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Mecânica dos Sólidos

para
Engenharia 1/2019

Profa. Suzana Moreira Avila, Dsc


Tensão e Deformação:
Carregamento Axial
• DEFORMAÇÕES: Importante aspecto da
análise e projeto de estruturas.
• É importante evitar que as deformações
causadas pelo carregamento se tornem tão
grandes a ponto de impedir que a estrutura
venha a cumprir seus fins e chegue ao
colapso.
Tensão e Deformação:
Carregamento Axial

• Nem sempre é possível determinar as forças


nas barras de uma estrutura apenas pelas
equações da estática – estrutura
estaticamente indeterminada.
• Considerando a hipótese de corpos
deformáveis e analisando suas deformações
torna-se possível a solução deste tipo de
estrutura.
Tensão e Deformação:
Carregamento Axial
• A seguir vamos discutir as deformações em
um membro estrutural, seja ele numa barra,
viga ou placa submetida a uma carga axial.

• Considere uma barra BC, de comprimento L e


seção transversal de área A, que é suspensa
no ponto B. Se aplicarmos uma carga P na
extremidade C, a barra se alonga.
Deformação Específica Normal sob
carregamento axial
• Marcando-se os valores
da intensidade da força
P e os correspondentes
valores de deformação
δ, é obtido o diagrama
carga-deformação.
Deformação Específica Normal sob
carregamento axial
• Este diagrama contém informações úteis para
a barra considerada, mas não pode ser usado
para prever deformações de outras barras do
mesmo material porém com dimensões
diversas!
Deformação Específica Normal sob
carregamento axial
• Deformação específica normal: deformação por
unidade de comprimento
𝛿
𝜀 = (adimensional)
𝐿
• Plotando-se a tensão σ = P/A e a correspondente
deformação específica ε = δ/L em um gráfico
obtem-se a curva que caracteriza as propriedades
do material e que não depende da geometria da
amostra do material utilizado => diagrama
tensão-deformação.
Deformação Específica Normal sob
carregamento axial
• No caso de uma barra cuja seção transversal é
variável, a tensão normal varia ao longo da
barra e é necessário definir a deformação
específica em determinado ponto Q.

∆𝛿 𝑑𝛿
𝜀 = lim =
∆𝑥→0 ∆𝑥 𝑑𝑥
Diagrama tensão-deformação
• Para obtenção do diagrama
tensão-deformação de certo material se faz
um ensaio de tração em uma amostra de
material.
• A área da seção transversal da
parte cilíndirca central é
medida e duas marcas são
desenhadas no corpo do
cilindro, separadas de uma
distância Lo.
Diagrama tensão-deformação
• O corpo de prova é
levado à maquina de
teste que é usada para
aplicar a carga
centrada P. À medida
que o valor de P
aumenta, a distância L
entre as duas cargas
também aumenta.
Diagrama tensão-deformação
• Um medidor indica a distância L e o
alongamento δ = L – Lo é armazenado para
cada valor de P.
• Frequentemente se usa um segundo
mostrador para medir e anotar as
modificações no diâmetro do corpo de prova.
• Para cada par de valores lidos P e δ calcula-se
a tensão e a deformação específica
correspondente.
Diagrama tensão-deformação
Diagrama tensão-deformação
Diagrama tensão-deformação
• O diagrama tensão-deformação varia muito de
material para material, e os resultados ainda
variam se, para um mesmo material,
variarmos a temperatura ou a velocidade de
aplicação da carga.
• No entanto entre os diagramas de vários
grupos de materiais é póssível distinguir
algumas características comuns.
Diagrama tensão-deformação

