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N. Shri Ram
De Houston Texas
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e profunda inquietude pelos demais, de refletir a intensidade de emoções nascidas de
íntimos afetos e de sentir a dor e a humilhação do outro, ao menos momentaneamente,
como se fosse próprio, o que os gênios da literatura sempre se deleitam em descrever.
A vida moderna, com seu ritmo precipitado, concede pouco tempo para que
assimilemos com os estados mentais e emocionais de outras pessoas exceto casual e
superficialmente. Enquanto nos precipitamos num carro a 60 ou mais milhas por hora
seja por negócio ou prazer, tratando intensamente de traduzir cada momento em uma
suposta ganância, fica pouco tempo para indagar cuidadosamente as causas das
tragédias que encontramos no caminho, ou para considerar seriamente o problema de
prestar o devido socorro. Nem temos que nos molestar em evitar uma crueldade que se
apresenta na nossa frente. O único que temos que fazer para calar nossa consciência,
caso se sinta ligeiramente molestada, é levar o caso a uma organização que exista para
isso ou ao policial mais perto que pode ou não ser que tenha a conveniência ou
inclinação de tomar nota. O Interesse humano se desvanece progressivamente conforme
nos rodeamos de conveniências para iludirmo-nos e assim poder evitar o trabalho numa
ação apropriada.
Conforme os conhecimentos vão aumentando, suas aplicações são ainda
mais numerosas e há um aumento de especialistas em cada um dos departamentos de
estudos e ação. O interesse de cada um deles limita-se ao seu campo de especialização,
seu vocabulário particular e ver tudo a partir de seu ponto de vista especial e relativo.
Mesmo quando trata de compreender o homem em si, como na psicologia moderna,
procede com uma teoria e técnica onde elementos particulares têm sido exagerados em
detrimento de outros. Quanto mais técnicas, especialização e análises tenhamos, mais
difícil se torna chegar ao ponto de vista completo, no único que é possível encontrar a
compreensão do homem. Esse ponto de vista completo é possível apenas àqueles com
interesse no homem como homem, em estudá-lo como é, em todos os seus aspectos e
compreendê-lo.
O interesse humano é um precioso elixir, onde uma pequena gota pode
render muito. Necessita-se cultivar amizades e dar a nossas atividades práticas uma
meta frutífera sem a qual correm como águas na areia. Apesar de todas as máquinas que
se tem inventado e de todas as fórmulas científicas que foram descobertas, continua
sendo certo que o homem não pode ser feliz sem amar ao próximo e sem estimular o
interesse recíproco. No meio da multidão de medidas, se torna mais difícil que nunca o
simples acesso a um problema que refletiria o interesse que não está envolvido num
projeto de politicagem, juramentado e distribuído por seus fabricantes e partidários.
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CAPÍTULO II - O PONTO DE VISTA ALHEIO
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seja o nosso, mas ao passar do tempo, quando as condições normais são restabelecidas,
podemos nos dar conta de que fomos injustos, em nosso juízo e também em ação, por
causa de nossa confusa visão. De tal maneira que se podemos nos disciplinar e
considerar cada situação a partir do ponto de vista alheio juntamente com o nosso,
evitaremos muitas emoções desnecessárias e a dor moral de haver infringido um juízo
impulsivo. A dourada regra “faça pelos outros o que queira que outros façam por ti” é
uma máxima que nos aconselha que nos coloquemos no lugar da outra pessoa e depois
determinar nossa ação. Quando fazemos isso há probabilidade de chegar a opinar como
ele.
Um ponto de vista pode nos ser atrativo ou repulsivo, mas se for
sinceramente professado pela pessoa com que tratamos, merece, pelo menos, nossa
consideração. Algumas vezes nos atemoriza porque é estranho às nossas idéias, mas se
o contemplarmos de perto e submetê-lo a estudo, encontraremos que está justificado, o
mesmo que o nosso pela batida do coração da natureza que forma o vínculo entre todo o
mundo.
É imprudente refutar um ponto de vista sem antes examiná-lo. Embora este
faça cair uma sombra sobre nós ou sobre nossos semelhantes, o único modo de dissipá-
lo é por meio da luz de nossa compreensão.
Entrincheirar-se em um ponto de vista, que chamamos próprio, é ser um
prisioneiro; e somos prisioneiros de um ponto de vista principalmente por falta de
imaginação, não por falta de bondade inata. Um homem é um homem apesar de toda
estupidez e paixão que desenvolva. Nele há uma partícula indelével de bondade, mas a
medida que faz seus contatos na vida, frequentemente a bondade permanece latente.
Mas deve ter esperança, porque a compreensão pode ser cultivada e ao aperfeiçoá-la, dá
o poder de entoá-la com perfeita exatidão com o chamado alheio, com suas
necessidades e circunstâncias.
A experiência de cada um de nós deveria nos ter ensinado que nosso
crescimento vai sempre acompanhado de mudança; de que à medida que elevamos o
desenvolvimento moral, nossos objetivos se transformam e alteram. Assim não há razão
para supor que devemos nos aderir aos nossos pontos de vista presentes com lealdade
que pode ser dedicada à melhores causas. Além do mais toda proposição tem dois lados
ou mais; vivemos num mundo de muitas dimensões, embora vejamos poucas por vez.
Antes de poder alcançar a plenitude de compreensão, parece que devemos aprender por
experiência a verdade dos princípios que estão em conflito. Socialismo e
individualismo, endeusamento e humanidade, liberdade e disciplina e todos os opostos
similares, que as pessoas perseguem devotadamente, devem reconciliar-se em uma
verdade que os transcenda, mas que expresse todos. O ponto de vista alheio pode
colocar ao nosso alcance riquezas de conhecimento que não podemos descobrir por
nossos meios. É o ponto a partir do qual a outra pessoa reage diante da vida e sua reação
pode ter qualidades que nós não possuímos. Shakespeare foi um grande homem porque
compreendia a vida sob muitos ângulos, embora nem todos os seus indivíduos fossem
grandes homens.
O ponto de vista de um gênio pode ser o ponto de concentração de todo um
desígnio filosófico, o cume, figurativamente, de todo um sistema de pensamento,
conhecendo profundamente seu alcance, contemplado desde um lado, a consumação do
sistema e de outro, sua origem. Há verdade em muitos destes pontos de vista, porque
cada um é uma porção do total, que é verdade. A essência ou semente de uma filosofia
encontra-se muitas vezes não tanto na idéia que é concreta e limitada, mas em um ponto
de vista que domina o alcance do pensamento que se amplia. Muitas vezes até um
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homem simples – inculto no que se refere a livros – pode nos assinalar um valor omitido
nas nossas elaboradas sofisticações.
Um ponto de vista pode estar baseado em uma atitude ou em uma opinião. A
atitude importa mais que a opinião. Aventuro-me a pensar que a maioria das nossas
opiniões importam comparativamente pouco, porque há pouca permanência nelas; de
todas as formas a verdade vence rapidamente nossas opiniões. Mas a atitude da mente
com que vivemos nossa vida é o que faz a diferença com relação à felicidade da
sociedade e a nossa. Adotando uma atitude aberta, podemos ajudar a outros e a nós
mesmos. Esse serviço demanda compreensão, porque sem compreensão nossos
melhores esforços para ajudar a outros só estorvam e esta não pode ser alcançada exceto
por meio da recepção do ponto de vista alheio.
A compreensão de outras mentes não necessita que nos tornemos menos
capazes de tomar decisões, nem admitir que havendo verdade em outro ponto de vista
debilite a validez do nosso. Tolerância não significa indiferença à injustiça, senão
compreensão da sua causa. O que é necessário é estar em simpatia com o homem que
está expressando o seu ponto de vista. Se conseguirmos isto, poderemos viver plena e
alegremente, perdoando aos outros suas oposições e diferenças, sem dar-lhes
importância só por ser diferentes. Aliviamos a pressão exercida sobre nós quando
deixamos viver.
A era presente é descrita de várias maneiras, conforme o ponto de onde se
contemple seus desenvolvimentos. Politicamente, a evolução da democracia tem sido
considerada o rasgo principal embora este princípio tem sido submetido a sério desafio
em certas partes, tem tido a suficiente atração para colorir a perspectiva das pessoas em
todos os lugares do mundo. Mas a democracia para ter êxito necessita o cumprimento de
aspectos essenciais: que cada indivíduo que cumpre com seus deveres deveria receber
garantia da mais completa liberdade, enquanto esta for compatível com o bem-estar
público; liberdade para viver sua vida de acordo com suas idéias e de dar sua
contribuição ao Estado. Não apenas outorgar-lhe respeito à sua pessoa e a sua
personalidade, mas conceder-lhe também oportunidades para desenvolver sua
personalidade na infância, e mais tarde deveria ser reconhecido tanto o valor e
necessidade de seu próprio sistema para trabalhar, como o seu ponto de vista.
Devemos buscar uma ordem onde o ponto de vista de cada um,
representando sua experiência, tenha seu lugar na soma total da vida social e nacional.
O ponto de vista de cada um é, em sua maioria, o produto de sua experiência e a vida é
tão rica em experiência que ninguém recebe exatamente a mesma porção que seu
vizinho, seja em qualidade ou quantidade. Se o mundo humano não fosse um mundo de
vida e o problema de harmonia social fosse um problema mecânico, seria um quebra-
cabeças do qual seria impossível encaixar exatamente as peças. Mas a vida é um agente
que constrói um milhão de células de diversas classes para formar um todo perfeito.
Nossa sociologia pode ser tão exata como a biologia, se começamos com a admissão de
fatos e a fundamos em axiomas naturais. Eu especificaria, entre estes axiomas, que o
êxito da vida coletiva deve depender da plenitude da vida do indivíduo.
Temperamento, profissão, amizades, circunstâncias, tudo isso contribui para
formar o ponto de vista a partir do qual o homem considera a vida. Todas essas coisas
condicionam sua mentalidade. Se tivéssemos a virtude de entrar na mente alheia e ver
através dela, perceberíamos muitos aspectos da vida que estão selados no presente para
nós e deste modo, elevarmo-nos até o pináculo de onde esses aspectos são percebidos.
Infelizmente, a maioria nos conhecemos tão pouco, seja sobre nossas limitações ou
nossas capacidades.
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A religião e a nacionalidade são influências específicas que criam distinções,
assim como separação. Por estes e outros fatores, a vida humana é especializada e os
resultados desta especialização constituem riqueza e diversidade. Tempo há de chegar,
ou melhor, já tem chegado, como rompimento das barreiras materiais, para fusão dessas
diversidades em uma só unidade. Nesses dias quando todas as partes do mundo se
conectam pela facilidade de transporte e as comunicações entre países distantes são
feitas rapidamente como conseqüência da ciência e suas invenções, o ponto de vista
alheio requer mais atenção e respeito do que era concedido antes, em que se vivia com
menos pressa. A paz do mundo em cada um de seus aspectos físico, mental e moral e
nosso progresso, depende de lhe cedermos o lugar que merece.
