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O Conto do Rato Johnny Town

Por Beatrix Potter


Author of "The Tale of Peter Rabbit," &c.

Frederick Warne & Co., Inc.


New York
1918

To Aesop In The Shadows

1
O Rato Johnny Town nasceu em um
armário. Já o rato Timmy Willie nasceu em
uma horta. Timmy Willie era um pequeno
rato do campo que foi para a cidade por
engano em um cesto de vime. O horteleiro
enviava os vegetais para a cidade uma vez
por semana através do transportador; ele os
empacotava num grande cesto.

O horteleiro deixou o cesto no portão do


horta, para que o transportador pudesse
pegá-lo quando passasse. Timmy Willie
entrou furtivamente por um buraco no
cesto de vime e, depois de comer algumas
ervilhas, Timmy Willie adormeceu
rapidamente.

2
Ele acordou assustado, enquanto o cesto
estava sendo levantado na carroça do
transportador. Depois houve um solavanco
e um ruído de pés de cavalo; outros pacotes
foram jogados dentro do cesto; por milhas e
milhas – Choc! Choc! Choc! E Timmy
Willie tremia entre os vegetais
desarrumados.

Por fim, a carroça parou em uma casa, onde o


cesto foi retirado, e levado para a cozinha. A
cozinheira deu ao transportador seis centavos; a
porta dos fundos bateu e a carroça se afastou.
Mas não havia silêncio; parecia haver centenas
de carros passando. Cães latiam; meninos
assobiavam na rua; a cozinheira ria, a
empregada subia e descia as escadas; e um
canário cantava como um motor a vapor.

3
Timmy Willie, que viveu toda a sua vida
em uma horta, estava quase morrendo de
tanto medo. Finalmente, a cozinheira abriu
o cesto e começou a desembalar os
legumes. Então pulou fora o aterrorizado
Timmy Willie.

A cozinheira deu um pulo em uma cadeira,


exclamando:

– Um rato! Um rato! Chamem o gato! Me traga


a vassoura, Sarah!

Timmy Willie não esperou Sarah com a


vassoura; ele correu ao longo do rodapé até
chegar a um pequeno buraco e entrou.

Ele desceu meio metro e caiu no meio de


um jantar de rato, quebrando três copos.

– Quem no mundo é esse? Perguntou


Johnny Town.

Mas, após a primeira exclamação de


surpresa, ele recuperou instantaneamente
suas maneiras.

4
Com a máxima polidez, ele apresentou Timmy
Willie a outros nove ratos, todos com caudas
longas e gravatas brancas. O rabo de Timmy
Willie era insignificante. O rato Johnny Town e
seus amigos notaram; mas eles eram educados
demais para fazer comentários pessoais; apenas
um deles perguntou a Timmy Willie se ele já
esteve em uma armadilha?

O jantar tinha oito tipos de comida; não era


muita comida, mas era verdadeiramente um
jantar elegante. Timmy Willie nunca havia
visto nenhuma daquelas comidas, e ele
tinha um pouco de medo de prová-las. Só
ele estava com muita fome e muito
preocupado em se comportar de acordo com
os costumes do lugar. O barulho contínuo
no andar de cima deixou Timmy tão
nervoso que ele deixou cair um prato.

– Não importa, esses pratos não nos


pertencem, disse Johnny Town.

– Por que esses jovens ratos não voltam com a


sobremesa?
Devo explicar que os dois jovens ratinhos, que
todos esperavam, haviam subido as escadas
correndo entre os corredores na direção da
cozinha. Várias vezes eles entraram, chiando e
rindo. Timmy Willie percebeu com horror que
eles estavam sendo perseguidos pelo gato. Seu
apetite acabou, e ele se sentiu fraco.
– Experimente geleia? Disse O rato Johnny
Town.

5
– Não gosta de geleia? Você prefere ir para a
cama? Vou mostrar-lhe o travesseiro do sofá mais
confortável.

O travesseiro do sofá tinha um buraco. O rato


Johnny Town recomendou-o honestamente como
a melhor cama, mantida exclusivamente para
visitantes. Mas o sofá cheirava a gato. Timmy
Willie preferia passar uma noite miserável em
cima do parapeito da janela.

Assim que amanheceu no dia seguinte, um


excelente café da manhã foi servido – para
ratos acostumados a comer bacon; mas
Timmy Willie foi criado com raízes e salada.
O rato Johnny Town e seus amigos corriam
debaixo do chão e saíam à noite
ousadamente por toda a casa. Houve um
estrondo particularmente alto quando Sarah
caiu no andar de baixo com a bandeja de
chá; havia migalhas, açúcar e manchas de
geleia, apesar do gato estar por perto.

