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Interação Psicol., Curitiba, v. 17, n. 3, p. 225-234, set./dez.

2013 225

Reconhecimento de Emoções em Expressões Faciais:


Estudo Exploratório Envolvendo Adultos
Rodolfo de Castro Ribas Junior*
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Marcos de Souza Aguiar
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Paula Bandeira Dias, Felipe Salvador Grisolia, Luiz Gonzaga Ribeiro Vasconcelos Rosario,
Felipe Costa Pulcherio Lima & Paulo Koatz Miragaya
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

RESUMO
O presente trabalho relata a realização de um estudo exploratório sobre o reconhecimento de emoções
em expressões faciais (REEF) em uma amostra de adultos brasileiros. Participaram do estudo 118
estudantes universitários. Foram utilizados dois instrumentos para a avaliação do reconhecimento de
emoções: O DANVA2, um instrumento amplamente utilizado na literatura internacional e um
segundo instrumento desenvolvido pelos autores (EREEF). Os participantes completaram ainda
escalas para avaliação sintomatologia para depressão e de bem-estar subjetivo e qualidade de
interação com os pais. Corroborando estudos anteriores, participantes do sexo feminino apresentaram
maior capacidade de reconhecimento de emoções em expressões faciais quando comparados a
participantes do sexo masculino. Esses dois grupos não diferiram significativamente em nenhuma das
outras medidas estudadas. Não foram identificadas correlações significativas entre as medidas de
reconhecimento de emoções e as medidas de sintomatologia para depressão e de bem-estar subjetivo e
qualidade de interação com os pais.
Palavras-chave: reconhecimento de emoções; expressões faciais; emoções.

ABSTRACT
Emotion Recognition in Facial Expressions:
An Exploratory Study Involving Adults
The present work describes an exploratory study on in facial expressions in a sample of Brazilian
adults. Participants were 118 college students. Two instruments were used for the assessment of
emotion recognition: the DANVA2, an instrument largely employed in the international literature and
a second instrument developed by the authors (EREEF). Participants also completed scales to assess
symptoms of depression, subjective well-being, and quality of interaction with parents. Corroborating
previous investigations, female participants presented higher competence on emotions’ recognition in
facial expressions when compared to male participants. These two groups did not differ significantly
in any of the other measures studied. No significant correlations were identified between measures of
emotion recognition and symptoms for depression, subjective well-being, and quality of interaction
with parents.
Keywords: emotion recognition, facial expressions, emotions.

Artigos de revisão extensos e relativamente recentes revolução cognitivista (Robins, Gosling, & Craik,
têm apontado que o número de pesquisas sobre as emo- 1999), estaria em curso uma “revolução afetiva” ou
ções humanas e tópicos relacionados tem crescido subs- uma “revolução da emoção”. Weber e Johnson (2009,
tancialmente nas últimas duas décadas (e.g., Mayer, p. 65), por exemplo, mencionam explicitamente o
Roberts & Barsade, 2008). De fato, investigadores andamento de uma “emotions revolution”. Nessa re-
têm afirmado que, na sequência da tão comentada volução, a ênfase, talvez excessiva, dada a componen-

*
Endereço para correspondência: Rodoldo de Castro Ribas Junior - rodolforibas@globo.com
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Luiz Gonzaga Ribeiro Vasconcelos Rosario, Felipe Costa Pulcherio Lima & Paulo Koatz Miragaya

