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UNIVERSIDADE DE LISBOA
A CASA PLATAFORMA
Aluno
Orientador
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 4
OBJETIVOS 5
CONCEITOS-CHAVE 7
ESTADO DO CONHECIMENTO
A CIDADE 7
O PALÁCIO E O SEU LARGO 9
O RIO 10
A COLINA 10
HABITAR 12
PÚBLICO E PRIVADO 13
PARADIGMAS DA CONTEMPORANEIDADE 14
FLEXIBILIDADE 16
METODOLOGIA 18
CALENDARIZAÇÃO 19
LISTAGEM DE REFERÊNCIAS 21
BIBLIOGRAFIA 22
ANEXOS 24
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INTRODUÇÃO
A intervenção no vale do Rio Seco torna-se objeto de reabilitação urbana e arquitectónica pensada
num quadro de reorganização social, cultural e económica.
A par das novas construções pretende-se redefinir o espaço público a partir da concepção do novo
parque natural e urbano do Rio Seco que propõe o remate do anel verde de Lisboa concebido por
Gonçalo Ribeiro Telles em 1986 e, deste modo, conceder ao local uma maior qualidade de vida,
revalorizando os terrenos e, permitindo uma densificação sustentável e integrada ao centro urbano
já consolidado.
Este plano tem por base as estratégicas de desenvolvimento e dinamização da cidade de Lisboa
presentes no documento Lx Europa 2020 as quais, promovem o regresso ao centro da cidade através
da consolidação e requalificação de terrenos desocupados e expectantes presentes em zonas
centrais urbanas, conseguindo-se assim o retrocesso da expansão suburbana que se verificou nas
últimas décadas.
A propósito destes planos estruturais de desenvolvimento dá-se a possibilidade de vivermos numa
Lisboa mais homogénea, integrada e consolidada.
Justifica-se com isto que a questão programática do trabalho se foque na consolidação urbana do
espaço fragmentado tendo por base duas realidades: a necessidade de densificação habitacional e a
presença de um terreno de acentuado declive.
O tema “casa da plataforma” surge como resposta a esta forte particularidade topográfica: uma
colina em pleno centro urbano orientada a Sul que se debruça para a zona ribeirinha de Belém. Deste
modo, a questão de partida do projeto é: como é que a interpretação topográfica pode desenvolver
lógicas de densificação habitacional que promovam a coesão urbana da zona e a ligação ao centro da
cidade e ao rio Tejo?
Tendo por base estas questões e, em parceria com o novo parque urbano do Rio Seco proposto no
contexto deste trabalho, o desenho da habitação pretender abordar os limites dos espaços mais
íntimos e mais públicos, a vivência diária e o lazer e integrar a tradição e a cultura nos novos modelos
e paradigmas de lar.
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OBJETIVOS
O projeto baseado nos temas da cidade em relação ao declive tem como objetivo intervir na encosta
da Ajuda, transformar o declive em plataformas e promover lógicas de densificação habitacional.
Conhecer as dualidades Palácio e rio que encerram a encosta da Ajuda revela-se essencial neste
trabalho, nomeadamente através do estudo da proposta arquitectónica inicial desenvolvida em
plataformas para o Palácio Nacional da Ajuda.
Este estudo pretende compreender de que forma a plataforma pode responder à criação de novas
tipologias habitacionais qualificadas e sustentáveis que respondam às aspirações dos habitantes
atuais e vindouros, analisando-se para isso o contexto climático e topográfico inerente ao terreno.
Neste sentido, procurar-se-á atender a necessidade da casa se adequar às transformações sociais e
desafios que o quotidiano presente exige na vida urbana portuguesa, sobretudo a instabilidade e
mobilidade da vida urbana e dos agregados familiares do século XXI (decréscimo populacional,
redução da dimensão das famílias, novos tipos de famílias e novas necessidades).
Pretende-se analisar estratégias de adaptabilidade, expansão e multifuncionalidade dos espaços
habitacionais bem como, a construção em diferentes fases e períodos para que, com isto, a casa
possa acompanhar a vida do seu residente.
Através da análise bibliográfica e de casos de estudo, pretende-se simultaneamente compreender os
limites entre o espaço social e pessoal; entre o espaço vivido da casa e a plataforma solidificada.
Pretende-se compreender e projetar as transições entre estes dois conceitos complementares de
espaço para se obter uma vivência mais qualificada e adaptada às novas mudanças e estilos de vida.
Posto isto, aspira-se ampliar as interrelações dos bairros consolidados com a envolvente e com o
novo parque natural do Rio Seco, voltando a vivência da habitação para o espaço verde e
estabelecendo uma relação com as vivências sociais presentes na Freguesia da Ajuda, potenciando
assim a coesão da diversidade social presente no local.
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QUESTÕES DE TRABALHO / HIPÓTESES
Para a requalificação e integração do novo centro urbano do vale do Rio Seco à cidade mais
consolidada, importa que o local de trabalho se adapte e se relacione ao ambiente envolvente.
Assim, o Palácio na raiz da encosta e o rio onde ela termina são os elementos-chave da definição
urbana e arquitectónica, pretendendo-se que esta dialogue harmoniosamente com as pré-
existências e com o homem que as habita, enquadrando e articulando a parcela de terreno ao
contexto atual do Alto da Ajuda.
