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CadernoAtividadesBrasil Umabiografia PDF
CadernoAtividadesBrasil Umabiografia PDF
BIOGRAFIA
Aqui vocês encontrarão, também, os conceitos
teóricos que utilizamos no livro e que, esperamos,
incendiarão a imaginação de todos. É hora de
reconsiderar e questionar o cotidiano, indagar
o presente e refletir sobre o futuro.
CADERNO DE ATIVIDADES:
RESUMOS, ATIVIDADES PROPOSTAS E CONCEITOS
ISBN 978-85-359-2735-1
9 788535 927351
BIOGRAFIA
caderno de atividades: resumos, atividades propostas e conceitos
Elaboração das atividades propostas
LILIA M. SCHWARCZ, HELOISA M. STARLING, DIEGO ESCANHUELA E SEBASTIÃO SOARES
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 7
Caro professor,
Este caderno foi feito especialmente para você. Aliás, foi pensando nisso
que debatemos (em segredo) durante a construção dessa longa “biografia” do
Brasil. E por esse motivo também que, a cada evento de lançamento realizado
em diferentes cidades do país, sempre dávamos um jeito de conversar com
educadores e estudantes locais. Nessas ocasiões, examinávamos quadros his-
tóricos, documentos, selecionávamos temas, compartilhávamos apreensões,
dividíamos projetos comuns. Nossa intenção foi dialogar o tempo todo com
esse importante grupo da nossa sociedade — que pensa no passado, investe no
presente e acredita num futuro melhor.
Por isso, é chegada a hora de apresentar um material especial para uso em
sala de aula. Afinal, esta foi a todo momento nossa (boa) utopia: discutir com
os professores uma visão mais renovada da história — crítica, generosa, porém
indignada, mas não menos divertida — desse personagem que todos nós co-
nhecemos tão bem.
Enquanto escrevíamos Brasil: Uma biografia, mantivemos alguns princípios
em mente, de maneira que eles orientassem a condução da história. Não é pos-
sível discorrer sobre o passado e o presente sem partir de pressupostos comuns
— isso acabou por nortear a narrativa do livro que agora partilhamos com você.
Em primeiro lugar, você verá que, para nós, a história é feita de lembranças,
mas também de muito esquecimento. Ou seja, ao contrário do lugar-comum
que reserva à história a função de ser apenas um acúmulo de dados, aqui defen-
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demos que não há como recordar tudo. Mais ainda, não se quer recordar tudo.
Por essa razão, temas dolorosos da realidade do país — como a vigência do
mais largo e duradouro regime escravocrata mercantil no hemisfério ociden-
tal — foram eliminados da nossa agenda de maneira sistemática: esquecidos.
No seu lugar, desenharam-se um ambiente tropical e uma suposta tolerância
racial associada à imagem de uma “boa escravidão”. Claro está que não existem
bons sistemas escravocratas, os quais pressupõem — na sua base — a posse de
um homem pelo outro. Por isso, na nossa memória oficial, tratamos ora de dei-
xar tudo mais exótico, ora de transformar o feio em belo, ora (ainda) de inviabi-
lizar tudo. Se este é um país que comporta muita inclusão cultural — revelada
sobretudo nos esportes, nas artes e na nossa cultura bastante mestiçada —, não
há como deixar de notar os dados de exclusão social expressos nos índices per-
versamente desiguais de acesso ao mercado de trabalho, à justiça e, não menos
importante, à educação.
O mesmo processo ocorreu com a representação amplamente divulgada de
“um povo e um país pacíficos”. Sabemos que já de início, durante o assim cha-
mado “descobrimento”, gerou-se um genocídio ameríndio, com números que
beiram a catástrofe. Além do mais, desde os tempos da colônia até o presente
foram muitas as batalhas, revoltas, conjurações, insurreições que invadiram
nosso suposto calendário pacato. Se tivemos apenas uma guerra internacional
e oficialmente reconhecida — a desastrosa Guerra do Paraguai, que durou de
1865 a 1870, consumindo vidas e os cofres do Império —, não foram poucos
os motins, revoltas e levantes protagonizados por vários setores da população.
Lutar pela liberdade e pelo direito a ter direitos foi sempre um sonho bom de
sonhar, e não poucas vezes os brasileiros saíram às ruas, nas vilas e mesmo nas
matas para defender o que era “seu” e o que fazia parte do “bem comum”.
Em segundo lugar, vale lembrar que, diferentemente do que diz a ladainha,
e como escrevemos no livro, “história não é conta de somar”. Isto é, não é
disciplina que acumula datas e eventos de forma mecânica. História é antes
problema; são questões que fazemos ao passado. Não se volta ao passado sem
pressupostos, e o presente anda cheio de passado.
Gostaríamos de lembrar um terceiro aspecto: sempre se deu à historiografia
a falsa imagem de uma ciência que anota e estuda apenas a mudança. Assim,
junto com a ideia da cronologia — de um saber que se organiza a partir da su-
cessão em série de fatos e eventos —, nos acostumamos a pensar em história
como “alteração”. Pois história é sim mudança, mas também continuidade. Ou
melhor, é mudança na continuidade, sendo o oposto também verdadeiro.
Por isso mesmo, no livro que serve de base para o caderno que você tem em
mãos, a despeito de seguirmos uma certa ordem cronológica — em que se suce-
dem um período longo (muito anterior à chegada dos portugueses) e depois os
tempos de colônia e de Reino Unido, o Primeiro Reinado, o Segundo Reinado,
a Primeira República, o Estado Novo, o período da democracia de massas e do
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nacional-desenvolvimentismo, a ditadura militar, a redemocratização e o novo
Estado de direitos inaugurado pela Constituição Cidadã de 1988 —, sempre in-
terpolamos problemas para indagar os fatos e temas que se repetem de forma
insistente na nossa agenda de mais de cinco séculos. Também recuperamos te-
mas que — teimosamente — regressam. São eles: a questão racial e a violência,
que já comentamos aqui, mas também o patrimonialismo — o entendimento
de que o Estado é um bem pessoal, patrimônio de quem tenha poder — e o
bovarismo — um mecanismo muito singular de evasão no imaginário, que nos
permite recusar o país real e imaginar um Brasil diferente do que é —, além da
persistência das esferas privadas em detrimento do espaço público. Por isso,
não poucas vezes desconfiamos das instituições, do Estado, dos partidos e dos
nossos representantes.
Fica combinado, então, que história não é um projeto evolutivo e previsível.
Ela é feita de idas e voltas, avanços e recuos, acertos e contradições. Por isso, fa-
zer o retrato de um país pode ser também definir um personagem. Um perfilado
complexo, de difícil doma e que comporta os grandes tipos, os homens públicos,
as celebridades; mas onde da mesma forma estão contidas figuras miúdas, quase
anônimas — e as intervenções que protagonizaram no mundo público da sua
época com os recursos de que dispunham —, e que no nosso livro ocupam lugar
de estrelas. Estrelas no firmamento da nossa história, sempre um campo aberto
de possibilidades, que, se não é infindo, é mesmo muito, mas muito variado.
Este caderno é organizado pelos capítulos do livro, de maneira que você ex-
plore ao máximo temas, autores, canções, poemas, documentos, personagens e
telas presentes nessa biografia do Brasil. Nessa tarefa, contamos com a ajuda de
dois professores — Diego Escanhuela e Sebastião Soares —, os quais trouxeram
a experiência de sala de aula e das escolas de ensino fundamental e médio. Da
mesma forma, com o trabalho de Érico Melo, que foi nosso “checador” durante
a realização do livro Brasil: Uma biografia e agora nos auxiliou na redação dos
resumos dos capítulos.
Trabalhamos também com os conceitos que utilizamos no livro. Ao final,
você encontrará uma relação dos principais assuntos teóricos que nos mobi-
lizaram e que, esperamos, incendiarão a imaginação de todos, de modo que
reconsideraremos e questionaremos o cotidiano, indagaremos o presente e re-
fletiremos sobre o futuro.
Sabemos bem que cada um dos que nos acompanham aqui tem suas próprias
opiniões sobre esse biografado, que, como nós, tem seus acertos, mas também
erros; que às vezes avança e em outros momentos recua; que nos orgulha e en-
tristece; que é ético, mas também se contradiz. Como sempre dizemos, o Brasil
não cabe numa história, mas bem merece uma, e esperamos que das boas.
heloisa e lilia
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RESUMOS E
ATIVIDADES PROPOSTAS
1.
PRIMEIRO VEIO O NOME, DEPOIS UMA TERRA CHAMADA BRASIL
Quem foram os ameríndios que povoaram o Brasil quando ele ainda não
se chamava assim? Por outro lado, quem foram os tripulantes da frota de
nove naus e três caravelas que nos “descobriram” em 1500? O primeiro capí-
tulo do livro aborda essas duas questões fundamentais sobre a gênese colo-
nial do país.
Cinco séculos atrás, a região atlântica do Brasil era dominada pelos povos
Tupi-Guarani. Nos sertões desconhecidos de floresta, caatinga e cerrado, ha-
bitavam os Tapuia — nome pejorativo dado pelos índios da costa aos prove-
nientes do interior, e adotado pelos portugueses. Tupi ou Tapuia, a invasão
europeia foi uma catástrofe de terríveis proporções aos nativos da Terra de
Santa Cruz. Os contatos amigáveis iniciais entre brancos e índios logo se
converteram em guerras de ocupação e resistência. Coletores, caçadores e
agricultores, não raro antropófagos, os povos indígenas foram obrigados a
abandonar suas crenças e costumes milenares e a trabalhar como escravos,
tudo ao alcance da colonização. As únicas alternativas eram a morte ou a
fuga para o sertão. Começava o genocídio que reduziu os vários milhões de
índios da era pré-cabralina aos atuais 800 mil, por fome, doenças e extermí-
nios físicos e culturais diversos.
Quando aportaram por estas bandas, os portugueses protagonistas dessa
história de conquista violenta viviam em outros tempos e praticavam uma
ciência diferente. Embora a náutica lusitana fosse a mais avançada no seu
12 • CADERNO DE ATIVIDADES
1.1. “América”,
gravura colorida à mão
reproduzida no Grande
Atlas de Johannes Blaeu,
1662.*
14 • CADERNO DE ATIVIDADES
ATIVIDADES PROPOSTAS
1. Com base na leitura do início do subcapítulo “Das vicissitudes de um mundo novo, novo”
(pp. 21-33), proponha aos alunos as seguintes atividades de caráter transdisciplinar:
1.2. Imagem do Novo Mundo, xilogravura aquarelada à mão de Johann Froschauer, c. 1505, publicada em
Mundus Novus, de Américo Vespúcio.
16 • CADERNO DE ATIVIDADES
• a visão que os povos indígenas têm de si mesmos na atualidade, a partir da pes-
quisa realizada.
c. Transmitir, no trabalho artístico elaborado, uma mensagem de combate ao precon-
ceito contra os indígenas.
3. Solicite aos alunos a produção de um artigo de opinião em que reflitam sobre as várias
maneiras como os povos indígenas nativos do Brasil foram dizimados durante o século
xvi e as condições de vida das populações indígenas nos dias de hoje. Para embasar a
atividade, os alunos devem:
Os textos produzidos deverão ser lidos nas diversas turmas e expostos nos corredores
da escola.