tes cognitivos nas pesquisas psicológicas estaria sendo A presente investigação focaliza exatamente o re-
reavaliada e a real importância de componentes emo- conhecimento de emoções em faces humanas. Diver-
cionais em processos como resolução de problemas e sos estudos têm indicado que a capacidade de reco-
tomada de decisão estaria sendo cada vez mais reco- nhecer emoções humanas em expressões faciais é uma
nhecida. De fato, além do crescimento de pesquisas importante habilidade que seres humanos utilizam no
com foco nos processos afetivos, pode-se também seu dia a dia, em interações sociais, e um importante
dizer cresce o número de investigações que analisam componente envolvido em processos como regulação
simultaneamente variáveis cognitivas e afetivas emocional, resolução de problemas e liderança.
(Izard, 2009; Southam-Gerow & Kendall, 2002). Estudos envolvendo a expressão e o reconhecimen-
As pesquisas sobre emoções tem focalizado uma to de emoções em faces tem uma longa história (e.g.,
ampla gama de tópicos como temperamento, bases Darwin, 1872/2002). Todavia, pode-se dizer que os
neurais das emoções, regulação das emoções e inteli- estudos nessa área foram grandemente impulsionados
gência emocional (e.g., Izard, 2001; Hoehl & Striano, pelas contribuições de Paul Ekman e colaboradores
2008; Mayer, Salovey, & Caruso, 2008;). Entre os (e.g., Ekman, 1993, 2012; Ekman & Cordaro, 2011;
temas investigados podemos citar o reconhecimento Ekman & Friesen, 1971; Ekman & Oster, 1979). Os
de emoções. Southam-Gerow e Kendall (2002), por estudos de Ekmancertamente ampliaram nosso conhe-
exemplo, examinaram a importância da compreensão cimento sobre como as emoções humanas são reco-
das emoções no ajustamento psicológico. A compre- nhecidas. Ekman e Cordaro (2011), apenas para citar
um exemplo, defenderam, em uma recente revisão,
ensão das emoções envolveria basicamente dois com-
que há evidências claras acerca da existência de sete
ponentes: 1) a capacidade de reconhecer emoções em
emoções básicas universais: raiva, medo, surpresa,
expressões faciais, posturas corporais, tons de voz e
tristeza, repugnância, menosprezo e felicidade.
outras formas humanas de expressão (e.g., arte) e 2)
conhecimentos sobre as emoções humanas. Segundo Ainda no que se refere ao reconhecimento de emo-
esses autores, o conhecimento das emoções poderia ções em faces, um outro pesquisador precisa ser men-
ser ainda divido em cinco subcomponentes: a) as cau- cionado: Stephen Nowicki Jr. Nowicki e colaborado-
sas das emoções em nós e nos outros, b) as pistas so- res (e.g., Nowicki & Carton, 1993, 1997, Nowicki &
bre as emoções em nós e nos outros, c) a possibilidade Duke, 1994, Nowicki, Glanville & Demertzis, 1998,
de sentir diferentes emoções acerca de um mesmo Mufson & Nowicki, 1991) têm continuamente desen-
objeto, d) formas de comunicar ou ocultar intencio- volvido estudos sobre o reconhecimento de emoções
em faces, vozes e posturas. Nowicki e Duke (1994),
nalmente uma emoção, e e) formas de lidar de manei-
por exemplo, desenvolveram um dos instrumentos que
ra efetiva com as emoções (Southam-Gerow& Ken-
mais frequentemente tem sido hoje utilizado a nível
dall, 2002, p. 200). De uma maneira geral, pode-se
internacional para medir a capacidade de reconheci-
dizer que indivíduos com mais capacidade de reco- mento de emoções em faces, a Diagnostic Analysis of
nhecer emoções tenderiam a apresentar um melhor Nonverbal Accuracy Scale (DANVA2). De fato, em
ajustamento emocional. julho de 2013 nada menos que 40 artigos científicos
A capacidade de identificar emoções em faces, vo- mencionavam a utilização de alguma versão do
zes, posturas e outros conteúdos também tem sido DANVA. Na presente pesquisa foi empregado a
identificada como um importante componente da inte- DANVA2, que foi cedida por seu idealizador, Stephen
ligência emocional (e.g., Mayer, Roberts, & Barsade, Nowicki Jr e um novo instrumento desenvolvido pelos
2008; Mayer, Salovey & Caruso, 2008). Entre os ou- autores com a mesma finalidade. Nesse sentido, pode-
tros componentes normalmente citados dessa forma de -se dizer que os autores privilegiaram a perspectiva
inteligência, poderíamos mencionar: utilizar as emo- desenvolvida Nowicki Jr e seus colaboradores nesta
ções para raciocinar e solucionar problemas mais efe- investigação. O DANVA2 avalia quatro emoções
tivamente, lidar de forma eficaz com respostas emo- básicas (alegria, tristeza, raiva e medo).
cionais, e entender as emoções, seu curso e significa- Apesar da capacidade de reconhecimento de emo-
dos. Nesse contexto, pessoas com maior capacidade ções em facesser uma importante habilidade humana,
de reconhecer corretamente emoções tenderiam a ter foi possível verificar, por meio de uma ampla e siste-
uma maior inteligência emocional, uma habilidade mática revisão da literatura, a ausência quase que total
humana que, por definição, envolveria relações entre de publicações e estudos empíricos nacionais sobre o