Hipótese 3: A abertura de vazios nas plataformas, que se transformam em pátios privados, permite
por um lado uma melhoria da qualidade de vida do indivíduo ampliando as valências da casa e, por
outro lado, estes pátios permitem uma gradação entre o parque urbano e o espaço pessoal,
diminuindo os limites rígidos entre o que é considerado público e social ou privado e íntimo.
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CONCEITOS-CHAVE
Cidade | Declive | Habitar | Limites | Espaço público e privado | Novas Tipologias | Habitação Flexível e
Evolutiva | Habitação Escavada
ESTADO DO CONHECIMENTO
Tendo como propósito para este projeto a requalificação e regeneração urbana que envolve o Vale
do Rio Seco torna-se prioritário, numa primeira etapa do processo, a observação, a análise e a
compreensão das características intrínsecas do lugar com o objetivo de as potencializar. Desta
forma, há três particularidades que se tornam evidentes. São estas o confronto e presença no
horizonte do rio Tejo, a vizinhança ao Palácio e Largo da Ajuda e a inflexão de desnível que o terreno
apresenta.
A situação topográfica da Ajuda apresenta uma orientação solar beneficiada e amplos campos de
visão para o rio Tejo, uma localização de vizinhança com o centro citadino e, ainda apresenta uma
herança histórica, cultural e simbólica muito vasta. Contudo, devido à proximidade da água e à maior
facilidade de acessos e infraestruturas levou a que, até à atualidade, se valorizassem e se investisse
mais nos terrenos a cotas baixas. Os terrenos a montante da encosta foram, por sua vez, palco de
novos planos urbanizadores nas últimas décadas, mas estes não se integraram totalmente no
traçado urbano, fechando-se muito sobre si próprios. A topografia acentuada e o excesso de muros
delimitadores dos terrenos aumenta a fragmentação da zona. Por um lado dificultam a programação
de acessos eficientes, principalmente escassos para peões e, por outro lado, cortam as relações dos
espaços parcelados com a rua. Todas estas influências contribuem para a ausência de espaços
exteriores colectivos, tornando vital o contributo da proposta do novo plano de parque urbano.
A CIDADE
Propõe-se neste trabalho, numa primeira fase, a criação e requalificação de porção de cidade. Mas, o
que é de facto cidade? Ou melhor, o que nos permite dizer que estamos presente um ambiente
urbano?
(...) uma cidade é algo mais do que o somatório dos seus habitantes: é uma unidade
geradora de um excedente de bem-estar e facilidades que leva a maioria das pessoas a
preferirem ... viver em comunidade a viverem isoladas. (Cullen, 1983: 9)
Segundo Gordon Cullen (1983) a criação de cidade é a criação de relações entre o edificado e o
homem. A cidade gera imagens em função da sua escala, estilo, agrupamento, textura, contraste,
limite, cor, entre outros, e, assim cria um ambiente ao qual o ser humano vai reagir, apropriando-se,
integrando-se e identificando-se com o próprio espaço.
As sensações que a cidade provoca no homem devem contribuir para a própria identificação do
habitante e para a contínua relação deste com o meio envolvente.
Contudo, o autor alerta para a tendência de homogeneização das soluções urbanas a que hoje
assistimos e que em nada contribuem para a qualidade de vida dos habitantes.
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Deste modo, afirma que “o convencionalismo é uma fonte de tédio enquanto a aceitação da
disparidade se revela uma fonte de animação.” (Cullen, 1983: 14)
Habitar uma cidade é estar constantemente em surpresa pois ela fornece-nos sucessivas imagens,
momentos e percursos aos quais nós somos capazes de reagir e nos identificar. É como ter “(...) a
sensação de estar a desvendar um mistério.” (Cullen, 1983: 21). Este jogo constante entre as suas
múltiplas possibilidades plásticas dão a cada cidade uma personalidade distinta e uma relação mais
ou menos harmoniosa com o seu ocupante.
Um outro auto que é concordante com Cullen é Kevin Lynch (1960). Este defende que a cidade é
criada por todos nós todos os dias e que, apesar de guiar os nossos comportamentos e vivências não
deve restringir-nos totalmente da expressão de individualidade e apropriação de cada prática ou
tradição. Ela é o estrutura de interface entre o desenho da arquitetura e o espírito crítico do
indivíduo.
Claramente se entende que o desenho da cidade gera a matriz da nossa vivência enquanto cidadãos
urbanos. Isto compreende não só a relação intrínseca do indivíduo com o edifício mas também com o
espaço que lhe fica adjacente e, por assim dizer, o espaço que fica livre. Esse é um dos aspectos
fundamentais que este trabalho pretende focar: quais são os limites do espaço social e os limites do
espaço pessoal? É a arquitetura que os materializa e concretiza?
“(...) casas e ruas são complementares!” (Hertzberger, 1999: 63) afirma-nos Hertzberger como
definição do conceito de cidade.
Este autor completa as ideias atrás desenvolvidas através do confronto entre o espaço da rua e o
espaço da casa. A rua é o “(...) lugar onde o contato social entre os moradores pode ser estabelecido:
como uma sala de estar comunitária” (Hertzberger, 1999: 48) e a domesticidade da casa funciona
melhor quanto melhor foi a possibilidade de permeabilidade entre e o seu espaço interior e o
exterior. A rua “(...) é basicamente a expressão da pluralidade de componentes individuais... .”
(Hertzberger, 1999: 64).
