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E GESTÃO
CARGA HORÁRIA:
90 HORAS | 12 SEMANAS
Autoras:
Magda de Souza Chagas
Alzira de Oliveira Jorge
Ana Lúcia Abrahão
Reitor
Roberto de Souza Salles
Vice-reitor
Sidney Luiz de Matos Mello
Pró-Reitoria de Graduação - Prograd
Pró-reitor: Renato Crespo Pereira
Coordenação de Educação a Distância - CEAD | UFF
Regina Célia Moreth Bragança
Revisão técnica
Camilla Maia Franco
Revisão de Conteúdo
Cláudia Roxo | Mariana Cunha
Projeto Gráfico
Daniele da Costa Pereira
Ilustração e Capa
Daniele da Costa Pereira
Diagramação
Daniele da Costa Pereira
Autoras
Alzira de Oliveira Jorge
Ana Lúcia Abrahão
Magda de Souza Chagas
DVD
Edição e Produção
Marco Charret Brandidt
Capa DVD e Label
Daniele da Costa Pereira
E641 Organizado por: Abrahão, Ana Lúcia; Chagas, Magda de Souza; Franco, Túlio
Batista e Franco, Camilla Maia.
Autoras: Chagas, Magda de Souza. Jorge, Alzira de Oliveira; Abrahão, Ana Lúcia.
Micropolítica da Gestão e Trabalho em Saúde / Abrahão, Ana Lúcia; Franco, Túlio
Batista; Franco, Camilla Maia e Bertussi, Débora Cristina. Niterói: UFF. CEAD, 2014.
65p.
ISBN: 978-85-62007-49-1
METAS
• Conhecer os conceitos básicos de planejamento em saúde e a relevância do uso;
• Aplicar o planejamento nas atividades a serem desenvolvidas na secretaria muni-
cipal de saúde, com especial foco na elaboração do plano de ação;
• Apropriar-se do conceito de rede de atenção à saúde e os equipamentos de saú-
de envolvidos;
• Conhecer e incorporar no planejamento o perfil epidemiológico da população
do município (ou estado) com olhos na transição demográfica;
• Articular os conceitos de planejamento, programação, rede de atenção à saúde,
regionalização e assim firmar pactos que reflitam a necessidade de sua população;
• Conhecer e fazer uso dos instrumentos legais básicos em uso na saúde.
OBJETIVOS
• Discutir sobre o papel e a importância do planejamento.
• Experimentar o planejamento estratégico e suas ferramentas metodológicas
articuladas e adequadas às necessidades de saúde da população.
• Refletir sobre os grandes desafios a serem assumidos pelos gestores para efe-
tivação na perspectiva da integralidade da atenção e construção das Redes de
Atenção à Saúde (RAS).
• Analisar e conhecer como se opera o modelo de atenção à saúde no SUS e
verificar as estratégias assistenciais que podem ser utilizadas para reforço da
proposta de modelo integral e centrado nas necessidades dos usuários do sis-
tema.
• Discutir a estratégia da construção das RAS para reforço desse modelo de aten-
ção integral à saúde.
• Conhecer os subsídios jurídicos e legais para a gestão no SUS e analisar suas
perspectivas para o apoio à gestão em saúde.
6 PLANEJAMENTO E GESTÃO
SUMÁRIO
AULA 1 - GESTÃO INTERFEDERATIVA E GOVERNANÇA 9
PLANEJAMENTO E GESTÃO
8 PLANEJAMENTO E GESTÃO
1
Aula
GESTÃO INTERFEDERATIVA E
GOVERNANÇA
- Planejamento
PLANEJAMENTO E GESTÃO
9
Nesta unidade, convidamos o aluno-gestor e a aluna-gestora a um novo olhar
para Planejamento e Gestão em Saúde. O convite é necessário, principalmente, porque
a ferramenta planejamento, mesmo importante na gestão, tem perdido espaço e uso
ao longo do tempo, ou tem sido utilizada, burocraticamente, para cumprir exigências
de instâncias superiores, ou mesmo para receber repasse de recursos financeiros. Sendo
assim, precisamos dar vida a essa ferramenta.
Convidamos o aluno-gestor a uma aproximação do planejamento. Um tema fre-
quente no campo da saúde, em que o processo, na maioria das vezes, nos remete a pro-
blemas de ordens variadas. Por outro lado, é comum pensar o planejamento como algo
do plano burocrático para cumprir exigências de instâncias superiores, ou mesmo para
receber repasse de recursos financeiros.
Embora nem sempre nos demos conta, o planejamento nos acompanha em vá-
rios momentos e situações da nossa vida cotidiana. Quando, por exemplo, planejamos a
compra de um móvel de que necessitamos, decidimos e medimos o lugar que ocupará
na nossa casa, pesquisamos o melhor lugar de venda, o melhor preço, comparamos
qualidade do material com preço, a forma de pagamento, o dia da entrega, às vezes dife-
rente do dia da montagem, e tantas outras decisões que vamos tomando no curso desta
aquisição. Planejamos, de alguma forma, o tempo todo e nem nos damos conta disso.
Claro que existem pessoas que não planejam nada e que deixam tudo ao acaso e
ao inesperado da vida. Situação essa que pode ser tranquila ao se tratar de decisão indi-
vidual, mas, ao tratarmos, ao trabalharmos com uma coletividade, isso é diferente. Como
deixar claro a todos sua intenção e tomada de decisão? Como compartilhar?
Um trecho da fábula de “Alice no País das Maravilhas” nos dá a dimensão dis-
so, a diferença entre o abandonar-se ao acaso e o decidir-se aonde quer chegar1.
1
TANCREDI, Francis- Alice – Poderia me dizer, por favor,
co Bernadini. Plane- qual é o caminho para sair daqui?
jamento em Saúde, Gato – Isso depende muito do lugar
volume 2 / Francis- para onde você quer ir.
co Bernadini Tan- Alice – Não me importa muito onde.
credi, Susana Rosa Gato – Nesse caso, não importa por qual
Lopez Barrios, José caminho você vá.
Henrique Germann
Ferreira. São Paulo: Carlos Matus é referência na área de planejamento e é dele a seguinte frase:
Faculdade de Saúde
Pública da Universi-
dade de São Paulo, “O planejamento não é outra coisa que tentar submeter à nos-
1998. – – (Série Saúde sa vontade o curso encadeado dos acontecimentos cotidianos, os
& Cidadania). quais determinam uma direção e uma velocidade à mudança”2.
2
MATUS, Carlos. Polí-
tica, planejamento e
governo. Tomo I. Bra-
sília: IPEA, 1993. Pági-
na 9.
No entanto, é necessário perceber a diferença entre planejamento e
improvisação. Neste momento, sugerimos que você assista aos vídeos
indicados abaixo:
• https://www.youtube.com/watch?v=Co5clbSVmIU (Menino);
• https://www.youtube.com/watch?v=LOyX-vgdQGQ (Porquinho).
10 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Depois de assistir aos vídeos, reflita:
• O que você achou?
• Viu alguma relação com o assunto que estamos iniciando?
• Quem planejou e quem improvisou?
• Nas suas atividades diárias, você utiliza mais improviso ou planejamen-
to? Consegue descrever?
Registre suas reflexões no Caderno de Notas. Aproveite para tro-
car ideias com sua turma no Fórum da Unidade de Aprendizagem.
http://bitacorabombero.blogspot.com.br/2014/01/quien-manda-mas-un-bombero-o-un-policia.html
Usamos acima a tirinha da Mafalda para destacar que, em qualquer atividade, pla-
nejar é preciso! Considerando que “o planejamento é uma forma de organização para a
ação” (CAMPOS, 2003, p27).