processos afetivos e cognitivos. assunto. Desta forma, considera-se que o presente
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estudo pode contribuir para a redução dessa lacuna, ao adolescentes do sexo masculino. Kring e Gordon
fornecer evidências obtidas em uma investigação en- (1998) contribuíram para a compreensão desse achado
volvendo participantes brasileiros. ao identificarem que não apenas o sexo, mas também
o gênero (inferido por uma escala de masculinidade e
Reconhecimento de emoções em expressões feminilidade) e o ambiente familiar podem estar asso-
faciais: evidências empíricas mais recentes ciados a essa diferença. No presente estudo essa ques-
De uma maneira geral, pode-se dizer que a rele- tão também foi examinada. A capacidade de reconhe-
vância de componentes neurológicos, maturacionais, cimento de homens e mulheres foi comparada.
ambientais, sociais e culturais têm sido identificada. Estudos sobre o reconhecimento de emoções em
De fato, a maior parte dos estudos contemporâneos expressões faciais têm ainda identificado múltiplas
integram estes diferentes componentes entre si em associações entre essa competência, o ambiente fami-
modelos interacionistas (e.g., McClure, 2000, Vigil, liar, o ajustamento emocional e outras variáveis psico-
2000). lógicas. De fato, a habilidade de reconhecer emoções
Montirosso, Peverelli, Frigerio, Crespi e Borgatti parece ser influenciada, entre outros aspectos, pelo
(2010) estudaram o desenvolvimento do reconheci- contexto familiar e tem papel relevante no processo de
mento de expressões faciais (alegria, raiva, medo, desenvolvimento humano, tanto normal quanto atípico
nojo e tristeza) em um grupo de 240 crianças e jovens (e.g., Propper & Moore, 2006). Pears e Fisher (2005),
italianos com idades entre 04 e 18 anos de idade. Fo- por exemplo, ponderam que evidências têm indicado
ram utilizadas uma escala de inteligência padronizada que crianças submetidas a maus-tratos e crianças com
e uma tarefa computadorizada com expressões faciais transtornos psicológicos tendem a apresentar prejuízos
animadas (AFFECT, Animated Full Facial Expression na capacidade de reconhecer emoções. No presente
Comprehension Test). Os resultados indicaram que a estudo foi incluída uma medida de qualidade de inte-
capacidade de reconhecimento de expressões aumenta ração entre pais e filhos e filhas. Buscou-se avaliar a
ao longo da infância e da juventude, com exceção do influência dessa variável na capacidade de perceber
reconhecimento do nojo. Verificou-se que a capacida- emoções.
de de perceber o nojo é uma das primeiras a ser Convergindo com os resultados de pesquisa repor-
aprendida, não variando entre 04 e 18 anos. Observou- tados até aqui, Izard et al. (2001) verificaram que a
-se ainda que participantes do sexo feminino apresen- habilidade para reconhecer e nomear expressões emo-
taram melhor desempenho que participantes do sexo cionais foi um preditor de longo prazo de comporta-
masculino, principalmente no que diz respeito ao re- mento social positivo e de competência acadêmica em
conhecimento de expressões de nojo e raiva. Beek e crianças (ver também Cervantes & Callanan, 1998).
Dubas (2008) investigaram o reconhecimento de ex- Goodfellow e Nowicki (2009) estudaram a habilidade
pressões faciais em um grupo de 606 crianças e jovens de reconhecer expressões faciais e competência social
holandeses, com idades entre 09 e 15 anos e também e acadêmica em um grupo de 840 crianças com idades
verificaram que a capacidade de reconhecer expres- entre 7 e 10 anos. Estes autores concluíram que crian-
sões emocionais, especialmente as de baixa intensida- ças que apresentaram maior habilidade para a identifi-
de, aumenta com a idade. Nesse estudo foram apre- cação de emoções tendem a apresentar maior compe-
sentadas expressões faciais sob a forma de desenhos. tência social e acadêmica.
Pesquisas têm sistemática e consistentemente indi- McClure e Nowicki (2001) investigaram uma pos-
cado que crianças e adolescentes do sexo feminino sível associação entre a ansiedade social e a capacida-
apresentam uma maior habilidade para identificar de de crianças para decodificar sinais não verbais de
emoções em expressões faciais que crianças e adoles- emoções (i.e., expressões faciais e posturas corporais).
centes do sexo masculino. McClure (2000), por Observou-se que crianças mais hábeis para identificar
exemplo, conduziu uma meta-análise com mais de emoções apresentaram menor ansiedade social. Para
uma centena de estudos e os resultados foram conver- McClure e Nowicki (2001) esses resultados sugerem
gentes. Os dados agregados identificaram um tamanho que a ansiedade social pode estar ligada a uma disfun-
do efeito corrigido (D+) igual a 0,16, favorecendo ção no processamento da informação social nas fases
crianças e adolescentes do sexo feminino que signifi- iniciais do desenvolvimento.
cativamente obtiveram escores maiores que crianças e

