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TEORIA GERAL do crime

1º Cfo – 2.020

Professor Messias josé Lourenço


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Professor Messias José Lourenço


Procurador do Estado de São Paulo – Disciplinar - aposentado
Presidente da Primeira Unidade Processante da Procuradoria de Procedimentos Disciplinares – PGE/SP

Professor Universitário (1.992 a 2.005)

Professor da Academia de Polícia Militar do Barro Branco – desde 1.997

Mestre em Processo Penal – Faculdade de Direito do Largo São Francisco – 2006;

Especialista em Ciências Criminais – Faculdade Braz Cubas – 1.996

Graduação – Faculdades Metropolitanas Unidas – 1.986


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Bibliografia – Sugestões
1 –Manual de Direito Penal - César Dario Mariano, Editora Juruá – vol. 1;
2. Direito Penal – Cleber Masson , Editora Método - volume 1
3- Manual de Direito Penal – Julio Fabbrini Mirabete – vol. 1;
4 - Curso de Direito Penal – Luiz Flávio Gomes, Editora JusPodivm - Parte Geral;
5 - Direito Penal – Damásio Evangelista de Jesus – vol. 1;
6 - Código Penal Comentado – Celso Delmanto e outros.

Material obrigatório em sala de aula: Código Penal Brasileiro

Obra comentada: Dos Delitos e das Penas – Becaria – 1.764.


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METODOLOGIA DE ESTUDO
Após a aula, o aluno oficial deverá ler, na bibliografia indicada (próximo
slide), o respectivo assunto.
Deverá escrever (num caderno ou fichário), os principais pontos do
assunto (Pierluigi Piazzi)

Esse será um rico material para estudo E reflexão.


TODO ALUNO deverá ter uma obra doutrinária para complementar a
compreensão dos temas abordados em sala de aula.
TODA E QUALQUER DÚVIDA deverá ser reportada ao professor.
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COMPREENSÃO DO PRESENTE CONTEXTO HISTÓRICO, POLÍTICO E


SOCIAL

REFLEXÃO
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APM
BB
INTRODUÇÃO
Vida em sociedade – Homem ser sociável

Vida em sociedade depende da existência de Regras


costumes – common law
escritas – civil law

Descumprimento dessas regras: coercibilidade - Sanções


Atos Ilícitos – exemplos (Valoração)
•Civil
•Administrativo
•Penal – “ULTIMA RATIO”
Tema para Reflexão – VALORAÇÃO (fato – valor – norma):
Direito Penal Mínimo – somente para os casos mais graves
(ataques relevantes a bens jurídicos – princ. da
Fragmentariedade) – Francisco de Assis Toledo
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INFRAÇÃO PENAL (crime ou contravenção)

Civil

lícito Ilícito

Administrativo

FATO
Penal
Ultima
Ratio
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Fato – Valor – Norma – Teoria Tridimensional do Direito - Reale

Direito Penal – ciência de “ultima ratio”

O Direito Penal somente deve ser utilizado, quando todos os meios


que o Estado dispõe para inibir condutas ilícitas, se mostrarem
insuficientes ou ineficazes.

Conteúdo: Crime – Pena – Pessoa do Delinquente (bem pouco)

Obra sugerida: Princípios Básicos de Direito Penal – Francisco de Assis Toledo


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CÓDIGO PENAL BRASILEIRO - Apresentação

1ª. Parte: Parte Geral (Lei 7.209/1.984) – artigos 1º. a 120;


•Aplicação da Lei Penal – art. 1º. a 12;
•Teoria Geral do Crime – art. 13 a 31;
•Teoria Geral da Sanção penal – art. 32 a 120.
1.9
2ª. Parte: Parte Especial (Decreto-Lei 2.848/1.940) – artigos 121 a 361
Crimes em espécie – agrupados de acordo com o bem jurídico tutelado
Dica para a vida: identificação da Objetividade Jurídica. Primeiro passo para a compreensão e
interpretação de qualquer tipo penal (crime ou contravenção penal)
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CRIME

O crime é, antes de tudo, um fato, entendendo-se por tal não só a


expressão da vontade mediante ação (voluntário movimento corpóreo) ou
omissão (voluntária abstenção de movimento corpóreo), como também o
resultado (effectus sceleris), isto é, a consequente lesão ou periclitação de
um bem ou interesse jurídico penalmente tutelado.

