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Renato Borelli
Juiz Federal do TRF1. Foi Juiz Federal do TRF5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor público
e assessorou Desembargador Federal (TRF1) e Ministro (STJ). Atuou no CARF/Ministério da Fazenda como
Conselheiro (antigo Conselho de Contribuintes). É formado em Direito e Economia, com especialização em
Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica.
DIREITO PENAL
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3ª RODADA DE QUESTÕES NC-UFPR
Direito Penal e Direito Processual Penal
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Direito Penal e Direito Processual Penal
d. Se o Tribunal der provimento ao recurso interposto pelo Ministério Público por entender
nula a decisão de 1ª instância, o acórdão valerá pelo recebimento da denúncia.
e. Se o juiz de 1ª instância se retratar, por simples petição o denunciado pode requer que
os autos subam à 2ª instância para julgamento, consequência natural do efeito regres-
sivo do recurso em sentido estrito.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
GABARITO
DIREITO PENAL
1. b
2. e
3. d
4. d
5. b
1. c
2. c
3. c
4. a
5. d
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Direito Penal e Direito Processual Penal
GABARITO COMENTADO
DIREITO PENAL
Letra b.
Na situação narrada, foi praticado o crime de homicídio doloso por omissão (tipo omissivo
impróprio).
Preliminarmente, destaca-se que a mulher, ao comprometer-se a cuidar da criança, colocou-
se na posição de garante, assumindo o dever jurídico de zelar pela integridade física do
menor. Tal incumbência decorre do disposto no art. 13, § 2º, “b”, do CP, que assim determina:
Art. 13, § 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a. tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b. de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c. com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Quanto aos crimes omissivos impróprios, também chamados de comissivos por omissão ou
omissivos qualificados, eles fundamentam-se um num tipo penal possuidor de uma norma
de natureza proibitiva, isto é, em tipos penais que preveem um comportamento positivo
(comissivo) o qual precisa ser praticado para configurar o ilícito. Ocorre que, nos ilícitos
omissivos impróprios, em que se pese o agente não tenha atuado de maneira comissiva,
mas omissiva, como gozava do status de garantidor, aplica-se a norma de extensão prevista
no § 2º do art. 13 do Código Penal, devendo o agente responder pela sua omissão como se
tivesse atuado de maneira comissiva. É por tal motivo que se fala na prática de um crime
comissivo por omissão.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Letra e.
A teoria da relação causal adotada como regra pelo Código Penal brasileiro é a teoria da
equivalência dos antecedentes causais (equivalência das condições), consoante indica o
art. 13, caput, do Código Penal, in verbis:
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Assim, considera-se causa a ação ou a omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Isso significa que todos os fatos antecedentes ao resultado e sem os quais este não teria
ocorrido da forma e no momento em que ocorreu se equivalem, devendo ser considerados
causa.
Aponta-se, porém, que o próprio Código Penal previu uma exceção no seu art. 13, § 1º,
no qual adotou a teoria da condição qualificada ou individualizadora (teoria da causalidade
adequada), que será aplicada as causas relativamente independentes supervenientes que
por si só produzem o resultado.
Art. 13, § 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por
si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Letra d.
Configura crime de PREVARICAÇÃO a ação de “retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal”, nos termos do art. 319 do Código Penal:
Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei n. 11.466, de 2007).
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Letra d.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a prati-
car, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 10.763, de
12.11.2003)
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o fun-
cionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Obs.: Caso o Secretário deixasse de responsabilizar o servidor, por mera indulgência (per-
dão, clemência, tolerância) teria praticado o crime de condescendência criminosa, de
acordo com o art. 320 do CP:
1
MASSON, Cleber. Direito penal: parte especial arts. 213 a 359-h. 8. ed. São Paulo: Forense, 2018
2
MASSON, Cleber. Direito penal: parte especial arts. 213 a 359-h. 8. ed. São Paulo: Forense, 2018
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Condescendência criminosa
Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infra-
ção no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
autoridade competente:
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Letra b.
A partir do disposto no Código Penal, temos que se consideram vulneráveis, para fins de
tipificação do crime de estupro de vulnerável:
a. Os menores de 14 anos, conforme o art. 217-A, caput, do CP;
b. Aqueles que, por deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, conforme o art. 217-A, § 1º, do CP; e
c. Aqueles que, por qualquer outra causa, não podem oferecer resistência, conforme o art.
217-A, § 1º, do CP.
Correta, portanto, a alternativa D!
