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Professora Carolina Barros

Fabrício Gallo Corrêa

EDIFICAÇÕES
Técnicas construtivas
Memória de aula 08
LAREIRA E CHURRASQUEIRA

Existem três formas de deslocar o calor de um lugar para outro, ou de uma fonte de calor para
um determinado ambiente: por radiação, por condução ou por convecção.
Por Radiação: é o tipo de deslocamento que ocorre com o calor do sol ou de uma fogueira –
o calor aquece as superfícies na qual atinge diretamente;
Por Condução: é a transferência indireta de uma fonte de calor para o ambiente. Pode-se di-
zer que é a transferência “por toque”. Como exemplo temos o calor que é transmitido de uma fonte para uma
parede, e desta para o ambiente;
Por Convecção: consiste na transferência de calor de um lugar para outro através da movi-
mentação de um fluído, como a água ou o ar. Como exemplo temos o ar que sobe através da chaminé de-
pois de aquecido pelo fogo, e desta maneira pode aquecer outro ambiente.

Visualização de uma Lareira

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Partes Componentes de uma Lareira

Depósito de Cinzas: é o compartimento que se localiza abaixo do piso da lareira; destina-se


a recolher a cinza proveniente do material combustível e serve também para a entrada de oxigênio, o que
contribui para ativar a combustão da lenha dentro da lareira. A cinza passa pelo esvaziador e cai dentro da
gaveta, que serve como registro para se regular a entrada de ar quando se inicia o fogo;
Câmara de Combustão (ou caixa de fogo): é a seção em que se acende o fogo a fim de
produzir calor; esta seção vai do piso (ou base) da lareira até culminar na garganta, onde se encontra o regis-
tro. Deve ser revestida com tijolos refratários;
Câmara de Fumaça (ou câmara de fumo): é o espaço entre a caixa de fogo e a chaminé,
mais dilatado que esta para encerrar a fumaça que atravessou a garganta e ainda não tomou rumo definitivo
no interior do conduto; dentro da câmara de fumaça encontra-se a estante de fumaça, que se destina a pro-
porcionar o retorno da corrente descendente de ar que entra na chaminé;
Chaminé: é a parte delgada da lareira ou churrasqueira destinada a conduzir a fumaça até
que esta seja lançada na atmosfera. A altura da chaminé varia de acordo com a altura da cumeeira do telha-
do, devendo ficar de 0,5 a 1,0 m acima do nível da cumeeira mais alta da cobertura da edificação. Normal-
mente as chaminés são executadas em alvenaria ou com tubos metálicos (galvanizados ou inoxidáveis). A
saída da fumaça deve medir, no mínimo, o dobro da área do conduto. O chapéu é sempre maior que o perí-
metro externo da chaminé para, desta maneira, derramar as águas das chuvas fora das paredes de elevação
das mesmas.

Obs.: a maioria das lareiras é constituída somente das últimas três partes, omitindo-se assim o depósito de
cinzas.

Detalhes Técnicos Indispensáveis na Execução de Lareiras

• Quando a lareira é construída com a parede do fundo fora da edificação, deve-se prever a
execução de um alicerce suplementar para receber o peso dessa parede que não se apoia no alicerce do
resto da construção.
• A base ou piso da lareira, bem como suas laterais e fundo, devem ser revestidos com tijolos
refratários e rejuntados com argamassa refratário e pouco cimento, sendo que a argamassa que vai sob os
tijolos pode ser de cimento e areia.
• A parede do fundo é levantada a prumo até 1/3 da altura da boca da lareira e os outros 2/3
com inclinação nunca inferior a 60º. O traspasse da parede do fundo com o dente deve medir de 10 a 15 cm.
A garganta deve abranger toda a largura da boca da lareira.
• A estante de fumaça é indispensável para assegurar o bom funcionamento da lareira, fazendo
retroceder a corrente de ar descendente que entra pela chaminé. O conduto da fumaça deve ser liso e tão re-
to quanto possível.