Nelson Hungria – década de 1.950

FATO
(Conduta
Humana)
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CONCEITO DE CRIME - Notas Introdutórias – Teoria Geral do Crime

“Parte da dogmática Jurídico-Penal que estuda o crime como fato punível, do


ponto de vista jurídico, para estabelecer e analisar suas características gerais, bem
como suas formas especiais de aparecimento.”

Estudo do Crime: a. características gerais – ligadas ao conceito material


b. formas especiais – ligadas ao conceito formal

Características Gerais –
Conceito Material
Estudo do Crime

Formas Especiais -
Conceito Formal
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CONCEITO DE CRIME

Explicação Preliminar relevante

Conceito de Crime: sua conceituação VARIA conforme o ângulo por que


é visto, o que depende da compreensão e extensão que se der ao Direito
Penal. *

* Edgard Magalhães Noronha – Obra Direito Penal – Introdução Parte Geral, Editora Saraiva,
p. 104, 1.982.
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CONCEITO DE CRIME

É possível identificar na doutrina vários conceitos que, em muitos casos, se


mostram antagônicos.

Vamos a alguns exemplos :


1. Damásio Evangelista de Jesus;
2. Luiz Flávio Gomes;
3. César Dário Mariano;
4. E. Magalhães Noronha;
5. Cleber Masson.
APM
CONCEITOS BB
Damásio Evangelista de Jesus

•Conceito Formal: fato típico e antijurídico;

•Conceito Material: violação de um bem penalmente protegido.


APM
CONCEITOS BB

Luiz Flávio Gomes

•Conceito Formal: é o que o Estado descreve literalmente na lei como tal;

•Conceito Material: fato ofensivo desvalioso a bens jurídicos relevantes;

•Conceito Analítico: fato formal e materialmente típico + antijurídico (não se confunde com o
conceito formal).
APM
CONCEITOS BB
César Dario Mariano da Silva

•Conceito Formal: fato típico e antijurídico;

•Conceito Material: é o que, aos olhos da sociedade, deve merecer uma sanção penal;

•Conceito Analítico: se confunde com o conceito formal.


APM
CONCEITOS BB
Magalhães Noronha *

•Aspecto Formal: é a conduta humana que infringe a lei penal;

•Aspecto Substancial: é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico protegido pela
lei penal;

•Conceito Dogmático: ação típica, antijurídica e culpável.

* Direito Penal, Introdução Parte Geral 1, Saraiva, 1.982.


APM
CONCEITOS BB

Cleber Masson

Conceito Material: toda conduta humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos
penalmente tutelados.

Legal: é aquele fornecido pelo próprio legislador – art. 1º. Da Lei de Introdução ao Código Penal.
(vide art. 28 da lei 11.343/06.

Formal ou Analítico: fato típico e ilícito (o autor expõe as várias interpretações)


APM
BB
CONCEITO MATERIAL DE CRIME- Notas Introdutórias

CONCEITO MATERIAL – como o próprio nome revela, sob o prisma material ( matéria –
algo que se pode ver, pegar, sentir, cheirar), a conceituação busca fixar a ESSÊNCIA do crime.*

* Basileu Garcia
APM
BB
CONCEITO MATERIAL DE CRIME - Notas Introdutórias

Introdução/Reflexão: primeiro passo: identificação da principal finalidade do


Direito Penal

Principal Finalidade do Direito Penal: Proteção de Bens


Jurídicos

* Bibliografia: Francisco de Assis Toledo – Princípios Básicos do Direito Penal


APM
BB
Conceito Material

*antítese da finalidade do Direito Penal

Conceito Material: Violação a um bem juridicamente tutelado


(protegido).

- crime é um fato humano que lesa ou expõe a perigo bens jurídicos


(jurídico-penal) protegidos. Francisco de Assis Toledo;

-Il reato importa, quindi, sempre la lesione di um bene giuridico.