6
Timmy Willie desejava estar em casa em seu
ninho tranquilo em uma ribanceira
ensolarada. A comida não lhe fez bem; o
barulho o impediu de dormir. Em poucos
dias, ele ficou tão magro que Johnny Town
percebeu e o questionou.

Ele ouviu a história de Timmy Willie e


perguntou sobre a horta.

– Parece um lugar chato? O que você faz


quando chove?

– Quando chove, sento-me na minha


pequena toca de areia, descasco milho e
sementes da minha reserva de outono. Espio
os pássaros no gramado, e meu amigo Galo
Robin. E quando o sol volta a sair, você
precisa ver o minha horta e as flores – rosas,
cravos e amores-perfeitos – Não há barulho,
exceto os pássaros e as abelhas e os
cordeiros nos pastos.

7
– Lá vem aquele gato de novo! Exclamou o rato
Johnny Town. Quando se refugiaram no porão de
carvão, ele retomou a conversa;

– Confesso que estou um pouco decepcionado; nós


no esforçamos muito tentando entretê-lo, Timothy
William.

– Ah, sim, sim, você foi muito gentil; mas eu me


sinto muito mal, disse Timmy Willie.

– Pode ser que seus dentes e seu estômago


não estejam acostumados com a comida;
talvez seja mais sensato você voltar ao cesto.

– Oh! Oh! Timmy Willie chorou.

– Por que é claro que poderíamos ter


mandado você de volta na semana passada,
disse Johnny, meio irritado.

– Você não sabia que o cesto volta vazio aos


sábados?

8
Então Timmy Willie se despediu de seus
novos amigos e se escondeu no cesto com
uma migalha de bolo e uma folha de couve
murcha; e depois de muito solavanco, ele foi
colocado em segurança em sua própria horta.

Às vezes, aos sábados, ele olhava para o


cesto ao lado do portão, mas sabia que não
devia entrar lá de novo. E ninguém saía do
cesto, apesar de Johnny Town praticamente
ter prometido uma visita.

O inverno passou; o sol voltou a aparecer;


Timmy Willie estava sentado ao lado de sua
toca aquecendo seu pequeno casaco de pele e
aproveitando o cheiro de violetas e grama da
primavera. Ele quase esquecera sua visita à
cidade. Quando a poeira levantou no
caminho arenoso, todo errepiado com uma
bolsa de couro marrom veio o rato Johnny
Town!

9
Timmy Willie o recebeu de braços abertos.
– Você chegou no melhor momento de todo
o ano, vamos comer pudim de ervas e nos
sentar ao sol.

– Umm! Umm! Está um pouco frio, disse o


rato Johnny Town, que carregava o rabo
debaixo do braço, para livrar da lama.

– Que barulho assustador é esse? Ele falou


subitamente.

– O que? Timmy Willie disse: – Isso é


apenas uma vaca; peça um pouco de leite,
elas são bastante inofensivas, a menos que
caiam em cima de você. – Como estão todos
os nossos amigos?

A explicação de Johnny era bastante


razoável. Ele explicou por que estava
fazendo sua visita logo no início da estação;
a família tinha ido passar a Páscoa na praia à
beira-mar; a cozinheira havia sido bem paga
para fazer a limpeza geral, com instruções
específicas para eliminar os ratos. Havia
quatro gatinhos, e o gato havia matado o
canário.

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– Eles dizem que nós o matamos; mas eu sei que
foi o gato, disse o rato Johnny Town. – O que é
essa raquete assustadora?

– Isso é apenas o cortador de grama; vou buscar


algumas das aparas de grama para arrumar sua
cama. Tenho certeza de que é melhor você se
instalar no campo, Johnny.

– Humm Humm... Vamos ver na terça-


feira; o cesto ficará parado enquanto
eles estão à beira-mar.

– Tenho certeza que você nunca mais


vai querer morar na cidade, disse
Timmy Willie.

11
Mas ele foi embora. Ele voltou no cesto de
legumes na primeira viagem da carroça para
a cidade. Ele disse que estava muito
entediado!

Um lugar combina com uma pessoa, outro


lugar combina com outra pessoa. Da
minha parte, prefiro morar no campo,
como Timmy Willie.

FIM

12

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