PLANEJAMENTO E GESTÃO
11
12 PLANEJAMENTO E GESTÃO
PLANEJAMENTO EM SAÚDE
2
Aula
PLANEJAMENTO E GESTÃO
13
Quando olhamos para o setor da saúde, o que vem a ser e o que está relacionado
ao planejar em saúde?
Adolfo Chorny considera que:
3
Registro de aula de
Planejamento em O ponto de partida de todo processo de planejamento em saú-
Saúde proferida pelo de, seja de serviços, seja de programas de promoção, prevenção ou
Prof. Adolfo Chorny de assistência, deve ser a saúde3.
em 28 de agosto de
2003.
Oferta extra!!!
Você poderá aprender mais com Adolfo Chorny assistindo a dois
vídeos que ofertamos. Nestes, ele fala sobre saúde, planejamento e
gestão:
• https://www.youtube.com/watch?v=rh_E1r3H4EE (1min-saúde);
• https://www.youtube.com/watch?v=-Kzv0t7CS9E (20min- Política,
planejamento, gestão e avaliação da saúde).
Ler ou ouvir que o ponto de partida para planejamento em saúde deve ser a saúde
pode parecer óbvio, mas não tem ocorrido com frequência. Para que isso ocorra, preci-
samos, primeiro, entender que a saúde é afetada por múltiplos fatores a ela relacionados,
como: os biológicos ou endógenos, o ecossistema, as condições e estilo de vida e o
sistema sanitário.
O importante, ao se pensar a saúde em sua dinâmica, é reconhecer a sua comple-
xidade.
Carlos Matus, ao abrir o capítulo 4 do seu livro “Política, Planejamento e Governo”
(1993, p.35), conta uma anedota que muitos fãs do futebol brasileiro confirmam. O título
desse capítulo é “Como não se pode planejar”. Diz ele:
14 PLANEJAMENTO E GESTÃO
• modelo normativo;
• modelo estratégico-situacional.
4
Registro de aula
Necessidade de saúde podemos considerar como condi- de Planejamento em
ções que, para o saber clínico hegemônico, deveriam ser objeto Saúde proferida pelo
da atenção do sistema de saúde e que podem ou não ser perce- Prof. Adolfo Chorny
bidas pelo sujeito. em 28 de agosto de
Ou ainda, de maneira ampliada, necessidade de saúde 2003.
pode ser vista como: ter boas condições de vida, ter acesso e
poder consumir toda tecnologia de saúde, criação de vínculos, e 5
CECÍLIO, Luiz Carlos
graus crescentes de autonomia a cada pessoa. de Oliveira. As ne-
Primeira citação de Adolfo Chorny4 e segunda de Luiz Cecílio5. cessidades de saú-
de como conceito
estruturante na
No modelo estratégico, conseguir executar o planejado dependerá tanto do meu luta pela integra-
peso quanto do peso do outro para que os objetivos sejam alcançados. O peso, aqui, lidade e equida-
representa as relações institucionais da pessoa que planeja, das relações políticas, da po- de na atenção em
sição, do local de onde se fala e das articulações que conseguir estabelecer. Ou seja, saúde. In: Pinheiro,
existem vários sujeitos que planejam com objetivos conflitantes. Vale ler o que Matus Roseni; Mattos, Ru-
(1993, p.51) diz sobre isso: ben Araújo de. Os
sentidos da integra-
As limitações para governar o sistema não provêm de uma escassez lidade na atenção e
ou falta de controle de variáveis e recursos, como uma deficiência absoluta; no cuidado à saúde.
elas derivam, ao menos parcialmente, do fato de os recursos que eu não te- Rio de Janeiro, IMS
nho ou não controlo serem possuídos ou controlados pelo outro. Se eu não ABRASCO, 2001. p.
ganho, outro ganha; se perco adesão popular, outro a terá em maior grau(...) 113-126
PLANEJAMENTO E GESTÃO
15
Esta é uma das características que o planejamento estratégico incorpora, ou seja,
existem vários atores envolvidos, logo, existe mais de uma explicação para a realidade e
um papel para cada ator. Outras características são: o sujeito que planeja está dentro da
realidade (histórica) e convive com outros atores; há diferentes explicações, situações ou
diagnósticos condicionados pelo lugar que os atores ocupam nessa realidade; a conduta
é um processo criativo, pouco estruturado; a previsão supõe um cálculo estratégico; o
planejamento não deve se confundir com norma, este se refere ao presente e trabalha
com cenários; o plano é um guia para comparar o desejado com o alcançado, o que per-
mite orientar a ação e adequar objetivos e meios em função das mudanças da realidade.
Normativo Estratégico-Situacional
O sujeito que planeja é único e situa-se O sujeito que planeja faz parte
fora e acima da realidade. da realidade juntamente com outros
atores.
Conhecimento da realidade através de Admite-se que não há uma realidade
diagnóstico científico em que a verda- única, estática, avançando para a su-
de é única e objetiva. peração da visão da multicausalidade,
para uma teoria explicativa pautada
na determinação social do processo
saúde-doença.
É a-histórico. É histórico.
16 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Planejamento Normativo:
Em um dado município, as escolas da rede pública relatam casos frequentes de
carteira de vacinação incompleta nas crianças que ingressam. Há baixa cobertura vacinal
nas crianças na fase escolar. Isso é percebido porque a mãe deve apresentar a carteira
de vacinação do seu filho para que ele possa ingressar em uma escola da rede pública.
Com base nisso, conhecemos a causa do problema que se concentra na captação baixa
de vacinação entre as crianças em fase escolar. Temos as ferramentas/recursos para tratar,
que consistem em vacina, pessoal capacitado para a aplicação e registro na carteira va-
cinal. Sabemos o que fazer e como atuar, realizar campanhas nas escolas com vacinação
no local. Nessa perspectiva, o planejamento normativo é uma boa opção. Trata-se de um
problema bem-estruturado.
Planejamento Estratégico Situacional:
Aqui, utilizaremos, como exemplo, problemas como a mortalidade materna alta,
indicador de saúde frequentemente utilizado no município. Esse tipo de problema re-
quer uma explicação que envolve diferentes atores em posições e objetivos distintos e
cuja causa reside em diferentes pontos da rede de atenção de cuidado, desde o pré-
-natal, que necessita ser mais bem trabalhado, até a assistência direta durante o parto,
havendo, neste decorrer, inúmeros processos que merecem ser explicados e de cujos
recursos não dispomos completamente para resolver o problema. O que acarreta a ne-
cessidade de um conjunto maior de atores para explicar. Nesse caso, estamos diante de
um problema mal-estruturado, em que o PES se aplica, dado a dinâmica da relação entre
os atores envolvidos. Um plano cuja estratégia é uma das principais ferramentas.
Plano
Capacidade de
Governabilidade
Governo
PLANEJAMENTO E GESTÃO
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dinâmica de Governar posta na relação EU e TU, que indica que todos fazem Gestão,
pois cada ator envolvido detém algum recurso necessário ao desenvolvimento do Plano.
Outro ponto da representação apresentada por Matus é que a Gestão está asso-
ciada ao plano, ou seja, planejamento e capacidade de acumular recursos para dar anda-
mento ao plano e à gestão. Percebe-se que plano, gestão e recurso estão em um mesmo
plano, em um mesmo processo. Não há dissociação desses elementos. Para Matus, quan-
do estamos em Gestão, estamos ao mesmo tempo planejando e acumulando recursos.
