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Mindelo, 2019
UNIVERSIDADE DO MINDELO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, JURÍDICAS E SOCIAIS
Título da Monografia:
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL
VERSUS
COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Mindelo, 2019
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrónico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Declaração de Originalidade
O Candidato,
RESUMO
iv
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
ABSTRACT
This scientific investigation stems from the premise that in representative democracies
for a candidate to achieve, convince and gather the highest number of voters, it is
fundamental that electoral political communication strategies are configured through
television, being that this medium has an important role in the political campaigns.
Understanding the dichotomy between political communication during elections and the
televised media coverage regarding the candidacy of Albertino Graça during the
presidential election of 2016 in Cape Verde represents the big focus of this project. With
that in mind, fundamental confrontations regarding the means of direct communication
and through media took place based on scientific literature, official documents and current
legal predispositions within the country, complementing it with two structured interviews.
Combining the qualitative and quantitative methodologies with particular focus on meta-
performance analysis, an integral comparative study of content and performance between
electoral propaganda time on television and the campaign diaries from the Televisão de
Cabo Verde was made, allusive to the same candidacy. By and large, such procedures
made possible to extract decisive results to set in motion the perception of the
phenomenon, with the diagnostic revealing a tendency for the political language to adapt
the television logic. Furthermore, crossed references within the audiovisual spectrum
show an abundance of the divergences to the decoded degree of the dichotomy, indicating
discrepancy in the agenda-setting and in the framing in contrast with similarities in the
tone of the message broadcasted to the Cape Verdean voters.
v
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
DEDICATÓRIA
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
AGRADECIMENTOS
Ao Doutor Rui Novais pelo privilégio da sua orientação, colocando os seus saberes
sempre à disposição para que este trabalho prosseguisse com eficiência, serenidade e
sublimidade.
Aos familiares por semear em mim o sentido fundamental pela busca ao conhecimento e
por ser guia determinante à esta etapa da minha vida.
Aos ilustres docentes do curso de Ciência Política e Relações Internacionais pela amizade
e pelos ensinamentos que me permitissem viabilizar o sentido de contestar situações e
propor novas formas de trilhar melhores caminhos.
Aos jornalistas da Televisão de Cabo Verde, em especial ao Odair Santos, pela atenção e
pela disponibilidade em partilhar conhecimentos, conceder entrevistas e facultar
informações importantes para a elaboração deste trabalho.
Enfim, os apoios recebidos foram imprescindíveis para este culminar de toda uma longa
e satisfatória trilha de licenciatura.
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
ÍNDICE GERAL
RESUMO ................................................................................................................... iv
ABSTRACT ................................................................................................................ v
DEDICATÓRIA......................................................................................................... vi
AGRADECIMENTOS .............................................................................................. vii
ÍNDICE DE QUADROS ............................................................................................ xi
ÍNDICE DE GRÁFICOS .......................................................................................... xii
GLOSSÁRIO DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................... xiii
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
Objetivos ................................................................................................................... 2
Hipóteses................................................................................................................... 2
ix
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 57
Legislações Consultadas .......................................................................................... 60
Webgrafia................................................................................................................ 61
x
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
ÍNDICE DE QUADROS
xi
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ÍNDICE DE GRÁFICOS
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
AG – Albertino Graça
ARC – Autoridade Reguladora para a Comunicação Social em Cabo Verde
BO – Boletim Oficial
CAG – Candidatura de Albertino Graça
CE – Código Eleitoral de Cabo Verde
CMRB – Câmara Municipal da Ribeira Brava
CNE – Comissão Nacional de Eleições
CRCV – Constituição da República de Cabo Verde
DC – Diários de Campanha da Televisão de Cabo Verde
ENAPOR – Empresa Nacional de Administração dos Portos
ETCP – Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos
IESIG – Instituto de Estudos Superiores Isidoro da Graça
JCF – Jorge Carlos Fonseca
MPA – Meta-Performance Analysis
MpD – Movimento para Democracia
NNV – Naufrágio do Navio Vicente
OD – Orlando Delgado
PAICV – Partido Africano da Independência de Cabo Verde
PTS – Partido do Trabalho e da Solidariedade
RB – Ribeira Bote
RCV – Rádio de Cabo Verde
RTC – Rádio Televisão Cabo-verdiana
SV – São Vicente
TA – Tempos de Antena de Albertino Graça
TCV – Televisão de Cabo Verde
TNCV – Televisão Nacional de Cabo Verde
TVEC – Televisão Experimental de Cabo Verde
UCID – União Cabo-verdiana Independente e Democrática
UCS – Ulisses Correia e Silva
Vs. – Versus
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
INTRODUÇÃO
São vários os estudos que indicam que as estratégias de comunicação política eleitoral
vêm sendo cada vez mais moldadas para que os conteúdos das narrativas sejam
transmitidos na televisão, quer nas vias produzidas diretamente pelas candidaturas, quer
nas derivadas pelas intermediações jornalísticas.
Neste processo, as bases da angariação do voto são influenciadas em grande medida pela
comunicação (persuasiva–informativa) transmitida na televisão pública, tanto pelo
compromisso estatal de prestação de serviço para com a audiência eleitoral, como pelo
dever cívico associado na intermediação pública dos decursos políticos (Calado, 2016, p.
35).
1
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Objetivos
Esta pesquisa tem como Objetivo Geral: Perceber a dicotomia compreendida entre a
comunicação política eleitoral e a cobertura mediática televisiva relativamente à
candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde.
iii – Obter uma perspetiva completa dos resultados cruzados específicos da dicotomia em
termos do agenda-setting, do framing e das índoles das mensagens transmitidas.
Hipóteses
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Procedimentos Metodológicos
Como ponto de partida para o desenvolvimento deste trabalho, foram feitas pesquisas
exploratórias de bibliografias originárias de autores referenciados na matéria e com
angulações conceptuais que permitem enriquecer o conhecimento à volta do fenómeno
em estudo.
