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AGENTE E ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL

Disciplina: Legislação Penal Especial


Prof.: Silvio Maciel
Aula n° 09

MATERIAL DE APOIO – MONITORIA

Índice

1. Artigo Correlato
1.1 A Polícia Federal no controle de armas.
2. Assista!!!
2.1 Qual a ação penal utilizada nos crimes ambientais?
2.2 O que se entende por liquidação forçada da pessoa jurídica nos crimes ambientais?
3. Leia!!!
3.1 Porte ilegal de arma de fogo e munição isolada: compatibilização com os recentes entendimentos dos
tribunais extraordinários.
4. Simulados

1. ARTIGO CORRELATO

1.1 A Polícia Federal no controle de armas.

Autor: Hebert Mesquita / Arryanne Queiroz (Delegados de Polícia Federal em Brasília/DF) - Publicação:
Novembro de 2009

A regulamentação e o controle do comércio e circulação de armas de fogo no Brasil ocorrem por motivos
óbvios: para além do contexto social de extrema violência nos meios urbanos e rurais, o rastreamento de
armas de fogo é condição fundamental para a tutela do sistema de segurança pública e de persecução penal.
O Estatuto do Desarmamento (Lei Federal nº. 10.826/2003) é o reconhecimento disso, sendo a norma
central no controle brasileiro sobre armas. É uma legislação ordinária federal que desvela a preocupação do
Estado quanto à incolumidade física de pessoas e do patrimônio, entre outros bens jurídicos. O Estatuto
permite a tutela administrativa preventiva e de polícia sobre arma de fogo, decorrente do artigo 144 da
Constituição Federal, que define a segurança pública como dever do Estado. Ou seja, o controle da arma de
fogo está umbilicalmente atrelado ao dever previsto no artigo 144, cujo fim é a preservação, em linhas
gerais, da ordem pública.

A segurança pública é exercida por meio da Polícia Federal, dentre outros órgãos públicos. A partir disso, é
possível concluir que, se a arma de fogo é objeto de atividades de segurança pública e se a segurança
pública, por sua vez, é exercida pela Polícia Federal, então, o controle do armamento no país se confirma
mais propriamente no artigo 144 (segurança pública) do que no artigo 142 da Constituição, que dispõe sobre
as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica. Nesse panorama, a Polícia
Federal ainda assume um papel de destaque em relação aos demais órgãos de segurança pública no controle
de armas, porque, por opção legislativa consolidada no Estatuto do Desarmamento, compartilha (junto com o
Comando do Exército) da responsabilidade sobre a circulação de armas de fogo em território nacional, uma
vez que o Sistema Nacional de Armas (SINARM) está instituído no seu âmbito.

O cadastro das armas funcionais dos militares (aquelas de propriedade da corporação e não pessoal), porém,
não ocorre no SINARM. Segundo o §único do artigo 2º do Estatuto, as armas de fogo das Forças Armadas e
auxiliares e outras que constem de seus registros são cadastradas no SIGMA, cujo controle e alimentação de
dados são de responsabilidade do Comando do Exército. Isso não significa que essas armas estejam imunes
ao controle da Polícia Federal, mas, para haver o controle, é preciso que o Exército efetive a integração do
SIGMA ao SINARM, o que, após seis anos de vigência da lei, ainda não aconteceu. A integração dos sistemas

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é condição de efetividade para a tutela da segurança pública prevista no artigo 144 da CF/1988.
Infelizmente, o diagnóstico da situação do controle de arma, previsto em nome do dever constitucional de
segurança pública, é o de que a Polícia Federal, atualmente, não tem acesso aos dados do SIGMA ─ uma
realidade que não é segredo de Estado.