O mesmo vale para o planejamento, que, quando estamos elaborando, estamos fazendo
gestão e acumulando recursos.
Atividade de Avaliação 1
18 PLANEJAMENTO E GESTÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
Planejamento
O planejamento é uma das principais atividades do ser humano, de intervenção
intencional e deliberada sobre dimensões da realidade, com a finalidade de alcançar re-
sultados pré-determinados. Composto por saberes e práticas, é um tema prioritário na
vida do homem contemporâneo, concretizando-se como uma tecnologia para gestão
das sociedades, das políticas e das organizações.
Como instrumento da atividade governamental, o planejamento é uma tecno-
logia de formulação de políticas, especialmente as políticas setoriais. Como instrumen-
to de gestão das organizações, o planejamento tem sido tema prioritário das diversas
correntes metodológicas que buscam organizar, coordenar e controlar as instituições e
processos produtivos, segundo uma lógica administrativa reguladora, para obter maior
produtividade e eficiência a partir da definição da missão e dos objetivos institucionais.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
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através da criação de consenso entre atores com posições diferentes em torno do proje-
to em questão.
Eles trabalham o conceito central de conflito partindo da ideia de que a realidade é
histórica e dinâmica, socialmente produzida pela atuação dos diferentes atores, definidos
como sujeitos sociais portadores de interesses e que controlam recursos e disputam a
hegemonia de seus projetos, construindo diferentes diagnósticos interessados para uma
mesma realidade e propondo diferentes planos de ação para o alcance dos objetivos. No
enfoque estratégico do planejamento, é preciso acumular poder através do controle dos
recursos necessários para a viabilização do projeto, destacando-se os recursos políticos,
técnicos, organizacionais e financeiros. Na saúde, tais recursos consolidam o poder políti-
co de mobilização dos grupos sociais: o poder técnico relacionado aos diversos campos
de conhecimento (teórico, administrativo, clínico, estatístico, epidemiológico, demográfi-
co, etc.) e o poder administrativo de alocação de recursos e normatização de processos,
fluxos e rotinas.
Como resultado, o plano é um instrumento de negociação e consenso de um
processo de planejamento participativo, de caráter coletivo, em que todos planejam
de acordo com seus interesses e em que existe o conflito. Sua utilização possibilita um
aumento de governabilidade com articulação dos diferentes atores em torno de um
mesmo projeto. É importante destacar que o planejamento estratégico é compreendi-
do como um processo contínuo e dinâmico, sujeito ao imprevisível e às surpresas que
desafiam as ações programadas e exigem novas avaliações estratégicas e reformulação
das prioridades (MATUS, 1991).
São inegáveis os avanços decorrentes do enfoque estratégico do planejamento
no sentido de reconhecer e abordar, teórica e metodologicamente, a complexidade do
campo social onde o setor da saúde está intrinsecamente inserido com sua especificida-
de, com sua problemática e com seus recursos. Como limites, destacam-se a inexistência
de uma reflexão mais aprofundada sobre cultura, como componente da viabilidade de
uma intervenção planejada, de uma visão de liderança, e a necessidade de um desenvol-
vimento específico da tecnologia de negociação cooperativa (RIVERA, ARTMANN, 2003).
Além disso, o método almeja, como objetivo final, a neutralização de posições contrárias
e a obtenção do êxito de um determinado projeto, mesmo em processo participativo.
A saúde é caracterizada como um setor onde a produção e o consumo das ações
ocorrem em ato, entre sujeitos que se relacionam como portadores de saberes, dese-
jos, interesses e projetos. Marcadamente, é de natureza multiprofissional e interdiscipli-
nar, constituindo-se como um objeto complexo, não linear, com múltiplos modelos de
representação cultural e que demanda um amplo campo de conhecimento para sua
compreensão e abordagem. Na realidade, a saúde e a doença são fenômenos clínicos
e sociológicos, vivenciados segundo diferentes padrões culturais, e importam tanto por
seus efeitos no corpo e na mente como no imaginário. Diferentemente de outros setores,
há premência de que o conhecimento produzido possibilite novas formas de se com-
preender e agir em saúde, tendo o usuário e suas necessidades como o eixo central do
processo. Isso significa definir claramente quais os princípios e diretrizes que orientam o
processo de formulação de políticas, práticas institucionais e processos de trabalho que
serão orientadores do processo de planejamento, programação e avaliação em saúde.
Defende-se a realização de um planejamento participativo em todos os níveis com re-
presentação de gestores, trabalhadores e usuários que, compartilhando princípios e dire-
trizes políticas de defesa da saúde individual e coletiva, cumpram os respectivos papéis.
Para o planejamento setorial e institucional, deve-se, também, valorizar as espe-
cificidades existentes, como a análise da conformação de serviços e de profissionais, as
relações de poder, os modelos de saberes e práticas existentes. No âmbito das insti-
tuições, as ações planejadas coletivamente devem buscar a maior integração entre os
diversos profissionais das equipes através da interdisciplinaridade em torno do perfil de
20 PLANEJAMENTO E GESTÃO
necessidade dos usuários. No nível do sistema de saúde, propõe-se a adoção de um pla-
nejamento participativo que se oriente a partir de um modelo tecnoassistencial baseado
na rede de cuidados, onde os serviços funcionem de forma articulada como estações
cuidadoras, buscando a integralidade e resolutividade da assistência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. MATUS, Carlos. O Plano como Aposta. São Paulo em Perspectiva, 5(4): 28-42,
outubro/dezembro 1991.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
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22 PLANEJAMENTO E GESTÃO
3
Aula
PLANEJAMENTO PASSO A
PASSO CONDENSADO
PLANEJAMENTO E GESTÃO
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O principal elemento que queremos trabalhar nesta aula é a possibilidade de você,
através do planejamento, identificar, descrever e explicar os principais problemas de saú-
de do seu município e, a partir daí, definir prioridades, propor soluções para esses proble-
mas. Isso expresso em um plano de ação baseado em prioridades.
Como temos gestores de todo país que expressam a diversidade regional, de ex-
tensão territorial e de tamanho populacional, resolvemos expor rapidamente duas for-
mas para trabalhar até a elaboração do plano: uma para município de pequeno porte, ou
mesmo para unidades de serviço, e outra para municípios maiores.
Você, junto com a sua turma e tutor, poderá optar por outra forma de conduzir a
proposta. O importante é que possa trabalhar com problemas que estejam próximos do
cotidiano das secretarias de saúde.
24 PLANEJAMENTO E GESTÃO
2. Identificar pessoas, profissionais da SMS que conhecem bem a situação de saú-
de do município (no caso de elaboração de PMS) ou de profissionais do serviço de saúde
(plano de ação), chamar os gestores à participação. É melhor trabalhar com um número
restrito de pessoas, mais de 10 pessoas vai tornar a atividade mais difícil. Se passar de
10, que seja, no máximo, 15. Dado que trabalharemos várias questões, uma composição
multiprofissional é muito bem-vinda. É importante destacar que trabalhamos represen-
tatividade, ou seja, com representante do Conselho Municipal de Saúde, representante
do usuário, representantes dos profissionais e do gestor municipal.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
25
tância. Chamamos, aqui, a atenção para o fato de que essa listagem poderá
ser diferente, se a composição do grupo for diversa.
II. Agrupar os problemas segundo as afinidades que eles apresen-
tam entre si (diagrama de afinidades), se a listagem for muito extensa. Os
critérios para o agrupamento podem/devem ser construídos coletivamente
pelo grupo.
III. Aplicar uma matriz de seleção de problemas, depois de discutir e
depurar a listagem de problemas.