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Num estudo envolvendo adultos, Carton, Kessler e MÉTODO


Pape (1999) identificaram inter-relações entre bem-
-estar subjetivo avaliado a partir da Ryff Psychologi- Participantes
cal Well-Being Scale, sintomas de depressão avalia- Participaram desta pesquisa 118 estudantes de um
dos através da Escala de Sintomas de Depressão – curso de psicologia situado no Rio de Janeiro, sendo
CES-D e reconhecimento de emoções faciais. Os au- 94 (80,3%) do sexo feminino e 23 (19,7%) do sexo
tores identificaram uma correlação positiva entre re- masculino (1 participante não forneceu essa informa-
conhecimento de emoções e bem-estar e uma correla- ção). A proporção de estudantes do sexo masculino na
ção negativa entre reconhecimento de emoções e amostra foi compatível com a proporção de estudantes
quantidade de sintomas de depressão. A relação entre desse sexo com matrícula ativa no curso de bacharela-
essas três variáveis foi explorada no presente estudo. do em psicologia (22,1% de 946 estudantes com ma-
Uma revisão sistemática da literatura nacional foi trícula ativa). A idade dos estudantes oscilou entre 18
conduzida. Apenas dois estudos empíricos sobre o e 34 anos, (M = 20,4; DP = 2,71).
reconhecimento de emoções em expressões faciais
conduzidos no Brasil foram identificados. Alves-Neto Instrumentos
et al. (2010) testaram o efeito dos níveis de serotonina Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
no desempenho em uma tarefa de reconhecimento de (TCLE). Os participantes tomaram conhecimento de
emoções faciais (raiva, nojo, medo, alegria, tristeza e informações básicas sobre a pesquisa (objetivos, ris-
surpresa) em uma amostra de 12 adultos brasileiros. cos e benefícios, confidencialidade) por meio do
Os autores reportaram que níveis mais baixos de sero- TCLE. Este termo foi previamente aprovado por um
tonina facilitaram a percepção de tristeza e dificulta- Comitê de Ética em Pesquisa.
ram a percepção de alegria. O estudo parece indicar a Reconhecimento de Emoções em Expressões Fa-
existência de relações entre o estado emocional e o ciais. A Escala de Reconhecimento de Expressões
reconhecimento de emoções. No presente estudo essa Faciais (EREEF) foi utilizada no estudo. A EREEF é
questão foi examinada. Foram analisadas correlações composta por 28 fotografias que apresentam expres-
entre medidas de estado emocional (sintomas de de- sões faciais de quatro emoções (alegria, tristeza, raiva
pressão e bem-estar subjetivo) e a habilidade de reco- e medo) com diferentes níveis de intensidade, sendo
nhecer emoções. as quatro primeiras fotos utilizadas como pré-teste
Neves et al. (2011) investigaram a percepção de para familiarização com o procedimento. Os resulta-
emoções faciais em um grupo de 81 pais residentes dos dessas fotos não foram analisados.
em Minas Gerais. Aproximadamente metade desses O instrumento foi desenvolvido pelos autores com
pais (40) possuía um filho portador de autismo, en- base em outra escala, a Diagnostic Analysis of Non-
quanto que a outra metade (41) possuía filhos saudá- verbal Accuracy Scale (DANVA2), originalmente
veis. Entre outros objetivos, a pesquisa testou o efeito concebida por Stephen Nowicki Jr. et al. (e.g., No-
de um gene (5HTTLPR) na percepção de emoções. O wicki & Duke, 1994). Na versão empregada neste
estudo não identificou associações entre a presença do estudo as fotos são apresentadas em um computador
genótipo para o 5HTTLPR e o desempenho no teste acoplado em um projetor (datashow). Cada fotografia
de reconhecimento de emoções. Entretanto verificou- é apresentada por 2 segundos, sendo aplicado um in-
-se que pais de crianças portadores de autismo apre- tervalo de 5 segundos entre as fotos. Foi solicitado aos
sentaram pior reconhecimento de emoções faciais participantes que identificassem a emoção representa-
quando comparados ao grupo de controle. da em cada fotografia. Escores (percentagem de res-
postas corretas) foram computados para o resultado
O presente trabalho relata a realização de um estu-
geral e para o resultado obtido em cada emoção. Per-
do exploratório sobre o reconhecimento de emoções
centagens maiores indicam maior habilidade para
em expressões faciais em uma amostra de adultos
reconhecer emoções. No presente estudo foi observa-
brasileiros. Um instrumento de medida internacional e
do um alfa de Cronbach de 0,86, indicando adequada
outro desenvolvido pelos autores foram utilizados
consistência interna.
para avaliar essa capacidade. No estudo foram exami-
nadas prioritariamente as relações entre sexo, estado O DANVA2 (Nowicki & Duke, 1994) também foi
emocional, histórico de interação com os pais e a ca- empregado no estudo, servindo como modelo inspira-
pacidade de perceber emoções. dor e critério de validação da EREEF. Esse teste com-

