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A ideia que inspirou a criação

desta obra é a certeza de que, ob-


servando as regularidades com -
GRAMATICA COMPARATIVA
que se estabelecem diferenças
entre linguas de mesma origem,
HOUAISS QUATRO
~ - LÍNGUAS
o usuário nativo de uma delas se ROMANICAS
torne capaz de entender as outras.
A Gramática Comparativa Houaiss
serve de guia para o processo de
compreensão das quatro línguas
românicas mais faladas: portu-
guês, espanhol, italiano e francês.
Trata-se, em primeiro lugar,
de compreender e não de falar ou
escrever. Assim, o leitor que já fala
e escreve o português poderá ad-
quirir, com facilidade e por empe-
nho autodidata, em espanhol, em
italiano e em francês, competência
suficiente para a leitura de textos
simples e, numa segunda etapa,
entender enunciados orais. O ob-
jetivo é permitir que os falantes de
cada uma das quatro línguas esta-
beleçam uma comunicação entre
si sem precisar recorrer a uma ter-
ceira lingua.
A intercompreensão é um ins-
trumento de resistência ao nivela-
mento cultural e à dominação de
algumas línguas sobre as demais. É
uma forma de integrar-nos no uni-
verso da globalização sem prejuízo
do patrimônio linguístico que,acu-
mulado historicamente, traduz a
identidade cultural.
GRAMÃTICA COMPARATIVA
HOUAISS OUATRO
- LÍNGUAS
ROMÂNICAS
I
I
I
I I
'
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; ·.~~

I I

'
I

Obra elaborada por uma equipe de romanistas,


Volume em português redigido e organizado por:

Ana Maria Brito


Universidade do Porto, Portugal

Birger Lohse
Universidade de Copenhagen. Dinamarca

Godofredo de Oliveira Neto


Un iversidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

José Carlos de Azeredo


Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
A mem6ria de
.Im•gen Schmitt .Jensen t
Coordenador-Gera] do Projeto L J
HOUAISS
PUBUFOtHA
Instituto Antônio Houaiss
Coordenação editorial
Rodrigo Vi/lar
Projeto gr:ífico
Susan Jolmson
Editoraçüo eletrônica
Susan .Jo/ms011
Patrícia Estc."!!e,~
Revisão
Isabel Newlands
Colaboraram nesta edi.ção André N em e Coriforte (fc1rmataçãn dos anex os)
e Flávio de A.t:uiar &irbosa (-ver((icação de transcrições fonéticas)

l Tna Europa d i poliglotti n on e una Europa dí personne che parlam, cor•


Publilolha rentemente nwlte lingue, ma nd migliori dei casi d i perso ne che posso-
Editora-assistente 110 incontrarsi parlan d o eiascu.110 la propria língua e íncenden do quella
Adriane Piscitelli ddl'aliro, che pure nun Sílprebbero par/are in mudo flue nte, e intendendo-
Coordenadora de produção gráfica /a , sú, pure afatica, intendessem il "genio ", l'uni'Verso cu ltura/e che cias·
Soraia Pauli Scarpa cuno csprime parlando la lingue d ei prupn· avi e dclla propria crcu:lizione.
Capa
Rita da Gosta Aguiar Umberto Eco: 1..-0 ri<.x.'TCa de/la /ingua pe,fetta , Editori Laterza Fare !'Europa,
Revisão 1993
Mareia Menin
Uma Europa de poli)!lotas não é uma Europa de pessoas que falam corrente-
mente muitas línguas, mas, na melhor das hipóteses, de pessoas que podem
IJ;,Jus lntcmm.:iun,1is <lc Cat.alot!;u"ão na l'uhlicaç:io (CIP)
(Cim.:ua Braslh.·lra do l,i\'ro, Sl~ Brasil) encontrar-se falando cada uma a própria língua e compreendendo a do outro
Gram:itiL'll '-'untpacati'"-' '. ]loua iss; qu.atro língu;Js românil.:;1s : ponu~uês . e que, apesar de não saberem falá-la de for ma fl uente, a entendem mesmo
..,.sp;mhol, i111liano t: frarn...-es/ Ana ti.faria Orito, .. Jct al.l, - S:lo Paulo: com alguma dificuldade e compreendem o "gênio", o un iverso cultural que
l'uhliíolha. 2010.
cada um expri me falando a língua dos seus antepassados e da sua tradição,
f h.itros aurore~: Bir,itcr 1,oh ~c. ( i(xiofrl"Ô(i de Olh·cira ~cto,
J,~~ ( :a rios de Azerc<lo
ISBN 97N-NS-7914-241-J

J. ( ;ram:ílie.'.l con\parnda - t:studo e ensino .2. E,-JY.inhul - (iramárica -


Estudo e Cll!oih\11 ) _ t·rancês - ( ir:tmáth.:n - Estu<lu e ensino 4. Italiano -
Cram:itica - Ei-:tu<ln '-' ,m sino :'. l'<inu,l!uês - Grnm;ílica - ; ;s1udo li..' c n i-:ino
6 . Un~Ua"i rnm:i.nical'> 1. Brim. .\u:t ~faria. H. LI.ihsc, Bir~r UI. O)i\·eita
~L·tn. (iodofr..:dn d.:. ! \' .\zc-rcdo, José t :.:,rio:-- dl.!

111-1/)464 CDD-4\S.02

lmlii,.'t::$ pm,.1 L'::Jtáln~o s istt:ni:'lliL..'O


l. <;ramâhL'.I L•omparnJa : Lín~l•áS. rom:lnicas : E:-.tudo I.! cm,ino 41,~_0 2

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Sl ':'\!.\RIO

:\OT.\ l'IÜ:\'I.\ 15

l:\TI{( >IH ·(,:.\o .. 19

1 O l'ORTna ·f:s E .\S ()l'Tlt\S LÍ:\Gl".\S RO.\t.\:\IC.\S


1. 1. As línguas românicas 25
1.2. A ortografia e a fonética ... 26
1.2.1. A ortografia 26
1.2.2. A fonética 27
1.3. A morfologia e a sintaxe ... . 28
1.4. O léxico .................... 30

II ORTOGR.\FL\ E FO:\ÉTIC.\
2.1. O alfabeto e a pronúncia do espanhol.. ..........JS
2.1.1. Oalfahetoespanhol.. 35
2.1.2. O acento tônico e o acento gráfico .... .....35
2.1.3. Valor fonético das letras 36
2.1.3.1. As consoantes . J6
2.1.3.2. As vogais .,18
2 .1.4. Fenômenos de pontuação. 39
2.2. O alfabeto e a pronúncia do italiano .... J9
2.2.1. O alfabeto italiano ... J9
2.2.2. O acento tônico e o acento gráfico . . ........ 39
2.2.3. Valor fonético das letras ... ............... ......... .40
2.2.3.1. As consoantes . .... 40
2.2.3.2. As vogais ... .... .41
2.3. O alfabeto e a pronúncia do francês ... 42
2.3.1. O alfabeto francês 42
2.3.2. O acento tônico e o acento gráfico .... 43
2.3 .3. Valor fonético das letras 43
2.3.3.1. As consoantes .43
2.3.3.2. As vogais ............ .47

mo U::x,co
J.1. O vocabulário das quatro línguas românicas . 5J
3.2. Léxico acumulado e vocabulário utilizado 55
3.3. Estrutura da fonnação de palavras 55
3.4. Pseudoafixos ........ .58
3.5. Vocábulos "populares" e vocábulos "eruditos" ... 59
3.6. Conclusão 60
Índice 9
8 (;ram:itic,1 comparari,·a llou:1i~~ qllatn1 lín.~11;1:,; rnmt\11il...':1s

I\' .\ HISTÓRL\ DAS P.\L\YR\S \"II OS .\RTIGOS


107
4.1. O patrimôrúo hereditário . ..63 7. 1. Artigos definidos....
....... 64 7.1.l. Quadro das formas simples 107
4.1.1. Comparação de algumas evoluções
....65 7 .1.2. Formas contraídas com certas preposições 107
4.1.2. Algumas particularidades
. 69 7 .1..3. Ohscrvações sobre o emprego dos artigos definidos 108
4.2. A criatividade lexical
................ 7J 7.2. Artigos indefirúdos . . 109
4.2.1. Formas convergentes e divergentes...
75 7.2.1. Quadro das formas simples .... 109
4.2.2. Os empréstimos ..... .
.... ..76 7.2.2. Ohscrvações sobre o emprego dos artigos indefinidos ..... ... 109
4.3. Criação de sistemas orgarúzados.
... 109
4.4. A eliminação dos sinônimos ........... 79 7.J. Artigos partitivos .
..... 80 7.4. Artigo definido ou pronome? Uma origem comum . .. 110
4.5. Conclusão ...

Y ORG.\."°IZ.\Ç.\O DO LÉXICO \'Ili OS PR0:\0\IES PESSO.\IS


.....83 .. ....115
5.1. Análise lexical 8.1. Aspectos gerais ....
. ..83 8.2. Pronomes pessoais .......... 115
5 .1.1. Generalidades ...
85 8.2.1. Pronomes pessoais sujeito 115
5.1.2. Exemplo de análise lexical comparada
8.2.2. Pronomes pessoais: formas de complemento .. .. . 117
5.2. Algumas fronteir-.is lexicais ... ·········88
.... 88 8.2.2.1. Formas de PI, P2, P4 e PS (acusativo e dativo) 117
5.2.1. Os verbos ser e estar ....
................. .89 8.2.2.2. Formas de P3 e P6 (acusativo e dativo) . 117
5.2.2. O pai + a mãe "' os pais
..91 8.2.2.3. Dativo e oblíquo (regidos de PREP) ... ... 118
5.2.3. Diminutivos e aumentativos
8.2.2.4. O pronome si .. ..119
8.3. Combinação de pronomes clíticos .. 119
VI FLEX.\o DOS '.\'O!\IES E DOS .\D.mTIVOS
8.4. Posições dos pronomes fracos (clíticos) . .120
6.1. O gênero nos nomes e nos adjetivos .. ········97
8.5. A designação dos interlocutores .. ............ 121
6.1.1. Distribuição dos nomes pelas formas
. .. .. . .... .97 8.5.1. A designação do locutor... 121
masculina e feminina
..... .97 8.5.2. O tratamento do interlocutor. ........ 122
6.1.2. Formação do feminino nos nomes e nos adjetivos
.....97 8.6. Pró-fonnas próprias do italiano e do francês . 12J
6.1.2.1. Feminino e m -ai-e
6.1.2.2. Nomes e adjetivos uniformes quanto ao gênero ... 98
6.1.2.3. Sufixos próprios para a formação do fe minino . .. 99 IX OS DETEIUII'.'i.\:\TES E PHO:\O\IES POSSESSJ\"OS
99 9 .1. Observações gerais . .... 127
6.1.3. O caso particular dos nomes de profissões ..
... 127
6.2. O número nos nomes e nos adjetivos ........ 99 9.2. Os determinantes possessivos
127
6.2.1. O plural nas quatro línguas .................. 99 9.2.1. As formas
......... 100 9.2.2. Regras gerais de emprego ... .128
6.2.2. A formação do plural em espanhol
.. 100 9.2.3. Os pronomes possessivos ......129
6.2 ..3. A formação do plural em francês
6.2.4. A formação do plural em italiano ... 100
6.3. Apócope de adjetivos 101 X OS DE~IO:\STR\TJ\"OS
10.1. Aspectos ger-.ús .. .1JJ
6.4. A expressão do grau nos adjetivos...... ... . .. 102
10.2. Determinantes e pronomes demonstrativos .. 1J3
6.4.1. Quadro ge raL ......... .. .. 102
6.4.1.1. Algumas observações sobre a expressão 10.2.1. Formas dos dete rminantes . . .lJJ

do grau dos adje tivos.... .102 10.2.2. Formas dos pronomes .lJJ
6.4.2. Comparativos e superlativos sinté ticos ... .... ... .... l0J 10.2.2.1. Formas variáveis . I JJ
6.5. Posição do adjetivo qualificativo ......... lOJ 10.2.2.2. Formas invariáveis 1J4
10.2.3. Observações quanto ao uso de dete rminantes e pronomes . 1J4
10.2.4. Os advérbios demonstrativos "localizadores" 135
lndiú.' 11

.\los l{EI..\Tl\'OS. os IYrumrn; \TI\ os E ()S F\:Cl..\'>L\Tl\·os 14.2.2. O gerúndio 167


11.1. Os relativos .. 139 14.2.3. O particípio 168
11. l. l. As formas ... . 139 14.2.3.1. Particípio "passado" e particípio "presente" 168
11.1.2. Condições de emprego ...139 14.2.3.2. Formas regulares do particípio 168
11.2. Os interrogativos ... 141 14.2.3.3. Os particípios irregulares 169
11.2.1. As formas ........... 142 14.3. Formas pessoais simples.. 170
11.2.2. Algumas particularidades no emprego dos 14.3.1. Blocos de conjugação.. 170
interrogativos. 143 14.3.2. As marcas de pessoa 170
11.2.3. Ordem de palavras nas interrogativas 143 14.3.3. O infinitivo flexionado ou pessoal do português 172
11.2.4. Interrogação indireta .... .144 14.3.4. Presente do indicativo e presente do subjuntivo.... .. .. 172
11.J. Os exclamativos 144 14.3.4.1. O presente do indicativo regular 172
14.3.4.2. O presente do subjuntivo regular... ........... 174
.\li.\ (._)L\:\TIFIC.\<_:.\O: OS 1:\IHTJ:\ll)OS 14.3.4.3. Alterações gráficas.. .......... 175
12.1. Quantificação universal.. 147 14.3.4.4. As irregularidades dos presentes... 175
12.1.1. Todo, todos, tudo ....... 147 14.3.4.4.1. Irregularidades que afetam o vocalismo do radical. ... . ............ 175
12.1.2. Qualquer, quaisquer e formas complexas 14.3.4.4.2.Irregularidades que modificam o
correspondentes .... 148 consonantismo do radical . .................. .... ...... .... 176
12.2. Quantificação distributiva .. .. 149 14.3.4.4.3.lrregularidades simultaneamente vocálicas
12.2.1. Adjetivos ..149 e consonânticas 177
12.2.2. Pronomes . .. 149 14.3.4.4.4.0utras irregularidades . 178
12.J. Quantificadores existenciais (valores de singularidade ou 14.3.5. O imperativo .... 178
pluralidade); quantificadores discretos. .. .149 14.3.6. Futuro do presente e futuro do pretérito
12.3.1. Adjetivos ..................... 149 (condicional) 180
12.3.2. Pronomes (variáveis ou invariáveis) ... .. 150 14.3.6.1. Formas regulares . 180
12.4. Quantificação de conjunto vazio .. .150 14.3.6.2. Uma particularidade das formas de futuro .. 182
12.4.l. Adjetivos e formas variáveis de pronomes .. .... . .. .. 150 14.3.7. Pretérito imperfeito do indicativo . 183
12.4.2. Pronomes invariáveis 151 14 .3. 7 .1. Conjugação regular 183
12.5. Elementos de quantificação: síntese das diferenças principais .1$1 14.3.7.2. Algumas irregularidades ... ......... 184
14.3.8. Pretérito perfeito 184
\.Ili.\ (Jl .\:\Tll lL\(,:.\O: OS :\l \IUt\lS 14.3.8.1 O paradigma regular 184
13.1. Numer.tis cardinais ............ ............... 155 14 .3 .8.2. Irregularidades ... ·•····· ...... 186
13.1.1. Formas. 155 14.3.8.2.1.Pretéritos fracos e pretéritos fortes. 186
13.1.2. Formação e emprego .. . 157 14.3.8.2.2.Uma particularidade dos verbos franceses 187
13.2. Numemis ordinais ... .... lSH 14.3.8.2.3.0utras irregularidades 187
13.2.1. Formas .. .158 14.3.9. Os pretéritos imperfeitos e os
13.2.2. Emprego ... 159 futuros do subjuntivo ... 187
14.3.9.1. Pretérítos imperfeitos 187
.\1\. \IO!ffOSSI\T\\.E 1)() \ EIUlO 14.3.9.2. O futuro do subjuntivo 189
14.1. Introdução ..... 16,J 14.3.1 O. Pretérito mais-que-perfeito simples
14.1.1. Terminologia: 4uadro comparativo... ........ .... 16.J do indicativo do português 190
14.1.2. Apresentação dos verbos auxiliares ... 164 14.4. As formas compostas 190
14.1.3. As três classes de conjugação . 165 14.4.1. Os "tempos compostos" 190
14.2. As fonnas não pessoais 167 14.4.2. A voz passiva . 192
14.2.1. O infinitivo 167
12 ( ir:1trnítk:a l.'olllp:iratlY:t lh1w1 is:-- qua lrn Hn~ua~ romt111h..·:1~ Í11dk·c IJ

X\' Dll'REGO E SI'.'iT.\XE D.\S FOll\l.\S \'ERB.\IS 16.2.5. Temporais .... ············· 219
15.1. A pmpósito de certas fom1as verbais simples ... .. .. ... 195 16.2.6. Co ndicionais ou hipotéticas... 220
15.1.1. O infinitivo ... . . 195 16.2.7. Concessivas ......... . ······ ··· 220
15.1.2. O geníndio e formas afins ... . 196 16. 2.8 . A conjunção como ..... . 221
15.1.3. As formas em -ra do português e do espanhol ...... . .. ······ 196
15.2. Relações entre te mpos simples e tempos compostos ....... 197 X\11 .\S PREPOSIÇÕES
15.2.1. A escolha do auxiliar .... 1 97 17.1. Aspectos gerais ·········· 225
15.2.2. Concordância do particípio nas formas compos tas . ..... . 1 98 17.2. As preposições mais frequentes .. .. ........... .................... .. 225
15.2.3. Condic ionais simples e composto 199 17.2.1. A preposição de e seus equivalentes ........ 226
15.2.4. Pretérito perfeito simples (ou preté rito indefinido) 17 .2.2. A preposição a e seus equivale ntes . 228
e pretérito pe rfeito composto (ou pretérito pe rfeito) .. . 1 99 17.2.3 . A preposição em e seus equivale ntes... 229
15.2.5. Os três mais-que-perfeitos do indicativo do português ... .. 201 17 .2.4. As preposições para , por e seus equivalentes. . 2J0
15.2.6. O preté rito a nterior .. 201 17.2.5. A preposição com e seus equivalentes ..... .. 2.J2
15.3. A voz e outras perífrases verbais .. ...... .. 202 17.J. Outras preposições e locuções prepositivas ..... 2J2
15.3.1 . Ser e estar .. ... 202
15.3.2. Outras perífrases verbais ···· ···202 xvm os Aov,::Rmos
15.3 .2 .1. Perífrases aspectuais .. 202 18.1. Aspectos gerais .. 2J7
15.3.2.2. Perífrases modais ...... 204 18.2. Adjetivos e advérbios 237
15.4. As relações verbais no período composto ... ... 204 18.3. Formação dos advérbios em -mente .... .. 238
15.4.l. Princípios gerais ..... 204 18.4. Alguns advérbios e locuções adverbiais de modo ... . .. 2J9
15.4.2. Nas orações substantivas ..... ..... 205 18.5. Advérbios e locuções adverbiais de lugar. . . 240
15.4.2.1. Casos de convergê ncia das quatro línguas ···· ••··· 205 18.6. Advérbios e locuções adverbiais d e tempo ... 241
15.4.2.2. Variação da atitude e respectiva expressão modal . 206 18. 7. Quadros comparativos... ... 241
15.4.2.3. O verbo esperar .... .... 206 18.7.1. Pares antitéticos... ....... , ..... 241
15 .4.2.4 . Ve rbos de opinião ... ... .. . 207 18.7.2. Sequência dos dias na linha <lo tempo. ..... 241
15.4.2.5. A concordância dos tempos . 207 18. 7.3. Advérbios e locuções que expressam a frequência da ação 242
15.4.3. Nas orações adjetivas ... 208 18.7.4. Já, mais e ainda... ... 243
15.4.4. Nas orações adverbiais .... .... .. 209 18.8. Advérbios e locuções adverbiais de quantidade e de intensidade .. 244
15.4.4 .1. Subordinadas temporais introduzidas por quando 209 18.9. A negação e a afirmação.. ..... 246
15.4.4.2. Subordinadas condicionais introduzidas por se ... . 210 18.9. 1. A negação proposicional e p redicativa .. 246
15.4.S. O futuro do subjuntivo do português .. 211 18.9.2. A negação de constituintes 248
18.9 .3: Afirmação e negação como respostas a um
X\'J .\S CO'.'i.11 .:\<,:ÜES enunciado ante rior .. 249
16.1. Conjunções coordenativas . 215 18.9.3.1. Resposta positiva .... ····· ··· 2 49
16. 1.1. Aditivas ou copula tivas ...... 215 18.9.3.2. Resposta negativa .. 250
16. 1.2. Alternativas. ..... 216
16.1.3. Adversativas ..... . .. 216 A'1EXO I Tabela de símbolos fonéticos utilizados 255
16.1.4. Conclusivas. .... 217 A11,EX0II Confronto prático das fonnas lexicais .. ······· 257
16.1.S. Explicativas .. ······ 21 7 A'IEXO Ili Paradigmas verbais . 268
16.2. Conjunções subordinativas .. .218 llEFERtscus .... 289
16.2.1. Integrantes . ... 218
16 .2.2. Finais . .. .... 218
16.2.3. Consecutivas . ········· 218
16.2.4. Causais ........ . .219
15

o projeto que deu origem a este livro é o produto da minha experiência de pro-
fessor de línguas românicas na Universidade de Aarhus, Dinamarca.
A ideia inicial foi-me sugerida pela situação linguística do meu país. O di-
namarquês pertence, como se sabe, à família das línguas escandinavas, que são
a continuação do antigo nórdico, o ramo setentrional do germânico. Esta família
compreende dois grupos, entre os quais a intercompreensão não é possível: de
um lado, o islandês e o feroico, do outro, o dinamarquês, o norueguês e o sueco.
Mas um dinamarquês, um norueguês e um sueco podem compreender-se entre si
falando cada um a própria língua. Uma aprendizagem prévia muito simples per-
mite observar, entre as nossas três línguas, semelhanças evidentes e diferenças
sistemáticas. Sabemos também que, em condições normais de diálogo, certos
termos devem ser evitados e que convém uma expressão clara e sem pressa
excessiva. Atinge-se tanto mais a intercompreensão quanto mais os locutores
possuírem um nível cultural elevado, sobre tudo se viverem numa região onde
se pode captar diretamente a televisão dos outros países. Os nossos programas
de ensino ret1etem esta situação. Há cerca de um século que se apresentam aos
estudantes das nossas escolas as bases da gramática das outras línguas. O que
importa, não é demais repeti-lo, é compreender estas línguas soh a sua forma
escrita e oral e não falá-las ou escrevê-las.
Pusemos então a questão de saber se este tipo de intercomprecnsão podia
também funcionar entre as línguas românicas e, para começar, entre o portu-
guês, o espanhol, o italiano e o francês , línguas que são ensinadas nas nossas
universidades. Colocam-se aqui algumas questões, uma vez que as diferenças
que separam estas quatro línguas são talvez maiores do que as que constatamos
entre as nossas línguas escandinavas. Fizemos a experiência com os estudantes
e apercebemo-nos rapidamente que funcionava. Um estudante formado numa
dessas quatro línguas românicas conseguia, através de uma aprendizagem apro-
priada, compreender rela tivamente depressa uma das outras três. Um trimestre
basta em geral para conseguir ler enunciados escritos simples. E pode -se, con-
tinuando a aprendizagem, te r acesso à imprensa, a textos literários e à língua
falada. Criamos então cursos e redigimos manuais baseados nestes princípios.
Vimos assim construir-se uma nova pedagogia. Por exemplo, as correspon-
dências fonéticas entre as quatro línguas podiam ser expostas em sincronia,
a partir do uso atual e sem exigir dos estudantes um estudo prévio do latim:
quando se observa, por exemplo, que ao português cheio corresponde plein em
francês, pieno em italiano, lleno cm espanhol, deduz-se facilmente que onde o
português tem o grupo inicial çh- as outras três línguas têm respectivamente
pl-, Pi- e li-, o que faz com que se possam reter imediatamente outras palavras
da mesma série, por exemplo, o português chover, o francês pleuvoir, o italiano

1 PÍO'Uere e o espanhol /lover.


Nota pré,·i;l 17

Existem inúmeras correspondências deste gênero entre as quatro línguas elas devo exprimir aqui o meu reconhecimento, com um pensamento particular
românicas, dizendo respeito não só à fonética, mas tamhém à morfologia, à sin- de gratidão para o Professor Lehman, Reitor da Universidade de Aarhus.
taxe e à organização do léxico. A análise destes domínios constitui uma espécie O presente volume é o fruto da cooperação de todos os membros da equi-
de nova "gramática comparatíva" sem recurso ao latim. E vemos que a procura pe, que conceberam o plano geral do livro e prepararam os dossiês dos diversos
da "intercompreensão românica" não tem apenas um interesse prático: ela pode capítulos. O primeiro livro a ser concluído foi o volume francês, cuja redação foi
constituir por si só uma disciplina de uma grande riqueza e contribuir para a confiada ao Professor Paul Teyssier; por essa razão, esse volume influenciou, de
formação de uma verdadeira cultura. Foi por isso que desenvolvemos as nossas maneira decisiva, os outros volumes - editados em outros países . Além do livro
análises num nível elevado, com a finalidade de construir uma obra que possa francês e do português, foram redigidos um em espanhol e outro em italiano.
ser útil não só aos leitores desejosos de adquirir as hases necessárias à intercom-
preensão, mas também, de modo geral, a todos aqueles que se interessam pelas J0rgen Schmitt Jensent
línguas românicas. Coordenador-Geral do Projeto
Este foi o projeto que, por ocasião de uma estadia em Paris, apresentei ao Universidade de Aarhus (Dinamarca)
Sr. Maurice Aymard, administrador da Maison des Sciences de l'Homme. Ime-
diatamente se mostrou interessado e a Maison des Sciences de l'Homme trouxe-
-nos, cm todos os momentos do nosso trabalho, um apoio constante, que foi
precioso. Reunimos uma equipe internacional que compreendia universitários
romanistas dinamarqueses: Svend Bach (da Universidade de Aarhus) para o ita-
liano e Birger Lohse (então da Universidade de Copenhagen) para o português;
e universitários dos próprios países românicos: Carmen Hernandez Gonzàlez
(da Universidade de Valladolid), Jack Schmidely (da Universidade de Rouen) e,
a partir de 1993, Manuel Alvar Ezquerra (da Universidade Complutense de Ma-
drid) para o espanhol; Jacqueline Brunet (da Universidade de Franche-Comté),
Cario Alberto .Mastrelli (da Universidade de Florença e da Accademia dclla Crus-
ca) para o italiano; Paul Teyssier (da Universidade de Paris IV-Sorbonne) para
o francês; Ana .Maria Brito ( da Universidade do Porto) e Godofredo de Oliveira
Neto (da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e , a partir de 2002, José Carlos
de Azeredo (da Universidade do Estado do Rio de Janeiro) para o português.
Outros colegas deram uma contribuição durante a lguma das fases da reali-
zação do projeto: Gerhard Boysen (Aarborg), John Kuhlman Madsen (Copenha-
gen) , .Maurizio Dardano (Roma) e .Michael Metzeltin (Viena).
A Professora Gendreau Massaloux, então Reitora Chanceler das Universi-
dades de Paris, Harald Weinrich (professor e m Munique e no College de France)
e Bernard Darhord (professor de espanhol em Paris X-Nanterre) apoiaram o nos-
so projeto.
A primeira reunião da nossa equipe - para a qual convidamos Claire-Blanche
Benveniste, responsável pelo projeto EUROM4, e na qual Allan Karker (Universi-
dade de Aarhus) expôs a situação das línguas escandinavas, de que é especialista -
realizou-se em Paris, na Maison des Sciences de l'Homme, em janeiro de 1992.
Outras sessões de trabalho tiveram lugar em Paris, na Universidade de Aa rhus (Di-
namarca), na Accademia della Crusca (Florença), na Universidade de Valladolid
(Espanha), na Universidade do Porto (Portugal) e n a Universidade Federal do Rio
de Janeiro (Brasil). Todas estas instituições nos deram um grande apoio e a todas
19

INTRODt·ç.\o

A presente obra dirige-se aos leitores de língua portuguesa e propõe-se ajudá-los


a compreender o espanhol, o italiano e o francês. Aproveitaremos para isso as
semelhanças que existem entre estas línguas, em razão da sua origem comum. O
português, o espanhol, o italiano e o francês são, com efeito, línguas românicas,
oriundas do latim.
Três outras obras já estão publicadas ( cf. bibliografia). Cada uma delas parte
da língua em que se acha redigida, como esta parte do português, e tem exata-
mente o mesmo objetivo.

Apenas compreender. para colIIL'Ç~tr


A ideia que está na base deste livro é a de que, dada a proximidade entre o por-
tuguês, o espanhol, o italiano e o francês, é possível levar o falante de uma delas
a compreender as outras três. Trata-se, em primeiro lugar, de compreender e não
de falar ou escrever. Compreender uma língua põe em funcionamento uma com-
petência essencialmente passiva, enquanto falar e escrever exigem uma compe-
tência ativa que demora muito mais tempo a adquirir.
Propusemo-nos, portanto, dar aos leitores lusófonos as chaves que lhes per-
mitirão aceder à compreensão das outras três línguas românicas, em primeiro lu-
gar sob a sua forma escrita, depois talvez sob a sua forma falada. Esforçar-nos-emos
por apresentar as semelhanças e as diferenças das quatro línguas românicas de
maneira precisa e aprofundada para que todos aqueles que se interessam pela lin-
guística românica em geral encontrem neste livro um instrumento de trabalho útil.
Façamos uma experiência com os três enunciados a seguir, escritos respec-
tivamente em espanhol, em italiano e em francês:

EI espaiiol, el francés, el Lo spagnolo, il france- L'espagnol, le français,


italiano y el portugués se, l'italiano e il porto- l'italien et !e portugais
son cuatro lenguas de- ghese sono quattro lin- sont quatre langues is-
rivadas dei latín. Para gue derivate dai latino. sues du latin. II est fa.
quien sabe uno de ellos Per chi ne sa una e faci- cile, pour celui qui en
es fácil entender tam- le capire anche le altre. sait une, de comprendre
bién los otros. aussi les autres.

Traduzido em português, teremos: "O espanhol, o francês , o italiano e o


português são quatro línguas derivadas do latim. Para quem sahe uma delas é
fácil entender tamhém as outras".
O leitor de língua portugue sa não terá dificuldade em compree nde r os
três enunciados. De fato, são inteligíveis muitas palavras: espaiiol, spagno-
lo, espagnol correspondem a espanhol. Também Jrancés, francese, français
20 (~rnmi'icica L'mn p.ar:11i,,a II\Hlaiss 11uatro línguas rom:ini1.:a~

remetem para.francês. As frases apresentam algumas diferenças gráficas que Lugar do francês no conjunto românico
é fácil detectar: em espaiíol (esp.), spagnolo (it.), espagnol (fr.) escreve-se ií Apesar de o francês estar próximo do italiano por algumas afinidades nos planos
em espanhol aquilo que em italia no e francês se escreve gn. Em cuatro (esp.), lexical e morfológico, não há dúvida de que a a nálise das quatro línguas aqui es-
quattro (it.) e quatre (fr.) é só a grafia do grupo inicial que isola o espanhol tudadas mostra que o francês ocupa um lugar à parte, por ser mais diferente das
das outras três línguas. Outras vezes, o paralelismo desaparece: enquanto o outras três línguas do que estas entre si. Por isso, a inte rcompreensão funcionará
português, o espanhol e o italiano usa m derivadas e derivate, o francês em- mais facilmente e ntre o português, o espanhol e o italiano do que com o francês.
prega o termo issues. Para os equivalentes de compreender, a situação é iguàl- No entanto, estamos convencidos da validade da nossa tarefa. As seme-
mente complicada. O lusófono compreenderá facilmente o espanhol entender lhanças e as a nalogias que existem entre as qua tro línguas são tão numerosas
e o francês entendre porque na sua língua existe entender, mas já capire do e tão profundas que as difere nç as que as separam não destroe m a unidade fun-
italiano é uma palavra opaca. De modo que por vezes deverá recorre r a um damental do modelo românico. Ilá mesmo alguma vantagem nesta situação:
dicionário. na medida em que o francês se separa das outras línguas, aproxima-se, no seu
O falante lusófono notará facilmente que a sua língua está muito próxima vocabulário e e m parte na sua sintaxe, do inglês, da língua germânica. Um a
do espanhol, como mostram as semelhanças entre também e también , entre grande parte <lo vocabulário do inglês é românico, derivado do francês . Visto
quem e quien , enquanto sabe é comum. Pelo contrário, o italiano e o francês desta maneira, o fra ncês aparece como uma espécie de pon te entre o mundo
são as únicas que apresentam as partículas ne e en ("per chinesa una" e "pour românico e o mundo germânico.
celui qui en sait une"). Uma aprendizagem prévia é indispensável para dominar
estas diferenças, mesmo quando não criam dificuldades à compreensão. Por sua l'ma polític:1 linguística a longo prazo
vez, no texto italiano o artigo aparece sob três formas diferentes: "lo spagnolo", A presente obra tem també m uma finalidade de política linguística a longo pra-
"il franccse" e "!'italiano". Por quê? zo. A diversidade d as línguas europeias deve ser preservada. Daí derivam a ori-
É este tipo de informações que a presente obra se propõe dar. O leitor pode- ginalidade e a sobrevivê ncia das c ulturas das quais estas línguas são o meio de
rá assim adquirir relativamente depressa cm espanhol, em italiano e em francês expressão. Esta causa interessa não só os europeus, mas també m todos aque les
uma competência suficiente pa ra compreender textos simples n a forma escrita. que, no mundo inteiro, utilizam estas mesmas línguas.
Poderá numa segunda etapa compreender enunciados orais. O objetivo é permi- A intercompreensão, como a entendemos, é um meio de resistir ao n ivela-
tir aos falantes de cada uma das quatro línguas entenderem-se ou conversarem mento cultural e à dominação de algumas línguas sobre todas as outras. O por-
entre si sem precisarem recorre r a uma terceira língua. tuguês, o espanhol, o italiano e o francês são usados no seu conjunto por várias
· centenas de milhões de hom ens e mulheres, na Europa e fora dela. Dão acesso a
culturas ricas e dive rsificadas. Ora tudo o que contribui para aproximar os povos
E o latim? que as falam vai no sentido do progresso huma no.
Todo o estudo histórico verdade iramente aprofundado das línguas românicas
exige o conhecimento do latim. As semelhanças e as diferenças que existem l'ma noYa pedagogia
entre as nossas quatro línguas tornam-se infinitamente mais claras qua ndo se Mas não é tudo. Pensamos que a investigação que deu orige m a este livro pode
recupera sua origem comum. Os escritores portugueses dos séculos XVI, XVII e conduzir a uma verdadeira ren ovação da pedagogia. A comparação das línguas re-
XVIII que tinham recebido uma educação clássica liam facilmente o espanhol, o vela o seu funcionamento, mostra uma parte da sua história e ajuda a compreen-
italiano e o francês. Para e les, a intercompreensão românica, graças ao conheci- der o modo como os h omens, através delas, ap reendem o mundo. O conheci-
mento do latim, era uma realida de. mento aprofundado de apenas uma língua tem os seu s limites. O estudo paralelo,
Mas no nosso tempo os falantes do português, na sua grande maioria, nunca mesmo s upe rficial, de várias línguas é fato r de incomparável riqueza. Pode cons-
estudaram a língua de C ícero. Por isso, escrevemos a presente obra. O recurso tituir a base de uma cultura, como antigamente proporcionava a aprendizagem
ao latim está reduzido ao mínimo. Quando isso nos pareceu indispensável, pro- do latim. O ponto de vista que aqui adotamos pode, por tanto, contribuir para
cedemos de maneira a que os leitores que nunca estudaram essa língua pudes- uma nova pedagogia, cujo fim será, em última instân cia, para além da aquisiçã o
sem acompanhar o texto. prática de um instrumento útil, a formação do espírito .
25

1.1. AS LÍNGC.\S R0!\1.\.'\'ICAS

Chamam-se românicas ou neolatinas as línguas modernas derivadas do latim. O


conjunto das línguas românicas constitui a Romania. Podemos enumerar cinco
línguas românicas nacionais: o espanhol (ou castelhano), o francês, o italiano,
0 português e o romeno. Encontramos igualmente línguas regionais que são o
meio de expressão de importantes regiões autônomas; é o caso do catalão e do
galego. Devem-se mencionar ainda o provençal, o reto-românico e o sardo.
As cinco línguas românicas nacionais que e numeramos ocupam, na Euro-
.. ~ ~ . ·. ' ·. "'.'·: ·.
pa, uma área que compreende Portugal, a Espanha, a França, uma parte da Bél-
.,-:,.:- ·.·.•. gica e da Suíça, a Itália e m ais longe, isolada por territórios eslavos e magiares,
a Romê nia. Estes países são a antiga Romania, ou Romania Vecus, a da Europa,
que tem origem no Império Romano. Mas a partir da Renascença a expansão e u-
;~ , .:--· ,· , ·: ropeia levou três destas línguas, o português, o espanhol e o francês, para outros
contine ntes, de modo que atualmente existe uma outra Romania, a Romania
Nova, que ocupa territórios consideráveis na América, na África, assim como na
:·-·: Ásia e na Oceania. O português, o espanhol e o francês são, numa grande parte
dessa nova România, línguas maternas de populações importantes, com o esta-
tuto de línguas nacionais: o português no Brasil, o espanhol do México à Terra
do Fogo, o francês numa parte do Canadá. Além disso, e em particular na África,
o português e o francês têm o estatuto de línguas oficiais em diversos países e
coabitam com as línguas nacionais, que são ou línguas africanas pertencentes a
diferentes ramos ou são crioulas.
Romania Vetus , RomaniaNU'Va, línguas m aternas ou línguas segundas, lín-
guas nacionais ou línguas oficiais: vemos como o estatuto das línguas români-
cas pode se r diversificado. Independentemente dos dados estatísticos, por vezes
discutíveis, a dupla România engloba neste início de século várias cente nas de
milhões de homens e de mulheres, que constituem uma parte importa nte da
humanidade.
A presente obra dirige-se aos leitores lusófonos e propõe-se facilitar-lhes
a compreensão do espanhol, do italiano e do francês. A quinta língua românica
nacional, o romeno, foi deixada de lado por razões práticas. Lamentamo-lo e
esperamos que seja possível um dia integrá-la num estudo mais alargado.
Olhemos, po rtanto, com mais detalhe para as nossas quatro línguas, ten-
tando definir o que as une e o que as distingue. Como ve remos e como já referi-
mos previamente, o português , o espanhol e o italiano têm muitas semelhanças,
enquanto o francês apresenta particularidades que o separam das outras três
línguas. Por isso, o leitor lusófono deverá conhecer especialmente a distância
que separa a sua língua do francês.
Examinemos, po is, brevemente as quatro línguas nos níveis d a or tografia
e da fonética ( 1.2), nos níveis da morfologia e da sintaxe (1.3) e no nível do
léxico (1.4).
1 U ponu).!uL·~ t.: a~ 1lut ras l111~u:t"" n1111:"'rnie:1:,; 27

1.2..\ ORTO(iR\FL\ E.\ FO\"l~TIC.\ E, no entanto, estas grafias aparentemente arhitrárias são uma ajuda pre-
ciosa para a intercompree nsão românica. O arcaísmo da ortografia francesa
1.2.1. . \ ortografia permite encontrar semelhanças que a pronúncia dissimula. Algumas palavras
Numa ortografia ideal cada uma das unidades distintivas que na pronúncia de da nossa lista anterior oferecem-nos exemplos muito claros : bane e camp evo-
uma língua permitem opor as palavras entre si, os fonemas, devia ser repre- cam banco e campo, que aparecem nas outras línguas, dent aproxima-se do
sentada por uma le tra. Conhecendo a pronúncia duma palavra saher-se-ia ime- espanhol diente, do português e do italiano dente, lent lembra lento (igual nas
diatamente escrevê-la e ve ndo uma palavra escrita saber-se-ia imediatamente três línguas) , sang pouco se distingue do espanhol sangre e d o português e
pronunciá-la. italiano sangue. Em todos estes exemplos, a ortografia francesa conserva a vo-
Esta situação ideal não existe em nenhuma língua; mas o português, o espa- gal e as consoantes etimológicas, permitindo assim perceber as analogias com
nhol e o italiano aproximam-se mesmo assim mais desse ideal do que o francês . o português, o espanhol e o italiano. A situação seria mais difícil se o francês
Neste aspecto, a língua mais "perfeita" é o italiano (ver 2.2). O código gráfico tivesse adotado uma ortografia puramente fonética, escrevendo, por exemplo,
desta língua permite em geral estahelecer entre as letras e os fonemas relações bâ em vez de bane ("banco"), dã cm vez de dent ("dente"), lã em vez de Iene
biunívocas muito rigorosas. Há, contudo, um problema: exceto nas palavras oxí- ("lento"), e assim por diante. Acrescentemos que este caráter conservador da
tonas (i. e., acentuadas na última sílaba) como em 'Virtu ("virtude"), nada per- ortografia francesa permite igualmente identificar grande número de palavras
mite saher que sílaba leva o acento tônico: ancora, por exemplo, pode ler-se inglesas de o rigem românica, cuja pronúncia é bem diferente: religion ("re-
ancôra ("ainda") e áncora ("âncora"). ligião"), parliament ("parlame nto"), intelligence ("inteligência"). Assim se
Em espanhol (ver 2.1), quando se vê uma palavra escrita sabe-se pronun- constitui, para além da diversidade das línguas faladas , graças à complicação
ciá-la, mas o inverso não é verdadeiro, sobretudo no que diz respeito às conso- da ortografia francesa, uma espécie de "europe u comum" que mostra certa
antes. Por exemplo, duas letras, o b e o v, correspondem a um único fonema: unidade cultural do Ocidente.
barón ("barao - ") e varon
' ("hornem") são rigorosamente idênticos na pronúncia
(tecnicamente há uma neutralização, em favor do arquifonema /B/). O mesmo 1.2.2 .. \ fouétit:a
ocorre com og antes de e e dei e com oj. Assim, a sílaba final de coger ("pegar") Se, fazendo abstração da ortografia, analisarmos o sistema fonético das nossas
e de mujer ("mulher") têm a mesma pronúncia. quatro línguas românicas, constatamos uma vez mais que o francês se isola das
Quanto ao francês, a sua ortografia é arcaica, complicada e muitas vezes outras três.
incoerente. As relações entre a grafia das palavras e a sua pronúncia são impre- O espanhol, o português e o italiano possuem um acento tônico que pode
visíveis. Os grupos ph (que se pronuncia [f]), th (pronunciado [t]) e eh (soan- recair sobre uma das três últimas sílabas de uma palavra (e mesmo sobre a quar-
do [k]), provenientes d o grego, conservam-se numa série de palavras cultas, ta em italiano): quando o acento recai sobre a última diz-se que é oxítona (ou
como em philosophe ("filósofo"), mathématiques ("matemática") choré~raphie aguda), quando recaí sobre a penúltima é paroxítona (ou grave) e quando recai
("coreografia"), enquanto as outras línguas as substituem porf, te e. Escrevem- sobre a antepenúltima é proparoxítona (ou esdrúxula). Este acento tônico pode
-se no fim das palavras muitas consoantes que desapareceram na pronúncia, ter um valor distintivo: em espanhol, cântara ("cântara"), cantara (imperfeito
como em prét ("pronto") e pres ("perto"), palais ("palácio") e palet ("pate- do conjuntivo de cantar) e cantará (futuro do mesmo verbo) só se distinguem
la"). As desinências verbais distinguem-se graficamente, como emje chance, tu pelo lugar do acento (a situação não é exatamente igual em português porque
chantes, ils chantent ("canto, cantas, cantam"), mas deixaram de se pronunciar as vogais não acentuadas não são abertas e por isso entre as três formas verbais
há alguns séculos. A mesma vogal é escrita o em piano ("piano" ), au cm hauc correspondentes há distinção não só de acentuação, mas também de timbre vo-
("alt?"), eau em beau ("belo"), sem contar os plurais pianos, hauts e beaux, cálico) . Em português, dúvida é um nome, duvida é uma forma do verbo duvi-
que foneticamente não se distinguem dos singulares. A vogal nasal representada dar. O italiano, como vimos, é menos explícito: o acento gráfico só é obrigatório
lã] pode corresponder na grafia a an , am , en, em, ean e mesmo a aon. Eis al- nas oxítonas - um exemplo, canterà ("cantará")-, mas nada permite distinguir
guns exemplos de palavras com este som: ban ("bando"), bane ("banco"), pan a paroxítona ancora ("ainda"), acentuada sobre a sílaha co, da proparoxítona
("aba"), (il) pend ("pende", "pendura"), quand ("quando"), quanc ("quanto"), ancora ("âncora"), acentuada em an. Nada disto se passa em francês: todas as
sang ("sangue"), (il) senc ("sente"), tant ("tanto''), caon ("moscardo") , cemps palavras são acentuadas na última sílaba pronunciada. Esta diferença fundame n-
("tem~o"), (il) tend ("estende", "tende"), van ("joeira"), (il) vend ("vende"), tal confere à frase francesa uma entoação particular, que a distingue radicalmen-
<oent ( vento"). te das outras três línguas românicas.
1 O portu~t1ê'.'I .._, a~ outra:-- lín,!.!.uas romfmic;ts 29

desta diferença é clara: a declinação do latim permitia exprimir a função gra-


Uma outra grande particularidade do francês diz respeito às vogais. O fran-
matical por meio de certas desinências. As quatro línguas românicas já não têm
cês possui três fonemas vocálicos, ilustrados nas palavras mur, jeune e jeune.
declinações e por isso tiveram de exprimir o dativo contido em Petro por meio
Trata-se de vogais anteriores ( cujos pontos de articulação são semelhantes aos
de uma preposição a ou à. Por sua vez, têm artigos (o, el, il, le). Em português,
das vogais de tir, thé e tais), mas que são pronunciadas com arredondamento dos
em espanhol e em italiano a deriva não afetou muito a forma verbal: dou, doy,
lábios (como as três vogais recuadas de tour, môle e molle). Estas três vogais
do têm, como o latim do, a marca da primeira pessoa. Pelo contrário, no francês,
anteriores e arredondadas não existem nas outras línguas românicas e existem
com O decorrer dos séculos muitas das desinências verbais foram-se apagando
no domínio germânico, por exemplo, no alemão.
na língua falada (na pronúncia não se distingue donne, donnes e donnent), o
Estas duas diferenças radicais que opõem a fonética do francês à das outras
que tornou necessário o emprego sistemático dos pronomes pessoais: je donne,
línguas não impedem que elas se distingam entre si. O espanhol (ver 2.1) tem
tu donnes, il donne, ils donnent. Assim, a deriva para um tipo analítico progre-
um sistema consonântico muito original, caracterizado pelos seguintes pontos:
diu em francês mais um passo do que nas outras línguas. Este fato ilustra um
neutralização da oposição entre b e 'V, pronúncia velar do_; por exemplo, em
fenômeno geral. Na verdade, no francês, uma língua analítica, as unidades lexi-
mujer ("mulher"), som pronunciado como o eh alemão em lachen. O italiano
cais esvaziam-se a jusante da sua substância funcional e compensam essa perda
(ver 2.2) possui um sistema completo de consoantes geminadas, tendo então a
duração valor distintivo: por exemplo, cappello ("chapéu") é diferente de ca- fazendo-se preceder a montante de palavras que desempenham os mesmos pa-
péis. O que é incluído na palavra sob a forma de desinências e de sufixos (tipo
pello ("cabelo"), cammino ("caminho") é diferente de camino ("chaminé") etc.
sintético) é transferido para morfemas separados situados antes das palavras
Além disso, os códigos gráficos destas línguas são bastante diferentes uns dos
outros. (tipo analítico).
Um outro exemplo é a expressão do plural (ver 6.2). Enquanto o português,
o espanhol e o italiano possuem desinências particulares (livro-s em português,
l.J. A MORFOLOGIA E A Sl~TAXE libro-s em espanhol, libr-i em italiano), o francês moderno, na sua forma falada,
não distingue (exceto em caso de "liaison") o plural do singular: li'Vres pronun-
cia-se exatamente da mesma maneira que li'Vre. São os artigos, os possessivos
Neste item referir-nos-emos a algumas particularidades de funcionamento das
e os demonstrativos que trazem a marca do plural (/es livres, mes li'Vres, ces
unidades significativas, do ponto de vista da morfologia (formação de palavras)
livres). Por essa mesma razão, para exprimir o plural o francês tem de usar
e da sintaxe (formação de grupos de palavras e de frases).
a forma des (plural de un), enquanto as outras três línguas podem exprimir a
O latim era uma língua sintética, as línguas românicas são analíticas. Que-
pluralidade usando simplesmente a palavra isolada com a desinência própria:
remos com isto dizer que o latim concentrava em poucas palavras (num proces-
so de síntese) as unidades significativas que as línguas românicas distribuem em livros, libros, libri (ver VII).
Observou-se muitas vezes que o português, o espanhol e o italiano usam
várias palavras isoladas. Mas a passagem do tipo sintético ao tipo analítico não
diminutivos e aumentativos, a que estão ligados valores semânticos diversos,
se fez da mesma maneira nas nossas quatro línguas: em espanhol, em português
que podem ir da ternura à ironia, da admiração ao escárnio. O italiano, cm
e em italiano esta deriva foi mais longe do que em francês. O francês é mais ana-
particular, utiliza-os com uma abundância, um pitoresco e uma fantasia ex-
lítico do que as outras três línguas. É o que mostra o exemplo seguinte:
traordinários. O português e o espanhol também os usam. Estes diminutivos
e estes aumentativos exprimem-se por meio de sufixos. Ora o francês, que co-
nheceu esse meio de expressão até ao século XVI, ignora-os hoje quase com-
pletamente. Apenas sobrevivem o diminutivo -ette ("une maisonnette", uma
cinco palavras seis palavras casinha) e o aumentativo-pejorativo -arei ("un chauffard", um mau condutor).
Do librum Petro. Dou o livro a Pedro. Je donne le livre De modo geral, o francês exprime por meio de adjetivos situados antes da pala-
Doy el libro a Pedro. à Pierre. vra o que as outras línguas exprimem por meio de sufixos. Assim, e nquanto o
Do il libro a Pietro. português diz uma velhinha, o espanhol una 'Viejica e o italiano una vecchiet-
ta, o francês diz une petite 'Vieille E o que o português designa um pala'Vrão, o
Assim, para dizer o que o latim exprime em três palavras, o português 0 espanhol una palabrota e o italiano una parolaccia em francês é un gros mot
espanhol e O ·Ita1·iano empregam cmco
. • , exige seis palavras. A razão
e o trances '
(ver 5.2.3).
.lO (ir,1111,ítil'a compar,ui,·a llu11:ii:-.::-. quatro lín.l!uas rom:·111iv:1:,,:

É possivelmente o fato de os sufixos serem pouco produtivos em francês . , des1·gnadas "populares" opõem-se as palavras ditas "cultas", que
muitas vezes ' . ,
que justifica que nesta língua haja tão poucos nomes que designam profissões a - lat·,nas ressuscitadas nas nossas línguas cm d1vcrsos penodos <la
são palavras , - ' · .
terem a forma feminina. Se directeur te m o feminino dírectrice, já profe sseur sua história. Como aqui a forma latina foi conservada no essc'.1c1al'. com algu-
não tem e diz-se Madame le professeur. As outras três línguas c riam formas - es ess·ts palavras são muito semelhantes entre s1: assim, ocular,
mas ad ap taço
' , , -' - ' '
femininas com muito ma is liberdade (ver 6.1.2). comum ao português e ao espanhol, é praticamente idêntica ao italiano oculare
Poderíamos ilustrar este traço do francês com muitos outros exemplos. Ko e ao francês oculaire, de rivando todas do latim oculare. ..
francês oral o "passé composé" (forma analítica) suplantou completamente o Reencontramos aqui uma ideia já refe rida a propósito da ortogratta. As
"passé simple" (forma sinté tic a):j'aijait ("fiz") substituijefis ("fiz") (ver XIV). palavras cultas, transcritas numa ortografia largamente etimoló~ica, apro~im~~
Em italiano esta evolução está e m curso mas ainda não se generalizou. Em espa- francês das outras três línguas, ao mesmo tempo que o aproximam do mgles.
0
nhol, tal como em português, cste fenômeno não aconwce. Assim se constitui uma espécie de "europeu" médio que "corrige" de certa ma-
Ta mbém os superlativos e m -issimus foram introduzidos sem prohlemas neira e com certos limites os inconvenientes resultantes da "maldição de Babel".
nestas três línguas: altíssima (port.), altísima (esp.), altissima (it.). f,,fas em
francês falar de uma torre altissime St!ria ridículo; dir-se-á que é tres haute,fort
haute ou extrêm ement haute (ver 6.4).
Existe, assim, sempre esta recusa do francês em usar a derivação e uma
tendência em exprimir por morfemas situados "a montante" (construção ana-
lítica) o que as outras três línguas exprimem por sufixos situados "a jusante"
(construção sintética).

1.--1-. O 1,1::.\ICO

No que diz respe ito ao léxico, constata-se muitas vczcs que o português, o es-
panhol e o italiano são semelhan tes entre si e opõem-se em bloco ao francês:
assim, ao francês dan~er correspondi:! perigo t!m português, peli~ro em espanhol
e pericolo em italiano. Ao francês maison corresponde nas três línguas casa.
f: frequente o espanhol e o português aproximarem-se, constituindo um
grupo à parte no conjunto românico . Assim, o verbo matar, comum ao portu-
guês e ao espanhol, distingue-se do francês tuer e do italiano uccidere.
Noutros casos um subgrupo franco-italiano faz frente ao subgrupo hispano-
-português. Te mos, por exemplo, comer em português e espanhol, ao lado de
man~er do francês e mangiare do italiano.
O francês distingue-se frequente mente das outras três línguas pelo seu lé-
xico, como se distingue pela fonética e pela morfossintaxe (ver III). Mas em
re lação a grande número de palavras a origem latina é ainda perceptível e a
afinidade é visível: as palavras parte e muro, comuns ao português, espanhol e
italiano, aproximam-se de parte murem francês. Outras vezes, a origem latina
não é facilmente identificável, mesmo quando os quatro termos tê m um vago
a r de família: é o caso de olho, esp. ojo, it. occh-io e fr. oeil. É que esta palavra
pertence ao fundo mais antigo das quatro línguas, a essa parte do léxico que
foi transmitida de geração em geração e que foi "gasta" pelos homens como
as pedras que rolam na praia com a força das ondas. As palavras deste tipo,
35

Neste capítulo, oferecemos uma visão geral da ortografia e da fonética do espa-


nhol, do italiano e do francês a partir da perspectiva de um lusofalante, pondo
em destaque, sobretudo, os fenômenos em que estas línguas se diferenciam do
portUguês. A perspectiva adotada será da letra ao som, dada a importância da
leitura para a compreensão. Utilizaremos os símbolos do Alfabeto Fonético In-
ternacional (ver anexo I, ao fim do volume).

2.1. O ;\LF.\ BETO E.\ PHO:\(:\CI.\ DO ESJ>.\:\ IIOL

Apresentaremos algumas características fonéticas e ortográficas do espanhol em


confronto com o português.

2.1.1. O alfabeto espanhol

A a H hache N ei'íe u u
B be I o o V uve
e ce J jota p pe w uve doble
D de K ka Q cu X equis
E e L ele R erre y ye (ou i griega)
F efe M eme s ese z ceta
G ge N ene T te

Como em po rtuguês, as letras k e w são usadas apenas em certas palavras


de origem estrangeira: kilo, woiframio , k com o valor de {k] e w com o valor
de [v]. Até recentemente as combinações eh e ll foram consideradas unidades
gráficas com valor de letras, sendo colocadas no alfabeto depois de c e de l ; po r
exemplo, a palavra ducha se encontra(va) dicionarizada depois de ductilidad e
allá ("lá") depois de alzar ("alçar").

