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A Gestão documental de documentos de arquivo do físico ao digital:

Um estudo de Caso na Secretaria de Estado de Educação do Pará.

Linha de pesquisa: Organização da Informação.

RESUMO: A gestão documental é respnsável pelo desenvolvimento e eficácia organica


documental de qualquer instituição, desde que para a sua implantação, haja estudos
preliminares que identifiquem suas atividades e funções, e o fluxo do ciclo vital dos
documentos. Nesse estudo se evidenciará a Secretaria de Estado de Educação do Pará, acerca
da gestão de documentos partindo do seguindo problema: o porquê da implementação do
processo de gestão física e digital em desenvolvimento na Secretaria de Estado de Educação
do Pará, e à qual sua relevância para o desempenho de suas atividades. Justificando-se por se
tratar da gestão documental em uma instituição Pública Estadual que visa preservar a sua
informação orgânica, além de tornar o acesso ao seu acervo de forma rápida e eficaz para
cumprimento de suas atividades e funções, tanto em âmbito interno quanto externo. Tendo
como objetivo geral, analisar o processo de implementação da gestão física e digital no
acervo documental da instituição e como objetivos específicos: Demonstrar a estrutura
orgânica de organização e armazenamento do acervo físico para o digital. Apresentar o
repositório digital utilizado para o gerenciamento físico e digital do acervo. Analisar como
ocorre a estruturação dos metadados utilizados para o processo de busca do acervo
digitalizado no repositório digital. A pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso e para
o seu embasamento utilizar-se-á de referenciais teóricos e da análise qualitativa por meio de
entrevistas com servidores da instituição. Neste contexto busca-se traçar um panorama da
realidade antes e após o desenvolvimento do projeto e utilizar os resultados com o intuito de
melhor auxiliar na gestão documental da instituição.

Palavras-Chave: Gestão de Documentos. Gestão de Documentos Digitais. Digitalização de


Documentos. Legislação Arquivistica. Acesso a Informação.
1. INTRODUÇÃO

A informação é considerada um ativo de valor significativo para as organizações,


possibilitando a criação de novos produtos e serviços, influenciando na qualidade das decisões
tomadas em uma organização (MACGEE, PRUSAK,1994 2021 APUD KHALIL, WALID,
2021).
Diante desta perspectiva é possível salientar que as instituições estão cada vez mais
convictas de que gerir a informação de seus documentos em meio digital torna o processo de
tomada de decisão satisfatório no desempenho de suas atividades.
Por outro lado, para obter informações confiáveis, de qualidade, que agregam valor e,
ainda, no momento certo, é essencial a implantação de uma adequada Gestão da Informação
(GI), de modo a se estabelecer ações estratégicas organizacionais. (MACGEE, PRUSAK,1994
2021 APUD KHALIL, WALID, 2021).
Tal apontamento se enquadra no processo de conhecimento da informação registrada e
não registrada, e de seu processo de produção nas instituições, fatores favoráveis para uma
boa aplicação da gestão documental, que vise não somente focar na gestão do documento
físico, mas também nos documentos digitais ou que estejam em processo de mudança de
suporte.
Neste contexto, De Gomes (1990) ressalta que “a construção de um objeto de estudo
da Ciência da Informação e a definição de orientações de pesquisas recorrem às alternativas
das diversas narrativas da modernidade, ora na forma das dualizações históricas, ora na forma
dos paradoxos culturais.” Essa indagação está amplamente ligada às tecnologias da
informação utilizadas hoje como ferramentas principais nas execuções de atividades e
conteúdo informacional nas organizações.
O Autor ainda destaca que [...] incorporou - se no escopo da modernidade três ideias
"paradigmáticas": o sistema de recuperação da informação, as novas tecnologias de
comunicação e informação, a ênfase na informação cientifica e tecnológica - a partir da
valorização da ciência como "força produtiva". (DE GOMES, 1990, PAG. 117)
Essa modernidade citada por De Gomes (1990) está equiparada ao processo de
registro da informação visando a sua consultar e acesso de forma rápida e ágil, tornando-se
assim, cada vez mais presente no dia a dia, não só das grandes instituições, mas também na
sociedade na totalidade.
Posto isso, esta pesquisa busca por meio da gestão documental analisar o processo de
Gestão de Documento Físico ao Digital na Secretaria de Estado de Educação do Pará, e assim
identificar a relevância do processo para as tomadas de decisões da instituição em relação ao
desempenho de suas atividades.

