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UNIVERSIDADE DO MINDELO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, JURÍDICAS E SOCIAIS

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIA POLÍTICA


E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL


VERSUS
COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Ivan George Gomes Rocha

Mindelo, 2019
UNIVERSIDADE DO MINDELO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, JURÍDICAS E SOCIAIS

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIA POLÍTICA


E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Título da Monografia:
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL
VERSUS
COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Autor: Ivan George Gomes Rocha


Orientador: Professor Doutor Rui Alexandre Novais

Mindelo, 2019
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrónico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Comunicação Política Eleitoral Versus Cobertura Mediática Televisiva


A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Declaração de Originalidade

Declaro que esta monografia é o resultado da minha investigação pessoal e independente.


O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas
no texto, nas notas, nos anexos e na bibliografia.

O Candidato,

Ivan George Gomes Rocha, nº 3552

Mindelo, 05 de Setembro de 2019

Trabalho apresentado à Universidade do


Mindelo como parte dos requisitos para
obtenção do grau de Licenciatura em
Ciência Política e Relações Internacionais.
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

RESUMO

Esta investigação científica parte do pressuposto que nas democracias representativas


para que um candidato atinja, conquiste e fidelize o maior número possível de eleitores,
é fundamental que as estratégias de comunicação política eleitoral estejam configuradas
mediante a veiculação na televisão, sendo que esta assume grande destaque nas
campanhas eleitorais. Perceber a dicotomia compreendida entre a comunicação política
eleitoral e a cobertura mediática televisiva relativas à candidatura de Albertino Graça nas
Presidenciais 2016 em Cabo Verde constitui o principal objetivo deste trabalho. A esse
propósito, foi levado a cabo um leque de confrontações fundamentais das vias de
comunicação direta e mediatizada com suportes científicos da literatura, documentos
oficiais e predisposições legais vigentes no país, complementado ainda com duas
entrevistas estruturadas. Combinando metodologias quantitativa e qualitativa com
particular foco na meta-performance analysis, procedeu-se a um estudo integral
comparativo do conteúdo e desempenho entre os tempos de antena e os diários de
campanha da Televisão de Cabo Verde alusivos à mesma candidatura. Em suma, tais
procedimentos permitiram extrair resultados determinantes para alavancar a perceção do
fenómeno, com o diagnóstico a revelar a tendência da linguagem política de se adaptar à
lógica televisiva. Além disso, os dados cruzados entre as duas vias audiovisuais dão conta
da primazia das divergências ao grau decifrado da dicotomia, indicando desencontros no
agenda-setting e no framing em contraponto com as semelhanças no tom das mensagens
transmitidas ao eleitorado cabo-verdiano.

Palavras-chave: Comunicação Política Eleitoral; Cobertura Mediática; Tempos de


Antena; Albertino Graça; Versus; Diários de Campanha; Televisão de Cabo Verde; Vias
Comunicativas.

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

ABSTRACT

This scientific investigation stems from the premise that in representative democracies
for a candidate to achieve, convince and gather the highest number of voters, it is
fundamental that electoral political communication strategies are configured through
television, being that this medium has an important role in the political campaigns.
Understanding the dichotomy between political communication during elections and the
televised media coverage regarding the candidacy of Albertino Graça during the
presidential election of 2016 in Cape Verde represents the big focus of this project. With
that in mind, fundamental confrontations regarding the means of direct communication
and through media took place based on scientific literature, official documents and current
legal predispositions within the country, complementing it with two structured interviews.
Combining the qualitative and quantitative methodologies with particular focus on meta-
performance analysis, an integral comparative study of content and performance between
electoral propaganda time on television and the campaign diaries from the Televisão de
Cabo Verde was made, allusive to the same candidacy. By and large, such procedures
made possible to extract decisive results to set in motion the perception of the
phenomenon, with the diagnostic revealing a tendency for the political language to adapt
the television logic. Furthermore, crossed references within the audiovisual spectrum
show an abundance of the divergences to the decoded degree of the dichotomy, indicating
discrepancy in the agenda-setting and in the framing in contrast with similarities in the
tone of the message broadcasted to the Cape Verdean voters.

Keywords: Electoral Political Communication; Media Coverage; Airtime; Albertino


Graça; Versus; Campaign Diaries; Televisão de Cabo Verde; Communication Venues.

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

DEDICATÓRIA

Aos meus concidadãos cabo-verdianos


que não se prescindem de potencializar o
exercício de cidadania ativa, participativa
e pacífica na esperança de contribuir para
o progresso da nossa nação.

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

AGRADECIMENTOS

Ao Doutor Rui Novais pelo privilégio da sua orientação, colocando os seus saberes
sempre à disposição para que este trabalho prosseguisse com eficiência, serenidade e
sublimidade.

Aos familiares por semear em mim o sentido fundamental pela busca ao conhecimento e
por ser guia determinante à esta etapa da minha vida.

Ao Conselho Diretivo da Universidade do Mindelo pelo amparo, pela confiança e pela


motivação.

Aos ilustres docentes do curso de Ciência Política e Relações Internacionais pela amizade
e pelos ensinamentos que me permitissem viabilizar o sentido de contestar situações e
propor novas formas de trilhar melhores caminhos.

Aos colegas desta caminhada pela partilha de experiências, companheirismo e alegrias.

Aos jornalistas da Televisão de Cabo Verde, em especial ao Odair Santos, pela atenção e
pela disponibilidade em partilhar conhecimentos, conceder entrevistas e facultar
informações importantes para a elaboração deste trabalho.

Enfim, os apoios recebidos foram imprescindíveis para este culminar de toda uma longa
e satisfatória trilha de licenciatura.

A todos, o meu sincero reconhecimento, a minha eterna gratidão.

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

No passado, o poder tinha a palavra.


Hoje, a história é discurso, e a palavra tem o poder.
Francisco Cádima

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

ÍNDICE GERAL

RESUMO ................................................................................................................... iv
ABSTRACT ................................................................................................................ v
DEDICATÓRIA......................................................................................................... vi
AGRADECIMENTOS .............................................................................................. vii
ÍNDICE DE QUADROS ............................................................................................ xi
ÍNDICE DE GRÁFICOS .......................................................................................... xii
GLOSSÁRIO DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................... xiii
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
Objetivos ................................................................................................................... 2

Hipóteses................................................................................................................... 2

Procedimentos Metodológicos ................................................................................... 3

CAPÍTULO I – DA COMUNICAÇÃO POLÍTICA À ELEITORAL .................... 11


1.1 – Enquadramento Conceptual ............................................................................ 11

1.2 – Comunicação Política Eleitoral por Via Direta ................................................ 15

1.2.1 – Tempos de antena dos candidatos ............................................................. 15

1.3 – Comunicação Política Eleitoral por Via Intermediada ..................................... 17

CAPÍTULO II – DA COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA ........................ 20


2.1 – Efeito Agenda-setting na Comunicação Política Eleitoral ................................ 22

2.2 – Efeito Framing na Comunicação Política Eleitoral .......................................... 23

2.3 – Centralidade da Televisão nas Campanhas Eleitorais ...................................... 25

2.4 – Diários de Campanha nos Noticiários Televisivos ........................................... 27

CAPÍTULO III – PRESIDENCIAIS 2016 EM CABO VERDE ............................. 29


3.1 – Enquadramento do Candidato Albertino Graça ............................................... 30

3.1.1 – Razões da candidatura presidencial........................................................... 31

3.1.2 – Limitações com impacto na campanha...................................................... 32

3.1.3 – Tempos de antena de Albertino Graça ...................................................... 33

3.2 – Enquadramento da Televisão de Cabo Verde .................................................. 34

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

3.2.1 – Recursos concedidos aos jornalistas da cobertura da TCV ........................ 35

3.3 – Particularidades entre a Campanha de Albertino Graça e a Cobertura da TCV. 36

3.3.1 – Diários de campanha da TCV ................................................................... 37

CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................. 39


4.1 – Tempos de Antena de Albertino Graça vs. Diários de Campanha da TCV ....... 39

4.1.1 – Meta-performance analysis ...................................................................... 40

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 57
Legislações Consultadas .......................................................................................... 60

Webgrafia................................................................................................................ 61

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Apresentação Global das Categorizações TA – DC ............................... 41


Quadro 2: Fontes – TA vs. DC.................................................................................. 42
Quadro 3: Exposição das Fontes – TA vs. DC ......................................................... 43
Quadro 4: Temas – TA vs. DC.................................................................................. 44
Quadro 5: Exposição dos Temas – TA vs. DC ......................................................... 45
Quadro 6: Total Global dos Três Grandes Conjuntos de Temas – TA vs. DC ....... 46
Quadro 7: Exposição dos Três Grandes Conjuntos de Temas dos TA ................... 47
Quadro 8: Exposição dos Três Grandes Conjuntos de Temas dos DC ................... 47
Quadro 9: Total Global das Molduras – TA vs. DC ................................................ 48
Quadro 10: Explicitação das Molduras – TA vs. DC ............................................... 48
Quadro 11: Total Global das Índoles – TA vs. DC .................................................. 50
Quadro 12: Explicitação das Índoles – TA vs. DC ................................................... 50
Quadro 13: Críticas – TA vs. DC.............................................................................. 51
Quadro 14: Temas Ausentes – TA vs. DC ................................................................ 52

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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Proporcionalidade dos Tempos Efetivos – TA vs. DC............................ 39


Gráfico 2: Proporcionalidade das Frases – TA vs. DC ............................................ 40
Gráfico 3: Proporcionalidade Global das Equiparações – TA vs. DC .................... 40
Gráfico 4: Tendência das Fontes – TA vs. DC ......................................................... 42
Gráfico 5: Tendência dos Temas – TA vs. DC ......................................................... 44
Gráfico 6: Tendência das Molduras TA ................................................................... 49
Gráfico 7: Tendência das Molduras DC .................................................................. 49
Gráfico 8: Tendência das Índoles TA ....................................................................... 51
Gráfico 9: Tendência das Índoles DC....................................................................... 51
Gráfico 10: Tendência das Críticas – TA vs. DC ..................................................... 51
Gráfico 11: Tendência dos Temas Ausentes – TA vs. DC........................................ 52

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

GLOSSÁRIO DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AG – Albertino Graça
ARC – Autoridade Reguladora para a Comunicação Social em Cabo Verde
BO – Boletim Oficial
CAG – Candidatura de Albertino Graça
CE – Código Eleitoral de Cabo Verde
CMRB – Câmara Municipal da Ribeira Brava
CNE – Comissão Nacional de Eleições
CRCV – Constituição da República de Cabo Verde
DC – Diários de Campanha da Televisão de Cabo Verde
ENAPOR – Empresa Nacional de Administração dos Portos
ETCP – Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos
IESIG – Instituto de Estudos Superiores Isidoro da Graça
JCF – Jorge Carlos Fonseca
MPA – Meta-Performance Analysis
MpD – Movimento para Democracia
NNV – Naufrágio do Navio Vicente
OD – Orlando Delgado
PAICV – Partido Africano da Independência de Cabo Verde
PTS – Partido do Trabalho e da Solidariedade
RB – Ribeira Bote
RCV – Rádio de Cabo Verde
RTC – Rádio Televisão Cabo-verdiana
SV – São Vicente
TA – Tempos de Antena de Albertino Graça
TCV – Televisão de Cabo Verde
TNCV – Televisão Nacional de Cabo Verde
TVEC – Televisão Experimental de Cabo Verde
UCID – União Cabo-verdiana Independente e Democrática
UCS – Ulisses Correia e Silva
Vs. – Versus

xiii
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

INTRODUÇÃO

São vários os estudos que indicam que as estratégias de comunicação política eleitoral
vêm sendo cada vez mais moldadas para que os conteúdos das narrativas sejam
transmitidos na televisão, quer nas vias produzidas diretamente pelas candidaturas, quer
nas derivadas pelas intermediações jornalísticas.

Neste processo, as bases da angariação do voto são influenciadas em grande medida pela
comunicação (persuasiva–informativa) transmitida na televisão pública, tanto pelo
compromisso estatal de prestação de serviço para com a audiência eleitoral, como pelo
dever cívico associado na intermediação pública dos decursos políticos (Calado, 2016, p.
35).

Em particular sobre as últimas eleições Presidenciais em Cabo Verde (2016), tal


dicotomia comunicacional foi veemente debatida entre universitários do curso de Ciência
Política e Relações Internacionais que acompanharam atentamente o dia-a-dia das
campanhas, suscitando a perceção de alguma dissonância entre a comunicação política
eleitoral de Albertino Graça e a comunicação proveniente da cobertura mediática da
Televisão de Cabo Verde (TCV) referente ao candidato.

Ao se confrontar a problemática à literatura científica, constatou-se que a relação é


equacionada por vários autores sobre diversos ângulos de abordagem. Todavia, a
inexistência de qualquer referência explícita à realidade cabo-verdiana que permitisse
perceções apuradas em relação à dicotomia em questão constituiu desde logo um dos
limites desafiados por esta investigação.

Com efeito, a pertinência do tema foi profundamente refletida e o estudo do fenómeno


tornou-se justificado e merecido ao nível desta monografia na dimensão de análise
comparativa entre as duas vias comunicacionais essenciais utilizadas na campanha
eleitoral: comunicação direta (propaganda eleitoral) versus comunicação intermediada
(informação eleitoral).

1
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Objetivos

Esta pesquisa tem como Objetivo Geral: Perceber a dicotomia compreendida entre a
comunicação política eleitoral e a cobertura mediática televisiva relativamente à
candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde.

Para tal, foram definidos como Objetivos Específicos:

i – Analisar o conteúdo e o desempenho dos Tempos de Antena de Albertino Graça e dos


Diários de Campanha da TCV;

ii – Decifrar o grau de convergência e divergência entre as duas vias de comunicação


eleitoral;

iii – Obter uma perspetiva completa dos resultados cruzados específicos da dicotomia em
termos do agenda-setting, do framing e das índoles das mensagens transmitidas.

Hipóteses

Das expetativas iniciais fundamentadas na revisão da literatura relativas aos indicadores


analíticos da dicotomia compreendida entre a comunicação política eleitoral de Albertino
Graça e a cobertura mediática da TCV, formulam-se as quatro hipóteses:

H1 – Em termos das constatações globais da análise comparativa entre a comunicação


por via direta de Albertino Graça e a comunicação por via intermediada da TCV,
prevalecem as divergências sobre as convergências decifradas da meta-performance
analysis.

H2 – Os resultados dão conta de coincidência entre as duas vias de comunicação no que


concerne à classificação do foco central dos três grandes conjuntos de temas: a promoção
de Albertino Graça; a despromoção de outros candidatos; e assuntos neutros.

2
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

H3 – Relativamente à ordem do predomínio das quatro molduras, os cruzamentos


analíticos revelam desarmonia entre a comunicação de propaganda eleitoral e a
comunicação de informação eleitoral.

H4 – Os dados cruzados entre ambas as vias comunicacionais apontam que a campanha


de Albertino Graça foi predominantemente de índole negativa da descrição dos eventos.

Procedimentos Metodológicos

Como ponto de partida para o desenvolvimento deste trabalho, foram feitas pesquisas
exploratórias de bibliografias originárias de autores referenciados na matéria e com
angulações conceptuais que permitem enriquecer o conhecimento à volta do fenómeno
em estudo.

Consolidados os objetivos, procedeu-se à coleta de todo o material referencial através de


pesquisas apuradas em bases de dados científicas 1 tendo sido selecionados livros, teses,
dissertações, leis oficiais, revistas e artigos científicos que possibilitam enraizar as linhas
essenciais da análise comparativa de acordo com o estudo de caso desta monografia.

Para além da revisão bibliográfica, efetuou-se a recolha de todo o material audiovisual


referente ao candidato Albertino Graça (AG) relativo aos 14 dias úteis de campanha. 2
Mais concretamente: 14 Tempos de Antena de AG (TA) e 14 Diários de Campanha da
TCV (DC). Os primeiros foram descarregados da página do Facebook oficial do
candidato e os segundos, do site oficial da Rádio Televisão Cabo-verdiana (RTC)
diretamente para computador com recurso à aplicação online de multimídia –
ClipConverter.

1
Biblioteca – Mediateca – Arquivo da Universidade do Mindelo; Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
da Universidade de São Paulo; Sistema de Bibliotecas da Unicamp; Biblioteca On-line de Ciências da
Comunicação; Portal do Conhecimento de Cabo Verde; Google Livros; Repositórios Científicos de Acesso
Aberto de Portugal; RepositóriUM; Scientific Electronic Library Online; Scientific Periodicals Electronic
Library.
2
Importa esclarecer que a campanha das Presidenciais 2016 em Cabo Verde decorreu oficialmente entre
15 a 30 de setembro, mas que no entanto foi suspensa por iniciativa da campanha de Albertino Graça nos
dias 16 e 17 devido ao falecimento do antigo Presidente da República, António Manuel Mascarenhas
Monteiro.
3
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Em razão dos objetivos pretendidos pela investigação, as operações metodológicas


basearam-se na articulação entre abordagens quantitativa e qualitativa que atendem a todo
um leque de resultados concretos e das respetivas ilações relevantes sobre o desempenho
da comunicação política eleitoral nas duas vias audiovisuais.

Em relação à primeira abordagem, segundo Novais e Maocha (2019, p. 7):

permite aferir de forma comparativa o destaque concedido aos acontecimentos


eleitorais, em particular, durante o período da campanha comparativamente à
cobertura dos assuntos políticos, em geral.

Para McQuail (2003, p. 327):

Aqui as provas têm sido, em norma, reunidas pela aplicação de métodos de


análise quantitativa ao conteúdo explícito dos textos, no pressuposto de que a
frequência relativa de referências será considerada como refletindo o «mundo
real».

Ao pressuposto, Novais e Maocha (2019, p. 8) complementam que:

Assim sendo, a inclusão desta dimensão analítica quantitativa justifica-se


enquanto barómetro adicional da saliência conferida a determinado partido ou
candidato político no processo de produção noticioso da campanha eleitoral.