Façamos a leitura do art. 217-A:
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
(Incluído pela Lei n. 12.015, de 2009)
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei n. 12.015, de 2009)
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por en-
fermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei n. 12.015,
de 2009)
§ 2º (VETADO) (Incluído pela Lei n. 12.015, de 2009)
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei n. 12.015, de 2009)
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei n. 12.015, de 2009)
§ 4º Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei n. 12.015, de 2009)
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei n. 12.015, de 2009)
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente
do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.
(Incluído pela Lei n. 13.718, de 2018)
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Letra c.
A sequência correta, de cima para baixo, é F – V – F – F!
Afirmativa 1: falsa! O Deputado Estadual do Paraná deverá ser processado e julgado pelo
TRIBUNAL DO JÚRI (e não pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná!).
Isso porque o STF, no julgamento de questão de ordem na Ação Penal n. 934, fixou tese
de que o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.
Tendo em vista que o homicídio de um adversário político é ilícito que não guarda pertinência
com as funções atribuídas a um Deputado, deverá prevalecer a competência do Tribunal do
Júri, que é, via de regra, o órgão responsável pelo julgamento dos crimes dolosos contra a
vida, e não o foro privilegiado perante o Tribunal de Justiça doEstado do Parará.
EMENTA: III. Conclusão 6. Resolução da questão de ordem com a fixação das seguintes teses: (i)
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício
do cargo e relacionados às funções desempenhadas; e (ii) Após o final da instrução processual,
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Súmula 521-STF. O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob
a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a
recusa do pagamento pelo sacado.
Súmula 522-STF. Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será
da justiça federal, compete à justiça dos estados o processo e julgamento dos crimes relativos a
entorpecentes.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Letra c.
Interposto pelo representante do Ministério Público recurso em sentido estrito contra a
decisão a qual liminarmente rejeitou a denúncia e uma vez apresentada as razões recursais,
o Juiz deverá intimar o denunciado para oferecer contrarrazões recursais, pois, caso
contrário, a falta de intimação do denunciado acarretará nulidade, não a suprindo a
nomeação de defensor dativo.
Trata-se de conclusão extraída da Súmula 707 do STF:
Súmula 707-STF. Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contra-razões
ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Letra c.
a. Correta! Está de acordo com o art. 402 do CPP:
Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assis-
tente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstân-
cias ou fatos apurados na instrução.
Art. 403, § 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conce-
der às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse
caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.
Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8
(oito) pela defesa.
§ 1º Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as referidas.
§ 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o dis-
posto no art. 209 deste Código.
Art. 403, § 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10
(dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Letra a.
a. INCORRETA! A confissão do acusado NÃO SUPRE a ausência do exame de corpo de
delito, conforme preceitua o art. 158, caput, do CPP.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios,
a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examina-
rem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo
ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
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Letra d.
a. Errada! De acordo com o art. 118 do CPP, antes do TRÂNSITO EM JULGADO da sentença
final (e não antes de publicada a sentença final!), as coisas apreendidas não poderão ser
restituídas enquanto interessarem ao processo.
Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser
restituídas enquanto interessarem ao processo.
b. Errada! A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela AUTORIDADE JUDICIÁRIA
(JUIZ) ou pela AUTORIDADE POLICIAL, mediante termo nos autos, desde que não exista
dúvida quanto ao direito do reclamante. Nesse sentido, art. 120, caput, do CPP:
Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, median-
te termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante.
§ 1º Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em apartado, assinando-se ao
requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só o juiz criminal poderá decidir o
incidente.
§ 2º O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o resolverá, se as coi-
sas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será intimado para alegar e provar o
seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois dias para arrazoar.
§ 3º Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público.
§ 4º Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as partes para o juízo
cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio terceiro que as deti-
nha, se for pessoa idônea.
§ 5º Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas a leilão público,
depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as detinha, se este for pessoa
idônea e assinar termo de responsabilidade.
c. Errada! O arquivamento do inquérito policial por falta de base para a denúncia NÃO faz
coisa julgada, PODENDO a autoridade policial proceder a novas pesquisas se de outras
provas tiver notícia. Sobre o tema, art. 18 do CPP:
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base
para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver
notícia.
Obs.: apesar de a redação do art. 18 não ter sofrido alterações em sua escrita, é válido
destacar que a Lei n. 13.964/2019 (Lei Anticrime) alterou o art. 28 e a dinâmica do
arquivamento do inquérito policial, o qual não mais será ordenado pela autoridade
judiciária, mas, sim, pelo próprio Ministério Público.
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Direito Penal e Direito Processual Penal
Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-se-á em auto apartado, que só depois da
apresentação do laudo, será apenso ao processo principal.
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