4. Solicite aos alunos, distribuídos em grupos, uma pesquisa sobre os antropólogos citados
na parte “Muito antes de Cabral” (pp. 43-9), cujo trabalho foi realizado com os povos
indígenas sul-americanos. Cada grupo deverá pesquisar a obra de um deles:
a. Curt Nimuendajú;
b. Claude Lévi-Strauss;
c. Eduardo Viveiros de Castro;
d. Philippe Descola;
e. Davi Kopenawa e Bruce Albert.
Em seguida, forme uma roda para apresentação das pesquisas pelos grupos e proponha
uma discussão sobre a contribuição da antropologia para a compreensão do que é ser
índio.
1.1. A descoberta do Novo Mundo de fato 1.3. Durante dez longos meses, Hans Staden
inundou o imaginário europeu, dividido permaneceu como refém numa aldeia
entre o éden e o inferno. Como os nativos tupinambá. Lá, dedicou‑se a não ser comido e a
americanos não legaram registros impressos, compreender o significado cultural dos rituais
as representações a que temos acesso antropofágicos. A ilustração destaca a bravura
são europeias, pautadas por convenções dos prisioneiros que tanto impressionou
ocidentais. Lugar para a projeção alheia, a o viajante. Antes de ser morto, o corajoso
América concentrou estereótipos de indígenas guerreiro, digno de ser devorado, insultava
decaídos, mas também edenizados, e tendeu seus algozes e gritava que seria vingado pelos
a misturar tudo: alegorias clássicas, animais membros de sua tribo. Esse era o princípio
fantásticos e indígenas escravizados. da antropofagia, que, mais que um costume
alimentar, constituía uma prática ritual de
1.2. A América pré‑cabralina era habitada por troca entre iguais.
uma enorme variedade de grupos indígenas,
que se distinguiam sobretudo pelos troncos
1.4. Théodore de Bry — um ourives, gravurista
linguísticos e por suas culturas. Mas os
e propagandista huguenote que jamais
europeus transformaram o diferente em
pisou na América — transformou‑se no mais
“falta”. Exemplo disso foram as representações
famoso gravurista de sua época. Especializado
visuais da época. Num momento em que
em retratar, com muita imaginação, os
era melhor “ouvir dizer do que ver”, vingou
costumes das terras distantes, ilustrou o
a imaginação, com os índios apresentados
volume escrito por Jean de Léry sobre o Brasil.
como guerreiros e bárbaros devoradores de
Porém, diferentemente do viajante, destacou
humanos. Ao fundo, naves portuguesas vêm
o canibalismo das populações dessas terras
trazendo a “civilização” europeia.
figurando mulheres gulosas, a lamber os dedos.
Representou‑as como as bruxas da convenção
pictórica ocidental — por vezes velhas de
peitos caídos, por vezes moças luxuriosas
que lideravam o ritual. A imagem lembra
um banquete, mas as analogias vinculavam a
prática ao inferno.
18 • CADERNO DE ATIVIDADES
2.
TÃO DOCE COMO AMARGA: A CIVILIZAÇÃO DO AÇÚCAR
Brasil e suas riquezas eram objeto de cobiça para outras nações europeias.
Além do interlúdio de oitenta anos durante os quais Portugal e sua colônia
americana foram governados pela Espanha (1580-1640), holandeses e france-
ses também deixaram sua marca por aqui. Episódios como a França Antár-
tica (1555-60) e a ocupação holandesa das capitanias do Nordeste (1630-54),
sediada em Pernambuco, demonstraram que o domínio lusitano não era in-
questionável. Piratas de diversas nacionalidades também fizeram incursões
na costa brasileira até o século xviii.
20 • CADERNO DE ATIVIDADES
ATIVIDADES PROPOSTAS
2.2. Gravuras de Relation d’un voyage: Fait en 1695, 1696 & 1697, aux Côtes d’Afrique, Détroit de
Magellan, Brezil, Cayenne & Isles Antilles, par une Escadre des Vaisseaux du Roy, commandée par M.
de Gennes, de Froger, 1698.
3. Indique aos alunos que leiam o subcapítulo “Na terra do trabalho forçado” (pp. 63-7)
e analisem a imagem 2.4. (imagem 20 do livro). Em seguida, promova a audição das
canções “Negro drama”, dos Racionais mc’s, e “Sucrilhos”, de Criolo. Com base na lei-
tura, na análise da imagem e das canções, proponha uma discussão sobre as relações
inter-raciais, nos dias de hoje, na região onde vivem.
Algumas sugestões de abordagens transdisciplinares (as disciplinas envolvidas estão
indicadas entre parênteses):
22 • CADERNO DE ATIVIDADES
Desafie os alunos a pesquisar notícias em jornais e periódicos recentes que comprovem
a permanência, ainda hoje, de padrões e valores baseados em privilégios. Oriente a
montagem de um painel na sala de aula com o título “Quem manda e quem obedece no
Brasil de ontem e no Brasil de hoje”, para refletir sobre o que nos torna uma sociedade
que ainda apresenta índices determinantes para estarmos entre os países campeões de
desigualdade social.
2.4. Pressoir à sucre au Brésil, nanquim sobre lápis de Frans Post, c. 1637‑44.
2.1a. e 2.1b. Albert Eckhout (1618‑66) esteve 2.3. As tropas holandesas e luso‑brasileiras
na capitania de Pernambuco durante o enfrentaram‑se nos montes Guararapes em
domínio holandês e especializou‑se em 1648 e em 1649. Nas duas ocasiões, as bem
registrar o território, a natureza e os nativos treinadas forças da Holanda foram derrotadas
locais. As ilustrações do artista devolvem por uma milícia local formada por índios,
também as visões de época, uma vez que negros e brancos da colônia portuguesa.
Eckhout oferecia à sua clientela o que ela As batalhas travadas nos Guararapes são
desejava ver: as práticas exóticas daquelas consideradas decisivas para a expulsão dos
gentes. Na imagem da mulher tapuia, o holandeses, que ainda levaria cinco anos
pintor holandês incluiu a mão e o pé de para se concretizar. Os henriques (ou milícias
um inimigo morto, numa clara alusão ao negras) — uma tropa composta de escravos
canibalismo e à curiosidade mórbida que e forros, representada à esq. da tela, em
cercava tal prática — a qual, aliás, Eckhout primeiro plano — tiveram grande destaque
não verificou in loco. nos confrontos. A bravura dos soldados rendeu
Este casal pertence a uma série que ao seu comandante, Henrique Dias, ele próprio
compreende outros grupos: “Brasilianen”, filho de negros libertos, uma condecoração
“Tapuya”, africanos, mulatos e mamelucos. da Ordem de Cristo e o título de “governador
dos crioulos, negros e mulatos”.
2.2. Parte importante da história do tráfico
de escravos transcorria já na costa africana: 2.4. Grande parte dos escravizados que aqui
nações inteiras, muitas vezes em guerra, eram desembarcaram durante os séculos xvi e xvii
aprisionadas e comercializadas. Ainda nesse foi destinada à produção açucareira. Uma vez
contexto, idealizaram‑se verdadeiros manuais no engenho, seu trabalho seria exaustivo.
para “padronizar” as regras de comércio e O caldo da cana era extraído nas moendas
ensinar uma série de castigos cujo objetivo e cozido em tachos de cobre. Em seguida,
era incutir o medo e a obediência dentro do era purgado em fôrmas cônicas de barro
sistema escravocrata. Neste raro documento do — os “pães de açúcar” —, onde o açúcar se
século xvii vemos como eram rotinizadas as depositava. Depois de secos, os açúcares —
regras do “bem submeter”. branco e mascavo — estavam prontos para
o comércio. Neste desenho do século xvii,
um pequeno senhor, com seu chapéu e roupas
a distingui‑lo, inspeciona os serviços, e a
bananeira, no canto inferior à dir., parece
simbolizar que estamos decididamente
nos trópicos.
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3.
TOMA LÁ DÁ CÁ: O SISTEMA ESCRAVOCRATA E A NATURALIZAÇÃO
DA VIOLÊNCIA
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ATIVIDADES PROPOSTAS
28 • CADERNO DE ATIVIDADES
6. Vale a pena chamar a atenção para o risco do estereótipo. Há uma tendência, sobre-
tudo nos livros didáticos, de se apresentar o africano no Brasil ora como escravo
oprimido, ora como quilombola rebelde ou uma mão de obra submetida a todo o
tipo de exploração. Mas é hora de abordar uma terceira ponta das nossas raízes: o
papel do africano, as culturas vindas da África e a contribuição dessas nações —
banto, fon, ioruba, congo — ao Brasil. As culturas da África trazem uma bagagem
intelectual que é, ainda hoje, pouco percebida e, ademais, apreciada entre nós.
Peça aos alunos uma pesquisa sobre o papel do africano em um dos temas abaixo:
a. Técnicas de mineração;
b. Desenvolvimento da criação extensiva de gado;
c. Grandes artesãos, artífices e profissionais negros nos séculos xviii e xix;
d. Religiões e culturas até hoje vivas e dinâmicas no Brasil;
e. Ritmos, cores e aromas.
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4.1. Nossa Senhora do Rosário, autor desconhecido, séc. XVIII .*
É OURO! • 31
capitania de Minas Gerais, desmembrada da de São Paulo em 1720, logo se
tornou o principal destinatário de trabalhadores cativos na colônia. Parale-
lamente, numerosos mocambos e quilombos se formaram nas regiões mais
inacessíveis das comarcas mineradoras, como resultado da intermitente re-
sistência escrava. Foi um tempo de violência e grandeza, medo e delírio: for-
tunas se faziam e desfaziam da noite para o dia, enquanto a fome flagelava
a maioria dos colonos, e quadrilhas de salteadores aterrorizavam todos os
caminhos do sertão. Igrejas suntuosas foram construídas com o talento de
artistas como Aleijadinho e tantos outros — alguns até hoje anônimos —; e
uma original e tardia forma de Barroco floresceu.
Ironicamente, a maior parte das riquezas da mineração não permaneceu
em Portugal, sendo transferida para nações credoras da empresa colonial
como a Inglaterra e a Holanda.
32 • CADERNO DE ATIVIDADES
ATIVIDADES PROPOSTAS
1. A partir da leitura do subcapítulo “Sertão dos ‘Cataguás’” (pp. 107-12), é possível ob-
servar a importância das bandeiras na descoberta do ouro nas regiões de Minas Gerais,
Mato Grosso e Goiás. Estimule os alunos a realizarem pesquisas que lhes permitam
compreender:
2. A partir da leitura do subcapítulo “Minas do ouro que chamam Gerais” (pp. 112-23),
peça aos alunos para elaborarem um texto dissertativo em que discutam semelhanças e
diferenças entre o processo de migração elevado que se verificou nas regiões das Minas
Gerais no início do século xviii e a atual entrada de imigrantes em algumas metrópoles
brasileiras. Para tanto, indique a eles diferentes investigações e censos sobre as atuais
migrações, orientados pelos(as) professores(as) de geografia e sociologia. Os textos de-
verão obedecer aos parâmetros dados pelo(a) professor(a) de língua portuguesa.
4. Na parte “Vila Rica do Ouro Preto” (pp. 123-8), as autoras citam a importância da obra
Cartas chilenas (atribuída ao poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga, com a possível par-
ticipação de Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto) como manifestação contra os
desmandos das autoridades locais sobre a população das regiões mineradoras urbaniza-
das. Indique aos alunos a leitura dessa obra. Depois, divida a turma em treze grupos, de
modo que cada um apresente uma das treze cartas que compõem a obra, relacionando
o espírito de descontentamento da classe letrada com a administração metropolitana.