2.1.2. O acento t(mico e o acento i,:rúfico


Em palavras espanholas, o acento tônico pode cair, como em português, em
uma das três últimas sílabas (última, pe núltima e antepenúltima), mas também,
como em italiano, na sílaba anterior à antepenúltima em casos especiais: di-
gamelo ("diga-mo"), dándoselo ("dando-lho"). Em alguns casos, a posição do
acento tônico não coincide nas duas línguas, p. ex.: democracia, com acento na
antepenúltima sílaba, [-'kra-1, em espanhol, mas na penúltima, f-'si-1, em portu-
guês; demócrata em espanhol, mas democrata em português.
Como não há distinção fonológica entre vogal aberta e vogal fechada, o
espanhol usa apenas um acento escrito para indicar o acento tônico, o acento
J(, t ~ram ;ftic:1 cumpar;.ui\·:1 llouaiss qu:ttro lin~lla!-- rom.íníca~ lf ( >rto~r:tH:1 e foné ti4..•:1 37

agudo. Com as seguintes exceções, as regras de acentuação espanholas asseme- e antes de e e i representa [01, com pronúncia igual ao th no inglês thing:
lham-se às portuguesas: ceniza ("cinza"), ciento ("cento"). No espanhol do sul da Espanha e da Amé-
• e m palavras que terminam em ditongo crescente, ia, ie, io , ua, ue, uo, rica, a letra e representa [s i, como em português. Além de correspon~cr ao e
o espanhol não coloca acento na vogal da sílaba anterior: familia(s), rtuguês, 0 c em espanhol pode corresponder a um z na palavra eqm valente
palacio(s) , mas coloca-o quando o acento tônico cai no i ou no u des- :::rtuguesa: cero ("zero"), hacer ("fazer") , jueccs ("juízes"). ~ão conhecendo ç ,
tas combinações e não formam ditongo:jilosqfia(s) , vendía(s), vendian 0
e alterna e m espanhol com z , que representa o m esmo som: vencer - v enzo
("vendiam"), mío(s) ("meu(s)"), gnía(s) ; ( "vencer - venço"). Antes de a, o e u e consoante, c representa (kl, como em
• i eu em final de palavra (seguida ou não por s) precisam de acento escri- português: camino ("caminho" ), costa, cuanw (" quanto ") , el aro, cru.d o (" cru ") .
to para indicar que a última sílaba leva o acento tônico: vendí ("vendi"), Ch representa (tJI, como também em certos dialetos do norte de Portugal,
Jesús; sendo este som equivalente à pronúncia de t a ntes de [i) no português do Bra-
• palavras polissilábicas que terminam em n têm acento tônico na pe núl- sil, como em tio e dente: muchach o ( " rapaz ") , n och e (" n01te
· ") , h ccI10 ("f,·to"
e1 ,
tima sílaba: cantan ("cantam"), cancaron ("cantaram"), venden ("ven- "fato").
dem"), precisando de acento gráfico quando o ace nto tônico cai na últi- D tem duas realizações fonéticas, como no português europeu: um valor
ma sílaba: cantarán ("cantarão"), desdén, corazón ("coração"), algún oclusivo (d) e um valor fricativo [õ), dando-se a pronúncia oclusiva (em paralelo
("algum"); com O caso de blv) cm posição inicial absoluta (depois de pausa) e depois de l e
• o acento serve para distinguir homônimos, p. ex.: mas ("mas") - más n : Diós! ("Deus!"), caldo, biando ("brando"). A realização fricativa ocorre nos
("mais"), qtte ("que") - qué ("quê" e "que" interrogativo/exclamativo), outros casos, mais marcadamente entre vogais, onde a articulação se to rna tão
si ("se" conjunção) - sí ("si", "sim"), tu ("teu") - tú ("tu"), mas a falta fraca que d tende a desaparecer foneticamente, sobretudo na desinência -ado:
de acento não implica, como e m português, que a palavra seja átona, p. lafJado [lal3aóo] , nada, piedra ("pedra"), izquierda ("esquerda").
ex.: da ("dá"), ve ("vê"), o ("ou"); G antes de e e i representa (x) , igual ao eh no alemão ach e aproximando-se
• não se usa acento cm dio (djo ) e viu (vjo) ("deu" e "viu"); o mesmo da pronúncia carioca de r em cantar: gente, girasol ("girassol"). Antes de a, o
acontece quando as formas verbais aparecem ligadas a pronome clítico: eu e consoante, a letra g, como em po rtuguês, representa [g), tendo valor frica-
violo ("viu-o"). tivo, [~), sobretudo entre vogais, como no caso de b e d : gallo ("galo") , gordo ,
guarda, guía ("guia"), grave, luego ("logo'').
2.1 .•l. \ ':tlor fonético das letras J representa [x], equivalente ao g espanhol antes de e e i:jamás ("jamais"),
2. 1..1. l . .\s co11soa11tcs jefe ("chefe"), caja ("caixa"), hijo ("filho''),justo.
Como o quadro a presentado no início do capítulo já revela, o sistema das conso- L representa [li, que é mais semelhante ao l no português do Brasil do que
antes espanholas difere bastante do português, que, neste domínio, exibe maio- ao l velar no português europeu : leche (''leite"), maio ("mau"), hilo ("fio"), também
res semelhanças com o francês e o italiano. As particularidades do espanhol re- em final de sílaba onde diferentemente da pronúncia brasileira, nunca sofre vo-
' '
s idem, sobretudo, nas fricativas: o espanhol conhece apenas uma sibilante, (s], calização:jaltar, cunel ("túnel") e mal, todos com (t), p. ex., [mall (e não [maw)).
em contraste com as quatro do português ( (s], (z), (J] e [31). Em contrapartida, Ll representa [Á] , equivalente a ih em po rtuguês e gli em italiano, ou sim-
existem duas fricativas, [8) e [x], desconhecidas no português comum. plificado a um [j J, equivalente a y em espanhol e ili e y em francês: llamar
B e V não se distinguem na pronúncia, como també m acontece em certas ("chamar"), calle ("rua" ), bello ( "belo"), canalla ("canalha", it . "canaglia", fr.
zonas d o norte de Portugal, representando ambas as letras os mesmos valores "canaille").
fonéticos, oscilando entre um valor oclusivo [bj e um valor fricativo bilabial ,U e X são sempre articulados como consoantes e não servem para indicar a
IP) . .Assim, não h á diferença de pronúncia entre, p . ex. , la bandera ("a ban- nasalidade de uma vogal, como em português e francês : campo l'kampo), canto
deira") e lavandera ("lavandeira"). A pronúncia oclusiva de b e v ocorre em ['kanto), e não ['ki?puj, ('kfüul; igualmente e m final de palavra, pan ("pão"), en
posição inicial a bsoluta (depois de pausa) e depois de consoante nasal: Bien! ("em"), fin ("fim"), son ("são"), estación ("estação"), un ("um"), que se pro-
("Bem " ), Venga ("Venha" ); también ("também"), envidia ("inveja"). Nos ou- nunciam como se escrevem ([pan), lun) etc.). É raro terminar uma palavra em
tros casos, b e v realizam-se com valor de fricativa, sobretudo entre vogais: m, que, nesta posição, não se distingue de n na pronúncia: álbum ['albun] .
cantaba ("cantava"), caballo ("cavalo"), yerba ("erva"), nieve ("neve"), sal- N representa [Jl), equivalente a nh cm português egn em italiano e francês:
vaje ("selvagem"). ano("ano") , cana ("cana'), , espafwl.
11 ( )r<o~rafi a e t'nnécil';I 39
..lS (iram:ítk'a \.'Olllp:Lr.iti,·;1 ll(,11ais~ tJuatrti lí1igu;1~ romfi.11ic:1s

, . ação e fe-
ão existe em cspanh o l ' nasaliz
R é sempre alveolar, como na pronúncia do norte de Portugal, tanto sim- · om o portugues, n - ' . b ' aber
Em contraste c ai As voõ-1is mantêm o t1m rc -
. . t s de consoante nas • , E>' '
pies: caro, como múltiplo: Cierra ("terra"). Nunca é r uvular como em nui e a:mento das vogais an e, - de modo que o a em cama, campo,
carro na pronúncia de Lisboa e do Rio de Janeiro. cb , d seõui<las por m , n ou n,
também quan o , E> 1 tem o som de a em caro.
to -a ("cana"), por exemp o, ,
S é sempre alveolar, ligeiramente palatalizado tanto em posição inicial ualianD, canto e can
como final de sílaba: santo, espaiiol, listo ("esperto"), más ("mais"). No sul da
Espanha e na América, porém, soa como os português em "sete". Em espanhol, ~ . de pontuacüo •ct
2.1.4, Fenomcnm, . . - ponto de exclamação invertl os no
em contraste com o português, não existe distinção entre s surdo e s sonoro, e o nto de mterrogaçao e o "
O espanhol usa o po . lamativa: riQué quieres? ( O que que-
s entre vogais é sempre surdo: mesa, masa ("massa"), ambas com [s]. oração interrogauva ou exc -
começo da
Z representa (01, equivalente ao e espanhol antes de e e i: zapato ("sapato"), res.?"), j·Qué mara'Oilla!.
mozo ("moço"),juez ("juiz"). No espanhol do sul da Espanha e da América, a letra
z representa [s]. Além de corresponder ao z português, o z cm espanhol pode cor-
responder a ç ou s na palavra equivalente portuguesa: azúcar ("açúcar"), mozo
O ALF.\BETO E .\ PRO'.\'l''.\'CL\ 1)0 IT,\Ll.\'.\'0
2.2.
("moço"), zapato ("sapato"). Antes de e e i não se encontra z, sendo substituído
- ó a)õumas características fonéticas e ortográficas do italiano em
por e, nas seguintes alternâncias: luz - luces ("luzes"), rezar - rece ("reze"). Vejamos aE,ora E, · _
Y tem, em espanhol, valor de consoante, de semivogal e de vogal. Quan- confronto com o portugues.
do funciona como consoante, representa (j): ya ("já"), yegua ("égua"), mayor
("maior"),yo ("eu"), podendo chegar a ter uma pronúncia africada semelhante a
[d3], comog em italiano antes de e ei (Giovanni) ou d antes de {i] no português
do Brasil (dia). É semivogal nos ditongos decrescentes: ley ("lei"), hoy ("hoje"),
e vogal, pronunciada [i], cm um único caso, a palavray ("e"). H acca
A a
p pi w vu doppio
B bi l
2.1.J.2 .. \s \'(1g:1b ics
Em espanhol, o número de vogais (fonemas) é apenas cinco, número menor e ci
., i lungo Q qu (ku] X
y
erre ipsilon
do que em português por não haver distinção fonológica entre timbre aberto e K cappa R
D di
fechado em e e o (entre, p. ex., port. pode e pôde). Em contrapartida, as vogais s esse z zeta [dz-]
L elle
espanholas são pronunciadas com a mesma clareza tanto em sílaba tônica como E e
emme T ti
em sílaba átona e as vogais átonas não sofrem "redução", como frequentemente F effe M
acontece em português, sobretudo na variante europeia. Assim, pela oposição
gi N enne u u
G
entre o eu átonos distinguem-se romano e rumano ("romeno"), contraste que
não seria possível estabelecer no português europeu. do suhstituída por i, com valor de Li] ou
Os ditongos iu e ui, também escrito uy, são ditongos crescentes, [ju) e [wij: A letra_; é de pouco uso atual, sen ,k - , en1 palavras estrangeiras:
t } como as letras , w, X ey,
viuda ("viúva"),.fui, muy ("mui(to)"), diferentemente <lo português, onde são de- {i). Aparece, no entanto, ª t m um som semelhante
. fiax, k ayak , ª"'Cltt
Jeep, ...., · • Neste
• , caso ' estas. letras represen a
crescentes ([iw], [uj] em "viu" , "fui"). Os ditongos ie e ue, crescentes também,
ao que se atribui il letra na língua de ongem.
correspondem muitas vezes (sobretudo ic) a e e o abertos em português: piedra
("pedra"), ciego ("cego"), níega ("nega"), siete ("sete"), dicz ("dez"); puerca , • , 0 ,,cento grúfico
("porta"), mue'Oe ("move"), nue-ve ("nove"), luego ("logo"). Esta correspondên- 2.2.2. O acento tmnco e ' •. . d tro últimas
'nico pode cair cm uma as qua
cia, no entanto, não se verifica no masculino singular dos substantivos e adjetivos, Em palavras italianas, o acento to b ' ó , • n1arcar o acento tônico por
, . íl ba é o n"atono
onde o português normalmente tem o fechado: puerto ("porto"), hueso ("osso"), sílabas, mas apenas na u 1uma s1 a 1 • t, o acento grave. Quando se
, •· , . neste caso gera men e
nue'Oo ("novo"), cm contraste com o plural e o feminino de o aberto em português: um acento grahco, e usa-se, ,b g 1fechada pode-se empregar
-puertos ("portos"), huesos ("ossos"), nue'Vos, nueva(s) ("novos", "nova(s)"). Fal- quer fazer distinção gráfica entre vogalfa ehrtda c(v?lªl o' [ol) ,diferentemente do
. dº timbre ec a o e c , ,
ta de correspondência é também o caso em certas formas verbais (primeira pessoa o acento agudo para lil icar 0
do singular do presente do indicativo e as formas derivadas): muevo ("movo"). português:
li Orrnl!ratia l: t'unétl1.:a 41

40 (loram:itit.·a <.:ompar:tti\·a llnuai~s <.ttntro


' 1,-,,,,,,.,.
.., • :0. 1.!llt\:tllil'it~
~ .

Gh é uma combinação gráfica que se usa apenas antes de e e i para repre-


• a última sílaba leva o acento tônico em 1 sentar [g), equivalente, em muitos casos, à grafia gu em português, espanhol e
che), p. ex.: città ("cidad ,, .. pa avras oxítonas (parole tron-
diró ("direi") piu' (" . ~) ), caJJe, perc:hé ("porque"), senti ("sentiu") .
francês: Gh1nea ("Gume
· ,,, , esp. "G-,umea
. " , t·r. "G,mnee
. ' ") .
, mais ; , Gi antes de a, o eu representa [d3] e corresponde, frequentemente, aj cm
• o _acento tônico cai na penúltima sílaba em palavras paroxít português, espanhol e francês: già ("já"), gioco ("jogo"), giusto ("justo").
piane): cªsa amore venti ("vi t ") onas (parole
• ~ ' - , - - - - n e , porto; Gli é uma combinação gráfica que representa [ÃI, equivalente a lh cm por-
o acento tonico está na antepenúltima íl b 1 tuguês e a ll em espanhol:_figlio ("filho"), canaglia ("canalha", esp. "canalla").
(~arole s,~rucciole}: f, olitica, ªlbore ('~;;0::~;~~:;:~~iá~~i"a)r::n'todnas Gn é uma combinação gráfica que representa [Jl], equivalente a nh em
• ( venderb ) , -undeci ( onze") , uqmin1
. . ("h omens") alcíssimo· , - ere português, a fí em espanhol e gn cm francês: signure {"senhor", esp. "seftor", fr.
nos ver os, na terceira p, ' - do .' d"
cssoa d o p 1ural do presente .
acento tônico pode cair na sílaba que precede à a~te , ~n 1c~t1vo, o "seigneur").
L representa [li, sendo semelhante ao l dental do português do Brasil e do
do-se assim palavras biesd , 1 . - . penult1ma, torman-
lef ") b. . ruxu as (parole bisdrucciole): telefonano ("t português europeu: latte ("leite"), male ("mal"),Jilo ("fio").
onam , ª itano ("habitam"). e- Me N são sempre articulados como consoantes e não servem para indicar a
nasalidade de uma vogal, como cm português e francês: campo {'kampol, canto
2.2.J. Yalor fonético das letras
['kanto], e não ['kupo], ['kuto].
2 · 2 . .1. 1• .\s co11so:111 te-. Qu tem sempre valor de [kwl, tanto antes de a e o como e e i: quanto, quo-
Em italiano, existe distinção entre consoante curta tidiano, questo ("este", "isto"), qui ("aqui").
(dupla), tanto na ortografia , . (breve) e consoante longa
como na pronuncia. Por exemplo: R tem sempre a pronúncia de vibrante simples dental [ri, tanto curto
(breve): caro, como longo: terra . Nunca é r uvular como em rua e carro na pro-
cacio ("queijo") vs. caccio ("caço")
núncia lisboeta ou carioca.
camino ("chaminé") vs. cammino ("caminho") Sé sempre alveolar, [s], tanto em posição inicial como final de sílaha: san-
sono ("sou " , '' sao
- ") vs. sonno ("sonho")
to, questo ("este").
fato ("fado") vs.fatto ("fato") Se antes de e e í é uma combinação gráfica que representa lJl, equivalente
a x e eh em português e eh em francês: pesce (peJe] ("peixe"), scintilla ("faís-
A pronúncia das consoantes italianas é m . . , ca"). Antes de a, o eu e consoante, o grupo se representa [sk]: scala ("escada",
sas, mas há algumas diferença. . mto semelhante a das portugue-
uas línguas: s importantes· no valor fo ne't·rco d as 1etras entre as "escala"), scuola ("escola"), scrivere ("escrever").
d Sch é a combinação gráfica de s e eh, usada antes de e e i para representar
Cantes de e e i representa (tS]· cento ci (" . ,, (sk]: schema ("esquema"), meschino ("mesquinho", esp. "mezquino", fr. "mcs-
lhante a eh em espanhol e ·d. I , nque cmco ). Este som é seme-
. em certos ia etos do norte d p l
no português do Brasil a' pron, . d e ortuga e corresponde, quin").
, unc1a e t antes de[·] . Sei antes de a, o eu representa [fl: sciampa~na (fr. "champagne"), seio-
o nome italiano da letra ci soa ·g 1 • 1 I .' como em tw e dente. Assim,
' , 1 ua as pa avras ti e te
muitos brasileiros Antes de como pronunciadas por pero l'JoperoJ ("greve").
· a, 0 eu e consoante a letr Z tem dois valores fonéticos, (tsl surdo e (dz] sonoro. O zé surdo em alzar
em português: caro, colpa ("culpa") (" ' - " a e ~epresenta [k], como
Ch , . . , cuore coraçao ), clima crudo ("cru") ("alçar"), bellezza ("beleza"), p. ex., mas sonoro cm zona, civilizz are ("civilizar").
e uma combmação gráfica que se u. ' .
sentar [k) equivalente e . sa apenas antes de e e i para repre-
A ' m mmtos casos à grafia qu
, A
rances: che e chi ("q ") h. " ' em portugues, espanhol e 2.2 .J .2 . .\s vogais
f . ue 'mace ina ( máquina") Em italiano, as vogais são pronunciadas com a mesma clareza tanto cm sílaba
Ct antesdde a ' O. eu representa [ tJ]: cíao, bacio
G antes · · ("beijo"), ciuffo {"tufo"). tônica como em sílaba átona e não ocorre "redução" de vogais átonas, como fre-
e e e z representa [d3). gente giro (" 1 ") quentemente acontece cm português, sobretudo na variante europeia.
de, no português do Bras·I à , ·. ' . vota . Este som correspon-
. 1 , pronuncia ded antes de['] d. Em posição tônica, o italiano e o português têm os mesmos fonemas: casa,
ss1m, o nome italiano d 1 . ' 'como em ta e cidade
A
muitos brasileiros Ant d
ª etra dt soa igual à pai
' '
d
avra e como pronunciada por
· sette ("sete"), nove, mas em alguns casos o timbre da vogal (sobretudo do o)
· es e a, o e u e consoante a J t g pode variar entre as duas línguas. Assim, a vogal tônica é abe rta em italiano
em português: gallo ("g ") ,.. , e ra representa [g], como
- ª 10 , go(,o gusto ("gost ,,.)
çoes gli e gn ver página ao lado.) '
d
o 'gran e. (Sobre as combina- em, por exemplo, cusa ,Jorza e porto, mas fechada cm "coisa", "força" (subst.)
ll ()rtoi.:,r:1fi;1 l' lonét i<.' :l 43

Em geral, a ortografia francesa é bastante conservadora, obedecendo a


e" p orto" em português, enquanto é fechada e
mas aberta em "noz" "h , ,, " " m noce, ora e pesca em ital· pt1nclp;o, etimoló@cos, de modo que se 7sc,eve, p. ex., théâtre, philosophe
, ' ora e pesca em português iano,
e iechnologie, em contraste com as ortogratias portuguesa, espanhola e italiana,
Em silaba pretônica , as' voõa1·s·
IS , i·taJ·1anas pn ..·
º. rasil (centro-sul)·· a e· sempre
. , munc1am-se como no portug , p,eJominantemente fonéticas, 1w.1ro ,filówfo e tecnnfowa (port.), 1eauo,fil6sofo
df B aberto ues
cchados: pere!},rino,fotoP,rafia. Também, ap~_artam_ento, e e e o são sempre eiecnología (esp.), teatro,Jilosofo e tecnologia (it.). O uso, na ortografia francesa,
o seu valor pleno; assim e ' . • . em silaba fmal, as vogais conserv de letras "mudas" leva facilmente ao surgimento de homófonos, como, p. ex., as
' c o se pronunciam [ ') [ ] am
em português: gente, modo. e e o 'e não [i)/(~J e [u), como seguintes formas do verbo donner ("dar"): donne, donnes, donnent ("dou"/ "dá"/
"dê", "dás"/ "dês", "dão"/ "deem"), que são todas pronunciadas [d:m].
mento, Em contraste
d·as com o portuõue'
. antes
vogais
- .
de con.IS s, nao existe ' em 1·ta J"· .
iano, nasalização e fecha
. · soante nasal A• , ·. • -
tam~em quando seguidas por m ou n de . s vogais mantcm o timbre aberto 2.3.2. O acento tt>nico e o aci:nto ~rúfico
po, italiano e canto por 1 , modo que o a emfame ("fome") ca O francês distingue-se das três línguas românicas "do sul" pelo fato de o acento
. . ' exemp o, tem o som do a e ' m-
ie e uo sao _ d·1tongos cr m caro. tônico não possuir valor distintivo, de modo que o uso dos acentos gráficos não
O s d1tonõos1S
mente, tal como ie e ue em esp h 1 . escentes e correspondem frequcnte- visa assinalar a posição da sílaba acentuada. Os acentos escritos servem princi-
guês: pietra ("pedra") siepe ('~nbo';)e s~bretudo ie, a e e o abertos cm portu- palmente para indicar o timbre da vogal, havendo, no entanto, bastantes casos
" move"),fi.wri ("fora"' adv) Ese e , czeco (" ce,so ó ")
; ruota ("roda") muove em que se mantém um acento, motivado pela história da língua e para assim di-
fi( ' . . sta correspond A • '

ca no masculino sinóular dos . b, . , encia, no entanto, não se veri- ferenciar graficamente palavras homônimas, p. ex.: délégué ("delegado"), éleve
• . IS • su stant1vos e ad· . • .
ma mente tem o fechado: uovo (" ") Jct1vos, onde o português nor- ("aluno"), même ("mesmo"), mur - mur ("muro" - "maduro").
l 1 I . ovo ' nuo-vo ("n . ")
ura e o feminino de o aberto ovo ' em contraste com o
A
p" ( )" em portugues· uo-va (" ")
nova s ). Falta de corresponde'n . . b . ovos ' nuovi, ("novos" 2.J.J. \'ator fonético das letras
. . · eia e tam ém O • ,
pnmc1ra pessoa do singular do r •. . . caso em certas formas verbais
(muovo ("movo"). p esente do md1cativo e as formas derivadas): 2.3.J. l . .\s consoantes
Os sistemas das consoantes em francês e em português coincidem cm grande
parte, faltando ao francês, no entanto, a distinção entre r e rr ("caro", "carro")
e um fonema que corresponda ao fonema escrito Ih em português ("velho"). A
pronúncia das consoantes francesas é profundamente semelhante à das portu-
2 ..1. O ,\LF.\BETO E.\ PRO:\('.'íCL\ DO FR\:\CtS guesas, de modo que a exposição a seguir se concentra, paralelamente ao que
se fez com o espanhol e o italiano, apenas nos casos em que o valor fonético das
Finalmente, analisemos algumas p r opnedades
. fonéticas e ortográficas do f ,
~ . ra~~- letras diverge entre o francês e o português. O ponto mais complicado, e que difi-
culta bastante a interpretação ortoépiea do francês, é o elevado número de con-
__ ,1,1. O alfabeto francês
soantes "mudas", letras que não têm correspondência fonética ou que apenas a
• •• , • • ' • " . -:' ._: • • ,. - 'J • •

têm de maneira indireta. Em certos casos, porém, uma consoante que é "muda"
A [a) H (aJ) o [oi V [ve] quando a palavra se pronuncia isoladamente aparece como "latente", podendo
B (be] [i) p [pe] w [dubl 've] ganhar valor fonético se se lhe segue uma vogal, como, p. ex. : les [le) ("os"),
í mas les enfants (lEZÕ 'fõ] ("as crianças"), les hommes [\c'z:,m] ("os homens").
e [se] J [3ij Q [kyl X (iksl 1-
Este fenômeno tão característico da pronúncia francesa, a "liaison", ocorre em
D [de] K [kaJ R y f-'"'
[cR) [i'grck] determinados contextos linguísticos, dependendo, fora dos casos obrigatórios,
E [~] L [EI] s [cs] z [zcd] também da situação comunicativa e do registro sociolinguístico se uma "Jiaison"
F (d) M le:ml T (te) se realiza ou não.
B é "mudo" na combinação gráfica mb em final de palavra: plomb [plõ]
G [3el N 1e:nl u [y]
("chumbo") , tendo, noutros casos, valor fonético de [b\: bombe [bSbj ("bom-
ba"), ou {pi, antes de consoante surda: observer [:,pscR'vel("observar" ).
Não tendo, em francês, os nomes d . I . C e m posição final (de palavra e sílaba) representa [k): accent {ak'sõl
apenas a pronúncia destes nom A l as etras uma íorma gráfica, damos aqui
ge·Jfas, w com o valor de [v]
· oues.
( f k e w, sao
s etras - usadas em palavras estran-
· acento"), respecter ("respeitar") , lac ("lago"), mas não tem valor fonético
menos requente) de (w) : kayak , waó
..,on, watt. ("
ue impede que elisão e "liaison" se realizem: la hache ("o machado''), lcs ha•
em certas palavras, p ex. blan • [bl:ij " "
("porco"), tabac ("tabaco·;,) e a ( hranco ), estomac ("estômago"), porc
, como ct também n;-
:h,es (le'aJ] ("os machados"). Muitas das palavras com "h aspirado" são de ori-
pecto"), instinct [cs'tc] ("instinto") , respect ,, ª? o tem
[Rcs pc] , aspect
("r em • ") [aspc] ("as-
gem gennânica, mas também se encontram algumas palavras herdadas do latim:
com distinct [dis'tckt) ("d· t· ") espeito , em contraste la haine ("o ódio"), lc harem, le haricot ("o feijão"), la harpe ("a harpa"), le
is mto exact [egzaktj (" "
peito"), em que ct se pode p '. -, exato ) e suspect ("sus- h,asard ("o azar"), la hauteur ("a altura"), le héros ("o herói", mas não as pa-
. ronunc1ar [kt) Na palavr- d (" . ,
pronuncia-se o e sob ênfase e a t d 1· e a onc pms ', "então") lavras derivadas, como l'héro'ine e l'héro'isme), la honre ("a vergonha"), junto
, ' · n es e voga . com hardi ("audacioso"), haut ("alto"), ha'ir ("odiar"), hausser ("alçar"), huit
Ch e uma combinação gráfica que antes d
cm português ([s]), correspo~d d ' . e vogal, tem o mesmo valor que ("oito"), hors ("fora") e palavras compostas com hors (p. ex.: hors-d'oeuvre).
en o, em mmtos casos a , ,
Il e Ill depois de vogal r1:presentam [j], correspondendo não raramente a
V ,

s;i vai] ("cavalo") vache ("v ") Ch l . , e em portugues: chNJal


I ]: technique ("t,, · " , baca "' ,, ares. .
Antes de co , h
nsoantc, e tem valor de lh em português, ll em espanhol e gli em italiano: canaille ("canalha", esp. "ca-
[k ecmca 'su st., tecmco" ad· ) ,
vras onde se lhe seõuc uma voõ l· h , " J. ' como tamhem em certas pala- nalla", it. "canaglia"), travail [travaj] ("trabalho"), travailler (trava'je} ("traha-
5 5a . e oeur ( coração") ·h , _ ("
psychologique ("psicológico") - , . " , ' ore estre orquestra"), lhar"), soleil ("sol"), vieille [vjcjJ ("velha"),fauteuil (fo'tcejJ ("poltrona"),feuille
. mas psychique ( ps1quico") com ,.h - [J]
(frej] ("folha"), oeil (cejJ ("olho"), equivalendo, no entanto, -oil a [-wal\: poil
D nunca tem valo r f ncat1vo
· , · como no português curo e ( • " - - "• "
mas apenas valor da oclusiv (d) ( p u como em lado ) ("pelo"). Depois da vogal u e depois de consoante, ill soa [ij): cuiller [kqi'jcR]
," a como cm port "h d ") L'
· · ran ° · r,m pos1çao final ' d
• - '
e mudo": grand [gRa-] ("" J ") Jr . , ("colher", subst.),fille [fi:jl, billet (bi'jc] ("bilhete"). Em alguns casos, porém, ill
""ran e 01d [fRwa[ ("f · ") •
to em sud [syd) ("sul") e ~nt , d ' no , pied [pje) ("pé"), exce- tem valor de (il], p. ex.: mille ("mil"), ville ("cidade"), bacille [basil] ("hacilo"),
es e voga1 em caso de "I · · "
de [t]: grand ami [gRãtam1·J ("ó d ' iaison 'onde d tem valor tranquillc [tRÕ 'kil 1, distiller [distile] ("destilar"), Lille, Sé'Ville.
, -, " ,, ,.,,ran e amigo"). L e U representam [ll, que é mais semelhante ao l no português do Brasil
ve") Fhe ,f"d' mudo em oeufs [ref) ("ovos ") ' b oeuj,; (hcef], ( " hois") clcif [kl ] (" h
' e er oeuvre ("obra-prima") e s b d- -, , - e c a- do que ao l velar no português europeu: lait ("leite"), malade ("doente"), tam-
mas tem valor de (v] em nc if - - 1· o r_:tu o o plural de nerf(s) ("nervo(s)"), bém em final de sílaba, onde, diferentemente da pronúncia brasileira, não sofre
horas"). u ans nevo] e neuf heures ("nove anos", "nove vocalização: fil ("fio"), mal, altérer ("alterar"), com [li, não (w}. Em poucos
casos o l final não tem valor fonétíco, p. ex.: fils ("filho"), fusil, gentil, outil
G representa [3] não apenas antes de e e i
hém quando se lhe segue . . , , como em português, mas tam- ("ferramenta"), sourcil ("sobrancelha"), pouls [pu] ("pulso").
,.,_ - , y. gymnast1que ("ginástica" subst ",\· , . " . Me Nem final de sílaba não se pronunciam como consoantes, indicando,
"'ªº tem valor fonético na comb· _ , .. , -, 5mast1co , adJ.).
[lõ] ("longo"), poing [pwc) ("pu ~n!ç)ao grbahca n~ em final de palavra: long como em português, a nasalidade da vogal precedente: champ [Jõl ("campo"),
"d d " . n o , em ourg ( bur.10" 5 " ·], ") d . chant {Sõl ("canto", subst.), temps (tõ] ("tempo"), ancien [õ 'sjc] ("antigo",
( e o ) e vinôt;:,
[vc] ("\·i· t ") _
n e e cm palavras c d
, vi a , mgt [dwa]
Antes de a, o eu e consoant , 1 ompostas esta última palavra. "velho"; "ancião"), timbre (tcbRI, fin {fê} ("fim"), non (nSl ("não"), parjum
" ' e, a etrag representa [g]
( guarda"), gomme ("õoma") g (" " • - 'como em português: garde [paR'f&), un [&]. Em poucos casos, porém, me n têm valor de consoante nesta
" , out gosto ) gue/e ("õ 1 ") ( ,
nações gn e gu, ver ahaixo.) ' . 50e a . Sobre as combi- situação, p. ex.: álbum [alb:,m), harem [aRcml, Citroen {sitRocn]. No caso de
"liaison", pronuncia-se a consoante n, mas conservando-se a nasalização da vo•
Ge antes
, de a, o eu representa [3] , p · ex.·· -mangeons (" comem ") o
os , eorgcs. gal: un ancien ami [&nõsjênami) ("um velho amigo"), mon ami {mSnamil- Em
G n e uma combinação ráf , -
português, a ii em espanhol -~ H.:a ~u~ representa [.11], equivalente a nh em bon ami, ocorre desnasalização da vogal: [b::mami], como também em moycn
it. "signore"). . e nem italiano: seigneur ("senhor", 1:sp. "seiior", âge (mwajcna3] ("Idade Média") e mais alguns casos.
P não tem valor fonético em posição final: coup [ku] ("golpe"), trop [trol
Gu representa [g] não apenas antes de e e i
bém quando se lhe seõue v e ' como em português, mas tam- ("demasiado"), como tamhém não o tem em, p. ex.: baptême {batem], corps
E> outras vogais· Ou [ ·1 , .
gamos"). Em certos caso - , . .. y g1 ,Jattguons [fati'gS] ("fati- (k)R] ("corpo"), temps [tõ) ("tempo"), prompt (pRS} ("pronto"), comptcr {kS'te)
s, porem ou em ,-;u t ., ,.
[e'gyi:jJ ("agulha") f<' d ' s em \a1or vocahco, p. ex.: aiguillc ("contar"), dompter ("domar"), sept {sct] e nas formas romps e rompt do ver-
. . , e notar a pronúncia de orgueil [:,'Rgcej) ("or-\ulh "_) bo rompre, ambas pronunciadas (RS]. No caso de "liaison", o p final tem valor
H , como em portuõuA -
ó es, nao tem valor f 'r d - ó o .
elisão de vogal final como ")" . , " one ico, e maneira que há tanto de [p]: trop aimable [tR'.)pcmahll, beaucoup aimable ("demasiado, muito amá-
1aison antes de palavras
vogal : l'heure ("a hora") l'h. ,[ l . , que começam com h mais vel"), como também o tem em cap, stop e handicap.
Existem, no entant, h ote , es heures (le'za:R] ("as horas"), les hôtels. Ph é uma combinação gráfica que tem o valor de If}, correspondendo, nor-
o, astantes palavras em qu h . . . l .
consoante, o chamado "h as . , " . e o m1cia tunciona como malmente, a um "f'em português: philosophe ("filósofo").
pirado , que também não tem valor t'one't·1co, mas
46 O r :m1.itic:1 C<ullp:ir:ith ., . . ..
11tm ,11:-.~ ~
, qu;H ro lm,l!uas rom;ini<.":1!--
11 ( )rl o~rafia L' fo11~t ica 4 7

Q tem valor de fkJ : coq ("gal ") . _ _


também tem valor de /k] nã o 'cinq [se) (ou [sekl) ("cinco"). A grafia 1i antes de vogal tem valor de [sj], correspondendo a e ou ç e m português:
( " que " ' " quem"), queue lk.0] ' o apenas antes de e e i c qu initia/,, démocratie, ambitieu.x lã bisj0] ("a mbicioso"), statiun [stasj5] ("es ta-
("ca d ") ' orno em português: que qui
." d ,, .
( quan o ) , cmquance [sc'ko-t] (" . u a , mas também a t . d ' ção"), stationner [stasj ne] ("estacionar"), (/es) portions [(lc)p:>Rsj5I ("(as) por-
n es e a e o: quand [kãj
[k w I: aquarium, équateur ("equad cinquenta") Em alg
") . .l uns casos, qu pronuncia-se ções"). No entanto, t pronuncia-se (t i quando ti vem depois de s: modestie, ques-
R é sempre uvular como na or , ' qum . .
kwa) ("(o) " "(
que ' o) quê"). tion, em formas e pa lavras derivadas dos verbos em -ter e -tir: partie ("partida" ),
" , ,, " ,, pronuncia lisboeta O .
nous portions [nupORtj5) ("(nós) levávamos/levemos"), e do verbo tenir ("ter",
rua , terra (não alveolar como em "caro" "b . ,, u canoca do português de
lavra, ré "mudo" depois de e· S'""'t. - . ' ranco ): rue ' terre. Em final de pa- "segurar"): (jeltu) tiens e (il) tient, ambas (tjcl, entreti<.>n ("manutenção "), sou-
. -.,. 1.er {satJe] ("s d ") l
mer {eme J ("amar") e em monsieur .
{m:;,sjoJ e
'en
. .
ª • éger [lc3e) ("ligeiro") , ai-· tien ("apoio"), como também nos seguintes casos: patient, satiété ("saciedade"),
pronuncia ndo-se no entanto messieurs [m;)'sjeJ ("senhor(es)") (in)satiable , balbutier, initier.
enfer ("inferno"/ hiver ("1·n'veem c~)rtos casos: cuiller [k4i'.jeR] ("colher" s ubst )' X pronuncia-se [ks):fixer , luxe [lyks], expliquer; ou [gzJ, em ex- mais vogal:
' mo mer (" ") ' ·, exemple, existir, exhaustif e em xénophobie [gzenofobi) . Tem valor de [s) c m
[ameR] ("amargo") cher (" ") (i, ' mar , v er fveR] ("verme") amer
' caro er ("altivo") · • ' soixante [swasõt) ("sessenta") e Bruxelles, mas valor de (zl cm dix-huit {dizqitl,
Sé sempre a lveolar com0 ,. e tiers [tJCR] ("terceiro").
A

. , no portugues "s . ,, dix-neu/ (diznref), deu.xieme [dozjEm) ("segundo"), si.xieme ("sexto"), di.xieme
como final: sens [sãs ] ("sentido") . (" , enso ' tanto em posição inicial
f J , rester restar") ("décimo") e em caso de "liaison": deux hommes [d0z:>m] , dix hommes ("dois/
ma como no português euro eu , ·. , nunca palatal em posição
Em final de palavra no :nt e na pronuncia carioca ("bons", "restar") dez homens"). Em posição final, x é "mudo", p. ex.: prix (pri) ("preço"), voix
Pas ( " passo " ' " não") les fie) ' anto, o s é normalme t " d " . [vwa) ("voz") ,faux [foi ("falso"), deux [d.o) ("dois"), tendo, no entanto, valor fo-
("o ·"/" " . n e mu o em francês·
[nu] ("nós" "nos") .' f s as ), ils [iJ) ("eles"), elles fel) ("elas") ,. nético de [ks] em alguns casos, p . ex.: índex, lynx [lcks ) ("lince"), sphinx, Aix,As-
, ,Jours 3uR) ("dias") san [ " • , nous
nos"). Também não tem valor,. ' t· , ' s sq ( sem"), petits (p:;,ti) ("peque- térix, e valor de [s) em six ("seis") e dix ("dez") quando têm valor de substantivo.
/esquel(le)s e desquel(le)s ("os/as ione JCo nos seõuint Z não te m valor fonético em posição final: n ez [nc J ("nariz"), riz ("arroz"),
quais" , "dº es casos: (il) est [e ] ("(ele) é "),
("minhas senhoras") mesd . li ' os/das quais"), mesdames [medamJ (vou s) allez ("(vós) ides", "vocês vão"), chez ("cm casa de"), pronunciando-se
J, ' ' em01.se es [med;)mw I] (" [z], no entanto, em gaz [goz ) ("gás") e em caso de "líaison ": chez eux [JeZ0)
esus-Christ [3ezykRistJ (mas /e CI . [I . azc meninas"), Descartes
· irise :;,k,ustl) ' ("em casa deles").
Em ce rtas palavras, porém, s tem valor de [ .
autobus ("autocarro" "ô 'b ") b. . s ] em posição final, p. ex.: atlas
("osso"), os pronuncia-se ' m us is J1ls {fi s] ("flh ")
no sin~ular'. :,s , _1 o ' ours ("urso"). Em os
·· ' 2.J ..1.2 .. \s vo_gais
português, s pronuncia-se [z] . [ ._J. mas nao no plural: os (o). Como em O sistema das vogais francesas difere bastante do sis te ma português: o francês
'T . " e ntre vogais o que ta bé . tem vogais orais [a, o, e, e, i, ce, 0, o, o , y, u], das quais o português não conh ece
1a1son : rose {rozJ ("rosa") l h ' m 'm e o caso quando há
[n uzavo-1 ("(nós) temos") . ' es ommes - (lez:>mJ
, ("os, h omens") ' nous avons a série de vogais an terio res a rredondadas {re, 0, y] fora da pronúncia dialetal de
Se antes de e . r
'sans argent sozaR3ã 1("sem dinheiro") certas zonas (Beira Baixa e Alto A]entcjo, os Açores) . Estas vogais são escritas
' ' l e Y representa [sJ· :'ICCn, (" ") .
conscience, e antes de a 0 , ., e cena ' science ("ciência") u e euloeu: tu \ty],Jeu [fo] ("fogo"), boeuf [bcefJ ("boi"), sendo o som [u] repre-
" b ,,
( o scuro '"escuro") scrup· l (" , eu e consoante repre f k) ' sentado pela grafía ou: ours ("urso").
senta s : scandale ubscur
' u e escrúpulo") ' · A distinção entre (oi e [a i, que muitos franceses atualmente deixam de
Sch pro nunc1a-se · normalmente [J) . h , ·
nas derivações de schizo. . se ema {femaJ ("esquema"), mas [skJ observar, também não existe no português, onde a oposição entre "a fechado" e
T não tem valor i , · . _ ''a aberto" de, p . ex., "aquele" [e] vs. "àquele" [a) e "contamos" vs. "contámos"
(" " onet1co em pos1çao final· l . (1 " . "
pequeno ), cent {sã] ("cento"), Vingt [v- J (" : a~~ ~] ( leite ), petit [p;)ti) no português europeu é fonetica mente muito diferente de [oi vs. [a] em francês.
pronunciando-se, no entanto . - . e . vmte ), (1/) part ( "(ele) parte") Nesta língua, a nunca é "fechado" como em português, tendo [o] uma pronúncia
to") d (" ' nos seguintes casos· co [k- ' mais "aberta" do que [a ).
, ot dote"), l'est [lest] ("o 1 ·t ") l' • . ncept :>scptJ ("concei-
"t· "
( impo ), cet ("este "), se t (set " cs e ouest (" " A vogal [a], chamada e caduc ou efém inin , é bastante semelhante ao "e
,; o oeste ), mat ("mate"), net
et un (21), vingc-deu.x (2~ vctJ0( sete ) e_nos_ nu~erais 21 a 29, p. ex., v ingt reduzido" no português europeu, em, p. ex., "me", "que", "levar", embora p ro-
consoante: huitfrancs [ ifR~ " 1: Em huu l,~1tJ ( oito"), t é "mudo" antes de nunciado mais aberto em francês do que o [:;,) português, que muitas vezes se
[fe(t) 1("fato") é facultati~o r] ( mt_o francos ); em but [by(t)) ("alvo") e fait aproxima de (i] .
rt] · .
. petu ami fp(a)titami) ("
P onunc1ar o t No caso d "J· .
. .
,,
e iarson 't tem valor de Em contraste com o português, o francês conhece apenas ditongos cres-
pequen o amigo", "amiguinho"). centes, [qi}, (wil e [waj em, p. ex.: lui ("ele", "lhe"), Louis, loi ("lei"), dos quais
48 lir:11nrir ic:l cornp:1rarh·.1 110 11:ti~:,,. quatro língu a:- n,mt11rn: ;1s

, tem valo r de [;)], como


. '\aba ou se lhe s egue s , e
o prime iro não existe no português. As muitas grafias do tipo ai, au, ei, eu, ou e Q uando e termina a s1 l m1· (" me io") recard [R;)taR]
. l ("o") me, que e tc., ( e ' .
eau , oeu não representam ditongos ou tritangos, mas apenas vogais m onotongais rtuguês europeu. e ' ad ·1tas vezes perde o valor fon é t1-
nO po , b f· , 1 a'tona o e c uc mu - - "
na pronúncia francesa, p . ex.: l,ait [!e] ("leite"),j(.,u [f0] ("fogo"), au e eau, ambos " ") Em s1la a m a ' \) ("f 1 /a/e" "falas/es ,
( atraso - " d O "· parle parles, parlent, todos [par ao '
fo) ("ao" e "água" ). co, ficando mu · '

Tal como o português, m as diferente me nte do espanhol e do italiano, 0 "falarofem"). l , ·f hada [e]: délégué ("delegado"), école [ek::>I)
francês tem a oposição entre vogais orais e vogais nasais. As vogais nasais, po- É representa a voga semi ec
1(" ")
rém , n ão são fone ticamente as mesmas no francês e no português: em francês, ("escola"), c~Jé , année [anel l· an~ .(" mãe") pres [pRc] ("per co"),fêce ("fest a" ) ,
são de timb re aherto; em português, de timbre fechado: .fin [fc] vs. "fim" [fi},
E te E representam E . mere ,.
' " ,, ,. [ tR] ("ser", "est ar''). "
atenda [a3i:da] vs. "agenda" [e], un [reJ vs. "um" [uJ, bon [b5] vs. "bom " [bõ], ~ t [pRC] ( pronto ), etre e , . . [Rcn} ("rainha"), seize [s1oz ) ( dezes-
. e é raro, representa [e]. reine - " . ")
bane [bõ] vs. "banco" [e]. Também e m contraste com o português, o francês Et , qu n· . [
C] ("seio") peintre [pCtR] ( pintor .
desconhece os dito ngos nasais, c omo "ãc" e "ão", representando as grafias ain, seis") e , quando nasal, e . sem s confo~me o contexto fonético em que se
ein monotongos nasais. Eu e Eu representam [0~ e [re][, 1 ("º m ") 1·eune [30n] ("jejum" ), seul
. [ ] (". g ") 3eune 30:n JOVe '
A representa [aj e (o], ocorrendo este último apenas antes de s em cer- encontram:JeU 30 JO o , d . ("h aver" "ter") a grafia eu tem
, ,, [ etR] Em formas e avoir , '
tas palavras: pas (pa) ("passo", "n ão"), gras [gRa}, grasse [gRos) ("go rdo/a "), e [sal] (' só ) , neutre ~, . . [ 1 ("f ,, "tenho tido"). Quando nasal, eu. tem o
fa j nos outros casos, p. ex.: ma ("minha"), patte fpatJ ("pa ta"), année ("ano"). ovalorde[y],p. ex.:Jateu 3cy ive'
Antes de me nem final de sílaba, a torna-se nasal, [õ}, como em champ [fã] valor de[&): à jeun [a3re] ("cm j~J(·~m")_-") 'mes ("vi·mos" pret. de "ver" ), na'(l
..
I , 1 e I re presentam 1 ·
1·1· ici aqui 'vi , '
gal tônica ou entre vo-
("campo "), an [õ] ("ano"), Zangue (lõg] ("língua"). " t·] ando se lhe segue um a vo
 representa [a) : âne (onJ ("asno") , pâte fpot} ("m assa") , mât [ma) ("mas- [na'if] ("ingê nuo ), mas J qu . _ ' " . ,, "l ") ate ("aí"). Antes de m
. . " '") fi .. nce [faJos] ( faiança
gais: pied (pJe ] ( pe ' ate I
' ouça ,
em português m as represen-
tro") , exceto nas desinências verbais: parlâmes ("falamos"), parlâces ("falas-
··nal de sílaba i (e t) torna-se nasa , como '
tes"), onde é pronunc iado [a ]. e n em t 1
- , ] . (" . ho" ) vinmes ( " viemos . ")
.
Ai representa (e]: lait [le) ("leite"), quai [ke) reais"), aim er ("amar"), que, tando [ê]: timbre [tcbR ' vin vm ' d. ó ·do po r apenas uma consoante,
6 1 ente quan o se6 UI
a ntes de me n cm fina l de sílaba, se nasalíza:faim [fi:] ("fome"), ainsi ("assim"). O representa [ o ] , 1,,era m ") l o] ("órosso" ) rose [Roz],
] (" palavra gros 9R
e [:,] nos outros casos: mot l~o
& • '
Au representa [o] e [:,]:jaux [ fo) ("falso"), autre (otR] ("outro/a"), m awvais ,' , [bt] ("quota") . Antes de m e n
l ] ("coluna ) port [p::>R], cote [- ]
[m::>vc] (" mau"), maure fm::>R] ("mouro/a"). mas colonne [k::i :,n ' guês mas representando ::i :
em final de sílaba, o to rna-se nasal, com o em ~o rt~' - "'
Ay represe nta [e j + UI antes de vogal: payer [peje) ("pagar"), m as [a )+ Li] -1(" ") oncle [:,kl] ( n o ) .
em mayonnaise [maj:,m:zJ, (e j + [i) em abbaye [abeil ("abadia") e pays ("país") nom ombre [3bR], mon [m::> m eu ' " ' t ")
' ) ("l d ") •ôte [kotl ( cos a ·
e em de rivados desta última pala vra. Ôreprescnta[o] : côté [kote ~ o ,e , [ ct] masnãoemoeil[a:j]
Oe represe nta no rmalmen te dois sons: poete po '
E re presenta [E) normalmente antes de consoante (gráfica) em final de sílaba:
("olho") e poêle [pwal] ("fogão", "frigideira"). , . . . , [ ] ("voto"),
f er (''ferro" ) , respect [RcspcJ ("respeito" ), mas [ej antes der e z: parler ("falar"),
[ ] conforme o contexto fo neuco. voeu v 0
parlez ("falais"), a mbos [paRleJ, na palavra et ("e") e nas palavras mo nossilábi- Oeu representa [01 e a: . [ f] (" vo") boeu/[brefJ ("boi" ),
noeud {n0] ("nó") , oeufs [0f] ("ovos"), mas oeuj re o '
cas em -es {-e) : ces [se] ("es tes"/ "estas"), les ("os"/ "as") etc., exceto em (tu)
es (e]. Em poucos casos e tem valor de (aj:Jemme [faml ("mulhe r") , solennel coeur [kreR] ( " coraçao
- ") • . (" . ,,.) oi·seau (wa zo] (" pássaro " ),
d . g0 [wal moi mim , ·
(s:,lancl) e nos advérbios cm -emment [-amõ]. Na grafia ge c je antes de vogal , Oi representa o 1ton _ · · _ . (" ha" ) moindre [mwêdR]
croire [kRwaR] ("crer" ) e , quando nasal, [wc]: com cun ,
e não tem valor fonético: Georges [3::>R3], Jean f3õJ, o que também é o caso e m
asseoir (aswaR) ("sentar") e na grafia eau: eau [o] ("água"), beau [bo] ("be lo"). ("menor" ). o em o rtuguês): coup [ku] ("gol-
Ou e Ou representam [u] (nunca [o] , com ,p.' . 1 . , [lwe] ("alugar",
Antes de m e n cm final de s ílaba, e to rna-se nasal, como cm português, pe"), cour [kur), ou ("onde"), [wl a ntes de vogal tomca. ouer
mas representando [õJ : membre [mãbR], vent [vã] , en [õ), naturellement [-mõ].
Em certos casos, porém, tem va lor de [e], como depois de i : bien [bjc], v ient "louvar"), oui [wi] ("sim"). l [I . I) ("leal") moyen [mwajê]
Oy representa [waj] antes de vogal: loya wap '
[vje) ("vem"), e em européen [0R::>pec], examen , moyen [mwajc] ("médio" ) e
dtoyen [sit wajc] ("cidadão ") . Poré m, nos substa ntivos e adjetivos e m -iene e ("médio"). . (" b e" ) súr ("seguro" ), Saül
U Ü O representam a vogal [y]: tu, sur s o r ' . [\ ·1 (" l •" "lhe")
-ience e os seus derivados, o e n asal tem valo r de [õ]: client [klijõ], science [sjõs] ' ' . d I· . , no rmalmente: lui 4 1 ee , '
("ciência"), scientifique [s jõtifík]. [sayl], mas a semivogal [4] antes e e)
50 Gramática comparativa Jlouaiss quatro língu.-is românicas

fruit [fRqi] ("fruto"), appui [apqi] ("apoio"), appuyer [apqije] ("apoiar"). Antes
de m e n em final de sílaba, u toma-se nasal, como em português, mas repre-
sentando [&]: par.fum [paRfre], humble [rebl] ("humilde"), un [&], brun lbRã:I
("castanho", "marrom").
Y representa [i]: type ("tipo"), rythme [Ritm] , ou [j] antes de vogal:~
[j0] ("olhos"), payer [peje] e, quando nasal, (ê]: symbole [sêb:,l], symphonie
[sêbni].
5J

O léxico, em sentido geral, é o conjunto de palavras e locuções de uma língua.


f,ste amplo acervo se divide em duas categorias principais: a das unidades gra-
maticais (artigos, pronomes demonstrativos, pronomes pessoais, pronomes pos-
sessivos, pronomes indefinidos , preposições, conjunções e verbos auxiliares) e
a das unidades lexicais (verbos, substantivos, adjetivos e advérbios terminados
em .mente). O universo da primeira categoria é limitado, já os elementos d a
segunda constituem conjuntos permanentemente abertos e refletem as transfor-
mações por que passa a sociedade. Daí a criação de novas palavras, bem com o
0 desuso ou modificação d e sentido de outras. Se em 1850, conforme estudo da
Unesco, 240 palavras bastavam pa ra designar todas as ciênc ias, artes, técnic as
e profissões, nos anos 60 do século XX eram necessárias mais de 24 mil pa ra a
designação desse mesmo universo com suas novas subdivisões. Em sentido mais
restrito, dá-se o nome de léxico a essa segunda categoria de palavras, estreita-
mente ligadas ao contexto biossociocultural do falante.
Com o objetivo de tornar mais geral a noção de palavra, sobre a qual há inú -
meras definições, considerar-se-á aqui este termo como a unidade significativa
que, na modalidade escrita, vem separada por espaço em branco.

3 .1. O YOC.\Bl .L\IUO D.\S Ql'.\TRO LÍ:\GC\ S RO~L\:\'IC.\S

Logo à primeira vista, é fácil perceber que existe grande semelha nça entre o vo-
cabulário das quatro línguas românicas e sua origem comum é evidente.

mão mano mano main


bom bueno buono bon
vir venir venire venir

Esse paralelismo, porém , às vezes , se desfaz.


perigo peUgro pericolo danger
trabalho trabajo !avaro travai!
cão pe rro cane chien
cachimbo pipa pipa pipe

Sucede, ainda, por vezes, que as quatro palavras não possua m semelhança
alguma entre elas.
fechado cerrado chiuso fermé

Numa comparação u m pouco mais abrangente, pode-se notar que das qua-
tro é o francês que se distancia ma is da nossa língua.
111 O kxkn 55

54 (;r:1111:ÍÜê<l comp.ir.iti\··,
' 11ou,u:-.s
, , , , qw11 n, l m~uas
, rom:inü:as

J.2. LÉXICO .\CC\ll·L,\DO E YOC\Bl"L\RIO l'TlLIZ.\DO


·r<

cego ciego cieco aveugle


-t praticamente impossível calcular o número de palavras de uma língua como
porniguês. Existem palavras de uso geral e palavras de uso restrito (como os
esconder esconder nascondere cacher 0termos técnicos dos muitos ramos da ciência, do esporte, da religião, bem como

alegria
vocabulário característico dos diversos grupos socioculturais e o vocabulário
alegria allegria joie
0
regional). O contingente vocabular contemplado por um dicionário varia segundo
cuspir escupir sputare cracher a extensão do público a que a obra se destina. Dicionários da língua portuguesa
cansado cansado stanco fatigué para público escolar reúnem em média 30 mil palavras. O Dicionário da língua
O
portuguesa contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa (Lishoa: Verbo
, 1<:m contrapartida, a semelhança entre o v , . [20011), tendo em vista as 70 mil entradas que o constituem, pertence à categoria
e notória. Em alguns casos o 't I' f .ºc~bulano espanhol e o português
L a iano e o rances sao s Ih dos dicionários médios. Já os grandes dicionários, como o Aurélio (FERREIRA
o par português/espanhol· , . , eme antes, mas diferentes
d , noutros ao par port 6 •s1 [1999] e FERREIRA l2009I) e o Houaiss (llOUAISS l20011 e HOUAISS [2009])
vocábulos diferentes entre o f • ' . . Usue espanhol correspondem
rances e o italiano. superam a cifra dos 160 mil itens. Em sua primeira edição (2001), o Dicionário
Houaiss registra aproximadamente 229 mil verbetes. Esse contingente vocabular
pode atingir a cifra de 300 mil palavras relativamente a qualquer das quatro lín-
bigode bigote baffi moustache guas. O usuário românico de cultura média, habitante dos centros urhanos, em-
esquerda izquierda sinistra gauche prega, na modalidade oral, em tomo de 4 mil palavras, e até 8 mil, quando se inclui
sapatos zapatos scarpe
a modalidade escrita. Quanto à frequência das palavras na modalidade escrita, se-
souliers
gundo os especialistas, as cem palavras mais frequentes num texto recobrem 60%
cerveja cerveza birra biere do vocabulário utilizado nesse te xto; as mil palavras mais frequentes reeohrem
primo primo cugino cousin 85% e as quatro mil representam quase a totalidade, 97 ,5%, das palavras do texto.
comer comer mangiare manger

3.:\. ESTRlTl'R.\ D,\ FORj\L\Ç.\O DE P~\L\YR\S


Observa-se
, , pois , n o lex1co
' . românico f
português se aproximam· a aprox· - f 'qu~, com requência, o espanhol e o
, imaçao rances e it ]' f As palavras podem ser classificadas em duas categorias, como já visto na intro-
menos que a aproximação ibéri . f • , a iano, se reque nte, o é algo
ca, o rances e a Jín6ua dução deste capítulo: as unidades gramaticais (artigos, pronomes, preposições,
comple tamente do grupo Oco . d s que, por vezes, se separa
· · rre, am a que nem se f conjunções, verbos auxiliares), cujo elenco é fechado e não comporta novas en-
gia comum mantiveram sentidos Ih' , mpre as ormas de etimolo-
, seme antes nas quatro línguas. tradas, e as unidades lexicais (verbos, substantivos, adjetivos e advérbios em
-mente), cujo acervo é aberto e ilimitado. A unidade lexical pode ser representa-
subir subir subire (=sofrer, subir ( =sofrer, da por um vocábulo ou por uma combinação de vocábulos (as palavras compos-
padece r, estar padecer, estar tas, como beija-flor) ou expressões idiomáticas (Maria deu a lata ao namorado;
sujeito a) sujeito a) A miúda pôs a cabeça em água aos pais, port. eur.). As palavras, assim, não
sair salir salire (=sofrer) salir ( =manchar) podem ser estudadas de maneira isolada, mas necessariamente nas suas relações
largo largo largo large morfológicas e semânticas, havendo uma estreita interação entre léxico e gramá-
tica. São as unidades gramaticais (pouco mais de cem) que definem as regras,
Como se pode ver, h ª, uma complexa rela - d permitindo a construção de enunciados. É, pois, indispensável que se conheçam
entre o vocabulário d- . , çao e semelhança e oposição essas unidades já expostas nos capítulos precedentes.
as quatro hnguas na su f (
conteúdo (o significado). , , a orma o significante) e no seu Algumas unidades lexicais não podem ser divididas e m unidades significa-
tivas, como, por exemplo, mar. Na palavra incompreensível, entretanto, podem-
•Se depreender três unidades significativas, a saber: o núcleo compreen -, que
l{l U 10:dL"O 57

encerra o significado de compreender, o sufixo -fvel, que indica possibilidade, e 0 Sufüws formando substantivos:
-.,::· ...., ... ,_ •;.;• ..
~• " ~ . . ··,
prdi.xo in-, indicando a negação. Há, pois, unidades significativas menores que as
palavras: esses elementos morfológicos são denominados morfemas. Se analisada
historicamente, porém, poder-se-á decompor a palavra incompreensível de outra funzionario fonctionnaire
maneira. Com efeito, compreen-, o núcleo central, é ele próprio um derivado da barbero barbiere barbier
palavra latina comprehensum. Em latim, o núcleo central é prehens (captar, pegar), liberalismo libéralisme
liberalismo liberalismo
com a desinência gramatical um e o prefixo com. Comprec,-71der é "captar a totalida- .JSMUS
riqueza riccezza richesse
de". Em português contemporâneo, entretanto, esse recorte da palavra não é mais -ITIA riqueza
justicia giustizia justice
percebido pelo falante. São apenas notados os elementos in-compreens-ível. Os afi- justiça
varietà variété
xos (in =prefixo e ível =sufixo) modificam o sentido e a classe gramatical <la palavra -TAS variedade variedad
e, por isso, são unidades significativas. O plural de incompreen.<,ível é uma marca multitude moltitudine multitude
-ITUDO multidão
do código da língua. A simples presença dos indica pluralidade. Essa desinência (no splendore splendeur
esplendor esplendor
caso os, desinência de plural) é um morfema chamado morfema gramatical, como -OR
personaje personaggio personnage
o é, por exemplo, a desinência -mos, de cantamos, que indica estar o verbo no -ATICUS personagem
presente e na primeira pessoa do plural. Os afixos c as desinências gramaticais per- abundancia abbondanza abondance
-ANTIA abundância
mitem a criação de um número ilimitado de derivados. Os prefixos e os sufixos da armamento armamento armement
-MENTUM armamento
língua portuguesa são basicamente os mesmos das outras três línguas românicas es- sentimiento sentimento sentiment
sentimento
tudadas. Em função do seu número relativamente reduzido - e, ademais, comum às ff distribuidor distributore distributeur
distribuidor
quatro línguas - pode-se conhecer muito das línguas espanhola, italiana e francesa I
J
-TOR
scrittura écriture
a partir desse aspecto comparativo. Vejamos alguns exemplos de prefixos e sufixos. -TURA escritura escritura
1 abolizione abolition
;;"' -TIO abolição abolición
evasione évasion
:f,' -810 evasão evasión
IN- inanimado inanimado inanimato inanimé
RE- reanimado reanimado rianimare réanimé Sufixos formando adjetivos:
INTER- internacional internacional internazionale international
BI(S)- bicéfalo bicéfalo bicefalo bicéphale mortale morte!
-ALIS mortal mortal
villano villano vilain
-ANUS vilão
sintético sintetico synthétique
ANTI- antipático antipático antipatico -ETICUS sintético
antipathique sauvage
selvagem salvaje selvaggío
PERI- periódico periódico periodico périodique -ATICUS
herboso erboso herbeux
PARA- paralisia paralisis paralisi paralysie -OSUS ervoso
visible visibile visible
-BILIS visível
tardio tardivo tardif
-IVUS tardio
DIS- desagradável desagradable sgradevole désagréable
EX- expedição expedición spedizione expédition Sufixos formando verbos:
EXTRA- extraordinário extraordinario straordinario extraordinaire IITf&pJI½, i a ~ ' ; · . ~:
guerreggiare guerroyer
-IDIARE guerrear guerrear
Apenas os prefixos italianos s-, no exemplo acima, cm que se fundiram os latinizar latinizzare latiniser
latinizar
prefixos latinos dis- e ex-, e str-, transformação do latim extra-, desfazem a re- mortificar mortificare mortifier
-IZ mortificar
gularidade das correspondências.
l li o 10xi@ 59

J.5. YOC\BrI ,OS "POPl'L\RES'" E \'OC.\BrI,OS ··ERl ·nrros··


Sufixos formando advé rbios:
, ... , -
o bservemos o quadro abaixo:

-MENTE somente solamente solamente seulement

,jf, occhio oeil


Esta relação não abarca a totalidade dos prefixos e dos sufi
uma observação o rganizada das semelh
, .
xos, mas permite w
i'
olho ojo
ocular oculare oculaire
~tlá ,_ no entanto, alguns fatos q~e mere:: !ª~:;t~:u:~ ~~:t::~:gp~;s :~:âdna!cas. 1 ocular
oculista oculiste
1 a 11a no ou -ezza ' como forma popu1ar ( exemplo· riccezza) o . . , em oculista
oeulista
erudita (e xemplo: giustizía ). Poder-se-ão iguaime ' u -izia , c_omo forma ophtalmologue
oftalmólogo oftalmologo
que as quatro línguas exerceram umas sobre as ou~~; ;ssaltar a; m flu~ncias oftalmólogo
em francês -íer. É esse sufixo franc·es que, ao e ntrar e m .ital'a
or exemp o1·, -anus f dá
-iere (exemplo: barbiere) . S u bl'm h e-se
, a .m d a que
. Os quatro vocábulos da primeira linha são bastante diferentes. Todos
por vez 1 no,. exp ,ca , a orma
mânicas recorrem a sufixos diferent . .' - es, as quatro hnguas ro- provêm , no entanto, do vocábulo latino oculus (olho). As alterações fonéticas
es para a c naçao de deri vados semelhantes.
por que tal vocábulo passou se deram diferentemente segundo as regiões da
România. Esses vocábulos são formas hereditá rias ou popula res. Os qua tro
vocábulos da segunda linha derivam do latim ocularis, forma ressuscitada
após séculos de esquecimento e adaptada à m orfologia das quatro línguas ro-
-TAS e -ITIA pobreza povertà pauvreté
mânicas. Os quatro vocábulos da te rceira linha fo ram inteiramente fabricados
a partir de oculus mais o sufixo -ista. A última série, finalmente, é constituída
por vocábulos cons truídos a partir da raiz grega oftalmo (olho) mais o sufi-
3.4. PSEUDOAFIXOS
xo -logus . Essas três últimas séries são compostas por vocábulos geralmente
denominados eruditos. Como se pode facilmente ver, a semelhança entre as
Convém m encionar ainda O proc d d .
tíficos e técnicos. ~rata-s~ d I es~o e en v~ção através de neologismos cien- quatro línguas é evidente nos vocábulos e ruditos. Essa constatação rem ete
~
. e e ementas extra1dos do lati , d
guns linguistas, como J . G. Herculano de Carvalho .m e grego, que al- para a evidente unidade da c ultura românica. Durante séculos o latim foi a
Coimbra: Atlântida ) d . .. ' (Teoria da linguagem , t. II. língua de cultura do Ocidente. Caso faltasse a algum erudito um vocábulo na

prese~tes ~as qu,atro !~~:~:~.


mono poli auto r~i1974 ' e nom1~am prehxoides e sufixoides, como tele,
metro,jorme,filo, logia etc. Esses elementos estão
sua língua "vulgar", bastava voltar ao inesgotável a rquivo inicial - o mesmo
dos seus colegas das outras línguas "vulgares" - e tomar posse do vocábulo
latino, adotando-o ou adapta ndo-o para a "significação" da nova ideia. Muitas
das formas eruditas atuais acabara m por pe rde r a relação com outras raízes.
;,,o M'lr • ;_
É o exemplo do português fácil , do espanhol fácil, do italiano facile e do
fra ncêsfacile. Na origem tratava-se do latim]acilis, reintroduzido nas línguas
TELE- televisão televisión televisione télévision
mode rnas em fins da Idade Média. Facilis em la tim era um derivado de fa-
MONO- monomotor monomotor monomotore monomoteur cere (faze r) . O que é fácil é aquilo que é factíveVfazível. Para o falante atual
das quatro línguas româ nicas, tal derivação já não é entendida dessa forma.
-METRUM termômetro termometro termometro thermometre
Observe-se, como prova, que o espanh ol manteve o f inicial. Não fora essa
-FORMIS cuneiforme cuneiforme cuneiforme cunéiforme forma erudita, te r-se-ia a transformação em h , como procede essa língu a nes-
sas situações, a começar pelo próprio verbofacere (em espanhol hacer). Os
Tais n eologismos emditos deram origem a d , vocábulos e ruditos constituem uma parte considerável do vocabulário usual,
muito contrib , .. _ gran e numero de vocábulos e
mram para a umf1caçao da terminologia nas línguas rom ânicas. como é indicado n o quadro a seguir.
60 Gramática com parativa Ho uaiss quatro línguas românicas

.......
catálogo
Etpmhol

catálogo
u.u.o
catalogo
Fraóh
catalogue

globo globo globo globe

memória memoria memoria memoire

plácido plácido placido placide

inteligente inteligente intelligente intelligent

parlamento parlamento parlam ento parlement

3.6. CONCLUSÃO
A introdução de vocábulos greco-latinos não é o único processo de criação lexi-
cal. Termos estrangeiros foram ao longo do tempo - e ainda são - introduzidos
regularmente nas nossas línguas (e pensemos, ainda, nos empréstimos mútuos
entre as próprias línguas românicas). Evoluções semânticas vêm se acrescen-
tar às modificações da forma do vocábulo e provocam o surgimento de novos
termos. Encontram-se, também, nas línguas românicas vocábulos com formas
abreviadas - fenômeno universal- , particularmente com os compostos greco-la-
tinos, por exemplo:foto (fotografia), ônibus (auto-ônibus), pneu (pneumático),
quilo (quilograma). Essas formas abreviadas têm o sentido pleno, como assina-
lam Celso Cunha e Lindley Cintra (Nova gramática do português contemporâ-
neo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984). Esse fenômeno é comum nas quatro
línguas. Novos vocábulos também surgem através da criação e vulgarização de
uma sigla que "passa a ser sentida como uma palavra primitiva, capaz, portanto,
de formar derivados" (Cunha e Cintra, obra cit.).
O vocabulário útil necessário para a intercomunicação românica é limitado.
O conhecimento de algumas dezenas de prefixos e sufixos facilita sobremodo a
intercompreensão entre essas línguas. Algumas dificuldades podem surgir quan-
do se trata de vocábulos do patrimônio hereditário. Alterações fonéticas distin-
tas segundo as regiões deram origem a significantes diferentes. Faz-se então uso
da diacronia com o objetivo de favorecer a leitura dessas diferenças.
6J

:~ e m os neste capítulo a composição do léxico das quatro línguas, cujo


-,ervo foi sendo estruturado ao longo dos séculos.