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CAPÍTULO III – AVALIAÇÃO MORAL
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hindu que foi moldada em milhares de anos. Todo o conceito de dharma apresentado ao
hindu por tradição e por seu código social e religioso, está fundamentado em certo
grupo de valores com relação a sua vasta extensão de efeitos e repercussões, cujo
alcance crê, de acordo com a filosofia hindu, não apenas uma vida, mas numa sucessão
de vidas a reencarnar e não apenas relacionadas com os ganhos e perdas temporais do
homem, com seus prazeres e dores, senão com sua felicidade permanente, com o seu
progresso dirigido para a emancipação final da dor.
As duas guerras mundiais foram combatidas para conquistar a liberdade de
indivíduos e nações, de viver sua vida à seu bel prazer e sem ser molestado, sem
ditaduras ou meio de violência, de ter seus próprios pensamentos e poder expressá-los,
enquanto esta ação seja consistente com o gozo de igual liberdade dos demais. Esta
liberdade foi comprovada com o esforço dos aliados e custou sacrifícios sem
precedentes nos anais da raça humana. Este é obviamente um princípio cujo valor para a
felicidade duradoura de toda a raça humana foi exaltado e fixado por consentimento
geral, e dado a chave de uma escala de valores por meio da qual as expressões da vida
humana serão moduladas e governadas.
Disse chave porque afeta todas as fases de nossa vida. Tomemos como
ilustração a infância e o problema da educação para que o indivíduo possa alcançar um
Máximo de aptidão para a vida futura. Está sendo reconhecido, mais e mais, que quase
cada criança tem em si sementes únicas, que se forem desenvolvidas, poderão chegar a
ser sua mais preciosa possessão e sua contribuição à cultura de sua sociedade; de
maneira que a originalidade em seu mais tenro começo, mais ainda que depois quando
está mais pronunciada e manifestada, é de um valor que, como um raro metal
desprezado e ignorado, começa a tornar-se importante. A conformidade era uma virtude
quando era necessário estabelecer a existência de leis naturais invariáveis, e de acordo
com os filósofos hindus, também de leis morais operando igualmente, invariável e
naturalmente, em uma esfera que não é mais que uma extensão da natureza segundo a
definimos baseados em nossas limitadas percepções. O respeito às leis, que em sua
ordem natural são invioláveis e que na sociedade humana são a base de uma ordem justa
e estável, é um valor essencial para nosso crescimento e felicidade, que nunca
transcenderemos. Mas se ao promover conformidade com qualquer sistema de
pensamento estabelecido, seja incorporado na educação ou em qualquer outro ramo de
nossa ordem social limitamos o livre movimento do pensamento, sua apta expressão e
livre exploração, matamos a possibilidade de originalidade e variedade e no lugar de
servir a causa da vida, que é a causa do deleite e da expansão, servimos a finalidade da
petrificação e da morte. De maneira que em qualquer sistema expansivo com uma escala
de valores que ate, ate no sentido de criar ordem e harmonia, não caos e discórdia, a
individualidade, seja de uma criança ou de um cidadão adulto, deverá ter seu lugar e
valor fundamental.
Há certos valores que duram para sempre. Mas todos estão resumidos na
maior felicidade humana que pode ser obtida na terra, já que cada homem, melhor, toda
a forma animada, procura conseguir mais vida, mais felicidade. A busca instintiva com
esse fim, que na realidade não é um fim mas um passo contínuo de um estado a outro,
não é incompatível com aqueles valores que promovem felicidade universal e
individual; o incremento de vida expressado, não em parasitismo, mas na faculdade
criadora e na contribuição ao bem geral. Mas toda civilização incorporando tais valores
não terá necessidade de ser mantida por força porque servirá às necessidades inatas das
pessoas que participam dela. Cada indivíduo pode estar em liberdade nessa classe de
civilização, de chegar à aceitação desses valores por sua própria observação e
experiência. Não têm necessidade de serem forçados por métodos que são adotados em
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estados autoritários para condicionar a mente de seu povo. Uma luz verdadeira não
necessita mais que ser enunciada ao determinar os dados que ilumina e resume.
A guerra mundial enquanto durou, enfatizou contraste entre os ideais que as
respectivas nações combatentes defendiam. Era um tempo de tensão, de visão, e de
valores realçados; quando a vida, a felicidade e a fortuna eram tão espontaneamente
sacrificadas, não podia haver valor maior colocado na causa, que era considerada maior
que estas benções tão cobiçadas na pacífica vida normal. Mas os valores percebidos
quando as cordas da consciência humana estão em tensão e depois sustenido para
reverenciá-los, tendem a dissolver-se quando a magia do momento desapareceu e não só
há reversão à estreiteza de nossa vida rotineira, senão que há uma reação devido ao
excesso de tensão imposto pelo esforço. Em uma era de contatos promíscuos, de
incessante e fera propaganda e de métodos de mobilização em massa, é mais difícil que
nunca ver claro e sustentar um critério de valores. No entanto, esse é o único mapa e
compasso que possuímos para chegar a nosso refúgio.
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CAPÍTULO IV – O JOGO DE OPOSTOS
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manifesto estes complementos. Cada um por si mesmo não é suficiente. É fácil ser
enérgico quando se tem a ambição de sobressair, de ser importante, quando se é
alentado pelo amor próprio; mas é difícil atuar com desapego ou renúncia, nascido de
um motivo perfeitamente puro e sem egoísmo. O verdadeiro artista, que trabalha por
amor ao seu trabalho, pode estar mais firmemente encaminhado no devido caminho,
segundo diz o mesmo livro, que o ocultista que apenas ampliou os limites de sua
experiência e de seu desejo. Os motivos são muito sutis e qualificam o efeito. Matar o
desejo pelo fruto pode resultar em inação. Desde o ponto de vista filosófico, que é
correto? Socialismo ou individualismo? Não direi capitalismo, pois o capital é somente
uma acumulação. Há verdade em ambos, assim como em monismo e dualismo.
Um verdadeiro filósofo evita todos os “ismos”, porque cada “ismo” cobre
um vazio. Quase cada filosofia dos períodos pós-clássicos do oeste, porque é tão
puramente mental, é um “ismo”, é muitas vezes a prolongação de uma só idéia (ou de
duas idéias conexas) para explicar muito do que não pode ser coberto.
O senhor Buda predicou o meio termo na conduta humana: o equilíbrio
perfeito. Dourado meio também foi ensinado na Grécia como caminho da virtude. Na
prática é muito difícil, porém matematicamente produz os máximos resultados porque
evita ter que regressar ao ponto de partida e evita dilações. Ordinariamente, uma reação
conduz à outra, o pêndulo oscila. Quando estamos em equilíbrio vamos mais longe com
um mínimo de esforço e de desgaste de energia. Exceder-se é mais fácil que pousar-se
no limite correto, o limite da ação perfeita. Cometemos excessos porque temos ambição
de alcançarmos resultados, ou porque cobiçamos uma sensação que é induzida em nós
por uma atividade em particular, ou por causa do ímpeto alcançado, que é uma
inclinação inconsciente de prolongar a sensação.
Se dizemos que o que se necessita é conhecimento de si próprio, não há “eu”
à parte de ou exceto em relação à “outro”. Não podemos nos colocar em contato com o
sujeito, com nossa consciência, naturalmente, exceto com relação a um objeto. Assim
que o efeito do objeto é criar, ou melhor, manifestar a natureza do sujeito.
Um dos Sete Raios ou qualidade temperamentais entre as que o ocultismo
divide tudo na vida, está descrito algumas vezes como raio dos opostos. Cada raio é,
entre outras coisas, um modo de compreender o processo universal, porque cada um
deles está ativo através de todo o processo. Nas primeiras fases o jogo dos opostos
produz conflito, como por exemplo entre a mente e as emoções, mais tarde chega a
harmonia – o equilíbrio do perfeito andrógino. Mas em cada raio as virtudes de todos
eles terão que entrar em jogo, daí, entre outras qualidades, o equilíbrio ao que se chega
ao ver os pontos de vista opostos, de ação que não erra em nenhum dos dois lados.
A simpatia completa produz equilíbrio. Este equilíbrio, que é a correção de
todas as formas de parcialidade, resulta em apreciar a qualidade de cada coisa e pessoa,
como é, sem comparações que qualifiquem o apreço. Se se amplia a compreensão de
cada coisa com que a vida o confronte e é afetado por ela, a vida evoluirá nele uma
totalidade que será a síntese perfeita de cada experiência necessitada. Ao final, não se
pode ser outra coisa que si mesmo. Todos os presunçosos moldes deverão romper-se
cedo ou tarde. Quando se é sensitivo aos destros toques da natureza que são as sutis
variações da vida, depois que tenha atuado em nosso tosco plano geral, reluzirá em nós
nossa inata beleza, que também se encontra nela.
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CAPÍTULO V – A ATIVIDADE DO DESEJO
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Quanto mais excitação haja nos nervos, mais se vivificará o corpo e se
gozará dessa sensação corporal. Quanto maior for o gozo, maior será o apego a esse
gozo e mais ardente o desejo de sua repetição.
A “arte” em uma novela erótica consiste também em estimular associações.
De forma que muitas pessoas caem sob domínio da luxúria intensificada que
vai sempre aumentando, o que as torna, eventualmente, autômatos que existem para
satisfazer essa luxúria, monstros que não se detém diante de nenhum obstáculo sob sua
implacável tirania. Sua gratificação, no final, sufoca e destrói todos os generosos
instintos porque a mente está entrincheirada em sensação. A luxúria se transforma em
crueldade, em sadismo. Mesmo em sua forma mais débil, a luxúria e sua gratificação
produzem indiferença para com os demais, destrói o amor em seu único, belo e
generoso sentido.
É através da mente que o desejo é controlado e vencido. O homem sábio não
diz “eu desejo”, senão que pode separar-se dele. Eventualmente aprende que “sua”
mente é principalmente um processo de pensamento que contraiu.
Quando o coração está cheio de amor que busca como dar e não como
receber e gozar, que não busca intensificação de “si mesmo” por sensação enraizada em
egoísmo, os desejos tem que desaparecer. O amor é o antídoto da sexualidade, quando
esta é um problema. Quando há santidade de amor naquele em que não existe egoísmo,
pode se contemplar todas as coisas que seriam excitantes a uma mente afetada pela
sexualidade, como através dos olhos de uma criança inocente.
