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Introdução

Sobre conquistas
ontem e hoje
A conquista na perspectiva bíblica, con- lucrar com ela, agredindo o meio ambien-
forme será estudado no conjunto de lições te e o equilíbrio ecológico.
da EBD, desta edição, diz respeito à luta A conquista da Terra Prometida nos
do povo hebreu que saiu do Egito em bus- desafia a ir, corajosa e obedientemente, por
ca de adentrar e viver na terra prometida todo mundo e pregar o evangelho a toda
pelo Senhor aos antepassados, os patriar- criatura, para que conquistemos povos,
cas. Conquista, neste contexto dos livros línguas, etnias, nações, para o reino do Fi-
de Josué, Juízes e Rute, é uma luta coletiva lho Amado, em quem temos a redenção.
em favor de libertação e redenção de um Qual tem sido nossa ação na missão de
povo. conquistar a terra, em todas as suas dimen-
O sentido da conquista conforme ve- sões e possibilidades, para o bem de todos,
mos na Bíblia nos inspira e nos motiva a principalmente daqueles que mais sofrem
pensar na expansão do reino de Deus, a neste mundo e para a glória do reino de
criar laços de fraternidade, numa socie- Deus?
dade que carece de amor a ajudar os mais
pobres e excluídos, desenvolvendo uma
consciência coletiva com base nos valores Quem escreveu
do reino de Deus, visando ao bem comum,
não os interesses individuais. 1) Almir dos Santos Gonçalves Júnior,
A conquista da Terra Prometida, pelos é formado em Administração, e desde
hebreus nos motiva a apoiar hoje as igrejas 1996 é o Diretor Geral da Junta de Educa-
pequenas, os trabalhos missionários entre ção Religiosa e Publicações da Convenção
os movimentos sociais no Brasil, que pre- Batista Brasileira. Autor de vários livros e é
cisam da terra para trabalhar e nela viver, membro da Igreja Batista Itacuruçá, onde
habitação para suas famílias, trabalho e exerce o ministério diaconal e é professor
sustento digno. de uma classe de EBD para adultos.
A conquista da Terra Prometida nos
motiva também, de igual modo e impor- 2) Os estudos para DCC – Diversos
tância, a conquistar um trabalho digno colaboradores: cada estudo leva o nome de
para tirar dele o nosso sustento e cuidá-lo, seu autor. Obs.: Os estudos são condensa-
defendê-lo e preservá-la. A terra precisa ser ções e adaptações da revista “Compromis-
preservada daqueles que apenas querem so” do 1º trimestre de 2008.

1 • PALAVRA E VIDA
Sumário
Introdução........................................................................................................ 1

Sumário e expediente...................................................................................... 2

Leituras diárias................................................................................................ 3

Apresentação dos estudos da EBD................................................................ 4

Estudos 1 a 13 da EBD................................................................................... 6

Informação denominacional......................................................................... 32

Divisão de Crescimento Cristão.................................................................... 35

Estudos 1 a 13 da DCC................................................................................. 36

Expediente
Conselho Editorial
Carrie Lemos Gonçalves, Celso Aloísio Santos
Barbosa, Ebenézer Soares Ferreira, Gilton
Palavra e Vida M.Vieira, Ivone Boechat de Oliveira, João
Reinaldo Purim, José A. S. Bittencourt, Lael
d’Almeida, Margarida Lemos Gonçalves, Pedro
Moura, Roberto Alves de Souza e Silvino
ISSN 1984-8714 Carlos Figueira Netto
Coordenação Editorial
Solange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897)
Ano X – N° 45– 1T/2012 Redação
Esta é uma revista especial da JUERP, editada Coordenação Editorial da JUERP
em convênio com as Convenções Estaduais,
voltada para o ensino da EBD e da DCC Conselho Geral da CBB
para adultos e jovens, nas igrejas de menor Sócrates Oliveira de Souza
número de membros arrolados Produção Editorial
Studio Anunciar
Publicação trimestral da JUERP
Junta de Educação Religiosa e Publicações Produção Gráfica
da Convenção Batista Brasileira Willy Assis Produção Gráfica
CGC(MF): 33.531.732/0001-67
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Direção Geral E-mail: distribuidora@ebd-1.com.br
Almir dos Santos Gonçalves Júnior pedidos@ebd-1.com.br

Nossa missão: “Viabilizar a co­ope­ração entre as igrejas batistas no cumprimento


de sua missão como comunidade local”

2 • PALAVRA E VIDA
Leituras diárias – 1o trimestre de 2012
DEZEMBRO 8 – Quarta – Juízes 1.17-26
26 – Segunda – Josué 1.1-9 9 – Quinta – Juízes 1.27-36
27 – Terça – Josué 1.10-15 10 – Sexta – Juízes 2.1-5
28 – Quarta – Josué 1.16-18 11 – Sábado – Juízes 2.6-15
29 – Quinta – Josué 2.1-7 12 – Domingo – Juízes 2.16-23
30 – Sexta – Josué 2.8-13 13 – Segunda – Juízes 4.1-24
31 – Sábado – Josué 2.14-21 14 – Terça – Juízes 5.1-32
15 – Quarta – Juízes 6.1-10
JANEIRO 16 – Quinta – Juízes 6.11-24
1 – Domingo – Josué 2.22-24 17 – Sexta – Juízes 6.25-40
2 – Segunda – Josué 3 18 – Sábado – Juízes 7.1-25
3 – Terça – Josué 4 19 – Domingo – Juízes 8.1-35
4 – Quarta – Josué 5 20 – Segunda – Juízes 11.1-23
5 – Quinta – Josué 8 21 – Terça – Juízes 11.24-40
6 – Sexta – Josué 10 22 – Quarta – Juízes 12.1-7
7 – Sábado – Josué 11 23 – Quinta – Juízes 13.1-25
8 – Domingo – Josué 12.7-24 24 – Sexta – Juízes 14.1-20
9 – Segunda – Josué 7.1-9 25 – Sábado – Juízes 15.1-20
10 – Terça – Josué 7.10-15 26 – Domingo – Juízes 16.1-31
11 – Quarta – Josué 7.16-26 27 – Segunda – Juízes 3.1-6
12 – Quinta – Josué 9.1-7 28 – Terça – Juízes 3.7-11
13 – Sexta – Josué 9.8-15 29 – Quarta – Juízes 3.12-31
14 – Sábado – Josué 9.16-21
15 – Domingo – Josué 9.22-10.11 MARÇO
16 – Segunda – Josué 12.1-6 1 – Quinta – Juízes 9.1-33
17 – Terça – Josué 13.22-33 2 – Sexta – Juízes 9.34-57
18 – Quarta – Josué 14.1-15 3 – Sábado – Juízes 10.1-5
19 – Quinta – Josué 15.1-63 4 – Domingo – Juízes 10.6-18
20 – Sexta – Josué 16.1-17.18 5 – Segunda – Juízes 12.8-15
21 – Sábado – Josué 18.11-28 6 – Terça – Juízes 17.1-6
22 – Domingo – Josué 19.1-51 7 – Quarta – Juízes 17.7-13
23 – Segunda – Josué 5.1-15 8 – Quinta – Juízes 18.1-6
24 – Terça – Josué 18.1-10 9 – Sexta – Juízes 18.7-13
25 – Quarta – Josué 20.1-9 10 – Sábado – Juízes 18.14-23
26 – Quinta – Josué 21.1-22 11 – Domingo – Juízes 18.24-31
27 – Sexta – Josué 21.23-45 12 – Segunda – Juízes 19.1-14
28 – Sábado – Josué 22.1-9 13 – Terça – Juízes 19.15-30
29 – Domingo – Josué 22.10-34 14 – Quarta – Juízes 20.1-11
30 – Segunda – Josué 23.1-5 15 – Quinta – Juízes 20.12-30
31 – Terça – Josué 23.6-11 16 – Sexta – Juízes 20.31-48
17 – Sábado – Juízes 21.1-12
FEVEREIRO 18 – Domingo – Juízes 21.13-25
1 – Quarta – Josué 23.12-16 19 – Segunda – Rute 1.1-14
2 – Quinta – Josué 24.1-5 20 – Terça – Rute 1.15-22
3 – Sexta – Josué 24.6-13 21 – Quarta – Rute 2.1-7
4 – Sábado – Josué 24.14-28 22 – Quinta – Rute 2.8-23
5 – Domingo – Josué 24.29-33 23 – Sexta – Rute 3.1-7
6 – Segunda – Juízes 1.1-8 24 – Sábado – Rute 3.8-18
7 – Terça – Juízes 1.9-16 25 – Domingo – Rute 4.1-22

jan.fev.mar DE 2012 • 3
Apresentação dos estudos da EBD

UM PANORAMA DA CONQUISTA
DA TERRA PROMETIDA
Estudos nos livros de Josué, Juízes e Rute

O livro de Josué vai abrir as portas


para um período de cerca de 350 anos 1. O êxodo do povo com Moi-
em que o povo se espalhara pela terra sés: 1.480 a 1.440 a.C. – 40 anos de
conquistada, sem ter ainda uma noção duração;
de nação. A começar com o grande su-
cessor de Moisés, que abrirá as portas da
Canaã prometida, e após muitas lutas e 2. A conquista com Josué: 1.440
batalhas, aquele povo irá começar a fazer a 1.420 a.C. – 20 anos de duração;
a ocupação da terra.
As onze tribos distribuídas por toda
a terra então, além e aquém Jordão, es- 3. O período dos juízes: 1.420 a
tarão sendo, durante pouco mais de três 1.060 a.C. – 360 anos de duração;
séculos, liderada pelos chefes respecti-
vos que, em função de desafios maiores e 4. A história de Rute: deve ter
menores, merecerão destaques positivos se dado no tempo dos juízes, tendo
ou não no livro de Juízes que nos levará em vista ser ela tida como a bisavó
até à figura de Samuel, o último deles. de Davi que deve ter começado a
Finalmente, o livro de Rute se abri- reinar em cerca de 1.016 a.C.
rá para nós, com sua história humilde e
bonita, e que se inscreve de forma inte-
ressante na genealogia do próprio Filho Se em Josué nós veremos as bênçãos
de Deus. de uma liderança eficaz, e em Juízes, na
Numa visão histórica, poderíamos maioria, os malefícios da liderança in-
reproduzir a seguinte datação bíblica, de capaz, em Rute nossos olhos se abrirão
forma aproximada logicamente, pois os para como Deus age na vida de pesso-
historiadores divergem sempre um pou- as simples e humildes, tornando-as ins-
co para mais ou para menos nesses anos trumentos seus no cumprimento de sua
(Fonte básica: A Bíblia em Ordem Cro- vontade. Que o Senhor nos ilumine nes-
nológica, da Editora Vida, SP, 2003): te caminhar.
4 • PALAVRA E VIDA
Um panorama do livro de Josué apontar com muita exatidão para 1.422
a.C., havendo alguns que chegam mesmo
Quarenta anos sob a orientação e lide- marcar a data de 4 de abril de 1422 (Bíblia
rança de alguém é muito tempo. Biblica- em Ordem Cronológica / Editora Vida
mente, este tempo é relativo a uma gera- / 2003) como aquela em que se iniciou a
ção. O simbolismo disto está registrado na conquista, com a travessia do Jordão.
história que acabamos de estudar no êxodo
do povo de Israel. Quando o Senhor dese- 2. Sua autoria – O livro tem tradicio-
jou que uma nova geração entrasse na Ter- nalmente sua autoria atribuída ao próprio
ra Prometida ele vai fazer com que Moisés Josué. Devemos lembrar que tal identifica-
vagueie pelo deserto cerca de 40 anos, para ção deve ser sempre encarada como uma
que só então, com uma nova geração for- referência natural ao personagem princi-
mada, o povo entrasse em Canaã. pal da narrativa contida no livro, bem co-
Moisés vai então marcar de forma exu- mo o fato de que ele deve ter orientado ou
berante este povo. Com a sua condição de coordenado seus escribas na tarefa do re-
líder moral, social e espiritual, ele vai con- gistro histórico dos eventos que ocorriam.
duzir Israel sob o guarda-chuva de sua ca- 3. Sua cronologia – Não há nenhum
pacidade e dependência de Deus. Pode- registro histórico que nos dê uma ideia do
mos imaginar o vácuo que se abriria no tempo em que se passa a narrativa da con-
momento em que ele faltasse. Ele mesmo quista. Podemos apenas imaginar, tendo
interpreta isto para o Senhor quando em em vista que Josué morreu aos 110 anos
Números 27.16,17, diante da revelação (24.29), e fazer um pequeno exercício de
de que não entraria na terra, pede ao Pai: reminiscências, lembrando que se ele se
“Que o Senhor Deus dos espíritos de toda juntara a Moisés, logo no início do êxo-
a carne, ponha um homem sobre a congre- do como seu auxiliar mais direto, sendo o
gação, o qual saia diante deles e entre dian- comandante guerreiro do povo de Israel,
te deles, e os faça sair e os faça entrar; para que não podemos atribuir-lhe aí, uma ida-
que a congregação do Senhor não seja co- de menor do que 30 a 40 anos. Numa cul-
mo ovelhas que não têm pastor”. tura patriarcal como a judaica, só com esta
O Senhor então vai responder, de idade é que o homem era chamado para o
pronto, ao grande líder: “Toma a Josué, exercício da liderança. Somando-se então
filho de Num, homem em quem há o Es- os 40 anos de duração do êxodo, Josué de-
pírito, e impõe-lhe a mão”. veria ter 80 a 90 anos quando substituiu a
Moisés, iniciando a conquista.
1. Sua historicidade – Os fatos que va-
mos acompanhar narrados neste livro re- 4. Seu objetivo principal – Além do
montam a cerca de 1.500 ou 1.400 anos aspecto cronológico outro aspecto im-
a.C. Não há precisão histórica, mas hoje os portante ressaltado no livro, é o da ocu-
comentários bíblicos tentam definir com o pação territorial de Israel. A terra pro-
maior rigor de proximidade possível, uma metida a Abraão, estará agora, sendo efe-
datação básica para tais fatos. No caso do tivamente ocupada pelo povo de Deus o
livro de Josué, esses estudiosos chegam a que não acontecera até então.
jan.fev.mar DE 2012 • 5
EBD • Domingo, 1 de janeiro de 2012 • ESTUDO 1

Texto bíblico:

O desafio Josué 1 e 2

da liderança
Texto áureo:
Josué 1.9

Iniciamos com a presente lição o parte de seus seguidores, aqueles que


estudo do livro de Josué, grande perso- ficariam aquém do Jordão, à ordem.
nagem da história do povo de Deus no Lembrou-lhes o compromisso assumi-
Antigo Tetamento, com ensimentos do no passado, fez-lhes ver os desafios
preciosos para nós, povo de Deus do que teriam pela frente, a necessidade de
século XXI. que se unissem às demais tribos para que
juntos conquistassem a terra. A respos-
1. O começo de uma nova etapa (Js ta é dada em uníssono e em unanimida-
1.1-9) – Até ao final do Pentateuco, o de: “Estaremos sempre com você”.
êxodo do povo de Israel se dera, quando
avultou por sua liderança e capacidade Esse foi um pacto responsável. Não
o grande personagem Moisés que, es- houve desídia nem pouco caso. Em-
colhido por Deus, tirou o povo da es- bora os filhos de Rúben, Gade, e parte
cravidão do Egito. Passado esse tempo, da tribo de Manassés já pudessem se
Moisés morre e aquela multidão que dar por satisfeitos, pois a terra onde
perambulou pelo deserto chegou, en- estavam já era a herança que espera-
fim, às portas da herança que lhe fora vam, ainda assim se dispõem a ajudar
prometida no passado. No entanto, os os irmãos na conquista do espaço que
problemas são muitos, os desafios enor- esses desejavam para os seus filhos em
mes, os receios tremendos, pois o desco- herança.. 
nhecimento do que lhes esperava além
do Jordão os atemorizava. É nesse mo- 3. Os cuidados da liderança (Js 2.1-
mento que o Senhor Deus vem e com as 7) – Criatividade, envolvimento, ener-
palavras, especialmente do versículo 6, gia, planejamento, simpatia, capacidade,
empossa o sucessor do grande líder. dosados sempre pela boa ética e moral,
são ingredientes fundamentais para o
2. Um pacto responsável (Js 1.10- melhor exercício da liderança. Josué,
18) – Josué, como bom líder, chamou um dos maiores líderes da história bí-

6 • PALAVRA E VIDA
blica, não podia falhar em nada disto, Raabe é, para nós, um dos me-
como não falhou, pois vemos esses itens lhores exemplos dessa elite de pes-
presentes em toda a sua carreira. Ele, en- soas. Vivendo em Jericó, portanto
tretanto, acrescentou algo mais ainda a afastada da linha histórica da revela-
esse elenco de virtudes necessárias à boa ção de Deus, ainda assim tem, para
liderança: seu espírito cauteloso e previ- com a situação que lhe surge, uma
dente. impressionante atitude de antecipa-
ção, compreensão e desprendimen-
Josué tomou a providência de co- to. Entende o que está por acontecer,
nhecer antes o inimigo que teria de crê na operação de um Deus forte
derrotar. Envia os seus espias para que e poderoso na vida daquele povo, e
possam dar-lhe depois uma ideia sobre se coloca disponível para de alguma
o posicionamento deles, pontos fortes forma servi-lo também. O que Raabe
ou fracos em sua defesa, cuidados a não sabia é que aquele fio de escar-
tomar, estratégias a seguir. Tal proce- lata colocado na janela de sua casa
dimento, que pode ser visto por alguns apontava para o Calvário. O que Ra-
como desnecessário ou contraindi- abe não sabia é que, por esse gesto
cado para quem tem a certeza de sua desprendido e perigoso, ela estava se
fortaleza, evidencia apenas bom senso tornando participante da família de
e discernimento. Deus. O que Raabe não sabia é que,
por essa atitude decisiva, seu nome
4. Um personagem marcante (Js se inseriria na história da vida do
2.8-24) – A Palavra de Deus apre- Salvador Jesus Cristo. Você está se
senta-nos a certos personagens que se dispondo a servir a Deus nas meno-
tornaram marcantes em toda a Bíblia. res e mínimas coisas que acontecem
Esta mulher é uma delas. Raabe por ao seu redor?
seu desprendimento e coragem, em
um episódio apenas na história bíblica, Conclusão – O fator predominan-
se tornou digna da admiração e respei- te que deve ser destacado do livro é o
to de todo o povo de Deus para todo o propósito do seu personagem princi-
sempre. A viúva de Sarepta, a menina- pal em dar perfeita continuidade e pre-
serva de Naamã, o menino que doou servação àquilo que Moisés empreen-
pães e peixes para Jesus e seus discí- dera em sua liderança, sob o comando
pulos, Simão, o cireneu que ajudou a de Deus e sobre o povo de Deus. Em
conduzir a cruz, e muitos outros, são diversos momentos do livro, vemos o
personagens que, citados isolada e fu- registro de que aquilo que estava Josué
gazmente na Bíblia, iluminam com fazendo era em observância ao que
seus gestos quase anônimos e humildes Moisés lhe havia transmitido anterior-
os leitores da Palavra de Deus. mente.

jan.fev.mar DE 2012 • 7
EBD • Domingo, 8 de janeiro de 2012• ESTUDO 2

As conquistas Texto bíblico:


Josué 3, 4, 5, 8, 10,
11, 12.7-24

do povo de Deus Texto áureo:


Josué 3.5

Os nossos leitores irão notar uma çava a conhecer, precisava de certos sím-
singularidade nesses estudos. Em vez bolos e figuras que evocassem realidades
de lermos o texto corrido de cada livro espirituais maiores: doze homens, doze
nós o faremos de forma salteada, reu- tribos, doze pedras do meio do Jordão, e a
nindo a cada estudo, os textos bíblicos construção de uma coluna de pedras, uma
que embasam a temática que estaremos espécie de monumento, que celebrasse a
abordando. passagem maravilhosa do Jordão. Tudo
isso para que, no futuro, quando por ali
1. A santificação necessária (Js 3) passassem os filhos dos filhos de Israel,
– O tema principal deste capítulo está eles pudessem se lembrar que as águas do
contido em nosso texto áureo. Quan- rio se abriram e o povo de Deus atravessa-
do o Senhor nos promete “maravilhas” ra a pé enxuto para a outra banda.
para o nosso “amanhã”, é efetivamente
muito expressivo. Foi isto que aconte- 3. O término de uma bênção (Js 5) –
ceu ao povo de Deus no início da con- Em geral, somos levados a comemorar o
quista, quando a travessia do Jordão pa- início de uma bênção. Ou seja, damos gra-
recia para eles algo impossível ou pelo ças a Deus e manifestamos nosso louvor a
menos difícil de realizar. A palavra é tão ele, na celebração de alguma vitória alcan-
forte para o povo de Deus do passado çada. Bênçãos encerradas não são motivos
bíblico, que vem expressa, inclusive, no de regozijo, mas muitas vezes de lamen-
imperativo: “Santificai-vos”. tação, pois somos levados a reclamar do
fato de não mais as estarmos desfrutando.
2. Monumentos que significam algo Com o povo de Deus não foi diferente.
(Js 4) – Este capítulo nos conduz a um Celebraram, por certo com alegria, a pás-
momento muito especial em todo esse coa, marcando assim o início de um novo
acontecimento registrado em torno do tempo na terra em conquista. Naquele
Rio Jordão, nas proximidades de Jericó. mesmo dia, a dádiva do maná, que duran-
A vida religiosa, que aquele povo come- te 40 anos fora bênção diária, constante,
8 • PALAVRA E VIDA
ininterrupta, se encerra, e o povo, pelo simples registro escriturístico é categó-
menos em termos de registro bíblico, não rico: “não houve dia semelhante a esse,
é levado a manifestar uma mesma celebra- nem antes nem depois dele, atendendo
ção por algo que lhes fora de inestimável o Senhor assim à voz dum homem”.
valia durante todo aquele tempo.
6. Como entender a vontade de
4. A derrota que se transforma em Deus? (Js 11) – A descrição dessas diver-
vitória (Js 8) – A derrota que tinha sas vitórias do povo de Deus sobre os seus
sido motivo de vergonha para o grande inimigos, nos apresenta, mais uma vez, a
líder Josué, a fuga do exército que havia vontade de Deus difícil de ser compreen-
sido enviado àquela cidade, será agora dida. Como entender que vindo de Deus
por Deus usado como a estratégia que o propósito do “endurecimento daqueles
lhes possibilitará a vitória. A fuga se corações”, poderiam eles escapar? Se Deus
transforma em ardil para o êxito. mesmo não lhes permitiu pensar de outra
forma, como poderiam esses povos es-
5. Um dia diferente (Js 10) – É in- capar da morte? Seria o Senhor então, o
teressante como o Senhor mais uma responsável maior por aquele genocídio?
vez faz Josué ser intermediário de um Temos que nos lembrar sempre que a von-
milagre, semelhante ao de seu anteces- tade de Deus é a melhor para o homem.
sor Moisés. Depois da travessia do Jor-
dão, que lembrava a do Mar Vermelho, 7. A conquista chega ao fim (Js 12.7-
agora a batalha contra os amorreus, 24) – Uma etapa da ocupação da terra
lembrando a luta do exército de Israel está para ser concluída. A citação que
contra os amalequitas no deserto. Ali temos neste capítulo dos 31 reinos que
foi Moisés que, enquanto orava de bra- foram vencidos por Josué e seu exército
ços estendidos aos céus, e para isto Arão encerra o episódio da conquista da terra,
e Hur o ajudaram, fazia Israel prevale- para dar início à ocupação propriamen-
cer na guerra. Agora foi Josué que, orou te dita, com a divisão que será feita das
pedindo a Deus que o sol e a lua se deti- terras pelas tribos de Israel. O fim da
vessem até que a batalha chegasse ao seu conquista não é, portanto, para o povo
fim com a vitória esperada. de Deus, um prenúncio de tranquilida-
Este foi um dia, sem dúvida, diferen- de e paz. Não. A luta continuaria, só que
te. Um dia de quase 36 horas, quando o agora, de forma diferente.
Senhor estendeu a luminosidade neces-
sária para que a batalha não cessasse com Conclusão – É realmente impres-
a noite, e assim pudesse o povo de Deus sionante o comportamento deste ho-
vencer os seus inimigos de uma vez por mem chamado Josué. Não há máculas,
todas. A Bíblia não nos registra o que nem rasuras nas páginas que esta vida
o povo fez para dar testemunho de sua escreveu na Bíblia. Josué é um exemplo
gratidão pela bênção recebida, mas, o de fidelidade para nós.
jan.fev.mar DE 2012 • 9
EBD • Domingo, 15 de janeiro de 2012• ESTUDO 3

Texto bíblico:

Derrotados por Josué 7 e 9

Texto áureo:

causa do pecado Josué 7.13

Josué era até agora um líder invencí- dente revés. Além do vexame da fuga
vel. Todas as batalhas em que se envol- diante dos exércitos inimigos, a perda
vera para chefiar o povo de Deus termi- de 36 vidas em combate. Diante dis-
naram com a vitória para Israel porque to, passamos a entender o porquê do
estava fazendo a guerra em nome do seu sentido da conclamação do Senhor
Deus. Entretanto, no primeiro entreve- nos versículos acima lidos, para que se
ro com o povo de Ai, Israel vai sofrer descubra o “anátema”, lembremos que
uma estrondosa e vergonhosa derrota. a palavra quer dizer “maldição, opró-
O encontro com o povo de Gibeão, brio, execração, vergonha”; “a loucura”
logo depois, vai trazer para Israel um cometida precisava ser extirpada de
novo momento de infelicidade, pois, dentre o povo para que a recuperação
por não consultar ao Senhor, o povo se desse.
vai ser enganado pelos gibeonitas, per-
mitindo a entrada no seio de Israel da 2. A confissão do pecado (Js 7.16-
presença do pecado e do mal represen- 26) – Diante da revelação clara e indu-
tada por uma nação pagã como todas as bitável de seu pecado, Acã confessa o
demais de Canaã. seu pecado. Desse episódio duas lições
objetivas a retirar: (1) Deus conhece o
1. O pecado de Acã (Js 7.1-15) – íntimo de cada um de nós. Seu poder
O acontecido com Acã vai se transfor- onisciente o faz sabedor de tudo o que
mar em mais uma lição para o povo de vai em nosso coração, seja bom ou ruim.
Deus. Vai ensinar ao povo a necessida- (2) A disposição de Acã em confessar o
de de que todos, sem exceção, tenham seu erro nos ensina muito. Hoje, quanto
sempre vidas puras diante de Deus, tempo perdemos, quantas vicissitudes
pois, pelo erro de uma pessoa apenas enfrentamos, quantas tristezas temos,
toda a nação vai sofrer um contun- unicamente porque pessoas que falha-

10 • PALAVRA E VIDA
ram não tomam logo a iniciativa de, 4. O ardil que deu certo (Js 9.16-
sincera e positivamente, confessar suas 27) – A artimanha dos gibeonitas deu
faltas. Ficam como que escondendo a certo. Três dias depois o povo de Isra-
coisa e, com isto, desconfiança, insegu- el tomou conhecimento que eles lhes
rança e temor se instalam, não permi- mentiram. Não eram de terras mui
tindo um novo recomeço. distantes, mas estavam ali bem próxi-
mos, com suas quatro cidades. Diante
3. Não ouvindo ao Senhor (Js 9.1- do juramento feito, a liderança de Isra-
15) – Tomando conhecimento da el achou que não poderia matá-los ou
força e do poderio de Israel, tendo sa- expulsá-los, e encontrou uma solução
bido do que eles estavam fazendo com que, inclusive, foi do agrado daqueles
os povos que habitavam na terra que cananitas. A partir daquela data eles
vieram ocupar, os gibeonitas se vesti- se tornariam servos do povo de Israel:
ram de trapos, se calçaram de sandálias carregadores de água e rachadores de
rotas, e até o pão que traziam estava lenha.
bolorento e o vinho que portavam em Os gibeonitas conseguiram o in-
odres velhos estava passado. Para de- tento que pretendiam com o ardil es-
monstrar mais ainda sua boa vontade, tabelecido: não seriam mortos, nem
dispuseram-se a ser considerados como expulsos, mas sobreviveriam ainda que
servos do povo do Israel. Tudo isso numa condição de escravidão. Sobre-
para testemunhar que vinham de terra viver era o que lhes importava. No en-
muito distante, que não faziam parte tanto, a coisa não foi tão simples assim.
dos moradores de Canaã, que eles sa- O pior aconteceu. Aquilo que Deus
biam, Israel tinha recebido ordem do desejava para seu povo, a total separa-
Senhor para os expulsar. ção do pecado cometido pelos povos
A liderança de Israel aceitou as ex- da região, não vai se dar. E assim, de
plicações, examinou as suas provisões, maneira insidiosa e traiçoeira, aquele
para verificar se procediam suas infor- povo gibeonita, mesmo na condição
mações de que vinham de terras dis- de escravo, irá pouco a pouco influen-
tantes, e satisfeita com o exame feito, ciando com seus atos e atitudes o povo
aquiesceu ao pedido dos homens de “separado”.
Gibeão. Tendo em vista as evidências
claras e insofismáveis de que os repre- Conclusão – A condescendência
sentantes daquele povo procediam de é sempre um perigo para a vida cristã.
terras distantes, acharam que não ha- Quando começamos a concordar com
via necessidade de pedir conselho ao certas coisas, a aceitar hábitos estra-
Senhor sobre o assunto. Bastaram-se nhos, a conciliar algumas situações, si-
a si mesmos, e com isso terão que as- tuações essas que contrariam a vontade
sumir consequências negativas em seu do Pai, as consequências negativas por
viver. certo virão, mais cedo ou tarde.
jan.fev.mar DE 2012 • 11
EBD • Domingo, 22 de janeiro de 2012• ESTUDO 4

A ocupação
Texto bíblico:
Josué 12.1-6; 13 a 17;
18.11-28; 19

da terra Texto áureo:


Josué 14.12

Conquistada a terra por meio das lutas por tribo, para cada uma em sua região
empreendidas por Josué e seus exércitos respectiva, ocupar a terra, construindo
chegara agora a hora de dividir a terra para suas habitações, cidades, plantações, co-
que as tribos a ocupassem por inteiro a fim meçando assim a vida em comunidade
de confirmar a vontade do Senhor Deus. É integrada.
isto que vamos estudar hoje.
2. A herança do Senhor (Js 13.1-33)
1. A herança de Rúben, Gade e Me- – Na divisão que Josué estará fazendo da
tade de Manassés (Js 12.1-6; 13.22-33) terra, a tribo de Levi não será contempla-
– Quando as tribos foram encaminhadas da. Aquilo que poderia parecer um preju-
para seus termos, elas encontraram ainda ízo enorme pelo aspecto material era, na
alguns focos de resistência dos antigos mo- realidade, um lucro imenso pelo aspecto
radores, mas a grande jornada da conquis- espiritual. Em vez de serem titulares de
ta de Canaã já havia sido vitoriosa. Agora, bens materiais, os homens de Levi seriam
seria o ocupar da terra para não dar mais titulares dos bens espirituais que deveriam
espaço naquela região prometida pelo Se- levar a todo o povo de Israel. Das ofertas
nhor ao seu povo, para aqueles inimigos que lhes seriam trazidas pelo povo para
que desconheciam o único Deus verdadei- serem queimadas, eles tirariam o seu sus-
ro e, por isso mesmo, viviam em pecado e tento e sobrevivência.
dissolução.
3. A perseverança no Senhor (Js 14.1-
O fim da conquista não é, portanto, 15) – Um dos episódios mais marcantes da
para o povo de Deus, um prenúncio de ocupação da terra é a palavra de Calebe a
tranquilidade e paz. Não. A luta conti- Josué sobre a herança que pretendia. É uma
nuaria, só que agora, de forma diferente. palavra de fé e de coragem esta de Calebe.
Não mais o povo todo em combate para Os outros dez irmãos, que subiram com ele
desalojar os inimigos, mas, sim, tribo e Josué para verem a terra prometida, volta-

12 • PALAVRA E VIDA
ram desalentados e temerosos. Com o seu gãs e selvagens desses povos irá se insinu-
testemunho, fizeram o povo temer o ama- ar por entre o povo de Deus que, com o
nhã. O coração deles se “derreteu” de medo tempo, se acomodará e se conformará com
e pavor diante das lutas que lhes estavam tais práticas.
sendo previstas na terra a conquistar.
5. A forma de divisão para algumas
No entanto, disse ele: “Eu perseverei tribos (Js 18.1-28) – A palavra de Josué
em seguir ao Senhor meu Deus”. Ou seja, conclamando as sete tribos remissas a de-
não houve abatimento em seu coração finirem os seus termos e partirem para a
diante das lutas a enfrentar, simplesmen- ocupação da terra começou a surtir efeito.
te, porque ele perseverou em seguir aqui- Os homens escolhidos de cada uma delas
lo que era a vontade de Deus para o seu partiram para as regiões indicadas, fizeram
povo. o levantamento necessário, e trouxeram
a Siló a ideia da demarcação que tinham
4. O perigo da convivência com o pe- para o seu povo em particular, segundo as
cado (Js 16.1-10) – A tribo de Efraim, suas famílias.
uma das mais fortes e valorosas, recebe a
sua herança, ocupa a extensão de terra que Parece-nos que após a conquista, es-
lhe foi destinada, mas prefere não expulsar sas tribos teriam se acomodado naquela
totalmente os cananeus que habitavam na região que, entre as cinco que já estavam
região de Gezer. distribuídas, lhes sobejava. Foi quando Jo-
sué instou com suas lideranças, no sentido
Mais uma vez, acreditamos, o confor- de que ainda havia muita terra por possuir,
mismo e a acomodação agiram sobre o e eles precisavam ocupá-la.
povo de Efraim que tinha ordem expressa
para a expulsão dos cananeus, preferindo Conclusão – O último texto a ser lido
ele, em vez de guerrear contra os rema- nesta semana, o capítulo 19 de Josué, nos
nescentes naquela região, simplesmen- oferece uma sublime reflexão para con-
te torná-los servos, sujeitos ao trabalho clusão do estudo que fizemos. Chamaría-
forçado. A medida, sob o ponto de vista mos esta meditação de “o líder em último
social e econômico, parecia boa. Social- lugar”, o que à primeira vista, parecer ser
mente, não se empenhariam mais em uma contradição.
guerras e lutas.
Mas, leiam o texto de 19.49-51 para
Economicamente, teriam uma mão de se certificarem disto. Vejam que depois de
obra gratuita e escrava para usar como fa- ter distribuído toda a terra entre os seus
tor de produção nas terras que possuíam. irmãos, Josué, o grande líder, vai receber
E com isto, o aspecto primacial do cumpri- a sua parte. Realmente, estamos diante de
mento da vontade de Deus, foi por terra. um caráter íntegro e austero, que deixou
O pecado representado pelas práticas pa- para o fim a sua escolha.

jan.fev.mar DE 2012 • 13
EBD • Domingo, 29 de janeiro de 2012• ESTUDO 5

Texto bíblico:

Comprometidos Josué 5, 18.1-10, 20 a 22

com o passado
Texto áureo:
Josué 21.44

Logo no início do livro (capítulo da “tenda da revelação”, em local co-


5), temos um primeiro momento de nhecido e central para todo o povo, é
lembrança do passado realizado por muito importante. Será ali que os le-
Josué diante do povo. Os filhos do de- vitas exercerão o seu ministério. Será
serto, ou seja, todos os hebreus nasci- ali que o sacerdócio se estabelecerá
dos durante os 40 anos da travessia do para o cultivo espiritual do povo. Será
êxodo não haviam sido circuncidados. ali o ponto de convergência da nação
Josué, por orientação divina instrui o que se formava, enquanto as tribos se
povo neste sentido, mostrando a ne- espalhavam por todo aquele território
cessidade que diante das bênçãos que conquistado.
estariam recebendo, aquele povo de-
monstrasse de forma nítida o seu com- 2. A distribuição da terra (Js 2.8-
promisso com o passado estabelecido 24) – No texto indicado, temos uma
por Deus com os seus pais. Tudo que indicação de uma graduação que deve
vai acontecer neste início de ocupação ter dado à direção dos responsáveis
da terra vai ser a tentativa de Josué de, pela repartição, alguma segurança.
criando em meio ao povo de Deus o Eles dividiram a terra pelas tribos, “se-
sentimento de compromisso com o gundo as suas famílias, suas cidades e
passado, por meio do ato da circunci- suas aldeias”. Confirmando que este
são, da celebração da Páscoa, da mon- critério foi importante, essa expressão
tagem do Tabernáculo, fazê-lo mais e vai se repetir na divisão feita para as
mais perseverar de forma efetiva nos seis tribos que ainda faltavam rece-
caminhos do Senhor Deus daí para a ber suas possessões: Zebulom, Issacar,
frente. Aser, Naftali, Dã. A proporção da terra
dada a cada uma delas levava em consi-
1. A presença do tabernáculo (Js deração o tamanho numérico da tribo
18.1-10) – O significado da presença (segundo suas famílias), o número de

14 • PALAVRA E VIDA
cidades e o número de aldeias já exis- a todas as tribos em suas necessidades
tentes e que foram conquistadas na espirituais, essas deveriam ajudá-los nes-
terra por ocupar, para a divisão pelos te sentido. Eles não precisavam da terra
diversos segmentos sociais de cada tri- para cultivo, pois as demais tribos o fa-
bo. Critérios definidos em proporção à riam e, das suas ofertas, os homens de
terra por ocupar. Levi alimentariam suas famílias, mas
precisavam das cidades para morar.
3. As cidades de refúgio (Js 20.1-9)
– As cidades de refúgio seriam cidades 5. O cumprimento da promessa
que serviriam para o melhor exercício (Js 21.26-41) – Estamos assistindo ao
da justiça entre o povo de Deus. Se cumprimento de uma promessa que
alguém cometesse um crime involun- teria levado cerca de 80 a 100 anos
tário seria passível, assim mesmo, da para se realizar. Se levarmos em conta
vingança daqueles que foram prejudi- o início dela, por ocasião do chamado
cados por tal gesto. Para que isso não de Moisés em Midiã, “quando o Senhor
acontecesse de forma injusta, e fosse visitou a aflição de seu povo no Egito”,
essa pessoa condenada à morte pelos mais os quarenta anos da duração do
“vingadores” sem um julgamento da êxodo, e outros tantos anos da conquis-
situação, haveria sempre algumas cida- ta da terra por Josué, até chegarmos ao
des espalhadas pela terra da promessa ponto celebrado no texto de hoje, te-
para onde essas pessoas fugiriam e fi- mos quase um século para que o povo
cariam ali resguardadas até que seus pudesse alcançar “repouso” possuindo
casos fossem julgados. a promessa.

4. As cidades dos levitas (Js 21.1- Conclusão – Interessante atentar-


25) – A tribo de Levi ficou de fora da mos para os capítulos 19,20 e 21 que
divisão normal da terra de Canaã, já devem ser vistos como destaques do
que não teria o mesmo encargo como livro. Josué vai distribuir a terra pelas
as demais, de primeiro, conquistar o tribos e famílias de Israel. O Senhor
espaço, depois, expulsar os estrangei- já havia reservado o espaço necessário
ros ainda residentes e, por fim, ocupar para cada segmento. Interessante que
explorando no cultivo agrícola e na não houve brigas pelo espaço territo-
pecuária, todas as potencialidades do rial. Alguns, inclusive, escolheram an-
terreno recebido. tecipadamente o seu espaço e o Senhor
Mas, eles tinham as suas famílias, o permitiu (Rúben, Gade e meia tribo
tinham os seus filhos por educar e pre- de Manassés). O Senhor tinha por ob-
cisavam, portanto, de um mínimo de jetivo ocupar toda a região da Canaã
apoio para isso. Já que eles se consagra- prometida e isto fez, orientando os
riam ao ministério do culto, assistindo seus líderes sobre como tal se faria.

jan.fev.mar DE 2012 • 15
EBD • Domingo, 5 de fevereiro de 2012• ESTUDO 6

A despedida
Texto bíblico:
Josué 23 e 24

do líder Texto áureo:


Josué 24.15

O capítulo 23, que só vai se encer- ao Senhor vosso Deus”. O Senhor é um


rar no seguinte, é um repositório ini- Deus de amor, e espera que os seus
gualável de conselhos e advertências. seguidores o amem também. Não
O grande líder sente que o seu fim apenas se sujeitem a ele por causa de
está próximo e resolve, então, trans- um poder coercitivo e superior, mas
mitir ao povo suas últimas orienta- por causa também do amor que dele
ções e considerações. emana.

1. A prestação de contas do líder 3. Uma solene advertência (Js
(Js 23.2) – Impressionante a dimensão 24.19) – Os leitores devem observar
de responsabilidade que Josué sentia cuidadosamente a solene advertência
por sobre o seu trabalho que, poderia que Josué faz neste versículo acima
ser considerado como concluído, mas apontado. Ela é feita em termos quase
sobre o qual ele queria ainda agir pela de um desafio para Israel. Parece que
boa continuidade do mesmo. Como ele a faz, para exatamente provocar o
não estaria mais com o povo, ele vai en- povo a ter muita seriedade na resposta
tão fazer as recomendações que julgava que lhe iria dar: “Então Josué disse ao
necessárias para o bom futuro de Israel. povo: Não podereis servir ao Senhor,
porque é Deus santo, é Deus zeloso, que
2. Temor e amor no conselho do lí- não perdoará a vossa transgressão nem
der (Js 23.8,11) – Em dois pequenos os vossos pecados”. Josué vai continuar
versículos, no entanto, Josué sintetiza inquirindo com profundidade e, dian-
tudo que poderia servir de orientação te da resposta positiva do povo, vai
e aconselhamento a Israel: no primei- desafiá-los por três vezes até que, por
ro, ele exorta ao temor a Deus: “Mas fim, o povo respondeu: “Serviremos
ao Senhor vosso Deus vos apegareis, ao Senhor nosso Deus e obedeceremos
como fizeste até o dia de hoje” e “Por- à sua voz”. Infelizmente, sabemos que
tanto, cuidai diligentemente de amar isso não vai acontecerna sua inteireza.

16 • PALAVRA E VIDA
4. A didática divina – Vale a pena o seu fim se aproxima. Conhecendo
pesquisar e verificar a importância aquele povo há muito tempo e vendo
dada pelo Senhor a este líder que ele agora como cada uma das tribos em
mesmo indicara para a substituição de separado se comportava na ocupa-
Moisés. Alguns eventos muitos mar- ção da terra, sente a necessidade de
cantes para o líder que tirara o povo desafiá-las a uma vida na presença do
do Egito, vão se repetir com o líder Senhor. Sabe que as influências es-
que agora o substitui. Se diante de trangeiras estão presentes e, mais do
Moisés, o Mar Vermelho vai se abrir, que nunca, sabe da importância de
diante de Josué é o Jordão que se abre... chamar o povo à sua responsabilida-
Se em face da oração incessante de de como a nação escolhida.
Moisés o povo vence os amalequitas, Sua palavra é de uma determinação
Josué vai orar e o sol e a lua vão deter- impressionante. Coloca para as tribos
se, para que ele vença os amorreus... a decisão necessária. Para aquele povo,
Se ao bater da vara na pedra, Moisés dado o seu passado e a construção de
faz dela jorrar água, ao ordenar Josué sua história, só havia uma opção a
que o povo gritasse, os muros de Jeri- tomar. Diante, porém, das influên-
có desabaram... A didática de Deus se cias estranhas que se faziam presen-
exprime de forma a mostrar ao povo tes, oriundas dos povos vizinhos que
que assim como “estivera com Moisés, eles permitiram que co-habitassem na
assim estaria agora com Josué” (1.5). Terra Prometida, a decisão corajosa
e resoluta tinha que ser tomada. No
Conclusão – Vamos escolher para entanto, para ele, não havia escolha:
nossa conclusão do estudo no livro “Escolhei hoje a quem haveis de servir...
de Josué, o seu versículo mais mar- Porém eu e a minha casa serviremos ao
cante: Josué 24.15. Este momento é Senhor”.
um dos mais solenes da Bíblia. Junta- O desafio de Josué serve para nós
mente com o desafio de Davi para a também hoje. Diante de tantas in-
construção do templo, com a palavra fluências que recebemos do mundo
de Esdras e Neemias para a recons- para o nosso viver, qual tem sido a
trução da nação, estamos diante de decisão de vida para cada um de nós,
situações especiais em que o povo pessoalmente, e para a nossa família?
de Israel era conclamado a uma ação Corajosa e resoluta como a do gran-
positiva em prol de uma vida inteira- de líder? Sim, que intimamente te-
mente na dependência de Deus. nhamos esta resolução para o nosso
Josué vai encerrar o seu ciclo de viver: Eu e a minha casa, serviremos
liderança. O grande chefe sente que ao Senhor.

jan.fev.mar DE 2012 • 17
EBD • Domingo, 12 de fevereiro de 2012• ESTUDO 7
Texto bíblico:

Após a conquista e Juízes 1 e 2

Texto áureo:
ocupação da terra Juízes 2.10

Um dos períodos mais nebulosos O segundo, de ordem pessoal.