2. A GESTÃO DE DOCUMENTOS

Os primeiros indícios de se gerir documentos iniciaram-se durante a Revolução


Francesa, a partir da preocupação com a guarda dos acervos documentais para serem
utilizados como instrumento de poder do governo. Nesse período proclamou-se um princípio
fundamental de que só algumas décadas depois teriam desdobramentos: o de que arquivos,
propriedade da nação, deveriam ser postos à disposição dos cidadãos (SANTOS, P. 67-68)
Assim, começou a evidenciar às primeiras perspectivas relacionadas a guardar de
documentos em arquivos para consulta e disponibilização de acesso ao público principalmente
voltado ao cunho de pesquisa histórica dos documentos.
A partir de então outros países como Estados Unidos, Canadá, Holanda, se
preocuparam com a guarda de seu acervo documental, seguindo os moldes franceses e
aprimorando a prática de gerir documentos.
Conforme ressalta Indolfo (2007) “os Estados Unidos, é considerado pioneiro, desde
os anos 1940, na elaboração do conceito de gestão de documentos (records management),
cuja ótica, inicialmente, era nitidamente mais administrativa e econômica do que arquivística
[...]”. Deste modo, se no cenário americano a princípio a preocupação com a guarda de seus
documentos se fazia presente pela necessidade de racionalizar a produção de documentos para
tornar mais célere o funcionamento da administração pública.
No Canadá, também, se desenvolvia ações que estimulavam a aplicação da gestão de
documentos nos órgãos departamentais, dado que a administração e conservação dos
documentos públicos tornavam-se cada vez mais dispendiosas (INDOLFO, P. 33, 2007). Já na
perspectiva Canadense houve a construção de um depósito central para os Arquivos Públicos
com programa de gestão de documentos coordenados por arquivista, conforme discorre a
autora.
Por outro lado, na Holanda o grande marco da gestão de documentos se deu a partir da
elaboração do Manual dos arquivistas Holandeses que conforme é apontado por Indolfo
(2007) “os princípios essenciais, que identificam e distinguem a Arquivologia de outras
ciências, ali se encontram estabelecidos e fixados”.
Destaca-se ainda por Jardim (1987) que “a gestão de documentos como a aplicação da
administração científica com fins de eficiência e economia, sendo os benefícios para os
futuros pesquisadores considerados apenas meros subprodutos”.
Jardim (1987) destaca que “a gestão cobre todo o ciclo de existência dos documentos
desde sua produção até serem eliminados ou recolhidos para arquivamento permanente, ou
seja, trata-se de todas as atividades inerentes às idades corrente e intermediária”.
Com as indagações de Jardim (1987) é possível observar o paralelo entre gerir
documento e conservá-los para a pesquisa, para a disponibilização e acesso aos diversos
usuários, sejam aqueles do universo interno ou externo das instituições; e que para isso as
instituições precisam estar preparadas para os novos métodos e práticas de se fazer gestão em
seus documentos, principalmente com o advento das tecnologias.
De acordo com Santos (2010, p. 71) “A evolução tecnológica a partir da segunda
metade dos anos 40, foi um fator que teve um grande impacto em vários aspectos da vida dos
arquivos, a essa evolução associou-se o fenômeno que ficou conhecido com “explosão
documental”“. Tal fenômeno se configurou a partir do aumento desordenado de documentos
nos arquivos governamentais no período Pós-Guerra, gerando um acúmulo de massa
documental sem tratamento e racionalização.
Santos, (2010, p. 71) evidencia ainda que somente “A partir da década de 1950 os
meios automatizados, que passaram a ser associados ao tratamento da informação vieram
revolucionar os processos até então utilizados [...] para os conteúdos informativos”.
Contudo, o fenômeno de “explosão documental” agravou um problema já existente
nos arquivos governamentais e que mesmo com a era tecnológica já em evidência as
instituições necessitam gerir suas informações antes de aplicar o fenômeno digital para evitar
que essa explosão ocorra também em seus arquivos digitais.
É a partir do cenário de aplicabilidade da gestão documental tanto em documento físico
e de papel, assim como digital que se busca e desenvolver esse estudo, vislumbrando todo o
processo de sua aplicabilidade na Secretaria de Estado de Educação do Pará.