Por conseguinte, procedeu-se à transcrição pormenorizada de todas as mensagens


expressas durante a campanha recolhendo no total 1221 frases3 (879 dos TA e 342 dos
DC) enquanto unidades de análise. E mais, procurou-se ir além da frequência dos dados
calculando-se conjuntamente o tempo global dedicado ao conteúdo de cada uma das duas
vias de comunicação eleitoral, registando-se no total 129 minutos e 52 segundos de
material emitido em vídeo (93 minutos e 26 segundos dos TA e 36 minutos e 26 segundos
dos DC).

Contudo, consciente das limitações das análises quantitativas de conteúdo, e


visando um olhar mais aprofundado dos textos jornalísticos que permita uma
compreensão da construção dos enquadramentos noticiosos em torno da
campanha e do conteúdo veiculado sobre a realidade percebida das eleições,
uma análise qualitativa surge como o complemento necessário (Novais e
Maocha, 2019, p. 8).

3
O sentido real de cada frase foi equacionado consoante tonalidade, contextualização e reunião das
expressões a si envolvidas, estabelecendo a unidade categorizável em cada variável analítica.
4
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

A fim de aferir de forma mais rigorosa o conteúdo emitido durante a campanha, procedeu-
se à segunda abordagem, mais precisamente ao escrutínio qualitativo através da meta-
performance analysis (Novais, 2007, 2009, 2010) – uma estratégia eclética que consiste
numa abordagem flexível e multidisciplinar para o estudo do desempenho do conteúdo
mediático. Neste caso, aplicado ao material audiovisual relativo à campanha: quer o
produzido pela candidatura, quer o de génese jornalística.

Como enquadra Sara Calado (2016, p. 44):

Para poder realizar uma análise coerente e que permita obter dados aplicáveis
a outros estudos, e responder à questão previamente colocada, é necessário
identificar variáveis de análise categorizáveis e universais. Tal como refere o
termo, ao serem ‘categorizáveis’, são suscetíveis de ser incluídos em
categorias, o que facilitará o agrupamento dos dados recolhidos na observação.

Nesse sentido, esta técnica articula diferentes categorias de análise e estrutura-se de


acordo com quatro parâmetros principais: ‘Fontes’, ‘Descrição de Eventos’, ‘Críticas’ e
‘Temas Ausentes’. O segundo abrange as variáveis ‘Temas’, ‘Molduras’4 (Horse race,
Personalistas, Episódicas e Temáticas) e ‘Índoles’ (Positivas, Negativas e Neutras).
Assim sendo, foram aplicadas no total 11 variáveis analíticas relativas à forma como o
fenómeno em estudo foi relatado publicamente, as quais importa agora explicitar.

“Relativamente ao primeiro tópico, por Fontes entende-se qualquer pessoa ou grupo de


pessoas que ativa o processo comunicativo através de uma mensagem” (Cruz, 2011, p.
39). O exame da seleção e uso de fontes permite constatar o quão as vertentes
comunicativas dão preferência a informações fornecidas por determinadas personalidades
(Novais, 2007, p. 560-561). Assim, registou-se a quantidade de fontes utilizadas em cada
dia útil de campanha e logo procedeu-se à denominação própria de cada uma. Vale
esclarecer que as fontes sem identificação prévia foram designadas consoante utilidades
com que foram exibidas. Por exemplo: a primeira fonte que apareceu nos TA sem
identificação foi um apoiante de AG, logo foi denominada por ‘Apoiante A’.5

A nível dos Temas que constam na Descrição dos Eventos são implicitamente percebidos
como assuntos abordados pelas fontes. No início, contabilizou-se a frequência de

4
Termo também conhecido por ‘Enquadramentos’ ou no original por Framing.
5
Ilustrado no quadro 3: Exposição das Fontes – TA vs. DC.
5
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

ocorrências em cada dia de campanha e nesse meio tempo os temas foram explicitamente
organizados e associados por semelhança para auxiliar os registos e as equiparações.
Exemplificando: quatro temas de natureza social abordados por AG nos DC: ‘Resolução
dos problemas do Maio’; ‘Resolução dos problemas sociais’; ‘Criação de um programa
social’; e ‘Solução para os problemas da juventude’ foram agrupados num único tema:
‘Resolução de problemas sociais’ e registados quatro frequências.6 Finalmente, foram
categorizados nos Três Grandes Conjuntos de Temas: Sobre Albertino Graça; Sobre
Outros Candidatos; e Sobre Assuntos Neutros, para revelar as proporcionalidades do foco
temático de cada vertente de comunicação.

A primeira das molduras, Horse race7, segundo Novais e Maocha, (2019, p. 9):

transfere o cerne noticioso dos assuntos políticos tradicionais e da substância


para as dinâmicas em torno quem ganha e perde, o desempenho dos candidatos,
bem como, as táticas e estratégias da campanha.

Ou seja, enfatiza a disputa eleitoral “apresentando os candidatos como manipuladores


estratégicos” (Caleiro, 2005, p. 340). Logo, foram detetados aspetos típicos de jogo
político relativos ao confronto e às vantagens entre candidatos. Como por exemplo deste
tipo de molduras, na introdução do DC do dia 28 de setembro de 2016, Rosana Almeida
da TCV aludiu que AG “está a aproveitar os flancos de Jorge Carlos Fonseca” (JCF).

No que se refere às molduras Personalistas, “é inevitável fazer referência aos


enquadramentos presentes na cobertura noticiosa centrados na persona dos líderes aka
personalização” (Novais e Maocha, 2019, p. 9). Desta forma, recolheu-se os itens
procedentes especificamente da vida pessoal dos candidatos em detrimento dos aspetos
relacionados diretamente com a política em si. Por exemplo, no TA do dia 19, a fonte
Voz off da Candidatura de Albertino Graça (CAG) emitiu no retalho biográfico:
“Albertino Graça estudou o resumo e foi ao teste”.

Em relação às últimas molduras, Episódicas vs. Temáticas “são propostas como


mutuamente exclusivas na cobertura mediática das campanhas eleitorais” (Novais e
Maocha, 2019, p. 9). De facto, as mensagens podem ser proferidas sob forma de “eventos

6
Ilustrado no quadro 5: Exposição dos Temas – TA vs. DC.
7
Termo conhecido também por ‘Corrida de cavalos’ na sua forma traduzida.
6
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

ou assuntos específicos que ilustram um determinado assunto – episódicas”, ou então


“pelo contrário, propondo contextualização e oferecendo evidência geral ou abstrata –
temáticas” (Iyengar, 1991, Callaghan e Schnell’s, 2005 cit. in Novais e Maocha, 2019, p.
9). Ao conhecimento, nas molduras Episódicas categorizou-se os itens que atendam a
ocorrências concretas. Como por exemplo, no DC do dia 27 Rosana Almeida TCV relatou
a frase: “Albertino Graça chegou esta manhã à ilha Brava onde realizou contactos porta-
a-porta”. Pelo contrário nas Temáticas foram detetados os itens que salientam aspetos
genéricos. A título de exemplo, no TA do dia 15 foi expressa pela fonte Edição CAG:
“Mais equilíbrio no tratamento de todas as ilhas”.

Quanto às Índoles, nas Positivas foram categorizadas expressões que transmitem tons e
“sentimentos de esperança e alegria para o leitor” (Cruz, 2011, p. 41). Por exemplo, no
último TA, Júlio Correia como testemunho de apoio de AG proferiu a frase: “E tenho a
convicção que é o voto certo e na pessoa certa e nesta hora certa”.

Contrariamente nas Negativas as que “transmitem tons e sentimentos negativos” (Cruz,


2011, p. 41). Exemplificando, no dia 18, Odair Santos TCV iniciou a reportagem do DC
expressando: “Devido ao luto nacional por causa da morte de Mascarenhas Monteiro”.

Já nas Neutras, revelaram-se as com tons nulos ou proporcionalmente equilibrados entre


positivos e negativos. No dia 21, Nazaré Barros TCV introduziu a seguinte frase no DC:
“Tempo para conferirmos as atividades dos candidatos ao palácio do Platô”, o que refere
a uma índole neutra.

A propósito das Críticas:

de um modo geral a disposição das fontes de uma candidatura para desafiar o


status quo – e a posição de outra em particular – é um aspeto vital do
desempenho do conteúdo em estudo (Novais, 2010, p. 158).

Por conseguinte, procedeu-se a categorização e a contabilização da frequência consoante


registos das avaliações negativas a candidatos em cada dia de campanha. A título de
exemplo, no dia 28 os Repórteres dos TA emitiram a frase: “Utilizando as suas próprias
palavras, a candidatura de JCF foi antidemocrática em 2011”.

7
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Relativamente ao último parâmetro, os Temas Ausentes são aqui entendidos como os


tópicos abordados numa via de comunicação e não mencionados na outra, durante o
período sob exame (Novais, 2009, p. 13). Exemplificando: “liberdade de voto da UCID8”
foi um assunto abordado por um representante do próprio partido no TA do dia 29 mas o
tema esteve totalmente ausente nos DC em todos os dias de campanha.

A partir das explicitações categóricas, inferem-se validadas as variáveis analíticas já


aplicadas noutras investigações deste formato “no que diz respeito à aplicação do método
da análise de conteúdo” (Calado, 2016, p. 45) e desempenho.9 Deste modo, a adaptação
da MPA enquanto metodologia a este estudo apresenta-se como a mais adequada para a
prossecução dos objetivos do trabalho, já que viabiliza detetar e examinar convergências
e divergências entre as duas vias comunicacionais em diagnóstico, iluminando a
diversidade e a qualidade dos aspetos de conteúdo da análise comparativa. 10

Numa fase posterior, como complemento da contextualização do estudo de caso,


realizaram-se, no dia 17/06/2019 por correio eletrónico, duas entrevistas com questões
estruturadas por pautas. Uma a Albertino Graça – na qualidade de candidato às
Presidenciais 2016 em Cabo Verde em que o estudo dedica a atenção, e outra a Odair
Santos – na qualidade de jornalista e repórter da Cobertura Mediática da TCV na
campanha do mesmo candidato presidencial. Ambos estiveram no terreno e participaram
na campanha, de maneira que se atentam apropriados e habilitados a elucidar sobre o
fenómeno em estudo.

Da justificação à estratégia, os autores Marconi e Lakatos (2007, cit. in Gomes et al.,


2016, p. 314) esclarecem que a entrevista:

estruturada realiza-se de acordo com um formulário elaborado e é efetuada de


preferência com pessoas selecionadas. O entrevistador segue um roteiro
estabelecido previamente, as perguntas feitas são predeterminadas.

8
União Cabo-verdiana Independente e Democrática
9
Tanto as categorizações nas variáveis analíticas como as equiparações entre vias de comunicação nos
quadros e nos gráficos procederam exclusivamente com recurso ao Excel 2013. E mais, o texto foi redigido
respeitando o Manual de Elaboração de Trabalhos Científicos da Universidade do Mindelo, com recurso
ao Word 2013. As estruturas das referências bibliográficas foram aplicadas seguindo o método de Harvard.
10
Fica claro que, uma vez que as duas vias de comunicação eleitoral se apropriam naturezas, especificidades
e finalidades próprias, o desígnio lógico da pesquisa não é restringir sobre como cada vertente deveria ou
não suceder mas sim como a comunicação política eleitoral de Albertino Graça procedeu com a via direta
de propaganda eleitoral em comparação com a via intermediada de informação eleitoral derivada da
cobertura mediática da TCV, decifrando encontros e desencontros da dicotomia.
8
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Mais adiante, Gil (2011, cit. in Gomes et al., 2016, p. 315) acrescenta que:

o tipo de entrevista por pautas apresenta certo grau de estruturação, já que se


guia por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando
ao longo de seu curso. As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação
entre si. O entrevistador faz poucas perguntas diretas e deixa o entrevistado
falar livremente, à medida que reporta às pautas assinaladas. A entrevista
estruturada, ou formalizada, desenvolve-se a partir de uma relação fixa de
perguntas, cuja ordem e redação permanecem invariáveis para todos os
entrevistados.

Boni e Quaresma (2005, p. 74) complementam que “as questões podem ser enviadas aos
informantes através do correio ou de um portador” e “quando isso acontece deve-se enviar
uma nota explicando a natureza da pesquisa”.

Desse modo, a estratégia de entrevista aparece como elemento-chave das análises no


sentido de cruzar informações na dimensão comparativa e perceber as tendências nas
considerações finais.

Para tanto, o desenvolvimento desta monografia encontra-se estruturado em quatro


capítulos.

O primeiro contextualiza o estado da arte acerca das conceções sobre a dimensão e a


transição da comunicação política à comunicação política eleitoral, a fim de compreender
e equacionar os conceitos à volta das duas vias de comunicação eleitoral: a direta (com
foco nos tempos de antena) e a intermediada (com enfâse na cobertura televisiva).

Por seu turno, no segundo seguir-se-á uma discussão em torno das máximas teóricas
relativas à cobertura mediática para melhor entender os efeitos essenciais na comunicação
política eleitoral com destaque à centralidade da televisão nas campanhas eleitorais onde
se realça os diários de campanha nos noticiários.

Desta feita, o terceiro capítulo já presta atenção ao panorama das Presidenciais 2016 em
Cabo Verde, partindo das predisposições da Lei Suprema relativas à eleição e às
competências presidenciais. Ao se alicerçar em documentos oficiais com todo um quadro
legal vigente no país e ainda em informações complementares das entrevistas, esta fase
pressupõe a compreensão quer das especificidades do caso da candidatura de Albertino
9
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Graça com os tempos de antena enquadrados, quer das particularidades com a cobertura
mediática da TCV que ocasionam os diários de campanha sobre o candidato.

Finalmente, o último capítulo vai dedicar uma profunda análise dos resultados integrais
das categorizações do conteúdo e desempenho das duas vias comparadas: tempos de
antena de Albertino Graça vs. diários de campanha da TCV, com base nos parâmetros da
meta-performance analysis. Assim, possibilitar-se-á sistematizar cruzamentos entre as
constatações reveladas, as variáveis analíticas e os dias de campanha, e ainda decifrar
convergências e divergências da dicotomia.

10
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

CAPÍTULO I – DA COMUNICAÇÃO POLÍTICA À ELEITORAL

Neste capítulo, enceta-se a abordagem conceptual na temática “que o jogo político


acontece por intermédio dos discursos comunicativos” (Rebello, 1996, p. 23), visto que
especialmente “na ciência política, essa abordagem contribui sobremaneira para a
compreensão do movimento da política e seus agentes na sociedade” (Azevedo, 2007, p.
28). “Os conceitos vão desde o seu entendimento da comunicação política como
propaganda eleitoral (persuasiva), até alguns formatos jornalísticos” de matérias
“agendadas pelos canais de televisão (informativa)” (Gomes, 2009, p. 86). É por isso que:

Apesar de termos que encarar a comunicação política como tema central, não
podemos esquecer que muitos outros tópicos estão com ela relacionados como
a informação política e as novas tecnologias da comunicação e que estes
assumem um papel de extrema relevância (Midões, 2008, p. 2).

Posto isto para os fins da pesquisa, justifica-se “a necessidade de concentração de esforços


para entender a lógica que rege o universo da comunicação” política (Rebello, 1996, p.
23).

1.1 – Enquadramento Conceptual

Face aos eventos políticos progressivamente manifestos ao seu desenvolvimento, “é


possível encontrar considerações que dimensionem o significado da comunicação
política” (Azevedo, 2007, p. 25).

Antigamente os políticos “manipulavam recursos persuasivos” através da “arte retórica


verbal” (Rebello, 1996, p. 23) de forma presencial com o público para compreender
interesses e transformá-los em pretensões comuns, pelo que “o entendimento e a interação
faziam-se entre pessoas do mesmo nível social (porque só elas participavam do processo
político)” (Medina, 2006, p. 64).

Com o sobrevir da “era da globalização”, do desenvolvimento das tecnologias de


informação e comunicação e “do fluxo de dados virtuais”, a comunicação exclusivamente

11
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

por via presencial ficou como recurso ultrapassado, dando lugar a todo um “sistema de
multimeios” (Rebello, 1996, p. 24). Por outro lado:

A estratégia da comunicação pela imagem, da linguagem da sedução das


mensagens publicitárias do mercado de consumo é, a partir da década de 80,
aplicada estrategicamente e de maneira particular à comunicação política.
Assim como ocorre a concorrência de marcas dos produtos, acontece o jogo de
estratégias políticas numa concorrência democrática através da construção de
imagens e de marcas de candidatos num verdadeiro mercado político (Bezerra
e Silva, 2006, p. 3-4).

Com efeito, alterou-se profundamente a relação comunicativa político–cidadão na medida


em que a comunicação política se constitui multidimensional e transnacional, atingindo
um grande público com aflições e pretensões cada vez mais heterogéneas (Medina, 2006,
p. 64).

Fruto de todo este processo, o diagnóstico de Flávia Azevedo (2007, p. 21) elucida que
hoje “a comunicação política se refere a elementos como: as mensagens políticas como
objeto de estudo, as potencialidades da política na arena mediática”, bem como “o uso da
comunicação enquanto estratégia política nos partidos políticos”.

Está-se perante a era da civilização da imagem política a qual revela intenção clara de
reproduzir os fragmentos do jogo político em compromisso com a comunicação
audiovisual “que obedece às leis que regem o sistema dos multimeios no país” (Rebello,
1996, p. 24).

É por isso que, na sua tese de doutoramento sobre a “tríade complexa” entre media,
política e opinião, Antónia Barriga (2007, p. 99) defende que “é preciso ver na
comunicação política a maneira moderna de fazer política e considera-la uma atividade
legítima” sublinhando que “não existe política sem legitimidade, e não há legitimidade
sem comunicação” tendo em conta que “uma e outra se situam no campo das
representações simbólicas e relevam da crença”.

Na era atual, a compreensão da comunicação política como estratégia de marketing do


político revela-se determinante para a construção de imagem positiva nos cidadãos, tendo
em conta que precisa de não apenas produzir e controlar o conteúdo das “mensagens, mas,
sobretudo, de estabelecer relações entre os políticos e os diferentes públicos responsáveis
12
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

pela formação da opinião pública” (Silva e Marques, 2009, p. 46). E desta compreensão,
a comunicação política é operacionalizada quer seja a partir da “admissão que há uma
certa atividade política na comunicação e uma certa atividade comunicativa na política”
(Barriga, 2007, p. 99), quer seja da “base para a locomoção dos fluxos de interesse e poder
no sistema político e deste para a sociedade” (Azevedo, 2007, p. 28).