1
Biblioteca – Mediateca – Arquivo da Universidade do Mindelo; Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
da Universidade de São Paulo; Sistema de Bibliotecas da Unicamp; Biblioteca On-line de Ciências da
Comunicação; Portal do Conhecimento de Cabo Verde; Google Livros; Repositórios Científicos de Acesso
Aberto de Portugal; RepositóriUM; Scientific Electronic Library Online; Scientific Periodicals Electronic
Library.
2
Importa esclarecer que a campanha das Presidenciais 2016 em Cabo Verde decorreu oficialmente entre
15 a 30 de setembro, mas que no entanto foi suspensa por iniciativa da campanha de Albertino Graça nos
dias 16 e 17 devido ao falecimento do antigo Presidente da República, António Manuel Mascarenhas
Monteiro.
3
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
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O sentido real de cada frase foi equacionado consoante tonalidade, contextualização e reunião das
expressões a si envolvidas, estabelecendo a unidade categorizável em cada variável analítica.
4
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
A fim de aferir de forma mais rigorosa o conteúdo emitido durante a campanha, procedeu-
se à segunda abordagem, mais precisamente ao escrutínio qualitativo através da meta-
performance analysis (Novais, 2007, 2009, 2010) – uma estratégia eclética que consiste
numa abordagem flexível e multidisciplinar para o estudo do desempenho do conteúdo
mediático. Neste caso, aplicado ao material audiovisual relativo à campanha: quer o
produzido pela candidatura, quer o de génese jornalística.
Para poder realizar uma análise coerente e que permita obter dados aplicáveis
a outros estudos, e responder à questão previamente colocada, é necessário
identificar variáveis de análise categorizáveis e universais. Tal como refere o
termo, ao serem ‘categorizáveis’, são suscetíveis de ser incluídos em
categorias, o que facilitará o agrupamento dos dados recolhidos na observação.
A nível dos Temas que constam na Descrição dos Eventos são implicitamente percebidos
como assuntos abordados pelas fontes. No início, contabilizou-se a frequência de
4
Termo também conhecido por ‘Enquadramentos’ ou no original por Framing.
5
Ilustrado no quadro 3: Exposição das Fontes – TA vs. DC.
5
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ocorrências em cada dia de campanha e nesse meio tempo os temas foram explicitamente
organizados e associados por semelhança para auxiliar os registos e as equiparações.
Exemplificando: quatro temas de natureza social abordados por AG nos DC: ‘Resolução
dos problemas do Maio’; ‘Resolução dos problemas sociais’; ‘Criação de um programa
social’; e ‘Solução para os problemas da juventude’ foram agrupados num único tema:
‘Resolução de problemas sociais’ e registados quatro frequências.6 Finalmente, foram
categorizados nos Três Grandes Conjuntos de Temas: Sobre Albertino Graça; Sobre
Outros Candidatos; e Sobre Assuntos Neutros, para revelar as proporcionalidades do foco
temático de cada vertente de comunicação.
A primeira das molduras, Horse race7, segundo Novais e Maocha, (2019, p. 9):
6
Ilustrado no quadro 5: Exposição dos Temas – TA vs. DC.
7
Termo conhecido também por ‘Corrida de cavalos’ na sua forma traduzida.
6
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Quanto às Índoles, nas Positivas foram categorizadas expressões que transmitem tons e
“sentimentos de esperança e alegria para o leitor” (Cruz, 2011, p. 41). Por exemplo, no
último TA, Júlio Correia como testemunho de apoio de AG proferiu a frase: “E tenho a
convicção que é o voto certo e na pessoa certa e nesta hora certa”.
7
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
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União Cabo-verdiana Independente e Democrática
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Tanto as categorizações nas variáveis analíticas como as equiparações entre vias de comunicação nos
quadros e nos gráficos procederam exclusivamente com recurso ao Excel 2013. E mais, o texto foi redigido
respeitando o Manual de Elaboração de Trabalhos Científicos da Universidade do Mindelo, com recurso
ao Word 2013. As estruturas das referências bibliográficas foram aplicadas seguindo o método de Harvard.
10
Fica claro que, uma vez que as duas vias de comunicação eleitoral se apropriam naturezas, especificidades
e finalidades próprias, o desígnio lógico da pesquisa não é restringir sobre como cada vertente deveria ou
não suceder mas sim como a comunicação política eleitoral de Albertino Graça procedeu com a via direta
de propaganda eleitoral em comparação com a via intermediada de informação eleitoral derivada da
cobertura mediática da TCV, decifrando encontros e desencontros da dicotomia.
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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Mais adiante, Gil (2011, cit. in Gomes et al., 2016, p. 315) acrescenta que:
Boni e Quaresma (2005, p. 74) complementam que “as questões podem ser enviadas aos
informantes através do correio ou de um portador” e “quando isso acontece deve-se enviar
uma nota explicando a natureza da pesquisa”.
Por seu turno, no segundo seguir-se-á uma discussão em torno das máximas teóricas
relativas à cobertura mediática para melhor entender os efeitos essenciais na comunicação
política eleitoral com destaque à centralidade da televisão nas campanhas eleitorais onde
se realça os diários de campanha nos noticiários.
Desta feita, o terceiro capítulo já presta atenção ao panorama das Presidenciais 2016 em
Cabo Verde, partindo das predisposições da Lei Suprema relativas à eleição e às
competências presidenciais. Ao se alicerçar em documentos oficiais com todo um quadro
legal vigente no país e ainda em informações complementares das entrevistas, esta fase
pressupõe a compreensão quer das especificidades do caso da candidatura de Albertino
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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Graça com os tempos de antena enquadrados, quer das particularidades com a cobertura
mediática da TCV que ocasionam os diários de campanha sobre o candidato.
Finalmente, o último capítulo vai dedicar uma profunda análise dos resultados integrais
das categorizações do conteúdo e desempenho das duas vias comparadas: tempos de
antena de Albertino Graça vs. diários de campanha da TCV, com base nos parâmetros da
meta-performance analysis. Assim, possibilitar-se-á sistematizar cruzamentos entre as
constatações reveladas, as variáveis analíticas e os dias de campanha, e ainda decifrar
convergências e divergências da dicotomia.