4.1. O PATRI~IÔ:\10 HEREDlT.\RlO


g a base fundamental constituída pelas palavras cuja origem remonta ao latim e
que, transmitidas de geração em geração, constituem o fundo comum das nos-
sas quatro línguas. Em português pertencem à herança lexical, por exemplo, os
substantivos pai, água e terra; os verbos vir, pôr e ser; os adjetivos belo, novo
e grande; os advérbios bem e mal; os numerais dez e vinte. Os elementos gra-
maticais da língua, como preposições e conjunções, têm, igualmente, origem no
acervo latino. As alterações fonéticas por que passaram essas palavras através
dos séculos, e em regiões variadas, tornam-nas, por vezes, completamente dife-
rentes da sua original latina, como, por exemplo, o português olho, o espanhol
ojo, o italiano occhio e o francês oeil.
Em contrapartida, é comum a identificação imediata entre as quatro lín-
guas, como parte (português), parte (espanhol), parte (italiano) e part (francês).
Visando a uma melhor intercompreensão, cabe, pois, identificar as modificações
dessas palavras através da sua própria história. A chamada gramática histórica,
que, a partir do latim, descreve as alterações fonéticas - as "leis fonéticas" - ,
encarregou-se de estabelecer os grandes princípios que regem essas transforma-
ções. Mas é , também, perfeitamente possível a exposição das principais trans-
formações fonéticas das quatro línguas sem que, necessariamente, se recorra ao
1: latim, ainda que, obviamente, a análise diacrônica facilite sobremaneira a tarefa.
Poderemos observar, inicialmente, que o desgaste fonético se deu diferen-
temente nas quatro línguas estudadas. Nas três palavras latinas partem , murum
e cymam , citadas no acusativo por ter sido o caso das declinações latinas que se
manteve, o acento tônico era na primeira sílaba e a segunda, por se r átona, foi
se enfraquecendo.
Assim, temos:

PARTEM parte parte parte part


MlJRUM muro muro muro mur
CYMAM cima cima cima cime

Como se pode ver, ou final de murum sobreviveu com a forma o, bem como
o e, de partem, em português, espanhol e italiano; já cm francês essas duas vogais
latinas desapareceram. Quanto ao a de c:,ymam, ele permanece em português,
espanhol e italiano , e nquanto em francês transformou-se em e "mudo". Essas
vogais átonas finais do latim sobrevivem em italiano, espanhol e português, mas
desaparecem em francês ou se distanciam da sua forma primitiva.
64 Cr:1.m:ítica c o m parnciv:1 l lt>11aiss 1.1u.:1tn) lí11~uas romú 11ic a "

. ~ s ,irupos consonân-
. ode ver o trances conservou o. é>
Observemos algumas consoantes, como, por exemplo, nas palavras 't.JÍtam · Nesse caso, como se p , 1 tal· ção - o l dos grupos pl , cl c.f1 se
'. ·cos. Nas
. rtn5õuas deu-se
demais .
a pa a iza
Essa palatalização continuou cm
amicum e 'Videre. tt . d O ·tahano m anteve-a. . ..
transformou em to e. ' hc l a uma consoante palatal tnca-
l d d \ gar cm cspan > ,
português e espanh o ' an .º u ll, ll , llama) e em português, à fricativa
i..] escnta ll ( eno, ave, ' ' . ha
VITAM vida vida vita vie tiVa lateral sonora l ' . . , ,i ·d· à fricativa escrita eh (chew, e -
palatal [tfl do português antigo - e em se1,m a
AMICUM amigo amigo amico ami
tie, chama), com a pronúncia lfl.
VIDERE ver ver vedere voir
. 1 , ct no interior de pah1,-ras
J) Os grupos e e
Trata-se das consoantes t , e e d situadas e ntre duas vogais. O italia no con-
servou-as. Em português e em espanhol as surdas te e intervocálicas se sonori-
zaram e m d e~ nas palavras vitam > vida e em amicum > amigo, e d, já sonoro, OC(U)LUM olho
lait
desapa rece em v idere > veer (forma usada na Idade Média) > ver . Em francês leche latte
LACTEM leite
houve o desaparecimento completo - vie, ami , 'VOir. Assim, no exemplo citado, - " ' de alatalização tão forte que a alteraçao tomou
pode-se notar que o português e o espanhol se mantiveram em posição interme- Houve, nesse caso, fenomeno
· p·r • com cxceça-o do ·1tal1'ano occhio e latte.
irreconhecível as palavras latinas pnm1 ivas,
diária, e nquanto o francês inovou e o ita liano conservou a forma primitiva.

-1.1.1. (:0111paraçiio de algumas cn>lm; i>cs

1 ) Ditonga~iio de e hrc \'c e o hrcn.: tê►nicos


O latim possuía cinco vogais breves e cinco longas. Observemos o quadro a baixo: ARBOREM árvore
- ·d"nticos em sílabas que se sucedem.
É comum a supressao de fonemas 1 ~ d . Em portu.iuês e em francês
1 l . arborem possu1a ms r. i:,

PEDEM pé pie piede pied Assim, por excmp o , o atim . . , , h l deu-se a sua eliminação - ai-
• . t . ,e Em 1tahano e espan o
essa sequencia se m an e, · h É que se chama dissimilação.
BENE bem bien bene bien
bero em italiano e árbol em espan o1. , O
CERVUM cervo ciervo cervo cerf
NOVUM novo nuevo nuovo neuf 4 _1.2 . .\lgumas particul:1ri<ladcs
FORTEM forte fuerte fort fort .,) Do 1•01tn·<a 1:.s .• hrc•,,es não se ditongam. Em
• drão as vogais e e 0
Como sabemos, no portugues pa h" 1 ) novo (espanhol nue<L-'O) , sete
· rta ( espan o puerca ,
Nessas situações a ditongação modificou, por vezes, a vogal. Não ocorreu português pronuncrn-se po . ) N . l ' ó a conhece ainda dois fenôme-
. ) b ( panhol bien . ossa tn1,u
ditonga ção em português e, quando ocorre em qualquer uma das três outras (espanhol s zete , em es d d z e do n intervocálicos.
línguas, o e breve se transforma em ie. O o breve, por sua vez , passa a ue em nos que a tornam diferente das outras: a que a o .
espanhol, uo em italiano e eu em francês. A evolução se dá, pois, de o breve se
ditongando em uo em italiano, ue em espanhol e eu em francês. 1) Queda do / intc n ·oc:ílko
português. Sua queda provoca um hiato que
Essa consoante desaparece em
2 ) Os gn1pos pi. d e _f7 cm início d e palaHa pode, por vezes, ser eliminado . .

PLENUM cheio Ueno pieno plein FlLUM fio


candeia chandelle
candea > candeia candeia
CLAVEM chave llave chiave clé CANDELAM couleur
color colore
FLAMMAM COLOREM coor > cor
chama !lama fiamma flamme
66 Gram:itica comp:1rmi,·,1 Houais-!-- qu;Hro lin,~uas runüh1tcas !\' .\ hisct·1rJ;1 tl,1s pala,-rm.: 67

Na palavrafio o hiato resultante do desaparecimento do l intervocálico se e) Do rr.,1.1.,,0


mantém. Em compensação ele é eliminado em candea pela introdução de um i o fenômeno da assimilação se dá com certa frequência cm italiano, já que mui-
UI (candeia) e em coor pela crase das duas vogais. tos grupos de consoantes se transformam em geminadas. Tem-se, por exemplo,
bs > ss-, ps > ss-, pt > tt•.
2) Queda do II i11tern,dlico
Antes de desaparecer, o n nasalizou a vogal que o precedia. Esses novos contatos
vocálicos tiveram evoluções distintas. OBSERVARE observar observar osservare observer

CAPSAM caixa caja cassa caisse


Latim Português F.epmhol lâlliauo F'rluacea
CORONAM SEPTEM sete siete sette sept
coroa corona corona couronne
PLENUM cheio lleno pieno plein O léxico italiano conta, também, com grande número de palavras iniciadas
LANAM lã lana por s mais consoante. Esse grupo consonantal ou é etimológico ou consequência
lana laine
da perda de uma vogal.
MANUM mão mano mano maio
VINUM vinho vino vino vin
SPERARE esperar esperar sperare espérer
Em coroa, a primeira das vogais se desnasalizou e o hiato se manteve _
HISTORIAM história historia storia histoire
corona >coro-a> coroa. Em cheio, houve, após a desnasalização da primeira
vogal, o acréscimo de um i , como em candeia, já citado. Em lã, a nasalidade HISPANIAM Espanha Espafia Spagna Espagne
conservou-se e o resultado foi uma única vogal nasal: lã-a > lã. Em mão, 0 a
nasal, que também se conservou, fundiu-se com o o, formando o ditongo nasal n) Do Flt.\\d:s
ão, tão característico da nossa língua. Em vinho, o hiato foi suprimido pelo sur- A língua francesa é, das quatro línguas românicas, a que mais se afastou do la-
gimento de [11.) vi-o> vinho. Os exemplos acima servem para que se tenha ideia tim. Pudemos ver a fragilidade das vogais átonas finais nessa língua (part, mur,
de um fenômeno mais geral, comum a grande número de palavras. cime), bem como das consoantes intervocálicas (vic, amie, voir). Analisamos a
ditongação de e e o breves (pied, bien, neuf) e a manutenção da vogal (fort). Vi-
i:) Do 1:-;1•.\\1101 mos, igualmente, a evolução de certos grupos consonânticos (oeil, lait). Ressal-
Já vimos algumas evoluções características do espanhol. Por exemplo, pl, cl efl te-se que o francês é a única das quatro línguas estudadas que não possui acento
passando a lleno, /lave e llama; cl e ct passando aj e eh - ojo e leche. Uma outra tônico com valor fonológico. Vejamos outras particularidades dessa língua.
cara:terística do espanhol é a passagem doj inicial ah. Tal fenômeno separa, no
particular, o espanhol das outras línguas românicas. 1) \'ogais
Ao ditongar, sob acento tônico, e breve em ie (picd, bien) e o breve em cu (neuf),
~~ ; > _ o francês se solidariza com as demais línguas românicas, com exceção do portu-
FACTUM feito guês. Mas delas se separa por uma série de evoluções que o distanciam conside-
hecho fatto fait
ravelmente do latim.
FARINAM farinha harina farina farine
FlJRNUM forno homo forno four • Ditongação francesa de e e o longos
O francês realiza uma ditongação das vogais longas e e o tônicas diferente
As palavras iniciadas por fo e ditongadas no espanhol emfae não observam essa da realizada pelas demais línguas estudadas.
evolução e conservam o f

HABERE haver haber avere avoir


FORTEM forte fuerte forte fort FLOREM flor fiore fleur
flor
. . A ~volução de e longo cm oi (pronunciado hoje [wa)) c de o lon o ,
io1 poss1vcl cm alóuns
'=' contextos • A vo'='a
ó I d cvc estar solta · g - cm eu so
por duas consoantes. ' ' ou se.1a, nao travada
costa côte
costa cuesta
p>BTA châtaigne
• Passagem de a tônico não travado a leJ castaõa castagna
:CASTANEA castanha

Como se pode constatar, a língua francesa é a que mais se afastou da fonte


latina. No entanto, as correspondências aqui apontadas possibilitam a memo-
rização. No francês few identifica-se com o português festa, o espanhol fiesta
, -~uanddo, ao con_t~ário, a vogal a tônica está travada pelas duas consoantes e italiano festa, o mesmo sucedendo com pâte, que remete para pasta das
O
nao se pro uz a mod1hcação. , três outras línguas. O código gráfico também pode ser facilmente assimilado. A
.. .:
.. . consoante [Jll. escrita gn em francês (seigneur) e em italiano (signore), é o nh
. , ., . ' . : ',. , . . . . .
português (senhor) e o ií espanhol (seiior).
PARTEM parte parte parte part

2) Consoantes
4.2. ,\ CRL\TIVID,\DE LEXICAL
~ Palatalização do e em eh antes de a
As palavras do patrimônio hereditário constituem uma pequena parte do léxico
E um d os fenomenos mais característicos da língua francesa.
A

atual das nossas línguas. Inúmeras palavras novas vieram enriquecer o acervo
• .. ;· ·~ .• ~ : ... ~:· . ' ~::·: ' "j... .. ... ~~ •
lexical através do processo de derivação (prefixos e sufixos), do retorno à fonte
. .
latina (palavras eruditas), hem como pelos empréstimos de outras línguas. Tal
CARRUM carro carro carro char
criatividade lexical é ilimitada e constitui um dos aspectos mais fascinantes da
CASTELLUM castelo castillo castello château história das línguas. Tomemos como exemplo as palavras derivadas do latim
CABALLUM cavalo caballo cavallo cheval pars (acusativo PARTEM), parte em português.

• Vocalização do l implosivo parte part / partie


parte parte parte
Trata-se
, da consoant
, · d a antes de consoante ou e f' d
e / situa 1 (parte)
Nessa posição l t . , m 1m e pa avra.
O , . ,- e,e uma pronuncia velar, como no português de Portugal mal
utras ,ezes esse/ velar fundiu-se com a vogal p . , •d .
riados (a + [ > a . , z rcce ente, com resultados va-
u, e+ > eau; o+ l > ou). 1) Partir
~. ._ !:, ':,..... _,"' . ,• ... . ,(' ,: . . -~- ',
·~ t,Ç
~..- _, •
..
• •
... '
? •
' '

partire (arcaico: partir (arcaico:


SALVUM salvo salvo salvo sauf partir partir (partir em
dividir) repartir, dividir)
PELLEM dois)
pele piei pelle peau
parcella parcelle
parcela parcela
COLAPUM golpe golpe colpo coup
parziale partiel
parcial parcial
partizione partition
partição partición
• Queda dos diante de consoante participer à
participar de, en participare a
to da~:--gs:lposição os <le~apareceu (na Idade Média), provocando o alongamen- participar de, em
particola particule
que O precedia . Tal a lo n.gamento trad uz-se, hoje, pela presença de
um acento circunflexo. partícula partícula
70 (iram,itü..•a compar,ati\·a Il(Htalss qu:1cn) línguas nHltcink:-a~

5) Partido ( ~rupo de pessoas)

aparte aparte partido partito parti


a parte à part partido -- - - - - - - - --- - - - - - - - -
------- partenariat
apartar apartar appartare partidario partenaire
partidário partenaire
partigiano
apartamento apartamento appartamento appertement (associado) partisan
contrapartida contrapartida (colaboração)
contropartita contrepartie - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - --- - - - - - - - - - - -
departamento departamento dipartimento département _____
parcial
___;;_
parcial
- - - - ~ - --
parziale
-- - - - -
imparziale
partia!
- --- - -- - -- - - --·
impartial
repartir repartir ripartire, spartire répartir, départir imparcial imparcial
parzialità partialité
repartição repartición ripartizione répartition parcialidade parcialidad
--- - - - - - - - -- - - - - - --- --- - - - - - - - - ·- ----
imparzialità imparcialité
repartidor repartidor ripartitore ripartiteur imparcialidade imparcialidad
reparto reparto partage, :;.=
~
partager, l 6) Prúprio de 11111a pc-.soa 011 coba
partegeur,
partageux particolare particulier
particular particular
a maior parte la mayor parte la maggior parte la plupart particolarità particularité
particularidade particularidad
particolarismo particularisme
particularismo particularismo
2) Dar parte. anunciar particolareggiare
(pormenorizar)
dar parte de uma dar parte de una far parte di, mettere fair part d'une
notícia noticia a parte di una nouvelle
notizia
7) Quebrar
participar uma participar una participare una
notícia noticia notizia partir o pão partir el pan

Buscamos, nos quadros anteriores, classificar as formas levando em consi-


.1) Ir-se cmhorn deração a variedade de sentidos. Mas não foi possível abarcar toda a diversidade
semântica. Assim, por exemplo, não se considerou o emprego de parte em ita-
partir partir partire partir liano, no sentido de "papel" de um ator de teatro. Diz-se, na língua de Dante, in-
partida partida partenza départ, partance terpretare, recitare una parte (interpretar um papel). Em espanhol parte pode
ter esse sentido, mas diz-se comumente un papel. Em português ocorre situação
semelhante, ao passo que em francês emprega-se unicamente rôle. Na área mu-
--1-) Responder
sical emprega-se em italiano partitura, transposto assim para o português e o
espanhol, mas em francês diz-se partition.
repartie (réplica) Teria sido possível, também, nos quadros apresentados, apontar a época
repartir (replicar)
em que cada vocábulo entrou na língua. Os dicionários etimológicos registram
a data dessa entrada. Em português , palavras como moderno , procela e lúcido
têm em Os Lusíadas (] 5 72) seu primeiro registro escrito. Lucidez só apare-
ce em 1873. A palavra inhame, de origem africana, já aparece na Carta de
Pero Vaz de Caminha. Claro, uma palavra pode ter existido bem antes da sua
ahonação por um texto, mas o registro no dicionário etimológico é de gran 1) A prcposi4<ào espanhola /w~~unifica "em direção", quer no sentido concreto
utilidade. Em espanhol, por exemplo, com base no dicionário etimológico de; Bacia, em espanhol mhod/erlhno, , gra a direita) quer no abstrato (hacia las cua-
Juan Corominas e José Antonio Pascual (Diccionario critico etimológico cas,. . { derec a o ar pa · ' ' d locu-
(mirar hacía a as uatro horas). Essa preposição provem a
tellano e histórico), partícula e particular remontam à Idade t.Iédia (primei- c,o/poT volta de, em w_~º
d q d õra <Seral do espanhol, passa a h ( como
inicial segun o a reE, E,
ros registros em meados do século XV); particularidad aparece na Celestina . çãoJace a, ond e o f ,
(1499); parcial aparece no fim do século XVI; partidario, no século XVII; e• ernfarina :> harina).
departamento, influência do francês département, apenas cm 1817. As datas
possibilitam, assim, a verificação da origem da palavra. Além do de Corominas ·. 2) O portu~uês cmlwn1 . , ' nhol s 'en aller em fran-
. h ra) traduz-se por irse em cspa , d.
e Pascual, onde há constantes referências às formas portuguesas, podem ser O nosso embora ( ir em . o d, bOra tem como equivalentes despe ir
consultados, para a língua portuguesa, os dicionários etimológicos de Francis- ·taliano Man ar em • -
cês e andarsene em i : , . d ' m italiano. Como con3unçao
trances e nman are e ,
co da Silveira Bueno, José Pedro Machado, Antenor Nascentes, Antônio Ge- em espanhol, renvoyer cm , . 1 ntes em espanhol aunque, em frances
raldo da Cunha. No de Wilhelm Mcye r-Lübkc - Romanisches etymologísches bora tem como equ1va e , . boa
concessiva, em . . b , ·h, Embora origina-se da locuçao em
Wijrterbuch - há uma extensa comparação das formas portuguesas com as das b• e em 1tahano enc e. . , d •r
quoique, ien que . . ' ícia" Acreditava-se que para se emprecn e
demais línguas românicas. hora "na hora boa, favoravcl, prop .d ·a aõuardar o momento propí-
' . 1 t ' uma viagem, evcr-se-1 "' - d
Os quadros permitem, igualmente, r econstituir as diferentes camadas que uma ação, part1cu armen e . ·r J·unto a expressocs de e-
, " E boa hora costumava v1
se foram superpondo na evolução do vocábulo. E não é difícil constatar que o cio "vai-se em boa hora . ,m . d siónifica algo como concedo
, ·\ . embora ele esteJa cansa o , E,
patrimônio hereditário vem representado apenas pelo substantivo parte e pelo sejo e de ordem. 1 ssim, ·, •un ão concessiva.
verbo partir. Este último foi construído com a reclassificação do latim clássico ("concordo") que ele esteja cansado, dai a conJ ç
partir, que era depoente, na quarta conjugação. São os únicos vocábulos real-
• , itcs e diYcrgcntcs
mente "populares" dos quadros, transmitidos oralmente de geração em geração 4.2 .1. Formas con,·cr~c• · . ca _ pode acontecer que
- d lavra - e em qua1quer epo . , .
desde o latim. Os demais foram reintroduzidos mais tarde, com datas varia- Durante a evoluçao a pa ao patrimônio hered1tano
. . .entistas etc recorram
das, ou totalmente reconstruídos. Há aí latinismos eruditos, puro latim clássico, ,· sacerdotes, poetas, JUrtstas, c1 , . traduzam uma ideia nova ou,
. d trar palavras novas que .
como partícula, que é o diminutivo latino partícula, ou ainda particular, do com o objetivo e encon t , com palavras cultas. Assim,
· de valorizar seus tcx os
adjetivo latino particularis. até, com o simpIes d eseJo . , h. ·t, ria de uma palavra e vo1ta-
- f éticas ocorndas na is o
Vários desses vocábulos foram "repescados" no vocabulário la tino e adapta- ignoram-se as a lteraçoes on 'h t'm Do latim circulus obtém-
. . . . ., 1 d ' mesmo voca u 1o e m 1a I . • l
dos às chamadas "línguas vulgares". Os vocábulos fabricados a partir da palavra -se ao estagio 1mcia esse , fdo de círculo; do latim e-
·t rano ambos com o sen t
base pars (acusativo partem) valeram-se de prefixos e de sufixos do latim. Sur- se cerchio e circol o em I a i , , h 1 m sentidos diferentes, o mes-
, · . em espan o co ,
giram, assim, parcialidade, parcialidad, parzialità, partialité e seus antônimos güimus tem-se lindo e l egitimo ', . ' a língua portuguesa criou
ó • Neste ulumo exemp1O ·
imparcialidade, imparcialid, imparzialità, imparcialité. Trata-se de criações mo acontecendo em portuE,ues. . .6 ·fcado próximo de le~ítimo .
· f' (lídimo) com um siE,m I f
românicas fiéis ao modelo latino. Pode-se notar, outrossim, que certos termos ainda uma terceira orma , . . dito lídimo , que so re u
. . 'b 1 rudito le~ittmo, o sem1eru
são morfológica e semanticamente semelhantes nas quatro línguas, como, por Coexistem, assim, o ,oca u o e Id d "·f édia - e lindo, que passou
. . - amb os. empreóados
alterações parciais na a e 1' '
exemplo, particular, particular, particolare, particulier, enquanto outros não F,.

- f , tica mais profunda . ,


aparecem nas quatro colunas (partir, por exemplo, no sentido de "quebrar", por uma evo1uçao one ' . . . ltaneamente nas quatro 1m-
"romper", extre mamente comum e m português, não existe e m francês nem em Essas formas divergentes podem existir s1mu
italiano). guas estudadas, como:
A criação verbal exposta refere-se principalmente às palavras lexicais
(substantivos, verbos, adjetivos, advérbios). As pala vras gramaticais (artigos,
pronomes, conjunções e tc.) constituem um conjunto menos aberto cuja reno- AUGUSTUM agosto
augusto augusto augusto
vação é mais lenta e mais rara. Há, no entanto, casos de criação lexical com
palavras gramaticais, como:
O mês agosto traz o nome do imperador ~~gusto, mas volta à forma primi-
. •.
tiva quando se trata do 1aumsm 0
auõusto
F,
(adJettvo ).
l\. ,\ his(úr i;1 da~ palavras 75

,t.l.2• os e1npréstin1os
()Utr8 maneira corrente de enriquecer o acervo lexical é o recurso aos emprésti-
pesar pesar pesare Sll(l8• Na época dos descobrimentos, os portugueses, por exemplo, forneceram a
pensar pensar pensare penser .í toda a Europa grande número de vocábulos exóticos, como mandarim , banana e
ct#' (este último é um antigo vocábulo português, com sentido de "bicho-papão",
, Em latim, em todos os grupos ns a conso ,. que para os marinheiros de Vasco da Gama passou a designar o fruto da palmeira
na epoca do Império Romano A . . ante [s] desapareceu da pronúnn.1-:
. )' . ss1m se explicam ....... eJJl {unção da semelhança com uma cabeça). A França medieval, por sua vez,
ita iano); mensem > mês (português m , por exemplo, insulam> isol,a
( forneceu grande número de palavras às três outras línguas românicas (dama em
(francês). Pensare foi pron . d ), es (espanhol), mese (italiano) ...,,>l_·
, . uncta o pesare daí , , .,..,..,
romamcas (português pesar espanh 1 , as quatro formas "populares" • espanhol e português bem como mangiare em italiano são galicismos). A partir
. ' 0 pesar italia f do século XV a Itália foi particularmente dinâmica como fonte exportadora de
que mantiveram o sentido de pesar ( como em , p t no pesare,
, rancês peser),
emprega o substantivo pesar no sent·d d " , or ugues, o espanhol também vocábulos. Assim, soldato se transforma em soldado em espanhol e em por•
, 1 o e magoa") A, . ~uês e soldat em francês. Palavras italianas passam a designar as novidades
- o portugues e o espanhol pens . 1· . s quatro formas em ns
'd ar, o ita iano pensa f , renascentistas no mundo das letras e das artes, como sonetto, dando origem ao
o senti o de pensar ("ava 1·tar o peso no esp' . ,, d re , " e o rances penser - t'em
coexistiam, na época latina , ~nto ' ai pensar"). É de supor que espanhol e português soneto, sonnet em francês. Na música o italiano reina até o
eru ita . pensare. , uma pronuncia popu 1ar pesare e uma pronúncia século XIX. O espanhol também intlucnciou consideravelmente nos séculos XVI
d e XVII e invade o francês - bravoure (bravura), camarade, tabac - e o italiano -
.. ~.~.. ~ piccaro (pícaro), disinvoltura. O século das luzes vai, por sua vez, inundar com

TEGRUM mteuo entero intero entier palavras francesas todas as línguas europeias.
Um aspecto interessante dessa permuta lexical verifica-se na relação do
íntegro íntegro integro integre
português com o espanhol. Durante dois séculos e meio - de meados do século
PARABOLAM palavra palabra parola parole XY ao fim do século XVII - o espanhol serviu de segunda língua para todos os
parábola parábola parabola parabole
portugueses cultos. Era de esperar, pois, a existência de grande número de his-
LEGALEM leal leal leale loyal panismos na nossa língua. Tal fato, porém, não ocorreu. Os hispanismos identi-
legal legal legale légal ficados com segurança são poucos. Pode-se registrar, por exemplo,Jrente , termo
A(U) escutar escuchar ascoltare écouter originariamente militar, que, para designar a parte da frente de um objeto, subs-
SCULTARE
. auscultar auscultar auscultare ausculter tituiu o antigo.fronte, e castelhano , que veio substituir o antigo castelão (de Cas-
A simetria das quatro línguas românicas tela). Os empréstimos podem vir de fora do mundo românico. Grande número
de uma para a outra. pode ser rompida por empréstimos de arabismos foi introduzido pelos mouros durante a ocupação da península Ibé-
rica (em Portugal de 711 a 1249, com a tomada de Faro; na Espanha até 1492,
!,,.., •. .
com a retomada de Granada, ou 1610, com a expulsão dos últimos muçulmanos
empregar impiegare employer do país). Há cerca de mil palavras de origem árabe em português e em espanhol.
implicar implicar implicare impliquer Duas mil se considerarmos as derivadas, como atesta a edição do Dicionário
Aurélio de 1999. Em muitos desses vocábulos manteve-se o artigo árabe al (se
espanhol emplear foi tomado de empréstimo ao francês empleiier na
IdadeOMédia. a consoante for dental, o l se assimila à consoante inicial da palavra seguinte) .
Por exemplo, o português almotacé (hoje em desuso) e o espanhol almotacén ,
Às vezes esses pares só ocorrem em d , do árabe al-muhtacib; o português azeite e o espanhol aceite , do árabe az-zait.
• ~'J>.- ~ ~ ~
,,, ·-~·-•· -,;· .. . . . .
....:e .~ . ,. • , •·• •. •
uas ou tres das línóuas estudad
. ó .. .. as.
Um novo extrato lexical oriundo da África do Norte e do oceano Índico veio se
- ...,,,_
acrescentar ao português na época das grandes navegações , de que é um exem-
LITARJUM solteiro soltero solitario solitaire
plo o vocábulo almadia . O francês e o italiano também possuem arabismos, mas
solitário solitario
em menor número e, em geral, não guardam o artigo al. Resultam daí, às vezes,
LIBERARE livrar librar liberare livrer pares, como no caso de açúcar (árabe sukkar, donde o artigo as-sukkar), que
liberar liberar libérer
entrou na Europa por duas vias:
i\" .-\ h ish)ri:1 d a s pal.1,·ra s 77

• Pe la pe níns ula Ibé r ica:


ar. as-sukkar > port. açúcar, esp. azú c:ar
• Pela Sicflia e Itália: 2) As estw;õcs - , , tro línguas estudadas é atualmente o seguinte:
O sistema d as quatro estaçoes nas qua
ar. sukkar > it. zucc:hero; é a pa rtir da forma italiana zuc:c:hero que '
francês obteve suc:re. O ·

el verano l'estate l'été


-L1. CRL\ :Ao DE SISTE.\L\ S OH.G,\~IZ. \ DOS -~~ outono el otofio l'autunno l'automne

Certos grupos de palavras formam sistemas organizados: os meses do ano, os el inviemo !'inverno l'hiver
o inverno . .
dias da semana, as estações do ano, os pontos cardeais etc. Tais m ic rossistemas
A origem la tina desses voca ~ :
.
' b los é clara. Pnma'Dera é a " p rimeira pnma- .
ordenam as p a rtes do universo n o tempo e n o espaço. Analisemos a lguns deles 't 'da do neutro la tim 'Der, 'Dens
nas nossas qua tro línguas. ~ , femmma recons rui
vera" , de prima e 'Dera,
(p . . tem s é a "primeira estaça~o" , de primum. tempus.
~, ,orma .
rimave ra). Em frances pnn p . ( estação primavenl). As for-
1 ) Os dias da sc111a11:1 ) Ade 'Oeranum tem.pus a ' - )
Verão e -verano (esp . provem . tamente o latino aestatem (verao .
, , t· ncesa trad uze m d ire d"
Contrariamente aos doze meses do a no, que mantiveram os nomes herdados da mas estate italiana e ete ra l' A . m do latinismo e ru ito autu-
Ou outras tres mguas sae
antiguidade pagã, os dias da semana em português constituíram um s istema que tono e os equivalentes nas . . tes "semieruditas" autuno,
afasta a nossa língua das outras três. guês antigo as vanan ,
mnus. Encontram-se, em portu . ' ' ortu.suês e nas suas correlatas
h p a origem de inverno cm P é, 1·)
autonho
r
e outon o. ara .b t nnus (a estaçã o inverna .
I t"m hi ernum e, ,-=. .d
omânicas, basta remontar ao a l . ta uma modificação de senti o
domingo
domingo !, "béricas aprcsen
do~nica A história das duas mguas l l 'm a evolução do espanhol:
segunda-feira dimanche que merece registro. O português passou pc ames
!unes
luned1
terça-feira lundi
martes
marted1 mardi
quarta-feira verano
miércoles
mercoledi
quinta-feira mercredi estío verano
jueves
giovedl jeudi
sexta-feira otofio estío otoiío
viemes venerdl
sábado vendredi inviemo otofio ínvíemo
sábado
fillbato samedi
invíemo
Como se pode ver, o domingo é, nas quatro línguas, o "dia do Senhor" (dies
Domínica ou dies Dominicus), e o sábado também é, para todos, o sabbat (sab- - s em português era 'Derão' estio (do
batum), do hebraico sha bbath . Em francês, em italiano e em espanhol os outros Na Idade Média, o sis te ma das e_staçoe I ") outono e in'Derno. Em espa-
. " t mpo de forte ca o r , .
cinco dias conservam o nome de origem pagã. Segunda-feira é o dia da Lua, te rça latim tem.pus aeswvum , e A vera 'Verano (com a vanante
• , •

nhol, a tualmente, como em P


ortugu es e prima ,
'. I XVI e XVII o surgimento e prt-
d .
o de Marte, quarta o de .Mercúrio, quinta o de Júpiter e sexta-feira o de Vênus. - • ·erno Nos secu os .
Em português recorreu-se a uma nume ração estabelecida a partir do domingo. literária estío ), ocono, mvi .. - . durante algum tempo o sistema
- em d1Teçao a est10, e . t,
Nessa fórmula a palavra/eira (do latim/e ria, "dia consagrado", s ubentendido "a mavera empurrou verao d . , a recer salvo como vanan e
. . - • Estio acabou por csap ' D
Deus") representa um dia qualquer. Essa maneira de designar os dias da semana comportava c mco estaçoes. - tra a inda exemplo no om
literária de -uerão. O sistema d e cm- co estaçoes encon
é se melhante à do ára be e do hebraico (na semana árabe o primeiro dia é a sexta-
feira; na semana hebraica, o sábado). Não há dúvida de que o sistema português, Quixote , de Cervantes: // h de durar siempre en u n esw-
.d / • cosas de e a a n d
a exemplo dos sistemas á ra be e hebraico, organizou-se por razões religiosas. A Pensar que t.'11 esta 'Cl a as •lia anda todo cn rcdon o,
d , ' , lo· antes parece que e 1 , ' .
n. es pen;;,,r en lo excusa< ' d l . ~nn· el verano <l est,on.,
cr istianização dos dias da semana remonta a época muito antiga, provave lmente
anterior à invasão muçulmana da península.
·
di"n a {e, redonda: la pnmm,-c
,. • • /
·
u /.
•r prece e a çer.. ·
•• ·emn la primavera, y as1
'l al mu,enw \' e ln v l O , 1 " :l)
,
el estío ai ocnno, .)' e ow1 o eda continua (2' parte, cap1cu o ~- .
toma a arularse e/ tiempn c<>m esw ru
l\" A his tô ria J ;1s p~tlt1\'ra~ 79

78 (jrnm:ícic..·a c:omp:1rath·:1 llou .,11~s


. . . q u.atro li11}!u:ts
, romfrnic..·a~

com mais oito pontos intermediários obtinham-se dezesseis direções. Por


.1) Os pontos cardeais e1eJJ1plo, em português o primeiro ponto intermediário e ra o Nor-Nordeste, em
P~los pontos cardeais é possível ter uma ideia . -hol o Nar-Nor(d)es<e, em ;taHano o Gre<>o e 'lromontana, no francês do
gia técnica com ramificações em tod E de como se constituiu uma termino!
poente Nord-Nord-Est e no do Levante o Grec e Tramoncane . O mesmo sis-
oriundo do léxico relativo aos vento: aé uropa._ O vocabulário dos pontos carde: .
telllª seO aplicava em todo o pe rímetro da rosa dos ventos. A origem das deno-
descobrimentos havia na E : . essencial para a navegação. Na époc d '
. uropa romamca do· . . a os prlnações próprias ao Levante é bastante clara. Sirocco é etimologicamente o
seJa, do Atlântico, e o do Levant d M d' Ais conJuntos lexicais: o do Poente
, e, 0 e 1terraneo O h ' ou vento que vem do Oriente (em árabe charqi, "oriental"), o Libeccio é o que vem
o vocabulario do Atlântico; o italiano d M d' . Aespan oi e o português usavam da Líbia, ou seja, da África do Norte, também chamado Garbino, ou seja, oci-
p
na costa atlântica, o vocabulário do o o . e ,~erraneo. A França possuía os dois·
dental (em árabe garbi > ocidental) . Em italiano Greco é o vento do nordeste.
O do Poente era mais usual. O quad oe~t~, no htoral mediterrânico, o do Levante.
·. . ro a aixo resume o vocabulário empregado . F,ssa terminologia vem , pois, das técnicas de navegação no mar Mediterrâneo.
Apenas o Tramontana e o Mistral (o Mestre, o vento a quem ninguém resiste)
... ..
' ~
...
.
. ~ '
- . ~ ,
têm denominações dife rentes.
Na época dos descobrimentos os navegadores dispunham de um sistema
orte Norte Nord Tramontana Tramontane
unificado com uma dupla terminologia. É fácil constatar pela leitura dos textos
Leste Este Est Levante Levant antigos. O sistema do Atlântico, porém, acabou por se generalizar em toda a
Sul Sur Sud Mezzogiorno/ Midi
Mezzodl Europa.
Oeste Oeste Ouest Ponente Ponent 4) As grandes no111c11claturas cicntíiicas
Com a explosão científica e técnica ocorrida a partir do século XVIII houve uma
Todos esses vocábulos· des1gnam
d o Atlântico . grande unificação do vocabulário. Uma das ideias matrizes do século das luzes
são de rivados do a ti ' or·ir ·
t ma~1~mente, os ventos. Os termos
era que uma ciência, segundo a fórmula do francês Condillac, é "uma língua
contemporâneo (Norch, East, Sou~h g~:s~;:b:lano inglês e mpregado no inglês
benfeita". O progresso das ciê ncias se traduzia, pois, pelo aperfeiçoamento da
tema passou inicialmente para o fra~cês _m toda a Europa germânica. O sis-
linguagem. As classificações introduzidas em história natural e em química sim-
vocahulário do Mediterrâneo surgiu na 1~dai pa~a o espanhol e o português. O
plificaram e racionalizaram a terminologia científica. Os complicados termos de
Tramontana, pois o vento do norte ~• r~zao pela qual o norte é chamado
outrora desapareciam. O emprego de sufixos especializados, como os de origem
Adotado pelo provençal e pelo catal:oar::: ~~ahanos, v:m de "trás dos montes".
grega -algia (nevralgia), -jagia (aerofagia), -scopia (radioscopia), -ose (artrose),
Considerando além d , iu o frances m editerrânico
t . , os quatro pontos fu d . . -orna (fibroma), -ite (artrite) etc., e a vulgarização de vocábulos como acetato de
ermed1ários , chega-se ao seguinte quadro: n amentais , os quatro pontos in-
chumbo para "açúcar de Saturno" ou cloro para um ácido de nome complicado
permitiam a unificação do léxico nas línguas europeias. O avanço da ciência sem
fronteiras estava assim assegurado pela linguagem.
Tramontane
Nordeste Nordeste Nord-Est Greco Grec
-1.-! . .\ ELl'.\11~.\~:.\o nos Sl~Ô~l'.\lOS
Leste/Este Este Est Levante Levant
Su{d)este Sudeste/ Sud-Est Scilocco/Scirocco Siroo/Sirocco A necessidade de racionalização do século XVIII levará à eliminação de muitos
Sureste sinônimos. Avaliava-se que uma língua bem construída deveria dispensar sinô-
Sul nimos, buscando-se clareza e precisão. Em caso de vocábulos com dois se ntidos,
Sur Sud Mezzogiomo/Mezzodi Midi
impunha-se a criação d e outro vocábulo que exprimisse a diferença. O abade
Sudoeste Sudoeste/ Sud-Ouest Libeccio/Garbino Labeche/ francês Gabriel Girard (1677-1748) escreveu La Juscesse de la languefrançai•
Suroeste Lebeche/Garbin
se, ou les différentes significacions des moes qui passent pour synonymes, com
Oeste Oeste Ouest Ponente Ponent grande repercussão na Europa. Os redatores da Encyclopédie fi zeram sucessi-
Noroeste Noroeste Nord-Ouest Maestrale/ Mistral/Mestre vos acréscimos nas reedições da obra de Girard. Em 1772, tratando do mesm o
Maestro
80 Gramática comparatl\'a lloualss quatro línguas românicas

tema para a língua italiana, é publicada pelo abade Bencirechi em Paris. Para
espanhol, José Lopez de la Huerta e Manuel Dendo y Ávila publicam, em 1756
1789, respectivamente, obras semelhantes. Em Portugal, frei Francisco de
Luís (1766-1845), o futuro cardeal Saraiva, patriarca de Lisboa, monge be
ditino, escreve, no tomo VII das suas Obras completas, "Ensaio sobre alg
synonymos da Língua Portugueza", só publicado em 1877, após a sua mo
Nesse trabalho vem aplicado o método de Girard para o vocabulário português,;
Quando há paralelismo nas duas línguas, ele faz a mesma distinção em por-
tuguês. Assim, desculpa e perdão são a tradução de excuse e pardon (Girard
fazia a diferença entre excuse, para um erro aparente, e pardon, para um erro
real);futuro e porvir sãofutur e avenir; enamorado e amante são amoureu.,c e
amant. O esforço de racionalização e de organização do léxico português de frei
Francisco de São Luís, pelo método de Girard, é utilizado com tal ênfase que, por
vezes, há até alguns deslizes etimológicos, como, por exemplo, ao vir apontado
dis, ditis (rico) como etimologia de ditoso, adjetivo derivado, na verdade, do
substantivo latino dita (fortuna).

4.5. CONCLUSÃO

A um fundo românico transmitido de geração em geração, consideravelmente


desfigurado por alterações fonéticas, vieram se acrescentar vocábulos eruditos
escolhidos diretamente no latim, inúmeras derivações construídas com afixos
latinos e, ainda, empréstimos de outras línguas. O estudo da história desse vo-
cabulário é uma das maneiras de facilitar a intercompreensão dos falantes das
línguas portuguesa, espanhola, italiana e francesa. O enfraquecimento do estudo
e conhecimento do latim nas sociedades contemporâneas pode ser compensado
pelo conhecimento das línguas românicas. Durante séculos, a língua latina foi,
em vários países da Europa ocidental, a base de toda a cultura. Era através do
latim que a intercompreensão se dava. Escritores, juristas, poetas, cientistas,
estudiosos e religiosos do mundo românico liam-se mutuamente. Quando se co-
nhecem, por exemplo, os verbos im-prime:re/ex-primere, compreendem-se ime-
diatamente as palavras im-pressiolex-pressio, e por elas o português impressão/
expressão, o espanhol impresi6n/expresi6n, o italiano impressione/espressione
e o francês impression/expression. Um aprendizado simples permite facilmente
a comunicação entre os falantes das nossas quatro línguas.
83

língua revela uma visão particular do mundo. Analisemos a organização do


das nossas quatro línguas através de alguns exemplos.

_; 5.
r\ •
t • ANALISE LEXICAL

5.1.1. Generalidades
Ji vimos que nossas quatro línguas têm vocabulários muito semelhantes. Tais
aemelhanças são evidentes: cantar - cantare - chanter; mão - mano - main;
mteli&ente - intelligente - intelligent. As regras sintáticas que determinam as
condições de emprego das palavras são, igualmente, semelhantes. Por exemplo,
as modificações de sentido obtidas através da anteposição ou posposição do ad-
jetivo, como em pobre homem e homem pobre, também ocorrem nas outras lín-
guas românicas. Mas há, às vezes, diferenças. Observemos os vocábulos abaixo:

f ;.
riviere
melancia sandía an~ria pasteque
co~mero
peixe pez pesce poisson
pescado
IAbio labio labbro levre
beiço

Em cada um dos quatro exemplos uma das línguas possui dois vocábulos
enquanto as outras três possuem apenas um. Ressalte-se que esses dois vocá-
bulos não têm exatamente o mesmo sentido. Em português, l.ábio e beiço; em
francêsflewve e riviere (rio menor que desemboca em outro rio, contrariamente
a.fleuve, maior e que desemboca no mar); em italiano an~ria e coQQmero (de-
signação de melancia, com vocábulos de origem dialetal diferentes); em espa-
nhol pez e pescado (peixe para fins alimentares). Outras vezes uma das línguas
dispõe de três vocábulos, enquanto as demais possuem apenas um, o que leva à
necessidade de precisões suplementares.

relógio reloj orologio (a muro) pendule


relógio de sala reloj de pared orologio (a pendolo) horloge
relógio de pulso reloj de puJsera orologio da tasca, montre
da poiso
\· ( )r~aniz;H,;;io do IL'xk·d S5

O que torna mais complexa a comparação do léxico, porém, é a polissemia Exemplo: esperar, cm espanhol, será definido com dois sentidos, como em por-
dos vocábulos. Excluídos os termos científicos, que fazem parte de nomenclatu- tuguês (tener esperanza e a.guardar). Só a partir dessa análise se torna possível
ra especializada, os vocábulos são em geral polissêmicos, isto é, têm vários senti- encontrar o equivalente de esperar nas outras línguas românicas (os dicionários
dos. A polissemia é uma regra universal. Por exemplo, o substantivo secretaria- bilíngucs utilizam, pois, os dois processos de análise). Daí:
do designa a função de secretário, o local onde trabalha o secretário e o coletivo
>. . . ..... ' . · ' . ,_ ·: .. ~.
de secretários de Estado. Ao se diversificar infinitamente, os sentidos de certos
vocábulos vão se distanciando uns dos outros, a ponto de o falante esquecer que
1 ,

~
..• •••

.. . . .
',"•"' ••

,,
·,

.'
'

...
. . . -.

:~
--.~

.. ' .'
~

..,, ' . ,.. :.


esperar esperar sperare espérer
se trata do mesmo vocábulo. Ao contrário, tem a impressão de estar empregando ( ter esperança)
termos com sentidos diferentes, mas com formas idênticas, o que seria a homo- esperar(aguardar) esperar aspettare attendre
nímia. Dificilmente um falante de língua portuguesa vai associar macaco, o pri-
mata, a macaco, instrumento que é a salvação para um pneu furado! Ou a "peso
que, no bate-estacas, cai de certa altura sobre a cabeça da estaca, afundando-a", :;.1.2. Exemplo de análise lexical comparada
a "pilar que leva dois tijolos", conforme algumas definições do Dicionário da
.\) () l·R.\"\d:s ./Ol"f:11 E .\S ·rnf:s Ol"TR.\S I.Í"\(;t' \S
língua portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira; a "dor nas costas
resultante da ceifa ou da cova" (regionalismo) ou a "muco nasal seco" (familiar),
registrados no Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (2001). Jugar: "Los nifíos Giocare: "I bambini Jouer: "Les enfants
Brincar: "Os
A diferença entre a polissemia (uma palavra com vários significados) e a meninos brincam juegan en el patio" giQcano nel cortile" jouent dans la cour"
homonímia (formas idênticas com sentido, origem e às vezes ortografia diferen- no pátio"
tes) é, por vezes, tênue. Manga (a fruta), do malaio manga, não se confunde Jogar: "Jogam Jugar: "Jugan ai Giocare: "QiQcano Jouer: "Ils jouent
com manga, a parte do vestuário, do latim manica (manga de túnica). Mas essa xadrez" ejedrez" agli scacchi" aux échecs"
última "roça" o sentido de manga, do espanhol argentino (pastagem cercada
onde se guarda o gado), talvez a partir do signifícado de corredor com paredes Representar: Representar: "Han Recitare: "Hanno Jouer: "11s ont joué
de varas, ou remete para o sentido de manga (grupo, ajuntamento), do latim "Representaram representado una recitato una une comédie"
manus > manica (exército, hoste)? uma comédia" comedia" commedia"
A comparação do léxico das quatro línguas românicas torna-se, por isso, Tocar: "Toca Tocar: "Toca el S(u)onare: "S(u)ona Jouer: "II joue du
complexa. Um bom exemplo para análise é o vocábulo francês bureau, ampla- violino" violín" il violino" violon"
mente conhecido nas quatro línguas estudadas. Esse termo, em francês contem-
porâneo, significa a mesa de trabalho, o espaço físico em que a mesa está insta- No quadro pode-se ver que a língua francesa manteve o verbo jouer nos
lada, o lugar de trabalho dos empregados da administração de uma empresa, o quatro exemplos, enquanto as outras línguas recorreram a outros verbos para
trabalho realizado nesse lugar e o conjunto dos empregados que aí trabalham. recobrir o mesmo sentido. Fato semelhante pode ocorrer em português com o
Todos os sentidos derivam da primeira ace pção. As três outras línguas não pos- verbo tocar (análise feita a partir do Dicionário do português básico, de Mário
suem um vocábulo que recubra todos aqueles sentidos. O português escritório, Vilela):
por exemplo, não traduz bureau no sentido de mesa de trabalho ( em português l) Tocar cm: Não toquem na.fruta, por favor.
mesa, secretária, escrivaninha). O espanhol dirá escritorio no primeiro senti- Ne touchez pas auxfruits, s'il vous plaí:c.
do, oficina ou despacho nos dois seguintes, negociado para trabalho realizado 2) Tocar: A fome na África toca o mundo inteiro.
e tc. Em italiano a mesa de trabalho é um scrittorio ou uma scrivania, os demais Lafaim en .,,\frique atteint le monde entier.
sentidos podem, grosso modo, ser traduzidos por ufjicio. .1) Tocar: A sua carta tocou-me muito.
Do exposto depreende-se que a análise lexical poderá ser feita a partir de Votre lettre m 'a énormément touché.
sua forma (significante) ou de seu conteúdo (significado). O processo de análise -1-) Tocar: O Annando sabe tocar piano.
partindo do significante para chegar ao significado é o semasiológico; o que faz Armando sait jouer du piano.
o caminho inverso, ou seja, parte do significado para o significante, é o onoma- 5) Tocar a: Foi à Carla que tocou a maior pa rte da herança.
siológico. A análise semasiológica é a que se encontra nos dicionários unilíngues. C'est à Carla qu'a échu lu plus grande partie de l'hérita~e.
6) Tocar: Vamos para a aula,já tocou o sinal. .1) O sentido do ouvido (amlii;ào)

Allons en classe, il a déjà sonné. ouvido oído udito oui:e


7) Pelo que toca a: Pelo que me toca, o trabalho está tenninado. ( avere l'udito fino)
En ce qui me concerne, le travai[ estfini.
S) Tocado: Ele está um pouco tocado (bêbado). Podem ser observadas no quadro duas raízes: a) a que aparece em orelha,
II a bu un coup de trop. oreja, orecchio, oreille e b) a que compõe a série owvido, oído, udito, oui'e. O
português e o espanhol utilizam, para os significados números 2 e 3, a segunda
Como se pode ver, contrariamente ao exemplo anterior, desta feita foi o fran- série; o italiano e o francês utilizam-na apenas no significado número 3. A sime-
cês que recorreu a outros verbos para recobrir o sentido do nosso tocar. Exemplos tria é perfeita entre os pares português/espanhol e francês/italiano. Ouvir tem
dessa natureza podem ser estendidos ao infinito nas quatro línguas românicas. como equivalente em espanhol oir, em italiano udirelsentire e em francês ouirl
entendre. Nestas duas últimas línguas udire e ouir se tornaram arcaicos e foram
li) Crnun.sPO:\llf::-c:i.,s 1)() \UC:.\l!l "I.() l'Ol{Tl"(;l "ts /.flR. I substituídos, no uso corrente, por sentire e entendre.

ll) ()~ E(.!111·.\1 .1:.·w1-:s DO l'OHTl c1·f::-. ."i_\//1


As letras do alfabeto Las letras dei Le ~ttere Les lettres de
alfabeto dell'alfabeto l'alphabet
sair salir uscire sortir
Faculdade de Letras Facultad de Letras Facoltà di .l&ttere Faculté des Lettres
O português sair e o espanhol salir vêm do latim salire (saltar, de saltar o
Ter uma boa letra Tener una buena Avere una bella Avoir une belle umbral, o limite== sair). O italiano uscire provém do verbo latino exire (sair). Ao
letra scrittura écriture francês sortir coube vereda semântica mais complexa. Com efeito, o medievo
A letra de uma La letra de una Le parole di una Les paroles d'une issir acabou substituído por sortir, do latim sortiri (escolher, determinar à sor-
canção canción canzone chanson te; subentendido, a pessoa escolhida por sorteio poderá ir-se, daí fugir, daí sair).
Salire, origem do nosso sair, deu salire (subir) em italiano e saillir (sobressair)
Como se pode verificar, há uma aproximação entre o francês e o italiano por
em francês. O sentido original de salire foi recuperado pela forma saltare, daí o
um lado e entre o espanhol e o português por outro. As mesmas aproximações fa-
sauter francês e o saltare italiano como equivalentes do português e do espanhol
zem-se sentir entre lettera/lettre, que significam em português e espanhol carta:
saltar.

Uma carta Una carta Una lettera Une lettre

e:) O n:irno orTm. o oc11no •. , oun.11.1 subir subir salire monter

O português e o espanhol subir derivam do latim subire (ir por baixo, a


partir de baixo, subentendido para um lugar elevado). A fornia francesa subir
l) O )Xffilhào do om·ido tomou o sentido de ir sob, suportar, estar submetido a . Manter é um neologismo
derivado de mont (monte). Salire em italiano mantém-se fiel ao original latino.
orelha oreja orecchio (orecchia) oreille
r) Os t-:(.!l·l\·.,1.1-::-,Tt·.s IH) 1•01n1 ·c,1·f:-, .,, 1\"//11 1: .~1 ,sr ,
2) O úrgào do 011\"ido cm seu conj1mto Em latim também havia dois vocábulos semelhantes semântica e morfologica-
mente: somnus (sono), no acusativo somnum, e somnium (sonho), a diferen-
ouvido oído orecchio oreille ciá-los apenas um i breve. A evolução desses dois vocábulos levou às seguintes
( ter ouvido) (tener oído) (avere orecchio) (avoir de l'oreille)
formas nas quatro línguas românicas:
SH (i t ;tm:ltk:1 c.:<>t1tp:1ra fiv:1 J l,,t1a i:-..s 1111:urn li1,~t1a ... r1 1mt111ic a ,

a) O italiano é, das quatro, a língua que permaneceu m ais fiel ao latim. Ele pos-
sui três verbos: essere, cujas formas são originárias de esse, com exceção dos
SOMNUM sono sueí'ío sonno somme tempos compostos que fazem o particípio a partir de stare (scato , ex.: sono stato,
SOMNIUM sonho sueí'ío sogno songe "eu fui"; ero stato, "eu tinha sido" ). Sedere, "estar sentado", derivado direto de
sedere. Stare, "estar de pé", derivado diretamente de stare latino, cujos tempos
As duas formas latinas convergiram em espanhol para uma única palavra. compostos (sono stato, ero stato etc.) se confundem com os de essere. Ademais,
A evolução fonética criou essa homonímia que sugere a fusão de sono e sonho , stare m ais gerúndio se emprega com o mesmo sentido do português, por exem-
particularidade semântica, lembremo-nos, presente cm La vida es su eiio, de plo, sta teggendo: "está le ndo". Finalmente, stare se emprega como verbo de
Calderón <le la Barca. estado para exprimir um estado duradouro ou permanente como em sto a Roma
Os exemplos poderiam ser multiplicados ao infinito. Não é esse, já se disse, ("moro em Roma"), stare ai sole ( ' 'ficar
' ao sol") , stare bene (" senr·ir-se b em ") ,
o escopo da presente obra. Servem eles, no entanto, como ilustrações para que le cose scanno cosi ("isto é assim"), state attenti! ("estejam/fiquem atentos!").
se tenha uma ideia da repartição semântica e da variedade de recortes operados Em todos esses empregos srare tem um sentido muito semelhante ao de estar
pelas nossas quatro línguas. !\fois que enfatizar as diferenças, sen1em essas varie- nas línguas ibé ricas.
dades - derivadas de um patrimônio comum - para reforçar a ideia de unidade
da cultura românica. h) Em francês o verho être ("ser" e "estar" ) se formou com a combinação de for-
mas derivadas de esse e de stare. Daí, o particípio passado été (>stato ), como em
italiano (sono stato ), mas também o particípio presente étant ("sendo" e "estan-
5.2 .. \LCL\1.\S FROYfEIR\S LEXIC.\IS do") e o imperfeito j'étais ("cu estava" ou "eu era"). Stare desapareceu em fran-
cês como verbo independe nte. Em contrapartida, sedere sobreviveu sob a forma
Como pudemos verificar em vários capítulos, nossas quatro línguas se asseme- . do asseotr
arcaica seoir ("convir", "assentar" ), que deu lugar ao dcnva . (" sentar" ) .
lham e se diferenciam de maneiras diferentes. Na formação de plural de subs-
tantivos e adjetivos, o italiano se separa das três outras línguas; na utilização dos e) Em português e em espanhol foi sedere que veio a completar a conjugação
pronomes de tratamento de terceira pessoa, o espanhol, o português e o italiano originária de esse. Origina-se de sedere o infinitivo ser(< sedere), bem como o
se afastam do francês; nos anafóricos ylen e ci-vilne é o francês e o italiano fut~ro e o condicional, o gerúndio sendo (< sedendo) e o presente do subjunti-
que se unem e se afastam das duas línguas ihéricas. Acabamos de ver como a vo espanhol sea e português seja(< sedeam). A conjugação de ser nessas duas
organização lexical permite agrupamentos ou oposições entre as quatro línguas línguas resulta, pois, da confluência das formas originárias de esse e de sedere.
estudadas. Não foi difícil notar, outrossim, a solidariedade entre o espanhol e o Como se pode ve r, duas fronteiras se constituíram na România: uma iso-
português, e o isolamento do francês . Estudemos quatro casos particulares de lou o italiano, que permaneceu fiel aos três verbos latinos, outra separa hoje o
"fronteiras lexicais". francês (com os dois verbos être e seoir) das duas línguas ibéricas (com os dois
verbos ser e estar).
5.2 . l. Os , ·crhos ser e estar
.Já vimos que os verbos ser e estar, presentes no espanhol e no português, corres-
pondem a um único verbo em francês (êcre) e em italiano (essere). Poderíamos
traçar, e ntão, uma fronteira lexical e ntre a Ibé ria e o resto da România. Convém , Português e espanhol ser estar
entretanto, dar algumas explicações a respeito dessa particularidade do espa-
Italiano sedere essere stare
nhol e do português, e, assim , analisar a evolução dos três verbos latinos esse,
sedere e stare nas línguas românicas . Francês seoir (asseoir) être
Esse é o verbo latino significando "ser". Sua conjugação era irregular e
mesclava raízes verhais de origem diferente. Sum ("sou"), es, est etc., eram
("eu e ra"),fui ("eu fui"). Sedere e stare significavam cm latim, respectivamente, 5.2.2 . O pai + a mik = os pais
"estar sentado" e "estar de pé". Esses três verhos evoluíram da seguinte maneira O exemplo seguinte diz respeito à organização estrutural do léxico. Veja-
nas quatro línguas: 1 mos o caso do português e do espanhol:
1
'>
1
90 (~r:im,ítie:t comp:1rntiva llouaiss qLmtni línguas romlluiL-,1:--

Essa maneira de designar um conjunto formado por pessoas de sexos di-


ferentes é um caso particular de um fenômeno geral. Em português ( como nas
os pais
demais línguas românicas), para designar, por exemplo, o conjunto de alunos e
o pai-a mãe
alunas, se recorrerá ao masculino: os alunos. Os professores e as professoras de
o filho - a filha os filhos um colégio constituem os professores desse colégio. De uma forma mais geral, o
o rei - a rainha os reis conjunto de homens e de mulheres constituem a coletividade dos homens (o gê-
Em espanhol el padre - la madre los padres nero humano). Quando um adjetivo depende de substantivos dos dois gêneros,
emprega-se o masculino. Há, aí, uma relação presente em várias oposições biná-
el hijo - la hija los hijos
rias, que consiste em considerar um elemento marcado (o feminino) e outro não
el rey - la reina los reyes marcado (o masculino). Podemos reconhecer esta relação noutras oposições,
por exemplo, entre dia e noite. Por um lado o dia se opõe à noite com o senti-
O espanhol, como se pode ver, adota o mesmo sistema do português, recor-
do de é dia (a claridade) e é noite (a escuridão), mas dia designa igualmente o
rendo ao vocábulo masculino para fazer o plural. O mesmo não se dá no francês
conjunto das vinte e quatro horas (incluindo as horas relativas à noite). Dia é,
onde se tem uma terceira palavra totalmente diferente, no masculino e no plural:
pois, se recorrermos à terminologia estruturalista, "o caso não marcado" e noite
No . . . . . ,· "o caso marcado", o que equivale a dizer que dia é a realidade fundamental,
le pere - la mere les parents enquanto noite se define em relação à noção de dia.

le fils - la filie les enfants


5.2 ..1. Diminutivos e aumentativos
le roi - la reine les souverains A terceira fronteira a ser estudada tem importância ainda maior do que as pre-
cedentes. Ela diz respeito aos diminutivos e aos aumentativos, mais particular-
O italiano criou uma situação ambígua, que ora lembra o francês, ora as
mente ao diminutivo. Em português, espanhol e italiano o diminutivo é muito
línguas ibéricas, produtivo e com valores similares, contrariamente ao francês, onde praticamen-
~~p:!~~.i;~!:~~lt~;\;•J.t,:\:,nf,·~~fr(;r:',j·:~ii{W~~t~.~~~f;J:~:i·1r•D':L:~~{{f~l te desapareceu.
i genitori {próximo do francês)
.\) () l·SP.\:\1101.
il figlio - la figlia i figli (próximo do espanhol e do português) Há, em espanhol, um sufixo diminutivo extremamente produtivo, -ito, -ita, além
il re - la regina i sovrani (próximo do francês) de outros extremamente frequentes, como -illo, -illa, ou -ico, -ica, ou ainda

Ressalte-se que em espanhol e em português o sistema funciona para todos -uelo, -uela.
• -ito, -ita, ex.: hijo ("filho") > hijito, caja ("caixa")> c:ajita.
os "pares" do mesmo gênero,
• -ilia, -illa, ex.:jardín ("jardim")> jardinillo.
~;:f!ii;':\;.,,i:.,;_~.;F.,~~;<,·~ ...·..·,•~' :.-.•·.:, ·r .. ·.<r•:.:e;~y,t ':e"· ;:,,..:, ·: \ ·/
;,._,~f;i~ • -ico, -ica, ex.: ave ("ave") > avecíca.
• -uelo, -uela, ex.: mozo ("moço")> mozuelo, moza ("moça") > mozuela.
o tio + a tia = os tios el tío + la tía = los tios
o primo + a prima = os primos el primo + la prima = los primos O sufixo aumentativo por excelência é-ón, ex.: hombre ("homem")> hom-
o irmão + a irmã = os irmãos el hermano + la hermana - los hennanos brón, mujer ("mulher")> mujerón (no gênero masculino, como em português).
Esse sufixo pode se combinar com outros elementos, ex.: mozo > mocetón, hom-
Em francês, ao contrário, o conjunto de l'oncle (o tio) e la tantc (a tia) não
bre > hombrazón, voz > vozarron.
será jamais Ies aneles (e ssa forma designaria plural de tios), no masculino. Dir- Há, finalmente, em espanhol, grande número de sufixos pejorativos, como
-se-á,_ então, l'onde et la tante, bem como lefrere et la soeur (o irmão e a irmã) nos exemplos: casa> casucha, animal> animalejo, gente> gentualla.
ou, ainda, se há mais de dois, lesfreres et soeurs. Mas para conjuntos mais ex- Esses sufixos ocasionam muitas derivações livres, de que é um bom exem-
tensos e menos individualizados será adotado o mesmo sistema que em espanhol plo o vocábulo chico ("pequeno"), segundo descrição de Dámaso Alouso.
e em português. Por exemplo, o conjunto de cousins (primos) e cousines (pri-
mas) será chamado les cousins.
Sufixos simples: • -etto . -etta, ex.: giardino ("jardim") > giardinetw , stanza ("quarto" ) >
1) Dimi11utiH>s: chiquito, chiquillo, chiquete, chicuelo, chiquín. stanzetta , vecchia ("velha") > vecchieu a.
2) .\u111c11tatin,s: chicazo , chicote. • -ino, ina, ex.: tavola ("mesa") > tavolino, città ("cidade")> cittadina .
.1) Pejorati\·os: chicuco , chicajo, chicujo. Esse sufixo também vem com outras combinações. Ex.:fiume ("rio")>
fiumicino, leone ("leão")> leoncino, sasso ("pedra")> sassolino,fettuc-
Sufixos repetidos: cia ("fita ") > fettucina,fiore ("flor" )> fiorellino.
chiquitiw, chiquinin, chiquitinín. • -(u)olo, -(u)ola, e x.: sasso ("pedra") > sassuolo,.figlio (''filho") > figlio-
lo , montagna ("montanha") > montagnola.
Combina','.iio de sufixos: • -uccio, -uzzo, ex.: bocca ("boca'') > Jare boccucce ("simular timidez") ,
1) Diminutivo + diminutin>: chiquitillo , chiquitín , chiquitico, chiquil/in. pietra ("pedra") > pietruzza.
2) l>iminutini + aumentativo: chicarr6n .
.1) Diminuth-o + p ejoratin,: chiquituco, chiquitajo, chiquitu:.fo . Todos esses de rivados são chamados vezzegiati'vi , do verbo vezzel,!iare
..i) . \umentativo + pejomth o: chicarrón. ("mimar, acariciar"). Trazem um toque de simpatia e de amabilidade. Para o
aumentativo, sublinhemos principalmente -one, t!X.: libro ("livro") > librone
Dámaso Alonso acrescenta a essa lista outras formas em que se reconhe- ("livrão") , voce ("voz")> vocione ("vozão, vozeirão"), donna ("mulher") > d on- 1

none ("mulherão" ). Com sentido pejorativo o sufixo principal é -accio , -accia, ij


cem elementos derivados de chico, como chiquirritito, chiquirri.tillo, chiquir-
ritico , chiquirritaco, chiquirritujo etc. E ele completa essa lista precisando que
todas as formas cita das, quando empregadas como adjetivo, podem vir reforça-
ex.: povero ("pobre") > poveraccio (" mise rável"), bestia ("hesta") > bestiaccia
("bicho repugnan te" ). Esses sufixos podem combinar-se e ntre si e se acumular. li
das pelos prefixos re- e rece-, ex.: rechiquitín , retechiquillo etc. • Libro ("livro") dará libriccino , librettuccio e até librettucciaccio.
O t!Spanhol possui diminutivos antigos usados de forma independente, por • De poco ("pouco") sairá pochettino.
exemplo: pafíuelo ("lenço " ). O emprego de sufixos diminuti vos causa algumas • De ~rande ("grande"), grandettino.
restrições de emprego. Se as palavras terminadas e m o ou em admitem os su- • De basso ("baixo"), bassotto, bassottino.
fixos -ito, -illo ou -uelo e os femininos correspondentes, as que terminam t!m
e, n ou r exigem, se ti\•erem duas sílahas ou mais, uma consoante de refor- Como em português e em t!Spanhol, o italiano possui vocábulos que - apt!-
ço. Por exemplo: hombre > hombrecico, mujer > mujercita. Se tiverem ape- sar de originariamente derivados - se lcxicalizaram. Assim, um ca'Valletto é um
nas uma sílaba, um e virá preceder esta consoante. Exemplo: J1or > J7orecita. cavalete de pintor (palavra lexicalizada), enquanto um cm.'allino é um cavalo
Essas regras sofrem, no entanto, exceções. Já citamos jardinillo , que coexiste pequeno, ou seja, um autêntico diminutivo. Os gramáticos ita lianos chamam o
com jardinc-illo. Acrescentemos que certos sufixos são sentidos como regio- primeiro caso de palavras derivadas e o segundo de palavras alteradas. Apenas os
nais: -inho é galego, -ín é asturiano, -ico é mais frequente na Amé rica Latina. vocábulos alterados são verdadeiros diminutivos ou aumentativos. Muitas dessas
Ess~. tipo de de rivação se estende a c ertos advérhios. Exemplos: lejos (''longe") formas admitem vários sufixos, como, por exemplo,fiume ("rio") > fiumicello ,
> le_1uos , cerca {"perto")> cerquita. A língua falada emprega com uma frequência Jiumicfrw. Alguns vocábulos têm um único derivado diminutivo, como piede
vistaporvezescomoabusiva pelos gramáticos. Por exemplo: tanto> tantito, mismo ("pé") > piedino , baswne (" bastão" )> bastoncino, v ia ("rua") > viuzza.
> mismiw, nada > nadita , adi6s > adiosito e tc. Os diminutivos, os aumentativos e os pejorativos são inúmeros e presen-
tes em todas as partes da Itália e emolduram até a toponímia: o at! roporto de
li) () IT.\1.1.\\'(l Roma , por exemplo . situado perto da foz do rio Tibre, se cham a Fiumicino.
Em matéria de diminutivo o italiano está cm primeiro lugar. O número de sufi- Igualmente , caracterizam c ertas pe rsonagens histó ricas , como São Francisco
xos diminutivos é considerável nessa língua, bem como os sufi xos aumentativos de Assis, conhecido como o po'Verello di Assisi; Lorcm~o de Médicis, por ter
e pejorativos. A Grammaire critique de L'italien (vols. 11, 12), de Jacqueline matado seu primo Alt!xandre, ficou conh ecido como Loren2accio, personagem
Brunet, apresenta um sugestivo estudo: horrível e corrupto . Também estão presentes na arte e na literatura . Um bom
• -cllo, -ellu, ex .: povero ("pobre" )> poverel/o,finestra ("janela")> (ines- t!xemplo é o título do film e de Pier Paolo Pasolini Uccellin i e uccellacci ("Pas-
c_~ella , muitas vezes integrado a outros elementos, comofiume ('';io") > sarinhos e pássaros"). O personagem de Mickey Mouse se chama em italiano
fiumicello. Topolino ("Ratinho") .
94 Gramática comparach·a Houaiss quatro línguas românicas

e) 0 FR..\ l'iClt$
A língua francesa contemporânea praticamente só mantém como sufixo produ-
tivo diminutivo a forma -ette. Com esse sufixo criaram-se vocábulos inteiros,
como oalculette ("calculadora de bolso"), em que o sentido contido no sufixo
vai, pouco a pouco, desaparecendo. Muitos vocábulos franceses contemporâneos
eram, originariamente, diminutivos, ex.: chevalet (como ca'Valete, em portu-
guês) ou pommette ("maçã do rosto"). Para o falante contemporâneo, a noção do
diminutivo de origem se pe rdeu. O diminutivo está totalmente lexicalizado. Por
exemplo, pardal (o pássaro) traduz-se pormoineau em francês. Poucos falantes
lembrar-se-ão de que, à letra, se trata de um pequeno monge (moine, português
"monge" + eau, sufixo diminutivo). Subsistem, entretanto, em francês, dois ti-
pos particulares de derivação que remetem à noção de diminutivo e aumentati-
vo: os hipocorísticos e as formas verbais diminutivas e pejorativas.