O autor defende que com a evolução urbana a que se assiste emerge, sistematicamente, um
crescente prejuízo para a cidade. Isto é, com a densificação do edificado em altura, com o
desenvolvimento tecnológico dos próprios edifícios, com a ampliação dos espaços interiores, com o
aumento do tráfego rodoviário, que agora domina a estruturação do espaço público, entre outros,
são razões pelas quais o ambiente citadino se tem voltado mais para o interior das fachadas focando-
se cada vez menos no carácter que a rua toma.
O contato social cada vez tem menos significância até porque não tem espaço para lhe dar lugar.
Parece contraditório porque existe agora mais espaço livre devido ao afastamento dos edifícios mas,
potencia-se a “fragmentação” entre o domínio público e o domínio privado.
Voltemos novamente a constatar o que Gordon Cullen atribui ao significado de cidade. No seu ponto
de vista, “a noção de cidade como um local de reunião, de contacto social, de ponto de encontro (...)
de ritual do próprio homem; tratava-se simultaneamente de um rito e de um direito.” (Cullen, 1983:
105)
A noção de cidade é algo que cada um de nós tem presente no subconsciente. Sem nos darmos conta
as nossas formas de vida foram moldadas ao longo do tempo pelos ambientes que experienciámos e
vivemos. Ambientes estes que a cidade nos oferece diretamente, continuamente e sempre em
constante mutação. Eles são o reflexo do pensamento e do contexto social da época de cada
intervenção.
A cidade conta a sua história através do desenrolar de edifícios, das suas sobreposições e dos seus
conjuntos. Nenhuma é igual a outra.
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O PALÁCIO E O SEU LARGO
O Largo adjacente ao Palácio surge ao cidadão urbano como um lugar inacabado e indefinido
funcional e espacialmente porque a sua relação com a cidade é escassa. A sua fragmentação à cidade
dificulta a relação dos transeuntes com a definição do próprio uso do espaço, resultando por esse
motivo numa fraca distribuição urbana e definição dos seus limites. A sua existência está presente
desde o primeiro plano para o Palácio Nacional da Ajuda e, apesar de ter resistido ao tempo, não se
une harmoniosamente ao traçado urbano.
A mancha solene do Palácio persistiu e foi dando razão ao Largo, sendo o único elemento que,
fortemente, o cerca e define.
Deste modo, surge aos nossos olhos como o resultado de um desenho urbano que evoluiu
independentemente à sua estrutura e dinâmica. Estes dois objetos formam, de mão dada, a
memória cultural e coletiva da evolução da cidade de Lisboa.
É relevante salientar que a proposta original do plano para o Palácio Nacional da Ajuda sustenta-se a
partir da criação de plataformas no terreno que, gradualmente, faziam a transição da cota mais alta
(onde assenta o Palácio) até à cota do rio.
À imagem dos Palácios iIuministas europeus da época, é nestas plataformas que percursos e jardins
tomariam lugar como espaços de lazer para a família real.
“Se não tivesse sofrido drásticas vicissitudes, exteriores a si mesma, a obra da Ajuda teria
sido, como os outros, “novo palácio real com jardins, tapada para animais sylvestres”, uma
unidade formada pelo palácio e jardins descendo até ao Tejo com o seu parque de caça”.
(Castel-Branco, 1999: 38)
O RIO
A jusante da colina surge-nos outro elemento caracterizador do local de intervenção: o rio Tejo. A
sua reflexão da luz é como uma larga faixa dourada em tardes de agosto e, a sua subtileza em
encontrar caminho por entre a multiplicidade e a complexidade de traçados, que traz consigo um
carácter celestial, forma um ambiente romântico e misterioso à cidade de Lisboa.
“Para a cidade do litoral, o mar é a sua razão de ser... ” (Cullen, 1983:193) e é numa cidade destas,
com uma relação fulcral com uma linha de água de dimensões generosas que o seu carácter se torna
mais marcante e evidente. Fonte não só das trocas comerciais mas também condicionante a nível
bioclimático. O rio é parte integrante da cidade e a sua presença incondicional reflete-se no
quotidiano. E mais que isso, Lisboa para além da sua localização privilegiada não se dá apenas ao
prazer de se encontrar às margens de um rio, mas na foz deste, isto é, oferece o luxo de nos
podermos debruçar sobre o infinito do oceano e confrontarmo-nos com o horizonte.
Água, céu e edifícios não são afectados por considerações de prudência. Estão lá para serem
apreciados aqui e agora, ou nunca mais. (Cullen, 1983: 191)
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A COLINA
Certamente já ouvimos a referência à cidade de Lisboa como a cidade das sete colinas, original de
Frei Nicolau de Oliveira no século XVII. Esta é a terceira característica evidente que o terreno de
trabalho fornece e implica uma solução arquitectónica que relacione o Palácio e o rio através da
colina. Neste sentido, a intervenção da proposta é induzida pela modulação dos vários desníveis.
Pretende-se “(...) estar consciente, da ondulação do terreno – o cultivar do olhar do escultor.”
(Cullen, 1983: 177) porque são as suas variações que estruturam as possibilidades espaciais a ser
criadas. Isto é, pode-se tirar partido das propriedades topográficas mais aliciantes para se fazer surgir
espaços com características próprias e únicas que melhor se contextualizem a nível físico e a nível
social, fazendo a interface entre o que o terreno nos pede e o que a sociedade propõe.
O privilégio de projetar numa colina lisboeta deve permitir transmitir ou, pelo menos, não omitir a
personalidade da cidade. Se ela é distinta pelas suas colinas, esse é o foco do trabalho de projeto
urbano e arquitectónico. “Os desníveis devem dar um contributo positivo à paisagem urbana ... a da
elegância do desnível.” (Cullen, 1983: 177).