2.1GESTÃO DE DOCUMENTO DIGITAL

No que tange o Documental Digital, esse é compreendido segundo o Conselho


Nacional de Arquivos, por meio de sua Resolução n° 20 de 26 de julho de 2004, em que
dispõe em seu §2º que considera “documento arquivístico digital o documento arquivístico
codificado em dígitos binários, produzido, tramitado e armazenado por sistema
computacional”. (CONARQ, 2011). O Conselho Internacional De Arquivos ressalta que “Um
sistema de arquivo deve ser um instrumento que administra as funções de gestão de
documentos de arquivo de forma continuada ao longo de todo o seu ciclo de vida”.
(CONSELHO INTERNACONAL DE RQUIVOS, P. 14, 2005).
Ainda consoante o Conselho Internacional de Arquivos:

Um sistema de informação desenvolvido com o propósito de armazenar e


recuperar documentos de arquivo é organizado para controlar as funções
específicas de produção, armazenamento e acesso a documentos de arquivo,
para salvaguardar a sua autenticidade e fidedignidade. (CONSELHO
INTERNACONAL DE RQUIVOS, P. 14, 2005).

Nestes sentindo, subentende-se que, as instituições precisam preparar-se e se adaptar


para implementar o uso de sistemas para o armazenamento de seus documentos, ou seja,
precisam conhecer a abrangência da massa documental produzida e estabelecer por meio das
funções e princípios arquivísticos que durante todo o processo de digitalização os documentos
sejam autênticos e fidedignos ao suporte papel.
Autores como Baggio e Flores (2013) ressaltam que “A arquivologia tem na
preservação digital um objeto de estudo que propõe padrões, normas, políticas, critérios e
procedimentos para a preservação digital”. Tal apontamento volta-se para as diretrizes
estabelecidas por instituições arquivísticas renomadas quanto às recomendações para
utilização de padrões e normas que devem ser utilizados para implementação de programas e
projetos de gestão de documento.
Logo, no contexto brasileiro dentre as diretrizes propostas para a guarda,
armazenamento e implementação de sistemas, o Conselho Nacional de Arquivo
(CONARQ), por meio de sua câmara técnica desenvolveu o Modelo de Requisitos para
Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos (e-ARQ Brasil), para
estabelecer os requisitos no âmbito da gestão de documentos convencionais e digitais.
No que se refere ao e-ARQ Brasil, conforme o CONARQ, esse busca “estabelece
requisitos mínimos para um Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos
(SIGAD), independentemente da plataforma tecnológica em que for desenvolvido e/ou
implantado”. (CONARQ, 2011).
À vista disso, para se considerar um Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de
Documentos (SIGAD), deve-se de acordo com e-ARQ Brasil demonstrar:
Ser capaz de gerenciar, simultaneamente, os documentos digitais e os
convencionais. No caso dos documentos convencionais, o sistema registra
apenas as referências sobre os documentos e, para os documentos digitais, a
captura, o armazenamento e o acesso são feitos por meio do SIGAD.
(CONARQ, 2011).