Bettiol;
APM
BB
CONCEITO FORMAL DE CRIME

A análise do crime, sob o aspecto formal busca


explicá-lo sob o ângulo da técnica jurídica (Basileu
Garcia)

Várias conceituações podem ser vistas na


doutrina especializada.
APM
BB
CRIME CONCEITO FORMAL/ANALÍTICO*
• Basileu Garcia
Ação humana, antijurídica, típica, culpável e punível (Crime teria quatro
requisitos/elementos – teoria quadripartida). *

• Magalhães Noronha
fato típico, antijurídico e culpável (teoria tripartida) – majoritária (?

• Damásio Evangelista de Jesus, Julio Fabrini Mirabete, César Dario Mariano


e Cleber Masson
fato típico e antijurídico/ilícito (TEORIA BIPARTIDA).
BIPARTIDA

•* a primeira seria: ação humana típica


APM
BB
CRIME CONCEITO FORMAL

Teoria Adotada

BIPARTIDA

Fato Típico + Antijurídico ou Ilícito


CONDUTA
APM
BB
APM
BB
Sujeitos do Crime

Sujeito Ativo

Sempre o Ser Humano – aquele que comete o crime (crimes


Comuns e crimes Próprios).
APM
BB
Sujeitos do Crime

Sujeito Passivo *

Titular do objeto jurídico atingido.


Exemplos:
Homicídio: homem vivo
Furto: titular da posse ou propriedade da coisa subtraída

Crimes Vagos: sujeito passivo indeterminado


Exemplo: Porte ilegal de arma.

* Vítima ou Ofendido
APM
BB
OBJETO DO CRIME

• Objetividade Jurídica: bem jurídico protegido pela norma.


Exemplo: vida, honra, patrimônio, etc.

• Objeto Material: pessoa ou coisa atingida pela conduta lesiva


Exemplos: homem vivo, no homicídio;
coisa subtraída, no furto.
APM
BB
CONCEITO FORMAL Lei Penal x Norma
-
Penal*
**** Cuidado: Expressões comumente utilizadas como sinônimas.

Binding* – se nos fixarmos na redação dos preceitos fixados na lei


penal, veremos que a proibição está implícita, pois a forma de
expressar os fatos hipotéticos é meramente descritiva. Portanto, o
delinquente não viola a lei, mas sim algo que está por cima da
regra escrita.
Para fins de Conceituação FORMAL de Crime:
Lei Penal – aquilo que está escrito;
Norma Penal – mandamento que deriva
da lei.
APM
BB
Lei Penal x Norma Penal
Como sobrepuja as demais normas jurídicas, devido ao valor dos
bens que tutela, e ainda pela severidade das sanções que impõe,
a lei penal deve ser precisa e clara. Compõe-se de duas partes:
comando principal (preceito primário) e a sanção (preceito
secundário). Tomando-se o art. 121, `caput`, por exemplo,
temos: `Matar alguém` (preceito primário)) – ‘pena, reclusão de
seis a vinte anos` (preceito secundário). Da conjugação dessas
duas partes surge a proibição (norma penal): `é proibido matar.’
Julio Fabbrini Mirabete *

* Obra sugerida, p. 32.

`
APM
BB
GRÁFICO GERAL

4 estações de trem ou andares de um


prédio

Teoria Bipartida = crime compreende


as duas primeiras (Teoria Adotada) -
Conduta
APM
BB
FATO TÍPICO
LEI
Associação
APM
BB
FATO TÍPICO

Conduta Humana que se encaixa/adequa/subsume à lei penal.