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putadorizado é composto por 24 fotografias de ex- maior satisfação com a vida e uma maior presença de
pressões faciais (alegria, tristeza, raiva e medo) de afetos positivos acompanhada de menor presença de
diferentes intensidades (alta e baixa), em número igual afetos negativos. No presente estudo os alfas observa-
e com um tempo de exposição de 2 segundos para dos foram satisfatórios, 0,89 e 0,82 para o LSA e a
cada foto. Escores (percentagem de respostas corretas) PANAS, respectivamente.
foram computados para o resultado geral e para o Qualidade do vínculo com os pais. Para avaliar a
resultado obtido em cada emoção. Percentagens maio- percepção dos participantes sobre qualidade do víncu-
res indicam maior habilidade para reconhecer emo- lo que eles tiveram com seus pais ou cuidadores, foi
ções. Este instrumento vem sendo utilizado em deze-
utilizada uma versão em português do Parental Bon-
nas de pesquisas ao redor do mundo para medir essa
ding Instrument (PBI). Esse instrumento é constituído
competência em adultos e crianças (Mayer, Roberts &
de 25 questões. Os participantes foram solicitados a
Barsade, 2008). O autor do teste disponibilizou o ins-
lembrar determinadas atitudes e comportamentos
trumento para utilização no estudo brasileiro. A con-
sistência interna do DANVA2 tem sido satisfatória. A apresentados por seus pais e mães até seus 16 anos
maioria dos estudos (e.g., Nowicki & Carton, 1997) (e.g., Parecia compreender meus problemas e preocu-
tem reportado alfas de Cronbach em torno de 0,77 em pações.). Para cada afirmação eles deveriam escolher
adultos. No presente estudo foi utilizada uma versão entre as seguintes opções: muito parecido, um pouco
adaptada para aplicação em grupo, sendo observado parecido, um pouco diferente, muito diferente. Uma
um alfa de Cronbach de 0,73, indicando adequada versão em português do PBI foi desenvolvida por
consistência interna. Hauck et al. (2006). Os participantes responderam
uma versão do questionário referente ao comporta-
Sintomas de depressão. Foi utilizada uma versão
mento de suas mães e uma referente ao comportamen-
em português da Escala de Sintomas de Depressão -
to de seus pais. No presente estudo os alfas foram
CES-D (Radloff, 1977; Center for Epidemiologic
satisfatórios e oscilaram entre 0,87 e 0,88.
Studies – Depression Scale). Esta escala tem como
objetivo avaliar a ocorrência de sintomatologia relaci-
onada a estados depressivos na população de uma Procedimentos
maneira geral. O questionário é composto por 20 itens Primeiramente os participantes preencheram um
(Ex. Eu me senti triste.). As respostas são dadas em Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Na
uma escala de quatro níveis (Raramente ou Nunca, sequência, a Escala de Reconhecimento de Expressões
menos que 1 dia; Muito pouco, 1 – 2 dias; Ocasional- Faciais (EREEF) e o DANVA2 (Diagnostic Analysis
mente, 3 – 4 dias; Frequentemente, 5 – 7 dias), de of Nonverbal Accuracy Scale – 2 Módulo Faces) fo-
acordo com a frequência com que o participante avalia ram aplicados coletivamente com o uso de computa-
que teve um determinado sintoma na semana anterior. dores e projetores. Finalmente, foram respondidos
Escores maiores indicam maior presença de sintomas individualmente a Escala de Sintomas de Depressão
de depressão. Estudos tem tipicamente relatado alfas (CES-D), o Índice de Satisfação com a Vida (LSA), a
em torno de 0,89 (e.g., Wong, 2000). No presente Escala de Afetos Positivos e Afetos Negativos
estudo foi observado um alfa de Cronbach de 0,84, (PANAS) e o Parental Bonding Instrument (PBI).
indicando adequada consistência interna da versão em
português dessa escala.
RESULTADOS
Bem-Estar Subjetivo. Versões em português do Ín-
dice de Satisfação com a Vida (Life Satisfaction In- Os participantes do estudo identificaram correta-
dex, LSA) e da Escala de Afetos Positivos e Afetos mente 74,2% (DP = 19,9) das emoções apresentadas
Negativos (Positive Affect/Negative Affect Scale, nas fotografias da Escala de Reconhecimento de Ex-
PANAS), validadas inicialmente por Watson, Clark e pressões Faciais (EREEF) e 70,7% (DP = 14,2) das
Tellegen (1988) foram utilizadas para avaliar o bem- emoções apresentadas na versão adaptada do Diagnos-
estar subjetivo. O LSA é composto de 15 itens (e.g., tic Analysis of Nonverbal Accuracy Scale (DANVA2).
Quando olho para minha vida, eu me sinto muito sa- Os escores observados com a aplicação do DANVA2
tisfeito(a)) enquanto que a PANAS é composta de 20 são compatíveis com resultados reportados em estudo
itens (e.g., Sinto-me tenso(a)). Watson, Clark e Telle- anteriores. Wickline, Bailey e Nowicki (2009), por
gen (1988) reportaram alfas entre 0,86 e 0,90 para as exemplo, reportaram percentagens de acerto entre
escalas em referência. Escores maiores indicam uma 63,8% e 76,7% em amostras de adultos. Os resultados

