de
I, da Lei 11.343/06) se configura com a prova da destinação internacional Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras. § 1o O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28
STJ: Súmula 587 - Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes previstos nos
V, da Lei 11.343/06, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts.
entre estados da federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca
da intenção de realizar o tráfico interestadual. 60 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, que
dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais.
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser
voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste,
identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo
recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de

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circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo
perícias necessários. de diligências complementares:
§ 3o Se ausente a autoridade judicial, as providências I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo
previstas no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato pela resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três)
autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção dias antes da audiência de instrução e julgamento;
do agente. II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e
§ 4o Concluídos os procedimentos de que trata o § 2o deste valores de que seja titular o agente, ou que figurem em seu nome,
artigo, o agente será submetido a exame de corpo de delito, se o cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3
requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender (três) dias antes da audiência de instrução e julgamento.
conveniente, e em seguida liberado.
§ 5o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099, de Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa
1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Ministério aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos
Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art. em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público,
28 desta Lei, a ser especificada na proposta. os seguintes procedimentos investigatórios:
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes;
caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas,
circunstâncias o recomendem, empregará os instrumentos protetivos seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua
de colaboradores e testemunhas previstos na Lei no 9.807, de 13 de produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade
julho de 1999. de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal
Seção I cabível.
Da Investigação Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a
autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de
provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.
polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz
competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada Seção II
vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. Da Instrução Criminal
§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informação, dar-se-
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias,
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. adotar uma das seguintes providências:
§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o § I - requerer o arquivamento;
o
1 deste artigo não ficará impedido de participar da elaboração do II - requisitar as diligências que entender necessárias;
laudo definitivo. III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e
§ 3o Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, requerer as demais provas que entender pertinentes.
no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo
de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas, Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10
§ 4o A destruição das drogas será executada pelo delegado (dez) dias.
de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do § 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e
Ministério Público e da autoridade sanitária. exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar todas as
§ 5o O local será vistoriado antes e depois de efetivada a razões de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar
destruição das drogas referida no § 3o, sendo lavrado auto as provas que pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), arrolar
circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a testemunhas.
destruição total delas. § 2o As exceções serão processadas em apartado, nos
termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro
Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem a de 1941 - Código de Processo Penal.
ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração, no § 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz
prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da data da apreensão, nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. lhe vista dos autos no ato de nomeação.
(2019) § 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias.
§ 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de
10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso, realização de
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30
diligências, exames e perícias.
(trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias,
quando solto.
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo
para a audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação
podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público,
pessoal do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente,
mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
§ 1o Tratando-se de condutas tipificadas como infração do
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei,
disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao
a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao
receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do
juízo:
denunciado de suas atividades, se for funcionário público,
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato,
comunicando ao órgão respectivo.
justificando as razões que a levaram à classificação do delito,
§ 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo será
indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto
realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da
apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação
denúncia, salvo se determinada a realização de avaliação para
criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os
atestar dependência de drogas, quando se realizará em 90 (noventa)
antecedentes do agente; ou
dias.
II - requererá sua devolução para a realização de diligências
necessárias.

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Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o § 6º Os valores arrecadados, descontadas as despesas do
interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada leilão, serão depositados em conta judicial remunerada e, após
a palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público e sentença condenatória transitada em julgado, serão revertidos ao
ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 Funad. (2019)
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a § 7º No caso da alienação de veículos, embarcações ou
critério do juiz. aeronaves, o juiz ordenará à autoridade ou ao órgão de registro e
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz controle a expedição de certificado de registro e licenciamento em
indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, favor do arrematante, ficando este livre do pagamento de multas,
formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e encargos e tributos anteriores, sem prejuízo da cobrança de débitos
relevante. fiscais, os quais permanecem sob responsabilidade do antigo
proprietário. (2019)
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de § 8º Nos casos em que a apreensão tiver recaído sobre
imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para dinheiro, inclusive moeda estrangeira, ou cheques emitidos como
isso lhe sejam conclusos. ordem de pagamento para fins ilícitos, o juiz determinará sua
conversão em moeda nacional corrente, que será depositada em
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 conta judicial remunerada, e, após sentença condenatória com
a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, trânsito em julgado, será revertida ao Funad. (2019)
salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na
sentença condenatória. Art. 62. Comprovado o interesse público na utilização de
O STF considerada inconstitucional esse dispositivo, pois restringe o quaisquer dos bens de que trata o art. 61, os órgãos de polícia
direito do réu de ter revista a decisão que o condenou. judiciária, militar e rodoviária poderão deles fazer uso, sob sua
responsabilidade e com o objetivo de sua conservação, mediante
autorização judicial, ouvido o Ministério Público e garantida a prévia
CAPÍTULO IV
avaliação dos respectivos bens. (2019)
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO DE BENS
§ 1º Comprovado o interesse público na utilização de
DO ACUSADO
qualquer dos bens mencionados neste artigo, a autoridade de polícia
Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público ou do judiciária poderá deles fazer uso, sob sua responsabilidade e com o
assistente de acusação, ou mediante representação da autoridade objetivo de sua conservação, mediante autorização judicial, ouvido o
de polícia judiciária, poderá decretar, no curso do inquérito ou da Ministério Público.
ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias nos § 2º A autorização judicial de uso de bens deverá conter a
casos em que haja suspeita de que os bens, direitos ou valores descrição do bem e a respectiva avaliação e indicar o órgão
sejam produto do crime ou constituam proveito dos crimes previstos responsável por sua utilização. (2019)
nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes do § 3º O órgão responsável pela utilização do bem deverá
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo enviar ao juiz periodicamente, ou a qualquer momento quando por
Penal. (2019) este solicitado, informações sobre seu estado de conservação. (2019)
§ 1º (Revogado). (2019) § 4º Quando a autorização judicial recair sobre veículos,
§ 2º (Revogado). (2019) embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade ou ao
§ 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de
outubro de 1941 - Código de Processo Penal, o juiz poderá registro e licenciamento em favor do órgão ao qual tenha deferido o
determinar a prática de atos necessários à conservação dos bens, uso ou custódia, ficando este livre do pagamento de multas,
direitos ou valores. (2019) encargos e tributos anteriores à decisão de utilização do bem até o
§ 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens, trânsito em julgado da decisão que decretar o seu perdimento em
direitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o favor da União. (2019)
Ministério Público, quando a sua execução imediata puder § 5º Na hipótese de levantamento, se houver indicação de
comprometer as investigações. (2019) que os bens utilizados na forma deste artigo sofreram depreciação
superior àquela esperada em razão do transcurso do tempo e do
Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, uso, poderá o interessado requerer nova avaliação judicial. (2019)
aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e dos § 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º, o ente
maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza federado ou a entidade que utilizou o bem indenizará o detentor ou
utilizados para a prática dos crimes definidos nesta Lei será proprietário dos bens. (2019)
imediatamente comunicada pela autoridade de polícia judiciária § 7º (Revogado). (2019)
responsável pela investigação ao juízo competente. (2019) § 8º (Revogado). (2019)
§ 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da § 9º (Revogado). (2019)
comunicação de que trata o caput, determinará a alienação dos § 10. (Revogado). (2019)
bens apreendidos, excetuadas as armas, que serão recolhidas na
§ 11. (Revogado). (2019)
forma da legislação específica. (2019)
§ 2º A alienação será realizada em autos apartados, dos
Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá sobre: (2019)
quais constará a exposição sucinta do nexo de instrumentalidade
I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor apreendido
entre o delito e os bens apreendidos, a descrição e especificação
ou objeto de medidas assecuratórias; e
dos objetos, as informações sobre quem os tiver sob custódia e o
II - o levantamento dos valores depositados em conta
local em que se encontrem. (2019)
remunerada e a liberação dos bens utilizados nos termos do art. 62.
§ 3º O juiz determinará a avaliação dos bens apreendidos, (2019)
que será realizada por oficial de justiça, no prazo de 5 (cinco) dias a
contar da autuação, ou, caso sejam necessários conhecimentos § 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em decorrência
especializados, por avaliador nomeado pelo juiz, em prazo não dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto de medidas assecuratórias,
superior a 10 (dez) dias. (2019) após decretado seu perdimento em favor da União, serão
§ 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor do revertidos diretamente ao Funad. (2019)
Funad, o Ministério Público e o interessado para se manifestarem no § 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad relação dos
prazo de 5 (cinco) dias e, dirimidas eventuais divergências, bens, direitos e valores declarados perdidos, indicando o local em
homologará o valor atribuído aos bens. (2019) que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder estejam,
§ 5º (VETADO). (2019) para os fins de sua destinação nos termos da legislação vigente.

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§ 3º A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle
de dar imediato cumprimento ao estabelecido no § 2º deste artigo. especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998.
§ 4º Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do
processo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei no 7.560,
remeterá à Senad relação dos bens, direitos e valores declarados de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados e do Distrito
perdidos em favor da União, indicando, quanto aos bens, o local em Federal, dependerá de sua adesão e respeito às diretrizes básicas
que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder estejam, contidas nos convênios firmados e do fornecimento de dados
para os fins de sua destinação nos termos da legislação vigente. necessários à atualização do sistema previsto no art. 17 desta Lei,
§ 5º (VETADO). (2019) pelas respectivas polícias judiciárias.
§ 6º Na hipótese do inciso II do caput, decorridos 360
(trezentos e sessenta) dias do trânsito em julgado e do Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam recursos
conhecimento da sentença pelo interessado, os bens apreendidos, públicos para execução das políticas sobre drogas deverão garantir
os que tenham sido objeto de medidas assecuratórias ou os valores o acesso às suas instalações, à documentação e a todos os
depositados que não forem reclamados serão revertidos ao elementos necessários à efetiva fiscalização pelos órgãos
Funad. (2019) competentes. (2019)
X’
Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será conhecido Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros, destinados às
determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, pessoas físicas e jurídicas que colaborem na prevenção do uso
direitos ou valores. (2019) indevido de drogas, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes e na repressão da produção não autorizada e do tráfico
Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou parcial ilícito de drogas.
dos bens, direitos e objeto de medidas assecuratórias quando
comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial de
dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação empresas ou estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, de ensino,
dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e ou congêneres, assim como nos serviços de saúde que produzirem,
custas decorrentes da infração penal. (2019) venderem, adquirirem, consumirem, prescreverem ou fornecerem
drogas ou de qualquer outro em que existam essas substâncias ou
Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá firmar produtos, incumbe ao juízo perante o qual tramite o feito:
convênio com os Estados, com o Distrito Federal e com organismos I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou
orientados para a prevenção do uso indevido de drogas, a atenção e liquidação, sejam lacradas suas instalações;
a reinserção social de usuários ou dependentes e a atuação na II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgente
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, adoção das medidas necessárias ao recebimento e guarda, em
com vistas na liberação de equipamentos e de recursos por ela depósito, das drogas arrecadadas;
arrecadados, para a implantação e execução de programas III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para
relacionados à questão das drogas. acompanhar o feito.
§ 1o Da licitação para alienação de substâncias ou produtos
não proscritos referidos no inciso II do caput deste artigo, só podem
TÍTULO V participar pessoas jurídicas regularmente habilitadas na área de
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL saúde ou de pesquisa científica que comprovem a destinação lícita a
Art. 65. De conformidade com os princípios da não- ser dada ao produto a ser arrematado.
intervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e do respeito § 2o Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o deste artigo, o
à integridade territorial dos Estados e às leis e aos regulamentos produto não arrematado será, ato contínuo à hasta pública, destruído
nacionais em vigor, e observado o espírito das Convenções das pela autoridade sanitária, na presença dos Conselhos Estaduais
Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos internacionais sobre Drogas e do Ministério Público.
relacionados à questão das drogas, de que o Brasil é parte, o § 3o Figurando entre o praceado e não arrematadas
governo brasileiro prestará, quando solicitado, cooperação a especialidades farmacêuticas em condições de emprego terapêutico,
outros países e organismos internacionais e, quando necessário, ficarão elas depositadas sob a guarda do Ministério da Saúde, que
deles solicitará a colaboração, nas áreas de: as destinará à rede pública de saúde.
I - intercâmbio de informações sobre legislações,
experiências, projetos e programas voltados para atividades de Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos
prevenção do uso indevido, de atenção e de reinserção social de arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da
usuários e dependentes de drogas; competência da Justiça Federal.
II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção e Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que
tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico de armas, a não sejam sede de vara federal serão processados e julgados na
lavagem de dinheiro e o desvio de precursores químicos; vara federal da circunscrição respectiva.
III - intercâmbio de informações policiais e judiciais sobre
produtores e traficantes de drogas e seus precursores químicos. Art. 71. (VETADO)

Art. 72. Encerrado o processo criminal ou arquivado o


TÍTULO V-A
inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante representação da
(2019)
autoridade de polícia judiciária, ou a requerimento do Ministério
DO FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS Público, determinará a destruição das amostras guardadas para
Art. 65-A. (VETADO). (2019) contraprova, certificando nos autos. (2019)

TÍTULO VI Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os


DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Estados e o com o Distrito Federal, visando à prevenção e repressão
do tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e com os Municípios,
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art.
com o objetivo de prevenir o uso indevido delas e de possibilitar a
1o desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas.
mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias

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ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível.
Lei nº 8.429 / 1992
Lei de Improbidade Administrativa Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos desta lei até o limite do valor da herança.
casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,
emprego ou função na administração pública direta, indireta ou CAPÍTULO II
fundacional e dá outras providências. Dos Atos de Improbidade Administrativa
Seção I
CAPÍTULO I Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam
Das Disposições Gerais Enriquecimento Ilícito
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando
agente público, servidor ou não, contra a (1) administração direta, enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de (2) ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e
empresa incorporada ao patrimônio público ou (3) de entidade para notadamente:
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
mais de 50% (cinquenta por cento) do patrimônio ou da receita imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a
anual, serão punidos na forma desta lei. título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de (4) amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou agente público;
creditício, de órgão público bem como (5) daquelas para cuja criação II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel,
(cinquenta por cento) do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a preço superior ao valor de mercado;
contribuição dos cofres públicos. III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem de mercado;
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1°
desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, ou terceiros contratados por essas entidades;
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar,
sob qualquer forma direta ou indireta. de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de
De acordo com o STF, ressalvado o Presidente da República, a Lei de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
Improbidade Administrativa também se aplica aos agentes políticos, VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
que se submetem a um duplo regime sancionatório:
responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa e ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação
responsabilização político-administrativa pelos crimes de em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade,
responsabilidade. peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens
------------------------------------------------------------------------------------------------- fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta
Cumpre salientar que a competência para o julgamento será do juízo
lei;
de primeiro grau, não havendo foro por prerrogativa de função.
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do
obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de agente público;
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
assuntos que lhe são afetos. consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que
tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o atividade;
integral ressarcimento do dano. IX - perceber vantagem econômica para intermediar a
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração
patrimônio. a que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
administrativa responsável pelo inquérito representar ao XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput 1° desta lei.
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral
De acordo com o STJ, tanto atos de improbidade que importam
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante enriquecimento ilícito quanto os que atentam contra os princípios da
do enriquecimento ilícito. administração pública exigem o dolo como elemento caracterizador.
Segundo o art. 37, §4º, da Constituição Federal, os atos de improbidade Os atos de improbidade que causam prejuízo ao erário, contudo,
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda podem ser evidenciados por dolo ou por culpa.
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento

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Seção II XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela
ao Erário administração pública com entidades privadas;
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela
lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou administração pública com entidades privadas sem a estrita
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
desta lei, e notadamente: para a sua aplicação irregular.
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou administração pública com entidades privadas sem a estrita
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
para a sua aplicação irregular.
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a Seção II-A
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à (2016)
espécie; Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, Tributário
bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das
qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de
art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por 2003. (2016)
preço inferior ao de mercado; A Lei Complementar mencionada acima trata do Imposto sobre
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de Serviços de Qualquer Natureza (ISS):
bem ou serviço por preço superior ao de mercado; “Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de
VI - realizar operação financeira sem observância das normas Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento).
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções,
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga
espécie; tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se referem os
subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar.”
seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins
lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não Seção III
autorizadas em lei ou regulamento; Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, Princípios da Administração Pública
bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio público; Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
irregular; legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou
enriqueça ilicitamente; diverso daquele previsto, na regra de competência;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades das atribuições e que deva permanecer em segredo;
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor IV - negar publicidade aos atos oficiais;
público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. V - frustrar a licitude de concurso público;
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por VI -deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
associada sem observar as formalidades previstas na lei; terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as ou serviço.
formalidades previstas na lei. VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, pública com entidades privadas.
de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela
administração pública a entidades privadas mediante celebração de IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
parcerias, sem a observância das formalidades legais ou acessibilidade previstos na legislação.
regulamentares aplicáveis à espécie; X - transferir recurso a entidade privada, em razão da
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica prestação de serviços na área de saúde sem a prévia celebração
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos de contrato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do
pela administração pública a entidade privada mediante celebração parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou 1990. (2018)
regulamentares aplicáveis à espécie; Conforme a Jurisprudência abaixo, o STJ reconheceu a prática de
assédio sexual como improbidade contra os princípios da administração
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com pública.
entidades privadas sem a observância das formalidades legais ou -------------------------------------------------------------------------------------------------
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
regulamentares aplicáveis à espécie; ASSÉDIO DE PROFESSOR DA REDE PÚBLICA. PROVA TESTEMUNHAL
SUFICIENTE. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. MATÉRIA

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CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DA EXCELSA CORTE. DOLO DO AGENTE. Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
ATO ÍMPROBO. CARACTERIZAÇÃO.
1. Cinge-se a questão dos autos a possibilidade de prática de assédio condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores
sexual como sendo ato de improbidade administrativa previsto no que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no
caput do art. 11 da Lei n. 8.429/1992, praticado por professor da rede serviço de pessoal competente.
pública de ensino, o qual fora condenado pelas instâncias ordinárias à § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes,
perda da função pública.
2. A tese inerente à atipicidade da conduta em razão da inexistência de
dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores
nexo causal entre o ato e a atividade de educador exercida pelo patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso,
Professo não foi abordada pelo Corte de origem, o que atrai a incidência abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou
da Súmula 282 do STF. companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a
3. O recorrente também tratou de questão constitucional, qual seja, a dependência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos
dignidade da pessoa humana, matéria que refoge da competência desta
Corte Superior, sob pena de usurpação da competência do Supremo e utensílios de uso doméstico.
Tribunal Federal. § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na
4. É firme a orientação no sentido da imprescindibilidade de dolo data em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo,
nos atos de improbidade administrativa por violação a princípio, emprego ou função.
conforme previstos no caput do art. 11 da Lei n. 8.429/1992 - o que foi
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
claramente demonstrado no caso dos autos, porquanto o professor
atuou com dolo no sentido de assediar suas alunas e obter público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público
vantagem indevida em função do cargo que ocupava, o que subverte que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo
os valores fundamentais da sociedade e corrói sua estrutura. determinado, ou que a prestar falsa.
5. O recurso não pode ser conhecido em relação à alínea c do § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da
permissivo constitucional, porquanto o recorrente não demonstrou
suficientemente a divergência, o que atrai, por analogia, a incidência da
declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
Súmula 284/STF. Recurso especial conhecido em parte e improvido. Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e
STJ - REsp 1255120/SC, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, j. 21.05.2013, 2ª Turma, DJe 28.05.2013.
proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações,
para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo .
CAPÍTULO III CAPÍTULO V
Das Penas Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade
administrativas previstas na legislação específica, está o administrativa competente para que seja instaurada investigação
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: assinada, conterá a qualificação do representante, as informações
▪ ENRIQUECIMENTO ILÍCITO sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos conhecimento.
ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em
houver, perda da função pública, suspensão dos direitos despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades
políticos de 8 a 10 (oito a dez) anos, pagamento de multa civil de estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a
até 3 (três) vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos § 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo servidores federais, será processada na forma prevista nos arts.
prazo de 10 (dez) anos; 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se
▪ PREJUÍZO AO ERÁRIO
tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano,
regulamentos disciplinares.
perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao
dos direitos políticos de 5 a 8 (cinco a oito) anos, pagamento de
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
multa civil de até 2 (duas) vezes o valor do dano e proibição de
existência de procedimento administrativo para apurar a prática de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
ato de improbidade.
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
de Contas poderá, a requerimento, designar representante para
prazo de 5 (cinco) anos;
acompanhar o procedimento administrativo.
▪ CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a
houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do
políticos de 3 a 5 (três a cinco) anos, pagamento de multa civil de
órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do
até 100 (cem) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente
sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
seja sócio majoritário, pelo prazo de 3 (três) anos.
▪ CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o
FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e
pública, suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 (cinco a oito) dos tratados internacionais.
anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício
financeiro ou tributário concedido. (2016) Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
levará em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito interessada, dentro de 30 (trinta) dias da efetivação da medida
patrimonial obtido pelo agente. cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações
CAPÍTULO IV de que trata o caput.
Da Declaração de Bens

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§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução
público. processual.
§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei
art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. independe:
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de quanto à pena de ressarcimento;
nulidade. II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma
causa de pedir ou o mesmo objeto. Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o
§ 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade
contenham indícios suficientes da existência do ato de improbidade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com
ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação o disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração de inquérito
de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive policial ou procedimento administrativo.
as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo
Civil. CAPÍTULO VII
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la Da Prescrição
e ordenará a notificação do requerido, para oferecer manifestação Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
por escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações, previstas nesta lei podem ser propostas:
dentro do prazo de 15 (quinze) dias. I – até 5 (cinco) anos após o término do exercício de mandato,
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de 30 (trinta) de cargo em comissão ou de função de confiança;
dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para
inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público,
inadequação da via eleita. nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para III – até 5 (cinco) anos da data da apresentação à
apresentar contestação. administração pública da prestação de contas final pelas entidades
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei.
de instrumento.
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a CAPÍTULO VIII
inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo Das Disposições Finais
sem julgamento do mérito. Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos
processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de
do Código de Processo Penal. 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições em
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera contrário.
pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no polo ativo
da obrigação tributária de que tratam o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da
Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (2016)

Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de


reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente
determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso,
em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.

CAPÍTULO VI
Das Disposições Penais
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de
improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o
autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está
sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à
imagem que houver provocado.

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos


políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
competente poderá determinar o afastamento do agente público do

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(trinta) dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na
Constituição da República Federativa forma da lei.
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o
do Brasil de 1988 período de seus antecessores.

CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO Art. 82. O mandato do Presidente da República é de 4
Seção I (quatro) anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA da sua eleição.
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da
República, auxiliado pelos Ministros de Estado. Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País
por período superior a 15 (quinze) dias, sob pena de perda do cargo.
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da
República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de
outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em Seção II
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato Das Atribuições do Presidente da República
presidencial vigente. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do República:
Vice-Presidente com ele registrado. I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, superior da administração federal;
não computados os em branco e os nulos.
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na previstos nesta Constituição;
primeira votação, far-se-á nova eleição em até 20 (vinte) dias após
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos
votos válidos. Os decretos e regulamentos que visam dar fiel execução às leis são atos
infralegais (normas secundárias), que não podem criar nem modificar
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, direitos. O objetivo é pormenorizar as disposições gerais e abstratas da lei.
desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á,
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
dentre os remanescentes, o de maior votação.
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Decreto autônomo)
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer,
em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, a) organização e funcionamento da administração federal,
qualificar-se-á o mais idoso. quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República
tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o Os Decretos autônomos possuem força de lei (normas primárias).
compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a seus representantes diplomáticos;
integridade e a independência do Brasil. VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a
suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. situação do País e solicitando as providências que julgar
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de necessárias;
outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões necessário, dos órgãos instituídos em lei;
especiais.
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice- promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que
Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão lhes são privativos;
sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
Tribunal Federal. os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o
presidente e os diretores do banco central e outros servidores,
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente quando determinado em lei;
da República, far-se-á eleição 90 (noventa) dias depois de aberta a XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do
última vaga. Tribunal de Contas da União;
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos 2 (dois) anos do XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita 30 Constituição, e o Advogado-Geral da União;

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XVII - nomear membros do Conselho da República, nos § 2º Se, decorrido o prazo de 180 (cento e oitenta) dias, o
termos do art. 89, VII; julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
Conselho de Defesa Nacional; (Órgãos consultivos) § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando prisão.
ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas § 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato,
condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do suas funções.
Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que Decreto-Lei nº 2.848 / 1940
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
permaneçam temporariamente; Código Penal
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de TÍTULO X
orçamento previstos nesta Constituição; DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
CAPÍTULO I
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro DA MOEDA FALSA
de 60 (sessenta) dias após a abertura da sessão legislativa, as Moeda Falsa (Crime de perigo abstrato)
contas referentes ao exercício anterior; Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
da lei; - Para a jurisprudência, é inaplicável o princípio da insignificância.
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos - A competência é da Justiça Federal
do art. 62; -------------------------------------------------------------------------------------------------
---STJ: Súmula 73 – A utilização de papel moeda grosseiramente
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da
Constituição. Justiça Estadual.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede,
ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
nas respectivas delegações. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira,
O Presidente da República poderá delegar:
moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de
conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois
• Decreto autônomo
• Concessão de indulto e comutação de penas
anos, e multa.
• Provimento cargos públicos § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o
funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão
que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
Seção III I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
Da Responsabilidade do Presidente da República II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular
Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
e, especialmente, contra:
I - a existência da União; Crimes assimilados ao de moeda falsa
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário,
moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros;
do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da
suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-
Federação;
los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos
IV - a segurança interna do País; para o fim de inutilização:
V - a probidade na administração; Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
VI - a lei orçamentária; Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos
e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei ingresso, em razão do cargo
especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou
República, por 2/3 (dois terços) da Câmara dos Deputados, será ele gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou
submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
de responsabilidade.
Emissão de título ao portador sem permissão legal
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao
queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do ser pago:
processo pelo Senado Federal. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

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Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em
qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
detenção, de quinze dias a três meses, ou multa. III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou
CAPÍTULO II identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
Falsificação de papéis públicos prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6 (sexta parte).
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer Falsificação de documento público
papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público,
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; ou alterar documento público verdadeiro:
III - vale postal; Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6 (sexta parte).
direito público; § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou
relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os
por que o poder público seja responsável; livros mercantis e o testamento particular.
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
administrada pela União, por Estado ou por Município: I – na folha de pagamento ou em documento de informações
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. que seja destinado a fazer prova perante a previdência social,
§ 1o Incorre na mesma pena quem: pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado
falsificados a que se refere este artigo; ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a III – em documento contábil ou em qualquer outro documento
controle tributário; relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a
atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle serviços
tributário, falsificado;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária Falsificação de documento particular
determina a obrigatoriedade de sua aplicação. Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, particular ou alterar documento particular verdadeiro:
com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
indicativo de sua inutilização: Falsificação de cartão
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, a documento particular o cartão de crédito ou débito.
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior.
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de Falsidade ideológica
boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular,
referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir
alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
ou multa. prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III juridicamente relevante:
do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é
inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é
em residências. particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete
Petrechos de falsificação o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de 1/6 (sexta
especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis parte)
referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Falso reconhecimento de firma ou letra (Crime próprio)
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime função pública, firma ou letra que o não seja:
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6 (sexta parte). Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é
público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
CAPÍTULO III
DA FALSIDADE DOCUMENTAL Certidão ou atestado ideologicamente falso
Falsificação do selo ou sinal público Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou
Estado ou de Município; qualquer outra vantagem:
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, Pena - detenção, de dois meses a um ano.
ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: Falsidade material de atestado ou certidão
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público,

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isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra STJ: Súmula 522 - A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
vantagem: autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada
Pena - detenção, de três meses a dois anos. autodefesa.
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além
da pena privativa de liberdade, a de multa. Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor,
caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia
Falsidade de atestado médico (Crime próprio) ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, natureza, próprio ou de terceiro:
atestado falso: Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o
Pena - detenção, de um mês a um ano. fato não constitui elemento de crime mais grave.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
aplica-se também multa. Fraude de lei sobre estrangeiro
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica território nacional, nome que não é o seu:
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para
visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: promover-lhe a entrada em território nacional:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de
comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de
• Revogado tacitamente pela Lei 6.538/78, art. 39, que passou a ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a
prever a conduta de forma mais branda. este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Uso de documento falso
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou Adulteração de sinal identificador de veículo automotor
alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu
STJ: O crime descrito no art. 304 do CP consuma-se com a componente ou equipamento
apresentação do documento falso, sendo irrelevante se a exibição Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
ocorreu mediante exigência do policial ou por iniciativa do próprio § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função
agente. pública ou em razão dela, a pena é aumentada de 1/3 (um terço).
STJ: Súmula 104 - Compete à Justiça Estadual o processo e
julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que
a estabelecimento particular de ensino. contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou
STJ: Súmula 200 - O Juízo Federal competente para processar e julgar adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação
acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito oficial.
se consumou.
STJ: Súmula 546 - A competência para processar e julgar o crime de
uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao CAPÍTULO V
qual foi apresentado o documento público, não importando a DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
qualificação do órgão expedidor. Fraudes em certames de interesse público
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim
Supressão de documento de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou certame, conteúdo sigiloso de:
de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular I - concurso público;
verdadeiro, de que não podia dispor: II - avaliação ou exame públicos;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
particular. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita,
CAPÍTULO IV por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às
DE OUTRAS FALSIDADES informações mencionadas no caput.
Falsificação do sinal empregado no contraste de metal § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração
precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins pública:
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na o
§ 3 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por
fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, funcionário público.
falsificado por outrem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a
autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para Lei nº 7.210 / 1984
autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o Lei de Execução Penal
cumprimento de formalidade legal:
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
TÍTULO I
Falsa identidade Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as
para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
dano a outrem: condições para a harmônica integração social do condenado e do
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato internado.
não constitui elemento de crime mais grave. STF: Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
entendeu que o artigo 283 do Código de Processo Penal (CPP) não
impede o início da execução da pena após condenação em

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segunda instância e indeferiu liminares pleiteadas nas Ações serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil
Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44. genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por
-------------------------------------------------------------------------------------------------
De acordo com o Art. 283, do CPP, “ninguém poderá ser preso senão técnica adequada e indolor.
em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade § 1o A identificação do perfil genético será armazenada em
judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo
transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em Poder Executivo.
virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.”
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético.
ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo
de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo CAPÍTULO II
Penal. Da Assistência
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso SEÇÃO I
provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando Disposições Gerais
recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do
Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos convivência em sociedade.
os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza
racial, social, religiosa ou política. Art. 11. A assistência será:
I - material;
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da II - à saúde;
comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de III -jurídica;
segurança. IV - educacional;
V - social;
TÍTULO II VI - religiosa.
Do Condenado e do Internado
CAPÍTULO I SEÇÃO II
Da Classificação Da Assistência Material
Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado
antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações
execução penal. higiênicas.

Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços
Classificação que elaborará o programa individualizador da pena que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de
privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não
fornecidos pela Administração.
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em
cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no SEÇÃO III
mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) Da Assistência à Saúde
psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de
condenado à pena privativa de liberdade. caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico,
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto farmacêutico e odontológico.
ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. § 1º (Vetado).
§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em
liberdade, em regime fechado, será submetido a exame outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento.
criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma § 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher,
adequada classificação e com vistas à individualização da execução. principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-
(Exame criminológico obrigatório)
nascido.
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser
submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de SEÇÃO IV
liberdade em regime semi-aberto. (Exame criminológico facultativo)
Da Assistência Jurídica
Os principais objetivos do exame criminológico são classificar os Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos
antecedentes e personalidade do indivíduo condenado, além de internados sem recursos financeiros para constituir advogado.
individualizar a execução de sua pena, colaborando para um tratamento
carcerário adequado às suas necessidades singulares. O exame
criminológico é essencialmente multidisciplinar, sendo composto pelas Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de
avaliações de uma equipe de médico, psicólogo, assistente social e assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública,
profissional da área jurídica. dentro e fora dos estabelecimentos penais.
Hewdy Lobo, Psiquiatra Forense
§ 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxílio
estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exercício de
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados
suas funções, dentro e fora dos estabelecimentos penais.
reveladores da personalidade, observando a ética profissional e
§ 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local
tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá:
apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Público.
I - entrevistar pessoas;
§ 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão implementados
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados,
Núcleos Especializados da Defensoria Pública para a prestação de
dados e informações a respeito do condenado;
assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em
III - realizar outras diligências e exames necessários.
liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para
constituir advogado.
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente,
com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos
SEÇÃO V
crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990,

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Da Assistência Educacional Da Assistência Religiosa
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será
escolar e a formação profissional do preso e do internado. prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-lhes a
participação nos serviços organizados no estabelecimento penal,
Art. 18. O ensino de 1º grau (Ensino fundamental) será bem como a posse de livros de instrução religiosa.
obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade § 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os
Federativa. cultos religiosos.
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a
Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com participar de atividade religiosa.
formação geral ou educação profissional de nível médio, será
implantado nos presídios, em obediência ao preceito constitucional SEÇÃO VIII
de sua universalização. Da Assistência ao Egresso
§ 1o O ensino ministrado aos presos e presas integrar-se-á ao Art. 25. A assistência ao egresso consiste:
sistema estadual e municipal de ensino e será mantido, I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade;
administrativa e financeiramente, com o apoio da União, não só com II - na concessão, se necessário, de alojamento e
os recursos destinados à educação, mas pelo sistema estadual de alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois)
justiça ou administração penitenciária. meses.
§ 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser
presas cursos supletivos de educação de jovens e adultos. prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do
§ 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal assistente social, o empenho na obtenção de emprego.
incluirão em seus programas de educação à distância e de utilização
de novas tecnologias de ensino, o atendimento aos presos e às Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei:
presas. I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da
saída do estabelecimento;
II - o liberado condicional, durante o período de prova.
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de
iniciação ou de aperfeiçoamento técnico.
Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com o
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional
egresso para a obtenção de trabalho.
adequado à sua condição.
CAPÍTULO III
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de
Do Trabalho
convênio com entidades públicas ou particulares, que instalem
SEÇÃO I
escolas ou ofereçam cursos especializados.
Disposições Gerais
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e
Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada
condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e
estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias
produtiva.
de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos.
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as
precauções relativas à segurança e à higiene.
Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar: § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da
I - o nível de escolaridade dos presos e das presas; Consolidação das Leis do Trabalho.
II - a existência de cursos nos níveis fundamental e médio e o
número de presos e presas atendidos; Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante
III - a implementação de cursos profissionais em nível de prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do
iniciação ou aperfeiçoamento técnico e o número de presos e presas salário mínimo.
atendidos; § 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:
IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que
acervo; determinados judicialmente e não reparados por outros meios;
V - outros dados relevantes para o aprimoramento b) à assistência à família;
educacional de presos e presas. c) a pequenas despesas pessoais;
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com
SEÇÃO VI a manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem
Da Assistência Social prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores.
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o § 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a
preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade. parte restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de
Poupança, que será entregue ao condenado quando posto em
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: liberdade.
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;
II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à
problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido; comunidade não serão remuneradas.
III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das
saídas temporárias; SEÇÃO II
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a Do Trabalho Interno
recreação; Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está
V - promover a orientação do assistido, na fase final do obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade.
cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é
retorno à liberdade; obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento.
VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios
da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho; Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades
preso, do internado e da vítima. futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo
mercado.
SEÇÃO VII

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§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos
sem expressão econômica, salvo nas regiões de turismo. de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
ocupação adequada à sua idade. VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
atividades apropriadas ao seu estado. VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas
realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 da remuneração do trabalho;
(seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
feriados. X - conservação dos objetos de uso pessoal.
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber,
trabalho aos presos designados para os serviços de conservação e o disposto neste artigo.
manutenção do estabelecimento penal.
SEÇÃO II
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou Dos Direitos
empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por objetivo a Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à
formação profissional do condenado. integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios.
§ 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora
promover e supervisionar a produção, com critérios e métodos Art. 41 - Constituem direitos do preso:
empresariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como I - alimentação suficiente e vestuário;
suportar despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada. II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
§ 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão III - Previdência Social;
celebrar convênio com a iniciativa privada, para implantação de IV - constituição de pecúlio;
oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o
trabalho, o descanso e a recreação;
Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais,
União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a
adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou execução da pena;
produtos do trabalho prisional, sempre que não for possível ou VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional,
recomendável realizar-se a venda a particulares. social e religiosa;
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a que IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal. X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos
em dias determinados;
SEÇÃO III XI - chamamento nominal;
Do Trabalho Externo XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos individualização da pena;
em regime fechado somente em serviço ou obras públicas XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em
entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e defesa de direito;
em favor da disciplina. XV - contato com o mundo exterior por meio de
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação
por cento) do total de empregados na obra. que não comprometam a moral e os bons costumes.
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob
empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente.
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV
consentimento expresso do preso. poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do
diretor do estabelecimento.
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela
direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à
responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção.
pena.
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico de
externo ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for confiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento
punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e
requisitos estabelecidos neste artigo. acompanhar o tratamento.
Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o
CAPÍTULO IV particular serão resolvidas pelo Juiz da execução.
Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina
SEÇÃO I SEÇÃO III
Dos Deveres Da Disciplina
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais SUBSEÇÃO I
inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de execução da Disposições Gerais
pena. Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na
obediência às determinações das autoridades e seus agentes e no
Art. 39. Constituem deveres do condenado: desempenho do trabalho.
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à
sentença; pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com provisório.
quem deva relacionar-se;
III - urbanidade e respeito no trato com os demais Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem
condenados; expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.

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§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a § 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar
integridade física e moral do condenado. diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando.

Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução SUBSEÇÃO III


da pena ou da prisão, será cientificado das normas disciplinares. Das Sanções e das Recompensas
Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de I - advertência verbal;
liberdade, será exercido pela autoridade administrativa conforme as II - repreensão;
disposições regulamentares. III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo
único);
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos
disciplinar será exercido pela autoridade administrativa a que estiver estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o
sujeito o condenado. disposto no artigo 88 desta Lei.
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.
ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118, inciso I (Regressão),
125 (Revogação de saídas temporárias), 127 (Perda dos dias remidos), 181, Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão
§§ 1º, letra d, e 2º (Conversão da pena restritiva de direitos em privativa de aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do
liberdade) desta Lei. inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz competente.
§ 1o A autorização para a inclusão do preso em regime
disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado
SUBSEÇÃO II
pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa.
Das Faltas Disciplinares
§ 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves,
disciplinar será precedida de manifestação do Ministério Público e da
médias e graves. A legislação local especificará as leves e médias,
defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias.
bem assim as respectivas sanções.
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção
Art. 55. As recompensas têm em vista o bom comportamento
correspondente à falta consumada.
reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração com a
disciplina e de sua dedicação ao trabalho.
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de
liberdade que:
Art. 56. São recompensas:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem
I - o elogio;
ou a disciplina;
II - a concessão de regalias.
II - fugir;
Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a
estabelecerão a natureza e a forma de concessão de regalias.
integridade física de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
SUBSEÇÃO IV
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
Da Aplicação das Sanções
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do
Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão
artigo 39, desta Lei.
em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho
consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
de prisão.
outros presos ou com o ambiente externo.
Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as sanções
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que
previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei.
couber, ao preso provisório.
Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de
direitos não poderão exceder a 30 (trinta) dias, ressalvada a
direitos que:
hipótese do regime disciplinar diferenciado.
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
Parágrafo único. O isolamento será sempre comunicado ao
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação
Juiz da execução.
imposta;
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do
SUBSEÇÃO V
artigo 39, desta Lei.
Do Procedimento Disciplinar
Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui
procedimento para sua apuração, conforme regulamento,
falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina
assegurado o direito de defesa.
internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da
Parágrafo único. A decisão será motivada.
sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
características:
Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem
isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até 10 (dez) dias. A
prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma
inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da
espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada;
disciplina e da averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz
II - recolhimento em cela individual;
competente.
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão
crianças, com duração de duas horas;
preventiva no regime disciplinar diferenciado será computado no
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias
período de cumprimento da sanção disciplinar.
para banho de sol.
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá
TÍTULO III
abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou
Dos Órgãos da Execução Penal
estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança
CAPÍTULO I
do estabelecimento penal ou da sociedade.
Disposições Gerais

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110
Art. 61. São órgãos da execução penal: IV - autorizar saídas temporárias;
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; V - determinar:
II - o Juízo da Execução; a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e
III - o Ministério Público; fiscalizar sua execução;
IV - o Conselho Penitenciário; b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em
V - os Departamentos Penitenciários; privativa de liberdade;
VI - o Patronato; c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de
VII - o Conselho da Comunidade. direitos;
VIII - a Defensoria Pública. d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
substituição da pena por medida de segurança;
CAPÍTULO II e) a revogação da medida de segurança;
Do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra
Penitenciária, com sede na Capital da República, é subordinado ao comarca;
Ministério da Justiça. h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do
artigo 86, desta Lei.
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e i) (VETADO);
Penitenciária será integrado por 13 (treze) membros designados VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de
através de ato do Ministério da Justiça, dentre professores e segurança;
profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais,
Penitenciário e ciências correlatas, bem como por representantes da tomando providências para o adequado funcionamento e
comunidade e dos Ministérios da área social. promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
Parágrafo único. O mandato dos membros do Conselho terá VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal
duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço) em cada ano. que estiver funcionando em condições inadequadas ou com
infringência aos dispositivos desta Lei;
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito federal ou X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
estadual, incumbe:
I - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do CAPÍTULO IV
delito, administração da Justiça Criminal e execução das penas e Do Ministério Público
das medidas de segurança; Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da pena
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de e da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos
desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da política incidentes da execução.
criminal e penitenciária;
III - promover a avaliação periódica do sistema criminal para a Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
sua adequação às necessidades do País; I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; de internamento;
V - elaborar programa nacional penitenciário de formação e II - requerer:
aperfeiçoamento do servidor; a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de processo executivo;
estabelecimentos penais e casas de albergados; b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da estatística execução;
criminal; c) a aplicação de medida de segurança, bem como a
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, bem substituição da pena por medida de segurança;
assim informar-se, mediante relatórios do Conselho Penitenciário, d) a revogação da medida de segurança;
requisições, visitas ou outros meios, acerca do desenvolvimento da e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos
execução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo regimes e a revogação da suspensão condicional da pena e do
às autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao seu livramento condicional;
aprimoramento; f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da
IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade situação anterior.
administrativa para instauração de sindicância ou procedimento III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade
administrativo, em caso de violação das normas referentes à judiciária, durante a execução.
execução penal; Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará
X - representar à autoridade competente para a interdição, no mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a sua
todo ou em parte, de estabelecimento penal. presença em livro próprio.

CAPÍTULO III CAPÍTULO V


Do Juízo da Execução Do Conselho Penitenciário
Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e
local de organização judiciária e, na sua ausência, ao da sentença. fiscalizador da execução da pena.
§ 1º O Conselho será integrado por membros nomeados pelo
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: Governador do Estado, do Distrito Federal e dos Territórios, dentre
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual
modo favorecer o condenado; Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por
II - declarar extinta a punibilidade; representantes da comunidade. A legislação federal e estadual
III - decidir sobre: regulará o seu funcionamento.
a) soma ou unificação de penas; § 2º O mandato dos membros do Conselho Penitenciário terá
b) progressão ou regressão nos regimes; a duração de 4 (quatro) anos.
c) detração e remição da pena;
d) suspensão condicional da pena; Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:
e) livramento condicional;
f) incidentes da execução.

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I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, II - possuir experiência administrativa na área;
excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no estado de III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o
saúde do preso; desempenho da função.
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais; Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabelecimento,
III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, ao ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à sua função.
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, relatório dos
trabalhos efetuados no exercício anterior; Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será organizado
IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistência aos em diferentes categorias funcionais, segundo as necessidades do
egressos. serviço, com especificação de atribuições relativas às funções de
direção, chefia e assessoramento do estabelecimento e às demais
CAPÍTULO VI funções.
Dos Departamentos Penitenciários
SEÇÃO I Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, especializado, de
Do Departamento Penitenciário Nacional instrução técnica e de vigilância atenderá a vocação, preparação
Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, subordinado profissional e antecedentes pessoais do candidato.
ao Ministério da Justiça, é órgão executivo da Política Penitenciária § 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a
Nacional e de apoio administrativo e financeiro do Conselho Nacional progressão ou a ascensão funcional dependerão de cursos
de Política Criminal e Penitenciária. específicos de formação, procedendo-se à reciclagem periódica dos
servidores em exercício.
Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário § 2º No estabelecimento para mulheres somente se
Nacional: permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo quando se
I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execução tratar de pessoal técnico especializado.
penal em todo o Território Nacional;
II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os CAPÍTULO VII
estabelecimentos e serviços penais; Do Patronato
III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se a prestar
implementação dos princípios e regras estabelecidos nesta Lei; assistência aos albergados e aos egressos (artigo 26).
IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante
convênios, na implantação de estabelecimentos e serviços penais; Art. 79. Incumbe também ao Patronato:
V - colaborar com as Unidades Federativas para a realização I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos;
de cursos de formação de pessoal penitenciário e de ensino II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação de
profissionalizante do condenado e do internado. serviço à comunidade e de limitação de fim de semana;
VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades III - colaborar na fiscalização do cumprimento das condições
federativas, o cadastro nacional das vagas existentes em da suspensão e do livramento condicional.
estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de penas
privativas de liberdade aplicadas pela justiça de outra unidade CAPÍTULO VIII
federativa, em especial para presos sujeitos a regime disciplinar Do Conselho da Comunidade
VII - acompanhar a execução da pena das mulheres Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da
beneficiadas pela progressão especial de que trata o § 3º do art. 112 Comunidade composto, no mínimo, por 1 (um) representante de
desta Lei, monitorando sua integração social e a ocorrência de associação comercial ou industrial, 1 (um) advogado indicado pela
reincidência, específica ou não, mediante a realização de avaliações Seção da Ordem dos Advogados do Brasil, 1 (um) Defensor Público
periódicas e de estatísticas criminais. (2018) indicado pelo Defensor Público Geral e 1 (um) assistente social
§ 1º Incumbem também ao Departamento a coordenação e escolhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional de
supervisão dos estabelecimentos penais e de internamento federais. Assistentes Sociais.
(2018) Parágrafo único. Na falta da representação prevista neste
§ 2º Os resultados obtidos por meio do monitoramento e das artigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha dos integrantes
avaliações periódicas previstas no inciso VII do caput deste artigo do Conselho.
serão utilizados para, em função da efetividade da progressão
especial para a ressocialização das mulheres de que trata o § 3º do Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:
art. 112 desta Lei, avaliar eventual desnecessidade do regime I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos
fechado de cumprimento de pena para essas mulheres nos casos de penais existentes na comarca;
crimes cometidos sem violência ou grave ameaça. (2018) II - entrevistar presos;
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução e ao
SEÇÃO II Conselho Penitenciário;
Do Departamento Penitenciário Local IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos
Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento para melhor assistência ao preso ou internado, em harmonia com a
Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que estabelecer. direção do estabelecimento.

Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão similar, CAPÍTULO IX


tem por finalidade supervisionar e coordenar os estabelecimentos DA DEFENSORIA PÚBLICA
penais da Unidade da Federação a que pertencer. Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular execução
Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput deste artigo da pena e da medida de segurança, oficiando, no processo
realizarão o acompanhamento de que trata o inciso VII do caput do executivo e nos incidentes da execução, para a defesa dos
art. 72 desta Lei e encaminharão ao Departamento Penitenciário necessitados em todos os graus e instâncias, de forma individual e
Nacional os resultados obtidos. (2018) coletiva.

SEÇÃO III Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública:


Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Penais I - requerer:
Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabelecimento a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do
deverá satisfazer os seguintes requisitos: processo executivo;
I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, ou b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que de
Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Serviços Sociais; qualquer modo favorecer o condenado;

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c) a declaração de extinção da punibilidade; II - serviços relacionados à execução de trabalho pelo preso.
d) a unificação de penas; § 1o A execução indireta será realizada sob supervisão e
e) a detração e remição da pena; fiscalização do poder público.
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de § 2o Os serviços relacionados neste artigo poderão
execução; compreender o fornecimento de materiais, equipamentos, máquinas
g) a aplicação de medida de segurança e sua revogação, bem e profissionais.
como a substituição da pena por medida de segurança;
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a Art. 83-B. São indelegáveis as funções de direção, chefia
suspensão condicional da pena, o livramento condicional, a e coordenação no âmbito do sistema penal, bem como todas as
comutação de pena e o indulto; atividades que exijam o exercício do poder de polícia, e
i) a autorização de saídas temporárias; notadamente:
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento da I - classificação de condenados;
situação anterior; II - aplicação de sanções disciplinares;
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra III - controle de rebeliões;
comarca; IV - transporte de presos para órgãos do Poder Judiciário,
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1o do hospitais e outros locais externos aos estabelecimentos penais.
art. 86 desta Lei;
II - requerer a emissão anual do atestado de pena a cumprir; Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado
III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade por sentença transitada em julgado.
judiciária ou administrativa durante a execução;
§ 1o Os presos provisórios ficarão separados de acordo com
IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
os seguintes critérios:
administrativa para instauração de sindicância ou procedimento
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou
administrativo em caso de violação das normas referentes à
equiparados;
execução penal;
II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência
V - visitar os estabelecimentos penais, tomando providências
ou grave ameaça à pessoa;
para o adequado funcionamento, e requerer, quando for o caso, a
III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções
apuração de responsabilidade;
diversos dos apontados nos incisos I e II.
VI - requerer à autoridade competente a interdição, no todo ou
em parte, de estabelecimento penal. § 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará Administração da Justiça Criminal ficará em dependência separada.
periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a sua § 3o Os presos condenados ficarão separados de acordo
presença em livro próprio. com os seguintes critérios:
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou
TÍTULO IV equiparados;
Dos Estabelecimentos Penais II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos
CAPÍTULO I com violência ou grave ameaça à pessoa;
Disposições Gerais III - primários condenados pela prática de crimes cometidos
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao com violência ou grave ameaça à pessoa;
condenado, ao submetido à medida de segurança, ao preso IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou
provisório e ao egresso. contravenções em situação diversa das previstas nos incisos I, II e
§ 1° A mulher e o maior de 60 (sessenta) anos, III.
separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e § 4o O preso que tiver sua integridade física, moral ou
adequado à sua condição pessoal. psicológica ameaçada pela convivência com os demais presos ficará
§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar segregado em local próprio.
estabelecimentos de destinação diversa desde que devidamente
isolados. Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação
compatível com a sua estrutura e finalidade.
Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Criminal e
deverá contar em suas dependências com áreas e serviços Penitenciária determinará o limite máximo de capacidade do
destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e estabelecimento, atendendo a sua natureza e peculiaridades.
prática esportiva.
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de estudantes Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela
universitários. Justiça de uma Unidade Federativa podem ser executadas em outra
§ 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão unidade, em estabelecimento local ou da União.
dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus § 1o A União Federal poderá construir estabelecimento penal
filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de em local distante da condenação para recolher os condenados,
idade. quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou
§ 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste artigo do próprio condenado.
deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na § 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele poderão
segurança de suas dependências internas. trabalhar os liberados ou egressos que se dediquem a obras
§ 4o Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos do públicas ou ao aproveitamento de terras ociosas.
ensino básico e profissionalizante. § 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da autoridade
§ 5o Haverá instalação destinada à Defensoria Pública. administrativa definir o estabelecimento prisional adequado para
abrigar o preso provisório ou condenado, em atenção ao regime e
Art. 83-A. Poderão ser objeto de execução indireta as aos requisitos estabelecidos.
atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares
desenvolvidas em estabelecimentos penais, e notadamente: CAPÍTULO II
I - serviços de conservação, limpeza, informática, Da Penitenciária
copeiragem, portaria, recepção, reprografia, telecomunicações, Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de
lavanderia e manutenção de prédios, instalações e equipamentos reclusão, em regime fechado.
internos e externos; Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito
Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias destinadas,

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exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam
em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos CAPÍTULO VI
termos do art. 52 desta Lei. Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no artigo
conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. 26 e seu parágrafo único do Código Penal.
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular: Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, o
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à
existência humana; Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados). necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os internados.

Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo 97,
penitenciária de mulheres será dotada de seção para gestante e segunda parte, do Código Penal, será realizado no Hospital de
parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local com
meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a dependência médica adequada.
criança desamparada cuja responsável estiver presa.
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche CAPÍTULO VII
referidas neste artigo: Da Cadeia Pública
I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento de
diretrizes adotadas pela legislação educacional e em unidades presos provisórios.
autônomas; e
II – horário de funcionamento que garanta a melhor Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia
assistência à criança e à sua responsável. pública a fim de resguardar o interesse da Administração da Justiça
Criminal e a permanência do preso em local próximo ao seu meio
social e familiar.
Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em local
afastado do centro urbano, à distância que não restrinja a visitação.
Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo será
instalado próximo de centro urbano, observando-se na construção as
CAPÍTULO III
exigências mínimas referidas no artigo 88 e seu parágrafo único
Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
desta Lei.
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se
ao cumprimento da pena em regime semi-aberto.
TÍTULO V
Da Execução das Penas em Espécie
Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compartimento
CAPÍTULO I
coletivo, observados os requisitos da letra a, do parágrafo único, do
Das Penas Privativas de Liberdade
artigo 88, desta Lei.
SEÇÃO I
Parágrafo único. São também requisitos básicos das
Disposições Gerais
dependências coletivas:
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena
a) a seleção adequada dos presos;
privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz
b) o limite de capacidade máxima que atenda os objetivos de
ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução.
individualização da pena.
Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, que a
CAPÍTULO IV
rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz, será remetida
Da Casa do Albergado
à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá:
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de
I - o nome do condenado;
pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de
II - a sua qualificação civil e o número do registro geral no
limitação de fim de semana.
órgão oficial de identificação;
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória,
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado
bem como certidão do trânsito em julgado;
dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de
IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de
obstáculos físicos contra a fuga.
instrução;
V - a data da terminação da pena;
Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do
VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao
Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar
adequado tratamento penitenciário.
os presos, local adequado para cursos e palestras.
§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para os
recolhimento.
serviços de fiscalização e orientação dos condenados.
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que
sobrevier modificação quanto ao início da execução ou ao tempo de
CAPÍTULO V
duração da pena.
Do Centro de Observação
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário da
Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exames
Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia, menção dessa
gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados à
circunstância, para fins do disposto no § 2°, do artigo 84, desta Lei.
Comissão Técnica de Classificação.
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pesquisas
Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento de
criminológicas.
pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela autoridade
judiciária.
Art. 97. O Centro de Observação será instalado em unidade
§ 1° A autoridade administrativa incumbida da execução
autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.
passará recibo da guia de recolhimento para juntá-la aos autos do
processo, e dará ciência dos seus termos ao condenado.
Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comissão
§ 2º As guias de recolhimento serão registradas em livro
Técnica de Classificação, na falta do Centro de Observação.
especial, segundo a ordem cronológica do recebimento, e anexadas

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ao prontuário do condenado, aditando-se, no curso da execução, o III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização
cálculo das remições e de outras retificações posteriores. judicial;
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será atividades, quando for determinado.
internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. STJ: É lícito ao Juiz estabelecer condições especiais para a concessão
do regime aberto, em complementação daquelas previstas no art. 115,
Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto da LEP, mas não poderá adotar a esse título nenhum efeito já
em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por outro motivo não classificado como pena substitutiva (art. 44 do CPB), porque aí ocorreria
o indesejável bis in idem, importando na aplicação de dúplice sanção.
estiver preso. REsp. 1.107.314/PR e HC 212.692/SP

SEÇÃO II
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas,
Dos Regimes
de ofício, a requerimento do Ministério Público, da autoridade
Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o
administrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias assim
condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade,
o recomendem.
observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código
Penal.
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário
de regime aberto em residência particular quando se tratar de:
Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime,
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do
II - condenado acometido de doença grave;
regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou
unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou
mental;
remição.
IV - condenada gestante.
Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da
execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará
cumprida, para determinação do regime.
sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos
regimes mais rigorosos, quando o condenado:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
forma progressiva com a transferência para regime menos
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido
ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo
ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior e ostentar bom
111).
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da
§ 1o A decisão será sempre motivada e precedida de
execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.
manifestação do Ministério Público e do defensor.
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá
§ 2o Idêntico procedimento será adotado na concessão de
ser ouvido previamente o condenado.
livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados
os prazos previstos nas normas vigentes. STJ: Súmula 491 - É inadmissível a chamada progressão per saltum de
regime prisional.
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou STF: A prática de falta grave pode resultar, observado o contraditório e a
responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos ampla defesa, em regressão de regime. A prática de ‘fato definido
para progressão de regime são, cumulativamente: (2018) como crime doloso, para fins de aplicação da sanção administrativa da
I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a regressão, não depende de trânsito em julgado da ação penal
respectiva.
pessoa; (2018) A natureza jurídica da regressão de regime lastreada nas hipóteses do
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou art. 118, I,da Lei de Execuções Penais é sancionatória, enquanto aquela
dependente; (2018) baseada no inciso II tem por escopo a correta individualização da pena.
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime A regressão aplicada sob o fundamento do art. 118, I, segunda parte,
anterior; (2018) não ofende ao princípio da presunção de inocência ou ao vetor
estrutural da dignidade da pessoa humana. (HC 93782/2008.)
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do estabelecimento; (2018)
V - não ter integrado organização criminosa. (2018) Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave complementares para o cumprimento da pena privativa de liberdade
implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo. em regime aberto (artigo 36, § 1º, do Código Penal).
(2018)
SEÇÃO III
Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto supõe Das Autorizações de Saída
a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz. SUBSEÇÃO I
Da Permissão de Saída
Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime
condenado que: fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando
imediatamente; ocorrer um dos seguintes fatos:
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira,
exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, ascendente, descendente ou irmão;
com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime. II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as artigo 14).
pessoas referidas no artigo 117 desta Lei. Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo
diretor do estabelecimento onde se encontra o preso.
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais
para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento
condições gerais e obrigatórias: terá a duração necessária à finalidade da saída.
I - permanecer no local que for designado, durante o repouso
e nos dias de folga; SUBSEÇÃO II
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados; Da Saída Temporária

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Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime § 5o O tempo a remir em função das horas de estudo será
semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino
estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena,
I - visita à família; desde que certificada pelo órgão competente do sistema de
II - frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como educação.
de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou
Execução; semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela
III - participação em atividades que concorram para o retorno frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional,
ao convívio social. parte do tempo de execução da pena ou do período de prova,
Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.
utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo § 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão
condenado, quando assim determinar o juiz da execução. cautelar.
§ 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos
Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do o Ministério Público e a defesa.
Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração
penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos: Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até
I - comportamento adequado; 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57,
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente;
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. Art. 128. O tempo remido será computado como pena
cumprida, para todos os efeitos.
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não
superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará
vezes durante o ano. mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de todos os
§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação
beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender dos dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de
compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do atividades de ensino de cada um deles.
condenado: § 1o O condenado autorizado a estudar fora do
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio de
visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; aproveitamento escolar.
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e § 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias remidos.
estabelecimentos congêneres.
§ 2o Quando se tratar de frequência a curso Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Penal
profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de
de saída será o necessário para o cumprimento das atividades instruir pedido de remição.
discentes.
STF: Não se admite a remição pelo trabalho no regime aberto. A
§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente razão estaria no art. 36, parágrafo 1º, do CP, que aduz ser necessário
poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) que o apenado que cumpre pena em regime aberto trabalhe, frequente
dias de intervalo entre uma e outra. curso ou exerça outra atividade autorizada. Nessa linha, a realização de
atividade laboral nesse regime de cumprimento de pena não seja, como
nos demais estímulo para que o condenado, trabalhando, tivesse direito
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando
à remição da pena, na medida em que, nesse regime, o labor não seria
o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por senão pressuposto da nova condição de cumprimento de pena. (HC
falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou 98261/RS)
revelar baixo grau de aproveitamento do curso.
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporária
SEÇÃO V
dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento da
Do Livramento Condicional
punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do
Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido
condenado.
pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo 83, incisos
e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e
SEÇÃO IV
Conselho Penitenciário.
Da Remição
Código Penal:
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime “Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado
fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde
parte do tempo de execução da pena. que:
§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for
reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
razão de: II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência doloso;
escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da
profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para
profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. causado pela infração;
§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por
artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e
metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico
em crimes dessa natureza.
autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com
§ 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará
diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se também subordinada à constatação de condições”
compatibilizarem. pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
§ 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no
trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição.

