INFESTAÇÕES POR CARRAPATOS EM SERES HUMANOS E HABITAÇOES
HUMANAS EM TRÊS CIDADES DO ESTADO DO PARANÁ
Anna Claudia B. Mongruel1, Jessica D. M. Valente1, Cássia R. Duquia1, Maria Vitória
Lara1, Ahmed A. Hassan-Kadle1; Thiago F. Martins2, Thállitha S. W. J. Vieira1, Rafael F. C. Vieira1. 1 Laboratório de Doenças Transmitidas por Vetores, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. 2 Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Carrapatos duros (ordem Ixodida) são atrópodes hematófagos com reconhecida
importância na Medicina e Medicina Veterinária devido, principalmente, à sua capacidade vetorial para transmissão de patógenos. Embora a infestação por carrapatos em animais selvagens e domésticos seja comum, relatos em humanos são subestimados. O presente resumo tem por objetivo relatar os casos de infestações por carrapatos em humanos e também em habitações humanas, em cidades do Estado do Paraná. Entre os anos de 2016 a 2017, o Laboratório de Doenças Transmitidas por Vetores, da Universidade Federal do Paraná, recebeu cerca de 2.509 carrapatos para identificação de espécies. Desse total, 94 (3,74%, CI:3,07- 4,56) foram coletados diretamente de seres humanos ou de habitações humanas. Uma ninfa da espécie Amblyomma dubitatum foi coletada diretamente de uma pessoa na cidade de Pinhais (Paraná) e uma fêmea e um macho da espécie A. sculptum foram coletados diretamente de uma pessoa na cidade de Foz do Iguaçu. Em relação a habitações humanas, um macho da espécie A. aureolatum foi encontrado na cama de uma residência no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba (Paraná) e cerca de 91 carrapatos da espécie Riphicephalus sanguineus (46 machos, 23 fêmeas e 22 larvas) foram coletados no muro de uma casa no bairro Cujuru, também em Curitiba. Destaca-se que as pessoas encontradas infestadas por A. dubitatum e A. sculptum, no presente trabalho, encontravam-se em uma fazenda com presença de capivaras (Hydrachoerus hydrachaeris) e em um recinto onde permaneciam antas (Tapirus terrestris), respectivamente. O carrapato da espécie A. aureolatum já foi relatado infestando seres humanos no Paraná e possui importância em saúde pública, uma vez que possui alta competência vetorial para transmissão de Rickettsia ricketsii. A espécie R. sanguineus, popularmente conhecida como “carrapato do cão”, foi encontrada, no presente trabalho, infestando de forma intensa os muros e as paredes de uma residência na cidade de Curitiba. Um cão, mantido pelos moradores da casa, foi encontrado sendo infestado por carrapatos dessa espécie. Embora nenhum morador da casa estivesse infestado no momento da coleta, os mesmos relataram que episódios já haviam ocorrido. As interações entre humanos, animais e ambiente favorecem a dispersão e infestação de artrópodes e, consequentemente, o risco de transmissão de patógenos de potencial zoonótico.
Palavras-chave: Ixodídeos, Curitiba, Foz do Iguaçu, Pinhais, pessoas.