O palácio e o rio formam dois polos que se unem fisicamente pela presença da encosta. O palácio no
seu topo num lugar favorecido de controlo e vigia voltado para a entrada de Lisboa: a foz do rio Tejo.
Revela assim, força económica, cultural e política apenas através da opção do local de enraizamento.
Não é aleatoriamente que um edifício é colocado na topografia até porque essa escolha sugere a
priori o seu estatuto, importância e vigor face a outro acima ou abaixo deste. “Os objectos adquirem
significados através da sua relação com níveis” (Cullen, 1983: 177) e, deste modo, a escolha da
implantação de certa edificação no terreno é crucial para estabelecer o seu relacionamento face ao
edificado existente e ao homem e face ao seu contexto urbano. Contudo, esta escolha determina a
qualidade do espaço futuro. Este tomará diferentes rumos e carácter consoante o seu desnível e
consoante o desnível do que o envolve.
Sinteticamente, Cullen admite que “Altura equivale a privilégio, profundidade a intimidade.” (Cullen,
1983: 179) e, no seguimento do seu pensamento, há uma compatibilização do conceito dos desníveis
com o conceito de privacidade, afirmando que “(...) as zonas situadas a um nível inferior assumem
um aspecto de intimidade e aconchego, que pode ser aproveitado funcionalmente para transmitir
uma noção de privacidade... – o pequeno local urbano, tornado amigo e conciso pela superfície
rebaixada!” (Cullen, 1983: 181).
Outra visão é-nos dada por Soares (2008) que confere à arquitetura abaixo do nível do solo de
referência o refúgio e o conforto. Estes espaços revelam uma grande privacidade ao invés daqueles
que, por se encontrarem acima desse nível, representam o perigo, o desconhecido, o horizonte.
Enquanto que nos tempos primitivos escavar significava a procura de proteção, hoje consiste antes
numa tentativa de “(...) memória da primeira habitação do homem.” (Soares, 2008: 151).
Dado isto, o autor acredita que a arquitetura que está “por baixo” é a que mais se une à paisagem,
que mais tira partido do meio ambiente objetivando a simbiose entre a natureza e a mão do homem.
É, contudo, através das relações destes espaços internos com o ambiente externo que se faz a
interface entre o que simbolicamente representa a “(...) origem e o renascimento...” com o “(...)
cosmos.” (Soares, 2008: 15).
“(...) o espaço exterior destas construções traduz-se numa imagem poética de grande
relação com a natureza e com a paisagem. A configuração da paisagem, por parte da mão
do Homem, proporciona uma integração muito mais intensa, uma espécie de retorno às
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suas origens (caverna primitiva), onde não se cria para obstruir mas sim para construir uma
envolvente, um ambiente, um habitat.” (Soares, 2008: 26)
Podendo completar estes conceitos surge o argumento de Lynch (1960) acerca dos “limites” como
elementos caracterizantes da imagem de uma cidade. Assim, estes distinguem-se por serem “(...) as
fronteiras entre duas áreas de espécies diferentes” (Lynch, 1960: 66), afirmando também que os
“limites” podem ser de cariz topográfico quando contribuem para uma sectorização espacial ou
funcional.
Na minha concepção projectual, os “limites” topográficos que as plataformas produzem são meios
organizadores do espaço, separando diferentes funções e usos tentando que estas descontinuidades
de níveis funcionem mais como “(...) uma costura de união do que propriamente uma barreira
isoladora.” (Lynch, 1960: 68). Isto é, a existência de espaços diferenciados que, através da sua
visibilidade e permeabilidade, permitem que a sua imagem e consciência seja una.
HABITAR
Partindo da afirmação de Hertzberger “se você não tem um lugar que possa chamar seu, você não sabe
onde está!” (Hertzberger, 1999: 28) apercebemo-nos que a pertença de um espaço íntimo por cada
indivíduo tem que contribuir para o seu próprio autorreconhecimento. O autor esclarece que este
espaço se caracteriza por transmitir segurança e onde a nossa identidade tende a ser posta em
evidência. É um “ninho seguro” que sustenta a reflexão sobre nós próprios e o mundo que nos rodeia,
onde moldamos o nosso ser e o transmitimos ao espaço.
O arquiteto pode contribuir para criar um ambiente que ofereça muito mais oportunidades
para que as pessoas deixem as suas marcas e identificações pessoais, que possa ser
apropriado e anexado por todos como um lugar que realmente lhes “pertença”.
(Hertzberger, 1999: 47)
Para se melhor aprofundar estes conceitos é fundamental analisar o que é um espaço pessoal para se
entenderem os seus limites físicos e etéreos; as suas proporções dimensionais apropriadas a cada
função e as suas relações com o espaços exteriores, sejam estes do carácter da casa ou da cidade, de
carácter habitacional ou de carácter urbano.
Com isto pretende-se projetar estratégicas arquitectónicas que permitam a inserção e a
autoidentificação do indivíduo no espaço, bem como a inclusão da diversidade social, as mudanças e
alterações dos núcleos familiares.
Foquemo-nos então nestes dois pontos contrastantes mas complementares presentes numa
estrutura de cidade: o espaço “dentro” e o espaço “fora”.