4 Elementos
Conduta
Resultado
Nexo de Causalidade
Tipicidade
FATO TÍPICO – 1º elemento – Correspondência com os institutos

• Conduta
» Dolosa (direto ou indireto)
» Culposa (consciente e inconsciente)
» Preterdolosa (art. 19)

• Conduta
» Comissiva (ação)
» Omissiva (próprio e impróprio)
FATO TÍPICO – 2º. Elemento – temas abordados

• Resultado
– Teoria Naturalística
– Teoria Jurídico-normativa
FATO TÍPICO – 2º. Elemento – temas abordados

Resultado

• A princípio, o resultado nada mais é do que a


modificação do mundo exterior provocada pelo
comportamento humano voluntário. (Damásio)
FATO TÍPICO – 2º. Elemento – temas abordados

Resultado
• Há duas teorias:
• Teoria Naturalística: resultado é a modificação
do mundo exterior, em razão da conduta praticada
por um ser humano;
• Teoria Jurídica/Normativa: o resultado é a
lesão ou perigo de lesão a um bem penalmente
protegido.
• Ex: Crimes que não possuem um resultado
naturalístico: injúria, ameaça, calúnia, violação de
domicílio – Porém, possuem resultado
jurídico/normativo.
Fato Típico – 3º elemento – temas abordados

• Nexo de Causalidade
• Concausas – Absolutamente e Relativamente independentes
» Preexistentes
» Concomitantes
» Supervenientes
Fato Típico – 4º elemento

• Tipicidade
» Insignificância ou bagatela
» Adequação Social
» Tipicidade conglobante

» * Mayer – tipicidade presume* a


antijuridicidade

* Presunção juris tantum – admite prova em contrário


APM
BB
ILÍCITUDE ou ANTIJURIDICIDADE
NORMA

Conduta CHOQUE Norma


APM
BB
NEXO DE CAUSALIDADE –
Relação: CONDUTA X RESULTADO
Notas introdutórias

• Relação de CAUSA X EFEITO.


•Como a relação de causa e efeito é um fenômeno da natureza e há sérias
divergências na doutrina a respeito do conceito jurídico que deve ser dado ao nexo
causal, chegou-se a propor a eliminação do conceito legal de causa. (Mirabete)

• Problema: Concausa: uma outra causa que, ligada à primeira, concorre para o
resultado. ELO

Conduta Resultado
APM
BB
Nexo de Causalidade – Conduta X Resultado

Art. 13 do Código Penal – Teoria da equivalência dos


antecedentes ou conditio sine qua non: considera-se
causa todo ato que concorra para produzir o resultado –
todo fato sem o qual o resultado não se teria produzido.
Aplicável aos casos de crimes de resultado
naturalístico.
Crítica. Necessidade de apuração de culpa -, pois caso
contrário chegar-se-ia até o regressus ad infinitum.
Relação Causal : problema de alto interesse no Direito
Penal (máxime nos casos de homicídio), mas também
de grande dificuldade na prática.
APM
BB
NEXO DE CAUSALIDADE – REGRA

Concausas Relativamente independente –


agente responde pelo resultado *
Concausas Absolutamente independente –
agente responde apenas pelos atos praticados.
Preexistentes
Concomitantes
Supervenientes
APM
BB
Absolutamente Independentes

Qualquer que seja a concausa – preexistente,


concomitante ou superveniente – poderá produzir o resultado de
forma absolutamente independente do comportamento do agente.

Nessas hipóteses, a causalidade da conduta é excluída


pela própria disposição do art. 13, “caput”, do Código Penal (Cezar
Roberto Bitencourt), respondendo o agente apenas pelos atos que
praticou.
APM
BB
Absolutamente Independentes – Exemplos
Preexistente: Antonio, com a intenção de matar, desfere um tiro em Paulo, que
morre ao dar entrada no Hospital, em razão de ter sido envenenado, momentos
antes, o por João;

Concomitante: no mesmo instante em que Paulo está sendo agredido por


Antonio, chega um terceiro (Pedro) e desfere uma paulada da vítima. Paulo
morre em razão de traumatismo craniano, decorrente da paulada;

Superveniente: Antonio, após ingerir uma bebida envenenada ( ministrada por


Pedro), sai cambaleante e recebe três tiros do desafedo João (vindo a morrer em
razão dos tiros).
APM
BB
RELATIVAMENTE INDEPENDENTES – EXEMPLOS

PREEXISTENTES: Antonio desfere uma facada em João, que é conduzido para o Hospital, onde
vem a falecer, uma vez que era hemofílico e não foi possível conter o sangramento
Antonio responderá por homicídio consumado..