Por fim, proponha que cada grupo elabore uma versão da carta direcionada à situação
social e política contemporânea. Sempre que possível, indica-se a participação dos(as)
professores(as) de língua portuguesa e filosofia na condução da atividade.
É OURO! • 33
5. Leia com os alunos o trecho a seguir (p. 128):
O Barroco despertava os sentidos para o inatingível, para um mundo que não se vê;
o ouro “sempre acaba, não é eterno”. Nas Minas, no fim do século xviii, o ouro e o
Barroco andam juntos e misturados. Assim como misturados ficaram seus santos,
mulatos de olhos orientais, como se o Barroco distinguisse e unisse diferentes pon-
tos desse Império português que começava em Macau e terminava em Vila Rica ou
vice-versa.
Considerando o excerto e a análise das imagens 29, 30, 32 e 34 do livro, faça com os
alunos um exercício de comparação entre as manifestações do Barroco brasileiro e as
do Barroco europeu. O desafio será entender as especificidades desse gênero no Brasil
durante o século xviii. Com base neste exercício, ainda podem ser desenvolvidas com os
alunos duas outras atividades:
a. Discutir o papel ativo e dinamizador das artes — a literatura, a poesia, a pintura, a es-
cultura, a arquitetura —, tendo por base o movimento do Barroco mineiro e da Arcádia;
b. A partir de pesquisa imagética, estabelecer paralelos entre as artes contemporâneas
nacionais e as discussões políticas que vêm ocorrendo no Brasil na atualidade.
34 • CADERNO DE ATIVIDADES
5.
REVOLTAS, CONJURAÇÕES, MOTINS E SEDIÇÕES NO PARAÍSO
DOS TRÓPICOS
36 • CADERNO DE ATIVIDADES
ATIVIDADES PROPOSTAS
1. Depois da leitura das três primeiras partes do capítulo (pp. 129-38), indique aos alunos
que respondam, por escrito, às seguintes questões:
2. Peça aos alunos que leiam o subcapítulo “As Minas insolentes” (pp. 138-40). Depois
da leitura, divida a turma em dois grupos de trabalho. Ambos deverão, através de pes-
quisas, aprofundar o estudo sobre as revoltas ocorridas em Minas Gerais entre 1717 e
1736.
Com a colaboração do(a) professor(a) de língua portuguesa, proponha aos grupos a
produção de textos jornalísticos de sua escolha (notícia, reportagem, editorial, artigo
de opinião). Um grupo deverá escrever seus ensaios com uma abordagem favorável à
administração metropolitana; o outro, com um enfoque favorável aos revoltosos.
Por fim, realize a leitura compartilhada dos textos e abra um debate com a turma acerca
da importância da circulação de notícias no século xviii e da imprensa nos dias de hoje.
Nessa discussão, seria interessante contar com a presença dos(as) professores(as) de
artes, filosofia, geografia, sociologia e língua portuguesa.
5.2. Visão de Tiradentes ou O sonho de liberdade, óleo sobre tela de Antônio Parreiras, 1926.
5. Ouça com os alunos a canção “Nosso herói”, de Tavinho Moura e Fernando Brant.
Discuta com eles o que é ser um herói e o que transforma uma pessoa em um. Depois
disso, proponha aos alunos analisar quem seriam os heróis e os vilões da Conjuração
Mineira e da Conjuração Baiana. Peça-lhes também para pesquisar no cancioneiro po-
pular as canções que apresentam heróis da história do Brasil.
6. Em “Salvador, 1798” (pp. 147-50), aparece uma abordagem renovada do ciclo de re-
voltas que ocorre na Bahia no fim do século xviii. Há também a importância da eficácia
simbólica e do uso da religião como elemento de aglutinação e propaganda de ideais
e ações de sedição. A partir da leitura dessa parte do livro, combine com os alunos a
realização das seguintes atividades:
38 • CADERNO DE ATIVIDADES
a. Pesquisar imagens das indumentárias dos revolucionários franceses à época da Re-
volução Francesa, a fim de se comparar as descrições oferecidas na parte lida com as
imagens encontradas;
b. Em seguida, avaliar o uso de elementos simbólicos (visuais e verbais) em movimen-
tos reivindicatórios ao longo do século xx no Brasil e no exterior. Prestar atenção em
símbolos, palavras de ordem, dísticos, cartazes e letras de músicas;
c. Elaborar um projeto de reivindicações na escola em prol de um grupo da sociedade
(indígenas, negros, população lgbt, imigrantes e migrantes, portadores de deficiências,
mulheres, analfabetos etc.), criando panfletos com palavras de ordem e elementos vi-
suais simbólicos (como os verificados na Conjuração Baiana) que reforcem a transmis-
são das reivindicações e a arregimentação de aliados.
5.1. As tropas holandesas e luso‑brasileiras 5.2. Tiradentes foi um herói sem face.
enfrentaram‑se nos montes Guararapes em A despeito de conhecermos sua importância
1648 e em 1649. Nas duas ocasiões, as bem durante a Conjuração Mineira, as imagens
treinadas forças da Holanda foram derrotadas que guardamos dele foram todas imaginadas
por uma milícia local formada por índios, e produzidas a partir de fins do século xix.
negros e brancos da colônia portuguesa. Por isso, foram elas que o converteram numa
As batalhas travadas nos Guararapes são espécie de Cristo — a barba, o cabelo,
consideradas decisivas para a expulsão dos as vestes —, mas igualmente em herói
holandeses, que ainda levaria cinco anos republicano, perseguido pela monarquia.
para se concretizar. Os henriques (ou milícias O momento era outro, e o herói também.
negras) — uma tropa composta de escravos Nesta bela tela do artista acadêmico Antônio
e forros, representada à esq. da tela, em Parreiras (Niterói, 1860‑1937), Tiradentes
primeiro plano — tiveram grande destaque é imortalizado como herói da República.
nos confrontos. A bravura dos soldados rendeu
ao seu comandante, Henrique Dias, ele próprio
filho de negros libertos, uma condecoração
da Ordem de Cristo e o título de “governador
dos crioulos, negros e mulatos”.
40 • CADERNO DE ATIVIDADES
6.1. S. M. El‑Rei d. João VI de Portugal e toda a Família Real embarcando para o Brasil no cais de Belém,
em 27 de novembro de 1807, autor desconhecido.*
1. Peça aos alunos para escreverem um texto sobre as relações entre os processos revolu-
cionários na França e na América em fins do século xviii e a Independência do Brasil.
2. A ideia da transferência da família real portuguesa e sua corte ao Brasil não foi propos-
ta apenas nos anos finais do século xviii e em função das pressões inglesa e francesa.
Sabe-se que várias propostas vinham sendo feitas pelos assessores reais desde o sé-
culo xvi, apresentando as vantagens da administração do Império português a partir da
sua “tranquila” colônia tropical, na América. Considerando essa perspectiva, promova
um debate entre os alunos a partir de duas posições dicotômicas: uma favorável à
transferência da corte para o Brasil e outra contrária à vinda da família real. Para in-
crementar a discussão, questões ligadas à geopolítica podem ser mobilizadas pelos(as)
professores(as) de geografia e sociologia.
42 • CADERNO DE ATIVIDADES
6.3. Alegoria da vinda de d. João, desenho a nanquim aguada de I. A. Marques, s.d.
Foi na manhã do dia 30 que se deu a entrada triunfal de Junot, com seu séquito de
oficiais desfilando pelo Rossio, acompanhado de cerca de 6 mil soldados, pouco mais
da metade do contingente original. […]
[…] A população reagiria a eles na base do garfo, faca e panela, e poria o inimigo para
correr e atravessar a fronteira. […]
Nesse mundo mental do Antigo Regime, em vez da racionalidade cidadã apregoada
pela moderna Revolução, em Portugal era a religião que dava subsídios a explicações
de maior fôlego. […]
A partir dos excertos, solicite duas pesquisas: uma em que os alunos encontrem expli-
cações para as motivações políticas, culturais e religiosas que levaram à reação do povo
português diante do exército napoleônico; outra relacionada à própria história brasileira,
em que se possam observar causas semelhantes e diversas para ações de contestação
política e social diante da chegada da corte.
Por fim, realize uma discussão com a turma sobre as possíveis relações entre política e
religião no passado e na atualidade.
6.1. Diante do aumento das tensões geradas 6.3. Ante a ameaça à segurança nacional, o
pelo embate entre Inglaterra e França, governo de d. João pôs em prática um plano
Portugal viu ameaçada sua posição de antigo, várias vezes mencionado mas nunca
neutralidade. A França enviou tropas sob o antes realizado: a transferência da sede do
comando do general Junot, ex‑embaixador Império lusitano para a América. Enquanto
em Lisboa, à fronteira portuguesa, o que levou no dia a dia a situação era tensa, nas imagens
a corte a embarcar para o Brasil, às pressas, oficiais o monarca surgia seguro, calmo e
em 1807. A transferência da monarquia lusa iluminado pelos deuses de todos os tempos.
foi um empreendimento tão inédito como Ao fundo, as caravelas, igualmente abençoadas
inesperado, e as imagens de época retratam pelas “luzes divinas”, estão prontas para
o nervosismo do momento, a despeito da um futuro que, ao menos nas projeções da
pretensa tranquilidade de d. João, figurado monarquia, parecia predestinado.
ao centro da gravura.
44 • CADERNO DE ATIVIDADES
7.
D. JOÃO E SEU REINO AMERICANO
46 • CADERNO DE ATIVIDADES
ATIVIDADES PROPOSTAS
1. Apresente aos alunos este trecho de “O juramento dos Numes”, libreto em homenagem
a d. João, datado de 1813. Na parte transcrita abaixo, o “Gênio”, voltando-se para o
retrato de Sua Alteza Real, faz o seguinte juramento:
Os Cyclopes
2. Entre os tantos eventos políticos e sociais ocorridos durante a estada da família real
portuguesa no Brasil, podemos destacar a importância da assinatura da carta de aber-
tura dos portos brasileiros às nações amigas, de 1808. Leia com os alunos um trecho
da carta:
[…] Atendendo a representação que fizestes subir a minha real presença sobre se
achar interrompido e suspenso o comércio desta capitania, com grave prejuízo dos
meus vassalos, e da minha Real Fazenda, em razão das críticas e públicas circuns-
tâncias da Europa, e querendo dar sobre este importante objeto alguma providência
pronta, e capaz de melhorar o progresso de tais danos, sou servido ordenar interina,
e provisoriamente enquanto não consolido um sistema geral que efetivamente regu-
le semelhantes matérias o seguinte: primeiro, que sejam admissíveis nas Alfândegas
do Brasil todos e quaisquer gêneros, fazendas e mercadorias transportadas, ou em
navios estrangeiros das potências que se conservam em paz e harmonia com a mi-
nha Real Coroa […]
3. De acordo com as autoras, “até 1810, as atenções se concentravam mais nas medidas
administrativas. Após 1811, contudo, abriram-se as comportas para um verdadeiro
‘banho de civilização’” (p. 184). A vida formal e cheia de regras de etiqueta da corte
portuguesa de fato não combinava com o cotidiano imposto pela colônia. As tantas
adaptações estruturais e administrativas poderiam até ser consideradas pequenas se
comparadas às demandas sociais e culturais, para quem vinha e para quem já estava
por aqui. Tendo em vista essa situação, solicite aos alunos as seguintes tarefas:
7.2. Ilustrações extraídas do livro D. João Carioca: A corte portuguesa chega ao Brasil (1808-1821),
Lilia Moritz Schwarcz e Spacca, 2007.