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Apesar de termos que encarar a comunicação política como tema central, não
podemos esquecer que muitos outros tópicos estão com ela relacionados como
a informação política e as novas tecnologias da comunicação e que estes
assumem um papel de extrema relevância (Midões, 2008, p. 2).
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por via presencial ficou como recurso ultrapassado, dando lugar a todo um “sistema de
multimeios” (Rebello, 1996, p. 24). Por outro lado:
Fruto de todo este processo, o diagnóstico de Flávia Azevedo (2007, p. 21) elucida que
hoje “a comunicação política se refere a elementos como: as mensagens políticas como
objeto de estudo, as potencialidades da política na arena mediática”, bem como “o uso da
comunicação enquanto estratégia política nos partidos políticos”.
Está-se perante a era da civilização da imagem política a qual revela intenção clara de
reproduzir os fragmentos do jogo político em compromisso com a comunicação
audiovisual “que obedece às leis que regem o sistema dos multimeios no país” (Rebello,
1996, p. 24).
É por isso que, na sua tese de doutoramento sobre a “tríade complexa” entre media,
política e opinião, Antónia Barriga (2007, p. 99) defende que “é preciso ver na
comunicação política a maneira moderna de fazer política e considera-la uma atividade
legítima” sublinhando que “não existe política sem legitimidade, e não há legitimidade
sem comunicação” tendo em conta que “uma e outra se situam no campo das
representações simbólicas e relevam da crença”.
pela formação da opinião pública” (Silva e Marques, 2009, p. 46). E desta compreensão,
a comunicação política é operacionalizada quer seja a partir da “admissão que há uma
certa atividade política na comunicação e uma certa atividade comunicativa na política”
(Barriga, 2007, p. 99), quer seja da “base para a locomoção dos fluxos de interesse e poder
no sistema político e deste para a sociedade” (Azevedo, 2007, p. 28).
E esta adaptação exige que a estratégia de persuasão eleitoral “não sobrevive sem o íntimo
diálogo com as modernas tecnologias” numa época em que os media e “as táticas do
marketing político espelham novos recursos para o confronto dos candidatos” (Rebello,
1996, p. 23).
Segundo Figueiredo et al. (1997, p. 186), conforme explícito no estudo sobre estratégias
de persuasão eleitoral:
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Neste sentido, para efluir a comunicação política eleitoral e seduzir o seu eleitorado
potencial, o candidato necessita de duas vertentes fundamentais de comunicação
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A comunicação política eleitoral por via direta é a que permite ao candidato comunicar
diretamente com os eleitores apenas utilizando o meio de comunicação, por exemplo “as
ferramentas online que permitem a interação direta entre eleitores e candidatos – ou o seu
staff” como Facebook, websites, Youtube, email dos candidatos, ou as vertentes essenciais
de campanha como os tempos de antena no espaço de Direito de Antena em Portugal ou
os Horários Gratuitos de Propaganda Eleitoral no Brasil (Salgado, 2012, p. 234). Quer
isto relevar que:
Não obstante à sua relevância nas estratégias de comunicação política eleitoral, como é
perfilhada e explanada mais adiante nesta investigação, “a cobertura editorial e noticiosa,
contudo, não garante que as mensagens” dos candidatos “cheguem, como pretendido, ao
eleitorado” e daí a necessidade de complementar a estratégia “em comunicar, na televisão,
diretamente com o eleitorado, sem intermediação jornalística” (Aguiar, 2010, p. 11), a
saber na íntegra: os tempos de antena eleitorais.
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Para Aguiar (2010, p. 39), entram em cena como a via essencial para os candidatos
transmitirem as suas mensagens políticas de forma “direta e integral” aos eleitores, ou
seja, sem interferências de outrem à volta do conteúdo.
Já o autor Guilherme Oliveira (2010, p. 36) realça que “é um espaço de relativa liberdade
de construção da imagem pública” por parte do candidato, contudo sem deixar de ser
“obedecidos os critérios que são regulamentados pela Lei Eleitoral do país”.
Limeira e Maia (2010, p. 50) acrescentam duas potencialidades dos tempos de antena:
por um lado esta via é concebida “como fonte importante de informação na medida em
que aumenta a exposição dos políticos na mídia e oferece informações mais assimiláveis”
e por outro “também oferece argumentos para o eleitor defender sua atitude sobre o voto
nas conversas do dia-a-dia, onde as opiniões se cristalizam”.
Para Daniel Medina (2006, p. 26), estes spots audiovisuais de propaganda eleitoral
tendem a ser como nas publicidades comerciais, em que se visa promover o produto e os
seus benefícios até com um simples slogan para permanecer na conceção do cliente.
11
Uma das variáveis analíticas equacionadas nesta investigação.
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É esse campo que atrairá, cada vez mais, o foco das atenções por parte dos
administradores de campanhas políticas, assim como o foco dos investimentos
– tanto de recursos financeiros como de tempo nas ações que poderão
diferenciar um candidato de seus adversários.
Por sua vez, esta via permite aos candidatos transmitir a mensagem com intermediação
jornalística nos órgãos de comunicação e informação de massa, como rádio, televisão e
imprensa escrita (Salgado, 2012, p. 234). Por um lado a via intermediada restringe a
intendência da candidatura sobre o conteúdo final produzido, mas por outro permite
alcançar as grandes audiências da plataforma com o “cunho de veracidade” do trabalho
jornalístico, passando a propaganda integral do candidato à informação eleitoral. 12 Quer
12
Idem, ibidem.
