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O processo é longo e pode envolver entrevista, dinâmica de grupo, cursos,

estágio supervisionado, prova de conhecimentos gerais e formatura no


final. Em muitos casos, quem falta é eliminado. A maratona, quem diria,
não é para conseguir um emprego ou uma bolsa de estudos: é para fazer
trabalho voluntário. Se antes bastava querer para doar seu tempo em prol
de crianças pobres, pessoas doentes, deficientes ou das florestas do
planeta, hoje não é bem assim. As ONGs estão profissionalizando o
recrutamento de voluntários, promovendo seleções e cursos de
capacitação que podem durar quase um ano. Os motivos para a mudança
são muitos. A necessidade de preparar o voluntário para lidar com a
metodologia da ONG, com o público atendido e com o ambiente de
atuação é um deles. Outras razões são a tentativa de torná-lo mais
comprometido - "um voluntário descompromissado e despreparado mais
atrapalha do que ajuda", dizem alguns - e a inevitabilidade de ter que
selecionar diante de uma procura maior do que a demanda. Para Sílvia
Naccache, coordenadora do CVSP (Centro de Voluntariado de São Paulo),
trata-se de uma tendência, principalmente nas ONGs de São Paulo. "As
pessoas vinham cheias de boa vontade, mas queriam fazer do jeito delas,
a qualquer hora." Cerca de um quinto dos 500 inscritos ficam até o final.
"Na primeira palestra, o número já diminui pela metade. As pessoas têm o
desejo genuíno de ajudar, mas, quando se exige dedicação, muitas
desistem", afirma Valdir Cimino, presidente da associação. Nos
treinamento, há respostas a questões com: E se uma criança no hospital
pedir água? Você deve dar? Pois um voluntário que fez isso atrapalhou o
jejum para um exame. Se ela quiser saber sobre a doença? Não, o papel é
dos médicos. Enfim, não basta um exército de pessoas com boa vontade
que não saibam lidar com situações tão delicadas.

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