48 • CADERNO DE ATIVIDADES
A situação retratada destaca os reflexos da crise europeia na América espanhola. Além
dos problemas “herdados” de fora, a presença do rei de Portugal na América criava
incômodos para os vizinhos da Banda Oriental, região onde atualmente se localiza o
Uruguai. Considerando os temas destacados nesse subcapítulo “Agitação à vista: que
se retarde a coroação” (pp. 193-6) e nos quadrinhos, peça aos alunos que expliquem
o projeto de Carlota Joaquina para a América espanhola e, em seguida, os projetos de
d. João vi para a região.
5. Desafie os alunos a observar as imagens 7.1. (imagem 50 do livro), 7.2. e 7.3. (imagem
57 do livro).
Por iniciativa própria e apoiados pelo governo de d. João, na esteira das negociações
de paz com a França, Debret e outros artistas franceses, como o pintor Nicolas-Antoine
Taunay e o arquiteto Grandjean de Montigny, estiveram no Brasil a partir do ano de
1816. Tendo em mente essa circunstância — a vinda de pintores até então fiéis a Na-
poleão que aqui chegam contratados pela corte portuguesa e “inimiga” —, faça com os
alunos as seguintes atividades:
a. “Ler” as imagens com atenção procurando identificar, em cada uma delas, a temática,
a função da imagem, o estilo e de quem é a encomenda;
b. Comentar o contexto que explica a presença de Debret e de tantos outros artistas e
cientistas no Brasil. Por que a corte de d. João teria interesse por esse tipo de iniciativa?;
c. Pesquisar, através das imagens criadas por Debret e Taunay, e por meio das plan-
tas de arquitetura de Montigny, como era a cidade do Rio de Janeiro a partir dos anos
de 1816. Pode-se usar também outros pintores, como Rugendas, Henry Chamberlain,
Eckhout e Joaquim Cândido Guillobel.
Fica aqui a sugestão de leitura do romance Era no tempo do rei, de Ruy Castro (Alfa-
guara, 2008).
7.1. Debret trouxe os escravos para o centro de 7.3. A coroação de d. Pedro i, em 1º- de
suas aquarelas brasileiras. Diferentemente dos dezembro de 1822, combinou elementos
portugueses, que só se dedicavam a pinturas tradicionais europeus com aspectos
religiosas, ele retratou o que viu (e o que idealizados a partir da realidade brasileira.
imaginou) do dia a dia carioca. Flagrou negros O ritual uniu costumes das realezas do Velho
atléticos, de corpo perfeito, trabalhando, e Mundo ao mesmo tempo que instituía novos
representou sem pejas a violência do sistema: símbolos. As vestimentas do imperador,
crianças negras comendo no chão, filas indianas coloridas de verde e amarelo e confeccionadas
com o senhor à frente e os escravos no final com materiais locais, evidenciavam a mistura
e uma cena de sevícia que foi inclusive proibida, entre o tradicional e o brasileiro. O mesmo fez
na época, pelo Instituto Histórico e Geográfico Debret, que copiou uma tela originalmente
Brasileiro (ihgb). elaborada para a coroação de um monarca
austríaco e a traduziu para o Brasil, alterando
7.2. O quadrinista Spacca caprichou o formato e a dimensão da igreja em que se
na caricatura de Carlota Joaquina: realizou a celebração.
sempre com ar esperto e tramando golpes
(contra o seu marido).
50 • CADERNO DE ATIVIDADES
8.
QUEM FOI PARA PORTUGAL PERDEU O LUGAR:
VAI O PAI, FICA O FILHO
QUEM FOI PARA PORTUGAL PERDEU O LUGAR: VAI O PAI, FICA O FILHO • 51
8.1. Independência ou morte ou O grito do Ipiranga, óleo sobre tela de Pedro Américo de Figueiredo
e Melo, 1888.*
52 • CADERNO DE ATIVIDADES
ATIVIDADES PROPOSTAS
8.2. Ilustrações extraídas do livro D. João Carioca: A corte portuguesa chega ao Brasil (1808-1821),
Lilia Moritz Schwarcz e Spacca, 2007.
1. Em função das demandas do jogo político estabelecido por d. João e da relativa boa
adaptação aos trópicos, a família real portuguesa governou seu império a partir do Brasil
de 1808 até 1821. Converse com os alunos para que leiam a parte inicial do capítulo
e respondam às questões abaixo:
QUEM FOI PARA PORTUGAL PERDEU O LUGAR: VAI O PAI, FICA O FILHO • 53
3. A Independência do Brasil é, de alguma maneira, um reflexo de realidades políticas tão
diversas quanto complexas, que possuíam alguns dos seus espelhos direcionados para
a colônia e tantos outros para Portugal. O contexto, marcado pelo fim da era napoleô-
nica e suas convenções diplomáticas posteriores, como as cortes de Cádiz e de Lisboa,
indicava, mais do que a independência de um novo país, outro modelo político para a
Europa e para o mundo. Escute e leia com os alunos estas estrofes do Hino da Indepen-
dência, com letra de Evaristo da Veiga e música do próprio d. Pedro, e, depois disso,
realize com eles as atividades abaixo discriminadas.
[…]
[…]
54 • CADERNO DE ATIVIDADES
discussão, peça a eles que escolham um episódio atual da nossa história e redijam um
panfleto. Em seguida, proponha aos alunos a leitura pública seguida de comentários.
Sugestão de material de apoio:
José Murilo de Carvalho, Lúcia Bastos e Marcello Basile (Orgs.). Às armas, cidadãos!:
Panfletos manuscritos da Independência do Brasil. São Paulo, Belo Horizonte: Compa-
nhia das Letras, Editora ufmg, 2012.
8.1. O mais famoso quadro sobre a 8.2. No quadrinho D. João Carioca, Spacca
Independência do Brasil foi concluído apenas destaca no desenho a grande diferença
nos anos de Pedro ii, no ocaso do Império entre d. João e d. Pedro. O primeiro, mais
brasileiro: em 1888. Vivendo um momento baixo e bonachão; o segundo, altivo e com
de crise, o monarca buscou recuperar a ar de galã de cinema.
magnitude do ato da emancipação e a figura
do pai, Pedro i, encomendando a Pedro
Américo (1834‑1905) — um dos seus artistas
protegidos e financiados pelo Estado — uma
cena engrandecedora. Nada corresponde à
realidade: as vestes de Pedro i e da corte, a
quantidade de gente, o riacho do Ipiranga
(devidamente aproximado), e até a colina mais
elevada, cuja inspiração veio de um quadro
de Ernest Meissonier, Batalha de Friedland,
em homenagem a Napoleão Bonaparte e
seu exército. Em nome da pátria, Américo
assassinou a geografia.
QUEM FOI PARA PORTUGAL PERDEU O LUGAR: VAI O PAI, FICA O FILHO • 55
9.
HABEMUS INDEPENDÊNCIA: INSTABILIDADE COMBINA COM
PRIMEIRO REINADO
56 • CADERNO DE ATIVIDADES
9.1. Coroação de d. Pedro I, óleo sobre tela de Jean‑Baptiste Debret, 1828.*
5o
título
Do Imperador.
capítulo i.
Do Poder Moderador.
58 • CADERNO DE ATIVIDADES
Por fim, depois da leitura, peça que expliquem a função do Poder Moderador, destacan-
do suas contradições com os modelos vigentes.
9.3. Panorama do tráfico de escravos no período de 1500-1900, David Eltis e David Richardson, 2010.
60 • CADERNO DE ATIVIDADES
5. Leopoldina, filha da Casa de Áustria, bem formada em ciências naturais e reconhecida-
mente curiosa e inteligente, teve papel fundamental na independência do país. A des-
peito disso, essa personagem não é reconhecida, ficando sempre à sombra do marido.
Tendo em vista essa situação recorrente, solicite aos alunos para elaborarem um texto
sobre o papel das mulheres na história do Brasil e as razões pelas quais seus feitos são
sempre descritos como dependentes das ações dos homens.
62 • CADERNO DE ATIVIDADES
10.1. D. Pedro II, Manuel de Araújo Porto‑Alegre, s.d.*
2. Imediatamente depois da abdicação de Pedro i, seu filho Pedro era apresentado aos
brasileiros. Debret — ele era primo e chefe de ateliê do artista francês Jacques-Louis
David, que pintava aquarelas e telas de teor oficial durante a era napoleônica — regis-
trou a ocasião, como já o fizera em outros momentos solenes. A partir da observação da
imagem 10.2. (imagem 68 do livro), converse com os alunos sobre qual era a relevância
desse registro e dessa cerimônia.
64 • CADERNO DE ATIVIDADES
3. A imagem legada pelo senso comum é que o assim chamado período regencial seria
apenas uma época marcada pela inadequação política e uma série de rebeliões de-
sorganizadas. Na verdade, se é certo que houve muitas crises políticas e sociais e os
regentes oscilavam entre a centralização e a descentralização, ao mesmo tempo esse foi
um período de muitos experimentos republicanos. Uma das polêmicas da época girou
em torno da Guarda Nacional.
66 • CADERNO DE ATIVIDADES
11.
SEGUNDO REINADO: ENFIM UMA NAÇÃO NOS TRÓPICOS
68 • CADERNO DE ATIVIDADES
ATIVIDADES PROPOSTAS
1. D. Pedro ii, coroado antes da hora, a partir de 1840 ocupou o trono de imperador do
Brasil. Suas imagens, quando menino, insistiam em afirmar, porém, sua maturidade. A
farda, a barba rala e o olhar firme, a altura mais elevada que a real; as medalhas e o con-
junto falavam muito mais do Império — que precisava parecer seguro e estável — que do
menino assustado diante do tamanho da sua tarefa. Estimule os alunos a observar a ima-
gem 10.1. (imagem 70 do livro) e proponha uma discussão sobre as seguintes questões:
por que essa linguagem era utilizada na produção e na veiculação da imagem de Pedro
ii? Quais benefícios esse tipo de simbolismo trazia ao seu governo? A discussão será
o ponto de partida de uma dissertação sobre o tema, a ser elaborada individualmente
pelos alunos, acerca da importância dos símbolos e rituais na construção de um Estado
e na afirmação do seu poder.
2. Entre as muitas imagens criadas sobre o imperador do Segundo Reinado do Brasil, uma
das mais recorrentes era a valorização da sua formação erudita — com certo exagero.
Tal fama deixava o segundo imperador em posição diretamente oposta à do seu pai,
Pedro i, tido oficialmente como inculto e intempestivo. Essa contraposição foi explora-
da pelo discurso oficial de inúmeras maneiras: Pedro ii tinha fama de filósofo, além da
curiosidade e da boa formação nos estudos clássicos; também conhecia vários idiomas,
e incentivou as artes — a pintura, a literatura, a poesia — e as ciências da sua época.
Nesse sentido, formule as seguintes questões junto com seus alunos:
a. Por que era importante criar a imagem e a memória do Segundo Reinado a partir da
oposição ao Primeiro Reinado?
b. Ao contrário do que acontecia no cenário europeu, a monarquia do Brasil ia bem,
sobretudo graças à entrada da economia do café. O que ocorreu na Europa monarquista
entre os anos 40 e 50 do século xix? Quais relações podem ser estabelecidas entre esse
cenário e o bom período de Pedro ii no Brasil, na mesma época?