Cullen é muito pertinente ao afirmar que “(...) os volumes e divisões interiores, são justificados no
sentido puramente funcional da construção e do abrigo... ”(Cullen, 1983: 184) salientando ainda que
“A vida social não está limitada ao interior do edifício.” (Cullen, 1983: 184). Será então o espaço
exterior é apenas o espaço “acidental e marginal” (Cullen, 1983:184)?
Porém, faz parte da natureza humana a procura dos outros e a fuga do refúgio para conhecermos e
explorarmos o que nos rodeia porque isso também nos identifica e constrói. E, é este o propósito,
segundo Cullen, do exterior ou “(...) o meio destinado ao ser humano na sua totalidade.”(Cullen,
1983: 30). É nestes espaços que podemos completar o nosso ser, apreendendo o ambiente que nos
envolve e nos contextualiza.
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O arquiteto Hertzberger complementa esta visão com a ideia de que “(...) o individualismo
compreende apenas parte da humanidade, o colectivismo só compreende a humanidade como
parte; nenhum deles apreende o todo da humanidade, a humanidade como um todo.” (Hertzberger,
1999: 13).
Já constatámos que os espaços que são por natureza interiores têm a função de nos abrigar e
proteger para além da sua funcionalidade de uso. Porém, o seu universo estende-se muito para além
disso. Ele transmite uma “(...) atmosfera de interioridade, íntima e cordial. É uma imagem
transbordante de vitalidade e calor humano.” (Cullen, 1983: 71).
Um espaço não é suportado sem o outro e, em harmonia, “(...) são à escala humana da proposta de
incidentes do sentido do desenrolar ou da revelação da identificação.” (Cullen, 1983: 108).
É nele onde nos sentimos mais vulneráreis ao olhar dos outros porque, através da nossa projeção
pessoal no espaço e identificação, ele permite identificar-nos, revelando o nosso carácter sem
barreiras ou filtros. É um local, para o seu proprietário que “(...) contém um mundo próprio, íntimo,
virado para si próprio, estático e auto-suficiente” (Cullen, 1983: 108), transformando-se ao longo do
tempo num jogo constante de adaptações e mudanças entre o ser e o espaço. Este lugar é, assim,
projetado pelo ser dando forma e imagem à escala do pensamento e da identificação humana
revelando-se como um ambiente de privilégio e segurança mal o habitante penetre no seu domínio.
Muitos são os casos em que a arquitetura sentiu a necessidade de projetar ambiguidades e diminuir a
fronteira rígida que se estabelece entre um espaço interior e um espaço exterior. Assim, com a
complexidade do pensamento humano houve a necessidade de invadirmos as diferentes valências da
cidade.
Contudo, a escala humana, arquitectónica e urbana, em toda a sua diversidade e complexidade,
tendem a ter divergências e surge a necessidade de mútua invasão. É isto a natureza da formação da
personalidade de cada ambiente. Porque este vai desde o carácter do homem às identidades
colectivas, todas interligadas e em mútua conjugação que, quando conjugadas, formam um espaço
intersticial, nem “dentro” nem “fora”.
Do mesmo modo, existem espaços com o estatuto de algo que é híbrido e que vive no interface entre
estes os conceitos de “dentro” e “fora”, bebendo um pouco da cada particularidade espacial.
O enclave, ou espaço interior aberto para o exterior, (...) é um local tranquilo, onde os passos
ressoam e a luminosidade é atenuada, onde se fica apartado do burburinho da rua e se
disfruta, simultaneamente, o exterior, de um ponto de observação bem situado e seguro.
(...)Fora dele, o ruído e o ritmo apressado da comunicação impessoal, vai-vem que não se
sabe para onde vai nem donde vem; no interior, o sossego e a tranquilidade de sentir que o
largo, a praceta, ou o pátio têm escala humana. (Cullen, 1983: 27)
PÚBLICO E PRIVADO
Confrontaremos agora estes conceitos com o ponto de vista de Hertzberger sobre a atribuição de
carácter público ou privado a um espaço. Podemos automaticamente afirmar que um espaço do
domínio exterior é um espaço público? Será, ao invés, um espaço privado aquele que se fecha sobre
si entre quatro paredes? Ou serão estes conceitos mais ambíguos e flexíveis ao ponto de não lhes
podermos atribuir um significado tão direto?
Hertzberger propõe o entendimento destes dos domínio público e privado através da relação do
espaços com várias valências. São estas o “(...) grau de acesso, das demarcações territoriais, da
organização da manutenção e da divisão de responsabilidade... .” (Hertzberger, 1999: 25).
Um espaço é mais ou menos privado mediante a definição destas valências.
Deste modo, um espaço ao qual todos têm o mesmo grau de acessibilidade é considerado um espaço
público, ao invés de um espaço privado onde o grau de acessibilidade é muito restrito e “(...) é
determinado por um pequeno grupo ou por uma pessoa, que tem a responsabilidade de mantê-la.”
(Hertzberger, 1999: 12).
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mas complementar à de Cullen. Assim, a ambiguidade destes espaços baseia-se na proposição que,
“(...) embora do ponto de vista administrativo possam pertencer quer ao domínio público quer ao
privado, sejam igualmente acessíveis para ambos os lados... .” (Hertzberger, 1999: 40).
Estes espaços nascem da “dualidade” de um “(...) lugar em que dois mundos se superpõem em vez
de estarem rigidamente demarcados.” (Hertzberger, 1999: 32) e a sua identificação baseia-se
também segundo o seu carácter, ambiente e referências. Ou seja, um espaço mais voltado para o
domínio público terá mais referências e características ligadas ao contexto urbano e das relações
sociais. Se, por sua vez, lhe atribuirmos atributos relacionados ao domínio da casa, ele transformar-
se-á num espaço mais íntimo e pessoal.