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isto dizer que enquanto a comunicação direta permite ao candidato transmitir a sua
mensagem livre e eficientemente em termos de formalidades e de conteúdo de
propaganda eleitoral (Aguiar, 2010, p. 53), já a comunicação intermediada pela cobertura
mediática “implica uma maior intervenção sobre a mensagem” por parte dos jornalistas
(Salgado, 2003, p. 3),
No seu estudo sobre campanhas eleitorais e cobertura mediática, Susana Salgado (2012,
p. 249) conclui que os candidatos precisam da comunicação por via intermediada “porque
o eleitorado espera que os jornais, a televisão e a rádio lhes forneçam informações sobre
a campanha”. Neste âmbito, “os candidatos sabem que a sua presença nos media pode
facilitar a transmissão da sua mensagem” tendo em conta que “o facto de conseguirem
exposição nos media confere-lhes visibilidade” e principalmente “credibilidade à sua
mensagem, através do processo de mediatização”.13
13
Idem (2012, p. 249-250).
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Por isso hoje, a comunicação política eleitoral compreende não só a comunicação direta
dos candidatos mas também a intermediada “pelo jornalismo, pela programação
televisiva e radiofónica, pela publicidade, pelo marketing ou pelas relações públicas”
(Medina, 2006, p. 66). E esta dicotomia de comunicação eleitoral “só se completa quando
entendido como um processo de comunicação política de duas vias” através de “um pacto
fundamentado numa troca de intenções” (Figueiredo et al., 1997, p. 184) candidato–
jornalista.
14
Idem, ibidem.
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Com o passar do tempo, os media afirmaram-se como recurso dos processos políticos
evidenciando o fenómeno da mediatização de forma ativa e regular dos suportes de
comunicação e informação de massa (Carvalho, 2010, p. 35). Tanto assim é que hoje em
dia qualquer decorrência política requer logo cobertura mediática,15 centralizada em
primeiro lugar “no acompanhamento da agenda de campanha dos candidatos, com
prejuízo de um trabalho mais profundo e documentado por parte dos jornalistas” (Caleiro,
2005, p. 331) e em segundo, na produção e organização técnica das peças de notícias
(Calado, 2016, p. 30-31).
Importa ressaltar que em todo este processo, a cobertura mediática televisiva apresenta-
se sobretudo “como uma característica das sociedades democráticas” (Salgado, 2003, p.
4). A sua relevância é sentida principalmente em três domínios: em primeiro lugar, pelo
15
Idem, ibidem.
20
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16
Idem (2012, p. 241).
21
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Os jornalistas, por sua vez, para além de descrever o conteúdo da mensagem originária
da comunicação política eleitoral, vão escolher quais veicular consoante critérios que eles
próprios determinam, desempenhando uma função determinante na construção de
opiniões sobre as candidaturas (Medina, 2006, p. 2).
17
Idem, (2008, p. 7).
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Esta constatação aponta logo à segunda hipótese levantada nesta investigação para
verificação: Os resultados dão conta de coincidência entre as duas vias de comunicação
no que concerne à classificação do foco central dos três grandes conjuntos de temas: a
promoção de Albertino Graça; a despromoção de outros candidatos; e assuntos neutros.
23
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Na sua tese, a autora Maria Caleiro (2005, p. 339) diagnosticou os padrões jornalísticos
na cobertura de eleições presidenciais e os resultados conduziram a constatação que:
No estudo dedicado especialmente aos enquadramentos dos media e política, Mauro Porto
(2002, p. 15) propôs separar dois conceitos: Enquadramentos noticiosos – como padrões
de “ângulo da notícia” dos jornalistas para selecionar, apresentar, enfatizar e relatar os
temas na campanha; Diferente dos enquadramentos interpretativos – referidos como
padrões de juízos morais de atores políticos e/ou sociais para avaliar e interpretar
determinados temas.
Noutro estudo relacionado ao efeito framing, Robert Entman (2004, cit. in Novais e
Martinho, 2011, p. 6) aplicou a metodologia a partir do pressuposto de que o framing
exerce quatro funções: a definição de problemas, o diagnóstico de causas, a sugestão de
soluções e a enunciação de juízos morais. Na mesma linha metodológica, Novais e
Martinho (2011, p. 6) também aplicam o modelo no estudo das molduras do Magalhães
partindo do princípio que elucida sobre:
Daí que este efeito de descrição dos eventos na campanha sustenta a terceira hipótese
levantada ao diagnóstico dos resultados: Relativamente à ordem do predomínio das
quatro molduras, os cruzamentos analíticos revelam desarmonia entre a comunicação de
propaganda eleitoral e a comunicação de informação eleitoral.
18
Idem, ibidem.
24
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Da sua grandeza, a televisão tem sido cada vez mais estudada como o centro dos meios
de comunicação e informação com impactos deformadores na política e no espaço público
(Medina, 2006, p. 1).
19
2001, p. 108.
20
1996, p. 44.
25
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(Ribeiro, 2004, p. 38) pelo que a própria dinâmica entre ação de campanha e comunicação
dos candidatos já implica “a construção de momentos mediáticos, planeados para captar
o interesse da televisão” (Aguiar, 2010, p. 11).
E este ponto já enfatiza a quarta e última hipótese previamente levantada para ser testada
neste estudo: Os dados cruzados entre ambas as vias comunicacionais apontam que a
campanha de Albertino Graça foi predominantemente de índole negativa da descrição
dos eventos.
A notícia pode ser dada pelo mais prestigiado semanário nacional, mas
enquanto a televisão não pegar nessa notícia, ela não é, de facto, considerada
como tendo atingido a sua verdadeira utilidade.21
21
Idem, ibidem.
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A maior parte das perceções políticas que os cidadãos têm do seu país e da sua sociedade
é criada através das informações que obtêm dos noticiários televisivos (Calado, 2016, p.
27), “funcionando estes como uma espécie «selo de garantia» para o público recetor” que
vão construir o modo como se interessam pelas decorrências políticas e pelas informações
nos outros media que têm disponíveis (Salgado, 2003, p. 3)
Assim sendo, os noticiários eleitorais das peças televisivas acabam por se constituir um
fator determinante de “produção de sentido” e até de consciencialização do eleitorado,
onde aumenta a responsabilidade jornalística (Medina, 2006, p. 297) e onde a mensagem
dos candidatos é “mediatizada: Telejornais diários” (Salgado, 2003, p. 2).