Dimensionamento de Lareiras (medidas em cm)

Dimensões das Lareiras Dimensões da Chaminé


Capacidade
aquec. (m3)

Largura do

Retangular
Fundo In-

Área mín.
Garganta
Profundi-

Circular
Largura

Vertical

clinado
Fundo

Fundo
Altura

(cm²)
dade

(cm)

(cm)

A B C D E F G M OxP Ø
70 60 70 45 30 30 50 8 a 12 400 20 x 20 23
90 70 70 45 35 30 50 8 a 12 490 20 x 25 25
100 80 70 50 40 30 50 8 a 12 560 20 x 28 27
110 90 75 50 45 30 55 8 a 12 675 25 x 27 30
130 100 80 50 60 30 60 8 a 12 800 25 x 32 32
150 110 85 50 70 35 60 8 a 12 935 30 x 32 35
160 120 90 50 80 35 65 8 a 12 1080 30 x 36 37
180 130 95 55 85 35 70 8 a 12 1235 35 x 35 40
200 140 100 55 95 40 70 8 a 12 1400 35 x 40 42
220 150 105 55 100 40 75 8 a 12 1575 40 x 40 45

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Dimensionamento de Lareiras (aplicações da tabela anterior)

Erros Fundamentais na Execução das Lareiras

• Desproporção do Conduto: para que a tiragem funcione bem, é preciso que se mantenha
perfeito equilíbrio nas proporções entre a boca da lareira e a área interna da chaminé. Se a chaminé for muito
estrangulada, escapará fumaça para o interior do ambiente; se for muito dilatada, o calor produzido na lareira
subirá em exagero, dificultando o aquecimento a que se destina.
Quando a chaminé for angular (quadrada, retangular, triangular, etc.), a fumaça não atingirá os cantos
e a área interna deverá ter, no mínimo, 1/10 da área da boca da lareira. Se a chaminé for circular, a fumaça
encherá todo o espaço e a área poderá ter apenas 1/12 da área da boca da lareira.
Em situação alguma a chaminé de formato angular poderá ter menos de 20 x 20 cm, ou 25 cm de di-
âmetro em formato circular.
• Falta da Estante de Fumaça: em se tratando de lareiras, jamais pode faltar a estante de fu-
maça, porque sem ela a corrente de ar descendo não retornará, invadindo o interior do ambiente. A churras-
queira, em certos casos, pode funcionar sem a estante de fumaça desde que se aumente a área interna da
chaminé.
A inclinação do fundo da lareira tem duas finalidades: refletir calor em linha perpendicular para o as-
soalho e abrir espaço para se executar a estante de fumaça.
• Garganta muito Estreita: o ponto de estrangulamento, neste caso, é na garganta, que deve
abranger toda a largura da boca da lareira por 10 cm em sua própria largura. Se a altura da boca da lareira
ultrapassar um metro, é necessário que se aumente a largura da garganta para que não seja diminuída a
proporção entre boca e conduto.
• Dente muito Curto: o dente em caso algum poderá ter menos de 10 cm de traspasse com a
parede inclinada do fundo; se for muito curto, parte da fumaça escapará pela boca da lareira.
• Dente muito Largo: o dente muito largo pode dividir o ar quente, que sobe antes de atingir a
garganta; assim, esse ar dispersa-se para o interior do ambiente juntamente com a fumaça. A largura do den-
te não deve ultrapassar a 7 cm.

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• Conduto Estrangulado: a área da chaminé em relação à boca da lareira é medida na parte
mais estrangulada. Também se deve levar em consideração, além dos cantos não atingidos pela fumaça, as
rebarbas de argamassa e o acúmulo de fuligem no seu interior.
• Obstáculos nas Proximidades: quando a chaminé está localizada perto de um edifício, a
corrente de ar bate no obstáculo e retrocede, formando corrente descendente que dificulta a tiragem. Se a la-
reira for deslocada com sua respectiva chaminé para longe do obstáculo, o problema da fumaça poderá ser
resolvido mas, para isso, será necessário repensar o projeto. A elevação da chaminé até ultrapassar a altura
do obstáculo será outra solução, porém isso só será possível se a chaminé for construída ligada ao prédio.
• Chaminé muito Baixa: se a chaminé for mais baixa que a cumeeira do prédio, a corrente de
vento, ao bater no telhado, formará barreira que bloqueará a tiragem. Este defeito será mais acentuado se a
cobertura tiver bastante declive.
A altura varia de acordo com a posição da chaminé e o tipo de cobertura: chaminé localizada na cu-
meeira poderá ter apenas 50 cm acima da mesma; chaminé localizada fora da cumeeira deverá ter, no míni-
mo, 70 cm acima da mesma; chaminé localizada em coberturas planas (lajes) deverá ter, no mínimo, 80 cm
acima das mesmas.
• Ângulos muito Acentuados: o ângulo de inclinação do fundo da lareira, bem como os de-
mais existentes no percurso da fumaça, não devem possuir menos de 60º com a linha do horizonte. A corren-
te ascendente não pode ser prejudicada, na sua trajetória, por obstáculos físicos.
• Muitos Ângulos Internos: o conduto de fumaça deve ter o mínimo de cotovelos possível. A
tendência da tiragem é subir em linha reta; os cotovelos dificultam a livre corrente e também a limpeza do in-
terior da chaminé.