Por conseguinte, entende-se que, para a implementação do SIGAD nas instituições,


essas devem primeiramente prevê um programa de gestão de documentos seguindo normas,
diretrizes e padrões do e-ARQ Brasil. No mais, é necessário realizar um estudo da estrutura
orgânica da instituição no que se refere à guarda e produção de documentos, seu fluxo e
acesso.
O e-ARQ Brasil por sua vez define um SIGAD como:

Um conjunto de procedimentos e operações técnicas, característico do


sistema de gestão arquivística de documentos, processado por computador.
Pode compreender um software particular, um determinado número de
softwares integrados, adquiridos ou desenvolvidos por encomenda, ou uma
combinação destes. .(CONARQ, 2011).

Neste sentido o SIGAD além de propor que as instituições possuem previamente um


programa de gestão de documentos padronizado, também, pode integrar-se software já
existente nas instituições operacionalizando e gerindo as informações conjuntamente.
Ainda no âmbito das diretrizes propostas pelo Conselho Nacional de Arquivo,
desenvolveu-se, também, as Diretrizes para a Implementação de Repositórios Arquivísticos
Digitais Confiáveis (RDC – Arq), aprovado por meio da Resolução Nº 43, de 04 de
Setembro de 2015, para o arquivamento de documentos em todas as fases do ciclo de vital dos
documentos (Corrente, Intermediário, Permanente) garantindo a sua autenticidade e
confiabilidade.
Não deixando de mencionar a Resolução N° 48 de 10 de Novembro de 2021 que
aprova as diretrizes para a digitalização de documentos de arquivo nos termos do decreto nº
10.278/2020, cujo decreto foi um marco no âmbito do universo da digitalização de
documentos, já que este estabelece a mesma autenticidade conferida ao suporte papel e
microfilme no documento digital desde que estes, sejam certificadas nos Padrões Chaves
Públicas ICP- Brasil.

2.2 LEGISLAÇÕES APLICADAS PARA A DIGITALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS


O processo de digitalização de documentos em instituições tanto pública, quanto
privadas ainda é um processo bastante discutido no que tange a autenticidade dos
documentos, e o seu armazenamento em sistemas, já que as tornas vulneráveis aos ataques
cibernéticos.
É diante deste contexto que instituições governamentais tanto nacionais, assim como
internacionais ao longo dos anos vêm apresentando normas e modelos a serem seguidos para
a implementação de sistemas para armazenamento e digitalização de documentos.
Por outro lado, partindo desse pressuposto, criam-se, também, leis que equiparada às
normas e modelos a se seguir dispõem dos dispositivos legais visando resguarda qualquer
instituição, desde que seus programas de gestão de documentos estejam em conformidade do
que está disposto nestas.
No Brasil a Lei n° 8.159, de 8 de Janeiro de 1991 define a Política Nacional de
Arquivos Públicos e Privados, nesta Lei é apresentado todo o processo de gestão de
documentos que as instituições devem seguir até o processo de eliminação ou guarda
permanente dos seus documentos.
Em se tratando especificamente de documento digital a Lei nº 12.682 de 9 de julho de
2012, Dispõe sobre a elaboração e o arquivamento de documentos em meios
eletromagnéticos. A supracitada lei teve seu Art. 2-A alterado por meio da lei 13.874 de 20 de
setembro de 2019, observando em seu Art 10.

Art. 2º-A. Fica autorizado o armazenamento, em meio eletrônico, óptico ou


equivalente, de documentos públicos ou privados, compostos por dados ou
por imagens, observados o disposto nesta Lei, nas legislações específicas e
no regulamento.
§ 1º Após a digitalização, constatada a integridade do documento digital nos
termos estabelecidos no regulamento, o original poderá ser destruído,
ressalvados os documentos de valor histórico, cuja preservação observará o
disposto na legislação específica.
§ 2º O documento digital e a sua reprodução, em qualquer meio, realizada de
acordo com o disposto nesta Lei e na legislação específica, terão o mesmo
valor probatório do documento original, para todos os fins de direito,
inclusive para atender ao poder fiscalizatório do Estado.
§ 4º Os documentos digitalizados conforme o disposto neste artigo terão o
mesmo efeito jurídico conferido aos documentos microfilmados, nos termos
da Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968, e de regulamentação posterior.
§ 8º Para a garantia de preservação da integridade, da autenticidade e da
confidencialidade de documentos públicos será usada certificação digital no
padrão da Infraestrutura de Chave Pública Brasileira (ICP-Brasil).