Da passagem da comunicação política à eleitoral, conforme enceta Luís Nascimento


(2014, p. II) no seu estudo dedicado especialmente sobre campanha presidencial
portuguesa de 2011:

As campanhas eleitorais desenvolvem-se num sistema de comunicação política


que tem sido sujeito ao longo dos tempos a diversas novas dinâmicas que
alteraram profundamente o modo de atuação dos atores políticos, mediáticos e
dos próprios cidadãos. Consequentemente, as práticas comunicativas eleitorais
têm vindo a adaptar-se de forma a acompanhar estas mudanças.

E esta adaptação exige que a estratégia de persuasão eleitoral “não sobrevive sem o íntimo
diálogo com as modernas tecnologias” numa época em que os media e “as táticas do
marketing político espelham novos recursos para o confronto dos candidatos” (Rebello,
1996, p. 23).

Segundo Figueiredo et al. (1997, p. 186), conforme explícito no estudo sobre estratégias
de persuasão eleitoral:

Em processos eleitorais, a ideia de persuadir a maioria é mais fluida do que em


outras circunstâncias. Num debate científico, o orador persuade a plateia pela
retórica argumentativa, seja pela dedução lógica ou pela demonstração de
evidências, convencendo a plateia da verdade da sua teoria.

Ao ser direcionada para o período de campanha, a comunicação política eleitoral


apresenta-se fundamental para consolidar a estratégia de comunicação política do longo
prazo (Espírito Santo e Figueiras, 2010, p. 82). E este transfer demonstra que é importante
perceber que o processo de comunicação persuasiva eficiente não se “aplica apenas no
período eleitoral, mas sim ao longo de todas as fases, como forma de ir conquistando e
fidelizando os eleitores” (Mendes, 2012, p. 19). Outra particularidade de destaque no
conceito de comunicação política eleitoral é o facto de ter como finalidade específica a
adesão do eleitor-alvo à candidatura, ou seja, a maior angariação de votos possível para a
respetiva eleição (Aguiar, 2010, p. 22), incidindo a persuasão “nos processos de

13
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

comunicação de massas e seu impacto sobre o comportamento político” (Gomes, 2009,


p. 89).

Por outras palavras, a comunicação política e a comunicação eleitoral, nos


Estados democráticos, tendem a constituir-se como plataformas de
entendimento político entre o Estado, os seus agentes e os cidadãos
suficientemente estáveis e permeáveis para permitirem a permanente
adequação estratégica de objetivos, recursos e soluções políticas num enfoque
onde o público constitui o verdadeiro decisor da orientação estratégica das
campanhas e dos vetores prioritários de atuação e decisão política (Espírito
Santo e Figueiras, 2010, p. 84).

Ao nível da comunicação política eleitoral, os segmentos de “construção de imagens


públicas vitoriosas são mais complexos e exigem integrações interdisciplinares” de
decisões e estratégias (Macedo e Rosa, 2014, p. 2).

De outro ponto de vista no diagnóstico sobre a política de imagem no contexto de


campanhas eleitorais, as autoras Célia Silva e Ângela Marques (2009, p. 49) reiteram que:

no contexto de planeamento de uma campanha eleitoral, a comunicação atua


como um elemento facilitador do trabalho em conjunto, no qual todo o
processo de tomada de decisões deve considerar outras instâncias além
daquelas que se encontram diretamente ligadas ao projeto. A comunicação
possui, nesse sentido, o papel de criar uma dinâmica de diálogo e de
cooperação entre todos os atores e setores envolvidos em uma campanha.

Assim sendo, “fica a cargo da linguagem publicitária o papel de direcionar as


interpretações e pontos de vista” do eleitorado-alvo heterogéneo “através de uma retórica
construída por meio de signos que, articulados, ajudam a dar vivacidade ao discurso
político” (Silva e Marques, 2009, p. 52).

No entender de Ana Mendes (2012, p. 19) a comunicação política eleitoral:

pretende, no seu esplendor, exercer influência quer na sociedade civil – tornar


a opinião pública favorável a si –, quer nos meios de comunicação social,
envolvendo toda a área da comunicação social como analistas, comentadores,
personalidades políticas ou editores, e os diversos canais de comunicação
como outdoors espalhados pelas ruas ou mesmo a internet através de blogues,
páginas oficiais ou redes sociais.

Neste sentido, para efluir a comunicação política eleitoral e seduzir o seu eleitorado
potencial, o candidato necessita de duas vertentes fundamentais de comunicação

14
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

audiovisual: as vias de comunicação que podem ser diretas ou intermediadas (Salgado,


2012, p. 233).

1.2 – Comunicação Política Eleitoral por Via Direta

A comunicação política eleitoral por via direta é a que permite ao candidato comunicar
diretamente com os eleitores apenas utilizando o meio de comunicação, por exemplo “as
ferramentas online que permitem a interação direta entre eleitores e candidatos – ou o seu
staff” como Facebook, websites, Youtube, email dos candidatos, ou as vertentes essenciais
de campanha como os tempos de antena no espaço de Direito de Antena em Portugal ou
os Horários Gratuitos de Propaganda Eleitoral no Brasil (Salgado, 2012, p. 234). Quer
isto relevar que:

Estas novas vias de comunicação direta permitem aos atores políticos


compreender melhor as motivações e expetativas de um eleitorado
progressivamente volátil e fragmentado, podendo assim estruturar de uma
forma melhor a sua mensagem, de modo a tornar a mensagem política agregada
– fundamental ao exercício político – mais adaptada às novas exigências ao
investirem em técnicas de comunicação direcionadas para determinados perfis
de eleitores (Nascimento, 2014, p. 22).

Não obstante à sua relevância nas estratégias de comunicação política eleitoral, como é
perfilhada e explanada mais adiante nesta investigação, “a cobertura editorial e noticiosa,
contudo, não garante que as mensagens” dos candidatos “cheguem, como pretendido, ao
eleitorado” e daí a necessidade de complementar a estratégia “em comunicar, na televisão,
diretamente com o eleitorado, sem intermediação jornalística” (Aguiar, 2010, p. 11), a
saber na íntegra: os tempos de antena eleitorais.

1.2.1 – Tempos de antena dos candidatos

Passando os candidatos do terreno de campanha para o palco central: televisão, os tempos


de antena derivados das candidaturas entram em cena para a disputa do voto utilizando o
meio televisivo como plano estratégico para atingir as grandes audiências eleitorais
(Costa, 2013, p. 93).

15
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Para Aguiar (2010, p. 39), entram em cena como a via essencial para os candidatos
transmitirem as suas mensagens políticas de forma “direta e integral” aos eleitores, ou
seja, sem interferências de outrem à volta do conteúdo.

Já o autor Guilherme Oliveira (2010, p. 36) realça que “é um espaço de relativa liberdade
de construção da imagem pública” por parte do candidato, contudo sem deixar de ser
“obedecidos os critérios que são regulamentados pela Lei Eleitoral do país”.

Na mesma linha de raciocínio, Emilly Silva (2011, p. 3) dedicou uma investigação às


estratégias de comunicação da campanha eleitoral tendo constatado que:

É neste horário que os candidatos, sob orientação dos assessores de


comunicação e políticos, buscam conquistar o seu eleitorado, apresentando sua
formação e o seu legado na carreira política, com o intuito de transmitir
credibilidade e demonstrar responsabilidade para se tornar o representante
político do eleitor.

Limeira e Maia (2010, p. 50) acrescentam duas potencialidades dos tempos de antena:
por um lado esta via é concebida “como fonte importante de informação na medida em
que aumenta a exposição dos políticos na mídia e oferece informações mais assimiláveis”
e por outro “também oferece argumentos para o eleitor defender sua atitude sobre o voto
nas conversas do dia-a-dia, onde as opiniões se cristalizam”.

Parte-se do pressuposto que a composição e a divulgação dos tempos de antena visam a


obtenção de vantagem sobre outros candidatos, independentemente do conteúdo das
mensagens políticas serem ideias, promessas, propostas, apelo de voto ou críticas11
(Aguiar, 2010, p. 39). É por isso que “não se corre riscos de mal-entendidos nos
programas do horário eleitoral: tudo precisa estar absolutamente claro, inequívoco e
parecer normal”, devendo ter muito cuidado com as imagens, “podendo ser exemplificado
pelas animações gráficas, pela beleza procurada em paisagens, rostos, como nos
videoclips” (Soares, 1995, p. 248).

Para Daniel Medina (2006, p. 26), estes spots audiovisuais de propaganda eleitoral
tendem a ser como nas publicidades comerciais, em que se visa promover o produto e os
seus benefícios até com um simples slogan para permanecer na conceção do cliente.

11
Uma das variáveis analíticas equacionadas nesta investigação.
16
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

No seu estudo de comunicação na campanha política, Ricardo Costa (2013, p. 93)


assegura por isso que:

É esse campo que atrairá, cada vez mais, o foco das atenções por parte dos
administradores de campanhas políticas, assim como o foco dos investimentos
– tanto de recursos financeiros como de tempo nas ações que poderão
diferenciar um candidato de seus adversários.

Em suma, fica claro que a mensagem audiovisual direta do candidato é trabalhada e


veiculada partindo do objetivo de “associar a imagem do candidato a propostas
específicas, dar a conhecer a sua história, o seu desempenho profissional no passado, as
suas ideias para o país” (Salgado, 2012, p. 236). Tanto assim é que é assumida como o
elemento-chave da comunicação política eleitoral, numa dimensão que, mais do que ser
o suporte ideal do candidato, é requerida por cidadãos eleitores como fator de garantia de
qualidade política (Espírito Santo e Figueiras, 2010, p. 82-83).

1.3 – Comunicação Política Eleitoral por Via Intermediada

Antes de explicitar as equiparações referenciais à volta da segunda via comunicacional


em estudo, é-se relevante revelar o significado de media segundo Daniel Medina (2006,
p. 21) mais concretamente para melhor perceção do fenómeno:

O conceito de media contém em si a significação de intermediário, este muitas


vezes de carácter tecnológico. Poder-se-ia dizer que os media são objetos
construídos. São portanto, artificiais, fazendo assim parte da civilização
tecnológica, cujo desenvolvimento vertiginoso caracteriza, sem dúvida
alguma, o nosso século. Por consequência, os media podem definir-se, numa
primeira aceção, como objetos técnicos que servem de intermediários entre os
homens e o mundo.

Por sua vez, esta via permite aos candidatos transmitir a mensagem com intermediação
jornalística nos órgãos de comunicação e informação de massa, como rádio, televisão e
imprensa escrita (Salgado, 2012, p. 234). Por um lado a via intermediada restringe a
intendência da candidatura sobre o conteúdo final produzido, mas por outro permite
alcançar as grandes audiências da plataforma com o “cunho de veracidade” do trabalho
jornalístico, passando a propaganda integral do candidato à informação eleitoral. 12 Quer

12
Idem, ibidem.
17
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

isto dizer que enquanto a comunicação direta permite ao candidato transmitir a sua
mensagem livre e eficientemente em termos de formalidades e de conteúdo de
propaganda eleitoral (Aguiar, 2010, p. 53), já a comunicação intermediada pela cobertura
mediática “implica uma maior intervenção sobre a mensagem” por parte dos jornalistas
(Salgado, 2003, p. 3),

Na verdade, “as campanhas eleitorais são também o expoente máximo do jornalismo


político” e sendo os jornalistas esclarecedores das decorrências de campanha dos
candidatos eleitorais, têm um papel acrescido nos noticiários enquanto ocasiões onde os
eleitores acompanham atentamente as informações políticas (Calado, 2016, p. 1), a saber
de forma plena os diários de campanha nos noticiários televisivos, precisamente
explícitos no próximo capítulo.

No seu estudo sobre campanhas eleitorais e cobertura mediática, Susana Salgado (2012,
p. 249) conclui que os candidatos precisam da comunicação por via intermediada “porque
o eleitorado espera que os jornais, a televisão e a rádio lhes forneçam informações sobre
a campanha”. Neste âmbito, “os candidatos sabem que a sua presença nos media pode
facilitar a transmissão da sua mensagem” tendo em conta que “o facto de conseguirem
exposição nos media confere-lhes visibilidade” e principalmente “credibilidade à sua
mensagem, através do processo de mediatização”.13

Neste caso, para convencerem a maioria dos eleitores, todos constroem um


mundo atual possível, igual ou um pouco diferente do mundo atual real, e com
base nele projetam um novo e bom mundo futuro possível. A estrutura dessa
argumentação tem duas vertentes (Figueiredo et al., 1997, p. 186).

E estas duas vertentes (direta e intermediada) são utilizadas essencialmente como


estratégia de comunicação do candidato de “misturar a propaganda com a informação, ou
dissimular a persuasão em factos e apoios de membros proeminentes da sociedade”
(Salgado, 2012, p. 236) numa relação de complementaridade, pelo que ambos “são vias
que materializam a exposição argumentativa dos políticos para os grandes públicos”
(Rebello, 1996, p.23).

13
Idem (2012, p. 249-250).
18
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Por isso hoje, a comunicação política eleitoral compreende não só a comunicação direta
dos candidatos mas também a intermediada “pelo jornalismo, pela programação
televisiva e radiofónica, pela publicidade, pelo marketing ou pelas relações públicas”
(Medina, 2006, p. 66). E esta dicotomia de comunicação eleitoral “só se completa quando
entendido como um processo de comunicação política de duas vias” através de “um pacto
fundamentado numa troca de intenções” (Figueiredo et al., 1997, p. 184) candidato–
jornalista.

Da perceção que as duas vias são simultaneamente díspares e complementares na


estratégia de comunicação política eleitoral, aqui enquadra-se a primeira das quatro
hipóteses levantadas ao diagnóstico dos cruzamentos analíticos: Em termos das
constatações globais da análise comparativa entre a comunicação por via direta de
Albertino Graça e a comunicação por via intermediada da TCV, prevalecem as
divergências sobre as convergências decifradas da meta-performance analysis.

Em suma, toda a atenção dos candidatos nas estratégias de campanha originou a


constatação que a comunicação política eleitoral é potencialmente influenciada por
especificidades extraordinárias dos media (Salgado, 2012, p. 245). Daí o facto de as
estratégias serem direcionadas para a dimensão mediática, esta observada com a função
mais autónoma nas democracias representativas contemporâneas, refletindo e modelando
todo o processo eleitoral de interação e informação.14

14
Idem, ibidem.
19
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

CAPÍTULO II – DA COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA

O estudo da cobertura das campanhas eleitorais na televisão é um forte


indicador do poder assumido pelo jogo mediático no mundo da política, pois
permite-nos entender a dinâmica existente entre a esfera política e a esfera dos
media (Calado, 2016, p. 35).

Neste segundo capítulo do corpus da revisão de literatura, as máximas das teorizações


equiparadas revelam-se fundamentais para que se perceba “o carácter
informativo/persuasivo” derivado da cobertura mediática televisiva como “um dos
instrumentos de comunicação mercadológica, tanto política quanto eleitoral” (Gomes,
2009, p. 87).

Com o passar do tempo, os media afirmaram-se como recurso dos processos políticos
evidenciando o fenómeno da mediatização de forma ativa e regular dos suportes de
comunicação e informação de massa (Carvalho, 2010, p. 35). Tanto assim é que hoje em
dia qualquer decorrência política requer logo cobertura mediática,15 centralizada em
primeiro lugar “no acompanhamento da agenda de campanha dos candidatos, com
prejuízo de um trabalho mais profundo e documentado por parte dos jornalistas” (Caleiro,
2005, p. 331) e em segundo, na produção e organização técnica das peças de notícias
(Calado, 2016, p. 30-31).

Na sua dissertação sobre televisão, campanhas eleitorais e pluralismo, Sandra Sá Couto


(2006, p. 5) salienta o processo mais precisamente:

A cobertura do acontecimento é planeada cuidadosamente pelos órgãos de


comunicação social. Sujeitos à agenda dos candidatos os media enviam para o
terreno jornalistas, repórteres de imagem, fotojornalistas e meios técnicos para
fazerem chegar as notícias às redações. Em cada jornal, agência, rádio ou
estação de televisão programam-se espaços para a campanha e diferentes
abordagens do que se passa no terreno político. A cada uma destas equipas está
entregue o trabalho de contar a história e as «estórias» de uma campanha
eleitoral.

Importa ressaltar que em todo este processo, a cobertura mediática televisiva apresenta-
se sobretudo “como uma característica das sociedades democráticas” (Salgado, 2003, p.
4). A sua relevância é sentida principalmente em três domínios: em primeiro lugar, pelo

15
Idem, ibidem.
20
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

grau de dependência dos cidadãos eleitores para se informar das candidaturas; em


segundo, pela dicotomia como os conteúdos eleitorais nos media seguem uma “lógica
mediática” e não uma “lógica política”; e por último, pela forma como a comunicação
política eleitoral se adapta aos media.16 Com efeito, é cada vez mais frequente notar-se
que a maior parte da agenda de campanha dos candidatos é programada mediante a
agenda dos media, para garantir a cobertura jornalística e aumentar a audiência, consoante
o suporte de comunicação eleitoral utilizado (Canavilhas, 2009, p. 4).

Do versus entre política e jornalismo: relações de dependência e mecanismos de controlo,


Heidilene Lopes (2015, p. 13) averigua na sua pesquisa que “é verdade que, outrora, o
domínio e o controlo do poder político sobre os meios de comunicação eram
perfeitamente visíveis”, contudo “nas sociedades contemporâneas os meios de
comunicação conseguiram estabelecer o seu campo de ação de forma mais ampla” na
medida em “que as relações de dependência e os jogos de influências se tornaram mais
complexos e menos percetíveis”. Vale salientar que mais adiante, a autora (Lopes, 2015,
p. 54) conclui que “é possível detetar outro tipo de relação, a da interdependência entre
os mesmos”, mais precisamente como “uma relação de conivência em que ambas as
partes procuram obter benefícios da situação em que se encontram”.