CONCOMITANTES: Antonio, com a intenção de matar, dispara contra Pedro que, em razão do
susto, vem a falecer no mesmo instante por conta de uma parada cardíaca.
Antonio responderá por homicídio consumado.

SUPERVENIENTES:* Antonio dispara contra Pedro e foge do local. A vítima é socorrida e colocada
no interior da viatura do SAMU que, no trajeto envolve-se num acidente. Pedro morre em razão de
traumatismo craniano (decorrente do acidente) – art. 13, § 1º., CP.
Neste caso, por força da disposição legal, Antonio responderá apenas por
tentativa de homicídio.
* Exceção
APM
BB
“ITER CRIMINIS”
APM
BB
“ITER CRIMINIS”

- Cogitação – jamais é alcançada pelo Direito Penal;

- Preparação – em regra, não são puníveis. Há exceções: associação criminosa e petrechos


para fabricação de moeda falsa.

- Execução – inicia-se a incidência do Direito Penal;

- Consumação -
APM
BB

CONSUMAÇÃO e TENTATIVA

Art. 14, do Código Penal - Leitura


APM
BB
CONSUMAÇÃO Art. 14, inciso I, do Código Penal
Ocorrerá a consumação quando o fato praticado pelo agente se adequar perfeitamente a uma
norma penal incriminadora (César Dario)

• Momento Consumativo
• Crimes Materiais – com a produção do resultado;
• Crimes Formais – no momento anterior à produção do resultado;
• Crimes Omissivos próprios – no momento da omissão;
• Crimes Omissivos impróprios – com a produção do resultado;
• Crimes Permanentes – enquanto houve a violação do bem jurídico protegido;
• Crimes Culposos - com a produção do resultado.
APM
BB
TENTATIVA – “CONATUS” – ART. 14, INCISO II – CP

Elementos de composição:
- início dos atos executórios;
- não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Punição: em regra, a tentativa é punida com a pena do crime consumado, diminuída de um a


dois terços (chamada Teoria Objetiva)

Critério: quanto mais próximo da consumação, menor será a percentagem de diminuição.


APM
BB
TENTATIVA – “CONATUS”

• Tentativa Perfeita ou Crime Falho – agente esgota todos os meios executórios e mesmo assim, por
circunstâncias alheias à sua vontade, não consegue consumar o delito.
•Exemplo: o agente descarrega a arma contra a vítima, que não morre por circunstâncias alheias à
sua vontade.

• Tentativa Imperfeita – o agente não consegue esgotar todos os meios que estavam ao seu alcance.
•Exemplo: agente, com a arma devidamente municiada, somente efetua dois disparos contra a
vítima.

•P.s.: em ambos os casos, o agente se encontrava munido de animus necandi


Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz

• Art. 15, do Código Penal


– Tentativa Perfeita – arrependimento eficaz
– Tentativa Imperfeita – desistência voluntária
Crime Impossível – art. 17 do CP

• Chamado de “quase crime”


• Requisitos:
» Ineficácia absoluta do meio;
» Impropriedade absoluta do objeto.

» * Teoria Objetiva Temperada.


APM
CONCEITOS BB
Damásio Evangelista de Jesus

•Conceito Formal: fato típico e antijurídico;

•Conceito Material: violação de um bem penalmente protegido.


APM
CONCEITOS BB
Luiz Flávio Gomes

•Conceito Formal: é o que o Estado descreve literalmente na lei como tal;

•Conceito Material: fato ofensivo desvalioso a bens jurídicos relevantes;

•Conceito Analítico: fato formal e materialmente típico + antijurídico (não se confunde com o conceito formal).
APM
CONCEITOS BB
César Dario Mariano da Silva

•Conceito Formal: fato típico e antijurídico;

•Conceito Material: é o que, aos olhos da sociedade, deve merecer uma sanção penal;

•Conceito Analítico: se confunde com o conceito formal.


APM
CONCEITOS BB
Magalhães Noronha *

•Aspecto Formal: é a conduta humana que infringe a lei penal;

•Aspecto Substancial: é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico protegido pela lei penal;

•Conceito Dogmático: ação típica, antijurídica e culpável.

* Direito Penal, Introdução Parte Geral 1, Saraiva, 1.982.