Isto é, a duração das peças televisivas é reduzida, pelo que os políticos têm
apenas alguns segundos disponíveis para transmitir a sua mensagem numa
peça televisiva. Essa limitação faz com que o político tenha que se adaptar aos
limites impostos pelo jornalismo televisivo, de forma a não comprometer a
clareza e o conteúdo da mensagem a transmitir (Calado, 2016, p. 24).
22
Idem (2016, p. 33).
27
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
televisiva, porque basta alguns instantes nos diários de campanha “no telejornal para que
um comício passe a ter uma dimensão nacional” (Medina, 2006, p. 102).
Neste ínterim de passagem ao próximo capítulo, Rogério Fernandez (2005, p. XII) que
estudou as campanhas eleitorais anota que “a televisão é o meio de comunicação mais
importante nas eleições para cargos maioritários, como os cargos de presidente”.
28
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Nesta terceira fase do trabalho, releva-se prestar atenção ao panorama do estudo de caso
partindo das predisposições essenciais da Constituição da República de Cabo Verde
(CRCV) elucidativas às eleições e às competências Presidenciais:
23
Nº 1 do artigo 125º.
24
Nº 2 do artigo 125º.
25
Alínea g do nº 1 do artigo 135º.
26
Alínea s do nº 1 do artigo 135º.
27
Alínea c do artigo 136º.
28
Nº 1 do artigo 102º.
29
Artigo 110º.
30
Artigo 111º.
31
Artigo 109º.
32
Nº 1 do artigo 126º.
29
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Nasceu a 2 de outubro de 1959 no bairro Ribeira Bote – ilha de São Vicente, Cabo
Verde.38 Durante adolescência e juventude, engajou-se em diversas ações sociais,
desportivos e culturais.39 Licenciou-se em Engenharia Mecânica na Universidade de
Coimbra em Portugal e de regresso a Cabo Verde trabalhou na Empresa Nacional de
Administração dos Portos (ENAPOR) nas ilhas de São Vicente, São Nicolau e Santiago.40
Exerceu o cargo de Vice-Presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol tendo
passado depois a empreendedor no sector privado com destaque ao Instituto de Estudos
33
Dados oficiais publicados pela CNE no suplemento do Boletim Oficial (BO) n.º 58, I Série, 11/10/2016
– Mapa com o Resultado Total da eleição do Presidente da República realizada no dia 02/10/2016.
34
Relatório de Atividades da CNE 2016 (CNE, 2017, p. 42).
35
Órgão superior da administração eleitoral em Cabo Verde, definido no artigo 10º do CE.
36
Relatório de Atividades da CNE 2016 (CNE, 2017, p. 21).
37
Relatório de Atividades da CNE 2016 (CNE, 2017, p. 182).
38
Dados biográficos provenientes do site oficial da candidatura de Albertino Graça.
39
Ibidem.
40
Ibidem.
30
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Por conseguinte, “vendo que dificilmente” seria “convidado por algum partido para
disputar qualquer eleição e querendo fazer uma carreira política” tendo maior
probabilidade “que seja a solo”, “ao perceber que o PAICV não iria apresentar uma
candidatura própria”,47 então é “neste quadro que surge a ideia da candidatura” às
Presidenciais 2016 como “uma excelente oportunidade política para, uma vez mais,
mostrar” a sua “potencialidade e, agora, a nível nacional” e “dar as pessoas a possibilidade
de votar numa outra perspetiva, outra visão”, pensando “investir uns 10.000 contos e fazer
uma campanha soft”.48
41
Ibidem.
42
Ibidem.
43
Ibidem.
44
Partido Africano da Independência de Cabo Verde
45
Partido do Trabalho e da Solidariedade
46
Idem, ibidem.
47
“O primeiro mérito nesta decisão foi ver com muita antecedência, até do próprio PAICV, que o partido
não iria apresentar candidato” (Albertino Graça, Entrevista: 17.06.19).
48
Idem, ibidem.
31
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Albertino Graça (Entrevista: 17.06.19) revela que “a maior limitação foi a falta de
estrutura de apoio no terreno”, sendo que “numa candidatura presidencial que é individual
é fundamental o apoio partidário” e que “praticamente não há tempo para se criar uma
estrutura para o terreno”. “Contava que pelo menos em São Vicente conseguisse montar
uma estrutura para o terreno, mas” não conseguiu, tendo em conta que “as pessoas
estavam cansadas e desmotivas com duas campanhas esforçadas e com duas derrotas
retumbantes”. “Em contrapartida havia duas forças políticas fortes e moralizadas no
terreno dia após dia” relativamente ao seu principal adversário Jorge Carlos Fonseca que
“tinha o MpD, a UCID e o Augusto”50 (Presidente da Câmara Municipal de São Vicente).
Revela também que “as deslocações às ilhas foram muito difíceis”, conseguindo “alguma
coisa” em “Fogo, Brava, Praia, Tarrafal de Santiago, São Nicolau, Sal, Santo Antão e
Maio”, com contingências de “alojamento nas ilhas e principalmente na Praia (Base)”.51
49
Dados originários do 1º tempo de antena de AG – 15 de setembro de 2016.
50
Idem, ibidem.
51
Idem, ibidem.
52
Ibidem.
32
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
A saber como uma das duas vias de comunicação analisadas neste trabalho, os Tempos
de Antena de Albertino Graça emitidos na televisão pública são referidos para os efeitos
previstos nesta investigação científica como os spots audiovisuais de propaganda eleitoral
53
Relatório de Atividades da CNE 2016 (CNE, 2017, p. 183).
54
Nº 4 do artigo 58º da Constituição da República de Cabo Verde.
55
Artigo 63º da Lei da Televisão em Cabo Verde.
56
Guia do Cidadão Eleitor (2015, p. 54).
57
Nº 3 do artigo 65º da Lei da Televisão em Cabo Verde.
33
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Nasceu em 1984 como Televisão Experimental de Cabo Verde (TVEC) (Évora, 2005, p.