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Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas
a que fica subordinado o livramento. obrigações e auxiliando-o na obtenção de atividade laborativa.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as Parágrafo único. A entidade encarregada da observação
obrigações seguintes: (Condições obrigatórias) cautelar e da proteção do liberado apresentará relatório ao Conselho
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto Penitenciário, para efeito da representação prevista nos artigos 143
para o trabalho; e 144 desta Lei.
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-se-á nas
sem prévia autorização deste. hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do Código Penal.
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na
entre outras obrigações, as seguintes: (Condições facultativas) hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir o liberado
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à ou agravar as condições.
autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada; Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal
c) não frequentar determinados lugares. anterior à vigência do livramento, computar-se-á como tempo de
d) (VETADO) cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para a
concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas)
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da comarca penas.
do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da sentença do livramento
ao Juízo do lugar para onde ele se houver transferido e à autoridade Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se
incumbida da observação cautelar e de proteção. computará na pena o tempo em que esteve solto o liberado, e
tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de livramento.
apresentar-se imediatamente às autoridades referidas no artigo
anterior. Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do
Ministério Público, mediante representação do Conselho
Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livramento, os Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.
autos baixarão ao Juízo da execução, para as
providências cabíveis. Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Público, da Defensoria Pública ou mediante representação do
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de Conselho Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá modificar as
livramento com a cópia integral da sentença em 2 (duas) vias, condições especificadas na sentença, devendo o respectivo ato
remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da decisório ser lido ao liberado por uma das autoridades ou
execução e outra ao Conselho Penitenciário. funcionários indicados no inciso I do caput do art. 137 desta Lei,
observado o disposto nos incisos II e III e §§ 1 o e 2o do mesmo
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada artigo.
solenemente no dia marcado pelo Presidente do Conselho
Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida a pena, Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz
observando-se o seguinte: poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional,
condenados, pelo Presidente do Conselho Penitenciário ou membro cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.
por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do
liberando para as condições impostas na sentença de livramento; Ministério Público ou mediante representação do Conselho
III - o liberando declarará se aceita as condições. Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por o prazo do livramento sem revogação.
quem presidir a cerimônia e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se
não souber ou não puder escrever. Seção VI
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da Da Monitoração Eletrônica
execução. Art. 146-A. (VETADO).
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe- monitoração eletrônica quando:
á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que lhe pertencer, I - (VETADO);
uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou administrativa, II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;
sempre que lhe for exigida. III - (VETADO);
§ 1º A caderneta conterá: IV - determinar a prisão domiciliar;
a) a identificação do liberado; V - (VETADO);
b) o texto impresso do presente Capítulo; Parágrafo único. (VETADO).
c) as condições impostas.
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados
salvo-conduto, em que constem as condições do livramento, que deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes
podendo substituir-se a ficha de identificação ou o seu retrato pela deveres:
descrição dos sinais que possam identificá-lo. I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações;
para consignar-se o cumprimento das condições referidas no artigo II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar
132 desta Lei. de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de
permitir que outrem o faça;
Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas por III - (VETADO);
serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho da Comunidade Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres
terão a finalidade de: previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da
I - fazer observar o cumprimento das condições especificadas execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:
na sentença concessiva do benefício; I - a regressão do regime;

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II - a revogação da autorização de saída temporária; comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do
III - (VETADO); condenado.
IV - (VETADO);
V - (VETADO); SEÇÃO IV
VI - a revogação da prisão domiciliar; Da Interdição Temporária de Direitos
VII - advertência, por escrito, para todos os casos em que o Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à autoridade
juiz da execução decida não aplicar alguma das medidas previstas competente a pena aplicada, determinada a intimação do
nos incisos de I a VI deste parágrafo. condenado.
§ 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47, inciso I,
Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revogada: do Código Penal, a autoridade deverá, em 24 (vinte e quatro) horas,
I - quando se tornar desnecessária ou inadequada; contadas do recebimento do ofício, baixar ato, a partir do qual a
II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que execução terá seu início.
estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave. § 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do Código
Penal, o Juízo da execução determinará a apreensão dos
CAPÍTULO II documentos, que autorizam o exercício do direito interditado.
Das Penas Restritivas de Direitos
SEÇÃO I Art. 155. A autoridade deverá comunicar imediatamente ao
Disposições Gerais Juiz da execução o descumprimento da pena.
Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo poderá
pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a ser feita por qualquer prejudicado.
requerimento do Ministério Público, promoverá a execução,
podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração CAPÍTULO III
de entidades públicas ou solicitá-la a particulares. Da Suspensão Condicional
Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2 (dois) a
Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz, 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa de liberdade, não
motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das penas de superior a 2 (dois) anos, na forma prevista nos artigos 77 a 82 do
prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de Código Penal.
semana, ajustando-as às condições pessoais do condenado e às
características do estabelecimento, da entidade ou do programa Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena
comunitário ou estatal. privativa de liberdade, na situação determinada no artigo anterior,
deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão
SEÇÃO II condicional, quer a conceda, quer a denegue.
Da Prestação de Serviços à Comunidade
Art. 149. Caberá ao Juiz da execução: Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará as
I - designar a entidade ou programa comunitário ou estatal, condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo fixado,
devidamente credenciado ou convencionado, junto ao qual o começando este a correr da audiência prevista no artigo 160 desta
condenado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com as suas Lei.
aptidões; § 1° As condições serão adequadas ao fato e à situação
II - determinar a intimação do condenado, cientificando-o da pessoal do condenado, devendo ser incluída entre as mesmas a de
entidade, dias e horário em que deverá cumprir a pena; prestar serviços à comunidade, ou limitação de fim de semana, salvo
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às hipótese do artigo 78, § 2º, do Código Penal.
modificações ocorridas na jornada de trabalho. § 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais e requerimento do Ministério Público ou mediante proposta do
será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em dias úteis, Conselho Penitenciário, modificar as condições e regras
de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho, nos horários estabelecidas na sentença, ouvido o condenado.
estabelecidos pelo Juiz. § 3º A fiscalização do cumprimento das condições, reguladas
§ 2º A execução terá início a partir da data do primeiro nos Estados, Territórios e Distrito Federal por normas supletivas,
comparecimento. será atribuída a serviço social penitenciário, Patronato, Conselho da
Comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços,
Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de serviços inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público,
encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução, relatório ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das
circunstanciado das atividades do condenado, bem como, a qualquer normas supletivas.
tempo, comunicação sobre ausência ou falta disciplinar. § 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à entidade
fiscalizadora, para comprovar a observância das condições a que
SEÇÃO III está sujeito, comunicará, também, a sua ocupação e os salários ou
Da Limitação de Fim de Semana proventos de que vive.
Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a intimação § 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente
do condenado, cientificando-o do local, dias e horário em que deverá ao órgão de inspeção, para os fins legais, qualquer fato capaz de
cumprir a pena. acarretar a revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a
Parágrafo único. A execução terá início a partir da data do modificação das condições.
primeiro comparecimento. § 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita
comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do local da nova
Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o residência, aos quais o primeiro deverá apresentar-se
tempo de permanência, cursos e palestras, ou atribuídas atividades imediatamente.
educativas.
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for
mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer as condições do
agressor a programas de recuperação e reeducação. benefício.
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal modificar
Art. 153. O estabelecimento designado encaminhará, as condições estabelecidas na sentença recorrida.
mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim § 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional da
pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execução a incumbência

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de estabelecer as condições do benefício, e, em qualquer caso, a de estiver sendo executada, poderá aquela ser cobrada mediante
realizar a audiência admonitória. desconto na remuneração do condenado (artigo 168).
§ 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de liberdade ou
Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenatória, o obtiver livramento condicional, sem haver resgatado a multa, far-se-á
Juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o das a cobrança nos termos deste Capítulo.
consequências de nova infração penal e do descumprimento das § 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos casos
condições impostas. em que for concedida a suspensão condicional da pena.

Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo TÍTULO VI
de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer injustificadamente à Da Execução das Medidas de Segurança
audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será CAPÍTULO I
executada imediatamente a pena. Disposições Gerais
Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar
Art. 162. A revogação da suspensão condicional da pena e a medida de segurança, será ordenada a expedição de guia para a
prorrogação do período de prova dar-se-ão na forma do artigo 81 e execução.
respectivos parágrafos do Código Penal.
Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Custódia
Art. 163. A sentença condenatória será registrada, com a nota e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamento
de suspensão em livro especial do Juízo a que couber a execução ambulatorial, para cumprimento de medida de segurança, sem a
da pena. guia expedida pela autoridade judiciária.
§ 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o fato
averbado à margem do registro. Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento
§ 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para ambulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as
efeito de informações requisitadas por órgão judiciário ou pelo folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida à autoridade
Ministério Público, para instruir processo penal. administrativa incumbida da execução e conterá:
I - a qualificação do agente e o número do registro geral do
CAPÍTULO IV órgão oficial de identificação;
Da Pena de Multa II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplicado
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com a medida de segurança, bem como a certidão do trânsito em julgado;
trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o III - a data em que terminará o prazo mínimo de internação,
Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do ou do tratamento ambulatorial;
condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao
ou nomear bens à penhora. adequado tratamento ou internamento.
§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o § 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de
depósito da respectiva importância, proceder-se-á à penhora de recolhimento e de sujeição a tratamento.
tantos bens quantos bastem para garantir a execução. § 2° A guia será retificada sempre que sobrevier modificações
§ 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior execução quanto ao prazo de execução.
seguirão o que dispuser a lei processual civil.
Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de segurança,
Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e 9° desta Lei.
apartados serão remetidos ao Juízo Cível para prosseguimento.
CAPÍTULO II
Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-á Da Cessação da Periculosidade
prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164, desta Lei. Art. 175. A cessação da periculosidade será averiguada no
fim do prazo mínimo de duração da medida de segurança, pelo
Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa quando exame das condições pessoais do agente, observando-se o
sobrevier ao condenado doença mental (artigo 52 do Código Penal). seguinte:
I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de
Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da multa expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá ao Juiz
se efetue mediante desconto no vencimento ou salário do minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou
condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1º, do Código Penal, permanência da medida;
observando-se o seguinte: II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;
I - o limite máximo do desconto mensal será o da quarta parte III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências,
da remuneração e o mínimo o de um décimo; serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Público e o curador ou
II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a quem de defensor, no prazo de 3 (três) dias para cada um;
direito; IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que
III - o responsável pelo desconto será intimado a recolher não o tiver;
mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância determinada. V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,
poderá determinar novas diligências, ainda que expirado o prazo de
Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o artigo 164 duração mínima da medida de segurança;
desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o pagamento da VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se
multa em prestações mensais, iguais e sucessivas. refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 5
§ 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligências (cinco) dias.
para verificar a real situação econômica do condenado e, ouvido o
Ministério Público, fixará o número de prestações. Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo
§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de situação mínimo de duração da medida de segurança, poderá o Juiz da
econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, execução, diante de requerimento fundamentado do Ministério
revogará o benefício executando-se a multa, na forma prevista neste Público ou do interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o
Capítulo, ou prosseguindo-se na execução já iniciada. exame para que se verifique a cessação da periculosidade,
procedendo-se nos termos do artigo anterior.
Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada
cumulativamente com pena privativa da liberdade, enquanto esta

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Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a cessação CAPÍTULO III
da periculosidade, observar-se-á, no que lhes for aplicável, o Da Anistia e do Indulto
disposto no artigo anterior. Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a
requerimento do interessado ou do Ministério Público, por proposta
Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de liberação da autoridade administrativa ou do Conselho Penitenciário,
(artigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o disposto nos artigos declarará extinta a punibilidade.
132 e 133 desta Lei.
Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do
ordem para a desinternação ou a liberação. Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa.

TÍTULO VII Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos documentos


Dos Incidentes de Execução que a instruírem, será entregue ao Conselho Penitenciário, para a
CAPÍTULO I elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao Ministério da
Das Conversões Justiça.
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)
anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos, desde que: Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do
I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto; processo e do prontuário, promoverá as diligências que entender
II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pena; necessárias e fará, em relatório, a narração do ilícito penal e dos
III - os antecedentes e a personalidade do condenado fundamentos da sentença condenatória, a exposição dos
indiquem ser a conversão recomendável. antecedentes do condenado e do procedimento deste depois da
prisão, emitindo seu parecer sobre o mérito do pedido e
Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em esclarecendo qualquer formalidade ou circunstâncias omitidas na
privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo 45 e seus petição.
incisos do Código Penal.
§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com
convertida quando o condenado: documentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a petição será
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, submetida a despacho do Presidente da República, a quem serão
ou desatender a intimação por edital; presentes os autos do processo ou a certidão de qualquer de suas
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou peças, se ele o determinar.
programa em que deva prestar serviço;
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do
foi imposto; decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos
d) praticar falta grave; termos do decreto, no caso de comutação.
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de
liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa. Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto coletivo,
§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério
quando o condenado não comparecer ao estabelecimento designado Público, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário ou da autoridade
para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade administrativa, providenciará de acordo com o disposto no artigo
determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das anterior.
letras "a", "d" e "e" do parágrafo anterior.
§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será TÍTULO VIII
convertida quando o condenado exercer, injustificadamente, o direito Do Procedimento Judicial
interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a" e "e", Art. 194. O procedimento correspondente às situações
do § 1º, deste artigo. previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Juízo
da execução.
Art. 182. (Revogado)
Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício, a
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de requerimento do Ministério Público, do interessado, de quem o
liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, represente, de seu cônjuge, parente ou descendente, mediante
o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria proposta do Conselho Penitenciário, ou, ainda, da autoridade
Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a administrativa.
substituição da pena por medida de segurança.
Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-se, em 3
Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em (três) dias, o condenado e o Ministério Público, quando não figurem
internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida. como requerentes da medida.
Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de § 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz
internação será de 1 (um) ano. decidirá de plano, em igual prazo.
§ 2º Entendendo indispensável a realização de prova pericial
CAPÍTULO II ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a produção daquela ou na
Do Excesso ou Desvio audiência designada.
Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sempre que
algum ato for praticado além dos limites fixados na sentença, em Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de
normas legais ou regulamentares. agravo, sem efeito suspensivo.

Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou desvio de TÍTULO IX


execução: Das Disposições Finais e Transitórias
I - o Ministério Público; Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da execução
II - o Conselho Penitenciário; penal, e ao servidor, a divulgação de ocorrência que perturbe a
III - o sentenciado; segurança e a disciplina dos estabelecimentos, bem como exponha
IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal. o preso à inconveniente notoriedade, durante o cumprimento da
pena.

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Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por decreto Art. 1º A nenhuma pessoa física, bem como a nenhuma pessoa
federal. jurídica, de direito público ou de direito privado, é lícito reter qualquer
documento de identificação pessoal, ainda que apresentado por
Art. 200. O condenado por crime político não está obrigado ao fotocópia autenticada ou pública-forma, inclusive comprovante de
trabalho. quitação com o serviço militar, título de eleitor, carteira profissional,
certidão de registro de nascimento, certidão de casamento,
Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o comprovante de naturalização e carteira de identidade de
cumprimento da prisão civil e da prisão administrativa se efetivará estrangeiro.
em seção especial da Cadeia Pública.
Art. 2º Quando, para a realização de determinado ato, for
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha exigida a apresentação de documento de identificação, a pessoa que
corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou fizer a exigência fará extrair, no prazo de até 5 (cinco) dias, os dados
por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à que interessarem devolvendo em seguida o documento ao seu
condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova exibidor.
infração penal ou outros casos expressos em lei. § 1º - Além do prazo previsto neste artigo, somente por ordem
judicial poderá ser retido qualquer documento de identificação
Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da publicação pessoal.
desta Lei, serão editadas as normas complementares ou § 2º - Quando o documento de identidade for indispensável para
regulamentares, necessárias à eficácia dos dispositivos não auto- a entrada de pessoa em órgãos públicos ou particulares, serão seus
aplicáveis. dados anotados no ato e devolvido o documento imediatamente ao
§ 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades interessado.
Federativas, em convênio com o Ministério da Justiça, projetar a
adaptação, construção e equipamento de estabelecimentos e Art. 3º Constitui contravenção penal, punível com pena de
serviços penais previstos nesta Lei. prisão simples de 1 (um) a 3 (três) meses ou multa de NCR$ 0,50
§ 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser providenciada a (cinquenta centavos) a NCR$ 3,00 (três cruzeiros novos), a retenção
aquisição ou desapropriação de prédios para instalação de casas de de qualquer documento a que se refere esta Lei.
albergados. Parágrafo único. Quando a infração for praticada por preposto
§ 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo poderá ser ou agente de pessoa jurídica, considerar-se-á responsável quem
ampliado, por ato do Conselho Nacional de Política Criminal e houver ordenado o ato que ensejou a retenção, a menos que haja ,
Penitenciária, mediante justificada solicitação, instruída com os pelo executante, desobediência ou inobservância de ordens ou
projetos de reforma ou de construção de estabelecimentos. instruções expressas, quando, então, será este o infrator.
§ 4º O descumprimento injustificado dos deveres
estabelecidos para as Unidades Federativas implicará na suspensão Art. 4º O Poder Executivo regulamentará a presente Lei dentro
de qualquer ajuda financeira a elas destinada pela União, para do prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de sua publicação.
atender às despesas de execução das penas e medidas de
segurança.

Lei nº 5.553 / 1968


Apresentação e Uso de Documentos
de Identificação Pessoal.

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d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá
recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de 2/3 (dois
Constituição da República Federativa terços) de seus membros, conforme procedimento próprio, e
do Brasil de 1988 assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a
indicação;
CAPÍTULO III e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver
DO PODER JUDICIÁRIO autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los
Seção I ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
DISPOSIÇÕES GERAIS III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou
I - o Supremo Tribunal Federal; única entrância;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento
e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do
II - o Superior Tribunal de Justiça;
processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (2016) reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; magistrados;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; corresponderá a 95% (noventa e cinco por cento) do subsídio
mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas
Territórios. categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença
Apesar de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ser órgão do Poder entre uma e outra ser superior a 10% (dez por cento) ou inferior a
Judiciário, ele não possui competência jurisdicional. 5% (cinco por cento), nem exceder a 95% (noventa e cinco por
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de cento) do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores,
Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus
Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. dependentes observarão o disposto no art. 40;
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
autorização do tribunal;
VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do
magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto
da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa;
VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de
comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas
alíneas a , b , c e e do inciso II;
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal sigilo não prejudique o interesse público à informação;
Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os X as decisões administrativas dos tribunais serão
seguintes princípios: motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a XI nos tribunais com número superior a 25 (vinte e cinco)
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, 3 (três) anos de de 11 (onze) e o máximo de 25 (vinte e cinco) membros, para o
atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas
classificação; da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;
por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas: XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por 3 (três) férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando,
vezes consecutivas ou 5 (cinco) alternadas em lista de merecimento; nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em
b) a promoção por merecimento pressupõe 2 (dois) anos de plantão permanente;
exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será
parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população;
requisitos quem aceite o lugar vago; XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório;
critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da XV a distribuição de processos será imediata, em todos os
jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou graus de jurisdição.
reconhecidos de aperfeiçoamento;

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Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério
Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber competência da Justiça Eleitoral.
jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus
representação das respectivas classes. (Quinto constitucional)
membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias Poder Público.
subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
STF: Súmula vinculante 10 - Viola a cláusula de reserva de plenário (CF,
art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte.
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida
após 2 (dois) anos de exercício, dependendo a perda do cargo,
nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os
vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em Estados criarão:
julgado; I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução
na forma do art. 93, VIII; de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral
arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: primeiro grau;
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos
função, salvo uma de magistério; pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de
participação em processo; ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de
III - dedicar-se à atividade político-partidária. habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais
ressalvadas as exceções previstas em lei; no âmbito da Justiça Federal.
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, § 2º As custas e emolumentos serão destinados
antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades
aposentadoria ou exoneração. (Quarentena) específicas da Justiça.

Art. 96. Compete privativamente: Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
I - aos tribunais: administrativa e financeira.
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias
internos, com observância das normas de processo e das garantias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais
processuais das partes, dispondo sobre a competência e o Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros
administrativos; tribunais interessados, compete:
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal
juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos
correicional respectiva; respectivos tribunais;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e
juiz de carreira da respectiva jurisdição; Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a
d) propor a criação de novas varas judiciárias; aprovação dos respectivos tribunais.
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as
títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido
necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará,
assim definidos em lei; para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os
valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente
vinculados; § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo
forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários
e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual.
observado o disposto no art. 169:
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de
serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas,
como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
dos tribunais inferiores, onde houver;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença
judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de

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apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta
aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e de poupança, ficando excluída a incidência de juros
suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações compensatórios.
por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em • Os trechos acima taxados foram declarados inconstitucionais pelo
virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos STF.
com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus
aqueles referidos no § 2º deste artigo créditos em precatórios a terceiros, independentemente da
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o
originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos disposto nos §§ 2º e 3º.
de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após
deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de
preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente origem e à entidade devedora.
ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo,
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar
admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante
a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para
será pago na ordem cronológica de apresentação do
pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e
precatório. (2016)
Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à forma e prazo de liquidação.
expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União
obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as
poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito
Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial
Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.
transitada em julgado.
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por
leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, aferirão mensalmente, em base anual, o comprometimento de suas
segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento de
igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência precatórios e obrigações de pequeno valor. (2016)
social. § 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de de que trata o § 17, o somatório das receitas tributárias, patrimoniais,
direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, de
oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de
transferências correntes e outras receitas correntes, incluindo as
precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o
pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus oriundas do § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no
valores atualizados monetariamente. período compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as
consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao duplicidades, e deduzidas: (2016)
Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito
o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e
Federal e aos Municípios por determinação constitucional; (2016)
exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de
precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por
satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. determinação constitucional; (2016)
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos
comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular Municípios, a contribuição dos servidores para custeio de seu
de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá,
sistema de previdência e assistência social e as receitas
também, perante o Conselho Nacional de Justiça.
provenientes da compensação financeira referida no § 9º do art. 201
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares
da Constituição Federal. (2016)
ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento,
repartição ou quebra do valor da execução para fins de § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de
enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste condenações judiciais em precatórios e obrigações de pequeno
artigo. valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, comprometimento percentual da receita corrente líquida nos 5 (cinco)
independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a anos imediatamente anteriores, a parcela que exceder esse
título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e percentual poderá ser financiada, excetuada dos limites de
certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor
endividamento de que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da
original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas
vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução Constituição Federal e de quaisquer outros limites de endividamento
esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou previstos, não se aplicando a esse financiamento a vedação de
judicial. vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167 da
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará Constituição Federal. (2016)
à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, § 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze
sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os
por cento) do montante dos precatórios apresentados nos termos do
débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os
fins nele previstos. § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste precatório
serão pagos até o final do exercício seguinte e o restante em
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da
entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios parcelas iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas de
para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. juros de mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos,
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com
atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito

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atualizado, desde que em relação ao crédito não penda recurso ou Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma
defesa judicial e que sejam observados os requisitos definidos na única instância;
regulamentação editada pelo ente federado. (2016) j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
STF: Súmula 40 - A elevação da entrância da comarca não promove l) a reclamação para a preservação de sua competência e
automaticamente o juiz, mas não interrompe o exercício de suas funções garantia da autoridade de suas decisões;
na mesma comarca.
m) a execução de sentença nas causas de sua competência
STF: Súmula 731 - Para fim de competência originária do Supremo
Tribunal Federal, é de interesse geral da magistratura a questão de saber
originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de
se, em face da LOMAN, os juízes têm direito à licença-prêmio. atos processuais;
STF: Súmula 649 - É inconstitucional a criação, por Constituição estadual, n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam
de órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da
representantes de outros Poderes ou entidades.
metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou
STF: Súmula 46 - Desmembramento de serventia de justiça não viola o
princípio de vitaliciedade do serventuário. sejam direta ou indiretamente interessados;
STF: Súmula 627 - No mandado de segurança contra a nomeação de o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de
magistrado da competência do Presidente da República, este é Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre
considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da impetração
seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedimento.
estes e qualquer outro tribunal;
STF: Súmula 628 - Integrante de lista de candidatos a determinada vaga p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de
da composição de tribunal é parte legítima para impugnar a validade da inconstitucionalidade;
nomeação de concorrente.
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma
regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do
Seção II Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal
de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11
Supremo Tribunal Federal;
(onze) Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 (trinta
e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos de idade, de notável r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o
saber jurídico e reputação ilibada. Conselho Nacional do Ministério Público;
Os ministros do STF deverão ser obrigatoriamente brasileiros natos (CF, II - julgar, em recurso ordinário:
art. 12, §3). a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos
serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: a) contrariar dispositivo desta Constituição;
I - processar e julgar, originariamente: b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face
normativo federal ou estadual e a ação declaratória de desta Constituição.
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Controle abstrato de constitucionalidade: § 1.º A arguição de descumprimento de preceito
ADI -- Lei federal ou estadual
ADC -- Lei federal
fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo
ADPF -- Lei federal, estadual ou municipal Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo
o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. e municipal.
52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar
permanente; a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no
caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois
referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e terços de seus membros.
o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade
Supremo Tribunal Federal; e a ação declaratória de constitucionalidade:
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo I - o Presidente da República;
internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; II - a Mesa do Senado Federal;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara
respectivas entidades da administração indireta; Legislativa do Distrito Federal;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
h) (revogado) VI - o Procurador-Geral da República;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos
atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal VIII - partido político com representação no Congresso
Nacional

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IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a
nacional. eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração
ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
de competência do Supremo Tribunal Federal. multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a
para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser
competente para a adoção das providências necessárias e, em se provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. inconstitucionalidade
ADI por omissão Mandado de Injunção
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a
súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá
Motivo Falta de uma normatização Opera-se diante de um caso reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a
que regulamente algo que é concreto. A falta da norma
versado, tão somente, em está impedindo o exercício
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão
abstrato. dos direitos e liberdades judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou
constitucionais e das sem a aplicação da súmula, conforme o caso. (Reclamação
prerrogativas inerentes à Constitucional)
nacionalidade, à soberania
STF: Súmula 734 - Não cabe reclamação quando já houver transitado em
e à cidadania.
julgado o ato judicial que .se alega tenha desrespeitado decisão do STF.
Efeitos da Erga Omnes. Em regra, inter partes –
decisão salvo se o tribunal decidir
pelo uso da posição Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de
concretista geral. 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1
Legitimado para Somente os elencados no Qualquer pessoa ou grupo (uma) recondução, sendo:
propor art. 103. de pessoas. I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
Legitimado para Somente o STF (ou o TJ, no STF, STJ ou TJ. II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo
julgar caso de ADI por omissão
estadual).
respectivo tribunal;
III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo
Objetivo Dar efetividade a normas de Garantir o exercício dos
eficácia limitada. direitos e prerrogativas que
respectivo tribunal;
estão sendo frustrados. IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo
Tabela retirada da Constituição Federal Anotada para Concursos– Vitor Cruz Supremo Tribunal Federal;
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo
citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o Superior Tribunal de Justiça;
ato ou texto impugnado.
VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
§ 4.º (revogado)
VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo
LEGITIMADOS UNIVERSAIS: Tribunal Superior do Trabalho;
Não precisam demonstrar pertinência temática.
----- Presidente da República; IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do
----- PGR; Trabalho;
----- Conselho Federal da OAB;
----- Partido político com representação no Congresso Nacional;
X um membro do Ministério Público da União, indicado pelo
----- Mesa de qualquer das Casas Legislativas; Procurador-Geral da República;
XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo
LEGITIMADOS ESPECIAIS: Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo
Precisam demonstrar pertinência temática.
----- Mesa de Assembleia Legislativa Estadual ou Câmara Legislativa do órgão competente de cada instituição estadual;
DF; XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
----- Governador de Estado/DF; Ordem dos Advogados do Brasil;
----- Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação
* Pertinência temática é a demonstração de que são efetivamente ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo
interessados na causa. Senado Federal.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
--- § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo
STF: Súmula 614 - Somente o Procurador-Geral da Justiça tem Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-
legitimidade para propor ação direta interventiva por inconstitucionalidade Presidente do Supremo Tribunal Federal.
de Lei Municipal
STF: Súmula 642 - Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo
Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas
por provocação, mediante decisão de 2/3 (dois terços) dos seus neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.
membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação
aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento
terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
cancelamento, na forma estabelecida em lei. cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos
SÚMULA VINCULANTE - Requisitos: regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar
• Reiteradas decisões sobre matéria constitucional providências;
• De ofício ou por provocação
• Decisão de 2/3 dos seus membros II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou
mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos
praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo

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desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os
da competência do Tribunal de Contas da União; desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do
órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, União que oficiem perante tribunais;
podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
sanções administrativas, assegurada ampla defesa; c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o
a administração pública ou de abuso de autoridade; coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou
V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de a competência da Justiça Eleitoral;
um ano; d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais,
VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e
processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
diferentes órgãos do Poder Judiciário; diversos;
VII elaborar relatório anual, propondo as providências que e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus
julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as julgados;
atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do f) a reclamação para a preservação de sua competência e
Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao garantia da autoridade de suas decisões;
Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa. g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas
STF: Embora o Conselho Nacional de Justiça - CNJ - faça parte da e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado
estrutura constitucional do Poder Judiciário, ele não exerce função e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e
jurisdicional e possui natureza meramente administrativa. da União;
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma
função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade
processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes: competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça
I receber as reclamações e denúncias, de qualquer Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça
interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários; Federal;
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão
correição geral; de exequatur às cartas rogatórias;
III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes II - julgar, em recurso ordinário:
atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive a) os habeas corpus decididos em única ou última instância
nos Estados, Distrito Federal e Territórios. pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos b) os mandados de segurança decididos em única instância
Advogados do Brasil. pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou
e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou
Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando pessoa residente ou domiciliada no País;
diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou
Seção III pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA a decisão recorrida:
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
mínimo, 33 (trinta e três) Ministros. b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça federal;
serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco) atribuído outro tribunal.
anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal,
Justiça:
sendo:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
I – 1/3 (um terço) dentre juízes dos Tribunais Regionais
Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os
Federais e 1/3 (um terço) dentre desembargadores dos Tribunais
cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (ENFAM)
de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na
II – 1/3 (um terço), em partes iguais, dentre advogados e
forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça
membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito
Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema
Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.
e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter
vinculante. (CJF)
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:

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Seção IV V - os crimes previstos em tratado ou convenção
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado
FEDERAIS tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o
I - os Tribunais Regionais Federais; § 5º deste artigo;
II - os Juízes Federais. VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos
casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
econômico-financeira;
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no
STF: Súmula 736 - Compete à justiça do trabalho julgar as ações que
mínimo, 7 (sete) juízes, recrutados, quando possível, na respectiva tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas
região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.
com mais de 30 (trinta) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos,
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua
sendo:
competência ou quando o constrangimento provier de autoridade
I – 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10 (dez) cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra
Público Federal com mais de dez anos de carreira;
ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com tribunais federais;
mais de 5 (cinco) anos de exercício, por antiguidade e
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves,
merecimento, alternadamente.
ressalvada a competência da Justiça Militar;
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de
Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede.
estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
itinerante, com a realização de audiências e demais funções da nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar
na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser
fases do processo. aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela
onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou
onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no
I - processar e julgar, originariamente: foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que
da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; também processadas e julgadas pela justiça estadual.
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será
seus ou dos juízes federais da região; sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato juiz de primeiro grau.
do próprio Tribunal ou de juiz federal; § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos,
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o
federal; cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais
de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
e) os conflitos de competência entre juízes federais
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito
vinculados ao Tribunal;
ou processo, incidente de deslocamento de competência para a
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos Justiça Federal. (IDC)
juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência
federal da área de sua jurisdição.
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal,
constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as
empresa pública federal forem interessadas na condição de atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de justiça local, na forma da lei.
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;
Seção V (2016)
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionais
País; do Trabalho e dos Juízes do Trabalho
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:
Estado estrangeiro ou organismo internacional; I - o Tribunal Superior do Trabalho;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas III - Juízes do Trabalho.
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
§§ 1º a 3º (revogados)
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
Justiça Eleitoral;
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de
27 (vinte e sete) Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais
de 35 (trinta e cinco) anos e menos de 65 (sessenta e cinco) anos,

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de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do eleger árbitros.
Senado Federal, sendo: § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva
I 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10 (dez) ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar
anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do
Público do Trabalho com mais de 10 (dez) anos de efetivo Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas
exercício, observado o disposto no art. 94; legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do anteriormente.
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo GLOSSÁRIO
próprio Tribunal Superior. Dissídio coletivo – controvérsia entre pessoas jurídicas, categorias
profissionais (empregados) e econômicas (empregadores) ou os próprios
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior empregadores. A instauração de processo de dissídio coletivo é
do Trabalho. prerrogativa de entidade sindical – sindicatos, federações e confederações
de trabalhadores ou de empregadores. Dissídios coletivos buscam solução,
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do
junto à Justiça do Trabalho, para questões que não puderam ser
Trabalho: solucionadas pela negociação entre as partes e dizem respeito aos
I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de interesses das categorias, não de seus membros individualmente tomados.
Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, Dissídio individual – reclamação trabalhista resultante de controvérsia
relativa ao contrato individual de trabalho. É ajuizada numa Vara do
regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na Trabalho pelo empregado ou pelo empregador, pessoalmente ou por seu
carreira; (ENAMAT) representante, e pelos sindicatos de classe. Na Justiça do Trabalho não é
II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo- obrigatória a assistência de advogado, quando a lide é entre empregados e
empregadores.
lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, Glossário do TRT 2ª Região
orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com
primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas
possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do
decisões terão efeito vinculante. (CSJT)
Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e Trabalho decidir o conflito.
julgar, originariamente, a reclamação para a preservação de sua
competência e garantia da autoridade de suas decisões. (2016)
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se
de, no mínimo, 7 (sete) juízes, recrutados, quando possível, na
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre
nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes brasileiros com mais de 30 (trinta) e menos de 65 (sessenta e cinco)
de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do anos, sendo:
Trabalho.
I 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10 (dez)
anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, Público do Trabalho com mais de 10 (dez) anos de efetivo
jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos exercício, observado o disposto no art. 94;
órgãos da Justiça do Trabalho. II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por
antiguidade e merecimento, alternadamente.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os itinerante, com a realização de audiências e demais funções de
entes de direito público externo e da administração pública direta e atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
Municípios; § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar
II as ações que envolvam exercício do direito de greve; descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,
fases do processo.
entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
empregadores;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida
data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua por um juiz singular.
jurisdição; Parágrafo único. (revogado)
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição Art. 117. e Parágrafo único. (revogados)
trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, Seção VI
decorrentes da relação de trabalho; DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de
I - o Tribunal Superior Eleitoral;
trabalho;
II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas
no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das III - os Juízes Eleitorais;
sentenças que proferir; IV - as Juntas Eleitorais.
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na
forma da lei. Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no
Os crimes contra a organização do trabalho devem ser julgados pelos mínimo, de 7 (sete) membros, escolhidos:
juízes federais.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
---STF: Súmula 736 - Compete à justiça do trabalho julgar as ações que a) 3 (três) juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal
tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas Federal;
relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.

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b) 2 (dois) juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de oficiais-generais do Exército, 3 (três) dentre oficiais-generais da
Justiça; Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e 5
II - por nomeação do Presidente da República, 2 (dois) juízes (cinco) dentre civis.
dentre 6 (seis) advogados de notável saber jurídico e idoneidade Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo
moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Presidente da República dentre brasileiros maiores de 35 (trinta e
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu cinco) anos, sendo:
Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo I - 3 (três) dentre advogados de notório saber jurídico e
Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
Superior Tribunal de Justiça. profissional;
II – 2 (dois), por escolha paritária, dentre juízes auditores e
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital membros do Ministério Público da Justiça Militar.
de cada Estado e no Distrito Federal.
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os
I - mediante eleição, pelo voto secreto: crimes militares definidos em lei.
a) de 2 (dois) juízes dentre os desembargadores do Tribunal Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o
de Justiça; funcionamento e a competência da Justiça Militar.
b) de 2 (dois) juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo
Tribunal de Justiça; Seção VIII
II – de 1 (um) juiz do Tribunal Regional Federal com sede na DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS
Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados
federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal os princípios estabelecidos nesta Constituição.
respectivo; § 1º A competência dos tribunais será definida na
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de 2 (dois) Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de
juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade iniciativa do Tribunal de Justiça.
moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
Vice-Presidente- dentre os desembargadores. municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da
legitimação para agir a um único órgão.
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do
competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em
eleitorais. primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e,
em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal
§ 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os
de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a
integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no
vinte mil integrantes.
que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão
inamovíveis. § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os
militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as
§ 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado,
ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a
servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal
consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais
pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.
e da graduação das praças.
§ 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e
Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as
julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as
denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.
ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e
somente caberá recurso quando: julgar os demais crimes militares.
I - forem proferidas contra disposição expressa desta § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar
Constituição ou de lei; descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as
mais tribunais eleitorais; fases do processo.
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com
nas eleições federais ou estaduais; a realização de audiências e demais funções da atividade
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-
eletivos federais ou estaduais; se de equipamentos públicos e comunitários.
V - denegarem habeas corpus, mandado de
segurança, habeas data ou mandado de injunção. Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça
proporá a criação de varas especializadas, com competência
exclusiva para questões agrárias.
Seção VII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação
jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio.
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
I - o Superior Tribunal Militar;
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. RESUMO: MEMBROS DOS TRIBUNAIS
STF: Supremo Tribunal Federal 11
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de 15 STJ: Superior Tribunal de Justiça Mínimo: 33
(quinze) Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, TST: Tribunal Superior do Trabalho 27
sendo 3 (três) dentre oficiais-generais da Marinha, 4 (quatro) dentre

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STM: Superior Tribunal Militar 15
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
TSE: Tribunal Superior Eleitoral Mínimo: 7 Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que
TRE: Tribunal Regional Eleitoral 7 tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
parcialmente:
TRT: Tribunal Regional do Trabalho Mínimo: 7 Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
TRF: Tribunal Regional Federal Mínimo: 7 crime mais grave.

Emprego irregular de verbas ou rendas públicas


Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa
da estabelecida em lei:
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940 Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Código Penal
Concussão
TÍTULO XI Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
CAPÍTULO I em razão dela, vantagem indevida:
DOS CRIMES PRATICADOS Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Excesso de exação
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social
Crimes funcionais próprios: ausente a condição de funcionário que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
público, o fato será atípico (atipicidade absoluta). Ex. art. 319 do CP – cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Prevaricação.
Crimes funcionais impróprios: ausente a condição de funcionário
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
público, o fato se enquadrará em outro tipo penal, deixando apenas de § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
ser considerado um crime funcional (atipicidade relativa). Ex. art. 312 do outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
CP - Peculato-furto. Caso esse delito não seja praticado por funcionário públicos:
público, deverá ser tipificado como Furto, art. 155 do CP. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
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STJ: Súmula 599 - O princípio da insignificância é inaplicável aos Corrupção passiva
crimes contra a administração pública. Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
Peculato ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
Art. 312 - Apropriar-se (Peculato-apropriação) o funcionário mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou vantagem:
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
(Peculato-desvio), em proveito próprio ou alheio: § 1º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou funcional.
concorre (Peculato-furto) para que seja subtraído, em proveito próprio § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
de funcionário. influência de outrem:
Peculato culposo Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de Facilitação de contrabando ou descaminho
outrem: Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
Pena - detenção, de três meses a um ano. contrabando ou descaminho (art. 334):
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta. Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
Peculato mediante erro de outrem de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: (Peculato-estelionato) Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente
Inserção de dados falsos em sistema de informações público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados com outros presos ou com o ambiente externo: (Prevaricação
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da imprópria)
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
ou para outrem ou para causar dano: (Peculato-eletrônico)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do
informações cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de conhecimento da autoridade competente:
informações ou programa de informática sem autorização ou Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Advocacia administrativa
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade
Administração Pública ou para o administrado de funcionário:

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Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
Violência arbitrária ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a esteja prestando auxílio:
pretexto de exercê-la: A resistência passiva, sem violência ou ameaça, não configura crime.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
correspondente à violência. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
Abandono de função § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos correspondentes à violência.
em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Desobediência
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
fronteira: Desacato
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função
ou em razão dela:
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de STJ: É possível a prática do crime de desacato por funcionário público
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem contra pessoa no exercício de função pública, pois se trata de crime
autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, comum em que a vítima imediata é o Estado e a mediata aquela que
removido, substituído ou suspenso: está sendo ofendida.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Tráfico de Influência
Violação de sigilo funcional Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: em ato praticado por funcionário público no exercício da função
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
não constitui crime mais grave. Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e funcionário.
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Corrupção ativa
Administração Pública; Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração ato de ofício:
Pública ou a outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se,
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite
Violação do sigilo de proposta de concorrência ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência
pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Descaminho
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito
ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
Funcionário público mercadoria.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos STJ / STF: O valor máximo para incidência do princípio da
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce insignificância no caso de crimes tributários federais e de descaminho
cargo, emprego ou função pública. é de R$ 20 mil.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para § 1o Incorre na mesma pena quem:
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
execução de atividade típica da Administração Pública. permitidos em lei;
§ 2º - A pena será aumentada da 1/3 (terça parte) quando os II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de
órgão da administração direta, sociedade de economia mista, atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou
STJ: Súmula 147 - Compete à Justiça Federal processar e julgar os fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina
crimes praticados contra funcionário público federal, quando no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de
relacionados com o exercício da função. outrem;
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
CAPÍTULO II no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
DOS CRIMES PRATICADOS POR procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
Usurpação de função pública § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:

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§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos,
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
contribuições sociais previdenciárias:
Contrabando Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: STJ: Aplica-se o princípio da insignificância nas hipóteses de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição
previdenciária quando o valor do débito não ultrapassa R$ 20 mil.
O crime de contrabando não admite a incidência do princípio da
STJ: Os crimes de apropriação indébita previdenciária e sonegação de
insignificância.
contribuição previdenciária são delitos materiais, exigindo, portanto, a
§ 1o Incorre na mesma pena quem: constituição definitiva do débito tributário perante o âmbito administrativo
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; para configurar-se como conduta típica.
STF: Súmula Vinculante 24 - Não se tipifica crime material contra a
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que
ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990,
dependa de registro, análise ou autorização de órgão público antes do lançamento definitivo do tributo.
competente;
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira
declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e
destinada à exportação;
presta as informações devidas à previdência social, na forma
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei
somente a de multa se o agente for primário e de bons
brasileira;
antecedentes, desde que:
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
I – (vetado)
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
pela lei brasileira.
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
suas execuções fiscais
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é
pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de 1/3 (um terço) até a
STJ: Súmula 151 - A competência para o processo e julgamento por metade ou aplicar apenas a de multa.
crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo
federal do lugar da apreensão dos bens. § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos
benefícios da previdência social.
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública
CAPÍTULO II-A
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
Corrupção ativa em transação comercial internacional
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além
indiretamente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro,
da pena correspondente à violência.
ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de
retardar ato de ofício relacionado à transação comercial
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
internacional:
• Entende-se que o art. 335 do CP foi revogado pela Lei 8.666/93 –
Lei de Licitações.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se,
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público
Inutilização de edital ou de sinal
estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
dever funcional.
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou
inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por
Tráfico de influência em transação comercial
ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer
internacional
objeto:
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de
vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
Subtração ou inutilização de livro ou documento
público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro
transação comercial internacional:
oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário
crime mais grave.
estrangeiro.
Sonegação de contribuição previdenciária
Funcionário público estrangeiro
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro,
previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes
para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem
condutas:
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de
entidades estatais ou em representações diplomáticas de país
documento de informações previsto pela legislação previdenciária
estrangeiro.
segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro
trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem
quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas,
serviços;
diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da
ou em organizações públicas internacionais.
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados
ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;

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CAPÍTULO III Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria,
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou
Reingresso de estrangeiro expulso convenção:
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
dele foi expulso:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova Fraude processual
expulsão após o cumprimento da pena. Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo
civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com
Denunciação caluniosa o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
de processo judicial, instauração de investigação administrativa, Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se
imputando-lhe crime de que o sabe inocente: em dobro.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de 1/6 (sexta parte), se o agente Favorecimento pessoal
se serve de anonimato ou de nome suposto. Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
prática de contravenção. Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Comunicação falsa de crime ou de contravenção Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente,
a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
verificado:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Favorecimento real
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria
Auto-acusação falsa ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime crime:
inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou
Falso testemunho ou falsa perícia facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete prisional.
em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Exercício arbitrário ou abuso de poder
§ 1o As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3 (um sexto a um Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade
terço), se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder:
o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, Pena - detenção, de um mês a um ano.
ou em processo civil em que for parte entidade da administração Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que:
pública direta ou indireta I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no estabelecimento destinado a execução de pena privativa de
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a liberdade ou de medida de segurança;
verdade II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança,
deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra imediatamente a ordem de liberdade;
vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a
fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
perícia, cálculos, tradução ou interpretação: IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a segurança
produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente
parte entidade da administração pública direta ou indireta. presa ou submetida a medida de segurança detentiva:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Coação no curso do processo § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de
favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou dois a seis anos.
qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: também a pena correspondente à violência.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime
correspondente à violência. é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou
o internado.
Exercício arbitrário das próprias razões § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano,
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: ou multa.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da STJ: Súmula 75 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e
pena correspondente à violência. julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente de estabelecimento penal.
se procede mediante queixa.
Evasão mediante violência contra a pessoa

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Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o Inscrição de despesas não empenhadas em restos a
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de pagar
violência contra a pessoa: Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou
correspondente à violência. que exceda limite estabelecido em lei:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Arrebatamento de preso
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de Assunção de obrigação no último ano do mandato ou
quem o tenha sob custódia ou guarda: legislatura
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos
correspondente à violência. dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura,
cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou,
Motim de presos caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
disciplina da prisão: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
correspondente à violência. Ordenação de despesa não autorizada
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
Patrocínio infiel Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o
dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em Prestação de garantia graciosa
juízo, lhe é confiado: Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao
Patrocínio simultâneo ou tergiversação valor da garantia prestada, na forma da lei:
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea
ou sucessivamente, partes contrárias. Não cancelamento de restos a pagar
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir superior ao permitido em lei:
autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
qualidade de advogado ou procurador:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Aumento de despesa total com pessoal no último ano do
mandato ou legislatura
Exploração de prestígio Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias
utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério anteriores ao final do mandato ou da legislatura:
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
testemunha:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Oferta pública ou colocação de títulos no mercado
Parágrafo único - As penas aumentam-se de 1/3 (um terço), Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou
se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem
destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em
sistema centralizado de liquidação e de custódia:
Violência ou fraude em arrematação judicial Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial;
afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de DISPOSIÇÕES FINAIS
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Art. 360 - Ressalvada a legislação especial sobre os crimes
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da contra a existência, a segurança e a integridade do Estado e contra a
pena correspondente à violência. guarda e o emprego da economia popular, os crimes de imprensa e
os de falência, os de responsabilidade do Presidente da República e
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou dos Governadores ou Interventores, e os crimes militares, revogam-
suspensão de direito se as disposições em contrário.
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial: Art. 361 - Este Código entrará em vigor no dia 1º de janeiro de
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 1942.

CAPÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Contratação de operação de crédito Lei nº 9.099/ 1995
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, Juizados Especiais Cíveis e Criminais
interno ou externo, sem prévia autorização legislativa:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, CAPÍTULO I
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: Disposições Gerais
I – com inobservância de limite, condição ou montante Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da
estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal; Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo,
limite máximo autorizado por lei. julgamento e execução, nas causas de sua competência.

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Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, II - as pessoas enquadradas como microempreendedores
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na forma
buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006;
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da
Capítulo II
Dos Juizados Especiais Cíveis Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de
Seção I 23 de março de 1999;
Da Competência IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001.
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor
§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor,
complexidade, assim consideradas:
independentemente de assistência, inclusive para fins de
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário
conciliação.
mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes
Civil;
comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado;
III - a ação de despejo para uso próprio;
nas de valor superior, a assistência é obrigatória.
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não
§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes
excedente ao fixado no inciso I deste artigo.
comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução:
ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária
I - dos seus julgados;
prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma da
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta
lei local.
vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 1º do art. 8º desta
§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por
Lei.
advogado, quando a causa o recomendar.
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as
§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto
causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da
aos poderes especiais.
Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a
§ 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual,
resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho
poderá ser representado por preposto credenciado, munido de carta
patrimonial.
de preposição com poderes para transigir, sem haver necessidade
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em
de vínculo empregatício.
renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste artigo,
excetuada a hipótese de conciliação.
Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de
intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o
litisconsórcio.
Juizado do foro:
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde
Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei.
aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha
estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório;
Seção IV
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
Dos atos processuais
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-
para reparação de dano de qualquer natureza.
se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser
organização judiciária.
proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.
Seção II
Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos
ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato processual, inclusive para
Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar
a interposição de recursos, computar-se-ão somente os dias úteis.
as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial
(2018)
valor às regras de experiência comum ou técnica.
Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais
preencherem as finalidades para as quais forem realizados,
justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências
atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.
do bem comum.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha
havido prejuízo.
Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá
Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os
ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação.
bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados
cinco anos de experiência.
resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de exercer
ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita
a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no
magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em
desempenho de suas funções.
julgado da decisão.
§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças
Seção III
do processo e demais documentos que o instruem.
Das Partes
Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta
Seção V
Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as
Do pedido
empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do
§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.
Juizado Especial: § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de acessível:
direito de pessoas jurídicas; I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
III - o objeto e seu valor.

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§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de
determinar, desde logo, a extensão da obrigação. comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista nesta Lei.
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do § 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado,
Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários independentemente de termo de compromisso, com a escolha do
impressos. árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz convocá-lo-
á e designará, de imediato, a data para a audiência de instrução.
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão § 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde que
conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo. Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios
do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei, podendo decidir por
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distribuição equidade.
e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de
conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias. Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias
subsequentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado para
Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar- homologação por sentença irrecorrível.
se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o registro
prévio de pedido e a citação.
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser Seção IX
dispensada a contestação formal e ambos serão apreciados na Da Instrução e Julgamento
mesma sentença. Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á
imediatamente à audiência de instrução e julgamento, desde que
Seção VI não resulte prejuízo para a defesa.
Das Citações e Intimações Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização imediata,
Art. 18. A citação far-se-á: será a audiência designada para um dos quinze dias subsequentes,
I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão cientes, desde logo, as partes e testemunhas eventualmente
própria; presentes.
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante
entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão ouvidas
identificado; as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a sentença.
III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente
de mandado ou carta precatória. Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes que
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para possam interferir no regular prosseguimento da audiência. As demais
comparecimento do citando e advertência de que, não questões serão decididas na sentença.
comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por uma
iniciais, e será proferido julgamento, de plano. das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem
§ 2º Não se fará citação por edital. interrupção da audiência.
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade
da citação. Seção X
Da Resposta do Réu
Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda
citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação. matéria de defesa, exceto arguição de suspeição ou impedimento do
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor.
logo cientes as partes.
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na
ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do art. 3º
enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem
comunicação. objeto da controvérsia.
Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na
Seção VII própria audiência ou requerer a designação da nova data, que será
Da Revelia desde logo fixada, cientes todos os presentes.
Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de
conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão Seção XI
verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contrário Das Provas
resultar da convicção do Juiz. Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda
que não especificados em lei, são hábeis para provar a veracidade
Seção VIII dos fatos alegados pelas partes.
Da Conciliação e do Juízo Arbitral
Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência de
partes presentes sobre as vantagens da conciliação, mostrando-lhes instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente,
os riscos e as consequências do litígio, especialmente quanto ao podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas,
disposto no § 3º do art. 3º desta Lei. impertinentes ou protelatórias.

Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para cada parte,
ou por conciliador sob sua orientação. comparecerão à audiência de instrução e julgamento levadas pela
Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida a parte que as tenha arrolado, independentemente de intimação, ou
escrito e homologada pelo Juiz togado, mediante sentença com mediante esta, se assim for requerido.
eficácia de título executivo. § 1º O requerimento para intimação das testemunhas será
apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes da audiência
Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado de instrução e julgamento.
proferirá sentença. § 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz poderá
determinar sua imediata condução, valendo-se, se necessário, do
concurso da força pública.

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137
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por
técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação de escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da
parecer técnico. decisão.
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício
ou a requerimento das partes, realizar inspeção em pessoas ou Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o prazo para
coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que lhe a interposição de recurso.
relatará informalmente o verificado.
Seção XIV
Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a Da Extinção do Processo Sem Julgamento do Mérito
sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos. Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em
lei:
Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo, sob a I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das
supervisão de Juiz togado. audiências do processo;
II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei
Seção XII ou seu prosseguimento, após a conciliação;
Da Sentença III - quando for reconhecida a incompetência territorial;
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no
Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, art. 8º desta Lei;
dispensado o relatório. V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por sentença ou não se der no prazo de trinta dias;
quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido. VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a citação dos
sucessores no prazo de trinta dias da ciência do fato.
Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte que § 1º A extinção do processo independerá, em qualquer
exceder a alçada estabelecida nesta Lei. hipótese, de prévia intimação pessoal das partes.
§ 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que a
Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua ausência decorre de força maior, a parte poderá ser isentada, pelo
decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, que poderá Juiz, do pagamento das custas.
homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de se
manifestar, determinar a realização de atos probatórios Seção XV
indispensáveis. Da Execução
Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no próprio
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de
ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado. Processo Civil, com as seguintes alterações:
§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três I - as sentenças serão necessariamente líquidas, contendo a
Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos conversão em Bônus do Tesouro Nacional - BTN ou índice
na sede do Juizado. equivalente;
§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, de juros
representadas por advogado. e de outras parcelas serão efetuados por servidor judicial;
III - a intimação da sentença será feita, sempre que possível, na
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, própria audiência em que for proferida. Nessa intimação, o vencido
contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual será instado a cumprir a sentença tão logo ocorra seu trânsito em
constarão as razões e o pedido do recorrente. julgado, e advertido dos efeitos do seu descumprimento (inciso V);
§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas IV - não cumprida voluntariamente a sentença transitada em
quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que poderá ser
deserção. verbal, proceder-se-á desde logo à execução, dispensada nova
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para citação;
oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de não
fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução, cominará multa
Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o diária, arbitrada de acordo com as condições econômicas do
Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a devedor, para a hipótese de inadimplemento. Não cumprida a
parte. obrigação, o credor poderá requerer a elevação da multa ou a
transformação da condenação em perdas e danos, que o Juiz de
Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da gravação imediato arbitrará, seguindo-se a execução por quantia certa,
da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13 desta Lei, correndo incluída a multa vencida de obrigação de dar, quando evidenciada a
por conta do requerente as despesas respectivas. malícia do devedor na execução do julgado;
VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o
Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de cumprimento por outrem, fixado o valor que o devedor deve
julgamento. depositar para as despesas, sob pena de multa diária;
VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá autorizar o
Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a tratar da alienação do
ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta bem penhorado, a qual se aperfeiçoará em juízo até a data fixada
e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios para a praça ou leilão. Sendo o preço inferior ao da avaliação, as
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. partes serão ouvidas. Se o pagamento não for à vista, será oferecida
Art. 47. (VETADO) caução idônea, nos casos de alienação de bem móvel, ou
hipotecado o imóvel;
Seção XIII VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais, quando
Dos Embargos de Declaração se tratar de alienação de bens de pequeno valor;
Art. 48. Caberão embargos de declaração contra sentença ou IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da
acórdão nos casos previstos no Código de Processo Civil. execução, versando sobre:
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à
ofício. revelia;

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b) manifesto excesso de execução; Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo
c) erro de cálculo; comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação
superveniente à sentença. penal e da composição dos danos civis.

Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no valor de Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial
até quarenta salários mínimos, obedecerá ao disposto no Código de ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os
Processo Civil, com as modificações introduzidas por esta Lei. crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
§ 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a comparecer anos, cumulada ou não com multa.
à audiência de conciliação, quando poderá oferecer embargos (art.
52, IX), por escrito ou verbalmente. Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á
§ 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e eficaz pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade,
para a solução do litígio, se possível com dispensa da alienação economia processual e celeridade, objetivando, sempre que
judicial, devendo o conciliador propor, entre outras medidas cabíveis, possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação
o pagamento do débito a prazo ou a prestação, a dação em de pena não privativa de liberdade. (2018)
pagamento ou a imediata adjudicação do bem penhorado.
§ 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou julgados Seção I
improcedentes, qualquer das partes poderá requerer ao Juiz a Da Competência e dos Atos Processuais
adoção de uma das alternativas do parágrafo anterior. Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar
§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens em que foi praticada a infração penal.
penhoráveis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo-se
os documentos ao autor. Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-
se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme
Seção XVI dispuserem as normas de organização judiciária.
Das Despesas
Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que
grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou despesas. preencherem as finalidades para as quais foram realizados,
Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.
42 desta Lei, compreenderá todas as despesas processuais, § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha
inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, havido prejuízo.
ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita. § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá
ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação.
Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido § 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos
em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de havidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de
litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou
as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por equivalente.
cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo
condenação, do valor corrigido da causa. Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado,
Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas, salvo sempre que possível, ou por mandado.
quando: Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o
I - reconhecida a litigância de má-fé; Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção
II - improcedentes os embargos do devedor; do procedimento previsto em lei.
III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto de
recurso improvido do devedor. Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso
de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma
Seção XVII individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
Disposições Finais obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de
Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implantadas as justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou
curadorias necessárias e o serviço de assistência judiciária. ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-
Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e defensores.
poderá ser homologado, no juízo competente, independentemente
de termo, valendo a sentença como título executivo judicial. Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de
Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o acordo citação do acusado, constará a necessidade de seu comparecimento
celebrado pelas partes, por instrumento escrito, referendado pelo acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua falta,
órgão competente do Ministério Público. ser-lhe-á designado defensor público.

Art. 58. As normas de organização judiciária local poderão Seção II


estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23 a causas não Da Fase Preliminar
abrangidas por esta Lei. Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará
Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
procedimento instituído por esta Lei. providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do
Capítulo III termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o
Dos Juizados Especiais Criminais compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em
Disposições Gerais flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do
togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
julgamento e a execução das infrações penais de menor
potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e
continência.

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Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não
possível a realização imediata da audiência preliminar, será houver necessidade de diligências imprescindíveis.
designada data próxima, da qual ambos sairão cientes. § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com
base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de
envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei. médico ou prova equivalente.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá
Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma
responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz do parágrafo único do art. 66 desta Lei.
esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser
aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e
de liberdade. as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências
previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por
conciliador sob sua orientação. Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo,
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e
recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a
em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão
Justiça Criminal. ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus
advogados.
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, § 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na forma
homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da audiência de
título a ser executado no juízo civil competente. instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco dias antes
privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o de sua realização.
acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou § 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil,
representação. serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para comparecerem
à audiência de instrução e julgamento.
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada § 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma
imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de prevista no art. 67 desta Lei.
representação verbal, que será reduzida a termo.
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução
audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido possibilidade de
ser exercido no prazo previsto em lei. tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo
Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de 75 desta Lei.
ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando
imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser imprescindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer.
especificada na proposta. Para o STF é inconstitucional esse tipo de procedimento, pois se
• Transação Penal entende que na condução coercitiva de investigados para interrogatórios
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o poderá haver violação de direitos previstos na Constituição, como o de ir
Juiz poderá reduzi-la até a metade. e vir, de ficar em silêncio e o de não se incriminar.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor
à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e
cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o
deste artigo; acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a orais e à prolação da sentença.
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, § 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de
ser necessária e suficiente a adoção da medida. instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
será submetida à apreciação do Juiz. § 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo,
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos
autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou relevantes ocorridos em audiência e a sentença.
multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas § 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os
para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. elementos de convicção do Juiz.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a
apelação referida no art. 82 desta Lei. Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma
constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins composta de 3 (três) Juízes em exercício no primeiro grau de
previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
interessados propor ação cabível no juízo cível. § 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados
da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu
Seção III defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido
Do Procedimento Sumaríssimo do recorrente.
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver § 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no
aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não prazo de dez dias.
ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério

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§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da II - proibição de frequentar determinados lugares;
fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei. III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento autorização do Juiz;
pela imprensa. IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
a súmula do julgamento servirá de acórdão. § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica
subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à
Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em sentença situação pessoal do acusado.
ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o
omissão. beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar,
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou sem motivo justificado, a reparação do dano.
oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão. § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser
§ 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo para a processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir
interposição de recurso. qualquer outra condição imposta.
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a
punibilidade.
Seção IV § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do
Da Execução processo.
Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo,
cumprimento far-se-á mediante pagamento na Secretaria do Juizado. o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará extinta
a punibilidade, determinando que a condenação não fique constando Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos processos
dos registros criminais, exceto para fins de requisição judicial. penais cuja instrução já estiver iniciada.

Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será feita a Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito
conversão em pena privativa da liberdade, ou restritiva de direitos, da Justiça Militar.
nos termos previstos em lei.
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir
Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade e representação para a propositura da ação penal pública, o ofendido
restritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas, será ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de
processada perante o órgão competente, nos termos da lei. trinta dias, sob pena de decadência.

Seção V Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos


Das Despesas Processuais Códigos Penal e de Processo Penal, no que não forem incompatíveis
Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e aplicação com esta Lei.
de pena restritiva de direitos ou multa (arts. 74 e 76, § 4º), as
despesas processuais serão reduzidas, conforme dispuser lei Capítulo IV
estadual. Disposições Finais Comuns
Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Juizados
Seção VI Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, composição e
Disposições Finais competência.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação
especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, e as
crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. audiências realizadas fora da sede da Comarca, em bairros ou
cidades a ela pertencentes, ocupando instalações de prédios
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual públicos, de acordo com audiências previamente anunciadas.
ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão e
suspensão do processo, por 2 a 4 (dois a quatro) anos, desde que instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a contar
o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido da vigência desta Lei.
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado da
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código publicação desta Lei, serão criados e instalados os Juizados
Penal). Especiais Itinerantes, que deverão dirimir, prioritariamente, os
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na conflitos existentes nas áreas rurais ou nos locais de menor
presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o concentração populacional.
processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as
seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

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II - os Ministérios Públicos dos Estados. (MPE)
Constituição da República Federativa § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da
do Brasil de 1988 República dentre integrantes da carreira, maiores de 35 (trinta e
cinco) anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta
CAPÍTULO IV dos membros do Senado Federal, para mandato de 2 (dois) anos,
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA permitida a recondução.
SEÇÃO I
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, por
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da
sociais e individuais indisponíveis.
carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. mandato de 2 (dois) anos, permitida uma recondução.
• Unidade: Todos os membros do Ministério Público estão submetidos a § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito
um mesmo órgão, sob a chefia do seu procurador-geral.
Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da
• Indivisibilidade: Os membros poderão ser substituídos uns pelos
outros. maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar
• Independência funcional: Cada membro do Ministério Público possui respectiva.
livre convencimento, inexistindo vinculação a pronunciamentos § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja
processuais anteriores de outros membros.
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais,
----------------------------------------------------------------------------------------------------- estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada
--
De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o princípio do promotor
Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros:
natural está implícito no nosso ordenamento jurídico, derivando do I - as seguintes garantias: (Garantias funcionais)
princípio do juiz natural. Para o STF, “o postulado do promotor natural
consagra uma garantia de ordem jurídica, destinada tanto a proteger o
a) vitaliciedade, após 2 (dois) anos de exercício, não
membro do Ministério Público, na medida em que lhe assegura o exercício podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em
pleno e independente do seu ofício, quanto a tutelar a própria coletividade, julgado;
a quem se reconhece o direito de ver atuando, em quaisquer causas,
apenas o Promotor cuja intervenção se justifique a partir de critérios
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
abstratos e predeterminados, estabelecidos em lei”. mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério
Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros,
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia assegurada ampla defesa;
funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art.
169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, §
e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153,
de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a § 2º, I;
lei disporá sobre sua organização e funcionamento. (Garantias II - as seguintes vedações: (Garantias de imparcialidade)
institucionais) a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta honorários, percentagens ou custas processuais;
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes b) exercer a advocacia;
orçamentárias.
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra
proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de
função pública, salvo uma de magistério;
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados e) exercer atividade político-partidária;
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
estipulados na forma do § 3º. contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas,
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for ressalvadas as exceções previstas em lei.
encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto
§ 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins no art. 95, parágrafo único, V. (Quarentena)
de consolidação da proposta orçamentária anual.
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de
da lei;
diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas,
mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. STF: Segundo a Teoria dos Poderes Implícitos, quando a Constituição
outorga competência explícita a determinado órgão estatal, também atribui
implicitamente os meios necessários para realização de suas funções. De
Art. 128. O Ministério Público (MP) abrange: acordo com esse entendimento, o poder de investigação criminal também
é atribuição ao Ministério Público, não sendo exclusivo da polícia. A
I - o Ministério Público da União (MPU), que compreende: denúncia poderia, então, ser fundamentada em peças de informação
a) o Ministério Público Federal; (MPF) obtidas pelo Ministério Público, não havendo necessidade de prévio
inquérito policial.
b) o Ministério Público do Trabalho; (MPT)
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
c) o Ministério Público Militar; (MPM)
serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
(MPDFT)

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III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a VI 2 (dois) cidadãos de notável saber jurídico e reputação
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo
outros interesses difusos e coletivos; Senado Federal.
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público
representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da
casos previstos nesta Constituição; lei.
V - defender judicialmente os direitos e interesses das § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público
populações indígenas; o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros,
sua competência, requisitando informações e documentos para cabendo lhe:
instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
da lei complementar mencionada no artigo anterior; competência, ou recomendar providências;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou
inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos
manifestações processuais; praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e
dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde
que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento
que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a
da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
STF: CNMP tem competência para apreciar ato de vitaliciamento de
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis membro do Ministério Público, que é uma espécie de ato administrativo.
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. III receber e conhecer das reclamações contra membros ou
órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas
contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência
por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da
disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos
respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.
disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, ampla defesa;
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, 3 (três) anos de
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos
atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de
disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos
classificação.
Estados julgados há menos de um ano;
Ingresso na carreira do Ministério Público:
• Concurso público de provas e títulos, com participação da OAB
V elaborar relatório anual, propondo as providências que
• Título de bacharel em direito julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e
• Três anos de atividade jurídica as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem
---------------------------------------------------------------------------------------------------- prevista no art. 84, XI.
---
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um
STF: É constitucional resolução que determina que a inscrição do concurso Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério Público que
público para a carreira do Ministério Público só pode ser feita por bacharel
em Direito com, no mínimo, três anos de atividade jurídica, cuja o integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das
comprovação se dá no ato da posse. atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
STF: Os 3 anos de atividade jurídica somente podem ser contados após a I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado,
obtenção do título de bacharel em Direito.
relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto auxiliares;
no art. 93. II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será correição geral;
imediata. III requisitar e designar membros do Ministério Público,
delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Ministério Público.
Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura. Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) não integra § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do
o Ministério Público da União (MPU), ele integra a estrutura orgânica do Ministério Público, competentes para receber reclamações e
próprio TCU.
denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do
Ministério Público, inclusive contra seus serviços auxiliares,
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público representando diretamente ao Conselho Nacional do Ministério
(CNMP) compõe-se de 14 (quatorze) membros nomeados pelo Público.
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria STF: Súmula 643 - O Ministério Público tem legitimidade para promover
absoluta do Senado Federal, para um mandato de 2 (dois) anos, ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de
admitida uma recondução, sendo: mensalidades escolares.
STF: Súmula 701 - No mandado de segurança impetrado pelo Ministério
I o Procurador-Geral da República, que o preside; Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação
II 4 (quatro) membros do Ministério Público da União, do réu como litisconsorte passivo.
assegurada a representação de cada uma de suas carreiras; STJ: Súmula 99 - O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no
processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da
III 3 (três) membros do Ministério Público dos Estados; parte.
IV 2 (dois) juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal STJ: Súmula 116 - A Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em
dobro para interpor agravo regimental no Superior Tribunal de Justiça.
Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
STJ: Súmula 189 - É desnecessária a intervenção do Ministério Público
V 2 (dois) advogados, indicados pelo Conselho Federal da nas execuções fiscais.
Ordem dos Advogados do Brasil;

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STJ: Súmula 226 - O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na STF: É inconstitucional norma estadual que estabeleça a vinculação da
ação de acidente do trabalho, ainda que o segurado esteja assistido por Defensoria Pública Estadual a alguma Secretaria de Estado. A Defensoria
advogado Pública não pode estar vinculada ao Poder Executivo.
STJ: Súmula 234 - A participação de membro do Ministério Público na fase
investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da
oferecimento da denúncia União e do Distrito Federal.
STJ: Súmula 329 - O Ministério Público tem legitimidade para propor ação § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a
civil pública em defesa do patrimônio público.
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se
também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96
Seção II desta Constituição Federal.
DA ADVOCACIA PÚBLICA
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas
diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do
judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei art. 39, § 4º.
complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento,
STJ: Súmula 421 - Os honorários advocatícios não são devidos à
as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito
Executivo. público à qual pertença
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-
Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República
dentre cidadãos maiores de 35 (trinta e cinco) anos, de notável
saber jurídico e reputação ilibada.
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da
instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso Lei nº 9.605/ 1998
público de provas e títulos.
Crimes Contra o Meio Ambiente
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a
representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
Nacional, observado o disposto em lei. condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências.
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito CAPÍTULO I
Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de DISPOSIÇÕES GERAIS
concurso público de provas e títulos, com a participação da Art. 1º (VETADO)
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão
a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos
unidades federadas. crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o
assegurada estabilidade após 3 (três) anos de efetivo exercício, membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o
mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta
após relatório circunstanciado das corregedorias. criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia
STF: É inconstitucional a criação de procuradorias autárquicas pelos agir para evitá-la.
Estados-membros.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei,
SEÇÃO III
nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
DA ADVOCACIA
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da interesse ou benefício da sua entidade.
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas
da profissão, nos limites da lei. não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes
do mesmo fato.
SEÇÃO IV
DA DEFENSORIA PÚBLICA Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica
sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente,
prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como
expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, Instituto da desconsideração da personalidade jurídica - “disregard of legal
a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, entity”. Previsão Legal no art. 50 do Código Civil.
em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e Art. 5º (VETADO)
coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma
do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. CAPÍTULO II
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da DA APLICAÇÃO DA PENA
União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a
gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, autoridade competente observará:
providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração
títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da
atribuições institucionais. legislação de interesse ambiental;
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e
diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. substituem as privativas de liberdade quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa
de liberdade inferior a 4 (quatro) anos;

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II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura
personalidade do condenado, bem como os motivos e as de animais;
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente n) mediante fraude ou abuso de confiança;
para efeitos de reprovação e prevenção do crime. o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se autorização ambiental;
refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou
liberdade substituída. parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos
Art. 8º As penas restritivas de direito são: fiscais;
I - prestação de serviços à comunidade; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios
II - interdição temporária de direitos; oficiais das autoridades competentes;
III - suspensão parcial ou total de atividades; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas
IV - prestação pecuniária; funções.
V - recolhimento domiciliar.
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a
atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e pena privativa de liberdade não superior a 3 (três) anos.
jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da
coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do
possível. art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do
dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.
proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber
incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do
participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor
dolosos, e de três anos, no de crimes culposos. máximo, poderá ser aumentada até 3 (três) vezes, tendo em vista o
valor da vantagem econômica auferida.
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando
estas não estiverem obedecendo às prescrições legais. Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre
que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em prestação de fiança e cálculo de multa.
dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no
importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se
superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será o contraditório.
deduzido do montante de eventual reparação civil a que for
condenado o infrator. Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível,
fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela
Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo
autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que meio ambiente.
deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença
atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos
folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano
habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória. efetivamente sofrido.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea art. 3º, são:
reparação do dano, ou limitação significativa da degradação I - multa;
ambiental causada; II - restritivas de direitos;
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de III - prestação de serviços à comunidade.
degradação ambiental;
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica
e do controle ambiental. são:
I - suspensão parcial ou total de atividades;
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou
constituem ou qualificam o crime: atividade;
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como
II - ter o agente cometido a infração: dele obter subsídios, subvenções ou doações.
a) para obter vantagem pecuniária; § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas
b) coagindo outrem para a execução material da infração; não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares,
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde relativas à proteção do meio ambiente.
pública ou o meio ambiente; § 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento,
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal
sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; ou regulamentar.
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos § 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele
humanos; obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o
g) em período de defeso à fauna; prazo de 10 (dez) anos.
h) em domingos ou feriados;
i) à noite; Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela
j) em épocas de seca ou inundações; pessoa jurídica consistirá em:
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; I - custeio de programas e de projetos ambientais;
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

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III - manutenção de espaços públicos; V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que
públicas. comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à
reparação integral do dano.
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada,
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação DANO AMBIENTAL. IMPRESCRITIBILIDADE DA AÇÃO. ACEITAÇÃO
forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e DE MEDIDA REPARATÓRIA. REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS.
como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. CONTROVÉRSIA
NÃO DESLINDADA PELA ORIGEM. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
CAPÍTULO III INEXISTÊNCIA DE IDENTIDADE FÁTICA E JURÍDICA. DA
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE IMPOSSIBILIDADE DE INOVAÇÃO DE FUNDAMENTOS QUE NÃO
INFRAÇÃO FORAM OBJETO DE ANÁLISE PELA CORTE A QUO.
ADMINISTRATIVA OU DE CRIME [...] 2. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que as infrações
ao meio ambiente são de caráter continuado, motivo pelo qual as ações
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus de pretensão de cessação dos danos ambientais são imprescritíveis.
produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. [...]
§ 1o Os animais serão prioritariamente libertados em STJ, AgRg no REsp 1421163/SP, Rel. Min. Humberto Martins,
j. 06.11.2014, 2ª Turma, DJe 17.11.2014.
seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por
questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou
entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a CAPÍTULO V
responsabilidade de técnicos habilitados. DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
§ 2o Até que os animais sejam entregues às instituições Seção I
mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão autuante zelará para que Dos Crimes contra a Fauna
eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes
e transporte que garantam o seu bem-estar físico. da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em
estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, desacordo com a obtida:
penais e outras com fins beneficentes. Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis § 1º Incorre nas mesmas penas:
serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou I - quem impede a procriação da fauna, sem licença,
educacionais. autorização ou em desacordo com a obtida;
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou
vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da criadouro natural;
reciclagem. III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda,
tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou
CAPÍTULO IV espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização
penal é pública incondicionada. da autoridade competente.
Parágrafo único. (VETADO) § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não
considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles
direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras,
setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de
havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas
da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. jurisdicionais brasileiras.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
As infrações penais de menor potencial ofensivo são as que possuem
pena máxima de até 2 anos, cumulada ou não com multa.
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção,
ainda que somente no local da infração;
II - em período proibido à caça;
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de III - durante a noite;
setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial IV - com abuso de licença;
ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: V - em unidade de conservação;
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de
5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de provocar destruição em massa.
reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do
no inciso I do § 1° do mesmo artigo; exercício de caça profissional.
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de
sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será pesca.
prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido
no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e
prescrição; répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as competente:
condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
no caput;
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer
de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade
podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o competente:
período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
artigo, observado o disposto no inciso III;

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Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de
animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la
exóticos: com infringência das normas de proteção:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência penas cumulativamente.
dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
científicos, quando existirem recursos alternativos. reduzida à metade.
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço),
se ocorre morte do animal. Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou
secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de
de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática proteção:
existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou
jurisdicionais brasileiras: ambas as penas cumulativamente.
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
cumulativamente. reduzida à metade.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de
de aquicultura de domínio público; preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:
II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as
e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade penas cumulativamente.
competente;
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de
natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274,
demarcados em carta náutica. de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção
em lugares interditados por órgão competente: Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida
as penas cumulativamente. Silvestre.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção
com tamanhos inferiores aos permitidos; Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante pena.
a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
permitidos;
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa Art. 40-A. (VETADO)
espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso
CRIME AMBIENTAL. PESCA EM LOCAL PROIBIDO. PRINCÍPIO DA Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante
INSIGNIFICÂNCIA. AUSÊNCIA DE DANO EFETIVO AO MEIO Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas
AMBIENTE. ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA. Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de
Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei n. 9.605/1998 na Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do
hipótese em h́ a devolução do único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi
pescado.
Patrimônio Natural.
REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de
julgado em 20/4/2017, DJe 28/4/2017. Informativo STJ 602.
extinção no interior das Unidades de Conservação de Uso
Sustentável será considerada circunstância agravante para a
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: fixação da pena.
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, § 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
produzam efeito semelhante; metade.
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela
autoridade competente: Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo de seis meses a um ano, e multa.
ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou
capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que
vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de
econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento
constantes nas listas oficiais da fauna e da flora. humano:
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: penas cumulativamente.
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente
ou de sua família; Art. 43. (VETADO)
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação
predatória ou destruidora de animais, desde que legal e
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou
expressamente autorizado pela autoridade competente;
consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização,
III – (VETADO) pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
pelo órgão competente.
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei,
Seção II assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais,
Dos Crimes contra a Flora

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energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais
em desacordo com as determinações legais: que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora:
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem § 1º Se o crime é culposo:
vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá § 2º Se o crime:
acompanhar o produto até final beneficiamento: I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. ocupação humana;
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada,
expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que
lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença cause danos diretos à saúde da população;
válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, III - causar poluição hídrica que torne necessária a
outorgada pela autoridade competente. interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
Art. 47. (VETADO) V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou
gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
florestas e demais formas de vegetação: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo
anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer competente, medidas de precaução em caso de risco de dano
modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou ambiental grave ou irreversível.
em propriedade privada alheia:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos
ambas as penas cumulativamente. minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis licença, ou em desacordo com a obtida:
meses, ou multa. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de
recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do
ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de órgão competente.
especial preservação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar,
comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva
floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as
devolutas, sem autorização do órgão competente exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. I - abandona os produtos ou substâncias referidos
§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil no caput ou os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou
hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de de segurança;
hectare. II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta,
reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a
autoridade competente:
pena é aumentada de um sexto a um terço.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 3º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo
substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração CRIME AMBIENTAL. TRANSPORTE DE PRODUTOS TÓXICOS,
NOCIVOS OU PERIGOSOS. ART. 56, CAPUT, DA LEI N. 9.605/1998.
de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade RESOLUÇÃO DA ANTT N. 420/2004. CRIME DE PERIGO ABSTRATO.
competente: PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. O crime previsto no art. 56, caput da Lei n. 9.605/1998 é de perigo
abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para atestar a
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é nocividade ou a periculosidade dos produtos transportados, bastando que
estes estejam elencados na Resolução n. 420/2004 da ANTT.
aumentada de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço) se: REsp 1.439.150-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade,
julgado em 05/10/2017, DJe 16/10/2017. Informativo STJ 613.
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do
solo ou a modificação do regime climático;
II - o crime é cometido: Art. 57. (VETADO)
a) no período de queda das sementes;
b) no período de formação de vegetações; Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda serão aumentadas:
que a ameaça ocorra somente no local da infração; I – de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço), se resulta dano
d) em época de seca ou inundação; irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;
e) durante a noite, em domingo ou feriado. II - de 1/3 (um terço) até a metade, se resulta lesão corporal
de natureza grave em outrem;
Seção III III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.
Da Poluição e outros Crimes Ambientais Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo
somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

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Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou
Art. 59. (VETADO) enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-
científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer ambiental:
funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou
autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização
normas legais e regulamentares pertinentes: ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato
penas cumulativamente. autorizativo do Poder Público:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
ecossistemas:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual
de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:
Seção IV Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
Cultural meses a um ano, sem prejuízo da multa.
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder
ou decisão judicial; Público no trato de questões ambientais:
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo
ou decisão judicial: Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento,
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo,
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou
meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. enganoso, inclusive por omissão:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local § 1o Se o crime é culposo:
especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, § 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência
monumental, sem autorização da autoridade competente ou em do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa.
desacordo com a concedida:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. CAPÍTULO VI
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental
seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo,
ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da § 1º São autoridades competentes para lavrar auto de
autoridade competente ou em desacordo com a concedida: infração ambiental e instaurar processo administrativo os
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional
CRIME AMBIENTAL. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. ARTS. 48 E de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de
64 DA LEI N. 9.605/1998. CONSUNÇÃO. ABSORVIDO O CRIME MEIO fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do
DE DESTRUIR FLORESTA E O PÓS-FATO IMPUNÍVEL DE IMPEDIR Ministério da Marinha.
SUA REGENERAÇÃO. CRIME ÚNICO DE CONSTRUIR EM LOCAL § 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental,
NÃO EDIFICÁVEL.
O crime de edificação proibida (art. 64 da Lei n. 9.605/1998) absorve o
poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no
crime de destruição de vegetação (art. 48 da mesma lei) quando a conduta parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.
do agente se realiza com o único intento de construir em local não § 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de
edificável. infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata,
REsp 1.639.723-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por maioria,
julgado em 7/2/2017, DJe 16/2/2017. Informativo STJ 597. mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-
responsabilidade.
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou § 4º As infrações ambientais são apuradas em processo
monumento urbano: administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e contraditório, observadas as disposições desta Lei.
multa.
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração
em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:
de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. I – 20 (vinte) dias para o infrator oferecer defesa ou
impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o da autuação;
objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante II – 30 (trinta) dias para a autoridade competente julgar o
manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, auto de infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou
quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no não a defesa ou impugnação;
caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a III – 20 (vinte) dias para o infrator recorrer da decisão
observância das posturas municipais e das normas editadas pelos condenatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio
órgãos governamentais responsáveis pela preservação e Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do
conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação;
IV – 5 (cinco) dias para o pagamento de multa, contados da
Seção V data do recebimento da notificação.
Dos Crimes contra a Administração Ambiental

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Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAÇÃO
seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º: DO MEIO AMBIENTE
I - advertência; Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública
II - multa simples; e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que
III - multa diária; concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna país, sem qualquer ônus, quando solicitado para:
e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de I - produção de prova;
qualquer natureza utilizados na infração; II - exame de objetos e lugares;
V - destruição ou inutilização do produto; III - informações sobre pessoas e coisas;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações
VII - embargo de obra ou atividade; tenham relevância para a decisão de uma causa;
VIII - demolição de obra; V - outras formas de assistência permitidas pela legislação
IX - suspensão parcial ou total de atividades; em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.
X – (VETADO) § 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao
XI - restritiva de direitos. Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará
infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a à autoridade capaz de atendê-la.
elas cominadas. § 2º A solicitação deverá conter:
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos II - o objeto e o motivo de sua formulação;
regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste III - a descrição sumária do procedimento em curso no país
artigo. solicitante;
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por IV - a especificação da assistência solicitada;
negligência ou dolo: V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento,
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, quando for o caso.
deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do
SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha; Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA especialmente para a reciprocidade da cooperação internacional,
ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha. deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio países.
ambiente.
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento CAPÍTULO VIII
da infração se prolongar no tempo. DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as
do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei. disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão
aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os
estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela
regulamentares. execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos
§ 8º As sanções restritivas de direito são: estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a
I - suspensão de registro, licença ou autorização; qualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação,
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo potencialmente poluidores.
período de até três anos. § 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo
destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas e
Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas jurídicas mencionadas no caput possam promover as necessárias
por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio correções de suas atividades, para o atendimento das exigências
Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo impostas pelas autoridades ambientais competentes, sendo
Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, obrigatório que o respectivo instrumento disponha sobre:
fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, I - o nome, a qualificação e o endereço das partes
conforme dispuser o órgão arrecadador. compromissadas e dos respectivos representantes legais;
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da
Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o
cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilidade
objeto jurídico lesado. de prorrogação por igual período;
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do
Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será investimento previsto e o cronograma físico de execução e de
fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com implantação das obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a
base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o serem atingidas;
mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$ IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou
50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). jurídica compromissada e os casos de rescisão, em decorrência do
não-cumprimento das obrigações nele pactuadas;
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser
Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na superior ao valor do investimento previsto;
mesma hipótese de incidência. VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes.
§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30
CAPÍTULO VII de março de 1998, envolvendo construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de

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recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento
poluidores, a assinatura do termo de compromisso deverá ser comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou
requerida pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 comprador.
de dezembro de 1998, mediante requerimento escrito protocolizado Pena: reclusão de um a três anos.
junto aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado
pelo dirigente máximo do estabelecimento. Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de
§ 3o Da data da protocolização do requerimento previsto no § aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer
2o e enquanto perdurar a vigência do correspondente termo de grau.
compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos que deram Pena: reclusão de três a cinco anos.
causa à celebração do instrumento, a aplicação de sanções Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de
administrativas contra a pessoa física ou jurídica que o houver dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).
firmado.
§ 4o A celebração do termo de compromisso de que trata Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel,
este artigo não impede a execução de eventuais multas aplicadas pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
antes da protocolização do requerimento. Pena: reclusão de três a cinco anos.
§ 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de
compromisso, quando descumprida qualquer de suas cláusulas, Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
ressalvado o caso fortuito ou de força maior. restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos
§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até ao público.
noventa dias, contados da protocolização do requerimento. Pena: reclusão de um a três anos.
§ 7o O requerimento de celebração do termo de
compromisso deverá conter as informações necessárias à Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes
indeferimento do plano. sociais abertos ao público.
§ 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso Pena: reclusão de um a três anos.
deverão ser publicados no órgão oficial competente, mediante RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL
extrato. PENAL.INÉPCIA DA DENÚNCIA. CRIME DE PRECONCEITO DE RAÇA
OU DE COR. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. INOCORRÊNCIA.
1. A denúncia que se mostra ajustada ao artigo 41 do Código de
Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo Processo Penal, ensejando o pleno exercício da garantia constitucional da
de noventa dias a contar de sua publicação. ampla defesa, não deve, nem pode, ser tida e havida como inepta. 2. A
recusa de admissão no quadro associativo de clube social, em razão de
preconceito de raça ou de cor, caracteriza o tipo inserto no artigo 9º da Lei
nº 7.716/89, enquanto modo da conduta impedir, que lhe integra o núcleo.
Lei nº 7.716 / 1989 3. A faculdade, estatutariamente atribuída à diretoria, de recusar propostas
de admissão em clubes sociais, sem declinação dos motivos, não lhe
Crimes Resultantes de Preconceito atribui a natureza especial de fechado, de maneira a subtraí-lo da
incidência da lei. 4. A pretensão de exame de prova é estranha, em regra,
de Raça ou de Cor ao âmbito angusto do habeas corpus. 5. Recurso improvido.
STJ, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO
Data de Julgamento: 22/03/2005, T6 - SEXTA TURMA

Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou
religião ou procedência nacional. estabelecimento com as mesmas finalidades.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 2º (Vetado).
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos
habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, mesmos:
bem como das concessionárias de serviços públicos. Pena: reclusão de um a três anos.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos,
de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou
nacional, obstar a promoção funcional. qualquer outro meio de transporte concedido.
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de qualquer ramo das Forças Armadas.
discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do Pena: reclusão de dois a quatro anos.
preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica:
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o
empregado em igualdade de condições com os demais casamento ou convivência familiar e social.
trabalhadores; Pena: reclusão de dois a quatro anos.
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar
outra forma de benefício profissional; Art. 15. (Vetado).
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de função pública, para o servidor público, e a suspensão do
serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção da funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior
igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de a três meses.
recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência
próprios de raça ou etnia para emprego cujas atividades não Art. 17. (Vetado).
justifiquem essas exigências.

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Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§1, 2, 3 e 4)
não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).
sentença. VII-A – (Vetado)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração
Art. 19. (Vetado). de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art.
273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou no 9.677, de 2 de julho de 1998).
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de
Pena: reclusão de um a três anos e multa. exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime
utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de
nazismo. outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido de 2003, todos tentados ou consumados. (2017)
por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de
qualquer natureza: Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, insuscetíveis de:
ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do I - anistia, graça e indulto; (Formas de extinção da punibilidade)
inquérito policial, sob pena de desobediência: II – fiança.
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida
exemplares do material respectivo inicialmente em regime fechado.
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, O Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou sua jurisprudência dominante
televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; no sentido da inconstitucionalidade da fixação de regime inicial fechado
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de para cumprimento de pena com base exclusivamente no artigo 2º,
parágrafo 1º, da Lei 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos).
informação na rede mundial de computadores. --------------------------------------------------------------------------------------------------
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após STF: Súmula vinculante 26 - Para efeito de progressão de regime no
o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da
apreendido. execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25
de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou
O STJ reconhece que a consumação do crime de racismo por meio da não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar,
internet ocorre no local de onde foram enviadas as manifestações para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
racistas.
STJ, CC 102454/RJ, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, j. 25.03.2009, DJe 15.04.2009. § 2º A progressão de regime, no caso dos condenados
pelos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento
de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5
(três quintos), se reincidente, observado o disposto nos §§ 3º e 4º
do art. 112 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução
Penal). (2018)
Lei nº 8.072 / 1990 § 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
Crimes Hediondos
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960,
de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o
Art. 1o São considerados HEDIONDOS os seguintes crimes, prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de
todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 extrema e comprovada necessidade.
- Código Penal, CONSUMADOS ou TENTADOS:
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de
e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas
VII); a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios
O homicídio qualificado-privilegiado não figura no rol dos crimes
estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.
hediondos.
STJ. HC 41579-SP. Rel. Min. Laurita Vaz. 5a Turma. j. 19.04.2005, DJ 16.05.2005 Art. 4º (Vetado)
------------------------------------------------------------------------------------------------- Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte
Atividade típica de grupo de extermínio é a chacina que elimina a vítima
pelo simples fato de pertencer a determinado grupo ou determinada classe inciso:***
social ou racial, como, por exemplo, mendigos, prostitutas, homossexuais, Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º;
presidiários, etc. 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270; caput,
Bittencourt, Cézar Roberto. Tratado de direito penal. 2011
todos do Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. ***
129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. parágrafo: ***
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e
da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou Art. 8º Será de 3 a 6 (três a seis) anos de reclusão a pena
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou prevista no art. 288 (Crime de Associação Criminosa) do Código
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura,
condição; tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o) autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada desmantelamento, terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois
(art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); terços).
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);

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- Delação Premiada Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados De acordo com o art. 15 da Lei nº 9.964/2000, a qual instituiu o
nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, Programa de Recuperação Fiscal (Refis), “é suspensa a pretensão
caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da
Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e no art. 95 da Lei no8.212,
único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo de 24 de julho de 1991, durante o período em que a pessoa jurídica
único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no
o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em Refis, desde que a inclusão no referido Programa tenha ocorrido antes
qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código do recebimento da denúncia criminal”, extinguindo-se a
Penal. punibilidade com o pagamento integral dos débitos.

Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, Seção II


passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte Dos crimes praticados por funcionários públicos
redação: *** Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária,
Art. 11. (Vetado). além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer
documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo,
Lei nº 8.137 / 1990 ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento
Crimes Contra a Ordem Tributária, indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
Econômica e Contra as Relações de ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu
Consumo exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar
promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo
ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão,
CAPÍTULO I de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Dos Crimes Contra a Ordem Tributária III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
Seção I perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de
Dos crimes praticados por particulares funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou multa.
reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório,
mediante as seguintes condutas: CAPÍTULO II
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às Dos Crimes Contra a Economia e as Relações de Consumo
autoridades fazendárias; Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica:
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou
inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante qualquer
ou livro exigido pela lei fiscal; forma de ajuste ou acordo de empresas;
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de
Pode-se citar o “dumping” como uma forma de abuso do poder
venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; econômico. Consiste em uma prática comercial na qual uma ou mais
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento empresas vendem seus produtos ou serviços a preços extremamente
que saiba ou deva saber falso ou inexato; baixos, com o intuito de prejudicar e eliminar seus concorrentes.
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota a) (revogada);
fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou b) (revogada);
prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em c) (revogada);
desacordo com a legislação. d) (revogada);
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. e) (revogada);
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da f) (revogada);
autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre
horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da ofertantes, visando:
dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a • Formação de Cartel
infração prevista no inciso V. a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou
STF: Súmula vinculante 24 - Não se tipifica crime material contra a produzidas;
ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou
antes do lançamento definitivo do tributo. grupo de empresas;
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: distribuição ou de fornecedores.
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.
bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou III - (revogado);
parcialmente, de pagamento de tributo; IV - (revogado);
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de V - (revogado);
contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito VI - (revogado);
passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; VII - (revogado).
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte Art. 5° (revogado)
beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou Art. 6° (revogado)
deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo:
estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou
órgão ou entidade de desenvolvimento; freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de intermédio de distribuidores ou revendedores;
dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem,
informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com
Fazenda Pública.

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153
as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá
classificação oficial; diminuí-las até a décima parte ou elevá-las ao décuplo.
O inciso acima admite a modalidade culposa.
CAPÍTULO IV
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, Das Disposições Gerais
para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de
mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide
venda por preço estabelecido para os demais mais alto custo; nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.
O inciso acima admite a modalidade culposa. Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetuada
IV - fraudar preços por meio de: por sistema de entrega ao consumo ou por intermédio de outro em
a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo
elementos tais como denominação, sinal externo, marca, fabricante ou concedente, o ato por este praticado não alcança o
embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura distribuidor ou revendedor.
ou acabamento de bem ou serviço;
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um
oferecido à venda em conjunto; terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°:
c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda I - ocasionar grave dano à coletividade;
em separado; II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de
d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção suas funções;
do bem ou na prestação dos serviços; III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços
V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.
serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de juros
ilegais; Art. 13. (vetado).
VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a Art. 14. (revogado)
quem pretenda comprá-los nas condições publicamente ofertadas, De acordo com a Lei 10.684/03, extingue-se a punibilidade quando o
ou retê-los para o fim de especulação; agente efetua o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e
VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de contribuições sociais, inclusive acessórios, mesmo após o Trânsito em
Julgado, como corrobora o STJ (HC 362478).
indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza,
qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio,
inclusive a veiculação ou divulgação publicitária; Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal
VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do Decreto-Lei n°
mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito próprio 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
ou de terceiros; • Ação Penal Pública Incondicionada
IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou,
de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do
condições impróprias ao consumo; Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe
O inciso acima admite a modalidade culposa. por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando
---------------------------------------------------------------------------------------------- o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
Para o STJ, o crime previsto no art. 7º, IX, dessa Lei, por deixar Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos
vestígios materiais, exige a realização de perícia para a sua em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de
comprovação. Não realizada a perícia indispensável, não está
configurado o crime.
confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a
STJ, REsp 1476252/SC, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, DJ 29.06.2015. trama delituosa terá a sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. terços).
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se • Delação Premiada
a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3
(um terço) ou a de multa à quinta parte. Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de
Abastecimento e Preços, quando e se necessário, providenciar a
CAPÍTULO III desapropriação de estoques, a fim de evitar crise no mercado ou
Das Multas colapso no abastecimento
Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a pena
de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 (trezentos e sessenta)
dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime.
Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor
não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200 (duzentos) Bônus do
Tesouro Nacional BTN.

Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser convertida


em multa de valor equivalente a:
I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco milhões) de
BTN, nos crimes definidos no art. 4°;
II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN, nos
crimes definidos nos arts. 5° e 6°;
III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão de BTN),
nos crimes definidos no art. 7°.

Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação


econômica do réu, verifique a insuficiência ou excessiva

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154
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais
Constituição da República Federativa destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
conforme dispuser a lei.
do Brasil de 1988 STF: Guardas Municipais podem exercer poder de polícia de trânsito,
aplicando sanções administrativas - multas - aos infratores.
CAPÍTULO III
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
DA SEGURANÇA PÚBLICA
órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e 39.
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio
seguintes órgãos: (Rol taxativo)
nas vias públicas:
I - polícia federal;
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de
II - polícia rodoviária federal; trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem
III - polícia ferroviária federal; ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e
IV - polícias civis; II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.
STF: A atividade de policiamento naval é uma atividade secundária da
Marinha de Guerra, possuindo caráter meramente administrativo. Não se
pode atribuir a essa função natureza militar, apesar de ser desempenhada
pela Marinha de Guerra.
---------------------------------------------------------------------------------------
§ 1º A POLÍCIA FEDERAL, instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em TÍTULO VIII
carreira, destina-se a: Da Ordem Social
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou CAPÍTULO I
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas DISPOSIÇÃO GERAL
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras Art. 193. A ordem social tem como base o primado do
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça social.
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação CAPÍTULO II
fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de DA SEGURIDADE SOCIAL
competência; Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de
fronteiras; Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
judiciária da União. previdência e à assistência social.
§ 2º A POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL, órgão permanente, Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina- lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias objetivos:
federais.
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
§ 3º A POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL, órgão
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das populações urbanas e rurais;
ferrovias federais. III - seletividade e distributividade na prestação dos
§ 4º Às POLÍCIAS CIVIS, dirigidas por delegados de polícia benefícios e serviços;
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, V - equidade na forma de participação no custeio;
exceto as militares. VI - diversidade da base de financiamento;
§ 5º Às POLÍCIAS MILITARES cabem a polícia ostensiva e a VII - caráter democrático e descentralizado da
preservação da ordem pública; aos CORPOS DE BOMBEIROS administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos
MILITARES, além das atribuições definidas em lei, incumbe a trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo
execução de atividades de defesa civil. nos órgãos colegiados.
STF: A polícia militar, embora não seja polícia judiciária, pode realizar
flagrantes ou participar da busca e apreensão determinada por ordem
judicial. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares,
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito
sociais:
Federal e dos Territórios.
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos
equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
eficiência de suas atividades.

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155
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
serviço, mesmo sem vínculo empregatício; redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
b) a receita ou o faturamento; universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.
c) o lucro;
STF: O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência não pode se converter em promessa constitucional inconsequente, sob
social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão pena de o Poder Público, fraudando justa expectativa nele depositada pela
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu
art. 201; impostergável dever por um gesto irresponsável de infidelidade
governamental.
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. STF: É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único de
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de Saúde, a internação em acomodações superiores, bem como o
atendimento diferenciado por médico do próprio Sistema Único de Saúde
quem a lei a ele equiparar.
(SUS) ou por conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos correspondentes.
Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos
orçamentos, não integrando o orçamento da União.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre
elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução
saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa
metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, física ou jurídica de direito privado.
assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da
seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma
com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
fiscais ou creditícios. organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a I - descentralização, com direção única em cada esfera de
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o governo;
disposto no art. 154, I. II - atendimento integral, com prioridade para as atividades
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente III - participação da comunidade.
fonte de custeio total. § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da
poderão ser exigidas após decorridos 90 (noventa) dias da data da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de
publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes outras fontes
aplicando o disposto no art. 150, III, "b". § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde
entidades beneficentes de assistência social que atendam às recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados
exigências estabelecidas em lei. sobre:
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo
rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por
que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem cento);
empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da
mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos
comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II,
da lei. deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput Municípios;
deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto
diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos
intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º
estrutural do mercado de trabalho. § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos cada 5 (cinco) anos, estabelecerá
para o sistema único de saúde e ações de assistência social da I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;
União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos
Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à
recursos. saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das a progressiva redução das disparidades regionais;
contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo,
para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das
despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os municipal;
quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV
do caput, serão não-cumulativas. IV – (revogado)
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento. endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a
natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos
para sua atuação.
Seção II § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
DA SAÚDE profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e

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156
agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados
da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime
Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades
piso salarial exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º integridade física e quando se tratar de segurados portadores de
do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções deficiência, nos termos definidos em lei complementar.
equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de § 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição
combate às endemias poderá perder o cargo em caso de ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior
descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o ao salário mínimo.
seu exercício. § 3º Todos os salários de contribuição considerados para o
cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, critérios definidos em lei.
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência § 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência
as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para de regime próprio de previdência.
auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. § 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos ano.
casos previstos em lei. § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes
facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para condições:
fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, I – 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem, e 30
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo (trinta) anos de contribuição, se mulher;
vedado todo tipo de comercialização. II - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60
(sessenta) anos de idade, se mulher, reduzido em 5 (cinco) anos o
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que
outras atribuições, nos termos da lei: exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes
incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias
de interesse para a saúde e participar da produção de § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo
medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e anterior serão reduzidos em 5 (cinco) anos, para o professor que
outros insumos; comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
bem como as de saúde do trabalhador; § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem
recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de
atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos
saúde;
regimes de previdência social se compensarão financeiramente,
IV - participar da formulação da política e da execução das segundo critérios estabelecidos em lei.
ações de saneamento básico;
§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de
científico e tecnológico e a inovação; previdência social e pelo setor privado.
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título,
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para serão incorporados ao salário para efeito de contribuição
consumo humano; previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos
VII - participar do controle e fiscalização da produção, e na forma da lei.
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
psicoativos, tóxicos e radioativos; previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao
compreendido o do trabalho. trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que
pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a
benefícios de valor igual a um salário-mínimo.
Seção III
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que
trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de
vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência
regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
social.
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial,
e atenderá, nos termos da lei, a:
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter
avançada; complementar e organizado de forma autônoma em relação ao
regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego regulado por lei complementar.
involuntário;
§ 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos ao participante de planos de benefícios de entidades de previdência
segurados de baixa renda; privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao respectivos planos.
cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no §
2º.

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§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
planos de benefícios das entidades de previdência privada não
integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à
exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração
dos participantes, nos termos da lei.
---------------------------------------------------------------------------------------
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência
CAPÍTULO VI
privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas
DO MEIO AMBIENTE
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia
mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
normal poderá exceder a do segurado. qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União,
gerações.
Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias,
fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas O conceito de meio ambiente deve ser abrangente de toda a natureza, o
artificial e original, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo,
direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio
fechadas de previdência privada, e suas respectivas entidades histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico.
fechadas de previdência privada. Direito Ambiental Constitucional, José Afonso da Silva
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior ---
aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas permissionárias STF: O direito à integridade do meio ambiente - típico direito de terceira
ou concessionárias de prestação de serviços públicos, quando geração - constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo,
patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada. dentro do processo de afirmação dos direitos humanos, a expressão
significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, à
estabelecerá os requisitos para a designação dos membros das própria coletividade social.
diretorias das entidades fechadas de previdência privada e § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao
disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias Poder Público:
de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e
deliberação.
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
Seção IV genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL manipulação de material genético;
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços
necessitar, independentemente de contribuição à seguridade territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
social, e tem por objetivos: sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
adolescência e à velhice; atributos que justifiquem sua proteção;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; atividade potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de
publicidade;
deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
qualidade de vida e o meio ambiente;
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família, conforme dispuser a lei. VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
STF: Os estrangeiros residentes no País, uma vez atendidos os requisitos
constitucionais, são beneficiários da assistência social, fazendo jus ao ambiente;
benefício de prestação continuada. VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência
social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a
social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
com base nas seguintes diretrizes: técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
I - descentralização político-administrativa, cabendo a § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
a execução dos respectivos programas às esferas estadual e sanções penais e administrativas, independentemente da
municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência obrigação de reparar os danos causados.
social; STF: É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime
ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de
II - participação da população, por meio de organizações
presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa.
representativas, na formulação das políticas e no controle das ações
em todos os níveis. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra
do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal
patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro
vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco
de condições que assegurem a preservação do meio ambiente,
décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
aplicação desses recursos no pagamento de:
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção
II - serviço da dívida; dos ecossistemas naturais.

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§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e
sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser de todas as formas de discriminação.
instaladas. § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de
deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às
que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, pessoas portadoras de deficiência.
conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes
como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural aspectos:
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que
I - idade mínima de 14 (quatorze) anos para admissão ao
assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (2017)
trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
CAPÍTULO VII
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à
DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E
escola;
DO IDOSO
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção
ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por
do Estado.
profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. específica;
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento,
união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica,
STF: A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob
impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios.
STF: É inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios entre VII - programas de prevenção e atendimento especializado à
cônjuges e companheiros. criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e
STF: A extensão, às uniões homoafetivas, do mesmo regime jurídico drogas afins.
aplicável à união estável entre pessoas de gênero distinto justifica-se e
legitima-se pela direta incidência, dentre outros, dos princípios § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
constitucionais da igualdade, da liberdade, da dignidade, da segurança exploração sexual da criança e do adolescente.
jurídica e do postulado constitucional implícito que consagra o direito à § 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da
busca da felicidade, os quais configuram, numa estrita dimensão que
privilegia o sentido de inclusão decorrente da própria Constituição da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte
República (art. 1º, III, e art. 3º, IV), fundamentos autônomos e suficientes de estrangeiros.
aptos a conferir suporte legitimador à qualificação das conjugalidades entre § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou
pessoas do mesmo sexo como espécie do gênero entidade familiar.
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. § 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal levar-se- á em consideração o disposto no art. 204.
são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. § 8º A lei estabelecerá:
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana jovens;
e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre
decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos II - o plano nacional de juventude, de duração decenal,
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada visando à articulação das várias esferas do poder público para a
qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou execução de políticas públicas.
privadas.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa
de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de 18
violência no âmbito de suas relações. (dezoito) anos, sujeitos às normas da legislação especial.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
violência, crueldade e opressão. comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à lhes o direito à vida.
saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a § 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados
participação de entidades não governamentais, mediante políticas preferencialmente em seus lares.
específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: § 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a
gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à
saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento
especializado para as pessoas portadoras de deficiência física,
sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente
e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o
trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e

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circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações
Lei nº 9.296 / 1996 realizadas.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a
Lei de Interceptação Telefônica providência do art. 8°, ciente o Ministério Público.
• Essa Lei regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da
Constituição Federal: “é inviolável o sigilo da correspondência e das
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma especializados às concessionárias de serviço público.
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal. Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de
qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-
qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas.
instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada
dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob imediatamente antes do relatório da autoridade, quando se tratar de
segredo de justiça. inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do
interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal.
e telemática.
Segundo o STF e STJ, admite-se, como prova emprestada, a utilização Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada
de interceptação telefônica em outros processos. por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou
------------------------------------------------------------------------------------------------- após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da
CRIME ACHADO E JUSTA CAUSA.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, por maioria, indeferiu parte interessada.
ordem de “habeas corpus” em que se discutia a ilicitude de provas Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido
colhidas mediante interceptação telefônica durante investigação voltada pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou
a apurar delito de tráfico internacional de drogas.
HC 129678/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 13.6.2017. Informativo STF 869.
de seu representante legal.

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de


Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar
telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação não autorizados em lei.
em infração penal; Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no
DIREITO PROCESSUAL PENAL. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
máximo, com pena de detenção. SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. VÍCIO INSANÁVEL.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com
clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação Não é válida a interceptação telefônica realizada sem prévia
e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, autorização judicial, ainda que haja posterior consentimento de um dos
devidamente justificada. interlocutores para ser tratada como escuta telefônica e utilizada como
prova em processo penal. A INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA é a
captação de conversa feita por um terceiro, sem o conhecimento dos
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá interlocutores, que depende de ordem judicial, nos termos do inciso XII
ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: do artigo 5º da CF, regulamentado pela Lei n. 9.296/1996. A ausência de
I - da autoridade policial, na investigação criminal; autorização judicial para captação da conversa macula a validade do
II - do representante do Ministério Público, na investigação material como prova para processo penal. A ESCUTA TELEFÔNICA é a
captação de conversa feita por um terceiro, com o conhecimento de
criminal e na instrução processual penal. apenas um dos interlocutores. A GRAVAÇÃO TELEFÔNICA é feita por
um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento ou a ciência do
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica outro.
conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à
A escuta e a gravação telefônicas, por não constituírem interceptação
apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem telefônica em sentido estrito, não estão sujeitas à Lei 9.296/1996,
empregados. podendo ser utilizadas, a depender do caso concreto, como prova no
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido processo. O fato de um dos interlocutores dos diálogos gravados de
seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os forma clandestina ter consentido posteriormente com a divulgação dos
pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a seus conteúdos não tem o condão de legitimar o ato, pois no momento
da gravação não tinha ciência do artifício que foi implementado pelo
concessão será condicionada à sua redução a termo. responsável pela interceptação, não se podendo afirmar, portanto, que,
§ 2° O juiz, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, caso soubesse, manteria tais conversas pelo telefone interceptado. Não
decidirá sobre o pedido. existindo prévia autorização judicial, tampouco configurada a hipótese
de gravação de comunicação telefônica, já que nenhum dos
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, interlocutores tinha ciência de tal artifício no momento dos diálogos
interceptados, se faz imperiosa a declaração de nulidade da prova, para
indicando também a forma de execução da diligência, que não que não surta efeitos na ação penal.
poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por igual
tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Precedente citado: EDcl no HC 130.429-CE, DJe 17/5/2010.
HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 27/11/2012.
De acordo com a Jurisprudência do STJ, é possível que a renovação
seja realizada por mais de uma vez, quando comprovada a
necessidade.

Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os Lei nº 9.455 / 1997


procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, Crimes de Tortura
que poderá acompanhar a sua realização.
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da
comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição. Art. 1º Constitui crime de tortura:
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

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a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa; Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade
• TORTURA-PROVA / TORTURA PERSECUTÓRIA ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros,
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; recipientes ou publicidade:
• TORTURA PARA A PRÁTICA DE CRIME / TORTURA-CRIME Crime omissivo próprio. Não admite a tentativa.

c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
• TORTURA DISCRIMINATÓRIA / TORTURA-RACISMO § 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar,
mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
periculosidade do serviço a ser prestado.
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
§ 2° Se o crime é culposo:
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
de caráter preventivo.
• TORTURA-CASTIGO
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos
Pena - reclusão, de dois a oito anos. consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo
Trata-se de crime material, sendo possível a tentativa e a desistência conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado:
voluntária. Não se admite arrependimento eficaz e arrependimento Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
posterior. A ação penal é pública incondicionada. Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa retirar do mercado, imediatamente quando determinado pela
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma
por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante deste artigo.
de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade,
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção contrariando determinação de autoridade competente:
de um a quatro anos. Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou § 1º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta correspondentes à lesão corporal e à morte. (2017)
morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. § 2º A prática do disposto no inciso XIV do art. 39 desta Lei
• TORTURA QUALIFICADA também caracteriza o crime previsto no caput deste artigo . (2017)
§ 4º Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto até um
terço): Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir
I - se o crime é cometido por agente público; informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade,
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou
portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) garantia de produtos ou serviços:
anos; Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.
III - se o crime é cometido mediante sequestro. § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou § 2º Se o crime é culposo;
emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
prazo da pena aplicada.
Esse é um efeito extrapenal administrativo da condenação, que, Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria
segundo o STF e o STJ, decore automaticamente da condenação. saber ser enganosa ou abusiva:
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
graça ou anistia. Parágrafo único. (Vetado).
O crime de tortura não é imprescritível, e, para o STF, o condenado Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria
também não poderá ser beneficiado com indulto.
saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa:
Cumpre salientar que o STJ, em julgado recente, afirmou não ser Parágrafo único. (Vetado).
obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento
da pena em regime fechado. Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e
REsp 1.299.787-PR, Quinta Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014. científicos que dão base à publicidade:
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime Trata-se de crime próprio, sendo o fornecedor o sujeito ativo
não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima responsável por manter os dados fáticos, técnicos e científicos, de
brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição acordo com o art. 36, parágrafo único, dessa Lei.
brasileira.
Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou
componentes de reposição usados, sem autorização do
consumidor:
Lei nº 8.078 / 1990 Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
Código de Defesa do Consumidor Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação,
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou
providências. enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu
TÍTULO II trabalho, descanso ou lazer:
Das Infrações Penais Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo
previstas neste código, sem prejuízo do disposto no Código Penal e Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às
leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes. informações que sobre ele constem em cadastros, banco de dados,
Art. 62. (Vetado). fichas e registros:

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Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa.
Lei nº 7.960 / 1989
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre
consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou Prisão Temporária
registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
Art. 1° Caberá prisão temporária:
Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia I - quando imprescindível para as investigações do inquérito
adequadamente preenchido e com especificação clara de seu policial;
conteúdo; II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer
Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do
referidos neste código, incide as penas a esses cominadas na indiciado nos seguintes crimes:
medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou a) homicídio doloso (art. 121, caput, § 2°);
gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, §§ 1° e 2°)
modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
manutenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de d) extorsão (art. 158, caput, §§ 1° e 2°);
serviços nas condições por ele proibidas. e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados parágrafo único)
neste código: g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com
o art. 223, caput, e parágrafo único)
I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por
ocasião de calamidade; h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e
parágrafo único)
II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo; i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia
IV - quando cometidos: ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art.
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição 285);
econômico-social seja manifestamente superior à da vítima; l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de 18 m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de
(dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos ou de pessoas portadoras 1956), em qualquer de sua formas típicas;
de deficiência mental interditadas ou não; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho
medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais. de 1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (2016)
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada em
dias-multa, correspondente ao mínimo e ao máximo de dias de Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face
duração da pena privativa da liberdade cominada ao crime. Na da representação da autoridade policial ou de requerimento do
individualização desta multa, o juiz observará o disposto no art. 60, Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por
§1° do Código Penal. igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, observado o § 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser
disposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal: fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro)
I - a interdição temporária de direitos; horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do
II - a publicação em órgãos de comunicação de grande requerimento.
circulação ou audiência, às expensas do condenado, de notícia § 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério
sobre os fatos e a condenação; Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja
III - a prestação de serviços à comunidade. apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade
policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este § 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado
código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que presidir o de prisão, em 2 (duas) vias, uma das quais será entregue ao
inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do indiciado e servirá como nota de culpa.
Tesouro Nacional (BTN), ou índice equivalente que venha a § 5° A prisão somente poderá ser executada depois da
substituí-lo. expedição de mandado judicial.
Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica § 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso
do indiciado ou réu, a fiança poderá ser: dos direitos previstos no art. 5° da Constituição Federal.
a) reduzida até a metade do seu valor mínimo; § 7° Decorrido o prazo de 5 (cinco) dias de detenção, o preso
b) aumentada pelo juiz até 20 (vinte) vezes. deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido
decretada sua prisão preventiva.
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste
código, bem como a outros crimes e contravenções que envolvam Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer,
relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do obrigatoriamente, separados dos demais detentos.
Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV,
aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de
denúncia não for oferecida no prazo legal. 1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação:
"Art. 4° ...............................................................
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida
de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de
cumprir imediatamente ordem de liberdade;"

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Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um
plantão permanente de 24 (vinte e quatro) horas do Poder
Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos pedidos de
prisão temporária.

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Art. 7º A nomeação obedecerá a rigorosa ordem de
classificação dos candidatos habilitados em curso a que se tenham
Lei nº 4.878 / 1965 submetido na Academia Nacional de Polícia.
Regime Jurídico Peculiar dos
Art. 8º A Academia Nacional de Polícia manterá,
Funcionários Policiais Civis da União permanentemente, cursos de formação profissional dos candidatos
ao ingresso no Departamento Federal de Segurança Pública e na
e do Distrito Federal Polícia do Distrito Federal.

CAPÍTULO I Art. 9º São requisitos para matrícula na Academia


Das Disposições Preliminares Nacional de Polícia:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre as peculiaridades do regime I - ser brasileiro;
jurídico dos funcionários públicos civis da União e do Distrito Federal, II - ter completado 18 (dezoito) anos de idade;
ocupantes de cargos de atividade policial. III - estar no gozo dos direitos políticos;
IV - estar quite com as obrigações militares;
ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL. POLICIAL CIVIL DO
DISTRITO FEDERAL. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO V - ter procedimento irrepreensível e idoneidade moral
PRESTADO ÀS FORÇAS ARMADAS E À POLÍCIA RODOVIÁRIA inatacável, avaliados segundo normas baixadas pela Direção Geral
FEDERAL. do Departamento de Polícia Federal.
1. Aos policiais civis do Distrito Federal se aplica a Lei Federal 4.878/65 VI - gozar de boa saúde, física e psíquica, comprovada em
e, subsidiariamente, a Lei 8.112/90, a qual, em seu artigo 100, permite
a contagem do tempo de serviço público federal, inclusive prestado às
inspeção médica;
Forças Armadas, para todos os efeitos. VII - possuir temperamento adequado ao exercício da função
2. A averbação do tempo de serviço não se aplica somente à concessão policial, apurado em exame psicotécnico realizado pela Academia
de aposentadoria e disponibilidade, devendo também ser considerada Nacional de Polícia;
para fins de licença prêmio e pagamento de anuênios. VIII - ter sido habilitado previamente em concurso público de
3. Não é possível a contagem do tempo de serviço para progressão
funcional, uma vez que essa obedece ao disposto em lei específica,
provas ou de provas e títulos.
conforme disposto no parágrafo único do artigo 10 da Lei nº 8.112/90. § 1º A prova da condição prevista no item IV deste artigo não
4. Recurso parcialmente provido. será exigida da candidata ao ingresso na Polícia Feminina.
ACÓRDÃO Nº 416.924 – TJDFT § 2º Será demitido, mediante processo disciplinar regular, o
funcionário policial que, para ingressar no Departamento Federal de
Art. 2º São policiais civis abrangidos por esta Lei os Segurança Pública e na Polícia do Distrito Federal, omitiu fato que
brasileiros legalmente investidos em cargos do Serviço de Polícia impossibilitaria a sua matrícula na Academia Nacional de Polícia.
Federal e do Serviço Policial Metropolitano, previsto no Sistema de
Classificação de Cargos aprovado pela Lei nº 4.483, de 16 de Art. 10. São competentes para dar posse:
novembro de 1964, com as alterações constantes da Lei nº 4.813, de I - o Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança
25 de outubro de 1965. Pública, ao Chefe de seu Gabinete, ao Corregedor, aos Delegados
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, é considerado Regionais e aos diretores e chefes de serviço que lhe sejam
funcionário policial o ocupante de cargo em comissão ou função subordinados;
gratificada com atribuições e responsabilidades de natureza policial. II - o Diretor da Divisão de Administração do mesmo
Departamento, nos demais casos;
Art. 3º O exercício de cargos de natureza policial é privativo III - o Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, ao
dos funcionários abrangidos por esta Lei. Chefe de seu Gabinete e aos Diretores que lhe sejam subordinados;
IV - o Diretor da Divisão de Serviços Gerais da Polícia do
Art. 4º A função policial, fundada na hierarquia e na Distrito Federal, nos demais casos.
disciplina, é incompatível com qualquer outra atividade. Parágrafo único. O Diretor-Geral do Departamento Federal de
Segurança Pública, o Secretário de Segurança Pública do Distrito
STF: O regime de dedicação exclusiva é incompatível com o exercício
de
Federal e o Diretor da Divisão de Administração do referido
qualquer outra atividade remunerada Departamento poderão delegar competência para dar posse.

Art. 11. O funcionário policial não poderá afastar-se de sua


Art. 5º A precedência entre os integrantes das classes e repartição para ter exercício em outra ou prestar serviços ao Poder
séries de classes do Serviço de Polícia Federal e do Serviço Policial Legislativo ou a qualquer Estado da Federação, salvo quando se
Metropolitano, se estabelece básica e primordialmente pela tratar de atribuição inerente à do seu cargo efetivo e mediante
subordinação funcional. expressa autorização do Presidente da República ou do Prefeito do
Precedência: Significa preferência, prioridade, primazia, antecedência. Distrito Federal, quando integrante da Polícia do Distrito Federal.