Noutro estudo desenvolvido particularmente sobre jornalismo no período eleitoral em


Cabo Verde, Ivanilda Bento (2016, p. 4) parte do princípio que “no período eleitoral, é de
realçar que o jornalismo é a fonte essencial de informação política nas sociedades
contemporâneas”, e assim sendo “a maneira como aborda questões acerca da realidade
política pode influenciar a perceção sobre a democracia” inclusive “também as atitudes e
orientações que os cidadãos podem ter em relação à política”. Consequentemente:

Estabelece-se que existem efeitos indesejáveis dos media na eficácia do


discurso político e que, por isso, é útil aos agentes políticos transporem a
agenda mediática televisiva, como forma de comunicarem diretamente com o
eleitorado (Aguiar, 2010, p. 21).

E em vários estudos desta natureza constata-se efeitos significativos que a cobertura


mediática jornalística exerce indiretamente na comunicação dos candidatos,
nomeadamente os de agenda-setting e de framing (Mesquita, 2008, p. 36-37), como

16
Idem (2012, p. 241).
21
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

indicadores primordiais “para a caracterização da evolução dos padrões jornalísticos na


cobertura das campanhas eleitorais” (Caleiro, 2005, p. 282).

2.1 – Efeito Agenda-setting na Comunicação Política Eleitoral

Para estudar a comunicação política eleitoral é fundamental relevar o agenda-setting,


sendo a teoria mais importante na análise do impacto das mensagens no eleitor com a
veiculação dos media (Midões, 2008, p. 6). Este efeito gerou um aumento das pesquisas
para verificar como os jornalistas escolhem os temas, os seus contextos, as suas
apresentações nas informações eleitorais 17 e até “como a opinião pública é moldada”
(Mesquita, 2008, p. 37).

O papel central desempenhado pelos media na sociedade acaba, ao fim e ao


cabo, por fazer que toda a campanha estruture-se ao redor dessa arena
mediática central, com a participação dos candidatos em debates, programas
populares e de entrevistas, com a influência da agenda temática dos media
sobre a agenda temática de candidatos e partidos e com a necessidade de
fabricação de factos que sejam positivamente noticiáveis pela cobertura dos
meios de massa (Ribeiro, 2004, p. 38-39).

Os jornalistas, por sua vez, para além de descrever o conteúdo da mensagem originária
da comunicação política eleitoral, vão escolher quais veicular consoante critérios que eles
próprios determinam, desempenhando uma função determinante na construção de
opiniões sobre as candidaturas (Medina, 2006, p. 2).

Os media determinam o que é notícia e que candidatos ou assuntos merecem


destaque, o que leva, por sua vez, os candidatos a orientarem as suas
campanhas de forma a serem notícia, acontecimento, provocando “momentos
fotográficos”, transformando factos em narrativas, ou seja, criando momentos
que originam uma cobertura dos media, com imagens passíveis de despertar a
atenção primeiro do jornalista e, através deste, do eleitorado (Salgado, 2012,
p. 250).

Desta forma, os noticiários chegam a ser considerados “representações da autoridade”


onde “os jornalistas e as fontes possuem o poder de decidir quem tem voz e quem é
excluído do acesso ao espaço público” (Serrano, 1999, p. 3).

17
Idem, (2008, p. 7).
22
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Em suma, o agenda-setting parte do pressuposto de que quando determinados temas são


selecionados e difundidos nas campanhas eleitorais em detrimentos de outros, estão a
formar uma agenda dos eleitores (Midões, 2008, p. 7). E no processo de informação
eleitoral, o jornalista vai ainda definir as prioridades dos factos selecionados, sendo as
notícias apresentadas de forma verossímil (Brandão e Dias, 2009, p. 4). Quer isto dizer
que o jornalista “tem a função de transmitir a mensagem, mas longe de ser uma simples
transmissão”, na medida em que o tema “torna-se o produto de uma seleção e de uma
hierarquização. Sofre o processo descrito pela hipótese de agenda-setting” (Salgado,
2003, p. 3).

Esta constatação aponta logo à segunda hipótese levantada nesta investigação para
verificação: Os resultados dão conta de coincidência entre as duas vias de comunicação
no que concerne à classificação do foco central dos três grandes conjuntos de temas: a
promoção de Albertino Graça; a despromoção de outros candidatos; e assuntos neutros.

2.2 – Efeito Framing na Comunicação Política Eleitoral

Atualmente, o modo primado de descrição de um evento é designado por molduras ou


enquadramento ou originalmente por framing (Cruz, 2011, p. 35). Este segundo efeito,
tal como o de agenda-setting, confere primazia de determinados temas em detrimento de
outros, mas a maior singularidade é que, para além de incentivar os eleitores “sobre o que
pensar”, influencia principalmente em “como pensar” a volta dos assuntos na campanha
(Mesquita, 2008, p. 41). Assim, “as notícias são construídas em torno da interpretação de
temas, com os factos a servirem de ilustração dos temas escolhidos pelo jornalista”
(Caleiro, 2005, p. 333).

No seu estudo da mediatização da comunicação política, Daniel Medina (2006, p. 297)


complementa que:

As notícias participam assim na definição de uma noção partilhada do que é


atual e importante e do que não é, proporcionando diferentes pontos de vista
sobre a realidade social existente, e configuram referentes coletivos gerando
determinados processos modificadores dessa mesma realidade.

23
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

O estudo do efeito framing parte do princípio que “diferentes formas de abordagem de


um determinado assunto fazem com que varie o impacto e a forma de pensar das pessoas
acerca do assunto abordado” (Midões, 2008, p. 5). O mesmo tema relatado de diversas
formas na campanha eleitoral, conforme predisposição da fonte que o aborda, faz com
que a mensagem conceba diferentes ideias nos eleitores da mesma audiência. 18

Na sua tese, a autora Maria Caleiro (2005, p. 339) diagnosticou os padrões jornalísticos
na cobertura de eleições presidenciais e os resultados conduziram a constatação que:

Fruto de escolhas feitas pelos jornalistas, o enquadramento dado às notícias de


uma campanha eleitoral não é arbitrário nem automático mas produto de
decisões de diretores, editores e repórteres, que refletem a sua maneira de ver
a campanha.

No estudo dedicado especialmente aos enquadramentos dos media e política, Mauro Porto
(2002, p. 15) propôs separar dois conceitos: Enquadramentos noticiosos – como padrões
de “ângulo da notícia” dos jornalistas para selecionar, apresentar, enfatizar e relatar os
temas na campanha; Diferente dos enquadramentos interpretativos – referidos como
padrões de juízos morais de atores políticos e/ou sociais para avaliar e interpretar
determinados temas.

Noutro estudo relacionado ao efeito framing, Robert Entman (2004, cit. in Novais e
Martinho, 2011, p. 6) aplicou a metodologia a partir do pressuposto de que o framing
exerce quatro funções: a definição de problemas, o diagnóstico de causas, a sugestão de
soluções e a enunciação de juízos morais. Na mesma linha metodológica, Novais e
Martinho (2011, p. 6) também aplicam o modelo no estudo das molduras do Magalhães
partindo do princípio que elucida sobre:

como as fontes, mais ou menos consultadas, são apresentadas; como o


conteúdo das suas respetivas declarações é emoldurado; bem como, também
permite aferir quais os ângulos adotados relativamente às diversas facetas e
desenvolvimentos do episódio em análise.

Daí que este efeito de descrição dos eventos na campanha sustenta a terceira hipótese
levantada ao diagnóstico dos resultados: Relativamente à ordem do predomínio das
quatro molduras, os cruzamentos analíticos revelam desarmonia entre a comunicação de
propaganda eleitoral e a comunicação de informação eleitoral.

18
Idem, ibidem.
24
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

A cobertura mediática envolve todos os meios de comunicação, todavia é na televisão


que este trabalho dedica a atenção especial, onde o candidato tende a construir a sua
imagem para maior e melhor reconhecimento e aceitação dos eleitores/telespetadores
(Calado, 2016, p. 1).

2.3 – Centralidade da Televisão nas Campanhas Eleitorais

Em 2001, Cristiane Neder equacionou as influências das novas tecnologias de


comunicação social na formação política tendo notado que a televisão:

personificou o cidadão, plastificou-o dentro da sua tela, e dentro de uma


modernidade imagética desintegrou sua cidadania verdadeira, porque o
cidadão hoje não é o que ele pensa, mas o que ele vê.19

Da sua grandeza, a televisão tem sido cada vez mais estudada como o centro dos meios
de comunicação e informação com impactos deformadores na política e no espaço público
(Medina, 2006, p. 1).

Ao avaliar a comunicação política eleitoral, Mônica Rebello complementa que já não se


convém dizer que “a televisão fala da política” mas sim “que o jogo eleitoral acontece
por intermédio dela”. 20 Neste “diálogo constante com a esfera política, a televisão
construiu um vínculo sem precedentes” de tal forma que “assume hoje um papel muito
importante enquanto ligação singular entre os cidadãos e os assuntos da esfera política”
(Calado, 2016, p. 31). Tanto assim é que atualmente não há outro meio de comunicação
de massas que condiciona tanto as estratégias de comunicação política eleitoral como a
televisão (Aguiar, 2010, p. 12).

Os próprios assessores de comunicação política percebem que alguns segundos de peças


audiovisuais do candidato na televisão com apoiantes, com muitas bandeiras e
principalmente com “a frase certa emitida em direto no noticiário televisivo em prime-
time são os momentos que o telespectador vai apreender da campanha eleitoral” (Couto,
2006, p. 5). Os políticos passaram a estruturar a centralidade das campanhas na televisão

19
2001, p. 108.
20
1996, p. 44.
25
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

(Ribeiro, 2004, p. 38) pelo que a própria dinâmica entre ação de campanha e comunicação
dos candidatos já implica “a construção de momentos mediáticos, planeados para captar
o interesse da televisão” (Aguiar, 2010, p. 11).

Daí que, no caso de campanhas eleitorais, os candidatos organizem os seus


programas em função dos horários e formatos televisivos, criando cenários e
eventos que constituam ocasiões para uma “boa” cobertura televisiva. As
imagens que chegam aos cidadãos dependem da mediação e configuração que
os jornalistas fazem dessas iniciativas, isto é, do modo como constroem a
cobertura e dão sentido às iniciativas dos candidatos (Caleiro, 2005, p. 366).

Nota-se que “o discurso televisivo assumiu o papel de referência modeladora de todo o


discurso político da campanha”, atuando como estratégia da comunicação política
eleitoral visando “mobilizações de massa” (Ribeiro, 2004, p. 38). Diga-se de passagem
que a televisão “é produtora de um novo discurso” (Rebello, 1996, p. 44) e “dominar a
técnica de se expressar na televisão é o mais importante desafio que qualquer político
deve superar na atualidade” (Medina, 2006, p. 92), sendo o espaço “onde a transmissão
vai, igualmente, contribuir para transformar o discurso político em «acontecimento»”
(Salgado, 2003, p. 3), consoante “a forma como o acontecimento foi dado a conhecer aos”
telespetadores-eleitores “atendendo a termos, expressões e/ou tom das” frases
pronunciadas na “descrição do evento” (Cruz, 2011, p. 40).

E este ponto já enfatiza a quarta e última hipótese previamente levantada para ser testada
neste estudo: Os dados cruzados entre ambas as vias comunicacionais apontam que a
campanha de Albertino Graça foi predominantemente de índole negativa da descrição
dos eventos.

Para além da interligação à classe política e da intermediação central à esfera pública,


Daniel Medina (2006, p. 93) salienta que a televisão prestigia também uma estreita
relação com demais suportes media, principalmente no que tange aos noticiários que
“para o serem verdadeiramente, têm de passar pela televisão”. Citado e explicado de outra
forma:

A notícia pode ser dada pelo mais prestigiado semanário nacional, mas
enquanto a televisão não pegar nessa notícia, ela não é, de facto, considerada
como tendo atingido a sua verdadeira utilidade.21

21
Idem, ibidem.
26
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

2.4 – Diários de Campanha nos Noticiários Televisivos

A maior parte das perceções políticas que os cidadãos têm do seu país e da sua sociedade
é criada através das informações que obtêm dos noticiários televisivos (Calado, 2016, p.
27), “funcionando estes como uma espécie «selo de garantia» para o público recetor” que
vão construir o modo como se interessam pelas decorrências políticas e pelas informações
nos outros media que têm disponíveis (Salgado, 2003, p. 3)

Numa investigação especialmente dedicada à cobertura televisiva da campanha eleitoral,


Sara Calado (2016, p. 88) realça:

a importância que assumem as notícias no decorrer de uma campanha eleitoral,


principalmente no principal programa informativo de um canal de televisão,
pois constituem uma ferramenta fundamental de elucidação, descodificação e
entendimento do decorrer da campanha.

Assim sendo, os noticiários eleitorais das peças televisivas acabam por se constituir um
fator determinante de “produção de sentido” e até de consciencialização do eleitorado,
onde aumenta a responsabilidade jornalística (Medina, 2006, p. 297) e onde a mensagem
dos candidatos é “mediatizada: Telejornais diários” (Salgado, 2003, p. 2).

Isto é, a duração das peças televisivas é reduzida, pelo que os políticos têm
apenas alguns segundos disponíveis para transmitir a sua mensagem numa
peça televisiva. Essa limitação faz com que o político tenha que se adaptar aos
limites impostos pelo jornalismo televisivo, de forma a não comprometer a
clareza e o conteúdo da mensagem a transmitir (Calado, 2016, p. 24).

Com efeito, “a capacidade dos candidatos para marcarem a agenda da cobertura da


campanha é visível no facto de as notícias se centrarem nas atividades de campanha”
(Caleiro, 2005, p. 352) sabendo que hoje, seja qual for o canal, o noticiário televisivo é o
programa de destaque de informação diária, privilegiado em horário nobre aos
telespetadores (Calado, 2016, p. 32), sabendo também que a transmissão “vai definir o
que o telespectador vai apreender como sendo os acontecimentos mais relevantes e que
deve ter em conta”.22 Um exemplo comparado digno de referência é que antes a
comunicação política nos comícios era segmentada e destinada aos respetivos eleitores
da região mas hoje os comícios são programados tendo em conta a cobertura mediática

22
Idem (2016, p. 33).
27
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

televisiva, porque basta alguns instantes nos diários de campanha “no telejornal para que
um comício passe a ter uma dimensão nacional” (Medina, 2006, p. 102).

Neste ínterim de passagem ao próximo capítulo, Rogério Fernandez (2005, p. XII) que
estudou as campanhas eleitorais anota que “a televisão é o meio de comunicação mais
importante nas eleições para cargos maioritários, como os cargos de presidente”.

Em Cabo Verde ver televisão é cultural, até são considerados «horários


sagrados», onde famílias e amigos se reúnem diariamente para ver
determinados programas em conjunto (Moreno, 2015, p. 12).

28
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

CAPÍTULO III – PRESIDENCIAIS 2016 EM CABO VERDE

Nesta terceira fase do trabalho, releva-se prestar atenção ao panorama do estudo de caso
partindo das predisposições essenciais da Constituição da República de Cabo Verde
(CRCV) elucidativas às eleições e às competências Presidenciais:

i – É o garante da unidade nacional e do Estado, da integridade territorial, da


independência nacional e vigia e garante o cumprimento da Lei Suprema e dos tratados
internacionais. 23 Representa interna e externamente a República e, por inerência das suas
funções, é o Comandante Supremo das Forças Armadas.24 Compete-lhe ainda marcar o
dia das eleições Presidenciais, 25 exercer o direito de veto político no prazo de 30 dias
contados a partir da data de receção do diploma para promulgação,26 nomear e exonerar
embaixadores sob proposta do Governo. 27

ii – Para efeitos de eleições Presidenciais, o território nacional constitui um só círculo


eleitoral, um único colégio eleitoral. 28 O candidato presidencial deve ser cidadão eleitor,
cabo-verdiano de origem, que não possua outra nacionalidade, maior de 35 anos e que
nos três anos imediatamente anteriores àquela data tenha tido residência permanente no
território nacional. 29 As candidaturas são propostas por um mínimo de 1000 e um máximo
de 4000 cidadãos eleitores e apresentadas no Tribunal Constitucional até 60 dias antes da
data das eleições. 30 É eleito por sufrágio universal, secreto e direto,31 por um período de
5 anos, que se inicia com a tomada de posse e termina com a posse do novo Presidente
eleito.32

23
Nº 1 do artigo 125º.
24
Nº 2 do artigo 125º.
25
Alínea g do nº 1 do artigo 135º.
26
Alínea s do nº 1 do artigo 135º.
27
Alínea c do artigo 136º.
28
Nº 1 do artigo 102º.
29
Artigo 110º.
30
Artigo 111º.
31
Artigo 109º.
32
Nº 1 do artigo 126º.
29
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

O dia 2 de outubro de 2016 marcou a 6ª eleição pluralista de Presidenciais em Cabo Verde


concluindo um ciclo de três eleições no mesmo ano, depois das Legislativas de 20 de
março e das Autárquicas de 4 de setembro.