Na vida moderna, o “amor” está associado com possessão e gozo. Porém sua
verdadeira relação é com ausência de desejo de qualquer forma – sutil ou grosseiro.
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CAPÍTULO VI – KARMA
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separação, de individualidade, atua sobre todo o universo e este atua sobre ele de uma
maneira que afirma a verdade da unidade e seu estado de solidão.
Já que o homem é o criador do seu próprio karma e não apenas sua criatura,
é razoável que deve pegar certas partes de sua experiência que ainda tem que se definir
e tomar forma; ele as determinará segundo proceda. Certos eventos parecem estar fixos
e outros dentro da probabilidade. Nem tudo pode ser determinado previamente. Quando
pensamos no plano de Deus como algo inalterável, encomendamo-nos à predestinação,
que representa uma parte do que na realidade acontece. Podemos dizer que certas forças
já geradas tendem gradualmente para certos eventos que não podem ser evitados. Como
não estamos em posição de ver todas as forças que operam no universo, não podemos
responder perguntas sobre o futuro com absoluta certeza. O homem sábio é aquele que
enquanto planeja desempenhar todas suas responsabilidades, vive num estado de
essencial indiferença sobre o futuro. Isto torna-lhe a vida deleitável sem torná-lo
irresponsável e permite-lhe capturar novamente a qualidade aventureira da vida. Não
viver sob o peso do passado, do qual nascem as penas do amanhã, é um modo de
experimentar as vivas emoções do presente. De todas as penas a que mais facilmente
podemos desfazer, se temos o sentido comum suficiente, é do medo ao que nos vai
acontecer na passagem do término mortal de nossa existência física para o mais além, a
passagem que a maioria da humanidade equivocadamente considera como uma grande
aflição e uma dolorosa causa de medo.
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CAPÍTULO VII – VIDA E MORTE
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limpo para que desenhemos num quadro mais perfeito. Se tivéssemos que desenhar num
quadro já cheio de inumeráveis e indeléveis caracteres correríamos o risco de tornar
maior a confusão, até nos perder em um emaranhado de recordações, amargas e doces,
engendrando remorsos e despertando novamente paixões, que causaria pelo menos
confusão, porém que seria provavelmente como um pesadelo.
O conceito de imortalidade como um estado que pertence apenas àquele que
merece imortalidade parece razoável. A qualidade básica – que é indefinível – que em
qualquer trabalho do homem se diz que dá título à sua perpetuação, é a qualidade da
beleza, de inspiração, que comunica alguma verdade àqueles que estão prontos para
percebê-la, que desperta assombro e que apela à este sentido no homem que é mais
duradouro que gozar da experiência sensual. A Beleza é Verdade e a Verdade é Beleza,
indubitavelmente, porque ambas são aspectos da mesma Vida.
Que é Vida? Este é um mistério, mas conhecemos suas manifestações. Pode
ser considerada como a consciência e atividade do Eu em todas as coisas, que é Uno,
Infinito, infinitamente capaz, imortal, que não pode ser modificado pelo tempo ou pelo
espaço, eternamente belo e criativo. A natureza desse Eu tem sido imaginada como Luz,
como Fogo, como Som. A Morte o acompanha em todas as suas formas, exceto na
plenitude. Porque o processo de sua manifestação necessita ser uma limitação e uma
retirada. Pravritti Marga e Nivritti Marga, caminhos de saída e regresso,
respectivamente, são uma atividade cíclica que é uma tentativa sucessiva para o alcance
da definição própria da entidade ou consciência, uma passagem do menos ao mais. A
vida no mundo é vida em uma prisão; a vida dentro de qualquer forma deve,
inevitavelmente, transformar-se em uma prisão. Mas o Dharma de cada etapa consiste
em tornar a vida nela tão perfeita, tão bela como for possível.
Assim que passando de etapa em etapa, crescemos em conhecimentos e em
capacidade e, eventualmente, quando o quadro perfeito for desenhado, será belo
contemplar em todas as suas partes e em sua totalidade, e toda a confusão, o árduo
trabalho, a busca cega, o sofrimento e o cansaço, parecerão não só maravilhosos e
valiosos para alcançar uma meta tão gloriosa, senão que talvez diferentes do que nos
parecem agora. Talvez mesmo agora, de uma forma misteriosa e inimaginável, seja uma
revelação do que saberemos algum dia, sem mancha, em sua perfeita sabedoria, força e
amor.
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CAPITULO VIII – LIBERAÇÃO
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A liberação é essencialmente descartar-se do frio e venenoso egoísmo, do
qual nasce todo o mal e todo o monstruoso. Nossa experiência cotidiana pode nos
ensinar que da nossa normal concentração em nós mesmos, o amor, como uma emoção
de sacrifício ou força é o único e supremo libertador.
Infelizmente, nesses dias, o significado do termo amor é degradante. Dá-se
uma conotação de excitação sexual, sua indulgência e um estado de possessão baseado
no insaciável desejo de tal excitação. Este não é o amor de que fala São Paulo em suas
carta aos Corintios, ou o Bhakti (devoção abnegada) do verdadeiro devoto.
O principal meio de liberação em relação a todos os nossos semelhantes só
pode ser amor expresso em serviço – ação onde o próprio ser se esquece – por meio do
qual o Eu mais alto se manifesta, resultando na criação de beleza e felicidade.
O ocultista, o homem que aspira alcançar perfeita aptidão espiritual em sua
vida, tem que transcender toda classe de desejos, toda debilidade que pede indulgência e
alcançar um estado de domínio espiritual de si próprio, assim como vencer sua
necessidade de possuir. Seu amor consiste em dar de si mesmo em abundância, que é a
expansão de si próprio, mas não em possuir nada em realidade. É a neutralização do
veneno do euismo e a liberação do movimento prisioneiro da vida de suas limitações de
tempo para a eternidade.
Os direitos de possuir, de afirmação de si mesmo, e de indulgência sem
limites, são infelizmente, os fenômenos mais desenfreados da vida moderna e aos quais
se devem a maioria das dificuldades. Nenhuma pessoa sensível pode esperar alcançar
uma perfeição impossível na etapa presente, nem fará bem predicar ao homem vulgar o
ideal do Sannyasin hindu, ou daquele que tudo renuncia. Mas não há nesses dias
nenhuma disciplina moderada, nem ideal de verdadeira vida espiritual que possa ser
praticada pelo homem vulgar. O mérito da maravilhosa ordem de Ashrama “etapas da
vida” na Índia antiga era que os deveres consignados a cada etapa – na juventude, na
idade adulta, na idade de profunda maturidade e no período precedente à liberação
temporal do corpo – eram calculados para preparar o indivíduo para a próxima, e poder
manter-se consciente de um profundo propósito espiritual.
O ideal do amor, posto ao nível da vida prática, deve significar o serviço de
cada um para todos os que estão dentro de sua esfera, consideração aos direitos dos
demais, controle de si mesmo, e em particular a suspensão de crueldade e da luxúria
excessiva. Pode haver certa medida de liberdade espiritual para aquele onde as
condições de vida se organizem sobre esta base.
Cada um deve descobrir em si mesmo aquilo que é capaz de uma bela
expansão, o que será uma proteção e bendição para os demais, o meio para libertar a luz
em si mesmo a qual em comparação, tudo é sombra. Nesta luz e nesta expansão está a
mais pura felicidade.
Há momentos, que chegam raramente, quando sentimos a bem-aventurança
de esquecer de nós mesmos temporalmente, seja por meio do amor humano, por
devoção, ou pelo trabalho, e em tais momentos, ascendemos certa chispa que algum dia
se transformará em uma brilhante e majestosa chama. Quando alcancemos este estado
seremos homens livres.
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CAPÍTULO IX – DEUS E HOMEM
Muitas vezes se diz que esta não é uma idade de Deus e religião, mas do
homem e de seus triunfos. O senhor C. Jinarajadasa, expressou essa idéia muito bem ao
descrever o tipo de santidade que seria o coroamento da consumação do tempo presente,
como a realização de “Deus, o homem irmão”. Temos que aprender a perceber Sua Luz
nos semblantes de nossos semelhantes. A doutrina da Transcendência, está tão longe do
alcance do homem que se tem prestado a todo tipo de perversão e à imaginação de um
estado de absolutismo que está para além de qualquer relação da ordem relativa natural.
O homem tem feito de Deus a imagem de suas próprias fantasias e grosserias e o tem
colocado num pedestal onde Ele: ou reina como um caprichoso déspota com atributos
humanos similares aos de seus devotos, ou permanece como uma abstração da qual não
devemos nos preocupar em nossa conduta prática.
Toda a verdade que está fora da compreensão humana tenderá a ser
apresentada sob uma forma ridícula e desonrosa. Uma criatura que percebe apenas duas
dimensões não pode, ao viver num mundo de 3, compreender tudo o que acontece,
exceto sob termos fantásticos e muito complicados. O falhar tão miseravelmente em
compreender a sólida realidade não refuta sua existência. A teoria de relatividade não
pode pela sua natureza, desestabelecer o absoluto, ainda que o absoluto não possa ser
mais que uma frase para uma mente relativa descritível apenas em termos do que não é.
Podemos compreender as limitações que nos impedem de conhecer a realidade e os
filósofos que a tem compreendido e assim a tem transcendido, tem dado testemunho da
Realidade em sua própria consciência, vista como por uma luz refletida; refletida desde
essas mesmas limitações.
A principal nota de mentalidade da era presente é a exploração do concreto e
o estabelecimento das leis de seu reino. O caminho do progresso científico moderno e
do filósofo – dos quais lorde Bacon foi, entre outros, dos primeiros expoentes - vai
desde o tangível e o concreto, ao intangível e abstrato. Este método tinha que começar,
necessariamente, com a demolição de crenças e teorias existentes que regiam as
atividades desse período. Essas crenças e teorias concernentes não apenas com coisas
objetivas, mas também com homens e mulheres, e sua negação, abriu o caminho – no
campo das relações humanas - à democracia, entre outras teorias concomitantes. A era
do homem começou, embora crua e materialisticamente, com a contestação de Deus e
de todo o antitético, para as percepções exteriores nas quais sua consciência estava
ativamente centrada. Mas a ciência progrediu o suficiente desde então para que alguns
de seus mais avançados pensadores se dessem conta das origens filosóficas e das leis
que dominam os dados científicos, estendidos hoje muito mais além dos confins dos
descobrimentos iniciais. Ao universo mecanicista do século XIX, foi-se instilando o
princípio de vida, de forma crescente, e tem-se figurado mais e mais como fator central
criativo e onipresente, no plano de evolução que a ciência propôs como um de seus
descobrimentos principais. A Vida, a morte, o homem se tornaram sucessivamente e em
certo grau, a imagem e o termo ao redor do qual tem-se centralizado muito do
pensamento científico moderno.