PARADIGMA DA CONTEMPORANEIDADE
A instituição familiar tem-se vindo a alterar ao longo da história. Para este estudo interessa-nos
distinguir as dinâmicas familiares anteriores e posteriores à revolução industrial. Assim, a sociedade
pré-moderna ou pré-industrial caracteriza-se principalmente pela “(...) definição do estatuto social
das pessoas, promoção legitimada e socialmente reconhecida por uma relação sexual estável.” (Dias,
2000: 90). A isto, Helena Hintz (2001) acrescenta que as famílias da época descrevem uma hierarquia
vigorosa onde o homem surge como protagonista económico e de poder.
Quando uma sociedade se volta mais para a individualidade e satisfação pessoal de cada ser humano
, a família perde o carácter de dependência da linhagem e os núcleos familiares diminuem
bruscamente, apresentando nos dias que correm, na generalidade, não mais de três descendentes.
Esta necessidade primária de vida não é agora uma necessidade meramente social de dar
continuidade à família, vista na sociedade pré-moderna como símbolo de riqueza, poder e respeito,
mas é vista agora como meio de integração social e necessidade psicológica. (Dias, 2000: 91-92). A
par disto, surgem gradualmente soluções arquitectónicas que se preocupam em melhorar a saúde de
seus habitantes, especializando-se no seu conforto, higiene e bem-estar.
Do mesmo modo, anteriormente à industrialização assume-se que a dinâmica interna familiar é
dominada pela “(...) forte estratificação que espelhava bem uma sociedade igualmente rígida e
estratificada.” (Dias, 2000: 91) e isto é observável arquitetonicamente através de habitações com
delimitações espaciais muito imutáveis e impermeáveis, bem como, sectorizações funcionais dos
usos da casa extremamente rígidas, revelando uma hierarquia de poder muito forte.
As famílias contemporâneas tomam por base a relação amorosa do casal bem como a independência
de cada um dos seus membros e têm, por isso, “(...) uma origem mais espontânea e mais livre.” (Dias,
2000: 92). Com a emancipação da mulher, que passa a estar grande parte do seu dia fora de casa
surge a necessidade do casal socorrer a instituições exteriores ao agregado familiar para dar apoio ao
desenvolvimento educativo dos descendentes. As instituições públicas e sociais passam assim a ter
uma função determinante na definição e crescimento do indivíduo.
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empobrecendo parte dos seus papéis e, por isso, tornando-se mais frágil e debilitada,
quanto ao seu exercício operacional das funções que lhe são atribuídas. (Dias, 2000: 93).
Muitas das tipologias oferecidas ao cidadão urbano atual ainda exprimem alguns valores da
sociedade pré-industrial, não se apropriando por esse motivo à sociedade presente caracterizada
agora por valores capitalistas, consumistas, individualistas e marcada pela efemeridade,
instabilidade, superficialidade e mobilidade “onde os conceitos de igualdade passaram a
predominar... .” (Hintz, 2001: 10).
Partindo destes conceitos aparecem novas formas contemporâneas de instituições familiares, sendo
nomeadas por Dias (2000) como “sem estabilidade” e de cariz “flutuante”, a que a arquitetura tem
que estar cada vez mais atenta para dar resposta.
Citando Hintz (2001), dentro destes novos módulos familiares surgem as famílias monoparentais, a
família reconstituída, as uniões consensuais, os casais sem filhos por opção, as famílias unipessoais –
nomeadamente solteiros, divorciados e viúvos (as) - e ainda “(...) um novo tipo de famílias: a
associação ... composta por amigos sem grau de parentesco. Sem manterem relacionamento sexual,
estas pessoas, que não têm filhos, reúnem-se para manter um convívio amistoso.” (Hintz, 2001: 17).
Tudo isto se espelha em cada pessoa e na sua busca constante de identidade e reconhecimento da
casa como lugar de conforto, abrigo e reflexão pois esta é ainda o palco do “(...) sentido do viver em
família...” e “(...) é ela o primeiro lugar de socialização e transmissão de valores e nenhuma
instituição, por mais perfeita que seja, a pode substituir.” (Dias, 2000: 95).
FLEXIBILIDADE
Debater-nos-emos agora sobre as características espaciais que a arquitetura tem vindo a atribuir às
habitações no último século.
A terminologia não é nova, mas é algo que tem sido muito estudado pelos arquitetos com o intuito
de dar resposta à crescente diversidade social que habita as cidades e ao crescente grau de mudança
e incerteza que o mundo atual dá ao cidadão.
Dentro do contexto português podemos acrescentar as notórias alterações dentro dos núcleos
familiares, com a diminuição do número de filhos, o aumento dos divórcios e, entre outros, o retorno
dos filhos à casa de seus ascendentes, como comprovam os dados retirados do Instituto Nacional de
Estatística e apresentados nos quadros e gráficos em anexos.
No contexto da arquitetura, estas questões sociais refletem-se sobre a forma de habitações flexíveis,
por sua vez muito refutadas por Hertzberger.