CAPÍTULO II Art. 12. A frequência aos cursos de formação profissional da


Das Disposições Peculiares Academia Nacional de Polícia para primeira investidura em cargo de
Art. 6º A nomeação será feita exclusivamente: atividade policial é considerada de efetivo exercício para fins de
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo integrante aposentadoria.
de classe singular ou inicial de série de classes condicionada à
anterior aprovação em curso específico da Academia Nacional de Art. 13. Estágio probatório é o período de 2 (dois) anos de
Polícia; efetivo exercício do funcionário policial, durante o qual se apurarão
II - em comissão, quando se tratar de cargo isolado que em os requisitos previstos em lei.
virtude de lei, assim deva ser provido. Parágrafo único. Mensalmente, o responsável pela repartição
§ 1º (Revogado) ou serviço, em que esteja lotado funcionário policial sujeito a estágio
§ 2º (Revogado) probatório, encaminhará ao órgão de pessoal relatório sucinto
sobre o comportamento do estagiário.

Nº ID: 25R7445DS201
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qualquer outra atividade, pública ou privada, e em razão dos riscos à
Art. 14. Sem prejuízo da remessa prevista no parágrafo único que está sujeito.
do artigo anterior, o responsável pela repartição ou serviço em que § 1º A gratificação a que se refere este artigo será calculada,
sirva funcionário policial sujeito a estágio probatório, seis meses percentualmente, sobre o vencimento do cargo efetivo do policial, na
antes da terminação deste, informará reservadamente ao órgão de forma a ser fixada pelo Presidente da República.
pessoal sobre o funcionário, tendo em vista os requisitos previstos § 2º Quando se tratar de ocupante de cargo ou função de
em lei. direção, chefia ou assessoramento com atribuições e
responsabilidades de natureza policial, a gratificação será calculada
Art. 15. As promoções serão realizadas em 21 de abril e 28 de sobre o valor do símbolo do cargo em comissão ou da função
outubro de cada ano, desde que verificada a existência de vaga e gratificada.
haja funcionários em condições de a ela concorrer. § 3º Ressalvado o magistério na Academia Nacional de
Polícia e a prática profissional em estabelecimento hospitalar, para
Art. 16. Para a promoção por merecimento é requisito os ocupantes de cargos da série de classes de Médicos Legista, ao
necessário a aprovação em curso da Academia Nacional de Polícia funcionário policial é vedado exercer outra atividade, qualquer que
correspondente à classe imediatamente superior àquela a que seja a forma de admissão, remunerada ou não, em entidade pública
pertence o funcionário. ou empresa privada.

Art. 17. O órgão competente organizará para cada vaga a ser Art. 24. O regime de dedicação integral obriga o funcionário
provida por merecimento uma lista não excedente de três policial à prestação, no mínimo, de 200 (duzentas) horas mensais
candidatos. de trabalho.

Art. 18. O funcionário policial, ocupante de cargo de classe Art. 25. A gratificação de função policial não será paga
singular ou final de série de classes, poderá ter acesso à classe enquanto o funcionário policial deixar de perceber o vencimento do
inicial de séries afins, de nível mais elevado, de atribuições cargo em virtude de licença ou outro afastamento, salvo quando
correlatas porém mais complexas. investido em cargo em comissão ou função gratificada com
atribuições e responsabilidades de natureza policial, hipótese em
§ 1º A nomeação por acesso, além das exigências legais e que continuará a perceber a gratificação na base do vencimento do
das qualificações em cada caso, obedecerá a provas práticas que cargo efetivo.
compreendam tarefas típicas relativas ao exercício do novo cargo e,
quando couber, à ordem de classificação em concurso de títulos que Art. 26. A gratificação de função policial incorporar-se-á aos
aprecie a experiência profissional, ou em curso específico de proventos da aposentadoria à razão de 1/30 (um trinta avos) do seu
formação profissional, ambos realizados pela Academia Nacional de valor por ano de efetivo exercício de atividade estritamente policial.
Polícia. Parágrafo único. Para os efeitos da incorporação de que trata
§ 2º As linhas de acesso estão previstas nos Anexos IV dos este artigo, levar-se-á em conta também o tempo de efetivo exercício
Quadros de Pessoal do Departamento Federal de Segurança Pública em atividade estritamente policial, anterior à data da concessão ao
e da Polícia do Distrito Federal, aprovados pela Lei nº 4.483, de 16 funcionário da vantagem prevista no artigo 23.
de novembro de 1964.
Art. 27. O funcionário policial casado, quando lotado em
Art. 19. As nomeações por acesso abrangerão metade das Delegacia Regional, terá direito a auxílio para moradia
vagas existentes na respectiva classe, ficando a outra metade correspondente a 10% (dez por cento) do seu vencimento mensal.
reservada aos provimentos na forma prevista no artigo 6º desta lei. Parágrafo único. O auxílio previsto neste artigo será pago ao
Parágrafo único. (Revogado) funcionário policial até completar 5 (cinco) anos na localidade em
que, por necessidade de serviço, nela deva residir, e desde que não
Art. 20. O funcionário policial que, comprovadamente, se disponha de moradia própria.
revelar inapto para o exercício da função policial, sem causa que
justifique a sua demissão ou aposentadoria, será readaptado em Art. 28. Quando o funcionário policial, de que trata o artigo
outro cargo mais compatível com a sua capacidade, sem decesso anterior, ocupar imóvel sob a responsabilidade do órgão em que
nem aumento de vencimento. servir, 20% (vinte por cento) do valor do auxílio previsto no artigo
Parágrafo único. A readaptação far-se-á mediante a anterior serão recolhidos como receita da União e o restante,
transformação do cargo exercido em outro mais compatível com a empregado conforme for estabelecido pelo referido órgão de acordo
capacidade física ou intelectual e vocação. com as suas peculiaridades.

Art. 21. O funcionário policial não poderá ser obrigado a Art. 29. Quando o funcionário policial ocupar imóvel de outra
interromper as suas férias, a não ser em virtude de emergente entidade, a importância referida no artigo 28 terá o seguinte destino:
necessidade da segurança nacional ou manutenção da ordem, a) a importância correspondente ao aluguel, recolhida ao
mediante convocação da autoridade competente. órgão responsável pelo imóvel;
§ 1º Na hipótese prevista neste artigo, in fine, o funcionário b) o restante, empregado na forma estabelecida no artigo
terá direito a gozar o período restante das férias em época oportuna. anterior, in fine.
§ 2º Ao entrar em férias, o funcionário comunicará ao chefe
imediato o seu provável endereço, dando-lhe ciência, durante o Art. 30. Esgotado o prazo previsto no parágrafo único do
período, de suas eventuais mudanças. artigo 27, o funcionário que continuar ocupando imóvel de
responsabilidade da repartição em que servir indenizá-la-á da
CAPÍTULO III importância correspondente ao auxílio para moradia.
Das Vantagens Específicas Parágrafo único. Se a ocupação for de imóvel pertencente a
Art. 22. O funcionário policial fará jus ainda às seguintes outro órgão o funcionário indenizá-la-á pelo aluguel correspondente.
vantagens:
I - Gratificação de função policial; CAPÍTULO IV
Il - Auxílio para moradia. Da Assistência Médico-Hospitalar
Art. 31. A assistência médico-hospitalar compreenderá:
Art. 23 O policial fará jus à gratificação de função policial por a) assistência médica contínua, dia e noite, ao policial
ficar, compulsoriamente, incompatibilizado para o desempenho de enfermo, acidentado ou ferido, que se encontre hospitalizado;

165
b) assistência médica ao policial ou sua família, através de CAPÍTULO VI
laboratórios, policlínicas, gabinetes odontológicos, pronto-socorro e Da Prisão Especial
outros serviços assistenciais. Art. 40. Preso preventivamente, em flagrante ou em virtude
de pronúncia, o funcionário policial, enquanto não perder a condição
Art. 32. A assistência médico-hospitalar será prestada pelos de funcionário, permanecerá em prisão especial, durante o curso da
serviços médicos dos órgãos a que pertença ou tenha pertencido o ação penal e até que a sentença transite em julgado.
policial, dentro dos recursos próprios colocados à disposição deles. § 1º O funcionário policial nas condições deste artigo ficará
recolhido a sala especial da repartição em que sirva, sob a
Art. 33. O funcionário policial terá hospitalização e tratamento responsabilidade do seu dirigente, sendo-lhe defeso exercer
por conta do Estado quando acidentado em serviço ou acometido qualquer atividade funcional, ou sair da repartição sem expressa
de doença profissional. autorização do Juízo a cuja disposição se encontre.
§ 2º Publicado no Diário Oficial o decreto de demissão, será o
Art. 34. O funcionário policial em atividade, excetuado o ex-funcionário encaminhado, desde logo, a estabelecimento penal,
disposto no artigo anterior, o aposentado e, bem assim, as pessoas onde permanecerá em sala especial, sem qualquer contato com os
de sua família, indenizarão, no todo ou em parte, a assistência demais presos não sujeitos ao mesmo regime, e, uma vez
médico-hospitalar que lhes for prestada, de acordo com as normas e condenado, cumprirá a pena que lhe tenha sido imposta, nas
tabelas que forem aprovadas. condições previstas no parágrafo seguinte.
Parágrafo único. As indenizações por trabalhos de prótese § 3º Transitada em julgado a sentença condenatória, será o
dentária, ortodontia, obturações, bem como pelo fornecimento de funcionário encaminhado a estabelecimento penal, onde cumprirá a
aparelhos ortopédicos, óculos e artigos correlatos, não se pena em dependência isolada dos demais presos não abrangidos
beneficiarão de reduções, devendo ser feitas pelo justo valor do por esse regime, mas sujeito, como eles, ao mesmo sistema
material aplicado ou da peça fornecida. disciplinar e penitenciário.
§ 4º Ainda que o funcionário seja condenado às penas
Art. 35. Para os efeitos da prestação de assistência médico- acessórias dos itens I e II do Artigo 68 do Código Penal, cumprirá a
hospitalar, consideram-se pessoas da família do funcionário policial, pena em dependência isolada dos demais presos, na forma do
desde que vivam às suas expensas e em sua companhia: parágrafo anterior.
a) o cônjuge;
b) os filhos solteiros, menores de dezoito anos ou inválidos e, CAPÍTULO VII
bem assim, as filhas ou enteadas, solteiras, viúvas ou desquitadas; Dos Deveres e das Transgressões
c) os descendentes órfãos, menores ou inválidos; Art. 41. Além do enumerado no artigo 194 da Lei nº 1.711, de
d) os ascendentes sem economia própria; 28 de outubro de 1952, é dever do funcionário policial frequentar
e) os menores que, em virtude de decisão judicial, forem com assiduidade, para fins de aperfeiçoamento e atualização de
entregues à sua guarda; conhecimentos profissionais, curso instituído periodicamente pela
f) os irmãos menores e órfãos, sem arrimo. Academia Nacional de Polícia, em que seja compulsoriamente
Parágrafo único. Continuarão compreendidos nas disposições matriculado.
deste capítulo a viúva do policial, enquanto perdurar a viuvez, e os
demais dependentes mencionados nas letras "b" a "f", desde que Art. 42. Por desobediência ou falta de cumprimento dos
vivam sob a responsabilidade legal da viúva. deveres o funcionário policial será punido com a pena de
repreensão, agravada em caso de reincidência.
Art. 36. Os recursos para a assistência de que trata este
capítulo provirão das dotações consignadas no Orçamento Geral da Art. 43. São transgressões disciplinares:
União e do pagamento das indenizações referidas no artigo 34. I - referir-se de modo depreciativo às autoridades e atos da
administração pública, qualquer que seja o meio empregado para
CAPÍTULO V êsse fim; (Suspensão)
Das Disposições Especiais sobre Aposentadoria II - divulgar, através da imprensa escrita, falada ou
Art. 37. O funcionário policial será aposentado televisionada, fatos ocorridos na repartição, propiciar-lhes a
compulsoriamente aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, divulgação, bem como referir-se desrespeitosa e depreciativamente
qualquer que seja a natureza dos serviços prestados. às autoridades e atos da administração; (Suspensão)
Embora a Lei nº 4.878/65 ainda faça menção expressa à aposentadoria III - promover manifestação contra atos da administração ou
compulsória aos 65 anos, de acordo com a Lei Complementar nº movimentos de apreço ou desapreço a quaisquer autoridades;
152/2015, serão aposentados compulsoriamente, com proventos (Suspensão)
proporcionais ao tempo de contribuição, aos 75 (setenta e cinco) anos IV - indispor funcionários contra os seus superiores
de idade: hierárquicos ou provocar, velada ou ostensivamente, animosidade
I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e
entre os funcionários; (Demissão)
fundações; V - deixar de pagar, com regularidade, as pensões a que
II - os membros do Poder Judiciário; esteja obrigado em virtude de decisão judicial; (Repreensão)
III - os membros do Ministério Público; VI - deixar, habitualmente, de saldar dívidas legítimas;
IV - os membros das Defensorias Públicas; (Suspensão)
V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas. VII - manter relações de amizade ou exibir-se em público com
pessoas de notórios e desabonadores antecedentes criminais, sem
Art. 38. O provento do policial inativo será revisto sempre razão de serviço; (Suspensão)
que ocorrer: VIII - praticar ato que importe em escândalo ou que concorra
a) modificação geral dos vencimentos dos funcionários para comprometer a função policial; (Suspensão)
policiais civis em atividade; ou IX - receber propinas, comissões, presentes ou auferir
b) reclassificação do cargo que o funcionário policial inativo vantagens e proveitos pessoais de qualquer espécie e, sob qualquer
ocupava ao aposentar-se. pretexto, em razão das atribuições que exerce; (Demissão)
X - retirar, sem prévia autorização da autoridade competente,
Art. 39. O funcionário policial, quando aposentado em virtude qualquer documento ou objeto da repartição; (Suspensão)
de acidente em serviço ou doença profissional, ou quando acometido XI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
das doenças especificadas no artigo 178, item III, da Lei nº 1.711, de previstos em lei, o desempenho de encargo que lhe competir ou aos
28 de outubro de 1952, incorporará aos proventos de inatividade a seus subordinados; (Demissão)
gratificação de função policial no valor que percebia ao aposentar-se.

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XII - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou velado, de XL - omitir-se no zelo da integridade física ou moral dos
obter proveito de natureza político-partidária, para si ou terceiros; presos sob sua guarda; (Demissão)
(Demissão) XLI - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de decisão
XIII - participar da gerência ou administração de empresa, ou ordem judicial, bem como criticá-las; (Suspensão)
qualquer que seja a sua natureza; (Demissão) XLII - dirigir-se ou referir-se a superior hierárquico de modo
XIV - exercer o comércio ou participar de sociedade desrespeitoso; (Suspensão)
comercial, salvo como acionista, cotista ou comanditário; (Demissão) XLIII - publicar, sem ordem expressa da autoridade
XV - praticar a usura em qualquer de suas formas; (Demissão) competente, documentos oficiais, embora não reservados, ou
XVI - pleitear, como procurador ou intermediário, junto a ensejar a divulgação do seu conteúdo, no todo ou em parte;
repartições públicas, salvo quando se tratar de percepção de (Demissão)
vencimentos, vantagens e proventos de parentes até segundo grau XLIV - dar-se ao vício da embriaguez; (Demissão)
civil; (Demissão) XLV - acumular cargos públicos, ressalvadas as exceções
XVII - faltar à verdade no exercício de suas funções, por previstas na Constituição; (Demissão)
malícia ou má-fé; (Repreensão) XLVI - deixar, sem justa causa, de submeter-se a inspeção
XVIII - utilizar-se do anonimato para qualquer fim; (Suspensão) médica determinada por lei ou pela autoridade competente;
XIX - deixar de comunicar, imediatamente, à autoridade (Suspensão)
competente faltas ou irregularidades que haja presenciado ou de que XLVII - deixar de concluir, nos prazos legais, sem motivo
haja tido ciência; (Repreensão) justo, inquéritos policiais ou disciplinares, ou, quanto a estes últimos,
XX - deixar de cumprir ou de fazer cumprir, na esfera de suas como membro da respectiva comissão, negligenciar no cumprimento
atribuições, as leis e os regulamentos; (Suspensão) das obrigações que lhe são inerentes; (Suspensão)
XXI - deixar de comunicar à autoridade competente, ou a XLVIII - prevalecer-se, abusivamente, da condição de
quem a esteja substituindo, informação que tiver sobre iminente funcionário policial; (Demissão)
perturbação da ordem pública, ou da boa marcha de serviço, tão XLIX - negligenciar a guarda de objetos pertencentes à
logo disso tenha conhecimento; (Suspensão) repartição e que, em decorrência da função ou para o seu exercício,
XXII - deixar de informar com presteza os processos que lhe lhe tenham sido confiados, possibilitando que se danifiquem ou
forem encaminhados; (Repreensão) extraviem; (Repreensão)
XXIII - dificultar ou deixar de levar ao conhecimento de L - dar causa, intencionalmente, ao extravio ou danificação de
autoridade competente, por via hierárquica e em 24 (vinte e quatro) objetos pertencentes à repartição e que, para os fins mencionados
horas, parte, queixa, representação, petição, recurso ou documento no item anterior, estejam confiados à sua guarda; (Demissão)
que houver recebido, se não estiver na sua alçada resolvê-lo; LI - entregar-se à prática de vícios ou atos atentatórios aos
(Repreensão) bons costumes; (Demissão)
XXIV - negligenciar ou descumprir a execução de qualquer LII - indicar ou insinuar nome de advogado para assistir
ordem legítima; (Repreensão) pessoa que se encontre respondendo a processo ou inquérito
XXV - apresentar maliciosamente, parte, queixa ou policial; (Demissão)
representação; (Repreensão) LIII - exercer, a qualquer título, atividade pública ou privada,
XXVI - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida profissional ou liberal, estranha à de seu cargo; (Demissão)
qualquer ordem de autoridade competente, ou para que seja LIV - lançar em livros oficiais de registro anotações, queixas,
retardada a sua execução; (Suspensão) reivindicações ou quaisquer outras matérias estranhas à finalidade
XXVII - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de deles; (Repreensão)
obrigação; (Suspensão) LV - adquirir, para revenda, de associações de classe ou
XXVIII - provocar a paralisação, total ou parcial, do serviço entidades beneficentes em geral, gêneros ou quaisquer mercadorias;
policial, ou dela participar; (Demissão) (Demissão)
XXIX - trabalhar mal, intencionalmente ou por negligência; LVI - impedir ou tornar impraticável, por qualquer meio, na
(Suspensão) fase do inquérito policial e durante o interrogatório do indiciado,
XXX - faltar ou chegar atrasado ao serviço, ou deixar de mesmo ocorrendo incomunicabilidade, a presença de seu advogado;
participar, com antecedência, à autoridade a que estiver (Suspensão)
subordinado, a impossibilidade de comparecer à repartição, salvo LVII - ordenar ou executar medida privativa da liberdade
motivo justo; (Suspensão) individual, sem as formalidades legais, ou com abuso de poder;
XXXI - permutar o serviço sem expressa permissão da (Suspensão)
autoridade competente; (Suspensão) LVIII - submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
XXXII - abandonar o serviço para o qual tenha sido vexame ou constrangimento não autorizado em lei; (Demissão)
designado; (Suspensão) LIX - deixar de comunicar imediatamente ao Juiz competente
XXXIII - não se apresentar, sem motivo justo, ao fim de a prisão em flagrante de qualquer pessoa; (Suspensão)
licença, para o trato de interesses particulares, férias ou dispensa de LX - levar à prisão e nela conservar quem quer que se
serviço, ou, ainda, depois de saber que qualquer delas foi proponha a prestar fiança permitida em lei; (Suspensão)
interrompida por ordem superior; (Suspensão) LXI - cobrar carceragem, custas, emolumentos ou qualquer
XXXIV - atribuir-se a qualidade de representante de qualquer outra despesa que não tenha apoio em lei; (Demissão)
repartição do Departamento Federal de Segurança Pública e da LXII - praticar ato lesivo da honra ou do patrimônio da pessoa,
Polícia do Distrito Federal, ou de seus dirigentes, sem estar natural ou jurídica, com abuso ou desvio de poder, ou sem
expressamente autorizado; (Suspensão) competência legal; (Demissão)
XXXV - contrair dívida ou assumir compromisso superior às LXIII - atentar, com abuso de autoridade ou prevalecendo-se
suas possibilidades financeiras, comprometendo o bom nome da dela, contra a inviolabilidade de domicílio. (Suspensão)
repartição; (Suspensão)
XXXVI - frequentar, sem razão de serviço, lugares CAPÍTULO VIII
incompatíveis com o decoro da função policial; (Demissão) Das Penas Disciplinares
XXXVII - fazer uso indevido da arma que lhe haja sido Art. 44. São penas disciplinares:
confiada para o serviço; (Suspensão) I - repreensão;
XXXVIII - maltratar preso sob sua guarda ou usar de violência II - suspensão;
desnecessária no exercício da função policial; (Demissão) III - multa;
XXXIX - permitir que presos conservem em seu poder IV - detenção disciplinar;
instrumentos com que possam causar danos nas dependências a V - destituição de função;
que estejam recolhidos, ou produzir lesões em terceiros; (Suspensão) VI - demissão;
VII - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.

167
II - o Prefeito do Distrito Federal, nos casos previstos no item
Art. 45. Na aplicação das penas disciplinares serão anterior quando se tratar de funcionário policial da Polícia do Distrito
considerados: Federal;
I - a natureza da transgressão, sua gravidade e as III - o Ministro da Justiça e Negócios Interiores ou o Secretário
circunstâncias em que foi praticada; de Segurança Pública do Distrito Federal, respectivamente, nos
Il - os danos dela decorrentes para o serviço público; casos de suspensão até noventa dias;
Ill - a repercussão do fato; IV - o Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança
IV - os antecedentes do funcionário; Pública, no caso de suspensão até sessenta dias;
V - a reincidência. V - os diretores dos órgãos centrais do Departamento Federal
Parágrafo único. É causa agravante da falta disciplinar o de Segurança Pública e da Polícia do Distrito Federal, os Delegados
haver sido praticada em concurso com dois ou mais funcionários. Regionais e os titulares das Zonas Policiais, no caso de suspensão
até trinta dias;
Art. 46. A pena de REPREENSÃO será sempre aplicada por VI - os diretores de Divisões e Serviços do Departamento
escrito nos casos em que, a critério da Administração, a Federal de Segurança Pública e da Polícia do Distrito Federal, no
transgressão seja considerada de natureza leve, e deverá constar do caso de suspensão até dez dias;
assentamento individual do funcionário. VII - a autoridade competente para a designação, no caso de
Parágrafo único. Serão punidas com a pena de repreensão as destituição de função;
transgressões disciplinares previstas nos itens V, XVII, XIX, XXll, VIII - as autoridades referidas nos itens III a VII, no caso de
XXIII, XXIV, XXV, XLIX e LIV do artigo 43 desta Lei. repreensão.
CAPÍTULO X
Art. 47. A pena de SUSPENSÃO, que não excederá de 90 Da Suspensão Preventiva
(noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou reincidência. Art. 51. A suspensão preventiva, que não excederá de 90
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, são de natureza (noventa) dias, será ordenada pelo Diretor-Geral do Departamento
grave as transgressões disciplinares previstas nos itens I, II, III, VI, Federal de Segurança Pública ou pelo Secretário de Segurança
VII, Vlll, X, XVIII, XX, XXI, XXVI, XXVII, XXIX, XXX, XXXI XXXII, Pública do Distrito Federal, conforme o caso, desde que o
XXXIII, XXXIV, XXXV, XXXVII, XXXIX, XLI, XLII, XLVI, XLVIl, LVI, afastamento do funcionário policial seja necessário, para que este
LVII, LIX, LX e LXIII do art. 43 desta Lei. não venha a influir na apuração da transgressão disciplinar.
Parágrafo único. Nas faltas em que a pena aplicável seja a de
Art. 48. A pena de DEMISSÃO, além dos casos previstos demissão, o funcionário poderá ser afastado do exercício de seu
na Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, será também aplicada cargo, em qualquer fase do processo disciplinar, até decisão final.
quando se caracterizar:
I - crimes contra os costumes e contra o patrimônio, que, por CAPÍTULO XI
sua natureza e configuração, sejam considerados como infamantes, Do Processo Disciplinar
de modo a incompatibilizar o servidor para o exercício da função Art. 52. A autoridade que tiver ciência de qualquer
policial. irregularidade ou transgressão a preceitos disciplinares é obrigada a
Il - transgressão dos itens IV, IX, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, providenciar a imediata apuração em processo disciplinar, no
XXVIII, XXXVI, XXXVIII, XL, XLIII, XLIV, XLV, XLVIII, L, LI, LII, LIII, qual será assegurada ampla defesa.
LV, LVIII, LXI e LXII do art. 43 desta Lei.
§ 1º Poderá ser, ainda, aplicada a pena de demissão, Art. 53. Ressalvada a iniciativa das autoridades que lhe são
ocorrendo contumácia na prática de transgressões disciplinares. hierarquicamente superiores, compete ao Diretor-Geral do
§ 2º A aplicação de penalidades pelas transgressões Departamento Federal de Segurança Pública, ao Secretário de
disciplinares constantes desta Lei não exime o funcionário da Segurança Pública do Distrito Federal e aos Delegados Regionais
obrigação de indenizar a União pelos prejuízos causados. nos Estados, a instauração do processo disciplinar.
§ 1º Promoverá o processo disciplinar uma Comissão
Art. 49. Tendo em vista a natureza da transgressão e o Permanente de Disciplina, composta de três membros de preferência
interesse do Serviço Púbico, a pena e suspensão até 30 (trinta) dias bacharéis em Direito, designada pelo Diretor-Geral do Departamento
poderá ser convertida em detenção disciplinar até 20 (vinte) dias, Federal de Segurança Pública ou pelo Secretário de Segurança
mediante ordem por escrito do Diretor-Geral do Departamento Pública do Distrito Federal, conforme o caso.
Federal de Segurança Pública ou dos Delegados Regionais, nas § 2º Haverá até três Comissões Permanentes de Disciplina na
respectivas jurisdições, ou do Secretário de Segurança Pública, na sede do Departamento Federal de Segurança Pública e na da Polícia
Polícia do Distrito Federal. do Distrito Federal e uma em cada Delegacia Regional.
Parágrafo único. A detenção disciplinar, que não acarreta a § 3º Caberá ao Diretor-Geral do Departamento Federal de
perda dos vencimentos, será cumprida: Segurança Pública a designação dos membros das Comissões
I - na residência do funcionário, quando não exceder de 48 Permanentes de Disciplina na sede da repartição e nas Delegacias
(quarenta e oito) horas; Regionais mediante indicação dos respectivos Delegados Regionais.
II - em sala especial, na sede do Departamento Federal de § 4º Ao Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
Segurança Pública ou na Polícia do Distrito Federal, quando se tratar compete designar as Comissões Permanentes de Disciplina da
de ocupante de cargo em comissão ou função gratificada ou Polícia do Distrito Federal.
funcionário ocupante de cargo para cujo ingresso ou desempenho
seja exigido diploma de nível universitário; Art. 54. A autoridade competente para determinar a
III - em sala especial na Delegacia Regional, quando se tratar instauração de processo disciplinar:
de funcionário nela lotado; I - remeterá, em três vias, com o respectivo ato, à Comissão
IV - em sala especial da repartição, nos demais casos. Permanente de Disciplina de que trata o § 1º do artigo anterior, os
elementos que fundamentaram a decisão;
CAPÍTULO IX II - providenciará a instauração do inquérito policial quando o
Da Competência Para Imposição de Penalidades fato possa ser configurado como ilícito penal.
Art. 50. Para imposição de pena disciplinar são competentes:
I - o Presidente da República, nos casos de demissão e Art. 55. Enquanto integrarem as Comissões Permanentes de
cassação de aposentadoria ou disponibilidade de funcionário policial Disciplina, seus membros ficarão à disposição do respectivo
do Departamento Federal de Segurança Pública; Conselho de Polícia e dispensados do exercício das atribuições e
responsabilidades de seus cargos.

168
§ 1º Os membros das Comissões Permanentes de Disciplina subordinados integralmente ao regime jurídico instituído pela Lei nº
terão o mandato de seis meses, prorrogável pelo tempo necessário à 1.711, de 28 de outubro de 1952.
ultimação dos processos disciplinares que se encontrem em fase de
indiciação, cabendo o estudo dos demais aos novos membros que Art. 63. O disposto nesta Lei aplica-se aos funcionários que,
foram designados. enquadrados no Serviço Policial de que trata a Lei nº 3.780, de 10 de
§ 2º O disposto no parágrafo anterior não constitui julho de 1960 e transferidos para a Administração do Estado da
impedimento para a recondução de membro de Comissão Guanabara, retornaram ao Serviço Público Federal.
Permanente de Disciplina.
Art. 64. Os funcionários do Quadro de Pessoal do
Art. 56. A publicação da portaria de instauração do processo Departamento Federal de Segurança Pública ocupantes de cargos
disciplinar em Boletim de Serviço, quando indicar o funcionário que não incluídos no Serviço de Polícia Federal, quando removidos ex
praticou a transgressão sujeita a apuração, importará na sua officio, farão jus ao auxílio previsto no art. 22, item II, nas mesmas
notificação para acompanhar o processo em todos os seus trâmites, bases e condições fixadas para o funcionário policial civil.
por si ou por defensor constituído, se assim o entender.
Art. 65. O disposto no Capítulo IV desta Lei é extensivo a
Art. 57. Na hipótese de autuação em flagrante do funcionário todos os funcionários do Quadro de Pessoal do Departamento
policial como incurso em qualquer dos crimes referidos no artigo 48 e Federal de Segurança Pública e respectivas famílias.
seu item I, a autoridade que presidir o ato encaminhará, dentro de
vinte e quatro horas, à autoridade competente para determinar a Art. 66. É vedada a remoção ex officio do funcionário policial
instauração do processo disciplinar, traslado das peças que esteja cursando a Academia Nacional de Polícia, desde que a
comprovadoras da materialidade do fato e sua autoria. sua movimentação impossibilite a frequência no curso em que esteja
§ 1o Recebidas as peças de que trata este artigo, a matriculado.
autoridade procederá na forma prevista no art. 54, item I, desta Lei.
§ 2o As sanções civis, penais e disciplinares poderão Art. 67. O funcionário policial poderá ser removido:
cumular-se, sendo independentes entre si. I - Ex officio;
§ 3o A responsabilidade administrativa do servidor será II - A pedido;
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do III - Por conveniência da disciplina.
fato ou sua autoria. § 1º Nas hipóteses previstas nos itens II e III deste artigo, o
§ 4o A suspensão preventiva de que trata o parágrafo único funcionário não fará jus a ajuda de custo.
do art. 51 é obrigatória quando se tratar de transgressões aos incisos § 2º A remoção ex officio do funcionário policial, salvo
IX, XII, XVI, XXVIII, XXXVIII, XL, XLVIII, LI, LVIII e LXII do art. 43, ou imperiosa necessidade do serviço devidamente justificada, só poderá
no caso de recebimento de denúncia pelos crimes previstos nos arts. efetivar-se após dois anos, no mínimo, de exercício em cada
312, caput, 313, 316, 317 e seu § 1o, e 318 do Decreto-Lei no 2.848, localidade.
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).
Art. 68. Não são considerados herança os vencimentos e
CAPÍTULO XII vantagens devidos ao funcionário falecido, os quais serão pagos,
Dos Conselhos de Polícia independentemente de ordem judicial, à viúva ou, na sua falta, aos
Art. 58. Os Conselhos de Polícia, levando em conta a legítimos herdeiros daquele.
repercussão do fato, ou suas circunstâncias, poderão, por
convocação de seu Presidente, apreciar as transgressões Art. 69. Será concedido transporte à família do funcionário
disciplinares passíveis de punição com as penas de repreensão, policial falecido no desempenho de serviço fora da sede de sua
suspensão até trinta dias e detenção disciplinar até vinte dias. repartição.
Parágrafo único. No ato de convocação, o Presidente do Parágrafo único. A família do funcionário falecido em serviço
Conselho designará um de seus membros para relator da matéria. na sede de sua repartição terá direito, dentro de seis meses após o
óbito, a transporte para a localidade do território nacional em que
Art. 59. O funcionário policial será convocado, através do fixar residência.
Boletim de Serviço, a comparecer perante o Conselho para, em dia e
hora previamente designados e após a leitura do relatório, CAPÍTULO XIV
apresentar razões de defesa. Das Disposições Transitórias
Art. 70. A competência atribuída por esta Lei ao Prefeito do
Art. 60. Após ouvir as razões do funcionário, o Conselho, pela Distrito Federal e ao Secretário de Segurança Pública do Distrito
maioria ou totalidade de seus membros, concluirá pela procedência Federal será exercida, em relação à Polícia do Distrito Federal,
ou não da transgressão, deliberará sobre a penalidade a ser aplicada respectivamente, pelo Presidente da República e pelo Chefe de
e, finalmente, o Presidente proferirá a decisão final. Polícia do Distrito Federal, até 31 de janeiro de 1966.
Parágrafo único. Votará em primeiro lugar o relator do
processo e por último o Presidente do órgão, assegurado a este o Art. 71. Ressalvado o disposto no art. 11 desta Lei, os
direito de veto às deliberações do Conselho. funcionários do Departamento Federal de Segurança Pública e da
Polícia do Distrito Federal, que se encontrem à disposição de outros
CAPÍTULO XIII órgãos, deverão retornar ao exercício de seus cargos no prazo
Das Disposições Gerais máximo de trinta dias, contados da publicação desta Lei.
Art. 61. O dia 21 de abril será consagrado ao Funcionário
Policial Civil. Art. 72. O Poder Executivo, no prazo de noventa dias,
contados da publicação desta Lei, baixará por decreto o
Art. 62. Aos funcionários do Serviço de Polícia Federal e do Regulamento-Geral do Pessoal do Departamento Federal de
Serviço Policial Metropolitano aplicam-se as disposições da Segurança Pública, consolidando as disposições desta Lei com as
legislação relativa ao funcionalismo civil da União no que não da Lei número 1.711, de 28 de outubro de 1952, e legislação
colidirem com as desta Lei. posterior relativa a pessoal.
Parágrafo único. Os funcionários dos quadros de pessoal do
Departamento Federal de Segurança Pública e da Polícia do Distrito
Federal ocupantes de cargos não integrantes do Serviço de Polícia
Federal e do Serviço Policial Metropolitano, continuarão

169
§ 4o O Poder Executivo disporá, em regulamento, quanto aos
Lei nº 9.264 / 1996 requisitos e condições de progressão nos cargos das carreiras.
Art. 6° (Revogado)
Desmembramento e Reorganização Art. 7° (Revogado)
Art. 8° (Revogado)
da Carreira Policial Civil do Distrito
Federal Art. 9° O enquadramento nas tabelas de que tratam os Anexos
I, II e III far-se-á mediante requerimento do servidor, em caráter
Dispõe sobre o desmembramento e a reorganização da Carreira irrevogável e irretratável, a ser apresentado no prazo de sessenta
Policial Civil do Distrito Federal, fixa remuneração de seus dias contado da data da publicação desta Lei.
cargos e dá outras providências. Parágrafo único. O requerimento a que alude este artigo
conterá, obrigatoriamente, expressa renúncia do interessado
Art. 1º A Carreira Policial Civil do Distrito Federal, criada relativamente a parcelas remuneratórias eventualmente deferidas às
pelo Decreto-lei n° 2.266, de 12 de marco de 1985, fica Carreiras de Delegado de Polícia do Distrito Federal e de Polícia
desmembrada em Carreira de Delegado de Polícia do Distrito Civil do Distrito Federal decorrentes de lei, ato administrativo ou
Federal e Carreira de Polícia Civil do Distrito Federal. decisão judicial.

Art. 2o A Carreira de Delegado de Polícia do Distrito Federal, de Art. 10. A não apresentação do requerimento nas condições
natureza jurídica e policial, é constituída do cargo de Delegado de previstas no artigo anterior presumirá renúncia ao direito de
Polícia. enquadramento nas tabelas de que tratam os Anexos I, II e III, às
gratificações referidas no caput do art. 7° e aos percentuais fixados
Art. 3º A Carreira de Polícia Civil do Distrito Federal é de no art. 8° desta Lei.
nível superior e compõe-se dos cargos de Perito Criminal, Perito
Médico-Legista, Agente de Polícia, Escrivão de Polícia, Art. 11. O disposto nesta Lei aplica-se aos inativos e
Papiloscopista Policial e Agente Policial de Custódia. pensionistas de servidores das Carreiras de Delegado de Polícia
Parágrafo único. O ingresso na Carreira referida Civil do Distrito Federal ou de Polícia Civil do Distrito Federal.
no caput deste artigo ocorrerá sempre na terceira classe, mediante
concurso público de provas ou de provas e títulos, exigido o nível Art. 12. As carreiras de que trata esta Lei são consideradas
superior completo, em nível de graduação, e observados os típicas de Estado.
requisitos fixados na legislação pertinente.
Art. 12-A. O cargo de Diretor-Geral, nomeado pelo
Art. 3o-A. Os servidores ocupantes dos cargos de Agente Governador do Distrito Federal, é privativo de delegado de polícia do
Policial de Custódia passam a ter lotação e exercício nas unidades Distrito Federal integrante da classe especial.
que compõem a estrutura orgânica da Polícia Civil do Distrito
Federal, mediante designação de seu Diretor-Geral. Art. 12-B. A cessão dos integrantes das carreiras de que trata
§ 1o Para os fins do disposto no caput, a apresentação dos esta Lei somente será autorizada para: (2018)
servidores ao Diretor-Geral da Polícia Civil do Distrito Federal deverá I - Presidência da República e Vice-Presidência da
ocorrer no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data de República, para o exercício de cargo em comissão ou função de
publicação desta Lei. confiança; (2018)
§ 2o As atividades dos servidores ocupantes dos cargos de II - Ministério ou órgão equivalente, para o exercício de cargo
Agente Policial de Custódia, no âmbito da Polícia Civil do Distrito em comissão ou função de confiança; (2018)
Federal, deverão estar relacionadas às atribuições daquele cargo III - Tribunais Superiores, órgãos do Tribunal Regional
público. Federal da 1ª Região situados no Distrito Federal, Tribunal Regional
§ 3o No caso de servidores afastados ou licenciados, no Eleitoral do Distrito Federal, órgãos do Tribunal Regional do Trabalho
momento da publicação desta Lei, por período superior ao da 10ª Região situados no Distrito Federal e Tribunal de Justiça do
estabelecido no § 1o, as lotações serão alteradas automaticamente Distrito Federal e dos Territórios, para o exercício de cargo em
pela unidade administrativa competente. comissão cuja remuneração seja igual ou superior à de cargo DAS-
§ 4o O servidor de que trata o § 3o deverá, no momento de 101.4 ou equivalente; (2018)
seu retorno à atividade, apresentar-se ao Diretor-Geral da Polícia IV - órgãos do Ministério Público da União situados no Distrito
Civil do Distrito Federal. Federal, para o exercício de cargo em comissão cuja remuneração
seja igual ou superior à de cargo DAS-101.4 ou equivalente; (2018)
Art. 4° As atuais classes dos cargos de que trata esta Lei ficam V - órgãos do Tribunal de Contas da União situados no
transformadas nas seguintes: segunda classe, primeira classe e Distrito Federal e Tribunal de Contas do Distrito Federal, para o
classe especial, na forma dos Anexos I e II. exercício de cargo em comissão cuja remuneração seja igual ou
superior à de cargo DAS-101.4 ou equivalente; (2018)
Art. 5o O ingresso nos cargos das carreiras de que trata esta Lei VI - Governadoria e Vice-Governadoria do Distrito Federal,
dar-se-á sempre na 3a (terceira) classe, mediante concurso público, para o exercício de cargo em comissão; (2018)
exigido curso superior completo, observados os requisitos previstos VII - Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz
na legislação pertinente. Social do Distrito Federal, para o exercício de cargo em comissão ou
§ 1o O ingresso na Carreira de Delegado de Polícia do Distrito função de confiança; e (2018)
Federal dar-se-á mediante concurso público de provas e títulos, VIII - demais órgãos da administração pública do Distrito
com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil, exigindo-se Federal considerados estratégicos, a critério do Governador do
diploma de Bacharel em Direito e, no mínimo, 3 (três) anos de Distrito Federal, para o exercício de cargo em comissão cuja
atividade jurídica ou policial, comprovados no ato da posse. remuneração seja igual ou superior à de cargo DAS-101.4 ou
§ 2o Será exigido para o ingresso na Carreira de Perito equivalente. (2018)
Criminal da Polícia Civil do Distrito Federal o diploma de Física, § 1º É vedada a cessão de servidor que não tenha cumprido
Química, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Ciência da o estágio probatório de que trata o art. 41 da Constituição
Computação, Informática, Geologia, Odontologia, Farmácia, Federal; (2018)
Bioquímica, Mineralogia e Engenharia. § 2º É obrigatório o ressarcimento ao órgão cedente do valor
§ 3o Será exigido para o ingresso na Carreira de Perito Médico- correspondente à remuneração do servidor cedido, salvo quando a
Legista da Polícia Civil do Distrito Federal o diploma de Medicina. cessão ocorrer para órgão da União, Governadoria e Vice-

170
Governadoria do Distrito Federal, ou Secretaria de Estado da Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal,
Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal; (2018) havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o
§ 3º A cessão à Presidência e Vice-Presidência da juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do
República, ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade
República, ao Ministério da Justiça, ao Ministério da Segurança policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão
Pública, à Presidência do Supremo Tribunal Federal, à Presidência ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de
do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, à sua obtenção.
Governadoria e Vice-Governadoria do Distrito Federal, à Secretaria Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a
de Estado da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério
e às unidades de inteligência da administração pública federal e Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
distrital e dos Tribunais de Contas da União e do Distrito Federal é
considerada de interesse policial civil, resguardados todos os direitos Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a
e vantagens da carreira policial. (2018) proibição de se obter a permissão ou a habilitação será sempre
comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de
Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o
indiciado ou réu for domiciliado ou residente.
Lei nº 9.503 / 1997
Código de Trânsito Brasileiro Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto
neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da
permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo
CAPÍTULO XIX das demais sanções penais cabíveis.
DOS CRIMES DE TRÂNSITO
Seção I Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no
Disposições Gerais pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos sucessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do
automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo material
do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo resultante do crime.
não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de § 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do
setembro de 1995, no que couber. prejuízo demonstrado no processo.
O Código Penal, o Código de Processo Penal e a Lei 9.099/95, que trata
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52
dos Juizados Especiais e dos procedimentos aplicáveis aos crimes de do Código Penal.
menor potencial ofensivo, aplicam-se subsidiariamente aos delitos § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória
previstos nesse código. será descontado.
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa
o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as
de 1995, exceto se o agente estiver: penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo
cometido a infração:
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com
psicoativa que determine dependência;
grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou
competição automobilística, de exibição ou demonstração de
adulteradas;
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
autoridade competente;
Habilitação;
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de
para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora).
categoria diferente da do veículo;
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados
instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal.
especiais com o transporte de passageiros ou de carga;
§ 3º (VETADO).
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados
§ 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas
equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o
no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade
(Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente e
prescritos nas especificações do fabricante;
às circunstâncias e consequências do crime. (2017)
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente
destinada a pedestres.
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão Art. 299. (VETADO)
ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta Art. 300. (VETADO)
isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
A Permissão para dirigir tem validade de apenas um ano e é um Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de
documento transitório para a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante,
definitiva. nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro
àquela.
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se
obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, Seção II
tem a duração de dois meses a cinco anos. Dos Crimes em Espécie
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo
intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, automotor:
a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. Considera-se homicídio culposo quando o agente pratica o fato por
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a imprudência, negligência ou imperícia.
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se -------------------------------------------------------------------------------------------------
inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, STJ: Quando o homicídio resultar da direção sob a influência de álcool e
em alta velocidade, o condutor poderá ser denunciado por homicídio
estiver recolhido a estabelecimento prisional. doloso, se constatado que assumiu o risco de produzir o resultado ao
dirigir naquele estado (dolo eventual).

171
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo não constituir elemento de crime mais grave.
automotor. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por
automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com
agente: ferimentos leves.
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
Habilitação; Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente,
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem atribuída:
risco pessoal, à vítima do acidente; Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
conduzindo veículo de transporte de passageiros. Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade
psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra
V - (Revogado)
substância psicoativa que determine dependência:
§ 2o (Revogado)
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que
para dirigir veículo automotor.
determine dependência: (2017)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou § 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por:
proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool
dirigir veículo automotor. (2017) por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por
litro de ar alveolar; ou
DIREITO PENAL. APLICABILIDADE DO PERDÃO JUDICIAL NO
CASO DE HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran,
AUTOMOTOR. alteração da capacidade psicomotora.
O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida
culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) que, embora mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia,
atingido moralmente de forma grave pelas consequências do acidente,
vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito
não tinha vínculo afetivo com a vítima nem sofreu sequelas físicas
gravíssimas e permanentes. Conquanto o perdão judicial possa ser admitidos, observado o direito à contraprova.
aplicado nos casos em que o agente de homicídio culposo sofra § 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os
sequelas físicas gravíssimas e permanentes, a doutrina, quando se volta distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de
para o sofrimento psicológico do agente, enxerga no § 5º do art. 121 do caracterização do crime tipificado neste artigo.
CP a exigência de um laço prévio entre os envolvidos para reconhecer
como “tão grave” a forma como as consequências da infração § 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado
atingiram o agente. A interpretação dada, na maior parte das vezes, é pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia -
no sentido de que só sofre intensamente o réu que, de forma culposa, INMETRO - para se determinar o previsto no caput. (2019)
matou alguém conhecido e com quem mantinha laços afetivos. O
exemplo mais comumente lançado é o caso de um pai que mata
culposamente o filho. Essa interpretação desdobra-se em um norte que Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a
ampara o julgador. Entender pela desnecessidade do vínculo seria abrir permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta
uma fenda na lei, não desejada pelo legislador. Isso porque, além de ser
de difícil aferição o “tão grave” sofrimento, o argumento da
com fundamento neste Código:
desnecessidade do vínculo Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova
serviria para todo e qualquer caso de delito de trânsito com vítima fatal. imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.
Isso não significa dizer o que a lei não disse, mas apenas conferir-lhe Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que
interpretação mais razoável e humana, sem perder de vista o desgaste deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a
emocional que possa sofrer o acusado dessa espécie de delito, mesmo
que não conhecendo a vítima. A solidarização com o choque psicológico
Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
do agente não pode conduzir a uma eventual banalização do instituto do
perdão judicial, o que seria no mínimo temerário no atual cenário de Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via
violência no trânsito, que tanto se tenta combater. pública, de corrida, disputa ou competição automobilística ou
Como conclusão, conforme entendimento doutrinário, a desnecessidade ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de
da pena que esteia o perdão judicial deve, a partir da nova ótica penal e
constitucional, referir-se à comunicação para a comunidade de que o veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente,
intenso e perene sofrimento do infrator não justifica o reforço de vigência gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada: (2017)
da norma por meio da sanção penal. Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e
REsp 1.455.178-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/6/2014.
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir v e í c u l o automotor.
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo § 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão
automotor: corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos,
automotor. sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se § 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e
ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. (2017) as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado
§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é
anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras
agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em penas previstas neste artigo.
razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa
que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a
natureza grave ou gravíssima. (2017) devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado
o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo STF: Súmula 720 - O art. 309 do CTB, que reclama decorra do fato
diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no
pública: tocante à direção sem habilitação em vias terrestres

172
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por
saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
de conduzi-lo com segurança: facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social,
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. em condições de liberdade e de dignidade.
DIREITO PENAL. CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE ENTREGA DE Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a
DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR A PESSOA NÃO todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento,
HABILITADA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
8/2008-STJ). TEMA 901. deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,
É de perigo abstrato o crime previsto no art. 310 do Código de Trânsito
Brasileiro. Assim, não é exigível, para o aperfeiçoamento do crime, a
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na conduta de outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a
quem permite, confia ou entrega a direção de veículo automotor a comunidade em que vivem. (2016)
pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de
dirigir suspenso, ou ainda a quem, por seu estado de saúde, física ou Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com
segurança. geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
REsp 1.485.830-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, julgado em 11/3/2015, DJe 29/5/2015.
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
Art. 310-A. (Vetado) dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou circunstâncias;
onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
gerando perigo de dano: relevância pública;
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. c) preferência na formulação e na execução das políticas
sociais públicas;
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
automobilístico com vítima, na pendência do respectivo relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo
penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
erro o agente policial, o perito, ou juiz: qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o
inquérito ou o processo aos quais se refere. Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e
deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a substituição de do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta
deverá ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades Título II
públicas, em uma das seguintes atividades: (2017) Dos Direitos Fundamentais
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos Capítulo I
corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas Do Direito à Vida e à Saúde
no atendimento a vítimas de trânsito; (2016) Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
politraumatizados; (2016) condições dignas de existência.
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na
recuperação de acidentados de trânsito; (2016) Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento
recuperação de vítimas de acidentes de trânsito. (2016) reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção
humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-
natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de
Saúde. (2016)
Lei nº 8.069 / 1990 § 1o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais
da atenção primária. (2016)
Estatuto da Criança e do Adolescente § 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante
garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao
estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de
Título I opção da mulher. (2016)
Das Disposições Preliminares § 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta
adolescente. hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem
como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a amamentação. (2016)
pessoa até 12 (doze) anos de idade incompletos, e adolescente
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência
aquela entre 12 e 18 (doze e dezoito) anos de idade.
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e
puerperal.
um anos de idade.
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser
prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em

173
entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que são tão importantes que a sua inobservância enseja tipificação penal
se encontrem em situação de privação de liberdade. (2016) prevista nos arts. 228 e 229 do ECA.
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado
trabalho de parto e do pós-parto imediato. (2016) voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no
materno, alimentação complementar saudável e crescimento e acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação
desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a da saúde. (2016)
criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento § 1o A criança e o adolescente com deficiência serão
integral da criança. (2016) atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades
§ 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (2016)
durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo- § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e
motivos médicos. (2016) outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, de cuidado voltadas às suas necessidades específicas . (2016)
bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
(2016)
frequente de crianças na primeira infância receberão formação
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à
específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o
mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia
desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento que
em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às
se fizer necessário. (2016)
normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o
acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino
competente, visando ao desenvolvimento integral da criança. (2016) Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive
as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados
intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção
em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de
da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na
internação de criança ou adolescente. (2016)
semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de
disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico,
contribuam para a redução da incidência da gravidez na
de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra
adolescência. (2019)
criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
no caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto providências legais.
com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas
§ 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse em
prioritariamente ao público adolescente. (2019)
entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores Juventude. (2016)
propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive § 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. entrada, os serviços de assistência social em seu componente
§ 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de
ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima
promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira
complementar saudável, de forma contínua. (2016) infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer
§ 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua
deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar.
leite humano. (2016) (2016)

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de
saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: assistência médica e odontológica para a prevenção das
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e
prontuários individuais, pelo prazo de 18 (dezoito) anos; campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua § 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem recomendados pelas autoridades sanitárias. (2016)
prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade § 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à
administrativa competente; saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal,
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas
anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar à mulher e à criança. (2016)
orientação aos pais; § 3o A atenção odontológica à criança terá função educativa
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por
necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e no
do neonato; décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a bucal. (2016)
permanência junto à mãe. § 4o A criança com necessidade de cuidados odontológicos
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (2016)
prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus
permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumento
existente. (2017) construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta
Os procedimentos previstos nesse dispositivo são de grande relevância pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu
para a correta e segura identificação dos bebês, pois visa evitar a troca desenvolvimento psíquico. (2017)
e o desaparecimento de crianças recém-nascidas. Esses procedimentos

174
Capítulo II Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. (2016)
desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais § 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em
garantidos na Constituição e nas leis. programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação
reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe
aspectos: interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em
comunitários, ressalvadas as restrições legais; família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28
II - opinião e expressão; desta Lei. (2017)
III - crença e culto religioso; § 2o A permanência da criança e do adolescente em programa
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; (dezoito) meses, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu
VI - participar da vida política, na forma da lei; superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. judiciária. (2017)
§ 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer
integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, programas de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1o do
dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV
do caput do art. 129 desta Lei. (2016)
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do § 4o Será garantida a convivência da criança e do adolescente
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento
institucional, pela entidade responsável, independentemente de
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser autorização judicial.
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento § 5o Será garantida a convivência integral da criança com a
cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional. (2017)
educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes
§ 6o A mãe adolescente será assistida por equipe
da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos
executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa especializada multidisciplinar. (2017)
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento,
aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (2017)
que resulte em: § 1o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe
a) sofrimento físico; ou
interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que
b) lesão;
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando inclusive
de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal. (2017)
a) humilhe; ou § 2o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá
b) ameace gravemente; ou determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua
c) ridicularize. expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social
para atendimento especializado. (2017)
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os
responsáveis, os agentes públicos executores de medidas § 3o A busca à família extensa, conforme definida nos
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo
crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (2017)
utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como § 4o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de
formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto não existir outro representante da família extensa apto a receber a
estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade
extinção do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a
do caso:
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de
proteção à família; entidade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou institucional. (2017)
psiquiátrico; § 5o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de
III - encaminhamento a cursos ou programas de ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser
orientação; manifestada na audiência a que se refere o § 1o do art. 166 desta
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (2017)
especializado;
V - advertência. § 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão genitor nem representante da família extensa para confirmar a
aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras intenção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade
providências legais. judiciária suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será
colocada sob a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-
Capítulo III
la. (2017)
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
Seção I
Disposições Gerais

175
§ 7o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 § 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a
(quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em
à data do término do estágio de convivência. (2017) sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída
em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e
§ 8o Na hipótese de desistência pelos genitores -
promoção. (2016)
manifestada em audiência ou perante a equipe interprofissional - da
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não
entrega da criança após o nascimento, a criança será mantida com
implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de
os genitores, e será determinado pela Justiça da Infância e da condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra
Juventude o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho,
oitenta) dias. (2017) filha ou outro descendente. (2018)
§ 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento,
respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (2017) Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão
§ 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos
crianças acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude
(trinta) dias, contado a partir do dia do acolhimento. (2017)
o art. 22.

Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de Seção II


acolhimento institucional ou familiar poderão participar de programa Da Família Natural
de apadrinhamento. (2017) Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada
§ 1o O apadrinhamento consiste em estabelecer e pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da
instituição para fins de convivência familiar e comunitária e
unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a
colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e
físico, cognitivo, educacional e financeiro. (2017) afetividade.
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores
de 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser
que cumpram os requisitos exigidos pelo programa de reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio
apadrinhamento de que fazem parte. (2017) termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro
documento público, qualquer que seja a origem da filiação.
§ 3o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. (2017) nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
§ 4o O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado descendentes.
será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com
prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibilidade Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. (2017) personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado
contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado
§ 5o Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados
o segredo de Justiça.
pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por
órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil. (2017) Seção III
§ 6o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os Da Família Substituta
responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento Subseção I
deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária Disposições Gerais
competente. (2017) Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante
guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da
criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou § 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as
implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de considerada.
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a § 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de necessário seu consentimento, colhido em audiência.
discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a § 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
solução da divergência. parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar
ou minorar as consequências decorrentes da medida.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e § 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações existência de risco de abuso ou outra situação que justifique
judiciais. plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se,
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos
direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no fraternais.
cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o § 5o A colocação da criança ou adolescente em família
direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, substituta será precedida de sua preparação gradativa e
assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei . (2016) acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional
a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder municipal de garantia do direito à convivência familiar.
familiar.

176
§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de
proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda adoção. (2016)
obrigatório: § 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais,
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social distritais e municipais para a manutenção dos serviços de
e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de
instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos recursos para a própria família acolhedora. (2016)
fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição
Federal; Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo,
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal Subseção III
responsável pela política indigenista, no caso de crianças e Da Tutela
adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa
interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o de até 18 (dezoito) anos incompletos.
caso. Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a necessariamente o dever de guarda.
pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a
natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado. Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil,
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão,
governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial. ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato,
observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui Lei.
medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados
os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade,
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que
termo nos autos. não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-
la.
Subseção II
Da Guarda
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material,
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu
Subseção IV
detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
Da Adoção
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela
segundo o disposto nesta Lei.
e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
§ 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção
tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta
da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do
eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de
parágrafo único do art. 25 desta Lei.
representação para a prática de atos determinados.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de § 2o É vedada a adoção por procuração.
dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive § 3o Em caso de conflito entre direitos e interesses do adotando
previdenciários. e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem
§ 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em prevalecer os direitos e os interesses do adotando. (2017)
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida
for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos
de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos
direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar adotantes.
alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido
do interessado ou do Ministério Público. Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os
mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de matrimoniais.
guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro,
familiar. mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em programas de concubino do adotante e os respectivos parentes.
acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucional, § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus
observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e
medida, nos termos desta Lei. colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber a Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
criança ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos independentemente do estado civil.
arts. 28 a 33 desta Lei. § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
§ 3o A União apoiará a implementação de serviços de adotando.
acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes
deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada
crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, a estabilidade da família.
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
velho do que o adotando.

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§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o
companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem registro original do adotado.
sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de § 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado
convivência tenha sido iniciado na constância do período de no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência.
convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de § 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá
afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que constar nas certidões do registro.
justifiquem a excepcionalidade da concessão. § 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a
§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do
efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda prenome.
compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no10.406, de § 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo
10 de janeiro de 2002 - Código Civil. adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto
§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em
procedimento, antes de prolatada a sentença julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no §
6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais óbito.
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. § 8o O processo relativo à adoção assim como outros a ele
relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua
o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o conservação para consulta a qualquer tempo.
curatelado. § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção
em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do com doença crônica.
representante legal do adotando. § 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual
adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido período, mediante decisão fundamentada da autoridade
destituídos do poder familiar. judiciária. (2017)
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade,
será também necessário o seu consentimento. Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18
com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) (dezoito) anos.
dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser
peculiaridades do caso. (2017) também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante psicológica.
tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da
constituição do vínculo. Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a familiar dos pais naturais.
dispensa da realização do estágio de convivência.
§ 2o-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições
fundamentada da autoridade judiciária. (2017) de serem adotados e outro de pessoas interessadas na
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou adoção.
domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta
mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.
prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
fundamentada da autoridade judiciária. (2017) satisfizer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses
previstas no art. 29.
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo, deverá
§ 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um
ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no § período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe
4o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da adoção à técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
autoridade judiciária. (2017) com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe municipal de garantia do direito à convivência familiar.
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, § 4o Sempre que possível e recomendável, a preparação
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e
execução da política de garantia do direito à convivência familiar, adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições
que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e
deferimento da medida. avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
§ 5o O estágio de convivência será cumprido no território com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento
nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou e pela execução da política municipal de garantia do direito à
adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em convivência familiar.
qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de residência § 5o Serão criados e implementados cadastros estaduais e
da criança. (2017) nacional de crianças e adolescentes em condições de serem
adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, § 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se residentes fora do País, que somente serão consultados na
fornecerá certidão. inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, mencionados no § 5o deste artigo.
bem como o nome de seus ascendentes. § 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção
terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de

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informações e a cooperação mútua, para melhoria do
sistema. Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento
§ 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes
(quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em adaptações:
condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança
comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida
ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à
sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos
adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção
no § 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade.
internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está
§ 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
situada sua residência habitual;
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que
comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.
os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de
relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade
pretendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e
jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação
interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscrito
pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os
nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da
animam e sua aptidão para assumir uma adoção
criança ou adolescente à adoção internacional. (2017)
internacional;
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório
sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e
à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central
recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
Federal Brasileira;
programa de acolhimento familiar.
IV - o relatório será instruído com toda a documentação
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe
postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério
interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação
Público.
pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência;
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de
V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos
autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e
termos desta Lei quando:
convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução,
I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
por tradutor público juramentado;
II - for formulada por parente com o qual a criança ou
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de
estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida;
criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central
tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e
Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a
afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer
nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida
das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.
dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento,
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato
tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de
deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os
acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional,
requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta
que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;
Lei.
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas
autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância
interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com
e da Juventude do local em que se encontra a criança ou
doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de
adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central
grupo de irmãos. (2017)
Estadual.
§ 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar,
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional
pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção sejam intermediados por organismos credenciados.
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o
à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
pelo Decreto no 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar criança encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
em outro país-parte da Convenção. (2017) internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio
ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar próprio da internet.
comprovado: § 3o Somente será admissível o credenciamento de organismos
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao que:
caso concreto; (2017) I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central
da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
comprovação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes para atuar em adoção internacional no Brasil;
habilitados residentes no Brasil com perfil compatível com a criança II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência
ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países
Lei; (2017) respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação
consultado, por meios adequados ao seu estágio de e experiência para atuar na área de adoção internacional;
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central
o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. Federal Brasileira.
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos § 4o Os organismos credenciados deverão ainda:
estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e
adolescente brasileiro. dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país
§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção Central Federal Brasileira;
internacional.