Hoje, a suscetibilidade do homem que lhe permite percepção ao longo de um
mundo de avenidas de pensamentos convergentes, lhe revestiu de tanto significado, que
o conceito do que é e como deveria ser considerado pode muito bem ser descrito como
fator decisivo na civilização do futuro. A aceitação da idéia de que o homem é um deus
latente, uma verdade que é o pivô do sistema filosófico, inevitavelmente tornará a
civilização mais semelhante à divindade. Então se compreenderá que a natureza da
(21)
deidade e a natureza do homem em sua mais recôndita e incorrupta essência formam
uma unidade glorificada e a vida humana será considerada como terreno para o cultivo
de uma semente espiritual imperecível. A natureza de Deus será conhecida até certo
ponto; o suficiente para nos elevar a alturas que transcendem nossa consciência
presente, quando a natureza do homem adquire certa aproximação a seu inato arquétipo,
a forma a que será guiado pela sublimação de suas experiências e pela integridade em
suas ações. Deus regressará para ocupar seu lugar em nossas vidas quando honremos ao
homem por haver sido feito a sua imagem e como um símbolo de sua presença – o
homem como um filho de Deus, eterna e essencialmente uno com o pai – não como um
renegado rebelde que vai contra as leis de deus (ou das da mãe natureza) tratando de
usurpar seu trono na vã presunção de uma entidade separada.
(22)
CAPÍTULO X – A GRANDE ILUSÃO
(23)
primeiro as trevas que rodeiam a prisão de sua própria origem. Somente realizando a
natureza do eu que nos limita, que a faculdade de cognição, removida de seus labores,
se torna suficientemente refinada ou purificada para compreender o aspecto externo
desta eterna relação entre ser e não ser, que é o que constitui a essência da manifestação.
(24)
CAPÍTULO XI – FELICIDADE
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Não deixa de ter seu significado que, de acordo com a filosofia da antiga Índia, o fim e
meta da vida era concebida como Moksha ou liberdade absoluta. Não era apenas
liberdade da necessidade de uma vida terrestre e de seus labores, liberdade de karma,
das complicações de nosso passado; mas também das limitações de nossa capacidade
para viver; em outras palavras, a vida em um estado de liberdade tal como podemos
conceber que uma flor vive sua experiência quando ela é ela mesma (considera os lírios
do campo, não trabalham nem tecem, mas neles há exuberância de viver).
O problema não é um problema de felicidade, que é nosso privilégio ao
nascer. Todos crêem ter direito à felicidade. Apenas estranham quando há dor, não
compreendem porque há de existir essa dor. O problema é um problema de sofrimento e
de dor, como especificou há muito tempo o senhor Buda em sua sabedoria. O
sofrimento e a dor são as negociações da vida pelas limitações impostas.
Esta limitação, que é o próprio karma, é imposta a cada um por si mesmo,
em sua ignorância. Somos prisioneiros de nossas recordações, ansiando a repetição de
prazeres passados, planejando como repeti-los, construindo uma vala de segurança por
medo de perdê-la e nos fechando dentro dessa vala.
O homem feliz é aquele que não é escravo dos seus desejos, onde mente e
coração estão livres de ansiedade pelo amanhã. Ser dominado por um desejo não é ser
um homem livre. Quando está perturbado pelo desejo não experimenta felicidade.
Quando o desejo está satisfeito, a satisfação é temporária; há uma reação de cada
satisfação, e todo o processo se repete perpetuamente. A verdadeira felicidade é uma
experiência que não dá lugar a reação porque nasce de nossa própria expressão, de
nossa própria manifestação. Não surge de fora, não depende de nada, não está em
encher um vazio dentro de nós mesmos, não é alívio do tédio. Não é o mesmo que
prazer, que surge da excitação do corpo físico ou de qualquer outro corpo.
A verdadeira felicidade não é um estado em que o homem se separa do resto
do mundo e se coloca indiferente a ele, como quando estamos sob o estímulo de bebidas
fortes ou das drogas. O estado mais alto de felicidade é aquele onde a consciência é
universal, livre como o vento, e pode identificar-se com cada movimento – com o vôo
de um pássaro, com o tremor de uma folha, com o trabalho de uma formiga, com
sorrisos e lágrimas de outros seres humanos – tudo em um instante. Um homem que
está concentrado em satisfazer sua luxúria não pode pensar mais que na sua satisfação e
em si mesmo. O desejo imoderado de prazer, que é luxúria, pode destruir a humanidade,
individual ou no mundo em geral.
Também especifiquei liberdade pelo anseio do amanhã. Isto não quer dizer
que não se deva planejar a vida e vivê-la de forma inteligente. Mas devemos ter esta
elasticidade de espírito, chamemos valor, e a boa vontade de aceitar qualquer estado que
nos confronte, que é o único que nos permitirá viver sem angústia: um homem livre no
verdadeiro sentido da palavra.
Pelo menos, podemos alcançar certa medida de felicidade, tomando a vida
filosoficamente. Muito da nossa desdita é devido à maneira que enfrentamos os
incidentes da vida. Um bom batedor de Cricket pode fazer que a bola rebote no ângulo
para o lado do campo apenas roçando a bola. Se alguém faz um comentário
desagradável sobre nós, podemos não dar importância – o que faremos se não
possuímos muito do que se chama em sânscrito Ahamkara ou euismo – ou podemos
pegar fundo e deixar que nos fira que machuque os nossos sentimentos até que nos
prenda de um modo que seja difícil se soltar.
Aquele que busca generosamente como proporcionar felicidade aos demais,
a cria para si mesmo. Há alegria em dar, que sempre aumenta, há prazer que decai, no
receber. A felicidade do homem não é medida por suas possessões. É possível dormir
(26)
mais profundamente no solo que num colchão de plumas. Dizem que Deus distribui os
seus favores muito desproporcionalmente; mas ele é muito imparcial na quantidade de
felicidade que assigna a cada um de seus filhos.
Liberdade do desejo, se isto pode ser alcançado, é a chave do segredo da
felicidade. Esse segredo está em si mesmo e não em nenhuma outra parte do universo;
nem mesmo em deus, porque o que chamamos Deus não é a realidade, mas apenas uma
projeção de nossa própria mente. Este segredo consiste em ser você mesmo – que não
consiste em chegar a ser isto ou aquilo, que é o que tem planejado e tem desejado nossa
ambiciosa mente. Há um chegar a ser na natureza que é questão de forma. Ser é da vida,
em sua essência e pureza. Mas quando queremos chegar a ser, alcançar, ganhar,
experimentar, colocamos um objetivo fora de nós mesmos ao qual aspiramos alcançar.
Então há luta, conflito, a renúncia à felicidade que é possível encontrar dentro de nós
mesmos. O cessar do desejo, ao realizar sua natureza, é a separação do não ser e a
realização do verdadeiro ser. Nisto consiste a maior felicidade. Há uma passagem
extraordinária em um dos Upanishads que compara a felicidade dos mortais de vários
Devas e de outros. A felicidade maior, segundo essa passagem, é a felicidade do homem
que realizou sua natureza de Braman, a verdade em todas as coisas e dentro de si
mesmo e que já não é agitado pelo desejo.
Não desejar é amar tudo; porque é desejo o que separa aquele que goza do
objeto a gozar e de outros aos que possa servir esse objeto. Quando existe amor sem
possessão e sem a busca de gratificação dessa possessão, há bem-aventurança. Amar é
dar de si mesmo e dar é a experiência da felicidade. A felicidade consiste na plenitude
de vida. A vida é consciência e existe em todos os níveis, no mental, no emocional, e no
físico. Plenitude implica, portanto, no cume da realização, a realização de todos os
ideais, da verdade, da beleza e da bondade, a harmonização do pensamento e da ação.
Então não vive desde um centro interior nele que não há possibilidade de conflito, onde
há uma fonte perene de pensamento, de sentimentos e de ação, todos perfeitamente
mesclados, todos respondendo instintivamente à necessidade de cada situação segundo
se apresenta de instante a instante.
(27)
CAPITULO XII – JUVENTUDE
Os jovens são aqueles que deixaram o céu recentemente. Ainda têm ao seu
redor os halos das influências celestiais. Daí que através deles é mais fácil aproximar o
céu à terra. Ou dito de outra maneira, elevar a terra ao céu.
A terra como a encontramos em todos os seus aspectos, está muito longe de
ser nosso verdadeiro lar e meta de nossas aspirações. Por ser sórdida e cruel faz com
que queiramos moldá-la de acordo a nossa íntima saudade; especialmente agora quando
os tempos parecem estar fora de ordem, onde o futuro antagonizando ao passado
ameaça romper a ponte que os une e arrastar o mundo dentro de um abismo de
contendas e caos.
Hoje em dia, em qualquer das particularidades da vida, identificam-se
situações que chegaram ou alcançaram seus pontos culminantes de discórdia, onde estão
presentes polarizações de forças opostas, que devem resolver-se por meio de um choque
explosivo ou por um imediato ajuste; em outras palavras, por meio de uma revolução,
como de um monstro destruidor, ou por uma rápida evolução, tão rápida como um
relâmpago, porém pacífica; uma revolução como o abrir-se de um botão quando se
transforma em flor, ou como dar a luz uma criança.
Para levar a cabo uma mudança desta natureza, necessitamos revolucionários
intrépidos, desejosos de serem construtivos, cujas ações estejam guiadas por um plano
inteligente que prometa ordem e liberdade. Esse novo plano deve dar, aos nossos
tempos, a reconciliação que tanto necessitam, e estar baseado em princípios que possam
relevar à prova da experiência; princípios que conservem o melhor da evolução do
passado enquanto permitem o livre progresso de novas idéias e das experiências
recentes.
O mundo não pode sobreviver sem estabilidade ou sem uma base para uma
vida social, ou seja, sem paredes para proteção e comodidade, e uma abóbada celeste
que lhe sirva de inspiração. Necessitamos um novo céu e uma nova terra, uma terra que
reflita a beleza, a unidade e a liberdade desse céu, como as marcas triangulares da nova
era.
O passado condenou-se a si mesmo. Suas forças têm sido determinadas para
sua própria destruição. Da batalha do kurushetra, no Mahabharata só ficou o progenitor
da nova era, que para nós é o elo com o ser mais alto do mundo, cuja personalidade é
celestial. Este elo está no espírito de juventude, mas é nessa verdadeira e pura
juventude, onde se encontra a essência de muita experiência anterior.
A juventude do mundo constituirá esse elo, porém, uma juventude não do
corpo, mas uma juventude do espírito, própria daqueles que são jovens de coração e que
têm em si o fogo rejuvenescedor. Deles está formado o reino do céu da humanidade,
que não só o herdarão, como também, o estabelecerão para todos os demais.