1) Os hipocorísticos são vocábulos familiares carinhosos. Alguns são formados


com os sufixos diminutivos -ette (no feminino) e -ot (no masculino). Exemplos:
Paulette, Marinette, Charlot, Pierrot etc. Outros, a exemplo do português, são
constituídos por sílabas repetidas (no máximo duas), como Lulu, Gigi, Mimi
etc. Esses hipocorísticos imitam a linguagem infantil e serviram de modelo para
a criação de autênticos diminutivos, como, por exemplo, chien ("cachorro") >
chienchien,fille ("menina, filha") > fifille, guerre ("guerra") > guéguerre.

2) As formas verbais diminutivas e pejorativas são comuns no francês contem-


porâneo, principalmente na língua oral, e guardam um sentido iterativo e fre-
quentativo, como nos exemplos:
• Sufixo -eter: 'Voler ("voar")> voleter.
• Sufixo -oter: parler ("falar") > parloter.
• Sufixo -ouiller: danser ("dançar")> dansouiller.
• Sufixo -iller: mordre ("morder") > mordiller.
• Sufixo -iquer: tourner ("dar volta") > toumiquer.

Excetuados, pois, esses dois últimos casos e como já afirmado, os diminu-


tivos praticamente não existem em francês (a ideia obviamente mantém-se, mas
é construída com a ajuda de uma outra palavra, ex.: petite main ("mãozinha") .
É conhecida pelos estudiosos do francês a tendência dessa língua em colocar
os morfemas antepostos aos vocábulos. Daí petite 'Vieille, em vez de 'Velhinha,
'Viejita, 'Vecchietta.
'>i

Com este capítulo iniciamos o estudo da morfologia flexional e da morfossin-


taxe , procurando evidenciar as semelhanças e as dife re nças mais relevantes
entre as quatro línguas românicas que constituem o objeto do nosso estudo.
As quatro línguas possuem flexão de gênero e flexão de número n os nomes
e adjetivos; os adjet ivos possuem ainda variação de ~rau. Começaremos por
analisar o gênero.

6. 1. O GÊ'.\'ERO NOS '.\'O~I ES E ~os .\D.JETl \'OS


6.1. 1. Distribuição dos nomes pelas fonnas masculina e feminina
Em relação à grande maioria dos nomes, há frequentemente coincidê ncia de
gê nero e ntre o português, o espan hol, o italiano e o francês:

o livro el libro il Hbro le livre


a vida la vida la vita la vie

Mas há numerosas d iferenças entre as quatro línguas:

o dente el diente il dente la dent

o fim el fin la fine la fin

a ponte el puente il ponte le pont


o sangue la sangre il sangue !e sang

Os nomes derivados com o mesmo tipo de sufixo são em geral do mesmo


gênero: assim, os nomes em -mento em português, espanhol e italia no e em
-ment e m francês são masculinos. Uma exceção importante relaciona-se com os
nomes em -agem , que são femininos e m português e masculinos em espanhol,
italiano e francês:

a linguagem el lenguaje il linguaggio Je.langage

6.1.2. Fonnação do feminino n os nomes e nos adjctin,s


6. J.2.1. Feminin o c m -a/-c
Em português, espanhol e italiano os nomes e os adjetivos formam o fem inino -a;
em francês, -e (numa pe rspectiva diacrônica, poder-se-ia dizer que o -a latino se
conservou em muitas palavras nas três primeiras línguas, enquanto e m fra ncês
o -a evoluiu para -e):

t
98 <.. iram:itlC..' a <.-ompantiv·i . quatro lín.~um, rom:lnk:a!'-
• • • 11uua1ss

6.}.2.,1. Sufixos próprios para a formação <lo feminino


Há sufixos para formar o feminino que por vezes são idênticos nas quatro línguas:
amigo (m.) amigo (m.) amico (m.) aml (m.)
amiga (f.) amiga (f.) amica (f.) amie (f.) héros
heroe eroe
alto (m.) alto (m.) alto (m.) haut (m.) herói héroYne
heroína eroina
alta (f.) alta (f.) alta (f.) haute (f.) heroína
Outras vezes variam de língua para língua:
No francês ' O fem•n·
1 mo d os a d'Jet1vos
. termin vendeur
ou não se pronuncia (ainée) . . . a sempre com a vogal -e, que vendedor vendi tore
,. ou provoca mod1f1ca,...ões fo l ' . d vendedor vendeuse
hnal: vieux vieille· blanc bl h A y no ogICas a consoante vendedora venditrice
' '
Mas o francês tem tambe'
· , anc e.
1
te rmina,...ã
y o -e representa um a ntigo -a.
vendedora/
m uma c asse de adjet' · ., . vendedeira
encontrar a inda e m grand-mere grand- ivos mvanave1s, que é possível
' rue,grand-place ou Rochefort.
6.1.J . O caso particular dos nomes <lc profissôcs
<,. ,l .2.2. :\omcs. e •1d
H ' .1•e•t'J\.os 11111·t'onucs quanto ao gênero Numerosas profissões reservadas no passado aos h omens são atualme nte aces-
a n omes e adjetivos e m -a e em -e que podem ser. uniformes quanto ao gênero: síveis às m u lheres. As línguas comportam-se de maneira diferente em relação a
esta n ova realidade. Tal como o português, o espanhol e o italiano possuem e m
pianista (mJf.) pianista (mJf.) pianista (m./f.) pianiste (mJf.) geral formas no masculino e no feminino para os nomes de profissões: profesorl
anarquista anarquista anarchista anarchiste profesora (esp .), professore/professoressa (it.); escritor/escritora (esp.), scrit-
(fácil) (fácil) facile facile torelscrittrice (it.).
Em italiano, os vocábulos com o sufixo -essa para o feminino de certas pro-
Oovem) Ooven) giovane jeune fissões ou são antigos, como studentessa, professoressa, ou então foram criados
(possível) posible possibile possible mais recentemente, como deputatessa, avvocatessa (sendo awocata mais fre-
quente), ministressa (forma rara) . Muitas vezes continua a usar-se unicamente
Mas as quatro
vras terminadas emlínguas
-e apresentam• neste aspecto alguma diferença: há pala- a forma masculina para home m ou mulher: il deputato , l'avvocato , il ministro.
que em portugues espa h 1 . 1· Em francês, os femininos introduzidos h á muito tempo na língua não levan-
o masculino e fem · • ' n ° e ita iano são uniformes para
O mmo, m as que em francês ap t . tam problemas: boulanger/boulartgere , directeurldirectrice, vendeurlvendeuse;
a forma masculina e a ro f , . resen am uma diferença entre
1' rma emmma: pelo contrário, há numerosos outros nomes para os quais não existem femininos
e que por isso exprime m só a função e não a pessoa: professeur , tailleur, peintre,
cliente cliente cliente client, e juge , écrivain , médecin,guide , témoin. Assim, diz-se: Madame Durand, profes-
grande grande grande grand, e seur, Madame te professeur.
forte fuerte forte fort, e
cortês cortés cortese courtois, e 6.2 . O ~(,tERO ~os ~O\IES E ~os .\D.JETIYOS
cruel cruel crudele cruel, elle
6.2 . 1. O plural nas quatro línguas
Como se vê, no que diz respe ito d" . Nas quatro línguas h á um pequeno núme ro de nomes que é usado unica mente no
terminação -e do latim· o p rt ó • aos a Jetrvos, o italiano permanece fiel à
como grande o b d• 0 uéues e o espanhol
conservaram-na em palavras plural: as trevas, las trevas , le tenebre, les ténebres. Outros nomes têm forma
. u a an onaram-na em casos c l fi . • plural, mas referem um só ohjeto da realidade: óculos, gajas , occhiali , lunettes.
Jm.>en. Estas duas línguas adotaram a de . • o~o crue ' 'ácil, cortes e jovem/
No e ntanto, a grande maioria dos nomes possui uma fo rma de singular e
alguns adjetivos que e t·1m I g· smenc1a -a para formar o feminino de
o o wamente perte e· outra de plural. No que diz respeito à formação de plural, as línguas dividem -se
caso dos adjetivos de nacion l'd d .fr • n iam ao grupo dos uniformes; é o
a J a e: ances francesa ( rt) fr ,
po . ; ances,francesa em dois grupos:
( esp.), ao la do do italianofrancese . '
a) Tal como cm português, o espanhol forma o I
guia r a forma - . , . . . • p ural acrescentando ao sin- Os adjetivos formam o plural de acordo com regras paralelas às <los n omes:
-. ' s, que se p1 onunc1a: livro/livros· líbr •·n·b ..
~randel~randes Em f . ·,. . ' íH 1t ros , alto/altos; • Adje tivos masculinos em -o - plural cm -i: u ltolalti.
um -s qLte n;.o : ran~cds, torma-se o plural acrescentando cm geral • Adje tivos fe min inos cm -a - plural e m -e: alw/alte.
' , " e pronuncia o.
h) Em i_taliano , o plural forma-se pela modificação da vo.sal final do no • Adjetivos em -e - plural cm -i: ~rcmdelgrwidi.
cn1 -1, -e ou -a. 6 e me
Alguns nomes masculinos em -o fazem o plural c m -a e esse plural é femi-
. v·
CJamos algumas das regras de fo rma ··ão d . , nino: l' uovo/le uova (ovo/ovos), il centinaio/le centinaia (centena/centenas).
francês. ç e plu rc1I cm espanhol, italiano e Um certo número de nomes mai,culi nos e m -o te m dois plurais: um plural
masculino em -i e um plural ícminino em -a, com o i/ ~inocchio/i ginocchi ou le
('>'> \" -
•·- ·-· . tonu:u;ao do plural cm espanhol ginocchia, il bracc ioli bracci ou Le braceia.
Em espanhol, o plural forma-se acrcscentand0 , . - Os dois plura is têm muitas vezei, sentidos d ife ren tes: il labbroli labbri (la-
singular termina: "' termmaçao -es quando a forma dos de uma ferida)//e labbru (os láhios de uma pessoa); il braccio/i bracci (os
• cm consoante: prqfcsorlprqfesores;jó·ve11/jovenes· hraços, em sentido figurado)//e braceia (os braços. e m sentido concreto).
: em s~mivogal re presentada graficam e nte ~or v: r~~v'reves· São nomes invariáveis no plural as palavras oxítonas e as palavras monoi,-
em -es acentuado: interéslinterescs· silábicas, por exemplo: cittú , caj]e , re , film. O mesmo acontece com cinema,
· · , C<>rte'--/,
,vcor . teses.
- . .'
radio,fow , devido à sua natureza "truncada" (com o cm leji1to \'s. le,toto~rafie ).
<>.2 ..1 ..\ forn1:11;iio do plural cm fr-111c~. Certas palavras terminadas em -ca, -~a , -co, -go sofrem no plural uma
Em f . -; . . - , ' cs modificação or tográfica para indicar a man uten ção da oclusiva: barcalbarche;
rances o -s nao e pronunciado h,J séculos· de1 tld
nos ca.soi, em que há "lia ison•· , 1·- . . . . -_1 ents; ~rwui/~rands. Mas lag,.vlaghi; cuocolcuochi (cozinheiro/s); bian<:olbianchi; biancctlbianche; largo/
. ' re,t iza-se lllfül s1h1hnte .
les éli:ves [lezelevJ. · ' sonora antes da vogal: larghi; larga/lar~he.
:\'um número relativamente elevado de ahv , . . Outras palavras, sobretudo esdrúxulas, com as mesmas terminações -co e
o-sé suhi,tituído po r um -x tamb ' - p ' ras (tcrmmadas cm -011 , -euu), -go formam o plural em -ci e -gi: medico/mediei; amicolmnici; nemico/nemici;
. ' < c m nao pronunciado· ché t ./ J •
telos); chou/choux (couves)· b, ·"- _ · · 'eai.vc lateau.-: (cas- ,greco/gr·eci; e aintla omitolo~o/oniiwlogi; antropqfa.40/cmrropq/c,gi.
. . · , ecnvueuu.t (helos)· nouve ui;
~o francês antigo O -x rc , , , · ' a noz,,veau.x (novos).
· presentava a ahrcvhtura d O õ , ••
<le se escrever châteuus CS"r•• .·, h, ' e t-.rupo grahco -us (cm vez
' , . , .... ._.\ ld-sc e ateax para ahrev·, )· d . . . .
ceu-se o -u , conservando- ·e . d- , , . . l,lr , cpo1s restahele- 6.J ..\PÚCOPE DE ADJETIYOS
- . , , , , , . s o -x, .i1 d torma cscnta châteaux,
,\ s pala\ ras termrnadas c m -x no sing l· ~
(ex.: croix). · · u a r mantcm ª mesma forma no plural Em português, espanhol e italiano há adjetivos que colocados a ntes do nom e que
Noutras palavras certas tra11sforn1'1 - , . ' . . qualificam sofrem um processo de apócope, perde ndo a sua última sílaba.
scnça do-.-:, como em oeil/' ' . ,: li, . 'çoes tonc t1cas vwra m juntar-se à prc- Em português e espanhol este fenômeno só tem lugar cm ~nmde ou santo:
Jcu.\::, c1e cteu.\·, che'!,:allchevaux, nonnal/normaux.
um ,grão-duque, a Grã-Bretanha , São Joâo, São Jorge e m português; o u un
<:..2.-l. ,\ fomrnção do plural cm italiano gran p oeta, w1 gran hombre, u na gran reina , San Francisco, Sun Sebastiú11
1\o italiano o plural forma-se substituindo, ' Ir ,- cm espanhol. Em português são usa-se cm geral antes <lc palavra começada por
por -e, - i e mais ra ra m ente -a d . d a u mia \(>gal da palavra no i,ingular consoante e santo antes de palaw a começada por \'Ogal. Ko caso <lc ~riio, ~rã , o
• ~ . ' e dcor o com as seguintes regras·
. omcs temininos e m -a - plural cm -e· la . .- fem inino de ixou de ser produtiYo .
• Nomes masculino . portal/e porte; la casal/e case. Em italiano o fen ômeno é mais frequente e diz respeito aos adjetivos bel/o,
· s em -a - plural e m i· il ~~-
problemi. - . poetw1 poeti; i/ proble nw/i buorw,~rande e i,anw empregados no masculino: bel ~ iardino, bwm libm , ~ran
• Nomei, masculinos e femininos c m -o - lur 1 . . . . si~11ore, San Francesco.
la mano (sendo e ·t- , l , . . p a em -1: ,t hbro/1 libri; A apócope é obrigatória para bel/o e buono, q ue funcionam como os artigos -
s a pa avra a umca feminina em -o )/l , . .
• Nomei, masculinos e femininos cm -e - plural em e ma.,u. definido para bello/bel e indefinido para bwmolbuon (buon ragazzo, buono sco-
lu m<ulre/le madri. -i: il leone/i leoni; laro) - e também para santo antes de nomes próprios (San Francesco ). Ape nas
a apócope de g rande é facultativa (gran/grande città)
, .1 F1cx:lo dos nomes L: J '-1:-. a djet in):,,; 103

102 (ira m :itie a comp;1rat i\'a llou:1b~ qu:itro lingua., rom :i111'--·a!'-

. . . C mparem-se as seguintes frases: Ma-


hol usam o md1cat1vo. o
(l.--1-. A EXPRESSAO DO GR.\l'. :\'OS .\D.JETIVOS p
orcuguês e o espan · .
. • . e lligence che w conosc
'ª (it.)·' Marie est ta jeune j i•11e l a
ria e la ragazza piu t~ e . . - (f )· Maria é a menina mais inteligente que
rgente que Je connaisse r. ' ( )
6.--1-. I . Quadro ~era! plus intel t . ._ , ·ntelígente que conozco esp. •
conheço (port.); Mana es la nina mas i
O quadro seguinte indica as construções que nas quatro línguas constituem a
expressão regular e mais frequente dos graus dos adjetivos: ., . . . •rlativos sintéticos . ,
6.-l.2 . Cmnpuratt, os e supc , erode adjetivos formas smte-
, ·suem para um pequeno num .
As quatro hnguas pos. . h d das diretamente do latim:
ticas de comparativos e superlativos e r a

Comparatin, de igualdade
A Maria é tão Maria es tan Maria e COSI Marie est aussi Português o pior péssimo
mau pior máximo
inteligente como o inteligente como intelligente come intelligente que o maior
grande maior mínimo
Pedro. Pedro. Pietro. Pierre. o menor
pequeno menor
lo mejor óptimo
bueno mejor pésimo
Comparati\·o de supc,;ori<la<lc/<lc inferioridade Espanhol el peor
malo peor máximo
mayor lo mayor
grande mínimo
A Maria é mais/ Maria es más/ Maria e piu/ Marie est plus/ menor lo menor
pequeno
menos inteligente menos inteligente meno intelligente moins intelligente il mi~iore ottimo
buono mi~iore pessimo
que o Pedro. que Pedro. di Pietro. que Pierre. Italiano il peggiore
cattivo peggiore
il maggiore massimo
grande maggiore
il minore mínimo
Superlatin, relativo piccolo minore
meilleur le meilleur
Francês bon
A Maria é a mais/ Maria es la más/ Maria e la piu/ Marie est la plus/ pire le pire
mauvais
menos inteligente menos inteligente me no intelligente di moins intelligente
de todas. de todas. tutti. de toutes. • h 1 o italiano conservam formas do latim de
Tal como o portugues, o espan o e
. em -•ssimo· em francês são raras:
SupcrlatÍ\'o ahsolulo (analítico e si11tético) super1at 1vo • '

A Maria é muito Maria es muy Maria e molto Marie est tres


inteligente. inteligente. inteligente. intelligente.
hermosísimo
A Maria é Maria es Maria e belíssimo bianchissimo
branquíssimo blanquísimo
inteligentíssima. inteligentísima. intelligentissima. tristissimo
tristíssimo trisúsimo purissime
purísimo puríssimo
puríssimo ricchissimo ricbissime
6...t. l. l .. \l.~ umw, ohscnw,ücs sobre a cxpn:ssiio do gn111 <los a<ljctin1s riquíssimo riquísimo
Em italiano, se se compara a mesma qualidade em duas pessoas, usa-se di como
segundo elemento da construção: Maria e piu intelligente di Pietro. Se se com-
param duas qualidades da mesma pessoa, usa-se che como segundo eleme nto da 6.5. POSIÇ.\0 DO .\D.lETI\'0 QL\LlFIC.\Tl\'0
construção: Maria e piu intelligente che studiosa. os adjetivos qualificativos ou
Em francês , quando o adjetivo no supe rlativo relativo segue imediatamente d óermânicas que co1ocam • .
Diferentemente as w é , . 1 l'nóuas românicas tem duas pos1-
um nome que é precedido de artigo definido, repete-se o artigo: Marie est la osição prenomma ' as 1 E> •
atributivos sempre em P , •nal como uma linda menina,
jeunefille la plus intelligente de coutes/ Marie est la plus intelligente de toutes. - os adJ"etivos· a pre nominai e a pos-nomt '
çoes para ·
Ainda no superlativo relativo, se o segundo membro da construção contém uma menina linda.
uma oração, o italiano e o francês usam o conjuntivo/subjuntivo, enquanto o
104 Gramática comparativa llouaiss quatro línguas românicas

Em relação a certos adjetivos como grande, pobre, as duas posições estão


associadas a significados distintos: a posição pós-nominal está ligada ao senti-
do mais literal; a posição prenominai, a um sentido mais subjetivo (pobre, por
exemplo, tem nessa posição o valor de simples, simplório):
;· < ' ' •• i -:· • . . ' '' '.. ' . '

um homem pobre un hombre pobre un uomo povero un homme pauvre


um pobre homem un pobre hombre un pover'uomo un pauvre bomme
107

As quatro línguas românicas que estamos a analisar possuem artigos definidos e


indefinidos. O francês e o italiano têm artigos partitivos, embora nesta segunda
língua com emprego mais limitado.

7.1. ARTIGOS DEFl~IDOS

7 .1.1. Quadro das fonnas simples

Sing. masc. o el il, l', lo Ie, I'


Sing. fem. a la la, I' la, I'

Plur. masc. os los i, gli les


Plur. fem. as las le les

o livro el libro il libro le livre


a língua la lengua la língua Ia langue
os livros los libros i libri les livres
as línguas las lenguas le lingue les Iangues

Em espanhol la é substituído por el antes de um nome feminino começado


por a acentuado (e[ agua). Antes de nome feminino começado por a não açcn-
tuado, emprega-se a forma la (la alegria).
Em italiano e em francês emprega-se l' antes de palavra começada por vogal
(l'amico, l'acqua; l'ami, l'eau).
Em italiano, emprega-se:
• no singular, lo em vez de il antes de nomes começados por certos sons, a
exemplo de: [J] como cm lo sciopero (a greve), por certos grupos conso-
nânticos, em especial [skl, [spl, como cm lo scherzo (a graça), lo spec-
chio ( o espelho), [ts), (gn], [ps], como em lo zio [tsio] ( o tio), lo gnomo
(o gnomo), lo psicologo (o psicólogo);
• no plural, gli nos mesmos casos: gli scioperi, gli scherz i, gli specchi, gli
zii, gli gnomi, gli psicologi; usa-se também antes de palavra começada
por vogal como em gli anni ( os anos).

7.1.2 . Formas contraídas com certas prcposiçôcs


Em português, há formas contraídas com as preposições em, de, a e por (vejam-
-se, por exemplo, as formas masculinas no, do, ao e pelo); com a preposição a, a
forma feminina a sofre um processo de crase: à.
Em espanhol, há formas contraídas com a e de: a + el > al (al libro ); de +
el > dei (dei libro ).
Formas paralelas existem em fra ncês: à + le > au· à + les > •.
du; de+ les > des. • . aux , de+ le > 7.2 ..\RTIGOS l~DEFl~IDOS
. O italiano destaca.se pelo grande núme ro de formas contrnfrhs com d·
d a, 1n , su. '· a , 1, í.2.1. Quadro das formas simples
Alguns exemplos· dei fih ro (d I' , ) li
ó (,l' ,. o l\ ro ; u o specchio (ao espelho)· a/la lin
,.,ua •g ·) //' ' -
.. ' (da mgua)· aõ/i umici ('IOS
. ,' . "' .. ' ,
,
,Hnr os ; ne acqua (na água); dai[' inizio afia
.t me o pnnc1p10 ao t1m). un,uno un
Sing. masc. um un
fem . uma una una, un' une
7 .1..1. OoscITa\!Õcs
s;-- , . . dos• ,·1rt1'....<.l(>s. lfct·
sohrc o ClllJlrcgo 'd
·, 1111 os Plur. masc. uns unos dei, degli des
'ao notave1s as seguintes particularidades: fem. umas unas delle des

L_ Na]· indica~!~º de hora ou na introdução de um título, o português o espanhol e Em italiano, a variante uno do masc. sing. usa-se nos mesmos casos cm que
o 1ta iano ut1 1zam O artigo d f 'd . ' se emprega lo cm vez de il (uno zio, uno scherzo, mas un amico) . A forma un'
. ., e 1111 o, enquanto cm francês não se usa o artigo· , .
~;;':: ~ ~ª;_cmcoR; ali~ cin~ue; à einq heures. Chef1a O Sr. Afoca; /lega el Se~:; em vez de una (feminina) emprega-se (como / ') antes de palavra começada por
eia, t ' 1gnor ossz arnva; Monsieur Durand arri't'e. vogal (un'immagine).
Em espanhol, a ntes de palavra feminina começada por vogal, pode usar-se
~:t Para indicar a idade, o italiano e o francês não empregam o artigo definido a forma un: un agua.
i ewntemen te do português e do , , , 1 1 . '
• . , espan 10: aos tnnta anos; a los treinta ano .. Em francês, tal como no a rtigo definido, há uma só forma do artigo no
a trent anni; a crente ans. s,
plural, des.
,1. Com os nomes próp · - , - ,
, - n o~, nao so nao ha sistema ticidade no interior de uma í .2.2. Obsern1çõcs sobre o emprego dos artigos indefinidos
mesma lmgua como nao ha parafolismos e ntre as quatro línguas: Para exprimir uma quantidade plural não determinada de uma entidade, o por-
tuguês e o espanhol usam o artigo indefinido plural (Tenho uns livros para
asférias. Tengo unos libros para las vacaciones) ou não empregam qualquer
artigo ou quantificador (Tenho livros para as ferias. Tengo libros para las vaca-
la France
Portugal Portugal ciones) ou utilizam o quantificador alguns (Tenho a lgum; livros para asférias .
il Portogallo le Portugal
o Brasil Tengo algunos libros para las -vacaciones) .
(el) Brasil iJ Brasile le Brésil A afinidade e ntre os a rtigos indefinidos um (port.), un (csp.), un, uno (it.)
em França/ en Francia in Francia en France e un (fr.) explica-se pe lo fato de serem derivados do numeral latino unus.
na França
O artigo indefinido serve ai nda para exprimir um valo r aproximativo: O
Pedro tem uns 50 anos. Pedro ti.ene unos 50 anos.
-t. Também as expressões idiomáticas podem apresentar v ·, -
do artigo: · anaçao no emprego

ter tempo 7.3. ,\RTIGOS PARTITl\'OS


tener tiempo aver tempo avoir le temps
O francês possui um artigo partitivo para exprimir uma quantidade não determi-
;;, o_art~go definido precede o possessivo em português e italiano mas nada de uma substân cia: du, d e la no singular e des no plural: Je bois du vinlde
correnc,a é · , , . essa coo- l'eau (bebo vinho/água ). Je mange des pommes (como maçãs). Estas formas só
1mposs1ve 1 em espanhol e francês (ver cap. IX) :
se usam em e nunciados positivos; em enunciados negativos usa-se a forma pre•
os meus livros mis libros i miei libri mes livres posicional de: Je ne bois pas de 'Vinld' eau (não bebo vinho/água). Je ne mange
pas de pommes (não como maçãs).
O italiano possui um partitivo, mas o seu e mprego é restrito e de qualquer
modo facultativo. Não se emprega em frases negativas e é raro depois de certas
·1
YII Os ;,rtii;o, 111 \

. . mo o gli italiano, resultam de


Ue as diferentes formas , assim co
preposições: Mangio dei pane ou Mangio pane (como pão). Be'I.Jo dei vino ou Vemos q
oluções fonéticas regulares. d l em vez de la no espanhol em d
BC'Vo vino (bebo vinho).
ev A estranheza aparente do empregol ~ e , senão a primeira sílaba do femi-
Como o português e o espanhol não possuem artigos partitivos, para se . também uma vez que e . nao e
exprimir uma parte não determinada de uma substância não se usa artigo: Comi a,gua expbca-se ,
pão e pastéis. Comí pan y pasteles. nino el(l.a). - . . . ,. ara todas as formas contraídas do italia-
A mesma explicaçao se JUStihca p . d ll é afinal a forma d(e) ello.
ll 6 ·nado da ongem: e o
em que se conserva o - - E>em1 ofunda unidade das nossas
no, te diversidade, surge a pr . d
Assim, sob uma aparen . demonstrativo latino, pronuncia o
7.-l. ARTIGO DEFI~IDO ot· PRONO:\IE? ente se que o m esm o o
C\L\ OR1GE~f CO\ll l\f quatro línguas. Acresc -. d ",\ m nas línguas românicas, aos pron -
j6ualmente sem acen to tônico, eu- onE>e ' . r parte dos pronomes tem, nas
i;, • , • É or essa razao que a maio
Em português e e m espanhol, antes de um sintagma preposicional, de um ad- mes pessoais atonos. p . formas que os artigos.
línguas que estamos a anahsar, as mesmas
jetivo ou de uma oração relativa, empregam-se formas idênticas às dos artigos
definidos. Em francês e em italiano usam-se as formas dos demonstrativos, mas
antes de adjetivo tanto o artigo (no seu uso pronominal) como o demonstrativo
podem aparecer:

a casa do Pedro e a la casa de Pedro y la la casa di Pietro e la maison de Pierre


do João de Juan quella di Giovanni et celle de Jean
la casa vecchia la vieille maison
e la/quella nuova et la nouvelle

Tradicionalmente considera-se que antes de um nome o, a , os, as e m por-


tuguês e os correspondentes em espanhol são artigos, mas antes de um adjetivo,
de um sintagma preposicional ou de oração relativa são pronomes demonstra-
tivos, o que é corroborado pelo fato de o italiano e o francês exibirem nestes
contextos as formas quello, celui etc. A pesquisa diacrônica mostra-nos que os
artigos definidos tiveram o rigem e m certos demonstrativos latinos. De fato, as
formas de artigo definido derivam do demonstrativo latino ille, que, quando fun-
cionava como complemento de ohjeto direto, tinha tomado as formas ello, ella,
ellos , ellas no latim falado da época imperial.
É este demonstrativo, empregado com o valor de um s imples artigo e pro-
nunciado sem acento tônico (porque formava um grupo fonético com o nome
que se lhe seguia), que deu origem a todas as formas românicas acima indicad as.
Como não tinha acento tônico, reduziu-se a uma única sílaba. Foi em geral a se-
gunda que "sobreviveu": o esp. la , los , las e o fr. le, la , les derivam diretamente
de (el)lo, (el)la, (el)los, (el)las . O italiano lo , la representa també m (el)lo , (el)la.
Mas no esp. el e n o it. il é a primeira sílaba que permaneceu.
O italiano , que perdeu muito cedo todos os s do fim das palavras, recorreu,
Para indicar o plural, às desinências -i e -e (como nos nomes e adjetivos): daí i ele.
Em português, os artigos definidos derivam também de (el)lo, (el)la, (e[)los,
(cl)las; mas, depois de terem pe rdido a primeira sílaba deste antigo demonstrati-
vo, perderam também o/, passando as formas lo , la, los , las a o, a, os, as.
115

8.1. ASPECTOS GERAIS

Os pronomes pessoais, tais como os possessivos (ver cap. IX), variam, entre outros
fatores, em função do sistema da pessoa: daí as formas de ia pessoa (Pl), 2ª pessoa
(P2), 3ª pessoa (P3). Além disso, exibem diferentes formas consoante o número
(Pl, P2 e P3 para o singular e P4, PS e P6 para o plural) e o gênero (nas formas de
sujeito e de complemento direto de 3ª pessoa dos pronomes pessoais e nos pos-
sessivos). Os pronomes pessoais variam também consoante as funções sintáticas;
conforme a ligação ao verbo e a consequente configuração morfológica, há ainda
a distinguir entre formas fortes (tônicas, não clíticas) e fracas (átonas, clíticas).

8.2. PR0N0~IES PESSOAIS

8.2.1. Pronomes pessoais sujeito

s Pl eu yo io je

P2 tu tú tu tu

N P3 ele él egli, lui, esso il

G ela ella ella, lei, essa elle


ello
p P4 nós nosotros, noi nous
nosotras
L PS vós vosotros, vai vous
vosotras
u P6 eles ellos loro, essi ils
R elas ellas loro, esse elles

Ohscn·açücs sobre o emprego e a omissão dos pronomes sujeito:


1. No português europeu, em espanhol e italiano o sujeito é normalmente omiti-
do quando é um pronome de 1• ou 2ª pessoa ( sing. ou plural), dado que a flexão
verbal é suficiente para indicar o seu valor.

Falo. Hablo. Parlo. Je parle.

A presença do sujeito de 1ª e 2ª pessoas em frases simples nestas três lín-


guas exprime reforço, insistência:

Eu falo. Yo hablo. Io parlo.


Eu dei Yo dila Io ho datto
autorização. autorización. l'autorizzazione.
Tal como acontece cm p ortuguês, e m espanhol e italiano usa-se o pronome
'.> ., Pronomes pessoais: fonnas de complemento
sujeito de J3 pessoa com o forma de desfazer a a mbiguidade, uma vez que a forma 8--·-·
verbal n e m sempre é sufi<.!iente para indicar o valor do sujeito:
.
8 _2.2.J. I<ornrns. (1e 1>1• I'"
-· 1'·! e P:i (acusatÍ\'ll e dati\'11)
Olhava para o Miraba el Parlava e rideva. /
quadro e ria. / cuadro y reía. / Egli (lui) parlava Pl me me mi* me•
Ele (ela) olhava ÉI (ella) miraba e rideva.
P2 te te ti* te•
para o quadro el cuadro y reía.
e ria. P4 nos nos ci nous
PS vos os (vos) vi vous
!\o p o rtuguês brasileiro falado é comum o uso do pronome sujeito .!.fil. Em
(Ele) vê-me. (El) me vc. (Lui) mi vede. II me voít.
francês, por outro lado, é o hrigat<'ír io o uso dos pronomes p essoais sujeito, tal
como nas línguas germânicas: Je parle , l speak , lch spreche. Dou-te um livro. Te doy un libro. Ti do un líbro. Je te donne un
livre.
2. Os pronomes sujeito pod e m ser utilizados precedidos d e certas formas focali-
:rndoras (em espa nhol hasta, según, excepco, salvo; em italiano anche, perfino,
neanche, pure, sal'Vo , ecceto): Estas tormas,. e ,,u·nda o ·se para a 3" pessoa do singular e plural, podem servir <le
Rcíl c ~os:
reflexos:
Até eu o Hasta yo lo Ancheiolo
conheço. conozco. Eu lavei-me. lo me !avé. lo mi ho lavato. J e me suis !avé.
conosco.

Em idênticos contextos, o francês utiliza as formas fortes moi, toi, lui, elle,
now,, vous, eux, elles (comuns às formas complemento): Même moije le connais. k.2.2.2. Form as de P.1 e P6 (acusatin, e dath·o)
.\ cusatin>:
:l. Para exprimir um sujeito não específico, o espanhol e o italiano dispõem, à
PJ o lo lo* le*
se melh ança do português, de um se/si nominativo (se "impessoal"), e nqua nto o a la la* Ja•
francês e mprega o pronom e on:
P6 os los li Jes
Aqui se fala Aqui se habla as las le
Qui si parla lei on parle
português. espafiol. italiano. français.
Oati\'o:
-t. Em construções de tipo impessoal, o francês, diferente m e nte d as outras três PJ lhe Ie gli / le lui
línguas românicas, exige um sujeito suporte de 3ª pessoa (il) ou o demonstra tivo
ceou ça: P6 lhes les )oro leur
Vejo-a. La veo. La vedo. Je la vois.
Chove. Llove. Je !ui donne un
Piove. II pleut. Dou-lhe um Le doy un libro. GJílle do un
É duro Es duro livro. Les doy libros. libro. livre.
Êduro II est dur de
trabalhar. trabajar. Dou-lhes livros. Do toro dei libri. Je leur donne
laborare. travailler. des livres.
C'est dur de
tra vailler.
r
;

\.til ( )~ pro nomes P'-•~so,ü:-. 119 ..


11'1 ( ir:,m:itiL':i comparariva llrnwis.-.: quatro lin~uas rcJ1n~l 11ic;1~

6. Em português, as formas acusativas do pronome de 3ª pessoa o(s) e a(s) dão


8.2.2 ..1. Dativo e ohlíquo (regidos de l'HEP)

Pl mim mi me• moí


togar às variantes lo, la, los , las quando vêm colocadas depois de uma forma ver-
bal terminada cm -s, -z ou -r; quando vêm colocadas depois de uma forma verbal i
P2
P3
ti
ele
ela
ti

él
ella
ello
te•
lui, esso
lei, essa
toi
lui
elle
i;
~

J
'
terminada em ditongo nasal tomam a forma no , na, nos, nas.

1. As combinações comigo, contigo , consigo (derivadas do latim mecum,


tecum, secum ... ) têm formas correspondentes em espanhol (conmígo , conti-
l l
'I
go, consigo). No italiano as formas meco , teco , seco são antigas e literárias,
si sí sé soi 1
sendo hoje pouco usadas. As expressões analíticas con me, con te, con sé, 1
P4 as mesmas formas que representam o sujeito como as do francês avec moi, avec toi, avec lui, são frequentes. É de notar
PS as mesmas formas que representam o sujeito que no português existem ainda as formas connosco (que no Brasil se escreve
P6 as mesmas formas que representam o sujeito eux, elles conosco) e convosco. Refira-se ainda que no português do Brasil consigo tem
sempre um valor de 3ª pessoa (Ele fala consigo m esmo) e não tem valor de
contra ti
cada um para si
contra ti contro te
cada uno para sí clascuno per sé
contre toí
chacun pour soi
você (ver 8.4). r
1,
H. Já vimos no capítulo anterior que o (port.) e lo (esp.) podem usar-se como
<>bscrrnç()cs: forma neutra antes de adjetivo ou oração relativa: o que dizes , o difícil, lo que i\ 1
l. As
tes deformas
vogal. com asterisco elidem-se (frances)
• . ou podem elidir-se (italiano) an- dices , lo difícil. O italiano e o francês recorrem frequentemente a um demons-
trativo neu tro seguido de oração relativa: ciõ che dici, cio che e difficile , ce que
tu dis, ce que est dijficile .
2. Com um número limitado de verbos a forma d .
e espanhol pode vir precedida d PRE~ e O.D. ammado em português
respondente: É a ele que eu a a E , a, to~ando então a forma oblíqua cor- 8.:2.:2.-t. O prononn: si
mo. s ªela qwenyo amo. Em português, a forma si tem dois valores: um valor de 3ª pessoa, em referência
a um sujeito determinado ou indeterminado que lhe serve de antecedente (Cada
um pensa em si. Ele s6 pensa em si (em si própriol) e um valor de 2ª pessoa,
1
.1. Tal
. como em po r t uóues
ó • a fo rma o, o pronome lo d . ,
nominal (lo que dices ü difí'' ·1 l d . o espanhol e a forma neutra servindo para exprimir o interlocutor (emprego não usual no Brasil): Isto é para
• ' . i i ci ' o e tu padr,) O. 1·
a demonstrativos neutros como d e . ita iano e o francês recorrem
antece ente: cü) che dici, ce que du dis. si/você (ver 8.5).
Em espanhol o pronome sí é cada vez menos utilizado, sendo substituído
-l. Leismo, lafsmo , loísmo em espanhol: a formal . pelas formas correspondentes de 3ª pessoa.
forma do acusativo lo par, . " 1, . e do danvo pode substituir a
Em italiano e francês as formas sé e soi têm exclusivamente valor de 3ª
.
l d ~
a os .~s masculinos anin ad (1 ,
acusativo pode suhstituir a f r os e1smo); a forma la do
orma e o dativo dos N f · • pessoa: ciascuno per sé , chacun pour soi.
orma lo do acusativo pod b . . s cmmmos (laísmo); e a Refira-se que em português, italian o e espanhol as formas se e si têm ainda
t v:- . e su st1tu1r o dativo le (loísmo)
iercm ai ladrón y le apresarem ( le,, ) , . valores de indefinido (equivalente ao francês on) e de partícula apassivante (ver
Vio a J L' l , . ismo
u ia y a regaló flores. (laísmo)
14.4.2).
Encontrá a su am t-~o en I a calle, pero no lo hablo. (loísmo)

- O fenômeno de leísrno é muitO frequente Na


sao geralmente considerad , . . norma culta, estes fenô menos 8 ..1 . co,1B1:"i.\ <,:.\o DE PRO:\O'.\IES CLÍTICOS
os mcorretos ~o ent R
quando este funciona como ac . . . d. .. anto, a cal Academia aceita já le
usauvo e pessoa: Ile b•......s'cadO a Juany no le veo. l . Em português europeu, há formas contraídas dos pronomes dativo e acusati-
vo: mo, ma, mos, mas; w, ta, tos, tas; lho, lha, lhos , lhas ; no-lo, no-la, no-los ,
5. Em italiano, o pronome {oro coloca-se sem . no-las; vo-lo, vo-la, vo-los, vo-la. O pronome ele ... quando contraído com as
lada, cada vez mais se substitui por ,sr- [" d pr~ ~cp~1s do verho e , na língua fa-
"' i. g z o de1 libn em vez de do loro dei libri. PREPs de e em torna as formas dele ... , nele ...
T
.....

• d . I3 ,·1 no p<>rtu.suês falado nos países africanos de língua


No português do Brasil, uma vez que as formas do pro nome objeto dire to N )ortugucs o ras1 e 1:, - l' .
o 1, .. adrões de o rdem dos pronomes clíticos estão praticam e nte im1-
de 3ª pessoa estão a desapa recer, as contrações são raras: m e dá o livro; me dá. l portuguesa ~ós p, ó, 1· ·e - quer em relação ao único verbo da o ração, quer em
Em espanhol e francês nunca ocorrem contrações. o, a um s - a pr e is ' . ,,., Eu
tad s , . . I , "locução verbal": Eu me sento aqui. ,e amo. ~
Em italiano podem ocorrer mudanças quando um dos clíticos cm i (mi, ti, ci, lação ao verbo pnnc1pa numa .
re ' . ' n a coisa. Isso não pode me acontecer. ,
vi e ~li) é seguido de lo , la, li, le o u ne. Nesse caso, dão-se as seguintes alterações: quero cc dizer w . , . t •s do português a proximam-se das outras hn-
mi+ lo -> m e lo (me lo garantiscc) ~este aspecto estas vanan e. . , , . , d ,.
• • . C t· 'to em es11anhol italiano e trances a prochse e opa rao
ti+ li -> te li (te li regalo) guas roma m cas. ,om e e1 ' . '
si+ lo -----> se lo (se lo procurerà) de ordem dominante. . , . .. . , ,.
. . a próclise opera cm trases t1111tas.
ci + lo -----> ce lo ( ce lo ha spiegato) Em espan h o l e 1ta1iano, ·
gli + la -----> gliela (gliela portero) Juan la conocc. Giovanni la conoscc.
mi+ nc -----> mcne ( me nc ha parla to) Quien la conoce? Chi la conosce?
No la conocemos. Non la conosdamo.
1. Em espanhol e francês, quando coocorrem formas á tonas de P3 (ac usativo)
com fo rmas de Pl e P2, estas últimas precedem as primeiras: Me lo contó. Il me Nessas duas línguas a ênclise utiliza -se e m o rações infinitivas, imperativas
l'a raconté. Me las entreg6 en mano. Il me lcs a donnés . positiva~ e ,gerundivas ( e no italiano ainda no particípio absoluto):
Mas e m francês, quando as m esm as formas de P3 acusativo se combinam Para danne la mano. Per ~uardarlo.
com pronome dativo de P3, a ordem é a inversa, isto é , lui e leur seguem as for- Dame la mano. Guardalo.
m as acusativas: Je lc lui ai donné. Dandome la m ano. Gu arclandolo.
Guardatolo.
J. O espanhol caracteriza-se po r não admitir a sequê ncia le/les (dativo)+ formas
de acusativo, substituindo as primeiras por se: . , 1· .. Il m 'a embrassé. Nc m e parle pas. A ê nclise
Em fra ncês, domma a proc ise . . . ,.. -
. te no imperativo positivo (assinalada na escrita por h1tcn e nao
usa-se umcame n f' d r que nestas cir-
Digo-lho. Se lo digo. Glielo dico. Je le lui/leur dis. mo "ênclise total" como em italiano e espa nho I). , e nota . ~ ., .
co • ·a - s-ao as t'ormas fortes dos pronomes as utilizadas: Parle-m oi. ais-w i.
cunstanc1 s ,

8.4. POSIÇÜES DOS PRONO~JES FRACOS (CLÍTICOS)


H.S . ,\ DESIG~.\ÇAO DOS 1:\TERLOCl'TORES
Nas quatro línguas româ nicas que estamos a analisar são possíveis três posições
dos pronomes clíticos, a pa recendo em uma o u o utra das qua tro línguas: 8 ;; 1 \ Jcsigm1~ão do lo<:utor . . de
.• . . , . . . 1 ' d' õe nas línguas que estamos a a na1isar,
• ên clise, o clítico depois do V (V+ CL) Para se autorrefcrenciar, ocutor isp '
0

• próclise, o clítico antes do V (CL + V) Pronomes da l" pessoa do singular (eu , y o, io, j e). f 1. . •lusão
, . n ous) ode ser o u uma o rma e e me
• m esóclise (posição no interior da forma verbal) O uso de P4 (nos, nosotros, noi, p 'd d (" , ·" m ajes-
do alocutário num conjunto plural ou manifestação da auton a e nos
O português e uropeu é a única língua rom ânica que exibe os três padrões tático) ou de modéstia:
de ordem dos pronomes c líticos. A m esóclise usa-se nos tempos futuro e con - (Noi) abbiamo visto Nous avons vu au
(Nós) vimos na aula (Nosotros) habemos cours de la leçon
dicional, ocupa ndo os pronomes a posição medial entre a forma infinitiva e os nell'ultima lezione
passada que... visto en la última précedente que ...
afixos flexion ais: dir-te-ei; vê-la-iam. classe que ... che ...
Em português europeu a ênclise é a posição dos prono m es em frases decla- . um sujeito plural em
A fonna a gente pode expressar, em portugues, o 1ocutor ou " . l" o
ra tivas afi rmativas (A Maria encontrou-o na r ua); a próclise é utilizada q uando d er dado pelo chamado se ,mpessoa ,
algum tipo de operado r (negação, quantificadores, certos advé rbios, o operador de que o locutor se inclui; este mesmo_val_or po e_ s r d' ~ do pronome uno e o francês
interrogação, entre outros) ocupa uma posição à esque rda da frase, tendo escopo mesmo acontecendo em espanhol e ,tahano. O ,ta iano ,spoe
sobre ela: A Maria não a en controu . Alguém o encontrou. Quem o encontrou? de on, um pronome derivado do étimo latino homo-:
\'II I O:,. pn.•J1 CJ11H.::- p, ..·ss,,:1i!-i 123

A gente está bem aqui. Se está bien aqui. Si sta bene qui.
Está-se bem aqui. On est hien ici. . 1 A f rma de cortesia
. mais
. , t'renuente
--. para exprimir o interlocutor singular
Se está bem aqui. (PB) ferenc1a . o . l
é o pronome lei; o pronome oro et m vindo a tomar-se cada vez mais forma1:

As quatro línguas dispõem de uma fórmula de distância para o locutor: o


abaixo assinado (port.), un(a) servidor(a), e/ abajofinnante (esp.), il sottos-
critto (it.), le soussigné (fr.). Plur. voi (!oro - formal)

H.5.2. O tratamento do interlocutor Para designar o inte rlocutor, o frances serve-se que r da forma .familiar
A tu
. chez
(P2 ), quer da forma cortes vous (PS)·, nos dois casos o plural é vous. tu es
• A

O português é de todas as línguas românicas a que tem o sistema mais complexo


wi; vous êtes chez vous.
de formas de tratamento do interlocutor, que podem ir do uso de tu e do verbo
na 2ª pessoa até ao uso de você, ausência de pronome, nome próprio, fórmulas
como o S<-'nhor, vossa excelência e verbo na 3ª pessoa, dependendo do tipo de Sing. tu
relação que se estabelece entre locutor e interlocutor. É ainda usado o pronome
Plur. vous (tu+ tu) vous
si para exprimir o interlocutor, quando precedido de preposição: Isto é para
si/você. O pronome de Sª pessoa vós seguido da forma verbal só subsiste em Como noutras línguas, é possíve1 recorrer a expressões como monsieur,
português como um conservadorismo (no falar regional e popular) ou em certos madame, SunAltesse, Votre Sainteté.
registros ultrafonnais.
O sistema não é idêntico no Brasil, sendo aqui a forma você (com valor de
cu) a mais usada: Você vem comigo?
8.6. l >IlÚ-F0IOL\S PRÚPRL\S DO IT.\LL\:\O E DO FR\NCf:s
Em espanhol, tú (sing., P2) e vosotros, as (plural, PS) exprimem uma re-
lação de familiaridade. Usted (sing., P3) e ustedes (plural, P6) usam-se para a r conterem pró-formas de natureza prt!po-
cortesia: A

0 italiano e o frances destacam-se p~


tifvo· o quadro seguinte sintetiza


sicional ou adverbial com valor locativo ou par I ,
Usted es muy simpático.
essas formas e os seus valores:
Está usted en su casa.
Esta casa es para usted.
Le hablo a usted.
ci, vi y ( = a X, de X ou em X)
ne en (= de X)
Como forma muito respeitosa, empregam-se os pronomes de 3ª pessoa Los,
les: Queridos seiiores, los/les invito a ceuar. Ci vado J'y vais (Vou ali)

Na América de língua espanhola, há três situações distintas: ou o sistema Vi, ci pensi Tu y penses (Pensas nele/a, nisso)
do espanhol se mantém nas esferas acadêmicas; ou as formas de PS desapare- Non ci capisco niente Je n'y comprends rien (Não compreendo nada disso)
ceram (zonas de "tuteo"); ou perderam o seu valor de plural (zonas de "voseo") Me nevado Je m'en vais (Vou-me embora daqui)
[América Central e estados do Rio da Prata] .
Ne veniamo Nous en venons (Vimos dali)
O quadro seguinte sintetiza o que acaba de ser dito para o espanhol americano:
Non ne parliamo piu N'en parlons plus (Não falemos mais acerca disso)

Sing. tu (tuteo)
Sendo átonas, estas formas sofrem a ênclise ou a próclise de acordo com os
vos (voseo) usted mesmos princípios apresentados em 8.4:
Plur. ustedes
Per andarei Pour y aller (para ir ali)
Em italiano, o tu (para o interlocutor sing.) e o voi (para o interlocutor plural) Andandovi/ci En y allant (indo ali)
mantêm-se vivos, apesar dos esforços do período fascista para generalizar o vai re- Parliamone Parlons-en (falemos disso)
127

9.1. OBSERY.\ÇÜES GERAIS

o francês e o espanhol possuem duas séries de possessivos, consoante o seu va-


lor de determinantes ou adjetivos ou o seu valor de pronomes; os primeiros são
formas fracas ou átonas, os segundos são formas fortes ou tônicas. Em português
e italiano as formas dos determinantes possessivos e dos chamados pronomes
possessivos são idênticas, com a diferença de que os pronomes são precedidos
de artigos.
As quatro línguas apresentam diferentes formas de acordo com a pessoa do
discurso a que se referem (o possuidor) e o número do possuidor (daí as formas
de Pl, P2, PJ, P4, PS, P6), e ainda o número e o gênero do objeto possuído.

9.2. OS DETEH~IL~1\ YfES POSSESSIVOS

9.2. l. As fomms il
;,
;i

../

Umposs.
Pl masc. meu mi mio moo meus mis miei mes
fem. minha mi mia ma minhas mis mie mes ·k

P2 masc. teu tu tuo too teus tus tuoi tes :j


fem. tua tu tua ta tuas tus tue tes i

P3masc. seu su suo soo seus sus suoi ses


fem. sua su sua sa suas sus sue ses

Vár. poss.
P4masc. nosso nuestro nostro notre nossos nuestros nostri nos
fem. nossa n uestra nostra notre nossas nuestras nostre nos

PSmasc. VOSSO vuestro vostro votre vossos vuestros vostri vos


fem. vossa vuestra vostra votre vossas vuestras vostre VOS

P6 masc. seu su loro leur seus sus !oro leurs


fem. sua su !oro leur suas sus loro leurs

Ohs.: Em francês, antes de um nome começado por vogal ou h mudo, ma,


ta, sa são substituídos por mon, ton, son: ton école.
!X Os detL"rrnina11tt.·s e pn.1110 11u: s possc1'-:-.in 1s 129

9.2.2. Regras gerais <le emprego


Lui conosce un amico
Ele conhece um amigo teu. EI conoce ª un amigo tuyo. tuo/un tuo amico.
J. O italiano e o francês caracterizam-se por possuírem um possessivo foro, leur
para P6, e nquanto o português seu e o espanhol su , suyo empregam a mesma Cuantos libros míos has
forma para P3 e P6. Quantos livros meus leste? Quanti libri miei hai letti?
leido?

2. Tal corno em português, no italiano o artigo definido precede os possessivos: Em português, espanhol e italiano há posposição do possessivo em vocati-
i miei libri ("miei libri) vos e frases exclamativas:
la nostra automobile enoscra UUl<Jmobile)
Deus meu! Dios mío! Signori miei!
Nestas duas línguas o artigo é frequen temente omitido com nomes que de- Fig)io mio non far(e)
signam relações de parentesco: Filho meu não faz isso! Hijo mío no lo hajas!
questo/non farlo!
Minha irmã chegou. Mia sorella e arrivata.

No português do Brasil, o artigo definido é também muitas vezes omitido: <i No espanhol e no italiano, tal como em portuguê~, os posse~si~os de PJ e p~
Meus livros estão sobre a mesa. ;,dem referir-se ao interlocutor. Por isso, para evitar a amb1gmdade ~ue ex
ressões como la casa es suya, la casa e sua podem causar, _us~~-se as ormas
.1. Em francês e em espanhol a coocorrência entre artigo definido e possessivo P .
analíticas: la casa es d e e'l/c'de usted (esp.)·' la casa e dilui/ di lei (1t.) (ver VIII) .
é impossível:
mes livres ("lesmes livres) 9 -, 1 ( )s p ronom es possessi\'os .
mis libros ("los mis libras) C;~o· foi .dito, o português e o italiano têm form~s dos chamados pronomes pos-
sessivos idênticas às dos dete rminantes possessivos:
Nestas duas línguas, o único elemento que pode antepor-se ao possessivo é A minha (det.) casa e a tua (pron.) são no centro .
o quantificador todos, tous: La mia (det.) casa e la tua (pron.) sono in centro.
todos mis libras
tous mes livres O francês e o espanhol dispõem de formas próprias de pronomes:
. .. .·, .
~- Em fran cês o artigo definido pode ser usado em vez do possessivo se na frase
um pronome ou um nome an tecedente forem suficientes para indicar a relação
de pertença: Umposs.
Il se lave les mains. Pl masc. el mio le mien los mios les miens
fem. la mia la mienne las mias les miennes
P2 masc. el tuyo le tien los tuyos les tiens
O espanhol e o italiano podem fazer o mesmo:
(Lui) si lava le mani. fem. la tuya la tienne las tuyas les tie nnes
(El) se lava Las manos. PJ masc. el suyo le sien los suyos les siens
fem. la suya la sien ne las suyas les siennes

5. Em espanhol e italiano, tal como em português, os possessivos antepõem-se Vários Poss.


P4 masc. el nuestro le nôtre los nuestros les nôtres
ao N quando este vem acompanhado do artigo definido, mas pospõem-se ge- fem. Ia nuestra la nôtre las nuestras les nôtres
ralmente ao N quando este vem precedido de artigo indefinido, interrogativo. PS masc. el vuestro le vôtre los vuestros les vôtres
Neste caso, em espanhol empregam-se formas fortes dos possessivos, que são as fem. la vuestra la vôtre las vuestras les vôtres
mesmas formas dos pronomes (ver 9.2.3):
P6masc. el suyo le leur los suyos les leurs
fem. la suya la leur las suyas les leurs

1:_é.
130 Gramática c.-omparativa llouaiss quatro línguas românicas

Os exemplos a seguir ilustram o uso dos dois tipos de formas possessivas


nessas duas línguas:
La mia casa y l.a tuya son en el centro.
Ma maison et la tienne sont au centre.