179
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas
reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou físicas.
experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser
pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e
Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos
federal competente; da Criança e do Adolescente.
III - estar submetidos à supervisão das autoridades
competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país
inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha
financeira; sido processado em conformidade com a legislação vigente no país
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o
de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no reingresso no Brasil.
período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do
Federal; Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade pelo Superior Tribunal de Justiça.
Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não
Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil,
será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo
estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o Superior Tribunal de Justiça.
adotado;
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de
da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos
§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4 o deste pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de determinará as providências necessárias à expedição do Certificado
seu credenciamento. de Naturalização Provisório.
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público,
encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar
validade de 2 (dois) anos. demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser concedida pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal adolescente.
Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo § 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista
prazo de validade. no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a requerer o que for de direito para resguardar os interesses da
adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à
território nacional. Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de
determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem origem.
como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as
características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de
e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou,
documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o
em julgado. adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das nacional.
crianças e adolescentes adotados.
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos Capítulo IV
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
comprovados, é causa de seu descredenciamento. visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-
representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na se-lhes:
cooperação em adoção internacional. I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado escola;
fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser II - direito de ser respeitado por seus educadores;
renovada. III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de instâncias escolares superiores;
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de IV - direito de organização e participação em entidades
programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com estudantis;
crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
devida autorização judicial. residência.
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência
suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que do processo pedagógico, bem como participar da definição das
julgar necessário, mediante ato administrativo propostas educacionais.
fundamentado.
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e agremiações recreativas e de estabelecimentos congêneres
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de assegurar medidas de conscientização, prevenção e enfrentamento
organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de ao uso ou dependência de drogas ilícitas. (2019)

180
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao assegurada bolsa de aprendizagem.
adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
que a ele não tiveram acesso na idade própria; assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
ensino médio; Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
III - atendimento educacional especializado aos portadores de trabalho protegido.
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
a cinco anos de idade; (2016) familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
da criação artística, segundo a capacidade de cada um; I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do cinco horas do dia seguinte;
adolescente trabalhador; II - perigoso, insalubre ou penoso;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
e assistência à saúde. IV - realizado em horários e locais que não permitam a
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público frequência à escola.
subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-
autoridade competente. governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no que dele participe condições de capacitação para o exercício de
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou atividade regular remunerada.
responsável, pela frequência à escola. § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho
efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino não desfigura o caráter educativo.
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
esgotados os recursos escolares; outros:
III - elevados níveis de repetência. I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e
novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, Título III
metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças Da Prevenção
e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório. Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou
culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança violação dos direitos da criança e do adolescente.
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o
acesso às fontes de cultura. Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração de
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir
programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes,
infância e a juventude. tendo como principais ações:
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a
Capítulo V divulgação do direito da criança e do adolescente de serem
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos
anos de idade, salvo na condição de aprendiz. humanos;
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar,
legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei. com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as
entidades não governamentais que atuam na promoção, proteção e
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico- defesa dos direitos da criança e do adolescente;
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais
de educação em vigor. de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias
seguintes princípios: à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o
regular; adolescente;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de
adolescente; conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.

181
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de
garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programação
pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em
objetivo de promover a informação, a reflexão, o debate e a desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente.
orientação sobre alternativas ao uso de castigo físico ou de Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir,
tratamento cruel ou degradante no processo educativo; no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a que se destinam.
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta
focados nas famílias em situação de violência, com participação de Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio
profissionais de saúde, de assistência social e de educação e de ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser
órgãos de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu
adolescente. conteúdo.
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que
com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas
políticas públicas de prevenção e proteção. com embalagem opaca.

Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias,
seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco,
ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais
contra crianças e adolescentes. da pessoa e da família.
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem
razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de
cuidado, assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda que
na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a entrada e a
culposos ou dolosos. permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso
para orientação do público.
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação,
Seção II
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços
Dos Produtos e Serviços
que respeitem sua condição peculiar de pessoa em
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
desenvolvimento.
I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da
III - produtos cujos componentes possam causar dependência
prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela
física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
adotados.
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo
seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará
físico em caso de utilização indevida;
em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
Lei.
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Capítulo II
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente
Da Prevenção Especial
em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se
Seção I
autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e
Espetáculos
Seção III
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará
Da Autorização para Viajar
as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16
deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e
(dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside,
horários em que sua apresentação se mostre inadequada.
desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e
autorização judicial. (2019)
espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil
§ 1º A autorização não será exigida quando:
acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou
a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado
do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma
de classificação.
unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
(2019)
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos
espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa estiver acompanhado: (2019)
etária. 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
Parágrafo único. As crianças menores de 10 (dez) anos comprovado documentalmente o parentesco;
somente poderão ingressar e permanecer nos locais de 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou
apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.
responsável. § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
responsável, conceder autorização válida por 2 (dois) anos.
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão,
no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização
com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. é dispensável, se a criança ou adolescente:
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado
transmissão, apresentação ou exibição. expressamente pelo outro através de documento com firma
reconhecida.

182
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma
criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do
País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no
exterior.

183
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável
Lei nº 8.069 / 1990 participação dos diversos segmentos da sociedade.
VIII - especialização e formação continuada dos profissionais
Estatuto da Criança e do Adolescente que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância,
incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre
desenvolvimento infantil; (2016)
Parte Especial
IX - formação profissional com abrangência dos diversos
Título I
direitos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade
Da Política de Atendimento
no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento
Capítulo I
integral; (2016)
Disposições Gerais
X - realização e divulgação de pesquisas sobre
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do
desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência . (2016)
adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações
governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios. Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: adolescente é considerada de interesse público relevante e não será
I - políticas sociais básicas; remunerada.
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência
social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de Capítulo II
violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; (2016) Das Entidades de Atendimento
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e Seção I
psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, Disposições Gerais
abuso, crueldade e opressão; Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e
crianças e adolescentes desaparecidos; execução de programas de proteção e sócio-educativos destinados a
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos crianças e adolescentes, em regime de:
da criança e do adolescente. I - orientação e apoio sócio-familiar;
II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o
III - colocação familiar;
período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo
IV - acolhimento institucional;
exercício do direito à convivência familiar de crianças e
adolescentes; V - prestação de serviços à comunidade;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de VI - liberdade assistida;
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à VII - semiliberdade; e
adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de VIII - internação.
adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com § 1o As entidades governamentais e não governamentais
deficiências e de grupos de irmãos. deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando os
regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá
I - municipalização do atendimento; registro das inscrições e de suas alterações, do que fará
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade
direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e judiciária.
controladores das ações em todos os níveis, assegurada a § 2o Os recursos destinados à implementação e manutenção
participação popular paritária por meio de organizações dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das
III - criação e manutenção de programas específicos, observada áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros,
a descentralização político-administrativa; observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição
vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4o desta
adolescente; Lei.
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério § 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo
Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no
preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para
atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato renovação da autorização de funcionamento:
infracional; I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado
Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente,
das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de em todos os níveis;
agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas
em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista na pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da
sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se Infância e da Juventude;
mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família III - em se tratando de programas de acolhimento institucional
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na
Lei;

184
reintegração familiar ou de adaptação à família substituta, conforme § 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em
o caso. acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de
educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos,
Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas,
funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos incluindo as de afeto como prioritárias. (2016)
da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade. Art. 93. As entidades que mantenham programa de
§ 1o Será negado o registro à entidade que: acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24
b) não apresente plano de trabalho compatível com os (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena
princípios desta Lei; de responsabilidade.
c) esteja irregularmente constituída; Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para
deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado promover a imediata reintegração familiar da criança ou do
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, adolescente ou, se por qualquer razão não for isso possível ou
em todos os níveis. recomendável, para seu encaminhamento a programa de
§ 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, acolhimento familiar, institucional ou a família substituta, observado o
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do disposto no § 2o do art. 101 desta Lei.
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua
renovação, observado o disposto no § 1o deste artigo.
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes
adolescentes;
princípios:
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da restrição na decisão de internação;
reintegração familiar; III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
II - integração em família substituta, quando esgotados os unidades e grupos reduzidos;
recursos de manutenção na família natural ou extensa; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; dignidade ao adolescente;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação
V - não desmembramento de grupos de irmãos; dos vínculos familiares;
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos
entidades de crianças e adolescentes abrigados; em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos
VII - participação na vida da comunidade local; familiares;
VIII - preparação gradativa para o desligamento; VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de
IX - participação de pessoas da comunidade no processo habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos
educativo. necessários à higiene pessoal;
§ 1o O dirigente de entidade que desenvolve programa de VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados
acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os à faixa etária dos adolescentes atendidos;
efeitos de direito. IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e
§ 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas farmacêuticos;
de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade X - propiciar escolarização e profissionalização;
judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
família, para fins da reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta acordo com suas crenças;
Lei. XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
§ 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo
e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade
dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas competente;
de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre
crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, sua situação processual;
Ministério Público e Conselho Tutelar. XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de
§ 4o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas;
competente, as entidades que desenvolvem programas de XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos
acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do adolescentes;
Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o XVIII - manter programas destinados ao apoio e
contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em acompanhamento de egressos;
cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da
artigo. cidadania àqueles que não os tiverem;
§ 5o As entidades que desenvolvem programas de acolhimento XX - manter arquivo de anotações onde constem data e
familiar ou institucional somente poderão receber recursos públicos circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou
se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da
finalidades desta Lei. sua formação, relação de seus pertences e demais dados que
§ 6o O descumprimento das disposições desta Lei pelo possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento.
dirigente de entidade que desenvolva programas de acolhimento § 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes
familiar ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da deste artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento
apuração de sua responsabilidade administrativa, civil e institucional e familiar.
criminal. § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as
entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade.

185
integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou titulares;
recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a
temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a
reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos
de maus-tratos. casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade
primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da
Seção II municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de
Da Fiscalização das Entidades programas por entidades não governamentais;
Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais IV - interesse superior da criança e do adolescente: a
referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos
Público e pelos Conselhos Tutelares. da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for
devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas interesses presentes no caso concreto;
serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança
das dotações orçamentárias. e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade,
direito à imagem e reserva da sua vida privada;
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades
que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou conhecida;
prepostos: VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida
I - às entidades governamentais: exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja
a) advertência; indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da
b) afastamento provisório de seus dirigentes; criança e do adolescente;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o
II - às entidades não-governamentais: adolescente se encontram no momento em que a decisão é
a) advertência; tomada;
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança
d) cassação do registro. e o adolescente;
§ 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades X - prevalência da família: na promoção de direitos e na
de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados proteção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às
nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou
representado perante autoridade judiciária competente para as extensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração
providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou em família adotiva; (2017)
dissolução da entidade. XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente,
§ 2o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de
não governamentais responderão pelos danos que seus agentes compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos
causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da
descumprimento dos princípios norteadores das atividades de forma como esta se processa;
proteção específica. XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente,
em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de
pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm
Título II
direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida
Das Medidas de Proteção
de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião
Capítulo I
devidamente considerada pela autoridade judiciária competente,
Disposições Gerais
observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são
aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
ameaçados ou violados: Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98,
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; seguintes medidas:
III - em razão de sua conduta. I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
de responsabilidade;
Capítulo II II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
Das Medidas Específicas de Proteção III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser oficial de ensino fundamental;
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários
qualquer tempo. de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do
adolescente; (2016)
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico,
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao em regime hospitalar ou ambulatorial;
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
das medidas: VII - acolhimento institucional;
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos IX - colocação em família substituta.
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição § 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
Federal; medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível,
toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção

186
para colocação em família substituta, não implicando privação de complementares ou de outras providências indispensáveis ao
liberdade. ajuizamento da demanda. (2017)
§ 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro
proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre as
a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e
adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da institucional sob sua responsabilidade, com informações
autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as
Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação
procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no art.
responsável legal o exercício do contraditório e da ampla 28 desta Lei.
defesa. § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os
encaminhados às instituições que executam programas de Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da
acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a
Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual implementação de políticas públicas que permitam reduzir o número
obrigatoriamente constará, dentre outros: de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou o período de permanência em programa de acolhimento.
de seu responsável, se conhecidos;
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
pontos de referência; serão acompanhadas da regularização do registro civil.
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê- § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de
los sob sua guarda; nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.
familiar. § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de
§ 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos,
adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento gozando de absoluta prioridade.
institucional ou familiar elaborará um plano individual de
§ 3o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência
procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade
previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992.
judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua
§ 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dispensável
colocação em família substituta, observadas as regras e princípios
o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo
desta Lei.
Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do
§ 5o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade
suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for
da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará
encaminhada para adoção.
em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva
§ 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer
dos pais ou do responsável.
tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de
§ 6o Constarão do plano individual, dentre outros:
multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (2016)
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; § 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida
e do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e a
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a certidão correspondente. (2016)
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável,
com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por Título III
Da Prática de Ato Infracional
expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a
Capítulo I
serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta
Disposições Gerais
supervisão da autoridade judiciária.
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local
crime ou contravenção penal.
mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte
do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de 18
necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais
(dezoito) anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser
considerada a idade do adolescente à data do fato.
acolhido.
§ 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança
responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional
corresponderão as medidas previstas no art. 101.
fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao
Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual
Capítulo II
prazo.
Dos Direitos Individuais
§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
criança ou do adolescente à família de origem, após seu
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e
encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de
fundamentada da autoridade judiciária competente.
orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório
fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de
pormenorizada das providências tomadas e a expressa
seus direitos.
recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou
responsáveis pela execução da política municipal de garantia do
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde
direito à convivência familiar, para a destituição do poder familiar, ou
se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade
destituição de tutela ou guarda.
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de
indicada.
15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do poder
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos
responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

187
adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano,
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
determinada pelo prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear- poderá ser substituída por outra adequada.
se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a
necessidade imperiosa da medida. Seção IV
Da Prestação de Serviços à Comunidade
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não
proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo excedente a 6 (seis) meses, junto a entidades assistenciais,
dúvida fundada. hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como
em programas comunitários ou governamentais.
Capítulo III Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as
Das Garantias Processuais aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade máxima de 8 (oito) horas semanais, aos sábados, domingos e
sem o devido processo legal. feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à
escola ou à jornada normal de trabalho.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as
seguintes garantias: Seção V
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, Da Liberdade Assistida
mediante citação ou meio equivalente; Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à e orientar o adolescente.
sua defesa; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
III - defesa técnica por advogado; acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, programa de atendimento.
na forma da lei; § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de 6
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade (seis) meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
competente; ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável Público e o defensor.
em qualquer fase do procedimento.
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da
Capítulo IV autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre
Das Medidas Sócio-Educativas outros:
Seção I I - promover socialmente o adolescente e sua família,
Disposições Gerais fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do
I - advertência; adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
II - obrigação de reparar o dano; III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente
III - prestação de serviços à comunidade; e de sua inserção no mercado de trabalho;
IV - liberdade assistida; IV - apresentar relatório do caso.
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional; Seção VI
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. Do Regime de Semi-liberdade
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado
capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto,
infração. possibilitada a realização de atividades externas,
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida independentemente de autorização judicial.
a prestação de trabalho forçado. § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização,
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes
mental receberão tratamento individual e especializado, em local na comunidade.
adequado às suas condições. § 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se,
no que couber, as disposições relativas à internação.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.
Seção VII
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI Da Internação
do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade,
da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
termos do art. 127. condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que § 1º Será permitida a realização de atividades externas, a
houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria. critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação
judicial em contrário.
Seção II § 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo
Da Advertência sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada,
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que no máximo a cada 6 (seis) meses.
será reduzida a termo e assinada. § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação
excederá a 3 (três) anos.
Seção III § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o
Da Obrigação de Reparar o Dano adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos liberdade ou de liberdade assistida.
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o

188
§ 5º A liberação será compulsória aos 21 (vinte e um) anos Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da
de idade. remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de extinção do processo.
autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em
quando: lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça
ou violência a pessoa; Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
anteriormente imposta. Público.
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo
não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada Título IV
judicialmente após o devido processo legal. Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
havendo outra medida adequada. I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; (2016)
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
compleição física e gravidade da infração. IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. freqüência e aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, tratamento especializado;
entre outros, os seguintes: VII - advertência;
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do VIII - perda da guarda;
Ministério Público; IX - destituição da tutela;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; X - suspensão ou destituição do poder familiar.
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e
solicitada; 24.
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; do agressor da moradia comum.
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação
pessoal; provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e adolescente dependentes do agressor.
salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização; Título V
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: Do Conselho Tutelar
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; Capítulo I
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e Disposições Gerais
desde que assim o deseje; Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo,
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo
seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos
porventura depositados em poder da entidade; nesta Lei.
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos
pessoais indispensáveis à vida em sociedade. Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente órgão integrante da administração pública local, composto de 5
a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato de 4
sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de
adolescente. escolha. (2019)

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar,
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de serão exigidos os seguintes requisitos:
contenção e segurança. I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos;
Capítulo V III - residir no município.
Da Remissão
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e
apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à
poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o
processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao direito a:
contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua I - cobertura previdenciária;
maior ou menor participação no ato infracional.

189
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho
(um terço) do valor da remuneração mensal; Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a
III - licença-maternidade; responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
IV - licença-paternidade; do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público.
V - gratificação natalina. § 1o O processo de escolha dos membros do Conselho
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a
do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do
funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação ano subsequente ao da eleição presidencial.
continuada dos conselheiros tutelares. § 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10
de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro § 3o No processo de escolha dos membros do Conselho
constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar
idoneidade moral. ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
brindes de pequeno valor.
Capítulo II
Das Atribuições do Conselho Capítulo V
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: Dos Impedimentos
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e
nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora,
VII; irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as madrasta e enteado.
medidas previstas no art. 129, I a VII; Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na
III - promover a execução de suas decisões, podendo para forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao
tanto: representante do Ministério Público com atuação na Justiça da
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou
serviço social, previdência, trabalho e segurança; distrital.
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da Lei nº 4.737 / 1965
criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua Código Eleitoral
competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade ATENÇÃO: Buscando implementar uma leitura objetiva e focada no perfil da
carreira policial, optamos por adicionar, quanto ao Código Eleitoral, somente o
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o título que trata das Disposições Penais. Embora o edital não tenha feito essa
adolescente autor de ato infracional; referência expressa, acreditamos que a leitura completa da lei não será
VII - expedir notificações; necessária ou frutífera.
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou
adolescente quando necessário; TÍTULO IV
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da DISPOSIÇÕES PENAIS
proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos CAPÍTULO I
direitos da criança e do adolescente; DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e
violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da funcionários da Justiça Eleitoral:
Constituição Federal; I - os magistrados que, mesmo não exercendo funções
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de eleitorais, estejam presidindo Juntas Apuradoras ou se encontrem no
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as exercício de outra função por designação de Tribunal Eleitoral;
possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à II - Os cidadãos que temporariamente integram órgãos da
família natural. Justiça Eleitoral;
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos III - Os cidadãos que hajam sido nomeados para as mesas
profissionais, ações de divulgação e treinamento para o receptoras ou Juntas Apuradoras;
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e IV - Os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral.
adolescentes. § 1º Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o além dos indicados no presente artigo, quem, embora
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, função pública.
prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e § 2º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção emprego ou função em entidade paraestatal ou em sociedade de
social da família. economia mista.

Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau mínimo,
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser
entende-se que será ele de 15 (quinze) dias para a pena de
revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo
detenção e de um ano para a de reclusão.
interesse.
Art. 285. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da
Capítulo III
pena sem mencionar o "quantum", deve o juiz fixá-lo entre 1/5 (um
Da Competência
quinto) e 1/3 (um terço), guardados os limites da pena cominada ao
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência
crime.
constante do art. 147.
Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento ao Tesouro
Capítulo IV
Nacional, de uma soma de dinheiro, que é fixada em dias-multa. Seu
Da Escolha dos Conselheiros

190
montante é, no mínimo, 1 (um) dia-multa e, no máximo, 300 Pena - Detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-
(trezentos) dias-multa. multa.
§ 1º O montante do dia-multa é fixado segundo o prudente
arbítrio do juiz, devendo este ter em conta as condições pessoais e Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de mesa receptora,
econômicas do condenado, mas não pode ser inferior ao salário- fiscal, delegado de partido ou candidato, com violação do disposto
mínimo diário da região, nem superior ao valor de um salário-mínimo no Art. 236:
mensal. Pena - Reclusão até quatro anos.
§ 2º A multa pode ser aumentada até o triplo, embora não
possa exceder o máximo genérico caput, se o juiz considerar que, Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou
em virtude da situação econômica do condenado, é ineficaz a para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para
cominada, ainda que no máximo, ao crime de que se trate. obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que
a oferta não seja aceita:
Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta lei as regras Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze
gerais do Código Penal. dias-multa.
O Código Penal será aplicado subsidiariamente.
Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para
coagir alguém a votar ou não votar em determinado candidato ou
Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa, partido:
do rádio ou da televisão, aplicam-se exclusivamente as normas Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-
deste Código e as remissões a outra lei nele contempladas. multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da
CAPÍTULO II Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do cargo a pena
DOS CRIMES ELEITORAIS é agravada.
Podemos dividir didaticamente alguns artigos por grupos de crimes.
-- Crimes contra a organização administrativa da justiça eleitoral: Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir
Artigos - 305, 306, 310, 311, 318, 340
-- Crimes contra os serviços da justiça eleitoral
alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido,
Artigos – 289, 290, 293, 296, 303, 304, 344, 346, 347 ainda que os fins visados não sejam conseguidos:
-- Crimes contra a fé pública eleitoral Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze
Artigos – 348, 349, 350, 351, 352, 353, 354 dias-multa.
-- Crimes contra o sigilo e o exercício do voto
Artigos – 295, 297, 298, 299, 301, 307, 309, 312, 317, 339
-- Crimes contra os partidos políticos Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir,
Artigos – 319, 320, 321, 338 embaraçar ou fraudar o exercício do voto a concentração de
-- Crimes praticados pelo juiz eleitoral e pelos servidores da justiça eleitores, sob qualquer forma, inclusive o fornecimento gratuito de
eleitoral alimento e transporte coletivo:
Artigos – 291, 292, 300, 343
-- Crimes praticados pelo membro do ministério público eleitoral
Pena - reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e pagamento de
Artigo – 342 200 a 300 dias-multa.
-- Crimes praticados pelos servidores do órgão oficial de imprensa
Artigo - 341 Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços
Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor: necessários à realização de eleições, tais como transporte e
Pena - Reclusão até cinco anos e pagamento de cinco a 15 alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de
dias-multa. matéria eleitoral.
Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa.
Art. 290 Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de
qualquer dispositivo deste Código. Art. 304. Ocultar, sonegar açambarcar ou recusar no dia da
Pena - Reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 dias- eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades,
multa. alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos
mesmos a determinado partido ou candidato:
Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição de Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa.
alistando.
Pena - Reclusão até 5 anos e pagamento de cinco a quinze Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa receptora, salvo o
dias-multa. juiz eleitoral, no seu funcionamento sob qualquer pretexto:
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a 90 dias-
Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem multa.
fundamento legal, a inscrição requerida:
Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa. Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores devem ser
chamados a votar:
Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o Pena - pagamento de 15 a 30 dias-multa.
alistamento:
Pena - Detenção de 15 dias a seis meses ou pagamento de 30 Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada ou por
a 60 dias-multa. qualquer forma marcada:
Art. 294. (revogado) Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-
multa.
Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor:
Pena - Detenção até dois meses ou pagamento de 30 a 60 Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra
dias-multa. oportunidade que não a de entrega da mesma ao eleitor.
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a 90 dias-
Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos multa.
eleitorais;
Pena - Detenção até dois meses e pagamento de 60 a 90 dias- Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar
multa. de outrem:
Pena - reclusão até três anos.
Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:

191
Art. 310. Praticar, ou permitir membro da mesa receptora que Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 20 a 40 dias-
seja praticada, qualquer irregularidade que determine a anulação de multa.
votação, salvo no caso do Art. 311: Art. 322. (revogado)
Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120
dias-multa. Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos,
em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem
Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está inscrito, influência perante o eleitorado:
salvo nos casos expressamente previstos, e permitir, o presidente da Pena - detenção de dois meses a um ano, ou pagamento de
mesa receptora, que o voto seja admitido: 120 a 150 dias-multa.
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15 dias- Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela
multa para o eleitor e de 20 a 30 dias-multa para o presidente da imprensa, rádio ou televisão.
mesa.
Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando
Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto: fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como
Pena - detenção até dois anos. crime:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e pagamento de 10
Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de expedir o a 40 dias-multa.
boletim de apuração imediatamente após a apuração de cada urna e § 1° Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a
antes de passar à subsequente, sob qualquer pretexto e ainda que imputação, a propala ou divulga.
dispensada a expedição pelos fiscais, delegados ou candidatos § 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas
presentes: não é admitida:
Pena - pagamento de 90 a 120 dias-multa. I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a contagem fôr ofendido, não foi condenado por sentença irrecorrível;
procedida pela mesa receptora incorrerão na mesma pena o II - se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de
presidente e os mesários que não expedirem imediatamente o governo estrangeiro;
respectivo boletim. III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido
foi absolvido por sentença irrecorrível.
Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de recolher as
cédulas apuradas na respectiva urna, fechá-la e lacrá-la, assim que Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a
terminar a apuração de cada seção e antes de passar à fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
subsequente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento de 5 a
providencia pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes: 30 dias-multa.
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se
dias-multa. ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de
Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a contagem dos suas funções.
votos for procedida pela mesa receptora incorrerão na mesma pena
o presidente e os mesários que não fecharem e lacrarem a urna Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a
após a contagem. fins de propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60
Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a dias-multa.
votação obtida por qualquer candidato ou lançar nesses documentos § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
votação que não corresponda às cédulas apuradas: I - se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias- injúria;
multa. II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por
Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou sua natureza ou meio empregado, se considerem aviltantes:
da apuração os protestos devidamente formulados ou deixar de Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a
remetê-los à instância superior: 20 dias-multa, além das penas correspondentes à violência prevista
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias- no Código Penal.
multa.
Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação policial,
Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos de processo judicial, de investigação administrativa, de inquérito civil
invólucros. ou ação de improbidade administrativa, atribuindo a alguém a prática
Pena - reclusão de três a cinco anos. de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade
eleitoral: (2019)
Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos votos da Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
urna quando qualquer eleitor houver votado sob impugnação (art. § 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se
190): serve do anonimato ou de nome suposto.
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias- § 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de
multa. prática de contravenção.
§ 3º (VETADO)
Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de
um ou mais partidos:
Art. 327. As penas cominadas nos artigos. 324, 325 e 326,
Pena - detenção até 1 mês ou pagamento de 10 a 30 dias-
aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
multa.
I - contra o Presidente da República ou chefe de governo
estrangeiro;
Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em dois ou
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
mais partidos:
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
Pena - pagamento de 10 a 20 dias-multa.
divulgação da ofensa.
Art. 328. (revogado)
Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de uma ficha de
Art. 329. (revogado)
registro de partido:

192
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-
Art. 330. Nos casos dos artigos. 328 e 329 se o agente repara o multa.
dano antes da sentença final, o juiz pode reduzir a pena.
Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, no
Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda prazo legal, denúncia ou deixar de promover a execução de
devidamente empregado: sentença condenatória:
Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90
dias-multa. dias-multa.

Art. 332. Impedir o exercício de propaganda: Art. 343. Não cumprir o juiz o disposto no § 3º do Art. 357:
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias- Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-
multa. multa.
Art. 333. (revogado)
Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa
Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, distribuição causa:
de mercadorias, prêmios e sorteios para propaganda ou aliciamento Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120
de eleitores: dias-multa.
Pena - detenção de seis meses a um ano e cassação do
registro se o responsável for candidato. Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou qualquer
funcionário dos órgãos da Justiça Eleitoral, nos prazos legais, os
Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em deveres impostos por este Código, se a infração não estiver sujeita a
língua estrangeira: outra penalidade:
Pena - detenção de três a seis meses e pagamento de 30 a 60 Pena - pagamento de trinta a noventa dias-multa.
dias-multa.
Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao Art. 346. Violar o disposto no Art. 377:
presente artigo importa na apreensão e perda do material utilizado Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-
na propaganda. multa.
Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autoridade
Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de responsável, os servidores que prestarem serviços e os candidatos,
qualquer dos artigos. 322, 323, 324, 325, 326,328, 329, 331, 332, membros ou diretores de partido que derem causa à infração.
333, 334 e 335, deve o juiz verificar, de acordo com o seu livre
convencionamento, se diretório local do partido, por qualquer dos Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a
seus membros, concorreu para a prática de delito, ou dela se diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral ou opor
beneficiou conscientemente. embaraços à sua execução:
Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento de 10 a
responsável pena de suspensão de sua atividade eleitoral por prazo 20 dias-multa.
de 6 a 12 meses, agravada até o dobro nas reincidências.
Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou
Ar. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver alterar documento público verdadeiro, para fins eleitorais:
no gozo dos seus direitos políticos, de atividades partidárias inclusive Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15 a 30
comícios e atos de propaganda em recintos fechados ou abertos: dias-multa.
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 90 a 120 dias- § 1º Se o agente é funcionário público e comete o crime
multa. prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.
Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o responsável pelas § 2º Para os efeitos penais, equipara-se a documento público o
emissoras de rádio ou televisão que autorizar transmissões de que emanado de entidade paraestatal inclusive Fundação do Estado.
participem os mencionados neste artigo, bem como o diretor de
jornal que lhes divulgar os pronunciamentos. Ar. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou
alterar documento particular verdadeiro, para fins eleitorais:
Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a prioridade Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10 dias-
prevista no Art. 239: multa.
Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração
Art. 339 - Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração
documentos relativos à eleição: falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais:
Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 5 a 15 Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-
dias-multa. multa, se o documento é público, e reclusão até três anos e
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular.
Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é
é agravada. funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo ou
se a falsificação ou alteração é de assentamentos de registro civil, a
Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda pena é agravada.
que gratuitamente, subtrair ou guardar urnas, objetos, mapas,
cédulas ou papéis de uso exclusivo da Justiça Eleitoral: Art. 351. Equipara-se a documento (348,349 e 350) para os
Pena - reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15 dias- efeitos penais, a fotografia, o filme cinematográfico, o disco
multa. fonográfico ou fita de ditafone a que se incorpore declaração ou
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da imagem destinada à prova de fato juridicamente relevante.
Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena
é agravada. Ar. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da função
pública, firma ou letra que o não seja, para fins eleitorais:
Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o diretor ou Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-
qualquer outro funcionário de órgão oficial federal, estadual, ou multa se o documento é público, e reclusão até três anos e
municipal, as decisões, citações ou intimações da Justiça Eleitoral: pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular.

193
Art. 358. A denúncia, será rejeitada quando:
Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou I - o fato narrado evidentemente não constituir crime;
alterados, a que se referem os artigos. 348 a 352: II - já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. causa;
III - fôr manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição
Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem, documento exigida pela lei para o exercício da ação penal.
público ou particular, material ou ideologicamente falso para fins Parágrafo único. Nos casos do número III, a rejeição da
eleitorais: denúncia não obstará ao exercício da ação penal, desde que
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. promovida por parte legítima ou satisfeita a condição.
A Lei nº 11.719/ 2008 alterou os procedimentos previstos no Código de
Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o administrador Processo Penal, revogando tacitamente o art. 358 do Código Eleitoral.
financeiro da campanha, ou quem de fato exerça essa função, de Deve-se, assim, observar o disposto no art. 395 do CPP, que rege:
bens, recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral, Código de Processo Penal
em proveito próprio ou alheio: (2017) Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. (2017) I – for manifestamente inepta;
Não há previsão de crimes culposos no Código Eleitoral. II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da
ação penal; ou
III – faltar justa causa para o exercício da ação penal.
CAPÍTULO III Art. 359. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para
DO PROCESSO DAS INFRAÇÕES o depoimento pessoal do acusado, ordenando a citação deste e a
Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de notificação do Ministério Público.
ação pública. Parágrafo único. O réu ou seu defensor terá o prazo de 10 (dez)
Os crimes eleitorais são de ação penal pública incondicionada. dias para oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
TSE: Se o ato não for realizado, haverá nulidade absoluta, pois o
AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA. APURAÇÃO. CRIME
depoimento pessoal é considerado ato de defesa do réu.
ELEITORAL. RESPE nº 21.420/2007
1. Conforme decidido pelo Tribunal no julgamento do Recurso Especial
nº 21.295, a queixa-crime em ação penal privada subsidiária somente
pode ser aceita caso o representante do Ministério Público não tenha Art. 360. Ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa e
oferecido denúncia, requerido diligências ou solicitado o arquivamento praticadas as diligências requeridas pelo Ministério Público e
de inquérito policial, no prazo legal.
2. Dada a notícia de eventual delito, o Ministério Público requereu
deferidas ou ordenadas pelo juiz, abrir-se-á o prazo de 5 (cinco) dias
diligências objetivando a colheita de mais elementos necessários à a cada uma das partes - acusação e defesa - para alegações finais.
elucidação dos fatos, não se evidenciando, portanto, inércia apta a
ensejar a possibilidade de propositura de ação privada supletiva. Art. 361. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos ao juiz
Embargos de declaração recebidos como agravo regimental e não dentro de quarenta e oito horas, terá o mesmo 10 (dez) dias para
provido.
TSE, Acórdão ED-AI de 24/02/2011 (Processo AI nº 181917). proferir a sentença.

Art. 362. Das decisões finais de condenação ou absolvição


Art. 356. Todo cidadão que tiver conhecimento de infração
cabe recurso para o Tribunal Regional, a ser interposto no prazo de
penal deste Código deverá comunicá-la ao juiz eleitoral da zona
10 (dez) dias.
onde a mesma se verificou.
§ 1º Quando a comunicação for verbal, mandará a autoridade
Art. 363. Se a decisão do Tribunal Regional for condenatória,
judicial reduzi-la a termo, assinado pelo apresentante e por duas
baixarão imediatamente os autos à instância inferior para a
testemunhas, e a remeterá ao órgão do Ministério Público local, que
execução da sentença, que será feita no prazo de 5 (cinco) dias,
procederá na forma deste Código.
contados da data da vista ao Ministério Público.
§ 2º Se o Ministério Público julgar necessários maiores
Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público deixar de
esclarecimentos e documentos complementares ou outros elementos
promover a execução da sentença serão aplicadas as normas
de convicção, deverá requisitá-los diretamente de quaisquer
constantes dos parágrafos 3º, 4º e 5º do Art. 357.
autoridades ou funcionários que possam fornecê-los.
Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos
Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Público
comuns que lhes forem conexos, assim como nos recursos e na
oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10 (dez) dias.
execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a
ou supletiva, o Código de Processo Penal.
denúncia, requerer o arquivamento da comunicação, o juiz, no
caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará
remessa da comunicação ao Procurador Regional, e este oferecerá
a denúncia, designará outro Promotor para oferecê-la, ou insistirá no Decreto nº 59.310 / 1966
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a
atender. Regime Jurídico dos Funcionários
§ 2º A denúncia conterá a exposição do fato criminoso com Policiais Civis do Departamento
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do Federal de Segurança Pública e da
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
§ 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia Polícia do Distrito Federal
no prazo legal representará contra ele a autoridade judiciária, sem
prejuízo da apuração da responsabilidade penal. Dispõe sobre o regime jurídico dos Funcionários Policiais Civis
§ 4º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior o juiz do Departamento Federal de Segurança Pública e da Polícia do
solicitará ao Procurador Regional a designação de outro promotor, Distrito Federal, na forma prevista no artigo 72 da Lei nº 4.878,
que, no mesmo prazo, oferecerá a denúncia.
de 3 de dezembro de 1965.
§ 5º Qualquer eleitor poderá provocar a representação contra o
órgão do Ministério Público se o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, não
agir de ofício.
TÍTULO I

194
CAPÍTULO ÚNICO § 2º Será demitido, mediante processo disciplinar regular, o
Das disposições preliminares funcionário policial, que, para ingressar no Departamento Federal de
Art 1º São policiais civis os brasileiros legalmente investidos Segurança Pública ou na Polícia do Distrito Federal, omitir fato que
em cargos do Serviço de Polícia Federal e do Serviço Policial impossibilitaria a sua matrícula na Academia Nacional de Polícia.
Metropolitano, previstos no Sistema de Classificação de Cargos
aprovado pela Lei número 4.483, de 16 de dezembro de 1964, com Art 10. Os conhecimentos exigíveis, os limites de idade, o
as alterações constantes da Lei nº 4.813, de 25 de outubro de 1965. número de matrículas e as condições de sanidade e capacidade
Parágrafo único. São considerados, igualmente, funcionários física para inscrição nos concursos da Academia Nacional de Polícia
policiais os ocupantes de cargo em comissão ou função gratificada serão fixados nas respectivas instruções, que indicarão as vagas a
com atribuições e responsabilidade de natureza policial. serem preenchidas.
Parágrafo único. Quando o candidato for ocupante de cargo ou
Art 2º O exercício de cargo de natureza policial é privativo dos função pública, a sua inscrição independerá de limite de idade.
funcionários abrangidos pela Lei número 4.878, de 3 de dezembro Art 11. Encerradas as inscrições, legalmente processadas, não
de 1965. se abrirão novas antes da realização do concurso respectivo.

Art 3º A função policial, pelas suas características e finalidades CAPÍTULO III


fundamenta-se na hierarquia e na disciplina. Da posse
Art 12. Posse é a investidura em cargo público ou função
Art 4º A precedência entre os integrantes das séries de classes gratificada.
dos Serviços de Polícia Federal e Policial Metropolitano se Parágrafo único. Não haverá posse nos casos de promoção,
estabelece, básica e primordialmente, pela subordinação funcional. nomeação por acesso e reintegração.

TÍTULO II Art 13. Só poderá ser empossado em cargo dos Serviços de


Do provimento e da vacância Polícia Federal ou Policial Metropolitano ou em cargo em comissão,
CAPÍTULO I com atribuições e responsabilidades de natureza policial, quem,
Do provimento além dos previstos no artigo 9º deste Regulamento, satisfizer os
Art 5º Os cargos com atribuições e responsabilidades de seguintes requisitos:
natureza policial serão providos por: I - Ter sido aprovado em curso de formação profissional para
I - nomeação; ingresso no Departamento Federal de Segurança Pública ou na
II - promoção; Polícia do Distrito Federal, salvo quando se tratar de cargo em
III - transferência; comissão;
IV - reintegração; II - ter atendido às condições especiais prescritas em lei ou
V - readmissão; regulamento para determinados cargos ou série de classes.
VI – aproveitamento; § 1º A prova das condições a que se refere os itens I e II do
VII - reversão. artigo 9º e I deste artigo não será exigida nos casos dos itens IV a VII
do artigo 5º.
CAPÍTULO II § 2º O provimento dos cargos integrantes do Grupo
Da nomeação Ocupacional PM-300-Policiamento Feminino, criado pela Lei nº
Art 6º A nomeação far-se-á exclusivamente: 4.883, de 16 de novembro de 1964,como as alterações constantes
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo integrante de da Lei 4.813, de 25 de outubro de 1965, independerá da prova da
classe singular ou inicial de série de classes, condicionada à anterior condição a que se refere o item IV do artigo 9º.
aprovação em curso específico da Academia Nacional de Polícia;
II - em comissão, quando se tratar de cargo isolado que, em Art 14. São competentes para dar posse:
virtude de lei, assim deva ser provido. I - O Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança
Pública, ao Chefe de seu Gabinete, ao Corregedor, aos Delegados
Art 7º A nomeação obedecerá à rigorosa ordem de classificação Regionais e aos diretores e chefes de serviços que lhe sejam
dos candidatos habilitados em curso a que se tenham submetido na subordinados;
Academia Nacional de Polícia. II - O Diretor da Divisão de Administração do mesmo
Departamento, nos demais casos;
Art 8º A Academia Nacional de Polícia, sempre que solicitada III - O Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal ao
pela Divisão de Administração, do Departamento Federal de Chefe de seu Gabinete e aos Diretores que lhe sejam subordinados;
Segurança Pública ou pela Secretaria de Segurança Pública da IV - O Diretor da Divisão de Serviços Gerais da Polícia do
Prefeitura do Distrito Federal, realizará cursos de formação Distrito Federal, nos demais casos.
profissional dos candidatos ao ingresso no Departamento Federal de Parágrafo único. O Diretor-Geral do Departamento Federal de
Segurança Pública e na Polícia do Distrito Federal. Segurança Pública, o Secretário de Segurança Pública do Distrito
Federal e o Diretor da Divisão de Administração do referido
Art 9º São requisitos para matrícula na Academia Nacional de Departamento poderão delegar competência para dar posse.
Polícia:
I - ser brasileiro; Art 15. Do termo de posse, assinado pela autoridade
II - ter completado dezoito anos de idade; competente e pelo funcionário, constará o compromisso do fiel
III - estar no gôzo dos direitos políticos; cumprimento dos deveres e atribuições, bem como a declaração,
IV - estar quite com as obrigações militares; pormenorizada, dos bens e valores que constituem o seu patrimônio.
V - ter procedimento irrepreensível; Parágrafo único. A declaração de bens será atualizada
VI - gozar de boa saúde, física e psíquica, comprovada em bienalmente, podendo a autoridade a que estiver subordinado o
inspeção médica; funcionário exigir a comprovação da legitimidade da procedência dos
VII - possuir temperamento adequado ao exercício da função bens acrescidos ao patrimônio do funcionário (art. 3º, § 3º, da Lei nº
policial, apurado em exame psicotécnico realizado pela Academia 3.164, de 1º de junho de 1957).
Nacional de Polícia;
VIII - ter sido habilitado previamente em concurso público de Art 16. A posse poderá processar-se mediante procuração,
provas ou de provas e títulos. quando se tratar de funcionário ausente do país em comissão do
§ 1º A prova da condição prevista no item IV deste artigo não Governo, ou, em casos especiais, a juízo da autoridade competente.
será exigida da candidata ao ingresso na Polícia Feminina.

195
Art 17. A autoridade que der posse verificará, sob pena de Art 28. Estágio probatório é o período de dois anos de efetivo
responsabilidade, se foram satisfeitas as condições legais para a exercício do funcionário, contados da sua primeira investidura em
investidura. cargo de natureza policial, durante o qual se apurarão os seguintes
requisitos:
Art 18. A posse terá lugar no prazo de trinta dias da publicação, I - Idoneidade moral;
no órgão oficial, do ato de provimento. II - Assiduidade;
§ 1º A requerimento do interessado, o prazo da posse poderá III - Disciplina;
ser prorrogado até sessenta dias, a critério da autoridade IV - Eficiência.
competente. Parágrafo único. Mensalmente, o responsável pela repartição
§ 2º Se a posse não se verificar nos prazos previstos neste ou serviço, em que esteja lotado funcionário sujeito a estágio
artigo, a nomeação será tornada sem efeito por decreto. probatório, encaminhará ao órgão de pessoal relatório sucinto
sobre o comportamento do estagiário.
CAPÍTULO IV
Do exercício Art 29. Sem prejuízo da remessa prevista no parágrafo único do
Art 19. O inicio, a interrupção e o reinicio do exercício serão artigo anterior, o responsável pela repartição ou serviço em que sirva
registrados no assentamento individual do funcionário. funcionário sujeito a estágio probatório, seis meses antes da
terminação destes, informará reservadamente ao órgão de pessoal
Art 20. Ao chefe da repartição em que foi lotado o funcionário sôbre o funcionário, tendo em vista os requisitos previstos no artigo
compete dar-lhe exercício. anterior.
§ 1º Com base na informação reservada e nos relatórios
Art 21. O exercício do cargo ou função terá inicio no prazo de sucintos de que trata o parágrafo único do artigo 28, o órgão de
trinta dias contados: pessoal formulará parecer escrito, concluindo a favor ou contra a
I - Da data da publicação oficial do ato, no caso de reintegração; confirmação, consoante tenham sido, ou não, satisfatoriamente
II - Da data da posse, nos demais casos. atendidos cada um dos requisitos a serem observados no período do
§ 1º A promoção e a nomeação por acesso não interrompem o estágio.
exercício, que é contado na nova classe, a partir, respectivamente, § 2º Desse parecer, se contrário à confirmação, será dada vista
da data da publicação do ato que promover ou do que nomear o ao estagiário, para, no prazo de cinco dias, contados da publicação
funcionário. de sua notificação no Boletim de Serviço, apresentar defesa.
§ 2º O funcionário transferido ou removido quando licenciado ou § 3º Manifestando-se sobre o parecer e a defesa, o Diretor-
afastado em virtude do disposto nos itens I, II e III do artigo 194, terá Geral do Departamento Federal de Segurança Pública ou, se for o
trinta dias, a partir do término do impedimento, para entrar em caso, o Secretário de Segurança Pública, encaminhará à autoridade
exercício. competente o respectivo expediente.
§ 3º O prazo deste artigo poderá ser prorrogado por mais trinta § 4º A apuração dos requisitos de que trata o artigo 28 deverá
dias, a requerimento do interessado. processar-se de modo a que a exoneração do funcionário se faça
antes de concluído o período de estágio, sob pena de
Art 22. Ao entrar em exercício, o funcionário, apresentará ao responsabilidade.
órgão competente os elementos necessários ao assentamento
individual. CAPÍTULO VI
Da promoção
Art 23. O funcionário não poderá afastar-se de sua repartição SEÇÃO I
para ter exercício em outra ou prestar serviços ao Poder Legislativo Das disposições gerais
ou a qualquer Estado da Federação, salvo quando se tratar de Art 30. Promoção é a elevação do funcionário à classe
atribuição inerente à do seu cargo efetivo e mediante expressa imediatamente superior àquela a que pertence, na respectiva série
autorização do Presidente da República ou do Prefeito do Distrito de classes.
Federal, quando integrante da Polícia do Distrito Federal. Parágrafo único. Não poderá haver promoção de funcionário
Parágrafo único. O afastamento obedecerá sempre a prazo em estágio probatório, aposentado ou em disponibilidade.
certo, permitida, contudo, a sua prorrogação, no interesse do Serviço
Público. Art 31. A promoção obedecerá aos critérios de merecimento e
de antiguidade de classe e será feita à razão de 2/3 (dois terços)
Art 24. Será considerado como de efetivo exercício o período de por merecimento e 1/3 (um terço) por antiguidade.
tempo realmente necessário à viagem para a nova sede. Parágrafo único. Qualquer outra forma de provimento de vaga
não interromperá a sequência dos critérios de que trata este artigo.
Art 25. A frequência aos cursos de formação profissional da
Academia Nacional de Polícia para a primeira investidura em cargo Art 32. As promoções serão realizadas em 21 de abril e 28 de
de atividade policial é considerada de efetivo exercício para fins de outubro de cada ano, desde que verificada a existência de vaga e
aposentadoria. haja funcionário em condições de a elas concorrer.

Art 26. O funcionário não poderá ausentar-se do país, para Art 33. Não poderá haver promoção para a classe em que
estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da houver cargo excedente.
República, ou do Prefeito do Distrito Federal, quando integrante da
Polícia do Distrito Federal. Art 34. Para efeito de promoção, o tempo de serviço será
apurado e indicado em dias.
Art 27. Preso preventivamente, pronunciado por crime
comum, denunciado por crime funcional ou pelos crimes previstos Art 35. Será promovido por merecimento o funcionário que,
no item I do artigo 48 da Lei nº 4.878, de 3 de dezembro de 1965, ou, dentro do número existente de vagas, estiver em condições, ao
ainda, condenado por crime inafiançável em processo no qual não mesmo tempo, de ser promovido pelos dois critérios de promoção.
haja pronúncia, o funcionário será afastado do exercício, até
decisão final passada em julgado. Art 36. O interstício para promoção será de 1.095 (mil e noventa
e cinco) dias de efetivo exercício na classe.
CAPÍTULO V § 1º Quando nenhum dos funcionários integrantes da classe
Do Estágio probatório possuir aquele tempo, o interstício será reduzido para 730
(setecentos e trinta) dias.

196
§ 2º O interstício será apurado de acordo com as normas que colaboração, ética profissional e compreensão dos deveres e,
regulam a contagem de tempo para efeito de Antiguidade de classe. bem assim, de qualificação para o desempenho das atribuições de
classe superior.
Art 37. A Antiguidade de classe e o interstício para promoção
em 21 de abril e 28 de outubro serão apurados, respectivamente, no Art 44. A promoção por merecimento recairá no funcionário
último dia dos meses de fevereiro e agosto. escolhido pelo Presidente da República ou pelo Prefeito do Distrito
Parágrafo único. Não havendo funcionário em condição de ser Federal dentre os que figurarem na lista previamente organizada.
promovido, as vagas existentes somente serão preenchidas na § 1º A lista será organizada para cada classe e dela constarão
próxima data marcada para as promoções. os nomes dos funcionários de maior merecimento, em número
correspondente ao triplo das vagas a serem providas por este
Art 38. Verificada vaga originária em uma classe, serão critério.
consideradas abertas todas as decorrentes do seu preenchimento, § 2º Não havendo número suficiente de funcionários para
dentro da respectiva série de classe. constituição do triplo a que se refere o parágrafo anterior,
Parágrafo único. Verifica-se a vaga originária na data: participarão da lista os que preencham os requisitos legais.
a) do falecimento do ocupante do cargo;
b) da publicação do decreto que transferir, verificada a posse, Art 45. Para a promoção por merecimento é requisito
aposentar, exonerar ou demitir o ocupante do cargo; necessário a aprovação em curso na Academia Nacional de Polícia
c) da vigência do decreto de promoção ou nomeação por correspondente à classe imediatamente superior àquela a que
acesso; pertence o funcionário.
d) da posse, no caso de nomeação para outro cargo;
e) da publicação da lei que criar o cargo e conceder dotação Art 46. O merecimento do funcionário será apurado em pontos
para o seu provimento ou da que determinar apenas esta última positivos e negativos, segundo o preenchimento, respectivamente,
medida, se o cargo estiver criado; das condições essenciais e complementares definidas nesta seção.
f) da publicação do decreto que extinguir o cargo excedente
cuja dotação permitir o preenchimento de cargo; ou Art 47. As condições essenciais dizem respeito à atuação do
g) da declaração da companhia de transporte utilizada pelo funcionário no exercício de seu cargo ou a requisitos considerados
funcionário desaparecido em acidente. indispensáveis a esse exercício.

Art 39. Para todos os efeitos, será considerado promovido por Art 48. Constituem condições essenciais a qualidade e
antiguidade o funcionário que vier a falecer sem que tenha sido quantidade de trabalho, a auto-suficiência a iniciativa, o tirocínio, a
decretada, no prazo legal, a promoção que lhe caiba. colaboração, a ética profissional, o conhecimento do trabalho, o
aperfeiçoamento funcional e a compreensão dos deveres.
Art 40. Em benefício do funcionário a quem de direito cabia a Parágrafo único. Para cada um dos fatores relacionados neste
promoção, será declarado sem efeito o ato que a houver decretado artigo, serão fixados cinco graus de avaliação conforme o respectivo
indevidamente. comportamento funcional.
§ 1º O funcionário promovido indevidamente não ficará obrigado
a restituir o que a mais houver recebido. Art 49. A qualidade do trabalho será considerada tendo em vista
§ 2º O funcionário a quem cabia a promoção será indenizado da apenas o grau de exatidão, a precisão e a apresentação, podendo,
diferença de vencimento à que tiver direito. se fôr o caso, ser apreciada amostra do trabalho comumente
executado.
Art 41. Somente por antiguidade poderá ser promovido:
I - O funcionário em exercício de mandato eletivo federal, Art 50. A quantidade do trabalho será apreciada em face da
estadual ou municipal; produção diária ou outra unidade adequada comparada aos padrões
II - O funcionário licenciado para acompanhar o cônjuge, desejados, inclusive, e principalmente o volume de trabalho
funcionário civil ou militar, mandado servir em outro ponto do produzido.
território nacional ou no exterior;
III - O funcionário licenciado para trato de interesse particulares. Art 51. Auto-suficiência é a capacidade demonstrada pelo
funcionário para desempenhar as tarefas de que foi incumbido, sem
Art 42. O funcionário suspenso poderá ser promovido, mas os necessidade de assistência ou supervisão permanente de outrem.
efeitos da promoção ficarão condicionados:
I - No caso de suspensão disciplinar ou detenção disciplinar, à Art 52. Iniciativa é a capacidade de pensar e agir com senso
declaração de improcedência da penalidade aplicada; comum na falta de normas e processos do trabalho previamente
II - No caso de suspensão preventiva, ao resultado da apuração determinados, assim como a de apresentar sugestões ou idéias
dos fatos que a determinaram. tendentes ao aperfeiçoamento do serviço.
§ 1º Na hipótese deste artigo, o funcionário só perceberá o
vencimento correspondente à nova classe quando tornada sem Art 53. Tirocínio é a capacidade demonstrada pelo funcionário
efeito a penalidade aplicada ou se, da verificação dos fatos que para avaliar e discernir a importância das decisões que deve tomar.
determinaram a suspensão preventiva, não resultar pena mais grave
que a repreensão. Art 54. Colaboração é a qualidade demonstrada pelo
§ 2º Nos casos previstos no parágrafo anterior, o funcionário funcionário de cooperar, com a chefia e com os colegas, na
perceberá o vencimento correspondente à nova classe, a partir da realização dos trabalhos afetos ao órgão em que tem exercício.
data da vigência da sua promoção.
§ 3º Se mantida a penalidade da suspensão ou se, da Art 55. Ética profissional é a capacidade de discrição
verificação dos fatos que determinaram a suspensão preventiva, demonstrada pelo funcionário no exercício de sua atividade, ou em
resultar para mais grave que a de repreensão, a promoção será razão dela, assim como de agir com cortesia e polidez no trato com
tornada sem efeito a partir de sua vigência. os colegas e as partes.

SEÇÃO II Art 56. Conhecimento do trabalho é a capacidade demonstrada


Da promoção por merecimento pelo funcionário para realizar as atribuições inerentes ao cargo, com
Art 43. Merecimento é a demonstração positiva pelo pleno conhecimento dos métodos e técnicas utilizados.
funcionário, durante sua permanência na classe, de pontualidade e
assiduidade, de capacidade e eficiência, espírito de

197
Art 57. Aperfeiçoamento funcional é a comprovação, pelo subordinados, aplicando-se, no que couber, as disposições do artigo
funcionário, de capacidade para melhor desempenho das atividades anterior.
normais do cargo e para realização de atribuições superiores,
adquiridas por intermédio de estudos ou trabalhos específicos, bem Art 67. No julgamento das condições essenciais de seu
como através de cursos regulares relacionados com aquelas merecimento, poderá o funcionário, no prazo de oito dias contado a
atividades ou atribuições, realizadas pela Academia Nacional de partir da ciência, apresentar recurso à Comissão de Promoção, por
Polícia. intermédio do chefe imediato, que se manifestará sôbre o pedido e o
encaminhará dentro de igual prazo.
Art 58. Compreensão dos deveres é a noção de
responsabilidade e seriedade com que o funcionário desempenha Art 68. Cada quesito constante das condições essenciais
suas atribuições. corresponderá a uma seriação de valores, que variará de um a cinco
pontos, conforme o respectivo preenchimento.
Art 59. As condições complementares referem-se aos
aspectos negativos do merecimento funcional e se constituem da Art 69. O índice de merecimento do funcionário em cada
falta de assiduidade, da impontualidade horária e da indisciplina. semestre representado pela soma algébrica dos pontos positivos,
referentes às condições essenciais, e dos pontos negativos,
Art 60. A falta de assiduidade será determinada pela ausência atinentes às condições complementares.
injustificada do funcionário ao serviço, computando-se um ponto para Parágrafo único. Nas situações previstas no artigo 65, o índice
cada falta. de merecimento no semestre corresponderá à média aritmética dos
Parágrafo único. Não constituirão falta, para os efeitos deste índices parciais dos Boletins expedidos.
artigo:
I - Os afastamentos indicados no artigo 81 deste Regulamento; Art 70. O grau de merecimento do funcionário será
II - Os afastamentos decorrentes de licenças legalmente representado pela média aritmética dos índices de merecimento
concedidas. obtidos nos quatro semestres anteriores à apuração.

Art 61. A impontualidade horária será determinada pelo número Art 71. Em igualdade de condições de merecimento, proceder-
de entradas tardias e saídas antecipadas. se-á ao desempate na forma do artigo 80 e seus parágrafos.
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, as entradas tardias
ou saídas antecipadas serão adicionadas uma às outras, Art 72. Não poderá ser promovido por merecimento o
computando-se um ponto para cada grupo de três, sendo funcionário:
desprezadas as que não atingirem aquele número dentro do a) em exercício de mandato eletivo federal, estadual ou
semestre. municipal;
b) que não obtiver, como grau de merecimento, pelo menos a
Art 62. A indisciplina será apurada tendo em vista as metade do máximo atribuível;
penalidades de repreensão, suspensão, mesmo quando convertida c) que êsteja licenciado, para tratar de interesses particulares
em detenção disciplinar, e destituição de função, impostas ao ou para acompanhar o cônjuge, na época da promoção ou dento dos
funcionário. noventa dias imediatamente anteriores a 21 de abril ou 28 de
Parágrafo único. Na aplicação do disposto neste artigo, cada outubro;
repreensão corresponderá a dois pontos, cada dia de suspensão a d) inabilitado no curso a que se refere o artigo 45 deste
três, e cada destituição de função a dez pontos. Regulamento.

Art 63. O merecimento do funcionário, na classe a que Art 73. Nos casos de afastamento do funcionário do exercício
pertencer, será apurado semestralmente, através do Boletim de do cargo efetivo, inclusive em virtude de licença ou para ocupar
Merecimento, conforme modelo aprovado pelo decreto nº 53.480, de cargo em comissão, o índice de merecimento será calculado de
23 de janeiro de 1964. acordo com as seguintes normas:
I - Quando o afastamento perdurar, durante o semestre, por um
Art 64. As condições essenciais de merecimento serão aferidas período igual ou inferior a três meses, será feita normalmente a
pelo chefe imediato do funcionário e as condições complementares apuração do merecimento, mediante a expedição do respectivo
pelo órgão de pessoal competente. Boletim;
II - Quando o afastamento perdurar, durante o semestre, por um
Art 65. No caso de haver movimentação do funcionário, que período superior a três meses, o índice de merecimento:
importe em subordinação a outro chefe imediato a sua apresentação a) será igual ao obtido no último semestre de exercício, nos
ao novo setor de trabalho será, obrigatoriamente, acompanhada do casos de afastamento considerados de efetivo exercício; ou
Boletim de Merecimento devidamente preenchido pelo chefe a que b) corresponderá a dois terços do obtido no último semestre de
estava subordinado, qualquer que seja o respectivo período de exercício, nos demais casos.
subordinação.
§ 1º No caso de haver mudança de chefia, os funcionários que Art 74. O merecimento é adquirido especificamente na classe;
se acham a ela subordinados terão o merecimento aferido pelo chefe promovido, o funcionário começará a adquirir merecimento a contar
imediato que se afasta, correspondente ao período de subordinação. de seu ingresso na nova classe.
§ 2º Em qualquer das hipóteses deste artigo, o funcionário terá,
ainda, seu merecimento aferido pelo chefe imediato na época própria SEÇÃO III
a que se refere o artigo 95 correspondente ao respectivo período de Da promoção por antiguidade
subordinação. Art 75. A promoção por antiguidade recairá no funcionário que
§ 3º Expirado o semestre, o chefe imediato do funcionário tiver maior tempo de efetivo exercício na classe, apurado no último
remeterá os Boletins de Merecimento, à Comissão de Promoção, de dia dos meses de fevereiro ou agosto.
que trata o artigo 83. Parágrafo único. Só poderá se promovido por antiguidade o
§ 4º A autoridade responderá pela inobservância do disposto funcionário que houver obtido, como grau de merecimento pelo
neste artigo. menos, metade do máximo atribuível.