Conforme alteração do Art. 2º-A fica especificado sobre os procedimentos a serem


adotados pelas instituições que optarem por aderir o processo de digitalização de documentos,
desde que estejam equiparadas com os dispositivos apresentados pela lei além das Resoluções
do (CONARQ).
Para garantir, também, os dispositivos apresentados pelo Art. 2º-A da Lei 12.682/2012
foi também publicado o Decreto Federal n° 10.278 de 18 de março de 2020, regulamentando
as alterações estabelecidas pela lei 13.874/2020 referente ao Art. 2º-A. Este Decreto
estabelece a técnica e os requisitos para a digitalização de documentos públicos ou privados, a
fim de que os documentos digitalizados produzam os mesmos efeitos legais dos documentos
originais.
Por outro lado, destaca-se ainda a Lei n° 12.527 de 18 de novembro de 2011, Lei de
Acesso à Informação, e a Lei nº 13.853 de 8 de julho de 2019, Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD), que também deverem compor nas etapas do processo de gestão de
documentos das instituições.
Posto isto, evidencia-se que as instituições devem conhecer as normas e leis que
resguardam todo o processo de gestão documental que implementar a digitalização de
documentos vai além da concepção de que digitalizou pode ser eliminado. É preciso
estabelecer um estudo prévio da estrutura organizacional, do seu acervo, do sistema que se
deseja implementar e se todas as expectativas voltadas para a utilização de um repositório
digital se equiparam as diretrizes legais.
Assim, tendo como base esse referencial teórico, pode-se delinear o problema deste
estudo, com o intuito de responder a seguinte pergunta: “o porquê da implementação do
processo de gestão física e digital em desenvolvimento na Secretaria de Estado de Educação e
qual a sua relevância para o desempenho de suas atividades”.

3. DELINEAMENTO DO PROBLEMA

Para as instituições sejam essas públicas ou privadas conhecer a estrutura das suas
atividades e funções, reflete diretamente na manutenção e preservação de toda a informação
presente na mesma.
Quando se fala em preservação, além dos métodos de preservação, conservação,
utilizada nos documentos para garantir que estes tenham vida útil prologada, começou-se a se
pensar na preservação da informação não só em suporte físico, mas também digital.
Quanto à preservação, conservação ou restauração, conforme exposto Duarte (2009,
p.11 Apud Carvalho, 2016, p. 19):

A “preservação” propõe cuidar de todos os assuntos relacionados a combate


à deterioração dos documentos. [...] a “conservação” define-se como um
conjunto de medidas específicas e preventivas necessárias para a
manutenção da existência física do documento.

Já no campo da preservação do documento digital conforme abordado por Dos Santos,


p. 118, 2012.

É imprescindível que a preservação dos documentos arquivísticos digitais se


inicie no ato de criação do documento, ou mesmo antes. Isso porque deve
contemplar o planejamento quanto às potencialidades das tecnologias de
informação e comunicação envolvidas e procedimentos necessários à
conformidade legal e normativa institucional dos documentos produzidos, aí
incluídos os sistemas informatizados que gerenciarão esses documentos.

Logo, nesta pesquisa, tem como pressuposto analisar o processo de desenvolvimento


do projeto de gestão documental e sua implementação na Secretaria de Estado de Educação
do Pará, e o seu enquadramento dentro das normas e diretrizes arquivísticas diante da
realidade situacional e orgânica de seus documentos.