Dispõe sobre as terras devolutas no Império, e acerca das que são possuídas por titu-
lo de sesmaria sem preenchimento das condições legais, bem como por simples titu-
lo de posse mansa e pacifica; e determina que, medidas e demarcadas as primeiras,
sejam elas cedidas a titulo oneroso, assim para empresas particulares, como para o
estabelecimento de colonias de nacionaes e de extrangeiros, autorizado o Governo a
promover a colonisação extrangeira na forma que se declara.
D. Pedro ii, por Graça de Deus e Unanime Acclamação dos Povos, Imperador Cons-
titucional e Defensor Perpetuo do Brasil: Fazemos saber a todos os Nossos Subditos,
que a Assembléa Geral Decretou, e Nós queremos a Lei seguinte:
Para dar uma ideia, de 1854 a 1858 foram construídas as primeiras linhas telegráfi-
cas e de navegação e as primeiras estradas de ferro, a iluminação a gás chegou às ci-
dades, e o número de escolas e de estabelecimentos de instrução começou a crescer.
Com o fim da aplicação no mercado negreiro, as importações também cresceram
57,2% no período de dois anos: uma grande notícia para um governo que vivia basi-
camente do imposto de importação.
5. O século xix ficou conhecido como o século das nações. Em consonância com o projeto
europeu, o Brasil passava a criar certo espírito nacional a partir da natureza e dos seus
naturais. Nada de mencionar a escravidão. Entretanto, se as demais nações se muniram
de um diálogo com a cultura do povo, por aqui o projeto foi bem mais palaciano e ligado
ao mecenato do rei. Por isso, o império pagaria para que historiadores fossem a museus
portugueses, escritores criassem épicos e pintores figurassem nos seus óleos a ideia de
unidade e identidade, tudo nos trópicos. Pintores, literatos, poetas, músicos, teatrólo-
gos, devidamente financiados pelo mecenato imperial, formariam um novo panteão de
fundação da cultura brasileira. Assim como o mecenato de Pedro ii, o indigenismo é
fruto desse projeto. Iracema, de José de Alencar, retratada por José Maria de Medeiros,
70 • CADERNO DE ATIVIDADES
é provavelmente um dos melhores exemplos: o indígena morreria para que a nação vin-
gasse. Observe com atenção a imagem 11.1. (imagem 74 do livro).
6. A tela de Victor Meirelles, A primeira missa no Brasil (imagem 72 do livro), ficou tão
famosa que hoje em dia ela se confunde com a realidade. No entanto, e na verdade,
quase tudo nela é do reino da ficção. Mais ainda: ela foi expressamente encomendada e
comissionada pelo Império para elevar o Segundo Reinado. Tendo esse tipo de questio-
namento em mente, pesquise quem era esse pintor, em que contexto e onde foi realizada
essa grande tela, avalie suas dimensões bem como procure saber quando e como foi
exposta. Essa será uma maneira divertida de entender como pinturas são documentos e
não meras ilustrações.
72 • CADERNO DE ATIVIDADES
12.1. De volta do
Paraguai, litografia
de Angelo Agostini,
ilustração da revista
Vida Fluminense,
1870.*
1. A Guerra do Paraguai, de início, parecia breve. Mas foi longa, violenta e cara ao Brasil,
gerando crises e críticas ao governo. As dívidas e o sangue derramado pela “tríplice
infâmia” atrapalharam os planos de lograr um Terceiro Reinado. A guerra abalou as rela-
ções com o Exército e também abriu caminho para o abolicionismo. Depois da abolição
nos Estados Unidos, Cuba e Brasil eram os únicos a admitir tal sistema.
a. Indicar as crises geradas pela guerra nas relações entre o Império e o Exército;
b. Pesquisar quem foi Angelo Agostini e discutir a importância e a contundência da
caricatura “De volta do Paraguai”, imagem 12.1. (imagem 77 do livro), considerando
as polêmicas da época acerca da presença e da liberdade lograda por ex-escravizados
que combateram na Guerra do Paraguai;
c. Identificar as consequências econômicas da Guerra do Paraguai para o Império do
Brasil.
3. A Lei Áurea, de 1888, acabava oficialmente com a escravidão no Brasil. Assinado pela
princesa Isabel, o decreto chama a atenção e desperta a curiosidade por alguns aspec-
tos: o texto curto, a assertividade breve, a falta de modelos que incluíssem a população
recém-liberta e até mesmo sua assinatura. Leia-a abaixo (disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM3353.htm>):
74 • CADERNO DE ATIVIDADES
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da
referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente
como nella se contém.
O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comercio e Obras Publicas e
interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho
de sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67o da Independência e
do Império.
Princeza Imperial Regente
a. Quais foram as várias leis que construíram e desenharam um lento e gradual processo
abolicionista? Por que as leis que punham fim à escravidão foram aplicadas com tantos
intervalos e de maneira tão conservadora?;
b. Quais impactos o fim da escravidão traria para as relações entre o Império e os pro-
prietários de terras?;
c. Qual foi a reação da população brasileira à abolição? Em que medida essa declara-
ção representava um projeto de continuidade do Império e, ao mesmo tempo, em que
medida acelerou seu fim?;
d. A Lei Áurea aboliu um sistema já extinto. Descreva um dos vários movimentos de
escravizados que haviam eclodido pelo país;
e. Quais foram as consequências da lei para os recém-libertos? Quais relações podem
ser estabelecidas entre a Lei Áurea e a situação atual dos descendentes de africanos?;
f. Por que ao final da abolição foram criadas teorias raciais no Brasil que determinam
“que os homens não são biologicamente iguais”?
4. Observe com os alunos a ilustração criada por Spacca e Lilia Moritz Schwarcz para a
capa da versão em quadrinhos do livro As barbas do imperador.
A ilustração mostra o momento em que Pedro ii quer tirar a coroa e vestir a cartola de ci-
dadão — ou quer manter tudo ao mesmo tempo —, comportamento que representa um
sério dilema vivenciado pelo imperador e, consequentemente, pelos seus governados
e governantes. Leia também com os alunos um trecho do diário de d. Pedro citado por
José Murilo de Carvalho na p. 77 do livro Pedro II — Ser ou não ser, da coleção Perfis
Brasileiros (Companhia das Letras):
76 • CADERNO DE ATIVIDADES
grandioso, o povo que observa a cena, a tropa uniformizada, até a geografia é alterada
unindo-se o morro e as margens do rio Ipiranga. A segunda (imagem 12.4. e 82 do
livro), por sua vez, procurou eternizar a proclamação da República, que oficialmente
punha fim à monarquia e expulsava Pedro ii e sua família do Brasil. A cena procura
mostrar uma aclamação popular à República, pacífica e unificada.
12.4. Proclamação da República no campo de Santana, óleo sobre tela de Eduardo de Sá, 1889.
Examine com os alunos cada uma dessas imagens e, depois, passe a compará-las bus-
cando analisar a forma escolhida para representar o evento histórico; observe quais são
as diferenças e semelhanças entre essas representações. Peça, ainda, que atentem para
a autoria das telas, a data de produção das pinturas, o contexto no qual foram criadas
e sua recepção. Na análise, levante com eles os fatos históricos que envolvem os dois
eventos e a maneira como foram representados. Depois de realizada “essa leitura das
78 • CADERNO DE ATIVIDADES
13.
A PRIMEIRA REPÚBLICA E O POVO NAS RUAS
80 • CADERNO DE ATIVIDADES
pública expandiu-se o fenômeno conhecido como “voto de cabresto” e co-
ronelismo, na sua correlação com o governo, configuração que a princípio
neutralizou a atuação desses novos grupos urbanos, limitando a participação
e o voto. Era um novo espetáculo nas ruas que se apresentava com imigran-
tes europeus, greves operárias e lutas por direitos.
A reação à novidade não ficou restrita apenas às cidades. Em distintas
regiões do país estouraram movimentos sociais (levantes da população rural
como Contestado, Juazeiro, Caldeirão, Pau de Colher e Canudos) que combi-
navam a questão agrária e a luta pela posse de terra com traços fortemente
religiosos. Abandonados por uma República que fazia da propriedade rural a
fonte do poder oligárquico, grupos de sertanejos buscaram transpor o abismo
que os separava da posse da terra, teceram relações inesperadas entre a histó-
ria e o milenarismo, e sonharam viver numa comunidade justa e harmônica.
Sobretudo em Canudos, que passaria a habitar o imaginário nacional, mas
também no Contestado, episódio menos conhecido por nós, a violência da
repressão estatal teve caráter exemplar.
Entre o final do século xix e a década de 1920, no século xx, ocorreu ain-
da o aparecimento de outros protagonistas na cena pública que passaram a
se contrapor aos interesses das elites regionais. Exemplo de manifestações
políticas da nascente classe média urbana foram o florianismo (entre 1893
e 1897) e as rebeliões tenentistas dos anos 1920 — que percorreram o país
de ponta a ponta. A eclosão de vários movimentos tenentistas na década de
1920 e a Coluna Prestes-Miguel Costa desestabilizaram ainda mais o frágil
equilíbrio da Primeira República. O colapso da bolsa de Nova York, em 1929,
e a severa crise mundial que se seguiu decretaram por fim o término da su-
premacia cafeeira nos negócios e na política do país.
No campo cultural, vários modernismos surgiram, revelando um movi-
mento plural que respondia à entrada de uma nova linguagem e visão do
Brasil. Mais ainda, o movimento incluía agora negros, mestiços, indígenas
na nova imagem do país. Os brasileiros se aprontavam para entrar de vez
no século xx, a partir de um papel comum, mas também singular dentro do
concerto das nações.
[…]
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós,
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz
82 • CADERNO DE ATIVIDADES
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, ovante, da Pátria no altar!
[…]
Analisar a primeira fase republicana, dirigida pelo marechal Deodoro da Fonseca e por
Floriano Peixoto, ambos militares. E responder às seguintes questões: por que os mili-
tares assumiram o poder com a República? Quais setores se uniram para dar o golpe?
Por que as autoras chamam de golpe a essa mudança de regime? O que seria um regime
verdadeiramente republicano?
3. No início do século xx, o Brasil era um país que misturava o novo — as cidades, as in-
dústrias, as novas tecnologias — com o velho — costumes, falta de participação social
e política, grande propriedade latifundiária. Também estava evidente que os projetos de
modernização alardeados pelo governo demorariam a ser realizados e eram profunda-
mente antipopulares. Bom exemplo foi o projeto do “bota-abaixo” (nos termos do escri-
tor Lima Barreto): conhecido como Reforma Pereira Passos, esse foi um amplo projeto
de reurbanização, que visava modernizar o centro do Rio de Janeiro, capital do Brasil
no início do século, expulsando a população pobre.
a. Comentar o que foi a Reforma Pereira Passos e por que se demoliram não só edi-
ficações como até mesmo morros, caso do Morro do Castelo. Procurar nos jornais de
época e na internet fotografias acerca da demolição de partes do Rio de Janeiro para a
construção de espaços “mais nobres”;
b. Concomitantemente à reformulação urbana, desenvolvia-se um projeto higienista
liderado por Oswaldo Cruz. O cientista foi logo aclamado — junto com Santos Dumont
— herói nacional, graças ao sucesso da vacinação pública contra a febre amarela. No
entanto, esqueceram-se de “avisar a população”. Juntos, a Reforma Pereira Passos e
o higienismo de Oswaldo Cruz representavam projetos de modernização vistosos e im-
portantes, mas também confirmavam sistemas de exclusão e preconceito. Comentar e
explicar esses projetos, destacando aspectos positivos e negativos;
c. A urbanização chegava para ficar. A despeito de a maior parte da população ainda
84 • CADERNO DE ATIVIDADES
13.4. Martírio de Tiradentes,
de Francisco Aurélio de
Figueiredo e Melo, 1893.