26 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Problema: elevado número de exames repetidos para as mesmas pes-
soas em um serviço de saúde.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
27
III. A identificação das causas é fundamental, pois, a partir da análise
delas, saberemos onde deveremos atacar, já que não é possível atacar todas
de uma vez. É necessário escolher qual irá trabalhar e qual problema sofrerá
intervenção. Uma causa importante é chamada de Nó Crítico. Para escolher
um nó crítico, utilizam-se 3 (três) critérios que devem ser satisfeitos simulta-
neamente:
Falta de pro-
cesso de traba-
lho organizado
no laboratório.
28 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Bibliografia - Planejamento - Aulas de 1 a 3
1. BRASIL. Ministério da Saúde. GESTHOS, Gestão Hospitalar; Capacitação
a distância em Administração Hospitalar para Pequenos e Médios Estabele-
cimentos de Saúde. Módulo II: gestão contemporânea nas organizações de saúde.
Brasília,Ministério da Saúde, 2002.
4. MATUS, Carlos. O Plano como Aposta. São Paulo em Perspectiva, 5(4): 28-42,
outubro/dezembro 1991.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
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30 PLANEJAMENTO E GESTÃO
4
Aula
REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
PLANEJAMENTO E GESTÃO
31
Rede de Atenção à Saúde (RAS) é o assunto do momento e pauta tanto do Ministé-
rio da Saúde (MS) como das Secretarias Estaduais de Saúde (SES) e Secretarias Municipais
de Saúde (SMS). Assim, muito se fala sobre rede de atenção em saúde, inclusive sobre o
fato de o Sistema Único de Saúde (SUS) ser construído com base na constituição de redes
como Redes de Atenção, Redes de Cuidado em Saúde, Redes Temáticas, Redes Prioritá-
rias. Mas o que é rede de saúde?
Quando paramos para pensar sobre rede de saúde, com facilidade, pensamos em
serviços. Pensamos na rede hospitalar que reúne um conjunto de hospitais, na rede de
atenção básica que reúne as Unidades Básicas de Saúde (UBS), nas Unidades de Pronto
Atendimento (UPA), e assim por diante. Seguimos pensando sobre os serviços ofertados,
suas estruturas, os profissionais que devem trabalhar, os equipamentos que devem estar
disponíveis, etc. Nesse caso, considera-se que a rede SUS configura-se como o conjun-
to de equipamentos de todos os tipos, como hospitais, Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Unidade Básica de Saúde
(UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPA), centro de especialidades, etc. Não é difícil
considerarmos que, para um usuário ter suas necessidades de saúde atendidas pelo SUS,
todos esses serviços devem estar disponíveis quando ele precisar.
Para Refletir...
32 PLANEJAMENTO E GESTÃO
No dicionário Aurélio (FERREIRA, 1999), a palavra rede tem as seguintes acepções:
fios entrelaçados, fixados por malhas que formam um tecido; tecido resistente, suspenso
pelas duas extremidades com ganchos, utilizado como leito; dispositivo para apanhar
peixes, pássaros, dispositivo utilizado em circos, ou pelo Corpo de Bombeiros, para amor-
tecer o choque da queda de pessoa; conjunto interconectado de vias e meios de trans-
porte, de canais de escoamento ou distribuição, de fios ou circuitos entre uma fonte de
eletricidade e as unidades de consumo, de meios e equipamentos de comunicação, ou
de locais e agentes de prestação de serviços; grupo de emissora que transmitem progra-
mação em comum por uma emissora central.
Sendo assim, rede é uma trama e, na saúde, essa trama é constituída de serviços
de saúde que devem estar ligados entre si, com funções e ofertas específicas no sistema
e corresponsabilidade na garantia de acesso aos serviços com universalidade7 , equidade 7
Universalidade – Deter-
e integralidade da atenção à saúde. mina que os serviços sociais
direcionados a assegurar a
saúde da população devem
ser acessíveis a toda a comu-
nidade. Significa, também, que
O movimento em busca da construção de RASs não é algo particular o serviço público de saúde de-
verá direcionar esforços para
do Brasil. Tanto que Canadá, Inglaterra e países da Europa Ocidental apontam abarcar o número máximo de
evidências de que as redes constituem uma saída para a crise atual dos siste- situações possíveis. O princípio
da universalidade caracteriza
mas de atenção à saúde. Também explicitam que locais onde as RASs funcio- a saúde como um direito de
nam indicam melhora nos resultados sanitários e econômicos dos sistemas cidadania, ao ser definido pela
de atenção à saúde Constituição Federal como um
direito de todos e um dever do
Estado. Neste sentido, abran-
ge a cobertura, o acesso e o
atendimento nos serviços do
No nosso país, a organização de redes integradas de atenção à saúde, nos sistemas SUS e exprime a ideia de que
municipais e estaduais, estimula a construção da garantia de integralidade, universalida- o Estado tem o dever de pres-
tar esse atendimento a toda a
de e equidade da atenção à saúde da população, princípios presentes na dinâmica do população brasileira.Equidade-
SUS. Este movimento de organização adquire maior proeminência no final da década Igualdade da atenção à Saúde,
sem privilégios ou preconcei-
de 1990 e culmina com a publicação da Portaria GM nº 4.279 de dezembro de 2010, que tos. O SUS deve disponibilizar
estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no SUS. recursos e serviços de forma
justa, de acordo com as neces-
sidades de cada um. O que de-
termina o tipo de atendimento
é a complexidade do problema
Quer se aprofundar? Acesse: ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/ de cada usuário.
Integralidade - É um princí-
bibliote/informe_eletronico/2011/iels.jan.11/Iels02/U_PT-MS-GM-4279_301210.pdf pio fundamental do SUS. Ga-
e Leia a PT nº4279 rante ao usuário uma atenção
que abrange as ações de pro-
moção, prevenção, tratamento
e reabilitação, com garantia
de acesso a todos os níveis de
Cena 1 para discussão complexidade do Sistema de
Maria Cláudia foi à UBS Unhas de Prata queixando- Saúde. A integralidade tam-
-se de “corrimento vaginal com cheiro ruim” e, quando faz bém pressupõe a atenção foca-
da no indivíduo, na família e na
“xixi”, arde muito e a cor é “leite na água”. Foi atendida comunidade (inserção social), e
pela médica Gisele que pediu exames e solicitou consulta não em um recorte de ações
ou enfermidades. Caderno SUS
com o ginecologista. de A a Z (BRASIL, 2009)
Após algumas semanas, Maria Cláudia conseguiu fazer al-
guns exames, mas não os mais complexos, e a consulta com a gi-
necologista não foi marcada. Maria Cláudia voltou à UBS, pois 30
dias se passaram. Quinze dias depois, o namorado de Maria Cláudia
acompanhou-a de volta à UBS, porque ela estava com dificuldade
para andar e reclamava de “dor intensa na barriga”. Carla, enfermei-
ra: “podemos verificar os exames realizados e as dificuldades, inclusi-
ve a consulta com a ginecologista”.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
33
8
Medicalização é o Gisele e Carla preocupadas com a situação pensam: “E agora,
processo pelo qual o
modo de vida dos ho-
o que faremos com Maria Cláudia?”.
mens é apropriado pela
medicina e que inter- A cena acima nos mostra que nenhum serviço de saúde consegue, isoladamente,
fere na construção de atender totalmente as necessidades de saúde dos indivíduos e, portanto, para produzir
conceitos, regras de hi-
giene, normas de moral
integralidade da atenção, os serviços se complementam territorialmente e por meio das
e costumes prescritos diferentes ofertas que cada um disponibiliza para o usuário ou sistema.