da história do povo de Israel é o que se Não tinham mais um líder. Não ti-
sucede à liderança de Josué. “Havendo nham uma pessoa que identificasse
Josué despedido o povo, foram-se os filhos para todo o povo os ideais, os planos
de Israel, cada um para a sua herança, a e a vontade de Deus. As onze tribos,
fim de possuírem a terra” (2.6), e neste separadas uma das outras, tinham que
caminho começaram a perder-se, pois escolher as pessoas que as dirigissem
não havia mais um líder da estatura de e comandassem isoladamente. Quan-
Josué que os conclamasse como o fez do se viram diante de uma necessida-
no último capítulo de seu livro, e nem de de atuação conjunta, como um só
mais Siló servia de referência, pois eles povo, exclamaram o que acima está
começaram a construir os seus outros registrado: Quem dentre nós subirá
altares e locais de cultos aos deuses es- primeiro, no caso de uma guerra? Ou
tranhos, os ídolos cananitas, perdendo seja, quem nos comandará e conduzi-
de vista o tabernáculo. rá? A falta de liderança os fazia temer
pelo futuro.
1. A falta de liderança (Jz 1.1-13)
– As tribos espalhadas pela Canaã 2. A presença do Senhor (Jz 1.14-
prometida tinham que possuir a terra, 26) – Diante destes primeiros proble-
preservar a sua soberania, garantir o mas que o livro de Juízes vai nos apre-
sustento de todos para o crescimento sentar, e serão muitos, temos nestes
da nação como uma coletividade una. versículos acima, uma expressão im-
Para isso, tinham dois problemas: O portante a ser considerada. Os filhos
primeiro, de ordem geográfica. Assim, de José, representantes das tribos de
não tinham mais a identidade da pro- Efraim e de Manassés, subiram contra
ximidade e da convivência, embora os o inimigo comum, e segundo a narrati-
levitas estivessem entre eles. va bíblica, “o Senhor estava com eles”.
18 • PALAVRA E VIDA
3. A convivência com o mal (Jz 1.27- tampouco a obra que ele fizera a Israel”.
36) – A convivência com o mal vai co- Daí a fazer o que era mau aos olhos do
meçar a fazer os seus estragos. Quando Senhor foi um passo apenas, pois eles já
o povo de Deus começou a pensar que se haviam afastado do temor a Deus.
este ou aquele povo poderia ficar em “Servir a baalins” é uma expressão
seu meio sem maiores problemas, a genérica, com o plural de Baal, um dos
derrocada começou. deuses dos cananeus, querendo indi-
car que Israel se desencaminhava pela
4. A lamentação do povo (Jz 2.1-5) adoração aos diversos deuses existentes
– “Tendo o anjo do Senhor falado estas nas culturas pagãs ao redor, deixando
palavras a todos os filhos de Israel, o povo de servir única e exclusivamente ao seu
levantou a sua voz e chorou”. A acusa- Deus. Tudo isto devia estar ocorrendo
ção do anjo do Senhor fora tão clara porque a nova geração não fora educada
e severa que não havia como evitar a como o Senhor mandara. Desde o tem-
lamentação e o choro. A palavra profé- po do êxodo, a ordem fora bem clara no
tica do anjo, no sentido de que eles so- sentido de que os mandamentos do Se-
freriam as consequências da presença nhor deveriam ser ensinados aos filhos
dos povos estranhos entre eles, calou dos filhos de Israel, falando-lhes os mais
profundamente. Pelo que choraram e antigos, de dia e de noite, da presença e
se lamentaram. proteção recebida do Pai, e da necessá-
O povo chorava, mas, o pranto por ria obediência aos seus preceitos.
mais sincero que fosse, não tinha o po-
der para recuperar a situação anterior Conclusão – O Senhor ensina e
pretendida pelo Senhor para Israel. A exige sempre que o homem precisa viver
pecaminosidade daqueles povos já havia distanciado do pecado. Ele é terrível, in-
sido de alguma forma absorvida pelos sidioso e pernicioso. Se não firmarmos
hebreus, de maneira que daí para a fren- barreiras contra ele, o mal nos cerca e
te, por mais que lutassem, por mais cor- nos domina. Em todos os momentos
retos que fossem, “os laços” do inimigo deste livro, poderemos perceber clara-
estariam sempre armados, prontos para mente que sempre que o povo de Deus
os trair. se deixou levar por seus artifícios, a
consequência negativa veio junta. Nos
5. Os descaminhos do povo (Jz 2.6- capítulos 2 e 3, verificamos que a convi-
23) – O versículo anterior já nos anun- vência com o pecado, quando permitiu
ciava o que estava por acontecer. Toda Israel que as nações pagãs estivessem
uma geração se passou, e a nova geração juntas a ele, foi fundamental para a sua
surgida “não conhecia ao Senhor nem queda e sofrimento posterior.

jan.fev.mar DE 2012 • 19
EBD • Domingo, 19 de fevereiro de 2012• ESTUDO 8

Débora e Gideão –
Texto bíblico:
Juízes 4 a 8

Juízes valorosos
Texto áureo:
Juízes 6.12

Os capítulos 4 a 8 que estudaremos de Efraim, entre Ramá e Betel, pois


hoje, nos falam de dois juizados mais sabiam que ali estava alguém que re-
ou menos sequenciais que devem ter presentava para eles o poder maior de
ocorrido em torno de 1274 a.C. com julgamento que viria dos céus.
Débora (60 anos) e depois com Gi-
deão até 1.214 a.C. (47 anos). 2. Jael: uma mulher de coragem (Jz
4.17-24) – Débora destacou-se por-
que chamou um dos homens de guerra
1. Débora: mulher de respeito (Jz de Israel, Baraque, para convencê-lo a
4.1-16) – atuação era positiva e bené- iniciar a luta contra a opressão do rei
fica que o lugar onde assistia ao povo de Canaã e seus exércitos comandados
passou a ser chamado de “a palmeira de por Sísera. Jael, porque diante da fuga
Débora”. O fato se torna mais marcan- do comandante inimigo, vai ser arguta
te, ainda, quando nos lembramos que e inteligente atraindo-o para um ardil,
estamos diante de um povo que não es- e depois corajosa o suficiente para exe-
tava acostumado à liderança feminina. cutá-lo enquanto dormia.
Débora, por assim dizer, é a primeira
mulher-líder a surgir na revelação da 3. A consequência do erro (Jz 5.1-
Palavra de Deus. 15) – Estamos no final do juizado de
O fato dos filhos de Israel “subi- Débora. Depois da grande vitória ob-
rem para julgamento” diante dela é tida, ela canta um belíssimo hino em
sumamente significativo. Deveria ser louvor a Deus. Nesse cântico lembra
ela uma pessoa realmente diferente, o que vinha acontecendo ao seu povo,
especial que, como profetisa, julgava por causa mesmo dos seus desvios, e
o seu povo em seus problemas e difi- comemora a vitória obtida, citando os
culdades. Eles poderiam procurar ou- guerreiros das tribos que a ajudaram, e
tros juízes em suas próprias terras, mas celebrando os nomes de Baraque e de
faziam questão de subir as montanhas Jael como grandes responsáveis pelo
20 • PALAVRA E VIDA
resultado positivo da peleja. No ver- Gideão foi achado pronto. Era um
sículo 8 deste cântico, ela recrimina a homem valoroso por isso. Estava dis-
grande falha do povo de Israel, sua in- ponível para a obra de Deus. Em nos-
fidelidade e contumácia. Chega a dizer sa vida estamos prontos para sermos
que “por escolherem deuses novos”, usados por Deus? Que o Senhor nos
logo as coisas passavam a correr mal, encontre como “homens e mulheres
com “as guerras às portas”. valorosos” prontos para sermos por ele
usados naquilo que lhe aprouver.
4. Os que amam o Senhor (Jz 5.16-
32) – Vale a pena destacar esta belíssi- 7. Uma vitória notável (Jz 7.1-25) –
ma essa parte final do último versículo É impressionante a forma como o Se-
do cântico de Débora. Bela pela poesia nhor opera. Embora cada um dos 300
do texto, e pela verdade que encerra: homens de Gideão tenha se mantido
“Sejam, porém, os que te amam, como em “seu lugar” ao redor do arraial, o
o sol quando se levanta na sua força”. É exército inimigo se apavorou e pôs-se a
a esta força do sol que inunda de luz correr aos gritos. Isto é, não foi neces-
o dia, a quem ela compara o poder e a sário nenhum esforço físico do povo, a
fortaleza daqueles que amam a Deus, não ser o quebrar dos cântaros, o tocar
os que vivem na sua presença, que obe- das trombetas, e o brandir das tochas
decem a sua vontade, e que reveren- de fogo. Os homens de Gideão fizeram
ciam o seu nome. a parte deles com as trombetas, os cân-
taros e as tochas. O restante ficou por
5. A queda inevitável (Jz 6.1-10) – conta do Senhor.
A velha “ciranda” vai se repetir. Anda-
ram bem com Débora, Deus os aben- Conclusão – Nada melhor para
çoou, mas logo depois do sossego que concluir o estudo desta semana do que
o Pai lhes dera, voltaram a fazer “o que ressaltar o nobre propósito de Gideão.
era mau aos olhos do Senhor”. O fato de abrir mão da liderança e go-
Agora, serão os midianitas que verno que o povo lhe oferecia, depois
irão prevalecer sobre o povo de Isra- de seu brilhante desempenho como
el. Depois dos cananeus com Débora, chefe na guerra, nos evidencia o cará-
Gideão terá que se levantar diante dos ter deste homem, valoroso, discreto e
homens de Midiã. modesto. Além de tudo isso, entretan-
to, ele nos demonstra, no versículo 23
6. O valor do ser humano (Jz 6.11- do capítulo 8, sua qualidade especial
24) – Em face da escravidão diante dos de um homem temente a Deus. Sua
midianitas, o Senhor vai em busca de palavra de resposta é claramente indi-
Gideão para fazer dele o instrumento cadora dessa virtude: nem ele nem seu
pelo qual o povo se libertará do julgo filho, mas o Senhor Deus é quem devia
opressor. dominar sobre o povo de Israel.
jan.fev.mar DE 2012 • 21
EBD • Domingo, 26 de fevereiro de 2012• ESTUDO 9

Jefté e Sansão: Texto bíblico:


Juízes 11 a 12.7 e

fracassos 13 a 16

e vitórias
Texto áureo:
Juízes 16.28

Os dois juízes que vamos destacar tão conturbada e difícil. A influência


neste estudo, são dois dos mais valorosos de uma liderança forte e segura é tão
e dedicados. Ambos valentes, mas igual- grande que o povo de Israel, mesmo
mente, um tanto perdidos em sua maior reconhecendo que Jefté não era mui-
fidelidade a Deus, muito provavelmente to indicado para o cargo, vai buscá-lo
em função do meio em que viviam, en- para seu juiz, em razão de notar nele
volvidos que eram por povos pagãos e pelo menos essas características básicas
suas práticas, e pelo pouco conhecimen- para o exercício da liderança, qualida-
to que possuíam da Lei de Deus e das des essas que deveriam faltar nos de-
consequências à sua desobediência. mais homens dentre o povo.

1. Líder por acaso (Jz 11.1-17) – 2. Atos irrefletidos (Jz 11.18-40) –
Alguns desses personagens que apa- Sendo Jefté o homem impulsivo que era,
recem como líderes do povo de Israel como se percebe em toda a narrativa bí-
neste período nebuloso dos juízes, blica, fica fácil entender o que lemos no
foram puramente incidentais, isto é, texto indicado. Impetuoso e irrefletido,
chegaram acidentalmente à posição um homem sempre pronto a lutar, não
de liderança, por motivos e razões que devia ser muito cauteloso ou ponderado
desconhecemos, mas que estavam nos em suas decisões. O fato é que Jefté fez
planos de Deus, por desígnios que só um voto indevido, impensado. A falta de
ele conhecia e conhece. responsabilidade de Jefté vai lhe custar
Jefté foi um deles. De expulso um alto preço: a vida de sua filha.
dentre o povo de Deus, de chefe de
um grupo de homens levianos, vai se 3. Uma luta entre irmãos (Jz 12.1-7)
tornar um instrumento do Senhor – Eis um outro triste episódio na vida
para participar de alguma forma da conturbada deste juiz que foi Jefté. Em
caminhada de seu povo naquela época vez de dirigir o seu povo contra os po-
22 • PALAVRA E VIDA
vos inimigos, vai liderar uma luta entre frendo infligidas pelos filisteus, diante
irmãos, pois os homens de Gileade, são da longa luta, por certo desesperada e
os membros das tribos de Rúben, Gade incansável que teve contra esses mil ini-
e metade de Manassés, que viviam ao migos, matando-os com uma queixada
oriente do Jordão. Ele irá conduzi-los de jumento, diante também da região
numa luta contra os homens de Efraim árida em que se encontrava, a sede que
que estavam nas montanhas ao ocidente o atormentou era então um proble-
do rio. Ou seja, estamos diante de mais ma mais do que natural. Sua angústia
um momento tristonho dos juizados chegou a tal ponto que orou, de forma
em Israel quando a violência e a selva- dramática, a Deus pedindo água, pois
geria se fazem presentes no governo de do contrário, estaria ele à morte. Foi en-
Jefté, e agora, pela briga entre irmãos. tão que o Senhor veio ao encontro de
seu sofrimento e socorreu-o abrindo a
4. Sansão: um personagem espe- fonte de água, da qual Sansão bebeu, e
cial (Jz 13.1-14) – Começando pelo recobrando alento, reviveu.
anúncio miraculoso de seu nascimen-
to, tudo na vida de Sansão vai torná-lo 7. O castigo consequente (Jz 16.1-
um personagem único, diferente em 22) – Uma grande provação estava re-
toda a Bíblia, conseguindo grandes vi- servada para Sansão, exatamente por-
tórias para o povo de Deus, ainda que que as consequências de suas falhas
entremeadas por alguns fracassos. Es- assim provocaram.
ses, no entanto, no peso global de sua
trajetória, não o impedem de ter o seu Conclusão – Ao final de sua vida,
nome citado na galeria dos heróis da fé Sansão vai fazer uma última oração
no capítulo 11 de Hebreus. (16.23-31), quando ele demonstra efe-
tivamente sua convicção de que está
5. As consequências do erro (Jz nas mãos do Senhor. Por certo, Deus
14.10-20) – Passando a conviver mais sabia o que Sansão estava planejando
com os inimigos do seu povo, a ponto de com o retorno de suas forças, mas, ain-
pretender casar com uma de suas filhas, da assim, lho concedeu.
logo teve de enfrentar os costumes e os As vidas de Jefté e de Sansão nos
hábitos de um povo pagão e libertino. Seu ensinam que devemos ter sempre a
casamento, com uma mulher dos filisteus nossa consciência pura e limpa. Am-
e todas as consequências que advirão dele, bos falharam porque em determinados
vai marcar a sua vida para sempre. momentos fracassaram neste quesito.
Influenciados pelos ensinos da Pala-
6. O valor do servo de Deus (Jz 15.9- vra de Deus não podemos aceitar atos
20) – Apesar dos erros de Sansão, ele foi e comportamentos que contrariem a
um grande servo de Deus. Diante da vida santa daqueles qure “devem andar
humilhação e tortura que já vinha so- como Cristo andou”.
jan.fev.mar DE 2012 • 23
EBD • Domingo, 4 de março de 2012• ESTUDO 10