Com isso, as armas militares estão fora do alcance do controle da Polícia Federal, em violação ao espírito do
Estatuto. As armas de fogo militares — além das armas de fogo institucionais da ABIN, do Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República, de colecionadores, atiradores, caçadores e das
representações diplomáticas — estão fora do alcance do poder de polícia administrativo do Estado, o que
dificulta inclusive investigações e persecução criminal nos casos de comércio irregular de armas militares,
extravio de armas militares e uso dessas armas em crimes tipificados no Código Penal, entre outros. O
resultado é que a Polícia Federal não consegue exercer plenamente sua atribuição prevista no artigo 144 da
Constituição e, como se não bastasse, sofre imposições constitucionalmente dispensáveis no controle de suas
aquisições de armamento pelo Exército, com base no artigo 24 do Estatuto.

O artigo 24 é especialmente interessante para a reflexão sobre o status da Polícia Federal no controle de
armas. É que apesar de o artigo 144 da CF/1988 combinado com o artigo 1º do Estatuto sinalizar uma
relação mais estreita entre a Polícia Federal e o controle de armas, o mesmo diploma legal confere às Forças
Armadas um poder de autoridade administrativa sobre a Polícia Federal. Ou seja, um paradoxo. Isso porque
o Comando do Exército detém poder de ingerência sobre as escolhas técnicas e sobre o quantitativo de
armamento a ser adquirido pela Polícia Federal. Hoje, portanto, segundo o artigo 24 do Estatuto, a Polícia
Federal depende da autorização do Comando do Exército para importar e adquirir armas de fogo, munições e
acessórios. A redação do artigo 24 induz à ilação de que a Polícia Federal não teria condições legais
hierárquicas de exigir a interligação do SINARM e do SIGMA ao Comando do Exército ─ um equívoco à luz do
artigo 144 da CF/1988.

Sem desconsiderar a relevância constitucional do Exército no controle da circulação e da aquisição de


armamento em território nacional, o fato é que, numa perspectiva constitucional e, inclusive, legal (Estatuto
do Desarmamento), é contraditório atribuir à Polícia Federal o dever de segurança pública (artigo 144 da
Constituição) e a responsabilidade pelo controle da circulação de armas mediante o SINARM (artigos 1º e 2º,
do Estatuto), e, no entanto, condicionar suas aquisições e importações de armas à autorização do Comando
do Exército (artigo 24, do Estatuto). Ora, se a responsabilidade pelo controle de armas no país é
compartilhada de igual para igual pela Polícia Federal e pelo Exército, não faz sentido submeter a Polícia
Federal ao poder discricionário decisório do Exército para fins de aquisição de armamento quando ao Exército
é dada absoluta independência para o mesmo fim, especialmente diante da inércia na interligação do SINARM
e do SIGMA. Argumentos atrelados a questões de soberania nacional não justificam essa submissão, que
impõe entraves burocráticos dispensáveis ao processo de aquisição: a prestação de informações após a
aquisição atenderia a contento essa demanda militar. A mudança de realidade da Polícia Federal no controle
de armas depende da filtragem constitucional do artigo 24 do Estatuto e da interligação do SINARM e do
SIGMA. Sem isso, a Polícia Federal não cumpre sua missão constitucional.

Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=13955

2. Assista!!!

2.1 Qual a ação penal utilizada nos crimes ambientais?

Fonte: http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20091215150442274

2.2 O que se entende por liquidação forçada da pessoa jurídica nos crimes ambientais?

Fonte: http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=2009121515030071

3. LEIA!!!

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3.1 PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO E MUNIÇÃO ISOLADA: COMPATIBILIZAÇÃO COM OS
RECENTES ENTENDIMENTOS DOS TRIBUNAIS EXTRAORDINÁRIOS

