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EXPERIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE FILTRO AERÓBIO DE BRITA

DE BAIXA TAXA APLICADO AO TRATAMENTO DE LIXIVIADOS


PREVIAMENTE TRATADOS ANAEROBICAMENTE

Eduardo Fleck
Engenheiro do DMLU/PMPA
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Francisco Ricardo Andrade Bidone


Professor Adjunto do Instituto de Pesquisas Hidráulicas/UFRGS.
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RESUMO
A pesquisa conduzida com filtro aeróbio de baixa taxa tratando lixiviados com elevada
estabilidade anaeróbia demonstrou desempenho satisfatório da unidade operando a uma taxa
de aplicação superficial de 0,063 m3/(m2.d), obtendo-se remoções de 53,17% de NTK, de
46,12% de nitrogênio (todas as formas), de 36,01% de DBO5, de 2,27% de DQO, de 32,02%
de alcalinidade e de 25,22% de ácidos graxos voláteis, a partir de processos de stripping e
ação de organismos autotróficos e heterotróficos, registrando-se elevação do pH dos
lixiviados após em virtude da aplicação. A elevação da taxa superficial a 0,084 m3/(m2.d)
ocasionou lavagem do filtro e desestabilização do processo.

ABSTRACT
Research with low rate trickling filter treating leachate with high anaerobic stability
points out to a satisfactory unit performance when working at 0.063 m3/(m2.day), obtaining
removal efficiencies of 53.17% to TKN, 46.12% to total nitrogen (all forms), 36.01% to
BOD5, 2.27% to COD, 32.02% to alkalinity and 25.22% to volatile acids as result of stripping
and autotrophic and heterotrophic organisms processes, with effect of leachate pH increasing.
Increasing rate to 0.084 m3/(m2.day) caused filter washout and loss of process stability.

1. INTRODUÇÃO
A aplicação de processo biológico anaeróbio ao tratamento dos lixiviados brutos é, do
ponto de vista técnico-econômico, procedimento consagrado, por prover remoções de matéria
orgânica da ordem de 80% ou superiores sem custo operacional. Todavia, após o esgotamento
dos substratos metabolizáveis anaerobicamente, a continuidade do tratamento biológico
somente poderá dar-se com a utilização de oxigênio molecular como aceptor de elétrons e
participação de organismos aeróbios e facultativos, que, além de compostos carbonáceos,
poderão oxidar também a amônia, abundante nos lixiviados, segunda principal demanda a
tratar. Os filtros biológicos aeróbios, ao lado dos biodiscos rotativos, constituem-se nos mais
importantes sistemas aeróbios de tratamento com crescimento biológico aderido aplicados ao
tratamento de esgotos. Em vista da quase ausência de resultados reportando sua performance
aplicada ao tratamento de lixiviados, uma pesquisa neste sentido foi empreendida utilizando
uma unidade experimental operada no sentido de maximização da nitrificação, dentro de um
convênio de pesquisa firmado entre o Departamento Municipal de Limpeza Urbana da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre e o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS. O
presente trabalho reportará os principais aspectos e conclusões da pesquisa.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os filtros aeróbios consistem em leitos dotados de meio suporte com grande área
específica, onde filmes biológicos desenvolvem-se aderidos, e por espaços vazios por onde
ocorre a passagem do líquido a tratar e do oxigênio necessário aos processos biológicos
oxidativos. As condições aeróbias são mantidas (1) a partir da prática de trabalho em ciclos de
operação e repouso ou (2) a partir de sistemática de funcionamento que permita aeração
contínua do meio, para permitir o crescimento de biomassa aderida que promove o tratamento
através da adsorção e metabolismo das cargas orgânica e nitrogenada. Processos de
biossorção de metais e outros compostos refratários também são efetivos nessas unidades.
Uma configuração típica de um filme constituído de uma zona aeróbia, uma anaeróbia e uma
endógena já em formação devido ao espessamento do filme é apresentada na Figura 1.