Em francês, num contexto predicativo, não podem usar-se os determinan-


tes possessivos e apenas é gramatical o uso dos pronomes ou da preposição à
seguida de formas fortes dos pronomes pessoais:
Ces paires sont à moí.
Ce sont les miennes.
(•Ce sont miennes.)
..
133

10.1. .\SPECTOS (;ER.\IS

Os demonstrativos são expressões linguísticas que o locutor utiliza para indicar


pessoas, objetos, lugares, momentos, tendo como ponto de referência o local e o
tempo da enunciação.
Em português e em espanhol, a organização dos demonstrativos obedece a
um sistema temário, indicando a pertença de um objeto à vizinhança do locutor
(este/isto); do inte rlocutor (esse/isso); ou a uma esfera que não é nem a do locu-
tor nem a do inte rlocutor (aquele/aquilo).
O francês organiza os demonstrativos num sistema binário, a partir da opo-
sição entre a proximidade e a não proximidade em relação ao locutor. No italia- ·I

no, o sistema ternário existe, mas está cada vez mais em desuso, sendo o sistema
binário o dominante.
Na linearidade do discurso, o sistema é nas quatro línguas binário, reme-
tendo as formas como este para uma expressão nominal mais próxima e aquele
para uma expressão nominal mais distante .
O francês é a língua em que existem diferenças mais nítidas entre formas
de determinantes e formas de pronomes demonstrativos. Nas quatro línguas,
os demonstrativos exibem formas variáveis (conforme o número e o gênero do
objeto referido) e invariáveis. Destas, destacam-se os demonstrativos "localiza-
dores", que do ponto de vista morfossintático são advérbios.

10.2. DETER\lJ\'.\YfES E PRO\'(r\lES DE:\10\'STR.\TJ\'OS

10.2. I . Fo n 11:1s dos tktl'rminan tes

t.~-·· ·
este, esta,
estes, estas
llpenhnl .
este, esta,
estos, estas
. ...,
questo, questa,
questi, queste
...
.,. ~
i
1
i

esse, essa, ce/cet (antes de


ese, esa,
esses, essas esos, esas vogal ou h mudo),
cette, ces
aquele, aquela, aquel, aquella, quello, quella,
agueles. aguelas aguellos, aguellas guelli, guelle

10.2 . .2. Fonuas d os pro110111cs


10.2.2 . 1. Fo n11a., vari:hd~

este, esta, éste, ésta, questo, questa, celui-ci, celle-ci


estes, estas éstos, éstas questi, queste ceux-ci, celles-ci
esse, essa, ése, ésa,
esses, essas ésos,ésas
aquele, aquela, aquél, aquélla, quello, quella, celui-là, celle-là
,!gueles, aquelas aguéllos. aguéllas guelli, guelle ceux-Ià, celles-là
IJ4 ( il'a n1:it ic:1 t.·o m p :ira t iv:, Jlo 11:ii~, qu:n n , lí11<'t1·1s 1·,111,.- .
:-, · , ,lllh,.';1°'

1O.l.2.1. Formas inn1ri:ín·i~


:i. As formas ció, quello/quel usam-se antes de oração relativa ou de compleme n-

· ~· 3 ceei]
isto esto to nominal.
isso eso É de notar que cio aparece em certas locuções: cioe (isto é), percio (por
(codesto) ció
aquilo ça esta razão), acc.:ioché (a fim de que).
aquello quel(lo) cela
E" rn.,:-.cf.~:
10 . .2.J. Ohsc n ·,lí;Ücs qua n to ao w,o dL· 1. . . 1. Os valores de "vizinhança do locutor/não vizinhança do locutor" são dados
E\I F.,.;J•.,., 1101.: . ( CICI 11111iantcs L' J)l"OIIOIIJCS
pelas partículas ci e là pospostas ao N: (ces liv res-ci; ces gens-là), ou incorpora-
1. Nesta língua as formas de pronomes d'f das a ce, nas formas de pronomes invariáveis (ceei, cela).
re m fortes acentua,fas (emb . terem das dos determinantes por se-
' ' ora o acento <1 ' f -
confusão). óra ico so seja obrigatório em caso de 2. Antes de oração relativa ou de um compleme nto nominal, enquanto o portu-
guês e o espanhol usam as formas o , a , os, as ou el , lo, la, los, las, o francês e o
2. O pronome e/lo pode usar-se co italiano usam as formas de demonstrativos ce, e', cio:
O
más de ello . m mesmo sentido que aquello: No hablemos
Faz o que te digo. Hace lo que te digo. Fa ciô/quello/ Fais ce que je te
E.,, IT.\1.1\.'\(); quel che ti dico. dis.

1. As dife rentes variantes dos demonstrativos . . . . Os do Porto são mais Los de Porto son Quelli di Porto sono Ceux de Porto sont
ção da natureza do som d- I . . cm italia no d1stnbucm-se em fun- conservadores. m as conservadores. piu conservatori. plus conservateurs.
a pa avra seguinte exata
a rtigos il, lo, l' (sing.) e i, gli (plural): ' mente como as formas dos
quesco, questa, quella antes de consoant .
quest' antes de palavra com d e. quesco ra_gazzo, quella tazza; 10.2.--1. Os advérbios demonstrativos " localizadorcs"
cça a por vogal· quest' . '
quello (pl quegl') d · amico, ques t amica·
que/ (pi q.ue•)· t tantdes e (z], fps), (gn], [skj: quello scrittore , quegli
· • an es e consoante dif d . '
z;ri·
ruma nzo, quei romanzi· erente as menc10nadas acima: que/ aqui, cá aquí, acá qui, qua ici
quell' (pi. masc. quegli ' 1 fem aí ahí
quell'invenzione. ' p· · quelle) antes de vogal: quell' episodiu ,
ali, lá allí, allá li, là là
(Refira-se que questi e qued{i só . - d
º sao usa as como sujeito.)
Nas formas "localizadoras" que designam um espaço mais circunscrito (em
") Nesta língua há formas de refor o d . .
e lillà pa ra quellu que r no se ç os demonstrativos: qui/qua para questo -i) o português e o espanhol têm um sistema ternário: aqui ( em relação ao lo-
' · u uso como determina t cutor), ai (em relação ao alocutário), ali (um espaço que não pe rtence n em à
questi libri qui/qua, questi qui/qua. n es, quer como pronomes:
vizinha nça do locutor nem à do interlocutor); n as formas que designa m a locali-
.1. A forma sta, variante de questa sur e a 1 zação de forma mais vaga (em -a) , o sistema é binário.
sera , scan otte . ' ' g ma gamada ao Nem stamattina, sta- O italiano e o francês têm um sistema binário: qui/qua, íci para o locutor;
lVlà, là indicando uma localização vaga, podend o ou não incluir o locutor (veja-
..J. As formas cudesto ai e na or,· em 1· , se um exemplo como Je suis là pour vous d ire que... , em que là inclui o espaço
' '' , g 1gadas a f'. d ·
regionais usadas na "'osca na , es e ra o m tcrlocu tor, são formas do locutor). Os mesmos valores podem se r en contrados n as formas com postas

1
' ' e cm certos g· .f
fato de ternm praticame nte de . .d re istros . o rmais da língua escrita . O quaggiit e quassu (it.), ici-bas (fr.) (proximidade em relação ao locutor); laMiu,
trativos binário e n ão ternário. saparec1 o torna o siste ma italiano dos demons-
lassu (it.), là-bas, là -hauc (fr.) (distância relativamente ao locutor). Note-se, no
As formas costui (m .s .), costei (f s ) c . . e ntanto, relativamente ao italiano a existência na Toscana das formas costi , cos-
este ou esse) e colui (m s) e 0 1, . (f ) ·· · ' UStaro (m. e f. pi.) (com o valor de tà (com valor de aí), o que mostra que a este nível houve uma certa "resistência"
· · , ci .s. coloro (m f l)(
são literárias. A primeira pod ' . · _e · P · com o valor de aquele ) ao desaparecimento de um sistema ternário.
e te r um sentido peJorativo: Chi e custui?
139

11. l. OS REL\Tl\'OS

Os pronomes relativos desempenham no interior das orações a que pertencem


várias funções sintáticas correspondentes aos "lugares vazios" que representam.

1 l. l. l. . \s formas

Sujeito que que che qui

O. direto que que che que

O. de PREP
(dativo ou oblíquo)
[+ humano) quem/o qual quien/el cual cui/il quale qui/lequel
[-humano] que/o qual que/e) cual cui/il quale Jequel
(el) que
Comp. nominal cujo/do qual cuyo/del cual il cui/del quale dont/duquel
(genitivo)

11.1.2. Condi~ücs de emprego


Tal como em português, em espanhol e em italiano que e che são os morfemas
rela tivos básicos, podendo desempenhar as funções de sujeito e de objeto direto
na oração a que pertencem:

A menina que está a jogar La niiia que juega en el La ragazza che gioca nel
no parque ... parque ... parco ...
A menina que vi no La niiia que/a quien vi en La ragazza che ho visto nel
parque ... el parque ... parco...

O francês distingue-se das outras três línguas por empregar qui como sujei-
to e que como objeto direto:
Lafille quijnue dans le pare estjolie. (qui = sujeito)
Lafille quej'ai vue dans le pare estjnlíe. (que= objeto direto)

O que cm francês sofre apócope antes de vogal: Lafemme qu'il aime.


Enquanto cm português o morfema que precedido de preposição pode fun-
cionar como objeto indireto e como oblíquo, em espanhol emprega-se frequen-
temente o artigo el entre a PREP e o que:
El tema d el que hablaste.. .
El tema de que hablaste.. .
li
140 (iram:ítica comp:tr:ui\·.a Ho uaiss quarro lín.l!u:t~ n ,m:\ nicas
XI Os rclacinJ~. O:-; inh..·rro~a tivos e o~ cxdanta.tin>:-. 141

Em francês_e italiano, os morfemas que e che não podem vir precedidos de


Un soldato il cui coraggio e straordinario...
PR_EP, sendo e ntao empregados os m o rfemas quillequel e cui/il qual
o tipo de antecedente: e, consoante Un soldato il coraggio dei quale e straordinario...
li soldato di cui io ammiro il coraggio...

Para a expressão do locativo, as línguas em estudo dis põem de formas para-


La table sur laquelle tu es assis ...
L'argomento di cui mi voleva parlare ... lelas a onde e aonde: donde (esp.), dove (it.) , ou (fr.):
La filie à qui j'al donné un cadeau ...
L'argomento dei quale mi voleva parlare...
La ragazza (a) cuí ho dato un regalo...

Quando o antecedente da relativa é /+ humano] . El pais donde nací... 11 paese dove sono nato ... Le pays ou je suis né...
g uas, d esd e que precedidos de preposição os pronomes, usam-se nas quatro Jín-
qu . .
( em bo ra a forma
· ' '
italiana se empregue também p a ra 1- h
em, quien cui qui
J) A' ,
l' g ct· - umano . s quatro As relativas apositivas (que se d iferencia m das restritivas pela natureza do
_m uas ispoem das formas variáveis e m número e em gênero o qual l l
il quale leque[ que só , e cua ' antecedente e pela marcação por pa usa) carac terizam-se pela possibilidade de
. '_ ' se empregam (em relativas restritivas) precedidas d emprego das formas o qual, el G'Ual, il quale, lequel com o sujeito e objeto direto:
prepos1çoes: e

O autor ao qual O pai dos meus El padre de mis II padre dei miei Le pere de mes
El autor ai cual L' autore ai quale
entregamos o L'auteur auquel amigos, o qual vive amigos, el cuaV amici, il quale vive amis, lequeVqui vit
entregamos el abblamo dato il
primeiro prêmio ... nous avons donné na América, ... quien vive en in America,... en Amérique, ...
primer premio ... primo premio... '1
le premier prix... América, ...
.: j
.!
Nas construções de complem t - . Como os exemplos mostram, este aspecto só se verifica quando o antece-
d • ) en açao nommal , o espanhol
, ('a semeIh ança 1

o portugues emprega as formas variáveis em número e gên ero cu d, L dente é um nominal. 1

cual ou de + el que: yo, e + e


La revis ta cuyo editorial he escrito... Quando o antecedente de uma relativa apositiva é uma frase ou um predi-
La revista de la cua{ he escrito el editOrial. .. cado, os pronomes usados são o que, lo que/lo cual , il che, ce que/ce qui
La revista de la que he escrito e[ editorial...

Para es te tipo de construção, o francês dispõe da forma invariá vel dane· O João é simpático, Juan es simpático, Giovanni e Jean est
La revue dont j'ai écrit l'éditorial.. . . o que não se pode lo cual (lo que) no simpatico, li che sympathique, ce
dizer da Maria. se puede decir de non si puõ dire di qu'on ne peut pas
Ao contrário d · Maria. Maria. dire de Marie.
. . .d e CUJO e cuyo, dont não pode ser precedido de preposição n em
vir msen o nfuma expressão nomina l por sua vez precedido de preposição· ~esse
caso surge a o rma leque[: , ··
Le garçon avec les parencs duque/ je veux parler...
11.2. OS I~TERROGATIYOS
Da revue au directeur de laquelle je m e suis adress
, . ée ...

E . r f · Nos morfemas interrogativos podemos distinguir entre as formas invariáveis


.· - md1~ iano, a orma c m precedida de artigo definido o u precedida da pre- (pronomes o u advérbios) e as form as variáveis (umas só em núm e ro, outras
pos1çao t emprega-se e
. - . m construções de complementação no minal (sendo a em gênero e número). As formas va riam a inda e m função do valor humano/
~;e;os1çao ddt indispensá;·el qua ndo o sujeito da oração relativa e o complemen- não humano.
o antece e nte são ditercntes):
142 ( i r;t111:iti1,.:,1 comp,11·;1ti\·:1 llo11uiss c1u·un
'
1· . . . . .
) 1n1-:u.1-. í O lll: l lll Ç;ls Xl ( )s rt..•1:uh·o~. n!-- in11:.·rro,L:,ati\·os e os L·xd:un:1tin>:-; 143

1 1..2 -1. . \s fonnas


1 J .2.2 . . \)gumas particulm;dades no emprego dos intcrrogatiYos
Em espanhol, a forma pronominal quien pode ser fl exionada em número (quién ,
quiénes).
F. invariáveis quem ê,quién chi qui Nesta língua, a interrogação é assinalada por pontuação dupla no princípio
(+ humano) que/(o) que ê,qué che que/quoi e no fim da oração.
[-humano) (o) quê
Em italiano, pode usar-se che, che cosa ou a forma reduzida cosa, como nos
quando e,cuándo quando quand exemplos seguintes:
como e,cómo come
quanto
comme(nt) Che e successo?
ê,CUánto quanto combien (de)
onde Che cosa e successo?
êdónde/adónde dove ou
por que/por quê ê,por qué perché
Cosa e successo?
pourquoi

F. variáveis qual (sing.)


Em francês, destacam-se os seguintes aspectos:
e,cuál (sing.) quale (sing.) que!, quelle
quais (pi.) a) que (forma átona) e quoi (forma tônica) têm um emprego de certo modo
ê,Cuáles (pi.) qualí (pi.) (sing.) paralelo a que e quê em português: que em posição inicial; quoi cm posição final:
quels, quelles (pi.)
Qu'as-tufait?
leque! etc.
quanto,a,os,as ê,Cuanto,a,os,as quanto,a,i,e Tu asfait quoi?

O quadro seguinte ilustra o e ' d f . . Mas depois de uma preposição e an tes de verbo o francês usa exclusiva-
línguas: mprego as ormas mterrogauvas nas qua tro
mente a forma quoi:
De quoi s'agil-il?
Quem são estes ê Quiénes son Chi sono Qui sont ces Quoi usa-se ainda antes da forma de + adjetivo:
rapazes? esos chicos? questi ragazzi? garçons? Quoi de n eef?
Com quem ê,Con quién Con chi stavi Avec qui h) tal como nas expressões de quantidade cm geral em francês, combien
estavas a falar? hablabas? parlando? parlais-tu? leva ao emprego da pre posição de:
De que estavas Combien de livres as-tu'?
e.De qué Di che (di che De quoi
a falar? hablabas? cosa) stavl parlais-tu?
11.2.J. Ordem de palavras nas intcrrogatin,s
parlando?
Tanto as interrogativas inde pendentes como as subordinadas podem apresentar
Que horas são? êQué hora es? Che ora ê? Quelle heure nas línguas românicas alterações à ordem básica d e palavras.
est-il? Em português, a inversão nas interrogativas independentes opera em fun-
ção da natureza dos morfemas que as iniciam: O que f ez a Maria? '"O que a
Que livros lês? êQué libros Che/ quali libri Quels livres Maria fez ? /Que livros a Ma ria comprou? Que livros comprou a Maria ?
lees? leggi? lis-tu? Como construção alternativa, e mprega-se a expressão é que geralmente
Quantos são?
sem inversão: O que é que a Maria fez ?/ Que livros é que a Maria comprou?
ê Cuántos son? Quanti sono? Combien Em francês, fenômenos de certo modo paralelos se passam nas interrogati-
sont-ils? vas, mas nesta língua o que é determinan te é a natureza do sujeito. Assim, opera
Onde estamos? a inversão do sujeito quando este é um pronome; ocorre a "inversão complexa"
ê,Dónde Dove siamo? Ou
estamos?
(com uma forma de pronome pessoal associada ao verbo) ou uma inversão op-
sommes-nous?
cion al, estilística quando o sujeito é uma expressão nominal "plena". O emprego
de est-ce que é uma alternativa à inversão: Qui aimes-tu ? Quand Pierre ei:;t-il
arrivé? / Quand est arrivé Pierre? Qui est-ce que tu aimes?
144 Gramática comparativa llouaiss quatro línguas românicas

11.2.4. Interrogação indireta


Quando a oração interrogativa é expressa por uma oração subordinada introduzida
por um verbo do tipo de perguntar, não saber... , temos uma interrogação indireta:

Não sei de que No sé de qué Non so bene di Je ne sais pas bien de


estavam a estaban hablando. (che) cosa stavano quoi ils parlaient.
falar/falando. (stessero) parlando.

Em construções infinitivas desse tipo o pronome quoi é obrigatório (sendo


que agramatical) quando precedido de preposição: • Je ne sais de que les enfants
parlent . Sem preposição, pode usar-se que ou quoi:
Je ne sais quefaire. / Je ne sais pas quoifaire.

Lequel e quel podem usar-se em interrogativas diretas ou indiretas:


Leque[ v as tu choisir?
J'ai 'OU plusieurs appartements mais je ne sais pas encare lequel je vais
choisir.
C'est à quelle distance l'Univ ersité?
J'ignore quel livre tu as lu.

11.3. OS EXCLAMATIVOS

Certos morfemas apresentados no ponto an terior servem para introduzir as ora-


ções exclamativas, ilustradas nos seguintes exemplos:

Que desgraça! jQué desgracia ! Che disgrazia! Que) malheur!


Como ela é bela! jQué / Cuán bella Com(e) e bella! Qu'elle est belle!
es! Quanto e bella! Comme elle est belle!

Quantos livros tens! jCuántos libros Quanti libri hai! Que de livres tu as!
Tantos livros que tu tienes! Tu en as des livres!
tens!
Quanto me alegro! jCuánto me alegro! Quanto me rallegro! Comme je me
Come mi fa piacere! réjouis!

Como os exemplos mostram, a exclamação pode afetar constituintes de na-


tureza categorial distinta (nominal, adjetival, ve rbal) e daí as diferentes formas
assumidas pelas exclamativas.
O espanhol marca graficamente a exclamação por pontuação no princípio e
no fim da oração, assim como usa o acento no morfem a exclamativo.
147

A noção de quantificação perpassa algumas classes de palavras, como os adjeti-


vos (cf. 6 .4) e os advérbios (cf. 18.5) que são passíveis de gradação.
Vejam-se, a título ilustrativo, os seguintes exemplos:

Mais/menos leite Más/menos leche Piu/meno latte Plus/moins de lait


Tantas Tantas Tante Tant
Muitas folhas Muchas bojas Molte foglie Beaucoup de
feumes
Poucas Pocas Poche Peu
Demasiadas Demasiadas Troppe Trop
Bastantes Bastantes Abbastanza Assez
Tem muitas Tiene muchas Ne ha molte II en a beaucoup

Sob a designação tradicional de "indefinidos" incluem-se inúme ras pala-


vras que do ponto de vista distribucional são ou adjetivos (antecedendo nomes)
ou pronomes; do ponto de vista semântico exprimem diferentes e complexos
valores ligados à quantificação.

12.l. QL\YflFIC.\Ç.\O l':\I\TERS.\L

12. 1. l. Todo. todos. tudo


A referência à totalidade dos membros de um conjunto é dada por dois tipos de
quantificadores - todo e qualquer - e seus correspondentes nas línguas românicas.

todo,a,os ,as todo,a,os,as tutto,a,i,e tout,e,tous,toutes

• Nas quatro línguas, a posição típica de todo como quantificador univer-


sal é antes de ART./DEM. + N:

todos os livros todos los libros tutti i libri tous les livre s

• Tal como em português, cm espanhol e italiano todos precede o pronome


pessoal:

todos nós todos nosotros tutti noi

Em francês, só a ordem inversa é gramatical (aliás, também possível nas


outras línguas): nous tousl,. tous nous (nús todos , n oi tutti). Refira-se que no
português do Brasil tod o pode não ser seguido de artigo: todo homem é mortal;
todo o mundo/todo mundo (com o sentido de toda a ~ente, nós tod os)
148 (;ranHitica ~omp;1rati\'a lfo1rnis:.; quatro lín~uas românicas
Xll .\ quantif'ieaçí.lo: os i1u.idinidns 149

• Ao lado de tutto, tutti o italiano emprega quanto, quanti:


Sono -venuti tutti quanti. 12.2. Ql '.A"""TIFICAÇ.\O DISTRIBl 'TIVA

O quantificador distributivo cada e seus correspondentes nas línguas românicas


A forma tudo (port.), todo (esp.), tutto (it.) e tout (fr.) é invariável: Entendi só se usam no singular. As formas de pronome são em geral obtidas pelo acres-
tudo. Lo entendí todo. Ha capita tutto. J'ai tout compris.
centamento de um,a e seus equivalentes.

12.1.2. Qualquer. t11wisquer e fonnas complexas correspondentes 12.2.1. A<ljctiYos


cada (inv.) cada (inv.) ciascuno chaque (inv.)
ogni (masc. fem. sem
qualquer (d. + p.) cualquier,a qualunque (d.) plural)
quelconques (d.)
cualesquiera quiconque (p.)
quaisquer (d. + p.) (d.+ p.) qualsiasi (d.) Cada homem é Cada hombre es Ogni/ciascuno uomo Chague homme est
quienquiera qualsiansi mortal. mortal. e mortale. mortel.
(d.+ p.)
quienesquiera (p.)
12.2.2. Pronomes
Dá-me uma Dami cualquiera de Damene una Donne-moi
qualquer. ellas. cada um,a cada uno,a ciascuno,a chacun,e
qualunque. n'importe laquelle. cada qual ognuno,a
Enquanto qualquer é usado em português antes do N ou depois do N (se Eu indiquei um Yo he dado un laboro lo ho datto un lavoro J'ai donné un devoir
este for precedido de um), em francês quelconque só se usa depois do N como trabalho para a cada un de ellos. a ciascuno de loro. à chacun d'eux.
quantificador: une personne quelconque. Antes do N, como na construção une cada um deles.
quelconque personne, tem valor pejorativo.
Em italiano qualunque é invariável: un giorno qualunque.
As formas qualsiasi (depois do N) e qualsiansi (antes do N) [formas de 12.3. Ql'.:\:\"TIFICADORES EXISTE:\'CL\IS (VALORES DE
plural) são formas literárias pouco usadas.
SI~GPL\RIDADE Ol' PLl'RALIDADE): QC\XTIFICADORES
Além destas, as quatro línguas românicas dispõem das seguintes formas DISCRETOS
complexas, onde é possível distinguir a referência a [+humanos) e [-animados):

seja quem for sea quien sea 12 .•1.1. AdjctiYos


chiungue quiconque
[+hum.) quem quer que algum ,a,s,as alguno,a,os,as alcuni,e (pl.) quelque,s
quien quera que que que ce soit
seja sea chicchessia 1
n'importe qui um,a,uns,umas uno,a,os,as qualche un,e,des
(sempre no sing.)
i
1
o que quer que guoi que ce soit '
(-anim.J sea lo que sea checchessia
seja n'importe quoi pouco,a,os,as poco,a,os,as poco,a,pochi,e peude

Alguns exemplos ilustrativos: muito,a,os,as mucho,a,os,as molto,a,i,e beaucoup de


Seja quem for Cualquiera sabe Chiungue tanto,a,os,as tanto,a,os,as tanto,a,i,e tellement de
N'importe qui
sabe isto. esto. (chicchessia) sa sait cela. outro,a,os,as outro,a,os,as altro,a,i,e autre,s d'autres
questo. bastante,s (1) demasiado troppo,a,i,e trop de
Chiunque potrebe bastante,s (2) bastante,s abbastanza assez de
venire cosi.
Eu farei o que Yo haré diverso ,a,os,as diverso,a,i,e divers
lo faró qualsiasi
quer que seja. cualquier cosa/ cosa/qualunque cosa. vários,as varios,as vario,a,i,e plusieurs
lo que sea. certo,a,os,as cierto,a,os,as certo,a,i,e certain,e,s,es
150 ( ~ram:ítiL·a comp:tr:fl iva lln u:11:,.:,,. quat rn lín_~uas rnnüniL'as
XII .\ q u:rntiíiL'a~·:h.1: o:-. ind--·lin i.J,1~ 151

Ohs.: l. No português do Brasil bastante não flexio na e é comumente Ohs.: Em português, a forma a lgum, qua ndo posposta ao N, toma valor
empregado como forma de quantificar nomes m assivos: bastance dinheiro· negativo: Pessoa alguma chegou ;:: Não chegou nenhuma pessoa.
imenso só se usa como adjetivo e nunca como advérbio de quantidade: ess~ Em espanhol, a construção existe mas é lite rária: No llegà pensona a lguna.
imenso Portugal .
" ~- ~s dois se,?tidos de bastante c m português ("em elevado número" ( 1) e 12.-1.2. Pro11omes itl\'ad:h-e is
0
suÍI<.!iente para (2)) são dados nas outras línguas por palavras distintas:
[+ hum.) ninguém nadie nessuno personne
(1) Ele bebeu El ha bebido lia bevuto troppo II a bu trop de vin.
bastante vinho. demasiado vino. [- hum.J nada nada nulla rien
vino.
niente
(2) É bastante peixe. Es bastante pez. C'e abbastanza C'est assez de
Sobre a sintaxe das frases contendo palavras de sentido nega tivo veja-se o
pesce per tutti. poisson pour tout le
monde . capítulo XVIII.

.1. Enquanto em potuguês, espanhol e francês vários e seus corresponden-


tes_ se _u ~am sempre no plural, no italiano parechio pode usa r-se no singular <.!om 12.5. ELE:\IE:\TOS DE Ql's\:\TIFIC.\(,:.\O: SÍ:\TESE DAS
o s1gmficado de a lgum: Lui ha parechio denarv.
DIFERE:\"Ç.\S PRl:\CIP.\IS
12.J.2 . Pronomes (nuiú\'cis ou inntrÜÍ\'cis )
São as seguintes as principais diferenças na expressão da quantificação n as qua-
muito mucho tro línguas:
molto, assai beaucoup (de)
pouco poco poco peu de 1. Os clíticos en e n e e m francês e italiano: nestas duas línguas usam-se c líticos
um,a,uns,umas uno,a,os,as uno,a l'un,l'une nas construções quantitativas como forma de re presentar o núcleo nominal <la
(sem pi. ) les uns, les unes construção. O valor desse núcleo nominal é normalmente recuperado pelo con-
outro,a,os,as otro,a,os,as texto:
altro,a,i,e un autre , une autre
a ltri ( = un altro) d'autres (só rnasc. Jl a mangé beaucoup defraises. l Il ena mangé beaucoup.
sing.) H a mangiato moltefragole. / Ne ha mangiato malte.
algo (alguma coisa) algo qualcosa/qualche quelque chose
cosa 2 . Em francês usam -se un , des , quelques e numerais em distribuição comple -
alguém alguien mentar :
qualcuno quelqu'un
J 'ai lu d esldix:lquelqu es liv res.
"'J'ai lu d es quelques lii,,res.

12.-L Ql'.\:\'TIFIC.\Ç.\O DE COXJl":\'TO \ ~\ZIO Em português e espanhol o indefinido um pode combinar-se com o cardinal
exprimindo a quan tidade a proximada:
12A. 1. . \djcti\'(IS e fo1111as ntrüh·cis de pronomes Li uns dez livros nas férias.
He leído unos diez libras en. v acac'iones.
nenhurn,a,uns,umas ninguno,a,os,as nessuno,a aucun,e,s,es
ningún: ningún sitio nul, nulle ,1. Em francês, des não pode surgir isolado, mesmo numa construção com o c lí-
pas un, pas une tico en ao c ontrário dos seus correspondentes nas outras línguas:
Destes livros não li Destos libros no he Oi questi libri
'
De ces livres je n'en "'J 'en ai mangé des.
nenhum.
leído ninguno. non n e ho letto lu auc un. .l'en ai ma ngé plusieurs.
nessuno/alcuno
Gramática comparativa Houaiss quatro línguas românicas

4. Em francês, muitos quantificadores são invariáveis e exigem a preposição de


antes do nome.

5. Para exprimir a quantificação não definida de uma substância, o francês dis-


põe do chamado "artigo partitivo" (ver cap. VII):
Je veux de l'eau/du pain.

O italiano dispõe também do artigo partitivo:


Vorrei dell'acqua/oorrei del pane.
155

Os numerais podem exprimir a c ardinalidade ou a ordem.

1.1. J. \T,IER. \IS C. \RDI\".\IS

J.1.J.l. Formas

... >j,I~;, ·-,. ~;:.~ ~)/;.\>·~


:~:;;~ :-.·,- .. -, .:·· .

o zero cero zero zero


1 um, uma uno, una uno, una un, une
2 dois dos due deux
3 três três tre trois
4 quatro cuatro quattro quatre
5 cinco cinco cinque cinq i

6 seis seis se i six


1 1
7 sete sie te se tte sept 1
1 1
8 oito ocho otto huit
9 nove nueve nove neuf
10 dez diez dieci dix
11 onze once yndici onze
12 doze doce dQdici douze
13 treze tre ce tr~dic i treize
14 quatorze (PB) catorce quattQrdici quatorze
catorze (PB e PE)
15 quinze quince qupidici quinze
16 dezesseis (PB) dieciséis ~dici seize
dezasseis (PE)
17 dezessete (PB) diecisiete diciassette dix-sept
dezassete (PE)
18 dezoito dieciocho diciotto dLx-huit
i
19 dezenove (PB) diecinueve diciannove dix-neuf i! ,
dezanove (PE)
20 vinte veinte venti vingt 1:
21 vinte e um, -a veintíuno, -a ventuno, -a vingt et un, -e
I!
22 vinte e dois/duas veintidós ventidue vingt-deux
30 trinta treinta trenta trente
31 trinta e um, -a tre inta y uno, -a trentuno, -a trente et un, -e
33 trinta e trê s treinta y três trentatré trente-trois
Xlll ~\ q uantit'lL'nçfüy os m nncrais 157
156 (;r~1m:ítica comparatin1 tlouaiss 4.u:Jlro língu,is romtmi<.:as

Exemplos de números complexos:


40 quarenta cuarenta quaranta quarante
44 quarenta e cuarenta y quarantaquatto quarante-quatre O ano 179.J:
guatro guatro Prnnn;l'f:s: mil setecentos e noventa e três
50 cinquenta cincuenta cinquanta cinquante EsP.\'.\IIOL; mil setecíentos noventa y três
55 cinquenta e cincuenta y cinquantacinque cinquante-cinq lT.\U.\'.\<>: millesetcecentonovantatré
cinco cinco F1t\'.\ct:s: mil sept cent quatre-vingt-treize ou dix-sept cent quatre-vingt-treize
60 sessenta sesenta sessanta soixante
O numeral 726.342. 783:
66 sessenta e seis sesenta y seis sessantasei soixante-six Prnrrn ;1 ·t:s: setecentos e vinte e seis milhões trezentos e quarenta e dois mil
70 setenta setenta settanta soixante-díx setecentos e oitenta e três
EsP.\'.\IIOL: setecientos veintiséis millones trescientos cuarenta y dos mil sete-
77 setenta e sete setenta y siete settantasette soixante-dix-sept
cientos ochenta y três
80 oitenta ochenta ottanta quatre-vingts h ., 1.1.\:\<J: settecent0'0€1ttisei milioni trecentoquarantaduemila settecentottantatré

88 oitenta e oito Ftt"d:s: sept cent vingt-six millions trais cent quarante-deux mille sept cent
ochenta y ocho ottantaotto quatre-vingt-huit
quatre-vingt-trois
90 noventa noventa novanta quatre-vingt-dix
99 noventa e nove noventa y nueve novantanove quatre-vingt-dix- l.1.1.2. Fonnação e emprego
-neuf 1. De 22 a 99, os numerais apresentam formação regular nas quatro línguas: em
100 cem cien cento cent português e em espanhol, os elementos são unidos por meio de um coordenante;
em francês , por meio de um traço de união (com exceção dos numerais com un,
101 cento e um ciento uno, -a centuno cent um, -e -e de 21 a 71); em italiano, por mera justaposição. Somente em português se
102 cento e dois ciento dos centodue centdeux conserva a conjunção depois de cento e seus múltiplos.
Observa-se essa mesma distribuição das línguas em relação à concordância
111 cento e onze ciento once centoundici cent onze
(port. e esp.) e à não concordância (it. e fr. ) em gênero dos nomes de centenas
123 cento e vinte e ciento veintítrés centoventitré cent vingt-trois a partir de 200.
três
200 duzentos, -as doscientos, -as duecento deux cents 2. O espanhol e o português apresentam as variantes ciento/cien e cento/cem
300 trezentos, -as trescíentos, -as trecento
nos mesmos contextos: cien vezes/cem -oezes, cien miVcem mil, mas ciento y
trois cents
dos/cento e dois , cinco por cientolcinco por cento.
400 quatrocentos, -as cuatrocientos, -as quattrocento quatre cents As poucas variantes entre os usos brasileiro e europeu estão indicadas no
500 quinhentos, -as quinientos, -as cinquecento cinq cents quadro anterior.
600 seiscentos, -as seiscientos, -as seicento six cents
.1. Somente em italiano há um plural para mille: milla. Diante de uno e otto,
700 setecentos, -as setecientos, -as settecento sept cents 'Venti perde o -i final e trenta, quaranta etc. o -a final.
800 oitocentos, -as ochocientos, -as ottocento
Nos cardinais compostos com uno, -a é frequente a queda da vogal final,
huit cents
qualquer que seja a palavra seguinte; ex.: -oentun libri (vinte e um livros), tren-
900 novecentos, -as novecientos, -as novecento neuf cents
tun navi (trinta e um navios).
1.000 mil mil mille mille
--1. O francês distingue-se das línguas meridionais na formação dos numerais 70, 80
15.000 quinze mil quince mil quindicimila quinze mille
e 90: procede-se a uma adição em 70, 75 (soixante-dix == 60 + 10; soixante-quinze
100.000 cem mil cien mil centomila cent mille = 60 + 15), a uma multiplicação em 80 (quatre-vingts = 20 x 4), ou à combinaç ão
158 <ir a mâ!íca i.:t11llp:1rath·a llou:ds.-. quatru lin~u;1s romún ie.a~

das duas operações em 90 (quatre-vingt-dix = (20 x 4) + 10). Na Bélgica e na Também no que se refere à formação dos ordinais, as quatro línguas se organi-
Suíça, entretanto, usam-se as formas septante, huitante (ou octante ) e nonante. zam em dois grupos, de um lado o português e o espanhol, de outro o italiano e
o francês:
De 1 .100 a 1.999 é possível escolher entre as formas "regulares" (mille • as duas primeiras adotam a forma ordinal para os algarismos justapostos;
cent ... , mille neuf cent ... ) e as formas onze cent... dix-neuf-cent ... ex.:
Algumas particularidades gráficas: a) usa-se um traço de união entre os trigésimo sexto (36º) octogésimo quinto (85º)
algarismos das dezenas e os das unidades ( com exceção de un, -e); b) não se es- • nas duas últimas, as formas cardinais são simplesmente acrescidas de
creve o -s do plural que ocorre em quacre-vingts ou em deux cents, trois cencs um sufixo específico após perderem a vogal átona final:
etc. qua ndo estes são seguidos de outro algarismo; c) na designação das da tas, a • f.tsimo e m italiano a partir de 11°; ex. :
forma mille dá lugar à forma breve mil. trentasei~simo ottantacinquf:.simo
• ieme e m francês a partir de 2º; ex.:
trente-sixieme quatre-vingt-cinquieme
IJ.2. 'il -~IER.\IS ORDl'i.\lS
Ohs.: O italiano (a partir de 11º) també m possui ordinais compostos, me-
1.1.2. l. Formas nos usados; ex.: v igf.simoprimo (21º).

·/1,ff
0
:·:i1•1ii,1:'
s;~, ->,-- _,·, _7j__ lk1,
0
'- ·., -· " ' · • •· , _ · ;:
Os ordinais variam em gênero e número nas quatro línguas, concordando
1º primeiro primero primo premier com os nomes ou pronomes a que se referem; em francês, poré m , em virtude da
2º segundo segundo secondo terminação, a marca feminina só se manifesta em premiere e seconde.
second, deuxieme
3º terceiro tercero terzo troisieme
4º quarto cuarto quarto quatrieme IJ.2 .2 . E mprc~o
5º quinto quinto quinto cinqule me 1. Se e m italiano e em francês empregam-se sem dificuldade todas as formas
6º sexto sexto sesto sixieme ordinais, nas línguas ibéricas as formas compostas são de emprego raro. Por
7º sétimo séptimo s.e.ttimo septieme exemplo, para traduzir
8° oitavo octavo ottavo il centocinquantaquattrf.simo giomo dell'anno (it.) e
huitieme
9º nono noveno nono le cent-cinquante-quatrieme jour de l 'ann ée ( fr.),
neuvieme
10º décimo décimo d~cimo dixieme costuma-se dizer simplesmente
11º décimo primeiro undécimo undic~simo onzieme o dia cento e cinquenta e quatro do ano (port.) e
12º décimo segundo duodécimo dodic~simo douzieme el dia ciento cincuenta y cuatro dei ano (esp.) .
13º décimo terceiro décimo tercero tredic~simo treizieme
20º vigésimo vigésimo ven~simo vingtieme Para indicar a ordem das páginas de um livro, e m espanhol e em português
21º vigésimo primeiro vigésimo primero ventun~simo també m se empregam normalme nte as formas cardinais: página d os/página
vingt et unieme
30º trigésimo trigésimo trent~simo trentieme dois .
400 quadragésimo cuadragésimo quarant~simo quarantieme
50º quinquagésimo quincuagésimo cinquant.e_simo 2. Essa resistência às formas latini zantes também se ma nifesta na numeração
cinquantieme
60º sexagésimo sexagésimo sessant~simo soixantieme dos séculos, dos sobe ranos e dos papas, de diferentes maneiras nas quatro
70º septuagésimo septuagésimo settant~simo soixante-dixieme línguas.
80º octogésimo octogésimo ottant~simo quatre-vingtieme
90º nonagésimo nonagésimo novant~simo Nesses casos, em português como em espan hol não se e mpregam os o rdi-
quatre-vingt-
-dL~ieme nais nas referências numéricas acima de décimo. Diz-se El siglo VI (sexto)/O
100º centésimo centésimo cent~simo centieme século VI (sexto), Aljonso N (c:uarto)/Afonso N (quarto), m as El si~lo XVIII
1.000º milésimo milésimo mill~simo (dieciocho )/0 século XVIII (dezoito), León XIII ( trece )/Leão XIII (treze).
millieme
160 Gramática comparativa 1-fouaiss quatro línguas romfuücas

Em italiano, para os séculos a partir do XIII, a par dos ordinais ü secolo


tredicesimo , quattordicesimo etc., empregam-se preferencialmente as formas
baseadas nos cardinais il Duecento, il Trecento até il No'Vecento (o século XX).
Paradoxalmente, o francês, que utiliza correntemente seus ordinais, limita-
-os ao primeiro na designação dos reis ou papas; ex.:
François premier (Francisco 1) porém Henri quatre (Henrique IV)
Jean-Paul premier (João Paulo I) Pie sept (Pio VII)
11,J

1-t.l. I:\'"TRODC~:.\o

A origem latina comum conferiu à morfossintaxe do verbo em português, espa-


nhol, italiano e francês um padrão estrutural fundamentalmente idêntico. As ca-
tegorias de tempo/modo e de número/pessoa, bem como as variaçôcs aspectuais,
são expressas mediante os mesmos recursos gramaticais, a despeito de algumas
divergências no conjunto dos tempos e no emprego de umas poucas formas , que
a exposição a seguir tem por objetivo salientar.

14.1. J. Terminologia: quadro comparatiYo


Não são muitas as diferenças terminológicas para designar os tempos e os mo-
dos, como revela o quadro seguinte:
i

...-:r_;;•.·->~-

Formas impessoais
Infinitivo impessoal Infinitivo Infinito Infinitif
(PB)
Infinitivo ( ou
infinito) não
flexionado (PE)
Geníndio Gerundio Gerundio/ Gérondif/

L
l
Particípio Participio
Particípio presente
Particípio passato
Participe présent
Participe passé


}'onnas pessoais
i . .JI

j . :\. .
Infinitivo
. :•=~--
l: ,_·t~ pessoal (PB)

l ,. -•·- - Presente Presente Presente Présent


Pretérito imperfeito Pretérito imperfecto Imperfetto Imparfait
Pretérito perfeito Pretérito indefinido Passato remoto Passé simple
simples
Futuro do presente Futuro imperfecto Futuro semplice Futur simple
simples (PB)
Futuro simples (PE)
Futuro do pretérito Condicional (simple Condizionale Conditionnel
simples (PB) o imperfecto) presente présent
Condicional simples
(PE)
m
11 1 . 164 (iram:icic;1 comr:tratfra llmw:iss quatro línguas ronüiníca~
Xr\· .\(orfossinraxi: do n:rho 165
ij '
Pretérito perfeito Pretérito perfecto Passato prossimo Passé composé
composto
Pretérito haver haber avere avoir
Pretérito Trapassato Plus-que-parfait
mais-que-perfeito Pluscuamperfecto ter tener
prossimo
simples/composto
ser ser essere être
------·------·------ Pretérito anterior Trapassato remoto Passé antérieur estar estar
Futuro composto Futuro perfecto Futuro anteriore Futur antérieur
1 1 Futuro do pretérito Condicional
Como veremos (cf. 14.4.1, 15.2.1), a repartição entre os diferentes auxilia-
Condizionale Conditionnel passé
composto (PB) composto (o res pode variar de uma língua para outra por motivos sintáticos ou semânticos.
passato
Condicional perfecto) Estes auxiliares intervêm principalmente na expressão:
composto (PE) • do "aspecto", isto é, a duração ou desenvolvimento da ação, como na
i i
perífrase estava pintando, que acentua a duração do processo de pin-
Subjuntivo (PB) Subjuntivo tar, na combinação havia/tinha pintado, que expressa a conclusão, no
Congiuntivo Subjonctif
Conjuntivo (PE) passado, do ato de pintar;
Presente Presente • da "voz", em que o amdliar ser - ou mesmo estar - é usado junto ao par-
Presente Présent
Pretérito imperfeito ticípio para exprimir a condição de "paciente" do sujeito. Cf. era/esta'Va
Pretérito imperfecto Imperfecto Imparfait pintado e pinta'Va;
Futuro (simples) Futuro imperfecto --·---·---------- --------------- • e de certas modalidades, como, por exemplo, a obrigação (ter ou haver
Pretérito perfeito Pretérito perfecto de pintar) e a possibilidade (poder pintar).
Passato Passé
(PB)
Perfeito (PE)
Ohs.: Em português, as formas encontrei (pretérito perfeito simples do
Pretérito Pretérito Trapassato Plus-que-parfait indicativo) e tenho encontrado (pretérito perfeito composto do indicativo) ex-
mais-que-perfeito pluscuamperfecto pressam diferenças aspectuais de um fato situado cm um momento passado.
Futuro composto Futuro perfecto Encontrei denota um ato único, e equivale ao francêsj'ai retrouvé, ao espanhol
------·---------- --------------·-
Imperativo Imperativo he encontrado e ao italiano ho tro'Oatto. Tenho encontrado, por sua vez, significa
Imperativo Impératif
um fato que tem início em algum momento do passado e se repete ou se estende
.No quadro acima , e xp1·1c1·tamos a nomenc 1atura dos "tempos compostos" até o momento presente.
relativa apenas às for , b .
· mas \ er ais que expressam algum tempo. Chamam-se
tempos compostos porq ,· d" 1-l. l..1 . .\s três dasscs de co11jugação
• ue sao expressos me iante um verbo auxiliar seguido
do particípio do verbo p · • 1 0 b Cada forma verbal consiste na combinação de um radical e uma terminação,
nnc1pa . s ver os auxiliares não só participam da
construção das formas c , , . • p. ex.: cant-o, cant-as, cant-ava, cant-ei são formas do verbo cant-ar. Essas
• < , ompostas, como rntervem na história de certas formas
simples. terminações variam de acordo com a classe formal - ou conjugação - a que o
verbo pertence, como se nota no infinitivo dos verbos cantar, vender e unir,
l--l. l . 2 - .\prcscnt:i\'ii0 dos \'Cdms auxiliares que pertencem, respectivamente, à primeira, à segunda e à terceira conjugação.
A seleção dos principais verb
.. ·
·1· .
os aux, 1ares - cuJa conjugação, muito irregular, A vogal destacada nos exemplos, chamada vogal temática, aparece em muitas
hgura no anexo I - sepa . · ·d • outras formas, conforme comprovam as seguintes sequências:
. . . ra llltt amente o portugues e o espanhol de um lado, e
o rtaltano e o francês d f cantar, cantamos, cantais, r:antarús, cantariam, cantai
A e outro: em ace dos pares ha'Oerlter, serlesrar, do por-

tugues, e haberltener ser/, ·t d h 1 . • vender, 'Oendemos, 'Vendeis, 'Venderás, venderiam, vendei


· , · es ar, o espan o, o italiano e o francês se servem
fundamentalmente do v , b d . . . partir, partimos, partis, partirás, partiriam, parti
cr o que correspon e, na maiona das vezes, ao primei-
ro membro dos referidos •
. pares, respectivamente avere e essere, a'Ooir e être.
Esquematrzando: Nas outras três línguas há também três conjugações. Em português, espa-
nhol e italiano encontram-se as mesmas vogais temáticas, a, e, i. O francês é,
:J
1
i
XI\" ~tndossintaxc do \'t:rho 167

ª esse respeito, mais complexo: a vogal temática da primeira conjugação é no .


malmente ó6rafada c orno e, e se . pronuncia . como [e) em posição ·tônica e como r 14.2. AS FOR~L\S :\..\O PESSOAIS
'
j;r-J mudo ou neutro em pos1·ça- ., o a't011.t,
, • a scgun
• d a con.1ugaçao
· - não se caracteriza
por nenhuma voõal temát" , d d , As formas não pessoais ocupam um lugar central no sistema morfológico das
. •. . . ó 1ca, compreen en o, porem, dois subtipos: um com 0 quatro línguas: o infinitivo é a forma que representa o verbo no dicionário, além
mhmt1vo
. · d O em -re (p. ex.: ·vendre [vcnderl) e outro com o infinitivo em
· te muna
de ser um ponto de referência para a formação de outros tempos; o gerúndio
•oir (p.. ex.: de<voir [dever])·, somente. na terceira · con.1ugaçao
• - o francês
, se equi-
para as outras três lí õ , • ., . , mostra intacta a raiz em uma série de verbos franceses com infinitivo contracto
. · 11""uas, Jª que apresenta, no mfinitivo, a vogal temática i. o (ex.: écri-re [escrever) e seu gerúndio écriv-ant); esta raiz intacta, deduzida do
quadro . abaixo
_ resume
· os t rcs
• . t·
_1pos. d e con.1ugaçao
. - nas quatro línguas, segundo a
gerúndio, é utilizada na construção de pessoas plurais do presente do indicativo,
termmaçao dos respectivos infinitivos:
do presente do subjuntivo, do pretérito imperfeito e, às vezes, do pretérito per-
~--:-·.: ·_ -~ •• •• • ' > ",~ • ~
feito. O particípio é indispensável para a formação dos tempos compostos e da
. '. ... " . ':"';, . ._ .
Primeira cantar cantar
voz passiva. Além disso, as formas não pessoais servem para construir um amplo
cantare chanter
conjugação rol de locuções verbais.

Segunda vender vender vendere 1-1.2.1. O infinitivo


vendre
conjugação
devoir Já vimos (cf. 14.1.3) que a vogal temática do infinitivo indica a conjugação em
Terceira unir
que se enquadra o verbo.
unir unire unir
conjugação Note-se que, se em português e em espanhol todos os infinitivos são acen-
tuados na última sílaba, na segunda conjugação em italiano não há esta uni-
formidade: uns são paroxítonos (p. ex.: dovg_re) e outros, mais numerosos, são
Não há, entre as quatro línguas, corrcspond&ncia total na distribuição dos
verbos• pelas três• con.1·uõações A 11s
. 't'a d as cxceçoes
_ e, multo
. extensa e requer con-' proparoxítonas (p. ex.: vg_ndere).
i:, • •
Em português, vale lembrar, o infinitivo perde o -r final quando vem segui-
sulta .!requente aos dic·o ' ·
1 nanos. e- · d
,~ao cita os a seguir alguns exemplos que servem
do pelas formas -lo, -la, -los, -las, variantes dos pronomes átonos o, a, os, as (p.
para IluSt rar as espécies de divergência.
ex.: cantá-la, vendê-lo, achá-las).
p t . •
or u~ucs e espanhol comparados ao italiano e ao frarn:ês:
14.2.2. O gerúndio
consistir consistir consistere consister As formas regulares são:
decidir decidir deciclere décider
repetir repetir repeterc répétcr
Primeira cantando cantando cantando chantant
.\s qu:itro línguas se agrupam duas a duas:
Segunda uendendo uendiendo uendendo wndant
oferecer qfrecer oJJrire oj],ir
permitir permitir permettere permettre Terceira unindo uniendo unendo unissant
conceber concebir concepire concevoir
gemer gemir Ohscn-a~õcs:
gemere gémir
O italiano e o espanhol têm uma desinência comum para a segunda e a ter-
.\puws uma líui.;irn L'III face das outras três: ceira conjugações, ao passo que o português conserva as três vogais temáticas.
Em francês, o gerúndio é formado pela desinência única -ant nas três con-
morrer morir morire mourir
jugações; na maior parte dos verbos da terceira conjugação, contudo, a raiz é
receber recibir rice'Vere rece•voir
seguir ampliada pelo infixo -iss- (ex.: un-iss-ant). Apenas cerca de vinte verbos não
seguir seguire sui<vre
aparecer apresentam esse infixo; são exemplos:
aparecer aparirc apparaftre
ter dormir (dormir) dormant ou-vrir (abrir) ou-vrant
tener tenere renir
partir (ir-se, partir) partam servir (servir) servant
sortir (sair) sortant -venir (vir) venant
O g<!rúndio dos vcrhos f d d
. • • rancest$ o segun o grupo apresentam outra d"f" . _..:;, •,:.""~~ ........:;,,._:·~,.,-... :~... .... ,-"':. ·' _-:..,,•!.... , -~ ··:.., .,,. -~: •.. ..,: .., -• . ...... ,
culdade quando apresentam d' 1 1-
. . !-..:,/:::~r~.~"f~ ...... ~ ~ l')~f<.:l,;_;Jfjffflt,,".,t ,_ ~
serve para a for -· d um tema 1vcrso do que ocorre no infinitivo ' <> qual '~"";'~:/~H~~t(~._: ,,:~... .ri~-~~r-'>t~~v·. ~~.?· ~'"' -~ /$!
. .. . , ~iaçao_ e outros tempos do paradigma (cf. 14.2): muitas vezes Primeira cantado cantado cantato chanté
m~d~tica-se, grahca e foneticamente, a parte final do radical. Os exemplos a se-
gmr I 1u st ram essas particularidades: · Segunda vendido vendido venduto vendu
(seguido) suívi (de
suivre)
• -~nant para os verhos em -aindre, -eindre, -oindre:
cramdre (temer) craignant Terceira unido (vestido) unido unito uni
feindre (fingir) Jei~nant vêtu (de vêtir)
Joindre (juntar) joignant
:-.rão há paralelismo com a formação do gerúndio, uma vez que, no caso, o
português, assim como o espanhol, não apresenta mais do que duas desinências:
• -sant para os verbos em -uire ou consoante + -ire· -ado para a primeira conjugação e -ido para a segunda e a terceira. Em italiano
conduire (conduzir) conduisant . há uma desinência para cada grupo. Em francês, a segunda e a terceira conjuga-
construire (construir) construisant ções oferecem duas vogais desinenciais cuja distribuição é desigual: u predomi-
d ire (dizer) disant
na na segunda conjugação, i na terceira. A mesma dupla possibilidade reaparece
[ire (ler) lisant no pretérito indefinido ( cf 14.3.8. l ).
e tamhém
Jaire (fazer) Jaisant 1-1.2 ..1 ..1. Os particípios irregulares
Entre estes, os chamados particípios forces se distinguem por apresentarem
• -ssant para os verbos em -itre: uma raiz especial na qual incide o acento tônico. Encontramo-los nas quatro
para'itre (parecer) paraissant línguas, embora no português e no espanhol se u número seja mais limitado do
cro'itre (crescer) croissant que no francês e, sobretudo, no italiano, em que são numerosos. Além disso, no
caso do italiano, estes particípios pertencem a verbos que também são fortes no
• -vant para:
pretérito indefinido. O quadro abaixo exemplifica tais particípios:
boire (beber) buvant
écrire (escrever) écrivant

• e outros casos como: -duzir: <luzido -ducir: ducido -durre: dotto -duire: duit
prendre (tomar) prenant meter: metido meter: metido m~ttere: messo mettre: mis
1-1.2 ..l. O particípio morrer: morrido/ morir: muerto morire: morto mourir: mort
1-1-.2 .•1.1. Particípio ..passado.. e particípio ..presente•· morto
Em italiano e em francês . _ , nascer: nascido/ nacer: nacido/
. , por opos,çao ao partic1pio passato ou passé nascere: nato naitre: né
menc10na-se a existência de u " • , . ,, ' nato nato
• m partic1p10 presente , que em francês é expres-
s o pe1a mesma forma do ge , d' . .
pôr: posto poner: puesto porre: posto
t.ormais . propnas:
, . run 10, mas em italiano se apresenta com marcas

prender: prendido prender: prendido/ pr~ndere: preso prendre: pris


• -ante para os verhos em -are (parlare-. parlante) preso preso
• -ente para o b · romper: rompido/ romper: roto
s ver os em -ire (partire-. partente) rQmpere: rotto rompre: rompu
roto
l-1-.2 ..1.2. hinnas· rcti11I·11•.. s
,., • ~.
dei JJart'1c1p10
, •
volver: volvido volver: vuelto VQlgere: volto
As formas regulares do particípio comum são:
170 Cranr:irk·:1 com11.•. • . l i .
,11.lll\ a oua1s~ qu:Hro líH~ lla!'- rom:lnil::t.:,.