4. HIPÓTESES

As hipóteses aqui levantadas têm como função responder à pergunta ensejada para dar
início a este estudo: o porquê da implementação do processo de gestão física e digital em
desenvolvimento na Secretaria de Estado de Educação e a qual sua relevância para o
desempenho de suas atividades.
Com isso se tem a seguinte hipótese: ao realizar o levantamento teórico com o
intuito de identificar os métodos que poderão ser utilizados na produção bibliográfica,
assim como para a análise do processo de gestão de documentos de arquivo do físico ao
digital, uma vez que se deseja enfatizar as práticas de gestão utilizadas em implementação
na instituição.
Além disso, ao se traçar o panorama sobre a realidade, pode-se identificar melhor as
falhas ou problemas referentes ao processo de implementação do projeto e as possíveis
melhorias no decorrer de seu desenvolvimento e utilizar esses resultados com o intuito de
melhor auxiliar na gestão documental da instituição.

5.OBJETIVOS
5.1. OBJETIVO GERAL

 Analisar o processo de implementação da gestão física e digital no acervo


documental da Secretaria de Estado de Educação do Pará.

5.1.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Posto isto, do objetivo geral derivam-se os objetivos específicos, que são


apresentados pontualmente, sendo eles os seguintes:

 Demonstrar a estrutura orgânica de organização e armazenamento do acervo físico


para o digital.
 Apresentar o repositório digital utilizado para o gerenciamento físico e digital do
acervo.
 Analisar como ocorre a estruturação dos metadados utilizados para o processo de
busca do acervo digitalizado no repositório digital.

6. MÉTODO DA PESQUISA

Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, cuja parte teórica será
desenvolvida por meio de revisões de literatura, sobre as seguintes temáticas: gestão
documental, gestão de documento digital, legislação arquivística.
O estudo de caso, segundo Gil (2002, p.58) “é caracterizado pelo estudo profundo e
exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento.” Logo, a mesma busca compreender os fenômenos observados durante todo o
processo de gestão.
Por conseguinte, o levantamento de dados será realizado por meio de entrevista com
responsável pelo arquivo e usuários do sistema, mediante perguntas que abordem a situação
do arquivo e as perspectivas acerca do sistema, tal abordagem, enquadra-se como análise
qualitativa.
Será utilizado, também, referencial teórico de autores que abordam a temática
proposta, dentre outros que se encontram nessa respectiva de área do conhecimento.
Assim, tendo como base a produção científica levantada, serão identificados os
requisitos legais utilizados para a digitalização de documentos que se encontram vinculados a
essa produção científica.
Com base nesses aspectos identificados, poderá apresentar de forma objetiva o
processo de implementação da gestão de documentos do arquivo física e digital na instituição
e discutir o processo gerenciamento do acervo por meio de repositório digital.

7. JUSTIFICATIVA

O fazer arquivístico pode ser aplicado nas diversas áreas do mercado de trabalho, por
meio de métodos de Gestão eficiente que são de suma importância para as instituições que
prezam em manter seus acervos organizados, tendo como objetivo a rapidez no acesso e busca
das informações.
Nesse contexto, a aplicação dos princípios da arquivologia norteia o fazer arquivístico
dentro de um contexto de produção documental, na qual, a Gestão de Documentos torna-se
fator facilitador no processo de organização e gerenciamento do fluxo informacional de um
acervo, o que independe do volume de massa documental.
A Resolução N° 20 de 16 de julho de 2004 do CONARQ ressalta em seu Art. 2º que
“Um programa de gestão arquivística de documentos é aplicável independente da forma ou do
suporte, em ambientes convencionais, digitais ou híbridos em que as informações são
produzidas e armazenadas”. (CONARQ, 2004).
É nesse contexto que se busca discorrer sobre o processo de gestão documental na
Secretaria de Estado de Educação do Pará, no que tange a digitalização de seu acervo
documental e os requisitos utilizados no processo, enquadram-se aos requisitos funcionais e
não funcionais, conforme estabelecido nos Art. 3, §1º e §2º da Resolução N° 20 de 16 de
julho de 2004 do CONARQ.

§1º Os requisitos funcionais referem-se a: registro e captura, classificação,


tramitação, avaliação e destinação, recuperação da informação, acesso e
segurança, armazenamento e preservação.
§2º Os requisitos não funcionais referem-se a: utilização de padrões abertos,
independência de fornecedor, integração com sistemas legados,
conformidade com a legislação e os padrões de interoperabilidade do
governo, atendimento a usuários internos e externos, facilidade de utilização
e desempenho. (CONARQ, 2004).