Art 66. O julgamento das condições essenciais referentes aos Art 76. A antiguidade será determinada pelo tempo líquido de
funcionários afastados da repartição em que estiverem lotados exercício do funcionário na classe a que pertencer.
competirá à autoridade a que se encontrarem diretamente

198
Art 77. Quando houver fusão de classes do mesmo nível de X - licença a funcionária gestante, ao funcionário acidentado em
vencimento, de duas ou mais séries de classes, os funcionários serviço ou atacado de doença profissional, na forma dos artigos 222
contarão, na nova classe, a antiguidade de classe que tiverem na e 224 deste Regulamento;
data da fusão. XI - missão ou estudo no estrangeiro, quando o afastamento
Parágrafo único. O disposto neste artigo é aplicável aos casos houver sido autorizado pelo Presidente da República ou Prefeito do
de reclassificação de cargo, de um série de classes em outra. Distrito Federal;
XII - exercício, em comissão, de cargos de chefia nos serviços
Art 78. Quando houver elevação de nível inferior de dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, observando o
vencimentos de uma série de classes, com a fusão de classes disposto no artigo 23 deste Regulamento;
sucessivas a antiguidade dos funcionários, na classe que resultar da XIII - o período de tempo realmente necessário à viagem para a
fusão, será contada do seguinte modo: nova sede, na forma prevista no artigo 24 deste Regulamento;
I - Os funcionários de classe inicial contarão a antiguidade que XIV - doença comprovada em inspeção médica, nos termos do
tiverem nessa classe, na data da fusão; artigo 248 deste Regulamento;
II - Os funcionários de classes superiores à inicial, contarão a XV - expressa determinação legal em outros casos.
soma das seguintes parcelas:
a) a antiguidade que tiverem na classe a que pertencerem, na Art 82. Não se contará tempo de serviço concorrente ou
data da fusão; e simultaneamente prestado, em dois ou mais cargos ou funções, à
b) a antiguidade que tenham tido nas classes inferiores da série União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Territórios, Autarquias
de classes, nas datas em que houverem sido promovidos. ou Sociedades de Economia Mista.

Art 79. A antiguidade de classes será contada: SEÇÃO IV


I - Nos casos de nomeação, readmissão, transferência a Da Comissão de Promoção
pedido, reversão ou aproveitamento, a partir da data em que o Art 83. No Departamento Federal de Segurança Pública e na
funcionário entrar no exercício do cargo; Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal haverá uma
II - Nos casos de nomeação por acesso, promoção e Comissão de Promoção, integrada de cinco membros, designados,
readaptação, a partir de sua vigência; respectivamente, pelo Diretor-Geral do D.F.S.P. ou Secretário de
III - No caso de transferência " ex officio ", considerando-se o Segurança Pública.
período de exercício que o funcionário possuía na classe quando foi Parágrafo único. Os membros da Comissão tomarão posse
transferido. perante a autoridade competente para os designar.

Art 80. Quando ocorrer empate na classificação por Art 84. A Comissão a que se refere o artigo anterior se compõe:
antiguidade, terá preferência, sucessivamente: I - do dirigente do órgão do pessoal;
1º) o funcionário de maior tempo de serviço público federal; II - de dois chefes de repartição ou serviço, com atribuições de
2º) o de maior tempo de serviço público; natureza policial;
3º) o de maior prole; III - de dois funcionários altamente qualificados, integrantes dos
4º) o mais idoso. Serviços Policiais.
§ 1º Quando se tratar de classe inicial, o primeiro desempate § 1º Os membros de que trata o item III deste artigo serão
será feito pela classificação alcançada no curso para ingresso na escolhidos entre funcionários que não tenham possibilidade de
série de classes ou pela classificação para nomeação por acesso, promoção ou acesso.
representadas ambas pelas médias finais apuradas pela Academia § 2º Não havendo funcionários que preencham os requisitos do
Nacional de Polícia. parágrafo anterior, a escolha só poderá recair em ocupante efetivo
§ 2º Como tempo de serviço público federal, será computado o de cargo não inferior ao nível 17.
exercício em quaisquer cargos ou funções da administração federal, § 3º A Comissão funcionará com um mínimo de três membros,
centralizado ou autárquica, bem como o período de serviço militar sendo obrigatória a participação de, pelo menos, um dos indicados
prestado ao Exército, à Marinha e à Aeronáutica. no item III.
§ 3º Será computado como tempo de serviço público o que
tenha sido prestado à União, aos Estados, Distrito Federal, Art 85. Compete à Comissão de Promoção:
Territórios e Municípios, em cargo ou função civil ou militar, I - rever o julgamento inicial dos funcionários expresso nos
ininterruptamente ou não, em órgão de administração direta ou Boletins de Merecimento;
autárquica, bem como em sociedade de economia mista ou em II - elaborar, semestralmente, as classificações de merecimento
fundações instituídas pelo Poder Público, apurado à vista dos e de antiguidade, de acordo com as normas constantes deste
registros de frequência, folhas de pagamento ou dos elementos Regulamento, em referência a cada série de classes, mesmo não
regularmente averbados no assentamento individual do funcionário. havendo vagas a preencher;
III - elaborar, nos trinta dias que antecedem as datas referidas
Art 81. Na apuração do tempo líquido de efetivo exercício, para no artigo 32, os expedientes definitivos de promoção abrangendo as
determinação da antiguidade de classe, bem como do desempate séries de classes em que houver vagas preenchíveis;
previsto no artigo anterior, serão incluídos os períodos de IV - apreciar os recursos interpostos por funcionários contra
afastamento decorrentes de: julgamento das condições essenciais de merecimento, de que trata o
I - férias; artigo 67 deste Regulamento, decidindo sôbre os mesmos;
II - casamento; V - examinar recursos de funcionários contra erros ou omissões
III - luto; havidos nas classificações de merecimento e de antiguidade, ouvido
IV - exercício de outro cargo federal de provimento em o respectivo órgão de pessoal.
comissão;
V - convocação para o serviço militar; Art 86. Ao rever o julgamento inicial e em face dos elementos
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; informativos de que dispuser, poderá a Comissão de Promoção
VII - exercício de função ou cargo de governo ou administração, impugnar os quesitos inadequadamente preenchidos pelo chefe do
em qualquer parte do território nacional, por nomeação do funcionário.
Presidente da República; Parágrafo único. Antes da impugnação de que trata este artigo,
VIII - desempenho de função eletiva federal, estadual ou deverá a Comissão de Promoção efetuar as diligências consideradas
municipal; indispensáveis, solicitando, se necessário, novo pronunciamento do
IX - licença especial; chefe imediato a respeito do quesito ou quesitos questionados.

199
Art 87. Para cumprimento do disposto neste Regulamento, a
Comissão de Promoção terá assessoramento permanente do órgão Art 96. Preenchido o Boletim de Merecimento, a autoridade dará
de pessoal. imediata vista ao funcionário interessado, que aporá seu "ciente", no
prazo máximo de 3 (três) dias.
SEÇÃO V § 1º Dentro do prazo de 5 (cinco) dias, após a ciência do
Da processamento das promoções funcionário, o seu chefe imediato encaminhará o Boletim diretamente
Art 88. Nas promoções, a serem realizadas em 21 de abril e 28 à Comissão de Promoção.
de outubro de cada ano, serão providas as vagas verificadas, § 2º No caso de encontrar-se o funcionário afastado do serviço
respectivamente, até o último dia dos meses de fevereiro e agosto. e impossibilitado de comparecer à repartição para tomar ciência, o
Boletim será normalmente encaminhado à Comissão de Promoção,
Art 89. A promoção se efetuará mediante decreto coletivo, devendo, nessa hipótese, o chefe imediato extrair cópia autenticada
lavrado pela Comissão de Promoção. do mesmo para dar posteriormente vista ao interessado.
Parágrafo único. Publicado o decreto coletivo, o órgão de
pessoal, além das providências que lhe cabem, apostilará o último Art 97. Na sequência de promoções, a ser iniciada na vigência
título do funcionário referente ao seu cargo efetivo, para o efeito de deste Regulamento, as duas primeiras obedecerão ao critério de
consignar a promoção, indicando o critério a que a mesma obedeceu merecimento e a terceira ao de antiguidade e assim,
e a data da vigência. sucessivamente.

Art 90. O órgão de pessoal manterá rigorosamente em dia o SEÇÃO VI


assentamento individual do funcionário, com o registro exato dos Das disposições finais
elementos necessários à apuração da antiguidade de classe, do Art 98. Os chefes de serviço que demonstrarem parcialidade no
merecimento e do tempo de serviço público federal e geral. preenchimento dos Boletins de Merecimento ficam passíveis das
penas de repreensão e suspensão, a critério da autoridade superior.
Art 91. O órgão de pessoal, com os elementos de que dispuser
e os fornecidos pelos chefes de repartição, manterá rigorosamente Art 99. É vedado ao funcionário, sob pena de repreensão, pedir,
em dia registro de vagas, com indicação do critério a que obedecerá por qualquer forma, sua promoção.
o seu provimento. Parágrafo único. Não se compreendem na proibição deste
artigo as reclamações e recursos relativos à apuração da
Art 92. Os chefes de repartição comunicarão, direta e antiguidade ou do merecimento.
imediatamente ao órgão de pessoal, o falecimento de funcionários
que trabalhar sob suas ordens. Art 100. As recomendações, pedidos e solicitações de terceiros,
§ 1º Quando se tratar de repartição sediada nos Estados, a em favor de promoção do funcionário, determinarão a punição deste,
comunicação será feita por via telegráfica. na forma do artigo anterior, se ficar comprovada a sua interferência.
§ 2º O órgão de pessoal providenciará a obrigatória publicação
do falecimento no Boletim de Serviço, com a indicação da respectiva Art 101. Terá caráter urgente o andamento de papéis que se
data. referirem a promoções, inclusive os de que tratam os artigos 94 e 96,
sendo passíveis das penas de repreensão ou suspensão os
Art 93. Até trinta dias antes das datas fixadas para as responsáveis por seu retardamento.
promoções, a Comissão providenciará a publicação, em Boletim de
Serviço, das classificações semestrais, por ordem de merecimento e Art 102. Será computado como antiguidade de classe o tempo
de antiguidade na classe, dos ocupantes efetivos de cargos liquido de exercício interino, continuado ou não, em cargo da mesma
integrantes de séries de classes, mencionando, quando cabível, os denominação.
dados referentes ao desempate.
§ 1º A classificação por merecimento será elaborada com base CAPÍTULO VII
nos resultados parciais dos Boletins dos quatro últimos semestres, Do acesso
que traduzem o grau de merecimento do funcionário, nos termos do SEÇÃO I
artigo 70 deste Regulamento, conforme modelo aprovado pelo Disposições Gerais
Decreto nº 53.480, de 23 de janeiro de 1964. Art 103. O funcionário policial, ocupante de cargo de classe final
§ 2º A classificação por antiguidade na classe será elaborada de série de classes, poderá ter acesso à classe inicial das séries
com base no tempo de serviço apurado na forma do artigo 81 deste afins previstas na Lei número 4,483, de 16 de novembro de 1964,
Regulamento e de acordo com o modelo aprovado pelo Decreto alterada pela de número 4,813, de 25 de outubro de 1965, de nível
mencionado no parágrafo anterior. mais elevado, de atribuições correlatas porém mais complexas.
§ 3º A classificação por merecimento ou por antiguidade na § 1º A nomeação por aceso, além das exigências legais e das
classe será republicada, total ou parcialmente, a juízo da Comissão qualificações em cada caso, obedecerá a provas práticas que
de Promoção, no caso de se verificar engano ou omissão na compreendam tarefas típicas relativas ao exercício do novo cargo, e,
apuração que lhe serviu de base. quando couber, a ordem de classificação em concurso de títulos que
aprecie a experiência profissional, ou em curso específico de
Art 94. Das classificações a que se refere o artigo anterior, formação profissional, ambos realizados pela Academia Nacional de
poderão os funcionários interessados recorrer ao Diretor-Geral do Polícia.
D.F.S.P. ou, se fôr o caso, ao Secretário de Segurança Pública, § 2º As linhas de acesso estão previstas nos Anexos IV dos
dentro do prazo de 15 (quinze) dias, a contar da respectiva Quadros de Pessoal do Departamento Federal de Segurança Pública
publicação. e da Polícia do Distrito Federal, aprovadas pela Lei número 4.483, de
Parágrafo único. O recurso de que trata este artigo será 16 de novembro de 1964, com as alterações constantes da Lei
encaminhado por intermédio da Comissão de Promoção, que sôbre número 4.813, de 25 de outubro de 1965.
o mesmo se pronunciará e, na hipótese de considerá-lo cabível,
providenciará a imediata retificação da classificação impugnada, Art 104. As nomeações por acesso abrangerão metade das
caso em que não será dado prosseguimento ao recurso. vagas existentes na respectiva classe, ficando a outra metade
reservada aos provimentos na forma prevista no item I do artigo 6º
Art 95. Nos dez primeiros dias de janeiro e julho de cada ano, o deste Regulamento.
chefe imediato do funcionário aferirá as suas condições essenciais
de merecimento, de acordo com as normas estabelecidas neste Art 105. Será de 1.905 (mil e novecentos e cinco) dias de
Regulamento. efetivo exercício na classe o interstício para o funcionário concorrer à

200
nomeação por aceso, reduzindo-se para 730 (setecentos e trinta) Art 112. As provas práticas de que trata o item I do artigo
dias quando não houver funcionário que possua aquele tempo. anterior, compreendem a execução de tarefas inerentes às
Parágrafo único. Na contagem de tempo de serviço para efeito atribuições da classe inicial para a qual deva ser feito o acesso,
de interstício de que trata este artigo, serão considerados de efetivo conforme as respectivas especificações.
exercício os casos previstos nos artigos 36, 79, 123 e parágrafo § 1º Nos casos de acesso concorrente o grau de habilitação
único do artigo 158 da Lei número 1.711, de 28 de outubro de 1952, será apurado, em conjunto, devendo os funcionários ser submetidos
e em outras expressas determinações legais. às mesmas provas práticas e a idêntica avaliação de títulos na forma
prevista neste Regulamento.
Art 106. O interstício e as demais condições necessárias à § 2º Deverão submeter-se ás provas práticas todos os
nomeação por acesso serão apurados pelo órgão de pessoal no funcionários ocupantes de cargos da classe final de série de classes
último dia dos meses de novembro e maio, desde que verificada a em regime de acesso, que satisfaçam os requisitos exigíveis,
existência de vaga ou de vagas a serem providas por aquela forma. inclusive nos casos de acesso concorrente.
§ 3º As provas práticas, inclusive nos casos de acesso
Art 107. Só poderá ser nomeado por acesso o funcionário que concorrente, serão preparadas, aplicadas e homologadas pela
possuir o diploma ou certificado de habilitação em concurso de Academia Nacional de Polícia, quando o funcionário tiver exercício
títulos ou curso de formação profissional da Academia Nacional de no Distrito Federal, e sua avaliação variará de 0 (zero) a 100 (cem)
Polícia, correspondente ao cargo para o qual terá acesso. pontos.
Parágrafo único. Constitui título preponderante para o acesso § 4º No caso de funcionários do Departamento Federal de
do diploma ou certificado de habilitação no respectivo curso de Segurança Pública lotados em Delegacias Regionais, caberá aos
formação profissional. diretores daqueles órgãos aplicar as referidas provas práticas,
remetendo-as à Academia Nacional de Policia, que, tendo-as
Art 108. As nomeações para cargos de classe inicial de séries preparado, deverá homologá-las.
de classes, sujeitas ao regime de acesso, obedecerão ao critério § 5º As provas práticas de que trata este artigo deverão ser
alternado de nomeação por acesso e de nomeação pela forma homologadas até 25 de fevereiro ou 31 de agosto, conforme a época
prevista no item I do artigo 6º deste Regulamento, iniciando-se pelo própria para o acesso.
primeiro. § 6º Do julgamento das provas práticas, a Academia Nacional
§ 1º As demais formas de provimento não interromperão a de Polícia dará vista ao funcionário, diretamente ou por intermédio
seqüência adotada neste artigo. dos Delegados Regionais, o qual poderá apresentar recurso á
§ 2º As nomeações por acesso não poderão ser processadas Comissão de Acesso prevista no art. 119 deste Regulamento, no
em vagas destinadas ao provimento pela forma prevista no item I do prazo máximo de dois dias contados daquele em que após o seu
artigo 6º deste Regulamento. ciente na respectiva prova.
§ 7º O julgamento do recurso previsto no parágrafo anterior será
Art 109. Para efeito do disposto no artigo anterior, fica concluído antes dos prazos previstos para a homologação de que
estabelecida a seguinte seqüência, que orientará o preenchimento trata o § 5º deste artigo, devendo a Academia Nacional de Polícia
das vagas, consideradas em grupos de três, se existentes ou à encaminhar á Comissão de Acesso, dentro de quarenta e oito horas
medida que se verificarem: do termo final dos referidos prazos, o resultado final das provas
I - nomeação por acesso; práticas.
II - nomeação prevista no item I do artigo 6º deste Regulamento;
III - qualquer outra forma de provimento. Art 113. A avaliação dos títulos de que trata o item II do art. 112
§ 1º Observada a seqüência de que trata este artigo, caso não variará, em seu conjunto, de 0 (zero) a 100 (cem) pontos.
existam funcionários em condições de acesso, na época própria, a
vaga ou as vagas correspondentes ficarão reservadas, não podendo Art 114. Só poderá ser nomeado por acesso o funcionário que
ser preenchidas por outra forma de provimento. obtiver, pelo menos, metade do grau de habilitação atribuível.
§ 2º O critério previsto no parágrafo anterior será aplicado
também na hipótese de inexistência de candidatos habilitados, na Art 115. As nomeações por acesso serão realizadas em 21 de
forma do item II deste artigo, para preencher as vagas abril e 28 de outubro de cada ano, sendo providas as vagas
correspondentes, as quais serão obrigatoriamente reservadas para reservadas para esse fim e ocorridas até o último dia dos meses de
esse fim. novembro e maio.
§ 3º Não havendo qualquer outra forma de provimento a
concretizar-se na época a que se refere o artigo 115, a vaga a este Art 116. Não poderá haver nomeação por acesso para classe
destinado será considerada para efeito da seqüência prevista neste em que houver cargo excedente.
artigo.
§ 4º Na hipótese prevista no parágrafo anterior, a primeira vaga Art 117. Em benefício do funcionário a quem de direito cabia a
verificada no semestre seguinte poderá ser preenchida por qualquer nomeação por acesso, será declarado sem efeito o ato que a houver
outra forma de provimento. decretado indevidamente.
§ 1º O funcionário nomeado indevidamente não ficará obrigado
Art 110. A nomeação por acesso obedecerá à ordem de a restituir o que a mais houver recebido.
classificação na lista respectiva, organizada de acordo com o grau § 2º O funcionário a quem cabia a nomeação será indenizado
de habilitação obtido pelo funcionário, mediante apuração em época da diferença de vencimento a que tiver direito.
própria.
Art 118. Não poderá ser nomeado por acesso o funcionário que,
Art 111. Considera-se grau de habitação para efeito deste nos seis meses que antecederem á nomeação, sofrer pena de
Regulamento, a média aritmética resultante: suspensão ou de destituição de função ou gozar de licença para
I - da nota obtida pelo funcionário em provas práticas que trato de interesse particulares ou para acompanhar o cônjuge.
compreendam tarefas típicas do cargo para o qual se realizar o
acesso: SEÇÃO II
II - da nota obtida no concurso de títulos ou nos cursos de Da Comissão de Acesso
formação e outros realizados pela Academia Nacional de Polícia, Art 119. Haverá, no Departamento Federal de Segurança
que o funcionário possuir e que demonstrem experiência funcional e Pública e na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal,
conhecimentos que o habilitem ao exercício do novo cargo, uma Comissão de Acesso, integrada de cinco membros designados,
respeitado o disposto no parágrafo único do art. 107. respectivamente, pelo Diretor-Geral do Departamento Federal de
Segurança Pública e pelo Secretário de Segurança Pública.

201
Parágrafo único. Os membros da Comissão tomarão posse Art 128. Transferência é o ato de provimento mediante o qual se
perante a autoridade competente para os designar. processa a movimentação do funcionário, de um para outro cargo de
igual vencimento.
Art 120. A Comissão a que se refere o artigo anterior se
compõe: Art 129. Caberá a transferência:
I -No Departamento Federal de Segurança Pública: I - de uma para outra série de classes de denominação diversa;
a) do Diretor da Academia Nacional de Polícia; II - de um cargo de série de classes singular;
b) do dirigente do órgão de pessoal; II - de um cargo de série de classes para outro isolado, de
c) de um Delegado da Polícia Federal e de dois funcionários provimento efetivo.
graduados, ocupantes de cargos de natureza policial, para os quais
seja exigido diploma universitário, integrantes de Grupos Art 130. A transferência far-se-á:
Ocupacionais diferentes. I - A pedido do funcionário, atendida a conveniência do serviço;
II - Na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal: II - "Ex officio", no interesse da Administração.
a) do dirigente do órgão de pessoal;
b) de um Delegado de Polícia; Art 131. Nas hipóteses previstas no art. 129, itens II e III, a
c) de três funcionários graduados, ocupantes de cargos de transferência só poderá ser feita a pedido escrito do funcionário.
natureza policial, para os quais seja exigido diploma universitário,
podendo dois deles, no máximo, integrar o mesmo Grupo Art 132 São condições essenciais para a transferência:
Ocupacional. I - Quanto ao cargo a ser provido:
a) que seja de provimento efetivo, não considerado excedente
Art 121.Compete á Comissão de Acesso: ou extinto;
I - avaliar os títulos a que se refere o art. 107; b) que corresponda à vaga originária a ser provida por
II - elaborar e divulgar, até vinte dias antes das datas fixadas no merecimento, se a transferência fôr a pedido, para cargo de série de
artigo 32, a Lista de Acesso de que trata o art. 110, em classe;
relação a cada série de classe; c) que se trate de cargo de igual vencimento;
III - apreciar os recursos interpostos por funcionários; II - Quanto ao funcionário:
IV - elaborar, nos dez dias que antecedem as datas fixadas no a) que seja efetivo;
artigo 32, os expedientes definitivos de nomeação por acesso, b) que tenha o interstício de 365 dias na classe;
abrangendo as séries de classes em que houver vagas preenchíveis. c) que possua o diploma exigido em lei para o exercício do
cargo para o qual se processa a transferência;
Art 122. Para cumprimento do disposto neste Regulamento, a d) que não esteja respondendo a processo administrativo,
Comissão de Acesso terá assessoramento permanente do órgão de suspenso disciplinar ou preventivamente, ou cumprindo pena de
pessoal, podendo ouvir, se necessário a Academia Nacional de detenção disciplinar.
Polícia. Parágrafo único. Quando se tratar de transferência para cargo
de série de classes dos Serviços de Polícia Federal ou Policial
SEÇÃO III Metropolitano, criados pela Lei nº 4.483, de 16 de novembro de
Do Processamento 1964, além dos requisitos enumerados no item deste artigo, deve o
Art 123. Os títulos de que trata o art. 111, item II, serão funcionário:
encaminhados á Comissão de Acesso pela Academia Nacional de I - ter sido aprovado em curso da Academia Nacional de Polícia,
Polícia, juntamente com as provas práticas. correspondente ao da classe, para a qual se processa a
Parágrafo único. Quando lotado em Delegacia Regional, o transferência;
funcionário fará entrega de seus títulos ao respectivo titular para II - possuir as qualificações exigidas pela Lei nº 4.483 , de 16 de
encaminhamento junto com as provas práticas à Academia Nacional novembro de 1964, para o provimento de cargos de natureza policial.
de Polícia.
Art 133. As transferências para cargos de classes
Art 124. A Comissão apreciará o resultado das provas práticas compreendida no regime de acesso não excederão de um terço das
e avaliará os títulos apresentados em relação aos funcionários que vagas originários de cada classe e só poderão ser efetivadas nos
atendam às condições do art. 106, observando também, o disposto meses de maio e novembro.
no art. 118. § 1º Compete ao órgão de pessoal havendo transferência
autorizada, reservar, na época própria de processamento das
Art 125. Até vinte dias antes das datas previstas no art. 32, a promoções, até um terço das vagas originárias para cumprimento do
Comissão de Acesso elaborará e publicará em órgão oficial a Lista disposto neste artigo, comunicando a ocorrência à Comissão de
de Acesso, na ordem decrescente dos graus de habilitação obtidos Promoção.
pelos funcionários candidatos à nomeação. § 2º Nas transferências a serem realizadas em maio e
novembro serão providas as vagas originárias ocorridas,
Art 126. Quando ocorrer empate na classificação, proceder-se-á respectivamente, até o último dia dos meses de fevereiro e agosto.
de acordo com o estabelecido no art. 80 e seus parágrafos.
Art 134. O processamento da transferências será o seguinte:
Art 127. A Comissão de Acesso elaborará á base da I - de uma para outra série de classes de denominação diversa
classificação na lista a que se refere o art. 110, os expedientes dos Serviços de Política Federal ou Policial Metropolitano.
definitivos da nomeação por acesso, a serem submetidos ao 1º) Se for a pedido:
Presidente da República ou ao Prefeito do Distrito Federal, quando a) o pedido de transferência, apresentado por intermédio do
se tratar de pessoal da Secretaria de Segurança Pública. chefe imediato, com indicação da serie de classes pretendida, será
Parágrafo único. A nomeação por acesso se efetuará mediante dirigido ao Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança
decreto coletivo. Pública ou se fôr o caso ao Secretario de Segurança Pública;
b) o chefe do órgão ao qual esteja subordinado o funcionário,
CAPÍTULO VIII após manifestar-se quanto à conveniência do serviço em atender-se
Da Transferência e da Remoção o pedido, encaminhá-lo-á ao respectivo órgão de pessoal;
SEÇÃO I c) o órgão de pessoal instruirá o pedido tendo em vista os
Da Transferência requisitos enumerados no artigo 132 deste Regulamento, e
promunciar-se-á, de forma conclusiva, sôbre o interesse ou não; da
Administração na transferência;

202
d) se favorável o parecer e o funcionário não possuir certificado dirigido ao Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança
de aprovação em curso, ainda válido referente à série de classes Pública ou, se fôr o caso, ao Secretário de Segurança Pública;
para a qual a transferência deva ser feita, o órgão de pessoal oficiara b) o chefe do órgão ao qual esteja subordinado o funcionário,
à Academia Nacional de Polícia, solicitando sua matrícula no curso após manifestar-se quanto a conveniência do serviço em atender-se
respectivo; contrário o parecer, será o processo submetido ao o pedido, encaminhá-lo-á ao respectivo órgão de pessoal;
Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Pública, ou ao c) o órgão de pessoal instruíra o pedido, tendo em vista os
Secretário de Segurança Pública, que decidirá sôbre a matrícula requisitos enumerados no item II do artigo 132 deste Regulamento, e
tendo em vista a conveniência do serviço e o interesse da pronunciar-se-á, de forma conclusiva, sôbre a conveniência, ou não,
Administração; da transferência;
e) satisfeitas todas as condições, o pedido será encaminhado a d) em seguida, o pedido será submetido ao Ministro de Estado
uma das autoridades mencionadas na alínea precedente, conforme o ou, se fôr a hipótese, ao Secretário a que esteja subordinado o
caso que, se concordar com a transferência, autorizará o seu funcionário, que, se concordar com a transferência, encaminhará o
processamento na época própria; caso contrário, o pedido será requerimento à repartição para a qual é pedida; caso contrário, será
indeferido; indeferido;
f) autorizada a transferência caberá ao órgão de pessoal, e) havendo concordância, o órgão de pessoal da repartição
observado o disposto no artigo 133 deste Regulamento, preparar o para a qual a transferência é solicitada, informará sôbre as
projeto de decreto a ser submetido ao Presidente da Republica ou, condições enumeradas no item I do artigo 132 deste Regulamento e
sendo, o caso ao Prefeito do Distrito Federal. dará parecer conclusivo, tendo em vista a conveniência do serviço e
2º) se fôr " ex officio ", no interesse da Administração além das o interesse da Administração;
normas estabelecidas nas alíneas " b ", " c ", " d ", " e " e " f ", f) se favorável o parecer e o funcionário não possuir certificado
precedentes o chefe do órgão ao qual esteja subordinado o de aprovação em curso, ainda válido, referente a série de classes
funcionário ou o daquele interessado em obter a sua colaboração para qual a transferência deva ser feita, o órgão de pessoal oficiará à
fará proposta, devidamente justificada, encaminhado-a ao respectivo Academia Nacional de Polícia, solicitando sua matrícula no curso
órgão de pessoal; respectivo; contrário o parecer, será o processo submetido ao
II - de uma serie de classes de natureza não policial, do Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Pública ou ao
Departamento Federal de Segurança Pública e da Política do Distrito Secretário de Segurança Pública que decidirá sôbre a matrícula,
Federal para outra série de classes, respectivamente, dos serviços tendo em vista a conveniência do serviços e o interesse da
de Polícia Federal ou Policial Metropolitano. Administração;
1º) Se fôr a pedido: g) satisfeitas todas as condições, o pedido será encaminhado a
a) o pedido de transferência, apresentado por intermédio da uma das autoridades mencionadas na alínea precedente, conforme o
chefe imediato, com indicação da série de classes pretendida, será caso, que, se concordar com as transferência, autorizará o seu
dirigido ao Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança processamento, na época própria; caso contrário, o pedido será
Publica, ou, se fôr o caso ao secretario de Segurança Pública; indeferido;
b) o chefe do órgão ao qual esteja subordinado o funcionário, h) autorizada a transferência, caberá ao órgão de pessoal,
após manifestar-se quanto à conveniência do serviço em atender-se observado o disposto no artigo 133 deste Regulamento, preparar o
o pedido, encaminhá-lo-á ao respectivo órgão de pessoal; projeto de decreto a ser submetido ao Presidente da República ou,
c) o órgão de pessoal instruirá o pedido, tendo em vista os sendo o caso, ao Prefeito do Distrito Federal.
requisitos enumerados no artigo 132 deste Regulamento, e dará 2º) Se fôr " ex oficio ", no interesse da Administração, além das
parecer conclusivo sôbre o interesse, ou não, da administração na normas estabelecidas nas alíneas " b ", " c ", " d ", " e ", " f ", " g " e
transferência; " h " precedentes, o chefe do órgão ao qual esteja subordinado o
d) se favorável o parecer e o funcionário não possuir certificado funcionário ou o daquele interessado em obter a sua colaboração
de aprovação em curso, ainda válido, referente à série de classes fará proposta, devidamente justificada, encaminhando-a ao
para a qual a transferência deva ser feita, o órgão de pessoal oficiará respectivo órgão de pessoal.
à Academia Nacional de Polícia, solicitando sua matrícula no curso
respectivo; contrario o parecer, será o processo submetido ao Art 135. Os decretos de transferência serão lavrados no órgão
Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Publica, ou ao de pessoal da repartição para a qual esta se processará, obedecidas
Secretario de Segurança Pública, que decidirá sôbre a matrícula, a ordem cronológica das autorizações e as épocas fixadas neste
tendo em vista a conveniência do serviço e o interesse da Regulamento.
Administração. Parágrafo único. No caso de datas coincidentes de autorização,
e) satisfeitas todas as condições, o pedido será encaminhado a terá preferência, sucessivamente;
uma das autoridades mencionadas na alínea precedente, conforme o I - A transferência " ex officio ";
caso, que, se concordar com a transferência, autorizará o seu II - A transferência do funcionário que houver obtido a melhor
processamento, na época própria; caso contrário, o pedido será nota final no curso da Academia Nacional de Polícia;
indeferido; III - O funcionário:
f) autorizada a transferência, caberá ao órgão de pessoal, a) de maior tempo de serviço público federal;
observado o disposto no artigo 133 deste Regulamento, preparar o b) de maior tempo de serviço público;
projeto de decreto a ser submetido ao Presidente da República ou, c) de maior prole;
sendo o caso, ao Prefeito do Distrito Federal. d) mais idoso.
2º) Se fôr " ex officio ", no interesse da Administração, além das
normas estabelecias nas alíneas " b ", " c ", " e " e " f " precedentes, Art 136. A transferência para cargo que não integre os Serviços
o chefe do órgão ao qual esteja subordinado o funcionário ou o de Polícia Federal e Policial Metropolitano obedecerá ao disposto no
daquele interessado em obter a sua colaboração fará proposta, Decreto nº 53.481, de 23 de janeiro de 1964.
devidamente justificada, encaminhando-a ao respectivo órgão de
pessoal; SEÇÃO II
III - de uma série de classes de natureza não policial de outras Da remoção
repartições do Poder Executivo Federal ou da Preferira do Distrito Art 137. Remoção é o ato mediante o qual o funcionário passa a
Federal, para outra série de classes, respectivamente, dos Serviços ter exercício em outro serviço, preenchendo claro de lotação, sem
de Polícia Federal ou Policial Metropolitano. que se modifique sua situação funcional.
1º) Se fôr a pedido:
a) o pedido de transferência apresentado por intermédio do Art 138. Dar-se-á remoção a pedido de funcionário do
chefe imediato, com a indicação da série de classes pretendia, será Departamento Federal de Segurança Pública para outra localidade
em que houver serviço do mesmo Departamento, por motivo de

203
saúde, uma vez que fiquem comprovadas, por junta médica oficial, necessidade do serviço devidamente justificada, só poderá efetivar-
as razões apresentadas pelo requerente. se após dois anos, no mínimo de exercício em cada localidade.

Art 139. A remoção, em qualquer caso, dependerá da existência Art 146. O funcionário removido deverá entrar em exercício no
de claro de lotação. novo órgão no prazo de trinta dias, contado da publicação do ato que
o removeu, observado o período de trânsito de que trata o artigo 24
Art 140. A remoção far-se-á: deste Regulamento.
I - " ex officio ", no interesse da Administração;
II - A pedido do funcionário, atendida a conveniência do serviço; Art 147. Quando o funcionário removido estiver afastado
III - Por conveniência da disciplina. legalmente do cargo, o prazo a que se refere o artigo anterior será
Parágrafo único. A conveniência do serviço e o interesse da contado do término do afastamento.
Administração deverão ser objetivamente demonstrados.
Art 148. O prazo previsto nos artigos 146 e 147 poderá ser
Art 141. No processamento da remoção " ex officio " deverão prorrogado até mais trinta dias, a requerimento do interessado,
ser observadas as seguintes normas: dirigido ao chefe do serviço onde tenha exercício, o qual no caso de
I - A iniciativa da remoção caberá, indistintamente, ao Diretor- deferimento, fará a devida comunicação ao chefe do serviço para
Geral do Departamento Federal de Segurança Pública ou, sendo o onde se processa a remoção.
caso, ao Secretário de Segurança Pública, ao chefe do serviço que
disponha de claro de lotação a preencher, ao chefe do órgão a que Art 149. É vedada a remoção " ex offício " do funcionário policial
pertencer o funcionário, ao Diretor da Divisão de Administração ou que esteja cursando a Academia Nacional de Polícia, desde que sua
órgão equivalente da Secretaria de Segurança Publica; movimentação impossibilite a freqüência ao curso em que esteja
II - Havendo concordância, por escrito, dos chefes dos serviços matriculado.
interessados, o Diretor-Geral do Departamento Federal de
Segurança Pública ou o Secretário de Segurança Pública, se fôr o CAPÍTULO IX
caso, após ouvir o órgão de pessoal quanto à existência de claro de Da reintegração
lotação, expedirá o ato competente, se autorizar a remoção; Art 150. A reintegração, que decorrerá de decisão
III - No caso da discordância de um dos chefes, caberá ao administrativa ou judiciária, é o reingresso no serviço público, com
Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Pública ou ao ressarcimento dos vencimentos e vantagens ligadas ao cargo.
Secretário de Segurança Pública decidir sôbre a proposta de Parágrafo único. A decisão administrativa que determinar a
remoção; se autorizada, baixará o respectivo ato; caso contrário, a reintegração será proferida em pedido de reconsideração, em
proposta será arquivada. recurso ou em revisão de processo.

Art 142. No processamento da remoção a pedido, deverão ser Art 151. A reintegração será feita no cargo anteriormente
observadas as seguintes normas: ocupado; se este houver sido transformado, no resultante da
I - O funcionário, em seu pedido ao Diretor-Geral do transformação e, se extinto, em cargo de vencimento equivalente,
Departamento Federal de Segurança Pública ou ao Secretário de atendida a habilitação profissional.
Segurança Pública, apresentado por intermédio do chefe imediato,
indicará o serviço em que pretende ser lotado; Art 152. Reintegrado judicialmente o funcionário, quem lhe
II - O chefe do serviço em que estiver lotado o funcionário, após houver ocupado o lugar será destituído de plano ou reconduzido ao
pronunciar-se sôbre o pedido, o encaminhará ao chefe do serviço cargo anterior, mas sem direito a indenização.
para onde foi requerida a remoção, ao qual caberá emitir parecer e
encaminhar o pedido ao órgão de pessoal da repartição; Art 153. O funcionário reintegrado será submetido a inspeção
III - Se existir claro na lotação do serviço para onde foi pedida a médica e aposentado quando incapaz.
remoção, correpondente à série de classes a que pertencer o
funcionário, e o pedido fôr deferido pelo Diretor-Geral do CAPÍTULO X
Departamento Federal de Segurança Pública ou pelo Secretário de Da readmissão
Segurança Pública, será expedido o ato competente, lavrado pelo Art 154. Readmissão é o reingresso no serviço público do
respectivo órgão de pessoal; havendo discordância de um dos funcionário demitido ou exonerado, sem ressarcimento de prejuízos.
chefes, ou em caso de indeferimento, o pedido será arquivado. § 1º O readmitido contará o tempo de serviço público anterior,
para efeito de disponibilidade e aposentadoria.
Art 143. No processamento, a qualquer tempo, da remoção por § 2º A Readmissão dependerá de prova de preenchimento dos
conveniência da disciplina, deverão ser observadas as seguintes requisitos enumerados nos itens III a VII do artigo 9º deste
normas: Regulamento.
I - O chefe do serviço em que estiver lotado o funcionário,
dirigirá ao Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Art 155. Respeitada a habilitação profissional, a readmissão far-
Pública ou, se fôr o caso, ao Secretário de Segurança Pública, se-á na primeira vaga a ser provida por merecimento ou por acesso,
proposta instruída com elementos que justificam a adoção da observada, nesta hipótese, a seqüência prevista no artigo 109 deste
medida; Regulamento.
II - Recebida e exposição, a autoridade mencionada na alínea Parágrafo único. A readmissão far-se-á de preferência no cargo
precedente decidirá quanto à conveniência, ou não, da remoção; anteriormente ocupado ou em outro de atribuições análogas e de
III - No caso de ser deferida a remoção, far-se-á esta para o vencimento equivalente.
órgão que fôr determinado pelo Diretor-Geral do Departamento
Federal de Segurança Pública ou pelo Secretário de Segurança CAPÍTULO XI
Pública, independentemente da existência de claro na respectiva Do aproveitamento
lotação, ficando o funcionário como excedente. Art 156. Aproveitamento é o reingresso, no serviço público, do
funcionário em disponibilidade.
Art 144. Os atos de remoção " ex offício " ou a pedido
declararão, expressamente, a decorrência do claro de lotação Art 157. Será obrigatório o aproveitamento do funcionário
preenchido e serão publicados no Boletim de Serviço. estável em cargo de natureza e vencimento compatíveis com o
anteriormente ocupado.
Art 145. A remoção " ex offício " de funcionário do
Departamento Federal de Segurança Pública, salvo imperiosa

204
Parágrafo único. O aproveitamento dependerá do
preenchimento dos requisitos enumerados nos itens III a VII do art. Art 166. O Diretor-Geral do Departamento Federal de
9º deste Regulamento. Segurança Pública ou Secretário de Segurança Pública, sendo o
caso, se concordar com o parecer favorável do órgão de pessoal,
Art 158. Havendo mais de um concorrente à mesma vaga, terá submeterá o processo, respectivamente, ao Presidente da
preferência o de maior tempo de disponibilidade e, no caso de República, por intermédio do Ministro da Justiça e Negócios
empate, o de maior tempo de serviço público. Interiores, ou ao Prefeito do Distrito Federal.
Parágrafo único. Em caso contrário, caberá ao Diretor-Geral do
Art 159. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a Departamento Federal de Segurança Pública ou ao Secretário de
disponibilidade se o funcionário não tomar posse no prazo legal, Segurança Pública indeferir o pedido.
salvo caso de doença comprovada em inspeção médica.
Parágrafo único. Provada a incapacidade definitiva em inspeção Art 167. Na hipótese de decisão final favorável, será elaborado
médica, será decretada a aposentadoria. pelo órgão de pessoal o decreto de reversão, observado o disposto
neste Capítulo.
CAPÍTULO XII Parágrafo único. A reversão obedecerá, para cada cargo, à
Da reversão ordem cronológica do despacho do Presidente da República ou do
Art 160. Reversão é o reingresso no serviço público do Prefeito do Distrito Federal.
funcionário aposentado, quando insubsistentes os motivos da
aposentadoria. CAPÍTULO XIII
Parágrafo único. Para que a reversão possa efetivar-se, é Da readaptação
necessário que o aposentado: Art 168. O funcionário policial que, comprovadamente, se
I - Não haja completado cinqüenta e cinco anos de idade; revelar inapto Pará exercício da função policial, sem causa que
II - Não conte mais de trinta anos de tempo de serviço, incluído justifique sua demissão ou aposentadoria, será readaptado em outro
o período de inatividade; cargo mais compatível com a sua capacidade, sem decesso nem
III - Preencha os requisitos enumerados nos itens III a VII do aumento de vencimento.
artigo 9º deste Regulamento; § 1º. A readaptação far-se-á mediante a transformação do cargo
IV - Tenha seu reingresso considerado como de interesse exercido em outro mais compatível com a capacidade física ou
público, a juízo da Administração. intelectual e vocação.
§ 2º. A readaptação somente será aplicada a funcionários em
Art 161. A reversão far-se-á, de preferência, no mesmo cargo. gozo de estabilidade.
§ 1º. A critério da Administração, o aposentado poderá reverter
em cargo de série de classes de denominação diversa, uma vez que Art 169. Haverá readaptação:
para esta tenha sido habilitado em curso ministrado pela Academia I - por motivo de natureza física;
Nacional de Polícia. II - por motivo de ordem intelectual ou de vocação.
§ 2º. A reversão em cargo de classe não inicial só poderá
verificar-se em vaga originária a ser preenchida por merecimento. Art 170. Promover-se-á a readaptação por motivo de natureza
§ 3º. O funcionário aposentado em cargo isolado não poderá física, quando ocorrer modificações das condições físicas ou de
reverter em cargo de série de classe. saúde do funcionário, daí advindo diminuição de eficiência no
exercício do cargo, que aconselhe seu aproveitamento em
Art 162. Para efeito de disponibilidade ou nova aposentadoria, atribuições diferentes.
contar-se-á integralmente o tempo em que funcionário esteve
aposentado, antes da reversão. Art 171. Proceder-se-á à readaptação por motivo de natureza
intelectual ou de vocação quando se verificar que:
Art 163. A reversão poderá ser processada a pedido ou " ex I - o nível mental do funcionário deixou de corresponder às
offício ". exigências da função;
1º O pedido de reversão será dirigido ao Diretor-Geral do II - a função atribuída ao funcionário não corresponde ao seus
Departamento Federal de Segurança Pública ou, se fôr o caso, ao pendores vocacionais.
Secretário de Segurança Pública, cabendo ao peticionário indicar:
I - motivo pelo qual considera conveniente seu retorno à Art 172. O diretor ou chefe de serviço a que fôr subordinado o
atividade; funcionário nas condições mencionadas no artigo 170 proporá ao
II - cargo em que foi aposentado; dirigente do órgão central de pessoal respectivo a readaptação do
III - fundamento legal e data de aposentadoria; funcionário, indicando, em exposição circunstanciada, as razões em
IV - dia, mês e ano de nascimento; que se fundamenta a proposta.
V - tempo de serviço público, inclusive estadual, municipal e
autárquico; Art 173. O órgão de pessoal examinará a proposta emitindo
VI - endereço. parecer; se favorável à readaptação, encaminhará o processo ao
§ 2º. No caso de reversão " ex offício ", caberá ao órgão de Serviço Médico para submeter o funcionário aos exames julgados
pessoal apurar os dados referidos no parágrafo anterior. necessários à verificação de sua capacidade física.

Art 164. O órgão de pessoal instruirá o processo, mediante o Art 174. O laudo do Serviço Médico deverá, entre outros
preenchimento do modelo aprovado pelo Decreto nº 32.101, de 16 elementos, mencionar os seguintes:
de janeiro de 1953, e concluirá objetivamente pela conveniência, ou I - Contra-Indicação do estado físico do funcionário para o
não, da reversão. exercício do cargo pela perda de capacidade física em conseqüência
de acidente ocorrido no exercício de suas atribuições, doença
Art 165. Se o órgão de pessoal concluir pela inconveniência da profissional ou especificada em lei;
volta do aposentado à atividade, o processo será submetido à II - Possibilidade de readaptação, na hipótese do artigo 169,
decisão do Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança inciso I, deste Regulamento;
Pública ou, sendo a hipótese, do Secretário de Segurança Pública. III - Tipo de atividades que são contra-indicadas ao readaptando
Parágrafo único. Se a conclusão fôr favorável ao reingresso e em virtude de suas condições de capacidade física;
satisfeitos os requisitos indicados no parágrafo único do art. 160 IV - Sugestão de procedimento visando à aposentadoria, se fôr
deste Regulamento, o processo será submetido à autoridade, o caso.
referida neste artigo, que foi competente para decidir na espécie.

205
Parágrafo único. Na hipótese dos incisos I e II deste artigo, o
Serviço Médico poderá indicar medidas complementares para tomar Art 185. Quando por qualquer forma, inclusive em virtude de
efetiva readaptação, como utilização de aparelhos e outros meios promoção ou acesso, ocorrer a vacância do cargo resultante da
que possibilitem ao funcionário aumentar sua capacidade física. readaptação, será ele obrigatoriamente retransformado no cargo
original, mediante ato do Presidente da República ou Prefeito do
Art 175. Recebido o laudo do Serviço Médico, o dirigente do Distrito Federal, conforme o caso.
órgão de pessoal designará uma Comissão de três membros, um
dos quais médico daquele Serviço, para, no prazo de trinta dias, CAPÍTULO XIV
indicar o cargo em que deverá ser readaptado o funcionário. Da substituição
Parágrafo único. A Comissão de que trata êste artigo poderá Art 186. Haverá substituição no impedimento de ocupante de
ouvir o chefe imediato do readaptando. cargo de provimento em comissão e de função gratificada.

Art 176. Quando impossível a readaptação, a Comissão proporá Art 187. A substituição será automática ou dependerá de ato da
ao órgão de pessoal, em parecer justificado, que instaure processo Administração.
de aposentadoria do funcionário, na forma da lei. § 1º A substituição automática será gratuita; quando, porém,
exceder de trinta dias, será remunerada e por todo o período.
Art 177. O diretor ou chefe de serviço que tiver funcionário nas § 2º A substituição remunerada dependerá de ato da autoridade
condições mencionadas no artigo 171 proporá ao dirigente do órgão competente para nomear ou designar.
central de pessoal a readaptação do funcionário, indicando, em § 3º O substituto perderá, durante o período da substituição, o
exposição circunstanciada, as razões em que se fundamenta a vencimento do cargo que fôr ocupante efetivo, salvo o caso de
proposta. função gratificada e opção.

Art 178. O órgão de pessoal encaminhará o processo à CAPÍTULO XV


Academia Nacional de Polícia para verificação das condições de Da vacância
capacidade intelectual ou de vocação, a fim de indicar as atribuições Art 188. A vacância do cargo decorrerá de:
e responsabilidades que poderão ser deferidas ao readaptando. I - exoneração;
II - demissão;
Art 179. A verificação das condições de capacidade intelectual III - promoção;
ou de vocação do readaptando compreenderá, entre outros meio de IV - transferência;
aferição, a critério da Academia Nacional de Polícia: V - aposentadoria;
I - provas, entrevistas e exames psicotécnicos; VI - posse de outro cago;
II - verificação de diplomas, certificados de habilitação, títulos e VII - falecimento.
trabalhos originais.
Parágrafo único. Para cumprimento do disposto neste artigo, a Art 189. Dar-se-á a exoneração:
Academia Nacional de Polícia poderá solicitar a colaboração de I - a pedido;
especialistas em seleção profissional e de estabelecimentos II - " ex ofício ":
psicotécnicos. a) quando se tratar de cargo em comissão;
b) quando não satisfeitas as condições do estágio probatório.
Art 180. Após o cumprimento do disposto nos artigos 175 e 178, § 1º. O pedido de exoneração do funcionário, previsto o item I,
deste Regulamento, o dirigente do órgão de pessoal encaminhará a deste artigo, deverá ser dirigido ao Presidente da República ou ao
proposta ao Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Prefeito do Distrito Federal, se fôr o caso, e apresentado ao chefe
Pública ou ao Secretário de Segurança Pública, se fôr o caso, a fim imediato do requerente, com firma reconhecida devendo ser
de ser examinada pela Comissão de Classificação de Cargos acompanhada de declaração atualizada de bens.
competente. § 2º. Após a apresentação do pedido que se refere o parágrafo
anterior, o funcionário deverá conservar-se em exercício durante
Art 181. De posse da proposta de readaptação, a Comissão de quarenta dias.
Classificação de Cargos examinará os pareceres emitidos e § 3. A permanência em exercício, durante quarenta dias, a que
promoverá e readaptação do funcionário, se fôr o caso. se refere o § 2º, poderá ser dispensada se não houver prejuízo para
Parágrafo único. A Comissão de Classificação de Cargos o serviço público, a critério do chefe da repartição ou de serviço em
poderá, se julgar necessário, promover a revisão do laudo, solicitar que estiver lotado o funcionário.
esclarecimentos ou determinar a realização de novos exames.
Art 190. Verificar-se a vaga na data:
Art 182. Após apreciar o processo, a Comissão de Classificação a) do falecimento do ocupante do cargo;
de Cargos, juntando relatório justificado, proporá ao Presidente da b) da publicação do decreto que transferir, verificada a posse,
República ou ao Prefeito do Distrito Federal, conforme o caso, aposentar, exonerar, ou demitir o ocupante do cargo;
transformação do cargo. c) da vigência do decreto de promoção ou nomeação por
acesso;
Art 183. O funcionário que se recusar submeter-se a inspeção d) da posse, no caso de nomeação para outro cargo;
médica prevista no artigo 173, não poderá ser readaptado, e) da publicação da lei que criar o cargo e conceder dotação
importando a recusa na aplicação da penalidade prevista no artigo para o seu provimento ou da que determinar apenas esta última
373, deste Regulamento. medida, se o cargo estiver criado;
§ 1º Equipara-se à recusa de submeter-se à inspeção médica o f) da publicação do decreto que extinguir o cargo excedente
comportamento do funcionário que dificulte ou impossibilite a cuja dotação permitir o preenchimento de cargo; ou
verificação das condições estabelecidas no artigo 179. g) da declaração da companhia de transporte utilizada pelo
§ 2º Ocorrendo contumácia na recusa, poderá ser aplicada a funcionário desaparecido em acidente.
pena de demissão do funcionário.
Art 191.Quando se tratar de função gratificada, dar-se-á a
Art 184. Da decisão da Comissão de Classificação de Cargos vacância, por dispensa, a pedido ou " ex officio ", ou por destituição.
que concluir contrariamente à readaptação, caberá representação
dirigida pelo Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Art 192. A exoneração, promoção e aposentadoria, quando se
Pública, ou pelo Secretário de Segurança Pública, ou ao Presidente tratar de cargo de provimento efetivo, será feita mediante decreto
da República ou ao Prefeito do Distrito Federal, conforme o caso.

206
coletivo elaborado pelo órgão de pessoal, salvo quando se impuser a
elaboração de ato individual.

207
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade
Lei nº 8.069 / 1990 competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde
sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
Estatuto da Criança e do Adolescente § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão
simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca,
será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade
Título VI judiciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a
Do Acesso à Justiça sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do
Capítulo I respectivo estado.
Disposições Gerais
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, para:
por qualquer de seus órgãos. I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente,
dela necessitarem, através de defensor público ou advogado aplicando as medidas cabíveis;
nomeado. II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e do processo;
da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
hipótese de litigância de má-fé. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente,
Art. 142. Os menores de 16 (dezesseis) anos serão observado o disposto no art. 209;
representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em
anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
legislação civil ou processual. VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à contra norma de proteção à criança ou adolescente;
criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar,
com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de aplicando as medidas cabíveis.
representação ou assistência legal ainda que eventual. Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente
nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância
Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e e da Juventude para o fim de:
administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
que se atribua autoria de ato infracional. b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não modificação da tutela ou guarda;
poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou
residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. materna, em relação ao exercício do poder familiar;
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se faltarem os pais;
refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade f) designar curador especial em casos de apresentação de
judiciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou
finalidade. extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos;
Capítulo II h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos
Da Justiça da Infância e da Juventude registros de nascimento e óbito.
Seção I
Disposições Gerais Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas portaria, ou autorizar, mediante alvará:
especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,
Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de desacompanhado dos pais ou responsável, em:
habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, a) estádio, ginásio e campo desportivo;
inclusive em plantões. b) bailes ou promoções dançantes;
c) boate ou congêneres;
Seção II d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
Do Juiz e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da II - a participação de criança e adolescente em:
Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma a) espetáculos públicos e seus ensaios;
da lei de organização judiciária local. b) certames de beleza.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária
Art. 147. A competência será determinada: levará em conta, dentre outros fatores:
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; a) os princípios desta Lei;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta b) as peculiaridades locais;
dos pais ou responsável. c) a existência de instalações adequadas;
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a d) o tipo de freqüência habitual ao local;
autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de e) a adequação do ambiente a eventual participação ou
conexão, continência e prevenção. freqüência de crianças e adolescentes;

208
f) a natureza do espetáculo. ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea,
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo mediante termo de responsabilidade.
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as § 1o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária
determinações de caráter geral. determinará, concomitantemente ao despacho de citação e
independentemente de requerimento do interessado, a realização de
Seção III estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou
Dos Serviços Auxiliares multidisciplinar para comprovar a presença de uma das causas de
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua suspensão ou destituição do poder familiar, ressalvado o disposto no
proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe § 10 do art. 101 desta Lei, e observada a Lei no 13.431, de 4 de
interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da abril de 2017. (2017)
Juventude. § 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas,
é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional ou
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de representantes do
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer órgão federal responsável pela política indigenista, observado o
subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na disposto no § 6o do art. 28 desta Lei. (2017)
audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento,
orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias,
imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e
manifestação do ponto de vista técnico. oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servidores § 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os
públicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela meios para sua realização.
realização dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras § 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado
espécies de avaliações técnicas exigidas por esta Lei ou por pessoalmente.
determinação judicial, a autoridade judiciária poderá proceder à § 3o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver
nomeação de perito, nos termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar,
de março de 2015 (Código de Processo Civil). (2017) deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa da
família ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que voltará a
Capítulo III fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos termos do art.
Dos Procedimentos 252 e seguintes da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
Seção I de Processo Civil). (2017)
Disposições Gerais
§ 4o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se
incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10 (dez)
subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação
dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a
processual pertinente.
localização. (2017)
§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade
absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir
nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais a
advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, poderá
eles referentes.
requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir
procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do
da intimação do despacho de nomeação.
começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (2017)
liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da
citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor.
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a
procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará
poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências
de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de
necessárias, ouvido o Ministério Público.
documento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o
partes ou do Ministério Público.
fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de
origem e em outros procedimentos necessariamente
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
contenciosos.
concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe
interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este
for o requerente, e decidirá em igual prazo. (2017)
Seção II
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de testemunhas
do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou
de quem tenha legítimo interesse. destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), ou no art. 24
Art. 156. A petição inicial indicará: desta Lei. (2017)
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; § 2o (Revogado).
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do § 3o Se o pedido importar em modificação de guarda, será
requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou
de pedido formulado por representante do Ministério Público; adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
III - a exposição sumária do fato e o pedido; compreensão sobre as implicações da medida.
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem
rol de testemunhas e documentos. identificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os casos
de não comparecimento perante a Justiça quando devidamente
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, citados. (2017)
ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, § 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a
liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva.

209
§ 3o São garantidos a livre manifestação de vontade dos
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das
vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando informações. (2017)
este for o requerente, designando, desde logo, audiência de § 4o O consentimento prestado por escrito não terá validade se
instrução e julgamento. não for ratificado na audiência a que se refere o § 1 o deste
§ 1º (Revogado). artigo. (2017)
§ 2o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, § 5o O consentimento é retratável até a data da realização da
serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer audiência especificada no § 1o deste artigo, e os pais podem exercer
técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de
sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, prolação da sentença de extinção do poder familiar. (2017)
pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10 § 6o O consentimento somente terá valor se for dado após o
(dez) minutos. (2017) nascimento da criança.
§ 3o A decisão será proferida na audiência, podendo a § 7o A família natural e a família substituta receberão a devida
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a
leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (2017) serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
§ 4o Quando o procedimento de destituição de poder familiar com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política
for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade de municipal de garantia do direito à convivência familiar. (2017)
nomeação de curador especial em favor da criança ou
adolescente. (2017) Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das
partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo
será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de
inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para adoção, sobre o estágio de convivência.
preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou
família substituta. (2017) do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a ao interessado, mediante termo de responsabilidade.
suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de
nascimento da criança ou do adolescente. Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e
ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á
Seção III vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias,
Da Destituição da Tutela decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento
para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda
couber, o disposto na seção anterior. ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico da
medida principal de colocação em família substituta, será observado
Seção IV o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III deste
Da Colocação em Família Substituta Capítulo.
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá
colocação em família substituta: ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual disposto no art. 35.
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o
cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
especificando se tem ou não parente vivo; Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob a
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar será
pais, se conhecidos; comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou Seção V
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem
também os requisitos específicos. judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial
ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser competente.
formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para
próprios requerentes, dispensada a assistência de atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional
advogado. praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da
repartição especializada, que, após as providências necessárias e
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (2017)
conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes,
devidamente assistidas por advogado ou por defensor público, para Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido
verificar sua concordância com a adoção, no prazo máximo de 10 mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial,
(dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou da entrega da sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107,
criança em juízo, tomando por termo as declarações; e (2017) deverá:
II - declarará a extinção do poder familiar. (2017) I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o
§ 2o O consentimento dos titulares do poder familiar será adolescente;
precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial, III - requisitar os exames ou perícias necessários à
no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. comprovação da materialidade e autoria da infração.

210
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura
do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério
circunstanciada. Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão,
oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o instauração de procedimento para aplicação da medida sócio-
adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob educativa que se afigurar a mais adequada.
termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação § 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o
ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quando
impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente,
gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
adolescente permanecer sob internação para garantia de sua § 2º A representação independe de prova pré-constituída da
segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. autoria e materialidade.

Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente,
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou será de 45 (quarenta e cinco) dias.
boletim de ocorrência.
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, que designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo,
fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação,
de vinte e quatro horas. observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de repartição cientificados do teor da representação, e notificados a comparecer
policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em à audiência, acompanhados de advogado.
dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior. autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial expedirá mandado de busca e apreensão, determinando o
encaminhará imediatamente ao representante do Ministério Público sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua
apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios
de participação de adolescente na prática de ato infracional, a Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade
autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.
Público relatório das investigações e demais documentos. § 1º Inexistindo na comarca entidade com as características
definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato transferido para a localidade mais próxima.
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente
compartimento fechado de veículo policial, em condições aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de
responsabilidade.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos,
pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do podendo solicitar opinião de profissional qualificado.
adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão,
sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de
representante do Ministério Público notificará os pais ou responsável internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autoridade
para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado
das polícias civil e militar. constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência
em continuação, podendo determinar a realização de diligências e
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, estudo do caso.
o representante do Ministério Público poderá: § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo
I - promover o arquivamento dos autos; de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defesa
II - conceder a remissão; prévia e rol de testemunhas.
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas
medida sócio-educativa. arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as
diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a a palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor,
remissão pelo representante do Ministério Público, mediante termo sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em
conclusos à autoridade judiciária para homologação. seguida proferirá decisão.
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade
judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida. Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a
autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho autoridade judiciária designará nova data, determinando sua
fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro condução coercitiva.
membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o
arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade
judiciária obrigada a homologar.

