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Resumo:
A vibração trata-se de movimentos oscilatórios de um corpo em torno do seu ponto de equilíbrio,
sendo analisada por meio da frequência (Hz) ou aceleração máxima sofrida pelo corpo (m/s²). Tal
oscilação, é emitida por máquinas e equipamentos, que se propagam ao corpo do operador,
podendo provocar lesões passives de serem qualificadas como doenças profissionais. Sabido disto,
este estudo teve por finalidade, analisar o comportamento da vibração no sistema homem –
máquina. Para isto, um operador trabalhou com quatro potências diferentes, quando o trator
estáico, , baixa rotação ( E1) e alta rotação ( E2) e em movimento, baixa rotação ( M1) e alta
rotação – 1 ª marcha ( M2). Sendo estas condições repetidas quatro vezes cada, com duração de
um minuto. Os dados experimentais obtidos, foram transferidos para o software BLAZE, sendo
então analisados e manipulados para as devidas considerações estatísticas, utilizando o software
Excel. Após, a análise dos resultados, conclui-se segundo a NHO 09 e a ISO 2631, que para a
operação do trator analisado, no quesito vibração, o operador não terá malefícios à sua saúde
ocupacional, se trabalhar menos que 15 h por dia.
Palavra- chave : potência, saúde, vibração.
1. INTRODUÇÃO
Em 1936 nos Estados Unidos o cineasta Charlie Chaplin lançou o filme tempos modernos, o
qual retratou o cotidiano dos trabalhadores na época da Revolução Industrial, sendo estes,
submetidos a um ambiente de trabalho desfavorável fisicamente e psicologicamente. Visto que, a
forma de produção atentava-se para maior lucratividade da indústria, ignorando para isto, as
condições impostas aos seus trabalhadores.
Então, para propor melhorias no âmbito de trabalho, como as contextualizadas no filme, surge
após a Segunda Guerra Mundial, na Inglaterra o Ergonomics Research Society, uma sociedade de
pesquisadores preocupados em estudar o ambiente de trabalho, contribuindo para a difusão da
ergonomia em nível mundial (IIDA, 2005).
A ergonomia objetiva modificar os sistemas de trabalho para adequar a atividade nele existente,
harmonizando a relação homem e máquina, às características, habilidades e limitações das pessoas,
com vistas ao seu desempenho eficiente, confortável e seguro (ROSSI et al., 2011).
Dentre as diversas variáveis na interface máquina – homem, tem-se a vibração, a qual não
analisada corretamente, origina problemas quanto a saúde e qualidade de vida dos operadores, pois
está relacionada ao conforto, segurança e desempenho.
Segundo, Iida (1990), a vibração trata-se de qualquer movimento que o corpo executa em torno
de um ponto fixo, podendo ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não segue nenhum
padrão determinado. E é definida por três variáveis: frequência (Hz), aceleração máxima sofrida
pelo corpo (m/s²) e a direção do movimento.
A direção do movimento é de suma importância a ser analisada, porque o corpo humano reage
às vibrações de formas diferentes para cada eixo, sendo estes, longitudinal ao longo do eixo z,
referente a coluna vertebral e transversal, eixos x ou y, atuando em membros superiores ou através
do tórax (NIETIEDT et al., 2012).
Por isso, ao estudar a vibração em tratores agrícolas, contribui para o aperfeiçoamento de
projetos destes equipamentos, objetivando o conforto do operador no decorrer do trabalho (PINHO
et al., 2014)
Além da influência da vibração, os operadores de tratores também estão submetidos a limitações
e adversidades como: ruídos, poeiras, temperatura, umidade, iluminação entre outros, provenientes
do maquinário e do ambiente de trabalho (SCHLOSSER et al.,2002).
Sabido disto, este trabalho teve por finalidade analisar a vibração exposta pelo operador de um
trator agrícola, e o seu comportamento em relação a direção do movimento.
2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Este tópico faz primeiramente a relação dos equipamentos usados, e em seguida os menciona no
procedimento adotado para efetuar o experimento.
Equipamentos:
- 1 Trator agrícola monocilíndrico com 14,7 cv de potência, e motor a 2750 rpm;
- 1 sensor de assento com acelerômetro tri dimensional da marca Larson Davis, modelo Triaxial
ICP, série: SEN027;
- Módulo de aquisição de sinais Modelo LARSON DAVIS HVM100, modelo 1.33;
- Software Blaze para a leitura dos sinais.
Um operador qualificado na categoria com massa de 65 kg dirigiu o trator cujo assento, foi
acoplado ao sensor tri dimensional, o qual foi fixado conforme a norma NHO09-2013 (referência),
como poder ser visto na Figura 1.
(a) (b)
Figura 1 – (a) Trator agrícola monocilíndrico da marca Agrale 4100 (b) sensor de assento com
acelerômetro tri dimensional
Para cada condição, realizaram-se quatro repetições com duração de um minuto, totalizando em
16 ensaios, cujos dados obtidos no experimento, foram arquivados pelo módulo de aquisição de
sinais.
O trator deslocou-se nas condições M1 e M2, em uma pista não pavimentada com
aproximadamente 25 metros e cerca de 2 % de declividade. Enquanto, nas demais condições, o
trator permaneceu estático.
3. METODOLOGIA
(1)
Sendo: A(8) aceleração normalizada para uma jornada de trabalho de 8 horas; Aeq aceleração
equivalente; T o tempo aceitável de exposição; e T0 o tempo correspondente à duração de 8 horas
em segundos (s).