Figura 1 - Representação esquemática de biofilme aderido


típico de um filtro aeróbio

Segundo BISHOP et al. (1995), os biofilmes consistem em um aglomerado de células


vivas e mortas associadas a uma matriz de polissacarídeo extracelular aderido a uma
superfície. Os principais organismos constituintes da comunidade biológica do filme são as
bactérias facultativas, portanto, os biofiltros aeróbios são na verdade dispositivos de caráter
facultativo e não aeróbio estrito (PASTANA FILHO et al., 1973). Além dos organismos
facultativos, o ecossistema filtro biológico é composto por bactérias aeróbias e anaeróbias,
fungos, protozoários, algas, vermes nematóides e larvas de insetos (METCALF e EDDY,
1991). Mesmo algas podem desenvolver-se junto á superfície livre do filtro, se houver
insolação (PASTANA FILHO et al., 1973). A nitrificação é obtida pela presença dos gêneros
Nitrosomonas e Nitrobacter.
Devido à dificuldade de trabalhar-se com o equacionamento resultante da modelagem
matemática do processo, especialmente em tratando-se de leitos de pedras ou outras unidades
irregulares, equações empíricas foram propostas para permitir o dimensionamento dos filtros
aeróbios, como a famosas equações propostas pelo National Research Council para o
dimensionamento de filtros aeróbios de brita. Contudo, as pesquisas neste sentido voltaram-se
sobretudo ao tratamento de esgoto sanitário, não aplicando-se, necessariamente, seus
resultados a outras águas residuárias, tais como os lixiviados de aterros.
Uma unidade aeróbia aclimatada ao afluente apresentará uma biomassa composta por
frações relativas de organismos autotróficos e heterotróficos dependentes da razão entre as
concentrações dos substratos (relação DBO5/NTK). Uma coleção de parâmetros
experimentais extraídos de METCALF e EDDY (1991) para constituição e operação de um
filtro visando maximização da nitrificação é apresentada na Tabela 1

Tabela 1 – Parâmetros para operação de filtro aeróbio com nitrificação maximizada


Parâmetro/Característica Valor/Definição
Meio Filtrante Pedra
Carga Superficial Aplicada [m3/(m2.d) = m/d] 1,17-3,52
Carga Orgânica Aplicada [kgDBO/(m3.d)] 0,096-0,048
Profundidade (m) 1,8-2,5
Razão de Recirculação 0
Alimentação Intermitente

Quando o filtro é desprovido de sistema de aeração forçada (ventiladores) a aeração dá-


se por convecção, devido à diferença de temperaturas entre o ar atmosférico e o interno ao
filtro, que adquire temperatura próxima à do líquido a tratar, com o qual mantém íntimo
contato. Se o afluente for alimentado pela seção superior do filtro, no inverno, quando o
líquido tende a apresentar-se mais quente do que o ar haverá um fluxo convectivo de ar para
cima, da abertura inferior para a superfície livre, ao contrário do que ocorre no verão. Iguais
temperaturas do afluente e do ar externo acarretam estagnação de ar saturado internamente,
empobrecendo a oxigenação (PASTANA FILHO et al., 1973).
METCALF e EDDY (1991), indicam a conveniência da inserção de drenos de ar
verticais no leito ocupando 0,4% da seção para filtros tratando esgoto, no sentido de
incrementar a troca de gases.

3. METODOLOGIA
O filtro aeróbio experimental foi construído em polietileno, apresentando 0,55 m de
diâmetro e 1,92 m de altura. O material utilizado como meio suporte foi a pedra britada nº 3.
O reator foi construído com um fundo falso, sito 0,30 m acima do fundo verdadeiro. Para
permitir o fluxo de ar foram executadas seis aberturas circulares de 65 mm de diâmetro na
porção inferior lateral da torre. Para a melhoria da aeração foram utilizados dois tubos
plásticos corrugados perfurados de 65 mm de diâmetro interno (aproximadamente 0,0033 m2
de seção), inseridos verticalmente no leito, com extremidades abertas para a superfície e para
o dreno de base. A distribuição do afluente executou-se superiormente, através de um sistema
com seis canos distribuidores de PVC perfurados. O biofiltro experimental, construído com as
dimensões supra-mencionadas apresentou 0,237 m2 de área superficial e 1,62 m de altura de
leito. O volume total do leito de pedra britada correspondeu, portanto, a aproximadamente
0,385 m3. A seção aberta total para fluxo de ar, constituída pelos tubos corrugados perfurados
inseridos no leito totalizou 0,0066 m2, correspondendo a pouco menos de 2,33% da área
superficial total. O índice de vazios da pedra britada nº 3 é de aproximadamente 50%. Assim
o reator apresentou um volume total de vazios de 0,19m3 disponível para a passagem do
lixiviado a tratar e do ar. Estima-se uma superfície específica para o crescimento aderido
superior a 40 m2, e uma massa total de leito de pedras de aproximadamente 500 kg. A Figura
2 apresenta esquematicamente um corte longitudinal do filtro aeróbio experimental.
Figura 2 – Representação em corte do filtro aeróbio
experimental