Em todos os lugares do mundo exceto nas tradições da antiga Índia, a
juventude é identificada com a inexperiência e a ignorância. Embora isso possa parecer
apenas superficial, um estudo cuidadoso indica, que de um ponto de vista espiritual,
nossa capacidade de ignorância aumenta com a acumulação de experiência não
resolvida, ou seja, à medida que, viajamos mais e mais pelos labirintos de uma
existência que compreendemos pouco, nos afastamos mais e mais da direção de uma
verdadeira compreensão. Porém, ainda que em nossos primeiros anos não tenhamos
familiaridade consciente dos fenômenos e processos do mundo, existe guardado em
nossos corações a experiência destilada do passado, que é tão superior, em qualidade,
aos acúmulos materiais da vida, como são as leis e princípios, que mesmo dando a
(28)
cadência a um vasto campo de fundamentos, são superiores aos próprios fundamentos.
De modo que, o coração sempre viçoso e sensível, que ainda não está envolto pelos
véus da ilusão, engendrados pela nossa ignorância mundana, é onde existe o puro e
potente elixir com o qual podemos regenerar nossos seres e criar uma ordem, nova e
bela, para esse desintegrado e velho mundo material, incorporando-lhe uma nova fase
da Vida Divina.
A juventude pode ser a falange da velhice, não pela virtude de sua
impulsividade, nem por sua abundância de energia bruta ou a debilidade que a faz
seguir tudo que seja novidade ou excitante, nem por qualquer coisa que satisfaz sua sede
recém desperta, senão que pelo poder que contém, como no interior de uma semente, de
aplicar a pura sabedoria, que está dentro de si mesmo, às condições em que se encontra,
sem limitar-se pelos métodos de experiências passadas e livre do peso da mecanização,
que sempre aumentando, tende a debilitar todo e qualquer novo impulso.
(29)
CAPITULO XIII – DA ESCURIDÃO À LUZ
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natal. Se esse espírito puder triunfar sobre as forcas crescentes da sombra, que nos
arrastam aos calabouços da separatividade e do isolamento mantendo-nos acorrentados,
então o mundo será testemunha de uma era de luz, de iluminação e de felicidade onde
todas as pessoas poderão participar.
Num dos festivais mais alegres celebrados na Índia, chamado Deepavali, que
literalmente significa cercar com luzes, tem-se a idéia que Vishnu, a segunda pessoa que
é sempre o redentor e o rei divino, vence ao inimigo da paz e da retidão, o príncipe das
sombras. O festival é celebrado para comemorar este evento e é contemplado com
banhos purificadores, roupas novas, visitas a amigos e conhecidos, com fogos de
artifícios e jogos, e com a consumação de tudo aquilo que se considere as boas coisas da
vida. Todas essas lendas são, naturalmente, alegóricas.
As forças da escuridão não estão somente na Natureza, de onde elas não nos
dizem respeito, mas que de todos os modos, só não é obscura para aqueles capazes de
explora-la examinando-a com o puro olhar do espírito, senão que, também em todos
nós. Neste caso são nossos instintos primitivos, como forças cegas e sem inteligência, e
nossas paixões elementares enraizadas na parte tosca e material de nossas naturezas.
Temos que afugenta-las com o poder de nosso ser espiritual, antes de poder estabelecer,
em nós, o reino dourado da sabedoria e retidão. O reino de Deus, este que há de chegar,
está dentro e fora de nós mesmos, e a não ser que suas leis se estabeleçam firmemente
dentro de cada individuo, são vãs as esperanças de que sua autoridade prevaleça no
mundo exterior.
Há uma história no famoso épico hindu, Mahabarata, sobre a maneira que o
maior dos príncipes vitoriosos, finalmente, ganha seu reino. De acordo com o costume
tradicional solta-se um cavalo e deixa-o vagar livremente. Qualquer um pode captura-lo
e mantê-lo amarrado. Porém, aquele que o consegue desafia, com sua ação, ao Príncipe,
e se este sai vitorioso em todos os desafios, é reconhecido e coroado como Governador
ou Imperador. Aqui, o Príncipe é um fragmento do Ser Divino esperando ascender ao
seu Reino, o homem interior, o imortal Governador, como é descrito pitorescamente na
obra religiosa hindu mais reverenciada, o Bhagavad Gita. O cavalo é a mente sensitiva,
veloz e com capacidade, para ser usada numa variedade de excelentes propósitos.
Porém, a mente esta sujeita a ser capturada e aprisionada por uma superstição ou por um
erro. As forças que impedem a supremacia do Príncipe são as várias paixões que se
apossam de nossas mentes. Quando o Príncipe é entronado como Governante de tudo, o
Reino ao qual governa é o Reino perfeito da retidão, onde tudo está em ordem e em paz.
É interessante notar como as grandes verdades da vida espiritual são
apresentadas de diferentes modos em diferentes religiões.
Retomando o nosso tema central constata-se, que o estabelecimento do
indivíduo num estado de harmonia com seus semelhantes é tão essencial como o sábio
manejo de seus assuntos pessoais. E essa harmonia requer o alicerce básico da boa
vontade. Quanto mais irradiamos boa vontade aos nossos semelhantes e para todas as
formas de vida ao nosso redor, nos harmonizamos e sentimos a felicidade que estamos
proporcionando aos demais.
A paz e salvação estão em nós mesmos. O advento da cristandade significa
tanto o nascimento do Cristo histórico e universal, como esse segundo nascimento de
cada individuo, que é simbolizado pelos hindus numa cerimônia chamada Upanayana,
literalmente colher ou seguir a trilha da luz ou dos conhecimentos espirituais, na qual o
estudante é iniciado desde cedo. Temos que nascer no reino dos céus depois do
nascimento físico no reino da terra, e na Índia se considerava que o momento certo para
se despertar para as realidades do espírito, era enquanto as persianas da prisão não
(31)
haviam descido para o jovem visitante, apagando assim a divindade que pertence a
nossa inocência.
Nascer em Cristo é a frase que usa São Paulo. O Cristo desse conceito está
em cada um de nós, numa gestação solitária, e nosso nascimento ao mundo da luz e do
ar é o abrir-se da flor da alma, se me permitem mudar de metáfora. Esse abrir-se, por
pouco que seja, dá acesso à câmara interior de nosso ser a insinuações, que começam
com um murmúrio apenas discernível e crescem até atingirem um desenvolvimento
melódico maravilhoso, sustentado por harmonias apropriadas do tema do individuo
único e eterno. Este princípio, que é o cristo dentro de nós, como parte do cristo
universal e que é o Deus imanente em todas as coisas, começa então, uma expansão
composta de relações com todas as outras coisas do universo da vida. Estas relações
formam para cada individuo um padrão, que tem existido sempre, inerentemente, às
partes espirituais de seu ser, e donde um não pode separar-se do outro, como somos
separados pelas paredes de nossa cavidade material. Assim pois, fica a certeza de que
nada acontece, em qualquer parte do universo, que não nos afete por necessidade,
levemente, misteriosamente, ou ainda infinitesimalmente.
São Paulo diz em uma de suas epístolas, “como o corpo é um e consiste em
muitos membros e todos os membros desse corpo sendo muitos são um só corpo, assim
também cristo... Donde um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; ou
quando um membro é honrado todos os membros gozam com isso”. Esta é,
precisamente, a verdade que toda a humanidade, composta de tantas nações e raças, tem
que aprender na atualidade e cada nação também tem que aprender, porque também está
subdividida. Estamos numa era onde mundo, como um todo, volta-se para seu lado
material. Porém, é necessário que seja desenvolvido um sentido de unidade espiritual,
sem a qual, não importa quão inteligentemente organizada esteja para servir às
necessidades externas, essa organização é como um corpo sem alma. Esperemos que
haja uma rápida mudança nos assuntos do mundo, em geral, e que, no inverno do nosso
descontentamento, nossos esforços comecem a descongelar o caminho, dando passagem
ao mais glorioso verão.
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CAPÍTULO XIV – A COMUNHÃO DOS SANTOS
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está perdido de vista. Não necessitamos tanto rezar aos santos para pedir-lhes favores,
mas pensar em suas maravilhosas qualidades, colocando-as diante de nós como
exemplo, bem como, buscar suas inspirações. Ao pensar neles suas bênçãos cairão sobre
nós. Suas bênção são como os aromas de muitas flores, cada qual com sua qualidade
pacificadora e estimulante.
O homem, segundo conceito oriental, é em seu ser interior como uma
pequena estrela que se levanta e se põe muitas vezes na vida terrestre, mas que
eventualmente, seu brilho aumentado até tornar-se uma estrela de primeira magnitude e
libertada de sua adesão a personalidade humana que limita, toma seu lugar nos céus
“para não voltar a sair”. Estas estrelas são a glória de nosso céu espiritual e iluminam,
de acordo ao seu brilho, os degraus do altar de Deus.
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CAPITULO XV – VERDADE
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CAPITULO XVI – DEVOÇÃO
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actínicos da verdade. Que cada qual creia de acordo ao modelo de seu coração, em
qualquer imagem, figura ou verdade, ou em qualquer conceito ao qual possa render-se
completamente. Então terá a experiência dos efeitos dessas influências cósmicas que são
constantemente derramadas do alto; então conhecerá o gozo de uma vida vivida com
sentido de unidade que é totalidade, ou seja, um abandono onde não há problemas.
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CAPITULO XVII – LEALDADE
Lealdade, seja para com nosso companheiro da vida, para com um colega
que temos responsabilidade, para com um ideal, ou para com um grande mestre, é muito
valiosa. Sem ela não pode haver firme dependência em outros num mundo que é
interdependente. Sem lealdade não pode haver força nas afinidades, nem princípio de
coerência entre fatores diferentes. Mas como toda virtude, tem um aspecto universal e
outro individual, que da primazia ao afeto individual em detrimento dos valores
universais, converte o amor em possessão, a fé em salvaguarda, ou uma crença em um
mazo. Nossas lealdades não devem converter-se em norma sobre a qual restringimos as
liberdades dos demais, ou em critério que nos baseamos para condenar aos demais.
A lealdade não tem que ser exclusiva, não tem que ser destruidora da
irmandade ou da compreensão. Isto é possível apenas quando damos nossa aliança a um
ideal, o Mais Alto, aquele que compreende cada interesse desejável mais baixo que ele.