A influência
Texto bíblico:
Juízes 3, 9 e 10

da liderança Texto áureo:


Juízes 10.11-14

Os três capítulos do livro de Juízes, meros momentos em que o sofrimento


que são objeto de nosso estudo hoje (3, e a provação fazem o povo unir-se em
9 e 10), já foram rapidamente tratados oração em busca da salvação que viria
em certos textos pelo menos, em algu- do Senhor.
mas das lições anteriores. No entanto, O povo de Israel, nos tempos dos
deixamos para detalhamento no pre- juízes, vacilava em sua fidelidade a
sente estudo, pois eles expressam em Deus. Distanciava-se dos seus padrões.
síntese, o tema da lição. O clamor de seus corações pelas opres-
sões que sofriam era um clamor apenas
1. O teste da provação (Jz 3.1-11) material mas, no momento em que
– O porquê de certas coisas nos aconte- uma disposição nova de obediência
cerem e nos provarem, são motivos de surgia, o Senhor vinha ao encontro do
indagação e questionamento íntimo. Às seus clamor com as soluções dos céus.
vezes até nos rebelamos por esta causa,
esquecendo-nos que o Senhor Deus sabe 3. A união dos maus (Jz 9.1-21) –
de tudo e tem as respostas para todas es- Abimeleque é o filho de Gideão que se
sas situações. Estamos diante de um fato arvora a dirigir o povo de Israel após a
assim. Por que deixara o Senhor que es- morte do pai. Era uma pessoa leviana
sas nações pagãs ali permanecessem para e, pelo que vem a fazer, próxima da in-
prejudicar a caminhada de Israel como sanidade. Como alguns de seus irmãos
seu povo? O texto nos diz que foi o pró- resolveram iniciar uma espécie de gover-
prio Senhor quem as deixou ficar, “para no ou confederação para liderar os povos
por meio delas, provar a Israel”. hebreus daquela região, arrumaram-lhe
uma determinada importância extraída
de um templo pagão da região (Baal-Be-
2. O clamor da fé (Jz 3.12-31) – rite), com a qual ele vai assalariar alguns
No livro de Juízes vamos verificar inú- homens para iniciar uma insurreição,
24 • PALAVRA E VIDA
matando primeiramente, a todos os seus 6. O reconhecimento do pecado
irmãos, para que nenhum deles reivindi- (Jz 10.1-18) – A confissão de pecados
casse o governo que seria só dele. É uma é, para o crente, um dos momentos
história trágica e triste esta. Apenas um mais tristes da sua experiência de vida
outro filho menor de Gideão vai escapar, com Deus. Quando reconhecemos
Jotão, mas assim mesmo terá que se refu- que falhamos para com ele, despre-
giar em terra estranha por medo de que zando seus ensinos e sua vontade, o
Abimeleque o matasse também, como nosso coração se confrange de dor, e
fez aos seus outros 70 irmãos. todo o nosso ser sofre com o senti-
mento de culpa. Só mesmo quando
4. A consequência negativa (Jz 9.22- neste processo, nos lembramos que
33) – Depois de tanta maldade perpe- Cristo já pagou na cruz a nossa fra-
trada por Abimeleque e seus asseclas queza é, que, paulatinamente, come-
como lemos no texto, os seus próprios çamos a respirar de novo, sabendo
homens começaram também a proce- que por essa bênção divina, o próprio
der maldosamente contra ele. Assim, o Senhor Deus já “não se lembra mais”
seu fim, de forma tenebrosa e trágica dos nossos pecados.
começa a se delinear logo, pois seus A leitura do texto bíblico acima
atos violentos estavam a requerer uma citado reporta-nos a um sentimento
reação contrária dos que eram atingi- de perda e tristeza pelo pecado. Os
dos por sua insanidade. versículos 8 e 9 são de extrema amar-
gura. De tal maneira aquele povo foi
5. O fim do homem mau (Jz 9.34- envergonhado e oprimido que, neste
57) – A lição que devemos retirar do último versículo o texto nos fala que
texto é que o mal volta sobre aqueles ele estava mesmo “muito angustia-
que o praticam. Se não nesta vida, pois do”.
temos conhecimento de pessoas más Como estamos sentindo em nosso
que prosperam, aparentemente não so- viver as falhas que cometemos? Nosso
frem conseqüências negativas em suas coração se angustia por isso? Essa é a
vidas terrenas, sem dúvida, pois a Bí- hora então de reconhecermos o nos-
blia assim nos ensina, vão sofrê-las na so pecado, pedirmos perdão ao nosso
vida além. Outrossim, o texto nos deve Senhor, e, com fé e intenção solenes,
incentivar a escrevermos os nossos no- comprometer-nos diante dele a não
mes no livro da vida do Senhor, não nos deixarmos mais envolver pelas ci-
por atos maldosos e negativos como ladas do Maligno.
os de Abimeleque e de outros homens
que vivem distanciados de Deus, mas Conclusão – A influência da lide-
por atitudes e ações que honrem e dig- rança sábia e eficaz sobre o povo de
nifiquem o nome de Cristo, nosso Se- Deus é que vai levá-lo a trilhar os ca-
nhor e Salvador. minhos do Senhor.
jan.fev.mar DE 2012 • 25
EBD • Domingo, 11 de março de 2012• ESTUDO 11

Texto bíblico:

Quando
Juízes 12.8-15; 17; 18

Texto áureo:

falta o líder Juízes 17.6

O texto bíblico do estudo de hoje convívio servil, ou na conformação aos


traz de forma bastante evidente a situ- padrões dos povos pagãos ao redor?
ação da falta de um líder, que vai gerar
decadência e desorientação do povo 2. A falta de um líder (Jz 17.1-13)
do Senhor. – Este episódio nebuloso da história
do povo de Deus, com o surgimento
1. Vidas anônimas (Jz 12.8,11,13) de um certo Mica, da tribo de Efraim,
– São três nomes que nada nos dizem: que negociava esculturas e imagens
Ibzã, Elom e Abdom. Vidas anônimas, dos deuses pagãos, serve para mostrar
vidas que nada dizem. Esta relação de como a falta de liderança capaz permi-
três juízes nos testemunha exatamente te as condições necessárias para o sur-
isto. Pessoas que passam pela vida sem gimento de desvios comportamentais
nada produzirem ou acrescentarem. e atitudes irrefletidas.
Nem a relação numérica de filhos e ani- Começa pela própria mãe de Mica
mais possuídos nos indica qualquer as- que, pela perda de mil e cem moedas
pecto positivo ou negativo nessas vidas. de prata lança maldições numa espécie
Para serem identificados como ju- de sortilégio ou superstição. Como tais
ízes, devem ter exercido os seus gover- “maldições” deram certo, o dinheiro é
nos de forma simples e discreta, talvez restituído, e quando Mica as devolve,
até medíocre. Vivendo em épocas de ela resolve dedicá-lo a Deus de uma
lutas com os povos vizinhos, é difícil forma completamente equivocada,
compreender-se porque não foram lí- pois pede ao filho para fazer delas uma
deres em campanhas pela independên- imagem esculpida e outra de fundição.
cia política. Quem sabe, conduziram A narrativa bíblica nos capítulos fi-
o povo numa possível acomodação ao nais do livro vai ser toda ela constituída

26 • PALAVRA E VIDA
de distorções terríveis, com eventos tristes tuar-se. O mal, ao qual dera início, com a
e trágicos, todos eles oriundos da prática fabricação de ídolos diversos, depois com
de um culto indevido, influenciado pelos a construção de uma imagem esculpida
cultos pagãos ao redor, práticas estas que pretensamente para honrar ao Senhor
em vez de aproximar os judeus mais e mais Deus de Israel, e finalmente, com a con-
de Deus, os afastou cada vez mais. tratação de um sacerdote próprio para
a sua casa, vai escapulir-lhe das mãos,
3. A dúvida sobre o amanhã (Jz 18.1- como castigo, e estender-se a uma parte
13) – A confusão iniciada por Mica, da tribo de Dã que por ali passava.
com sua idolatria, vai trazer muitos Como o mal é insidioso, esta fac-
problemas para o povo de Deus. Não ção de danitas, após apropriar-se dos
satisfeito com as imagens que fizera bens de Mica e ameaçá-lo de morte,
em homenagem ao Senhor, vai agora prossegue sua jornada e vai fazer mal
“assalariar” um sacerdote para o desen- a um povo humilde e simples que vi-
volvimento de seu culto. Já que tinha via numa cidade chamada Laís, que
“imagens”, por que não ter também um eles então conquistam ao fio da espa-
religioso para conduzir os seus cultos? da, matando todos os seus habitantes,
A passagem de um levita por sua re- e passando a residir nela. Mudam-lhe
gião vai lhe dar a oportunidade de con- até o nome, que passa a ser Dã, o nome
seguir ter na atividade religiosa de sua de seu pai, um dos filhos de Jacó.
casa “um especialista”. Afinal de contas, O distanciamento do Deus ver-
era “um levita”, um daqueles separados dadeiro, começando na casa de Mica,
pelo Senhor para a guarda de seu culto. vai estender-se aos homens de Dã, e as
Vejam como o pecado, depois de inicia- conseqüências danosas aí estão.
do, só faz somar erro sobre erro, falha
sobre falha, culpa sobre culpa. Conclusão – A falta de uma lide-
Os viajantes, como os filhos da tri- rança espiritual adequada, abençoada
bo de Dã que o texto nos conta, aos por Deus, pode conduzir-nos a desvios
passarem pelas terras de Mica, teriam terríveis em nossa vida cristã. A degra-
a quem consultar, pois ali estava um dação da sociedade moderna ao nosso
levita, estavam imagens, havia uma redor está se tornando cada vez mais
casa de cultos. Lá em Siló, deveria estar crescente. Estamos sendo envolvidos
o tabernáculo, o lugar devido de cul- por leis e regras que nos fazem aco-
to do povo do Senhor, mas eles, com modar ou conviver com aberrações ou
aquele arremedo de culto verdadeiro práticas inteiramente descabidas para o
dispensavam a casa de Deus e a busca padrão que Deus nos determinou. Na
ao sacerdócio que lá estava. medida em que concordamos com isto
e nos conformamos a tais situações, va-
4. Quando Deus está distante (Jz mos mais e mais nos distanciando da-
18.14-31) – O erro de Mica vai perpe- quilo que o Senhor espera de nós.
jan.fev.mar DE 2012 • 27
EBD • Domingo, 18 de março de 2012• ESTUDO 12

Altos e baixos
Texto bíblico:
Juízes 19, 20 e 21

de um povo
Texto áureo:
Juízes 21.24

Nesses três capítulos nós vamos ler tes de Gibeá, exceto o do ancião que
sobre o desenrolar de uma história maca- hospedou o levita e sua mulher, é de
bra envolvendo como vítimas um levita terrível pecaminosidade. Eles fizeram
e sua mulher, dando origem a uma guer- o mesmo que os homens de Sodoma
ra de vingança entre os irmãos hebreus, tentaram contra os anjos que se hos-
guerra esta que vai dar origem quase ao pedaram na casa de Ló. Para satisfação
extermínio de uma das tribos de Israel. E de seus pervertidos apetites carnais vão
o que é pior, para evitar este extermínio, estuprar e violentar até a morte a pobre
Israel se justifica com uma outra terrível mulher que voltava para sua casa com
batalha, traiçoeira e injusta contra uma seu senhor. Parece-nos que já havia um
das aldeias de Israel, Jabes-Gileade de receio do que lhe poderia acontecer
onde vão salvar apenas quatrocentas mu- naquelas regiões, pois o pai da moça,
lheres para serem dadas à tribo de Benja- o sogro do levita, procurou-os reter o
mim que estava à míngua. máximo possível, prevendo mesmo
qualquer tragédia. O próprio levita
1. O mal superando o bem (Jz 19.1- fala claramente que não gostaria de
14) – Esta é uma das mais tristes his- pousar em qualquer cidade que “não
tórias desse tempo turbulento e con- fosse dos filhos de Israel”, julgando
fuso do povo de Deus. Como que assim que estaria a salvo de qualquer
confirmando ou prenunciando o que perigo entre seus irmãos. Por sua vez, o
pode acontecer em tempos de distan- próprio ancião que os abrigou em sua
ciamento de Deus, a narrativa bíblica casa, demonstrou este temor também,
começa como que repetindo um texto não permitindo que de forma alguma
já bem conhecido neste livro: “Aconte- “passassem a noite na praça”.
ceu também naqueles dias, quando não Nada disto, no entanto, vai evitar
havia rei em Israel...” a tragédia. Sob o risco de invasão da
casa, e mesmo diante do apelo do dono
2. Uma história terrível (Jz 19.15- dela, os homens de Gibeá retiram a
30) – O procedimento dos habitan- mulher da casa, abusam de tal maneira
28 • PALAVRA E VIDA
dela, que a pobre coitada vem a mor- parte é tremendo, pois cerca de 90 mil
rer, sendo jogada de volta à entrada da homens são mortos nas diversas esca-
moradia da casa onde se hospedara o ramuças até que os filhos de Israel, por
levita. Num ato de extrema repugnân- intervenção direta do Senhor, derro-
cia para nosso entendimento, seu cor- tam os benjamitas.
po vai ser levado por ele para a sua casa
na região de Efraim, e ali, esquartejado 5. O difícil recomeço (Jz 21.1-25)
por ele em 12 partes, num ato incom- – As demais tribos ficam então conster-
preensível para nós, mas que na época, nadas e se juntando mais uma vez em
iria marcar, como marcou profunda- Betel resolvem depois de consultarem a
mente, a pecaminosidade do povo de Deus, intervir de alguma forma para a
Gibeá, pois ele enviou para cada uma continuidade da tribo em falta, dando-
das 12 tribos uma das partes daquele lhes primeiramente o perdão e depois,
corpo. providenciando as mulheres para a pre-
“Nunca tal se fez, nem se viu” é o servação da herança de Benjamim. Vão
espanto de todos diante do fato. E este fazer isto de duas formas também não
acontecimento vai dar origem a uma muito compreensíveis para nós. Primei-
brutal vingança. ramente, vão sequestrar cerca de 400 de
suas mulheres virgens para serem dadas
3. O preço do desatino (Jz 20.1-23) aos benjamitas. Em segundo lugar, vão
– O desatino cometido pelos homens de permitir que as outras 200 sejam se-
Gibeá vai cobrar o seu preço. Diante do questradas pelos próprios benjamitas
ultraje feito ao levita, as demais tribos numa data de festividade religiosa em
de Israel se unem para julgar o crime. que as mulheres saíam a campo para
O povo de Gibeá podia confessar dançar em celebração.
o seu pecado, reconhecer o mal come-
tido, tentar uma reparação qualquer ao Conclusão – Como pudemos ver
levita, humilhar-se, desculpar-se entre em todo o livro, os altos e baixos se su-
os seus irmãos, mas nada disto fez. Or- cederam na história do povo de Deus
gulhosamente, encastelando-se em seus durante este período. Neste último epi-
erros, desafiou a correção que lhe estava sódio, podemos ver que os recomeços
sendo oferecida, a ponto de o próprio são sempre muito difíceis. Se o crente
Senhor Deus ordenar aos demais filhos se afasta do Senhor, a volta ao seu redil
de Israel em Betel: “Subi contra eles”. é sempre problemática e com desdobra-
mentos mui constrangedores. Daí ser
4. Enfim, a vitória (Jz 20.24-48) – Os muito melhor não pecar, não se deixar
pormenores da vingança entre as de- levar pelo mal, de forma que não haja a
mais tribos de Israel e a de Benjamim necessidade de recomeços, pois a nossa
estão descritos neste trecho de nossa vida será sempre vivida estável e equili-
leitura acima. O morticínio de parte a brada, na presença de Deus.
jan.fev.mar DE 2012 • 29
EBD • Domingo, 25 de março de 2012• ESTUDO 13