211
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-
processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
antes da sentença. (Código Penal). (2017)
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos
medida, desde que reconheça na sentença: excessos praticados. (2017)
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato; Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão
III - não constituir o fato ato infracional; incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações
infracional. necessárias à efetividade da identidade fictícia criada . (2017)
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta
adolescente internado, será imediatamente colocado em liberdade. Seção será numerado e tombado em livro específico. (2017)

Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos
internação ou regime de semi-liberdade será feita: eletrônicos praticados durante a operação deverão ser registrados,
I - ao adolescente e ao seu defensor; gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou Público, juntamente com relatório circunstanciado. (2017)
responsável, sem prejuízo do defensor. Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e
unicamente na pessoa do defensor. apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial,
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá assegurando-se a preservação da identidade do agente policial
este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes
envolvidos. (2017)
Seção V-A
(2017) Seção VI
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento
Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente” Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com entidade governamental e não-governamental terá início mediante
o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241, 241- portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério
A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A,217- Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente,
A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de resumo dos fatos.
1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes regras: (2017) Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
I – será precedida de autorização judicial devidamente judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o
circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão
infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (2017) fundamentada.
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou
representação de delegado de polícia e conterá a demonstração de Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e
apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de indicar as provas a produzir.
conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas
pessoas; (2017) Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamento,
prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda a intimando as partes.
720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
necessidade, a critério da autoridade judicial. (2017) Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão autoridade judiciária em igual prazo.
requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes do § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de
término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo. (2017) dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficiará
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo, à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado,
consideram-se: (2017) marcando prazo para a substituição.
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades
utilizado e terminal de origem da conexão; (2017) verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e julgamento de mérito.
endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado para § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou entidade ou programa de atendimento.
código de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão.
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será Seção VII
admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (2017) Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção
à Criança e ao Adolescente
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao
medida, que zelará por seu sigilo. (2017) adolescente terá início por representação do Ministério Público, ou
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor
aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas,
delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de se possível.
garantir o sigilo das investigações. (2017) § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão
ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua circunstâncias da infração.
identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e
materialidade dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-

212
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á contato com crianças e adolescentes em regime de acolhimento
a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos familiar ou institucional, a ser realizado sob orientação, supervisão e
do retardamento. avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e
dos grupos de apoio à adoção, com apoio dos técnicos responsáveis
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação pelo programa de acolhimento familiar e institucional e pela
de defesa, contado da data da intimação, que será feita: execução da política municipal de garantia do direito à convivência
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na familiar. (2017)
presença do requerido; § 3o É recomendável que as crianças e os adolescentes
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora sejam
que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou a preparados por equipe interprofissional antes da inclusão em família
seu representante legal, lavrando certidão; adotiva. (2017)
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
encontrado o requerido ou seu representante legal;
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não
no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade judiciária,
sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das
diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a
do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de
autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por
instrução e julgamento.
cinco dias, decidindo em igual prazo.
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou
sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário,
Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual
designará audiência de instrução e julgamento.
prazo.
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
sucessivamente o Ministério Público e o procurador do requerido,
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito
pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez,
nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua
a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá sentença.
convocação para a adoção feita de acordo com ordem cronológica
de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças ou
Seção VIII adolescentes adotáveis.
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção § 1o A ordem cronológica das habilitações somente poderá
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses
apresentarão petição inicial na qual conste: previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa
I - qualificação completa; a melhor solução no interesse do adotando.
II - dados familiares; § 2o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional. (2017)
casamento, ou declaração relativa ao período de união
§ 3o Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção,
estável;
será dispensável a renovação da habilitação, bastando a avaliação
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro
por equipe interprofissional. (2017)
de Pessoas Físicas;
§ 4o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à
V - comprovante de renda e domicílio;
adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil
VI - atestados de sanidade física e mental;
escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedida . (2017)
VII - certidão de antecedentes criminais;
§ 5o A desistência do pretendente em relação à guarda para
VIII - certidão negativa de distribuição cível.
fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente depois
do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na sua
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta
exclusão dos cadastros de adoção. (2017)
e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no
prazo de 5 (cinco) dias poderá:
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação à
interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual
refere o art. 197-C desta Lei; período, mediante decisão fundamentada da autoridade
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos judiciária. (2017)
postulantes em juízo e testemunhas;
III - requerer a juntada de documentos complementares e a Capítulo IV
realização de outras diligências que entender necessárias. Dos Recursos
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no5.869, de
deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes
permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o adaptações:
exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz dos I - os recursos serão interpostos independentemente de
requisitos e princípios desta Lei. preparo;
§ 1o É obrigatória a participação dos postulantes em II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela (dez) dias;
execução da política municipal de garantia do direito à convivência III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão
familiar e dos grupos de apoio à adoção devidamente habilitados revisor;
perante a Justiça da Infância e da Juventude, que inclua preparação IV - (REVOGADO)
psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças V - (REVOGADO)
ou de adolescentes com deficiência, com doenças crônicas ou com VI - (REVOGADO)
necessidades específicas de saúde, e de grupos de irmãos. (2017) VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior
§ 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de
obrigatória da preparação referida no § 1o deste artigo incluirá o

213
agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, ou indireta, bem como promover inspeções e diligências
mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias; investigatórias;
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão c) requisitar informações e documentos a particulares e
remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de instituições privadas;
vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido do VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias
recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de
expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;
cinco dias, contados da intimação. VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 judiciais e extrajudiciais cabíveis;
caberá recurso de apelação. IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas
corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao
desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida adolescente;
exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por
internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à
reparação ao adotando. juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e
penal do infrator, quando cabível;
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de
genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de
recebida apenas no efeito devolutivo. pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à
remoção de irregularidades porventura verificadas;
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos
destituição de poder familiar, em face da relevância das questões, serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social,
serão processados com prioridade absoluta, devendo ser públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.
imediatamente distribuídos, ficando vedado que aguardem, em § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados em mesa previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
para julgamento sem revisão e com parecer urgente do Ministério hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
Público. § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas
para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança ou
sua conclusão. adolescente.
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data § 4º O representante do Ministério Público será responsável
do julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar, nas
apresentar oralmente seu parecer. hipóteses legais de sigilo.
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
instauração de procedimento para apuração de responsabilidades se a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o
constatar o descumprimento das providências e do prazo previstos competente procedimento, sob sua presidência;
nos artigos anteriores. b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
acertados;
Capítulo V
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços
Do Ministério Público
públicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente,
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei
fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.
serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte,
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;
interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às
autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer
infrações atribuídas a adolescentes;
diligências, usando os recursos cabíveis.
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar,
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso,
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como
será feita pessoalmente.
oficiar em todos os demais procedimentos da competência da
Justiça da Infância e da Juventude;
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a
nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a
especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de
requerimento de qualquer interessado.
contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens
de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98;
Art. 205. As manifestações processuais do representante do
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
Ministério Público deverão ser fundamentadas.
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à
infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º
Capítulo VI
inciso II, da Constituição Federal;
Do Advogado
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável,
a) expedir notificações para colher depoimentos ou
e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado,
poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através de
requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça.
autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e
gratuita àqueles que dela necessitarem.

214
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos
ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado de que cuida esta Lei.
sem defensor. § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de poderá assumir a titularidade ativa.
sua preferência.
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às
que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar
de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por
ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária. esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do
Capítulo VII Código de Processo Civil.
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou
Coletivos agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado
adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta de segurança.
irregular:
I - do ensino obrigatório; Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
II - de atendimento educacional especializado aos portadores obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica
de deficiência; da obrigação ou determinará providências que assegurem o
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero resultado prático equivalente ao do adimplemento.
a cinco anos de idade; (2016) § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
educando; conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando o
V - de programas suplementares de oferta de material didático- réu.
escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na
fundamental; sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao prazo razoável para o cumprimento do preceito.
amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes se houver configurado o descumprimento.
privados de liberdade.
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo
promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo
direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. município.
X - de programas de atendimento para a execução das § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida
proteção. pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa
XI - de políticas e programas integrados de atendimento à aos demais legitimados.
criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência. (2017) § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, correção monetária.
próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição
e pela Lei. Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
§ 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou para evitar dano irreparável à parte.
adolescentes será realizada imediatamente após notificação aos
órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de
interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade
necessários à identificação do desaparecido. civil e administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.

Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da
foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova a
juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
a competência da Justiça Federal e a competência originária dos iniciativa aos demais legitimados.
tribunais superiores.
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do
ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente: art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de
I - o Ministério Público; Processo Civil), quando reconhecer que a pretensão é
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os manifestamente infundada.
territórios; Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão
ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de
interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a responsabilidade por perdas e danos.
autorização da assembleia, se houver prévia autorização estatutária.

215
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá Pena - detenção de seis meses a dois anos.
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e Parágrafo único. Se o crime é culposo:
quaisquer outras despesas. Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar
sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando-lhe os corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem
elementos de convicção. como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais Parágrafo único. Se o crime é culposo:
tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura de Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as
providências cabíveis. Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade,
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária
requerer às autoridades competentes as certidões e informações que competente:
julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua apreensão sem observância das formalidades legais.
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
dias úteis. comunicação à autoridade judiciária competente e à família do
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as apreendido ou à pessoa por ele indicada:
diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a Pena - detenção de seis meses a dois anos.
propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do
inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
fundamentadamente. guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação Pena - detenção de seis meses a dois anos.
arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. Art. 233. (Revogado)
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de
arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de
público, poderão as associações legitimadas apresentar razões ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo
escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
ou anexados às peças de informação. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e
deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei
dispuser o seu regimento. em benefício de adolescente privado de liberdade:
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção Pena - detenção de seis meses a dois anos.
de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério
Público para o ajuizamento da ação. Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária,
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as no exercício de função prevista nesta Lei:
disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Título VII Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o


Dos Crimes e Das Infrações Administrativas tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de
Capítulo I colocação em lar substituto:
Dos Crimes Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
Seção I
Disposições Gerais Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra terceiro, mediante paga ou recompensa:
a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
disposto na legislação penal. Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou
efetiva a paga ou recompensa.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas
da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao
pertinentes ao Código de Processo Penal. envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
incondicionada. Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou
fraude:
Seção II Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
Dos Crimes em Espécie correspondente à violência.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou
registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
responsável, por ocasião da alta médica, declaração de Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do multa.
desenvolvimento do neonato:

216
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela
de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste praticar ato libidinoso:
artigo, ou ainda quem com esses contracena. Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
comete o crime: I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar
exercê-la; ato libidinoso;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o
ou de hospitalidade; ou fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco sexualmente explícita.
consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de
tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a
qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende
consentimento. qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades
sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica sexuais
envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar,
de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, explosivo:
publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
criança ou adolescente: que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: componentes possam causar dependência física ou psíquica:
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; fato não constitui crime mais grave.
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar,
o caput deste artigo. de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial,
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao utilização indevida:
conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à
de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou exploração sexual:
adolescente: Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo
§ 1o A pena é diminuída de 1/3 a 2/3 (um a dois terços) se dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação
de pequena quantidade o material a que se refere o caput deste (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado
artigo. o direito de terceiro de boa-fé. (2017)
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a § 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o
finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança
das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo.
quando a comunicação for feita por: § 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da
I – agente público no exercício de suas funções; licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua,
entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
neste parágrafo; praticá-la:
III – representante legal e funcionários responsáveis de Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de § 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão § 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas
manter sob sigilo o material ilícito referido. de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar
incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990.
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente STJ: Súmula 500 - A configuração do crime previsto no artigo 244-B
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de (corrupção de menores) do Estatuto da Criança e do Adolescente
adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de
qualquer outra forma de representação visual: delito formal.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ART. 244-B.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, CORRUPÇÃO DE MENORES. PARTICIPAÇÃO DE DOIS
expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por ADOLESCENTES NA EMPREITADA CRIMINOSA. PRÁTICA DE DOIS
qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na DELITOS DE CORRUPÇÃO DE MENORES. CONCURSO FORMAL.
forma do caput deste artigo. A prática de crimes em concurso com dois adolescentes dá ensejo à
condenação por dois crimes de corrupção de menores.
REsp 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/10/2017

217
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em
Capítulo II caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de
Das Infrações Administrativas espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré- Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,
escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua
de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de classificação:
maus-tratos contra criança ou adolescente: Expressão declarada inconstitucional pela ADI 2.404.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada
o dobro em caso de reincidência. em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a
suspensão da programação da emissora por até dois dias.
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de
atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere
VIII e XI do art. 124 desta Lei: classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se adolescentes admitidos ao espetáculo:
o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
documento de procedimento policial, administrativo ou judicial Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de
relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional: programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se pelo órgão competente:
o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento
fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou do estabelecimento por até quinze dias.
qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe
sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79
indiretamente. desta Lei:
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-
de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da
autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da revista ou publicação.
publicação ou a suspensão da programação da emissora até por
dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o
números. empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de
Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869. criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
participação no espetáculo:
Art. 248. (Revogado) Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres do estabelecimento por até quinze dias.
inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem
assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a
Tutelar: instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se no § 11 do art. 101 desta Lei:
o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
reais).
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que
dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em
autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à
Pena – multa. adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de institucional ou familiar.
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do
estabelecimento por até 15 (quinze) dias. Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato
(trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha
sua licença cassada. conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho
para adoção:
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: reais).
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de
o dobro em caso de reincidência. programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à
convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo caput deste artigo.
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do
local de exibição, informação destacada sobre a natureza da
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II
de classificação: do art. 81:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00
o dobro em caso de reincidência. (dez mil reais);
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer comercial até o recolhimento da multa aplicada.
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a
que não se recomendem: Disposições Finais e Transitórias

218
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em
publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre a vigor.
criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de § 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data
atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto,
Livro II. observadas instruções específicas da Secretaria da Receita Federal
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios do Brasil.
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes § 4o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no
e princípios estabelecidos nesta Lei. § 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando a
pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, legais previstos na legislação.
estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas § 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na
integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-
seguintes limites: calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; concomitantemente com a opção de que trata o caput, respeitado o
e limite previsto no inciso II do art. 260.
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado
pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997. poderá ser deduzida:
§ 1º - (REVOGADO) I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas
§ 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com que apuram o imposto trimestralmente; e
os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para
dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e período a que se refere a apuração do imposto.
Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância . (2016)
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei
direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
por meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem
receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao ser depositadas em conta específica, em instituição financeira
acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art.
para programas de atenção integral à primeira infância em áreas de 260.
maior carência socioeconômica e em situações de
calamidade. (2016) Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da
nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em
Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação
favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente
das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo.
do Conselho correspondente, especificando:
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a
I - número de ordem;
forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e
Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos
endereço do emitente;
neste artigo.
III - nome,CPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do
§ 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no 9.249, doador;
de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
do caput: V - ano-calendário a que se refere a doação.
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a § 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode
limite em conjunto com outras deduções do imposto; e ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados
II - não poderá ser computada como despesa operacional na mês a mês.
apuração do lucro real. § 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve
conter a identificação dos bens, mediante descrição em campo
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando também
2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos
II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste avaliadores.
Anual.
§ 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador
os seguintes percentais aplicados sobre o imposto apurado na deverá:
declaração: I - comprovar a propriedade dos bens, mediante
I - (VETADO); documentação hábil;
II - (VETADO); II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos,
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de
§ 2o A dedução de que trata o caput: pessoa jurídica; e
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto III - considerar como valor dos bens doados:
sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
do caput do art. 260; declaração do imposto de renda, desde que não exceda o valor de
II - não se aplica à pessoa física que: mercado;
a) utilizar o desconto simplificado; b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos
b) apresentar declaração em formulário; ou bens.
c) entregar a declaração fora do prazo; Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será
III - só se aplica às doações em espécie; e considerado na determinação do valor dos bens doados, exceto se o
leilão for determinado por autoridade judiciária.

219
referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D estejam criados os conselhos dos direitos da criança e do
e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5 adolescente nos seus respectivos níveis.
(cinco) anos para fins de comprovação da dedução perante a
Receita Federal do Brasil. Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as
atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das judiciária.
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
nacional, estaduais, distrital e municipais devem: Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940
I - manter conta bancária específica destinada (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
exclusivamente a gerir os recursos do Fundo; 1) Art. 121 ............................................................
II - manter controle das doações recebidas; e § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
dados por doador: procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar
a) nome, CNPJ ou CPF; prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de catorze
em bens. anos.
2) Art. 129 ...............................................................
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil hipóteses do art. 121, § 4º.
dará conhecimento do fato ao Ministério Público. § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
3) Art. 136.................................................................
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão pessoa menor de catorze anos.
amplamente à comunidade: 4) Art. 213 ..................................................................
I - o calendário de suas reuniões; Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de Pena - reclusão de quatro a dez anos.
atendimento à criança e ao adolescente; 5) Art. 214...................................................................
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Pena - reclusão de três a nove anos.»
Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais;
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de
calendário e o valor dos recursos previstos para implementação das 1973, fica acrescido do seguinte item:
ações, por projeto; "Art. 102 ....................................................................
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "
por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados
do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da
e administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular do
recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente texto integral deste Estatuto, que será posto à disposição das
nacional, estaduais, distrital e municipais. escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos da
criança e do adolescente.
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla
referidos no art. 260 desta Lei. divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. comunicação social. (2016)
260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será
proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças
requerimento ou representação de qualquer cidadão. e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6
(seis) anos. (2016)
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita
Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico
contendo a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e
do Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com a Decreto nº 59.310 / 1966
indicação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das
contas bancárias específicas mantidas em instituições financeiras
Regime Jurídico dos Funcionários
públicas, destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Policiais Civis do Departamento
Fundos.
Federal de Segurança Pública e da
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil
expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos Polícia do Distrito Federal
arts. 260 a 260-K.

Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da TÍTULO III
criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a que Dos direitos e vantagens
se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão CAPÍTULO I
efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que Do tempo de serviço
pertencer a entidade. Art 193. Será feita em dias a apuração do tempo de serviço:
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos § 1º O número de dias será convertido em anos, considerado o
estados e municípios, e os estados aos municípios, os recursos ano como trezentos e sessenta e cinco dias.

220
§ 2º Feita a conversão, os dias restantes, até cento e oitenta e Parágrafo único. O funcionário em estágio probatório será
dois não serão computados, arredondando-se para um ano, quando demitido do cargo, mediante processo disciplinar, quando este se
excederem esse número, nos casos de cálculo para efeito de impuser antes de concluído o estágio.
aposentadoria.
CAPÍTULO III
Art 194. Será considerado de efetivo exercício o afastamento Das férias
em virtude de: Art 200. O funcionário gozará obrigatoriamente 30 (trinta) dias
I - férias; consecutivos de férias por ano, de acordo com a escala organizada
II - casamento; pelo chefe do serviço.
III - luto; § 1º É proibido levar à conta de férias qualquer falta ao trabalho.
IV - exercício de cargo federal de provimento em comissão; § 2º somente depois do primeiro ano de exercício adquirirá o
V - convocação para o serviço militar; funcionário direito a férias.
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
VII - exercício de cargo ou função de governo ou administração Art 201. É proibida a acumulação de férias, salvo imperiosa
em qualquer parte do território nacional, por nomeação do necessidade de serviço máximo de dois anos.
Presidente da República;
VIII - desempenho de função legislativa da União, dos Estados, Art 202. Por motivo de promoção, transferência ou remoção, o
do Distrito Federal e dos Municípios; funcionário em gozo de férias não será obrigado a interrompê-las.
IX - licença especial;
X - licença à funcionária gestante, ao funcionário acidentado em Art 203. O funcionário não poderá ser obrigado a interromper as
serviço ou atacado de doença profissional, na fôrma dos artigo 222 e suas férias, a não ser em virtude de emergente necessidade da
224 deste Regulamento; segurança nacional ou manutenção da ordem, mediante convocação
XI - missão ou estudo no estrangeiro, quando o afastamento da autoridade competente.
tiver sido autorizado pelo Presidente da República ou pelo Prefeito § 1º Na hipótese prevista neste artigo, " in fine ", o funcionário
do Distrito Federal; terá direito a gozar o período restante das férias em época oportuna.
XII - exercício, em comissão, de cargos de chefia nos serviços § 2º ao entrar em férias, o funcionário comunicará ao chefe
dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, observado o imediato o seu provável endereço, dando-lhe ciência, durante o
disposto no artigo 23 deste Regulamento; período, de suas eventuais mudanças.
XIII - o período de tempo realmente necessário à viagem para a
nova sede na fôrma prevista no artigo 24 deste Regulamento; CAPÍTULO IV
XIV - doença comprovada de inspeção médica, nos termos do Das Licenças
artigo 248 deste Regulamento. SEÇÃO I
Disposições preliminares
Art 195. Para efeito de aposentadoria e disponibilidade, Art 204. Conceder-se-á licença:
computar-se-á integralmente: I - para tratamento de saúde;
I - o tempo de serviço público federal, estadual ou municipal; II - por motivo de doença em pessoa da família;
II - período de serviço ativo nas Forças Armadas, prestado III - para repouso à gestante;
durante a paz, computando-se pelo dobro o tempo em operações de IV - para serviço militar obrigatório;
guerra; V - para o trato de interesses particulares;
III - o tempo de serviço prestado como extranumerário ou sob VI - por motivo de afastamento do cônjuge, funcionário civil ou
qualquer fôrma de admissão, desde que remunerado pelos cofres militar;
públicos, inclusive o do pessoal de que tratam os artigos 23, item II, VII - em caráter especial.
e 26 da Lei nº 3.780, de 12 de julho de 1960;
IV - o tempo de serviço prestado em autarquia; Art 205. Ao funcionário ocupante de cargo em comissão não se
V - o período de trabalho prestado à instituição de caráter concederá, nessa qualidade, licença para trato de interesses
privado que tiver sido transformada em estabelecimento de serviço particulares.
público;
VI - o tempo em que o funcionário estiver em disponibilidade ou Art 206. A licença dependente de inspeção médica será
aposentado; concedida pelo prazo indicado no laudo ou atestado.
VII - o período de freqüência aos cursos de formação Parágrafo único. Findo o prazo, haverá nova inspeção e o
profissional da Academia Nacional de Polícia. atestado ou laudo médico concluirá pela volta ao serviço, pela
prorrogação da licença ou pela aposentadoria.
Art 196. É vedada a acumulação de tempo de serviço prestado
concorrentemente em dois ou mais cargos ou funções da União, Art 207. Terminada a licença, o funcionário reassumirá
Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias e Sociedades de imediatamente o exercício, ressalvado o caso do artigo 208 e
Economia Mista. parágrafo único.

CAPÍTULO II Art 208. A licença poderá ser prorrogada, " ex officio " ou a
Da estabilidade pedido.
Art 197. O funcionário policial ocupante de cargo de provimento Parágrafo único. O pedido deverá ser apresentado antes de
efetivo adquire estabilidade depois de 2 (dois) anos de exercício, findo o prazo da licença e decidido dentro de trinta dias, se
quando nomeado em virtude de habilitação em curso da Academia indeferido, contar-se-á como de licença o período compreendido
Nacional de Polícia. entre a do término e a do conhecimento do despacho, através da
publicação no Boletim de Serviço.
Art 198. A estabilidade diz respeito ao serviço público e não ao
cargo. Art 209. A licença concedida dentro de sessenta dias contados
da terminação da anterior será considerada como prorrogação.
Art 199. O funcionário estável perderá o cargo quando este for
extinto ou em virtude de sentença judicial ou, finalmente, no caso de Art 210. O funcionário não poderá permanecer em licença por
ser demitido mediante processo disciplinar, em que lhe seja prazo superior a 24 meses, salvo nos casos dos itens IV e VI do
assegurada ampla defesa. artigo 204 e nos casos de moléstias especificadas no artigo 221
deste Regulamento.

221
Art 221. Será concedida licença a funcionário atacado de
Art 211. Expirado o prazo do artigo antecedente, o funcionário tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira,
será submetido a nova inspeção e aposentado, se fôr julgado lepra, paralisia ou cardiopatia grave, quando a inspeção médica não
inválido para o serviço público em geral. concluir pela necessidade imediata da aposentadoria.
Parágrafo único. Na hipótese desse artigo, o tempo necessário Parágrafo único. A inspeção far-se-á obrigatoriamente por uma
à inspeção médica será considerado como de prorrogação da junta de três médicos.
licença.
Art 222. O funcionário licenciado para tratamento de saúde,
Art 212. O funcionário em gozo de licença comunicará ao chefe acidentado em serviço, atacado de doença, profissional ou das
imediato o local onde pode ser encontrado, bem como as eventuais moléstias indicadas no artigo anterior perceberá vencimento integral,
mudanças durante o período. bem como as vantagens pecuniárias decorrentes.
Parágrafo único. Dessas comunicações, o chefe imediato dará
ciência ao respectivo órgão de pessoal. SEÇÃO III
Da licença por motivo de doença em pessoa da família
SEÇÃO II Art 223. O funcionário poderá obter licença por motivo de
Da licença para tratamento de saúde doença na pessoa de ascendente, descendente, colateral,
Art 213. A licença para tratamento de saúde será a pedido ou consangüíneo ou afim até o segundo grau civil e do cônjuge do qual
" ex officio ". não êsteja legalmente separado, desde que prove ser indispensável
Parágrafo único. Em qualquer das hipóteses, é indispensável a a sua assistência pessoal a esta não possa ser prestada
inspeção médica, que poderá realizar-se, caso as circunstâncias o simultaneamente com o exercício do cargo.
exijam, na residência do funcionário. § 1º Provar-se-á a doença mediante inspeção por médico da
repartição ou, na sua falta por facultativo oficial, ou, onde não
Art 214. O funcionário impossibilitado de comparecer ao houver, por médico particular.
trabalho por motivo de saúde está obrigado a, no prazo de vinte e § 2º A licença de que trata este artigo será concedida com
quatro horas, dar ciência do fato, por si ou por interposta pessoa, a vencimento até um ano, com dois terços do vencimento excedendo
seu chefe imediato. desse prazo até dois anos.
Parágrafo único. recebida a comunicação, o chefe imediato, sob
pena de responsabilidade, providenciará a necessária inspeção SEÇÃO IV
médica. Da licença à gestante
Art 224. À funcionária gestante será concedida, mediante
Art 215. Para a licença até noventa dias, inspeção será feita por inspeção médica, licença por quatro meses, com vencimento e
médico da própria repartição, admitindo-se, na falta, laudo de outros vantagens ligadas ao cargo.
médicos oficiais, ou, ainda, não os havendo na localidade, atestado Parágrafo único. Salvo prescrição médica em contrário, a
passado por facultativo particular, com firma reconhecida. licença será concedida a partir do início do oitavo mês da gestação.
§ 1º Na última hipótese do artigo, o atestado só produzirá efeito
depois de homologado pelo órgão de pessoal, com audiência do SEÇÃO V
serviço médico da repartição. Da licença para serviço militar
§ 2º No caso de não ser homologado a licença, o funcionário Art 225. Ao funcionário convocado para o serviço militar e
será obrigado a reassumir o exercício do cargo, considerados como outros encargos da segurança nacional será concedida licença com
de falta justificada os dias que deixou de comparecer ao serviço por vencimento integral e vantagens decorrentes.
esse motivo. § 1º A licença será concedida à vista de documento oficial que
prove a incorporação.
Art 216. A licença superior a noventa dias dependerá da § 2º Descontar-se-á do vencimento a importância que o
inspeção por junta médica. funcionário perceber, na qualidade de incorporado, salvo se optar
Parágrafo único. A prova de doença poderá ser feita mediante pelas vantagens do serviço militar.
atestado passado por médico da repartição ou oficial se, a juízo da § 3º Para a recepção dos vencimentos e vantagens pecuniárias
Administração e excepcionalmente, não fôr conveniente ou possível de seu cargo o funcionário deverá comprovar, mediante atestado
a ida da junta médica à localidade da residência do funcionário. fornecido pela autoridade militar competente, que não está
recebendo as vantagens decorrentes do serviço militar.
Art 217. O atestado médico ou o laudo da junta nenhuma § 4º Ao funcionário desincorporado conceder-se-á prazo não
referência fará ao nome ou à natureza da doença de que sofre o excedente de trinta dias para que reassuma o exercício sem perda
funcionário, salvo em se tratando de lesões, produzidas por acidente, do vencimento e vantagens.
de doença profissional ou de quaisquer moléstias referidas no artigo
221 deste regulamento. Art 226. Ao funcionário oficial da reserva das Forças Armadas
será também concedida licença com vencimento e vantagens ligadas
Art 218. O funcionário abster-se-á de qualquer atividade ao cargo durante os estágios previstos pelos regulamentos militares,
remunerada, no curso da licença, sob pena de sua imediata quando não perceber qualquer vantagem pecuniária pelo serviço
interrupção, com perda total do vencimento e das vantagens militar.
decorrentes, até que reassuma o cargo. § 1º A não percepção das vantagens decorrentes do estágio
será comprovada mediante atestados fornecido pela autoridade
Art 219. Será punido disciplinarmente o funcionário que se militar competente.
recusar à inspeção médica, cessando os efeitos da pena da data em § 2º Quando o estágio fôr remunerado, assegurar-se-á o direito
que se verifique o exame. de opção.

Art 220. Considerando apto em inspeção médica, o funcionário SEÇÃO VI


reassumirá o exercício, sob pena de se apurarem como faltas os Da licença para trato de interesses particulares
dias de ausência. Art 227. Depois de dois anos de efetivo exercício em cargo de
Parágrafo único. No curso da licença, poderá o funcionário natureza policial, o funcionário poderá obter licença sem vencimento,
requerer inspeção médica, caso se julgue em condições de para tratar de interesses particulares.
reassumir o exercício. § 1º O requerente aguardará em exercício a concessão da
licença.

222
§ 2º Será negada a licença quando inconveniente ao interesse Art 237. O funcionário requererá a concessão da licença
do serviço. especial à autoridade competente, indicando a forma por que deseja
gozá-la.
Art 228. Não se concederá a licença a funcionário nomeado, § 1º O órgão de pessoal instruirá o pedido, esclarecendo, à
transferido ou removido, antes de assumir o exercício. vista dos elementos indicados no item I do artigo 240, deste
Regulamento, se o funcionário preenche os requisitos legais para a
Art 229. Só poderá ser concedida nova licença decorridos dois concessão da licença.
anos da terminação da anterior. § 2º Deferido o requerimento, o órgão de pessoal promoverá a
publicação oficial do ato e respectiva anotação no assentamento
Art 230. O funcionário poderá a qualquer tempo, desistir da individual do funcionário, remetendo, em seguida, o processo ao
licença. chefe do serviço, para o fim de ser organizada a escala respectiva.

Art 231. Quando o interesse do serviço o exigir, a licença Art 238. A escala será organizada por determinação do chefe
poderá ser cassada a juízo da autoridade competente. do serviço e obedecerá à ordem cronológica de entrada dos
requerimentos dos interessados.
SEÇÃO VII § 1º Poderá ser revista a escala quando:
Da licença ao funcionário casado I - sobrevier inclusão de nova licença deferida;
Art 232. O funcionário casado terá direito à licença sem II - o funcionário declarar expressamente que prefere gozar a
vencimento, quando seu cônjuge, funcionário civil ou militar, fôr licença em época diversa da que lhe caberia na escala;
mandado servir, "ex officio" , outro ponto do território nacional ou III - o chefe do serviço determinar outro período, atendendo aos
quando eleito para o Congresso Nacional. interesses da Administração.
§ 1º Enquanto durar a permanência do seu cônjuge, e existindo § 2º Quando houver requerimentos da mesma data, terá
repartição no novo local de residência, o funcionário nela será lotado, preferência no gozo da licença o funcionário que contar maior tempo
na forma da Lei nº 4.854, de 25 de novembro de 1965. de serviço público federal.
§ 2º A licença e a remoção dependerão de requerimento
devidamente instruído. Art 239. Na organização da escala, observar-se-ão os seguintes
requisitos:
SEÇÃO VIII I - quando requerida para um ou mais períodos de seis meses,
Da licença especial a licença especial poderá ter início em qualquer mês do ano civil;
Art 233. Após cada decênio de efetivo exercício, ao funcionário II - quando requerida para períodos parcelados bimestrais ou
que a requerer, conceder-se-á licença especial de seis meses com trimestrais, cada período deve ter início em qualquer mês do
todos os direitos e vantagens de seu cargo efetivo. ano civil;
§ 1º O funcionário efetivo, que ocupar cargo em comissão ou III - haverá um só período bimestral ou trimestral por ano civil;
função gratificada, ficará afastado durante o gozo da licença IV - no mesmo serviço não poderão ser licenciados,
especial, percebendo o vencimento do cargo de que seja ocupante simultaneamente, funcionários em número superior à sexta parte do
efetivo. total de pessoal em exercício;
§ 2º Será remunerada, durante todo o período, a substituição de V - se houver menos de seis funcionários em exercício,
ocupante de cargo em comissão ou função gratificada, afastado em somente um deles poderá ser licenciado;
virtude de licença especial. VI - ressalvado o disposto nos itens IV e V deste artigo e no
§ 3º É vedada a conversão da licença em vantagem pecuniária. item II do artigo 238, o período a ser determinado pelo chefe do
serviço, deverá iniciar-se dentro do prazo máximo de um ano, a
Art 234. Não se concederá licença especial se houver o contar da data do deferimento do pedido;
funcionário em cada decênio: VII - deverão ser mencionadas as datas de início e término dos
I - sofrido pena de suspensão, mesmo se convertida em multa períodos relativos à licença especial.
ou detenção disciplinar;
II - faltado ao serviço injustificadamente; Art 240. No cômputo de decênio de efetivo exercício, serão
III - gozado licença: observadas as seguintes normas:
a) para tratamento de saúde, por prazo superior a seis meses I - entende-se como tempo de efetivo exercício o que tenha sido
ou cento e oitenta dias, consecutivos ou não; prestado à União, em cargo ou função civil ou militar, ininterrupta ou
b) por motivo de doença em pessoa da família, por mais de consecutivamente, em órgãos de administração direta, apurado à
quatro meses ou cento e vinte dias, consecutivos ou não; vista dos registros de freqüência, folhas de pagamento ou dos
c) para trato de interesses particulares; elementos regularmente averbados no assentamento individual do
d) por motivo de afastamento do cônjuge, quando funcionário funcionário;
civil ou militar, por mais de três meses ou noventa dias, consecutivos II - a contagem do tempo de efetivo exercício será feita em dias
ou não. e o total apurado convertido em anos, sem arredondamento,
Parágrafo único. Cessada a interrupção prevista neste artigo, considerado de efetivo exercício os afastamentos citados no artigo
começará a correr nova contagem de decênio a partir da datas em 194 deste Regulamento;
que o funcionário reassumir o exercício do cargo ou do dia seguinte III - o tempo de serviço prestado à União a que se refere o
em que faltar ao serviço. artigo 268 da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, será
computado somente para o que era funcionário federal a 1º de
Art 235. São competentes para conceder a licença especial o novembro de 1952;
Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Pública e, se IV - são igualmente considerados de exercício efetivo os dias
fôr o caso, o Secretário de Segurança Pública. que, na vigência de legislação anterior ao Decreto-lei nº 1.713, de 28
de outubro de 1939, foram considerados como faltas justificadas;
Art 236. A licença especial poderá ser gozada de uma só vez ou V - não interromperão o curso de decênio os dias intermediários
parceladamente em períodos de dois ou três meses. entre o exercício de mais de um cargo, quando forem domingo,
Parágrafo único. Quando se tratar de mais de uma licença feriado ou facultativo.
especial, o funcionário poderá goza-las em períodos semestrais Parágrafo único. O tempo de efetivo exercício prestado às
consecutivos ou isolados, em um ou mais períodos semestrais em entidades a que se refere a Lei nº 1.278, de 16 de dezembro de
concorrência com períodos parcelados, e em períodos parcelados. 1950, será computado para os fins da concessão prevista neste
Regulamento, sempre que não haja ocorrido interrupção.

223
Art 241. Para efeito de aposentadoria, será contado em dobro o
tempo de licença especial que o funcionário não houver gozado. Art 251. O vencimento e vantagens devidos ao funcionário
falecido não são considerados herança, devendo ser pagos,
Art 242. É permitido ao funcionário interromper a licença independentemente de ordem judicial, à viúva, ou, na sua falta, aos
especial, sem perder o direito ao gozo do restante do período, desde legítimos herdeiros daquele.
que, mediante requerimento à autoridade que a concedeu, obtenha
autorização para reassumir o exercício de seu cargo. SEÇÃO III
Da ajuda de custo
Art 243. O chefe do serviço comunicará ao órgão de pessoal as Art 252. Será concedida ajuda de custo ao funcionário que
datas em que o funcionário entrar em gozo de licença especial e passar a ter exercício em nova sede, que determine a mudança de
voltar ao exercício do cargo. seu domicílio.
§ 1º A ajuda de custo destina-se à compensação das despesas
CAPÍTULO V de viagem e nova instalação.
Do vencimento e das vantagens § 2º Correrá à conta da Administração a despesa de transporte
SEÇÃO I de funcionário e de sua família.
Disposições preliminares
Art 244. Além do vencimento, poderão ser deferidas as Art 253. A ajuda de custo não excederá a importância
seguintes vantagens: correspondente a três meses do vencimento, salvo quando se tratar
I - ajuda de custo; de viagem ao estrangeiro.
II - diárias;
III - salário-família; Art 254. No arbitramento da ajuda de custo, o chefe da
IV - auxílio-doença; repartição levará em conta as novas condições de vida do
V - gratificações. funcionário, as despesas de viagem e instalação.

SEÇÃO II Art 255. A ajuda de custo será calculada:


Do vencimento I - sôbre o vencimento do cargo;
Art 245. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do II - sôbre o vencimento do cargo em comissão que o funcionário
cargo, correspondente ao nível fixado em lei. passa a exercer na nova sede;
III - sôbre o vencimento do cargo efetivo acrescido da
Art 246. Ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo, gratificação, quando se tratar de função por essa fôrma retribuída.
perderá o vencimento do cargo efetivo o funcionário: Parágrafo único. É facultado ao funcionário o recebimento
I - nomeado para cargo em comissão, salvo o direito de optar; integral da ajuda de custo na nova sede do serviço.
II - quando no exercício de mandato eletivo remunerado,
federal, estadual ou municipal; Art 256. Não se concederá ajuda de custo ao funcionário:
III - quando se afastar do exercício de sua repartição para I - que, em virtude de mandato eletivo, deixar ou reassumir o
prestar serviços ao Poder Legislativo ou a Estado da Federação, exercício do cargo;
desde que se trate de atribuições inerentes à do seu cargo efetivo. II - posto à disposição de qualquer entidade de direito público;
Parágrafo único. Ao funcionário de cargo técnico ou científico, III - quando removido a pedido ou por conveniência da
quando à disposição dos governos dos Estados, será lícito optar pelo disciplina.
vencimento do cargo federal, sem prejuízo da gratificação concedida
pela administração estadual. Art 257. Sem prejuízo das vantagens que lhe competirem, o
funcionário obrigado a permanecer fora da sede, em objeto de
Art 247. O funcionário perderá: serviço por mais de trinta dias, perceberá ajuda de custo
I - o vencimento do dia, se não comparecer ao serviço, salvo correspondente a um mês de vencimento.
motivo legal ou moléstia comprovada;
II - um terço do vencimento diário quando comparecer ao Art .258. O funcionário restituirá a ajuda de custo:
serviço dentro da hora seguinte à marcada para o início dos I - quando não se transportar para a nova sede nos prazos
trabalhos, ou quando se retirar antes de findo o período de trabalho; determinados;
III - um terço do vencimento durante o afastamento por motivo II - quando, antes de terminada a incumbência, regressar, pedir
de prisão preventiva, pronúncia por crime comum, denúncia por exoneração ou abandonar o serviço.
crime funcional ou pelos crimes previstos no item I do artigo 383 §. A restituição é de exclusiva responsabilidade pessoal e
deste Regulamento ou, ainda, condenação por crime inafiançável em poderá ser feita parcelamento, salvo nas hipóteses do parágrafo
processo no qual não haja pronúncia, com direito à diferença, se único do artigo 252, deste Regulamento.
absolvido; § 2º Não haverá obrigação de restituir:
IV - dois terços do vencimento durante o período do a) quando o regresso do funcionário fôr determinado "ex-
afastamento em virtude de condenação, por setença definitiva, a offício" ou por doença comprovada;
pena que não determine demissão. b) havendo exoneração a pedido, após noventa dias de
exercício na nova sede.
Art 248. Serão relevadas até três faltas durante o mês
motivadas por doença comprovada em inspeção médica. Art 259. O transporte do funcionário e sua família, inclusive um
serviçal, compreende passagens e bagagens, não podendo a
Art 249. As reposições e indenizações à Fazenda Pública serão despesa, quanto a estas, exceder a vinte e cinco por cento da ajuda
descontadas em parcelas mensais não excedentes da décima parte de custo.
do vencimento.
Parágrafo único. Não caberá o desconto parcelado quando o SEÇÃO IV
funcionário solicitar exoneração ou abandonar o cargo. Das diárias
Art 260. Ao funcionário que se deslocar da sede do órgão em
Art 250. O vencimento ou qualquer vantagem pecuniária que estiver lotado em objeto de serviço conceder-se-á uma diária a
atribuída ao funcionário não será objeto de arresto, sequestro ou título de indenização das despesas de alimentação e pousada.
penhora, salvo quando se tratar: Parágrafo único. Não se concederá diária:
I - de prestação de alimentos; I - durante o período de tempo realmente necessário à viagem
II - de dívida à Fazenda Pública. para a nova sede;

224
II - quando o deslocamento constituir exigência permanente do IV - por filho estudante que freqüentar curso secundário ou
cargo ou função. superior, em estabelecimento de ensino oficial ou particular, e que
não exerça atividade lucrativa, até a idade de vinte e quatro anos;
Art 261. O arbitramento das diárias consultará a natureza, o V - pelo cônjuge do sexo feminino que não seja contribuinte de
local e as condições de serviço, respondendo o chefe da repartição instituição de previdência social e não exerça atividade remunerada
ou serviço pelos abusos cometidos. ou perceba pensão ou qualquer outro rendimento em importância
superior ao valor do salário-famíllia;
Art 262. A diária não poderá ser: VI - pela mulher solteira, desquitada ou viúva que viva sob sua
I - inferior a dez por cento do salário-mínimo vigente no local dependência econômica, no mínimo há cinco anos e enquanto
para onde se afasta o funcionário; persistir o impedimento de qualquer das partes para casar;
II - superior a trinta por cento do salário-mínimo vigente no local VII - pela mãe viúva, sem qualquer rendimento, que viva às
para onde se afasta o funcionário. suas expensas.
Parágrafo único. Para o ocupante de cargo em comissão ou Parágrafo único. Compreendem-se neste artigo os filhos de
função gratificada, de natureza policial, cujo valor do símbolo seja qualquer condição, os enteados, os adotivos e o menor que,
superior ao do maior nível de vencimento, a diária poderá ser igual a mediante autorização judicial, viver sob a guarda e sustento do
trinta e cinco por cento do salário-mínimo vigente no local para onde funcionário.
se afasta o funcionário.
Art 273. Quando o pai ou a mãe forem funcionários ou inativos
Art 263. O funcionário poderá perceber: e viverem em comum, o salário-família será concedido ao pai.
I - diária integral, quando passar mais de doze horas fora da § 1º Se não viverem em comum, será concedido ao que tiver os
sede; dependentes sob sua guarda.
II - meia-diária, quando passar de sete a doze horas fora da § 2º Se ambos os tiverem, será concedido a um e outro dos
sede. pais, de acordo com a distribuição dos dependentes.

Art 264. A concessão da diária será proposta ao órgão de Art 274. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta e,
pessoal, pelo chefe da repartição ou serviço, que indicará o nome do na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
funcionário, cargo ou função, local para onde se afasta, natureza do
serviço, tempo provável do afastamento e número de diárias a serem Art 275. O salário-família será pago, ainda, nos casos em que o
adiantadas. funcionário ativo ou inativo deixar de perceber vencimento ou
provento.
Art 265. O órgão de pessoal, depois de examinar a legalidade e
a conveniência da despesa, arbitrará e concederá as diárias, tendo Art 276. O salário-família não está sujeito a qualquer imposto ou
em vista as indicações a que se refere o artigo anterior. taxa, nem servirá de base para qualquer contribuição, ainda que
para fim de previdência social.
Art 266. As diárias serão creditadas na ficha financeira e pagas
mediante folhas avulsas, que serão publicadas "a posterior" no órgão Art 277. O salário-família será pago ao funcionário no valor e
oficial e das quais constarão, além das indicações referidas no artigo condições previstos em lei.
264, o número ou matrícula do funcionário, vencimento, sede da
repartição e importância a ser paga. SEÇÃO VI
Do auxílio-doença
Art 267. Nas localidades em que não houver órgãos de pessoal, Art 278. O funcionário terá direito a um mês de vencimento, a
a folha será organizada pela repartição ou serviço, cabendo ao título de auxílio-doença, após cada período de doze meses
respectivo chefe arbitrar e autorizar o pagamento, remetendo ao consecutivos de licença para tratamento de saúde em consequência
órgão de pessoal correspondente a segunda via da referida folha de tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira,
para efeito de publicação e controle. lepra, paralisia ou cardiopatia grave.

Art 268. Na hipótese do artigo anterior, o órgão de pessoal Art 279. O pagamento do auxílio doença será autorizado a partir
examinará a legalidade e conveniência da despesa e promoverá, do dia imediato àquele em que o funcionário completar o período a
quando necessário, a retificação da folha ou reposição de que se refere o artigo anterior.
importâncias indevidamente pagas e as medidas disciplinares que
couberem. Art 280. São competentes para conceder o auxílio-doença o
Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Pública e o
Art 269. Na concessão de diárias deverá ser observado o limite Secretário de Segurança Pública.
dos recursos orçamentários próprios, relativos a cada exercício.
Art 281. O auxílio-doença será pago em folha, cujo
Art 270. Regressando à sede, o funcionário devolverá no prazo processamento obedecerá às mesmas normas do pagamento do
de trinta dias, as diárias recebidas em excesso, que, em caso vencimento.
contrário, serão descontadas em seu vencimento.
Art 282. Quando ocorrer falecimento do funcionário, o auxílio-
Art 271. Cometerá falta grave o funcionário que indebitamente doença a que fez jus será pago de acordo com as normas que
conceder diárias, com o objetivo de remunerar outros serviços ou regulam o pagamento de vencimento não recebido.
encargos.
Art 283. As despesas decorrentes do pagamento da vantagem
SEÇÃO V a que se refere esta Seção serão atendidas pela dotação
Do salário-família orçamentária própria.
Art 272. O salário-família será concedido ao funcionário ativo
ou inativo: SEÇÃO VII
I - por filho menor de vinte e um anos; Das gratificações
II - por filho inválido; Art 284. Conceder-se-á gratificação:
III - por filha solteira sem economia própria; I - de função de chefia, assessoramento ou secretariado;
II - de função policial;
III - pelo exercício em determinadas zonas ou locais;

225
IV - por serviço ou estudo no estrangeiro; Federal (PF-300), Preparação Processual Federal (PF-400),
V - pela participação em órgão de deliberação coletiva; Rodoviário Policial Federal (PF-500), Segurança Pública e
VI - pelo exercício: Investigações (PF-600), Policiamento (PM-300), Preparação
a) do encargo de auxiliar ou membro de banca e comissões de Processual (PM-500), Motorista Policial (PM-700) e Segurança
concurso; Pública e Investigações (PM-800).
b) de encargos de auxiliar ou professor em curso legalmente
instituído. Art 294. Será considerado, automaticamente, com direito à
VII - adicional por tempo de serviço. percepção da maior percentagem, o funcionário ocupante de cargo
de natureza policial que fôr vítima, em serviço, de lesão corporal de
SUBSEÇÃO I que lhe resulte morte ou invalidade em caráter permanente.
Da gratificação de função
Art 285. A gratificação de função destina-se a atender a Art 295. A gratificação de função policial incorporar-se-á ao
encargos de chefia, assessoramento, secretariado e outros provento da aposentadoria à razão de 1/30 (hum trinta avos) por ano
determinados em lei. de efetivo exercício de atividade estritamente policial.

Art 286. A função gratificada não constitui emprego, mas Art 296. A concessão, a alteração ou a suspensão da
vantagem acessória do vencimento, e a importância a ser paga pelo gratificação de função policial das categorias B e C é da exclusiva
seu desempenho corresponderá à diferença entre o valor competência do Diretor-Geral do Departamento Federal de
estabelecido para o símbolo respectivo e o vencimento do cargo Segurança Pública ou do Secretário de Segurança da Prefeitura do
efetivo do funcionário designado para exercê-la. Distrito Federal, conforme o caso, a critério dessas autoridades,
Parágrafo único. Ao funcionário designado para o exercício de obedecidas as normas estabelecidas neste capítulo, e mediante
encargos de chefia, de assessoramento ou de secretariado é Portaria publicada no Boletim de Serviço.
facultado optar pelo seu pagamento na forma prevista no § 3º do Parágrafo único. O Chefe imediato do funcionário policial, em
artigo 2º da Lei número 4.345, de 26 de junho de 1964. expediente fundamentado, poderá sugerir à autoridade competente a
concessão, alteração ou a suspensão da gratificação de função
Art 287. O funcionário que se ausentar em virtude de férias, policial e a respectiva categoria.
luto, casamento, doença comprovada ou serviço obrigatório por lei
não perderá a gratificação de função. Art 297. Suspender-se-á o pagamento da gratificação de
Categoria B ou C ao funcionário que tiver incorrido em infração
SUBSEÇÃO II disciplinar.
Da gratificação de função policial
Art 288. A gratificação de função policial é devida ao funcionário Art 298. Mantém-se o direito do funcionário à gratificação de
policial pelo regime de dedicação integral que o incompatibiliza com categoria B ou C quando afastado por motivo de férias, casamento,
o exercício de qualquer outra atividade pública ou privada, bem falecimento de cônjuge, pais, filhos ou irmãos bem como quando
como pelos riscos dela decorrentes. hospitalizado ou licenciado por motivo de acidente de que for vítima.
Parágrafo único. A gratificação de que trata este artigo é
classificada em três categorias: A, B e C. Art 299. Ao funcionário policial é vedado exercer outra
atividade, qualquer que seja a forma de admissão remunerada ou
Art 289. A gratificação de função policial de Categoria A, no não, em entidade pública ou empresa privada, salvo:
valor de 60% calculado sobre o vencimento de cargo efetivo, é I - o magistério na Academia Nacional de Polícia;
sempre devida ao funcionário policial pelo efetivo exercício em II - a profissão de jornalista, quando se tratar de ocupantes de
regime de dedicação integral que o incompatibiliza com o cargos das séries de classes de Censor ou Censor Federal;
desempenho de qualquer outra atividade pública ou privada. III - a prática profissional em estabelecimento hospitalar,
Parágrafo único. A gratificação de que trata este artigo será quando se tratar de ocupante de cargos da série de classes de
atribuída ao funcionário policial ainda que, por circunstâncias alheias Médico Legista.
à sua vontade e no interesse da Administração, não esteja no § 1º Nas hipóteses previstas nos itens II. e III deste artigo, o
desempenho de funções específicas ou esteja no exercício funcionário somente fará jus à gratificação de função policial quando
temporário de funções de confiança, no Departamento Federal de tiver optado expressamente pelo exercício exclusivo da função
Segurança Pública. policial.
§ 2º O funcionário que optar, na forma do parágrafo anterior,
Art 290. A gratificação de função policial de Categoria B, no assinará termo de compromisso, em três vias, em que declare
valor de até 20% calculado sôbre o vencimento do cargo efetivo, vincular-se ao regime de dedicação integral e sujeitar-se às
poderá ser concedida ao funcionário policial como acréscimo pelo condições ao mesmo inerentes, fazendo jus aos seus benefícios,
exercício de atribuições, tarefas ou encargos de que resultam risco enquanto nele permanecer.
de vida ou saúde maiores que os normalmente decorrentes das
atribuições regulares dos demais funcionários policiais. Art 300. O exercício de atividade estranha à do cargo ou a
infringência do compromisso referido no § 2º do artigo anterior,
Art 291. A gratificação de função policial de categoria C, no importará na transgressão prevista no item LIII, do artigo 364 deste
valor de até 40% calculado sôbre o vencimento do cargo efetivo, Regulamento, acarretando a pena de demissão, sem prejuízo da
poderá ser concedida ao funcionário policial, como acréscimo, responsabilidade civil.
quando os riscos no desempenho das atribuições, tarefas ou
encargos que lhe forem cometidos sejam de tal natureza que Art 301. O regime de dedicação integral obriga o funcionário à
possam ser, de logo, considerados excepcionalmente graves à sua prestação de, no mínimo, duzentas horas mensais de trabalho.
integridade física.
SUBSEÇÃO III
Art 292. A gratificação de função policial de Categoria A pode Da gratificação pelo exercício em determinadas zonas ou locais
ser recebida cumulativamente com uma das demais categorias. Art 302. A gratificação pelo exercício em determinadas zonas
Parágrafo único. A gratificação de função policial em nenhuma ou locais, prevista no artigo 284, item III deste Regulamento, que
hipótese poderá exceder o valor de 100%. variará entre vinte por cento e quarenta por cento dos vencimentos
do cargo efetivo do funcionário, será concedida nos têrmos da
Art 293. Só será conferida a gratificação de função policial B ou regulamentação geral a ser expedida pelo Poder Executivo.
C aos ocupantes de cargos dos Grupos Ocupacionais - Polícia

226
SUBSEÇÃO IV Decretos números 33.704, 35.690, e 36.953, respectivamente, de 31
Da gratificação por serviço ou estudo no estrangeiro de agôsto de 1953, 18 de junho de 1954 e 25 de fevereiro de 1955.
Art 303. O pedido e proposta de afastamento do funcionário
para o exterior somente será encaminhado à decisão do Presidente SEÇÃO VIII
da República ou do Prefeito do Distrito Federal, se fôr o caso, para Do auxílio-moradia
efeito da autorização prevista no artigo 26 deste Regulamento, Art 310. O funcionário policial casado, quando lotado em
quando relativo a: Delegacia Regional, terá direito a auxílio para moradia
I - missão oficial do Governo; correspondente a dez por cento do seu vencimento mensal.
II - bolsa de estudo sobre assunto de interesse da Parágrafo único. O auxílio previsto neste artigo será pago ao
Administração Pública; funcionário até completar cinco anos na localidade em que, por
III - exercício de outras atividades do interesse da necessidade de serviço, nela deva residir, e desde que não disponha
Administração Pública. de moradia própria.

Art 304. Quando se tratar de afastamento de iniciativa da Art 311. Quando o funcionário, de que trata o artigo anterior,
Administração, poderão ser concedidas ao funcionário, segundo as ocupar imóvel sob a responsabilidade da repartição em que, servir,
peculiaridades de cada caso, ajuda de custo e outras vantagens vinte por cento do valor do auxílio previsto no artigo anterior serão
previstas na legislação em vigor, além do vencimento. recolhidos como receita da União e o restante será empregado
§ 1º Quando o afastamento fôr de interesse da Administração, conforme fôr estabelecido pelo referido órgão de acôrdo com as suas
mas não de sua iniciativa, a autorização será concedida com a peculiaridades.
cláusula "sem ônus para os cofres públicos".
§ 2º Entende-se como "sem ônus para os cofres públicos", o Art 312. Quando o funcionário ocupar imóvel de outra entidade,
afastamento em que o funcionário faz jus, exclusivamente, à a importância referida no artigo 310 terá o seguinte destino:
percepção do vencimento do cargo. I - a importância correspondente ao aluguel será recolhido ao
Art 305. O pagamento do vencimento e demais vantagens, nos órgão locador;
casos de afastamento para o exterior, será feito em qualquer II o restante será empregado na fôrma estabelecida no artigo
hipótese em moeda nacional. anterior " in fine ".

SUBSEÇÃO V Art 313. Esgotado o prazo previsto no parágrafo único do artigo


Da gratificação pela participação em órgãos de deliberação 310 deste Regulamento, o funcionário que continuar ocupando
coletiva imóvel de responsabilidade da repartição em que servir indenizá-la-á
Art 306. A gratificação pela participação em órgão de da importância correspondente ao auxílio para moradia.
deliberação coletiva prevista no artigo 284, item V, deste Parágrafo único. Se a ocupação fôr de imóvel pertencente a
Regulamento será concedida nos termos da regulamentação geral outro órgão, o funcionário indenizá-lo-á pelo aluguel correspondente.
da matéria.
Art 314. O funcionário removido a pedido ou por conveniência
SUBSEÇÃO VI da disciplina não fará jus a percepção da vantagem prevista no artigo
Da gratificação pelo exercício dos encargos de membro de 310 deste Regulamento.
comissão de concurso ou de professor em curso legalmente
instituído. Art 315. Os funcionários do Quadro de Pessoal do
Art 307. A gratificação prevista no item VI do artigo 284 deste Departamento Federal de Segurança Pública, ocupantes de cargos
Regulamento será fixada por ato do Diretor-Geral do Departamento não incluídos no Serviço de Polícia Federal, quando removidos " ex
Federal de Segurança Pública, por proposta do Diretor da Academia officio ", farão jus ao auxílio previsto nesta Seção, nas mesmas
Nacional de Polícia. bases e condições fixadas para o funcionário policial civil.