O período oficial de campanha presidencial decorreu de 15 a 30 de setembro contando


com três candidaturas oficiais: Jorge Carlos Fonseca – candidato apoiado pelo
Movimento para Democracia (MpD) sendo reeleito com 74,09% dos votos; Albertino
Graça – candidato independente que concorreu pela 1ª vez nestas eleições obtendo
22,51%; e Joaquim Monteiro – candidato independente pela 2ª vez, com 3,41%.33 A
eleição ficou igualmente marcada por uma elevada taxa de abstenção: 64,53%.34

A Comissão Nacional de Eleições (CNE)35 destacou a obediência por parte dos


concorrentes no que diz-respeito às disposições legais estipuladas nos artigos 376º e 377º
do Código Eleitoral de Cabo Verde (CE) realçando o facto de ser a primeira eleição desta
natureza em que as candidaturas foram apresentadas no Tribunal Constitucional e não no
Supremo Tribunal de Justiça.36 Assegurou ainda que criou todas as condições para que
houvesse igualdade de tratamento aos três candidatos nos meios de comunicação social. 37

3.1 – Enquadramento do Candidato Albertino Graça

Nasceu a 2 de outubro de 1959 no bairro Ribeira Bote – ilha de São Vicente, Cabo
Verde.38 Durante adolescência e juventude, engajou-se em diversas ações sociais,
desportivos e culturais.39 Licenciou-se em Engenharia Mecânica na Universidade de
Coimbra em Portugal e de regresso a Cabo Verde trabalhou na Empresa Nacional de
Administração dos Portos (ENAPOR) nas ilhas de São Vicente, São Nicolau e Santiago.40
Exerceu o cargo de Vice-Presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol tendo
passado depois a empreendedor no sector privado com destaque ao Instituto de Estudos

33
Dados oficiais publicados pela CNE no suplemento do Boletim Oficial (BO) n.º 58, I Série, 11/10/2016
– Mapa com o Resultado Total da eleição do Presidente da República realizada no dia 02/10/2016.
34
Relatório de Atividades da CNE 2016 (CNE, 2017, p. 42).
35
Órgão superior da administração eleitoral em Cabo Verde, definido no artigo 10º do CE.
36
Relatório de Atividades da CNE 2016 (CNE, 2017, p. 21).
37
Relatório de Atividades da CNE 2016 (CNE, 2017, p. 182).
38
Dados biográficos provenientes do site oficial da candidatura de Albertino Graça.
39
Ibidem.
40
Ibidem.
30
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Superiores Isidoro da Graça (IESIG).41 Também participou em organizações políticas da


sociedade civil tendo trabalhado diretamente com personalidades nacionais como
Aristides Pereira, Onésimo Silveira, Pedro Pires, José Maria Neves, Isaura Gomes.42 Para
além de obras académicas, o Reitor da Universidade do Mindelo (eis IESIG) é autor do
livro ‘Ribeira Bote: O Bairro e o Clube’ – 1998 e do manual ‘Jogo de Oril: Regras, Teorias
e Estratégias’ – 1994.43

3.1.1 – Razões da candidatura presidencial

Segundo o próprio candidato Albertino Graça (Entrevista: 17.06.19), “não constitui


novidade para ninguém que” é “uma espécie de político solitário, ou independente como
se costuma dizer,” sendo “que nunca teve apoio de nenhum partido” e que nem sequer
“foi convidado a fazer parte” de algum. Recorda “algumas iniciativas políticas
individuais, dos quais o mais visível foi uma candidatura independente à Câmara
Municipal de São Vicente em 2004” como “as eleições mais disputadas de sempre com
5 candidaturas: MpD, PAICV44, UCID, PTS45 e Modernizar São Vicente (candidatura
independente)” o qual fundou e liderou, realçando “bom desempenho e de ter eleito 1
deputado municipal”.46

Por conseguinte, “vendo que dificilmente” seria “convidado por algum partido para
disputar qualquer eleição e querendo fazer uma carreira política” tendo maior
probabilidade “que seja a solo”, “ao perceber que o PAICV não iria apresentar uma
candidatura própria”,47 então é “neste quadro que surge a ideia da candidatura” às
Presidenciais 2016 como “uma excelente oportunidade política para, uma vez mais,
mostrar” a sua “potencialidade e, agora, a nível nacional” e “dar as pessoas a possibilidade
de votar numa outra perspetiva, outra visão”, pensando “investir uns 10.000 contos e fazer
uma campanha soft”.48

41
Ibidem.
42
Ibidem.
43
Ibidem.
44
Partido Africano da Independência de Cabo Verde
45
Partido do Trabalho e da Solidariedade
46
Idem, ibidem.
47
“O primeiro mérito nesta decisão foi ver com muita antecedência, até do próprio PAICV, que o partido
não iria apresentar candidato” (Albertino Graça, Entrevista: 17.06.19).
48
Idem, ibidem.
31
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Inspirado por apoiantes de diversas áreas da sociedade civil no país e na diáspora,


Albertino Graça apresentou-se como um candidato presidencial diferente, independente
e com pretensões de reforçar a democracia, a cidadania e sobretudo promover mais
equilíbrio em Cabo Verde – lema da candidatura, propondo: Mais equilíbrio no exercício
das funções de Comandante Supremo das Forças Armadas; Mais equilíbrio nas relações
institucionais com a Assembleia Nacional; Mais equilíbrio no relacionamento com os
Tribunais; Mais equilíbrio na concertação com o Governo; Mais equilíbrio no tratamento
de todas as ilhas. 49

3.1.2 – Limitações com impacto na campanha

Albertino Graça (Entrevista: 17.06.19) revela que “a maior limitação foi a falta de
estrutura de apoio no terreno”, sendo que “numa candidatura presidencial que é individual
é fundamental o apoio partidário” e que “praticamente não há tempo para se criar uma
estrutura para o terreno”. “Contava que pelo menos em São Vicente conseguisse montar
uma estrutura para o terreno, mas” não conseguiu, tendo em conta que “as pessoas
estavam cansadas e desmotivas com duas campanhas esforçadas e com duas derrotas
retumbantes”. “Em contrapartida havia duas forças políticas fortes e moralizadas no
terreno dia após dia” relativamente ao seu principal adversário Jorge Carlos Fonseca que
“tinha o MpD, a UCID e o Augusto”50 (Presidente da Câmara Municipal de São Vicente).
Revela também que “as deslocações às ilhas foram muito difíceis”, conseguindo “alguma
coisa” em “Fogo, Brava, Praia, Tarrafal de Santiago, São Nicolau, Sal, Santo Antão e
Maio”, com contingências de “alojamento nas ilhas e principalmente na Praia (Base)”.51

O candidato presidencial aponta ainda como “os maiores choques”:52

i – Dia do debate na TV;

ii – Quando o PAICV disse que não iria apoiar ninguém;

49
Dados originários do 1º tempo de antena de AG – 15 de setembro de 2016.
50
Idem, ibidem.
51
Idem, ibidem.
52
Ibidem.
32
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

iii – Quando o Lúcio Antunes apareceu na Campanha do JCF;

iv – Quando o Tito Paris também apareceu;

v – Quando o Bau apareceu;

vi – Circunstância da família do Dr. António Mascarenhas Monteiro.

3.1.3 – Tempos de antena de Albertino Graça

Consoante disposições legais e competências, a CNE procedeu ao sorteio dos tempos de


antena em plenário com presença das candidaturas e com conhecimento da ordem e da
deliberação por parte dos órgãos de comunicação social. 53 Das disposições, a própria Lei
Suprema do país já reserva aos candidatos o “direito a tempos de antena regulares e
equitativos”.54

Do tempo de antena percebe-se “o espaço de programação própria da responsabilidade


do titular de direito”55 ao qual “durante os períodos de campanha para as legislativas e
presidenciais” em Cabo Verde “as rádios e televisões têm a obrigação de conceder aos
diferentes concorrentes para a transmissão das suas mensagens”,56 devendo ainda
“anteceder imediatamente os espaços informativos e os serviços ou blocos noticiosos”.57

A saber como uma das duas vias de comunicação analisadas neste trabalho, os Tempos
de Antena de Albertino Graça emitidos na televisão pública são referidos para os efeitos
previstos nesta investigação científica como os spots audiovisuais de propaganda eleitoral

53
Relatório de Atividades da CNE 2016 (CNE, 2017, p. 183).
54
Nº 4 do artigo 58º da Constituição da República de Cabo Verde.
55
Artigo 63º da Lei da Televisão em Cabo Verde.
56
Guia do Cidadão Eleitor (2015, p. 54).
57
Nº 3 do artigo 65º da Lei da Televisão em Cabo Verde.
33
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

aos quais toda a edição e produção do conteúdo deriva da inteira responsabilidade da


própria candidatura.58

3.2 – Enquadramento da Televisão de Cabo Verde

Nasceu em 1984 como Televisão Experimental de Cabo Verde (TVEC) (Évora, 2005, p.
5). Numa conjuntura limitada, evoluiu-se para o estatuto de Televisão Nacional de Cabo
Verde (TNCV).59 Depois de um processo de convergência com a rádio, vincou-se como
RTC (Évora, 2005, p. 5).60 As duas estações públicas continuem com uma gestão
administrativa conjunta, todavia com designações distintas: Televisão de Cabo Verde e
Rádio de Cabo Verde (RCV) sendo o maior grupo de comunicação social e empregador
dos media no país (Moreno, 2015, p. 8).

No que respeita aos atuais critérios legais de agenda e serviço mediáticos, os jornalistas
da TCV devem manter uma conduta equidistante e crítica perante as formas de interesse
e poder, evitando preconceito, ressentimento e hostilidade.61 No desempenho da
profissão, devem ter “uma atitude pedagógica em relação aos atores e clarificar as regras
de cobertura jornalística”.62 A classe jornalística goza ainda de estatuto próprio com
direitos e deveres sobre incompatibilidades, sanções e título de jornalista profissional. 63
Entre as funções do jornalista, o estatuto predispõe: Recolher, selecionar, preparar,
coordenar, tratar e reportar toda a matéria a ser divulgada na comunicação social através
de textos, sons e imagens, bem como a organização técnica dos serviços referidos.64

Ademais do que se importa à cobertura informativa da TCV nas Presidenciais 2016, a


Autoridade Reguladora para a Comunicação Social em Cabo Verde (ARC) garante que

58
Convém esclarecer que os tempos de antena de AG tanto foram transmitidos na TCV no espaço de direito
de antena reservado por lei como também foram publicados na página do Facebook oficial do candidato
durante o período de campanha eleitoral.
59
Idem, ibidem.
60
Idem, ibidem.
61
Estatuto Editorial TCV (2016, p. 3).
62
Nº 7 do Código de Conduta para os Processos Eleitorais.
63
Artigo 23º da Lei da Comunicação Social.
64
Nº 2 do artigo 3º do Estatuto do Jornalista.
34
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

os candidatos tiveram acesso e tratamento iguais baseando nos artigos 114º, 115º e 116º
do CE,65 o que reitera o destaque da CNE.

3.2.1 – Recursos concedidos aos jornalistas da cobertura da TCV

Como esclarece o jornalista Odair Santos (Entrevista: 17.06.19) quem acompanhou e


reportou a campanha de Albertino Graça aquando da cobertura informativa da TCV “para
acompanhar e cobrir as campanhas eleitorais a chefia de informação da TCV fez as
seguintes orientações aos repórteres no terreno”:

i – As reportagens sobre as candidaturas devem ser factuais, objetivas, isentas e com


fontes devidamente identificadas. Isto é, devem obedecer criteriosamente os rigores da
ética e deontologia jornalísticas;

ii – A vida privada dos candidatos não deve nunca ser explorada;

iii – Evitar uso de adjetivos (sobretudo para quantificar ou qualificar as pessoas em


comícios ou passeatas). Deixar que as imagens falem por si;

iv – Cada reportagem fala de uma candidatura em separado e tem rigorosamente dois


minutos (02’00’’);

v – Cada reportagem deve conter no mínimo dois (2) e no máximo, quatro (4) VTs66, não
devendo o tempo total dos mesmos ultrapassar um minuto (01’00’’). O restante um
minuto é destinado ao texto. A estrutura e a criação noticiosa ficam, entretanto, ao critério
do jornalista;

vi – As peças não devem conter vivos do jornalista nem no início, nem no meio e nem no
fim. Isto para evitar reclamações (das candidaturas) de que se está a roubar-lhes tempo;

65
Dados do Relatório da Cobertura Jornalística das Eleições Presidenciais de 2 de outubro (ARC, 2016,
p. 18).
66
Formato Video Title Set (Conjunto de títulos de vídeo).
35
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

vii – Também os Repórteres de Imagens devem obedecer alguns critérios e evitar


filmagens que possam suscitar interpretações dúbias, como o uso de “zoom in” e “zoom
out”, planos fechados;

viii – Não esquecer nunca do som ambiente. É peça chave de todas as reportagens;

ix – Todas as reportagens devem chegar à Redação da Sede devidamente identificadas,


tanto em termos de equipa como dos intervenientes (nome, sobrenome e função).

Para tanto, como revela o próprio Odair Santos (Entrevista: 17.06.19), foi-lhe
“disponibilizado um gravador áudio com pilhas, portáteis, pen com internet, dois
microfones e cabos, câmara e os respetivos acessórios”.

Aquando dos moldes de decisão jornalística sobre o que cobrir nas atividades de
campanha, sendo “livre de fazer a cobertura informativa, seguindo a agenda do
candidato”, “no terreno o jornalista decidia o que fazer, pois na dinâmica da campanha, o
plano muitas vezes era alterado”.67

3.3 – Particularidades entre a Campanha de Albertino Graça e a Cobertura


da TCV

Por um lado, conforme avança Odair Santos (Entrevista: 17.06.19), “a campanha


presidencial de Albertino Graça fez poucos comícios” tendo privilegiado “o contacto
porta-a-porta, principalmente fora de São Vicente e encontros com algumas figuras”.
Tanto assim é que “os contatos porta-a-porta com os eleitores na Brava, no Fogo e no
Maio” registaram “onde o candidato fincou mais o slogan de mais equilíbrio de poder”.68

“O que terá marcado mais no trabalho jornalístico foi ter de fazer viagens longas de ‘bote’
da ilha do Maio até Santa Cruz, ilha de Santiago”.69 Isso “porque a candidatura não
garantiu a confirmação da reserva e a deslocação do Sal a São Nicolau de barco no navio

67
Ibidem.
68
Ibidem.
69
Ibidem.
36
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

‘13 de Janeiro’ e depois de São Nicolau para São Vicente”.70 E tendo em conta “ao
compromisso jornalístico com os noticiários” dos diários de campanha da TCV, os
jornalistas tinham “de enviar as peças muitas vezes sob pressão tempo” e “perdeu-se
muito tempo nas longas viagens e não se cobriu a ilha de Boa Vista”.71

Por outro lado, é o próprio candidato Albertino Graça (Entrevista: 17.06.19) quem explica
que começou “muito tarde” a sua corrida presidencial, com “praticamente 60 dias antes”,
num cenário pelo qual “era impossível começar mais cedo”. “Primeiro porque o José
Maria Neves demorou a decidir que não se ia candidatar e segundo porque não podia
pressionar o PAICV” logo foi “gerindo a situação como podia”. 72 Portanto revela que
“com esse tempo era impossível fazer uma campanha de terreno plena”, apontando
dificuldades em se deslocar à diáspora e a todos os concelhos das ilhas. 73

Contudo, “graças a cobertura mediática” dos jornalistas da TCV que o acompanhavam


conseguiu “chegar aos cabo-verdianos”.74 Assim sendo, no que toca à cobertura televisiva
da sua campanha, Albertino Graça considerou “ter sido um trabalho excelente” quer “feito
nos bastidores” quer “com orientações da Praia”. 75

3.3.1 – Diários de campanha da TCV

No Jornal da Noite das 20 horas a televisão pública transmitiu no total 51 diários de


campanha dos candidatos com a duração de 2 horas, 1 minuto e 25 segundos, com uma
média de 2 minutos cada.76 Dos temas abordados que mais prevaleceram nos diários de
campanha da TCV com os candidatos presidenciais, 20% estiveram associados a
‘Apreciações sobre desempenho dos candidatos’, 12,7% a ‘Descrição de ações/agenda de
campanha’ e 9,1% a ‘Propostas dos candidatos’.77

70
Ibidem.
71
Ibidem.
72
Ibidem.
73
Ibidem.
74
Ibidem.
75
Ibidem.
76
Ibidem.
77
Dados do Relatório da Cobertura Jornalística das Eleições Presidenciais de 2 de outubro (ARC, 2016,
p. 42).
37
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
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Posto isto para os efeitos previstos, enquadra-se a outra das duas vias comunicativas em
análise relativamente à campanha presidencial de AG – os Diários de Campanha da
TCV, adequadamente referidos como os spots audiovisuais informativos aos quais toda
a organização técnica da transmissão do conteúdo deriva da inteira responsabilidade da
cobertura mediática da televisão pública. 78

78
De realçar que em ocasião da cobertura mediática da TCV foi assegurada uma equipa de reportagem para
acompanhar as ações de campanha de AG no território nacional. Assim sendo, os diários de campanha
derivados da TCV foram transmitidos num espaço de emissão especial reservado no Jornal da Noite
designado ‘Presidenciais 2016’.
38
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS

Reunidas as condições fundamentais para o efeito, está-se perante a análise dos resultados
extraídos do material em vídeo emitido na TCV aquando da campanha de Albertino Graça
nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde.

Porque o objetivo principal é perceber a dicotomia compreendida entre a comunicação


política eleitoral e a cobertura mediática televisiva relativamente ao candidato, este
capítulo alicerça numa profunda análise de conteúdo e desempenho dos spots
audiovisuais derivados das duas dimensões.

4.1 – Tempos de Antena de Albertino Graça vs. Diários de Campanha da TCV

A fim de obter uma perspetiva completa e fidedigna dos resultados, tudo o que foi
expresso, categorizado e transformado em valor real presume objeto de análise
comparativa entre a via comunicativa de propaganda eleitoral produzida pela própria
candidatura – os 14 Tempos de Antena do candidato vs. a vertente de informação da
campanha de AG derivada pelo telejornalismo público – os 14 Diários de Campanha da
TCV.79

Gráfico 1: Proporcionalidade dos Tempos Efetivos – TA vs. DC

DC
27,91%

TA
72,09%

Fonte: Elaboração própria


Como ilustra o primeiro gráfico, dos 129 minutos e 52 segundos de peças audiovisuais
das duas vertentes de comunicação eleitoral referentes à campanha de AG, 72,09%
correspondem aos TA vs. 27,91% aos DC.

79
Para melhor perceção da dimensão comparativa, todos os dados dos TA encontram-se ilustrados à
verde e os dos DC em amarelo.
39
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Gráfico 2: Proporcionalidade das Frases – TA vs. DC

DC
28,01%

TA
71,99%

Fonte: Elaboração própria


Por sua vez, o segundo gráfico demonstra que das 1221 frases expressas, 71,99% derivam
dos TA vs. 28,01% dos DC. O cruzamento dos dados dos dois primeiros gráficos
demonstram a desproporcionalidade compreendida na dicotomia comunicativa, sendo
que mais de dois terços dos conteúdos correspondem aos TA e os restantes aos DC.80

4.1.1 – Meta-performance analysis

Os resultados originários dos cruzamentos quer entre os conteúdos das duas vias quer
também entre os indicadores analíticos da MPA e os dias de campanha revelam-se
determinantes para decifrar as ocorrências dos pontos de encontros e desencontros da
dicotomia e testar as quatro hipóteses levantadas.