Por meio da NHO 09, pode-se obter o Aeq, o relacionando com o valor da dose de vibração
(VDV), fornecido pelo acelerômetro no momento da aquisição dos dados, conforme mostra a
Tabela 2.
Tabela 2 - Critério de julgamento e tomada de decisão.
Aeq (m/s2) VDV (m/s1,75) Consideração Técnica Atuação Recomendada
No mínimo manutenção da
0 a 0,5 0 a 9,1 Aceitável
condição existente.
No mínimo adoção de medidas
> 0,5 a < 0,9 > 9,1 a < 16,4 Acima do nível de ação
preventivas.
Adoção de medidas preventivas
0,9 a 1,1 16,4 a 21 Região de incerteza e corretivas visando à redução
da exposição diária.
Adoção imediata de medidas
Acima de 1,1 Acima de 21 Acima do limite de exposição
corretivas.
Fonte: NHO 09 (2013).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir da aquisição dos dados colhidos em campo, fez-se o gráfico das acelerações em relação
ao tempo, para cada condição experimental, conforme apresentado na Figura 2.
1,2
1
Aceleração ( m/s²)
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (s)
E1 E2 M1 M2
Os valores apresentados são referentes à média dos ensaios realizados para cada condição, e os
valores considerados na análise foram os dados da soma vetorial da aceleração dos três eixos (x, y,
z) para cada leitura.
Nota-se ao observar a Figura 3 que nas condições E1, M1 e M2, não houve grande dispersão
dos dados, além de os mesmos apresentarem-se dentro dos limites inferior e superior, mostrando-se
dados estatisticamente satisfatórios. Porém, a condição E2, apresentou um valor p-value > 0,05,
apresentando-se dados estatisticamente insignificantes. Esse resultado estatístico encontrado se deve
as interferências obtidas durante a aquisição dos dados.
A partir dos dados obtidos, obtiveram-se os respectivos valores da dose de vibração (VDV) das
condições ensaiadas, como mostrado na Tabela 4.
Tabela 4 - Valores VDV das condições ensaiadas.
TESTE E1 E2 M1 M2
VDV 2,29 1,41 1,37 2,26
Observa-se na Tabela 4 que o maior VDV foi o do E1, com valor de 2,29 m/s1,75. Porém, por
meio deste resultado, sabe-se que o operador não sofrerá riscos, em relação à saúde ocupacional
ocasionado pela variável vibração. Isto porque, tal valor está no padrão estabelecido na NHO 09 de
um VDV de até 9,1 m/s1,75.
Para encontrar o tempo máximo de exposição, utilizou-se a aceleração resultante para uma
jornada de trabalho de 8 horas (A(8)) sendo o valor de 0,5 m/s2, conforme recomenda a NHO 09. E
aplicando a Equação 1 obteve-se os limites de exposição para cada condição, apresentados na
Tabela 5.
Nota-se ao observar a Tabela 5 que a situação M2 é a de maior risco, onde o limite máximo de
exposição é de 15 horas. Porém, considerando que o operador cumpre uma carga horária de 8 horas
diária, o mesmo não sofrerá nenhum dano ao utilizar o trator em alta rotação. Mas, deve-se atentar à
carga horária, para que o mesmo não faça dois turnos, pois ao dobrar o turno, atinge o limite de
exposição, podendo trazer malefícios a sua saúde ocupacional.
5. CONCLUSÕES
Conclui-se que para a operação do trator analisado, nas variações ergonômicas (vibrações)
ensaiadas, o operador não terá malefícios à sua saúde ocupacional. Porém, deve-se atentar a carga
horária de trabalho, pois quando ultrapassada de 15 horas consecutivas, pode trazer problemas ao
operador. Sugere-se também, como solução preventiva, a utilização de assentos com maior nível de
absorção da vibração, para diminuir a sua transmissibilidade ao operador.
É importante também, a realização de novos testes considerando diferentes implementos
agrícolas acoplados ao trator, pois suas características (peso, função, estrutura, etc.) podem alterar
de maneira expressiva na análise da vibração transmitida ao corpo humano.
6. REFERÊNCIAS
AGRALE. Manual do Proprietário - Tratores 4100 e versões. Caxias do Sul. Disponível em:
http://docslide.com.br/documents/manual-trator-agrale-4100.html. Acesso em: 08/11/2016.
IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. Edgard Blücher Ltda. São Paulo, 1990.
IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. 2ed. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 2005.
NIETIEDT, G. H.; RIBAS, R. L.; SCHLOSSER, J. F.; et al. Distribuição dos comandos de
operação em tratores agrícolas nacionais com até 55 kW de potência. Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental. Campina Grande, v.16, n.6, mar.
ROSSI, M. A.; SANTOS, J. E. G.; SILVA, A. L.Conformidade ergonômica dos controles no posto
detrabalho do operador de trator: Estudo de Caso Nh7630. Projética Revista Científica de Design.
Londrina, v. 2, n.1, jun. 2011.
SANTOS FILHO, P. F. Avaliação dos níveis e vibração vertical no assento de um trator agrícola de
pneus utilizando um sistema de aquisição automática de dados. Viçosa: Universidade Federal de
Viçosa, 2002.
VILLIBOR, G. P.; SANTOS, F. L.; QUEIROZ, D. M.; et al. Vibration levels on rear and front
axles of a tractor in agricultural operations. Revista Acta Scientiarum. Maringá, v.36, n.1, jan - mar.