5). Numa conjuntura limitada, evoluiu-se para o estatuto de Televisão Nacional de Cabo
Verde (TNCV).59 Depois de um processo de convergência com a rádio, vincou-se como
RTC (Évora, 2005, p. 5).60 As duas estações públicas continuem com uma gestão
administrativa conjunta, todavia com designações distintas: Televisão de Cabo Verde e
Rádio de Cabo Verde (RCV) sendo o maior grupo de comunicação social e empregador
dos media no país (Moreno, 2015, p. 8).
No que respeita aos atuais critérios legais de agenda e serviço mediáticos, os jornalistas
da TCV devem manter uma conduta equidistante e crítica perante as formas de interesse
e poder, evitando preconceito, ressentimento e hostilidade.61 No desempenho da
profissão, devem ter “uma atitude pedagógica em relação aos atores e clarificar as regras
de cobertura jornalística”.62 A classe jornalística goza ainda de estatuto próprio com
direitos e deveres sobre incompatibilidades, sanções e título de jornalista profissional. 63
Entre as funções do jornalista, o estatuto predispõe: Recolher, selecionar, preparar,
coordenar, tratar e reportar toda a matéria a ser divulgada na comunicação social através
de textos, sons e imagens, bem como a organização técnica dos serviços referidos.64
58
Convém esclarecer que os tempos de antena de AG tanto foram transmitidos na TCV no espaço de direito
de antena reservado por lei como também foram publicados na página do Facebook oficial do candidato
durante o período de campanha eleitoral.
59
Idem, ibidem.
60
Idem, ibidem.
61
Estatuto Editorial TCV (2016, p. 3).
62
Nº 7 do Código de Conduta para os Processos Eleitorais.
63
Artigo 23º da Lei da Comunicação Social.
64
Nº 2 do artigo 3º do Estatuto do Jornalista.
34
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
os candidatos tiveram acesso e tratamento iguais baseando nos artigos 114º, 115º e 116º
do CE,65 o que reitera o destaque da CNE.
v – Cada reportagem deve conter no mínimo dois (2) e no máximo, quatro (4) VTs66, não
devendo o tempo total dos mesmos ultrapassar um minuto (01’00’’). O restante um
minuto é destinado ao texto. A estrutura e a criação noticiosa ficam, entretanto, ao critério
do jornalista;
vi – As peças não devem conter vivos do jornalista nem no início, nem no meio e nem no
fim. Isto para evitar reclamações (das candidaturas) de que se está a roubar-lhes tempo;
65
Dados do Relatório da Cobertura Jornalística das Eleições Presidenciais de 2 de outubro (ARC, 2016,
p. 18).
66
Formato Video Title Set (Conjunto de títulos de vídeo).
35
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
viii – Não esquecer nunca do som ambiente. É peça chave de todas as reportagens;
Para tanto, como revela o próprio Odair Santos (Entrevista: 17.06.19), foi-lhe
“disponibilizado um gravador áudio com pilhas, portáteis, pen com internet, dois
microfones e cabos, câmara e os respetivos acessórios”.
Aquando dos moldes de decisão jornalística sobre o que cobrir nas atividades de
campanha, sendo “livre de fazer a cobertura informativa, seguindo a agenda do
candidato”, “no terreno o jornalista decidia o que fazer, pois na dinâmica da campanha, o
plano muitas vezes era alterado”.67
“O que terá marcado mais no trabalho jornalístico foi ter de fazer viagens longas de ‘bote’
da ilha do Maio até Santa Cruz, ilha de Santiago”.69 Isso “porque a candidatura não
garantiu a confirmação da reserva e a deslocação do Sal a São Nicolau de barco no navio
67
Ibidem.
68
Ibidem.
69
Ibidem.
36
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
‘13 de Janeiro’ e depois de São Nicolau para São Vicente”.70 E tendo em conta “ao
compromisso jornalístico com os noticiários” dos diários de campanha da TCV, os
jornalistas tinham “de enviar as peças muitas vezes sob pressão tempo” e “perdeu-se
muito tempo nas longas viagens e não se cobriu a ilha de Boa Vista”.71
Por outro lado, é o próprio candidato Albertino Graça (Entrevista: 17.06.19) quem explica
que começou “muito tarde” a sua corrida presidencial, com “praticamente 60 dias antes”,
num cenário pelo qual “era impossível começar mais cedo”. “Primeiro porque o José
Maria Neves demorou a decidir que não se ia candidatar e segundo porque não podia
pressionar o PAICV” logo foi “gerindo a situação como podia”. 72 Portanto revela que
“com esse tempo era impossível fazer uma campanha de terreno plena”, apontando
dificuldades em se deslocar à diáspora e a todos os concelhos das ilhas. 73
70
Ibidem.
71
Ibidem.
72
Ibidem.
73
Ibidem.
74
Ibidem.
75
Ibidem.
76
Ibidem.
77
Dados do Relatório da Cobertura Jornalística das Eleições Presidenciais de 2 de outubro (ARC, 2016,
p. 42).
37
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Posto isto para os efeitos previstos, enquadra-se a outra das duas vias comunicativas em
análise relativamente à campanha presidencial de AG – os Diários de Campanha da
TCV, adequadamente referidos como os spots audiovisuais informativos aos quais toda
a organização técnica da transmissão do conteúdo deriva da inteira responsabilidade da
cobertura mediática da televisão pública. 78
78
De realçar que em ocasião da cobertura mediática da TCV foi assegurada uma equipa de reportagem para
acompanhar as ações de campanha de AG no território nacional. Assim sendo, os diários de campanha
derivados da TCV foram transmitidos num espaço de emissão especial reservado no Jornal da Noite
designado ‘Presidenciais 2016’.
38
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Reunidas as condições fundamentais para o efeito, está-se perante a análise dos resultados
extraídos do material em vídeo emitido na TCV aquando da campanha de Albertino Graça
nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde.