– sexuais, alimentares, de
habitação – e de com-
portamentos sociais.
Este processo está inti-
mamente articulado à
Como você percebe (ou não) o trabalho articulado das Re-
ideia de que não se pode des Municipal, Regional e Estadual? E das redes assistenciais entre si?
separar o saber - pro- Registre no seu Caderno de Notas. Esse registro o ajudará
duzido cientificamente na elaboração da atividade de avaliação dessa Unidade de Aprendi-
em uma estrutura social zagem.”
- de suas propostas de
intervenção na socieda-
de, de suas proposições
políticas implícitas. A me- Quando estudamos planejamento, apresentamos que o ponto de partida do pla-
dicalização tem, como nejamento em saúde deve ser a saúde, as necessidades de saúde da população. Os sis-
objetivo, a intervenção temas de saúde devem configurar-se como respostas sociais às necessidades de saúde
política no corpo social. dos usuários e usuárias. Agora, vamos caminhar mais um pouco na consolidação da in-
Glossário do Navegando tegralidade da assistência.
na História da Educação
Brasileira, disponível em:
http://www.histedbr.fae.
unicamp.br/navegando/
glossario/verb_c_medi-
calizacao.htm. Acessado
em: 28 mai. 2014. “O diagnóstico de saúde, do ponto de vista epidemiológico, consiste
na descrição dos problemas de saúde existentes numa localidade e na ex-
plicação da sua determinação na situação analisada. Assim como na clínica
o diagnóstico é uma síntese do levantamento de sinais e sintomas que vai
orientar o plano terapêutico específico do indivíduo, o diagnóstico coletivo
de saúde nos serviços tem como objetivo selecionar e fornecer conhecimen-
to para ampliar a capacidade de atuar sobre os problemas existentes orien-
tando a decisão sobre quais as ações são mais efetivas para abordagem. (...)
A apresentação de informações de mortalidade e morbidade predomina na
elaboração do perfil ou quadro epidemiológico de uma localidade”. (Dru-
mond, 2006)
Sendo assim, para definição e organização da RAS, que inclua os principais proble-
mas de saúde da população de forma resolutiva, deve-se considerar o perfil epidemio-
lógico e demográfico.
Vale reforçar que a construção de redes tem a sua base de discussão, no interior
do SUS, a partir da identificação de um perfil epidemiológico. No entanto, é importante
destacar que a situação da saúde brasileira tem mudado e vivemos um momento de
rápida transição, em que temos, ainda presentes, doenças infecciosas (parasitárias e ca-
renciais), causas externas (acidentes de trânsito, arma de fogo e outros) e crescimento das
doenças crônicas. A presença desse trio é chamada de tripla carga de doença.
34 PLANEJAMENTO E GESTÃO
A tripla carga de doenças pede atenção dos gestores e profissionais do setor. Um
processo que é devedor das profundas transformações socioeconômicas e, por conse-
guinte, do modo de vida, o que incide diretamente na saúde dos indivíduos e comuni-
dades. Isso significa que uma transição epidemiológica está em curso ao mesmo tempo
que uma transição demográfica.
Com o que vimos acima, um sistema de saúde que incorpora somente o atendi-
mento às condições de saúde agudas, tendo uma população de idosos crescentes, terá
problemas. Isso é o que podemos verificar em grande parte dos hospitais de emergência
no país, onde, com frequência, são atendidas pessoas com patologias crônicas que bus-
cam atendimentos emergenciais.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
35
CONDIÇÕES AGUDAS CONDIÇÕES CRÔNICAS
ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO 1
36 PLANEJAMENTO E GESTÃO
5
Aula
PLANEJAMENTO E GESTÃO
37
Os conceitos atribuídos à rede são muitos. Trabalharemos, aqui, com o seguinte
conceito: rede interfederativa de saúde como um conjunto de estabelecimentos de saú-
de criado para cumprir um planejamento sanitário, construído consensualmente entre
entes federados que se articulam e se complementam, na perspectiva de garantir o aces-
so universal e integral às necessidades de saúde de cada cidadão.
Os estabelecimentos se complementam de forma horizontal e vertical. Horizontal,
quando vários estabelecimentos de um tipo somam-se na perspectiva de cobrir deter-
minados territórios e populações. E vertical, quando os estabelecimentos complemen-
tam-se tecnologicamente, na perspectiva de garantir o atendimento integral e universal
a populações num determinado território.
A horizontalidade implica equipamentos com um mesmo nível de complexidade
ou com o mesmo tipo de tecnologia agregada, como acontece com a rede de saúde
da família. Um exemplo de rede vertical é a hospitalar. Nessa rede, os equipamentos vão
agregando graus de tecnologia diferenciados e mais complexos, de modo que a capa-
cidade resolutiva de um hospital especializado é maior do que a de um hospital local.
A organização de redes integradas de atenção à saúde, nos sistemas municipais e
estaduais, vem sendo estimulada como forma de garantir a integralidade, universalidade
e equidade da atenção à saúde da população brasileira, princípios presentes na dinâmica
do Sistema Único de Saúde, que adquire maior proeminência no final da década de 1990
que culmina com a publicação da Portaria GM nº 4.279, de dezembro de 2010. Esta
portaria define RAS como “arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de dife-
rentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico,
logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado”.
Podemos olhar a rede a partir da relação entre os serviços e estabelecer níveis
como primário, secundário e terciário. Algo já constituído no SUS. Temos serviços hierar-
quicamente organizados, com densidade e aportes tecnológicos distintos, trabalhado-
res, gestores e usuários que transitam, na rede, por entre os pontos de atenção.
Abaixo um desenho de uma rede com pontos secundários e primários de atenção.
Identifique outros elementos importantes na constituição de uma rede de atenção à
saúde.
38 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Acesse mais um texto Rede.
Link: http://www.cead.uff.br/mgs/arquivos/texto-redeua2p35.pdf
Pois bem, você já parou para pensar como tudo isso funciona junto? Como os
usuários do SUS circulam por esses serviços quando precisam? Como garantir que os
serviços funcionem, organizada e articuladamente, quando alguém precisar?
Central do SAMU 192 (192): - Alô, Central 192, qual é sua urgên-
cia? De onde esta falando?
UBS: - Oi, aqui é Gisele, médica da UBS Unhas de Prata, e tenho
uma mulher de 32 anos para ser removida.
Enquanto informa os dados para preenchimento da ficha,
pensa sobre o agravamento do caso de Maria Cláudia: “tantas coisas
poderiam ser resolvidas aqui pela UBS, mas sem exames, sem con-
tinuidade, é difícil!!! Eu poderia ter resolvido, se o laboratório tivesse
feito a parte dele, se a ultrassonografia que pedi tivesse sido realiza-
da. Agora, terá que ir direto para hospital e tenho medo daquelas
situações tristes, em que a intervenção já vem tarde. É sempre assim,
alguém não faz e sou eu quem tenho de resolver”.
192: - Qual é o quadro clínico?
UBS: - Trata-se de uma mulher de 32 anos, com dor abdomi-
nal intensa sem possibilidade de palpação. Ela está aqui na UBS e
desmaiou devido a dor.
