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Balanço energético e produção de lodo em uma ETE do tipo UASB +

biofiltros aerados submersos

Ricardo Franci Gonçalves(1)


a
Engo Civil e Sanitarista - UERJ (1984), Pós-graduado em Eng de Saúde Pública - ENSP /
RJ (1985), DEA - Ciências do Meio Ambiente - Univ. Paris XII, ENGREF, ENPC, Paris
(1990), Doutor em Engenharia do Tratamento e Depuração de Águas - INSA de Toulouse,
França (1993), Professor Adjunto I do Departamento de de Hidráulica e Saneamento e
Coordenador do Programa de Mestrado Engenharia Ambiental da Universidade Federal
do Espírito Santo.

Vancleide Soeiro Bof


Engenhaira civil - UFES (1995), aluna do Programa de Mestrado em Engenharia
Ambiental da UFES desde 1996.

Vera de Lúcia Araújo


Engenheira civil pelo Instituto de Tecnologia de Governador Valadares / MG (1984),
Mestre pelo Programa de Mestrado em Enga Ambiental da Universidade Federal do
Espírito Santo (1997). Engenheira consultora da TECNOSAN (desde 1997).
RESUMO

O balanço energético de uma ETE associando reatores UASB e biofiltros aerados


submersos é apresentado com base em resultados experimentais obtidos durante 11 meses
de operação de uma unidade piloto. Uma comparação da disponibilidade de biogás em
uma ETE convencional, dotada de decantação primária e digestores anaeróbios, é
realizada. A produção de biogás na ETE UASB + BF corresponde a quase que o dobro
daquela relativa à ETE convencional. O reator UASB atua na totalidade da DQO afluente
à ETE (DQO solúvel + DQO particulada), o que não acontece na ETE convencional
(somente a DQO particulada retida no decantador primário e no lodo biológico é
metanizada). A produção de lodo, a demanda de energia para a aeração e o volume
necessário aos reatores componentes das duas configurações são avaliados.

PALAVRAS-CHAVE

Reator UASB, biofiltros aerados submersos, biogás, energia, esgoto sanitário


INTRODUÇÃO

A utilização do biogás produzido em estações de tratamento de esgoto é uma prática


antiga, quase sempre buscando a manutenção de temperaturas adequadas nas unidades de
digestão de lodos (Jordão e Pessoa, 1995). Entretanto, a utilização do biogás em plantas
convencionais tem interesse limitado devido à insuficiência da produção frente à demanda
energética. Nesses casos, a produção limitada de biogás decorre da matéria prima
constituída basicamente pelo lodo primário e pelo lodo biológico, de reduzida
biodegradabilidade (Haandel et Letinga, 1994). Somente a demanda energética da aeração
artificial na etapa aeróbia do tratamento já suplanta a disponibilidade de energia no biogás
produzido nos digestores.

Recentemente, novas propostas de associação de reatores UASB com processos aeróbios


mecanizados ampliam as perspectivas de reuso do biogás na própria ETE (Collivignarelli et
al., 1990; Gonçalves et al., 1994, Haandel et Letinga, 1994; Chernicharo et al., 1996;
Coletti et al., 1996; Gonçalves et al., 1997). Em todas as associações propostas, a
atividade do reator UASB incide sobre a totalidade da matéria orgânica afluente ao
processo (DQO particulada + DQO solúvel).

Gonçalves et al. (1997) propõem uma ETE associando reatores UASB e biofiltros aerados
submersos (BF). Uma comparação com uma ETE com decantadores primários e BFs
(configuração originalmente adotada na Europa) é apresentada na figura 1. Na
configuração convencional, os decantadores primários têm atuação praticamente nula
sobre o compartimento solúvel do substrato carbonáceo do esgoto. O lodo misto neles
formado ainda é banstante instável, requerendo estabilização complementar. Na
configuração proposta, pelo menos 70% do material carbonáceo afluente ao conjunto é
metabolizado anaeróbicamente no UASB. Consequentemente, baixa produção de lodo e
uma significativa economia de energia são vantagens da associação UASB + BF com
relação à configuração original dos Bfs.