Texto bíblico:

Uma história Rute 1 a 4

para ser lembrada


Texto áureo:
Rute 1.16

O livro de Rute, cuja autoria é des- de Noemi, ficando em sua terra, e por
conhecida, é tido como a história mais isso nunca mais será lembrada. Já Rute,
romântica, o relato mais belo do Anti- prossegue em seu propósito inicial e,
go Testamento, e poderemos retirar de por esta causa, seu nome vai inserir-se
um fato tão distante no tempo, com na história terrena do filho de Deus.
peculiaridades tão marcantes daquela
época, algumas lições e ensinos bem 3. Uma disposição invejável (Rt
interessantes para a nossa vida. Por 2.1-7) – Como Noemi estava desam-
isso, demos ao título desta lição, “uma parada, já que perdera o marido e os
história para ser lembrada”. filhos, ela devia voltar para a sua terra,
buscando as propriedades daqueles
1. O valor da dedicação (Rt 1.1-14) que eram de sua família, onde prova-
– O valor da dedicação de Noemi as suas velmente seria melhor recebida. Os se-
noras foi de tal monta, que essas, mes- gadores eram trabalhadores da jornada
mo sentindo as condições de desampa- de um dia apenas, que se apresentavam
ro para ela na velhice sem filhos que a no tempo da sega aos donos das terras
esperava agora, e consequentemente de para ajudarem na colheita e com isto
pobreza extrema para elas, sem esposos ganharem o seu salário. Dentre esses,
agora, vão preferir ficar juntas, embora os pobres e miseráveis, pela própria lei
diante de indagações bem nebulosas so- de Moisés, poderiam juntar-se para ao
bre o futuro que as esperava. fim de cada área trabalhada, ou mesmo
ao fim da colheita diária, colher daqui-
2. Uma prova de afeição (Rt 1.15- lo que sobejasse ou sobrasse, ficando
22) – Rute demonstra com suas pa- espalhado pelo campo. Foi por entre
lavras o apreço e gratidão que tinha esses que Rute se afastando de Noemi,
por sua sogra. Órfa, a outra nora, vai se apresentou sozinha para começar a
deixar-se convencer pelos argumentos sua nova vida.
30 • PALAVRA E VIDA
4. Um exemplo de caráter (Rt 2.8- como remidor (figura jurídica na lei
23) – Diante da disposição de Rute em judaica daquele que se torna como o
assumir os riscos de voltar para a terra de preceptor de alguém mais incapaz), irá
sua sogra, Boaz reconhece o seu apreço responsabilizar-se por ela.
pela fidelidade por ela demonstrada, Reconhecendo Boaz ser Rute uma
tratando-a com generosidade, e dese- “mulher virtuosa”, resolve tomar as
jando para ela as bênçãos do Senhor, providências necessárias para que ela
“sob cujas asas”, veio Rute se abrigar. saia do local sem ser reconhecida, a
fim de não haver qualquer comentá-
5. Um compromisso de ajuda (Rt rio negativo contra ela, bem como se
3.1-7) – O fato de Noemi sugerir a dispondo a tomar logo as iniciativas
Rute que procurasse deitar-se aos pés necessárias para que a remissão dela se
de um homem, num momento como fizesse de forma absolutamente correta
aquele de ceifa, não era visto como segundo as leis do seu povo.
um oferecimento para um ato sexual
gratuito, mas sim, como uma prova de Conclusão – O capítulo 4 que en-
reconhecimento do senhorio que con- cerra o livro de Rute nos conta um final
feria a ele. Se ele, por sua vez, ao acor- irretocável. Ela se casa com Boaz. No-
dar a acolhesse, envolvendo-a com a emi fica amparada. Da união conjugal,
sua coberta, ficava provada a aceitação nasce um filho, Obede, depois um neto,
dele ao oferecimento dela. Ou seja, ele Jessé, e após, um bisneto, Davi. Uma
seria o seu senhor daí para frente. moabita, pela providência do Senhor se
Boaz deveria ser mais velho que Rute. torna bisavó do maior rei de Israel. Ele
Como parente de Noemi, e já tendo re- nos mostra também todo o ensinamen-
cebido a Rute com boa vontade, estaria to sobre os costumes daquela época,
propenso a aceitá-la como uma de suas onde vemos que até o descalçar de um
esposas. Noemi sabia disto, e tendo em sapato, e dá-lo ao próximo com o qual
vista a responsabilidade que sentia pelo se fazia um negócio, era prova de garan-
bem-estar de sua nora, que tudo deixara tia de um compromisso assumido.
para fazer-lhe companhia e ajudá-la na Cumprindo o prometido Boaz vai
velhice, concebeu o plano como respon- ao governo da cidade, compra as terras
sável e previdente mãe de Israel. que pertenciam a Elimeleque, seu irmão.
Havia um dos anciãos com mais direito
6. Uma pessoa expedita (Rt 3.8- à compra, talvez por ser mais idoso do
18) – Tendo acontecido tudo como que ele, ou por ter um parentesco mais
Noemi previra, Rute retorna para casa próximo de Elimeleque, mas Boaz, com
e conta a ocorrência. Boaz, demons- habilidade respeita este direito mas o
trando mais uma vez sua nobreza, vai demove tanto da posse da terra como
acolher Rute e prover para ela a sub- da remissão de Noemi e Rute. E o fim
sistência futura quando lhe fala que, então, é o final feliz da história.
jan.fev.mar DE 2012 • 31
Informação denominacional

PAM
Programa de Adoção Missionária
O Programa de Adoção Missioná- quanto ao sustento missionário para
ria é um meio através do qual igrejas, que continuássemos a avançar. Perce-
empresas e os crentes podem sustentar bendo a necessidade de levar as igrejas
missionários em várias partes do mun- a um compromisso ainda maior com
do com suas orações e ofertas. a obra missionária, a Junta de Mis-
Durante muito tempo a obra mis- sões Mundiais criou um programa de
sionária foi sustentada, basicamente, sustento sistemático, onde as ofertas
somente pelas ofertas que eram levan- pudessem ser entregues mensalmente.
tadas uma vez por ano, no Dia Espe- Surgiu então o Programa de Adoção
cial de Missões Mundiais. Até então Missionária.
apenas as igrejas participavam do sus- Lançado há 26 anos, o PAM é um
tento dos obreiros e dos projetos da programa que permite a participação
JMM. do sustentador de maneira constante e
O levantamento de uma oferta efetiva na obra de evangelização mun-
anual era, praticamente, a única ma- dial. Com o passar dos anos, ele expan-
neira como as igrejas participavam do diu-se e, hoje, é um meio através do
trabalho de evangelização mundial. qual igrejas, grupos, empresas e crentes
Nos últimos anos, porém, esse para- (individualmente ou em grupos) po-
digma começou a ser mudado. dem sustentar missionários e projetos
As oportunidades de expandirmos em várias partes do mundo com suas
a obra que, como batistas brasileiros, orações e ofertas.
estávamos realizando no mundo, de-
mandavam recursos além dos que eram O que acontece
arrecadados nas campanhas anuais. quando há uma adoção?
A JMM ouvia o clamor que vinha de
muitas nações, mas faltavam os meios Quando há uma nova adesão ao
necessários para avançar e atender os PAM significa que outros campos po-
muitos desafios. derão ser abertos e mais missionários
O crescimento missionário exigia serem enviados. Desta forma o susten-
uma ação mais efetiva e permanente tador participa de maneira direta na ex-
32 • PALAVRA E VIDA
pansão da obra missionária. Além disso, recebe um certificado de adesão com
quem sustenta sente-se participante do o nome, o campo e a foto do obreiro.
ministério do obreiro, recebendo dele Além disso, a igreja que participa
cartas e informações do seu trabalho. do sustento de missões se fortalece,
O novo adotante escolhe o conti- amplia sua visão missionária e a con-
nente, o país e até o missionário que gregação se entusiasma com os resulta-
deseja adotar. No caso de igreja, ela dos alcançados.


Quadro de missionários

Missionários por campo Quantidade

América Latina 231

Europa 161

África Ocidental e Sul 83

Norte da África, Ásia e Oriente Médio 83

África – 14 países

África do Sul, Angola, Botsuana, Burkina Fasso, Cabo Verde, Gâmbia, Guiné-
-Bissau, Guiné, Guiné Equatorial, Mali, Moçambique, Níger, São Tomé e Prín-
cipe, Senegal.

Américas – 11 países

Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Haiti, Paraguai, Peru, Re-
pública Dominicana e Uruguai.

Norte da África, Ásia e Oriente Médio – 17 países

Europa – 20 países

Albânia, Armênia, Azerbaijão, Bielo-Rússia, Cazaquistão, Espanha, Estônia,


Geórgia, Itália, Letônia, Lituânia, Moldávia, Polônia, Portugal, Romênia, Rús-
sia, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão.
 
São 612 missionários atuando em 64 países.
jan.fev.mar DE 2012 • 33
Programas missionários
POPE – Programa de Odontologia Preventiva e Educativa

O POPE é um projeto de ensino, orientação e tratamento odontológico dire-


cionado a crianças entre 5 e 12 anos, período em que estão trocando a dentição.
Os missionários atendem as crianças no próprio local onde a missão ou a igreja
se reúne. Através de dois fantoches – “Zé Escovinha” e “João Banguelinha” – o
casal missionário Dr. Paulo e Tereza Pagaciov ensina as crianças a respeito do tra-
tamento odontológico preventivo. Através do atendimento às crianças, o POPE
cria também um vínculo com as suas famílias e, dessa forma, abre portas para
a apresentação do Evangelho. Usando um consultório portátil, os missionários
realizam limpezas, aplicações de flúor, pequenas restaurações e outros serviços
odontológicos.

PEM – Programa Esporte Missionário

O PEM é um programa que utiliza estratégias para mobilizar, selecionar e


preparar novos obreiros para o uso do esporte como estratégia missionária.O
PEM vem abrindo portas para a evangelização dos povos não somente da Ásia,
mas de outras partes do mundo. A visão de utilizar o esporte na obra de missões
tem sido uma grande jogada. Hoje o PEM está presente em países da Ásia, África,
Europa e América Latina, coordenando o trabalho de diversos missionários que
utilizam o esporte como uma de suas ferramentas missionárias.

PEPE – Programa de Educação Pré-Escolar

Implantado no Brasil pelos missionários britânicos Pr. Stuart e Georgina Christi-


ne, e expandido pelo mundo através de Missões Mundiais e da missionária Terezinha
Aparecida de Lima Candieiro em 1991, o PEPE é um programa missionário, desti-
nado a igrejas locais que desejam impactar comunidades carentes com o Evangelho
a partir de um atendimento sócioeducacional e espiritual para crianças de 4 a 6 anos.

É viabilizado por meio de uma parceria entre a Junta de Missões Mundiais da CBB,
a Sociedade Missionária Batista Britânica e a Associação Batista de Incentivo e
Apoio ao Homem, ABIAH.

___________________
http://www.jmm.org.br

34 • PALAVRA E VIDA
DCC

Divisão de
Crescimento Cristão
Os estudos da Divisão de Crescimento Cristão abrangem os
seguintes temas e enfoques:

DCC 1 – Desafiados à prática da Bíblia para ser padrão de


integridade
DCC 2 – Submissão?
DCC 3 – Estamos preparados para o bem?
DCC 4 – A era da violência
DCC 5 – “Inclua-me fora desta”
DCC 6 – Um lugar para a glória
DCC 7 – Pessoas das quais o mundo não era digno
DCC 8 – Povo não-alcançados?
DCC 9 – Fazendo missões com o que sabe e gosta de fazer
DCC 10 – Anunciai paz às nações
DCC 11 – O envolvimento missionário da igreja
DCC 12 – A terra está cheia da violência
DCC 13 – Meia-noite: triste para alguns e feliz para outros

Esperamos que estes estudos possibilitem o melhor engajamento na


obra de Deus e, também, a melhoria da vida devocional de cada crente.

jan.fev.mar DE 2012 • 35
DCC • Domingo, 1 de janeiro de 2012• ESTUDO 1

Desafiados à prática da Bíblia


para ser padrão de integridade
Sócrates Oliveira de Souza
Diretor-executivo da Convenção Batista Brasileira

A Convenção Batista Brasileira elegeu Ao consideramos esta proposição como


2012 como o ano da Educação Cristã. Este verdadeira, como de fato ela o é, deduzimos
fato não está relacionado com a celebração que a falta da leitura da Bíblia implica um
de nenhuma data específica ou com o inicio nítido enveredamento pela mortal trilha do
de nenhuma organização. A decisão nas- pecado. Assim, o que desejamos como deno-
ceu do reconhecimento de que precisamos minação é que estejamos tão profundamente
como denominação dedicar tempo e esforço envolvidos com o estudo diuturno da Pala-
para trabalhar a questão da educação cristã a vra de Deus que cada vez mais nos afastemos
partir do estudo sistêmico da Bíblia. Temos do pecado. Que Deus nos ajude ao longo do
percebido que apesar da correta declaração ano em que vamos trabalhar intensamente
confessional de que a Bíblia é nossa única através de nossa literatura, dos artigos nas
regra de fé e prática, na realidade a prática diversas mídias denominacionais. e princi-
tem deixado a desejar. A leitura da Bíblia palmente os púlpitos das igrejas, a buscar in-
tem que ocupar um lugar de destaque em tensamente o contato com a Bíblia, lendo-a
nossas vidas. Se contamos com a facilidade e estudando-a com dedicação e seriedade. E,
de termos hoje o texto bíblico cada vez mais como consequência, a pautar a nossa vida
próximo através das versões eletrônicas, pelo padrão de integridade exigido pelo Li-
nos computadores, nos tabletes, telefones vro de Deus, e isso apenas durante um ano,
e outros meios, a mesma aproximação, em mas por toda a nossa vida.
termos de amor e dedicação à leitura da Pa-
lavra, não tem sido vista na prática. A leitura Tema: “Ser como Cristo praticando a
da Bíblia leva o leitor a se aproximar de Deus Bíblia”
e a se afastar do pecado. É amplamente cita-
da, e mais uma vez vale a pena fazê-lo, pelo Divisa: “Até que Cristo seja formado em
impacto de suas palavras, a declaração de vós” (Gl 4.19b)
Dwight Moody, com o exemplar da Bíblia
erguido diante de seus ouvintes: “Ou este Hino do trimestre: “Crer e observar”,
livro me afasta do pecado ou o pecado me número 465, do Hinário para o culto cris-
afasta deste livro”. tão.
36 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 8 de janeiro de 2012• ESTUDO 2