Segundo o autor, a flexibilidade na arquitetura doméstica é posta em causa porque surge como uma
solução universal. Isto é, criaram-se espaços capazes de se transformar e responder ao maior leque
de apropriações. Contudo, para isso se alcançar optou-se por deixar o espaço o mais nu possível. Ou
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seja, quanto menos determinado este estiver mais flexível se tornará e assim passível de responder a
uma maior diversidade de apropriações. No extremo podíamos dizer que é limitar o habitante
apenas seis paredes e uma porta, onde a infinidade de usos e adaptações é a maior possível. Isto,
segundo o autor atribui ao espaço uma “ausência de identidade”.
”Flexibilidade significa – já que não há uma solução única que seja preferível a todas as
outras – a negação absoluta de um ponto de vista fixo, definido. ... a solução correta não
existe, já que o problema que requer solução está num estado permanente de fluxo, i.e., é
sempre temporário. ... um sistema que se mantém flexível ... produziria a mais neutra das
soluções para problemas específicos, mas nunca a solução melhor, a mais adequada... .”
(Hertzberger, 1999: 146)
Hertzberger, como arquiteto, vê que a solução para abrigar as mudanças a que um espaço doméstico
tem que absorver, passa por permitir que essas mudanças ocorram sem que a “interpretação
individual” no espaço seja prejudicada. O que acontece num espaço flexível ou “neutro”.
De outro modo, um espaço que, não tendo de se modificar formalmente, permite a maior variedade
possível de vivências. É projetar com “(...) maior eficácia, que chamamos de polivalência e que se
aproxima de “competência”.” (Hertzberger, citado pelo próprio, 1999: 148).
A única abordagem construtiva para uma situação que está sujeita à mudança como fator
permanente - ... uma forma que seja polivalente. Em outras palavras, uma forma que se
preste a diversos usos sem que ela própria tenha de sofrer mudança, de maneira que uma
flexibilidade mínima possa produzir uma solução ótima. (Hertzberger, citado pelo próprio,
1999: 147)
O arquiteto deve apenas dar ao utilizador futuro o que o autor nomeia de “estímulos” que apontem
para as melhores formas de interpretações pessoais, oferecendo assim as melhores soluções
arquitectónicas para a variedade de associações e programas que lhe podem ser atribuídas. O espaço
oferece assim a maior “(...) porção de oportunidades para improvisações espontâneas com o
espaço.” (Hertzberger, 1999: 152) dentro de um leque de alternativas viáveis.
Isto é, “(...) nem a neutralidade, que é o resultado inevitável da flexibilidade (...), nem a
especificidade, que é a consequência de excesso de expressão (...), podem produzir uma solução
adequada.” (Hertzberger, citado pelo próprio, 1999: 149).
Hertzberger acrescenta ainda que a sociedade em que vivemos nos molda porque gera padrões aos
quais nós nos adaptamos, vivendo segundo eles. “A combinação de funções que juntas constituem o
programa é ajustada a um padrão estabelecido de vida – uma espécie de fator comum, mais ou
menos adequado a todos ... a que cada um de nós se assemelha apenas vagamente, e que, por esse
motivo, é totalmente inadequada.” (Hertzberger, citado pelo próprio, 1999: 170).
Isto não passa ao lado da arquitetura que, ao produzir espaços à priori condicionantes e “estáticos”,
não permite uma apropriação e identificação pessoal de cada morador e não nos dá possibilidade de
“interpretação pessoal ao padrão colectivo.” (Hertzberger, citado pelo próprio, 1999: 170). Haver esta
liberdade é crucial ao indivíduo, que só assim poderá julgar seu carácter e reconhecer o seu papel
neste mundo.
Monteys (2001) é outro autor que reflete sobre estes conceitos e que adquire uma visão completar às
anteriores. Muito sistematicamente divide o paradigma da absorção de diversidade e mudanças
espaciais em duas vertentes, obtendo desta forma uma grande variedade de soluções e
transformações de uso numa mesma estrutura espacial.
Uma primeira à qual chama “flexibilidade” que se relaciona com as proporções e dimensões espaciais
defendendo assim que, quanto mais amplo for um espaço maior flexibilidade possui e melhor
adquire qualquer formatação projetada pelo seu habitante.
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A segunda vertente aposta na atribuição de “ambiguidade” aos espaços, como se estes se tratassem
de oficinas1. Deste modo, os espaços adquirem a priori uma forma que é passível de ser
compartimentada pelos habitantes consoante as suas necessidades e desejos ao longo do tempo.
Estes espaços providenciam a sectorização da habitação mantendo a independência das partes.
Assim, agregados a eles estão um conjunto de infraestruturas vitais à sustentabilidade da casa.
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METODOLOGIA
Sendo o foco deste trabalho a compreensão, estudo e definição projectual da encosta da Ajuda, que
enfoca as dualidades entre o Palácio e o rio, revela-se essencial a recolha e análise da cartografia
histórica e sua evolução, de mapas geofísicos relativos ao contexto natural em que o local se insere e,
ainda documentos do desenvolvimento cultural, social e económicos. Nomeadamente dados
estatísticos.
Simultaneamente, o estudo do plano inicial para o Palácio Nacional da Ajuda e as suas diversas fases
de construção torna-se um dos eixos essenciais do seguimento do projeto, visto que é com base na
proposta da construção em plataformas que liguem a cota mais alta do Palácio ao rio que se
propunha a transformação desta colina de Lisboa.
Outros planos, nomeadamente o de requalificação urbana do Alto da Ajuda por Gonçalo Byrne, são
também alvo de análise e consideração.
Posto isto, o enfoque volta-se para a experiência pessoal e contexto urbano do local em estudo.