Gráfico 3: Proporcionalidade Global das Equiparações – TA vs. DC

Divergências Convergências
63,64% 36,36%

Fonte: Elaboração própria


Partindo da observação global da análise comparativa entre as duas vias de comunicação
eleitoral, os resultados revelam que das 77 dimensões inferidas, 49 com o peso de 63,64%
representam a primazia das divergências, enquanto as restantes 28 com 36,36% sucedem
às convergências.

80
Por conseguinte, em termos da análise da dimensão comparativa dever-se-á ter sempre em consideração
a (des)proporcionalidade dos valores de cada vertente.
40
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

No que diz-respeito ao diagnóstico sistemático da MPA, partir-se-á sempre das


constatações globais para as pormenorizadas consoante a ordem dos pilares comparativos
apresentados no quadro que se segue.

Quadro 1: Apresentação Global das Categorizações MPA: TA – DC81


Dias de DESCRIÇÃO DOS EVENTOS
Temas
Campanha Fontes Molduras Índoles Críticas TOTAL
Temas Ausentes
TA – DC Horse race Personalistas Episódicas Temáticas Positivas Negativas Neutras
15/09/2016 2–4 2–7 1–1 0–5 1 – 15 56 – 14 13 – 9 1–3 43 – 17 0–0 0–5 119 – 80
18/09/2016 4–6 4–6 3–6 20 – 2 32 – 10 18 – 7 11 – 0 6–2 33 – 15 3–1 1–0 135 – 55
19/09/2016 4–3 4–4 1–0 10 – 1 25 – 18 20 – 1 15 – 1 3 – 14 27 – 4 5–0 5–2 119 – 48
20/09/2016 6–4 7–7 1–2 10 – 0 27 – 13 27 – 5 17 – 3 10 – 0 27 – 15 4–0 3–2 139 – 51
21/09/2016 5–5 6–7 1–7 1–0 13 – 16 38 – 9 10 – 2 2–2 39 – 21 1–4 1–1 117 – 74
22/09/2016 6–5 8–7 0–3 3–0 20 – 8 42 – 23 12 – 7 7–0 43 – 24 3–1 6–1 150 – 79
23/09/2016 6–6 7–8 1–1 6–4 19 – 14 34 – 11 14 – 6 4–8 35 – 11 1–3 2–2 129 – 74
24/09/2016 5–4 5–7 1–1 0–0 1 – 12 69 – 12 16 – 4 3–1 51 – 19 0–0 1–3 152 – 63
25/09/2016 8–3 8–5 0–0 8–0 33 – 12 26 – 8 13 – 0 12 – 10 34 – 10 2–7 4–0 148 – 55
26/09/2016 6–5 8–6 9–2 0–1 51 – 17 21 – 8 6–5 32 – 14 34 – 6 15 – 9 1–1 183 – 74
27/09/2016 6–6 6–8 7 – 12 0–0 19 – 26 57 – 4 7–3 40 – 2 29 – 25 21 – 1 1–1 193 – 88
28/09/2016 5–6 6 – 10 0–5 0–2 29 – 16 48 – 11 1–6 19 – 6 57 – 15 5–5 4–2 174 – 84
29/09/2016 11 – 5 12 – 7 9–6 0–0 38 – 24 49 – 2 1–0 40 – 9 46 – 17 13 – 7 6–1 225 – 78
30/09/2016 10 – 4 11 – 6 5–5 0–0 26 – 8 40 – 18 8–5 22 – 0 36 – 21 5–1 2–1 165 – 69
TOTAL 84 – 66 94 – 95 39 – 51 58 – 15 334 – 209 545 – 133 144 – 51 201 – 71 534 – 220 78 – 39 37 – 22 2148 – 972
Fonte: Elaboração própria
A desproporcionalidade verificada relativamente ao tempo efetivo e às frases extraídas
das duas vias diminui ligeiramente aquando do escrutínio total de 3120 categorizações
relativas às 11 variáveis analíticas com 68,85% dos TA vs. 31,15% dos DC.

Do diagnóstico global dos resultados sobressai igualmente o predomínio da Descrição


dos Eventos 89,55% e das Fontes 4,81% em detrimento das Críticas 3,75% e dos Temas
Ausentes 1,89%.

Esta tendência global verifica-se igualmente de forma específica tanto nos TA como nos
DC. No caso dos primeiros, a Descrição dos Eventos congrega 90,74% dos resultados e
as Fontes 3,91% enquanto as Críticas e os Temas Ausentes registam respetivamente os
residuais 3,63% e 1,72%. No que concerne os segundos, a Descrição dos Eventos também
se assume como a categoria dominante da MPA com 86,93%, seguidamente as Fontes
com 6,79% e no caso das menos significativas, as Críticas registam 4,01% e os Temas
Ausentes 2,26%.

81
Este quadro agrupa nas variáveis todas as expressões extraídas dos TA e dos DC, equiparadas em números
absolutos, indicando tanto a contabilidade completa como a particularizada das categorizações provenientes
dos conteúdos e desempenhos das duas dimensões comunicativas.
41
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
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Já a nível dos dias de campanha, nota de destaque para a predominância das


categorizações acima da média na 2ª sémis eleitoral nos TA vs. equilíbrio nos DC.82

As constatações gerais acima descritas acrescentam pertinência às mais específicas,


sobretudo no que diz-respeito às margens de convergência e divergência da dicotomia.83

Quadro 2: Fontes – TA vs. DC


Dias de TA DC
Campanha Freq. % Freq. % Gráfico 4: Tendência das Fontes – TA vs. DC
15/09/2016 2 2,38% 4 6,06% 14,00% TA DC
18/09/2016 4 4,76% 6 9,09%
19/09/2016 4 4,76% 3 4,55% 12,00%
20/09/2016 6 7,14% 4 6,06% 10,00%
21/09/2016 5 5,95% 5 7,58% 8,00%
22/09/2016 6 7,14% 5 7,58%
23/09/2016 6 7,14% 6 9,09% 6,00%
24/09/2016 5 5,95% 4 6,06% 4,00%
25/09/2016 8 9,52% 3 4,55%
2,00%
26/09/2016 6 7,14% 5 7,58%
27/09/2016 6 7,14% 6 9,09% 0,00%
28/09/2016 5 5,95% 6 9,09%
29/09/2016 11 13,10% 5 7,58%
30/09/2016 10 11,90% 4 6,06%
TOTAL 84 100% 66 100%
Fonte: Elaboração própria Fonte: Elaboração própria
No domínio geral das Fontes, prevalecem as divergências entre TA e DC.

Em primeiro lugar, no que concerne à desproporcionalidade entre mais que o dobro das
elasticidades TA vs. DC representando 10,71% vs. 4,54%, o que demonstra maior
propensão à flexibilidade das margens dos TA sobre as dos DC.

Em segundo lugar, em termos da predominância de 60,71% das Fontes dos TA na 2 sémis


eleitoral enquanto nas dos DC verifica-se equilíbrio exato: 50,00%.

Quanto às linhas tendenciais, verifica-se que os TA apresentaram mais que o dobro de


aumentos de Fontes sobre os declínios (14 vs. 6), enquanto os DC nivelaram (8 vs. 8).
Assim, ao contrário dos TA com tendência predileta de aumento, os DC assinalaram
equilíbrio mesmo com a intensificação da campanha, como ilustra o gráfico 4.

82
Para auxiliar na verificação das tendências, os dias de campanha encontram-se divididos em duas sémis
eleitorais: a 1ª de 15–23 e a 2ª de 24–30.
83
Vale deixar claro que todos os dados sob diagnóstico refletem tendências progressivas que não se
verificam constantes mas sim pontuais nos dias de campanhas.
42
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Quadro 3: Exposição das Fontes – TA vs. DC


FONTES DOS TA Freq. % Tempo % FONTES DOS DC Freq. % Tempo %
Edição CAG 14 16,67% 1634 25,09% AG 14 21,21% 904 21,73%
AG 13 15,48% 2066 31,72% Edição TCV 13 19,70% 2026 48,70%
Voz off CAG 11 13,10% 1443 22,16% Odair Santos TCV 13 19,70% 799 19,21%
Repórteres dos TA 5 5,95% 347 5,33% Rosana Almeida TCV 6 9,09% 161 3,87%
JCF 3 3,57% 77 1,18% Nazaré Barros TCV 6 9,09% 134 3,22%
Adelina Cabral TCV84 3 3,57% 13 0,20% Marco Rocha TCV 1 1,52% 31 0,75%
Emanuel Spencer 2 2,38% 147 2,26% Carlota Barbosa TCV 1 1,52% 17 0,41%
Carlos Delgado 2 2,38% 40 0,61% Camilo Abu-Raya 1 1,52% 20 0,48%
Ivan Rocha 2 2,38% 80 1,23% Onésimo Silveira 1 1,52% 24 0,58%
Patrícia Gomes 2 2,38% 61 0,94% Orlando Delgado 1 1,52% 4 0,10%
Repórteres dos TA de JCF 1 1,19% 14 0,21% Cidadã A da Praia 1 1,52% 7 0,17%
Mário Matos 1 1,19% 84 1,29% Cidadã B de Santiago 1 1,52% 6 0,14%
Rively Duarte 1 1,19% 54 0,83% Cidadão C do Sal 1 1,52% 3 0,07%
Manuel Andrade 1 1,19% 30 0,46% Cidadão D do Sal 1 1,52% 4 0,10%
Toy d Nhanha 1 1,19% 15 0,23% Cidadã E da Brava 1 1,52% 1 0,02%
Arlinda Medina 1 1,19% 32 0,49% Cidadão F da Brava 1 1,52% 13 0,31%
Maria Luisa 1 1,19% 24 0,37% Cidadã G da Brava 1 1,52% 1 0,02%
Daniela Delgado 1 1,19% 8 0,12% Cidadão H da Brava 1 1,52% 2 0,05%
Cleiton Soares 1 1,19% 14 0,21% Cidadã I do Fogo 1 1,52% 3 0,07%
Manuel Faustino 1 1,19% 25 0,38% 19 66 100% 4160 100%
Idalina Freire 1 1,19% 20 0,31%
Júlio Correia 1 1,19% 27 0,41%
Nuias Silva 1 1,19% 13 0,20%
Vanísia Fortes 1 1,19% 1 0,02%
Plateia 1 1,19% 1 0,02%
Apoiante A 1 1,19% 22 0,34%
Apoiante B 1 1,19% 19 0,29%
Apoiante C 1 1,19% 37 0,57%
Apoiante D 1 1,19% 21 0,32%
Apoiante E 1 1,19% 10 0,15%
Apoiante F 1 1,19% 10 0,15%
Apoiante G 1 1,19% 54 0,83%
Apoiante H 1 1,19% 33 0,51%
Representante da UCID 1 1,19% 10 0,15%
Valdir - sobrevivente do NNV85 1 1,19% 15 0,23%
Familiar A de vítima do NNV 1 1,19% 7 0,11%
Familiar B de vítima do NNV 1 1,19% 5 0,08%
37 84 100% 6513 100%
Fonte: Elaboração própria
No domínio da exposição das Fontes,86 o único encontro advém do facto pelo qual ambas
as duas vias apostaram mais na diversidade do que na homogeneidade. Das 37 Fontes dos
TA, 72,97% foram utilizadas uma única vez e das 19 dos DC 73,68%, similarmente.

Já os desencontros advêm, em primeiro lugar, da constatação de uma inversão curiosa no


predomínio das duas Fontes mais utilizadas. Enquanto nos TA, ‘Edição’ foi totalitarista
em todos os dias de campanha e ‘AG’ esteve ausente uma vez (dia 28), nos DC ‘AG’ foi
totalitarista e ‘Edição’ esteve ausente uma vez (dia 25).

Em segundo lugar, importa perceber outra inversão relacionada digna de destaque. Nos
TA, ‘Edição’ foi mais frequente que ‘AG’ com 16,67% vs. 15,48% mas apropriou menos

84
Jornalista da entrevista TCV ao candidato AG.
85
Naufrágio do Navio Vicente
86
As fontes encontram-se ordenadas nos quadros conforme frequências e equiparadas com tempo dedicado
em segundos.
43
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

tempo dedicado 25,09% vs. 31,72%. Já nos DC, ‘AG’ foi mais frequente que ‘Edição’
21,21% vs. 19,70% mas mereceu menos tempo dedicado 21,73% vs. 48,70%.

Quanto à representatividade, os indicadores dão conta que nos TA a maior parte


concentrou-se em 10,81% das Fontes (4), pelas quais somam 51,19% das frequências +
84,29% do tempo dedicado 87 ao passo que nos DC afastou-se até 15,78% das Fontes (3),
com 60,61% + 89,64% respetivamente.

Quadro 4: Temas – TA vs. DC


Dias de TA DC Gráfico 5: Tendência dos Temas – TA vs. DC
Campanha Freq. % Freq. %
15/09/2016 2 2,13% 7 7,37% 14,00% TA DC
18/09/2016 4 4,26% 6 6,32%
12,00%
19/09/2016 4 4,26% 4 4,21%
20/09/2016 7 7,45% 7 7,37% 10,00%
21/09/2016 6 6,38% 7 7,37%
8,00%
22/09/2016 8 8,51% 7 7,37%
23/09/2016 7 7,45% 8 8,42% 6,00%
24/09/2016 5 5,32% 7 7,37%
4,00%
25/09/2016 8 8,51% 5 5,26%
26/09/2016 8 8,51% 6 6,32% 2,00%
27/09/2016 6 6,38% 8 8,42% 0,00%
28/09/2016 6 6,38% 10 10,53%
29/09/2016 12 12,77% 7 7,37%
30/09/2016 11 11,70% 6 6,32%
TOTAL 94 100% 95 100%
Fonte: Elaboração própria Fonte: Elaboração própria
Da dimensão global dos Temas abordados, também se verifica predominância das
divergências entre as duas vias de comunicação.

O primeiro destaque é o facto das margens dos Temas nos TA demonstrarem maior
propensão à flexibilidade do que as nos DC com 10,64% vs. 6,32% tal como nas Fontes.
Por outro lado, nos TA a elasticidade das Fontes predominou-se ligeiramente sobre a dos
Temas 10,71% vs. 10,64% e inversamente nos DC subordinou-se 4,54% vs. 6,32%.

Comparando as sémis eleitorais, nota-se uma convergência particular e uma divergência


paralela. Por um lado, tanto os TA como os DC obtiveram predominância dos Temas na
2ª sémis eleitoral 59,57% vs. 51,58%. Por outro, verificou-se alinhamento (2ª sémis) desta
constatação entre o cruzamento das variáveis Fontes e Temas nos TA vs. desalinhamento
(equilíbrio vs. 2ª sémis) nos DC.

87
Compreende a menor parte principal que acumula mais de 50% de frequências e de tempo dedicado.
44
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Em relação às tendências, os TA acumularam o dobro dos aumentos em relação aos


declínios (14 vs. 7) ao passo que nos DC foram aproximados (9 vs. 10). Por fim, ao
contrário dos TA com primazia tendencial de aumento do número de Temas, os DC
mantiveram a tendência de equilíbrio, o que também se assemelha às Fontes.

Quadro 5: Exposição dos Temas – TA vs. DC


TEMAS DOS TA Freq. % Tempo % TEMAS DOS DC Freq. % Tempo %
Testemunhos de apoio 24 25,53% 823 12,64% Reportagem do DC 15 15,79% 830 19,95%
Destaques 14 14,89% 1634 25,09% Introdução do DC 14 14,74% 312 7,50%
Análise do mandato anterior 8 8,51% 807 12,39% Destaques 13 13,68% 2026 48,70%
Retalhos biográficos de AG 7 7,45% 817 12,54% Apelo de adesão a AG 5 5,26% 107 2,57%
Reportagem do TA 5 5,32% 347 5,33% Declaração de apoio a AG 5 5,26% 54 1,30%
Razões da candidatura 4 4,26% 513 7,88% Resolução de problemas sociais 4 4,21% 63 1,51%
NNV 4 4,26% 41 0,63% Equilíbrio 3 3,16% 12 0,29%
Escrutínio 4 4,26% 626 9,61% Debate na TCV 3 3,16% 25 0,60%
Propostas da candidatura 3 3,19% 265 4,07% Questão dos embaixadores 2 2,11% 74 1,78%
Interpelação à entrevista 3 3,19% 13 0,20% ETCP88 2 2,11% 43 1,03%
Nomeação dos embaixadores 2 2,13% 108 1,66% Vida de criador de animais 2 2,11% 5 0,12%
Concentração de poderes 2 2,13% 54 0,83% Ações de campanha em SV89 2 2,11% 51 1,23%
ETCP 2 2,13% 115 1,77% Cancelamento do comício em RB 90 1 1,05% 9 0,22%
UCID 2 2,13% 19 0,29% Questões laborais 1 1,05% 26 0,63%
Viva 2 2,13% 2 0,03% Razão da candidatura 1 1,05% 27 0,65%
Particip. de JCF nas fúnebres 1 1,06% 32 0,49% AG retido no Maio 1 1,05% 133 3,20%
Viagens de JCF 1 1,06% 193 2,96% Natureza das presidenciais 1 1,05% 9 0,22%
Representação externa 1 1,06% 29 0,45% Satisfeito com os apoios no Maio 1 1,05% 14 0,34%
Última mensagem 1 1,06% 44 0,68% Participação de JCF nas fúnebres 1 1,05% 40 0,96%
Declar. de apoio de MpD e UCID 1 1,06% 3 0,05% Desabafo de eleitora 1 1,05% 7 0,17%
Acontecimentos em CV 1 1,06% 7 0,11% Recordação de acidente em Tarrafal 1 1,05% 27 0,65%
Apelo à união 1 1,06% 1 0,02% Reunião com o Presid. da CMRB 91 1 1,05% 16 0,38%
JCF 1 1,06% 20 0,31% Abstenção em CV 1 1,05% 15 0,36%
23 94 100% 6513 100% Viagens de JCF 1 1,05% 17 0,41%
Monte Tchota 1 1,05% 26 0,63%
JCF e UCS92 vs. AG 1 1,05% 19 0,46%
Encontro de AG com OD 93 1 1,05% 4 0,10%
Aeroporto na Brava 1 1,05% 17 0,41%
Candidatura independente 1 1,05% 24 0,58%
Jogo de Oril 1 1,05% 6 0,14%
Empreendedorismo 1 1,05% 19 0,46%
Diplomacia presidencial 1 1,05% 20 0,48%
Flancos de JCF 1 1,05% 8 0,19%
Aumento Orçamental de JCF 1 1,05% 26 0,63%
Receção de AG no Fogo 1 1,05% 5 0,12%
Sensibilidade Económica 1 1,05% 22 0,53%
Término da campanha 1 1,05% 22 0,53%
37 95 100% 4160 100%
Fonte: Elaboração própria
Confrontando os quadros de exposição dos Temas abordados, num primeiro momento
verifica-se dissidência nas evidências das apostas maioritárias TA vs. DC respetivamente
homogeneidade vs. diversidade. Porquanto, dos 23 Temas nos TA, 34,78% foram
abordados uma única vez, ao passo que dos 37 nos DC 67,56%. Ademais nos TA

88
Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos
89
São Vicente
90
Ribeira Bote
91
Câmara Municipal da Ribeira Brava
92
Ulisses Correia e Silva
93
Orlando Delgado
45
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

constata-se uma inversão das evidências cruzadas entre fontes vs. Temas (diversidade vs.
homogeneidade), em detrimento da vocação constante nos DC (diversidade).