Os materiais podem ser divididos em duas


categorias:
• Materiais DÚTEIS
• Materiais FRÁGEIS
Materiais Dúteis
• Compreendem o aço estrutural e outros
metais, se caracterizam por apresentarem
escoamento a temperaturas normais.
Materiais Dúteis
• O alongamento do material após o início do
escoamento pode ser até 200 vezes maior que
o alongamento ocorrido antes do escoamento
se iniciar.
• Quando o carregamento atinge um certo valor
máximo, o diâmetro do corpo começa
diminuir, devido à perda de resistência local.
Esse fenômeno é conhecido com estricção.
Materiais Dúteis
• Após o início da estricção, um carregamento mais
baixo é suficiente para manter o corpo de prova
se deformando, até que se dê sua ruptura.
• A tensão correspondente ao início do
escoamento é chamada de tensão de
escoamento do material, a tensão
correspondente a máxima carga aplicada ao
material é conhecida como tensão última e a
tensão correspondente ao ponto de ruptura é
chamada tensão de ruptura.
Materiais Frágeis
• Materiais frágeis como ferro fundido, vidro e
pedra, são caracterizados por uma ruptura
que ocorre sem nenhuma mudança sensível
no modo de deformação do material.
Materiais Frágeis
• Neste caso não existe diferença entre tensão
última e tensão de ruptura.
• A deformação até a ruptura é muito menor
neste tipo de material.
• Não há ocorrência de estricção.
Diagrama tensão-deformação
• Aço e alumínio, ambos materiais dúteis,
apresentam diferenças de comportamento no
escoamento.
• Para o aço estrutural as tensões permanecem
constantes para uma grande variação das
deformações, após o início do escoamento.
• Depois o valor da tensão cresce para que o
material continue a alongar até atingir σU.
Diagrama tensão-deformação
• Isto se dá devido à uma propriedade do material
conhecida como recuperação.
• No caso do alumínio e de muitos outros materiais
dúteis, o início do escoamento não é
caracterizado pelo trecho horizontal do diagrama
(patamar de escoamento).
• Ao invés disso, as tensões continuam
aumentando – não mais de forma linear – até
que a tensão última é alcançada.
• Começa então a estricção que pode levar à
ruptura.
Lei de Hooke; Módulo de Elasticidade
• Na parte inicial do diagrama a tensão σ é
diretamente proporcional a deformação ε:
𝜎 = 𝐸𝜀
• Essa relação é conhecida como Lei de Hooke
• Robert Hooke (1635-1703), matemático
inglês.
• Coeficiente E – módulo de elasticidade do
material ou módulo de Young (cientista inglês
1773-1829).
Lei de Hooke; Módulo de Elasticidade
• Ao maior valor de tensão σ para o qual a lei de
Hooke é válida é chamado limite de
proporcionalidade do material.
• Algumas propriedades físicas dos materiais
estruturais, como resistência, dutibilidade,
resistência à corrosão podem ser modificadas
por tratamento térmico, presença de ligas
metálicas ou pelo próprio processo usado na
sua manufatura.
Lei de Hooke; Módulo de Elasticidade
• Apesar de existirem várias diferenças de tensões de
escoamento, tensões últimas, dutibilidade para esses
materiais, todos eles tem o mesmo módulo de elasticidade.
Comportamento Elástico e
Comportamento Plástico dos Materiais
• Um material tem comportamento elástico
quando as deformações causadas por um
certo carregamento desaparecem com a
retirada do carregamento.
Comportamento Elástico e
Comportamento Plástico dos Materiais
• Chama-se limite de elasticidade do material
ao maior valor de tensão para o qual o
material ainda apresenta comportamento
elástico.
• Se o material tem o início do escoamento bem
definido,m então o limite de elasticidade e o
limite de proporcionalidade coincidem com a
tensão de escoamento.
Comportamento Elástico e
Comportamento Plástico dos Materiais
• Se o material atingir o escoamento e se
deformar, quando a carga é retirada as
tensões e deformações decrescem de maneira
linear ao longo de uma reta paralela à reta da
curva de carregamento.
Comportamento Elástico e
Comportamento Plástico dos Materiais

• O fato de ε não voltar ao ponto zero indica


que o material sofreu uma deformação
permanente ou plástica.
Comportamento Elástico e
Comportamento Plástico dos Materiais
• Para a maior parte dos materiais, a
deformação plástica atingida não depende
apenas da máxima tensão atingida, mas
depende também do tempo decorrido até a
retirada do carregamento.
• A parte da deformação plástica que depende
da tensão é chamada de deformação lenta do
material e a parte que depende do tempo de
carregamento – e da temperatura – é
chamada fluência.
Cargas Repetidas; Fadiga

• Uma certa carga pode ser repetida muitas


vezes desde que as tensões permaneçam
dentro de valores do regime elástico??
• Essa conclusão só é válida para ordem de
grandeza de dezena ou centena…
• Para um número de repetições da ordem de
milhares ou milhões de vezes, ela deixa de ser
válida!
Cargas Repetidas; Fadiga

• No caso de milhares, milhões de repetições a


ruptura se dá a uma tensão bem abaixo da
tensão de ruptura obtida com carregamento
estático; a este fenômeno se dá o nome de
fadiga.
• A ruptura por fadiga é sempre uma ruptura
frágil, mesmo para materiais ducteis.
Cargas Repetidas; Fadiga

• A fadiga deve ser considerada no projeto de


estruturas e componentes de máquinas que
possam estar sujeitas a carregamentos
repetidos ou alternados.
• O número de ciclos de carregamento que
pode ocorrer durante a vida útil de uma peça
é muito variável.
Cargas Repetidas; Fadiga

• Uma ponte rolante de uma indústria pode ser


carregada até dois milhões de vezes em 25
anos (300 carregamentos por dia);
• Um virabrequim de automóvel será solicitado
cerca de um bilhão de vezes se o automóvel
rodar 300000 Km;
• Uma hélice de turbina pode ser carregada
centenas de bilhões de vezes durante sua vida
útil.
Cargas Repetidas; Fadiga
Deformações de barras sujeitas a cargas
axiais
• Barra homogênea BC de comprimento L e
seção transversal uniforme de área A sujeita a
força axial centrada P.
Deformações de barras sujeitas a cargas
axiais
𝜎 = 𝐸𝜀

𝜎 𝑃
𝜀= =
𝐸 𝐴𝐸

𝑃𝐿
𝛿=
𝐴𝐸
válido se a barra for homogênea (módulo de
elasticidade constante E), seção transversal uniforme e
carga aplicada nas extremidades da barra.
Deformações de barras sujeitas a cargas
axiais
Forças aplicadas em outros pontos, barra com
várias partes de diferentes seções transversais
ou compostas de diferentes materiais
𝑃𝑖 𝐿𝑖
𝛿=෍
𝐴𝑖 𝐸𝑖
𝑖
Deformações de barras sujeitas a cargas
axiais
Barras de seção transversal variável
𝑑𝛿
𝜀=
𝑑𝑥
𝑃𝑑𝑥
𝑑𝛿 = 𝜀𝑑𝑥 =
𝐴𝐸
𝐿
𝑃𝑑𝑥
𝛿=න
𝐴𝐸
0
Exercício

A haste ABCD é feita de alumínio com


E = 70GPa. Determinar para as cargas indicadas,
desprezando o peso próprio: a) o deslocamento
no ponto B; b) o deslocamento no ponto D.
Lista de Exercícios

• Livro: Resistência do Materiais, Beer F.P. &


Johnston E.R., 3a Ed.
• 2.2; 2.6; 2.10; 2.12 e 2.14

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