Outro aspecto importante a ser salientado são as concentrações de sólidos no lodo


descartado a partir do fundo UASB (> 100 SST/l), muito superiores ao lodo descartado
de um decantador primário. Tais concentrações eliminam a necessidade de uma unidade
complementar de adensamento do lodo. Propõe-se que a digestão anaeróbia do lodo de
lavagem dos BFs seja realizada diretamente nos reatores UASB, através da sua
recirculação para a entrada da ETE. Espera-se, dessa maneira, reduzir as fontes de
emissão de lodo a apenas uma (UASB), produzindo-se lodo altamente concentrado e
mineralizado. Esta possibilidade foi originalmente proposta por Haandel e Lettinga (1994)
e testada com sucesso por Ortega et al. (1996). Nenhum efeito negativo sobre o
desempenho do UASB foi detectado, resultando mesmo no aumento da atividade
metanogênica (de 0,27 a 0,40 gCH4-DQO/gSSVd) e na velocidade de sedimentação (de
16 a 18 m/h) do lodo granular.

O presente trabalho avalia a disponibilidade teórica de energia e a produção de lodo em


uma ETE do tipo UASB + BFs com base em resultados experimentais obtidos durante 11
meses de operação de uma unidade piloto.
Configuração convencional: Configuração proposta:
Decantação primária + Bfs + tratamento completo Reatores UASB + Bfs + desidratação de lodo
de lodo
decantador lodo biofiltros aerados
primário submersos
ET lodo de lavagem
EPT EPT

biofiltros aerados
submersos

ET
digestor digestor
floculante
primário secundário
adensador lodo

reator UASB
cal
centrífuga
agricultura
cal silo de
estocagem
agricultura
silo de floculante
estocagem prensa
desaguadora
EPT = esgoto pré-tratado (gradeamento fino + desarenação)
ET = esgoto tratado (efluente final)

ETE de Perpignan (França) - 160.000 EH

Figura 1 - Configurações convencional e proposta de ETEs com BFs

MATERIAL E MÉTODOS

O aparato experimental foi composto por um reator UASB com 46 litros de volume total
(altura = 5,4 m e diâmetro = 100 mm) e um BF com 7,9 litros (altura = 1,00 m e diâmetro
= 100 mm). O meio granular do BF era flutuante e totalmente submerso, sendo composto
por esferas de poliestireno do tipo S5 com diâmetro efetivo de 3 mm, superfície específica
de 1200 m2/m3 e densidade de 0,04. O suprimento de ar era assegurado por um
compressor marca SCHULZ modelo NISI - 26 VL/60 (1/2 cv) .O ar era injetado na base
do BF e atravessava o leito em fluxo ascendente, em sentido co-corrente com o esgoto. A
vazão de ar no BF foi controlada através de um rotâmetro de marca Cole Parmer, com
escala de leitura de 2550 a 42650 ml/min.

A alimentação com esgoto bruto de características médias, coletado a jusante do pré-


tratamento da ETE de Camburi (160.000 E.H.) - Vitória, foi realizada diretamente no
reator UASB, cujo efluente era submetido continuamente a polimento no BF a jusante
(figura 2).

As operações de manutenção do aparato experimental compreendiam o descarte de lodo


do UASB, quando a altura da manta de lodo assim o exigiu, bem como a rotineira lavagem
do BF para remoção do biofilme em excesso. As lavagens do BF foram realizadas com
frequência de pelo menos 1 lavagem / 72 horas, sendo constituída por diversas descargas
intensas da fase líquida seguidas de injeções de ar e água sob cargas hidráulicas bastante
elevadas (> 45 m3/m2.h).

O período de experimentos teve duração total de 322 dias, durante o qual a carga
hidráulica (e orgânica) foi paulatinamente incrementada sobre o conjunto dos dois reatores
(Tabela 1).

Tabela 1 - Condições Operacionais Adotadas

Etapas TDH (h) Q Carga hidráulica* Duração


UASB BF (l/h) (m3/m2.h)
1 16 0,46 2,8 0,36 64
2 10 0,28 4,6 0,58 74
3 8 0,23 5,7 0,73 39
4 6 0,17 7,6 0,97 77
5 4 0,11 11,5 1,45 68
(*) UASB e BF

O desempenho do conjunto foi monitorado através de amostras compostas durante 24


horas, realizadas 3 vezes por semana sobre a entrada e a saída do UASB e a saída do BF.
Os parâmetros de monitoramento de rotina, determinados segundo o Standard Methods -
AWWA, foram DQO, DBO5, SS, pH, alcalinidade, NTK, N-NH4+, N-NOx e O.D.