A verdade a qual aspiramos tem que incluir cada verdade que percebemos com nossas
mentes abertas. Tem que expandir-se, elevar-se e ser suscetível à transmutação, à
medida que, nossas percepções e experiência aumentem. A verdade, sendo maior do que
imaginamos, necessitará muitos canais. O tema, sendo mais vasto que a música que
temos ouvido, deve ser aberto e poder assimilar variações. No desenvolvimento do
plano de evolução muitas pessoas são usadas para muitos propósitos. Nossas boas
qualidades, inevitavelmente exageradas, necessitam ser corrigidas e balanceadas por
outras, no desenvolvimento do trabalho.
A lealdade não deve nos tornar rígidos ou inadaptáveis. A lealdade para uma
idéia pode também ser uma lealdade para com um convencionalismo ou para com um
preconceito, como uma imagem abstrata que temos formado para acomodar nossas
preferências e antipatias. O homem faz de Deus, A Grande Idéia, a sua própria imagem
para satisfazer os seus medos e apetites.
Devemos evitar os perigos de uma mentalidade que gere ou promova
fendas, ou seja, evitar expor-se a dilemas, como por exemplo ser leal a uma idéia ou a
uma pessoa, e não evitar situações com as quais esta lealdade torna-se incompatível.
Quando falamos de ser leais ou desleais, quem somos nós? É a mente a que
escolhe e decide. A mente embora associada com outros elos na corrente da
individualidade humana, é o homem essencialmente. Onde está a lealdade natural ou o
centro de gravitação da mente? Está no que chamamos espírito, o foco espiritual da
consciência manifestada. Como o espírito não é pessoal, senão que vivente, penetrante
por todos os lados e infinitamente centrado, uma atração para o espírito é uma atração
para todo o espiritual. Nisto está a direção do progresso para que possamos nos elevar
acima do mero plano de expansão da mentalidade comum, que está ativa na maioria dos
homens. A mente tem que ser incorporada ou elevada até a um principio espiritual. De
maneira que não pode haver lealdade para com a mente, que é o homem, exceto para
com esses valores, estejam eles revestidos numa pessoa ou contemplados no abstrato,
como cristalizações desta qualidade espiritual, que é imperecível enquanto durar sua
manifestação.
O homem perfeito sendo o homem espiritual, pode receber a submissão da
mente, porque esta submissão é feita a sua própria raiz ou pai. Verdadeira lealdade, em
todos os outros casos, pode ser tão só para aquilo que pode induzi-la por refletir a
natureza do espírito, que espera a atração da mente. Nessa lealdade não há exclusão ou a
possibilidade de contradições e conflitos futuros; não há artifício nem degradação por
uma prostituição que leve a um fim indigno, ou por meios indignos.
(38)
Nossa devoção e lealdade para uma pessoa consiste freqüentemente em fazer
um cerco ao nosso redor, onde os demais são excluídos. Nossa admiração por uma
pessoa implica censura subconsciente de outra, mesmo quando não expressemos a
comparação. A lealdade pode ser busca de engrandecimento pessoal: algumas vezes
adulamos ao nosso deus para ganhar uma porção do seu reino. A gangrena do eu pode
permanecer oculta na mais bela das flores. Devemos estar alertas para estirpa-la.
Lealdade é uma dessas virtudes que NA LUZ DO CAMINHO diz: “as
virtudes do homem são degraus, verdadeiramente, necessários, pois não se pode
ascender sem eles. No entanto, são inúteis por si só. A natureza completa do homem
deve ser usada ajuizadamente por aquele que deseja entrar no caminho”. Quando toda
natureza é usada ajuizadamente, torna-se santa, e assim, não existe nela distinção
maligna. Deste modo, lealdade para com deus, para com o homem, para consigo mesmo
e seus ideais, ou ainda para com um cachorro, torna-se um fator estabilizador unificado,
como uma coluna vertebral para nosso desenvolvimento. Nos transformamos, para nós
mesmos, no caminho, na verdade, e na vida, à medida que alcançamos o estado de
integração perfeita.
(39)
CAPITULO XVIII – REVERÊNCIA
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CAPITULO XIX – AÇÃO CORRETA
A classe de ação mais elevada é a ação que é direta e instantânea. Mas antes
de alcançar este grau de poder, devemos purificar-nos como instrumento. Devemos
começar com ação correta, sem nenhum desejo de obter benefício pessoal, mesmo a
gratificação que sua execução possa acarretar. Tal gratificação é freqüentemente
subconsciente, invisível como a sombra que arrastamos ao defrontarmos com a luz. É
muitas vezes sutil e difícil de se analisar. Na execução de um ato não deveria haver
nenhum elemento de reação pessoal. Quando é ação sem reação, não há aprisionamento.
Liberdade de karma é liberdade de reação, no sentido do regresso das forças
que emitimos. Uma força que é emitida regressa porque golpeia com um meio de
resistência, um circulo que não pode romper. Podemos considerar essa resistência como
a vontade de deus. Sempre há uma correspondência entre uma verdade subjetiva e um
fato objetivo, pois o subjetivo e o objetivo estão envolvidos pela mesma realidade; são
os dois lados de um plano intangível e indivisível.
Se consideramos cada ato como a emissão de uma força, essa força deve ter
sua origem em uma base, da qual procede. A base e a mira são colocadas em correlação
no momento da ação. Se a intenção, que é o fim, está errada, o motivo, que é a origem,
também está errado, porque a intenção ou fim é uma projeção do motivo ou origem.
Assim é, porque a mira está contida da origem.
A mira se apresenta muito bela e efetiva quando surge de um movimento
interno e espontâneo, do fundo, de nossa natureza, ou seja, surge de elementos que se
encontram ativos na constituição do individuo. Esse movimento é efetuado num plano
que é perpendicular ao lançamento da flecha, que deve estar correlacionada com a mira.
Qual deveria ser a natureza do motivo da ação? Quais são as qualidades que
deveriam marcar seu motivo? Os termos que poderíamos usar para responder a essa
pergunta podem diferir com o ponto de vista expresso. Farei uma lista de algumas
qualidades insuspeitáveis como tendo conexão com ação potente e efetiva, depois
acrescentarei outras.
Primeiro, deveria haver inocência, ou seja, a ausência de qualquer motivo, de
intenção, de desejo, de intenção de projetar a mais leve sombra sobre a felicidade do
outro, e ainda dos desagradáveis ingredientes da má vontade e da malignidade.
Segundo, deveria haver nobreza, ou seja, tornar a ação tão benéfica quanto
possível para a pessoa, em quem se está atuando. Evitar a dor desnecessária, ainda que
seja uma operação cirúrgica. Agir com moderação, que é a adaptação perfeita à
necessidade da pessoa a quem vamos ajudar.
Terceiro, retidão. Assegurar que na adaptação não exista mancha de
falsidade ou de debilidade.
Quarto, inteligência e discrição. Assegurar que a ação tenha clareza de
definição e de movimento, sem a qual não se realiza dentro dos seus limites
correspondentes.
Quinto, necessitamos perseverança e destreza. Assegurar a indispensável
firmeza de propósito, porque, como trabalhamos através do tempo, cada ato ao ser
prolongado por um período coloca provas, fazendo com que a meta somente seja
alcançada depois de superados certos obstáculos e após certas reflexões ou deflexões de
movimento.
Por último, deve possuir as qualidades de justiça e responsabilidade. Sem a
primeira toda a ação é errada, e a segunda dá o reconhecimento das obrigações, em que
cada situação nos envolve, bem como, a relação do ato particular com o desígnio maior,
que desde o ponto mais alto, é trabalho para o progresso do plano divino.
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Conhecimento sem ação não é somente absurdo, senão que, puramente mental, e
é apenas reação aos impactos externos de uma natureza composta, que não está
clarificada com suas várias partes carecendo de coesão e equilíbrio.
O caminho de ação de cada indivíduo está envolto por seu próprio karma, assim
como, nas confusões desse complicado nó em que sua mentalidade se vira e se retorce.
Há que desatar esse nó por meio do amor e do conhecimento verdadeiros, e
simultaneamente, fazer um caminho no mundo exterior, através da força de vontade e
decisão. Verdadeiros conhecimentos são os do filosofo que vê a verdade com os olhos
da intuição.
Há uma decisão instantânea quando não há dilema ou eleição, ou seja,
quando a ação consequente tem uma direção exata, resultante de uma determinação
espontânea e interior, e de uma análise e de uma avaliação capaz de produzir, dentro de
nós, um movimento harmonioso, cujo resultado é uma ação particular. Existe força de
propósito, que sustenta, quando as reações causadas por objetos externos ou obstáculos
não tocam a vontade. Uma vontade, que isolada deve mover-se pelo seu próprio
caminho. Os obstáculos podem impedir uma ação porque estão no mesmo plano. Mas
não podem impedir a vontade fundamental. A força está na resistência, na concentração
e na direção, não na violência; também, no perfeito equilíbrio e controle de si mesmo,
para agir com controle conduzindo a outros.
(42)
CAPÍTULO XX – INOCÊNCIA
(43)
CAPITULO XXI – O AMOR CONQUISTA TUDO
(44)
CAPITULO XXII – PODER NA TRANQUILIDADE
(45)
estar em contato com elas, tratar de compreendê-las com toda a mente. Devemos nos
manter silenciosos diante de cada pessoa e deixa-la imprimir-se em nosso coração.
Ser positivo não é ser afirmativo. Devemos ser positivos na ação, precisos,
chegar a decisões rápidas e ser destros na sua execução. Podemos fazer todas essas
coisas e ao mesmo tempo nos manter completamente tranqüilos no controle de nós
mesmos, perfeitamente sossegados e apaziguados. Devemos ser capazes de trabalhar
rapidamente sem perder a calma. Nossas afirmações devem ser como as afirmações de
uma nota pura em uma atmosfera de silêncio perfeito.
(46)
CAPITULO XXIII – SABEDORIA NO CORAÇÃO
(47)
CAPITULO XXIV – PAZ E BOA VONTADE
(48)
haver verdadeiro amor onde não há vontade para o bem do outro? Se examinamos o
estado de amor puro, é um amor beneficente que não busca impor-se, que dá ao outro a
mesma liberdade que deseja para si. É um amor que tem relação com a felicidade e
realização do outro indivíduo. Quando alguém experimenta tal amor, não é realmente
diferente da vontade que busca o bem do outro, essa vontade cujo objetivo
essencialmente, é aquilo que seja o melhor para o outro.
Quando falamos do que é melhor para alguém, o distinguimos por aquilo que
é bom para nós. É muito difícil determinar e descobrir o que é bom, o que é bondade, ou
onde está o Bem supremo.
Devemos começar de onde estamos. Reduzamos a termos fundamentais o
bem básico como o temos concebido para nós, e que deve também adaptar-se para
outro. Busco liberdade, desejo felicidade. Portanto, esses são elementos de bem para a
outra pessoa. Busco oportunidades para expressar o melhor em mim; a outra pessoa
necessita similares oportunidades. A menos que, isto esteja expresso em nossas relações
e atitude para com os demais, há uma falta fundamental. Embora falemos do que é bom
para outra pessoa, não há verdadeira boa vontade onde houver ganância ou prazer às
custas dos demais.