A fim de obter uma perspetiva completa e fidedigna dos resultados, tudo o que foi
expresso, categorizado e transformado em valor real presume objeto de análise
comparativa entre a via comunicativa de propaganda eleitoral produzida pela própria
candidatura – os 14 Tempos de Antena do candidato vs. a vertente de informação da
campanha de AG derivada pelo telejornalismo público – os 14 Diários de Campanha da
TCV.79
DC
27,91%
TA
72,09%
79
Para melhor perceção da dimensão comparativa, todos os dados dos TA encontram-se ilustrados à
verde e os dos DC em amarelo.
39
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
DC
28,01%
TA
71,99%
Os resultados originários dos cruzamentos quer entre os conteúdos das duas vias quer
também entre os indicadores analíticos da MPA e os dias de campanha revelam-se
determinantes para decifrar as ocorrências dos pontos de encontros e desencontros da
dicotomia e testar as quatro hipóteses levantadas.
Divergências Convergências
63,64% 36,36%
80
Por conseguinte, em termos da análise da dimensão comparativa dever-se-á ter sempre em consideração
a (des)proporcionalidade dos valores de cada vertente.
40
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Esta tendência global verifica-se igualmente de forma específica tanto nos TA como nos
DC. No caso dos primeiros, a Descrição dos Eventos congrega 90,74% dos resultados e
as Fontes 3,91% enquanto as Críticas e os Temas Ausentes registam respetivamente os
residuais 3,63% e 1,72%. No que concerne os segundos, a Descrição dos Eventos também
se assume como a categoria dominante da MPA com 86,93%, seguidamente as Fontes
com 6,79% e no caso das menos significativas, as Críticas registam 4,01% e os Temas
Ausentes 2,26%.
81
Este quadro agrupa nas variáveis todas as expressões extraídas dos TA e dos DC, equiparadas em números
absolutos, indicando tanto a contabilidade completa como a particularizada das categorizações provenientes
dos conteúdos e desempenhos das duas dimensões comunicativas.
41
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Em primeiro lugar, no que concerne à desproporcionalidade entre mais que o dobro das
elasticidades TA vs. DC representando 10,71% vs. 4,54%, o que demonstra maior
propensão à flexibilidade das margens dos TA sobre as dos DC.
82
Para auxiliar na verificação das tendências, os dias de campanha encontram-se divididos em duas sémis
eleitorais: a 1ª de 15–23 e a 2ª de 24–30.
83
Vale deixar claro que todos os dados sob diagnóstico refletem tendências progressivas que não se
verificam constantes mas sim pontuais nos dias de campanhas.
42
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Em segundo lugar, importa perceber outra inversão relacionada digna de destaque. Nos
TA, ‘Edição’ foi mais frequente que ‘AG’ com 16,67% vs. 15,48% mas apropriou menos
84
Jornalista da entrevista TCV ao candidato AG.
85
Naufrágio do Navio Vicente
86
As fontes encontram-se ordenadas nos quadros conforme frequências e equiparadas com tempo dedicado
em segundos.
43
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
tempo dedicado 25,09% vs. 31,72%. Já nos DC, ‘AG’ foi mais frequente que ‘Edição’
21,21% vs. 19,70% mas mereceu menos tempo dedicado 21,73% vs. 48,70%.
O primeiro destaque é o facto das margens dos Temas nos TA demonstrarem maior
propensão à flexibilidade do que as nos DC com 10,64% vs. 6,32% tal como nas Fontes.
Por outro lado, nos TA a elasticidade das Fontes predominou-se ligeiramente sobre a dos
Temas 10,71% vs. 10,64% e inversamente nos DC subordinou-se 4,54% vs. 6,32%.
87
Compreende a menor parte principal que acumula mais de 50% de frequências e de tempo dedicado.
44
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
88
Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos
89
São Vicente
90
Ribeira Bote
91
Câmara Municipal da Ribeira Brava
92
Ulisses Correia e Silva
93
Orlando Delgado
45
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
constata-se uma inversão das evidências cruzadas entre fontes vs. Temas (diversidade vs.
homogeneidade), em detrimento da vocação constante nos DC (diversidade).
Por seu lado, verifica-se que nos TA a maior parte da representatividade concentrou-se
em 17,39% dos Temas (4) pelos quais somam 56,38% das frequências + 62,66% do tempo
dedicado, ao passo que nos DC em 13,51% dos Temas (5) com 54,74% + 80,02%,
respetivamente.
Por fim, verifica-se que enquanto nos TA as Fontes predominaram-se aos Temas (37 vs.
23), inversamente nos DC subordinaram-se (19 vs. 37).
Quadro 6: Total Global dos Três Grandes Conjuntos de Temas – TA vs. DC94
TRÊS GRANDES TEMPOS DE ANTENA DE AG DIÁRIOS DE CAMPANHA DA TCV
CONJUNTOS DE TEMAS Freq. % Tempo % Freq. % Tempo %
Sobre Albertino Graça 55 58,51% 3754 57,64% 39 41,05% 883 21,23%
Sobre Outros Candidatos 33 35,11% 2713 41,66% 13 13,68% 346 8,32%
Sobre Assuntos Neutros 6 6,38% 46 0,71% 43 45,26% 2931 70,46%
TOTAL GLOBAL 94 100% 6513 100% 95 100% 4160 100%
Fonte: Elaboração própria
No que toca à classificação do foco central dos Temas abordados entre as duas vias de
comunicação, os resultados dão conta de desordem total. Conforme pesos de frequências
+ tempo dedicado os TA agendaram: – conjunto de temas sobre promoção de Albertino
Graça com 58,51% + 57,64%; – sobre despromoção de outros candidatos 35,11% +
41,66%; – sobre assuntos neutros 6,38% + 0,71%. Em contraposição, os DC
selecionaram: – sobre assuntos neutros 45,26% + 70,46%; – sobre promoção de Albertino
Graça 41,05% + 21,23%; – sobre despromoção de outros candidatos 13,68% + 8,32%.
Mediante o exposto, verifica-se que todos os três conjuntos foram qualificados com
transposições TA–DC. Mais concretamente: 1º–2º; 2º–3º; e 3º–1º.