UASB biogás
efluente
anaeróbio

biofiltro

o o
o
efluente
final

soprador
o o
o
ar

lodo lodo
Figura 2 - Esquema da planta piloto - associação em série do reator UASB com o BF

Os balanços de massa sobre o substrato carbonáceo, disponibilidade energética e de


produção de lodo foram realizados com base nos resultados apresentados na tabela 2 e em
coeficientes teóricos extraídos da literatura especializada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desempenho do conjunto UASB + BF na remoção de SS, DBO e DQO

O desempenho do reator UASB na remoção de matéria orgânica estabilizou por volta do


130o dia após a partida (figuras 3 e 4). Nesta ocasião, a carga hidráulica aplicada era de 0,8
m3/m2.h ( = 8 h) e o efluente anaeróbio apresentou as seguintes características médias:
SS = 37 mg/l, DQO = 112 mg/l e DBO = 36 mg/l (tabela 2). A eficiência de clarificação do
UASB (73%) concentrou a atuação do BF quase que exclusivamente na remoção de
compostos solúveis do efluente anaeróbio. As cargas orgânicas atingiram valores da ordem
de 4,0 Kg DQO/m3.dia ou 1,2 Kg DBO5/m3.dia no BF, que apresentou eficiências de
remoção de 56 % (DQO) e 72% (DBO5). As características médias do efluente do BF,
correspondendo ao efluente final do conjunto UASB + BF, foram: 10 mg SS/l, 10 mg O2/l
(DBO) e 49 mg O2/l (DQO).

Nos testes realizados com o reator UASB operando com um tempo de detenção hidráulica
() de 6 horas, o desempenho desse reator foi muito semelhante ao observado na etapa
anterior, com as eficiências de remoção atingindo 78% (SS), 76% (DQO) e 87% (DBO5).
O BF recebeu cargas orgânicas médias de 4,9 kg DQO/m3.dia e 1,35 kg DBO5/m3.dia,
produzindo um efluente com rigoroso estado de mineralização: SS = 10 mg/l, DBO5 = 9
mg/l e DQO = 38 mg/l. As eficiências médias de remoção de SS, DBO5 e DQO do
conjunto foram respectivamente 94%, 96% e 91% nessa etapa.

Tabela 2 - Características médias do esgoto bruto e do efluente dos dois reatores durante
as etapas experimentais 3, 4 e 5
Etapa Parâ- n Esgoto UASB BF Global
metro bruto
Média D.P. Média D.P. % Média DP % %
3 SS 14 174 92 37 14,8 73 10 3,4 69 92
DQO 14 463 183 112 23,3 73 49 13,5 56 88
DBO5 14 214 80 36 10 82 9,7 3,3 72 95
4 SS 12 171 59 35 6,5 78 9,8 4,7 72 94
DQO 12 459 95 105 14,4 76 37,8 9,0 64 92
DBO5 12 229 58,4 29 2,5 87 9,4 2,1 68 96
5 SS 18 127 46 30 9,3 74 10,3 4,6 66 92
DQO 18 297 99 88 23 68 49 13,5 44 82
DBO5 18 125 43 21 7 83 9,6 3,4 54 92

Finalmente, os testes realizados com as cargas hidráulicas de 1,45 m3/m2.h ( = 4h) sobre
o UASB objetivaram averiguar o comportamento do conjunto em uma situação de colapso
da etapa anaeróbia. Tomou-se como parâmetro balizador um  < 5 horas, apontado por
vários pesquisadores como o mínimo recomendável para que se mantenha uma atividade
de metanização adequada no UASB (Vieira et Garcia Jr.,1992; Van Haandel et Lettinga,
1994). Entretanto, o comportamento do reator UASB permaneceu estável e muito
semelhante aos apresentados nas etapas 3 e 4. Mesmo com as cargas orgânicas médias
sobre o BF atingindo 6,15 kg DQO/m3.dia e 1,47 kg DBO5/m3.dia, as eficiências de
remoção mantiveram-se bastante elevadas e o efluente final apresentou concentrações de
10,3 mg SS/l, 49 mg O2/l (DQO) e 9,6 mg O2/l (DBO5).