Quão ansiosamente estamos abolindo a distinção e a contrariedade, que
existe entre nós e outros na vida cotidiana? Tenho uma norma para mim e outra para os
demais? Quero comodidade, descanso, boa comida, viver em uma boa casa, e estar
rodeado de afeto e que alguém se preocupe de minhas necessidades em todos os
momentos. Mas quando pensamos em outra pessoa, será que pensamos no seu bem
nesses mesmos termos? Poderíamos dizer que pensar no bem de outros nesses termos é
um ditame de perfeição. Ao menos percebamos o quão escassos estamos para preencher
a norma verdadeira de viver nossas vidas retamente.
O mundo necessita paz, e o requisito principal de paz é boa vontade.
Necessita-se entre membros de diferentes nações, bem como, entre os fieis de diferentes
religiões, porque a nacionalidade e a religião, embora influenciem profundamente, são
fatores externos à vida do homem que busca expressão de diferentes formas. Estas
formas se complementam umas as outras como cores de um espectro que, juntas,
formam a luz branca. Esta vida que é comum, é divina em sua essência, e sua natureza
que está envolta em véus de matéria, será um dia revelada em cada filho do homem, ao
invés de estar eclipsada e obscurecida como no presente.
O começo dessa revelação é simbolicamente o nascimento de Cristo que, de
acordo ao mito da bíblia, passa por vários perigos e investidas antes de poder chegar ao
Seu Reino e reinar sobre os corações dos homens. A lenda de Sri Krishna na Índia é
muito similar. Ele é considerado como a encarnação da Deidade na Segunda Pessoa, ou
o Filho. Estes incidentes na vida do Salvador tipificam o fato que mesmo depois que o
Princípio Divino se manifesta no indivíduo, tem que lidar com as forças de sua natureza
inferior, ou natureza material, na qual habitualmente sucumbe-se. Mas a luta termina,
eventualmente, na vitória do mais alto sobre o mais baixo.
A causa raiz do sofrimento no mundo é o sentido de separação. O EU -
ISMO em nós é a mais asfixiante prisão e chegará o dia em que essa limitação cessará.
O amor é a única força que pode nos elevar dessa separação. Quando uma pessoa se
enamora, a outra pessoa se torna, provisoriamente, o centro de um interesse divino. Em
um mundo de dualidade, onde há um EU e um VOCÊ, quando o sentido do EU – ISMO
desaparece, VOCÊ é o único que fica. Mas não há um só VOCÊ, há inumeráveis
VOCÊS. No estado de amor espiritual ou universal, todos os demais não são mais que
uma pessoa, o objeto amado. A consciência livre dessas correntes pode ser enfocada em
qualquer parte dentro do círculo de suas infinidades. Para cada um de nós não há
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somente um foco, mas inumeráveis. Todos os VOCÊS são vistos (quando a ilusão do
EU desapareceu) como reflexos de um VOCÊ. Quando há completo amor em tudo, é o
Amado que está presente em todas as partes. Todas as consciências são reflexos da
CONSCIÊNCIA. Todas as vidas são expressões da VIDA. O nascimento dessa
consciência de unidade é o nascimento do CRISTO em cada um de nós, uma unidade
que pode ser enfocada em qualquer parte como centro de qualquer círculo de um
incalculável número de círculos.
Depois de ter nascido dentro de nós e de se sobrepor à resistência e aos
assaltos de forças, que pertencem a parte sombria de nossa natureza, deverá crescer até
que tudo nessa natureza transforme-se por meio de seu poder. Então se realizará o
mandamento: “sejam perfeitos, como vosso Pai no céu é perfeito”.
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CAPÍTULO XXV – CAMINHOS PARA A MESMA META
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descido à diferenciação de todos os tipos. Devemos ascender à unidade da Irmandade.
Este ritual é designado como uma escada para nossa ascensão. Todas as cores não são
mais que vibrações de uma corda, a corda de nossa consciência, e se mesclam para
formar a compreensão perfeita, que é a luz branca.
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CAPÍTULO XXVI – PLANO E ESFERA
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ponto comum. O raio aumenta mais e mais, o centro eleva-se, porém permanece em
cada elevação diretamente acima do ponto de contato. Isto é, desde o ponto de vista da
consciência inferior, o centro do seu ser ou Atman se aproxima à Deidade infinita,
porém, está sempre no meridiano superior, segundo um termo astrológico, e em linha
direta com nossos mais elevados conceitos. Quando este centro se eleva até o infinito, a
esfera torna-se ilimitada em extensão, e se aproxima ao plano em seu ponto de contato;
se identifica com o plano, em um círculo cada vez maior em torno deste ponto. Isto é , a
consciência, que é este ponto, se estende no círculo e inclui, mais e mais, a extensão do
plano até que alcança o estado de omnisciência com respeito ao mundo que existe.
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CAPÍTULO XXVII – O VÉU DO TEMPO
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CAPITULO XXVIII – MANIFESTAÇÃO E PRALAYA
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CAPÍTULO XXIX – EVOLUÇÃO DESDE O ALTO
Tudo o que há aqui em baixo tem a sua contra parte nos planos de cima; é um
aspecto da Realidade, não importa quão velada, até certo ponto, falseada e deformada
pelos véus. Imaginemos a raiz de toda manifestação como ponto básico de uma flor,
digamos um loto, que ainda se formará perfeitamente. Toda a manifestação pode ser
concebida como inumeráveis correntes de força brotando através desse ponto, tecendo-
se e destecendo-se em uma infinidade de maneiras. Assim cria-se um modelo, uma
ordem, um cosmos. A opinião de que a base de toda a manifestação, a base da matéria
que conhecemos, é força, é admissível mesmo de acordo com a ciência moderna. Tudo
da natureza fenomenal é o funcionamento da Energia Divina fluindo em uma infinidade
de ritmos e vibrações. Um átomo é um sistema de forças; todas as formas são criadas
pelo incessante alento de Deus. Qualquer que seja sua aparência, é apenas a criação das
forças que descem em correntes entrelaçadas, pelo seu mútuo ajuste temporal e pelo seu
desajuste.
De maneira que o mundo como é, é uma combinação do que é como que deveria
ser; ou seja, como será no modelo final, e muito do que terá que desfazer-se, reordenar-
se ou amoldar-se de novo. Em meio ao crú, ao bastardo, ao disforme, vemos intimações
de um céu, o céu do pensamento perfeito de Deus. Onde vemos algo completamente
belo, algo que nos transporta fora de nós mesmos seja em cor, ou em som, ou em forma,
ou em suas correspondências em matéria mais sutil, em sentimentos, em imaginação,
em pensamento, aí vemos uma idéia de Deus refletida como em um símbolo, um
indicador da Realidade em um de seus muitos aspectos. Aqui e ali podemos ver não o
trabalho perfeito, mas um esquema, um ensaio imperfeito, ou um fato que será
consumado. Vemos também coisas que repelem, que segundo possamos julgar, são
combinações erradas, má aplicação, matéria fora do seu devido lugar, força
impropriamente aplicada.
O verdadeiro, o bom e o belo são sempre um devido estudo para nós. O
problema do mal e do sofrimento é muito mais difícil de desenrolar.
Primeiro tomemos esses simples caminhos diretos, para o céu das idéias de
Deus, que nascem dos reflexos aqui em baixo, daquelas idéias que percebemos ser
completamente belas e celestiais em sua natureza. Comecemos, por exemplo, com as
fragrâncias puras, como a da rosa, do jasmim e do sândalo. Elas têm uma
correspondência celestial. Nós podemos reproduzir a radiação espiritual, a emanação da
qual uma bela fragrância é a correspondência ou a contra parte? Podemos, pelo menos,
por meio da imaginação sentir a natureza da classe de estímulo ou influência, que uma
fragrância particular produz em nós. Cada adepto, que por sua própria decisão tem
vivificado sua natureza material com sua natureza espiritual, tem sua fragrância
particular, não porque a seleciona, como uma mulher moderna elege uma para seus
propósitos, mas sim porque é uma manifestação de seu poder, – como podemos
perceber por meio de um de nossos sentidos, aquele que é talvez afetado mais
facilmente que os outros.
Cada um tem certos sentidos que traduzem o que chamamos sensações; efeitos
vibratórios de um estímulo particular. Não é inconcebível, que a escala de nossa reação,
mesmo a reação física, provavelmente, amplie-se a seu devido tempo, uma vez que,
existem diferentes potencialidades de impressões sensoriais, as quais, conhecemos por
meio de órgãos que não estão desenvolvidos no presente; que podem ser entendidos
como novos elos, com os quais nem sonhamos no presente, entre o mundo objetivo e o
subjetivo.
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Nosso desenvolvimento depende por um lado, de aumentar as sutis variantes de
nossos sentimentos, e por outro, da nossa habilidade em construir novos tipos de formas
em nossas mentes e em aprender o significado de forma, som e cor, que nos meios
particulares são traduções de sentimento e pensamento.
Que o pensamento é infinito, é fácil de compreender. Toda a natureza, na sua
parte tangível e na intangível, é uma expressão do Pensamento Divino, é a arquitetura
que é música sólida. Compreender o significado e música de cada frase nos volumes da
natureza requer interminável estudo. Mas a arquitetura e a música não tem só um ponto
de vista intelectual, mas também de emocional e espiritual. Todas as coisas vibram e
todas as formas são formas de efeito vibratório. Cada uma tem uma mensagem. Cada
pequena onda do ilimitado oceano de vida tem uma história a contar. Quando cada
vibração da matéria ou força é traduzida ou transmutada em pensamento, em
sentimento, em sensações subjetivas e singulares que não têm descrição possível, entra
o divino no homem; o Infinito nesta expressão finita, que é a verdadeira individualidade
de cada homem.
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CAPITULO XXX – O PLANO DE DEUS
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CAPITULO XXXI – DO CENTRO À CIRCUNFERÊNCIA
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unificadora e vital. Porém, nos dá uma idéia do que acontece no ciclo de regresso, que é
diferente do ciclo de saída.
A contra parte de integração é criação: a emergência de uma nova idéia. Cada
idéia perfeita, cada perfeita percepção, é uma individualidade. A essência dessa
individualidade é sua totalidade, seu conteúdo e seu absolutismo. As criações de nosso
ser subjetivo são as individualidades que levam a marca e selo de perfeição que falam
nesse ser, e essa perfeição é esse ser. Desde o centro à circunferência está este impulso
radiante que se incorpora num ato perfeito, em uma criação, em uma forma ou em outra.