Outras irrcgulmidadcs:
• a desinência própria d Esta ocorrência do pro no me na conjugação fran cesa justifi ca-se plenamente
itali . . e um grupo passa a outra conjugação, por exemplo: em
na comunicação oral, j á que as três formas verbais do singular e a última do plu-
• I ano es1st110 para esistere, venuto para venire... e em francês été para être·
a gumas que não admitem sistematização, como nos exemplos: , ral, apesar de suas dife renças gráficas, têm ordinariamente a mesma pronúncia.
Assim, no presente do indicativo e do subjuntivo
je chance, tu chances , iVelle chante, ils/elles chantent

aprire: aperto ouvrir: ouvert ou n o imperfeito do indicativo


oferecer: oferecido ofrecer: ofrecido je chantais , tu chamais, íVelle charitait, ils/elles chantaient
offrire: offerto offrir: offert

a form:1 estrita m ente verbal é pronunciada uniformemente [Jãt] para o pre-


sente e [Jõtc) para o imperfeito; portanto, só o pronome ind ica se m ambiguidade
l-Ll. FOR.\f. \S PESSO, \JS SI.\IPI.ES
a que s uje ito o verbo se aplica .
O mesmo desgaste oral das desinênc ias, compensado pela presença de um
Nossa exposição acom
Ja• d o, entre as formas
.

pan a
h
ª d.istn.bmção
.
morfológica que se impõe
, por um pronom e, ocorre e m certas zonas diale tais do espanhol (na Anda luzia o u na
1
um auxiliar ist . ,. .sf1mp es e, por o utro, entre as que reque rem a m ediação de América ) e na língua popula r do Brasil. Por o utro lado, o português falado no
, 0 e, as ormas compostas. Brasil, diferenteme nte do português europeu, prefere a construção com a pre-
sença do pronome pessoal s ujeito mesm o quando a desinência verbal já o ass i-
l -L"l. J · Blocos de conjugação
nala (ex.: eu canto, eu posso são m ais comuns d o que canto e p osso).
De modo geral nas 1•

de C OnJUe,ação:' quatro mguas observa-se a constituição dos mesmos blocos Reunindo os morfemas de pessoa e núme ro que e struturam mais regular-
6 ' . .
mente as conjugações nas quatro línguas, obte mos o seguin te resultado (cm que
0 não significa o vazio, mas a presença de uma vogal variável):
• os ~rescntes do indicativo, do subjuntivo e do imperativo·
• os fut .d ,
• · , ~r~s .º pre~cnte e do pre téri to (condicional);
0
Prctento imperteito do indicativo;
• o preté ·e · d f ·d PI 0 0 0 0 /-s
. n o m e Im o do indicativo com o pretérito e o futuro do suhJ·un-
t1 vo, sem que deix d ·t· . P2 -s -s 0 -s
em e mam esta r-se certas diferen ças especialmente P3
no modo subjuntivo. ' 0 0 0 0/-t
P4 -mos -mos -mo -nos
Considerando somente as fo . l PS -is -is -te -ez
se • . d e f'ormas (u •
. •nes • rmas simp es, 0 espanho l atual c om suas tre·s
d . • • P6 -m -11 -no -nt
não id"• t · . ' . m presente, ois pretéritos impeifeiws) tem tantas - embora
cn icas - qua ntas tem • (
~impl , ') o port ugues presente, pretérito imperjeito futuro Nota-se c laramente, deste ponto de vista , que há muitos pontos e m c o mum :
· es , ao passo q O · 1· - • '·
. _
( presente, zmperf•·t ue Ha iano nao oferece mais do que duas possib1·11·dades • o conjunto de fonnas do singular - marcadas principalmente por diferenças vo-
) , • " ,
• e1 o e o fra1wes comum apenas uma (le présent, cf. 15.4.2.5). cálicas - opõe-se ao conjunto das fonnas do plural - de marcas mais consisten-
tes, com a presença de m ou de n para P--1 e P6;
1-L"l.2. ,\ s marcas de pessoa
• o português e o espanho l aprese ntam grande a finidade; o italia no e o
A dive rgência ma· . ,
pessoais co~ . . .' is notave1 entre as quatro línguas diz respeito às marcas francês, por outro lado, se distinguem pelas marcas do singular: vocalis-
8 ; ). "' , '. o Ja ass inalamos a propósito dos pronomes da mesma es pécie (cf mo para o prime iro, variedade para o segundo.
. . n este aspecto o p t t\ ' .
·nd· . ' or u..,ues, o espan hol e o italiano - que em 6eral podem
J 1ear a pessoa d . . _ e.
t\uem-se d J: . o SUJe1 to tao somente por meio da desinê ncia verbal - distin- Recordemos a inda uma vez que a presença de um pro no m e enclítico m o-
6 · 0 rances que rc · •
su,·eito un·d ' que r na ma10na dos casos a presença de um pronome difi ca às vezes a parte fin al da desinência, como nas formas espanholas lavé-
• 1 o ao verbo.
morios, lavam,. ~: o que acontece co m o -s ou o -z fina l dos verbos portugueses
quando a eles se segue o pronome o(s) ou a(s), como demonstra m os exemplos
vendemo-las (vendemos+ as),fa-lo (faz+ o) (cf. 8 .3.2.b). També d . • .
Segun da con_jugação (\'crhos cm -cr e seus cq uintlcn tcs nas outras línguas)
-mos de P4 perde o -s final diante de nos: lavamo-nos (lavamos:n:s~.smenc1a

Nos itens a s ~ · • wndo -vendo -vendo je vends


f . . ehmr, contmuaremos a apresentar paradigmas paralelos de s . <t>endes vendi tuvends
wndes
oar~as~ sem esquecer, contudo, que no Brasil, em Portugal e na.América h1'spa' ne'.s
C Ja nao se emp g . f' · , 1- wnde vende 'Vende il-vend
, re amas ormas referentes a PS (cf. 8.4.2.2, 8.4.2.J).
wndemos -vendemos tiendiamo nous <t>endons
1-1-..1 ..l . O ü~f'.niti~·o fle xionad o ou pessoal do português wndeis vendéis vendete vous vendes
Esta é uma das ma10res originalidades da lín•lua 6
ortu ,. , · .. wndem -venden ~ono ils <oendent
acrescentardes· •. .- . . P guesa. a poss1b1hdade de
"· f . . 1 : meneias pessoais à forma do infinitivo para a construção de u
m 1n1t1vo t ex1onado", "conjugado" ou "pessoal": m
Terceira conjug•.u;ão (verbos cm -ir e seus equin1lcntcs nas outras línguas)
PI fazer P4 .fazermos uno uno unísco j'unis
P2 Jazeres PS Jazerdes em face da forma impessoa!Jazer unes unes unisci tu unis
PJ Jazer P6 Jazerem
une une unisce üunit
A desinência especial de . d .. p- unimos uninws uniamo nous uníssmts
. . . - s, e ::,, e ncontra-se também no futuro do sub-
.1_u~1t-1vo e ~10 pr:sente do indicativo de uns poucos verbos da segunda e da te - unis unís unite vous unisse.tS
ce1ra con1ugaçoes (ler ter v, 6 .· • . r

:r: ~~~~:n~ti~o f!~xi:;~:o :, ~~~~;~1::~:~~: ~;>: ~;:~;:


une111 unen uniscono ils uníssent
1
~~;i:~i!: d~;:.~::~0: 0
1
~:
Observa-se, mais uma vez, a grande semelhança entre as desinências do
d . h .. . r os'. v.g. todos os regulares e os irregulares fracos. ~o caso
os ver os irregulares fortes português e do espanhol, inclusive na distinção das três vogais temáticas em P4
um te m d" ' •
pretérit: ~\:~:o
d .' •. ..· - que apresentam no pretérito perfeito (simples)
.º mfu11t1vo im~cssoal - o futuro do subjuntivo, derivado do
' t ' ~. ~ rbe1 o, segue um paradigma distinto do infinitivo pessoal (d.Jazeres
e PS. A distância é maior cm relação ao francês.
O -o de PJ é comum às três línguas meridionais; o italiano, por sua vez ,
e. izeres, sa ermos e soubermos) (cf. 14.3.9.2). singulariza-se em P2 com sua desinência -i . Além disso, esta língua apresenta o
tema ampliado mediante o infixo -isc- no presente da maior parte dos verbos da
! -L).-l. _Presente do indicativo e presente do suhjuntin, terceira conjugação. Entre os que se conjugam sem o infixo - pouco nume rosos
f,stcs dois presentes vêm , ó • d , . · - inclue m-se aprire, coprirc, dormire, seguire, sentire, ser-vire, s<lfrire e vesti-
.tl",rupa os a seguir segundo suas semelhanças formais.
re; exemplo: parto , parei , parte , parciamo, parcite, pqrcmw.
l -Ll.-1. L O presente do indicati\'11 regu lar Em francês ohserva-se uma situação análoga nos verhos da terceira conju-
gação: a maioria oferece um intixo-is(s)- (presente já no gerúndio), mas diferen-
temente do italiano, que o apresenta nas pessoas PJ, P2 , PJ e P6, e m francês só
Primcir-1 conjug·, ,:- ( . 1
o encontramos pronunciado nas formas do plural.
• . 'c; , 10 ,cr los cm -ar e seus c4uh-alc11tcs nas outras línguas) Ainda em francês, a distinção entre as desinê ncias da primeira conjugação
canto canto (-e, -es, -e) e as da segunda e da terceira (-s, -s , 0 / t) se ,·critica somente na
canto je chance
cantas modalidade escrita, uma vez que na linguagem falada ficam mudas. Com estas
cantas canti tu chantes últimas desinências, produzem-se algumas simplificações:
canta canta canta il chante • nos verbos terminados em -dre, não se acrescenta um -t ao -cl fina l, ex.:
cantamos cantamos cantiamo now; chancons il vend;
cantais cantáis • os verbos da terceira conjugação sem infixo perdem, de Pl a PJ, a con-
cantate vous clu:mte.tS
cantam cantan soante que precede a desinência do infinitivo, ex.: vivre (viver):jc/tu ·vis,
c9:nta,w ils chantent il '1.."it, nous -vivons ... ; servir (sc rvir): jc/tu sers, il serc , 1wus servons...
XI\' Mnrfo ~~i utMi.'.c tlo n:rhn 175
17-f ( ,r;rn1;it il·;1 ,.:,1r11p:1r:1t1,·:1 ll o u :1iss q11:H r11 h 111.:,u:i~ ro r11:ú1 H.~a:--

às do presente do indicativo dos verbos em -er . A distinção se ma nifesta somente


1-Ll.-t.2. O presente do suh_juntho regu lar em P4 e PS com a adição de um -i- no subjuntivo. A presença desse i , no en-
tanto, torna essas formas do suhjuntivo idênticas às do pretérito imperfeito do
indicativo.
Primeira conjugação
cante cante canti je chante I -l ..1..-l ..1. ,\Iterações gráficas
Certas m odificações puramente ortográfic as se justificam para conservar a re -
cantes cantes canti tu chantes
gularidade fonética das formas verbais; dependem das convenções gráficas de
cante cante canti i1 chante
cada língua.
cantemos cantemos cantiamo nous chantions
Observem-se as alternâncias que se produzem e m português e em espa-
canteis cantéis cantiate vous chantiez
cantem íls chantent
nhol, por exemplo:
canten cantino coquemos
tocar, toco,
pagar, pago , paguemos
Segunda e tcrccir:t co n,iugar,;õcs
proteger, proteja, protejam os
venda una venda una venda unisca je vende j'unisse distingamos
distinguir, distinga,
vendas etc. vendas etc. venda unisca tu vendes
e espanhol alcanzar, alc:anzo, alcancemos, português alcançar, alcanço,
tu unisses
alcancemos ...
venda venda venda unisca il vende il unisse
O mesmo acon tece em italiano, por exemplo:
vendamos vendamos vendiamo nous vendions toccare, wcco, wcc:hiamo , para preservar o som [k), ou
uniamo nous unissions
segare, sego, seghiamo, para o som [g].
vendais vendáis vendiate vous vendiez
uniate vous unissiez E em francês:
j e trac:e, nous traçons (sl
tracer (traçar) ,
vendam vcndan vendano ils vendent je mange, nous mangeons [3]
manger (comer), nous employons ( alternância
uniscano ils unissent j'emplnie ,
cmployer (empregar ),
(wa) diante de vogal muda
Kas línguas m eridionais não há diferença entre a segunda e a terceira con- e Iway ) diante de vogal pro-
jugações, se se excetua o infixo -isc- dos verhos italianos do tipo unir; cm fran- nunciada) .. .
cês, com exceção também para os verbos em -iss-, nota-se que as desinências
são iguais para as três conjugações. 1-t..1.-l.-l .. \ s irregularidmks tios pn:scntes
Em português , como no espanhol, o presente do subjuntivo é expresso por
1-1 ..1.-1.-Ll. Irregularidades 4ue afctmn o ,ocalismo do radical
desinênc ias vocálicas que o distinguem nitidame nte do presente do indicativo
A ditongação da vogal tônica é um fenô m eno muito difundido cm espanhol (ex.:
(cf. cunte x c:anto, venda x vendo ), e opõe m a primeira conjugação (cante, c:an-
pensarl pienso, qucrerlquiero , morir/muero) , mas inexistente cm po rtuguês
temos) às outras duas (venda, •vendamos; una, unamos).
(cf. pensar/ penso, querer/quero , morrer/ m orro). Em italiano e em francês, esta
Em italiano, dominam o -i n a primeira conjugação e o -a na segunda e
alteração se m an ifes ta e m alguns ve rhos da segunda e da te rce ira conjugações.
terceira, exceto em P4 e PS, que tê m desinências idê nticas. A homo nímia das
três pessoas do singular, a identidade de P4 entre indicativo e s uhjuntivo e a Com o exemplo, para o indicativo:
unicidade de P2 nos dois m odos dos ve rbos cm -are são fatores de amhigtlidade.
Em francês, ohserva-se também muita ho m onímia entre os modos: as desi-
nências de P1, P2 , PJ e P6 do subjuntivo de todas as conjugações são idênticas
e> ie O >UO e> ie creio, crês... creo, crees...
e> oi Iwa]
sedere (estar - crea, creas ... - creda, creda ...
mQvere (mover) acquérir (adquirir) deooir (dever) - creia, creias...
sentado) ( = misurare)
meço, medes... ruido, mides ...
siedo muovo j'acquiers je dois
- meça, meças... -+ mida, midas ...
siedi muovi lUacquiers tu dois
oigo, oyes ... odo,odi...
ouço/oiço, ouves ...
siede muove il acquiert il doit -+ o:iga, oigas... - oda, oda ...
- ouça, ouças...
sediamo mo'Viamo nous acquérons nous devons ( = chi~dere)
peço, pedes ... pido, pides ...
sedete mo'Oete 'OOUS acquére.z vous deve.z -+ pida, pidas...
- peça, peças...
siedono muovono ils acquierent ils doioent pierdo, pierdes ... perdi, perdi...
perco, perdes ...
- pierda, pierdas ... -> perda, perda ...
e tenere (manter), ticni, te.miamo... e tenir, tu tiens, nous tenons ... -> perca, percas...
salgo, sales ... salgo (subo), sali, sale,
solere (costumar), suoli, soliamo... recevoir (receber), tu reçoi<;, saio, sais...
saliamo, salite, sªlgono
nous rece'Zxnis...
- salga, salgas... - salga, salga, salga,
- saia, saias...
saliamo, saliate, sªlgano
• Em português, o [e] e o [o] do radical dos verbos em -ir passam respectiva-
mente ai eu na primeira pessoa (PI) do presente do indicativo - ex.: sirvo traigo, traes ... traggo, trai, trae, traiamo,
trago, trazes ...
(scrvir),firo (ferir), durmo (dormir), cubro (cobrir)-, mas são pronuncia- traete, tr~ono
dos como vogais abertas, respectivamente [E] e [:,], em P2, PJ c P6. São -+ traiga, traigas ... ---+ tragga, tragga, tragga,
---+ traga, tragas ...
poucos os verbos que, como a&redir e polir, seguem o padrão espanhol traiamo, traiate, tr~ano
(ex.: pedir, pido, pides, pide, piden), apresentando i eu nessas mesmas veo, ves ... vedo, vedi...
vejo, vês ...
pessoas: agrido, ~rides, a,r?ride, a.4ridem; pulo, pules, pule, pulem. -+ vea, veas... -+ veda, veda...
---+ veja, vejas ...
• Todo o presente do subjuntivo é formado, em português como em espa-
nhol, do radical da primeira pessoa do singular do presente do indica- Esta mesma anomalia atinge os verbos muito irregulart::s do port. e do esp.:
tivo; ex.: sirva, de sirvo; cubra, de cubro; pida (peça), de pido (peço). di!JoldiAo.Jciçolha~o, ponholpongo, tenholtengo, venholvengo ... (cf. anexo III). .
• Em francês, certas variações gráficas assinalam uma mudança de tim- Em português, os verbos Jazer, dizer, trazer e todos os verbo~ e~ -~zir
bre da vogal do radical segundo ela se encontre cm sílaba átona ou (conduzir , traduzir etc .) perdem o e final cm P.3 no presente do md1c attvo:
tônica; ex.: faz, conduz.
céder (ceder) nous cédons [e) mas Je cede fel
crever (arrebe ntar) nous crevons [;)] mas je creve [e) l-t ..1.-t.-t ..1. lrrci,tnlaridades simultaneamente n1c:ílicas e conso11â11ticas
acheter (comprar) nous uchetons [o] mas j'achece [e] o verbo francês oferece a melhor ilustração desse fato quando, na segunda e na
jeter (lançar) nous jetons [;}] mas je jette [e] terceira conjugações, coexistem dois temas, um curto e outro ampliado, que na
appeler (chamar) naus appclons f;}] mas j'appelle [e]. .. maioria das· vezes ocorre no gerúndio. Kcstcs verbos, é variável a distribuição
das formas dentro dos presentes: .
1-l.J.-t.-1.2. lrre~ularidades 411c modificam o eo11sonantismo do radical • com os verbos cm -re ou -ir, a fronteira se estabelece entre as formas
O presente do subjuntivo reproduz, em português como em espanhol, qualquer curtas de PI, P2, PJ do modo indicativo e todas as restantes construídas
irregularidade específica do radical de PI no presente do indicativo. Em italiano, com o tema do gerúndio;
a alteração de PI se manifesta também em P6; no e ntanto, sua repe rcussão no • com os verbos cm -oir (e boire [beber]), somente P4 e PS, dos modos indi-
subjuntivo não é total, j á que não afeta as formas de P4 e PS. Nos exemplos a cativo e subjunti\'o adotam O tema ampliado, cuja consoante final reapare-
anomalia vem assinalada em negrito: ce, porém, cm P6 do indicativo e nas formas PI, P2, PJ e P6 do subjuntivo.
71
/'! . 1 78 <.~rnrn.itic.a l.'t>mpar:1ti\'a IJ01 ·1 · .. •
,. ls!'I qwttro h11~u,1s rom;irüc,1s

Seguem-se alguns exe 1 d"f


1 i
rnp os, t erentes dos c itados ao lon.so d ,
ó este capitulo:
1

Prime ira conju gação

nous naissons, -ez, P2 canta! jCanta! canta! chante!


que je naisse, -es,
-ent P3 cante (você)! jcante (usted)! cantí (lei)!
-e, -tons ...
coudre (coser)
je couds, -s, -d P4 cantemos! jcante mos! cantiamo! chantons!
1 1 cousant nous cousons, -ez, que je couse, -es, -e,
1 1 -ent -ions ... PS cantai! jcantad! cantate! chantez!
i résoudre (resolver)
je résouds, -s, -d
1 1 résolvant nous résolvons, -ez, que je résolve, -es, jcanten
1
1
1
-ent P6 cantem (vocês)!
(ustedes)!
cantino (!oro) !
-e, -ions...
! hai"r (odiar)
je hais, -s, -t
I 'j
1 . J
ha1ssant nous hai'ssons, -ez,
-ent
que je hai'sse, -es, Segunda conju~ação
-e, -ions...
dormir (dormir) je dors, -s, -t P2 vende! jvende! vendi! vends!
1
dormant nous dormons, -ez, que je dorme, -es,
-e nt P3 venda! ive nda ! venda!
-e, -ions ...
devoir (dever)
je dois, -s, -t ils doivent P4 vendamos! jvendamos! vendiamo! vendons!
devan que je doive, -es, -e,
nous devons, vous -ent PS vendei! jvended! vendete! vendez!
devez
nous devions, vous P6 vendam! jvenda n ! vendano!
deviez
recevoir (receber) je reçois, -s, -t
recevant ils reçoívent Terce ira conjugação
que je reçoive, -es,
nous recevons, -ez -e, -ent P2 une! jUOe! unisci! unis!
boire (beber) nous recevions, -iez P.3 una! juna! unisca!
j ' je bois, -s, -t ils boivent
buvant que je boive, -es, -e, P4 unamos! junamos! uniamo! unissons!
nous buvons, -ez -ent PS uni! junid! unite! unissez!
nous buvions, -iez P6 unam! junan! uniscano!

1-Ll.-l.-l.-l. Outras irrc.i,!11laridadcs Como se vê, a formação do imperativo reúne, mais uma vez, as duas línguas
ibéricas:
Alé m das irregularidades que aparecerão no anc , , .
comporta mento peculia r de, 1 , ,. . xo 1, assmalaremos aqui o • P2 te m parentesco com o presente do indicativo, mas sem m arca pessoal;
·~
smcncias da primeira con · g .-
ª guns \i erbos, franceses. em -tr· que adotam as de- • PS apresenta desinência específica;
• , ·11 · .. Ju açao no presente do ind· ·, . . . , . . • PJ, P4 e P6 são tomadas ao presente do suhjuntivo.
c u e 1 1r, offrir 011 q,n•,. S( ,;,·• . reativo. assaill,r couvrir
· ' '"' , '" >uJ... nr· ex . ' ,
cuillir (recolher)· · • ' ·:
. · Je c:u e1lle, -es -e -enc A inte rloc ução cerimon iosa em português e cm espanhol é expressa por
m1vnr (abrir)· •• ' ' ' naus c:ueillons, -ez
· J ouvre, -es, -e, -ent,
nous ouvrons, -ez me io de PJ e P6. Em a lgumas á reas do Brasil, porém , como o Rio de Janeiro, as
l-L,.:;. O impcratin> formas você e v ocês são bem coloquiais, ao contrário das formas usted e uscedes
As qua tro língua . espanholas, que são cerimoniosas. No uso coloquial mais descontraído, o portu-
. • s possuem um imperativo afirmativo:
guês do Hrasil e mprega, n as frases imperativas, a forma da PJ (você) do presente
do indicativo; ex.: l cm c:omi~o , Faz isso pra mim , Deixa de ser bobo.
Em francês, por outro lado, uma vez que a cortesia se expressa por me io da
pluralização de P2 (isto é , com PS, cf. 8.5.2), as formas se lim ita m a três, todas
clarame n te indicativas (sem -s gráfico para a P2 dos verbos em -er , embora torne
180 (:ram:i ric;1 comp.irati,·:i llouuiss quatro lín~ua,-. rom.i"tni(:as
XI\" ~1nrfr,s!-tillt:1xL' do \'Crbo 1.Sl

a aparecer em combinação com os pronomes en e y; ex.: Parles-en [Dize-o]),


mas sem a presença dos pronomes sujeitos.
O italiano apresenta uma organização intermediária: P2 (embora sem a
cantar-(h)ei
marca -i específica de P2 nos verbos em -are) e PS indicativas, PJ e P6 subjunti- > cantero
> cantarei > cantaré > chanterai
vas, e P4 como forma comum aos dois modos.
cantar-(h)ás cantar-(h)as cantar(e)-(h)ai chanter-as
Os poucos imperativos irregulares do espanhol, do italia no e do francês
acham-se no anexo III. > cantarás > cantarás > canterai > chanteras
cantar-(h)á cantar-(h)a cantar(e)-(h)a chanter-a
Os contrastes anteriores se acentuam com a negação; ex. para a primeira
conjugação, por exemplo: > cantará > cantará > canterà > chantera
cantar-(hav)emos cantar-(hab)emos cantar(e)-(av )emo• chanter-(av)ons
> cantaremos > cantaremos > canteremo > chanterons
P2 não cantes! jno cantes! non cantare ! cantar-(hav)eis cantar-(hah)éis cantar(e)-(av)ete chanter-(av)ez
PJ ne chante pas !
não cante jno cante > cantareis > cantaréis > canterete > chanterez
non canti (lei)!
(você)! (usted) ! cantar-(h)ão cantar-(h)an cantar(e )-(h)anno chanter-ont
P4 não cantemos! jno cantemos! > cantarão > cantarán > canteranno > chanteront
non cantiamo! ne chantons pas!
PS não canteis! jno cantéis !
• Forma antiga que
non cantate! passou a abbiamo
P6 ne chantez pas!
não cantem jno canten non cantíno
(vocês)! . .
(ustedes)! (]oro)! Ohserve-se que o italiano se d1st111gue pc+,l e volução- da, vogal
º a do
o infinitivo
. can-
. . - ue ass·1 a e· canra re + ho nao da cantar mas
Os exemplos acima revelam que o po rtuguês e o espanhol utilizam n o im- da primeira con.iugaçao, q p .. ' . . O mesmo ocorre com as formns
hai dá cancerai e não '"cantarat. .
perativo negativo as m esmas formas do presente do subjuntivo, que o francês cero, cantare + d' . . 1) Este tempo apresenta no italiano uma
do futuro do pretérito (ou cem 1c10n,1 . . . - , do retéríto imperfeito
utiliza as formas do presente do indicativo, e que o italiano adota as formas do singularidade ainda maior: suas desinê:w1as nao provem p
imperativo afirma tivo, exceto cm P2, c uja forma é tomada ao infinitivo. Em ita- d o aux1·1·tar, como se
• passa
' ·• nas outras hnguas
liano, a presença da negação não impede a ênclise do pronome átono. "N'ão me
olhes" diz-se em italiano Non mi ~uardare ou Non RUardarmi.

cantar-(hav)ia > cantaria


Ohs.: Em situações bem coloquiais, o português do Brasil não faz diferença
> chanterais
formal entre imperativo afirmati vo e impcrati\'o nc~ativo :ilém da presença da
palavra não; ex. n ão faz (você) isso comigo; por favor, nifo corre muito não. cantar-(hav)ias > cantarias cantar-(hab)ías > cantarías chanter-( av )ais
> chanterais
J-L1.6. Futuro <lo presente e futuro <lo pretérito (condicional) cantar-(hav)ia > canta ria cantar-(hab)ía > cantaría chanter-(av)ait >
1-Ll.6.1. Formas regulares chanterait
Nas quatro línguas, estes d ois tempos provê m de uma antiga perífrase construí- cantar-(hav)íamos cantar-(hab)íamos > chante r-(av)ions
da pela comhinação do infinitivo e do auxiliar correspondente a haver. Assim. > cantaríamos cantaríamos > chanterions
c m português, cantarei (cantar+ h ei) significava inicialmente algo como hei de
cantar, e cantaria representa cantar+ h (cm) ia. cantar-(hav)íeis cantar-(hab)íais > chanter-(av)iez
> cantaríeis cantaríais > chanteriez
As desinências do futuro do presente são as do presente do indícati\·o do
auxiliar (cf. anexo IIJ):
cantar-(hav)iam cantar-(hah)ían > cantarían chanter-(av)aient
> cantariam > chanteraient

mas d o "passato remo t o " (-- pretfaito perfeito simples) e(bh)i, a-vesti , eb/Je ... :
XI\. ~torfos~intaxc Jo n.:rhu 18.l

eantar(e)-ei > canterei


Em francês a lista se amplia: il pleuvra, de pleu'VOir (chover); il courra, de
eantar(e)-(av)esti > canteresti
courir (correr); i1 rec:evra, de recevoir (receber) ...
cantar(e)-cbbe > canterebbe
eantar(e)-(av)emmo > canterenmw
I-1.J.7. Pretérito imperfeito do imlicatin>
caruar(e)-(av)este> camereste
cantar(e)-ebbero> canterebbero I-Ll. 7 . 1. Conjugaç:1o regular

..
As outras conjugações conservam as respectivas vogais temiíticas: vende- •• ~ '
••' J,-
.•
}~ • ' • ~
'
- . .. .
rei, ve-nderesti... ; unirei, uniresti ... Devido à particularidade de sua origem, este
Primeira l'onj ugaçâo
tempo não apresenta cm P6 o -no tão característico de quase todos os demais
tempos. Pl cantava cantaha cantavo je chantais
Em português, a origem perifrástica desses dois futuros é nitidamente re- P2 cantavas cantahas cantavi tu chantais
velada pela inserção possível dos pronomes átonos ("' clíticos) e ntre o infinitivo PJ cantava cantaba cantava il chantait
e a desinência - a mesóclise. Construções do tipo Nós nos encontraremos em P4 cantávamos cantábamos cantavamo nous chantions
Lisboa e Eu o receberia com muito praz er, com pronome s ujeito exp resso, apre-
PS cantáveis cantahais cantavate vous chantiez
sentam as seguintes variantes, típicas do registro escrito do português europeu:
Encontrar-nos-emos em Lisboa. P6 cantavam cantahan cantavano ils chantaient
Recebê-lo-ia com muito prazer.
Segunda conjugação

A expressão polida de um desejo se constrói no português do Brasil com o


PI vendia vendía vendevo je vendais
futuro do pretérito: P2 vendias vendías vendevi tu vendais
Eu !},oscaria muito de conhecer esta senhora. PJ vendia vendía vendeva il vendait
P4 vendíamos vendíamos vendevamo nous vendions •
~
ao passo que na língua falada de Portugal se emprega regularmente o pretérito ~
imperfei to:
Gostava muito de conhecer esta senhora.
PS
P6
vendíeis
vendiam
vendíais
vendían
vendevate
vendevano
vous vendiez
ils vendaient
'
]i

J-L1.().:2 , t ·ma partü.>ularidade das fonnas de futuro


Os futuros do presente e do pretérito irregulares resultam de fenômenos de con-
tração que às vezes suscitam a inserção de uma consoante de ligação ou a as-
Pl unia unía
similação com o -r da desinência. Nos exemplos - que são raros e m português
- apresenta-se apenas a PJ, mas a modificação vale para todas as pessoas (as P2 unias unías univi tu servais tu unissais
formas regulares aparecem entre parênteses): PJ U nia.'! unía univa il servait il u_n issait
P4 uníamos uníamos univamo nous servions nous unissions

dirá PS uníeis uníeis univate vous serviez ils unissiez


dirá (dirà)
(deverá) (dira)
(deberá) dovrà P6 uniam uniam univano ils servaient ils unissaient
(saberá) devra
sabrá saprà
(porá) saura
pondrá (porrà) Obs1.;rrnçt,cs: . , _ ,
(mettra)
(valerá) vaJdrá varrà vaudra
o po rtuguês e O espanhol utilizam os m esmos g rupos de ter~1~açoes, u1~1
(quererá) querrá para a primeira conjugação_ port. -ava, esp. -aba - e outro para a segunda e ,1
vorrà voudra
(verá) (verá) terceira conjugaçôes - port. -ia, esp. -ía.
vedrà verra
1 XI \' ~l11rlo:-.!"'tllt:1:x"· '-h' ,·\.:rh, Ili:'i

<~ italiano apresenta uma terminação distinta para cada conjugação: -avo , vendi(, vendé* il vendit i1 pourvut
PJ vendeu
-evo, -mo. ,\lé m disso, diferentemente das demais línguas peninsulares, o acento vendimos vendemmo nous vcndimes nous
P4 vendemos
muda de sílaha nas P4 e PS. pourvumes
O francês utiliza a mesma desinência e m todas as conjugações, sendo que vendeste vous ventites vous
PS vendestes vcndisteis
uma parw dos verbos da terceira tem o tema ampliado pelo infixo -iss- antes de pourvutes
recebe r a desinência. ils pourvurent
vendierun vend~rono• ils vendirent
P6 venderam
1-Ll.7.2 . . \lg11111as irregularidades • Em italiano, para PI . P3 e 1'6 existem também 1:e11decti , 't-"<!H<Íctcc e ·vend(.'.tiem .

• Três em português: punha, tinha e vinha, respectivamente de pôr, ter e vir.


Tc n·cira co11ju~ação
• Seis em italiano (calcadas no infinitivo original latino): bevevo (behia),
unii je servis j'unis je courus
conducevo (conduzia) , dice•vo (dizia),.foce-vo (fazia), ponevo (punha) e Pl uni uní
traevo (trazia ). unisti tu servis tu unis tu couros
P2 uniste uniste
• Em francês, a regra é simples: o pretérito imperfeito é formado a par- il servit il unit il courut
PJ uniu unió uni
tir ~~ t~ma do gerúndio; por isso, temos (cf. 14.2.2): crai~nant --, je
nous nous nous
crai_~nms (eu temia), Lisant -+.ie lisais (eu lia), buvant-+ je buvais (eu unimos unimmo couríimes
P4 unimos servimes unimes
~eh1a_), prenant --+je prenais (eu pegava) ... ; as duas únicas exceções são
vous vous vous
J avais (ger. ayant I tendo]) e je savais (ger. sachant (sabendo)) . uniste
PS unistes unisteis servites unites couríites

ils ils ils


1-L 1 .8. Pretérito perfeito P6 uniram unieron unjrono
servirent unirent coururent

1-L1.8. I. O par:idigma regular


No padrão regular, o acento incide sempre na desinência: ()hser\'açfics:
As ma rcas de pessoa e número deste tempo não se enquadram plenamente
na descrição geral apresentada mais acima (cf 14.3 .2):
• em português e em espanhol, ausência do -s característico de P2;
Primeira eonju~m, iio • a PS do português não apresenta -i na última sílaha;
• c m italiano, uma característica própria de P4 é o m dobrado, que, por
PI cantei canté cantai je chantai conseguinte (cf. 14.3.6 .1), também se encontra no futuro do pretérito
P2 cantaste cantaste cantasti tu chantas ( condicional);
PJ cantou cantó canto il chanta • o francês apresenta as desinências peculiares -mes, -res em P4 e PS; e
nos verbos do tipo unir (isto é , com infixo -is-) as formas de Pl e PJ não
P4 cantamos* cantamos cantammo nous chantâmes
se distinguem das do presente.
PS cantastes cantasteis cantaste vous chantãtes
P6 cantaram canr.aron cant1trono ils chanterent Quanto à vogal temática, o português e o italiano distinguem melho r que o
.:-; .
• 0 portu~ues europeu cscrc\'e-se eanuímos , com um acento para assinalar que a n>gal é
espanhol as três conjugações graças a a, e, i. Em francês, o a domina na primeira
conjugação, ao passo que nas outras ocorre uma dupla possibilidade: i (como e m
ahcrta .
-vendre, servir, unir) ou u [y ) (como cm pourvoir e courir).
Segunda eonjugação Por último, no português brasileiro são homófonas, nas três conjugações, as
formas de P4 no pretérito perfeito e no presente do indicativo.
PI vendi vendí vendei* je vendis je pourvus
P2 vendeste vendiste vendesti tu vendis tu pourvus
186 c:;r.im,íticn cnmp.irntiva IIn11~1iss q11ntro lin.~u.ts ro mftnll•as
X t\ · .\lnrfn:-.:-.i11!.1x ...- d,, ,1,,:rl•(I IHi

1-1..1.H.2. Irrcgulal'idadcs
correre (correr), corsi
A.'l irregularidades, relativamente poucas em português e em espanhol, mas nu. diressi
diri_4ere (dirigir),
merosas em italiano e em francês, dizem respeito sobretudo a verbos da segunda persi
conjugação. pr;.rdere (perder),
valere (valer), valsi
1-1.J.8.2. I. Pretéritos fracos e prct1:ritos fortes
14 ) S ".2. l'ma partic11. 1 . 1 1 . lo" n:rhos franceses
A oposição entre pretéritos perfeitos "fracos" (com desinências tônicas em todas anu1<.1.: <. . . .s , que não tem aplica-
..., ·- , . . . . . ' ·a formação obcdccc a uma re6ra ' , .
6
A}õuns verbo:; franceses , cu.1 . 1 ,. , t -'e de parte dos verbos que,
as pessoas) e "fortes" (com acento no radical em certas pessoas) manifesta-se . , · derados 1 rregu ares, tra a s
Ção geral, são por isso eons1 , . re no infinitivo apresentam,
nos quatro idiomas, de forma parecida nas línguas meridionais; em francês, dada . , . diferente do que ocor '
a frequência de "passés simples" monossilábicos, não é fácil determinar onde tendo no genmd10 um tema d g rúndio (cf. 14.2.2); são eles:
termina o radical e começa a desinência. rém, no pretérito perfeito o mesmo tema o e
po • os verbos em -indre, ex.: . craignis tu crai~nis ...
craíndre {temer) -+ craignant -+ Je . •'
Tomemos um exemplo de pretérito forte: o verbo saber e seus equivalentes:
saber saber sapere saooír • os verbos em
. ( con
conduire
-uire,
. • ) ex.:
d uzir .
-+ conduisant
~
~
.,·e conduisis, tu conduisis ...
soube supe
e
seppi j e sus écrire (escrever) -+ écrivant ..... .f'écrivis, tu écrivis ...
soubeste supiste sapesti tu BUS
soube supo seppe il sut 1-½.,,.,-,,_
soubemos supimos , -, ... -, .•.,,. Outras irrci,t11lai;<.1:1des · rtas irre
. gulari'dade's de difícil
sapemmo nous silmes Encerrando esta pa rte, apresentam-se a segulf ce .
soubestes supisteis sapeste vous siltes
souberam supieron sistematização: bere/bevvi boire/je bus
swpero ils surent b beberlbebí •
beberlbe i
cres crescerelcrebbi croitre/je crus
"er;./cresci crecer/crecí · /;'e mus
Do ponto de vista acentual, vê-se que em todas as línguas ibéricas as pessoas m -... " muoverelmossi mouvm·r.J '
fortes são duas (PI e PJ) e cm italiano três (PI , P2 e Pó). Nestas mesmas pessoas =·erlmovi mover/movi nliitrcl:J·e naquis
" ..,
nascer/nasci nacerlnací nascerelnacqui
fortes, nos três idiomas, nota-se uma modificação da desinência; assim é que o resolver/ resolví risolverelrisolsi résoudre/je résolus
resol'i.>er/resolvi
pretérito forte italiano perde o -nu característico de P6. Quanto ao radical, acha- vivere/vissi vi'ore/je vécus
viver/vivi v ivirlviví
-se mais ou menos alterado em todas as pessoas no português, no espanhol e no
francês, ao passo que no italiano a variação se produz a penas nas pessoas fortes. , •
1--1.J.9. Os p rctcntos .nnpcr
' f'cttos
.- . e<.
• >S futuros do suh,iuntin1
Em português a homonímia entre Pl e PJ com um -e final não é uma cons-
tante; mesmo sem o -e final, a identidade das duas pessoas ainda persiste em 14.,1.9.1 . Pn.•té,;tos impi.:rfcitos
quis (querer); já emfizlfez (fazer) ou em pus/pôs (pôr), Pl e P.3 se distinguem
pela mudança da vogal.
Seria ocioso reproduzi r a longa lista dos mais de cem "passati remoti" for- P1; mci ra conjui,ta','.iO
tes do italiano; a lém dos que figurarão no a nexo lII, oferecemos aq ui apenas Pl cantasse cantase cantara cantassi je chantasse
a lguns poucos exemplos que ilustram a diferença relativamente ao português, cantases cantaras cantassi tu chantasses
P2 cantasseS
uns com o pretérito forte francês correspondente, outros específicos do italiano:
PJ cantasse cantase cantara cantasse il chantât
conQscere (conhecer), conobbi... j e connus...
l!:Agere (ler), lessi j e /us P4 cantássemos cantásemos cant3SSimo nous
mç_ttere (colocar), cantáramos chantassions
misi jemis
parere (parecer), PS cantásseis cantaseis cantaste vous chantassiez
par-vi j e parus
prf.ndere (pegar), cantarais
presi je pris
chiy._dere (fechar), P6 cantassem cantasen canq!Ssero ils chantassent
chiusi
cantaran
188 Cram;íti~:1 co mpar:lli\·a llnu:tiss 4 wuro líugu:is rom;1nh.:a.-.;
XI\' Mo r/os.sintaxe d, , \'crbo 189

Sc_g1111d:1 l'onj11~:1<;:io
• Em italia no, a filiação à P6 do pre térito perfe ito só é pe rceptível em ver-
PI vendesse vendiese bos muito irregulares como essere (-+ fossi ), d.are (-+ dessi ), stare ( -+
vendessi je vendisse
vendiera scessi ); para esta língua, a regra geral de formação seria partir da P2 do
P2 vendesses vendieses vendessi tu vendisses pretérito perfeito do indica tivo, substituindo o elemento final -ti por -si:
vendieras "Vendesti -+ vend essi, 'Vendessi...
PJ vendesse vendiese facesti -+ facessi, facessi...
vendesse il vendit
vendiera
P4 vendêssemos vendiésemos vend~ssimo nous vendissions Ohscrn1c.iks:
vendiéramos • O bimorfismo deste subjuntivo é exclusivo do espanhol; a forma em -ra
PS vendêsseis vendieseis existe também em português, especialmente no uso escrito formal , mas
vendeste vous vendissiez
vendierais perte nce ao modo indicativo.
P6 vendessem vendiesen • Enquanto o espanhol e o francês não distinguem as desinências da se-
vend~ro ils vendissent
vendieran gunda e da terceira conjugações, o português e o italiano separam bem
os três grupos .
• Há homonímia entre Pl e P3 no português e no espanhol, e e ntre Pl e
P2 no italiano.
Tcrl'l'Ír:t l'Ollju~:u,:lo
• A desinência ita liana de P6 não tem o -no tão caracte rís tico dos demais
Pl unisse urúese tempos.
unissi j'unisse
urúera • Nos verbos fra nceses do tipo unir (com infixo) , as PI , P2 e P6 coinci-
je courusse
P2 unisses urúeses dem com as formas do presente do subjuntivo: nesta língu a o acento
unissi tu unisses
urúeras circunflexo da P3 é característico deste tempo e permite, na segunda e
tu courusses
PJ unisse urúese na te rceira conju~ações, assinala r a diferença relativame nte ao preté rito
unisse il unit
urúera perfeito do indicativo.
il counlt
P4 uníssemos uniésemos un,issimo nous unissons
uniéramos l-t.J.9.2. O futuro do snhj1111tin1
nous courussions O italiano e o francês desconhecem este tempo. Ele já existiu no espanhol e so-
PS unísseis unieseis uniste vous unissiez mente se conserva em textos a rcaicos ou que adotam um estilo a rcaizante, com o
unierais
vous courussiez certos textos jurídicos ou exageradamente cultos. O por tugu ês, ao contrá rio, o
P6 unissem uniesen unissero ils unissent mantém vivo e m qualquer re~istro de língua, embora sintaticamente ele só possa
unieran
ils courussent ocorrer em orações subordinadas (cf. 15.4.5). A base de sua formação é a m esm a
Est e te mpo e.! formado a partir elo pre té rito perfeito do indicativo· do pre térito impe rfeito do subjuntivo (cf. 14 ..3.9.1). Exemplit'icamo-lo a seguir
• Em P~)rtugu~s, espanhol e fra ncês o mecanis mo é simples: a. forma de com os verbos cantar, unir (regulares) efazerlhâc:er (irregular ):
base e P6, seJa para os verbos regulares, seja para os irregulares:

PoRT.

E-.,..
venderam
fizeram
vendieron
-
-+
vendesse, vendesses...
fizesse ,fizesses...
cantar
cantares
fizer
fizeres
unir
unires
cantare
cantares
hiciere
hicieres
uniere
uniere
-+ 'Oendiese, vendieses... cantar fizer unir cantare hiciere urúere
hicieron -+ híciese, hic:ieses...
ht ils 'Oendirent cantarmos fizermos unirmos cantáremos hiciéremos uniéremos
-+ j e 't.'endisse, tu vendisses...
ilsfirent -+ cantardes fizerdes unirdes cantareis hiciereis urúereis
jefisse, tufisses...
cantarem fizerem unirem cantaren hicieren unieren
XI\' Morfos~intaxc do \'crho 191

Para os verbos regulares e para os verbos irregulares fracos - cujo pretérito Dispondo de u m único auxiliar (haber) para essa relação, o espanhol moder-
perfeito segue o paradigma dos verbos regulares - confundem-se as formas do no exemplifica a situação mais simples no conjunto das quatro línguas românicas.
futuro do subjuntivo e as do infinitivo flexionado, inclusive na PS, cuja desinên- Em português a questão é um pouco mais complexa. A história da língua
cia é -des (cf. 14.J.J). registra dois auxiliares para essa função - ter e haver-, mas o português moder-
no dá ampla preferência a ter. Por essa razão, apresentaremos nossos exemplos
1-L\. 1O. Pretérito mais-411c-pcrtcito simples do imlh:ath'o do português unicamente com o auxiliar ter: tenho falado, tínhamos saído, teremos chegado.
O português é a única das quatro línguas que possui uma forma simples com Uma consequência dessa dupla possibilidade é que o pretérito mais-que-perfeito
o valor <le mais-que-perfeito, caracterizada pela desinência -ra. Assim como o pode apresentar três formas: cantara, tinha cantado e havia cantado. Outra
pretérito imperfeito e o futuro do suhjuntivo, este tempo é formado a partir do evidência da complexidade do português acha-se no emprego peculiar do cha-
tema do pretérito perfeito. Oferecemos a seguir um exemplo do paradigma regu- mado "pretérito perfeito composto" (ex.: tenho saído, temosfalado), cujo con-
lar em cada conjugação (cantar, vender, unir) e um exemplo de verbo irrcguÍar teúdo temporal é distinto do das formas espanholas correspondentes: he salido
forte (fazer): e habemos hablado equivalem às formas simples saí e falamos . Por outro lado,
0 português não conhece o pretérito anterior (cf. 15.2.6).
cantara vendera unira fizera Peculiar é também a situação do italiano e do francês, idiomas que utilizam
cantaras venderas uniras fizeras dois verbos (it. avere ou essere, fr. a'VOir ou être) Enquanto o português e o espa-
cantara vendera unira fizera nhol empregam o mesmo verbo para formar seus tempos compostos (cf. tenho co-
cantáramos vendêramos uníramos fizéramos midothe comido, tenho viru.úYhe wni.do), o italiano e o francês escolhem auxiliares
cantáreis vendêreis uníreis fizéreis distintos segundo a classe do verbo principal: a maioria, aqui exemplificada pelos
cantaram venderam unircnn fizeram correspondentes ao português comer, se constrói com avere/a'(..'Oir (ho mangiatol
j'ai mangé), mas alguns outros, aqui representados pelos correspondentes ao por-
( )hscrnt~<>cs: tuguês vir, se constroem com essere/être (sono venutolje suis venu) .
• Ilá homonímia entre o pretérito perfeito e o pretérito mais-que-perfeito Relevadas as peculiaridades já referidas, é inegável a simplicidade do me-
em P6. canismo geral de formação dos tempos compostos, ilustrada exemplarmente a
• Os verbos regulares e os irregulares fracos apresentam pessoas (P2, P,l e seguir pelo pretérito perfeito, seja com o mesmo auxiliar nas quatro línguas:
PS) que só se distinguem das correspondentes no futuro do presente pela
posição do acento. tenho lavado helavado ho lavaco j 'ai lavé
• Embora tenham a mesma origem histórica, o pretérito mais-que-perfeito tens lavado haslavado hai lavaco tu as [avé
simples do português e o subjuntivo espanhol em -ra expressam atual- tem lavado halavado ha lavaw il a lavé
mente conteúdos temporais e modais diferentes (cf. 15.1.3, 15.2.5). temos lavado hemos lavado abbiamo lavato nous avons !avé
tendes lavado habéis lavado avete lav ato vous avez [avé
têm lavado hanlavado hanno lavaco ils ont lavé
1-l.-l .. \S F0IOL\S C(HIP0S'L\S
seja através de um vcrho em forma pronominal, a qual impõe uma mudança de
1-l.-L 1. Os .. tempos compostos·· auxiliar em italiano e em francês:
Nas quatro línguas, a uma série de formas simples corresponde uma série para-
lela de "tempos compostos". O português e o espanhol dispõem, por exemplo, tenho-me lavado me he lavado mi sono lavato je me suis /avé
de um infinitivo simples (cantar/cantar) e um infinitivo composto (ter cantado/ tens-te lavado te has lavado ti sei lavuco tu t'es la<cé
haber cantado), de um gerúndio simples (cantandolc:antando) e um gerúndio tem-se lavado se ha lavado s'ê lavato il s 'est /av é
composto (tendo cantado/habendo cantado), de um futuro simples (cantare- temo-rws /a'(..'W.lo nos hemos lavado ci siamo lavati nous nous sommes lai,-és
mos/cantaremos) e um futuro composto (teremos c:antadolhabremos cantado). tendes-vos lavado os habéis lavado vi siete lavati vous vous êtes lwvés
Esse paralelismo vale para qualquer forma simples, com exceção do imperativo têm-se lavado se han lavado si sono lavati ils se sont lavés
e do próprio particípio.
192 Gramática comparali\'3 llouaiss quatro línguas românic.'IS

O francês apresenta, por sua vez, uma especificidade: a formação de tem-


pos "surcomposés" (duplamente compostos), ou seja, a possibilidade de se apli-
car ao particípio a forma composta do auxiliar, p. ex.:
Il a eu 'V'ite chanté a partir de il a chanté (ele cantou)
J'aurai-S été parti a partir de je serais parti (eu teria ido embora)

Para conhecer as circunstâncias do emprego dessas formas, ver 15.2.6.

14.4.2 . A voz passiva


Graças ao par de auxiliares ser/estar, pode considerar-se que as duas línguas
ibéricas distinguem uma passiva de ação (ser) e uma passiva de estado (estar).
Comparem-se:

PORT.: A casa é aberta pelo porteiro. / A casa está sempre aberta.


Es P.: La casa es abierta por el portero. / La casa está siempre abierta.

Pode-se exprimir uma dualidade semelhante em italiano graças a essere


e a outro auxiliar, <t>enire. Em francês não existe essa distinção morfológica: o
auxiliar être assume as duas interpretações. Por essa razão, podem-se propor as
seguintes equivalências:
ação (port. ser) (it.) La casa 'V'iene (fr.) La maison est
aperta dal portiere. owverte par le portier.
estado (port. estar) (it.) La casa e (fr.) La maison est
sempre aperta. toujours ouverte.

É também possível exprimir a voz passiva nas quatro línguas recorrendo-se


à construção pronominal da 3" pessoa:

Vende-se bem o Este afio se vende Quest'anno se Cette année le vin


vinho este ano. bien el vino. vende bene il vino. vend bien.
Vendem-se bem as Las nueces se Le noci si v~ndono Les noi.x: se vendent
nozes. venden bien. bene. bien.

Esta solução é mais amplamente adotada pelas três línguas meridionais; o


francês utiliza com mais frequência o auxiliar être ou a construção impessoal
com o pronome on (cf. 8.5.1).
Os problemas suscitados pelos auxiliares da voz passiva e pelos que inter-
vêm em outras perífrases verbais serão comentados no capítulo seguinte (cf.
15.3).
195

Assim como no capítulo anterior, neste nos limitaremos a chamar atenção para
as disparidades mais notáveis entre as quatro línguas, nas quais intervêm não só
o valor próprio de cada forma, suas relações com outras, mas ainda o registro de
língua escolhido.

15.l. A PROPÚSITO DE CERT.\S FOR\L\S \ 'EHR\IS


SIMPLES

15. l. 1. O infinitiYo
A natureza simultaneamente verbal e nominal do infinitivo se revela diferen te-
mente nas quatro línguas. O português, o espanhol e o italiano admitem q ue ao
infinitivo se anteponham os mesmos determinantes que precedem o substanti-
vo, especialmente o artigo:
. ~ , -~ ., i.;, :-.~~ ~
-v ... t., ~ •
1 ' ,

'
~-- ,.,_ '


Ao sair de casa ... A1 sallr de casa... Nell'uscire di casa...
O suceder dos El sucederse los
li succedersi degli eventí...
acontecimentos ... acontecimientos ...

O francês exclui tal possibilidade, salvo nos poucos casos em que o infini-
tivo se tenha transformado em legítimo substantivo (ex. : le déjeuner, le boire [o
jantar, a bebida)). Os exemplos ante riores seriam traduzidos em francês como:

Asa sorti/Lorsqu'il sortit de chez lui ...


La succession des é'Oénements...

O infinitivo pode vir acompanhado, tanto em português como em espanhol,


de se u p róprio sujeito:

(port. Brasil) Observou-me sem eu perceber. (esp.) Me obsero6 sin


(port. Europa) Observou-me sem eu o notarlo yo.
perceber.
(port. Brasil) Viaja por necessitar sua saúde. (esp.) Viaja por necesitarlo
(port. Europa) Viaja por necessitá-lo a sua su salud.
saúde.

Essa construção é possível, embora pouco frequente, em italiano:

Per essere Elenafiglia di Maria. (Por ser Helena filha de Maria. ),

mas absolutamente inaceitável em francês.


r
.
.
.

'
1

Para os estrangeiros que estudam o português, a existência de urna dupla


' , ' ,1do
pora1 com o valorde Pass ' do modo indicativo (tinha amado), e
variedade de infinitivo - o não flexionado e o flexionado - é um problema. Sem
: ~::la!, c~mo equivalente de um condicional ou de um subjuntivo (ama-
entrar em detalhes, pode-se dizer que a escolha entre uma variedade e outra está
sujc.-dta às seguintes condições gerais: ria , amasse).
• Emprega-se a variedade não flexionada nas constmções em que o infiniti-
vo não tem sujeito próprio (costllma-se dizer que .. . ) ou quando, combina- Se o espan1101 a Cabou Por Privilegiar o traço modal, integrando a forma
, ·
' no ~odo subjuntivo e produzindo um quase equivale~te ~o pretento
dos em um enunciado, o infinitivo e o verbo flexionado que o acompanha
amar~ . . .. , . uês reservou seu valor temporal. Com isso, amara
têm o mesmo sujeito (·vamos sair, acabam de chegar, podes dormir). imperfeito ama.se, o portu_gd - p ral th forma composta corrente tinha ou
• Se, entretanto, o infinitivo tem um sujeito diferente do atribuído ao ver- expressa o mesmo conteu o tempo ' '
bo da oração principal, ocorre a forma flexionada (Pouco importa terem havia amado (cf. 15.2.S). . - or-1ções
eles tanto dinheiro; Até receberes a resposta, não sairei daqui). Para o futuro do subjuntivo do português, qt~e não ocor~~ :;~a~4e~; ' .
subordinadas, remetemos à parte dedicada à oraçao complex<1 e . :"\.. :"\ .
15.1.2. O gerúndio e fonnas afins
Já vimos (cf. 14.2.2, 14.2.3) que em francês o gerúndio e o "participe présent"
não se distinguem morfologicamente - a não ser pela presença da preposição en 15.2. REL\ÇÜES E:XTRE TE~IPOS SDIPLES E TE~IPOS
no primeiro caso-, mas desempenham funções diferences: o gerúndio atua como CO:\IPOSTOS
complemento circunstancial que se aplica ao sujeito do verbo principal, ao passo
1 - .., 1 \ escolha do auxiliar d
que o partieípio presente, apesar de invariável, qualifica o pronome ou substanti-
vo que o precede como se fosse um autêntico adjetivo. Exemplos:
~
:), __ . , .· . . h ol não se diferenciam nesse ponto, salvo no chama o
O portugues e o espan . . )Ortuguês tem um empre-
prctérito perfeito composto (tenho amado): qule emt', . , tÍ·· ,~ que a diferença
Je l'ai 'cu en sortcmt du bureau. . . t . . 14 1 ?) De modo gera' pm e-se ize
(Eu o vi ao sair do escritório.) go peculiar ( cf. o is. em . . ·- . . . r ·peito ao aspecto: enquanto a
Je !'ai vu sortant du bureau. entre formas simpl~s e íonrn'.s c~mpdost~-as ( ~z r;.:d-1 ocasião, a forma composta
(Eu o vi sair do escritório.) . . 1' .. ·,1 'tic·1 ·1 n:alizaçao o <Ito cm ' •
Des re'Vues intéressrmt beaw:oup forma s1mp es Sl1,nl ' ' . . - (' l Pedro (Xlntava e\'OCamos
de ~ens.
( Revistas que interessam a muita
geme.)
exprime a ação te rminada n essa m esma ocas~10 ..
-
' .>.~
uc se desenvolve cm certo momento o pass,1 , •
do ao passo que em Pedro
a açaocantado
tinha q , a. m esma .tç.io
, ,;- se. .te
, ·h·d e·onsumada ou "perfeita" nesse mesmo
Em italim10 , a distinção morfológica entre ge rúndio e particípio presente
é evidente, e a diferença funcional deles equivale ao que se passa em francês: momento. .. · m segundo o tipo
U , . , que cm italiano e cm francês os aux11iares vana . . . . ;-
d. ma \ez
I ( f' 14 4 1) é necessário dar alguns esc1arec , •imentos-. ,\-t.
• ere/a·votr cst.io
Ho inco11trato l'wldetto ai lavori reemulo il maechinario. e ver )O e • · · • 'I · . ,- empregados
. . - I , tar com essere/être: estes u t1111os sa 0 . .
(Levando a maquinaria, encontrei-me com o capataz.) cm
comdistnhtbllÇ~lO commp1e_n
os \'er os prono ·n;~:1e
, certos ,;~rbos intransitivos, de sorte que o particí-
Ho incontrato l'addetto ai lavori recante il macchinario. pio concorda com o sujeito; exemplo:
(Encontrei-me com o capataz que le vava a maquina ria.),
Giov wma ha pettinato .Jeanne a pei~né la (Joana penteou a
mas o uso do particípio presente com função verbal e m italia no é muito menos Ia bª mbola. poupée. honeca.)
frequente do que cm francês.
Gio'Vmma si e J emme s'est pei~née. (Joana se penteou.)'
pettinata.
J5.1..1. ,\s fonnas cm -ra do português e do espanhol
Siamo arriv ate. Nous sommes (Chegamos
Somente as duas línguas ibéricas conservaram esta forma, herdada do pretérito
arri-t.•ées. [nós= mulheres] .)
mais-que-perfeito latino ama(v e)ram, que adquiriu na Idade .Média um duplo
valor:
. ºdem na escolha do auxiliar do
Nem sempre, Po re' m, estas línguas comc1
verho intransitivo:
19k Clram:ifiL'a i;,:f,111parn(j\·a Jlciu,1 i:-.~ quarn >fú1(!l1.1s nunú11it.:;1s
X\' Empn•~o l' sint:1xt.• d:1:-- t'orm:,s , ·crhab 199

• Em italiano se d irá para o próprio verbo gssere "sono stato" (estiw ou


fui ), mas em francês o verbo être se constrói com avoir:j'ai été; L'anno aperta, la finestra. (Abriram-na, a janela.),
• Outros exemplos:
(it.) Mi sono sembrati offesi. (fr.) /Is m 'ont semblé offensés. mas
(Eles me pareceram ofendidos.),
(it.) Siamo 1iusciti a entrare. = Hanno aperto (melhor que aperta) lafinestra. (Abriram a janela.)
( fr.) Nous atJons réussi à entrer.
(Conseguimos entra r.) Lafinestra che hanno aperto
(A janela que abriram.)
(mais frequente que ... aperta).
O enunciado francês il a plu se con strói como o espanhol ha llovido, ao
passo que o italiano oferece duas possibilidades: e piov uco e ha piovuto ... ao passo que em francês a concordância do pa rticípio ocorre se o complemento
Outra divergência: com os três verbos italianos dovere (dever), potere (po- precede o verbo:
der) e volere (querer) o auxiliar recomendado n o tempo composto é geralmente
o que exige o infinitivo que o segue. Por exemplo, se ocorre o mesmo auxiliar em: lls l'ont ouverte, lajenêtre.
Lajenêtre qu'ils ont ouverte.
Cario ha dovu.to (potuto, voluto) telefonare. (Carlos teve de [pôde,
Charles a dú (pu, voulu) téléphoru.,'T. quis) telefonar.) em contraste com:

é porque se di z ha telefonato com a'Vere. No entanto, haverá discrepância entre Jls ont ouvert la fenêtre.
Cario e dovuto uscire (embora também se admita Cario ha dovuto uscire) e
Charles a du sortir (Carlos teve de sair), porque o verbo italiano uscire se cons- I :=; -, 1 Condicio11ais simples e composto d f
trói com o auxiliar gssere. Na. ·- .. . ,ã
express o od "futuro do passado" ' o italiano se distingue pelo uso a d.
onna
·
De modo geral, quando há diferença de auxiliar entre as duas línguas, o composta, enquanto o português, o espanhol e o francês empregam o con 1c10-
avoir francês ocorre com mais frequência que o gssere italiano. nal (no Brasil, futuro do pretérito):

15.2.2. Concon.lfüwia do particípio na!'i formas compostas


O italiano e o francês distinguem-se também das duas línguas ibéricas no que se Disse-me que
refere à concordância do particípio empregado com ha'Ver ou seus equivalentes: · sposato.
haver ou ter (port.), avere (it.), avoir (fr.).

l:).2.-l . l'rctédto perfeito !-iÍmplcs (0~1 _1wcté 1ito irnldinido) e prctl'.·rito


Temos donnido. perfeito composto (ou prcté dto perfeito) . d . r><io
Hemos donnido.
Tinham-na aberto, a janela. A opção entre estes tempos tem mot1vaçoes
· - às vezes sutis. A mesma enommay~
La habi.an abierto, la ventana.
"pretérito perfeito" para as duas formas esconde uma diferença de natureza: e; e~-

Ohs.: A construção portuguesa Temos a janela aberta corresponde à espa-


panhol cantó é o passado temporal de canta - o falante situa o fato em ~u pr_ V::º
passad o, - enquanto há cantculo exprime um passado aspectual, ou bo seJa,C assm os
a,
nhola Tenemos la ventana abierta , que não constitui mais um " te mpo compos-
to" de abrir. antes de ~ualquer coisa, a conclusão do processo expresso pelo ver ~vê::: :as
dois casos o resultado é a evocação de algo passado, é natural que a con
Em italiano e em francês, é possível a concordância com o objeto direto; duas formas origine alguns problemas.
os princípios que a regem não são inteiramente iguais: em italia no o único caso
em que a concordância é obrigatória é quando o complemento é um pronome
da terceira pessoa: 1. Em espanhol, em geral, lida-se com essa convivência. Em f~ce do mesm;e::::~
.
tec1mento d o passad o, o falante pode
_ revelar claramente
. .o ,hiato com o ---
. _____ p •-'-•~
, .
. 1· .. passou a depender da
, . ,,, Noutras palavras, a d I crença . -
. "passe compose .
perfeito composto sugerir a relação que o fato guarda com o momento em que se seJa, 0 d · ados
dalidade de uso os enunc1 . . d d de soluções que as 4uatro
produz o enunciado ou o próprio falante. Por exemplo: JIIO . _ , ou percorrer a van e a e - . • .
Nossa expos1çao procur . rclativ-1mente à coex1stcnc1a
• Às cinco da tarde a lguém pode declarar: Esta maíicma há llov ido ou Esta · - . d podem proporcionar '
rnt1uas têm proporciona o ou sta - diretamente ligadas ao
mariana llovió (ambas traduzem-se em português como "Esta manhã 1 "' 1· as d e passado - a simples e a compo.
choveu"), sendo a primeira forma a que indica a referência a uma ação das duas orm . • .
passada de ntro de um período de tempo finalizado (aqui o "hoje"); a se- presente .
gunda insiste, antes, na oposição com o momento da enunciação. . . ' .. ,· os do indicativo do portu~uê s
:::.., 5 Os três m:ns-quc-pc1 h.:1t . , t t1ue·s três maneiras de ex-
• J✓a ~uerra ci-r.,,i{ dei 36 fue homble dirá o historiador, ao passo que um 1 ·•·-··· . 1- 1 J) h a cm por u"' · -
"á assinalamos (ci. 1 4 .4 .l , :, . · '
ex-combatente podia testemunhar vários anos depois do conflito: La Como J • d passado·
. . 1a ,~poca anterior a outra o .' .
guerra civil ha sido homble. pnmir un ~
. . . ( etérito mais-que -perfeito simples),
• sem aux1har: a1nara pr , . , ·s-que-perfeito composto),
Sabe-se, porém, que o uso não é uniforme em todo o âmbito de língua espa- .. , . tº ha amado (p retcnto mai . . )
nhola: na língua falada a oposição não é tão evidente e existem áreas nas quais
• com o auxiliar cer. in . a.d ( térito mais-que-pe rfeito composto .
• com o auxiliar ha•ver: hav ia am o pre
predomina nitidamente uma forma sobre a outra, como é o caso do perfeito
. • o m esmo sentido cm português. A língua
simples nas Canárias e cm grande parte da Amé rica. Trata-se de três formas que tem • . postas preferen cialmente
6 orém as formas com • ·,
falada espontânea só cmpre"'ª' p ' . . s se ndo que a forma simples
~- O português revela-se ma is sensível ao corte entre passado e presente, dando ·1· .. Todas ocorrem nos usos escnto. , .
com O aux1 iar cer. • . .
preferência ao "pre térito perfeito simples" para a evocação de um fato consu- constitui um traço de estilo mais formal.
mado:

l •5 • .., (1 O pn.:térito anterior h l (h be cancaclo) e o italia no (o


A guerra civil espanhola foi horrível. - • • . 0 O espan o u - ,
O português desconhece este temp . . º' pouco e somente nas oraçocs
Édison invencou o fonógrafo. ,, ,bhi c:antaW) o empre&am é ,•
"traspassato remoto : e , . , :- .·, Em fran cês, no entanto, mant ·m-sc
suhordinadas temporais da hngua hterana.
Para as ações que se estendem até o mome nto da e nunciação, emprega-se
na língua escrita:
o "pretérito perfeito composto" (cf. obs . em 14.1.2).
( Ele acabou rápido de jantar. )
Il eut v itefait de dtner.
J . O italiano é ainda capaz de manter a distinção entre as duas formas. Em Edi- (Quando acabou d e come•r, t'oi-sc
• emhora.)
Quancl il eut man,gé, il partit.
son invento ilfonografo nel 1877, a invenção é situada em um passado muito
distinto do presente; já em Edison ha inventato il fonógrafo, o fato mantém erfci to composto substitui o simples (cf.
certa atualidade, é como se se dissesse: "Édison é o inventor do fonógrafo". Con- Na língua falada'. u~a vezd qu~ ::ntc composta do perfeito simples:
tudo, principalmente na Itália do norte, a língua falada tende a generalizar o 15.2.4 ), o que se usa e a torma up a
"passato prossimo" (ha inventaco) em detrimento do "passato re moto" (inven-
tô) dizendo Edison ha inventato il Jonografo nel 1877, ao passo que no sul se II a eu '1-'itefait d e diner.
manifesta a preferência inversa. Quancl íl a eu mangé, il est parti.,
• , . , . vale para os dois an te-
-1. Quanto ao francês, sabe-se que em seu período clássico conviveram as duas . d .- e m portugues e a m esm a que
enunciados cu.ia tra uçao
formas e que, segundo aquela prática, podia-se admitir tanto Edison inventa le .,
riores.
phonographe como Edison a inventé le phonographe, com os matizes mencio- i

nados para o italiano.


Atualmente, porém, a distinção se tornou nítida: a língua escrita formal
adota, no relato de fatos passados, o "passé simple" (:; pretérito perfeito sim-
ples), e nquanto n a língua falada n ão se emprega senão a forma composta, ou
202 (jrn111;ftit:íl L'uI1J1>~1rari\·;1 IJ11u:1iss qw1tro lí11.~Ua!-> romúniL':t-'
X\' F.mprc:!!,o ~ ~intax~ 1..l.ts for111:t:-. Yl'rh:1ls 20.l

15.J. a\ VOZ E Ol 'TRAS PERÍFRASES VERBAIS (port. Brasil) Está estudando.


(port. Europa) Está a estudar.
J 5.J. l. Ser e estur
( P ) Está estudiando. , , d· ')
A correspondência geralmente estabelecida entre o par ser - estar, característi- es ) ·Sta scudumdo
(it . (ou com o i·nfinitivo precedido
. de a : Sta a stu tare ·
üo do português e do espanhol, com o par italiano venire -essere (cf. 14.4.2) na · [l est entram
(fr.) . d'étudier (aspecto durattvo).
expressão da voz passiva não é rigorosa: de fato, venire é mais compatível com
a ideia de ação-processo e essere com a de estado; mas é comum que a interpre- Vários outros verb os p odem ,servir de elo entre o sujeito e as formas não
tação da perífrase seja influenciada pelo contexto. pessoais, por exemplo:
Por outro lado, o verbo stare não é estranho ao italiano - cf. a fórmula cor-
rente de saudação Come staí? (Como está?), para exprimir uma dada situação; • com o gerun , J·10.. ir insiste no aspecto progressivo:
em contexto de duração, adquire o valor de ficar, permanecer que encontramos (port. B ras1'l) 0 tempo 'Vai melhorando.
no verbo francês rester (que também procede do latim stare) e no espanhol (esp.) El tíempo 'VU mejorando.
quedarse. Exemplos:
(it.) Il tempo 'Va migliorando., . .,
( fr ) Le temps. s ,a méliore peu a peu (aspecto durat1,o). d · vir e
( it.) Non puà stare un giomo senza vederla. . , • .. os ve rbos de movimento portugueses an ar, ir e
· o part1c1p10.
• com
( fr.) ll ne peut pas rester un jour sans la voir. os espanhóis andar, ir e venir:
( esp.) No puede quedarse um dia sin veria. · · E uropa, ) 0 Pedro andal"Vai muito preocupado.
(port.
(Não consegue ficar um dia sem vê-la.) (esp.) Pedro andal'Va muy preocupado.