Submissão?
Uma abordagem bíblica deste difícil
e necessário conceito bíblico

Sérgio Dusilek
Pastor batista, Rio de Janeiro, RJ

Abordar a submissão no contexto da 2. Sem submissão há perda da unidade


pós-modernidade é quase um crime. Isso – Sem submissão há perda da unidade. É tris-
porque o movimento feminista baniu esse te ver filhos insubmissos aos seus pais produ-
termo do vocabulário moderno. Além disso zindo quebra da unidade e gangrenando as
a crescente aura de contestação, de rebeldia e relações na família. É ruim também ver igre-
de questionamento das instituições, fez com jas em conflito com sua liderança pastoral
esse termo ganhasse um contorno ainda mais (a recíproca também acontece) e que jogam
desgastante. Porém, o problema é que sem por terra o maior testemunho e a maior força
submissão não há relacionamento possível. evangelizadora que temos que é nosso amor
Sem submissão os relacionamentos fraque- e nossa comunhão (Jo 17.21; At 2.42-47).
jam. As famílias morrem e a igreja padece.
O apóstolo Paulo em pelo menos três vezes 3. Sem submissão não há crescimento
(Rm 12.10; Fl 2.3 e Ef 5.21) é claro quanto e amadurecimento – Talvez uma das grandes
ao cristianismo que Jesus veio inaugurar: provas de maturidade e de crescimento não só
uma fé que preza pela humildade e não pela emocional quanto espiritual seja a capacidade
vaidade, que visa o interesse do outro e não o que nós temos de nos submeter, conquanto não
consumo ou o bem-estar pessoal. concordemos. Ser submisso não é ser concorde;
ser submisso é reconhecer a fonte de autoridade
Sem submissão não há ordenamento que instituiu aquela liderança seja no lar, na so-
e paz – O caos se instaura em lares, igrejas e ciedade ou mesmo na família. Pessoas que são
em grupos nos quais reina a insubmissão. Ao espiritualmente rebeldes são insubmissas.
invés de se experimentar edificação, a experi-
ência é de mutilação. Ao invés da construção Para praticar – Qual seria então a gran-
conjunta, a obra acaba sendo de aniquilação de marca de alguém submisso, e particular-
do que existe e de entulhamento do que po- mente falando, de submisso a Deus? Creio
deria vir a existir. Os sonhos não existem e que é a entrega. Um crente submisso é aque-
nem subsistem no ambiente caótico. le que dá o leme do barco para Jesus guiar.

jan.fev.mar DE 2012 • 37
DCC • Domingo, 15 de janeiro de 2012• ESTUDO 3

Estamos preparados para o bem?


Reflexões e sugestões de ação no combate ao mal

Sérgio Dusilek
Pastor batista, Rio de Janeiro, RJ

O que preocupa qualquer observador 2) Xenofobia (v. 28) – os turistas (Jesus e


bem intencionado é o arraigamento do mal. os discípulos) foram recebidos por endemoni-
A extensão que ele tem tomado na socieda- nhados. A Palavra de Deus é pródiga no retrato
de e onde ele tem jogado seus tentáculos na que Deus faz do cuidado que deve-se ter com
cultura. Será que mesmo orando e clamando os estrangeiros. Cidades que não sabem acolher
a Deus por paz (Jr 29.7) e por uma interven- o estrangeiro, antes o recebem com violência
ção divina no nosso “tecido social”, o mal po- são carentes do Reino e pródigas do mal;
derá ser erradicado? Em outras palavras: será 3) Cheiro de morte no ar – nada agri-
que estamos preparados para o bem? de tanto o coração de Deus como a morte
Quando o mal impera? – Ser crente é violenta. Aqueles homens viviam nos se-
prezar pela verdade (2Co 13.8). Ser crente pulcros e por conta disso fediam a morte
é viver em amor (1Co 13). Ser crente é ma- o dia inteiro. Onde há violência e onde há
nifestar o perdão (Mt 6. 18). Quando nós homens violentos há morte;
transigimos com nossos valores ou mesmo 4) Imundície (v. 31). Não só por cria-
quando nós omitimos a vivência e a ex- rem porcos, mas sobretudo pelo significado
periência destes valores nós condenamos e simbologia espiritual que esse apego eco-
o povo a viver “gadarenamente”, isto é, à nômico representava. Mexer com porcos
margem dos valores do Reino de Deus. denotava um povo sem valores morais e
espirituais. Os gadarenos eram assim mar-
2. Quais são as marcas do domínio do cados pelo seu amor às trevas (Jo 3.16-21);
mal? – É nesse encontro de Jesus com os
gadarenos que notamos a extensão que o 3. O que fazer? – Jesus nos ensina pelo
mal tomou na vida e na consciência social menos três coisas: (1) Que o mal precisa ser
daquela cidade. Isso pode ser percebido pela encarado de frente – nós não devemos correr
existência de: do Diabo. (2) Que em todo lugar deve ser pre-
1) Caminhos obstruídos – Havia cami- gado o evangelho. (3) Que os valores do reino
nhos, ruas, avenidas em Gadara pelos quais de Deus não podem somente ser vividos entre
não se podia passar (v. 28b). Eram vias proi- aqueles que creem em Jesus, mas sobretudo
bitivas, devido a violência que imperava; entre aqueles que ainda não crêem nele.
38 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 22 de janeiro de 2012• ESTUDO 4

A era da violência
A crise da insegurança pública e o
caminho evangélico da paz

Orivaldo Lopes Júnior


Mestre em Teologia, doutor em Sociologia e
pastor da Igreja Batista Viva em Natal, RN

Não há dúvida de que o problema da vre: livre do desejo de poder, livre do desejo
violência chegou a um ponto insuportável. de ter, livre de acusações e livre para amar.
Moro numa cidade relativamente calma,
mas mesmo assim não temos tranqüilida- 3. Em termos práticos – Creio que uma
de de sair e deixar as crianças sozinhas em das principais armas contra a violência é a
casa. As pessoas andam com medo pelas cidadania. Termos qualidade de vida, ruas
ruas, olham seu semelhante como um pro- urbanizadas, educação, saúde, salários dig-
vável inimigo pronto para atacar. Ficamos nos, organização comunitária, lazer, segu-
com o espírito armado. rança e trabalho vai circunscrever mais e
mais a violência. Cidadania é outra palavra
Jesus e a violência – A violência é fruto para liberdade. Isso passa também por uma
direto da falta do amor de Deus. Ninguém ação profética que nos permita dizer como
representa melhor uma pessoa sob cons- o salmista: “Será que vocês, autoridades, são
tante ameaça de violência do que Jesus. Ele justas nos seus julgamentos? Será que jul-
esteve em conflito direto com os dirigentes gam a todos com justiça? É claro que não!
judaicos, pois ameaçava o poder deles à me- Vocês só pensam em fazer o mal e cometem
dida que ia tirando as pessoas de debaixo do crimes de violência no país” (Sl 58.1,2).
controle pretensamente religioso que exer-
ciam. Por isso, os dirigentes decidem assas- Para praticar – Diante da iminência
sinar Jesus logo no início de seu ministério de assaltos, balas perdidas, sequestros,
e vão persegui-lo o tempo todo. arrastões, extermínios, estupros, atrope-
lamentos etc. é muito difícil adotar uma
2. A liberdade e a violência – Por que postura amável e solidária. De fato a fal-
Jesus, apesar de se confrontar todo dia com ta de precaução é “por à prova o Senhor,
a violência e ser finalmente morto violenta- o seu Deus” (Mt 3.7). Perder a liberdade
mente, não se mostra preocupado com ela de ser é deixar a violência vencer. Perdida a
e nem se intimida? Jesus era um homem li- liberdade, nada pode deter a violência.
jan.fev.mar DE 2012 • 39
DCC • Domingo, 29 de janeiro de 2012• ESTUDO 5

“Inclua-me fora desta”


Uma abordagem de João 9 à luz
da missão integral da igreja

Orivaldo Lopes Júnior


Mestre em Teologia, doutor em Sociologia e
pastor da Igreja Batista Viva em Natal, RN

Essa saborosa expressão popular, cria- conhecimento adquirido para o benefício


tivamente paradoxal, cria um jogo de pa- privado, particular, individual ou sectário.
lavras que bem expressa as armadilhas por Conhecimento a serviço dos conhecedo-
trás do conceito de Inclusão Social. Creio res e não a serviço de todos.
ser esta a lição que aprendemos com a his- Precisamos tomar cuidado com o lusco
tória do cego de nascença curado por Jesus fusco do conhecimento desengajado. Aquele
no nono capítulo do Evangelho de João. das academias e das elites repudia a religação
Encontramos aqui uma visão surpreen- dos saberes. Na visão fraturada e fraturante
dente de como Jesus via a inclusão social. da realidade, a consciência não pode nunca
ser nova. Só o velho rame-rame da raciona-
1. A exclusão dos sistemas humanos e a lização em desmedida é que tem o direito de
inclusão de Jesus – Aqui nós somos surpre- se chamar consciência. Com isso, perderam
endidos com uma visão do que é ser excluído o hábito do diálogo e só entendem de exco-
completamente diversa da convencional. munhões, expurgos e separações.
Inspirado, talvez, pelo episódio do ex-cego
expulso do templo que encontra lá fora o Para praticar – A paz dos incluídos no
verdadeiro lugar de culto aos pés de Cristo, sistema custa a morte de milhares de pes-
Jesus se apresenta como o Pastor de Ovelhas soas. É a paz sob o signo do medo. Não é
que entra nos átrios sagrados onde suas ove- dessa paz que Jesus fala, mas daquela que
lhas estão aprisionadas, chama-as pelos seus brota da consciência de se estar no lugar
respectivos nomes e as exclui de lá. onde se deveria estar: a serviço do outro.
Essa paz não é isenta de enfrentamentos e
2. Conhecer para saber e conhecer conflitos. Trata-se, portanto, de uma paz
para transformar – Com isso ficamos sa- interna de quem atingiu uma consciência
bendo que há um modo de enxergar que é de serviço que nós chamamos de espiritu-
muito nocivo para a sociedade: trata-se do alidade.

40 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 5 de fevereiro de 2012• ESTUDO 6

Um lugar para a glória


Um panorama dos problemas sócio-ecológico-culturais
e a consequente responsabilidade cristã

Orivaldo Lopes Júnior


Mestre em Teologia, doutor em Sociologia e
pastor da Igreja Batista Viva em Natal, RN

Espanta-me lugares que chamam “gló- dia Cristo vai voltar e tudo será diferente.
ria”: bairro da glória, outeiro da glória, la- O grande será pequeno, o pequeno gran-
deira da glória… Como pode um conceito de, o último será o primeiro e o primeiro,
tão abstrato como “glória” ganhar tamanha último… Sim, isso é verdade, mas é verdade
concretude a ponto de dar nome a lugares? também que o reino de Deus já está entre
Mas isso é enfaticamente bíblico: Em João nós, que nós já vimos sua glória e continua-
1.14 lemos que o Filho montou sua tenda mos a ver até que ela encha toda a terra.
entre nós e mostrou-nos a glória do Pai: Como consequência dessa escatologia
uma glória cheia de amor genuíno. Sim, a fraturada entregamos o mundo de bande-
glória está entre nós. É visível, é palpável… ja para o inimigo: “nada temos a ver com
Ela tem o seu lugar… Mas só às vezes. isso que aí está, nosso negócio é o futuro,
Do lugar da glória ao lugar das lágri- quando Jesus voltar”. Não é de espantar
mas e do caos – O texto de Romanos 8.18- que a natureza gema cada vez mais.
27, que deve ser lido para melhor compre-
ensão, nos mostra a necessidade de uma vi- 3. Uma alternativa ética-cristã – Nos
são de conjunto da realidade: sem fraturas. estudos dessa unidade enfatizamos a neces-
Sem a fratura entre nós e o mundo, entre o sidade de uma atuação integral, isto é, uma
material e o espiritual e, especialmente, en- ação de rompa com as fraturas entre nós e os
tre o presente e o futuro. É sobre essa última outros e entre o material e o espiritual. Não
fratura que vamos refletir abaixo. Essa ma- vamos criar um lugar para a glória sem uma
nifestação é aguardada com ansiedade por visão cósmica e uma política de civilização.
toda a criação: “todo o universo com muito
desejo e esperança, aguarda o momento em Para praticar – Será que é a igreja que
que os filhos de Deus serão revelados”. está trazendo ao mundo os padrões do rei-
no de Deus, para tentar silenciar o gemido
2. Doutrinas teológicas como reféns de da criação, ou é o mundo que está ditando a
ideologias políticas – Para a maioria dos ação e o lugar da igreja? Esta é a manifestação
crentes a glória de Deus é só futura: um dos filhos de Deus que o universo aguarda.

jan.fev.mar DE 2012 • 41
DCC • Domingo, 12 de fevereiro de 2012• ESTUDO 7

Pessoas das quais


o mundo não era digno
Um perfil bíblico de pessoas que mundo precisa hoje

Carlos Elias de Souza Santos


Pastor da Primeira Igreja Batista de Campo Grande, Rio de Janeiro, RJ

Ao considerar o texto de Hebreus quando Jesus dizia: Ouvistes o que foi dito:
11.32 -38, deparamos com a referência de Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimi-
pessoas dos quais o mundo não era digno. go. Eu, porém, vos digo: amai os vossos ini-
A Bíblia nos fala de alguns homens assim. migos e orai pelos que vos perseguem; para
que vos torneis filhos do vosso Pai celeste,
1. Pessoas com uma vida íntegra – A porque ele faz nascer o seu sol sobre maus
igreja continua carecendo de ter à frente e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.
pessoas de boa índole cristã, irrepreensíveis, Porque, se amardes os que vos amam, que
de boa reputação. Exatamente como Estê- recompensa tendes? Não fazem os publica-
vão, no Novo Testamento. Pessoas que se nos também o mesmo? E, se saudardes so-
coloquem como referenciais para dizerem mente os vossos irmãos, que fazeis de mais?
como Paulo: “Sede meus imitadores, como Não fazem os gentios também o mesmo?
também eu de Cristo” (1Co 11.1). Portanto, sede vós perfeitos como perfeito
é o vosso Pai celeste. (Mt 5.43-48).
2. Pessoas cheias do poder do espírito
santo – Uma vida cheia do Espírito é conse- Para praticar – Podemos tirar muitas
qüência de se viver integralmente para o Se- lições do episódio do encontro de Jesus
nhor. Por que a virtude de Estêvão foi desta- com Pedro, após a ressurreição, junto ao
cada? Estêvão não cometia o erro que denun- Mar de Tiberíades, conforme João 21.15ss.
ciou nos judeus para quem ele testemunhou Três vezes o Senhor inquiriu a Simão: amas-
no conselho. Sabe qual era o erro dos Judeus? me? Após cada resposta dada por Pedro, o
“Vós sempre resistis ao Espírito Santo (At 7. Senhor disse a mesma coisa: Apascenta as
51). Esse foi o erro que Estêvão fez questão minhas ovelhas. A ausência deste amor tor-
de salientar na vida daqueles judeus. naria qualquer ministração de Pedro junto
ao rebanho inócua. Que o Senhor encha as
3. Pessoas cheias de amor – Estêvão igrejas de pessoas como Estêvão: vida ínte-
decidiu seguir as pegadas de Jesus. E com gra, cheios do Espírito Santo e amor. Pesso-
certeza Estêvão entendeu bem suas palavras as das quais o mundo não era digno.
42 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 19 de fevereiro de 2012• ESTUDO 8