APM
CONCEITOS BB

Cleber Masson

Conceito Material: toda conduta humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados.

Legal: é aquele fornecido pelo próprio legislador – art. 1º. Da Lei de Introdução ao Código Penal. (vide art. 28 da lei 11.343/06.

Formal ou Analítico: fato típico e ilícito (o autor expõe as várias interpretações)


APM
BB
CONCEITO MATERIAL DE CRIME- Notas Introdutórias

CONCEITO MATERIAL – como o próprio nome revela, sob o prisma material ( matéria –
algo que se pode ver, pegar, cheirar), a conceituação busca fixar a ESSÊNCIA do crime.*

* Basileu Garcia.
APM
BB
CONCEITO MATERIAL DE CRIME - Notas Introdutórias

Introdução/Reflexão: primeiro passo: identificação da principal finalidade do


Direito Penal

Principal Finalidade do Direito Penal: Proteção de Bens


Jurídicos

* Bibliografia: Francisco de Assis Toledo – Princípios Básicos do Direito Penal


APM
BB
Conceito Material

*antítese da finalidade do Direito Penal

Conceito Material: Violação a um bem juridicamente tutelado (protegido).

- crime é um fato humano que lesa ou expõe a perigo bens jurídicos (jurídico-penal)
protegidos. Francisco de Assis Toledo;

-Il reato importa, quindi, sempre la lesione di um bene giuridico. Bettiol;


APM
BB
CONCEITO FORMAL DE CRIME

A análise do crime, sob o aspecto formal busca explicá-lo sob


o ângulo da técnica jurídica (Basileu Garcia)

Várias conceituações podem ser vistas na doutrina


especializada.
APM
BB
CRIME CONCEITO FORMAL/ANALÍTICO*
• Basileu Garcia
Ação humana, antijurídica, típica, culpável e punível (Crime teria quatro
requisitos/elementos – teoria quadripartida). *

• Magalhães Noronha
fato típico, antijurídico e culpável (teoria tripartida).

• Damásio Evangelista de Jesus, Julio Fabrini Mirabete, César Dario Mariano


e Cleber Masson
fato típico e antijurídico/ilícito (TEORIA BIPARTIDA).

•* a primeira seria: ação humana típica


APM
BB
CRIME CONCEITO FORMAL

Teoria Adotada

BIPARTIDA

Fato Típico + Antijurídico ou Ilícito


CONDUTA
APM
BB
Sujeitos do Crime

Sujeito Ativo

Sempre o Ser Humano – aquele que comete o crime (crimes


Comuns e crimes Próprios).
APM
BB
Sujeitos do Crime

Sujeito Passivo *

Titular do objeto jurídico atingido.


Exemplos:
Homicídio: homem vivo
Furto: titular da posse ou propriedade da coisa subtraída

Crimes Vagos: sujeito passivo indeterminado


Exemplo: Porte ilegal de arma.

* Vítima ou Ofendido
APM
BB
OBJETO DO CRIME

• Objetividade Jurídica: bem jurídico protegido pela norma.


Exemplo: vida, honra, patrimônio, etc.

• Objeto Material: pessoa ou coisa atingida pela conduta lesiva


Exemplos: homem vivo, no homicídio;
coisa subtraída, no furto.
APM
BB
Lei Penal x Norma Penal
**** Cuidado: Expressões comumente utilizadas como sinônimas.

Binding* – se nos fixarmos na redação dos preceitos fixados na lei penal,


veremos que a proibição está implícita, pois a forma de expressar os
fatos hipotéticos é meramente descritiva. Portanto, o delinquente não
viola a lei, mas sim algo que está por cima da regra escrita.
Para fins de Conceituação FORMAL de Crime:
Lei Penal – aquilo que está escrito;
Norma Penal – mandamento que deriva
da lei.

*apud Damásio E. de Jesus, Direito Penal, 2.011, p. 58.