Nas construções atributivas cm geral, os verbos ser e estar do português e Trata se de um estad o que .se prolonga numa dada extensãodde tempo.d (b
do espanhol expressam a distinção entre uma propriedade constitutiva, ineren- -
No port d O Bras1•·1 es'ses• usos
, são comuns com advérbios e mo o , em, .
te - com ser - e um aspecto relacionado a uma dada circunstância - com estar. mal) e com .expressoes - preposicionadas
. que denotam estado: Os negocios
Exemplos:
-oi'. daml'Vêmlcorrem bem. _ .
'Va an b.
Em italiano, os ver os a ndare e venire ocorrem em eonstruçoes como.
(port.) O corredor é escuro (trata-se de uma característica constitutiva
do corredor)/0 corredor está escuro (trata-se de uma situação I documentl. andarono .smarriti. (Perderam-se
. os documentos.)
circunstancialmente motivada) , l mmirata. (Foi muito admuada.),
lennemo to a

Não se conhece em italiano, tampouco em francês, esta oposição direta; -


ex ressoes que pod em ter
. "ª., lor passivo, mas
. com matiz
..· dinâmico;
. o andare
em ambos os casos a tradução mais comum se expressa com o verbo g_ssere ou P
italiano . tam h,em l·ntroduzir um matiz de necessidade.
permite
être.
.
'Va consideraw e•h,e ... (Deve-se considerar/ter em consideração que ... )
( i t.) ll corridoio e oscuro. ( fr.) Le couloir est sombre.
.
Outro semiaux,·1·iar 1·requen
• • te do português é.ficar, com sentido resultativo,
J5 ..1.2. Outras perífrases ,·crhais hol quedar-
correspondente ao espan ·
15 ..1.2 .1. Perífrases aspcetuais
Servem para significar numerosos matizes relativos ao aspecto, isto é, à estrutura (port.) A porta ficou fechada.
interna da ação (seu início, curso, fim, resultado, duração, repetição ... ). São mais ( esp.) La puerta quedó cerrada.
numerosas cm português, espanhol e italiano do que em francês.
Voltamos a encontrar entre elas o verhoestar (it. stare), que, seguido de gerún- Para o s,gm , do locativo (port. Onde fica o Palácio?), em espanhol usa-
. ·t··1ca
. Donde está el Palacio?.
1
dio (ou de a+ ú1f1.niti'<:o, no port. europeu), expressa um fato cm processo: se o verb o est a r · :.1:
:1
• com o infinitivo: voltar a (port.), volver a (esp.), wmare a (it.) para - . ~. 'ias ue se manifestam nas orações independentes.
0 Poucas sao as d1vergcnc_ " q . . presença de um advérbio de dúvida
sentido de repetição: 1 . d , plo assinalemos 4uc ª · . ,
i \ gmsa e exem
d , ' , d entes. t'ormas. espanholas
correspon , acaso , talvez, quiza(s
. )
l'óltou a rir. lbfoiô u reí. Tomo a ri_dere. l
como ta vez ou as . assa"cm ao subjuntivo, ao passo que, cm ita-
estar para (port., esp.), stare per (it.) para exprimir a iminência: d , b ode provocar a P • F> - . • d.
diante o \er o p. , . d. d, ··d não é capaz de alterar o modo m ica-
Está para partir. Está para salir. Sta per partire. liano e em francês , o adverb10 e m1 a
tivo do verbo:
Em todos estes casos o francês tem que recorrer a outros meios para ma-
tizar o aspecto da ação. No entanto, as perífrases verbais não são totalmente ,j
ignoradas nessa língua. Exemplos: 1

Talvez (você) tenha/ Acaso tengas Forse hai


• com o verbo venir (vir) para o passado recente: Peut-~tre que tu as
razón. ral1,ione.
A.caba de sair. A.caba de salir. E appena uscito. (tu) tenhas razão. raison.
II vient de sortir.

• com o verbo a/ler (ir) para um futuro mais ou menos próximo: - , su


t o lado nas oraçoes . bordinadas ' as divergências no emprego .dos -
P
Vái chover. l--a a llover. Sta per piQ.vere. ll va pleuvoir. or ou r .' . .. , Para ilustrá-las organizaremos nossa expos1çao
d ·s modos são mais numerosas. .
OI, ~ . clássicos de subordmadas:
Em português usa-se regularmente esta perífrase na língua falada para a em função dos tres tipos , l .. desempenham função de substantivo:
h f as ou comp ettvas, que , l
expressão do futuro temporal. • as su stan iv . , l , ". ·o que ela esteja feliz ( = Sua jelicidac e
n o papel de sujeito: Parece o,..,w

1.'i..L:? .2. 1\.-lifrnses modais parece lógica); 1 t . Admito que ela esteja feliz ( = Admito sua
no papel de comp emen o.
Expressam a necessidade ou a obrigação e se constroem com um infinitivo.
Exemplos: felicidade); d' r , ,.
• , ad'etivas ou relativas, que atuam como a Je !\OS .
as J b lha bem(= um rapaz trabalhador);
rapaz que tra a d •)·
É preciso dormir. Hay que dormir. ... um édico
. que possa curar-me . , (-- um médico capaz e curar-me
.. '
Risognu dormire. Ilfuut dormir.
Hei de trabalhar. ... um m , dvérbios ou complementos circunstanc1a1s, chama-
He de trabajar. Ho da lw,,,orare. J'ai à travai/ler. • as que atuam como a . '. . ..
De-vesfalar. .
das por isso, . . adverbiais ou c1rcunstanc1ms. . ,. - )
Tienes que/ De-vi parlare. Tu dois parler.
Debes hablar.
• • '.
finais: para que e'U· ·saiba ( = para minha mjormaçao , )· ;
.
causais: porque . choveu(= por causa d a chuva ' • , )·
A casa está La casa está La casa e da La maison est . . to ela viajava (= clunmte sua vwgem ,
por pintar. por pintar. dipi_ngere. temporais: enquan d;f· /d d,·)·
à peindre. .
concessivas: ., . dtifi''cil ( = apesar das v teu a es ,
embora. seJa

- • ., •~·ts
1 ;",.--t:.-• e. onwücs
"r
suhstantint~
l~.--1 ..\S REL.\ÇÜES \'ERR\JS :\'O PERÍODO CO~IPOSTO
- • 'l__ I . Caso~ de eom·crgêneia das quatro línguas
1:,,-,,
I .~- ➔. l. Princípios gerais . ..
As principais diferenças que se observam entre as quatro línguas dizem respeito
. , . ~ . . ,(
,,,
. ..
,

ao emprego dos modos verbais indicativo e subjuntivo. Recordemos q ue, gra- Sabemos que Sappwmo che Nous sa'!.lOns que
Ind. Sabemos que
ças ao modo, o falante expressa sua atitude relativamente ao processo verbal:
Paulo está em Pablo está en Paolo e a Roma. Paul est à Rome.
com o modo indicativo, ele assume plenamente a afirmação do processo; com o Roma. Roma.
modo suhjuntivo, ele não a assume plenamente. Se este princípio geral parece
Quero que me Quiero que me Vuglio che tu mi Je veux que
simples, sua aplicação a cada um dos idiomas apresenta matizes, diversifica-se, Subj.
digas a '!.lerdade. digas la '!.lerdad. dica la '!.lerità. tu me dises la
já que não se mostra com nitidez, em todas as partes, a linha de fronte ira entre
vérité.
os dois modos.
r
] 206 '1r:md1ic :1 1-;0111p~trt1 ti , ·:1 ll uu·ii-.s
· ·· ljll'· l t r ,, 1,·11c,u
- :l:,i. rm 11a n u.:as
A •
~X\' Emp rc ~o l' si nrnxi.;.• da:,; t'n r 111:1s n:rh :tb 207

indicativo; o italiano, por sua vez, admite a opção entre os do is modos. Com a
de deNd~s:~:~:~~:~~u:;:od~:g:ras aqu~ ~studadas se _afastam também e m virtu- negação - vale dizer, descartada a esperança - as qua tro línguas recorrem ao
do verbo (ou outro el! mc nto) s ba , md?tl\•adas por vá nos fatores, como o sentido subjuntivo.
u or mante e seu context ( • , Esses qua tro verbos só podem se r com parados relativamente a pa rte de seu
ou presença de negação etc.). o seu tempo, ausencia
conteúdo semântico, já que o sperare italiano e o espérer francês ignora m o valor
Como não é nossa intenç - , · de "aguardar" que o esperar das línguas ibéricas também expressa.
que a ape nas alguns ~xe mplos : : :~~~~;;:enorizar este estudo, daremos desta-

15.4.2.4. Ve rbos de o pinião


l ~ --1 -, -, ,. . - Com um verbo de opinião como crer (port.), creer (esp.), credere (it.), croir e
O... ·- ·- · . anaçao da atitude t.' rc ·s11c cth··1 .. - mot1a l
• C'·''llrc ssao
s enunciados aba ixo e xe mplificam a in te reta ã . . (fr.), é o italiano que se desta ca por preferir o subjuntivo n a subordinada, não só
manife sta na gradação que va i do
. .. . .
t p o da fronteira modal que se
c er o ou categonco ao provável ou possível:
5. na formulaç ão negativa da opinião mas também na afirmativa:

Non credo che Je ne crois pas qu'il


Ind. É certo que Es cierto que E certo che verrà ll est certain que Não creio que Non creo que
abbia ragione. ait raison.
João virá. vendrá Juan. Giovanni. Jean viendra. tenga razón.
tenha razão.
Creddo che abbia Je crois qu'il a
Creio que tem Creo que tiene
ragione. raison.
Subj. É provável que Es probable que E probabile che II est probable que
razão. razón.
João ve nha. ve nga Juan. venga Giovanni. Jean viendra.
A c onstrução com o indicativo , també m possível, dá à cre nça um tom de
É possível que Es possible que E possibile che II est possible que convicção m ais fo rte:
João venha. ve nga Juan. venga Giovanni. Jean vienne.
(Creio que virá. )
Credo c he verrà.
(Cre io que seria melhor assim.)
Credo che sarebbe m eglio cosi.
Em três línguas ocorre o s ubjuntivo à m d'd
ce rteza. Em francê . , . e
1
ª que. o fala nte se afas ta da
isso, pa ra esta noção há prefe ~ .
s e menos c1a ra a separação t 15.-t.2 ..'i . .\ com:ordância dos tempos
l en re certeza e probabilidade; por
renCia pe o modo indi , t' , - . O te mpo do verbo principal pode influir no tem po do verbo subordinado , como
emprego do s ubjun tivo cm ll e st pr<Jbabl J e~ t,o, o que nao impede o comprovam os seguinte s exemplos de orações que se acham subordinad as a um
• e que ean inenne.
verbo de vontade e que refletem o u so atual das três línguas me ridion ais e o do
l.'i.--1.2.J. O ,·c rho c.o;pcrar fran cês clássico nos séculos XVU e XVlll:
Com o verbo esperar (por t., cs p.) sperare (i ) , .
us ua is - com certa margem de flcxi,b íl'd· d t . .' espérer (fr.), as construções
t a e , parttc ularmente e m italiano - são:

Voglio/Bisognerà Je veux/11 faudra


Que ro/Será preciso Quiero/Será
che tu venga. que tu viennes.
que venhas. preciso que
J'espere qu'il vengas.
venga. venga/verrà. viendra. Volevo/ Je voulais/11
Queria/Seria Yo queria/
Bisognerebbe che faudrait que tu
(PB) Não espero mais que Ya no espero Non spero piu Je n'espere plus Seria preciso
preciso que viesses. vinsses.
venha. que venga . che venga. qu'il vienne. que vinieras ou tu venissi.
(PE) Já não espero que vinieses.
venha.
De acordo c om estes exem plos, a correspondência é a seguinte:
Vemos que , no e nunciado a firmativo as d
subjuntivo devido à incertcz .
r . . ,.
1· d ' . . uas mguas tbe n cas preferem o
. ,a imp ica a pela ideia de c spc '
no , o francês, valorizando a pos. s' ib'J'd d . d 1· - rança; por
t t a e e rea tzaçao da espe rança seu pe
, opta tur-
lo
'.\\' Etnprcl!,o L' si11 t :tX.L' da~ t'1,rt1W'.'- n:rli:1h 209

• • • " p • • ~ • '

• < '~ • •• • •• I • • ~ J ~i T :. ,.i ,.,·• ~ • , . . . 'l • • • S • • • •• • • • •

El último que sal~


4

Presente ou futuro Presente O último que sair


(subj.) fechará a (subj.) cerrará la
Passado ou futuro do pretérito Imperfeito porta. fennera la porte.
porta. puerta.
( condicional) Dormirai dove Tu dormiras ou tu
Dormirás onde Dormirás donde
potrai. poun-as.
puderes. puedas.
Quando se empregam tempos compostos, o auxiliar toma a forma temporal
conveniente. Vemos que, nestes casos, enquanto o português e o espanhol recorr~m re~-
Esta "regra" não se aplica com todo o rigor. Em português, como cm espa-
pectivamentc ao futuro e ao presente do modo suhjuntivo, o italiano e o trances
nhol, não é impossível ouvir e dizer Mandaram que estudasse/Mandarem que
cstudiara (ou cstudiase) e Mandaram que estude/Mandarem que estudie. A utilizam o futuro do indicativo.
única exigência é que, com um verbo de vontade, o verbo subordinado se encon-
tre em um tempo posterior ao do verbo principal. } 5.-l.-l. "ªs orações adverbiais
Nestas, modo do verbo depende do tipo de relação que exis~e entre as ~uas
Com os demais verbos que regem subjuntivo o verbo subordinado guarda 0
proposições, relação esta que se expressa, antes de qualquer coisa, _pela conJu~-
sua independência temporal. Os seguintes exemplos com verbos principais de
ção que introduz a subordinada, como teremos oportunidade de ilustrar mais
dúvida ilustram essa relativa autonomia:
adiante (cf. 16.2).
Tamhém aqui nos limitaremos a mais uns poucos exemplos.

Duvido/Não creio que Dudo/No creo Dubito/Non credo Je doute/Je ne crois 15.-l.-l. l . Suhordinadas temporais introduzidas por <11wmlo
seja/fosse verdade. que sea/fuera ou che sia/fosse pas que ce soit/fút Se contexto é de presente ou de passado, a construção é idêntica nas quatro
O
fuese verdad. vero. vrai. línguas:

Em francês moderno, cm todo o caso, já não se registram problemas de


concordância temporal, porque caíram cm desuso os pretéritos imperfeito e Quando posso,
Quando posso, saio. Cuando puedo, sors.
mais-que-pe rfeito do subjuntivo. Em francês corrente diz-se: salgo. esco.
Cuando pude, salí. Quando potei, uscii. Quand j'ai pu, je
Je voulais/l[faudrait que tu viennes. (Eu queria/Seria preciso que Quando pude, saí. suis sorti.
você viesse.)
.Jc regrettais que tu ne sois pas venu. (Eu lamentaria que [ou se ) Por outro lado, em contextos de futuro, observamos novamente algumas
você não viesse.)
divergências:

:-,Ja língua escrita mais elaborada ainda se podem encontrar estes dois tem-
pos quando se trata dos verbos être e avoir e da terceira pessoa do singular de
Quando puder, Cuando pueda,
qualquer outro verbo. \lo que se refere à concordância dos tempos, tanto quanto useiro. sortirai.
sairei. saldré.
e m outros aspectos, o francês se revela me nos conservador do que as três línguas
meridionais. Enquanto O espanhol requer o presente do subjuntivo, o português _adota
futuro do mesmo modo - solução que era conhecida no espanhol antigo. O
15.-L). ~as orw.;ücs adjctirns 0
italiano e O francês, por seu turno, empregam o m esmo tempo (futuro) e modo
As poucas diferenças se observam, sobretudo, nas o rações que qualificam um
antecedente indeterminado, especialmente cm contexto de futuro: (indicativo) da oração principal.
X\' Em prego L' ~inta,._. <Lts fonu,,~ n:rh :1i:-. 211
210 <~rnrn:irica L'<>tHp;1 r:1ti\•:1 llouaiss quatro línguas romftn ic:,~

Se se trata de um futuro referido a um momento do passado a t . ,\d\'crtência:-:


a prese nta algumas peculiaridades: , ranspos1ção n) As construções indicadas são as m a is frequentes e não e xclue m certa
liberdade, sobretudo em italiano, que favorece a expressão de não pou·
cos matizes semânticos.
h) Em Portugal, a língua falada contemporânea prefere substituir o futuro
Eu sabia que Je savais que "·1
do pretérito (condicional) da oração principal (ex.: sairia ) pelo imperfeito
quando pudesse, cuando pudiera, avrei potuto, sarei quand je pourraiat ':;i~
sairia/saía. saldría. uscito. Je sortirais. ) do indicativo (saía).
~ e) Uma particularidade do francês se revela na coordenação de duas subor-
dinadas hipotéticas, d e sorte que a segunda possa ser introduzida por um
, Se o futuro do pretérito (condicional) se impõe na completiva das u t que seguido de um subjuntivo; ex.:
h_ngu~s, obse rvamos, por outro lado, que o italiano requer não O futuro doq r:t~o Si naus ne répondons pas et que le danger soit réel...
nto simples, ~as sua forma composta (cf. 15.2 ..3) . p .
(Se não respondemos e o perigo é real...)
t d ~a i.raç~o adverbial, o português e o espanhol adotam o pre térito imperfei-
r~to ~ su ~~~uvo, ao passo que o italia no e o francês optam pelo futuro do preté•
15.--1.:,. O futuro do suhjuntinl do português
f cond1c1onal); contudo, também neste caso trata-se da forma composta d Conforme acabamos de ver, este tempo continua bem vivo no português m oder·
uturo do pretérito. O italiano admite a inda, nas mesmas condições .
do subjuntivo_ u , .,
.rf . o
· , o 1mpe eito no, ao passo que no espanhol atual não figura mais nos registros correntes; tam-
!'
. ma vez mais, composto - na subordinada temporal (Sapev he bém no italia no e no francês esta forma não existe m ais. Esta pa rticula ridade do
~W:,ndo_bª~~ssi potuto, sarei useiro), fato que te m semelhanças parciais coo; as português é o m otivo de dificuldades para os falantes de outras línguas români- \ 1
l m6 uas 1 encas. cas. Por isso é importante realçar as condições de seu uso: ele não é empregado
senão e m orações suhordinadas, para a expressão de urna ação ou estado hipO·
l
1 .

15.--l.4.2. Suhordina<las co ndicionais introduzidas por se téticos, prováveis, que ordinariamente se situam no futuro, mas também podem
Partamos dos três enunciados seguintes: situar-se no presente . Por esta razão, é frequente a permuta entre o futuro e o
presente do subjuntivo na expressão do mesmo conteúdo temporal.
Além das orações relativas (cf. 15.4.3), temporais (cf. 15.4.4 .1) e condicionais
Si je peux, je sors.
(cf. 15.4.4.2), podemos citar outras suhordinadas:
Se puder, sairei. Si puedo, saldré. Se potro/posso, Sije peux, a) relativas: co m que, ex.: As p essoas qu.e quisere m (ou queiram) infor·
useiro. je sortirai. mação poderão pôr-se em contato comigo;
h) comparativas: com como, ex.: Será como <1uiseres (ou queiras);
Se pudesse, Si pudiese/pudiera, Se pot ess1,· uscirei. Si je pouvais,
sairia/saía. saldría. je sortirais. e)temporais:
• com depois que, logo que, ex.: Logo que puder (ou possa), apareço;
Uma ~ez_ ma_is, as diferenças se manifestam em contexto de futuro. Com este • com sempre que, ex.: Pode chamar-me sempre que quiser (ou queira);
tempo
d ddo md1cat1vo . bor d.mante, somente em português há alte ração
- no ve. r bo su · • com enquanto, ex.: Enquanto estfoer aqui, fico à sua disposição.
~-mo ~ na oraçao subordinada, com o emprego do futuro do subjuntivo· o fran-
ccs, assim como o espanhol
' modem 0 , conserva o modo indicativo mas no, tempo É interessante lemhrar que ao lado das conjunções e locuções conjuntiva s
~r:~en~e, enquanto o italiano é o único dos quatro idiomas que ad~te o futuro do temporais dos e xemplos a nteriores existem outras que introduzem verhos no
m icat1vo na subordinada como construção preponderante. prese nte, mas não no fu turo do subjuntivo: antes que (Antes que ama nheça,
, P~ra ª. r~laç~o com o conteúdo condicional da oração principa l as três vou-me embora); até que (Não descansarei a té que acabe este trabalho).
1mguas
. mend10na1s
. requerem , na su , b ord'm a d a, o preteri
, to impe rfeito do' subiun· Esta dupla sintaxe, que corresponde à do espanhol antigo, tem sua explica·
tivo;
. somente o tra ncês , que perd cu esta forma
, , recorre ao imperfeito d . dJ ' . ção. Com as c onjunções do primeiro grupo, as que regem o futuro do subjuntivo,
t1vo Esta me s , . b o m 1ca a ação expressa na subordinada temporal 6 anterior à que se declara na principal
·"e' ;,ma pratica se O serva n as comparativas hipotéticas introduz1'das
Por orno se : · (Podes <L-ir quando quiseres implica que o desejo de vir precede à vinda). Com as
do segundo grupo, as que se constroem com o presente do subjuntivo, ocorre o
como se fosses rico. como si fueras/ come se (tu) commesi tu contrário: a ntes implica que a ação significada pela oração subordinada é poste•
fueses rico. fossi rico. étais riche.
rior à que vem expressa na principal.
215

As conjunções são palavras invariáveis que ligam constituintes da oração ou partes


de orações. Duas orações ou partes de uma o ração podem unir-se sem que uma de-
las seja constituinte da outra. Neste caso, as orações ou partes da oração se acham
coordenadas e a conjunção que as liga se chama conjunção coordenativa {16.1).
Se, no entanto, uma das orações tiver com a outra um nexo de dependê ncia, es-
tamos perante uma construção de subordinação e a palavra que as liga é uma
conjunção subordinativa (16.2). Num caso particular de subordinação, as orações
relativas, o que articula as duas frases são pronomes relativos (ver cap. XI).

16. 1. Cül\'Jl ~ÇÜES COORDE'.'i'ATIVAS

16.1.1. Aditivas ou copulativas


A conjunção aditiva básica é e; com valor negativo o português tem nem ou
nem... ncm. O quadro seguinte apresenta estas conjunções nas quatro línguas
românicas:

e y/e e/ed et
nem ni né ni
nem... nem ni...ni né ... né ni. .. ni
nem... tampouco ni. .. tanpoco ni. .. non plus
I
e... também não e/ed ...neanche et...non plus ·-'~,
1
Eis alguns exemplos ilustrativos:

Conheço a Conozco la Conosco la Je connais le


Dinamarca e a Dinamarca y Danimarca e la Danemark et
Alemanha. I' Alemafia. Gennania. l'Allemagne.
Não irei a Roma nem No lré ni a Roma ni Non andro a Roma né Je n'irai pas à Rome ni
a Paris. a Paris. a Parigi. à Paris.
No iré a Roma ni a Non andro né a Roma Je n'irai ni à Rome ni
París. néaParigi. à Paris.
Não irá a Roma e eu No irá a Roma ni yo Non andrà a Roma ed Il n'ira pas à Rome et
também não/e eu tampoco. lo neanche/neanch' io. moi non plus/ni moi
tampouco. non plus.

Assinale-se que, quando ne m em português e equivalentes e m espanhol e


italia no seguem o verbo, a negação não é obrigatória; quando se encontram an-
tes do verbo, a negação não é empregada nessas línguas, ao contrário do francês,
cm que ne é obrigatório (ver 18.9).
I(>.1.--1. Condusirns
I 6.1.2 .. \ltcmatirns As conjunções conclusivas servem para introduzir uma oração que exprime uma
A conjunção fundamental é ou em português O cm espanhol O em ·e r
(bien) cm francês: ,' . , 1 a iano e ou consequência em relação à primeira oração:
dunque donc
pois pues
Quer chá ou café? Quiere té o café? Vuole te o caffe/ Voulez-vous du thé pourquoi
ou du café? luego quindi
oppure caffe? logo
pertanto c'est pourquoi
portanto por eso, por lo tanto
Ou... ou usa-se para exprimir alternativas que se excluem. diconseguenza par conséquent
por conseguinte por conseguiente
Ou e_ ainda quer. ..quer, seja... seja, ora... ora exprimem alternativas que po- ainsi, aussi
dem ou nao excluir-se. assim

seja ... seja sea ...sea sia ...sía/che soit...soit Exemplos:


ora ...ora ya...ya 0 ...0 ou (bien) ... ou (bien) Penso,dunque Je pense, donc je
Penso, logo existo. Pienso, luego existo.
sono. suis. 1.
quer...quer quier... quier talvolta ...talvolta
talvolta ...talaltra
Tal como a forma pois, também pues, dunque e donc podem usar-se em frases
Em espanhol, o toma-seu antes de palavras começadas por vogal: uno u outro. simples para marcar a insistência:

16. l.J . .\dn!rsativas Venga dunque! Venez donc!


Pois venha! jPues venga!
~erv~m para l_íga~ dois constituintes de frase ou duas frases em que a se~umla
expnme uma ideia de contraste: ·
Aussi leva à inversão da ordem normal de palavras:
mas pero/mas, ma mais .Jean est parti; aussi, peut-on préparer sa chambre.
sino
sin embargo pero pourtant I<>.1.5. Explicatirns
porém Estas conjunções servem para ligar duas orações, de maneira que a segunda
todavia tuttavia cependant delas apresenta uma razão para o ato de exprimir o conteúdo da primeira. Apro-
toutefois ximam-se por isso das conjunções subordinadas causais ( 16.2.4); no entanto,
contudo contodo pure, eppure
distinguem-se delas porque a oração explicativa segue sempre a outra oração, ao
no entanto no obstante nondimeno néanmoins contrário das subordinadas, em que a ordem das proposições pode variar:

_Em espanhol, mas é menos frequente que pero; sino usa-se depois de um termo poiché car
pois pues
negativo: No era el, sino su hermano.
giacché
porquanto
in fatti en effet
Outros exemplos: com efeito en effecto

Gosto desta casa, mas Me gusta esta casa, Mi piace questa Cette maison me Exemplos:
parece-me muito cara. pero me parece muy casa, ma mi pare plait, mais elle me Parli pio forte, Parlez plus fort, car
Fale mais alto, Hable más fuerte,
cara. molto cara. semble bien chere. in fatti sento male. j'entends mal.
pois ouço mal. pues oigo mal.

Contudo, íY sin embargo, se Eppur si muove ! Et pourtant elle


move-se! muevc! toume!
18 <.~rn111:ítie;~ c..:nmparnti,·a linu.:ti:-;s qu:1tn• lín,êt1.as ron1ii.11ic<ls

H, . .2. CO:\'.JC\(:ÜES Sl'BORDt:\.\TIYc\S 16.2.-1. Causais - d


· · d - que exprime a razao e ser ou a
As conjunções causais mtro uzem uma oraçao
causa do conteúdo da outra oração:
16.2.1. lnh..'~r:mtes
A conjunção fundamental é a mesma para as quatro línguas, independentemen- perché parce que
porque porque
te de certas diferenças de grafia e de pronúncia: que em português, espanhol e
poiché puisque
francês, che em italiano: pois que puesto que

giacché comme
Disse-me que viria. Mi dijo que vendría. Mi disse che 11 m'a dit qu'il já que yaque
sarebbe venuto. viendrait.
como siccome
como
J <,.2.2. Fiuais dado que dato che étant donné que
dado que
Para introduzir uma oração que exprime a finalidade ou o propósito do conteúdo
dai momento che du moment que
expresso pela primeira oração, as conjunções e locuções mais frequentes são: uma vez que desde el momento
enque
para que para que perché pour que
a fim de que a finde que affinché à finque Ohs.: Como os quadros revelam, o italiano dispõe de uma conjunção per-
ché que tem valor de finalidade (ver 16.2.2) e de causa.
Exemplos:
Non potrà venire II ne pourra pas
Não pode vir No podrá venir
Telefono-lhe para Le telefoneo, para Le telefono, perché Je vous téléphone venir, parce qu'il est
porque está perché e maiato.
que seja o primeiro que sea el primero sia il primo a pour que vous soyez porque está
malade.
doente. enfermo.
a saber a notícia. en saber la noticia. sapere la notizia. le premier à savoir la
nouvelle. Porque está Perché e maiato, non Parce qu'il est
Porque está malade, il ne pourra
doente, não pode enfermo, no podrá potrà veníre.
pas venir.
l 6.2 ..1. Consecutirns vir. venir.

As quatro línguas possuem um conjunto numeroso de locuções para introduzir


uma oração que exprime relativamente a outra a ideia de consequência: 16.2.:;. Tcmpoi-ais .
Podem exprimir relações de simultaneidade, anterioridade, p ostendade entre
tão ...que tan ...que cosL.che si...que duas proposições:
tanto que tanto que a tal punto che tant... que quando, allorché, quand, lorsque,
quando, como cuando, como
come comme
de modo que de modo que di modo che de façon que
mentre pendant que
de forma que de forma que enquanto mientras

de maneira que de manera que in maniera che prima che avant que
antes que antes de que
de sorte que de suerte que talmente che de (telle) sorte que apres que
despues de que dopo che
depois que

Exemplos: appena des que, à peine


apenas, mal apenas

Fala tão depressa Habla tan de prisa finché jusqu'à ce que


Parla cosi in fretta ll parle si vite que até que hasta que
que não posso quenopuedo che non posso je ne peux pas le
o~i volta che toutes les fois que
compreendê-lo. enterderlo. capirlo. comprendre. sempre que, siempre que,
cada vez que cada vez que
2:?0 llr:1111:í ti, .-:1 c111npar:111\·a ( l,,uab."" qu:11r,, l111gua:-- n 1111:11 1k.i:--

Outros e xemplos: Quoique j'ai faim,


Exemplos: Bcnché abbia
Embora tenha fome , Aunque tenga je ne mangerai pas.
hambre, no vo a fame, non
Quando puder Cuando pueda Quando potro, Quand je pourrai, não vou comer.
comer. mangerõ.
sairei/saio. saldré. useiro. je sortirai.
- , . .. ivoir beau infinitivo , co rrespondente ao
16. 2. (>. Condicionais ou hipotéticas É de notar a expressao frances a l . . eon tr-1stivo: II a beau
. ,. . . . de sentido con<:ess1vo ou '.
Além de se e seus equivale ntes nas outras línguas e de locuções com se, há uma ·1taliano lia un bel(lo) mttmu,o , . 1. ti · ·tulliare mm e staw promesso.
,
. .1-1 11 • a pas reus.st• 1•exmnen
· · Ha un oe o .s '
s érie de outras locuções com que para m arca r uma hipó tese: étu d ter,

se si se si t6,., 8 .\ conjunçfio como ·panhol comc/siccome


·-· . . . eras línguas (como em es '
como se como si come se commesi Como e seus e quivalente s nas ou . . d "f ' ntes valores em particular o
francês) expnmem • ere ' .
caso en caso (de) que nel caso che au cas ou em italiano e com me em - • . . . .d com o causal ocupa sempre a pn-
sa A oraçao m1c1a a po r d
comparativo e a cau. . , . f' a ão pressuposta, conheci a:
contanto que con tal (de) que purché pourvu que . pos1ça
mcira .· ;-o , J•á "nuc expressa um a m orm ç
desde que con la condición (de) a condizione che à condition que Mente come respira. ll ment comme
Mente como Miente como il respire.
que respira.
respira. Comme il pleuvait,
Como llovía, Siccome pioveva,
Como chovia, jc ne suis pas sorti.
Exemplos: no salí. non sono uscito.
não saí.
Si je pouvais, je
Se pudesse, sairia. Si pudiera, saldría. Se potessi, uscirei.
sortirais.
Contanto que venha, Con tal que venga, Purché venga, tutto Pourvu qu'il vienne,
tudo estará bem. todo irá bien. andrà hcne. tout ira bien.

16.2.7. Conccssi\'as
,\ o ração concessiva, tal com o a advcrsatin1 , exprime uma s ituação inesperada
ou uma s ituação 4ue não é con forme a s expectativas, relativamente ao com cúdo
da o utra oração:

embora aunque henché quoique


se bem que si bien sebhene bien que
não obstante nonostante
apesar de que a pesar de que malgrado che malgré que
ainda que ancorché encore que

A maio r parte das conjunções concessivas leva ao uso do s ubjuntivo/con-


juntivo. Mêm e si cm francês e anche se e m italiano se lecio nam o indica tivo. Em
espanho l, aunque pode admitir o indicativo ou o conjuntivo:
Aunque llue-tJc, saldrás./Aunque llueva, saldrás.
225

17.1 ASPECTOS GERAIS

Assim como as conjunções e o~ pronomes relativos, as preposições são elemen-


tos de relação e , por isso, se antepõem a unidades que se to rnam, em virtude
delas, partes sintaticamente dependentes de unidades maiores. O que as parti-
culariza nesse conjunto é o fato de virem seguidas de subs tantivos, pronomes
subs tantivos, adjetivos, infinitivos e até mesmo advérbios: rosto de m enina, cqfé
sem açúcar, mensagem para alguém, cair de podre , cansado de lrabalhar,
viajar para longe. Podem ser simples (d e, para, desde) ou compostas, formando
as chamadas locuções prepositivas (apesar de, em volta de, quanto a).
Tanto quanto as demais espécies de conectivos, as preposições contribuem
de forma mais ou menos relevante para o significado das construções de que
pa rticipam. Essa maior ou menor relevância semântica da preposição está re-
lacionada às possibilida des de opção de quem fala ou escreve no momento de
construir os e nunciados. Em muitos casos, a preposição não é escolhida confor-
me o sentido que é capaz de acrescentar às construções, mas exigida pela pala-
vra que a precede, seja um verbo, um substantivo, um adjetivo ou um advérbio.
Em penso em você, ela depende de mim, sonhei com ela, estou confia nte na
vilória, cídade de Roma, tenho medo de fantasma, contas relativas ao m ês,
moro perto do trabalho, a preposição, enfraquecida, tende a ser um apêndice
formal de um núcleo representado pe la palavra que a precede, e a palavra ou
palavras que se seguem têm o papel de complemento desse núcleo. Esta função
purame nte sintática dessas preposições explica s ua maior frequência de uso nas
quatro línguas românicas, como se verá mais à frente.
Diversa é a situação da preposição em v iajou sem destino, v iajou com a
familin , v iajou para o Sul, v iajou pelo litoral , viaj ou entre os m eses d e a bril
e junho , caixa de madeira, caixa para charutos , colher de sobremesa, colhe r
de pau, colher de conhaque. Neste conjunto de exemplos, a preposição forma
com a unidade seguinte um sintagma preposicional que e quivale, pela posição
que ocupa e pe las re lações d e sentido que expressa, a um adjetivo ou a um ad-
vérbio, além de se destacar, por ser uma opção e ntre outras, pelo significado que
acrescenta à construção. Uma vez que st!mpre con tribuem para o significado das
construções, as locuções prepositivas são deste segundo tipo.

17.2 .. \ S PREPOSIÇÜES ~L\JS FREQl'E~TES

Os estudos estatísticos do vocabulá rio português, espanhol, italiano e francês reve-


lam que se reduz a um pequeno número (por volta de seis em cada uma das quatro
línguas estudadas) o e lenco de preposições simples mais frequentemente e mprega-
das. Por orde m decrescente, de em português, de em espanhol, di em italiano c de
em francês são as ma is usuais, seguidas, na mesma ordem das línguas estudadas,
226 (jr:1111:ítica co111p:1raci\· a ll<1u:1i~~ t.1u:u ro lín.Cu a!- ro m ;lnic a :,,

A simetria e ntre as quatro línguas é por vezes rompida:


por a e à; em, en , in, en . Essas três primeiras preposições - d e, a e em - represen-
tam cerca de oitenta por cento do total das ocorrências de preposições nas quatro
línguas românicas. As outras preposições mais frequentes são as equivale ntes a
para, por e com . Vejamos as correspondências, nas três outras línguas, das seis A casa de Pedro A casa de Pedro
preposições mais frequentes:
La ville d e Rome
A cidade de Roma La ciudad de Roma La città de Roma

de de di de li migliore di tutti Le meilleur de tous


O melhor de todos EI mejor de todos
da
a a a à Mo rire di sete Mourir de soif
Morrer de sede Morirde sed
Parlare di politica Parler de politique
em en in dans (en) Falar de política llablar de política

para para per pour/par Avvicinarsi a S'approcher de


Acercar-se de Acercarse a
por por Aproxima rse a Approssimarsi a
Aproximar-se de
com con con avec Avizinhar-se de
Viene da Parigi II vient de Paris
Vem de Paris Viene de Paris

Podem-se notar as semelhanças com a preposição a (à, em francês), a pre- II est connu de tous
posição de (di, em italiano) e a preposição em (italiano in, francês e espanhol É conhecido de/por Es conocido de/por E conosciuto da
todos tutti
en). É de nota r, ainda, a diferença do equivale nte de com em francês (avec). A todos
Dai martedl al Du mardi au jeudi
preposição de se desdobra em italiano em di e da. Os equivalentes das preposi- De terça a quinta Del martes a
ções para e por do português se uniform izam e m italiano (per) e se "alternam" jueves giovedi
Dare del ladro a Traiter quelq'un de
em fra ncês (pour!par). Analisemos, então, de maneira mais precisa, o conte údo Tachar a uno de
semântico e as condições de emprego das seis preposições apresentadas.
Chamar alguém de
qualcuno voleur [
ladrão ladrón J
E vietato fumare ll est défendu de
É proibido fumar Está proibido
17.2. 1.. \ prcposi-;ão e/e c seus cquh·alcntcs fumer
fumar
Esta preposição tem emprego variado, devendo-se distinguir, numa comparação
das quatro línguas, principalmente os seguintes tipos de ocorrência: Como se pode depreender do quadro comparativo, o ita liano da rompe o
:1) expressão de "genitivo", relacionador nominal com diferentes significa- . N·, l 'nóua a preposição da é empregada nos seguintes casos:
para1e 1ismo. essa 1 "' , . • (Ch d
dos (casa de Pedro, "posse"; anel de ouro, "matéria"; lista de telejonR-s, • Para indicar O lugar de onde se vem: E arri'vato da Pangi egou e
"conteúdo");
Paris ). d
h ) preposição dependente de verbos e de substantivos e adjetivos correspon- • Como equivalente de por para introduzir um co','1~leme~to e a~c~te:
dentes a esses verbos, geralmente com valor locativo (veio de Paris/vinda de L'ultimo libro pubblicato da questo autore (O ulumo livro publicado
Paris; apro.>.,"imou-se de alguém;Niu da cadeia/fuga da cadeia/fugitivo da por este autor). . __
cadeia), e ocasionalmente com outros significados (falar de política); • ~o se ntido de em casa d e: Hahita dai fratello (Mora com o 1rmao [ = na
l') preposição que assinala um atributo (chamar a lguém de ladrão );
casa do irmão 1).
d) preposição que assinala uma causa (morrer de sede/morto de sede, cair
· - da se opo~e a
de podre); ,
nprepos1ça 0 . , •, adi , criando dife renças semânticas
, ' •s vezes . .·inte-
l') preposição que assinala um modo, um meio (dormir de pijama, viajar rcssantes. Em un bicchiere divino (um copo de vinho), por exem~_lo, C~l asSmala
de avião) ; o conte údo do copo; já em un hicchiere da v i110, da expressa a hnahdade: um
f) preposição que assinala um agente (ser conhecido de [=por) todos). copo utilizado para servir/beher vinho.
228 ( ir~rm;.íth:a '-'o mpar:1ri\·:1 11<,uais)\ c..,uarn, JíJJ!!tws n1m :i11ic:1s

Como já vimos em outro capítulo, di é cm regado co .


superioridade e de inferioridade, como, por exe:plo· M, . m,os .:omparat1_vos de Note-se, em espanhol, a existência de acusativo preposic ional, ou seja, o
g <->nte d"p ·
1 ietro " · an.a e piu (meno) mt ll"
. Nesse caso as três outras líng e a,. emprego da preposição a entre o verbo e um objeto direto humano. Esse acusa-
(menos) inteligente (do) que Pedro. uas empregam que: Maria é tnais tivo preposicional é raramente usado em português, salvo se o objeto é um pro-
É de notar ainda uma peculiaridade do francês, como ilustra o último nome pessoal acentuado (Ele só conhece a mim ; Conheço-o a ele). Em italiano
pio do q~ad~o, ao usar a preposição de para introduzir uma oração infinit" exem. e em francês tais formas não são empregadas.
construçao impessoal: II est défendu defu.mer (É proibido fumar). iva numa

17.2.2. ,\preposição" e seus equirnlcntcs Conheço o seu amigo Conozco a su amigo Conosco il suo Je connais son
amico ami
1a~i:p~iç~o ;. tem também diferentes valores, destacando-se o a expressão do
o. ~ o ivro a Pedro), o a locativo (Vou a Paris) e o a temporal (S . .
ao meio-dia) Em <1eral h . . airei
• · o , a eqmva1entes nas quatro línguas românica .
;::pt;:~::::;e:. A prepos!ção a em francês, porém, distingue-se de
e de dete . m__ portugues, espanhol e italiano por exprimir valores de posse
:::;ªe:;~ No português brasileiro, alguns valores Iocativos da preposição a (Chega-
mos a casa; Sentei-me à m esa; Vou a Petrópolis) perte ncem às variedades for-
mais da língua; nos usos informais ou coloquiais, falados e escritos, o normal é o
. rmmaçao que nessas línguas são expressos por de em emprego de em (Chegamos em casa; Sentei na mesa; Vou em Petrópolis).
eqmvalentes. , , com e seus
Em português diz-se Vou an cabeleireiro, como em espanhol Voy a la pelu-
Vejamos o quadro abaixo:
queria. Para a mesma construção, o italiano emprega dai e o francês chez: Vado
dal parruchiere; Je vais che~ le coiffeur.
Com o infinitivo introduzido por um verbo de movimento, como ir, o espa-
Je donne ce livre à nhol e o italiano empregam a preposição a, enquanto em português e em francês
Pierre tal preposição não é usada.
Este carro é Este coche es de Questa macchina e Cette voiture est à
de/do João Juan di Giovanni Jean
Volta a/para Vuelve a casa Vou visitar a cidade Voy a visitar Ia Vado a visitare la Je vais visiter la
Toma a casa II rentre à la
casa ciudad città ville
maison
Fica em casa Se queda en casa rumane ann casa II reste à Ia maison
17.2.J.. \ preposição em e seus equivalentes
Às três (horas) A lastres Alle (ore) tre À trois heures O sentido locativo (interiorização espacial, temporal ou mais abstrato) encontra
o seu equivalente nas preposições en em espanhol, in em italiano e enldans cm
Papel de cartas Papel de cartas francês. Esse paralelismo, entretanto, nem sempre se dá perfeitamente, como
Carta da lettere Papier à lettres
se pode observar no quadro abaixo, devendo destacar-se os valores de algumas
Torta de maçã Tarta de manzana preposições: danslen, em francês, pode ter valor temporal igual a de (port./esp.)
Torta di mele Tarte a~ pommes e in (it.). Ao português como podem corresponder o da (it.) e o en (fr.). Note-se
O homem com ainda o en (fr.) na expressão de intensidade de plus en plus.
EI hombre L'uomocom
(a)lde (a) barba L'homme à la barbe
com/de barba laldalla barba - ' - • ~' - • • ·~ 'J.;.

branca blanche . . . ·~ . . ~·
bianca bianca . . ,. . :··
De joelhos De rodillas Nesta cidade En esta ciudad ln questa città Dans cette ville
ln ginocchio À genoux
Na caixa En lacaja Nellacassa Dans la caísse
Pensa em tudo Piensa en todo Pensa a tutto Dentro da caixa Dentro de la caja Dentro alia cassa
li pense à tout
Dentro la cassa
X\'11 .\:-. prL'posiçcll..'s 231
2JO {;ram:ítlL":t l:ompar;1{i\·;~ 11,,uaiss qu:1tn) línguas r,mlr111k·:1s

Falar em francês Hablar en francés Parlare in francese Parler en français Partiu para Paris Paris

Ho portato un J'ai apporté un


En inviemo D'inverno En hiver Trouxe um presente He traído un regalo
No inverno cadeau pour Marie
para Maria regalo per Maria
ln inverno para Maria
Tengo trabajo para Ho (dei) lavoro per J'ai du travail pour
De férias De vacaciones ln vacanza En vacances Tenho trabalho para six mois
seis meses sei mesi
seis meses
Sono venuto qui Je suis venu ici
Está em/na França Está en Francia Ein Francia II est en France Vim aqui para ver o He venido aqui
per vedere Pietro pour voir Pierre
Pedro para ver a Pedro

A sátira social em La sátira social en La satire sociale La satire sociale Ho comprato (dei) J'ai acheté des
Comprei flores para He comprado
Bocage Bocage in Bocage che,o Bocage fiori per lei fleurs pour elle
ela flores para ella
Vai a/à França Vaa Francia Va in Francia II va en France L'ho apprezzato Je l'ai apprécié
Apreciei-o por Le he apreciado
Comportar-se como Portarse como Comportarsi da Se conduire en per le sue qualità pour ses qualités
(pelas) suas por sus cualidades
uma pessoa bem una persona bien persona educata personne bien
qualidades
educada educada élevée Chiuso per lutto Fenné pour cause
Fechado por motivo Cerrado por
É cada ve,o mais Escadave,omás Esempre piu C'est de plus en de déces
de falecimento defunción
difícil difícil diffícile plus difficile
Dentro de dois dias Dentro de dos días Fra/tra due giomi Dans deux jours Hanno spedito la Ils ont expédié la
Despacharam a Despacharon la
lettera per posta lettre par la poste
carta pelo correio carta por el correo

Caso típico da língua francesa a ser considerado é o emprego de chez, que, Sacrificarsi per la Se sacrifier pour la
Sacrificar-se Sacrificarse por la
patria patrie
como vimos em quadro anterior, significa em casa de, mas que pode , conforme pela pátria patria
o exemplo acima, significar também na obra de. L'ho comprato per Je l'ai acheté pour
Comprei-o por Lo compré por mil
mille franchi mille francs
mil francos francos
l 7 .2.--l .. \s prcposi1,•ôcs pw·tt. por e seus c4nin1lcntcs Oiez por ciento Dieci per cento Dix pour cent
Dez por cento
Os valores expressos pela preposição para estão relacionados a dois significados
fundamentais: direção (Viajou para São Paulo) e finalidade (Viajou para des· Per quanto sai Pour intelligent
Por mais inteligente Por más inteligente
cansar). Por, entretanto, serve a uma gama de sentidos bem mais variada, entre intelligente qu'il soit
que seja quesea
os quais vale destacar causa, meio e substituiçãdpermuta.
Embora à primeira vista as ideias de causa e finalidade sejam noções opos· Sono stato J'ai été trompé par
Fui enganado Fui enganado por
tas, as preposições por (port. e esp.) e para (port. e esp.), que as exprimem ingannato da lei elle
por ela ella
respectivamente, se equivalem algumas vezes (Faça algo por/para mim, isto J'éprouve beaucoup
Siento mucha Provo moita
é "em meu favor", "no meu interesse"). O que motiva um movimento, um ato Sinto muita simpatia de sympatie puur
simpatía por elle simpatia per lei
ou uma atitude tanto pode ante cedê-los no tempo (causa) como vir após eles por ela elle
(finalidade), donde a confusão cognitiva dessas duas áreas de significado. Essa
sobreposição de sentidos só é absorvida, porém, pela preposição por (cf. o fran· As semelhanças entre o português, o espanhol e o italiano são cl~ras. O
cês pour e o italiano per), conforme se comprova em Eles brigam por qualquer italiano distingue-se no grupo pelo uso de da, que é empregado para assinalar o
coisa (causa) e Eles lutam por melhores salários (finalidade). complemento de agente: Sono stato ingannato da leí (Fui enganado por ela). As
Vejamos os empregos dessas preposições nas quatro línguas. diferenças mais evidentes, porém, aparecem em francês, que emprega ora par,
ora pour.
X\'ll .\s preposições 2,13

232 (jram,ítü.•a
. cnmp~1r~1ti\·:1 llou:lis.~ q11:1tro língu:is rom:ink'a~

Não é difícil ver que por exprime principalmente a origem e a causa e


para exprime o objetivo e a intenção. As duas significações, no entanto, po- Sous la table
Debaixo da mesa Sotto il tavolo
dem ser traduzidas em francês pela preposição pour. O interrogativo francês
Sob a mesa fujo la mesa
pourquoi? pode equivaler a causa - pour quelle raison? (por quê? - por qual Sotto la Sous la
razão?) ou objetivo - dans que[ but? (por quê? - com que objetivo?). Ares- Sob (a) dominação fujo la dominación dominazione domination
posta à pergunta Pourquoifaites-vous cela? (Por que você faz isso?) pode ser romana romana romaine
romana
parce que + verbo no indicativo, para enunciar uma causa, tanto quanto pour Sobre la mesa
que+ verbo no subjuntivo, para enunciar um propósito: Parce qu'il est riche Sobre a mesa
Sul/sopra i1 tavolo Sur la table
(Porque ele é rico); Pour qu'il soit heureux (Para que ele seja feliz). Em cima da mesa Encima de la mesa

Na mesa En la mesa
17.2.;:i .. \ preposição com e seus equin1le11tes Parler sur un
Falar sobre/acerca de Hablar sobre/acerca de Parlare su/sopraldil
A preposição com tem os equivalentes con em espanhol, con em italino e
un tema in torno a un tema sujet
um tema
avec em francês. Entre os seus valores, destacam-se os de companhia e de
instrumento. l - repositivas em portu-
Vejamos, finalmente, outras preposi7ões e ocuçoes p
guês e seus equivalentes nas três outras hnguas:

Estou a trabalhar Estoy trabajando Sto lavorando con Je suis en train


(trabalhando) com o con Pedro Pietro de travailler avec
Pedro Pierre antes de
i antes de
à côté de
l Corta o pão com uma Corta el pan con un Taglia il pane con 11 coupe le pain ao lado de al lado de accanto a
faca cuchillo un coltello lungo le long de
avec un couteau ao longo de a lo largo de
fino a jusqu'à
l,, até/até a hasta
detrás de dietro a derriere
f: Em alguns casos pode haver oposição entre com e sem (café com/sem açú-
car, calçar os sapatos com/sem meias, passear com/sem os filhos). Note-se
atrás de
através de a través de attraverso à travers

que em outros empregos, nomeadamente com verbos recíprocos (colaborar contro contre
contra contra
com, concordar com,jogar com), tal permuta é impossível. dopo apres
desde después de
(fin) da depuis
depois de desde
davanti a devant
17.,1. Ol"TR\S PREPOSIÇÕES E LOCL ·çüES PREPOSITJ\'.\S diante de delante de
durante pendant
durante durante
As quatro línguas românicas estudadas dispõem de um vasto conjunto de prepo- vers
bacia verso
sições e locuções prepositivas. Ainda que com menor ocorrência, tais conjuntos em direção a
audehors de
têm significado mais preciso e, como regra geral, a correspondência entre o fuera de fuori de hors de
fora de
português, o espanhol, o italiano e o francês se torna mais regular. Assim, por
pressa aupres de/chez
exemplo: junto a/de junto a
lontano da Ioin de
longe de lejos de
vicino a pres de
perto de cerca de
senza sans
sem sin
237

!S. l. ;\SPECTOS GER. \IS

Os advérbios formam uma ampla e heterogênea classe de palavras morfologica-


mente invariáveis. Por sua invariabilidade, os advérbios assemelham-se às pre-
posições e conjunções; pelo caráter acessório de grande núme ro de advérbios,
têm muito em comum com os adjetivos.
Os advérbios são, n a maior parte dos casos, unidades periféricas na cons-
trução dos enunciados: sua função típica é acompanhar outras unidades, com as
quais se re lacionam como m e io de expressão de uma variada gama de noções:
lugar (aqu.i, ali), tempo (hoje, sempre, depois ), modo (assim, d(,xvagar, 'Oa_4aro-
samente), quantidade (mu.ito, bastante, menos), a titude mental (tafoez, possi-
velmente, C'Videntemente), de limitação conceptual (geograficamente, cientif'i-
cam ente, politicamente) etc.
A maior parte dos advé rbios funciona junto a verbos (Você canta bem,Acor-
dei tarde, Voltarei amanhã, Permaneçam aqu.i, Ela saiu. imediatamente). Ou-
tros servem para graduar a significação tanto de verbos (João trabalha mu.ito, As
crianças grita'Oam demais), como de adjetivos (Maria era muito rica, A águ.a
está fria demais) e outros advérbios (João tra balha muito devagar, Acho que
cheguei cedo demais) . Outros, ainda, incidem sobre o conteúdo de frases inteiras
(Francamen te, eu não a compreendo; Naturalmente eles estão v iajando; Talvez
você possa ajudar-me).

18.2 . .\D.JETl\'OS E .\D\'Í~RBIOS

Muitos advérbios são formados a partir de adjetivos, seja media nte a conversão
do adjetivo em forma invariável (ex.: As nuvens passavam baixo), seja pelo
acréscimo do sufixo -mente à forma feminina do adjetivo (ex.: Eles conversa-
vam calmamente).
Nas quatro línguas é possível empregar adjetivos em função adverbial, por
exemplo:

Bater forte Pegarfuert.e Picchiare f orte Frapper fort

Falar c laro Hablar claro Parlare chi.aro Parler clair

Em português, o e mprego adverbial de adje tivos é muito comum: andar di-


reito, caminhar torw,falar difícil ("exprimir-se numa linguagem de difícil com-
preensão"), j ogar limpo ("jogar de forma h on esta"). Ta mbém na publicidade se
encontra este uso, não só em português, como nas demais línguas românicas:
vestir-se jo'Oem , em francês s 'habiller jeune, cm ita liano vestirsi güwane.
-
X\.11 1 Os :nln_~f hio:-- 239

18.J. FOR:\1.\(:.\.0 DOS .\ DVl~RBIOS E'.\I -.\IE.\ TE ObserYa-.ão:


A exposição anterior deixa claro que ne m todos os advérbios em -mente são
O sufixo -mente - e m francês -ment - provém da palavra latina mente, forma "advérbios de m odo" , como é comum acreditar-se. Esta classificação é restrita
abla tiva do substantivo feminino mens, mentis (espírito, intenção, atitude). Nas aos advérbios que, de fato, servem para caracterizar ou qualificar o processo ou
quatro línguas, o adjetivo assume a forma feminina ao vir seguido pelo sufixo ação denotados pelo verbo (ex.: Veste-se elegantemente, Caminhava distrai-
-mente. Portanto, para formar esses advérbios, é necessá rio observar a flexão em damente).
gênero do adjetivo correspondente:

18.-t.. \ LGC\'S ADVÉRBIOS E LOCl'ÇÜES ADVEIIBL\ IS


lentamente lentamente lentamente lentement DE MODO

O francês apresenta a lgumas irregularidades:


• Depois de uma consoante, a marca -e do feminino passa por vezes a -é: assim así cosl ainsi
aveuglément (cegamente), énormément (enormemente), précisément (pre-
bem bien bene bien
cisamente), ao passo que tende a desaparecer após uma vogal: obstinément
(obstinadamente), poliment (polidamente), résolument (decididamente). mal mal male mal
• Certos adjetivos provenientes de particípios presentes latinos em - ANS
depressa pronto, de prisa presto vite
(acusativo - ANTEM) e -ENS (ac usativo -ENTEM), pemmce ntcs em latim
à classe em que não há distinção mórfica entre masculino e feminino (cf. às pressas
él~ant < lat. elegantem, récent < lat. recentem), perde ram aquelas termi-
devagar despacio piano lentement
nações: élégamment (elegantemente, e não "'é{égant-em ent), couramm<,'7'11
(correntemente, e não "'courant-ement), puissamment (poderosamente, e de propósito adrede, a/de propósito, apposta expres
não *puissant-em.<,'Tlt) récemment (recentemente, e não "récenc-ement). a posta
com/de boa vontade, com gusto, de buena volentieri volontiers
Numa sequência coordenada de advérbios em -mente, o português e o espa- com gosto gana, de buen grado
nhol acrescentam o sufixo ape nas à última forma, sobre tudo se esta vem prece-
dida de e. Tal possibilidade não existe no italiano e no francês, conforme atestam às cegas a ciegas alia clega à l'aveuglette
os seguintes exemplos:
pelo avesso, às avessas ai revés alia rovescia à l'envers

Pura e Pura y Puramente e Purement et


simplesmente simplesme nte simpliceme nte simplement Alguns exemplos:

São muitas as relações de sentido expressas pelos advérbios em -men-


Ele disse isto de lia dicho esto de Ha detto questo II a dit cela expres
te. Quase sempre essa diversidade advém do modo de significar incre nte aos
propósíto propósito apposta
adjetivos de que derivam, como ocorre com os a dvérbios acua/m<,'1lte, antiga•
m ente e frequentemente - que, analogamente aos adje tivos de que de rivam, Vestiu o pulôver pelo Se há puesto el Si e messa il li a mis son
a-vesso (PB) jersey al reiiés pullover alta pullover à
expressam relações de tempo-, e com e'Videncemente e provavelmente - que,
nwes<.'ia l'enuers
assim como os adjetivos de que de rivam, ex pressam atitudes (certeza versus Enfiou a camisola às
ince rteza) da pessoa que fala ou escreve relativamente à "veracidade" de sua a-vessas (PE)
dec laraç ão.
X\'lll o, c1dvérhios 241
240 c;ramática ~omparntiY:l llou:ii~_, qu:itro lfn~ua~ rumrml<.>as

IS.5 .. \D\'ÜUlIOS E LOCL'ÇÜES .\DVERllL\IS DE Ll'G.\R 18.6. ADVÉRBIOS E LOCl' :úES .\DYERBl.\lS DE TE,IPO

Ilá dois tipos de advérbios de lugar: os dêiticos , . - - Os advérbios de tempo pertencem a três subclasses: a primeira subclasse abran-
mente ao lugar em que se encontra a , . , qfuel denotam pos1çoes relativa- ge os que denotam momentos ou ocasiões relativamente a um dado ponto de
. , . pessoa que a a/escreve (aqui , t ·)
ant1tet1cos, geralmente orõanizad
E, os na 1-mgua como pares que d , ai, ai e os referência. Este ponto pode ser:
zações opostas (dentro/fora ' perco/lo."Se,
.,...,1 • -/
acimwabmxo) •
Os pr·enotam
. locali-
f a) o instante em que se fala/escreve, ou algum outro ponto de referência
apresentados
1 em quadro comparativ d l'
o as quatro mguas juntame t . imeuos oram instituído no próprio discurso (agora, antes, depois, então, logo);
avras demonstrativas (ver cap. X). , n e com aspa- h) o dia mesmo da enunciação (hoje, ontem, amanhã);
Apresenta-se a seguir uma relação de advérb· - e) um ponto de referência implícito, subentendido pelos interlocutores
exprimem posições no espaço e com frequên ,· t·10s e locuçoes adverbiais que
eia ormam pares antitéticos: (cedo/tarde).