5. Solicite aos alunos que escolham três entre as muitas revoltas, greves, conflitos e “per-
turbações da ordem” ocorridos durante a Primeira República. Para cada uma, eles de-
vem analisar quem foram seus articuladores, o que pleiteavam e em que medida essas
reivindicações relacionavam-se à luta por direitos, pela extensão da cidadania e pela
inclusão social.
86 • CADERNO DE ATIVIDADES
14.
SAMBA, MALANDRAGEM E MUITO AUTORITARISMO NA GÊNESE
DO BRASIL MODERNO
88 • CADERNO DE ATIVIDADES
repressão não tardou. Em 1937, com o pretexto de sufocar uma inexisten-
te conspiração comunista, inventada por militares golpistas, Vargas fechou
o Congresso Nacional, outorgou uma nova Constituição e instalou uma di-
tadura simpática ao fascismo e de inspiração modernizante e pragmática.
Nenhum governo anterior a Vargas devotou mais esforços a tentar construir
um aparato próprio para se legitimar e difundir seu ideário político. A peça-
-chave que ligou o sistema e o fez funcionar foi concebida por ele, em 1939,
sob a forma de uma agência com gigantesco poder de interferência na área
de comunicação — o Departamento de Imprensa e Propaganda (dip). A agên-
cia interferiu em todas as áreas da cultura brasileira: censurou formas de ma-
nifestação artística e cultural; instrumentalizou compositores, jornalistas,
escritores e artistas; explorou o potencial da imprensa escrita e aproveitou o
impacto tecnológico operado pelos novos veículos de comunicação — rádio
e cinema — para propagandear as ações e iniciativas do governo.
Iniciada a Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas patrocinou uma nova
guinada. Se num primeiro momento apoiou o governo alemão, mais à frente
se viu obrigado a abandonar suas simpatias pelo nazifascismo. Os Estados
Unidos, que após a guerra se tornariam uma das duas superpotências mun-
diais — a outra seria a União Soviética —, intensificaram sua estratégia para
tentar o controle geopolítico das Américas, e buscaram a adesão, aos poucos,
do governo Vargas para a causa dos Aliados. O Brasil enviou 25 mil soldados
para combater as forças fascistas na Itália, em 1944, e cedeu bases aéreas no
Nordeste aos norte-americanos. Em troca, a ditadura recebeu empréstimos
que, entre outros investimentos em infraestrutura, possibilitaram a implan-
tação da siderurgia no país. O conflito mundial de 1939 a 1945 teve grandes
repercussões internas.
Desgastado pela longa permanência no poder, Getúlio acabou deposto
por um golpe militar em novembro de 1945. Mas ele voltaria. Poucos meses
depois da sua saída da presidência, elegeu-se senador e continuou a ser o
mais influente personagem político do país. Getúlio Vargas era mesmo mui-
tos e em vários sentidos.
1. Como ponto de partida para motivar os alunos a entender esse período repleto de per-
sonagens complexos, leia este excerto retirado da p. 356 do livro e depois peça que
discutam os itens abaixo.
[…] Júlio Prestes até podia ganhar nas urnas, rosnavam uns para os outros, mas Ge-
túlio venceria nas armas.
A alternativa de enveredar por uma solução armada não era fanfarronada dos jovens
líderes civis — ela contava com a firme adesão dos tenentes.
2. Todo movimento traz sempre consigo a oposição. Se era do interesse de uma grande
maioria acabar com a Política dos Governadores e terminar com a prevalência dos
estados de São Paulo e Minas Gerais sobre o resultado das eleições, obviamente não
houve apoio integral a esse projeto. Sobretudo São Paulo e sua rica elite cafeicultora
opuseram-se frontalmente a ele e fizeram o que foi possível para perturbar o governo de
90 • CADERNO DE ATIVIDADES
Getúlio Vargas. Foi com esse intento que os paulistas armaram a revolta de 1932. Sobre
o tema, proponha as seguintes indagações a seus alunos:
a. Nas palavras de Oswald de Andrade, “São Paulo é a locomotiva que puxa os va-
gões velhos e estragados da federação”. Qual a importância e os impactos disso para
o desenvolvimento da Revolução de 1932? Qual era o papel de São Paulo no cenário
nacional e nesse contexto?;
b. Interpretar a imagem14.2. (imagem 93 do livro) e explicar como se desenvolveu e
como acabou a guerra civil de 1932. Quais foram as estratégias de Vargas para norma-
lizar as divisões protagonizadas pelo estado de São Paulo?
3. O Estado Novo (1937-45) é conhecido como o período ditatorial de Getúlio Vargas. Di-
reitos suspensos, prisões em massa, controle sobre as publicações e informações atra-
vés do Departamento de Imprensa e Propaganda (dip) foram algumas das medidas de
controle e coerção política manejados pelo governo. O Estado Novo fazia referência ao
regime fascista de Salazar em Portugal e compartilhava alguns traços com o fascismo
europeu dos anos 1930. Sobre o período, apresente aos alunos a imagem abaixo 14.3.
(imagem 96 do livro) e peça a eles para analisarem as seguintes atividades:
4. Com Getúlio Vargas, o papel do Estado como mediador das relações de trabalho foi
implementado, e o Brasil reconheceu que os direitos sociais significavam o estabeleci-
mento da dignidade e da proteção que a sociedade devia ao trabalhador. Entre 1930
e 1945, Vargas implantou a legislação trabalhista e previdenciária brasileira — e, vale
lembrar, com tal competência que essa legislação só seria modificada, e mesmo assim
parcialmente, a partir de 1985. Mas, como toda estratégia política desenhada por Var-
gas, essa também tinha dois lados, e o preço a pagar por ela era a restrição da liberdade
política. Ou o trabalhador aceitava ser incorporado à sociedade pela tutela do Estado e,
para tanto, abria mão da sua ação sindical e política independente, ou assumia o risco
de ser sistematicamente perseguido pela polícia.
Solicite aos alunos que ouçam o samba “O bonde de São Januário”, de Wilson Batista,
mencionado em Brasil: Uma biografia e analisem sua letra refletindo sobre os direitos
sociais trabalhistas e a importância da canção popular no período. Peça ainda que pes-
quisem a história dessa música e sobre o compositor, pontuando a situação dos direitos
e da liberdade política à época.
5. No governo de Vargas, a cultura era entendida como um assunto de Estado. Por meio
do dip, além da censura, o governo interferiu em todas as áreas da cultura brasileira.
Um exemplo foi a criação de novos modelos de identidade nacional que visavam cele-
brar uma suposta — e estetizada — diversidade racial e cultural brasileira — ao sul do
Equador, nada é puro e tudo estaria misturado. Assim, a feijoada, o samba, a capoeira e
o candomblé foram inseridos na agenda das manifestações culturais agora “nacionais”.
A partir dessa questão, introduza junto à turma as seguintes atividades:
92 • CADERNO DE ATIVIDADES
a. Identificar o interesse varguista na criação desse modelo e analisar por que mestiça-
gem pode ser identificada como mistura, mas também separação e hierarquia;
b. A aliança do Brasil com os Estados Unidos, na segunda fase da Segunda Guerra
Mundial, colaborou para a criação do modelo do novo Brasil. O personagem Zé Carioca,
de Walt Disney, criado a partir da visita do produtor ao Rio de Janeiro, fruto da políti-
ca de boa vizinhança de Roosevelt, contribuiu para formar um modelo de identidade
divulgado dentro e fora do Brasil. Assistir ao filme Alô, amigos ou Você já foi à Bahia?,
analisando o papel dos diferentes personagens nele presentes e tendo em vista o con-
texto em que foram criados;
c. Pesquisar os temas abordados pelos principais intelectuais do período — como Gil-
berto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr., considerados os três primei-
ros grandes intérpretes do país.
94 • CADERNO DE ATIVIDADES
15.1. A juventude brasileira em frente ao Palácio Tiradentes, fotografia de autor desconhecido, 1941.*
a. A foto acima representa a grande marca do governo de Dutra no Brasil e sua aposta
de fortalecimento de relações com os Estados Unidos. Qual era esse projeto? Quais as
relações que podem ser estabelecidas entre esse projeto e o governo Vargas?;
b. No início de 1945, caía o Estado Novo, mas crescia o prestígio popular de Getúlio,
que se expressava sobretudo no “queremismo”. Quais eram as bases desse movimento?
Qual foi seu papel e quais as influências de Vargas no período?
2. No subcapítulo “De volta ao Catete”, as autoras citam a seguinte frase emitida por
Carlos Lacerda, grande inimigo político de Vargas: “O sr. Getúlio Vargas, senador, não
deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar
96 • CADERNO DE ATIVIDADES
posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar” (p. 401).
O trecho é apenas um exemplo da oposição cada vez mais radical e intransigente que o
presidente Getúlio Vargas iria enfrentar no seu regresso ao Catete, agora nos braços do
povo. Tendo esse contexto complexo em mente, peça aos alunos que respondam:
4. No final de 1951, Getúlio enviou ao Congresso o projeto de lei que fixaria, no imaginá-
rio nacional, a convicção de que seu programa político tinha, de fato, a pretensão de
garantir a independência do país através do desenvolvimento econômico autônomo — a
criação da Petrobras. A Campanha do Petróleo assumiu o formato de grande mobiliza-
ção cívica em defesa das riquezas nacionais, reuniu setores muito amplos da sociedade
em torno do slogan “O petróleo é nosso!” e contribuiu para amadurecer entre os brasi-
leiros o sentimento de soberania nacional. Com seus erros e acertos, o governo Vargas
pôs em cena, pela primeira vez, de forma nítida, o embate entre projetos distintos de
modernização do país. Esses projetos entendiam de maneira oposta as funções do Es-
tado, apresentavam leituras diferentes da realidade e em torno deles toda a sociedade
brasileira iria se dividir dramaticamente no decorrer das décadas seguintes. Proponha
uma discussão na classe sobre esses projetos, debatendo a imagem 15.3. (imagem 99
do livro) e estabelecendo paralelos com o projeto nacional-desenvolvimentista de Vargas
entre 1951-4.
A partir da leitura desse documento histórico, que marcou não só o derradeiro instante
do governo de Vargas, mas também a memória dos brasileiros, e uma verdadeira guina-
da política, proponha um debate com os alunos acerca das seguintes perguntas:
a. Quais foram os últimos fatos que evidenciaram a insustentável crise vivida pelo go-
verno Vargas?;
98 • CADERNO DE ATIVIDADES
b. Explicar os trechos destacados no texto analisando seu possível significado no con-
texto em que a carta foi escrita;
c. Fazer um levantamento sobre as charges criadas em torno da figura de Vargas e mos-
trar como o humor procurava aproximar o presidente da população;
d. Realizar uma pesquisa sobre a música popular na época de Vargas, procurando iden-
tificar nas canções referências dos processos de modernização do país. Investigar a obra
de artistas como Pixinguinha, Noel Rosa, Ataulfo Alves, entre outros.