OBSERVAÇÃO: pesquisas realizadas em centenas de lareiras e churrasqueiras, concluíram que


mais de 80% das chaminés existentes possuem defeitos de construção que comprometem a boa ti-
ragem, sendo que a quase totalidade desses erros está enquadrada entre os que constam na rela-
ção acima. Há casos em que a tiragem é tão defeituosa que a invasão da fumaça torna impraticável
o emprego da lareira como meio de calefação, ficando a peça com função meramente decorativa
do ambiente.

Churrasqueiras – visualização

Execução de uma churrasqueira de alvenaria


Utilize a distribuição de tijolos abaixo, até a 10 fiada, fazendo sempre a amarração das paredes, com espes-
sura de juntas de aproximadamente 1 cm. Nestas condições, a altura final da caixa será de aproximadamente
60 cm. Preencher a caixa formada com entulho ou areia, ou deixar espaço para a colocação de lenhas.

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Assentar a 11 fiada de tijolos, deixando uma interrupção na sua parte
frontal de 22 ou 32 cm, dependendo do modelo da gaveta-cinzeiro que
será utilizado. Na caixa formada, (sobre o entulho ou a areia), execute
um revestimento para moldar o nicho da gaveta- cinzeiro, conforme de-
senho ao lado, com argamassa forte e com no mínimo 3 cm de espes-
sura. Note que este revestimento deverá estar nivelado com a borda da
caixa.
Erguendo o Paravento
A partir da 12 a até a 15 fiada, erga as paredes conforme as distribui-
ções abaixo. A altura final da construção nesta fase será de aproximadamente 90 cm (6 cm por fiada).
Observe que nas duas fiadas laterais internas, os tijolos são posicionados verticalmente (espelho), para ob-
tenção das medidas internas da alvenaria.

Continue erguendo os paredes laterais externas (1/2 tijolo) e a parede traseira (1/2 tijolo) desde a 16 fiada até
a 26 fiada ( 1,56 m de de altura total ), conforme a ditribuição abaixo, para formar o PARAVENTO.
Coifa
As duas fiadas executadas a seguir (27 e 28 ), terão a função de
suporte da coifa e, sobre o vão da churrasqueira, terão a função
de viga. Assim, entre estas duas fiadas, deverá ser inserido um
ferro redondo de O1/4" em todo o seu contorno e ser utilizado
uma argamassa mais forte, específica para "ferro entre tijolos" .
A partir destas duas fiadas, continue o assentamento recuando
3,5 cm por fiada somente na parte frontal para formar a coifa,
até a 38 fiada (aproximadamente 2,28 m de altura total). No inte-
rior da coifa, na altura da 31 fiada, instalar os dois soquetes de
louça com as lâmpadas, um de cada lado, concluindo o enca-
minhamento dos fios elétricos.

Chaminé
Para formar a chaminé, acrescente no mínimo sete fiadas sobre a estrutura anterior, ou quantas mais forem
necessárias para adequar a churrasqueira ao local de sua instalação , ou seja, para ultrapassar a altura de
uma laje de cobertura ou de um telhado Atingindo a altura final, acrescente mais duas fiadas somente sobre
as paredes laterais, para sustentação de "Laje de Fechamento" da chaminé.

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Acabamento

Revestimento Refratário : O braseiro formado no passo 4, deverá ser revestido internamente (fundo e pare-
des) com as placas
refratárias de 2,5 cm de espessura, assentados com argamassa refratária. A distribuição das placas do fundo
do braseiro deverá ser iniciada com o posicionamento do tampo da gaveta (em tijolo refratário) sobre as du-
as travessas de ferro do guia da gaveta e este não poderá receber argamassas ou qualquer outra fixação,
pois deverá permanecer removível, para limpeza da sua churrasqueira.

Acabamento Final
Acabamento da borda: Assente sobre as bordas internas ao Paravento formada pela 16 fiada de tijolos, um
material para acabamento e proteção, que poderá ser Ardósia, Granito, Cerâmica ou outro similar (Mármore
não é indicado).

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