Enquanto ouve, Marcos Paulo, médico regulador, pensa: “esse
pessoal dos postinhos não acompanha o caso da maneira certa e
fica para o SAMU resolver!”.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
39
Voltando para cena 2
A busca por culpado é bastante comum, assim como atribuir ao outro o problema,
seja o outro uma pessoa ou um serviço. No entanto, enquanto se faz isso, o problema
não é enfrentado. Mesmo que a identificação do culpado facilmente seja apontada para
o outro serviço, para a secretaria, vale pensar, vale problematizar: Quem faz o “sistema”
acontecer, quem faz o “sistema” funcionar, senão cada um que está operando dentro de
um ponto de atendimento desse sistema?
Atividade de Avaliação 2
Lembre-se da cena 1.
O que você acha que poderia ter ocorrido se, naquele ser-
viço e nos relacionados, a integralidade estivesse em exercício?
Imagine que você é o gestor. Como agir para que outro
caso como o de Maria Cláudia não se repita? Descreva a rede e
proponha estratégias para produzi-la.
Envie essa atividade para seu tutor.
40 PLANEJAMENTO E GESTÃO
A gestão de um município, na figura da “secretaria municipal de saúde”, de posse
do diagnóstico de saúde da sua população (discutido na aula de planejamento) e, assim,
das necessidades de demanda de serviços, pactua com os tipos de serviços ofertados
no município.
A figura abaixo representa a ilustração do que o gestor deve garantir no municí-
pio ou na rede (regional, estadual ou interestadual) para atendimento do seu cidadão.
Sabendo que o usuário poderá acessar o sistema de saúde a partir de qualquer nível
de atenção, utilizamos aqui, como exemplo, o ponto de partida com o primeiro nível
de atenção. Ou seja, as consultas generalizadas, realizadas em UBS, poderão demandar
exames e consultas com especialistas (como no caso da cena 1). Os especialistas poderão
necessitar, para o diagnóstico e/ou definição de condutas, de exames de maior densi-
dade tecnológica para decisão do tratamento, que poderá ocorrer no ambulatório ou
através de internação hospitalar. Perceba que a densidade tecnológica é agregada diante
da necessidade de elucidação do caso para o tratamento.
-
Consulta Consulta Ambulatorial
Diagnpitala Tratamento
generalizada Especializada (inclui PSF)
-
PLANEJAMENTO E GESTÃO
41
42 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Uma vez que o gestor municipal e sua equipe têm diagnosticada a necessidade da
9
População Pró-
população, é possível pactuar com os serviços do seu município e, assim, definir os fluxos pria – Cidadãos que
assistenciais formais, os critérios técnicos e os caminhos que os usuários devem percorrer tem domicílio, resi-
para ter acesso aos serviços de referência. Essas definições de fluxos são organizadas a dentes em determi-
partir de protocolos técnicos, também pactuados em instâncias pertinentes. nado município. Por
Para que os fluxos acima aconteçam e atendam aos usuários no tempo e neces- exemplo, residentes
sidade adequados, o município deverá desenvolver ações relacionadas à Regulação em do município de Rio
Saúde. Branco – Acre.
População de Re-
ferência – Cidadãos
O que você sabe sobre regulação em saúde? Fale e escre- que residem em ou-
va livremente. Você tem alguma experiência que envolva regulação tro município que
para compartilhar? se encontram em
O seu município trabalha com regulação na saúde? atendimento no mu-
Registre no seu Caderno de Notas. Troque ideias sobre o tema nicípio que oferta o
no Fórum dessa Unidade de Aprendizagem. serviço, no caso da
saúde. Por exemplo,
residente do municí-
pio de Feijó ou Cru-
zeiro do Sul, no Acre,
Quer aprofundar no tema regulação? em atendimento ou
Acesse a Portaria nº1559 de 2008 – Institui a Política Nacional de Regulação já atendidos no mu-
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt1559_01_08_2008.html nicípio de Rio Branco.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
43
10
As Comissões In- A PPI é um processo instituído no âmbito do SUS, que tem como base e se articula
tergestores Regionais diretamente com o planejamento em saúde. É no Plano de Ação ou Plano de Saúde
(CIR), anteriormente Municipal, fruto do planejamento, onde estarão expressas a análise da situação da saúde,
denominadas Co- estimativas de necessidade e definição de prioridades da política da saúde e, a partir
legiados de Gestão desses pontos, são definidas e quantificadas as ações para a população residente em
Regional (CGR), são cada território, bem como efetuados os pactos intergestores para garantia de acesso da
estruturas criadas população aos serviços de saúde.
pelo Pacto pela Saú-
de, com o intuito de A PPI pretende:
qualificar o processo
de regionalização • equidade no acesso;
no SUS, garantindo • orientar a alocação dos recursos pelas necessidades;
o exercício da ação • definir os limites financeiros (população própria e referenciada9);
cooperativa entre os • visualizar o financiamento tripartite;
gestores nas regiões • subsidiar o processo de regulação;
de saúde, formando • contribuir na organização das redes.
um espaço de go-
vernança em âmbito
regional. A nomen-
clatura CIR foi dada a
O documento lançado, em 2006, pelo MS (Ministério da Saú-
partir da publicação
de), Diretrizes para Programação Pactuada e Integrada da Assistência à Saú-
do Decreto Presiden-
de, ao tratar da PPI, diz:
cial nº 7508, de 28 de
junho de 2011.
O modelo que se propõe é o da conformação de redes de
serviços regionalizadas, a partir da instituição de dispositivos de pla-
11
Entre esferas de nejamento, programação e regulação, estruturando o que se de-
governo, como no nominou de “redes funcionais”. Pretende-se, com sua organização,
caso do governo mu- garantir, da forma mais racional possível, o acesso da população a
nicipal e do governo todos os níveis de atenção.
estadual.
44 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Regionalização
Região de Saúde é o espaço territorial no qual deve ser organizada uma rede de
atenção à saúde sob a responsabilidade do Estado e de um conjunto de municípios,
devendo a Região de Saúde ser constituída a partir de mecanismos de ação regional:
PLANEJAMENTO E GESTÃO
45
Esse processo, para acontecer com qualidade, pede a constituição de espaços
permanentes de pactuação e cogestão solidária e cooperativa pelos gestores do SUS,
os gestores de saúde da região, que é a Comissão de Intergestores Regionais10 (CIR). A
CIR constitui-se em um espaço de negociação intergovernamental11, espaço de decisão
através da identificação, definição de prioridades e de pactuação de soluções para a
organização de uma rede regional de atenção à saúde. Deve ser formado pelos gestores
municipais de saúde, do conjunto de municípios das regiões expressas pelo PDR, e pelos
representantes do gestor estadual, sendo as decisões sempre por consenso.
46 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Bibliografia - Planejamento - Aulas 4 e 5
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas. Diretrizes para a programação
pactuada e integrada da assistência à saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção
à Saúde, Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas. Brasília: Ministé-
rio da Saúde, 2006.
14. MALTA, D.C.; MORAIS NETO, O.L.; SILVA JUNIOR, J.B. Apresentação do plano
de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não trans-
PLANEJAMENTO E GESTÃO
47
missíveis no Brasil, 2011 a 2022. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 20(4):425-438,out-dez
2011.
17. MERHY, Emerson Elias; ONOCKO, Rosana. (Orgs.) Agir em saúde: um desafio
para o público. São Paulo – Buenos Aires: Hucitec- Lugar Editorial, 1997.