Autora: Vanessa Teruya


Publicação: 30/09/2008

O porte de arma de fogo e munição está tipificado nos arts. 14 e 16 do Estatuto do desarmamento, Lei nº.
10.826/03. Porte ilegal de arma de fogo constitui delito comum, de mera conduta, de ação múltipla e de
perigo abstrato, tendo como sujeito ativo qualquer pessoa e, sujeito passivo, a coletividade. O elemento
subjetivo do tipo, "portar", é traduzido pelo o ato de trazer consigo a arma de fogo, acessório ou munição.
Assim, pela exegese legal ou simples interpretação gramatical, tanto o fato de portar arma desmuniciada,
quanto o porte de munição, isoladamente, constituem crime. Todavia, tais situações têm causado frisson
entre os estudiosos, posto que hodiernamente o tema alcança o pináculo nos debates, haja vista a solução
ainda não ter sido pacificada nos Tribunais Superiores, o que ganha vulto dada a repercussão nos casos
concretos. O Superior Tribunal de Justiça, tem decidido no sentido da tipicidade da ação do portador de arma
de fogo, ainda que desmuniciada: "REsp 913088 / SP RECURSO ESPECIAL 2007/0004902-4 Relator Ministro
FELIX FISCHER (1109) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 28/06/2007 Data da
Publicação/Fonte DJ 03.09.2007 p. 217 Ementa PENAL. RECURSO ESPECIAL. ARTIGO 14 DA LEI Nº
10.826/03. PORTE ILEGAL DE ARMA. TIPICIDADE. ARMA DESMUNICIADA. IRRELEVÂNCIA PARA A
CONFIGURAÇÃO DO DELITO. REGIME PRISIONAL. ABERTO. REITERAÇÃO DE PEDIDO. PREJUDICADO. Na
linha de precedentes desta Corte, pouco importa para a configuração do delito tipificado no art. 14 da Lei
n.º10.826/03 que a arma esteja desmuniciada, sendo suficiente o porte de arma de fogo sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar (Precedentes do STJ). Recurso provido, enquanto
que o Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição Federal, tem se posicionado de forma
evidentemente oposta, no sentido de que, se arma de fogo está desmuniciada e não há ao alcance do seu
portador nenhum projétil, nenhum artefato, não há crime; se, ao reverso, há artefato ao alcance do
portador, a sua ação é típica." O entendimento encontra abrigo no fundamento de que o delito de porte ilegal
de arma de fogo, sem a devida autorização, é considerado de mera conduta ou de perigo abstrato, o que, per
si, rompe a confiança existente na sociedade com a insurgência do risco proibido, dotado de lesividade
latente. Em contrapartida, o Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição Federal, tem decidido de
forma divergente, no sentido de que, se arma de fogo estiver despida de munição, e não houver ao alcance
do seu portador nenhum projétil, não haverá crime; se, ao contrário, houver artefato ao alcance ao portador,
a sua conduta é típica. Nesse contexto, infere-se do RHC 81057: "ATIPICIDADE, CONDUTA, PORTE, ARMA DE
FOGO, AUSÊNCIA, MUNIÇÃO ADEQUADA, PROXIMIDADE, AGENTE, INDISPONIBILIDADE, ARMA. AUSÊNCIA,
POTENCIALIDADE, LESÃO, BEM JURÍDICO, INCOLUMIDADE PÚBLICA.EMENTA: Arma de fogo: porte consigo
de arma de fogo, no entanto, desmuniciada e sem que o agente tivesse, nas circunstâncias, a pronta
disponibilidade de munição: inteligência do art. 10 da L. 9437/97: atipicidade do fato: 1. Para a teoria
moderna - que dá realce primacial aos princípios da necessidade da incriminação e da lesividade do fato
criminoso - o cuidar-se de crime de mera conduta - no sentido de não se exigir à sua configuração um
resultado material exterior à ação - não implica admitir sua existência independentemente de lesão efetiva
ou potencial ao bem jurídico tutelado pela incriminação da hipótese de fato. 2. É raciocínio que se funda em
axiomas da moderna teoria geral do Direito Penal; para o seu acolhimento, convém frisar, não é necessário,
de logo, acatar a tese mais radical que erige a exigência da ofensividade a limitação de raiz constitucional ao
legislador, de forma a proscrever a legitimidade da criação por lei de crimes de perigo abstrato ou
presumido: basta, por ora, aceitá-los como princípios gerais contemporâneos da interpretação da lei penal,
que hão de prevalecer sempre que a regra incriminadora os comporte. 3. Na figura criminal cogitada, os
princípios bastam, de logo, para elidir a incriminação do porte da arma de fogo inidônea para a produção de
disparos: aqui, falta à incriminação da conduta o objeto material do tipo. 4. Não importa que a arma
verdadeira, mas incapaz de disparar, ou a arma de brinquedo possam servir de instrumento de intimidação
para a prática de outros crimes, particularmente, os comissíveis mediante ameaça - pois é certo que, como
tal, também se podem utilizar outros objetos - da faca à pedra e ao caco de vidro -, cujo porte não constitui
crime autônomo e cuja utilização não se erigiu em causa especial de aumento de pena. 5. No porte de arma
de fogo desmuniciada, é preciso distinguir duas situações, à luz do princípio de disponibilidade: (1) se o
agente traz consigo a arma desmuniciada, mas tem a munição adequada à mão, de modo a viabilizar sem
demora significativa o municiamento e, em conseqüência, o eventual disparo, tem-se arma disponível e o
fato realiza o tipo; (2) ao contrário, se a munição não existe ou está em lugar inacessível de imediato, não há
a imprescindível disponibilidade da arma de fogo, como tal - isto é, como artefato idôneo a produzir disparo -
e, por isso, não se realiza a figura típica." (STF, RHC 81057 / SP - SÃO PAULO, Relator p/ Acórdão: Min.