APM
BB
Lei Penal x Norma Penal
Como sobrepuja as demais normas jurídicas, devido ao valor dos bens
que tutela, e ainda pela severidade das sanções que impõe, a lei penal
deve ser precisa e clara. Compõe-se de duas partes: comando principal
(preceito primário) e a sanção (preceito secundário). Tomando-se o art.
121, `caput`, por exemplo, temos: `Matar alguém` (preceito primário)) –
‘pena, reclusão de seis a vinte anos` (preceito secundário). Da
conjugação dessas duas partes surge a proibição (norma): `é proibido
matar.’ Julio Fabbrini Mirabete *

* Obra sugerida, p. 32.

`
APM
BB
GRÁFICO GERAL

4 estações de trem ou andares de um


prédio

Teoria Bipartida = crime compreende


as duas primeiras (Teoria Adotada) -
Conduta
APM
BB
FATO TÍPICO
LEI
Associação
APM
BB
FATO TÍPICO

Conduta Humana que se encaixa/adequa/subsume à lei penal.

Elementos
Conduta
Resultado
Nexo de Causalidade
Tipicidade
FATO TÍPICO – 1º elemento – Correspondência com os institutos

• Conduta
» Dolosa (direto ou indireto)
» Culposa (consciente e inconsciente)
» Preterdolosa (art. 19)

• Conduta
» Comissiva (acao)
» Omissiva (próprio e impróprio)
FATO TÍPICO – 2º. Elemento – temas abordados

• Resultado
– Teoria Naturalística
– Teoria Jurídico-normativa
Fato Típico – 3º elemento – temas abordados

• Nexo de Causalidade
• Concausas – Absolutamente e Relativamente independentes
» Preexistentes
» Concomitantes
» Supervenientes
Fato Típico – 4º elemento

• Tipicidade
» Insignificância ou bagatela
» Adequação Social
» Tipicidade conglobante

» * Mayer – tipicidade presume* a


antijuridicidade

* Presunção juris tantum – admite prova em contrário


APM
BB
ILÍCITUDE ou ANTIJURIDICIDADE
NORMA
APM
BB
RESULTADO DO CRIME

A princípio, o resultado nada mais é do que a modificação do mundo


exterior provocada pelo comportamento humano voluntário. (Damásio)

Há duas teorias:
Teoria Naturalística: resultado é a
modificação do mundo exterior, em razão da
conduta praticada por um ser humano;
Teoria Jurídica/Normativa: o resultado é
a lesão ou perigo de lesão a um bem
penalmente protegido.
Ex: Crimes que não possuem um resultado
naturalístico: injúria, violação de domicílio –
NEXO DE CAUSALIDADE – APM
BB
Relação: CONDUTA X RESULTADO
Notas introdutórias

• Relação de CAUSA X EFEITO.


•Como a relação de causa e efeito é um fenômeno da natureza e há sérias
divergências na doutrina a respeito do conceito jurídico que deve ser dado ao nexo
causal, chegou-se a propor a eliminação do conceito legal de causa. (Mirabete)

• Concausa: uma outra causa que, ligada à primeira, concorre para o resultado.

Conduta Resultado
APM
BB
Nexo de Causalidade – Conduta X Resultado

Art. 13 do Código Penal – Teoria da equivalência dos


antecedentes ou conditio sine qua non: considera-se
causa todo ato que concorra para produzir o resultado –
todo fato sem o qual o resultado não se teria produzido.
Aplicável aos casos de crimes de resultado
naturalístico.
Crítica. Necessidade de apuração de culpa -, pois caso
contrário chegar-se-ia até o regressus ad infinitum.

Relação Causal : problema de alto interesse no Direito


Penal (máxime nos casos de homicídio), mas também
de grande dificuldade na prática
APM
BB
NEXO DE CAUSALIDADE – REGRA

Concausas Relativamente independente –


agente responde pelo resultado *
Concausas Absolutamente independente –
agente responde apenas pelos atos praticados.

Preexistentes
Concomitantes
Supervenientes
APM
BB
Absolutamente Independentes

Qualquer que seja a concausa – preexistente,


concomitante ou superveniente – poderá produzir o resultado de
forma absolutamente independente do comportamento do agente.