A aclimatação do biofiltro aeróbio foi executada em duas etapas: (1) durante 67 dias
utilizando gotejamento contínuo (24 h/d), a reduzida vazão (<60 L/d), de lixiviado com
elevado grau de estabilização anaeróbia e (2) durante 27 dias com aplicação de 60 L/d por
gotejamento de lixiviado da mesma fonte durante cerca de 10 min

4. RESULTADOS
Em uma fase preliminar dos trabalhos com o filtro aeróbio, procederam-se aplicações de
lixiviados com elevado grau de estabilização aeróbia aplicando-se taxas entre 0,084-0,608
m3/(m2.d), que corresponderam a cargas orgânicas aplicadas de 0,064-0,531 kgDBO5/(m3.d),
monitorando-se afluentes e efluentes. Enquanto que as taxas superficiais utilizadas
apresentaram-se em uma faixa efetivamente inferior à mínima preconizada na bibliografia, as
cargas orgânicas aplicadas, em sua maioria, propositadamente excederam o limite superior
indicado. Embora os volumes de lixiviados utilizados durante a fase procedessem da mesma
fonte, verificaram-se importantes variações na composição de tal afluente ao longo do
período, o que resultou em diferentes cargas orgânicas aplicadas em períodos de utilização de
uma mesma taxa superficial. O pH dos afluentes variou entre 7,9 e 8,5; a DBO5, muito
variável, apresentou mínima de 430 mgO2/L e máxima de 3270 mgO2/L (média: 1682
mgO2/L); a DQO apresentou mínima de 2010 mgO2/L e máxima de 6480 mgO2/L (média:
5002 mgO2/L). Muito mais constantes foram as concentrações de NTK do afluente (1880-
2900 mgN/L, média: 2612 mgN/L), e, portanto, as cargas nitrogenadas aplicadas dentro de
uma mesma taxa volumétrica.
As vazões utilizadas para aplicação de lixiviado ao filtro aeróbio foram mantidas entre
aproximadamente 0,3 e 0,5 L/min. Desta maneira os tempos totais de aplicação variaram entre
1,6 h e 5 h. Após encerrada cada aplicação, coletavam-se os volumes efluentes durante
aproximadamente 2,5 h, quando a vazão instantânea de saída era virtualmente inferior a 100
mL/h, considerando-se o volume recuperado como qualitativamente representativo de todo o
volume efluente até a vazão de saída nula. A fase preliminar indicou a conveniência da
adoção de taxas superficiais não superiores a 0,084 m3/(m2.d) para operação estável do filtro.
A fase efetiva da pesquisa utilizou lixiviados tratados em filtros anaeróbios, com
elevado grau de estabilidade anaeróbia. Tendo em vista os resultados obtidos na fase
preliminar e as concentrações médias de matéria orgânica biologicamente estabilizável
aerobicamente em cinco dias (DBO5) dos lixiviados efluentes dos reatores anaeróbios, três
taxas volumétricas de aplicação, 0,042, 0,063 e 0,084 m3/(m2.d), foram testadas, buscando-se
não exceder carga orgânica aplicada de 0,1 kgDBO5/(m3.d), o que na prática foi obtido. O
monitoramento de afluentes e efluentes somente foi executado, quando da utilização de cada
taxa superficial e de cada carga orgânica, após aclimatação do filtro experimental a tais
parâmetros de aplicação. A Tabela 2 apresenta esquematicamente os trabalhos da fase efetiva.

Tabela 2 – Resumo dos trabalhos executados na fase efetiva da pesquisa


Taxa de aplicação superficial [m3/(m2.d)] 0,042 0,063 0,084
Volume diário de lixiviado aplicado (L) 10 15 20
Número de aplicações monitoradas 6 6 6
Período de aplicação (d) 42 42 32
Relação DBO5/NTK afluente (mgO2/mgNTK) 0,50-0,92 0,36-1,07 0,18-0,62
Carga orgânica aplicada [kgDBO5/(m3.d)] 0,028-0,051 0,028-0,088 0,018-0,064
Carga orgânica aplicada [kgDQO/(m3.d)] 0,071-0,089 0,105-0,163 0,105-0,137
Carga amoniacal aplicada [kgNH4+-N/(m3.d)] 0,051-0,054 0,070-0,078 0,084-0,099
Carga nitrogenada aplicada [kgNTK/(m3.d)] 0,055-0,059 0,079-0,114 0,095-0,146