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SEPÚLVEDA PERTENCE, Julgamento: 25/05/2004, Órgão Julgador: Primeira Turma, Relatora: Min. ELLEN
GRACIE) Perfilhando os ensinamentos de Claus Roxin [1], a conduta, para ser penalmente típica considerada
em face do Direito Penal, deve oferecer um risco ao bem jurídico. Se não há risco, não existe imputação
objetiva. Trata-se de ausência de imputação objetiva da conduta, conduzindo à atipicidade do fato. Não basta
verificar se o comportamento tem idoneidade para ameaçar o direito protegido pela normal penal. Condutas
inofensivas não podem ser punidas, porque a função do direito penal é proteger valores sociais que estejam
expostos a risco. Desta feita, irrefragável é o acertamento da posição adotada pelo STF, com base no
garantismo jurídico e princípios norteadores do direito penal. Nesse norte, insignes doutrinadores
estrangeiros como Zaffaroni e Pierangeli [2] afirmam: "para que uma conduta seja penalmente típica é
necessário que tenha afetado o bem jurídico", configurando "a afetação jurídica um requisito da tipicidade
penal". Em consonância com o princípio da ofensividade, também conhecido como princípio do fato ou da
exclusiva proteção de bem jurídico, não há ofensa ao bem jurídico tutelado, qual seja, a segurança coletiva,
quando da infração penal não houver efetiva lesão ou real perigo de lesão ao bem jurídico, verificando-se
uma colisão direta com os delitos de perigo abstrato. Partindo-se da premissa que não há delito quando a
conduta não oferece perigo concreto e real, ou seja, um ataque efetivo ao bem jurídico tutelado, limitar-se-á
vertiginosamente a pretensão punitiva e intervencionista estatal, eis que serão consideradas atípicas todas as
condutas sem conteúdo ofensivo. Em que pese plausível tal princípio, o mesmo ainda está em discussão no
nosso país, porém vem ganhando relevo nos tribunais. Mister pontuar que, se o artefato encontrar-se
desmuniciado e sem qualquer chance de uso imediato, logo, inapto, por si só não gera perigo efetivo, pois
não pode ser usado sozinho, do mesmo modo que uma munição desarmada não detona. Exsurge, pois, que a
única possibilidade de evento danoso seria a utilização como instrumento contundente, o que não é a
interpretação teleológica da Lei armamentista. Sobre o assunto, pertinente transcrever o artigo do Professor
Luiz Flávio Gomes [3]: "O crime de posse ou porte de arma ilegal, em síntese, só se configura quando a
conduta do agente cria um risco proibido relevante (que constitui exigência da teoria da imputação objetiva).
Esse risco só acontece quando presentes duas categorias: danosidade real do objeto + disponibilidade,
reveladora de uma conduta dotada de periculosidade. Somente quando as duas órbitas da conduta
penalmente relevante (uma, material, a da arma carregada, e outra jurídica, a da disponibilidade desse
objeto) se encontram é que surge a ofensividade típica. Nos chamados 'crimes de posse' é fundamental
constatar a idoneidade do objeto possuído. Arma de brinquedo, arma desmuniciada e o capim seco (que não
é maconha nem está dotado do THC) expressam exemplos de inidoneidade do objeto para o fim de sua
punição autônoma." No mesmo diapasão, espraia a jurisprudência do TJRS, denotando coesão com o STF:
"(...) a detenção de arma desmuniciada, sem qualquer munição à parte, não se enquadra no art. 10, caput,
do CP, em face da ausência de potencialidade lesiva (princípio da lesividade ou ofensividade)" (Apelação
Crime 70006204440, Oitava Câmara Criminal, Rel. Roque Miguel Fank); "Porte ilegal de arma de fogo.
Ofensividade não comprovada, em face da circunstância de estar desmuniciada a arma que foi apreendida
em poder do réu, o que ficou consignado no auto de apreensão..."(Apelação Crime 70012566626, Sexta
Câmara Criminal, Rel. Paulo Moacir Aguiar Vieira). Face aos argumentos acima exposados, conclui-se que a
conduta em debate redunda em atipicidade, visto que o Direito Penal deve ser a última ratio, reservando-se
tão-somente às hipóteses que efetivamente reclamam uma atuação repressiva do Estado. De outro giro, pela
leitura do estatuto armamentista, o porte de munição é delito de perigo abstrato, no qual a situação de
perigo é presumida, caso em que haverá punição do agente mesmo que não tenha chegado a cometer
nenhum crime, entretanto, referida situação, se totalmente isolada, é insignificante, senão vejamos: A
atipicidade do porte de munição está sub judice no STF, a saber: HC 90075, cuja apreciação está suspensa.
O relator do processo, ministro Eros Grau, adverte que apesar de o julgamento ainda não ter sido concluído,
tudo indica que "a decisão a ser tomada, apontará a atipicidade da conduta com cinco votos declarados nesse
sentido". Sobre o assunto em comento, assevera novamente Luiz Flávio Gomes [4]: "(...) a munição
desarmada 'leia-se: munição isolada, sem chance de uso por uma arma de fogo assim como a posse de
acessórios de uma arma. Não contam com nenhuma danosidade real. São objetos (em si mesmos
considerados) absolutamente inidôneos para configurar qualquer delito. Todas essas condutas acham-se
formalmente previstas na lei (estatuto do desarmamento), mas materialmente não configuram nenhum
delito. Qualquer interpretação em sentido contrário constitui, segundo nosso juízo, grave ofensa à liberdade e
ao Direito penal constitucionalmente enfocado." Ferrajoli [5], por sua vez, não discrepa: "(...) Por exemplo,
um cartucho de munição para nada serve se não houver arma que ele fará uso. Dessa forma, um militar ou
ex-militares que tiverem em sua residência, como suvenir, cartuchos de armas militares, configurará o crime
do artigo 16, sujeito a 3 anos de reclusão, no mínimo, sem direito à liberdade provisória (...)Assim, como a
arma de fogo precisa estar municiada para trazer perigo à coletividade, a munição, sem a arma, também não
produz qualquer efeito, uma vez que quem manter em seu poder um número grande de armamento, desde
que desmuniciados estaria concorrendo para prática do artigo 180 ou 334 do CP". Nesse sentido, o TJRS já

