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Adaptado da

NUOVA GRAMMATICA ITALIANA. Bolonha: Editora Zanichelli, 1997.

Linguagem e Linguagens

A linguagem é o conjunto dos fenômenos de comunicação e de expressão que


se manifestam seja no mundo humano ou fora dele. Além da linguagem verbal
humana, existem também as linguagens artificiais criadas pela humanidade e as
linguagens animais.
Em relação a essas últimas, citemos alguns exemplos curiosos. Os pássaros
comunicam-se por meio de vocalizações. As abelhas “falam” entre si mediante um tipo
de dança. Os macacos usam gestos e articulações vocais. Muitas espécies animais
comunicam-se entre si conformando de diversos modos o corpo. Algumas espécies de
peixe comunicam-se emitindo determinadas substâncias químicas.
Os estudiosos reconhecem a superioridade da linguagem com sons articulados:
os sons podem ser transmitidos a distância, superando obstáculos físicos; pode ser
usado na ausência de luminosidade; em geral, comparando-se com outras linguagens,
apresenta uma maior variedade de realizações; é ensinado talvez com maior
dificuldade, mas sem dúvida rendendo maiores vantagens (os jogos de repetição
imitativa executados pelas crianças desde os primeiros meses de vida são de grande
proveito para esta “educação sonora”).
As linguagens animais têm finalidades um tanto quanto elementares: abrangem
as chamadas marcas de território (advertências a outros animais de não ultrapassarem
certos confins), os alarmes, os chamamentos, a corte, o jogo. Até poucos anos atrás, os
linguistas estavam convencidos de que houvesse uma divisão estanque entre a
linguagem humana e as linguagens dos animais. Agora, entretanto, tendem a ver uma
série de relações e uma continuidade entre os dois domínios: várias características
tidas no passado como exclusiva da linguagem humana encontram-se na realidade,
ainda que com formas e modalidades diversas, também nas linguagens animais e nas
artificiais.
Ao mesmo tempo, é necessário recordar que a humanidade, além de uma
linguagem verbal complexa, rica e potente, também possui linguagens não verbais:
- os gestos, os movimentos do corpo, as expressões do rosto, as atitudes em geral das
pessoas representam os chamados comportamentos cinéticos (do grego kinetikós,
“que se move’);
- os tons da voz, as interrupções, os suspiros, o choro, o bocejar são aspetos da
paralinguagem: trata-se de um conjunto de comportamentos que, sozinhos ou
acompanhando a linguagem verbal, servem para expressar o que se sente;
- o uso do espaço e a relação espacial entre os indivíduos (a uma autoridade se dá uma
sala de trabalho, uma escrivaninha, um espaço “público” maior; o respeito impõe
distância e a intimidade/confiança permitem a proximidade);
- o uso de artefatos, como roupas ou cosméticos (a cor de um vestido, um certo tipo
de gravata, um perfume particular “falam”, em certas ocasiões, muito mais do que as
palavras.
Em sentido próprio, a linguagem distingue-se da língua. A língua é o modo
concreto e historicamente determinado em que se manifesta a faculdade da
linguagem.
O italiano, o francês, o inglês, todas as línguas do mundo são chamadas de
línguas histórico-naturais. São entendidas como históricas porque têm uma história na
qual atuam os falantes de tais línguas. São chamadas de naturais em contraposição às
linguagens artificiais: o sistema de sinais de trânsito, o código Morse, a linguagem da
lógica, a linguagem da matemática, etc. Com relação às linguagens artificiais, as línguas
histórico-naturais demonstram maior complexidade, riqueza e potência.

Os signos e o Código
O signo é alguma coisa que está no lugar de outra coisa.
Uma coluna de fumaça é sinal de incêndio; um bom cheiro que vem da cozinha
é sinal de comida boa; a luz vermelha do semáforo e sinal que obriga que se pare; uma
série de números e letras pode sinalizar um teorema; a palavra cavalo é o signo do
significado ‘cavalo’. A ciência que estuda os signos é a semiótica (do grego semeion,
signo).
Uma primeira distinção a se fazer é aquela entre signos naturais (também
chamados de índices) e signos artificiais. Os signos naturais são estreitamente ligados
aos seus respectivos significados: fumaça indica fogo, assim como o rosto ficar
ruborescido indica vergonha. Já os signos artificiais são arbitrários: para indicar o pare
mediante o semáforo poderia ter sido escolhida qualquer cor, e não necessariamente
o vermelho; para indicar as letras do alfabeto poderíamos ter signos diversos do que
dispomos. Os signos arbitrários são, portanto, convencionais.

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