Nos referimos ao Espírito Divino como o Espírito Criativo, e o homem que encontrou
seu centro e atua desde aí, também pode criar.
Todo sentido da beleza é criado por uma complementação em relações, que é
mais completa e compreensiva, se analisadas entre mais e mais partes, estendendo-se
numa expansão que não é aparente a primeira simples, inclusiva ou integral vista. Não é
esta mera análise, ou diferenciação, a infinita emergência de espécies, individualidades
e subespécies, na objetiva evolução, que estamos estudando?
O mundo é a circunferência. No coração do homem está o centro. Ele tem que
estabelecer uma relação viva entre os dois. Esta relação é comparativamente estática
quando a circunferência é estreita e o homem é o centro de seu pequeno círculo. Torna-
se infinitamente dinâmica, à medida que, a circunferência vai incluindo todas as coisas e
seu centro se unifica com o centro do círculo da existência universal. A forma é
relativamente estática e todas as formas estão na circunferência. A vida é dinâmica e o
centro é o centro de vida. De modo que, a relação do centro à circunferência é uma
relação dinâmica, uma vez que, o centro é tocado pela consciência em movimento,
desde a circunferência.
Normalmente, chama-se homem dinâmico a alguém que procura mudar as
pessoas e as coisas, sem mudar-se a si mesmo; mas do ponto de vista do ocultismo ou
da verdade, esta mudança deve começar consigo mesmo; e há de durar. Esta mudança
será uma revolução contínua. Uma vez que, tudo o que aconteceu até agora é uma
involução, que inversamente, significará nossa liberação de cada uma das forças
colhidas nesta involução. O processo de imanência é um lado, e o processo de
transcendência, que é liberação, que é o descobrimento de si mesmo, é o outro lado do
ciclo.
Da circunferência ao centro está a reação de cada um às circunstâncias de sua
vida. Quando a reação é direta passa através do centro, o qual, é o próprio coração de
seu ser.
No Bhagavad Gita a virtude da igualdade para tudo é, especialmente, ressaltada.
Esta é a relação do centro à circunferência. Igual em honra e ignomínia, com amigo ou
inimigo, em êxito ou derrota; é a descrição que faz Shri Krishna do homem que
alcançou, do devoto ou místico que é o mais amado por ele. Esta uniformidade não
surge da indiferença nem da falta de sensibilidade, senão que, deve-se a um desapego
interior e uma sensibilidade envolvente. Experimentar tudo, seja prazer ou dor, sem
busca-los, e não temer a repetição dessa experiência, é a atitude do yogui. Esta atitude é
muito difícil de alcançar. Mas se não podemos ser uniformes nas nossas reações,
podemos procurar ser equilibrados. Alguém pode ser igual com os chamados amigos ou
inimigos, porque o divino está em todos nós. Nossas contendas, mesmo os pleitos, são
só na superfície onde tudo está colocado de maneiras contrárias. Mas no fundo todos
temos a mesma vida e temos a capacidade de alcançar e manter uma atitude de boa
vontade universal. É possível considerar a todos os seres humanos, sejam ricos ou
pobres, inteligentes ou simples, como nossos iguais, fundamentalmente. Há uma
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igualdade natural que se faz notar no trato entre crianças, embora infelizmente, perdem-
na muito rápido.
Quando levamos a natureza do centro à circunferência, onde quer que
toque, em seus pontos, há amor. Sutilmente, sente-se que o outro é si mesmo e
simultaneamente diferente; se mesmo na aparência de uma beleza até aqui ignorada,
exalando um novo e ignorado perfume. A fricção das diferenças eletrifica, dá luz ao
sentido de unidade, cuja eletricidade, cujo fogo, parece transformar a natureza das
diferenças que percebemos, produzindo assim uma versão, onde, descobrindo um
aspecto que esteve aí sempre, porém, sem manifestar-se à comparativa insensibilidade
de nossa absorção na familiaridade do conhecido.
Nossa humanidade chegou a etapa de estar pronta para ser integrada política e
socialmente. A diferenciação entre raças e culturas tem ido muito longe para que agora
se possa começar a efetuar uma união entre elas. As condições físicas para essa união
foram trazidas à existência pela operação do princípio da mente, em seu aspecto
cientifico e objetivo. Essa união tipificará a manifestação do outro aspecto, a mente
superior.
A Filosofia à Maneira Clássica existe para ajudar esse processo porque sua
influência é unificadora. A irmandade que ela proclama implica a afirmação simultânea
de unidade e diferença, mas também implica que as diferenças têm seus lugares e
necessitam ser compreendidas e sabiamente manejadas. A cada um de acordo com suas
necessidades, e de cada um segundo sua capacidade, é o princípio de família. A
Filosofia à Maneira Clássica busca, também, chegar a síntese do campo do pensamento,
através do estudo comparativo e do descobrimento da identidade do princípio da alma
do homem para promover a unidade humana.
A influência da Filosofia à Maneira Clássica emana do centro, porque é a
sabedoria espiritual. Seu efeito é o de aproximar os homens, que é o movimento da
circunferência para o centro.
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CAPITULO XXXII – BELEZA E ARTE
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O selvagem, que tem pouca experiência, pode aclamar algo que é cru,
barulhento, e estrondoso, como seu objeto de prazer. Mas gradualmente, ao ir
evoluindo, nossa percepção vai se refinando e podemos separar os que são verdadeiros
valores de arte, entre outras coisas, dos que são falsos.
Não há autoridade na arte, porque a apreciação deve nascer natural e
espontaneamente. Uma autoridade aceita pelo público pode ser uma autoridade falsa. A
frase “república de letras – arte” contém a verdade de que a arte tem que estar livres de
imposições. No entanto, embora não possa existir definição de retidão, seu sentido
cresce gradualmente. O que apela a mais profunda consciência do homem, onde se
encontra a possibilidade da mais perfeita e compreensiva síntese, é o que sobreviverá
inevitavelmente. Outros gostos, outras idéias, deve passar e ser ultrapassadas.
A arte nem sempre é sinônimo de beleza, pois ela pode ser superficial, pode ser
um truque, pode ser só técnica. Do ponto de vista filosófico, a arte não pode ser apenas
um meio. Os meios estão relacionados com os fins. Não há beleza em uma chamada
obra de arte que produz um efeito psicológico que está longe de ser belo. Pode
representar destreza e recurso mental que pertence ao arco descendente da vida do ciclo,
enquanto estamos diferenciando.
A arte é mais bela, mais efetiva, quando a forma é subordinada a vida, onde o
mínimo de material é empregado com um máximo de efeito, onde cada detalhe é
desenhado para promover ou expressar a idéia interior.
Pode-se ver esse desenho em objetos naturais em um pássaro ou em um peixe,
em muitas outras formas orgânicas. A Vida do Ser cria os órgãos necessários para a
conquista do elemento no qual entra. E quanto mais entra no elemento ou meio, maior é
seu poder de expressão que, na ação é capacidade de revelação de sua própria natureza,
que é beleza. Então Beleza e Aptidão, Capacidade e Utilidade caminham unidas,
crescem juntas. Esta combinação se tornará mais e mais evidente, à medida que, a
evolução vai progredindo.
Poder significa liberdade. Beleza é igualmente liberdade ou liberação. Toda
manifestação deve ser em certa forma. Mas a forma é uma limitação. Uma sucessão de
sons que tenta produzir um som particular deve excluir a qualquer outro som. Limitação
significa uma rédea para a vida nessa forma. Mas quando a forma se torna bela, ajuda a
vida manifestar sua natureza, e assim, é seu propósito atingido. Só o alcançar beleza
perfeita de pensamento e de ação, completa e realiza, por si mesmo, o propósito de
manifestação da natureza da vida.
O sentido de beleza está na percepção de uma relação no espaço, no tempo, ou
em ambos. Não está no material ou nem mesmo no objeto, embora a identificamos na
relação com o objeto. Aquele que é mais sensível na relação, o artista, é aquele que a
contempla mais claramente desapegado da substância em que se reflete. Torna-se para
ele uma abstração, uma idéia.
Esta idéia é percebida como bela pois incorpora uma lei. Em sua legalidade está
a essência de sua beleza. Um se torna muitos. Mas muitos chegam com o tempo e de
diferentes direções ou por diferentes raios desde o centro comum. Daí as inumeráveis
diferenças. Mas há uma relação entre a unidade e a multiplicidade, que é lei no abstrato,
as leis da Natureza ou de Deus. São estas leis as que são grandes generalizações, as que
enlaçam fatos particulares e fenomenais, que são a causa da ordem. Quando somos
afetados por essa lei ou por uma das leis, que se encontram em uma coisa bela, dizemos
que é bela.
Nossa consciência pode ser afetada por estas leis porque seu mecanismo é tal
que é suscetível de ser afetada por elas. Conhecemos muito pouco desse mecanismo.
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Aquelas leis que são leis do universo são também as leis de nosso ser, porque o homem
é em sua pura natureza um reflexo de Deus.
Todas as artes devem incorporar-se as mesmas leis, se são belas artes. Daí vem a
unidade de corações. Os princípios que apelam as nossas mentes devem ser os mesmos.
É a mesma consciência a que é afetada de diferentes maneiras pelas diferentes artes. A
forma como são afetadas é uma indicação de sua unidade.
A consciência é tão elástica que pode ser modelada rápida e facilmente. É Por
isso, que nem sempre vamos apreciando ou julgando as coisas, por meio de uma
consciência que não esteja condicionada. É nessa consciência onde reside as qualidades
da divina natureza e o poder de responder as suas belas manifestações. Aí está o
verdadeiro juiz, o incorruptível juiz, da natureza do objeto que lhe é apresentado como
arte, se é belo ou não, se é ou não legal de acordo às leis de Deus. A apelação da arte é a
intuição no homem, que é sintética em sua natureza e atua espontaneamente, ou seja,
não tolera ditadura.
A arte sem beleza é só pretensão. A arte não é a produção de um efeito, não é
artificial.
Quanto maior for o círculo de consciência e compreensão, maior será o número
de pontos distinguidos, marcando seu limite. A cada ampliação do círculo, maior se
torna a claridade de cada idéia individual, constituindo o céu do pensamento divino, a
ilimitada expansão da inteligência natural (Chidâkâsha). Quando mais claro for o ponto
de percepção, mais agudo é o peixe que pode se transfigurar no manifestante plano de
formas e materializações. Cada uma dessas transfigurações de uma idéia, Divina ou
etérea, é a criação de uma obra mestra pela qual a idéia é revelada ou descoberta. De
maneira que a arte é o brotar de idéias do céu aparentemente vazio, mas no entanto
esplendorosamente iluminado, em formas que aprisionam, mas apenas para manifestar
estas idéias.
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