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se manifestou: "PORTE ILEGAL DE MUNIÇÃO. SENTENÇA CONDENATÓRIA. APELAÇÃO. Portar ou guardar
meia dúzia de cartuchos de arma de fogo, não destinados ao comércio ou tráfico ilegal e desprovidos de
instrumento detonador, não caracteriza a conduta incriminada no art. 14 da Lei n.º 10.826/2033. APELO
DEFENSIVO AO QUAL SE DÁ PROVIMENTO. (Apelação Crime Nº 70018918854, Terceira Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Vladimir Giacomuzzi, Julgado em 17/05/2007)." Destarte, conclui-se que,
tanto a munição isolada, desacompanhada de aparato necessário para ser utilizada, quanto o porte de arma
desmuniciada, são condutas que não possuem o condão de gerar perigo público iminente, eis que ausente
ofensividade ao bem jurídico tutelado, logo, devem ser consideradas atípicas. Por derradeiro, convém frisar
que não seria congruente admitir-se, no mesmo ordenamento jurídico, o delito do porte de munição e a
atipicidade da conduta de portar arma desmuniciada Assim, em um Estado Constitucional de Direito, com o
fito de aquilatar o direito penal vigente, tais situações devem despontar quaisquer consectários de ordem
criminal, por ausência de potencialidade lesiva à coletividade, cingindo-se, apenas, ao âmbito administrativo.
1. ROXIN, Claus. Derecho Penal: Parte General. Trad. Diego-Manuel Luzón Peña; Miguel Díaz y García
Conlledo; Javier de Vicente Remesal. Madrid: Civitas, 1997. I, p. 373. 2. Manual de Direito Penal Brasileiro:
Parte Geral. São Paulo: RT, 1997. p. 563. 3. GOMES, Luiz Flavio. Súmula do STF sobre porte de arma
desmuniciada. Disponível em: http://www.oquintopoder.com.br/informativo/ed29_IV.php. Acesso em
26.06.2008. 4. GOMES, Luiz Flavio. Arma desmuniciada versus Munição Desarmada. http://www.wiki-
iuspedia.com.br/article.php?story=20040705160036824, texto publicado em 05/07/2004. 5. FERRAJOLI,
Luigi. Derecho y Razón. Teoria Del Garantismo Penal. Madrid: Editora Trotta, 2000, p. 464.