As lavagens do BF foram realizadas com frequência de pelo menos 1 lavagem / 72 horas,


através de diversas descargas intensas da fase líquida seguidas de injeções de ar e água sob
cargas hidráulicas bastante elevadas (> 45 m3/m2.h). A taxa de evolução da perda de carga
foi de 1,5 cm/dia, valor muito inferior aos característicos em ETEs com decantadores
primários e Bfs (5 cm/h) (Gonçalves et al., 1992).

RW UASB BF RW UASB BF

450 1000 1 4 5
1 5 2 3
2 3 4
900
400
800
350

C O D (mgO 2 / l )
700
300
600
SS (mg / l)

250 500
200 400
150 300

100 200
100
50
0
0 7 32 57 82 107 132 157 182 207 232
7 32 57 82 107 132 157 182 207 232
Time(d ) Time ( d )

Figura 3 - Concentrações de SS no esgoto Figura 4 - Concentrações de DQO no esgoto


bruto, no efluente do UASB e no do BF bruto, nos efluentes do UASB e do BF

Estimativa da produção de biogás / produção de lodo / demanda energética

O balanço de massa sobre o substrato carbonáceo foi realizado nas duas configurações de
ETE apresentados na figura 1, com o objetivo de comparar a produção de lodo, de biogás
e a demanda energética. Os resultados médios de desempenho dos processos e de
qualidade de afluente e efluente obtidos na fase 3 desta pesquisa foram utilizados nesse
intuito. Para melhor relacionar com a realidade, todos os cálculos foram feitos para uma
ETE com capacidade de 25.000 Eq. Hab. As premissas de base utilizadas nos cálculos
foram as seguintes:

Dados em comum às duas configurações:


- Capacidade da ETE: População = 25.000 E.H., Qmed = 46,3 l/s
- Carga volumétrica nominal de dimensionamento dos BFs = 3,0 kg DBO5/m3.dia (20 oC)
- Produção de lodo no BF: Yobs = 0,4 kg ST/ kg DQO removido.
- Relação entre DQO e sólidos totais no lodo dos BFs = 1,15 mg DQO/mgSS.
- Produção relativa de metano = 0,25 kg CH4/ kg DQO removido.
- Demanda específica de ar nos BFs = 30 Nm3 / kg DBO5 removido.
- Eficiência de um motor a combustão = 20%

ETE - Configuração original: Decantação primária + BFs


- Tempo de detenção hidráulica nos decantadores:  = 2 h
- Eficiência da decantação primária: DQO = 30%, DBO5 = 30% e SS = 60%
- Lodo do BF é digerido em digestores anaeróbios juntamente com o lodo primário.
- Eficiência do digestor anaeróbio na remoção de SV do lodo dos BFS = 50%.
- Tempo de detenção hidráulica nos digestores anaeróbios:  = 25 dias
- Relação entre DQO e sólidos totais no lodo primário = 1,25 mg DQO/mgSS.
- Qualidade do efluente dos Bfs idêntica à descrita na tabela 2 (fase 3)
- Eficiência do digestor anaeróbio na remoção de SV do lodo primário = 70%.

ETE - Configuração proposta: UASB + BFs


- Lodo dos BFs é digerido no UASB.
- Eficiência do digestor anaeróbio na remoção de SV do lodo dos BFS = 50%.
- Produção de lodo no UASB: Yobs = 0,15 kg ST / kg DQO removido.
- Tempo de detenção hidráulica:  = 8 h

Os resultados obtidos são resumidos na tabela 3. Os resultados do balanço de massa


indicam que a produção de lodo (ST) é aproximadamente 50% superior na configuração
convencional com relação à configuração proposta. Tal fato decorre da maior importância
dos biofiltros na oxidação do material carbonáceo na primeira configuração. O crescimento
das bactérias aeróbias é muito maior do que os das bactérias anaeróbias. Em decorrência
da menor eficiência dos decantadores primários sobre o substrato carbonáceo, a demanda
de aeração nos BFs é quase 4 vezes maior do que na configuração proposta. Também o
volume de BFs é muito menor na configuração proposta, devido ao importante
desempenho do reator UASB na remoção de DQO.