Nessas hipóteses, a causalidade da conduta é excluída


pela própria disposição do art. 13, “caput”, do Código Penal (Cezar
Roberto Bitencourt), respondendo o agente apenas pelos atos que
praticou.
APM
BB
Absolutamente Independentes – Exemplos
Preexistente: Antonio, com a intenção de matar, desfere um tiro em Paulo, que
morre ao dar entrada no Hospital, em razão de ter sido envenenado, momentos
antes, o por João;

Concomitante: no mesmo instante em que Paulo está sendo agredido por


Antonio, chega um terceiro (Pedro) e desfere uma paulada da vítima. Paulo
morre em razão de traumatismo craniano, decorrente da paulada;

Superveniente: Antonio, após ingerir uma bebida envenenada ( ministrada por


Pedro), sai cambaleante e recebe três tiros do desafedo João (vindo a morrer em
razão dos tiros).
APM
BB
RELATIVAMENTE INDEPENDENTES – EXEMPLOS

PREEXISTENTES: Antonio desfere uma facada em João, que é conduzido para o Hospital, onde
vem a falecer, uma vez que era hemofílico e não foi possível conter o sangramento
Antonio responderá por homicídio consumado..

CONCOMITANTES: Antonio, com a intenção de matar, dispara contra Pedro que, em razão do
susto, vem a falecer no mesmo instante por conta de uma parada cardíaca.
Antonio responderá por homicídio consumado.

SUPERVENIENTES:* Antonio dispara contra Pedro e foge do local. A vítima é socorrida e colocada
no interior da viatura do SAMU que, no trajeto envolve-se num acidente. Pedro morre em razão de
traumatismo craniano (decorrente do acidente) – art. 13, § 1º., CP.
Neste caso, por força da disposição legal, Antonio responderá apenas por
tentativa de homicídio.
* Exceção
APM
BB
“ITER CRIMINIS”
APM
BB
“ITER CRIMINIS”

- Cogitação – jamais é alcançada pelo Direito Penal;

- Preparação – em regra, não são puníveis. Há exceções: associação criminosa e petrechos


para fabricação de moeda falsa.

- Execução – inicia-se a incidência do Direito Penal;

- Consumação -
APM
BB

CONSUMAÇÃO e TENTATIVA

Art. 14, do Código Penal - Leitura


APM
BB
CONSUMAÇÃO Art. 14, inciso I, do Código Penal
Ocorrerá a consumação quando o fato praticado pelo agente se adequar perfeitamente a uma
norma penal incriminadora (César Dario)

• Momento Consumativo
• Crimes Materiais – com a produção do resultado;
• Crimes Formais – no momento anterior à produção do resultado;
• Crimes Omissivos próprios – no momento da omissão;
• Crimes Omissivos impróprios – com a produção do resultado;
• Crimes Permanentes – enquanto houve a violação do bem jurídico protegido;
• Crimes Culposos - com a produção do resultado.
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BB
TENTATIVA – “CONATUS” – ART. 14, INCISO II – CP

Elementos de composição:
- início dos atos executórios;
- não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Punição: em regra, a tentativa é punida com a pena do crime consumado, diminuída de um a


dois terços (chamada Teoria Objetiva)

Critério: quanto mais próximo da consumação, menor será a percentagem de diminuição.


APM
BB
TENTATIVA – “CONATUS”

• Tentativa Perfeita ou Crime Falho – agente esgota todos os meios executórios e mesmo assim, por
circunstâncias alheias à sua vontade, não consegue consumar o delito.
•Exemplo: o agente descarrega a arma contra a vítima, que não morre por circunstâncias alheias à
sua vontade.

• Tentativa Imperfeita – o agente não consegue esgotar todos os meios que estavam ao seu alcance.
•Exemplo: agente, com a arma devidamente municiada, somente efetua dois disparos contra a
vítima.

•P.s.: em ambos os casos, o agente se encontrava munido de animus necandi


Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz

• Art. 15, do Código Penal


– Tentativa Perfeita – arrependimento eficaz
– Tentativa Imperfeita – desistência voluntária
Crime Impossível – art. 17 do CP

• Chamado de “quase crime”


• Requisitos:
» Ineficácia absoluta do meio;
» Impropriedade absoluta do objeto.

» * Teoria Objetiva Temperada.

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