Assim, através da observação direta, recolha de fotografias e diversas idas ao local e envolvente
próxima, procedeu-se ao exame do local no estado presente. Focou-se sempre na interrelação do
desenho da arquitetura com as hábitos e costumes das diversas classes sociais e em como é que
estas duas facetas se condicionam e definem reciprocamente.
Com base nesta recolha de dados e informações, desenvolveu-se a proposta urbana e arquitectónica
em várias fases. O primeiro passo foi a decisão das permanências, demolições e reabilitações das
pré-existências presentes no terreno e, o segundo compôs a proposta programática para o local, o
estudo das vias públicas e espaços verdes. A análise do contexto desenvolveu-se desde a escala
urbana 1:10 000 até à escala 1:2000 e a proposta urbana em si, bem como a maqueta de estudo da
relação da proposta com a situação urbana à escala 1:1000.
O desenvolvimento dos Painéis A1 finais acompanham também todo o processo e fases do trabalho
sendo rectificadas e finalizadas após o fecho da proposta arquitectónica.
A escrita da proposta da Tese de Mestrado desenvolveu-se a par de todo este processo, estando
constantemente a ser reformulada e atualizada. O documento final ainda terá presente elementos
como a memória descritiva e as conclusões.
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CALENDARIZAÇÃO
SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN
DESENVOLVIMENTO DOS
CONCEITOS E TEMAS
GERAIS DE PROJETO
RECOLHA, LEITURA E
ANÁLISE DA
INFORMAÇÃO E
RELAÇÃO COM OS
TEMAS DA CONCEPÇÃO
PROJETUAL
RECOLHA E LEITURA
BIBLIOGRÁFICA
CONTEXTO E ANÁLISE
DO TERRITÓRIO
ANÁLISE DE
DOCUMENTOS
EXISTENTES – DADOS
ESTATÍSTICOS;
DOCUMENTO LX 2020;
CARTOGRAFIA
HISTÓRICA; VISTAS
AÉREAS
CONSTRUÇÃO DO
MODELO DE ANÁLISE –
CONCEITOS E HIPÓTESES
DESENVOLVIMENTO
PROJECTO URBANO
RECOLHA E ANÁLISE DE
CASOS DE ESTUDO
DESENVOLVIMENTO
PROPOSTA
ARQUITECTÓNICA
INTERLIGAÇÃO DA
COMPONENTE DE
INVESTIGAÇÃO COM A
PROPOSTA PROJECTUAL
OBSERVAÇÕES –
PESQUISA DE TERRENO
DESENVOLVIMENTO DO
PROJETO
CONCLUSÕES
COMPILAÇÃO DA
APRESENTAÇÃO FINAL
REVISÃO FINAL DO
ESCRITO
RESUMO | ABSTRACT
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ÍNDICE GERAL
ÍNDICE DE FIGURAS
CAPÍTULO 1. INTRODUÇAO
1.1. Apresentação do tema de trabalho
1.2. Contexto
1.3. Objetivos
1.4. Questões de trabalho | Hipóteses
1.5. Metodologia
LISTAGEM DE REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
19
LISTAGEM DE REFERÊNCIAS
HERTZBERGER, Herman - Lições de Arquitetura. Martins Fontes. São Paulo. 1999 p. 9-193
20
BIBLIOGRAFIA
BRAUNECK, Per; PFEIFER, Günter - Row Houses: A Housing Typologie. Springer Science &
Business Media. 2008
DIAS, Manuel Graça - Manual das Cidades. Relógio D’Água Editores. Novembro de 2006
FRENCH, Hilary - Key Urban Housing of the Twentieth Century. Plans, Sections and
Elevations. Laurence King Publishing Ltd. Londres. 2008
LINO, Michelle Villaça – A Contemporaneidade e seu impacto nas relações familiares [em
linha]. Revista IGT na Rede, v.6, nº 10, 2009; (2-13). Disponível em
http://www.igt.psc.br/ojs/ ISSN 1807-2526. [Consult. 5 Dez. 2014]. Disponível na Internet
<URL http://igt.psc.br/ojs2/index.php/igtnarede/article/viewFile/1906/2605/
21
LITTLE, B. Kenneth - Personal Space in Journal of Experimental Social Psychology 1, 237-
247. 1965. University of Denver
WESTON, Richard - A Casa no Século XX. Editorial Blau, Lda. Lisboa. 2002
ZEVI, Bruno - Saber Ver a Arquitectura. Martins Fontes. São Paulo. 2009
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ANEXOS
Quadro 1: Censos 2011 (Dados Definitivos) - Alojamentos familiares de residência habitual e cujos residentes são apenas
pessoas com 65 ou mais anos de idade, segundo o número de residentes
Total de
individuos
Total de
com 65 ou
População alojamentos Alojamentos
mais anos Total de
População residente familiares só com 1 pessoa
vivendo sós alojamentos
residente total com 65 com pessoas com 65 ou
ou com familiares
ou mais anos com 65 ou mais anos
outros do
mais anos
mesmo
grupo etário
Quadro 2: Censos 2011 (Dados Definitivos) - POPULAÇÃO RESIDENTE, POPULAÇÃO PRESENTE, FAMÍLIAS, NÚCLEOS
FAMILIARES, ALOJAMENTOS E EDIFÍCIOS
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
15584 7120 8464 14916 6787 8129 6982 5 4610 8872 8866 6 7 2837
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Fonte: INE, 2014
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Fonte: INE, 2014
25
Fonte: INE, 2014
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