A produção de metano é 54% superior na configuração proposta, também em decorrência


da atuação do UASB sobre a totalidade da DQO afluente ao processo (DQO total = DQO
particulada + DQO solúvel). Na configuração original, o decantador primário só atua
sobre a DQO particulada sedimentável no período de 2 horas.

Tabela 3 - Comparação entre a configuraçoes original e proposta (fig.1): Produção de


lodo, de biogás, demanda de aeração e volume dos reatores para ETE - Pop = 25.000 EH.

Configuraçã Configuraçã Original /


o original o proposta Proposta (%)
Volumes Decantador = 300 UASB = 1200
(m3) BFs = 233 BFs = 90
Adensador = 96
Digestores = 550
Vol. total = 1180 1290 91
Produção lodo 310 237 129
(Kg ST/dia)
Potência necess. 49 14 361
aeração (kW)
Demanda de 13.943 3080 453
ar (Nm3/dia)
Produção de 174 320 54
metano (kg/d)

A grande disponibilidade de metano na configuração proposta supre com fartura a


demanda de energia devido à aeração nos biofiltros. Considerando que a aeração será
realizada por sopradores movidos a motores de combustão, adaptados ao biogás, estimou-
se uma eficiência de conversão de energia de 20% nos motores. Ainda assim, a potência
disponível (31,1 kW) é mais do que o dobro da demanda energética da aeração (13,7 kW).
No caso da configuração original, a potência disponível devido ao gás metano(16,9 kW)
atende a apenas 34% da demanda de energia na aeração dos BFs (49,4 kW).

A disponibilidade de biogás na configuração proposta abre opções para redução do


consumo de energia externa à ETE (sobretudo na aeração). Outra possibilidade
interessante a ser avaliada em 1998, nas pesquisas realizadas pela UFES, é a utilização do
biogás na secagem e higienização via pasteurização do lodo excedente do tratamento.

CONCLUSÃO

Os balanços energético e de produção de lodo de uma ETE associando reatores UASB e


biofiltros aerados submersos foram apresentados com base em resultados experimentais
obtidos durante 11 meses de operação de uma unidade piloto.

Tendo como referência o UASB, as seguintes cargas hidráulicas foram testadas: 0,4
m3/m2.h ( = 16 h); 0,6 m3/m2.h ( = 10 h); 0,8 m3/m2.h ( = 8 h); 1,0 m3/m2.h ( = 6
h) e 1,45 m3/m2.h ( = 4h). Nos testes realizados com o reator UASB operando com um
tempo de detenção hidráulica () de 6 horas, correspondendo a um  < 11 minutos no
meio granular do BF, as eficiências médias de remoção de SS, DBO5 e DQO do conjunto
foram respectivamente 94%, 96% e 91%. O efluente final , correspondendo ao efluente do
BF, apresentou rigoroso estado de mineralização, com as seguintes características médias:
SS = 10 mg/l, DBO5 = 9 mg/l e DQO = 38 mg/l.

Uma comparação da disponibilidade de biogás em uma ETE convencional, dotada de


decantação primária e digestores anaeróbios, foi realizada. A produção de biogás na ETE
UASB + BF corresponde a quase que o dobro daquela relativa à ETE convencional. O
reator UASB atua na totalidade da DQO afluente à ETE (DQO solúvel + DQO
particulada), o que não acontece na ETE convencional (somente a DQO particulada retida
no decantador primário e no lodo biológico é metanizada).

A grande disponibilidade de metano na configuração proposta abre opções para redução


do consumo de energia externa à ETE (sobretudo na aeração). Outra possibilidade
interessante a ser avaliada em 1998, na ETE experimental da UFES, é a utilização do
biogás na secagem e higienização via pasteurização do lodo excedente do tratamento.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio operacional e laboratorial prestado pela CESAN durante


toda a pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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