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obtidos com a Escala de Sintomas de Depressão do A Tabela 1 apresenta comparações entre médias ob-
CES (CES-D), o Índice de Satisfação com a Vida tidas por participantes do sexo masculino e do sexo
(LSA) e a Escala de Afetos Positivos e Afetos Negati- feminino em todas as principais medidas aplicadas no
vos (PANAS) também foram compatíveis com os estudo. Como se pode observar, as mulheres apresenta-
resultados usualmente repostados na literatura. Por ram médias significativamente superiores às obtidas
exemplo, Gonçalves e Fagulha (2004) reportaram pelos homens nas duas medidas de reconhecimento de
médias entre 13,9 e 20,1 em uma aplicação de uma emoções em expressões faciais (EREEF e DANVA2).
versão portuguesa da CES-D. No presente estudo a Esses dois grupos não diferiram significativamente em
média observada para essa escala foi 18,63 (DP = nenhuma das outras três medidas estudadas (CES-D,
8,62). As médias observadas para a LSA, PANAS, LSA, PANAS, PBI Materno e PBI Paterno). Esses
PBI Comportamento Materno e PBI Comportamento resultados são compatíveis com a literatura internacio-
Paterno foram, respectivamente: 3,44 (DP=0,74), 3,66 nal. McClure (2000), por exemplo, ressaltou que gran-
(DP =0,53), 3,04 (DP =0,46), 2,96 (DP = 0,53). de parte das pesquisas tem apontado que as mulheres
apresentem melhor desempenho que homens em reco-
nhecimento de emoções em expressões faciais.

Tabela 1
Escores obtidos com a aplicação das escalas considerando sexo dos participantes
Sexo
Teste Feminino Masculino t D
EREEF 76,64 (17,57) 65,22 (25,95) 2,52 ** 0,59
DANVA2 72,43 (11,87) 64,13 (20,48) 2,56 ** 0,60
CES-D 18,58 (8,64) 18,14 (8,24) 0,22 0,05
LSA 3,46 (0,75) 3,40 (0,67) 0,35 0,08
PANAS 3,64 (0,53) 3,85 (0,41) -1,80 -0,43
PBIMAT 3,04 (0,48) 3,06 (0,41) -0,18 -0,04
PBIPAT 2,94 (0,53) 3,07 (0,49) -1,02 0,25
Média (Desvio Padrão). EREEF - A Escala de Reconhecimento de Expressões Faciais;
DANVA2 – Diagnostic Analysis of Nonverbal Accuracy Scale; CES-D - Escala de Sinto-
mas de Depressão do CES; LSA - Índice de Satisfação com a Vida; PANAS - Escala de
Afetos Positivos e Afetos Negativos. . PBIMAT Parental Bonding Instrument – Materno,
PBIPAT Parental Bonding Instrument – Paterno.

Para avaliar se a percentagem de acertos variou dias e desvios considerando emoção e escala. Compa-
considerando os quatro tipos de emoção apresentadas rações Post Hoc revelaram similaridades e pequenas
nas fotografias (alegria, tristeza, raiva e medo) foi variações entre o EREEF e o DANVA2. Tanto no
realizada uma análise de variância para medidas repe- EREEF quanto no DANVA2 os participantes identifi-
tidas (modelo GLM) com tipo de emoção (4) como caram mais facilmente expressões de alegria. Entre-
fator intrasujeitos, para cada uma das medidas de re- tanto, no EREEF apenas a percentagem de acertos
conhecimento de emoção (EREEF, DANVA2). Essas relacionada à alegria foi significativamente maior que
análises revelaram que a percentagem de acertos variou as percentagens observadas nas outras emoções. No
significativamente considerando a emoção, tanto no DANVA2 a percentagem de acertos relacionada a
EREEF quanto no DANVA2, Wilks’ Lambda F= (3, medo também foi significativamente maior que a per-
115) = 19,36, p < 0,001; F= (3, 153) = 36,25, p < centagem de acertos para tristeza e raiva.
0,001, respectivamente. A Tabela 2 apresenta as mé-

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Tabela 2
Percentagem de reconhecimento considerando tipo de emoção
Teste Alegria Raiva Tristeza Medo F
EREEF 84,07 (21,81) 72,03 (25,70) 71,53 (27,10) 71,43 (25,95) 19,38**
DANVA2 83,05 (20,67) 60,59 (20,75) 65,40 (22,66) 73,73 (22,69) 36,25**
Média (Desvio Padrão). EREEF - A Escala de Reconhecimento de Expressões Faciais, DANVA2 – Diagnostic Analysis
of Nonverbal Accuracy Scale.