Desta forma, a pesquisa se apresenta pertinente aos estudos de Organização da


Informação, por tratar se da Gestão Documental em uma instituição Pública Estadual que
visa preservar a sua informação orgânica, além de tornar o acesso ao seu acervo de forma
rápida e eficaz para cumprimento de suas atividades e funções, tanto em âmbito interno
quanto externo.
Posto isto o projeto que se insere no âmbito específico da Linha de Pesquisa
Produção e Organização da Informação presente no Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação - PPGCI - da UFPA, uma vez que, tem por objeto a construção de
referenciais teóricos e metodológicos sobre o processo de organização e representação da
informação.

REFERÊNCIAS

BAGGIO, Claudia Carmem; FLORES, Daniel. Documentos digitais: preservação e


estratégias. 2013.
Disponível em: http://repositorio.furg.br/handle/1/4110 acesso em: 18 Jan. 2022.

BRASIL. Lei 8.159 de 8 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a Política Nacional de Arquivos
Públicos e Privados e dá outras providencias. Diário Oficial, Brasília, DF. Acesso em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8159.htm acesso em: 19 Jan. 2022.

BRASIL. Lei 13.874 de 20 de setembro de 2019. Institui a Declaração de Direitos de


Liberdade Econômica; estabelece garantias de livre mercado; altera as Leis nos 10.406, de 10
de janeiro de 2002 (Código Civil), 6.404, de 15 de dezembro de 1976, 11.598, de 3 de
dezembro de 2007, 12.682, de 9 de julho de 2012, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 10.522,
de 19 de julho de 2002, 8.934, de 18 de novembro 1994, o Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de
setembro de 1946 e a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº
5.452, de 1º de maio de 1943; revoga a Lei Delegada nº 4, de 26 de setembro de 1962, a Lei
nº 11.887, de 24 de dezembro de 2008, e dispositivos do Decreto-Lei nº 73, de 21 de
novembro de 1966; e dá outras providências. Diário Oficial, Brasília, DF. Acesso em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art10 acesso
em: 19 jan. 2022.

BRASIL. Lei 12.682 de 9 de julho de 2012. Dispõe sobre a elaboração e o arquivamento de


documentos em meios eletromagnéticos. Diário Oficial, Brasília, DF. Acesso em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12682.htm acesso em: 19 jan.
2022.

BRASIL. Lei 13.853 de 8 de julho de 2019. Altera a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018,
para dispor sobre a proteção de dados pessoais e para criar a Autoridade Nacional de Proteção
de Dados; e dá outras providências. Diário Oficial, Brasília, DF. Acesso em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13853.htm#art1 acesso em:
19 jan. 2022.

BRASIL. Lei 12.527 de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no


inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição
Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de
maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras
providências. Diário Oficial, Brasília, DF. Acesso em:
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BRASIL. Decreto 10.270 de 18 de março de 2020. Regulamenta o disposto no inciso X do


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de 9 de julho de 2012, para estabelecer a técnica e os requisitos para a digitalização de
documentos públicos ou privados, a fim de que os documentos digitalizados produzam os
mesmos efeitos legais dos documentos originais. Diário Oficial, Brasília, DF. Acesso em:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.278-de-18-de-marco-de-2020-248810105
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CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
MESES
ATIVIDADES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4
Curso das disciplinas X X X X X X X X X X X X
Idealização do projeto X X X X X X X X
Pesquisa Bibliográfica X X X
Contextualização dos X X X
elementos e atributos
da gestão documental

Qualificação X X X X X X X X X X X

Contextualização da X X
legislação de
documentos digitais

Contextualização da X X X
gestão de documentos
digitais

Fechamento da X X
dissertação
Normalização e X X
Correções
Ortográficas
Entrega X
Defesa X
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

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