As temperaturas de trabalho, funções das temperaturas ambientes, mantiveram-se na


faixa de 11ºC a 35ºC. O trabalho com as duas menores taxas superficiais produziu
estabilidade de condições operacionais, o que não ocorreu quando da utilização da taxa de
0,084 m3/(m2.d), apresentando esta remoções negativas para DBO5, DQO e AGV, elevação
média da alcalinidade, o que verificou-se ser decorrente de lavagem do filtro em função da
taxa superficial aplicada incompatível com o processo.
Ao contrário do que é esperado, em função do processo consumir alcalinidade, para a
grande maioria das aplicações nas três taxas utilizadas verificou-se pH dos efluentes
superiores aos dos afluentes. SPENGEL e DZOMBAK (1991) operando com biodiscos
rotativos (aeróbios) obtiveram o mesmo efeito, que justificam pela transferência de parte do
dióxido de carbono dissolvido existente no lixiviado para a atmosfera, onde o mesmo
apresenta-se em inferior pressão parcial. Em um sistema de fluxo turbulento como o filtro
aeróbio experimental podem-se esperar perdas substanciais da acidez presente no lixiviado na
forma de CO2 por processo de stripping.
A Tabela 3 apresenta as eficiências de remoção e características médias de afluentes e
efluentes referentes às aplicações das duas taxas superficiais em que o sistema operou em
condições de estabilidade.
É difícil determinar-se as participações relativas dos processos de stripping de amônia e
nitrificação-desnitrificação nas remoções efetivas de nitrogênio ocorridas no filtro biológico,
visto que para isso seria necessário um balanço de massa que contemplasse a fase gasosa ao
longo de cada aplicação, verificando-se as variações de N2 e NH3, o que seria deveras
complicado ou mesmo impossível nas condições experimentais. O forte odor amoniacal
sentido sobretudo na porção superior do biofiltro quando das aplicações aponta que a remoção
de gás amônia (NH3) do sistema pode ter sido um processo muito efetivo, ainda que este
registro detenha valor puramente subjetivo. Por outro lado, os consumos de alcalinidade
verificados são deveras superiores aos teoricamente demandados para as elevações das
concentrações de nitratos e nitritos nos efluentes, indicando a possibilidade de haver ocorrido
desnitrificação de grande parcela das formas inorgânicas de nitrogênio efetivamente geradas
por oxidação da amônia. FERREIRA (2000) salienta que o processo de desnitrificação de 1
mg de nitrato produz alcalinidade correspondente a 3,57 mgCaCO3, portanto, considerando-se
um consumo de 7,07 mgCaCO3 por miligrama de nitrogênio amoniacal oxidado a nitrato,
tem-se o efeito líquido de consumo de 6,26 mgCaCO3 por miligrama de nitrogênio removido
do sistema por nitrificação-desnitrificação. A Figura 3 apresenta uma plotagem das
concentrações de alcalinidade consumidas quando das aplicações de lixiviados utilizando as
duas taxas superficiais que produziram estabilidade do sistema versus (1) nitrogênio
convertido às formas inorgânicas sem posterior desnitrificação, (2) nitrogênio removido do
sistema pela soma dos mecanismos nitrificação-desnitrificação e stripping de amônia e (3)
nitrogênio que teoricamente seria removido em função dos rebaixamentos de alcalinidade
verificados. Observa-se claramente que, (1) via de regra, os consumos de alcalinidade foram
muito superiores aos teoricamente necessários para a produção das formas inorgânicas de
nitrogênio presentes nos efluentes; (2) as remoções de NTK foram superiores às que
teoricamente seriam obtidas unicamente por processo combinado de nitrificação-
desnitrificação em função de alcalinidade consumida, portanto realmente houve stripping de
amônia; (3) as remoções efetivas de nitrogênio do sistema, ou seja, remoções de NTK
subtraindo-se formas inorgânicas de nitrogênio presentes nos efluentes, foram em 50% das
aplicações, superiores às previstas teoricamente em função de alcalinidade consumida, o que
respalda a conclusão de que houve stripping de amônia. Portanto, há fortes indícios de que
ambos os mecanismos, nitrificação-desnitrificação e stripping de amônia tenham sido muito
efetivos ao longo da operação do filtro biológico aeróbio experimental.