Povos não-alçançados?
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e
ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a
Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1.8 )

Alfrêdo Oliveira Silva


Bacharel e mestre em Teologia, pastor, membro da Igreja Batista da Capunga, Recife, PE

As Missões Modernas tem-se apresen- forma mais completa possível, devendo o


tado um grande desafio para o ideal cristão missionário ter acesso ao maior número
de conquistar o mundo para Cristo que é possível de informações. Todavia, o mis-
composto por aproximadamente 2,4 bi- sionário não pode, nem por um momen-
lhões de pessoas concentradas principal- to, esquecer que a dependência maior e a
mente na chamada janela 10/40 onde se decisão final devem ser resultado de uma
estão o maior contingente dos chamados vida de profunda comunhão com Deus e
Povos não-alcançados. É sobre estes povos constante oração.
que trataremos neste estudo.
3. Como transmitir essa visão para a
1. Povos não-alcançados: o que são? – igreja – É extremamente importante que
Se antes a preocupação era alcançar cada haja um despertamento por parte dos pas-
país do mundo; agora, o imperioso é al- tores para promover uma conscientização
cançar cada grupo humano; desta forma sobre os alvos missionários mais recentes.
aumenta consideravelmente a nossa res- Tal conscientização poderá ocorrer me-
ponsabilidade, uma vez que em um só país diante o acompanhamento das notícias
existem pessoas de diversas profissões, va- divulgadas pelas agências missionárias,
riadas línguas, habitando locais diferentes, as mudanças estruturais e conjunturais
pertencendo a níveis sociais distintos, pro- ocorridas nos países da janela 10/40, os
fessando uma grande variedade de crenças, avanços das diversas juntas, a nomeação
e muitas vezes pertencendo a etnias rivais. de missionários e os movimentos das redes
internacionais de oração.
2. Alguns critérios para atingir os gru-
pos não-alcançados – Para cada grupo hu- Para praticar – Nunca em toda a his-
mano a ser alcançado é imprescindível que tória do cristianismo tantos meios estive-
haja todo um criterioso planejamento ba- ram à disposição da causa do reino. E esses
seado em uma cuidadosa pesquisa do cam- meios nos apontam a dimensão do tama-
po a ser conquistado. Isso deve ser feito da nho do desafio que nos apresenta.
jan.fev.mar DE 2012 • 43
DCC •Domingo, 26 de fevereiro de 2012• ESTUDO 9

Fazendo missões com


o que sabe e gosta de fazer
As experiências e os ensinos de um médico missionário na África

Humberto Chagas
Missionário da Junta de Missões Mundiais

Minha chamada se deu num acampa- Lembro-me de um colega da adolescência


mento dos Embaixadores do Rei no Sítio que já estava aborrecido de tanto lhe per-
do Sossego. Todos diziam que lá era mui- guntarem sobre o futuro. Uma vez, quan-
to legal, pois dentre outras coisas a gente do uma pessoa perguntou “O que você vai
jogava muita bola. Numa quinta-feira, no ser quando crescer?”, ele respondeu, com
acampamento, na chamada “Tarde Missio- ar de riso: “GRANDE”.
nária”, Deus falou comigo de maneira mui- Não sei o que você tem pensado sobre
to clara, chamando-me para ser missioná- o seu futuro, que profissão deseja abraçar,
rio. Respondi ao apelo e, chorando muito, ou o que pode fazer já com a sua profissão,
disse sim para Ele. Saí daquele retiro sem mas comece a pensar que Deus poderá
saber o que aconteceria comigo no futuro, usar o que você sabe e gosta de fazer, para
mas com a certeza de que um dia eu seria fazer Missões. Existem muitos lugares que
um missionário. os missionários não podem entrar. Em
Missões: coisa deste mundo – Então o alguns desses lugares não há igreja, nem
que fazemos é cuidar das pessoas, conver- crentes e nem bíblias; são lugares fechados
sar com os adultos e brincar com as crian- para o Evangelho de Cristo. Como Jesus
ças, tentando mostrar, em ações, o amor de vai ser conhecido nesses lugares?
Jesus. Ele mesmo disse: “Assim resplandeça 2. Se você orar – Deus vai levantar mais
a vossa luz diante dos homens, para que missionários para os campos.
vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a 3. Se você contribuir – As agências mis-
vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16). sionárias (como a Junta de Missões Mun-
Ser missionário não é coisa para ex- diais) poderão enviar mais missionários
traterrestres. A obra missionária é feita para o mundo inteiro.
por e com pessoas normais que querem 4. Se você for ao campo – Se Deus está
obedecer a Deus. Todo adolescente e jo- chamado você, diga sim! Fale como Isaías:
vem pensa sobre o que ele será no futuro. “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8).

44 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 4 de março de 2012• ESTUDO 10

Anunciai paz às nações


Uma apelo à responsabilidade
para o cumprimento da tarefa missionária

Alfrêdo Oliveira Silva


Bacharel e mestre em Teologia, pastor,
membro da Igreja Batista da Capunga, Recife, PE

Anunciai Paz às nações! Mais do que relacionamentos pessoais; devemos priorizar


sugestivas palavras, este tema revela nossa a promoção da paz em tudo o que fazemos
missão, que é anunciar a paz que só Jesus e dizemos.
Cristo pode oferecer. 5. Anunciai paz às nações – Existem
guerras que ocupam espaço na mídia, e
1. Anunciai paz às nações – A nossa outras que, embora matem centenas e mi-
responsabilidade começa onde estamos, lhares de pessoas, não são mencionadas.
e alcança até os confins da terra. As igre- As razões para tanta atenção a umas, e ne-
jas filiadas à Convenção Batista Brasileira nhuma menção a outras, estão ligadas aos
(CBB) concentram esforços em favor dos grandes interesses econômicos e políticos
missionários que estão anunciando a paz que regem este nosso mundo globalizado.
em campos espalhados pelo mundo, coor- 6. Anunciai paz às nações – Constitui-
denados pela Junta de Missões. -se um grande desafio para os cristãos, pois
2. Anunciai paz às nações – Este é um chamamento que deve ser motivado
anúncio é uma necessidade imperiosa, em pelo amor e obediência ao Deus que nos
um mundo que se vê as voltas com as guer- chama, salva e envia. Mas também é um
ras que ameaçam o presente e o futuro da desafio com as dimensões do mundo, das
humanidade, com terríveis consequências. nações, das etnias, dos povos e das culturas.
3. Anunciai paz às nações – É a missão 7. Anunciai paz às nações – É um tema
da igreja em um mundo que faz a guerra, que deve nos inspirar a uma ação global, ten-
e no qual alguns tentam encontrar o ca- do consciência de que, a começar de onde
minho da paz. Nós temos a mensagem da estamos, o evangelho precisa ser anunciado.
paz, e precisamos compartilhar com aque- Para praticar – O mês de março é uma
les e aquelas que nos cercam. prioridade a ser considerada como época
4. Anunciai paz às nações – É uma prio- de campanha, em que devemos: orar para
ridade a ser considerada em nosso viver diá- que Deus aja poderosamente, contribuir
rio. As implicações passam pelo compromis- liberalmente para que não faltem recursos
so pessoal que devemos ter em promover a ao sustento dos atuais missionários e para
paz a partir de nossas esferas de influência, os enviarmos novos missionários.
jan.fev.mar DE 2012 • 45
DCC • Domingo, 11 de março de 2012• ESTUDO 11

O envolvimento
missionário da igreja
Renato Reis de Oliveira
Bacharel em Teologia, Rio de Janeiro, RJ

O envolvimento da igreja com a obra isso: é orar por missões; é ir pessoalmen-


missionárioa não deve se dar apenas em te realizar a obra; é ofertar; é ler revistas
março, que é o mes dedicado a Missões e jornais de informações missionárias; é
mundiais. O lenvolvimento da igreja deve escrever aos missionários; é respirar mis-
ser permanente, pois ela é uma agência sões e fazer desta tarefa um estilo de vida.
missionárioa, logom, todas as atividades Encovolvimento é dar-se para missõs por
da igreja devem ter esse fim missionário. completo.

1. O tamanho da obra – Missões é uma 3. Como produzir envolvimento – Este


obra gigantesca. É do tamanho do mundo. envolvimento pode incluir:
Mas é constituída de grupos menores, que
necessitam ouvir a mensagem do evange- 1) Oração – O trabalho de missões de-
lho da redenção. Pensar em missões, por- pende das orações do povo de Deus.
tanto, é pensar nos meninos de rua das 2) Eventos – Organizar eventos para
cidades do Brasil e do mundo; é pensar conscientização e divulgação da obra mis-
nos viciados nas mais diferentes drogas, sionária.
que estão destruindo suas vidaa; é pen- 3) Cartas e e-mails – Por meio da cor-
sar nas muitas tribos indígenas que ainda respondência, incentivar os missionários
não foram alcançadas; é pensar nos povos no desenvolvimento de sua missão.
secularizados e nos milhões de pobres do 4) Ofertas – Contribuir com amor. A
mundo; é pensar em cada pessoa que ainda obra missionária depende das doações do
não tem Jesus como Salvador. povo de Deus para que seja realizadas nas
Como o próprio Senhor falou, “gran- diferentes partes do mundo.
de é a seara”. 5) Mutirão missionário – Organizar
um grupo da igreja para visitar um campo
2. O que é envolvimento – Pensar em missionário.
missões todos os dias é o que poderíamos 6) Conselho missionário – Criar um
chamar envolvimento. E mais do que conselho missionário na igreja.

46 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 18 de março de 2012• ESTUDO 12

A terra está
cheia de violência
Élben M Lenz César
Diretor da revista Ultimato, Viçosa, MG

Pode-se ler esta notícia em jornais em pregação não é só para provocar uma even-
português, em espanhol (La tierra está llena tual mudança de ideia a respeito do peca-
de violencia), em inglês (The earth is filled do e de Deus. É também para questionar,
with violence), em francês (La terre est plei- desmascarar, estabelecer a culpabilidade,
ne de violence), em italiano (La terra è pie- condenar, arrancar da alma humana o úl-
na di violenza) e em muitas outras línguas timo pingo de justiça própria.
ao redor do mundo. É fato, salta aos olhos. 3. A maior inundação de todos os tem-
O problema é antigo e moderno. Curio- pos – O dilúvio de que falam as Escrituras
so é que a manchete “A terra está cheia de Sagradas (Gn 6–9) e outros escritos sumé-
violência” aparece também na Bíblia (Gn rios e babilônicos de fato aconteceu. Não
6.11). Refere-se ao mundo antediluviano, à se sabe ao certo a ocasião em que se deu
sociedade contemporânea a Noé. nem se foi um fenômeno regional ou uni-
1. O homem notavelmente completo e versal. Teria acontecido muitos anos antes
de fé – O comentarista Derek Kidner vai da chamada de Abraão, ocorrida mais de
além e afirma que, “num mundo corrompi- dois mil anos antes de Cristo. 
do, Noé emerge como o melhor elemento A história do dilúvio ocupa quatro capí-
de uma geração má [e] como um homem tulos do primeiro livro da Bíblia. O dilúvio
de Deus notavelmente completo” (Gênesis: não é apenas um registro histórico. É uma
Introdução e Comentário). O grande feito palavra profética para o mundo de hoje, tão
de Noé foi manter esse excelente comporta- cheio de violência e tão sujeito ao juízo de
mento em meio aos seus contemporâneos. Deus como o mundo do tempo de Noé.
2. O pregador da justiça – A pregação
de Noé ontem é a pregação do Espírito Para praticar – A violência está presen-
Santo hoje: “Quando ele [o Espírito] vier, te o nosso dia-a-dia e, a exemplo de Noé,
convencerá o mundo do pecado, da justiça precisamos anunciar a mensagem que salva,
e do juízo” ( Jo 16.8). Não é fácil conven- que liberta, que traz paz a este mundo tão
cer uma maioria esmagadora do pecado necessitado. O antídoto contra a violência é
globalizado, arraigado e contumaz. Mas a a salvação em Jesus Cristo.

jan.fev.mar DE 2012 • 47
DCC • Domingo, 25 de março de 2012• ESTUDO 13

Meia-noite: triste para


alguns e feliz para outros
Élben M Lenz César
Diretor da revista Ultimato, MG

O capítulo 3 da Segunda Epístola de preciso vigiar tanto o ponteiro que marca


Pedro, escrita pouco antes de sua morte, os minutos quanto o ponteiro que marca
entre 65 e 68 depois de Cristo, e a passa- as horas. A proximidade da meia-noite nos
gem mais explícita da Bíblia sobre a des- alegra ou nos perturba. Se estamos do lado
truição do planeta, onde hoje vivem mais de Deus, se possuímos o temor do Senhor,
de 6,3 bilhões de pessoas.  se confessamos os nossos pecados, se abra-
çamos a salvação em Cristo Jesus, se o nos-
1. Faltam cinco minutos para a meia- so relacionamento com Deus é real, não há
-noite – Há sessenta anos o Bulletin of the nada a temer.
Atomic Scientists (Boletim dos Cientistas
Atômicos), fundado por cientistas da Uni- 3. A meia-noite histórica – A décima
versidade de Chicago, criou o Doomsday e última praga contra o Egito aconteceu à
Clock (relógio do dia do juízo). É um meia-noite, provavelmente no ano 1446
relógio simbólico cujo ponteiro maior se antes de Cristo. Nessa noite, todos os pri-
aproxima ou se afasta do número que indi- mogênitos do Egito morreram (Ex 11.4-6;
ca a meia-noite, o momento da destruição 12.29-30); nessa mesma noite, todos os
da terra por meio de uma guerra atômica, primeiros filhos dos israelitas e todas as
hoje chamada guerra nuclear. primeiras crias do seu gado foram sole-
Depois de permanecer por cinco anos nemente consagrados ao Senhor. Deu-se
marcando sete minutos para a meia-noite, início também ao calendário judaico, à ce-
o ponteiro do Doomsday Clock avançou lebração da Páscoa e ao êxodo de Israel (Ex
dois minutos no dia 17 de janeiro de 2007, 3.8; 12.31-13.22).
marcando cinco minutos para a catástro-
fe. Parece que o relógio do dia do juízo Para praticar – A parábola de Jesus,
desempenha o mesmo papel que a lenta relativa às dez virgens é escatológica, isto
construção da arca de Noé. é, diz respeito ao fim dos tempos, quando
ele, o Noivo, virá em poder e muita glória,
2. Discernir os sinais dos tempos – em dia e hora que ninguém sabe (Mt 9.15;
Precisamos aprender a olhar o relógio. É 2 Co 11.2; Ap 21.2; Mt 25.13).
48 • PALAVRA E VIDA

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