48 PLANEJAMENTO E GESTÃO
6
Aula
SUBSÍDIOS JURÍDICOS
PLANEJAMENTO E GESTÃO
49
A criação do SUS produziu resultados imediatos e “o mais importante foi a ruptura
da separação que havia no sistema público de saúde brasileiro entre os incluídos e os
não incluídos economicamente” (BRASIL, 2011). Garantir a saúde como direito de todos
e dever do estado, na Constituição Federal de 1988, foi o primeiro passo na direção do
Sistema de Saúde Brasileiro.
http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/17519
50 PLANEJAMENTO E GESTÃO
as transferências intergovernamentais de recursos financeiros. (BRASIL, 2011)
http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/legislacao/arquivo/04_
lei_8080.pdf
Art. 1º. O Sistema Único de Saúde – SUS, de que trata a Lei no 8080, de
19 de setembro de 1990, contará em cada esfera de governo, sem prejuízo
das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:
I- a Conferência de Saúde;
II- o Conselho de Saúde.
§ 1º. A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a
representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde
e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis cor-
respondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por
esta ou pelo Conselho de Saúde.
§ 2º. O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, ór-
gão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de ser-
viço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e
no controle saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre
outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o
trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e ser-
viços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização
social e econômica do País.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
51
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que,
por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pesso-
as e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.
http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/legislacao/arquivo/05_
Lei_8142.pdf
http://www.conass.org.br/biblioteca/legislacao-estruturante-do-
-sus/
52 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Após as NOBs e NOASs, em 2004, o CONASEMS realizou o XX Congresso Nacional
dos Secretários Municipais de Saúde. Desse encontro, foi elaborada a Carta de Natal que
apresenta como proposta um novo pacto de gestão que substitua a excessiva norma-
tização com os pactos gerenciais por compromissos com resultados. O primeiro ponto
dessa carta é: “Construir um novo pacto da gestão do SUS...”.
Em 2006, foi aprovado o Pacto pela Saúde pela Portaria/GM 399, de 22 de fevereiro
de 2006, que divulga o Pacto pela Saúde 2006 e aprova as Diretrizes Operacionais do
Pacto pela Saúde em 2006. Já a Portaria/GM 699, de 30 de março de 2006, regulamenta
a implementação das Diretrizes Operacionais dos Pactos Pela Vida e de Gestão e seus
desdobramentos para o processo de gestão do SUS, assim como a transição e o moni-
toramento dos Pactos, unificando os processos de pactuação de indicadores e metas.
O Pacto pela Saúde representa o movimento de mudança diferente das normas
operacionais, pois traz o acordo interfederativo articulado em três dimensões: Pactos
Pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
53
As três dimensões do Pacto:
• Fortalecimento da
Atenção Básica.
54 PLANEJAMENTO E GESTÃO
7
Aula
CONTRATO ORGANIZATIVO
DE AÇÃO PÚBLICA - COAP
PLANEJAMENTO E GESTÃO
55
Conforme comentamos ao abrir esta disciplina, o SUS continua no caminho da ga-
rantia de acesso universal à saúde da população. Isso teve início a partir da Constituição
Federal, passando pelas leis n. 8080 e n. 8142 e, depois, pelas NOBs, NOAS e Pacto pela
Saúde. Em 2011, chega o Decreto 7.508 para aprimorar os processos implantados pelo
Pacto pela Saúde. Abaixo, segue o resumo da linha do tempo:
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/fevereiro/19/De-
creto-n7508-Miolo.pdf
Você pode achar estranho a regulamentação da lei n. 8080, 21 anos após a sua
promulgação, em 1990, mas este ato tem muita importância. Veja o que fala Lenir Santos
sobre o decreto:
Toda lei que por si só não é suficiente para esclarecer os contudos que
traz, como definir o que é direção única em cada esfera de governo, como
deve se dar a regionalização, a hierarquização de serviços, conforme deter-
mina a Constituição, deve ser objeto de decreto presidencial.
56 PLANEJAMENTO E GESTÃO
de saúde, onde o direito à saúde se efetiva”.
• Região de Saúde
• Portas de Entrada
• Comissões Intergestores
O COAP visa organizar a integração das ações e serviços de saúde que não conse-
guiu alcançar a virtuosidade necessária ante a falta de elementos jurídico-sanitários que
pudessem integrar serviços de modo responsável e mediante negociação federativa,
ínsita ao SUS.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
57
do o que cada um deverá fazer na região. Contrato é Região de Saúde. Só pode assiná-lo
quem a tem. Contrato é espaço de negociação das responsabilidades daquela região.
Os entes desta, na CIR, irão discutir as necessidades de saúde daquela população e irão
pactuar as responsabilidades de cada gestor: o que cada um irá fazer para a população,
o que farão sozinhos e o que farão para atender a população de municípios vizinhos que
não tenham acesso a determinado serviço.
• Atenção Primária
• Urgência e Emergência
• Atenção Psicossocial
Outra questão que o contrato explicita e tenta avançar é a direção da PPI, que, até
os dias de hoje, apresentou fragilidade na programação e execução, o que, para muitos,
representava “uma coisa falsa”, por não refletir a realidade, a necessidade de uma de-
terminada população. Ou seja, a PPI, até hoje, refletia parte do que necessitava os mo-
radores de um município, mas não a real necessidade. O acompanhamento do uso do
recurso no município de referência era praticamente nenhum. Essa fragilidade sempre
foi apontada como problema, mas pouco foi feito. No momento, consideramos que o
COAP pode colaborar com este acompanhamento e avaliação.
Outro ponto é o que se refere ao município de referência ao atender o morador de
outro município. Nesse caso, o município de referência deve ter assegurado o pagamen-
58 PLANEJAMENTO E GESTÃO
to do que for realizado, garantia esta da região, do estado ou da união.
Assim, o contrato traz uma nova cultura do planejamento com foco na necessi-
dade da população, e não mais a partir do recurso disponível. O contrato deve partir da
necessidade de saúde da população e do rateio de recurso. O critério-guia da repartição
de dinheiro é a necessidade de saúde da população.
Participação social no COAP – Pode-se entender que o conselho está acima da CIR.
O conselho deve decidir, junto com o gestor da saúde do município, o planejamento e o
plano de saúde do município, além de aprovar, obrigatória e anualmente, a programação
de saúde.
A CIR discute o como fazer isso. Considerando que as decisões já foram tomadas,
alguns entendem que não é necessário o conselho na CIR. O conselho não participa
porque não é executor. Ele discute políticas e define estratégias. Depois, de posse do
contrato, ele vai acompanhar os objetivos e metas atingidos. Com o contrato na mão, o
conselho pode solicitar a prestação de contas. O contrato não pode estar fora da progra-
mação e do plano. Deve refleti-los. Ele é somente uma maneira de você dar segurança
jurídica a essas negociações.
• Organização do SUS
–Regiões de Saúde
–Hierarquização (Portas de Entrada, Acesso Ordenado, Fluxo)
• Planejamento da Saúde
–Integrado e Regionalizado
–Mapa da Saúde
• Assistência à Saúde
–RENASES
–RENAME
• Articulação Interfederativa
–Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAP)
–Comissões Intergestores (CIT, CIB e CIR)
Resumo
Entre os novos elementos do decreto 7508, destacamos:
PLANEJAMENTO E GESTÃO
59
A Elaboração do COAP
Como apontado na primeira imagem desta disciplina, na linha do tempo, o decreto
7.508/11 radicaliza na proposta de regionalização. Na lei complementar nº 141, de 16 de
janeiro de 2012, o planejamento da saúde é inserido na centralidade da agenda da ges-
tão. O importante aqui é destacar que o processo deve ser ascendente e integrado, do
nível local até o federal, ouvidos os respectivos conselhos de saúde, compatibilizando-se
as necessidades das políticas de Saúde com a disponibilidade de recursos financeiros e o
estabelecimento de metas de saúde.