94
As valias dos Três Grandes Conjuntos de Temas decifram o foco central das duas vias de comunicação
eleitoral com base nos respetivos pesos acumulados de frequência e de tempo dedicado.
46
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
95
Frequência
96
Tempo dedicado
47
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
candidatos com 28,57% vs. 45,45% e sobre assuntos neutros 66,66% vs. 22,22% e uma
aproximação no que tange ao conjunto sobre AG 25,00% vs. 23,80.
48
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
23,53% nos DC e a segunda nas Personalistas 34,48% vs. 33,33%. Já nas demais molduras
verifica-se dois afastamentos, para contrapesar. O primeiro nas Episódicas 14,97% vs.
8,61% e o segundo nas Temáticas 9,36% vs. 16,54%. Vale assegurar que as margens dos
TA demonstraram maior propensão à flexibilidade do que as dos DC nas Personalistas e
nas Episódicas ao contrário das outras duas molduras. Outra tendência contrabalançada.
No que toca à predominância nas sémis eleitorais, os dados apontam dois encontros,
relativamente às Horse race na 2ª com 79,49% nos TA vs. 60,78% nos DC e às Episódicas
de igual forma 58,98% vs. 55,02%. Já as outras duas molduras pelo contrário
apresentaram desencontros. Ao conhecimento: as Personalistas prevaleceram na 1ª nos
TA 86,21% vs. na 2ª nos DC 60,78% e inversamente as Temáticas na 2ª nos TA 56,88%
vs. na 1ª nos DC 52,63%. Valores esses que indicam afastamentos nas duas molduras
exclusivas e aproximações nas restantes.
0,00% 0,00%
20/09/2016
15/09/2016
18/09/2016
19/09/2016
21/09/2016
22/09/2016
23/09/2016
24/09/2016
25/09/2016
26/09/2016
27/09/2016
28/09/2016
29/09/2016
30/09/2016
23/09/2016
30/09/2016
15/09/2016
18/09/2016
19/09/2016
20/09/2016
21/09/2016
22/09/2016
24/09/2016
25/09/2016
26/09/2016
27/09/2016
28/09/2016
29/09/2016
No que se refere às duas molduras exclusivas, verifica-se total sintonia, pelas quais
permaneceram com tendências equilibradas em ambas as vias comunicacionais.
49
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Por outro lado, coincidiram totalmente nas equiparações das sémis eleitorais. Como o
quadro indica, as Positivas predominaram na 1ª com 63,89% nos TA vs. 54,90% nos DC
e as Negativas na 2ª 83,58% vs. 59,15% tal como as Neutras 53,75% vs. 51,36%. Contudo,
tais proporcionalidades cruzadas demonstram afastamentos nas Positivas e nas Negativas
e aproximação nas Neutras.
50
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
Os dados de ambas as vias revelam superioridade das Críticas na 2ª sémis eleitoral com
pesos também aproximados 78,21% vs. 76,92%. Cruzando as variáveis, regista-se mais
uma concordância entre Fontes, Temas e Críticas nos TA vs. discordância nos DC.
51
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
O que difere do reiterado nas outras variáveis analíticas é a constatação de menor variação
elástica nos TA do que nos DC e com dimensões mais distantes 16,22% vs. 22,73%. A
partir desta confirmação atenta-se ao desalinhamento entre Fontes, Temas, Críticas e
Temas Ausentes tanto nos TA como nos DC.
Por último, as linhas do gráfico dão conta que ambos apresentaram inclinações
equilibradas, o que demonstra dissonância entre Fontes, Temas, Críticas e Temas
Ausentes semelhantemente nos TA e nos DC.
52
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
CONCLUSÃO
Tudo coeso ao estudo de caso, percebeu-se na íntegra que a linguagem política tendeu a
se adaptar à lógica televisiva. De entre ocorrências e particularidades na campanha sob o
lema ‘mais equilíbrio’, a candidatura presidencial de Albertino Graça efluiu a dicotomia
de comunicação política eleitoral pela via direta da candidatura e simultaneamente pela
via intermediada pelos jornalistas da cobertura mediática da Televisão de Cabo Verde
(enquanto principal órgão de informação e comunicação social no país), de onde se
derivaram respetivamente os tempos de antena do candidato e os diários de campanha
53
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
candidatos; e por último – sobre assuntos neutros, inversamente a via intermediada pelo
telejornalismo tendeu-se por selecionar: em primeiro posto – sobre assuntos neutros; na
segunda posição – sobre promoção de Albertino Graça; e terceiro – sobre despromoção
de outros candidatos, justificando o predomínio das divergências nos temas ausentes
(quadro 14 e gráfico 11). As fundamentações revistas ao agenda-setting legitimam a
constatação na hipótese, visto que cada vertente determina quais temas são abordados e
não outros, conforme sejam mais convenientes ao seu propósito.
vertente. Não obstante, uma reserva realçada é o facto de as evidências indicarem que
foram transmitidos mais tons negativos do que positivos, mediante ambas as vias de
comunicação eleitoral. Facto enfatizado sobretudo pelo aumento significativo das críticas
nos últimos dias de campanha (quadro 13 e gráfico 10).
Assumiu-se, portanto, o primado de abordar um tema pertinente nos dias de hoje ainda
que com suportes científicos limitados no que tange à realidade cabo-verdiana, contudo,
sem se apartar de alcançar plenamente os objetivos propostos. Porquanto, esta
investigação científica releva quatro atributos inéditos na literatura nacional no que diz-
respeito à criatividade e ao contributo original: É o primeiro a abordar um tema dedicado
exclusivamente a uma candidatura presidencial; É inédito o estudo comparado entre as
vertentes comunicativas (direta e mediatizada) alusivas à mesma campanha; Em termos
dos procedimentos metodológicos, adota uma original combinação de abordagens
quantitativas e qualitativas; E por último, o facto de ser o único a apropriar a MPA na
comunicação política eleitoral.
56
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Legislações Consultadas
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Webgrafia
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