15.1. O Desfile da Juventude reuniu, por 15.3. Em 1953, Getúlio Vargas aprovou a lei
dez anos, jovens entre onze e dezoito anos. de criação da Petrobras — a empresa que iria
Os meninos deveriam se apresentar com simbolizar, dali em diante, a independência
uniforme de educação física, e as meninas, do país através do desenvolvimento econômico
cobertas por blusas e túnicas. A proliferação autônomo. A defesa do monopólio da
das manifestações cívicas durante o Estado exploração do petróleo pelo Estado empolgou
Novo tinha como objetivo produzir a imagem as ruas e se transformou num dos maiores
de uma nação coesa, organizada em torno movimentos cívicos da história do Brasil pela
da figura do líder, Getúlio Vargas. Na foto, a preservação das riquezas nacionais.
monumentalidade das colunas e o gigantesco
painel com a imagem de Vargas evocam a
cenografia do fascismo.
O levante de Jacareacanga não durou vinte dias — antes do final de fevereiro a rebe-
lião estava liquidada. Contudo, o episódio era indicativo do alto grau de instabilidade
política do país. O presidente que os oficiais da Aeronáutica queriam derrubar fora
empossado no cargo havia menos de um mês: Juscelino Kubitschek.
Proponha uma discussão com a turma sobre a maneira como se apresentava essa si-
tuação de desequilíbrio político no país. Também discuta com os alunos a aproximação
de Juscelino com as forças militares: quais os motivos dessa aproximação? Quais suas
consequências?
3. Artistas como Tom Jobim, João Gilberto, Vinicius de Moraes, entre outros, mudaram
os rumos da produção artística brasileira. Desafinando de maneira afinada os “novos
tempos”, a Bossa Nova era uma linguagem e um movimento musical que conquistou
o Brasil e o mundo. Mas não foi apenas a produção musical que ganhou novo fôlego.
Com base na leitura do subcapítulo “Procura-se o povo brasileiro” (pp. 417-28), solici-
te aos alunos que façam pesquisas sobre a produção cultural do período, em especial
sobre a Bossa Nova, o Cinema Novo, o projeto arquitetônico e urbanístico de Brasília e
sua construção, as chanchadas, o teatro. A turma pode ser dividida em grupos, ficando
cada grupo encarregado de investigar um aspecto dessa produção. Ao final, podem ser
montados painéis para a exposição conjunta e paralela das pesquisas.
5. Com a renúncia de Jânio, o vice-presidente João Goulart deveria assumir o poder; con-
tudo, os ministros militares deram uma cartada política. Apostaram numa espécie de
golpe constitucional, de baixo custo para as Forças Armadas: intimidar o Congresso
para que os parlamentares declarassem o impedimento de Goulart. Peça aos alunos que
respondam às questões abaixo:
16.1. Em 1953, Getúlio Vargas aprovou a lei 16.3. Em 1956, no Rio de Janeiro, Tom Jobim e
de criação da Petrobras — a empresa que iria Vinicius de Moraes — o poeta que encaminhou
simbolizar, dali em diante, a independência do sua poesia do livro para a canção popular —
país através do desenvolvimento econômico estavam a um passo da Bossa Nova: a peça
autônomo. A defesa do monopólio da Orfeu da Conceição estreou em setembro de
exploração do petróleo pelo Estado empolgou 1956, no Teatro Municipal, no Rio de Janeiro,
as ruas e se transformou num dos maiores com repertório musical que redescobria o
movimentos cívicos da história do Brasil pela samba, a valsa, a modinha e explorava as
preservação das riquezas nacionais.
possibilidades de recriações e de simplificações
de ritmo. A canção mais famosa da dupla,
16.2. “Voava com qualquer tempo e pousava porém, “Garota de Ipanema”, só seria
em qualquer campo.” Juscelino Kubitschek composta em 1962. Mas com ela, a Bossa Nova
não perdia tempo: precisava tocar o Plano conquistou o mundo.
de Metas, construir Brasília e fazer o Brasil
avançar “cinquenta anos em cinco”, no rumo
da modernidade. E era bom de marketing. Nas
fotos oficiais ele aparecia sempre circundado
por seus tantos feitos: neste caso, a bordo de
um automóvel saindo da fábrica com 50% de
peças nacionais.
tituição de 1946 caiu no dia seguinte. João Goulart partiu para o exílio. Em
11 de abril, o general Castelo Branco foi eleito presidente da República por
um Congresso Nacional mutilado. Quem estava nas listas de “esquerdistas”
e “comunistas” e não conseguiu fugir para o exterior foi preso ou teve que
se esconder. Dezenas de milhares de detenções, cassações, demissões e tor-
turas foram registradas antes do final do ano. Começavam duas décadas de
ditadura militar.
Foram 21 anos de ditadura. A política partidária e parlamentar ficou res-
trita a dois partidos: a Arena, agremiação oficial, e o mdb, a oposição que os
militares imaginavam que se comportaria apenas como a oposição consenti-
da pelo governo — e, nesse caso, estavam enganados. Embora o pib tenha se
multiplicado com o “milagre econômico” implementado pela mão de ferro
dos militares e seus burocratas, e apesar da milionária propaganda ufanis-
ta, as desigualdades sociais se acirraram num país repartido entre regiões
avançadas e regiões muitíssimo atrasadas onde havia fome, miséria absolu-
ta, baixa expectativa de vida e alta taxa de mortalidade infantil. A violação
sistemática dos direitos humanos de opositores e dissidentes foi executada
por uma máquina estatal de extermínio construída pelos militares. Por outro
lado, surgiram vários focos de oposição direta ao governo dos militares — es-
tudantes, religiosos, artistas, intelectuais, organizações de esquerda armada.
Uma parte do mundo da cultura inventou estratégias para resistir: na canção
popular, no teatro, na literatura, no cinema, nas artes plásticas.
1. João Goulart, popularmente conhecido como Jango, foi o herdeiro político de Vargas.
Tinha um projeto de reformas para o país de viés distributivo de renda e vocação social-
mente inclusiva. Mas a instabilidade política e administrativa do seu governo era gran-
de. Havia paralisia decisória no Executivo, ausência de uma sólida maioria parlamentar
e radicalização das forças políticas. Também se consolidara uma frente de oposição ao
governo, com capacidade de mobilização e composição social heterogênea. Com base
na leitura do capítulo, solicite aos alunos as seguintes atividades:
a. Comentar o percurso político de Jango desde a renúncia de Jânio Quadros até sua pos-
se como presidente. Destacar as alterações, adaptações e oposições formadas no período;
b. Tendo em mente as reformas de base, comentar os fatores que levaram ao golpe
militar de 1964.
2. Leia com os alunos o trecho do ato institucional no 1, de 1964 (disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/AIT/ait-01-64.htm>):
[…] É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir
ao Brasil uma nova perspectiva sobre seu futuro. O que houve e continuará a haver
neste momento, não só no espírito e no comportamento das classes armadas, como
na opinião pública nacional, é uma autêntica revolução.
A partir desse texto e da leitura do capítulo, peça aos alunos que diferenciem os termos
“revolução” e “golpe”. Em seguida, solicite que tracem um panorama do desenvolvi-
3. A imagem 17.1. (imagem 120 do livro) mostra um general, presidente do Brasil durante
a ditadura militar, sob a grandeza de uma bandeira que parece estar de “luto”. Propo-
nha aos alunos as seguintes atividades:
4. Leia com os alunos o trecho do ato institucional no 5, de 1968 (disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/AIT/ait-05-68.htm>):
O ai-5 era uma ferramenta de intimidação pelo medo, não tinha prazo de vigência e
seria empregado pela ditadura contra a oposição e a discordância. Depois da leitura do
capítulo e do trecho acima, proponha uma discussão com a turma a partir da pergunta:
em que medida as regras do jogo mudaram e pioraram com esse ato?
5. Geraldo Vandré, Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Caetano Veloso e tantos outros
fizeram parte de uma geração genial de cantores e intérpretes do Brasil. Há também
uma série de teatrólogos, artistas plásticos e cineastas que se opuseram frontalmen-
te ao novo regime. Como a censura procurava suprimir qualquer tipo de contestação
produzida no campo da cultura, do pensamento e das ideias, muito do que disseram,
pintaram ou cantaram representava uma estratégia para criticar a ditadura e burlar a
censura. Proponha à turma as atividades a seguir:
NO CAMINHO DA DEMOCRACIA: A TRANSIÇÃO PARA O PODER CIVIL E AS AMBIGUIDADES E HERANÇAS DA DITADURA MILITAR • 111
ciais diretas desde 1960. Collor tinha dinheiro, propaganda e mídia. Eleito,
tomou medidas altamente impopulares, como o confisco da poupança e dos
depósitos bancários da população — na época, 80% do dinheiro saiu de circu-
lação. Mas seu plano se revelaria frágil. Tinha um forte componente volun-
tarista, e o pacote de reformas anunciadas pelo governo — fiscal, bancária,
patrimonial — não poderia ser feito por decreto. Collor perdeu. Dez meses
depois, a inflação estava de volta, a crise econômica tornara-se endêmica e
as lutas por reajustes salariais explodiam em todo o país. Já fragilizado e des-
moralizado, não resistiu a um processo de impeachment detonado por um
escândalo de corrupção e renunciou. O interlúdio do governo Itamar Franco,
vice-presidente que assumiu o Planalto, foi marcado pela implantação do
Plano Real. Finalmente o país conseguia controlar a inflação. O ministro da
Fazenda de Itamar, Fernando Henrique Cardoso, uma das principais lideran-
ças do psdb (partido criado em 1988 como dissidência do pmdb), foi eleito em
primeiro turno no pleito de 1994, façanha repetida em 1998.
O Plano Real estabilizou a moeda — firmou a base por onde uma agenda
democrática poderá caminhar. Nos vinte anos que se seguiram ao governo
Itamar Franco, o Brasil teve três presidentes eleitos cada um deles por dois
mandatos consecutivos: Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff
ainda em exercício. Também introduziu na agenda democrática a luta contra
a desigualdade social, mas não a consumou — e a tarefa não será fácil.
Nos seus dois mandatos e oito anos como presidente, Fernando Henrique
Cardoso — que governou de 1995 a 2002 — obteve sucesso na luta contra a
inflação e assumiu o saneamento financeiro possibilitado pelo Plano Real — o
país pôde crescer. Seu governo destacou-se também na reforma de Estado. O
governo fhc implementou o primeiro programa de distribuição direta de ren-
da, o Bolsa Escola. Também se destacou por suas ações no campo social, e espe-
cialmente pelos projetos pioneiros comandados pela esposa do presidente, a
antropóloga Ruth Cardoso, e voltados para o atendimento à população pobre.
Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, as classes populares
entraram para valer na disputa pela alternância de poder. Sem rupturas com
a ordem democrática, chegou à presidência da República um homem de ex-
tração popular, que veio criança para São Paulo. Além do mais, o novo presi-
dente era um líder de esquerda, originário do mundo operário e sindical, e
ganharia a eleição à frente de um partido de trabalhadores que ele próprio
ajudou a criar, na difícil conjuntura do final dos anos 1970. A partir de 2003,
o Brasil assistiu a uma ampliação democrática da república. As grandes mar-
cas dos dois governos de Lula foram o combate à miséria, a redução da pobre-
za, a diminuição da desigualdade e a expansão da inclusão social.
Hora de abrir um novo capítulo republicano e cidadão para o nosso país.