Para que uma região de saúde conheça as suas necessidades, é necessário que
cada uma faça o seu plano de saúde e que consiga apontar o que poderá ser realizado
no seu território municipal, o que terá necessidade de pactuar na região. Somente assim,
o planejamento da saúde será feito de forma integrada entre as esferas de gestão, reali-
zado no âmbito regional.
Em janeiro de 2012, a CIT (Comissão Intergestores Tripartite) publicou a Resolução
n. 3 que trata das normas gerais e dos fluxos para elaboração do COAP. Dessa resolução,
destacamos dois pontos. O primeiro refere-se ao fato de o COAP estabelecer, para cada
ente signatário (município, estado e união), as responsabilidades organizativas, execu-
tivas, orçamentárias, financeiras e de monitoramento, avaliação de desempenho e au-
ditoria. Em relação ao segundo ponto, especificamente, vale olharmos o artigo n. 5 da
resolução, que apresenta a seguinte estrutura:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cit/2012/
res0003_30_01_2012.html
II. Manter vinculação com as diretrizes do Plano Nacional de Saúde (PNS), onde
houver aplicabilidade, de modo a refletir a implantação das políticas prioritárias, respeita-
do o § 4o do art. 30 da LC n° 141/12.
60 PLANEJAMENTO E GESTÃO
III. Estabelecer rol único de indicadores para pactuação nacional, classificados em
universais e específicos.
VI. Buscar a redução do número de indicadores com base nas premissas dos itens
IV e V.
As 7 (sete) premissas serviram de base para definição de forma tripartite das “Di-
retrizes, Objetivos, Metas e Indicadores 2013 – 2015”, com vistas ao fortalecimento
do Planejamento Integrado do Sistema Único de Saúde e a implementação do Contrato
Organizativo de Ação Pública da Saúde (COAP).
http://portalweb04.saude.gov.br/sispacto/Caderno.pdf
Contratualização Interfederativa
PLANEJAMENTO E GESTÃO
61
Como e quem produzirá o Pactuação das políticas, responsa-
quê? Quais recursos financei- bilidades e financiamento – Con-
ros são necessários? senso interfederativo.
Abaixo, duas figuras, com o desenho dos fluxos de pactuação no âmbito munici-
pal-regional, e o fluxo de pactuação estadual, presentes no material “Diretrizes, Objetivos,
Metas e Indicadores 2013 – 2015”.
FÓRUM DE AVALIAÇÃO
62 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Palavras das Autoras:
Gestores e Gestoras, agora ao término da Unidade 2 esperamos ter contribuído de
alguma forma com aquisição de novos conhecimentos ou mesmo com a troca de co-
nhecimentos e saberes com vocês. Saibam que foi com muita vontade e alegria que nos
unimos na elaboração desse material. Compartilhamos com vocês um pedaço de Brasil
nas palavras de Guimarães Rosa:
Uma coisa é pôr ideias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas,
de carne e sangue, de mil-e-tantas misérias... Tanta gente - dá susto de saber
- e nenhum se sossega: todos nascendo, crescendo, se casando, querendo
colocação de emprego, comida, saúde, riqueza, ser importante, querendo
chuva e negócios bons... De sorte que carece de se escolher: ou a gente
se tece de viver no safado comum, ou cuida de só religião só. Eu podia ser:
padre sacerdote, se não chefe de jagunços; para outras coisas não fui parido.
Guimarães Rosa – Grande Sertão Veredas (2001, p. 31).
PLANEJAMENTO E GESTÃO
63
Bibliografia - Subsídios Jurídicos - Aulas de 6 e 7
1. BRASIL. Congresso Nacional. Constituição Federal. Brasília: Senado Fede-
ral. Consulta em 01/06/2014. Disponível em: http://www.senado.gov.br/legislacao/const/
con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.pdf.
64 PLANEJAMENTO E GESTÃO
12. FIOCRUZ. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Revista RADIS. Re-
portagem: Novo passo na construção do SUS: Acertos e ressalvas no decreto que regula-
menta a Lei 8080, organiza regiões de saúde e cria contratos de metas. Autora: Kátia Ma-
chado. Entrevista de Ligia Bahia à Revista RADIS. Disponível em: http://www6.ensp.fiocruz.
br/radis/revista-radis/109/reportagens/novo-passo-na-construcao-do-sus.
13. ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. 19ª edição. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2001.
14. SILVA, Gilberto Fonte Boa da e SILVA, Mauro Lúcio da Silva. Conselho dos Se-
cretários Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (COSEMS-RJ). A Lei Comple-
mentar n° 141/2012 e o gestor público da saúde. Publicação COSEMS RJ - 2013 - 3ª
edição – Corrigida. Disponível em: http://www.cosemsrj.org.br/images/publicacao_juridi-
ca_cosemsrj_baixa.pdf
PLANEJAMENTO E GESTÃO
65
Outras ofertas da Unidade de Aprendizagem 2
Textos
1. Regulamento dos pactos pela vida e de gestão – Volume 2. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/PactosPelaVida_Vol2RegulamGestao.pdf.
Videoteca
- Planejamento
• https://www.youtube.com/watch?v=Co5clbSVmIU (menino)
• https://www.youtube.com/watch?v=LOyX-vgdQGQ (porquinho)
66 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Rede
Eugenio Villaça Mendes. A APS nas Redes de Atenção à Saúde por Eugênio Vilaça
Mendes.
• Parte 1 - https://www.youtube.com/watch?v=_U9Yx02xwgA
• Parte 2 - https://www.youtube.com/watch?v=JsZ7vBloEqI
• Parte 3 - https://www.youtube.com/watch?v=BndTvyKNDvg
• Parte 4 - https://www.youtube.com/watch?v=ZnTqJ1vekjo
Parte 5 - https://www.youtube.com/watch?v=ayLR-XobsKI
Emerson - https://www.youtube.com/watch?v=Xlax6gYakoo
Gastão - https://www.youtube.com/watch?v=GSkRRgQ1ijg
- Subsídios Jurídicos
PLANEJAMENTO E GESTÃO
67
4. https://www.youtube.com/watch?v=TenG6hxvAls (Emerson Merhy)
Emerson Merhy, UFRJ, fala sobre “Rede Rizomática X Rede Analógica: Os desafios
da construção de redes de cuidados no SUS”. Ele relata a história de um usuário chamado
Deodoro que saiu do Manicômio e voltou a viver em sociedade para explicar os desafios
do cuidado no SUS.
5. https://www.youtube.com/watch?v=rMuTHDQP3lE
Emerson Merhy, professor da UFRJ, participou da Conferência “O que produzimos
de (bem) comum”, no dia 02 de setembro, durante o 13º Congresso Paulista de Saúde
Pública.
8. https://www.youtube.com/watch?v=mmJxZ3mjTWY
Emerson Merhy, na USP, fala sobre Saúde e Direitos na perspectiva do SUS. Profes-
sor Convidado: Emerson Merhy – UFF.
9. https://www.youtube.com/watch?v=Pa0HadRt5ns
Emerson Merhy fala sobre pratica de Cuidado.
10. https://www.youtube.com/watch?v=39S_Ut9nhpo
Gilson de Carvalho fala sobre Financiamento na AB.
CONASS Debate I – Saúde: para onde vai a nova classe média. Disponível em: http://
www.conass.org.br/conassdebate/?page_id=11.
68 PLANEJAMENTO E GESTÃO
Claunara Schelling Mendoça - https://www.youtube.com/watch?v=w9wUqKKV_
is&index=5&list=PLbWxzCpfF_-T4f2BJAt7PgdJhrG0iTqKh.
PLANEJAMENTO E GESTÃO
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