No domínio da representatividade, nota-se uma semelhança curiosa no Tema mais


expressivo de cada um consoante peso acumulado de frequência + tempo dedicado. Os
dados apontam que tanto nos TA (39,98%) como nos DC (62,39%) o Tema ‘Destaques’
mereceu maior atenção.

Por seu lado, verifica-se que nos TA a maior parte da representatividade concentrou-se
em 17,39% dos Temas (4) pelos quais somam 56,38% das frequências + 62,66% do tempo
dedicado, ao passo que nos DC em 13,51% dos Temas (5) com 54,74% + 80,02%,
respetivamente.

Por fim, verifica-se que enquanto nos TA as Fontes predominaram-se aos Temas (37 vs.
23), inversamente nos DC subordinaram-se (19 vs. 37).

Quadro 6: Total Global dos Três Grandes Conjuntos de Temas – TA vs. DC94
TRÊS GRANDES TEMPOS DE ANTENA DE AG DIÁRIOS DE CAMPANHA DA TCV
CONJUNTOS DE TEMAS Freq. % Tempo % Freq. % Tempo %
Sobre Albertino Graça 55 58,51% 3754 57,64% 39 41,05% 883 21,23%
Sobre Outros Candidatos 33 35,11% 2713 41,66% 13 13,68% 346 8,32%
Sobre Assuntos Neutros 6 6,38% 46 0,71% 43 45,26% 2931 70,46%
TOTAL GLOBAL 94 100% 6513 100% 95 100% 4160 100%
Fonte: Elaboração própria
No que toca à classificação do foco central dos Temas abordados entre as duas vias de
comunicação, os resultados dão conta de desordem total. Conforme pesos de frequências
+ tempo dedicado os TA agendaram: – conjunto de temas sobre promoção de Albertino
Graça com 58,51% + 57,64%; – sobre despromoção de outros candidatos 35,11% +
41,66%; – sobre assuntos neutros 6,38% + 0,71%. Em contraposição, os DC
selecionaram: – sobre assuntos neutros 45,26% + 70,46%; – sobre promoção de Albertino
Graça 41,05% + 21,23%; – sobre despromoção de outros candidatos 13,68% + 8,32%.
Mediante o exposto, verifica-se que todos os três conjuntos foram qualificados com
transposições TA–DC. Mais concretamente: 1º–2º; 2º–3º; e 3º–1º.

94
As valias dos Três Grandes Conjuntos de Temas decifram o foco central das duas vias de comunicação
eleitoral com base nos respetivos pesos acumulados de frequência e de tempo dedicado.
46
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Quadro 7: Exposição dos Três Grandes Conjuntos de Temas dos TA


SOBRE ALBERTINO GRAÇA SOBRE OUTROS CANDIDATOS SOBRE ASSUNTOS NEUTROS
Temas Fq95 % Td96 % Temas Fq % Td % Temas Fq % Td %
Testemunhos de apoio 24 43,64 823 21,92 Análise do mandato anterior 8 24,24 807 29,75 Interpelação à entrevista 3 50,00 13 28,26
Destaques 13 23,64 1289 34,34 Reportagem do TA 4 12,12 333 12,27 UCID 2 33,33 19 41,30
Retalhos biográficos de AG 7 12,73 817 21,76 Escrutínio 4 12,12 626 23,07 Reportagem do TA 1 16,67 14 30,43
Razões da candidatura 4 7,27 513 13,67 NNV 4 12,12 41 1,51 3 6 100 46 100
Propostas da candidatura 3 5,45 265 7,06 Nomeação dos embaixadores 2 6,06 108 3,98
Viva 2 3,64 2 0,05 Concentração de poderes 2 6,06 54 1,99
Apelo à união 1 1,82 1 0,03 ETCP 2 6,06 115 4,24
Última mensagem 1 1,82 44 1,17 Viagens de JCF 1 3,03 193 7,11
8 55 100 3754 100 Destaques 1 3,03 345 12,72
Acontecimentos em CV 1 3,03 7 0,26
Participação de JCF nas fúnebres 1 3,03 32 1,18
Representação externa 1 3,03 29 1,07
Declaração de apoio de MpD e UCID 1 3,03 3 0,11
JCF 1 3,03 20 0,74
14 33 100 2713 100
Fonte: Elaboração própria
Quadro 8: Exposição dos Três Grandes Conjuntos de Temas dos DC
SOBRE ALBERTINO GRAÇA SOBRE OUTROS CANDIDATOS SOBRE ASSUNTOS NEUTROS
Temas Fq % Td % Temas Fq % Td % Temas Fq % Td %
Apelo de adesão a AG 5 12,82 107 12,12 Questão dos embaixadores 2 15,38 74 21,39 Destaques 13 30,23 2026 69,12
Declaração de apoio a AG 5 12,82 54 6,12 ETCP 2 15,38 43 12,43 Introdução do DC 11 25,58 251 8,56
Reportagem do DC 4 10,26 316 35,79 Reportagem do DC 1 7,69 56 16,18 Reportagem do DC 10 23,26 458 15,63
Resolução de problemas sociais 4 10,26 63 7,13 Introdução do DC 1 7,69 17 4,91 Debate na TCV 3 6,98 25 0,85
Equilíbrio 3 7,69 12 1,36 Viagens de JCF 1 7,69 17 4,91 Vida de criador de animais 2 4,65 5 0,17
Introdução do DC 2 5,13 44 4,98 Participação de JCF nas fúnebres 1 7,69 40 11,56 Cancelam. do comício em RB 1 2,33 9 0,31
Ações de campanha em SV 2 5,13 51 5,78 Monte Tchota 1 7,69 26 7,51 AG retido no Maio 1 2,33 133 4,54
Candidatura independente 1 2,56 24 2,72 JCF e UCS vs. AG 1 7,69 19 5,49 Natureza das presidenciais 1 2,33 9 0,31
Questões laborais 1 2,56 26 2,94 Diplomacia presidencial 1 7,69 20 5,78 Abstenção em CV 1 2,33 15 0,51
Razão da candidatura 1 2,56 27 3,06 Flancos de JCF 1 7,69 8 2,31 9 43 100 2931 100
Satisfeito com os apoios no Maio 1 2,56 14 1,59 Aumento Orçamental de JCF 1 7,69 26 7,51
Desabafo de eleitora 1 2,56 7 0,79 11 13 100 346 100
Recordação de acidente em Tarrafal 1 2,56 27 3,06
Reunião com o Presid. CMRB 1 2,56 16 1,81
Encontro de AG com OD 1 2,56 4 0,45
Aeroporto na Brava 1 2,56 17 1,93
Jogo de Oril 1 2,56 6 0,68
Empreendedorismo 1 2,56 19 2,15
Receção de AG no Fogo 1 2,56 5 0,57
Sensibilidade Económica 1 2,56 22 2,49
Término da campanha 1 2,56 22 2,49
21 39 100 883 100
Fonte: Elaboração própria
Analisando os Temas abordados uma única vez, verifica-se duas incompatibilidades. A
primeira no conjunto sobre AG com 25,00% nos TA vs. 66,66% nos DC (homogeneidade
vs. diversidade). A segunda no sobre outros candidatos 50,00% nos TA vs. 81,81% nos
DC (equilíbrio vs. diversidade). De resto no sobre assuntos neutros já revela maior
sintonia (homogeneidade) 33,33% nos TA e 44,44% nos DC.

Similarmente, das concentrações da maior parte da representatividade nota-se ainda mais


dois afastamentos significativos TA vs. DC respetivamente nos conjuntos sobre outros

95
Frequência
96
Tempo dedicado
47
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

candidatos com 28,57% vs. 45,45% e sobre assuntos neutros 66,66% vs. 22,22% e uma
aproximação no que tange ao conjunto sobre AG 25,00% vs. 23,80.

Quadro 9: Total Global das Molduras – TA vs. DC


Tempos de Antena de AG Diários de Campanha da TCV
MOLDURAS
Frequência % Frequência %
Horse race 39 4,00% 51 12,50%
Personalistas 58 5,94% 15 3,68%
Episódicas 334 34,22% 209 51,23%
Temáticas 545 55,84% 133 32,60%
TOTAL GLOBAL 976 100% 408 100%
Fonte: Elaboração própria
No domínio global das molduras entre TA e DC, nota-se supremacia das divergências.

A primeira perceção é a superioridade repleta das molduras exclusivas Episódicas e


Temáticas com 90,06% nos TA + 83,82% nos DC em discrepância às Horse race e
Personalistas com 9,94% + 16,18%, respetivamente. Tal propósito revela que ambas as
vias privilegiaram mais o tratamento de assuntos de evidências gerais e específicas.

Contudo, os cruzamentos revelam completa desarmonia entre as vias relativamente à


ordem do predomínio das quatro molduras. Os TA descreveram temas: – sob molduras
Temáticas com 55,84%; – Episódicas 34,22%; – Personalistas 13,68%; – Horse race
4,00%. Em contraste, os DC relataram temas: – sob molduras Episódicas 51,23%; –
Temáticas 32,60%; – Horse race 12,50%; – Personalistas 3,68%. Posto isto, nota-se duas
inversões TA–DC: 1º–2º/2º–1º e 3º–4º/4º–3º.

Quadro 10: Explicitação das Molduras – TA vs. DC


Tempos de Antena de AG Diários de Campanha da TCV
Dias de
Horse race Personalistas Episódicas Temáticas Horse race Personalistas Episódicas Temáticas
Campanha
Fq % Fq % Fq % Fq % Fq % Fq % Fq % Fq %
15/09/2016 1 2,56% 0 0,00% 1 0,30% 56 10,28% 1 1,96% 5 33,33% 15 7,18% 14 10,53%
18/09/2016 3 7,69% 20 34,48% 32 9,58% 18 3,30% 6 11,76% 2 13,33% 10 4,78% 7 5,26%
19/09/2016 1 2,56% 10 17,24% 25 7,49% 20 3,67% 0 0,00% 1 6,67% 18 8,61% 1 0,75%
20/09/2016 1 2,56% 10 17,24% 27 8,08% 27 4,95% 2 3,92% 0 0,00% 13 6,22% 5 3,76%
21/09/2016 1 2,56% 1 1,72% 13 3,89% 38 6,97% 7 13,73% 0 0,00% 16 7,66% 9 6,77%
22/09/2016 0 0,00% 3 5,17% 20 5,99% 42 7,71% 3 5,88% 0 0,00% 8 3,83% 23 17,29%
23/09/2016 1 2,56% 6 10,34% 19 5,69% 34 6,24% 1 1,96% 4 26,67% 14 6,70% 11 8,27%
24/09/2016 1 2,56% 0 0,00% 1 0,30% 69 12,66% 1 1,96% 0 0,00% 12 5,74% 12 9,02%
25/09/2016 0 0,00% 8 13,79% 33 9,88% 26 4,77% 0 0,00% 0 0,00% 12 5,74% 8 6,02%
26/09/2016 9 23,08% 0 0,00% 51 15,27% 21 3,85% 2 3,92% 1 6,67% 17 8,13% 8 6,02%
27/09/2016 7 17,95% 0 0,00% 19 5,69% 57 10,46% 12 23,53% 0 0,00% 26 12,44% 4 3,01%
28/09/2016 0 0,00% 0 0,00% 29 8,68% 48 8,81% 5 9,80% 2 13,33% 16 7,66% 11 8,27%
29/09/2016 9 23,08% 0 0,00% 38 11,38% 49 8,99% 6 11,76% 0 0,00% 24 11,48% 2 1,50%
30/09/2016 5 12,82% 0 0,00% 26 7,78% 40 7,34% 5 9,80% 0 0,00% 8 3,83% 18 13,53%
TOTAL 39 100% 58 100% 334 100% 545 100% 51 100% 15 100% 209 100% 133 100%
Fonte: Elaboração própria
Como ponto de partida das especificidades das molduras, constata-se duas aproximações
nas comparações das elasticidades. A primeira nas Horse race com 23,08% nos TA vs.

48
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

23,53% nos DC e a segunda nas Personalistas 34,48% vs. 33,33%. Já nas demais molduras
verifica-se dois afastamentos, para contrapesar. O primeiro nas Episódicas 14,97% vs.
8,61% e o segundo nas Temáticas 9,36% vs. 16,54%. Vale assegurar que as margens dos
TA demonstraram maior propensão à flexibilidade do que as dos DC nas Personalistas e
nas Episódicas ao contrário das outras duas molduras. Outra tendência contrabalançada.

No que toca à predominância nas sémis eleitorais, os dados apontam dois encontros,
relativamente às Horse race na 2ª com 79,49% nos TA vs. 60,78% nos DC e às Episódicas
de igual forma 58,98% vs. 55,02%. Já as outras duas molduras pelo contrário
apresentaram desencontros. Ao conhecimento: as Personalistas prevaleceram na 1ª nos
TA 86,21% vs. na 2ª nos DC 60,78% e inversamente as Temáticas na 2ª nos TA 56,88%
vs. na 1ª nos DC 52,63%. Valores esses que indicam afastamentos nas duas molduras
exclusivas e aproximações nas restantes.

Gráfico 6: Tendência das Molduras TA Gráfico 7: Tendência das Molduras DC


Horse race Personalistas Horse race Personalistas
Episódicas Temáticas Episódicas Temáticas
40,00% 35,00%
35,00% 30,00%
30,00% 25,00%
25,00%
20,00%
20,00%
15,00%
15,00%
10,00%
10,00%
5,00% 5,00%

0,00% 0,00%
20/09/2016
15/09/2016
18/09/2016
19/09/2016

21/09/2016
22/09/2016
23/09/2016
24/09/2016
25/09/2016
26/09/2016
27/09/2016
28/09/2016
29/09/2016
30/09/2016
23/09/2016

30/09/2016
15/09/2016
18/09/2016
19/09/2016
20/09/2016
21/09/2016
22/09/2016

24/09/2016
25/09/2016
26/09/2016
27/09/2016
28/09/2016
29/09/2016

Fonte: Elaboração própria Fonte: Elaboração própria


A propósito das tendências das molduras, nota-se duas divergências. A primeira nas
Horse race as quais refletem aumento nos TA vs. equilíbrio nos DC. A segunda nas
Personalistas com declínio vs. equilíbrio.

No que se refere às duas molduras exclusivas, verifica-se total sintonia, pelas quais
permaneceram com tendências equilibradas em ambas as vias comunicacionais.

49
COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Quadro 11: Total Global das Índoles – TA vs. DC


Tempos de Antena de AG Diários de Campanha da TCV
ÍNDOLES
Frequência % Frequência %
Positivas 144 16,38% 51 14,91%
Negativas 201 22,87% 71 20,76%
Neutras 534 60,75% 220 64,33%
TOTAL GLOBAL 879 100% 342 100%
Fonte: Elaboração própria
Na dimensão geral das índoles, como exceção à regra prevalecem as convergências sobre
as divergências.

O quadro demonstra total sintonia na dicotomia relativamente à ordem classificativa das


três índoles: – Neutras com 60,75% nos TA vs. 64,33% nos DC; – Negativas 22,87% vs.
20,76%; – Positivas 16,38% vs. 14,91%.

Quadro 12: Explicitação das Índoles – TA vs. DC


Tempos de Antena de AG Diários de Campanha da TCV
Dias de
Positivas Negativas Neutras Positivas Negativas Neutras
Campanha
Freq. % Freq. % Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %
15/09/2016 13 9,03% 1 0,50% 43 8,05% 9 17,65% 3 4,23% 17 7,73%
18/09/2016 11 7,64% 6 2,99% 33 6,18% 0 0,00% 2 2,82% 15 6,82%
19/09/2016 15 10,42% 3 1,49% 27 5,06% 1 1,96% 14 19,72% 4 1,82%
20/09/2016 17 11,81% 10 4,98% 27 5,06% 3 5,88% 0 0,00% 15 6,82%
21/09/2016 10 6,94% 2 1,00% 39 7,30% 2 3,92% 2 2,82% 21 9,55%
22/09/2016 12 8,33% 7 3,48% 43 8,05% 7 13,73% 0 0,00% 24 10,91%
23/09/2016 14 9,72% 4 1,99% 35 6,55% 6 11,76% 8 11,27% 11 5,00%
24/09/2016 16 11,11% 3 1,49% 51 9,55% 4 7,84% 1 1,41% 19 8,64%
25/09/2016 13 9,03% 12 5,97% 34 6,37% 0 0,00% 10 14,08% 10 4,55%
26/09/2016 6 4,17% 32 15,92% 34 6,37% 5 9,80% 14 19,72% 6 2,73%
27/09/2016 7 4,86% 40 19,90% 29 5,43% 3 5,88% 2 2,82% 25 11,36%
28/09/2016 1 0,69% 19 9,45% 57 10,67% 6 11,76% 6 8,45% 15 6,82%
29/09/2016 1 0,69% 40 19,90% 46 8,61% 0 0,00% 9 12,68% 17 7,73%
30/09/2016 8 5,56% 22 10,95% 36 6,74% 5 9,80% 0 0,00% 21 9,55%
TOTAL 144 100% 201 100% 534 100% 51 100% 71 100% 220 100%
Fonte: Elaboração própria
Uma observação pormenorizada conduz à constatação de dois afastamentos a nível da
variação elástica, em relação às molduras Positivas com 11,12% nos TA vs. 17,65% nos
DC e às Neutras 5,61% vs. 9,54%. Já as Negativas por sua vez revelaram estreita
aproximação 19,40% vs. 19,72%. Nesta linha, não deixa de ser curioso constatar que em
todas as margens dos TA apresentaram menor predisposição à flexibilidade do que as dos
DC.