2. Na noite em que Tancredo Neves foi eleito presidente da República pelo Colégio Elei-
toral acontecia, em Jacarepaguá, no subúrbio do Rio de Janeiro, a primeira edição do
“Rock in Rio”. O festival tinha duração de dez dias, estava instalado num terreno de
250 mil metros quadrados batizado de “Cidade do Rock” e reunia, pela primeira vez
no Brasil, uma constelação de artistas de renome internacional — James Taylor, Queen,
Nina Hagen, Yes, Iron Maiden, ac/dc — com alguns dos conjuntos nacionais que co-
meçavam a subverter nossa cena musical: Blitz, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha e
os Abóboras Selvagens, Barão Vermelho. Nessa noite, a atenção dos roqueiros estava
concentrada em Brasília. Eduardo Dusek entrou no palco gritando “Muda, Brasil!” em
cima de uma lambreta, e os integrantes da banda Kid Abelha e os Abóboras Selvagens
anunciavam o início “do primeiro show da história da democracia brasileira”. Nessa
mesma noite, Cazuza, enrolado na bandeira nacional, alterou a letra da canção “Pro dia
nascer feliz” para “Pro Brasil nascer feliz” e encerrou a apresentação da sua banda,
Barão Vermelho, saudando a vitória de Tancredo Neves: “Que o dia nasça lindo para
todo mundo amanhã, com um Brasil novo, uma rapaziada esperta. Valeu!”. Peça aos
alunos para realizarem as atividades propostas:
NO CAMINHO DA DEMOCRACIA: A TRANSIÇÃO PARA O PODER CIVIL E AS AMBIGUIDADES E HERANÇAS DA DITADURA MILITAR • 113
forme mostram as autoras, com sua promulgação teve início um período consistente e
duradouro de vigência das liberdades públicas e de solidez das instituições democráti-
cas. Leia com os alunos o trecho inicial desse documento (disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>):
ii — a cidadania;
v — o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de represen-
tantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2o — São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,
o Executivo e o Judiciário.
Art. 3o — Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
i — construir uma sociedade livre, justa e solidária;
ciais e regionais;
iv — promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
a. Pesquisar na internet vídeos do debate entre Collor e Lula, transmitido pela Rede
Globo de Televisão em 1989. Avaliar a participação dos candidatos e analisar a estra-
tégia de Collor;
b. Apesar de todo o barulho que provocou, Collor e seus planos econômicos não garan-
tiram nem aceleraram o desenvolvimento, muito menos controlaram a inflação. Buscar
na internet: “comerciais de televisão na época da inflação”. Comparar os preços com os
de hoje e explicar como o Plano Brasil Novo pretendia resolver o problema econômico;
c. Explicar a derrubada de Collor e analisar o movimento dos “caras-pintadas”.
Fica a sugestão do filme Terra estrangeira, de Walter Moreira Salles.
5. Sobre os governos mais recentes da democracia brasileira, peça aos alunos que avaliem:
6. Como explicam as autoras, se o país deseja começar um novo capítulo na sua história
democrática e cidadã, o presente é o seu principal desafio: por qual caminho seguirá
o Brasil daqui em diante? É possível arriscar diferentes cenários? Com qual agenda os
brasileiros vão enfrentar o futuro?
8. Proponha trabalhos sobre a nova agenda dos direitos civis — o direito à diferença na
igualdade. Divida a turma e peça para que os grupos pesquisem diferentes movimentos
sociais: lgbts, feminismo, movimento negro, movimentos indígenas, partidos verdes.
Organize os grupos para apresentarem os respectivos trabalhos para a sala e debaterem
em conjunto. Monte uma arena — uma espécie de pólis — em que alguns “defendam”
as questões e outros as “ataquem”.
NO CAMINHO DA DEMOCRACIA: A TRANSIÇÃO PARA O PODER CIVIL E AS AMBIGUIDADES E HERANÇAS DA DITADURA MILITAR • 115
9. Novas vozes têm eclodido no Brasil: são as vozes das comunidades, das periferias, dos
subúrbios, das quebradas, dos guetos. Faça uma pesquisa e busque literatos, pintores,
políticos e músicos que representem esses novos grupos ascendentes.
CONCLUSÃO • 117
19.1. Manifestações de junho de 2013, fotografia de Rafael S. Fabres, Rio de Janeiro.*
1. Peça que os alunos pesquisem nos jornais os grandes escândalos que tomaram a agenda
do Brasil nos anos de 2014, 2015 e 2016.
2. Discuta com eles o conceito de corrupção de uma maneira histórica. Depois disso,
divida-os em grupos e desafie-os para que pesquisem diferentes formas de corrupção
existentes no país, no passado e no presente.
CONCLUSÃO • 119
CONCEITOS
COM QUANTOS CONCEITOS SE FAZ UMA BIOGRAFIA DO BRASIL*
Abraços,
heloisa e lilia
i. república e republicanismo
* Não deixe de conhecer o vídeo em que as autoras debatem esses conceitos no link: <http://bit.ly/videosbrasilumabiografia>.
iii. cidadania
iv. identidade
v. preconceito racial
vii. memória
ÉRICO MELO
Nasceu em Goiás, em 1977. É doutor em literatura brasileira pela Universidade de
São Paulo. Redator, tradutor e revisor, atualmente desenvolve na usp uma pesquisa
de pós-doutorado sobre a geografia do romance brasileiro no século xx.
Todos os esforços foram feitos para determinar a origem das imagens publicadas
neste livro, porém isso nem sempre foi possível. Teremos prazer em creditar as fontes,
caso se manifestem.
Capa e p. 4: Início da concretagem da cúpula do Senado pp. 22 e 36: Batalha dos Guararapes, óleo sobre tela de
Federal. p&b, papel de gelatina e prata, Marcel Gau- autor desconhecido, 1758, formato 122 × 217 cm.
therot, c. 1958, Brasília. Acervo Instituto Moreira Fotografia de Rômulo Fialdini. Museu Histórico Na-
Salles, Rio de Janeiro. cional, Rio de Janeiro.
p. 1: Memória das Armadas que de Portugal passaram à p. 23: Pressoir à sucre au Brésil, nanquim aguada preta
Índia… ou Livro das Armadas da Índia, autor desco- sobre lápis de Frans Post, c. 1637-44, formato 14,3 ×
nhecido, c. 1497-1640, manuscritos da Livraria, 28,2 cm. Museu Real de Belas-Artes, Bruxelas.
n. 319, 146 f. Academia das Ciências de Lisboa, Lisboa.
p. 31: Nossa Senhora do Rosário, autor desconhecido,
p. 6: Escravos em terreiro de uma fazenda de café, Vale do séc. XVIII, formato 71 × 202 cm. Museu da Inconfi-
Paraíba, fotografia de Marc Ferrez, c. 1882, formato dência, Ouro Preto.
28,7 × 36 cm. Acervo Instituto Moreira Salles, Rio
de Janeiro. p. 38: Visão de Tiradentes ou O sonho de liberdade, óleo
sobre tela de Antônio Parreiras, 1926, formato 65 ×
p. 13: “América”, gravura colorida à mão reproduzida 129,9 cm. Estudo para a decoração do Conservatório
no Grande Atlas de Johannes Blaeu, 1662, formato de Música de Belo Horizonte. Reprodução fotográfi-
25,2 × 38,2 cm. Brasiliana Itaú, São Paulo. ca de Wilkie Buzatti e Rafael da Cruz Alves. Univer-
sidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
p. 15: Imagem do Novo Mundo, xilogravura aquarelada
à mão de Johann Froschauer, c. 1505, publicada em p. 41: S. M. El-Rei d. João VI de Portugal e toda a família
Mundus Novus, de Américo Vespúcio, formato 22 × real embarcando para o Brasil no cais de Belém, em 27 de
33 cm. Biblioteca Pública de Nova York, Nova York. novembro de 1807, autor desconhecido, gravura, for-
mato 11,5 × 16,4 cm. Fundação Biblioteca Nacional,
p. 16: Gravura retirada do livro Duas viagens ao Bra- Rio de Janeiro.
sil, de Hans Staden, publicado por Andres Colben.
Marburgo, Alemanha, 1557. Fundação Biblioteca p. 42: Sir William Sidney Smith (1764-1840) Adimiral, at Acre,
Nacional, Rio de Janeiro.
gravura de John Eckstein, 1808, formato 39 × 60,40
cm. © UK Government Art Collection, Londres.
p. 16: Mulheres e crianças da tribo tomam mingau feito
com as tripas do prisioneiro sacrificado, Théodore de
p. 43: Alegoria da vinda de d. João, desenho a nanquim
Bry, 1592. Acervo Biblioteca Mário de Andrade, São
aguada de I. A. Marques, s.d., formato 49 × 66 cm.
Paulo.
Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
pp. 52 e 77: Independência ou morte ou O grito do Ipiran- p. 85: Martírio de Tiradentes, óleo sobre tela de Francis-
ga, óleo sobre tela de Pedro Américo de Figueiredo co Aurélio de Figueiredo e Melo, 1893, formato 57
e Melo, 1888, formato 415 × 760 cm. Museu Paulis- × 45 cm. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.
ta da usp, São Paulo.
pp. 84 e 88: “Manifesto antropófago”, de Oswald de
p. 53: Ilustrações do livro d. João Carioca — A corte Andrade. Revista de Antropofagia, maio de 1928, ano
portuguesa chega ao Brasil (1808-1821), Lilia Moritz 1, nº 1. Oswald de Andrade/ Tarsila do Amaral/ Bi-
Schwarcz e Spacca. Companhia das Letras, 2007, blioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, São Paulo.
p. 74. Ilustrações de Spacca/ Quadrinhos na Cia.
p. 90: Panfleto “Tudo por São Paulo!”, 1932. Arquivo
p. 59: Retratos do rei d. João VI e do imperador d. Pedro I, li- Público Mineiro, Belo Horizonte.
tografia sobre papel de Jean-Baptiste Debret, 1839,
formato 32 × 23 cm. Acervo da Pinacoteca do Esta- pp. 91 e 95: A juventude brasileira em frente ao Pa-
do de São Paulo, São Paulo. lácio Tiradentes, fotografia de autor desconhecido,
1941. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro.
p. 60: Panorama do tráfico de escravos no período de
p. 92: Cartaz do filme The three caballeros com Pato Do-
1500-1900. David Eltis e David Richardson, Atlas of
nald, Panchito, Zé Carioca, Aurora Miranda, de José
the Transatlantic Slave Trade, 2010. Yale University
Oliveira, 1944. Everett Collection/ Fotoarena.
Press, New Haven.
p. 76: Imagem de capa do livro As barbas do Imperador p. 111: O jogador Sócrates vestiu a camisa, fotografia de
— D. Pedro II, a história de um monarca em quadrinhos, Jorge Araújo, 14 de dezembro de 1983, formato 38 ×
Lilia Moritz Schwarcz e Spacca. Companhia das Le- 25 cm, negativo sp 09228-1983. Folhapress, São Paulo.
tras, 2014. Ilustração de Spacca/ Quadrinhos na Cia.
p. 118: Manifestações de junho de 2013, fotografia de
Rafael S. Fabres. Rio de Janeiro, Getty Images, São
Paulo.
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90 g/m², da Suzano Papel e Celulose, produzido a partir de florestas renováveis de eucalipto.
Cada árvore utilizada foi plantada para este fim.
Impressão
prol editora gráfica
isbn 978-85-359-2735-1
[2016]
Todos os direitos desta edição reservados à
editora schwarcz s.a.