Tabela 3 – Remoções médias obtidas e características médias dos afluentes e efluentes


relativos às taxas superficiais que promoveram condições estáveis do sistema
Taxa de Aplicação Superficial: 0,042 m3/(m2.d) 0,063 m3/(m2.d)
Eficiências Médias de Remoção
Remoção de DBO5 42,73% 36,01%
Remoção de DQO -6,33% 2,27%
Remoção de NTK 48,61% 53,17%
Remoção de Nitrogênio Amoniacal 49,90% 50,64%
Remoção de Nitrogênio Orgânico 27,85% 55,07%
Remoção de Nitrogênio Total* 49,28% 46,12%
Remoção de Alcalinidade 36,66% 32,02%
Remoção de AGV 13,31% 25,22%
Características Médias dos Afluentes e Efluentes
Afluente Efluente Afluente Efluente
DBO5 (mgO2/L) 1412 793 1602 953
DQO (mgO2/L) 3071 3257 3567 3451
pH** 8,3 8,5 8,4 8,8
ÁGV (mgÁc. Acético/L) 1202 927 992 740
NTK (mgN/L) 2173 1115 2217 1021
Nitrogênio Amoniacal (mgN/L) 1997 1000 1875 919
Nitrogênio Orgânico (mgN/L) 177 115 342 102
Nitratos (mgNO3-/L) 17,6 46,5 18,7 183,8
Nitritos (mgNO2-/L) 0,02 425 0,04 363,5
Alcalinidade (mgCaCO3/L) 11993 7603 9882 6767
Relação DBO5/DQO 0,46 0,24 0,44 0,28
*contemplando todas as formas nitrogenadas, inclusive nitratos e nitritos;
**média dos valores de pH dos efluentes, não correspondendo ao co-logarítmo da média das concentrações de hidrônio dos
efluentes.
Figura 3 - Plotagem das remoções de alcalinidade verificadas versus remoção teórica de
nitrogênio por nitrificação-desnitrificação, versus nitrogênio convertido a
formas inorgânicas, versus nitrogênio efetivamente removido do sistema e
versus remoção de NTK [taxas 0,042 e 0,063 m3/(m2.d)]

No sentido da avaliação dos resultados obtidos, pode-se verificar que a utilização de


filtro aeróbio de baixa taxa ao tratamento de lixiviados previamente tratados anaerobicamente
pode tornar-se uma opção bastante interessante, principalmente para baixas vazões, caso de
regiões secas, permitindo remover-se efetivamente a metade da carga nitrogenada e
percentual significativo da matéria carbonácea refratária ao processo anaeróbio. Tanto os
filtros aeróbios quanto os filtros anaeróbios que precederam a unidade utilizada na pesquisa
podem ser construídos utilizando-se materiais baratos, abundantes e mesmo residuais, e uma
vez construídos e aclimatados podem operar sem nenhuma energia associada, sem
necessidade de manutenção ou operação especializada. A combinação das duas tecnologias
em série aplicadas a lixiviados brutos produziu remoções de DBO5 de até 86,5%, de DQO de
até 72,9%, de NTK de até 53,2% e de NTK e nitrogênio (todas as formas) de até 46,1%.

5. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

FLECK, Eduardo. 2003. Sistema integrado por filtro anaeróbio, filtro biológico de baixa
taxa e banhado construído aplicado ao tratamento de lixiviado de aterro sanitário.
Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, Dissertação de Mestrado, 344p.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BISHOP, P.L.; ZHANG, T.C.; FU, Y.C. 1995. Effects of biofilm structure, microbial
distributions and mass transport on biodegradation processes. Water Science Technology,
Vol. 31, n.1, p.143-52.
FERREIRA, E.S. 2000. Cinética química e fundamentos dos processos de nitrificação e
denitrificação biológica. In: XXVII CONGRESSO INTERAMERICANO DE
ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, Anais. Porto Alegre, dezembro/2000.
25p.
METCALF & EDDY, Inc. 1991. Wastewater Engineering. Treatment, disposal, reuse.
3rd Edition. Singapore: McGraw-Hill. 1334 p.
PASTANA FILHO, A.P.; DA CRUZ, A.L., GONÇALVES, D. 1973. Aspectos biológicos do
filtro biológico. Revista DAE (93), ano XXXIII, SABESP: São Paulo, 1973. p.84-96.
SPENGEL, D.B.; DZOMBAK, D.A. 1991. Treatment of landfill leachate with rotating
biological contactors: bench-scale experiments. Research Journal of Pollution Control
Federation, 63. p.971-81.

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