Finalmente, foram conduzidas de análise de corre- das de reconhecimento de emoções, a EREEF e a


lação de Pearson com o objetivo de identificar corre- DANVA2 apresentaram correlação significativa de
lações entre as variáveis investigadas. A Tabela 3 média intensidade. De fato, essas duas medidas com-
apresenta a matriz de correlações obtida. Diversas partilharam aproximadamente 27% de suas variâncias.
correlações significativas dignas de nota firam identi- Esse resultado indica que esses instrumentos, de fato,
ficadas. Verificou-se, por exemplo, que as duas medi- mediram uma mesma dimensão.

Tabela 3
Correlações (Pearson) de ordem zero entre variáveis
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1. Idade - 0,23* 0,03 0,02 -0,01 0,04 0,10 0,08 0,14
2. Sexo 0,23* - -0,23* -0,23* -0,02 -0,03 0,17 0,02 0,10
3. EREEF 0,03 -0,23 - 0,52** 0,04 0,02 -0,01 -0,04 0,10
4. DANVA2 0,02 -0,23* 0,52** - 0,08 -0,08 -0,09 -0,08 0,10
5. CES-D -0,01 -0,02 0,04 0,08 - -0,70** -0,65** -0,37** -0,17
6. LSA 0,04 -0,03 0,02 -0,08 -0,70** - 0,75** 0,34** 0,23*
7. PANAS 0,10 0,17 -0,01 -0,09 -0,65** 0,75** - 0,38** 0,22*
8. PBIMAT 0,08 0,02 -0,04 -0,08 -0,37** 0,34** 0,38** - 0,30**
9. PBIPAT 0,14 0,10 0,10 0,10 -0,17 0,23* 0,22* 0,30** -
EREEF - A Escala de Reconhecimento de Expressões Faciais; DANVA2 – Diagnostic Analysis of Nonverbal Accuracy Scale; CES-D -
Escala de Sintomas de Depressão do CES; LSA - Índice de Satisfação com a Vida; PANAS - Escala de Afetos Positivos e Afetos Negati-
vos. PBIMAT Parental Bonding Instrument – Materno, PBIPAT Parental Bonding Instrument – Paterno.

Participantes com maior satisfação com a vida, tal avaliado pela PANAS. De fato, as correlações entre
como avaliado pelo LSA tenderam a apresentar maior essas medidas foram altas e negativas oscilando entre
presença de afetos positivos, tal como avaliado pela -0,65 e -0,70.
PANAS. De fato, essa foi a mais forte correlação ob- As medidas de qualidade de interação entre pais e
servada no estudo (0,74), indicando que LSA e filhos (PBI Comportamento Materno e PBI Compor-
PANAS compartilham aproximadamente 55% de sua tamento Paterno) também apresentaram correlações
variância. Esses resultados são compatíveis com a significativas entre si e com outras variáveis como
literatura. sintomatologia para depressão e bem-estar subjetivo.
Corroborando expectativas, foram identificadas Por exemplo, participantes que reportaram melhor
correlações inversas entre sintomatologia de depres- qualidade de interação com seus pais tenderam a apre-
são (CES-D), satisfação com a vida (LSA) e balanço sentar menos sintomas de depressão.
de afetos positivos e negativos. Participantes com No presente estudo não foram identificadas corre-
escores maiores na CES-D, ou seja, com mais sinto- lações significativas entre as medidas de reconheci-
mas de depressão, tenderam a reportar uma menor mento de emoções e as medidas de sintomatologia
satisfação com a vida, tal como avaliado pelo LSA, e para depressão e de bem-estar subjetivo e qualidade
uma menor presença de afetos positivos, tal como de interação com os pais. Correlações significativas

Interação Psicol., Curitiba, v. 17, n. 3, p. 225-234, set./dez. 2013


232 Rodolfo de Castro Ribas Junior, Marcos de Souza Aguiar, Paula Bandeira Dias, Felipe Salvador Grisolia,
Luiz Gonzaga Ribeiro Vasconcelos Rosario, Felipe Costa Pulcherio Lima & Paulo Koatz Miragaya