Os itens "a" e "b" apresentam exemplos de advérbios dêiticos.


vicino pres A segunda subclasse compreende os advérbios que se referem à duração
do fato expresso pelo verbo. Eles assinalam não uma época relativa a um dado
longe lejos lontano loin ponto de referência, mas a frequência com que o fato acontece: sempre, nunca,
dentro
jamais, raramente,frequentemente, habitualmente, esporadicamente etc.
dentro dentro dedans
A terceira subclasse é representada pelo par já/ainda, que corresponde à
fora fuera fuori dehors distinção entre os aspectos perfectivo e imperfectivo.

embaixo, abaixo abajo giu, in basso en bas

em cima, acima arriba


18.7. Ql1..\DHOS CO'.\IP.\RATIVOS
su, in alto en haut

atrás, detrás detrás, atrás dietro derriere 18.7 .1. Pares antitéticos

em frente delante davanti devant


à frente, adiante prima avant
antes antes
dopo apres
ao lado al lado accanto à côté depois después
presto tôt
cedo temprano
no meio tardi tard
en medio in mezzo au millieu tarde
tarde
ora maintenant
agora ahora
em/por toda parte por/en todas partes dappertutto, partout allora alors
então entonces
dovunque una vuolta autre fois
antigamente antiguamente
à direita a la derecha à droite em outra ocasião en outro tiempo

à esquerda a la izquierda à gauche 18. 7 .2. Sequência dos dias na linha do tempo
em nenhum lugar, en ninguna parte da nessuna parte nulle part
em lugar algum, ieri l'altro avant-hier
em nenhuma parte, anteontem anteayer
l'altro ieri
em parte alguma, ieri hier
ontem ayer aujourd'hui
em parte nenhuma oggi
hoje hoy
domani demain
amanhã maõana apres-demain
pasado maiiana dopodomani
depois de amanhã
i_s. 7 .., ..\d\'érhios e loeuçücs que expressam a frequência da ação 18. 7 .4. Já. 11uâs e uindu

sempre toujours já ya
ancora encore
ainda todavía, aún
nunca, jamais nunca, jamás mai jamais
piu plus
talvolta, a volte parfois mais ya
às vezes, por vezes a veces

algumas vezes algunas veces certe volte quelquefois Egià arrivato li est déjà arrivé
Ele já chegou Ya ha lle~ado
uma vez una vez una volta une fois
duas vezes dos veces due volte <leux fois N,mmwlepiit Il ne veut plus
Ele já não quer Ya no quiere
lavorare travailler
várias vezes varias veces parecchie volte plusieurs fois trabalhar (PE) trabajar

muitas vezes a menudo, spesso souvent Ele não quer mais


muchas veces trabalhar (PB)
Dorme ancora 1l dort encare
outra vez, de novo, otra vez un'altra volta, une autre fois, Ele ainda dorme/Ele Duerme todaw;,/
novamente dinuovo de nouvcau ainda está dormindo aún

de vez em quando de vez en cuando diquandoin de ternps en temps


Todavíalaún no há No e ancora Il n 'est pas encare
quando Ele ainda não chegou
!legado arrivato arrivé

( )h:-.en a\ües:
Ya no duerme/No Non dorme piit II ne dort plus
a) O a<lv~rbio jamais tem sempre sentido negativo no português mo- Ele já não dorme (PE)
derno. Ja o advérbio francêsjamais pode ter um sentido positivo e um Ele não está mai.s duermeya
sentido negativo. Equivalentes dejamais positivo: dormindo (PB)

Os advérbios já, mais (frases negativas) e ainda servem para enfatizar que
Ele desapareceu para Ha desaparecido E scomparso per II a disparu o fato expresso na frase é um acontecimento que se estende na linha do tempo,
sempre/para nunca para siempre sempre jamais sujeito a mudança, em relação ao qual existem um antes e um depois.
mais Um enunciado como A água já está quente expressa, implicitamente, a
existência, na consciência prévia dos interlocutores, de uma água em processo
a) Em fr~ncês diz-se si jamais e em espanhol sijamás para o sentido <la de aquecimento. Com o advérbio ainda -A á.4ua ainda está quente -, o dado
expressao se alguma vez , do português. anterior, partilhado, é A á.4ua está quente. Por outro lado, consideradas as
ª l ~m po~tuguês, tanto quanto no e~panhol e no italia no, a partícula n e- frases O médico já 'Vem (at'irmação categórica sohre um fato iminente) e O
gativa (nao, no, non) desaparece quando jamais/nunca (port.) , jamásl médico ainda 'Vem (formulação de uma expectativa sohrc fato futuro}, está
nunca (csp.} e mai (iL) - e , de resto, qualquer outra palavra negativa - claro que a ação de vir só é potencial cm ambas por causa do tipo do vcrho (ir,
ocorrem antes <lo verbo. No uso padrão, o francês exige a presença de ne vir, chegar e tc.); o que as difere é o grau de compromisso do enunciador com a
em todos os casos. Observem-se as variantes no quadro abaixo: veracidade da proposição O MÉDICO VE~l .Já e ainda são, por isso, advérbios f.
~~ ~;,, <' , • ~. ~r r,~.._ ,, ~ ~ •~~•• - ~. ~ , • que assinalam não as épocas ou etapas do acontecimento, mas duas repre- 1
~ ~. ' . . . - , ' . . ... ' .'
sentações mentais da realidade das coisas que são objeto de nosso raciocínio: i·
Nã,o o encontrei No le he encontrado Nonl'homai Je ne l'aijamais representação como dado categórico (jâ está), ainda que não consumado (iá 1
nuncaljamais nunca/jamás incontrato rencontré 'Vem) , e representação como dado provisório, cm processo (ainda está), ou ,1
Nunca/jamais o Nunca/jamás le he Mai l'ho Jamais je ne l'ai
simplesmente pote ncial (ainda ·vem).
encontrei encontrado incontrato rencontré
->44 (' ..
- ,rmnarit':1 i,.'Omparnrh·a llo1mi~s quacro Jin.111·1, r''
1
. .
-~ •. 11:m1c.1s

Pode-se negar a frase O médico já vem de d .


ambos os casos o advérbio na·, b ois modos, antepondo e ...
,J ao ver o · O médi. "á - ...
mente lusitano) ou O médico - . . co J nao vem (uso tipic
f rase negativa com o advé b· d nao vem mais (us t· . a. Gosto tanto de Me gusta tanto el Mi piace tanto il J'aime autant le
. o •picamente brasileiro) A
, -
O medico r 10 e tempo mais expr· · · cinema quanto de cinema como el cinema quanto il cinéma~le
não vem mais é a g - ime situações definitivas,
.
méd ico ainda vem.
ne açao tanto de o éd· . ,
m wo Ja vem como de O
• teatro teatro teatro théâtre

Comes pouco/muito/ Comes pocolmuclwl Mangi pocolmoltol Tu manges peul


Ohscnw~•<1cs: bastante/demais bastante/demasiado abbastanwltroppo beaucoup/assez/
Já (port.), ya (esp.) già (it.) têm uma fl ... trop
contra no déjà do francês. ex1b1hdade de uso que não se en-
É muito simpática Es muy simpática E molto simpatica Elle est tres
sympathique

Lo so bene Em português, emprega-se tão junto a adjetivos e advérbios (Não fale


Je (le) sais bien
cão alto, Não vá tão depressa) e tanto junto a verbos (Não chore tanto). Em
Realmente, é verdade Sí que es verdad! espanhol ocorre alternância análoga entre tan e canto (No hables tan alto, No
Già! E vero! C'est bien vrai! vayas tan de prisa, No llores tanto ) e entre muy e mucho (Elia es muy sim-
Perfeito! Pronto! Ya está! pática, Elia trabaja mucho ). Em francês, esta diferença combinatória é ex-
Ecco! Ça y est! pressa por advérbios distintos: cres junto a adjetivos e advérbios, e beaucoup
Já vou
Ya voy!
junto a verbos (Elle est tres sympathique, Elle marche cres vite, Elle travaille
Vengo subito! J'arrive de suite beaucoup).
Acabe (com) isso já Entre os advérbios que exprimem uma ideia de igualdade podem-se relacio-
(= logo) Finissez cela nar as seguintes formas de relativa frequência:
immédiatement

também también anche aussi

que, ao serem negadas, passam a:


Já no~ r~ferimos a alguns deles quando tratamos do .
de adJet1vos e dos numerais s· l . s comparativos e superlativos também não, nem ... tampoco neanche non plus
. · • ao e es: niais men .
muito , bastante, demasiado d . ' os, meio, tanto (tão), pouco, também
. ' emais , assaz Acrescenta
ad vé r bIO meio substitu1'vel " . . remos aqui apenas o
, . '· por um tanto" "um ,, .
adverb10s, são de regra in . , . ' pouco . Ao funcionarem como
' , vanave1s. Exemplos: Exemplos:

Tu travailles plus/ Você (tu) cantará Tú cantarás y yo Tu canterai Toi tu chanteras et


menos que yo meno di me (cantarás), e eu também también eanch'io moiaussi
moins que moi
Pedro é tão rico Pedro es tan rico Pietro e cosi Você (tu) não cantará Tu ne chanteras
quanto João como Juan ricco come Pierre est aussí Ni cantarás ni yo Non canterai
(cantarás), e eu também pas ni moí non
Giovanni riche que Jean tampoco neanch'io
não/nem eu também plus
X\"IU ( b ;tdn:·rhins 247

246 (;r:1m:i1ic:1 l!tH11parati\';i llou,1i..;s qu:uni lingu:1s rnmúnic.:a:-:

Persnnne ne vient ou Il ne -vient personne.


Ohscn·açfics:
Jamais cu ne sors ou Tu ne sors jamais.
• Não se deve confundir o português assaz ou o francês assez, que corres-
pondem a bastante, com o italiano assai, que significa muito. Je ne veux rien.
• No português literário antigo, o advérbio meio podia ocorrer flexionado Aucun éleve ne le sait.
em gênero e número (Ela esta-va meia cansada, Eles ficaram meios ton-
tos). No uso escrito padrão moderno, esse advérbio é invariável, como OhscrYaçf1cs: .
• No uso coloquial do português brasileiro, a negação tende a ser reforçada
os demais (Ela estava meio cansada, Eles ficaram meio tontos). Ava-
com a repetição da partícula não após o verbo:
riação em gênero - mas não em número - é corrente na fala popular do
Brasil (Ele estava meio tonto, Ela esta-va meia tonta). Não sei, não.
Ninguém veio, não.
Não disse nada, não.
• Na forma negativa de Eles ficaram um pouco felizes, a expressão
18.9. A ~EGAÇ..\.O E A .\FIRM.\Ç..\.O de intensidade pode vir precedida de nem e pode dar lugar a nada:
Eles não ficaram nem um pouco felizes ou Eles não ficaram nada
IS. 9.1. A negação proposicional e predicativa
Para formar uma frase negativa em português, em espanhol e em italiano, é felizes.
• ·::-fo uso familiar do
italiano, também se observa uma tendência a inten-
suficiente colocar uma única partícula - não (port.), no (esp.), non (it.) - an- sificar a negação com um elemento acrescentado ao verbo: mic:a (miga-
tes do verbo. Em francês, pelo menos no uso formal e escrito, são necessárias
duas unidades, ne e pas, que se posicionam, respectivamente, antes e depois lha). Por exemplo:
Nvn e mica male. (Não está nada mal).
do verbo. Se o verbo negado ocorre no infinitivo, ne e pas se colocam juntos Nesta língua, se houver na frase partículas como piú, ancora, mai, a
antes dele. ordem das palavras é semelhante ao francês ne... pas: Gianni non parla
pitvnwi/ancora. .
• Em francês, a associação ne... pas surgiu também de um desejo de retor-
Eles não falam No hablan Non parlano 11s ne parlent pas ço do morfema de negação primitivo ne graças à utilização de signos q~e
denotavam um objeto reduzido como point (ponto), goutte (gota), ,me
Não o conheço No lo conozco Non lo conosco Je ne le connais pas (migalha) e pas (passo).

Prefiro não encontrá- Prefiero no Preferisco no Je préfere ne pas le Um exemplo de tais acidentes históricos é que ao enunciado Não sei (port.)
-lolPrefiro não o encontrarlo incontrarlo rencontrer podem corresponder, cm francês, três versões: uma, arcaizante: Je ne sais; a do
encontrar padrão formal e escrito: Je ne sais pas; e a coloquial e familiar, que se limita a
um único elemento negativo, o segundo: .Te sais pas.
O português, o espanhol e o italiano dispensam essa partícula quando o Conforme acaha~os de ver ( cf. Personne ne ~,:iene. .. ), o ne se associa a
verbo já vem precedido de outra palavra negativa. Diz-se e escreve-se, portanto: outros morfemas negativos e, neste caso, também tende a desaparecer na língua
popular. Exemplos:

Não vem ninguém No viene nadie Non viene nessuno


Personne -vient. - Tu sors jamais.
mas mas mas Je veux rien. - Aucun élé<ve le sait.

Ninguém vem Nadie viene Nessuno viene Novamente encontramos ne nas fórmulas restritivas correspondentes à

Também em relação a este aspecto o francês se distingm: das outras três construção não.. .a não ser/senão do português:
línguas. Se uma outra palavra negativa ocorre na frase, antes ou depois do vcrho,
o pas desaparece, mas o ne é mantido:
48 lir~1111:í1h:a <.•nmp.ir: Hh'a llot1:1iss quatro língu:ts ro m ,lnic:1~

Não falava No hablaba más No parlava che II ne parlait que de cela, que, na'. Ele é médico, não
ingeniero. lngegnere.
a não ser/senão que/sino de eso di questo linguagem coloquial, pode passar engenheiro
disso a: Il parlait que de ça
Je veux du fromage,
Eu quero queijo, não Yo quero queso, no lo voglio il pas des fruits.
formaggio, non la
fruta fruta.
Esse mesmo ne ocorre nas orações subordinadas que dependem de um ver- fruta.
bo como craindre (temer, recear), que implica um desejo negativo (temer que
algo aconteça - desejar que algo não aconteça). É o chamado "n e expletivo".
Um exemplo:
Ohsc,-rnçücs: nstituinte·
Je crains qu'il ne vienne pas. (Receio que ele não venha.) • Em francês quer non, quer pas podem negar um co .
["' Ma crainte, c'est qu 'il vienne. j ll esc médecin, non ingénieur.
Je veu.x dujromage, pas desfruits.
Por sua vez, a segunda partícula pas é suprimida com os verbos powuoir, C'est elle et pas lui queje veux voir. d o termo é
savoir, oser: Il ne peut se décider à partir. • Pas precede em geral o termo contrastado; contudo, quan o
breve, pas (ou non) pode segui-lo:
Obscr-Ya~fü 1:
Tu l'a•mes

moi nortlmoi paslpas moi. b
' - do t1·po Você está aqui para d escansar, não para tra a-
O advérbio fr. guere, primitivamente sinônimo de muito, somente é empre- • Nas construçoes · . , ·
gado em enunciados negativos. Exemplo: lhar em que se enfatiza a afirmação ao negar-se a altemauv~ contr;1a,
o rido ocorre frequentemente precedido de e: Você está aqui para es-
ll ne parle guere. (Ele não fala muito). cansar. e não para trabalhar. . l
Il n 'est guere bavard. (Ele não é muito falante). • Em nã~ poucas expressões, o francês usual admite um s1mp es pas em
vez de non ou de non pas. Exemplos:
Na linguagem coloquial, os enunciados <leste tipo se constroem sem o ne: Pas loin de là-C'est une comédie, pas un drame .
Il parle guere. (É uma comédia, e não um drama.)
Il est guere ba'Vard.
·t· .. u m cnundado anterior
18.9.J..\finnaçfio e negação como rcspos ,Is ,1
18.9.2 .. \ negação de constituintes
Para negar constituintes , utiliza-se em português, espanhol e italiano a mesma 18.9 . .1.1. Resposta positiva ~ .. nidade afirmativa para
~ h l e frances ut1hza-se a mesma u
partícula que acompanha o verbo. Em francês, porém, utiliza-se non ou non pas Em portugues, es~an o - a pergunta sejam estas positivas ou nega-
em vez de ne pas. Exemplos: responder a uma informaçao ou a um '
tivas. Exemplos:

A política de não La política de non La politica de non La politique de


intervenção intervención intervento non intervention Pedro está en casa Pietro e a casa
Pedro está em casa
Pietro e a casa?
Não longe dali No lejos de allí Non lontano da li Non loin de là Pedro está em casa? 6Está Pedro en casa? - Si(, c'e)
-Sim(, está) - Sí (, está)
Tu (você) estás Estás aqui para Sei qui per riposarti, Tu es ici pour te Pietro non e a casa
Pedro no está en casa
(está) aqui para descansar, no para non per Javorare reposer, non (pas) Pedro não está em casa
descansar, não trabajar pour travailler ..,No está Pedro en casa? Pietro non e a casa?
para trabalhar Pedro não está em casa?
( )bscrn1ção:
No português brasileiro, não é usual a resposta afirmativa por meio de sim; . . .·' . .. ~' . ·~/. ~. . . ~. . ~

normalmente repe te-se o verbo ou o advérbio Já, quando este ocorre na pergun- Que sí Ma sl Mais oui/si
ta. Se a pergunta contém uma locução verbal, repete-se apenas o verbo auxiliar. Que non Ma no Mais non
Exemplos:
Claro que sim Claro que sí Certo che s1 Bien súr que oui
Sabe onde ele está? - Sei. Caro que não Claro que non Certo Che no Bien súr que non
Pode m e ajudar?-Posso.
Pues sí Eh bien oui
Jâ conhece o Rio de Janeiro? - Já ( ou Conheço)

Em francês, por outro lado, fa7,-se uma distinção entre:


• um oui puramente afirmativo, para confirmar uma informação ou res- Não veio? éNO vino?
ponder a uma pergunta positiva. Exemplo: -Veio, sim! - jQue sí! - Ma si! -Mais si!
Pierre est chez lui. (Pedro está em casa.) Veio'~ éVino? E venuto? II est venu?
- Oui (il y est). - Não veio, não! - jQue non! Ma non! -Mais non!
Est-ce que Pierre est chez /ui? (Pedro está em casa'~)
- Oui (il y est). Entre os numerosos termos e expressões que influem na afirmação ou na
e negação de aigo, citemos pelo menos um elemento que se situa entre estes polos:
• um si que constitui sempre a refutação de uma n egação presente no
enunciado anterior. Exemplo:
Pierre 11 'est pas chez fui acaso
pode ser
- Si (il y est). q uizá(s) forse peut-être
talvez
Est-ce que Pierre n 'est pas chez lui ? tal vez
- Si (il y est).

I H. 1) .•l.2. Rcsprn,ta 11c.~ath·a


As quatro línguas adotam uma solução idêntica com um único morfema nega-
tivo. Desse m odo, para os quatro enunciados anteriores, a resposta negativa
será:

- Não (, não está) - No(, no está) - No(, non c'e) - Non (, il n'y est pas)

Observe-se que, neste caso, o italiano emprega no em vez de non.

Outros :t<h·érhios ou loc11<,:iies relacionados com as ideias de :ifin11:11~·:io e de


nc,1.:ai;:io
Sim e não podem ser reforçados para formar expressões enfáticas . fxemplos:

!
. 1
255

ANEXO f
TABEL.\ DE S1'1BOLOS FO~ETICOS l ..flLIZ.\DOS

1. As consoantes
~~~ .~. .. ~ ~· 1
, " - _,. ' ., - • ·"? ~-
!"":'~ .
, . ....
~

.,,
·,

Oclusivas [p] p ai padre p adre pere


surdas [t] terra tlerra terra terre
[k] corpo cuerpo corpo corps
Oclusivas [b] bem bien bene bien
sonoras [d] data data data date
[g] gota gota goccla goutte
logo (bras.)

Constritivas [f] forte fuerte forte fort


surdas [0] ciego (eur.)
[s] sete siete sette sept
[f] chá scena (cena) chat (gato)
[x] girar
mujer

Constritivas [~) lobo


sonoras [v] vinho vino vin
[õ] lad o
[z] rosa rosa rose
zero zero
[3] já jeune
agir manger
[y] Jogo (eur.) luego

Africadas [ts] alzare


[dz] zero
[tf] chica dolce
[d3] giro

Nasais [m] mar mar mare . mer


[n] n ove nueve nove oeuf
[Jl] vinha viiia vigna vigne

Laterais [I] ler leer l~ere lire


[,{] filho caUe (rua) {ig).io
l•J falta (eur.)

Vibrantes [r) caro caro caro


[rr) carro carro
[R] carro mari
(marido)
256 ( ;r.-un:ítica comp,1rmh·:1 fio , .. , .
u ,11s:-; 411,nro hn~uas rom~ink·us

257
1 . .\s n,gais
A.~EXO li
êO~FRO~TO PR.c\TICO Oc\S FOR~L\S LEXICAIS

Sl~fETRL\S RECORRE!\'.TES
A evolução das línguas românicas fez com que seus léxicos se distanciassem
Anteriores [e] terra tierra da base comum latina, seguindo percursos às vezes idênticos, às vezes diver-
[e] rede terra terre
red sos. Em meio às diferenças, entretanto, relevantes simetrias são frequentemente

Posteriores
~ ~ ~ : - -[aJ
[iJ fio hüo

7 ~ - -- -- - - - - - - - ~ ~ -- _ Jli~t~(l~e,;•to~)~-
rete
filo ;:::~o) ~~ reconhecíveis. A simples consciência desse fato possibilita o domínio imediato
de vasta parte do léxico, tanto do antigo como do mode rno, mesmo que não
se disponha de conhecimentos etimológicos. A coluna latina das tabelas abai-
fol pó
forma pâte (massa) xo é somente um ponto de referência; não constitui base necessá ria à compa-
[o] lobo forte fort
lobo ração. Exemplificaremos as simetrias formais que, do ponto de vista atual, são
[uJ puro amore
puro faux (falso) as mais importantes. Ressalve-se que os vocábulos aqui utilizados como exem-
puro
Anteriores [re] loup (lobo)
plo nem sempre têm significados totalmente idênticos.
arredondadas [0] peur (medo)
i. [yJ jeu (jogo)
Nasais [õJ pur (puro) SI~IETRL\S OBSER\~\D.\S NAS VOGAIS
[à] lã, blanc
campo (branco) l . VOG,\IS ATO~AS
[reJ
brun l. l. ~as sílabas finais
[i:J J. l. J. Particularidade s do frm1l·ês
(moreno)
a) À unidade final grafada e, o e i corresponde 0 (= zero):
fio (fim)
[êJ vento
plein (cheio)
liJ fim
[5] MURU- muro muro muro mur
[õJ bomba bon SEPTEM sete siete sette sept
[ii] algum
O fenômeno pode influenciar a consoante precedente: ao it./esp./port. -vo
e -ve corresponde o fr. -f:
,1 .. \s scmin,g,tis

VIVU- vivo vivo vivo vif


OVU- ovo huevo uovo reuf
NOVEM nove nueve nove neuf
[wJ pau
tábua bueno buono h) Ao -a corresponde um e mudo:
oui
[q]
nuit
ROSA rosa rosa rosa rose
VIVA viva viva viva vive
DURA dura dura dura dure
.\n~xo li 259

h) Ao o tônico, fechado ou aberto, do português corresponde frequentemente ue

-~-- -
Cf ·
, • as lormas masculinas
· · e, fermnmas
. . d O Ir.
. vifi'v i·?:e e clurlclure co 1·
d emonstram as corrcspondeA

,· • .
11 mas anteriores.
• , n orme no espanhol, iw no italiano e eu/a.'11 ( l 01, l ce1) no francês:

1. J .2. Particularidade do italimio ceuf


huevo uovo
O italia no distingue-se das outras A. l' ovu- ovo (il) meurt
átono final mesmo quando . ,' trcs i~guas por empregar, regularmente, o -e muere muore
este e precedido de consoante dental não oclusiva: MORlT(UR) morre

ue também aparecem antes de uma consoante


e) No espanhol, os ditongos ie e
paz paz pace paix dobrada ou de um grupo de consoantes, posição e m que, nas outras três línguas,
MAR- mar mar mare mer
se mantém a vogal simples:
FIN- fim (1) fin fine fin

(1) Ver 4.6 deste anexo.


terra terre
terra tierra
TERRA porta porte
1.2. Em sílaha interna porta puerta
PORTA
Em sílaba interna,
comumcnte d o italiano conscrv'a com bastante mudez
.. vogais átonas que
esaparcceram nas form as correspondentes
. ·
das demais línguas:
2 .2. Equivalentes frauccscs ao port./csp./it. e e o cm sílaha aberta

siecle
a) A um e (fechado) port./esplit. corresponde o ditongo oi {wa):
secolo
freixo frassino frêne

pera poire
pera pera
1.3. Em sílaha inicial PIRA tela toile
teia tela
A um i átono italiano corres• pond e f requentemente um e nas demais línguas: TELA avere avoir
haver haber
HABERE
h) O o longo latino geralmente deu lugar a um o simples , fechado e m espanhol
mejor mig)iore meilleur
e em italiano, e fechado ou excepcionalmente aberto em português. No francês,
receber recebir ricevere recevoir
porém, geralmente corresponde a eu {ce], às vezes ou {u\; a última quando a
sílaba é fechada por um grupo consonantal (originário) nas outras três línguas:
As preposições' átonas• 1·t· d·1 , m
· corresponde m , 1 6 •
e nas demais línguas· fr es d . , ana o1:,amente, tormas com
· · ·, · p. e, en; port. de, em.
ora heure
hora hora
HORA fiore fleur
flor flor
2. VOGAIS TÔ~IC.\S FLOR- corte cour
corte corte
CO(HO)RT-
2 . 1. O e e o o ttmicos. do port ugucs
línguas . e seus cqui\"alcntcs nas demais
A

2.J. O e francês como cqnh·alcntc ;.10 unas outras línguas:


f .Ao e tônico do por t ut.ucs,
a) 6 A seJa
· fechado
· ou aberto corresponde
requentemcnte um ditontit,,O ic
· , n o espanhol, no ita liano
' ' francês:
e no mer
mar mare
MAR- mar sel
sal sale
SAL sal chevre
cabra capra
miele miei CAPRA cabra
fero fiero fiero fier
,\ II L'.\: fl lf 261

, .. ; ',. • • ~- ,;;- ,' ·1: .,~


Cf. também algumas desinências: ao infinitivo em -ar(e) e ao particípio em ' ·- • • ' ai ~ • --~ •• • • ~ · , • .,; ' • • • • ;.

-atol-ado das de mais línguas correspondem (chant)er e (chant)é em francês.


PLAGIA praia playa (s)piaggia plage
PLACERE prazer p]acer piacere plaisir
Na sílaba fechada o francês também apresenta a vogal a: BLANK (germ.) branco blanco bianco blanc
CLAVU- cravo clavo chiodo clo u

arte arte arte art Fenômenos análogos ocorrem às vezes também na posição inte rna:
. ' .. -. ~~· .-;~ ...-~.{
. . . " . ~ '
2.-l. O português ou/oi tem como equirnlcntc nas demais línguas uma DUPLU- dobre doble doppio double
vogal simples (normalmente o):
IMPLJCARE empregar emplea impiegare employer

AURU- J.2. Os encontros s + consoante: na posiçiio inicial ocorre um e-. exce-


ouro/oiro oro oro
CAUSA or to no italiano (e no francês frequentemente niio ocon-e o -s -):
coisa/cousa cosa cosa
PAUCU- chose
pouco poco poco peu
SCHOLA escola escuela scuola école
SPATHA espada espada spada épée
SDIETHJ. \S OBSERV.\0.-\S X \S CO:\'SO.\~TES STUDIU- estudo estudío studio étude

.1. :\.\ POSI~;.\o l:\ICL\L (E E\ºESTl".\L,IE:\TE T.\,mf:,1 :\.\


l:\TERS.\) Oh~.: Já houve na história do italiano um vocalismo semelhante, p. ex.,
em ispalla, e ainda hoje se utilizam expressões como per i-,critto, per ischerzo .
.1~ 1. Os eqnintlcntcs ?1 consoante palatal grafada ··eh .. no português
sao cons. + / no francês. li no espanhol e cons. + i no italiano: É dife rente , no entanto, o caso dos equivalentes a não poucas palavras se-
mieruditas que têm uma vogal etimológica antes de -s-:

PLAGA chaga llaga piaga plaie


chato {plato) (1) HISTORIA história historia storia histoire
piatto plat
PLENU- cheio AESTIMARE estimar estimar (e)stimare estimer
lleno pieno plein
FLAMA-IA chama llama fiamma flamme
AFFLARE achar O s interno figura regularmente nas palavras portuguesas, espanholas e
hallar
italianas, mas é e liminado no fra ncês (cuja escrita, no entanto, apresenta um
CLAV- chave vestígio dessa pe rda no acento c ircunflexo sobre a vogal):
llave chiave (2) clef
CLAMARE chamar llamar chiamare (ex)clamer

( 1) Ver tabela seguinte. PASTA pasta pasta pasta pâte


PISCARI pescar pescar pescare pêcher
(2) O "eh" representa a consoante velar /k/. costa costa costa côte
COSTA
TEMPESTA (1) tempestade tempestad tempesta tempête
No entanto, em espanhol, encontramos em alguns casos os grupos pl, cl, bl, ( 1) Forma latina ta rdia; no latim clássico, o nom in ativo singular era TEMPESTAS;
e, no português, pr, cr, br (trata-se de palavras "semicruditas"): nos demais casos, THf PEST,\T-.
2 <..ãram:it il·,1 l'11mparat i\ a li . . ,
ou,n~~ quatro Hn~ua~ ro 111:in h.::1~
.\ llL'X fl li 26J

.1 .•1. Os cqui\'·tlc
' 11 t es f ranccscs , , .- /
(cm síhtha fechada) ( ,f '.> '},d. ~o cu s e le (cm sílaba aberta) e cha ªº -l. E~I POS IÇ.\O t:\TER~.\
e · - ··' este .\nexo):
-l. l. Os cquin 1lentcs 11s consoa ntes duplas italia nas são. na pronúncia
das demais línguas. consoantes simple s: na cscritn. encontramos. i1s
CANTARE caro cher vezes . uma consoante dupla. noutras \'CZCs uma consoa nte simples:
ADCAPTARE cantar cantare chanter
(1)
accattare ache ter
ARCA arca (comprare) PASSARE passar {J)R'sarl pasar passare passer (pa'seJ
CABALLU- arca
cavalo arca arcbe MITTIT mete mete mette il met
' . caballo cavallo cheval
(1 ) Existe um verbo no h
espan o1 e no portudu '
totalmente diferentes (" . ,, '-' es, acatar , mas com significados
.
( respeita .
I e sedu
, respe11ar e outros)· .A
, p. ex.· caca os conselhos dos pais Ao it. -rr- corresponde, no entanto, uma consoante dupla no espanhol
' · ·, '-' e, os conselhos). · (p. ex.: it./esp. carro). No português, a pronúncia do -rr- é generalizadamen te
velar, correspondendo a uma consoante simples .
.1.-1. O equivalente espanhol ' t >J' .. .
(mudo): • < • imcial + vogal é nonnalmc nte li-
Em muitos casos ocorrem, em port., fr. e esp., formas semie ruditas que
re produzem grupos consonan tais da forma latina:

FARINA fico figue


FORMICA farina farine OBSERVARE observar ob servar osservare observer
formica fourmi OBTINERE obte r obtener ottenere obtenir
ACTU- ato acto atto acte
Antes de ue, contudo també EFFECTU- efeito efecto effe tto effe t
O mesmo vale para as 1 , ( m .º espanhol aprese ntai , p. ex.:juego, (fogo).
ar (soltar fumaça) (·
pa avras sem1)erudit
..
fi ..
as, p. ex. amilia. Cf. também hu me- Ver também 4 .4 <leste anexo.
, mtrans1ttvo) e.fu ( ..
mar trans1t1vo, p. ex .:fumar um cigarro).
-l.2. Odusi\'as simples intcr\'ocálicas 011 antes de -r
.1.5. Os cquh·afont,.. .
-.s ao português e f . , ' l ] - - . a) Sonoras cm português e no espanhol, m as surdas no italiano. Em fra ncês, ora
espanhol td3J 011 [x]: ·· · r ,rncc s 3 sao o Italiano fd3] e
sonoras, ora 0:
. ." . . ' . . . , , ..
• • • • • • • :i: • ~ "7 • ,.fJ. .-_,:

giogo joug SAPERE saber saber sapere savoir


genro yemo genero gendre RIPA riba ( 1) riba (1) ripa/ riva rive
gelo bielo gelo gel
IUVEN- -ATA -ada -ada -ata -ée (2)
jovem joven
IURARE giovane jeune VITA vida vida vita vie
jurar jurar giurare jurer PETRA pedra piedra pietra pierre
AMICA amiga amiga amica amie
DICO digo digo dico Oe) dis (3)
(1) Cf. com o mesmo significado esp. ribera, port. ribeira.
(2) Em relação aos dois e, ver 1.1.1 (b) e 2.3 deste anexo.
(J) A forma antiga eraje di: o 0
S é fenômeno meramente gráfico que não remonta ao -c-
latino.
,\ U ..: :\ L) {l 2(,~

h) O italiano ma ntém co mo oclusivas sonoras consoantes que de modo geraI ae \ ,,,/:'.


tornaram fricativas sonoras ou desapareceram nas de mais línguas: \'·' ocho otto
oito lit
ocro lecho letto
LECTU- leito nuit (1 )
noche notte
NOCT• noite
0) Este t é meramente gráfico.
cru crudo cru
CRUDEL- cruel cruel crudele c ruel , . .. . , '•lito )crfoito latino tc,·e C\'l..>1111.;üo scm e-
' 5 .\ scqncncw -.\ 1 do p1 etc .1 " . . ·1 ·1•,11te surda ou sono-
1,
PAGANU- pagão (2) pagano [y] pagano pai'en -~ ""•' . . ", . .. 1'· e trances - um.1 si -,1 • .
1 1lr111te em portugm:s. ,t.1 ,.mo . . ' . . nhol - um ;. p ronuneHI-
- !·
( 1) O d é grafi a t!limol6gica. ' . . t l " tl resultado hem 1...htcrcntc no csp.1 .
r:I -. tll,I!'\ -.. •
( 2 ) t.lantidas entre vogais, estas consoantes se abrandaram como frica tivas no português do !xi:
.i europeu, mas continua m oclusivas no português do Bras il.
! Ue) dis
Um tanto similar é o caso das fom1as italianas (g) g [ ( d )d3J e seus equivalentes: dissi
DJXI disse tradussi Ue) traduisis
TRADUXI traduzi

i' FUGERE fugir l31 huir (1) fuggire fuir


i RADIU- raio rayo raggio Rai
1
( l ) Quanto ao h- inicial, ver .1.4 deste anexo.

luxo lujo fixe, flxer


LUXU- fijo, fijar fisso, fissare
-L1 . .\o português /h 1,q podem eorn.~spomler o espanholj I x]. o gru- FIXU-, FlXARE fixo, fixar esempio ( 1) exemple
ejcmplo
po italiano 1..x:lti (lkkjj) e o francês il{/) l.i l: EXEMPl,U- exemplo
esame (1) examen
exame examen
EXAMEN
~- • cí·• P · ex ., as
• 1·· 0 a\Jfescnta um -s si·mpl"s·
· · · das po r es-• • o ua ian hol c')·ército(-ar) , exa / w r •
OC(U)LU- olho oj o occhio reil ( 1) Nas palavras 1mc1a • .., .
, correspondentes ,to espan ·
for mas esen:iro(-are). esa1w r 1.;, •
VET{U)LA . t . 1· d-, ,..,.,1-i ..
> \ 'ECLA velha vieja vecchia vieille . , scn··1tn no 111 c no , • •
-t ( O e sp·mhol. o italiano o trances con.
l.' , l.
. ). . , l <.1t1" o ,-,ortu<iu ês nor malmente per'- eu:
Em algumas outras palavras, poré m , essa sime tria fonética revela uma con- ,..-..i. o n e o -.. ,., . .
soante comum [Á) ao português e ao italia no, grafada respectivamente como lh
egl(i):
LUNA lua suona sonne
soa suena
SONAT cielo ciel
céu cielo
FILIA filha hija figl.ia fille CAELU-
MELIOR- melhor m ejor migl.iore meilleur
mano main
mão mano
MANU- sono sont
são son chien
SUNT (perro ) cane
-t.-t. O encontro eonsonantal latino -CT- cst;Í na origem de difo ren \!as CAN- cão azione action
ação acción
regulares també m : ao port uguês e francês - ic. correspondem o espa- ACTJON-
nhol -eh - ltSI e o italiano -u- :
.\nt"xo li

. Note-se que a ausência de um n é compensada pela nasalização das vo ais


circundantes. g SL\IETRL\S C(>:\IPLEXAS
Às pal~vras italianas terminadas em -inel-ene, o correspondente na grafia
portuguesa e -m; na pronúncia, temos um ditongo nasal: :i. l"TRODl"Ç.\O
Em muitos casos, determinada palavra é afetada por mais de um fenômeno de si-
metria. Assim, p. ex., nas formas francesas, espanholas e portuguesas destacadas:
fim fin fine
BENE fin
bem bien bene bien
CARU- caro caro caro _çhu_(2.3 + 3.3)
_ Em _muitos casos, a forma portuguesa sem Vn apresenta, como compensa- FOLIA folha boja (3.4 + 4.3) foglia feuille
çao, um i: PLANU- chão (3.1 + 4.6) llano piano plan
PLENU- cheio (3.1 + 4.6) Ueno pieno plein

Em certos casos, uma divergência pode condicionar outra; já vimos al-


teia tela tela
FRENU- toile guns exemplos em 1.1.1 e 4.6 deste anexo, adicionamos aqui dois outros casos
freio freno freno frein análogos.
AVENA aveia avena avena avoine
CATENA cadeia cadena catena
ARENA chaine 6. ;\ CO'.'iTR.\Ç;\O DE DL\S VOG.\IS E'.\I l'M.\
areia arena arena arene
Este fenômeno pode ser consequência da ausência de uma consoante intervo-
cálica (presente, por sua vez, nas formas italianas - ver 4.2 e 4.6 deste anexo):
Nota-se também em alguns vocábulos portugueses a presença de um -i-
onde as demais línguas não apresentam nenhum fonema: cf. port. ideia esp.
idea, it. idea, fr. idée. '
COLOR- cor color colore couleur
<!
-1-. 7. equivalente francês a / + consonantc e a -1 final é um II que se
VJDERE
VENIRE
ver
vir
ver
venir
vedere
venire
voir

combma com a Yogal precedente formando cm I o j, ou f u J e eu [ ~ J:


venir
TENERE ter tener tenere tenir
LANA lã lana lana laine
GERMANA irmã hermana germana sceur
ALTU- alto alto alto SECURU- seguro seguro sicuro súr
SALVARE haut
salvar salvar MATURU- maduro maduro maturo mür
salvare sauver
ULTRA ultra- (1) ultra- (1) oltre outre
COL(A)PU- golpe golpe colpo coup
ºFILTIR feltro fieltro feltro feutre
(genn.) 7. O .\P.\Rf..CnlK\TO. X.\S l)E'.\L\IS LÍ"GL\S. DO E :\'O Ll'G.\R
PELL- pele pie! DO IT.\LL\:\"O .\
pelle peau
(1) Somente como prefixo. Pode ser condicionado aos fenômenos consonantais mostrados em 4.4. e 4.5
deste anexo. No francês, esse fato se dá na pronúncia, mas não é representado
na grafia:
Vale lembrar que neste caso o l português em final de sílaba se pronuncia
{tj no uso europeu e mais comumente [wj no uso brasileiro.
FACTU- feito hecho fatto fait [fel
LACT- leite leche latte lait [leJ
AX- eixo eje asse axe (1)
:i (1) Latinismo etimológico, ver 4.5 deste anexo.
'1
i
. \ ll:1...·\ (l II J 26')

,\\'EXO Ili
P.\H.\l}J(;.\L\S YERB.\IS lmpcrati\'O aíirmatiYo

canta canta canta chame


'i
1. n:irnos RECn,.\RES cante cante canti
l. l. Equi\'alentcs aos vcrhos rc,gulares portugueses cm -llr cantemos cantemos cantiamo chantons
cantai cantad cantate chantez
cantem canten cantino

Infinitivo impessoal Pretérito imperfeito <lo indicativo


cantar cantar cantava cantaba cantavo je chantais
cantare chanter
cantavas cantabas cantavi tu chantais
Infinitivo pessoal cantava cantaba cantava il chantait
cantar cantávamos cantábamos cantavamo nous chantions
cantares cantáveis cantabais cantavate vous chantiez
cantar cantavam cantaban cantavano ils chantaient
cantarmos
cantardes Pretérito perfeito do indicativo
cantarem
cantei canté cantai je chantai
cantaste cantaste cantasti tu chantas
Geníndio
cantou cantó canto il chanta
cantando cantando cantámos/ cantamos cantammo nous chantâmes
cantando chantant
cantamos (1)
Particípio passado cantastes cantasteis cantaste vous chantâtes
cantaram cantaron cantarono ils chanterent
cantado cantado cantato chanté
( 1) Em Portugal, com acento agudo sohre o a.
Presente do indicativo
canto Pretérito imperfeito do suhjuntivo/conjuntivo
canto canto je chante
cantas cantas canti tu chantes cantasse cantase cantara cantassi je chantasse
canta canta canta il chante cantasses cantases cantaras cantassi tu chantasses
cantamos cantamos cantiamo nous chantons cantasse cantase cantara cantasse il chantât
cantais cantáis cantate vous chantez cantássemos cantásemos cantáramos cantassimo nous chantassions
cantam cantan cantano ils chantent cantásseis cantaseis cantarais cantaste vous chantassiez
cantassem cantasen cantaran cantassem ils chantassent
Prcst!nte do •suh· . /con1untivo
'.JUnt1vo .
cante Pretérito mais-que-perfeito
cante canti je chante
cantes
cantes canti tu chantes cantara
cante
cante canti il chante cantaras
cantemos cantemos cantiamo nous chantions cantara
canteis cantéis
cantem cantiate vous chantiez cantáramos
canten cantino ils chantent cantáreis
cantaram
rf 270 liramiitic:1 crnnparati\·;1 llouaiss qu~uro Hngu.a:-; rom;Üli<.1,as

n1 H
.\11c• xo Ili 271

Futuro do subjuntivo/conjuntivo
cantar cantare Particípio passado
cantares cantares
cantar vendido vendido venduto vendu
cantare
cantarmos cantáremos
cantardes Presente do indicativo
cantareis
cantarem cantaren vendo vendo vendo je vends
'. j vendes vendes vendi tu vends
:; Futuro do presente do indicativo vende vende vende il vend
cantarei vendemos vendemos vendiamo nous vendons
cantaré cantero
cantarás je chanterai vendeis vendéis vendete vous vendez
cantarás canterai
cantará tu chanteras vendem venden vendono ils vendent
cantará canterà
cantaremos il chantera
cantaremos canteremo
cantareis nous chanterons Presente do subjuntivo/conjuntivo
cantaréis canterete
cantarão vous chanterez
cantarán canteranno venda venda venda je vende
ils chanteront
vendas vendas venda tu vendes
Futuro do pretérito do indicativo (condicional) venda venda venda il vende
cantaria vendamos vendamos vendiamo nous vendions
cantaría canterei
cantarias je chanterais vendais vendáis vendiate vous vendiez
cantarias
canteresti tu chanterais vendam vendan vendano ils vendent
cantaria cantaria canterebbe il chanterait
cantaríamos cantaríamos canteremmo nous chanterions Imperativo afirmativo
cantaríeis cantaríais cantereste vous chanteriez
cantariam cantarían vende vende vendi vends
canterebbero ils chanteraient
venda venda venda
vendamos vendamos vendiamo vendons
vendei vended vendete vendez
1.2. Equi\'alcntcs aos ,·crhos n:gularcs portugueses cm -er vendam vendan vendano

Pretérito imperfeito do indicativo

Infinitivo impessoal vendia vendía vendevo je vendais


vendias vendías vendevi tu vendais
vender vender vendia vendía vendeva il vendait
vendere vendre
vendíamos vendíamos vendevamo nous vendions
Infinitivo pessoal vendíais vendevate vous vendiez
vendíeis
vender vendiam vendían vendevano ils vendaient
venderes
vender Pretérito perfeito do indicativo
vendermos vendi vendí vendei je vendis
venderdes vendeste vendiste vendesti tu vendis
venderem vendeu vendió vendé il vendit
vendemos vendimos vendemmo nous vendimes
Gerúndio vous vendites
vendestes vendisteis vendeste
vendendo venderam vendieron venderono ils vendirent
vendiendo vendendo vendant
.\111.:., n li ! 27.l

Pre té rito imperfeito do suhjuntivo/conjunrivo


l.J.
it vendesse
·1 vendiese vendiera
ven desses ve ndessi je vendisse
1. vendieses vendieras
i vendesse vendessi tu vendisses
vendiese vendie ra
i vendêssemos ve ndesse il vend1t Infinitivo impessoal
vendiésemos vendiéramos
vendêsseis vendessimo nous vendissions
vendieseis ve ndierais unir servir unir unire scrvire unir servir
vendessem vendeste vous vendissiez
i vendiesen vendieran vendessero ils vendissent Infinitivo pessoal
1· Pre térito rnais-que-pc rfoito do indicativo
unir servir
vende ra
unires sevires
venderas
unir servir
vende ra
unirmos servirmos
vendêramos
unirdes servirdes
vendêreis
unirem servirem
vende ram
Ge rúndio
Futuro do suhjuntivo/conjunrivo
unindo servindo uniendo unendo servcmlo unissant servant
vender vendiere
venderes ve ndie res Particípio passado
vender vcndiere
ve nde rmos unido servido unido unito servito uni sen i
1

vendiérem os
venderdes vendiereis
venderem Presente d o indicativo
vendieren
uno s irvo uno unisco servo j'unis je sers
Futuro do prt:!senre do indicativo unes serves unes unisci servi tu unis tu scrs

venderei une serve une uniscc serve il unit il sert


venderé
venderás vende rõ j e vendrai unimos servimos unimos uniamo serviamo naus unissons naus
venderás servite vous unissez
ve nderá venderai unis servis unís unite sen ons
1

venderá tu vendras
venderemos venderà unem servem unen uniscono servono ils unissent vous servez
venderemos il vendra
vendereis venderemo ils servent
venderéis nous vendrons
venderão vendc rete vous vendrez
venderán
vende ranno ils vendront Presente do suhj untivo/conjuntivo
Futuro do pretérito do indicativo (condicional) una sirva una unisca serva j'unL'iSC je serve
venderia venderia unas sirvas una..,;; unisca serva tu unisses tu serves
venderias ve nde re i je vendrais una sirva una unisca serva .il unisse il sen·e
venderías
venderia venderes ti tu vendrais unamos sirvamos unamos uniamo serviamo nous unissions naus
vendería
venderíamos vende rebbe il vendr ait unais sirvais unáis uniate serviate vous unissiez servions
venderíamos
vende ríeis venderemmo nous vendrions unam sirvam unan uniscano sen·ano ils unissent vous serviez
venderíais ·
venderiam vendereste vous vendriez !Is sen•ent
venderían
vende rebbero ils vendraient
,\nexo li 1 275

27-1 (;nmr:írit.·a cumparati,·a l lo u:1b~ 4uarro lín.~ua~ ro mfüticas

Futuro do ~ubjuntivo/conjuntivo
Impe rativo afirmativo
unir servir uniere
une serve une unisci servi unis sers
unires etc. unieres
una sirva una unisca serva
unir uniere
unamos sirvamos unamos uniamo serviamo unissons servens
unirmos uniéremos
uni servi unid unite servite unissez servez
unirdes unierels
unam sirvam unan uniscano servano
unirem unieren

P retérito impe rfeito do indicativo


Futuro do presente d o indicativo
unia servia unía univo servivo j'unissais je servais servirõ j'unirai je servirai
servirei uni.ré unirõ
unirei etc.
unias etc. unías univi etc. tu unissais tu servais unirai etc. tu uniras
unirás etc. unirás
unia unía univa il unissait il servait unirà il unira
unirá unirá
uníamos uníamos univamo nous unissions nous uniremo nous unirons
uniremos uniremos
uníeis uníais univate vous unissiez selVions unirete vous unirez
unireis uniréis
untam unían univano ils unissaient vous serviez uniranno ils unlront
unirão unirán
ils servaient
Futuro do preté rito do indicativo (condicional)
Pre tér ito perfe ito do indicativo je servirais
unirei servirei j'unirais
uniria serviria uniria
uni servi uní unii servii j'unis je servis etc. tu unirais etc.
etc. unirias uniresti
unirias
uniste etc. uniste unisti etc. tu unis etc. unirebbe il unirait
uniria uniria
uniu unió unl il unit uniremmo nous unirions
uniríamos uniríamos
unimos unimos unimmo nous unimes unireste vous uniriez
uniríeis unirlais
unistes unisteis uniste vous unites unirebbero ils uniraient
uniriam unirlan
uniram unieron unirono ilsunirent

Pretérito imperfeito do suhjuntivo/conjuntivo

unisse servisse uniese uniera unissi servissi j'unisse je servisse


unisses etc. unieses unieras unissi etc. tu unisses etc.
unisse uniese uniera unisse il unit
uníssemos uniésemos uniéra- unissimo nous unissions
unísseis unieseis mos uniste vous unissiez
unissem uniesen unierais unissero ils unissent
unieran

Pretérito mais-que-perfeito do indica tivo

unira servira
uniras etc.
unira
uníramos
uníreis
uniram
.\1w , ,, 111 277

2. n •:RBOS .\l'.XILI.\RES E DE Ll(i.\C,:.\O Imperativo afirmativo


sii sois
O objetivo das tabelas a seguir é tão somente ilustrar as equivalências morfoló- sê sé
~icas de verbos cujos empregos são, em muitos casos, claramente distintos nas sea sia
seja
siamo soyons
diferentes línguas (ver 4 .1.2). sejamos seamos
siate soyez
sede sed
sean siano
2.1. Os cquín1 lc11tcs morfológicos do português ser sejam

'.ó(~ • - • G yr ; , • •~ "-- >


Pretérito imperfeito do indicativo
·.:e·,.~-~ •-•~ ,·~ •~
#, • , • • , -' • •

~ .:.·.?-•\•,~~\~';~;-.;::~.;;;•~~~::1~· !,~· •:-~:~~~:~}::_,. ·it~• ,;::t;,::_.'_ : ..~ era era ero j'étais
eri tu étais
eras eras
Infinitivo impessoal e ra il était
era era
eravamo nous é tio ns
ser ser essere être éramos éramos
eravate vous étiez
éreis erais
Infi ni ti vo pessoal erano ils étaient
eram eran
ser
Pretérito perfeito do indicativo
seres
ser fui je fus
fui fui
sermos fosti tu fus
foste fuiste
serdes fue fu il fut
foi nous fumes
serem fuimos furnmo
fomos
foste vous ffttes
fostes fuisteis
Gerúndio furono ils furent
foram fueron
sendo siendo esscndo étant
Pretérito impcrt'eito do suhjuntivo/conjuntivo
Particípio passado fuera fossi je fusse
fosse fuese
fueras fossi tu fusses
fosses fueses
sido sido stato été fosse il fut
fosse fuese fuera
fuéramos fossimo nous fussions
Presente do indicativo fôssemos fuésemos
fuerais foste vous fussiez
fôsseis fuese is
sou soy sono je suis fueran fossero ils fussent
fossem fuesen
és ercs sei tu es
é es e il est Pretérito mais-que-perfeito do indicativo
somos somos siarno nous sommes
sois sois sietc vous êtes fora
são son sono ils sont foras
fora
Presente do suhjuntivo/conjuntivo fôramos
fôreis
seja sea sia je sois foram
sejas seas sia tu sois
seja sea sia il soit
sejamos seamos siamo nous soyons
sejais seáis siate vous soyez
sejam sean siano ils soient
27~ (;ram:ítk•.i "-'01t1p:Jrnti,·a f[omtiss qu:1tro lín.~u:ts ro111fln icas
.\nexo Ili 279

Futuro do subjuntivo/conjuntivo
for Particípio passado
fuere
fores fueres estado estado stato
for fuere
formos fuéremos Presente do indicativo
fordes fuereis
forem estou estoy sto
fueren
estás estás stai
Futuro do presente do indicativo está está sta
estamos estamos stiamo
serei seré estais estáis state
saro je serai
serás serás estão están stanno
sarai tu seras
será será sarà il sera
seremos seremos Presente do subjuntivo/conjuntivo
saremo nous serons
sereis seréis sarete vous serez esteja esté stia
serão serán saranno ils seront estejas estés stla
Futuro do pretérito do indicativo (condicional) esteja esté stla
estejamos esternos stlamo
seria seria estejais estéis stiate
sarei je serais
serias senas estejam estén stiano
saresti tu serais
seria seria sarebbe il serait
seríamos seríamos Imperativo afirmativo
saremmo nous serions
seríeis seriais sareste vous seriez está está sta/stai/sta'
seriam serían sarebbero ils seraient esteja esté stia
estejamos esternos stiamo
estai estad state
2.2. Os equivalentes morfol1,gieos do português estar estejam estén stiano

Pretérito imperfeito do indicativo

estava estaba stavo


Infinitivo impessoal estavas estabas stavi
estar estava estaba stava
estar stare estávamos estábamos stavamo
Infinitivo pessoal estáveis estabais stavate
estavam estaban stavano
estar
estares Pretérito perfeito do indica tivo
estar
estarmos estive estuve stetti
estardes estiveste estuvlste stesti
estarem esteve estuvo stette
estivemos estuvimos stemmo
Gerúndio estivestes estuvisteis steste
estiveram estuvieron stettero
estando estando stando
. \l1t,;\H JII 2f;J

Pretérito imperfeito do subjuntivo/conjuntivo


estivesse 2 . .1. Os cq11ivalc11tcs morfolú.i.:icos do português lw-.,·e1·
estuviese estuviera
estivesses stessi
estuvieses estuvieras
estivesse stessi
estuviese estuviera stesse
estivéssemos
estuviésemos estuviéramos stessimo
estivésseis Infinitivo impessoal
estuvieseis estuvierais steste
estivessem
estuviesen estuvieran stessero haver haber avere avoir

li ' Pretérito mais-que-perfeito do indicativo


Infinitivo pessoal
estivera
estiveras haver
1/.•·'
1 ,' haveres
estivera
' haver
estivéramos
havermos
estivéreis
haverdes
estiveram
haverem
Futuro do subjuntivo/conjuntivo
Gerúndio
estiver
estuviere havendo habiendo avendo
estiveres ayant
estuvieres
estiver
estuviere Particípio passado
estivermos
estuviéremos
estiverdes havido habido avuto eu
estuviereis
estiverem estuvieren
Presente do indicativo
Futuro do presente do indicativo
hei he ho j'ai
estarei estaré hás has hai tu as
estarás starõ há ha
estarás ha il a
estará starai havemos hemos
estará abbiamo nous avons
estaremos starà haveis habéis
estaremos avete vous avez
estareis staremo hão han hanno
estaréis ils ont
estado starete
estarán
staranno Presente do subjuntivo/conjuntivo
Futuro do pretérito <lo indicativo (condicional) haja haya abbia j'aie
estaria hajas hayas ahhia tu aies
estaría
estarias starei haja haya
estarias abbia il ait
estaria staresti hajamos hayamos
estaría abbiamo nous ayons
estaríamos starebbe hajais hayáis
estaríamos abbiate vous ayez
estaríeis staremmo hajam hayan
estaríais abbiano ils aient
estariam stareste
estarían
starebbero
28 2 ( ;r:m,:tri ...•a 4.•1•n1p:1r,1t1,·a I J, .1 w1is~ qu:1tn > lin_t!u:t-"' n m1:l 11ic as
.\ n~xn 11 1 283

Imperativo afirmativo
Futuro do subjuntivo/conjuntivo

haja abbi aie houver hubiere
hajamos abbia
houveres hubieres
havei abbiamo ayons houver hubiere
hajam abbiate ayez houvermos hubiéremos
a bbiano houverdes hubiereis
Pretérito impe rfeito do indica tivo houverem hubieren
havia había
avevo Futuro do presente do indicativo
havias habías j'avais
havia avevi tu avais
había haverei habré avrõ j'aurai
havíamos aveva il avait
habfamos haverás habrás avrai tu auras
havíe is avevamo nous avions haverá habrá
habfais avrà il aura
haviam avevate vous aviez haveremos habremos avremo
habían nous aurons
avevano ils avaient havereis habréis avre te vous aurez
Pretérito perfei to do indicativo haverão habrán avranno ils auront
houve hube
ebbi j'eus Futuro do pretérito do indicativo (condicional)
houveste hubiste
h ouve avesti tu e us
hubo haveria habría avre i j'aurais
houvemos ebbe U e ut haverias
hubimos habrías avresti tu aurais
houvestes avemmo nous e umes haveria habría avrebbe il aurait
hubis teis
houveram aveste vous eutes
hubieron havería mos habríamos avremmo nous aurions
e bbero ils eurent haveríeis habríals avreste vous auriez
Pre térito im perfeito do subj untivo/conjuntivo haveriam habrían avrebbero ils auraient
houvesse hubiese hubiera avessi
houvesses hubiese s j'eusse
hubieras avessi 2.-l. Os cquiYalcntcs mo rfoló gicos do português ter
houvesse hubiese tu eusses
hubiera avesse
houvéssemos il eut
hubiésemos hubié ramos ,.
houvésseis avessimo nous eussions
hubieseis hubie rais
houvessem aveste vous eussiez
hubiesen hubieran avessero ils eussent Infinitivo impessoal
Pretérito mais-que-perfeito do indicativo
ter tener te nere tenir
houvera
houveras Infinitivo pessoal
houve ra
houvéramos ter
houvéreis teres
houveram ter
termos
terdes
terem
---
Gerúndio
tendo teniendo tenendo tenant
Pretérito imperfeito do subjuntivo/con_juntivo
Particípio passa do je tinsse
tuviera tenessi
tivesse tuviese tu tinsses
tido tenido ttmuto tenu tuvieras tenessi
tivesses tuvieses il tint
tuviera tenesse
tivesse tuviese nous tinssions
Presente do indicativo tuviéramos tenessimo
tivéssemos tuviésemos vous tinssiez
tuvieseis tuvierais teneste
tenho tengo tengo je tiens tivésseis ils tinssent
tuvieran tenessero
tens tienes tieni tu tiens tivessem tuviesen
tem tie ne tiene il tient
temos tene mos teniamo nous tenons Pretérito mais-que-perfeito do indicativo
tendes tenéis tenete vous tenez
têm tienen tengono ils tiennent tivera
tiveras
Presente do subjuntivo/conjuntivo tivera
tivéramos
tenha tenga tenga je tienne tivéreis
tenhas tengas tenga tu tiennes tiveram
tenha tenga tenga il tienne
tenhamos tengamos teniamo nous tenions Futuro do subjuntivo/conjuntivo
tenhais tengáis teniate vous teniez tuviere
tenham tengan tengano ils tiennent tiver
tiveres tuvieres
tiver tuviere
Imperativo afirmativo
tivermos tuviéremos
tem ten tieni tiens tiverdes tuviereis
tenha tenga te nga tiverem tuvieren
tenhamos tengamos teniamo tenons
tende tened te niate te nez Futuro do presente do indicativo
tenham tengan tengano terro je tiendrai
terei tendré tu tiendras
cerrai
terás tendrás i1 tiendra
Pretérito imperfeito do indicativo terrà
terá tendrá nous tiendrons
tendremos terremo
tinha tenfa tenevo je tenais teremos vous tiendrez
te rrete
tinhas tenías tenevi tu tenais tereis tendréis ils tiendront
terranno
tinha tenía teneva il tenait terão tendrán
tínhamos teníamos tenevamo nous tenions
tínheis teníais tenevate vo us teniez Futuro do pretérito do indicativo (condicional)
tinham tenían tenevano ils tenaient terrei je tiendrais
teria tendria tu tiendrais
terresti
terias tendrías il tiendrait
Pretérito perfeito do indicativo te rrebbe
teria tendría nous tiendrions
tendríamos te rremmo
tive tuve tenni je tins teríamos vous tiendriez
tendríais terreste
tiveste tuviste tenesti tu tins teríeis ils tiendraient
terrebbero
teve tuvo tenne il tint teriam tendrian
tivemos tuvimos tene mmo nous tinmes
tivestes tuvisteis teneste vous tin tes
th·eram tuvieron tennero ils tinrent
.\nc., 11 !li 2H7

286 (~ram~ilic:1 c,,:ou1 p:1rací \ a llnt1:i1s:,. t111.a1ro lín~ua, rnn1ú1, ica:--

2 .5. Os equivalentes ao português ir Imperativo afirmativo


va/vai/va' va
A conjugação deste verbo em português e em espanhol é resultante <la combi- ve
vai vada
nação de três raízes supletivas, provenientes dos verbos latinos ire, vadre e esse vaya
vá andiamo allons
(formas do perfeito e respectivos derivados). O francês emprega basicamente o vamos /vayamos
allez
vamos andate
radical all- (do lat. ambulare) e suplementarmentc os radicais i - eva-. O ita- ide id
vadano
liano usa dois radicais, va(d)- e and. Em espanhol e português, ir e (com um vão vayan
significado mais concreto) andar são dois verbos distintos.
Pretérito imperfeito do indicativo
andavo j'allais
ia iba tu aliais
andavi
ias ibas il allait
andava
Infinitivo impessoal ia iba nous allions
andavamo
íamos íbamos vous al\iez
ir ir andare aller andavate
íe is ibais ils allaient
andavano
iam iban
Infinitivo pessoal
ir Pretérito perfeito do indicativo
ires andai j'allai
fui fui tu altas
ir andasti
fuiste il alla
irmos foste ando
foi fue nous allãmes
irdes andammo
fomos fuimos vous allãtes
irem andaste
fostes fuisteis ils allerent
andarono
foram fueron
Gerúndio
indo yendo , . 1mper
Pretento . feito do subjuntivo/conjuntivo
andando allant
andassi j'allasse
fuese fuera tu aliasses
Particípio passado fosse andassi
fueses fueras
fosses andasse il allãt
ido ido fuese fuera
andato allé fosse andassimo nous allassions
fuésemos fuéramos
fôssemos andaste vous allassiez
Presente do indicativo fueseis fuerais
fôsseis andassero ils allassent
fuesen fueran
vou voy vado (vo) je vais fossem
vais vas vai tu vas · · do indicativo
vai Pretérito mais-que-per feito
va va il va
vamos vamos andiamo nous allons fora
ides vais andate vous allez foras
vão van vanno ils vont fora
fôramos
Presen te do suhjuntivo/conjuntivo fôreis
vá vaya j'aille foram
vada
vás vayas vada tu ailles
vá vaya vada il aille
vamos vayamos andiamo nous allions
vades vayáis andlate vous alliez
vão vayan vadano ils aillent
2~ <,ram:ilil':t i:, 1111par:1tl\"'I li .
. ,,u .11,:-. q u :1r n 1 l l11:.,:11a.-. n ,11r;i11 1,,:.-1~

21,')

Futuro do subjuntivo/conjuntivo
REFEHÊ:\'(:I .\S
for
fuere
fores
fueres
for
fucre
formos ALARCOS LLORACII, Emilio. Gramática de la Le11gua Rspafiola. Madrid:
fuéremos
fordes Espasa Calpe, 1994.
fucreis
forem
fueren ALI, :M anuel Said. Gramática 1/istóricu da Lín!!.ua Portuguesa. Brasília:
Universidade de Brasília, 1964.
Fmuro do prcscntt:!

d<>.111J·1cat1vo
.
irei
AZEREDO, José Carlos de. Grumútica Houaiss da Lín,f!ua Porcu~uesa. São
iré Paulo: Publifolha, 2008.
irás andrà
irás j'ira i
irá andrai tu iras
BACELAR DO N"ASCJMENTO, Maria Fernanda; GARCL\ hL\RQUES, '.\faria
irá
iremos andrà Lucía; SEGURA DA CRUZ, '.\1aria Luísa (eds.). Portu,Iuês Fundamental, v.
iremos il ira
ireis andremo II, t. 1.: lnquérico de Frequência. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação
iréis nous irons
irão andretc Científiea, Ce ntro de Linguística da Unive rsidade de Lishoa, 1987.
inín vous irez
andranno ils iront
Futuro do prct ~ · ., . R\CH, Svend; BRUNET, Jacqueline; ~L\STRELLJ, Cario Alberto. Quaclrivio
cnto uo mdicativo (condicional) Romanzo: dull 'icalicmo ao Francese, alio Spag11olo, ai Porcoghcse. Firenzc:
iria
iría ,\ceademia dclla Crusca, 2008.
irias andrci
irías j'irais HECIIARA, Evanildo. Modcma Grumútica Portuguesa. Rio de J a neiro:
iria andresti
iría tu irais
iríamos andrebbe Lucerna, 1999.
iríamos iJ irait
iríeis andremmo BORH,\ , Francisco da Silva (eoord.). Dicionário gramcaical de verbos. 2. ed.
iríais nous irions
iriam andreste São Paulo: Uncsp, 199J .
irían vous iricz
andrebhcro
ils iraient BRL~ET, Jacqueline. Grammaire Critiq1Le de l'ltalien . \'incenncs: Presses
Univcrsitaircs , 1991, v. 10-11.
CALVO RIGCAL Ccsáreo; GIORDAl\0 Ana. Diccionario Italicmo-Espafrol,
Espwiol-Jtaliano. Barcelona: llerder, 1995.
Ci\..\fARA JR., J . Mattoso. Hist<íria e Estrutura da Língua Portuguesa. Rio de
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Rdcrl.!rn..'ias 291
2'-JO (;ra,witi<.::1 <.. nmparatiu1 líouctbs qu,nrn lír1,L:,u:1s rom:·111ieas
1

DELGADO-M.ARTI~S, M. R. Ouvir falar: introdução à fonética do português. LOPES, Oscar. Gramática Simbólica do Português. 2. ed. Lisboa: Fundação
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Ana Maria Brito
Doutora em Linguíst ica e Professora Ca-
tedrática da Faculdade de Let ras da Uni-
versidade do Porto, Portu gal

Birger Lohse
Professor da Universidade de Copenha-
gue, Dinam arca. Mestre em Filologia Por-
t ugu esa e Espanhola .

Godofredo de Oliveira Neto


Doutor em Let ras pela Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro (UFRJ), onde é Pro-
fessor Associado de Literatura Brasileira.

José Carlos de Azeredo


Doutor em Letras pela UFRJ e Professor
Adjunto de Língu a Portuguesa d o Insti-
t uto de Let ras da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro.

Conheça também:
Dicionário Houaiss de Sinônimos
e Antônimos

Escrevendo Pela Nova Ortografia

Gramática Houaiss da Lingua


Portuguesa

Este livro foi composto na tipografia ITC Caslon 224


e impresso sobre papel offset 90 gtm2
pela Cromosete em novembro 2010.

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