Por outro lado, coincidiram totalmente nas equiparações das sémis eleitorais. Como o
quadro indica, as Positivas predominaram na 1ª com 63,89% nos TA vs. 54,90% nos DC
e as Negativas na 2ª 83,58% vs. 59,15% tal como as Neutras 53,75% vs. 51,36%. Contudo,
tais proporcionalidades cruzadas demonstram afastamentos nas Positivas e nas Negativas
e aproximação nas Neutras.

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Gráfico 8: Tendência das Índoles TA Gráfico 9: Tendência das Índoles DC


Positivas Negativas Neutras Positivas Negativas Neutras
25,00% 25,00%
20,00% 20,00%
15,00% 15,00%
10,00% 10,00%
5,00% 5,00%
0,00% 0,00%

Fonte: Elaboração própria Fonte: Elaboração própria


As tendências das índoles demonstram duas dissidências TA–DC. Uma em relação às
linhas Positivas que apresentam declínio vs. equilíbrio e outra às Negativas com aumento
vs. equilíbrio. Já nas Neutras coincidem com a tendência de equilíbrio.

Quadro 13: Críticas – TA vs. DC


Dias de TA DC
campanha Freq. % Freq. % Gráfico 10: Tendência das Críticas TA vs. DC
15/09/2016 0 0,00% 0 0,00% TA DC
30,00%
18/09/2016 3 3,85% 1 2,56%
19/09/2016 5 6,41% 0 0,00% 25,00%
20/09/2016 4 5,13% 0 0,00%
21/09/2016 1 1,28% 4 10,26% 20,00%
22/09/2016 3 3,85% 1 2,56% 15,00%
23/09/2016 1 1,28% 3 7,69%
24/09/2016 0 0,00% 0 0,00% 10,00%
25/09/2016 2 2,56% 7 17,95%
5,00%
26/09/2016 15 19,23% 9 23,08%
27/09/2016 21 26,92% 1 2,56% 0,00%
28/09/2016 5 6,41% 5 12,82%
29/09/2016 13 16,67% 7 17,95%
30/09/2016 5 6,41% 1 2,56%
TOTAL 78 100% 39 100%
Fonte: Elaboração própria Fonte: Elaboração própria
No parâmetro das Críticas, constata-se pela primeira vez o equilíbrio entre convergências
e divergências do confronto TA – DC.

A nível das elasticidades, as margens dos TA demonstraram maior vocação à flexibilidade


do que as dos DC, ainda que de dimensões próximas 26,92% vs. 23,08%. Tal constatação
reflete harmonia entre Fontes, Temas e Críticas nos TA vs. desarmonia dessas mesmas
variáveis cruzadas nos DC.

Os dados de ambas as vias revelam superioridade das Críticas na 2ª sémis eleitoral com
pesos também aproximados 78,21% vs. 76,92%. Cruzando as variáveis, regista-se mais
uma concordância entre Fontes, Temas e Críticas nos TA vs. discordância nos DC.

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

Quanto às inclinações, ambas apresentaram tendência de aumento de Críticas com a


intensificação da campanha. Todavia, acrescenta-se mais outra conciliação aquando do
cruzamento entre Fontes, Temas e Críticas nos TA vs. desconciliação nos DC.

Quadro 14: Temas Ausentes TA vs. DC


Dias de TA DC Gráfico 11: Temas Ausentes TA vs. DC
campanha Freq. % Freq. %
15/09/2016 0 0,00% 5 22,73% 25,00% TA DC
18/09/2016 1 2,70% 0 0,00%
19/09/2016 5 13,51% 2 9,09% 20,00%
20/09/2016 3 8,11% 2 9,09%
21/09/2016 1 2,70% 1 4,55% 15,00%
22/09/2016 6 16,22% 1 4,55%
23/09/2016 2 5,41% 2 9,09% 10,00%
24/09/2016 1 2,70% 3 13,64%
25/09/2016 4 10,81% 0 0,00%
5,00%
26/09/2016 1 2,70% 1 4,55%
27/09/2016 1 2,70% 1 4,55%
0,00%
28/09/2016 4 10,81% 2 9,09%
29/09/2016 6 16,22% 1 4,55%
30/09/2016 2 5,41% 1 4,55%
TOTAL 37 100% 22 100%
Fonte: Elaboração própria Fonte: Elaboração própria
Em relação aos Temas Ausentes dos conteúdos das duas vias comunicativas, imperam as
divergências tal como habitual.

O que difere do reiterado nas outras variáveis analíticas é a constatação de menor variação
elástica nos TA do que nos DC e com dimensões mais distantes 16,22% vs. 22,73%. A
partir desta confirmação atenta-se ao desalinhamento entre Fontes, Temas, Críticas e
Temas Ausentes tanto nos TA como nos DC.

Segundo os dados obtidos das sémis eleitorais, os TA prevaleceram ligeiramente na 2ª


com 51,35% como frequente, ao passo que os DC na 1ª com 59,09% e com dimensões
mais alargadas. Por conseguinte, verifica-se conformidade entre o cruzamento das
variáveis Fontes, Temas, Críticas e Temas Ausentes nos TA vs. inconformidade nos DC.

Por último, as linhas do gráfico dão conta que ambos apresentaram inclinações
equilibradas, o que demonstra dissonância entre Fontes, Temas, Críticas e Temas
Ausentes semelhantemente nos TA e nos DC.

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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

CONCLUSÃO

A razão da investigação retrospetiva seguir um profundo raciocínio lógico na íntegra


visou perceber a dicotomia compreendida entre a comunicação política eleitoral e a
cobertura mediática televisiva relativamente à candidatura de Albertino Graça nas
Presidenciais 2016 em Cabo Verde.

Através das equiparações entre as máximas conceptuais, foi possível extrair


fundamentações primordiais para enraizar a perceção do fenómeno em estudo. Ao
conhecimento, a comunicação política desenvolveu-se ao longo de um processo desde a
retórica persuasiva exclusivamente presencial ao marketing político audiovisual de
dimensão transnacional, com base nos mais diversos e contemporâneos meios de
comunicação.

Enquadrada no período oficial de campanha, a comunicação política eleitoral compreende


a dicotomia entre a via direta da candidatura – que lhe permite um maior controlo do
agenda-setting e do framing ao conteúdo da mensagem – com a via intermediada por
jornalistas da cobertura eleitoral – que embora restrinja tal controlo, acrescenta o crédito
informativo de veracidade – visando a (in)formação da opinião pública. Fica constatado
que, de facto na arena central televisiva, articular a comunicação de propaganda (tempos
de antena eleitorais) com a de informação (diários de campanha nos noticiários) se
constitui em toda a sua linha como estratégia essencial para o candidato obter notoriedade
das grandes audiências, complementar a prossecução das suas ideias eleitorais, efetivar a
comunicação persuasiva com maior autenticidade e seduzir o eleitor-alvo para máxima
adesão e angariação de votos à candidatura.

Tudo coeso ao estudo de caso, percebeu-se na íntegra que a linguagem política tendeu a
se adaptar à lógica televisiva. De entre ocorrências e particularidades na campanha sob o
lema ‘mais equilíbrio’, a candidatura presidencial de Albertino Graça efluiu a dicotomia
de comunicação política eleitoral pela via direta da candidatura e simultaneamente pela
via intermediada pelos jornalistas da cobertura mediática da Televisão de Cabo Verde
(enquanto principal órgão de informação e comunicação social no país), de onde se
derivaram respetivamente os tempos de antena do candidato e os diários de campanha
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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

nos telejornais, devidamente merecidas na análise de dimensão comparativa. Certifica-se


que os dados dos cruzamentos entre as duas vias permitiram obter uma perspetiva
completa dos resultados apurados e testar todas as quatro hipóteses levantadas como
expetativas iniciais.

Atendendo à hipótese 1 – Em termos das constatações globais da análise comparativa


entre a comunicação por via direta de Albertino Graça e a comunicação por via
intermediada da TCV, prevalecem as divergências sobre as convergências decifradas da
meta-performance analysis. Confirma-se. Tanto assim é que os resultados deixam claro
que as divergências constituem aproximadamente o dobro das convergências (63,64% vs.
36,36%) (gráfico 3). Vale salientar que tal primazia é constatada com frequência no
domínio geral das variáveis analíticas, salvaguardando duas exceções à regra. Uma a
propósito das índoles com predomínio das convergências (quadros 11 e 12 e gráficos 8 e
9) e outra alusiva às críticas indicando equilíbrio entre ambas (quadro 13 e gráfico 10). O
desempenho dos conteúdos audiovisuais evidenciou a supremacia dos desencontros,
sendo que o da comunicação direta de propaganda se intensificou expressivamente nos
dias de campanha com o aproximar da data das eleições, enquanto o dos diários de
campanha do telejornalismo indicou tendência predileta de equilíbrio. Para além dos
resultados absolutos do versus, o cruzamento entre as ilações da literatura científica com
as das entrevistas estruturadas permite perceber que as convergências resultaram
essencialmente da natureza da campanha em si, ao passo que as divergências provieram
das especificidades próprias da comunicação direta de propaganda e dos padrões da
comunicação intermediada da cobertura televisiva. Na realidade, a perceção global
enquadrada nesta primeira hipótese coaduna às constatações específicas de todas as
restantes hipóteses.

Para o devido efeito da hipótese 2 – Os resultados dão conta de coincidência entre as


duas vias de comunicação no que concerne à classificação do foco central dos três
grandes conjuntos de temas: a promoção de Albertino Graça; a despromoção de outros
candidatos; e assuntos neutros. Esta já não se confirma. A verdade é que os dados
apurados conduzem à perceção de desordem total do foco dos temas no agenda-setting
entre as duas vias da dicotomia, o que vai contrariar a hipótese (quadros 4, 5, 6, 7 e 8 e
gráfico 5). Enquanto a via direta da candidatura agendou: primeiramente – conjunto de
temas sobre promoção de Albertino Graça; segundo – sobre despromoção de outros
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COMUNICAÇÃO POLÍTICA ELEITORAL VERSUS COBERTURA MEDIÁTICA TELEVISIVA
A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

candidatos; e por último – sobre assuntos neutros, inversamente a via intermediada pelo
telejornalismo tendeu-se por selecionar: em primeiro posto – sobre assuntos neutros; na
segunda posição – sobre promoção de Albertino Graça; e terceiro – sobre despromoção
de outros candidatos, justificando o predomínio das divergências nos temas ausentes
(quadro 14 e gráfico 11). As fundamentações revistas ao agenda-setting legitimam a
constatação na hipótese, visto que cada vertente determina quais temas são abordados e
não outros, conforme sejam mais convenientes ao seu propósito.

No que se refere à hipótese 3 – Relativamente à ordem do predomínio das quatro


molduras, os cruzamentos analíticos revelam desarmonia entre a comunicação de
propaganda eleitoral e a comunicação de informação eleitoral. Os resultados validam o
pressuposto, tendo em conta que os cruzamentos entre as duas vias revelam completa
divergência na qualificação das molduras (quadros 9 e 10 e gráficos 6 e 7). Mais
concretamente: Enquanto a comunicação de propaganda eleitoral se pautou por descrever
temas: em primeiro lugar – sob molduras Temáticas; em segundo – Episódicas; terceiro
– Personalistas; e por último – Horse race, em contraposição, a comunicação de
informação eleitoral preferiu relatar temas: primeiramente – sob molduras Episódicas; em
segundo lugar – Temáticas; terceiro – Horse race; e finalmente – Personalistas. Os
confrontos da literatura científica no que toca ao efeito framing também confirmam o
pressuposto, pelo que os mesmos temas narrados sob angulações distintas à volta dos
conteúdos em cada via fazem com que sejam percebidos de maneira diferente nas mesmas
audiências eleitorais. E isto está relacionado com a essência eleitoral de operacionalização
das duas vertentes: persuasão aos tempos de antena de Albertino Graça e informação aos
diários de campanha da TCV.

Em relação à hipótese 4 – Os dados cruzados entre ambas as vias comunicacionais


apontam que a campanha de Albertino Graça foi predominantemente de índole negativa
da descrição dos eventos. O exame refuta tal proposta, uma vez que os indicadores dos
dados cruzados entre a via produzida pela própria candidatura e a derivada pelo
telejornalismo público dão conta que a campanha presidencial privilegiou os conteúdos
de índoles neutras em primeiro lugar, negativas em segundo e positivas em último
(quadros 11 e 12 e gráficos 8 e 9). Tal contraposição à hipótese também vai de encontro
à discussão do estado da arte, sendo que as índoles de descrição dos temas tendem a
orientar a sensibilidade dos eleitores ao assunto determinado na campanha por cada
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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

vertente. Não obstante, uma reserva realçada é o facto de as evidências indicarem que
foram transmitidos mais tons negativos do que positivos, mediante ambas as vias de
comunicação eleitoral. Facto enfatizado sobretudo pelo aumento significativo das críticas
nos últimos dias de campanha (quadro 13 e gráfico 10).

Assumiu-se, portanto, o primado de abordar um tema pertinente nos dias de hoje ainda
que com suportes científicos limitados no que tange à realidade cabo-verdiana, contudo,
sem se apartar de alcançar plenamente os objetivos propostos. Porquanto, esta
investigação científica releva quatro atributos inéditos na literatura nacional no que diz-
respeito à criatividade e ao contributo original: É o primeiro a abordar um tema dedicado
exclusivamente a uma candidatura presidencial; É inédito o estudo comparado entre as
vertentes comunicativas (direta e mediatizada) alusivas à mesma campanha; Em termos
dos procedimentos metodológicos, adota uma original combinação de abordagens
quantitativas e qualitativas; E por último, o facto de ser o único a apropriar a MPA na
comunicação política eleitoral.

O trabalho aponta três máximas contribuições: Enriquecer o conhecimento à volta do


tema; Preencher a lacuna correlacionada entre a linguagem política e a lógica dos media
no país; Impulsionar a realização de futuros trabalhos científicos relacionados.

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A candidatura de Albertino Graça nas Presidenciais 2016 em Cabo Verde

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

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(Retificado pelo Boletim Oficial nº 28 de 26/07/2010, I Série).
4. Estatuto do Jornalista, Assembleia Nacional, Boletim Oficial da República de
Cabo Verde, Série I, n.º 31, de 16/08/2010.
5. Estatuto Editorial TCV, Televisão de Cabo Verde – Diretor António P. J. Teixeira,
Praia, 30/11/2016.
6. Lei da Comunicação Social, Assembleia Nacional, Boletim Oficial da República
de Cabo Verde, Série I, n.º 31, de 16/08/2010.
7. Lei da Televisão, Assembleia Nacional, Boletim Oficial da República de Cabo
Verde, Série I, n.º 34, de 04/06/2015.
8. Manual de Elaboração de Trabalhos Científicos – Universidade do Mindelo, CP
648, Rua Patrice Lumumba São Vicente Cabo Verde.
9. Mapa com o Resultado Total da eleição do Presidente da República realizada no
dia 02/10/2016, Comissão Nacional de Eleições, Boletim Oficial da República de Cabo
Verde, Suplemento n.º 58, I Série, 11/10/2016.

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1. Biblioteca – Mediateca – Arquivo da Universidade do Mindelo. Disponível em


https://uni-mindelo.edu.cv/pt/servicos/bilblioteca-arquivo, [Consultado em 22/05/2019].
2. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo.
Disponível em http://www.teses.usp.br/, [Consultado em 01/04/2018].
3. Biblioteca Online de Ciências da Comunicação. Disponível em
http://www.bocc.ubi.pt/, [Consultado em 02/04/2018].
4. Biografia de Albertino Graça – Site oficial, Disponível em
http://albertinograca.cv/index.php, [Consultado em 14/04/2018].
5. Clipconverter Downloads. Disponível em https://www.clipconverter.cc/,
[Consultado em 16/04/2018].
6. Diários de Campanha da Televisão de Cabo Verde. Disponível em
http://www.rtc.cv/eleicoes/index.php?paginas=61, [Consultado em 16/04/2018].
7. Google Livros. Disponível em https://books.google.com.br/, [Consultado em
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8. Guia do Cidadão Eleitor 2015. Disponível em


http://www.cndhc.org.cv/images/download/Guia_Eleitor.pdf, [Consultado em
06/02/2018].
9. Portal do Conhecimento de Cabo Verde. Disponível em
http://www.portaldoconhecimento.gov.cv/, [Consultado em 22/05/2019].
10. Relatório da cobertura jornalística das Eleições Presidenciais de 2 de outubro.
Disponível em http://www.arc.cv/arquivos/relatorios/AP%20relatorio%20final.pdf,
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11. Relatório de Atividades da Comissão Nacional de Eleições 2016. Disponível em
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12. Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal. Disponível em
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13. RepositóriUM. Disponível em https://repositorium.sdum.uminho.pt/, [Consultado
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14. Scientific Electronic Library Online. Disponível em https://www.scielo.org/,
[Consultado em 04/04/2018].
15. Scientific Periodicals Electronic Library. Disponível em http://www.spell.org.br/,
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16. Sistema de Bibliotecas da Unicamp. Disponível em
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17. Tempos de Antena de Albertino Graça – Facebook oficial. Disponível em
https://web.facebook.com/pg/AlbertinoGraca.cv/videos/?ref=page_internal, [Consultado
em 16/04/2018].

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