eram esperadas. De fato, embora Carton, Kessler e EREEF e o DANVA2 foram desenvolvidos em con-
Pape (1999) tenham identificado correlações essas textos diferentes e não houve preocupação de parar os
variáveis em um estudo semelhante, pode-se dizer que instrumentos considerando variáveis com nível de
estudos sobre reconhecimento de emoções em adultos intensidade do estímulo. A utilização de uma escala
ainda são relativamente escassos. consagrada internacionalmente poderá facilitar futuras
comparações com resultados obtidos em outros estu-
CONCLUSÕES dos internacionais.
O estudo apresenta uma limitação que pode ser
No presente estudo foi possível investigar o reco-
minimizada com o desenvolvimento dos estudos: a
nhecimento de emoções em expressões faciais em
amostra utilizada foi limitada. O estudo envolveu
uma amostra de adultos brasileiros. Os instrumentos
apenas estudantes universitários e o tamanho da amos-
utilizados, inclusive o desenvolvido pelos autores
tra (apesar de suficiente para garantir a potência das
(EREEF) apresentaram fidedignidade adequada para a
análises) não pode ser considerado expressivo. Vale à
investigação psicológica.
pena ressaltar, entretanto, que a diferença nas percen-
Mayer, Roberts e Barsade (2009) ponderaram que tagens de participantes do sexo feminino e masculino
os estoicos acreditavam que a racionalidade seria su- foi controlada estatisticamente em todas as análises.
perior aos sentimentos e emoções, porque estes últi-
É importante destacar que se trata de um estudo
mos seriam pouco previsíveis, tendo pouca serventia
preliminar, limitando-se à investigação de quatro
para o pensamento racional. Nesse contexto a expres-
emoções (alegria, tristeza, raiva e medo). Consideran-
são dos sentimentos estaria ligada à “natureza femini-
do a relevância do tema e a relativa escassez de estu-
na”. Os autores ressaltam que essa tradição parece
dos brasileiros, os autores pretendem dar continuidade
prevalecer, em alguma medida, no Ocidente. Em fun-
aos estudos e estimular a participação de outros gru-
ção de uma série de fatores como um processo de
pos de pesquisa, com a utilização de instrumentos que
socialização diferenciado, mulheres tenderiam a ter
avaliem mais emoções.
um maior conhecimento acerca de emoções. Corrobo-
rando uma farta literatura disponível, o presente traba-
lho identificou que as mulheres foram capazes de REFERÊNCIAS
reconhecer com mais eficiência as emoções em ex- Alves-Neto, W. C., Guapo, V. G., Graeff, F. G., Deakin, J. F. W.,
pressões faciais. & Del-Ben, C. M. (2010). Effect of escitalopram on the pro-
cessing of emotional faces. Brazilian Journal of Medical and
Nossos resultados sugerem que as diferenças de
Biological Research, 285-289.
gênero não existem no processamento de estímulos
visuais emocional, e ilustram a importância de levar Brody, L. R. (1985). Gender differences in emotional develop-
essas diferenças em consideração durante as investi- ment: A review of theories and research. Journal of Personali-
ty, 53, 102-149.
gações do processamento emocional. Finalmente,
essas diferenças de gênero podem ter implicações para Carton, J. S., Kessler, E. A., & Pape, C. L. (1999).Nonverbal
a fisiopatologia de transtornos de humor como a de- decoding skills and relationship well-being in adults.Journal of
Nonverbal Behavior, 23, 91-100.
pressão.
Em um estudo envolvendo neuroimagens, Kemp, Cervantes, C. A., & Callanan, M. A. (1998). Labels and explana-
tions in mother-child emotion talk: Age and gender differentia-
Silberstein, Armstrong e Nathan (2004) identificaram tion. Developmental Psychology, 34, 88-98.
diferenças relacionadas ao sexo no processamento
neuronal de estímulos visuais com carga emocional. Darwin, C. (1872/1965). The expression of the emotions in man
and animals. Chicago: The University of Chicago Press.
Homens e mulheres processariam esses estímulos com
carga emocional de forma distinta Segundo os autores Ekman, P. (1993). Facial expression and emotion. American Psy-
esses achados teriam implicações para entendimento chologist, 48(4), 384-392.
de variáveis como sexo no entendimento de patologias Ekman, P. (2012). Respect in a Pinch. Science, 337, 1173-1173.
relacionadas a desordens de humor e depressão. Entre-
tanto, a origem dessas diferenças ainda precisa ser Ekman, P. & Cordaro, D. (2011). WhatisMeantbyCallingEmotions
Basic. Emotion Review, 3, 364-370.
melhor estabelecida.
No presente estudo a correlação encontrada entre a Ekman, P. & Friesen, W. V. (1971). Constant sacross cultures in
face and emotion. Journal of Personality and Social Psycholo-
EREEF e o DANVA2, apesar de significativa, foi gy, 17, 124-124.
moderada (r=0,52). Esse resultado era esperado. A
Interação Psicol., Curitiba, v. 17, n. 3, p. 225-234, set./dez. 2013
Reconhecimento de Emoções em Expressões Faciais 233

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