SUBSEÇÃO VII CAPÍTULO VI


Da gratificação adicional por tempo de serviço Das concessões
Art 308. A gratificação adicional por tempo de serviço a que se Art 316. Sem prejuízo do vencimento ou de qualquer direito ou
refere o artigo 284, item VII, deste Regulamento, será concedida na vantagem legal, o funcionário poderá faltar ao serviço até 8 (oito)
base de cinco por cento, por quinquênio de efetivo exercício, até sete dias consecutivos, por motivo de:
qüinqüênios. I - casamento;
§ 1º A gratificação qüinqüenal será calculada sôbre o II - falecimento de cônjuge, pais, filhos ou irmãos.
vencimento do cargo efetivo, bem como sôbre o valor do vencimento
que tenha ou venha a ter o funcionário beneficiado pelo que Art 317. Ao licenciado para tratamento de saúde será concedido
estabelece a Lei número 1.741, de 22 de novembro de 1952, ou pelo transporte por conta da repartição, inclusive para pessoas da família,
que dispõe o artigo 7º da Lei número 2.188, de 3 de março de 1954. fôra da sede do serviço e por exigência do laudo médico.
§ 2º O tempo de serviço público prestado anteriormente à
vigência da Lei número 4.345, de 26 de junho de 1964, será Art 318. Será concedido transporte à família do funcionário
computado para efeito de aplicação deste artigo, não dando direito, falecido no desempenho de serviço fôra da sede de seus trabalhos.
entretanto, à percepção de atrasados. § 1º A concessão será feita também à família do funcionário
§ 3º O período de serviço público, apurado na forma de falecido no estrangeiro.
legislação vigente, que exceder ao qüinqüênio ou qüinqüênios § 2º A família do funcionário falecido em serviço na sede de sua
devidos, será considerado, para integralização de nôvo qüinqüênio. repartição terá direito, dentro de seis meses após o óbito, a
§ 4º O direito à gratificação prevista neste artigo começa no dia transporte para a localidade do território nacional em que fixar
imediato àquele em que o funcionário completar o qüinqüênio, residência.
observado o disposto no parágrafo segundo.
§ 5º Sôbre a gratificação adicional de tempo de serviço não Art 319. A família do funcionário falecido, ainda que ao tempo
poderão incidir quaisquer vantagens pecuniárias. de sua morte estivesse êle em disponibilidade ou aposentado, será
concedido o auxílio-funeral, correspondente a um mês de
Art 309. A concessão da gratificação prevista no artigo anterior vencimento ou provento.
obedecerá, no que couber, ao disposto no Decreto número 31.922, § 1º A despesa correrá pela dotação própria do cargo, não
de 15 de dezembro de 1952, com as modificações introduzidas pelos podendo, por êste motivo, o nomeado para preenche-lo entrar em

227
exercício antes de decorridos trinta dias do falecimento do b) os filhos solteiros, menores de dezoito anos ou inválidos e,
antecessor. bem assim, as filhas ou enteadas, solteiras, viúvas ou desquitadas;
§ 2º Quando não houver pessoa da família do funcionário no c) os descendentes órfãos, menores ou inválidos;
local do falecimento, o auxílio-funeral será pago a quem promover o d) os ascendentes sem economia própria;
entêrro, mediante provas das despesas. e) os menores que, em virtude de decisão judicial, forem
§ 3º O pagamento de auxílio-funeral obedecerá a processo entregues à sua guarda;
sumarissimo, concluído no prazo de quarenta e oito horas de f) os irmãos menores e órfãos, sem arrimo.
apresentação do atestado de óbito, incorrendo em pena de Parágrafo único. Continuarão compreendidos nas disposições
suspensão o responsável pelo retardamento. deste Capítulo a viúva do policial, enquanto perdurar a viuvez, e os
demais dependentes mencionados nas letras " b" a " f " desde que
Art 320. Ao estudante removido para nova sede ou que, para vivam sob a responsabilidade legal da viúva.
exercer cargo ou função pública, necessite mudar de domicílio, será
assegurada a transferência do estabelecimento de ensino que Art 328. Os recursos para a assistência médico-hospitalar
estiver cursando para o da nova residência, onde será matriculado provirão das dotações consignadas no Orçamento Geral da União ou
em qualquer época, independentemente de vaga. do Distrito Federal e do pagamento das indenizações referidas no
Parágrafo único. Ao funcionário estudante será permitido faltar artigo 325 deste Regulamento.
ao serviço, sem prejuízo dos vencimento ou vantagens, nos dias de
prova ou exame, desde que préviamente cientificado o chefe Art 329. O disposto neste Capítulo é extensivo a todos os
imediato. funcionários dos Quadros de Pessoal do Departamento Federal de
Segurança Pública e da Polícia do Distrito Federal e respectiva
CAPÍTULO VII famílias.
Da assistência médico-hospitalar
Art 321. Além das previstas no artigo 161 da Lei número 1.711; CAPÍTULO VIII
de 28 de outubro de 1952, excluída a de que trata o seu item I, o Do direito de petição
funcionário e sua família farão jus à prestação de assistência Art 330. É assegurado ao funcionário o direito de requerer ou
médico-hospitalar. representar.
§ 1º O requerimento ou representação será dirigido à autoridade
Art 322. A assistência médico-hospitalar compreenderá: competente, versando, objetivamente, sobre o fato que os origina,
I - assistência médica contínua, dia e noite, ao policial enfêrmo, sem conter ofensas a terceiros, integrantes ou não da repartição,
acidentado ou ferido, que se encontre hospitalizado; críticas à Administração ou termos desrespeitosos.
II - assistência médica ao policial ou sua família, através de § 2º A autoridade indeferirá liminarmente o requerimento ou
laboratórios, policlínicas, gabinetes odontológicos, pronto-socorro e representação se contiver transgressão ao condito no parágrafo
outros serviços assistenciais. anterior.

Art 323. A assistência médico-hospitalar será prestada pelos Art 331. O requerimento ou a representação será dirigido à
serviços médicos dos órgãos a que pertença ou tenha pertencido o autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
policial, dentro dos recursos próprios colocados à disposição dêles. daquela a quem estiver imediatamente subordinado o requerente.
Art 332. O pedido de reconsideração será dirigido à autoridade
Art 324. O funcionário policial terá hospitalização e tratamento que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não
por conta do Estado quando acidentado em serviço ou acometido de podendo ser renovado.
doença profissional. Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração
de que trata êste Capítulo deverão ser despachados no prazo de
Art 325. O funcionário policial em atividade, excetuado o cinco dias e decididos dentro de trinta dias, improrrogáveis.
disposto no artigo anterior, o aposentado e, bem assim, as pessoas
de sua família, indenizarão no todo ou em parte a assistência Art 333. Caberá recurso:
médico-hospitalar que lhes fôr prestada, de acôrdo com as normas I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
que se seguem e tabelas que fôrem aprovadas. II - das decisões sôbre os recursos sucessivamente interpostos.
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade imediatamente
Art 326. Nas indenizações a que se refere o artigo precedente, superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão e,
o funcionário será beneficiado com os seguintes descontos, tendo sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades.
em vista as tabelas a serem organizadas: § 2º No encaminhamento do recurso observar-se-á o disposto
a) de vinte por cento, para os ocupantes de cargos de nível na parte final do artigo 331 deste Regulamento.
igual ou superior a 19;
b) de quarenta por cento, para ocupantes de cargos dos níveis Art 334. O pedido de reconsideração e o recurso não têm efeito
17 e 18; suspensivo; o que fôr provido retroagirá, nos efeitos, à data do ato
c) de sêssenta por cento, para os ocupantes de cargos dos impugnado.
níveis 14 e 16;
d) de oitenta por cento, para os ocupantes de cargos dos níveis Art 335. O direito de pleitear na esfera administrativa
11 a 13; prescreverá:
e) de noventa por cento, para os ocupantes de cargos de nível I – em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de que decorrem
igual ou inferior a 10. demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
Parágrafo único. As indenizações por trabalhos de prótese II – em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos.
dentária, ortodontia, obturações, bem como pelo fornecimento de
aparelhos ortopédicos, óculos e artigos correlatos não se Art 336. O prazo de prescrição contar-se-á da data da
beneficiarão de reduções, devendo ser feitas pelo justo valor do publicação da data oficial do ato impugnado ou, quando fôr de
material aplicado ou da peça fornecida. natureza reservada, da data da ciência do interessado.

Art 327. Para os efeitos da prestação de assistência médico- Art 337. O pedido de reconsideração e o recurso, quando
hospitalar, consideram-se pessoas da família, do funcionário policial, cabíveis, interrompem a prescrição até duas vêzes.
desde que vivam às suas expensas em sua companhia:
a) o cônjuge; Art 338. O funcionário que se dirigir ao Poder Judiciário ficará
obrigado a comunicar essa iniciativa a seu chefe imediato para que

228
êste providencie a remessa do processo, se houver, ao juiz
competente, como peça instrutiva da ação judicial. Art 345. O funcionário que contar trinta e cinco anos de serviço
será aposentado:
Art 339. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos I - com provento correspondente ao vencimento de classe
neste capítulo. imediatamente superior;
II - com provento aumentado de 20% (vinte por cento), quando
CAPÍTULO IX ocupante da última classe da respectiva série de classes.
Da disponibilidade
Art 340. Extinguindo-se o cargo, o funcionário estável ficará em Art 346. Fora dos casos do artigo 343 deste Regulamento, o
disponibilidade, com provento igual ao vencimento até seu provento será proporcional ao tempo de serviço, na razão de um
obrigatório aproveitamento em outro cargo de natureza e vencimento trinta avos por ano.
compatível com o que ocupava.
Parágrafo único. Restabelecido o cargo, ainda que modificada Art 347. O provento do funcionário inativo será revisto sempre
sua denominação, será obrigatóriamente aproveitado nêle o que ocorrer:
funcionário pôsto em disponibilidade quando da sua extinção. I - modificação geral dos vencimentos dos funcionários policiais
civis em atividade;
Art 341. O funcionário em disponibilidade poderá ser II - reclassificação do cargo que ocupava ao aposentar-se.
aposentado.
Art 348. O funcionário quando aposentado por um dos motivos
CAPÍTULO X enumerados nos itens II e III do artigo 343 deste Regulamento
Da aposentadoria incorporará ao provento de inatividade a gratificação de função
Art 342. O funcionário policial será aposentado: policial no valor que percebia ao aposentar-se.
I - compulsoriamente, aos sessenta e cinco anos de idade,
qualquer que seja a natureza dos serviços prestados; Art 349. A aposentadoria depende de inspeção médica só será
II - a pedido, quando contar trinta e cinco anos de serviço; decretada depois de verificada a impossibilidade de readaptação do
III - por invalidez. funcionário.
§ 1º A aposentadoria por invalidez será sempre precedida de
licença por período não excedente de vinte e quatro meses, salvo Art 350. É automática a aposentadoria compulsória.
quando o laudo médico concluir pela incapacidade definitiva para o Parágrafo único. O retardamento do decreto que declarar a
serviço público. aposentadoria não impedirá que o funcionário se afaste do exercício
§ 2º Será aposentado o funcionário que depois de vinte e quatro no dia imediato ao em que atingir a idade limite.
meses de licença para tratamento de saúde fôr considerado inválido
para o serviço público. TÍTULO IV
Do Regime Disciplinar
Art 343. O funcionário será aposentado com vencimento CAPÍTULO I
integral: Da acumulação
I - quando contar trinta anos de serviço ou menos, em caso que Art 351. Ao funcionário policial, por estar submetido ao regime
a lei determinar, atenta a natureza do serviço; de dedicação integral e obrigado a prestação mínima de duzentas
II - quando invalidado em conseqüência de acidente no horas mensais de trabalho, é vedado exercer outra atividade,
exercício de suas atribuições, ou em virtude de doença profissional; qualquer que seja a fôrma de admissão, remunerada ou não, em
III - quando acometido de tuberculose ativa, alienação mental, entidade pública ou emprêsa privada.
neoplasia malígna, cegueira, lepra, paralisia, cardiopatia grave e Parágrafo único. É ressalvado, entretanto, o exercício:
outras moléstias que a lei indicar na base de conclusões da medicina I - do magistério na Academia Nacional de Polícia, a qualquer
especializada. funcionário policial;
§ 1º Acidente é o evento danoso que tiver como causa mediata II - do jornalismo, para os ocupantes de cargos das séries de
ou imediata o exercício das atribuições inerentes ao cargo. classes de Censor Federal;
§ 2º Equipara-se a acidente a agressão sofrida e não provocada III - da prática profissional, em estabelecimento hospitalar, para
pelo funcionário no exercício de suas atribuições. os ocupantes de cargos da série de classes de Médico Legista.
§ 3º A prova do acidente será feita em processo especial, no
prazo de oito dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem, Art 352. A ressalva prevista no parágrafo único do artigo
sob pena de suspensão. anterior fica necessariamente condicionada à compatibilidade de
§ 4º Entende-se por doença profissional a que decorrer das horário.
condições do serviço, ou de fatos nêle ocorridos, devendo o laudo
médico estabelecer lhe a rigorosa caracterização. Art 353. A compatibilidade de horário será reconhecida quando
houver possibilidade de serem exercitadas as duas atribuições, em
Art 344. O funcionário que contar mais de trinta e cinco anos de horários diversos, sem prejuízo do número regulamentar das horas
serviço será aposentado: de trabalho destinadas às atividades do cargo de que, no
I - como as vantagens do cargo em comissão ou função Departamento Federal de Segurança Pública, fôr titular o funcionário.
gratificada em cujo exercício de achar, desde que êste abranja, sem Parágrafo único. A verificação da compatibilidade de horário far-
interrupção, os cinco anos anteriores; se-á, qualquer que seja o caso, tendo em vista o horário do
II - com idênticas vantagens, desde que o exercício do cargo funcionário, na repartição em que estiver lotado ou em que tiver
em comissão ou da função gratificada tenha compreendido em exercício.
período de dez anos consecutivos ou não, mesmo que, ao
aposentar-se já êsteja fora daquele exercício. Art 354. O funcionário não poderá exercer mais de uma função
§ 1º No caso do item II deste artigo, quando mais de um cargo gratificada nem participar de mais de um órgão de deliberação
ou função tenha sido exercido, serão atribuídas as vantagens do de coletiva.
maior símbolo, desde que lhe corresponda um exercício mínimo de § 1º O funcionamento que, por fôrça de lei ou regulamento, fôr
dois anos; fora dessa hipótese, atribuir-se-ão as vantagens do cargo membro nato de órgão de deliberação coletiva, não poderá ser
ou função, de símbolo imediatamente inferior. designado para nenhum outro, mesmo a título gratuito.
§ 2º A aplicação do regime deste artigo exclui as vantagens § 2º O funcionário que, por fôrça de lei ou regulamento, fôr
instituídas no artigo 345 deste Regulamento, salvo o direito de membro nato de mais de um órgão de deliberação coletiva, poderá
opção.

229
dêles participar, vedada, porém, a acumulação de qualquer VI - cumprimento das normas legais e regulamentares;
remuneração ou vantagem. VII - obediência ás ordens superiores, exceto quando
manifestamente ilegais;
Art 355. Salvo o caso de aposentadoria por invalidez, é VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, no
permitido ao funcionário policial aposentado exercer cargo em assentamento individual, a sua declaração de família;
comissão e participar de órgão de deliberação coletiva, desde que IX - levar ao conhecimento da autoridade superior,
julgado apto em inspeção de saúde que precederá sua posse, reservadamente quando necessário, mas sempre por escrito,
respeitado o disposto no artigo anterior. irregularidade de que tiver ciência em razão do cargo;
Parágrafo único. Enquanto exercer a comissão, o aposentado X - zelar pela economia e conservação do material que lhe fôr
perderá o provento da aposentadoria, salvo se por êste optar. confiado;
XI - não utilizar para fins particulares, qualquer que seja o
Art 356. Não se compreendem na proibição de acumular nem pretexto, material pertencente à repartição ou destinado
estão sujeitos a quaisquer limites. à correspondência oficial;
I - a percepção conjunta de pensões civis e militares; XII - atender prontamente:
II - a percepção de pensões com vencimento, remuneração ou a) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;
salário; b) à expedição das certidões requeridas para a defesa de
III - a percepção de pensões com provento de disponibilidade direito.
ou aposentadoria; XIII - frequentar com assiduidade, para fins de aperfeiçoamento
IV - a percepção de proventos quando resultantes de cargos e atualização de conhecimentos profissionais, cursos instituídos
legalmente acumuláveis. periodicamente pela Academia Nacional de Polícia, em que seja
compulsoriamente matriculado.
Art 357. Verificada, em processo disciplinar, acumulação Parágrafo único. A falta às aulas dos cursos referidos no item
proibida, e provada a boa-fé, o funcionário optará por um dos XIII deste artigo equivalerá, para todos os efeitos, à ausência ao
cargos. serviço, salvo se devida a motivo justo, comunicado e
Parágrafo único. Provada a má-fé, será demitido de todos os inequìvocadamente evidenciado nas vinte e quatro horas
cargos e restituirá, de uma só vez, o que tiver percebido imediatamente seguintes, através de prova idônea.
indevidamente.
Art 364. São transgressões disciplinares:
Art 358. O processo disciplinar para apurar acumulação I - referi-se de modo depreciativo às autoridades e atos da
ilegítima será da competência da Comissão permanente de Administração pública, qualquer que seja o meio empregado para
disciplina, após manifestação da comissão de acumulação de êsse fim.
cargos, do Departamento Administrativo do Serviço Público. II - divulgar, através da imprensa escrita, falada ou
televisionada, fatos ocorridos na repartição, propiciar-lhe a
Art 359. O provimento em cargo das classes policiais do divulgação, bem como referi-se desrespeitosa e depreciativamente
Departamento Federal de Segurança Pública e da Polícia do Distrito às autoridades e atos da Administração;
Federal de quem já ocupe outro em qualquer entidade federal, III - promover manifestação contra atos da Administração ou
estadual ou municipal, na administração centralizada ou na movimentos de aprêço ou desaprêço a quaisquer autoridades;
autárquica, em sociedade de economia mista, emprêsas IV - indispor funcionários contra os seis superiores hierárquicos
incorporadas ao patrimônio público ou entidades privadas fica ou provocar, velada ou ostensivamente, animosidade entre
condicionado à comunicação dêsse fato, feita previamente, ou no ato funcionários;
da posse. V - deixar de pagar, com regularidade, as pensões a que esteja
Parágrafo único. Tendo o órgão de pessoal dúvida quanto à obrigado em virtude de decisão judicial;
legitimidade da acumulação, sustará a posse até o pronunciamento VI - deixar, habitualmente, de saldar dívidas legítimas;
final do órgão competente, devendo, para isso remeter, de imediato, VII - manter relações de amizade ou exibir-se em público com
o processo à Comissão de Acumulação de Cargos, do Departamento pessoas de notórios e desabonadores antecedentes criminais, sem
Administrativo do Serviço Público. razão de serviço;
VIII - praticar ato que importe em escândalo ou que concorra
Art 360. A Autoridade que der posse ou exercício de cargo, sem para comprometer a função policial;
o cumprimento dos dispositivos deste Regulamento, responderá IX - receber propinas, comissões, presentes ou auferir
disciplinar e financeiramente por êsse ato. vantagens e proveitos pessoais de qualquer espécie e sob
qualquer pretexto, em razão das atribuições que exerce;
Art 361. Caberá aos órgãos de pessoal do Departamento X - retirar, sem prévia autorização da autoridade competente,
Federal de Segurança Pública e da Polícia do Distrito Federal, quaisquer documento ou objeto da repartição;
conforme o caso, exercer fiscalização permanente a respeito da XI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
acumulação. previstos em lei, o desempenho de encargo que lhe competir ou a
Parágrafo único. Qualquer pessoa poderá denunciar a seus subordinados;
existência de acumulação irregular, sendo obrigatória, entanto, essa XII - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou velado, de obter
iniciativa em se tratando de funcionário, desde que a irregularidade proveito de natureza político-partidária, para si ou terceiros;
lhe venha ao conhecimento em razão do cargo. XIII - participar da gerência ou administração de emprêsa,
qualquer que seja a sua natureza;
Art 362. Nos casos omissos, aplicar-se-á, subsidiàriamente, a XIV - exercer comércio ou participar de sociedade comercial,
legislação específica que disciplina o assunto. salvo como acionista, cotista ou comanditário;
XV - praticar a usura em qualquer de suas formas;
CAPÍTULO II XVI - pleitear, como procurador ou intermediário, junto a
Dos deveres e das Transgressões repartições públicas, salvo quando se trata de vencimento,
Art 363. São deveres do funcionário policial: vantagens e proventos de parentes até segundo grau civil;
I - assiduidade; XVII - faltar à verdade no exercício de suas funções, por malícia
II - pontualidade; ou má-fé;
III - discrição; XVIII - utilizar-se do anonimato para qualquer fim;
IV - urbanidade; XIX - deixar de comunicar, imediatamente, à autoridade
V - lealdade às instruções constitucionais e administrativas a competente, faltas ou irregularidades que haja presenciado ou de
que servir; que haja tido ciência;

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XX - deixar de cumprir ou de fazer cumprir, na esfera de suas XLIX - negligenciar a guarda de objetos pertencentes à
atribuições, as leis e os regulamentos; repartição e que, em decorrência da função ou para o seu exercício,
XXI - deixar de comunicar à autoridade competente, ou a quem lhe tenham sido confiados, possibilitando que os danifiquem ou
a esteja substituindo, informação que tiver sôbre iminente extraviem;
perturbação da ordem pública, ou da boa marcha do serviço, tão L - dar causa, intencionalmente, ao extravio ou danificação de
logo disso tenha conhecimento; objetos pertencentes à repartição e que, para os fns mencionados no
XXII - deixar de informar com presteza os processos que lhe item anterior, estejam confiados à sua guarda;
forem encaminhados; LI - entregar-se à prática de vícios ou atos atentatórios aos bons
XXIII - dificultar ou deixar de levar ao conhecimento da costumes;
autoridade competente, por via hierárquica e em vinte e quatro LII - indicar ou insinuar nome de advogado para assistir pessoa
horas, parte, queixa, representação, petição, recurso ou documento que se encontre respondendo a processo ou inquérito policial;
que houver recebido, se não estiver na sua alçada resolvê-lo; LIII - exercer, a qualquer título, atividade pública ou privada,
XXIV - negligenciar ou descumprir a execução de qualquer profissional ou liberal, estranha à de seu cargo;
ordem legitíma; LIV - lançar, em livros oficiais de registro, anotações, queixas,
XXV - apresentar maliciosamente parte, queixa ou reivindicações ou quaisquer outras matérias estranhas à finalidade
representação; dêles;
XXVI - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida qualquer LV - adquirir, para revenda de associações de classe ou
ordem de autoridade competente, ou para que seja retardada a sua entidades beneficentes em geral gêneros ou quaisquer mercadorias;
execução; LVI - impedir ou tornar impraticável, por qualquer meio, na fase
XXVII - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de do inquérito policial, e durante o interrogatório do indicado, mesmo
obrigação; ocorrendo incomunicabilidade, a presença de seu advogado;
XXVIII - provocar a paralisação, total ou parcial, do serviço LVII - ordenar ou executar medida privativa da liberdade
policial, ou dela participar; individual, sem as formalidades legais, ou com abuso de poder;
XXIX - trabalhar mal, intencionalmente ou por negligência; LVIII - submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame
XXX - faltar ou chegar atrasado ao serviço, ou deixar de ou constrangimento não autorizado em lei;
participar, com antecedência, à autoridade a que estiver LIX - deixar de comunicar imediatamente ao juiz competente a
subordinado, a impossibilidade de comparecer à repartição, salvo prisão em flagrante de qualquer pessoa;
motivo justo; LX - levar à prisão e nela conservar quem quer que se
XXXI - permutar o serviço sem expressa permissão da proponha a prestar fiança permitida em lei;
autoridade competente; LXI - cobrar carceragem, custas, emolumentos ou qualquer
XXXII - abandonar o serviço para o qual tenha sido designado; outra despesa que não tenha apoio em lei;
XXXIII - não se apresentar, sem motivo justo, ao fim da licença LXII - praticar ato lesivo da honra ou do patrimônio da pessoa,
para o trato de interêsse particular, férias ou dispensa de serviço, ou, natural ou jurídica, com abuso ou desvio de poder, ou sem
ainda, depois de saber que qualquer delas foi interrompida por competência legal;
ordem superior. LXIII - atentar, com abuso de autoridade ou prevalecendo-se
XXXIV - atribuir-se a qualidade de representante de qualquer dela, contra a inviolabilidade de domicílio.
repartição do Departamento Federal de Segurança Pública e da
Polícia do Distrito Federal, ou de seus dirigentes, sem estar CAPÍTULO III
expressamente autorizado; Da responsabilidade
XXXV - contrair divida ou assumir compromisso superior às Art 365. Pelo exercício irregular de suas atribuições, o
suas possibilidades financeiras, comprometendo o bom nome da funcionário policial responde civil, penal e administrativamente.
repartição;
XXXVI - freqüentar, sem razão de serviço, lugares Art 366. A responsabilidade civil decorre de procedimento
incompatíveis com o decôro da função policial; doloso ou culposo, que importe em prejuízo da Fazenda Nacional, ou
XXXVII - fazer uso indeviso da arma que lhe haja sido confiada de terceiros.
para o serviço; § 1º A indenização de prejuízo causado à Fazenda Nacional
XXXVIII - maltratar prêso sob sua guarda ou usar de violência será liquidada mediante desconto em prestações mensais não
desnecessária no exercício da função policial; excedentes de dez por cento do vencimento, à míngua de outros
XXXIX - permitir que presos conservem em seu poder bens que por ela respondam, e a ser cobrada após o término do
instrumentos com que possa causar danos nas dependências a que processo disciplinar independente de qualquer procedimento judicial.
estejam recolhidos, ou produzir lesões em terceiros; § 2º Tratando-se de dano causado a terceiro, responderá o
XL - omitir-se no zêlo da integridade física ou moral dos presos funcionário policial perante a Fazenda Nacional, em ação regressiva
sob a sua guarda; proposta depois de transitar em julgado a decisão que condenar a
XLI - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de decisão ou União a indenizar o terceiro prejudicado.
ordem judicial, bem como criticá-las;
XLII - dirigir-se ou referir-se a superior hierárquico de modo Art 367. A responsabilidade penal abrange os crimes e
desrespeitoso; contravenções imputados ao funcionário policial nessa qualidade.
XLIII - publicar, sem ordem expressa da autoridade competente,
documentos oficiais embora não reservados, ou ensejar a divulgação Art 368. A responsabilidade administrativa resulta de ato ou
do seu conteúdo, no todo ou me parte; omissão verificado no desempenho do cargo ou função.
XLIV - dar-se ao vicio da embriaguez;
XLV - acumular cargos públicos, ressalvadas as exceções Art 369. As cominações civis, penais e disciplinares poderão
previstas na Constituição; cumular-se, sendo umas e outras independentes entre si, bem assim
XLVI - deixar, sem justa causa, de submeter-se a inspeção as instâncias civil, penal e administrativa.
médica determinada por lei ou pela autoridade competente;
XLVII - deixar de concluir, nos prazos legais, sem motivo justo, CAPÍTULO IV
inquéritos policiais ou disciplinares, ou quanto a êstes últimos, como Das penas disciplinares
membro da respectiva comissão, negligenciar no cumprimento das Art 370. São penas disciplinares:
obrigações que lhe são inerentes. I - repreensão;
XLVIII - prevalecer-se, abusivamente, da condição de II - suspensão;
funcionário policial; III - multa;
IV - detenção disciplinar;

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V - destituição de função;
VI - demissão; Art 378. Durante o período de detenção disciplinar, cumprido na
VII - cassação de aposentadoria ou disponibilidade. sua residência, o funcionário sòmente poderá ausentar-se mediante
expressa autorização de quem aplicar a penalidade.
Art 371. Na aplicação das penas disciplinares, serão Parágrafo único. O desatendimento do previsto neste artigo
considerados; impostará em perda da regalia e recolhimento à repartição em que,
I - a natureza da transgressão, sua gravidade e as de acôrdo com a sua situação funcional, deva permanecer, até que
circunstâncias em que foi praticadas; seja cumprida integralmente a pena que lhe foi imposta.
II - os danos dela decorrentes para o serviço público;
III - a repercussão do fato; Art 379. Recolhido ao local em que deva cumprir a detenção
IV - os antecedentes do funcionário; disciplinar, o funcionário dêle não poderá ausentar-se a qualquer
V - a reincidência. pretexto, nem ser incumbido de qualquer atividade, sob pena de
Parágrafo único. É causa agravante de falta disciplinar o haver responsabilidade do dirigente da repartição.
sido praticada em concurso com dois ou mais funcionários. Parágrafo único. Durante o período de detenção, o funcionário
poderá receber visitas de familiares, em horas determinadas pelo
Art 372. A pena de repreensão, que será sempre aplicada por dirigente da repartição e de modo a não pertubar o expediente
escrito e deverá constar do assentamento individual do funcionário, normal do órgão.
destina-se às faltas que, não sendo expressamente objeto de
qualquer outra sanção, sejam, a critério da Administração, Art 380. O funcionário que, recebendo ordem de detenção
consideradas de natureza leve. disciplinar, se recusar a cumpri-la, praticará, com esse ato,
Parágrafo único. Serão outrossim, punidos com pena de transgressão configuradora de insubordinação grave, sujeita a pena
repreensão as transgressões disciplinares previstas nos itens V, de demissão, a ser apurada em processo disciplinar regular, cuja
XVII, XIX, XXII, XXIII, XXIV, XXV, XLIV e LIV do artigo 364 deste instauração será de imediato determinada pela autoridade
Regulamento. competente.

Art 373. A pena de suspensão, que não excederá de noventa Art 381. O período de cumprimento da pena de detenção
dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reincidência. disciplinar não será computado para nenhum efeito.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo são de natureza
grave as transgressões disciplinares previstas nos itens I, II, III, VI, Art 382. A destituição de função terá por fundamento a falta de
VII, VIII ,X, XVIII, XX, XXI, XXVI, XXVIII, XXIX, XXX XXXI, XXXII, exação no cumprimento do dever.
XXXIII ,XXXIV, XXXV, XXXVII, XXXIX, XLI, XLII, XLVI, XLVII, LVI,
LVII, LIX, LX e LXIII do artigo 364 deste Regulamento. Art 383. A pena de demissão será aplicada quando se
caracterizar:
Art 374. Além da pena judicial que couber, serão considerados I - crimes contra os costumes ou contra o patrimônio, que, por
como de suspensão os dias em que o funcionário deixar de atender sua natureza e configuração, sejam considerados como infamantes
às convocações do juri sem motivo justificado. de modo a incompatibilizar o servidor para o exercício da função
policial;
Art 375. Tendo em vista a natureza da transgressão, as II - crime contra a administração pública;
circunstâncias em que foi praticada e a sua repercussão, a pena de III - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio
suspensão até trinta dias poderá ser convertida em detenção nacional;
disciplinar até vinte dias, mediante ordem por escrito do Diretor-Geral IV - ofensa física em serviço contra funcionário ou particular,
do Departamento Federal de Segurança Pública, ou dos Delegados salvo em legítima defesa;
Regionais, nas respectivas jurisdições, ou do Secretário de V - insubordinação grave em serviço;
Segurança Pública, na Polícia do Distrito Federal. VI - aplicação irregular de dinheiros públicos;
Parágrafo único. A detenção disciplinar, que não acarreta a VII - revelação de segrêdo que o funcionário conheça em razão
perda dos vencimentos, será cumprida: do cargo;
I - na residência do funcionário, quando não exceder de VIII - abandono do cargo, como tal entendida a ausência do
quarenta e oito horas; serviço, sem justa causa, por mais de trinta dias consecutivos;
II - em sala especial, na sede do Departamento Federal de IX - falta ao serviço por sessenta dias interpolados, sem causa
Segurança Pública ou da Polícia do Distrito Federal, quando se tratar justificada, durante o período de doze meses;
de ocupante de cargo em comissão ou função gratificada, ou X - transgressão dos itens IV, IX, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI,
funcionário ocupante de cargo para cujo ingresso ou desempenho XXVIII, XXXVI, XXXVIII, XL, XLIII, XLIV, XLV, XLVIII, L, LI, LII, LIII,
seja exigido diploma de nível universitário; LV, LXI e LXII do artigo 364, deste Regulamento.
III - em sala especial na Delegacia Regional, quando se tratar § 1º Poderá ser, ainda, aplicada a pena de demissão, ocorrendo
de funcionário nela lotado; contumácia na prática de transgressões disciplinares, qualquer que
IV - em sala especial da repartição, nos demais casos. seja a natureza.
§ 2º O ato de demissão mencionará sempre a causa da
Art 376. A ordem de detenção disciplinar será entregue ao penalidade.
funcionário por ela atingido, onde quer que êle se encontre, por
servidor de igual ou superior categoria, nela devendo constar: Art 384. A aplicação de penalidades pelas transgressões
I - motivo gerador da detenção; e disciplinares constantes deste Regulamento não exime o funcionário
II - prazo de sua duração. da obrigação de indenizar a União pelos prejuízos causados.

Art 377. Recebida a ordem de detenção disciplinar, o Art 385. Atenta a gravidade da falta, a demissão poderá ser
funcionário punido nela oporá o seu ciente, consignando dia, hora e aplicada com a nota "a bem do serviço público", a qual constará
local em que a recebeu. sempre dos atos de demissão fundada nos itens I, II, III, VI, e VII do
§ 1º O período de detenção começará a correr do momento em artigo 383 deste Regulamento e nos itens IX, XLIII e LI do artigo 364.
que o funcionário for recolhido à Repartição em que deva cumprir a
penalidade. Art 386. Será cassada a aposentadoria ou disponibilidade se
§ 2º Tratando-se de detenção disciplinar não superior a ficar provado que o inativo:
quarenta e oito horas, a partir do momento em que fôr recolhido à I – praticou falta grave no exercício do cargo ou função;
sua residência, ou, se nela já se encontrar, a contar da ciência. II – aceitou ilegalmente cargo ou função pública;

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III – eceitou representação de Estado estrangeiro sem prévia § 1º Nos casos de transgressões permanentes ou continuadas,
autorização do Presidente da República; o prazo de prescrição contar-se-á do dia em que cessou a
IV – praticou usura em qualquer de suas formas. permanência ou a continuação.
Parágrafo único – Será igualmente cassada a disponibilidade ao § 2º Quando ocorrerem comprovadamente circunstâncias que
funcionário policial que não assumir o exercício do cargo ou função impeçam o imediato conhecimento, pela autoridade competente, da
em que fôr aproveitado. existência da transgressão, o têrmo inicial da prescrição será o dia
em que a autoridade dela tomar conhecimento.
CAPÍTULO V Parágrafo único. A transgressão também prevista em lei como
Da competência para imposição de penalidade ilícito penal, prescreverá juntamente com êste.
Art 387. Para imposição de pena disciplinar são competentes:
I – o Presisente da República, nos casos de demissão e CAPÍTULO VII
cassação e aposentadoria ou disponibilidade de funcionário policial Da prisão administrativa
do Departamento Federal de Segurança Pública; Art 392. Cabe ao Ministro de Estado, ao Diretor-Geral da
II – o Prefeito do Distrito Federal, nos casos previstos no item Fazenda Nacional, e nos Estados, aos Delegados Regionais do
anterior, quando se tratar de funcionário da Polícia do Distrito Departamento Federal de Segurança Pública, ordenar
Federal; fundamentalmente e por escrito a prisão administrativa do
III – o Ministro da Justiça e Negócios Interiores ou o Secretário responsável por dinheiros e valores pertencentes à Fazenda
de Segurança Pública do Distrito Federal, quando fôr o caso, Nacional ou que se acharem sob a guarda desta, no caso de alcance
respectivamente, nas hipóteses de suspensão até noventa dias; ou omissão em efetuar as entradas nos devidos prazos.
IV – o Diretor Geral do Departamento Federal de Segurança § 1º A autoridade que ordenar a prisão comunicará
Pública, no caso de suspensão até sessenta dias; imediatamente o fato à autoridade judiciária competente e
V – os Diretores dos órgãos centrais do Departamento Federal providenciará no sentido de ser realizado, com urgência, o processo
de Segurança e da Polícia do Distrito Federal, os Delegados de tomada de contas.
Regionais e os Titulares das Zonas Policiais, no caso de suspensão § 2º A prisão administrativa não excederá de noventa dias.
até trinta dias;
VI – os Diretores de Divisões e Serviços do Departamento CAPÍTULO VIII
Federal de Segurança Pública e da Polícia do Distrito Federal, no Da suspensão preventiva
caso de suspensão até dez dias; Art 393. A suspensão preventiva, que não excederá de noventa
VII – a autoridade competente para a designação no caso de dias, será ordenada pelo Diretor-Geral do Departamento Federal de
destituição de função; Segurança Pública ou pelo Secretário de Segurança Pública do
VIII – as autoridades referidas nos itens III a VII, no caso de Distrito Federal, conforme o caso, desde que o afastamento do
repreensão. funcionário policial seja necessário, para que êste não venha a influir
§ 1º - Para os fins deste artigo é o Corregedor do Departamento na apuração da transgressão disciplinar.
Federal de Segurança Pública equiparado a Diretor do órgão central Parágrafo único. Nas faltas em que a pena aplicável seja a de
e, a Diretor de Serviço, os Delegados de Polícia Federal e demissão, o funcionário poderá ser afastado do exercício de seu
Delegados de Polícia que não se encontrem comissionados em cargo, em qualquer fase do processo disciplinar, até decisão final.
outros cargos.
§ 2º. - São órgãos centrais, embora com a denominação de Art 394. O funcionário policial terá o direito:
Divisão, os que estejam sob a direta subordinação do Diretor-Geral I – à contagem do tempo de serviço relativo ao período em que
do Departamento Federal de Segurança Pública ou do Secretário de tenha estado prêso ou suspenso preventivamente, quando do
Segurança Pública do Distrito Federal. processo não houver resultado pena disciplinar ou esta se limitar à
repressão;
Art 388. A autoridade que tiver ciência de falta praticada por um II – à contagem do período de afastamento que exceder do
funcionário sob sua direta subordinação, sendo ela punível prazo de suspensão disciplinar aplicada;
independente de processo disciplinar, aplicará desde logo a pena III- à contagem do período de prisão administrativa ou
que seja da sua alçada, representando fundamentalmente e de suspensão preventiva e ao pagamento do vencimento e de todas as
imediato, por via hierárquica, à que seja competente para aplicar a vantagens do exercício, desde que reconhecida a sua inocência.
que escape aos limites das suas atribuições.
Parágrafo único. A imposição da pena poderá ser antecedida de CAPÍTULO IX
breve sindicância, realizada em vinte e quatro horas, contadas do Do processo disciplinar
conhecimento do fato gerador da punição. Art 395. O funcionário policial que tiver ciência de qualquer
irregularidade ou transgressão de preceitos disciplinares é
Art 389. Da pena aplicada será dado conhecimento ao Serviço obrigado a comunicá-la, por escrito, à autoridade a que estiver
do Pessoal, para as anotações cabíveis a sua publicidade no Boletim diretamente subordinado, cumprindo a esta última tomar, de
de Serviço, sempre que a punição não tenha revestido de reserva. imediato, as iniciativas necessárias à apuração do fato, mediante
processo disciplinar, em que seja assegurada ao acusado ampla
CAPÍTULO VI defesa.
Da prescrição § 1º O processo precederá à aplicação das penas de
Art 390 Prescreverá: suspensão por mais de trinta dias, destituição de função, demissão e
I – em 2 (dois) anos, a trangressão sujeita às penas de cassação de aposentadoria e disponibilidade, destinando-se ainda a
repreensão, multa ou suspensão; apurar a responsabilidade do funcionário policial, por danos
II – em 4 (quatro) anos, a transressão punível com: causados à Fazenda Nacional, em conseqüência de procedimento
a) pena de demissão, no caso do item IX do artigo 383 deste doloso ou culposo.
Regulamento; § 2º Qualquer pessoa, vítima da arbitrariedade do funcionário
b) a cassação de aposentadoria ou disponibilidade. policial poderá representar ao Diretor-Geral do Departamento
III – em 5 (cinco) anos, as demais transgressões puníveis com Federal de Segurança Pública ou ao Secretário de Segurança
a pena de demissão. Pública do Distrito Federal, conforme o caso, para apuração do fato
em processo disciplinar.
Art 391. O prazo de prescrição contar-se-á da data em que a
transgressão se consumou. Art 396. Ressalvada a iniciativa das autoridades que lhe são
hierarquicamente superiores, compete ao Diretor-Geral do
Departamento Federal de Segurança Pública, ao Secretário de

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Segurança Pública do Distrito Federal e aos Delegados Regionais § 3º Se a transgressão fôr praticada em concurso, por
nos Estados, a instauração do processo disciplinar. funcionário policial e funcionário não integrante do Departamento
Federal de Segurança Pública ou da Polícia do Distrito Federal, a
Art 397. Promoverá o processo uma "Comissão Permanente autoridade competente para determinar a instauração do processo
de Disciplina", composta de três membros, de preferência disciplinar, ao tomar essa iniciativa, encaminhará de imediato,
bacharéis em Direito, designada pelo Diretor-Geral do Departamento comunicação do fato e suas circunstâncias ao órgão de pessoal do
Federal de Segurança Pública, ou pelo Secretário de Segurança Ministério ou repartição a que pertença aquele último, para as
Pública do Distrito Federal, conforme o caso. medidas administrativas que se tornem cabíveis.
§ 1º. As Comissões Permanentes de Disciplina serão, na sede
do Departamento Federal de Segurança Pública e na Polícia do Art 401. Autuado em flagrante o funcionário policial pela prática
Distrito Federal, bem como uma em cada Delegacia Regional. de crime contra os costumes ou contra o patrimônio, que por sua
§ 2º As Comissões Permanentes de Disciplina serão, na sede natureza e configuração sejam considerados infamantes, de modo a
do Departamento Federal de Segurança Pública e na Polícia do incompatibilizar o servidor com o exercício da função policial, a
Distrito Federal para efeito de distribuição de processos, designadas autoridade que presidir o ato encaminhará, dentro de vinte e quatro
numericamente, pela ordem cronológica de sua constituição. horas, à que seja competente para a instauração do processo,
§ 3º Caberá ao Diretor-Geral do Departamento Federal de traslado das peças comprovadoras da materialidade do fato e da sua
Segurança Pública a designação dos membros das Comissões autoria.
Permanentes de Disciplina na sede da repartição e, nas Delegacias Parágrafo único – Recebidas as peças de que trata este artigo,
Regionais, mediante indicação dos respectivos Delegados a autoridade procederá na forma prevista no item I do artigo 400
Regionais. deste Regulamento.
§ 4º Ao Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
compete designar as Comissões Permanentes de Disciplina da Art 402. O presidente da Comissão Permanente de Disciplina,
Polícia do Distrito Federal. recebida a documentação destinada a instruir o processo,
§ 5º Ao designar a Comissão, a autoridade indicará, dentre os acompanhada da Portaria determinadora da sua instauração,
seus membros, o respectivo presidente. encaminhará, incontinenti, cópia desta última ao órgão incumbido de
dar-lhe publicidade no Boletim de Serviço, iniciando a instrução no
Art 398. O Presidente da Comissão designará, por portaria, o dia imediato ao da publicação.
funcionário que deva servir como secretário, dando deste fato, por
escrito, imediato conhecimento ao Serviço do Pessoal. Art 403. O inquérito deverá ser encerrado no prazo de sessenta
dias, podendo, nos casos de fôrça maior, ser prorrogado por mais
Art 399. Enquanto integrarem as Comissões Permanentes de trinta pela autoridade competente para determinar a instauração do
Disciplina, seus membros ficarão à disposição do respectivo processo.
Conselho de Polícia e dispensados das atribuições e § 1º O pedido de prorrogação, devidamente justificado pelo
responsabilidade de seus cargos. Presidente da Comissão, deverá ser apresentado à autoridade
§ 1º Os membros das Comissões Permanentes de Disciplina competente, até cinco dias antes de esgotar-se o prazo destinado
terão o mandato de seis meses, prorrogável pelo tempo necessário à neste artigo ao encerramento normal do inquérito.
ultimação dos processos disciplinares que e encontrem em fase de § 2º Contar-se-ão por dias corridos os prazos previstos neste
indiciação, cabendo o estudo dos demais aos novos membros que Capítulo.
forem designados. § 3º O prazo cujo vencimento recair em domingo, feriado ou
§ 2º O disposto no parágrafo anterior não constitui impedimento ponto facultativo, será prorrogado para o primeiro dia útil seguinte.
para a recondução de membro de Comissão Permanente de § 4º Se, decorrido o prazo de prorrogação, o processo ainda
Disciplina. não estiver concluído, poderão ser substituídos os membros da
§ 3º Perderá o mandato o membro da Comissão Permanente de Comissão, sem prejuízo das sanções disciplinares previstas no item
Disciplina que se conduzir desidiosamente no desempenho das XLVII, do artigo 364, deste Regulamento, salvo se pela autoridade
funções de que se acha investido, ou que praticar qualquer ato pelo instauradora forem consideradas justas as causas apresentadas
qual venha a ser punido ou em decorrência do qual venha a figurar para o retardamento, quando então lhes será deferido prosseguir no
em processo disciplinar como acusado. inquérito, para ultimá-lo em 30 (trinta) dias.
§ 4º Ocorrendo substituição pelos motivos previstos no
parágrafo anterior, o membro que fôr designado permanecerá na Art 404. Tôdas as atividades da Comissão Permanente de
função pelo restante do tempo que ainda cabia ao substituído. Disciplina serão registradas, seguidamente, em têrmos, atas,
§ 5º O secretário da Comissão, enquanto nela servir, assentadas, depoimentos e outros atos, evitando-se fôlhas em
permanecerá dispensado de qualquer outra atividade. branco.
§ 1º Todos os atos serão lavrados em triplicata mediante cópia
Art 400. A autoridade competente para determinar a instauração a carbono, de modo a possibilitar, caso necessário e em qualquer
do processo, cientificada da irregularidade ou tempo, a reconstituição dos processos, bem como o seu
transgressão disciplinar imputada a funcionário policial: encaminhamento, por cópia, à autoridade judicial, ou membro do
I - remeterá, em três vias à Comissão Permanente de Disciplina, Ministério Público que o requisite.
os elementos que fundamentaram a sua decisão, instruídos com a § 2º Duas vias do processo permanecerão nos arquivos da
Portaria determinadora da instauração do processo; Comissão e conterão a relação descritiva da documentação
II - providenciará a abertura de inquérito policial quando o fato fotográfica e demais elementos de prova colhidos durante a
possa configurar ilícito penal. instrução, sempre que não seja possível juntá-los por cópia,
§ 1º Na sede do Departamento Federal de Segurança Pública e fotocópia, "termo-fax", reprodução fotográfica etc., devidamente
na Polícia do Distrito Federal, a remessa dos documentos referidos autenticados, especificando-se, outrossim, o número das fôlhas em
no item I deste artigo será feita, rotativamente, para cada uma das que tais elementos constavam nos autos originais.
Comissões que se encontrem em atividade. § 3º Decorridos cinco anos, após o encerramento do processo
§ 2º Ocorrendo irregularidade ou transgressão praticada em disciplinar, as vias referidas nos parágrafos anteriores serão, para os
concurso por funcionário do Departamento Federal de Segurança devidos fins remetidos ao Arquivo Nacional.
Pública ou da Polícia do Distrito Federal, não abrangidos pela Lei
número 4.787, de 3 de dezembro de 1965, e funcionários integrantes Art 405. A Comissão Permanente de Disciplina procederá a
dos serviços policiais, será competente para apuração do fato a tôdas as diligências que julgar conveniente à produção da prova,
Comissão Permanente de Disciplina. deslocando-se, sempre que necessário, para qualquer ponto do

234
território nacional, e recorrendo de outros órgãos especializados no
serviço público. Art 419. Ultimada a instrução, com expressa indicação das
faltas que lhe são imputadas, citar-se-ão o indiciado para, no prazo
Art 406. Constituem prova no processo disciplinar: de dez dias, apresentar defesa, sendo-lhe facultada vista do
I – a confissão; processo.
II – o testemunho; § 1º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de
III – os exames periciais; vinte dias.
IV – os documentos públicos ou particulares; § 2º Achando-se o indiciado em lugar incerto, ou verificado que
V – os indícios veementes. se oculta para dificultar a citação, será esta realizada por edital, com
Parágrafo único – Entende-se por indício veemente o conjunto prazo de quinze dias.
de circunstâncias capazes de gerar a convicção da existência do fato § 3º O edital será publicado uma vez no órgão oficial, contando-
e de sua autoria. se do dia imediato à sua publicação o início do prazo nele destinado
ao conhecimento da citação.
Art 407. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, § 4º Decorrido o prazo referido no § 2º deste artigo, começa a
ressalvada à Comissão, ou à autoridade julgadora, a adoção de ser contado o de apresentação de defesa pelo indiciado, ou
providências para dirimir dúvidas sôbre o ponto relevante. procurador devidamente constituído.

Art 408. Ninguém poderá recusar-se a prestar depoimento, ser Art 420. Esgotado o prazo para apresentação de defesa sem
acareado, ou executar trabalhos de sua competência solicitados pela que o indiciado use dêsse direito, será, a partir de então,
Comissão, salvo impossibilidade devidamente comprovada. considerado revel e designado " ex officio ", para assisti-lo,
funcionário se possível da mesma classe e categoria.
Art 409. A Comissão Permanente de Disciplina poderá solicitar Parágrafo único. A partir da publicação do ato de designação do
às autoridades policiais e judiciárias a adoção de meios defensor " ex officio ", começarão a correr os prazos a que se refere
compulsórios para o comparecimento de testemunhas, que devam o artigo 419 e seu § 1º.
depor ou ser acareadas e a isso se recusem.
Art 421. A defesa será sempre escrita, podendo o indicado, nas
Art 410. O depoimento da testemunha, tomado sob compromisso, quarenta e oito horas iniciais do prazo destinado à sua apresentação
será prestado oralmente, não lhe sendo permitido trazê-lo por e antes de fazê-lo, encaminhar à Confissão requerimento
escrito, mas facultando-se-lhe breve consulta a apontamentos. protestando pela audiência de testemunhas e realização de
diligências.
Art 411. Na redação dos depoimentos, a Comissão deverá § 1º A Comissão, dentro de vinte e quatro horas, e em
cingir-se, tanto quanto possível, às expressões usadas pelas despacho fundamentado, poderá indeferir o pedido de audiência de
testemunhas, reproduzindo fielmente o que por eles fôr dito. testemunhas e realização de diligências, desde que desnecessárias
ao esclarecimento do fato, ou se apresentam com objetivo
Art 412. As testemunhas serão inquiridas pelo Presidente da evidentemente protelatório.
Comissão e, em seguida, pelos demais membros. § 2º Deferido o pedido, o prazo de defesa poderá ser
prorrogado por até dez dias o que deverá constar do mesmo
Art 413. O acusado, quando presente à audiência, ou despacho.
representado por defensor devidamente constituído, poderá reinquirir
as testemunhas por intermédio do Presidente da Comissão. Art 422. Apresentada a defesa, os autos serão conclusos à
Comissão, que elaborará relatório, no qual fará constar, em relação a
Art 414. O policiamento das audiências é exercido pelo cada indiciado:
Presidente da Comissão, que usará dos meios necessários para I - síntese das acusações formuladas inicialmente;
impedir sejam tumultuados os trabalhos, fazendo, inclusive, retirar do II - fatos apurados durante a instrução;
recinto em que estejam sendo realizadas, aqueles que se estejam III - síntese das razões de defesa e sua apreciação;
comportando inconvenientemente. IV - conclusão, na qual se pronunciará pela inocência ou pela
responsabilidade do indiciado, indicando, se a hipótese fôr esta
Art 415. Em dia e hora previamente designados, o acusado, última, a disposição legal ou regulamentar transgredida.
devidamente intimado com a antecedência mínima de vinte e quatro Parágrafo único. A Comissão poderá ainda sugerir quaisquer
horas, comparecerá perante a Comissão, a fim de ser interrogado providências que se apresentem adequadas ou de interêsse para o
sobre os fatos que lhe são imputados. serviço, bem como apontar fatos que, tendo chegado ao seu
conhecimento no curso da instrução, devam ser apurados em outro
Art 416. O interrogatório deverá ser feito de modo que processo.
possibilite à Comissão o mais amplo conhecimento dos fatos.
§ 1º Recusando-se o acusado a responder pergunta que lhe Art 423. Terminado o relatório, a Comissão encaminhará o
seja feita, será ela consignada, bem como as razões alegadas para a processo em vinte e quatro horas à autoridade julgadora.
recusa.
§ 2º O acusado poderá fazer-se acompanhar de defensor Art 424. Durante o processo disciplinar, verificando a Comissão
constituído, sendo vedado a este último, contudo, intervir, ou, de configura-se fato que tipifique ilícito penal, encaminhará, pelo seu
qualquer maneira, influir nas perguntas e respostas. presidente, à autoridade competente, os elementos que se tornarem
necessários à instauração do respectivo inquérito policial fazendo
Art 417. Se, notificado, não comparecer o acusado para ser consignar nos autos essa iniciativa.
interrogado, o processo prosseguirá seus trâmites normais, sem
qualquer prejuízo e à revelia do acusado. Art 425. Recebido o processo, a autoridade determinadora da
sua instauração, julga-lo-á no prazo de vinte dias, formando sua
Art 418. Até o encerramento do processo disciplinar, o acusado convicção de acôrdo com a livre apreciação das provas.
não poderá ser removido nem se ausentar por mais de três dias da § 1º Não decidido o processo no prazo deste artigo, o indicado
localidade em que tenha sede a Comissão Permanente de reassumirá o exercício do cargo ou função, aguardando ai o
Disciplina, sem expressa autorização do respectivo presidente, sob julgamento, salvo se a pena aplicável fôr a de demissão.
pena de se tornar revel. § 2º No caso de alcance ou malversação de dinheiro públicos, o
Parágrafo único – A norma prevista neste artigo aplica-se ao afastamento se prolongará até a decisão final do processo
funcionário afastado, ou preventivamente suspenso. disciplinar.

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§ 3º O funcionário acusado de abandono de cargo só poderá houver resultado pena de demissão ou cassação de aposentadoria
reassumir o exercício após o término do respectivo processo ou disponibilidade.
administrativo, e se provada a sua inocência. § 2º O prazo para julgamento será de 30 (trinta) dias, podendo,
§ 4º Ocorrendo a hipótese prevista no § 3º deste artigo, a antes, a autoridade determinar diligências, concluídas as quais se
reassunção verificar-se-á, se cabível, sem qualquer direito à renovará o prazo.
percepção de vencimentos correspondentes ao período de
afastamento. Art 435. A revisão poderá determinar o reexame da
responsabilidade de todos os funcionários punidos em virtude do
Art 426. Quando as sanções e providências cabíveis excederem mesmo processo, ainda que requerida apenas por um dêles.
à alçada da autoridade julgadora, esta deverá propô-las, dentro do Parágrafo único. Da revisão não poderá decorrer agravação das
prazo para julgamento, à autoridade competente. penalidades origináriamente aplicadas, sendo, contudo, facultado à
Parágrafo único. Havendo mais de um indiciado e diversidade Administração determinar a instauração de processo disciplinar para
de sanções, caberá o julgamento à autoridade competente para apurar a responsabilidade do mesmo ou de outro funcionário, em
imposição da pena mais grave. novos fatos que venham a ser conhecidos até a decisão do recurso.

Art 427.Configurando a infração fato definido como crime, a Art 436. Julgada procedente a revisão, tornar-se-á sem efeito a
autoridade julgadora remeterá o processo administrativo, após penalidade imposta, restabelecendo-se todos os direitos por ela
concluído, ao representante do Ministério Público, conservando as atingidos.
demais vias na repartição.
§ 1º O processo disciplinar não poderá ser sobrestado para o CAPÍTULO XI
fim de aguardar a decisão de ação penal ou civil. Dos Conselhos de Polícia
§ 2º Se, antes de decidido na esfera administrativa, fôr o Art 437. Os Conselhos de Polícia, levando em conta a
processo requisitado por autoridade judicial, ou pelo Ministério repercussão do fato, ou as circunstâncias em que ocorreu, poderão,
Público, ser-lhe-á remetida um das vias, permanecendo o original por convocação do seu Presidente, apreciar as transgressões
com a Comissão. disciplinares passíveis de punição com as penas de repreensão,
suspensão até trinta dias e detenção disciplinar até vinte dias.
Art 428. O funcionário só poderá ser exonerado a pedido após a Parágrafo único. No ato de convocação, o Presidente do
conclusão do processo administrativo a que responder e desde que Conselho designará um de seus membros para relator da matéria.
reconhecida sua inocência.
Art 438. O funcionário policial será convocado, através de
CAPÍTULO X Boletim de Serviço, a comparecer perante o Conselho para, em dia e
Da revisão hora previamente designados, e após a leitura do relatório,.
Art 429. A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão do Apresentar razões de defesa.
processo disciplinar de que resultou aplicação de pena, desde que
se aduzam (atos ou circunstâncias novas e bastantes para justificar Art 439. Após ouvir as razões do funcionário, o Conselho, pela
plenamente a inocência do requerente. maioria ou totalidade de seus membros, concluirá pela procedência,
Parágrafo único. Tratando-se de funcionário falecido ou ou não, da transgressão, deliberará sôbre a penalidade a ser
desaparecido, a revisão poderá ser requerida por qualquer das aplicada e, finalmente, o Presidente Proferirá a decisão final.
pessoas constantes do assentamento individual. Parágrafo único. Votará em primeiro lugar o relator do processo
e por último o Presidente do órgão, assegurando a êste o direito de
Art 430. Correrá a revisão em apenso ao processo originário. veto às deliberações do Conselho.
Parágrafo único. Não constituí fundamento para a revisão a
simples alegação de injustiça da penalidade, ou a arguição de CAPÍTULO XII
nulidade não suscitada no curso do processo originário, bem como a Dos elogios
que, nêle invocada, tenha sido considerada improcedente. Art 440. Entende-se por elogio, para fins deste Regulamento, a
menção nominal ou coletiva que deve constar dos assentamentos
Art 431. O requerimento será dirigido ao Ministro da Justiça e funcionais do policial, por atos dignificantes que haja praticado.
Negócios Interiores, ou ao Prefeito do Distrito Federal, se fôr o caso,
que o encaminhará à autoridade competente. Art 441. O elogio se destina a ressaltar:
I - morte no cumprimento do dever;
Art 432. Recebido o requerimento, a autoridade designará II - ato que traduza dedicação excepcional ao cumprimento do
Comissão composta de três membros do Conselho Superior de dever, transcendendo ao que é normalmente exigível do funcionário
Polícia, um dos quais desde logo designado como Presidente. policial, por disposição legal ou regulamentar e que importe ou possa
Parágrafo único. O Presidente da Comissão designará, por importar em risco da própria segurança pessoal;
portaria, funcionário que deva servir como secretário, comunicando III - conduta irrepreensível aferida em cada cinco anos de
esse fato ao Serviço do Pessoal. serviço policial sem qualquer punição;
IV - execução de serviços que, pela sua relevância e pelo que
Art 433. Na inicial, o requerente pedirá seja designado dia e traduzam de importância para o Departamento, mereçam ser
hora para inquirição das testemunhas que arrolar. elogiados, como reconhecimento pela atividade desempenhada.
Parágrafo único. Será considerada informante a testemunha
que, residindo fora da sede onde funciona a Comissão, prestar Art 442. Não constitui motivo para elogio o cumprimento dos
depoimento por escrito. deveres impostos ao funcionário pelo artigo 363 deste Regulamento.

Art 434. Concluídos os trabalhos da Comissão, em prazo de Art 443. É competente para determinar a inscrição de elogios na
não superior a sessenta dias, contados da data da publicação do ato fôlha de assentamentos do funcionário, o Diretor-Geral do
de designação, será o processo, com o respectivo relatório, Departamento Federal de Segurança Pública ou o Secretário de
encaminhado ao Ministro da Justiça e Negócios Interiores ou ao Segurança Pública do Distrito Federal, conforme o caso.
Secretário de Segurança da Prefeitura do Distrito Federal, que o Parágrafo único. Os fatos que, de acôrdo com êste
julgará. Regulamento, justifiquem a concessão de elogios, serão,
§ 1º Caberá, entretanto, ao Presidente da República ou ao comunicados às autoridades nêle referidas.
Prefeito da Distrito Federal, o julgamento quando do processo revisto

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Art 444. O Conselho Superior de Polícia, por deliberação do
Diretor-Geral do Departamento Federal de Segurança Pública ou do
Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, conforme o
caso, poderá ser convocado para se manifestar sôbre o mérito do
funcionário a ser elogiado e o cabimento, ou não, do elogio.

TÍTULO V
Das disposições finais
CAPÍTULO I
Das disposições gerais
Art 445. O dia 21 de abril será consagrado ao funcionário
policial civil.

Art 446. O disposto neste Regulamento aplica-se aos


funcionários que, enquadrados no Serviço Policial de que trata a Lei
número 3.780, de 12 de julho de 1960, e transferindo para a
Administração do Estado da Guanabara retornaram ao Serviço
Público Federal.

Art 447. É vedado atribuir-se ao funcionário policial encargos ou


serviços diferentes dos que são próprios de sua classe e que, como
tais, sejam definidos em leis ou regulamentos.

Art 448. Consideram-se da família do funcionário, além do


conjugue e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e
constem do seu assentamento funcional.

Art 449. É assegurada pensão, na base do vencimento, à


família do funcionário falecido em consequência de acidente no
desempenho de suas funções.

Art 450. Contar-se-ão por dias corridos os prazos previstos


neste Regulamento.
Parágrafo único. Não se computará no prazo o dia inicial,
prorrogando-se o vencimento que incidir em Domingo, ou feriado,
para o primeiro dia útil seguinte.

Art 451. É vedado ao funcionário servir sob a direção imediata


de conjugue ou parente até o segundo grau, salvo em função de livre
escolha, não podendo exceder de dois o seu número.

Art 452. O vencimento e o provento não sofrerão descontos


além dos previstos em lei.

Art 453. É vedada a prestação de serviços gratuitos.

CAPÍTULO II
Das disposições transitórias
Art 454. Ressalvado o disposto no § 2º do artigo 23 da Lei
número 4.878, de 3 de dezembro de 1965, o funcionário policial que,
na data da publicação deste Regulamento, estiver exercendo outra
atividade, qualquer que seja a forma de admissão, remunerada ou
não, em entidade pública ou emprêsa privada, deverá informar, por
escrito, ao órgão de pessoal, dentro de trinta dias, a sua situação,
mesmo que a respeito dela exista decisão favorável anterior à
referida lei.
Parágrafo único. A informação a que se refere êste artigo será
submetida pelo órgão de pessoal à Comissão de Acumulação de
Cargos, para os efeitos previstos no Decreto número 35.956, de 2 de
agôsto de 1954.

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