Fonte: http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20080930123658351

4. SIMULADOS

4.1 O porte de arma de fogo em todo o território nacional é permitido para a generalidade dos agentes
abaixo, EXCETO:
a) Quaisquer integrantes dos corpos de bombeiros militares.
b) Os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal.
c) Quaisquer integrantes da Receita Federal.
d) Os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 250.000 (duzentos e cinqüenta mil) e
menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço.
Resposta: C

4.2 Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva
necessidade, atender aos seguintes requisitos, EXCETO:
a) Comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões de antecedentes criminais fornecidas pela
Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral.
b) Não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal.
c) Comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas
na forma disposta no regulamento desta Lei.
d) Apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de domicílio eleitoral.
Resposta D

4.3 Quanto ao Estatuto do Desarmamento, é INCORRETO afirmar que:


a) a empresa que comercializa arma de fogo em território nacional é obrigada a comunicar a venda à
autoridade competente, bem como a manter banco de dados com todas as características da arma;
b) as armas de fogo utilizadas pelas empresas de segurança privada e de transporte de valores, constituídas
na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda das empresas, sendo a autorização de
porte expedida pela Polícia Federal em nome do empregado da respectiva empresa;
c) o certificado de registro de arma de fogo autoriza seu proprietário a manter a arma no seu local de
trabalho, desde que seja ele o responsável legal pela empresa;
d) aos residentes em áreas rurais, que comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua
subsistência, será autorizado, na forma prevista no regulamento dessa Lei, o porte de arma de fogo na
categoria “caçador”.

Resposta: B

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